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Dr.

Adão Fabião Caculama

Introdução

A Antropologia é o estudo do homem como ser biológico, social e cultural. Sendo


cada uma destas dimensões por si só é muito ampla. Qualquer que seja a definição
adoptada é possível entender a antropologia como uma forma de conhecimento sobre a
diversidade cultural, isto é, a busca de respostas para entendermos o que somos a partir
do espelho fornecido pelo “Outro”; uma maneira de se situar na fronteira de vários
mundos sociais e culturais, abrindo janelas entre eles, através das quais podemos alargar
nossas possibilidades de sentir, agir e reflectir sobre o que, afinal de contas, organizando
em áreas como a Antropologia Física ou Biológica (aspectos genéticos e biológicos do
homem), a Antropologia Cultural (sistemas simbólicos, religião, comportamento) e
Arqueologia (condições de existência dos grupos humanos desaparecidos). Além disso
podemos como Antropologia, Etnologia e Etnografia para distinguir diferentes níveis de
análise ou tradições académicas.
Assim, esta disciplina pretende dar início ao contacto dos alunos com as questões
gerais do homem na sua relação com o meio.

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PRELIMINARES:
1- Postulados antropológicos

1.1 Preconceitos ideológicos

Não podemos iniciar o estudo antropológico com ideias já formuladas,


preconceitos sobre a matéria ou algumas das suas partes ou sobre o campo da sua
acção, ou juízos sobre um determinado povo ou cultura.

Nesta matéria devemos evitar todo tipo de pré-juízos ideológicos e de


valor.

A antropologia foi acusada por políticos, por homens religiosos e por


outros estudiosos nos mais diversos ramos da ciência de estar submetida a
determinados interesses. Qual é a resposta que podemos dar a toda esta série de
acusações?
A antropologia cultural, como outras ciências está ao nível das outras ciências e
ramos do saber humano, e enquanto o antropólogo for fiel ao método científico
próprio, o seu modo de proceder é correcto.

1.2 Complexos de inferioridade e superioridade

Na antropologia cultural devemos evitar toda a forma de complexos de


superioridade e de inferioridade, e, intimamente ligados e estes complexos,
qualquer forma de racismo (ideológico, político, económico, religioso, etc. ).

Embora os povos possam ser divididos em diferentes raças ou grupos


principais baseados nas características físicas, podemos afirmar que não há raças
puras e, com muita probabilidade, jamais as houve.

Todas as diferenças significativas no comportamento entre populações humanas


(inclusive manifestação de atitudes, inteligência e outras características
psicológicas), são compreensíveis como padrões culturais aprendidos e não como
características herdadas biologicamente.

1.3 Reducionismo

Noção: entendemos aqui por reducionismo a identificação do


determinador comum mais baixo de uma cultura usando-o seguidamente para
explicar a mesma cultura. Trata-se de uma explicação simplista de fenómenos
culturais complexos, que não tem na devida conta o conjunto da realidade em que
estão mergulhadas as culturas.

Consequências: uma tal abordagem reduz a longa história e o património


cultural de um povo a alguns traços negativos, que logicamente nunca faltam na
sociedade. Ignora-se a realidade cultural no seu conjunto e na sua profundidade.
Ficando apenas uma imagem desfigurada e falsa da mesma.
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Causas: não se pode reduzir uma cultura a um dos seus traços culturais mais
negativos, esquecendo deliberadamente, por cego etnocentrismo ou por
ignorância, toda a sua complexidade. Também não podemos basear-nos em
experiencias isoladas, em dados fora do seu contexto cultural ou em factos
anedóticos que facilmente criam uma imagem falsa do povo em questão.

Portanto, de cada cultura é necessário ter um conhecimento adequado que


compreenda os elementos positivos como os negativos.

1.4 Uso de termos indevidos

Devemos evitar o uso de termos indevidos ou superados pelo estado actual


das ciências: povos pré-lógicos, ilógicos, homem primitivo, homem civilizado,
mentalidade pré-lógica, religião, animismo, grandes religiões, religião magia,
matriarcado, sociedades arcaicas, etc.

Todo sistema cultural humano é lógico e coerente dentro de seus próprios termos,
segundo as suposições e conhecimentos básicos à disposição da comunidade.

Etnocentrismo

Etimologia

O vocábulo etnocentrismo provém do duas palavras gregas: Thnos, que


significa o povo; e kentron, elemento central.

Definição

Entendemos por etnocentrismo considerar a própria cultura como superior


às outras culturas, e julgar e interpretar a cultura dos outros exclusivamente em
base aos critérios da própria cultura.
O etnocentrismo corresponde às tendência normais de todo indivíduo de valorizar
a própria identidade em detrimento das alheias, que as considera inferiores, pelo
facto de serem diferentes. Basea-se na valorização abusiva da própria cultura ou
de certos elementos.

Em suma, em primeiro lugar, como podemos constatar, se trata de um risco


normal que todos corremos, pois todo o indivíduo experimenta em algum grau o
etnocentrismo, e ninguém pode renunciar à própria cultura; em segundo lugar,
temos de considerar que não há nenhuma superior a qualquer outra.

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1.5 Reducionismo

Na Antropologia Cultural entende-se por reducionismo a tendência de


eliminar o valor de uma cultura a um seu aspecto parcial. Normalmente se
identificam traços culturais superficiais, isolados e geralmente negativos, como
denominador comum de uma determinada cultura, usando-os seguidamente para
descrevê-la e interpretá-la. Trata-se de uma explicação simplista de fenómenos
culturais complexos, que não tem na devida conta o conjunto da realidade em que
estão mergulhadas as culturas.

Consequências negativas
Uma tal abordagem reduz a linga história e o património cultural de um povo a
alguns traços negativos, que logicamente nunca faltam às sociedades. Deprecia-se e
ignora-se praticamente a realidade de uma cultura e a sua profundidade, ficando apenas
uma imagem superficial, insignificante, desfigurada e falsa da mesma.

Causas
• O etnocentrismo que nos reduz a considerar superficialmente as culturas, a
procurar o exercício e o fútil e a sublinhar o negativo dos outros.
• A recolha de dados insuficiente, limitando-nos a experiências isoladas;
• A extrapolação dos elementos recolhidos, considerando-os fora do próprio
contexto.
Concluímos dizendo: não se pode reduzir uma cultura a um dos seus traços mais
negativos, esquecendo deliberadamente, por cego etnocentrismo ou por
ignorância, toda a sua complexidade.

1.6 Tendência a negar as diferenças

Uma outra atitude negativa, que tem o se fundamento no etnocentrismo, é


a tendência de negar as diferenças culturais que encontramos. Nega-se todo o
valor a tudo que se apresenta culturalmente diferente À própria cultura.

Os problemas humanos mais profundos são essencialmente semelhantes


em todas as sociedades: a luta pela sobrevivência, a procura da alimentação, o
domínio do meio ambiente, a defesa dos animais e das inclemências do tempo, o
combate contra a doença, a transmissão da vida, as relações de amizade, os laços
familiares, as interrogações sobre as questões fundamentais da existência e outras
mais.

Perante tal complexo de necessidade, cada cultura responde com respostas


lógicas e satisfatórias, mas extremamente diferentes. Perante os mesmos
problemas, as sociedades agem de tal maneira que evidenciam as suas diferenças
culturais: perante problemas fundamentalmente iguais, as soluções são diferentes.

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2 Antropologia: Objectivo e Método


2.1 Etimologia
O termo antropologia é composto por dois vocábulos gregos: “anthopos”, que
significa homem; e “logia”, estudo, ciência.
2.2 Definição
Entendemos por antropologia Cultural o estudo sistemático do homem e de suas
actividades e comportamentos.
2.3 Objecto material
O objecto ,material da Antropologia Cultural é o estudo do homem. Mas é
necessário ter em conta que há mais outras ciências que também se ocupam do homem.
De facto é assim com a genética e a psicologia, entre outras.
2.4 Objecto formal
A antropologia Cultural trata do homem e do seu comportamento como um todo;
leva em conta todos os aspectos da existência humana biológica e cultural, passada e
presente, combinando esses diversos materiais, numa abordagem integrada. Esta
disciplina é paradoxal. É uma das disciplinas mais especializadas e ao mesmo tempo uma
das mais generalizadas.
- especializada: enquanto trata apenas de assuntos relacionados com o homem
enquanto ser cultural e com a sua experiência.
- generalizada: considera uma variedade incrível de aspectos da realidade
humana, que envolve temas relacionados com os diversos campos da ciência, como, por
exemplo, a biologia, a psicologia, a sociologia, a história e outros ramos do saber humano.
Ciências auxiliares
• Antropometria: estuda as medidas do corpo humano e suas partes;
• Biometria: aplica a estatística para analisar os fenómenos
biológicos e médicos;
• Genética: estuda a geração dos organismos e a transmissão dos
caracteres hereditários.
• Morfologia humana: estuda as formas externar e estruturas internas
dos seres e a vida social a partir dos aspectos exteriores dos factos
sociais;
• Fisiologia humana: estuda as funções orgânicas do homem;
• Psicologia humana: ciência que estuda o comportamento e os
processos mentais do homem.

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3. Divisão das ciências antropológicas

Ser
Biológico

Ser
Humano

Ser Ser
Social Cultural

Princípios do método antropológico


O princípio holístico

Sistemas culturais

Sistemas psicológicos Sistemas sociais

SER HUMANO

Sistemas biológicos Sistemas físicos

Enquanto a maioria das ciências estudam o homem desde uma específica


dimensão, a Antropologia Cultural vai mais longe da compreensão de um só ponto
de vista, olha para a humanidade como um todo e examina qualquer temática na
óptica da globalidade.
No caso do estudo da Antropologia pode ser enganoso concentrar-se num
só aspecto específico.
Princípio histórico
Com este princípio, a pesquisa antropológica visa colectar o máximo de
informações sobre uma determinada cultura e sobre os contactos havidos através
do tempo e do espaço.

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SER HUMANO

SER INDIVIDUAL SER CULTURAL SER SOCIAL

ANTROPOLOGIA FÍSICA ANTROPLOGIA CULTURAL ANTROPOLOGIA SOCIAL

A) Divisão A) Divisão A) Divisão


Paleontologia Arqueologia Etno-sociologia
Somatologia Etologia História

Ciências auxiliares Ciências auxiliares Ciências auxiliares

Antropometria Linguística Sociologia


Biometria Mitologia Política
Genética Folclore Ética
Morfologia Religião Direito
Fisiologia Religião
Psicologia Estética
Arte
Demografia.

4. CONCEITO DE CULTURA

4.1 O significado antropológico de cultura

Correntemente, utilizam-se dois significados para o termo cultura: um,


humanístico; outro, antropológico. O primeiro é de âmbito limitado e restritivo,
é tradicional e comumente usado. O segundo nasceu com o aparecimento da
antropologia científica e só lentamente se vai introduzindo no uso comum.

O sentido humanístico de cultura refere-se ao processo de conhecimentos


mais ou menos especializados, adquiridos mediante o estudo. É sinónimo de
conhecimento e doutrina. Neste sentido, o homem culto é aquele que completou
estudos superiores, que leu muito e que possui conhecimento sistemático.

A primeira formulação do conceito antropológico de cultura pertence a


Edward B. Tylor, segundo o qual a cultura é o complexo unitário que inclui o

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conhecimento, a crença, a arte, a moral, as leis e todas as outras capacidades e


hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade (Tylor 1871).

4.2 A cultura

O conceito de cultura é o ponto central do nosso estudo, peolo que é


necessário precisar bem o sentido que lhe damos e como é utilizado como ponto
de referência.
A cultura é usada pela nossa sociedade com uma infinidade de sentidos. Basta
abrir as páginas de um jornal, escutar uma emissão radiofónica ou assistir a um
programa televisivo, visitar a internet ou prestar atenção ao que a gente diz, e nos
daremos conta facilmente desta variedade de sentidos.
Façamos neste momento um pequeno exercício de recolha de dados.

Etimologia

Do latim colere que significa cultivar e cuidar.


Expressa a relação activa e estável a um lugar.

Agrícola= cultivador da terra

Incola= morador

Colunus= quem cultiva

Colónia= o local cultivado

Também podemos assinalar outras definições como a de Gorge de


Napolli (antropólogo americano, professor na U. gregoriana de Roma): “conjunto de
significados e valores partilhados e aceites por uma comunidade”
Temos ainda uma outra definição que seria: “a maneira de viver de um
grupo humano, valores e comportamentos”.

Conforme foi visto nos parágrafos anteriores, é a cultura que distingue o


homem de outros animais: por mais que seja perfeito que os animais façam ninhos… a
diferença está na consciência que está presente no ser humano.
A cultura é uma tarefa social e não um assunto individual. É um conjunto de experiências
vividas pelo homem através da história. Ela é adquirida pelo homem através de um
processo de aprendizagem= socialização/enculturação.

4.3 principais acepções do termo “cultura”


4.3.1 - cultura objectiva e cultura subjectiva

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Cultura objectiva (manifesta): é aquela que cria situações particulares


como hábitos, aptidões, ideias, comportamentos, artefactos, objectos de arte, ou seja, todo
conjunto da obra humana de modo geral.
Cultura subjectiva (não manifesta): é aquela que fornece padrões
individuais de comportamento firmando em conjunto de valores, conhecimentos, crenças,
aptidões, qualidades e experiências presentes em cada indivíduo.

4.3.2- cultura material e cultura não-material


Cultura material: é a habilidade de manipular e construir; contudo, define-se que todo
cultura pode ser vista como um produto e um resultado.
Cultura não-material: é aquela transmitida pela intenção, onde as acções humanas são
providas de conteúdo e significados, mesmo antes de ser construído ou manipulado;
portanto, são demostrados através de hábitos, aptidões, ideias, crenças, conhecimentos e
vários outros significados.
4.3.3- cultura real e ideal
Cultura real: é algo que as pessoas criam de forma concreta em sua vida cotidiana e social.
Cultura ideal: é o objectivo de cada pessoa, isto é, o conjunto de comportamento que as
pessoas dizem e acreditam que deveriam ter.

5. DINAMISMO CULTURAL
5.1 Cultura: funcionamento e mudança
Nesta abordagem queremos englobar todo o processo cultural, tendo como
objectivo mostrar que as culturas estão sempre em mudança. Mesmo aquelas culturas que
parecem estabilizadas e inertes, também elas estão em permanente movimento. É nossa
intenção traçar as linhas gerais do comportamento das culturas.
Toda cultura poderá ser considerada entre dois extremos: um estado de
estabilidade e outro de mudança: analogia com o corpo humano.
Daí nasce um movimento repetitivo que corresponde ao simples
funcionamento, por um lado, e por outro, o funcionamento se transforma, o que vale a
dizer, que a própria unidade mudou de forma se (estrutura social, o sistema social, a
organização social mudou…).
Interessa saber como a estabilidade institucional é mantida. Estudaremos
a cultura institucionalizada com o processo correspondente, isto é, a endoculturação ou
enculturação. O aspecto sincrónico da cultura.
Também estudaremos o aspecto diacrónico da cultura, a mudança cultural,
com os processos que lhe são próprios: descoberta, invenção. Difusão, aculturação.

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5.2 Processo Cultural: Aspectos Sincrónicos


5.2.1 Aspectos gerias
Os estudiosos (sociólogos e antropólogos), ao tratarem explicar o porquê
da estabilidade sócio-cultural da populações concluíam, que as populações são dirigidas
por uma normatividade garantida pelas sanções sociais.
Queremos afirmar que as normas sociais (usos, costumes e leis) são
impostas aos membros da sociedade. Ora, se aceitarmos a distinção feita por Fichter entre
“pessoa” e “padrão” (normas), entre “grupos” e “instituições”, entre “sociedade” e
“cultura”, e considerarmos a teoria durkheiniana do controle social haveremos de concluir
que a função da cultura é, por excelência, o controle social.
É possível constatar o carácter institucional, padronizado, repetitivo e
relativamente fixo da cultura. Podemos constatá-lo nos usos, costumes e leis de um
determinado grupo; o mesmo acontece na linguagem e na simbologia. Temos assim
modos consagrados de agir e de dizer as coisas. A própria comunicação exige um padrão
bastante fixo de símbolos de modo a permitir a compreensão das mensagens.

A cultura é determinante e determinada

A cultura faz o homem e este faz a cultura. A cultura se impõe aos


indivíduos e estes aos poucos podem fazer no sentido de fugir aos padrões culturais.
A cultura determina, em parte, o comportamento humano, e dela depende
a sua padronização. A herança a cultura é suficientemente forte para a conformação dos
hábitos e costumes e o modo de pensar e de agir do homem. Neste aspecto, é correcto
dizer que a cultura determinante para o ser humano.
A cultura é também determinada pelo homem, no sentido de que é ele – o
homem - o agente activo da própria cultura. As muidanças culturais provocadas
geralmente pelas modificações geofísicas, sociais, demográficas, económicas ou
políticas, encontram no homem o condutor nato dos processos em causa; pelo que a nova
reformulação obtida é resultado da acção dos indivíduos de cada geração.

5.3 Processo de Endoculturação


O termo endoculturação foi utilizado pela primeira vez por Herskovits
para designar o processo de ajustamento de respostas individuais aos padrões da cultura
de uma sociedade.
O processo da endoculturação começa após o nascimento da criança.
Como sabemos, a cultura não é transmitida biologicamente e sim, através de uma série
de processos culturais, entre os quais a endoculturação. Este processo começa com o
nascimento do indivíduo, acompanha-o ao longo de várias fases da vida e estende-se até
à morte.

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Podemos afirmar com o nosso autor que a cultura não é transmitida


biologicamente, mas sim, através de uma série de processos entre os quais este que nos
ocupa neste momento, a endoculturação.
O homem, uma vez insculturado, jamais deixará de ser um agente de sua
própria cultura. Mas mesmo assim, na idade adulta este processo torna-se flexível,
fazendo-se um conjunto misturado de formação e reformulação. A cultura penetra toda a
vida do indivíduo, pois ela modela não só o seu comportamento puramente biológico,
mas também psicológico.

5.4 ASPECTOS DIACRÓNICOS


Na tradição antropológica são poucos os estudos sobre a mudança cultural,
pois até há puco tempo os estudos antropológicos limitavam-se ao estudo de culturas
isoladas. Ultimamente estão a aumentar os estudos sobre a mudança cultural desde o
ponto de vista antropológico.
Hoje há povos isolados. A tecnologia moderna está presente em qualquer
parte do mundo com os seus potentes meios de comunicação social põem em contacto
directo os vários povos da terra. Não é fácil explicar a mudança cultural.
A mudança e o conflito cultural são características normais dos sistemas
sociais, não menos do que o equilíbrio e a harmonia. O problema não está em se achar a
harmonia e o equilíbrio bons para a cultura e a sociedade, e a mudança e o conflito
prejudiciais. Ninguém pode negar a existência de conflitos em todas as sociedades. Mas
podemos afirmar que aquelas sociedades mais isoladas passam por menos quantidade de
conflitos. E quanto mais complexa for a sociedade, mais capacidade terá de absorver
conflitos.
Encontramos duas orientações básicas em torno ao problema da mudança
que congregam a maioria dos teóricos no assunto.
• Determinismo económico (orientação marxista)
• Determinismo cultural (Max Weber)
a) Quanto ao determinismo económico – linha marxista – salientamos
resumidamente:

1- Marx põe em evidência a permanência de conflitos, em qualquer sociedade.


2- Marx compreendeu que os conflitos sociais, na medida em que são conflitos
de interesses, opõem necessariamente dois grupos. Porque, na sociedade, todo
conflito de interesses se reduz, em última análise, a uma oposição entre
aqueles que têm interesse em que se mantenha e perpetue uma situação de que
se beneficiam e aqueles que têm interesse, ou crêem ter interesse em que a
situação mude;
3- O conflito é o mentor da história. O conflito implica forçosamente em
mudanças, num prazo mais ou menos curto. As estruturas sociais
transformam-se na posição e pela oposição entre grupos de interesses
divergentes.
4- Através da análise da mudança provocada pelo conflito de classes, Marx, abriu
o caminho à investigação dos factores estruturais da mudança social que são:
forças exógenas (intervêm do exterior do sistema social. Por exemplo: o caso

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das influencias do meio físico, do clima e igualdade dos fenómenos de difusão


e dos estudos pêlos antropólogos), e forças endógenas, que são engendradas
pelo próprio funcionamento de uma cultura.

Quanto ao determinismo cultural; Weber tenta demostrar como os valores culturais


podem determinar um tipo de economia. O que para Marx é causa (forças produtivas
ou infra-estrutura), para Weber é o efeito. Em resumo acha Wber que o que sustentou
e deu origem ao capitalismo moderno, o espírito do capitalismo, foi a ética protestante.
Nós, sem nos inclinar por uma ou outra teoria, registamos ambas posições
que iluminam de facto, desde ângulos diferentes toda a questão, ou em parte, da
mudança cultural dos povos.

6. O processo da Aculturação
6.1 Uso do termo aculturação.
Na psicologia o termo aculturação é usado no sentido que na Antropologia
se dá ao processo de enculturação; na sociologia se usa no sentido de socialização; e
na pedagogia de educação ou condicionamento.
Os antropólogos americanos do fim do século XIX começaram a usar o
termo aculturação no sentido de empréstimos culturais (J. W. Powel).
Os autores anteriormente citados sublinharam alguns dos aspectos do processo de
aculturação. Mas definição Conselho de Ciência Social dos estados Unidos é mais
esclarecedora. Esta entidade define a aculturação do seguinte modo: “Aqueles
fenómenos sugeridos onde grupos de indivíduos que têm culturas diferentes entram
em contacto contínuo de primeira mão, com subsequentes mudanças nos padrões da
cultura original de um dos grupos ou de ambos.
Como se pode ver, trata-se de um dos mais característicos do dinamismo
cultural. Evidenciamos, em primeiro lugar, os agentes do processo. Os agentes deste
processo são grupos sociais ou menos grandes, que pertencem a culturas diferentes.

7. Processo da desculturação
7.1 O fenómeno da desculturação
com o termo desculturação, referimo-nos aos aspectos negativos da dinâmica cultural.
nos contactos culturais há sempre perca de elementos mais ou menos
importantes nas culturas nas culturas participantes no processo, como também há
traços que se vão perdendo a causa do crescimento normal da própria cultura e das
situações históricas em que se vai encontrando. A tudo isto chamamos subtracção e
destruição em diverso grau do património cultural.
Sinteticamente a desculturação é:

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- subtracção
Do património cultural
- destruição

8. PARENTESCO
8.1- Estudos do parentesco na Antropologia

Na o estudo do parentesco goza de um lugar relevante. Nas sociedades de


pequenas escalas, tem feito muitos estudos sobre o parentesco. Ao passo que nas
sociedades de grandes escalas tem se notado pouca pouca importância ao estudo do
parentesco. Desta maneira pensa a nosso antropólogo John Beattie, quando afirma que
“pouquíssimas das relações interpessoais que constituem o mundo social de um quinhão
nas relações com os seus amigos, seus empregadores, seus professores, seus colegas ou
complexa rede de associações políticas, económicas e religiosas na qual ela está
embaraçado. Mas, em várias sociedades de pequenas escala, a importância social do
parentesco é suprema”. Não se pode terminar essa abordagem sem nada dizer sobre o
casamento, uma vez que é nele onde tudo começa. E aqui podemos formular a seguinte
questão: “O que é o casamento.
Em linhas gerais podemos dizer o seguinte:
O casamento é uma instituição social que visa estabelecer vínculos de
união estáveis o homem e a mulher baseados no reconhecimento do direito de prestações
recíprocas de comunhão de vida e de interesses, segundo as normas das respectivas
sociedades. Não se trata de um tipo de partilha qualquer, deixando ao livre arbítrio e
inclinações dos intervenientes, mas uma comunhão de interesses mútuos.

Tipologia
Em base ao número de cônjuges permitidos ela sociedade, se pode
classificar o casamento de modo mais comum e conhecido pelas diversas sociedades em:
1. Monogâmico: casamento entre um homem e uma mulher;
2. Poligâmico: a) casamento de um homem com várias mulheres; b) poliândrico:
casamento de uma mulher com vários homens. Podemos considerar como formas
furtivas de poligamia nos casamentos monogâmicos: o concubinato, o amantismo,
a “compreensão” pelo adultério, e a prostituição.

Atendendo à escolha dos nubentes, o casamento pode ser classificado em:


a) Livre, quando os nubentes têm plena liberdade de escolha do seu parceiro;
b) Preferencial, quando apenas se considera aconselhável que o indivíduo
despose uma determinada pessoa ou entre pessoas de uma de uma determinada
categoria social;

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c) Prescrito, é o casamento forçado, imposto e preestabelecido, onde as pessoas,


ao nascer, ficam comprometidas com outras, tendo em vista um, casamento
futuro.

Se consideramos a procedência cultural dos cônjuges, o casamento se pode


classificar em:

a) Casamento endogâmico, isto é, ambos os cônjuges pertencem ao mesmo


grupo sócio-cultural;
b) Casamento exogâmico, quando os cônjuges são de grupos sócio-culturais
diferentes.

8.2 Termos técnicos utilizados no estudo do parentesco

a) parentesco:
Geralmente tem se usado no sentido amplo. Isto é, significado “casamento”
“consanguinidade”, e aos laços de afinidade. E em sentido restrito, refere-se
simplesmente aos laços de sangue, de consanguinidade.
b) Laços de parentesco:
Tomando-se de parentesco em sentido amplo, fala-se de três tipos de laços de
parentesco: laços de sangue (descendência), laços de afinidade ( casamento ou
matrimónio) e laços fictícios (de adopção). Então concluímos qua chama-se de
parentesco a relação decorrente da posição ocupada pelo indivíduo no sistema de
parentesco.

c) Descendência:
São laços ou relações do indivíduo com seus parentes de sangue. Não obstante o
critério dessa relação ser biológica, a descendência é sempre cultural. É assi m
que é verdade, que todo mundo tem um pai e uma mãe. Em muitas sociedades,
leva-se simplesmente em consideração a descendência unilateral, tanto
matrilinear ou patrilinear. Nas sociedades modernas a descendência é bilateral,
consideram-se como antepassados tanto os parentes paternos como maternos. A
descendência matrilinear também é conhecida como unilateral. E ainda a
descendência patrilinear é conhecida como agnática: assim diz Mitchell: «que a
pessoa é cognática de, ou em relação de cognação com as todas as pessoas com
as quais compartilham um antepassado comum» (G. Duncan Mitchell, Dizionário
di sociologia , 193). Neste caso podemos dizer que a descendência é bilateral.

Ainda a descendência é denominada “linhagem”. Por isso, não podemos


confundir o sistema patriarcal e matriarca com os sistemas de descendência
patrilinear e matrilinear. Os dois primeiros termos têm conotação política, porque
refere-se ao exercício do poder.

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Nas sociedades matriarcas afirma-se que o poder estaria nas mão da


mulheres; caso contrário refere-se ao poder dos homens /patrilinear).

d) Descendência unilinear dupla:


É de salientar que este caso é muito raro, mas existe. Aqui trata-se de sociedades
onde não é considerada a descendência pelas linha dupla, isto é, paterna e materna:
no entanto, a descendência unilinear é aceite, mas a fase reconhecer
patrilinearmente para certos propósitos e exclusivamente para outros.

e) Pai e genitor
Aqui encontramos a distinção aceite por todos. Genitor diz respeito ao pai
biológico simplesmente. O pai refere-se ao pai social, a paternidade socialmente
reconhecida.

f) Nomenclatura de parentesco:
Pode dizer-se que a nomenclatura ou terminologia parentesco é o sistema
simbólico de denominações das posições relativas aos descendência e de
afinidade. Existe dois tipos de terminologia de parentesco: descritivo e
classificatório.

Descritivo: são aqueles em que se usa um termo diferente para designar cada
parente, em linha directa de descendente como pai e mãe.

Classificatório: é um termo que se usa para designar uma classe ou um grupo de


pessoa como parentesco linear e colateral.

g) Clã:
Refere-se a um grupo de pessoas de descendência unilinear. Isto é, conjunto de
pessoas que acreditam ser derivados de um antepassado comum.
Tendo em conta a grande importância atribuída ao estudo de parentesco,
foi talvez aqui que se deu a maior elaboração de conceitos na antropologia.
Portanto, os termos que usaremos a seguir, são indispensáveis para a
melhor compreensão de qualquer estudo realizado neste campo.

Considerando a residência pós-nupcial, temos diversos casamentos, hoje em fase de


extinção:
a) A estrutura mais simples é a conjugal, formada pêlos pais e filhos, na qual a
protecção se confia em um só homem, numa unidade residencial autónoma, que
chamamos neo-local, em que os esposos abandonam as respectivas famílias e
passam a residir numa nova residência.

b) O casamento definido patrilocal, a esposa passa a morar na casa do pai do esposo.


Neste caso, a família é constituída por um homem, a sua esposa ou esposas e seus
filhos homens adultos em as respectivas esposas e filhos. Ficam sempre juntos, os
filhos do sexo masculino. O resultado desta formação são grupos de colaboração

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masculina, jerarquicamente organizados. A normativa exige que as mulheres


residam na casa onde moram os maridos.

c) O casamento matrilocal é quele que o esposo passa a morar na casa na casa da


mãe da esposa. Esta família é composta pela mulher, seu marido e filhos menores,
as filhas com seus esposos e filhos. As mulheres ficam juntas toda a vida na
mesma residência, segundo a normativa “exorocal”, isto é, os maridos passam a
residir na casa das suas esposas.

d) Outros casos apresentados pêlos antropólogos são: o casamento ambilocal, nos


casos casos em que não há normas estabelecidas sobre a residência do novo casa;
o casamento “natolocal”, isto é, que a forma do matrimónio não implica o
abandono da residência de origem; e o caso chamado “matrilocal”, que não é
verdadeiro casamento, e que consiste em que consiste em que uma mulher passa
a morar sob a protecção de um irmão mais velho ou um filho adulto, que cuida
dos filhos que ela gerou de relações livres.

9. Família

Etimologia
O termo família provem do vocábulo latino famulus, significa servicial,
doméstico.
O termo “família” é ambíguo, com significados muito diferentes. Podemos
ver o que pensamos quando dizemos ou escutamos frases como estas: a minha
família, somos seis em família, família da minha mãe, a família do mundo
ocidental, a família bantu, a família humana, enfim.

Neste item focar-nos-emos mais sobre as relações de afinidade. Em muitas


circunstâncias, esquecemos que na família, marido e mulher não são apenas
consanguíneos. Os laços de afinidade têm uma grande preponderância no
conjunto da organização social de qualquer agrupamento humano. Testemunha
disso é que este tipo de relação hoje, em sociedades de larga escala, a responsável
por uma série de relações fundamentais.

Fazendo referência do termo “família”; o mestre Câmara Cascudo escreve:


“O latim manteve-se no famille, famillie, familly, neolatinos e germânicos
privando de famulus, famel, criado, servo, fâmulo, serviçal, do sânscrito
d´hâman, casa, morada, residência, do radical dhã, pôr, pousada, assentar”.

Quando falamos de família logo nos corre a ideia de unidade social


composta de pessoas unidas por laços afinidade e de sangue.

Na família, pode-se distinguir várias instituições familiares tais como: o


namoro, o casamento, a vida conjugal com todos os seus papeis (pai, mãe, filhos,
sogros, etc.) no entanto, não se deve esquecer que as instituições familiares, são
universalmente reconhecidas, embora em cada sociedade assumam formas
diferentes.

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O termo a que nos estamos a referir é vago e pode significar:

▪ O grupo composto de pais e filhos;


▪ Uma linhagem patrilinear, ou matrilinear;
▪ Um grupo cognático; isto é, de pessoas que descendem de um mesmo
antepassado, seja através de homens ou de mulheres;
▪ Um grupo de parentes e seus descendentes, que vivem juntos.

Como se pode observar torna-se difícil distinguir a família de uma clã.


Alguns preferem considerar a família como: unidade social ligada por laços de
consanguinidade, de afinidade e de adopção. Esta, porém, corresponde com a que os
enólogos chamam de família nuclear, em oposição da família extensa, a qual congrega
várias famílias nucleares, isto é, agrega vários casais.

A grosso modo pode dizer-se que o conceito de família é mais significativo


para o estudo da organização social dos povos de larga escala, enquanto que o de
«parentesco», apresenta-se mais útil o estudo das sociedades ditas primitivas.

10. Apresentação Gráfica dos laços de parentesco

O tema em referência, é uma continuidade do tema precedente “os termos


utilizados no estudo do parentesco”.

Aqui faremos uma apresentação do expediente muito utilizado pêlos


etnólogos no estudo do parentesco de maneira geral. Trata-se da apresentação
gráfica ou de diagramas usados para a apresentação das relações de parentesco.

É inegável a importância que tal procedimento tem dado para a


visualização das relações de parentesco como para a sua mais rápida
compreensão. A isso junta-se o facto a vantagem da economia de tempo e espaço
ao evitar longas e confusas descrições.

1. Já numa primeira fase temos ,a seguinte representação:

Homem (varão) mulher

2. Quando tratar-se da representação da relação matrimonial termos:

==

3. Existe também uma forma de representar as relações fraternas tanto de


irmão/irmão; irmão/irmã/ irmã/irmã:

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4. Quando for o caso de representar um casal com filhos temos:

Os três tipo de famílias podem ser assim representadas:


a) Família patrilinear:

b) Família matrilinear:

c) Família de descendência bilateral

Para o exemplo da aplicação dos gráficos no estudo de parentesco temos a seguir


um esquema. Quando se estuda este tema há necessidade de se tornar um ponto de
referência para a partir dele se estabelecer as relações quer de consanguinidade que de
afinidade. Esse ponto ocupa por um indivíduo, o nosso autor atribuiu o nome de ego:

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- os primeiros do ego são com relação aos pais:


1. patrilaterais (filhos dos irmãos ou irmã da mãe)
2. Matrilaterais (filhos dos irmãos ou irmãs da mãe)
3. São primos paralelos - quando são filhos dos irmãos do mesmo sexo (deste
modo, são primos paralelos os filhos do irmão do pai no lado esquerdo; e os filhos da mãe
no lado esquerdo).
4. primos cruzados – os filhos da irmã do pai, ou do irmão da mãe. Estes são
também chamados filhos siblings (conjunto de irmãos)-
Representação da filiação de um homem (varão) ou de uma mulher:
a) b)

11. O FACTOR ECONÓMICO


11.1 Situação geral
Encontramo-nos perante um ramo da antropologia que trata do funcionamento e da
evolução dos sistemas económicos. Não é um problema novo nesta disciplina. Ao surgir
as ciências antropológicas nos meados do século XIX, os estudiosos preocupavam-se com
toda a problemática económica dos povos que estudavam.

Conforme desenvolvendo-se a Antropologia foram aparecendo várias correntes de


pensamento e ao autores faziam as suas f
Interpretações formulando teorias próprias.
Os evolucionistas consideravam os povos antigos como sociedades de um nível
económico extremamente baixo e simples.

Os histórico-culturais também julgavam baixo o nível económico dos povos de


pequena escala e afirmavam que tais povos tinham uma economia natural, dependendo
mais da natureza do que da técnica.
Outros autores, como B. Malionowsk, demonstraram com os seus trabalhos de
campo a complexidade da economia também nas sociedades de pequena escala.

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11.2 Etimologia e definição

A palavra “economia” provem dos vocábulos gregos eikos, que se traduz por casa,
habitação; e nemo, administrar, governar, daí o significado de arte de bem administrar
uma casa.

11.3 Definição

O estudioso M. Godolier apresenta-nos a definição clássica: o conjunto de


estruturas de produção e da circulação dos bens materiais que caracteriza a base
económica de uma determinada sociedade.
Com o antropólogo R. Firth, o principal estudioso da economia nas sociedades de
pequena escala, afirmamos que se trata daquela ampla esfera de actividade humana que
diz respeito aos recursos, suas limitações e usos, e à organização pela qual eles são
colocados, de maneira racional, em relação com as actividades humanas.

11.4 Objecto
O objecto do estudo antropológico da economia é analisar as estruturas e as formas
de produção, de distribuição e de consumo dos bens materiais dentro das sociedades.

11.5 O fenómeno económico


11.5.1. produção
Ao considerarmos o fenómeno económico na sua globalidade, a primeira realidade
que encontramos é a produção que implica fundamentalmente o trabalho. No trabalho
consideramos especialmente três componentes: a actividade humana; a utilidade de
instrumentos; e a divisão do trabalho com a consequente aplicação.

11.5.2 Actividade humana

O trabalho é essencialmente uma actividade eminentemente humana tão


característica, que serve para distinguir o homem dos animais. Onde chega o homem, o
meio ambiente fica logo transformado pela sua acção, criando condições de vida ,
fabricando utensílios necessários para as suas actividades e produzindo os bens
necessários para sua subsistência.

O comum dos homens não se contenta com o que a natureza lhe dá. Geralmente
o homem tem que lutar contra opostos problemas em ordem a criar condições de vida
confortáveis. Imaginemos, por exemplo, as dificuldades que os nossos antepassados
tiveram que superar para tornar habitáveis as zonas desérticas, ou o ártico; pensemos nas
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grande e pequenas migrações de povos interiores e nas inclemências do tempo. Foi


sempre nessárias pôr a funcionar o esforço individual e colectivo em ordem a dominar a
natureza e criar um habitat com o mínimo de condições, proporcionando-se a alimentação
necessária, o local, a moradia, mobiliário, os utensílios de cozinha, a roupa e os
instrumentos de defesa, tudo fruto do esforço individual e colectivo.

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Dr. Adão Fabião Caculama

Conclusão

Na formação de pessoas novas, construtores de uma nova sociedade, é necessário


superar todo o etnocentrismo na sua parte negativa e toda a supremacia cultural de
qualquer grupo, procurando situarmo-nos como culturalmente iguais.

Por outro lado devemos empenharmo-nos na reconstrução do tecido social,


tentando superar o vazio que uma desculturação procurada criou no meio dos nossos
povos. Portanto, devemos criar as bases para encontros interculturais entre povos, onde
cada um leve o melhor de si, mistura-o com o melhor dos outros numa simbiose profunda,
provocando assim o nascimento duma nova cultura, fiel às antigas culturas de que
procede, mas aberta à novidade de novos tempos.
Assim conseguiremos ter, desta maneira, novos padrões culturais que nos levem a
comportamentos novos na construção de um mundo melhor.

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Bibliografia:

• BENEDICT, R – Padrões de Cultura, Livros do Brasil, Lisboa.


• BERNARDI, BERNARDO – Introdução aos estudos Etno-Antropológicos,
Edições 70, Lisboa.
• LIMA, Augusto – Introdução à Antropologia Cultural, Editorial Presença, 1991.
• MORIN, Edgar – o PARADIGMA, Ed. Europa América, Lisboa, 1975
• SEDAS NUNES, A Questões Preliminares em Ciências Sociais, GIS, Lisboa.

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