Você está na página 1de 9

22/02/2023 15:04 lddkls221_cie_mor_sis_imu_hem

Imprimir

0
se õ ç a t o n a re V
NÃO PODE FALTAR

REPARO TECIDUAL
Aline Coelho Quezadas

PRATICAR PARA APRENDER

https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=225629 1/9
22/02/2023 15:04 lddkls221_cie_mor_sis_imu_hem

Nesta seção você aprenderá mais sobre como o organismo é capaz de se reparar diante de algum
dano tecidual. Esse estudo é extremamente válido e necessário, tendo em vista que, o tempo
inteiro, nossas células sofrem agressões e, em determinadas condições, esses estímulos causam
até mesmo lesões.

0
Existem vários tipos de estímulos nocivos que podem causar lesão tecidual, como a falta de

se õ ç a t o n a re V
oxigênio, o acúmulo de gordura ou o acúmulo de radicais livres, mas o fato de uma célula sofrer
uma lesão não quer dizer que essa célula vai morrer.

Pense como seria se a cada lesão que nossas células sofressem, elas morressem. Não dá nem
para imaginar, não é verdade? Seria muito trágico. Assim, as células são capazes de se reparar
diante de determinados danos. É claro que isso dependerá muito da extensão da lesão e da
intensidade do estímulo nocivo.

Nossas células são capazes de se reparar de duas formas: por cicatrização ou por regeneração.
Cada uma dessas formas ocorrerá dependendo do tipo de tecido lesado e da capacidade de suas
células em se dividir.

O reparo tecidual também é altamente dependente das condições biológicas do indivíduo,


principalmente em relação ao seu estado nutricional, à idade e ao estado de seu sistema
imunológico.

Diante desse contexto, imagine uma situação em que um dos pacientes do hospital em que você
realiza seu estágio precisou fazer algumas cirurgias após um acidente de carro, gerando várias
marcas em seu corpo. Fisiologicamente o paciente está bem e recuperado, mas sua qualidade de
vida está muito afetada, pois as cicatrizes em seu corpo causam profundo desconforto e
descontentamento.

A cicatriz que mais gera incômodo ao paciente se encontra na região do pescoço onde o corte
gerado pelo acidente foi maior. O paciente possui uma cicatriz bastante elevada, que não
respeita as bordas da lesão original.

Antes da chegada do médico no consultório, o paciente lhe perguntou: a cicatriz que possuo é
hipertrófica? Por que esses tipos de cicatrizes aparecem em algumas pessoas?

Ao final desta seção você será capaz de responder essas e outras perguntas que envolvem o
reparo tecidual.

Bons estudos!

CONCEITO-CHAVE

https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=225629 2/9
22/02/2023 15:04 lddkls221_cie_mor_sis_imu_hem

CICATRIZAÇÃO E REGENERAÇÃO
Nosso corpo é composto por trilhões de células que diariamente sofrem as mais variadas formas
de agressão. Em geral, nossas células tendem a adaptar-se, entretanto, dependendo do estímulo
nocivo ou estresse excessivo, elas não conseguem e começam a sofrer alterações intrínsecas que

0
geram danos.

se õ ç a t o n a re V
As causas de lesão celular podem ser:

• Privação de oxigênio.

• Agentes químicos.

• Envelhecimento.

• Agentes infecciosos.

• Reações do sistema imunológico.

• Alterações genéticas.

• Desequilíbrios nutricionais.

Diante de algum dano, os tecidos tendem a reparar-se e a palavra reparo surge no contexto de
curar o tecido que sofreu algum dano restituindo a arquitetura do tecido, sem deixar de
preocupar-se com a sua funcionalidade.

Figura 4.5 | Fundamentos do reparo tecidual

Fonte: elaborada pela autora.

O reparo tecidual pode ocorrer de duas formas:

1. Regeneração.

2. Cicatrização.

A regeneração está relacionada a um tipo de reparo em que se tem uma restauração completa
do tecido lesado que retorna ao seu estado normal.

https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=225629 3/9
22/02/2023 15:04 lddkls221_cie_mor_sis_imu_hem

O processo cicatricial envolve a substituição do tecido lesado por um tecido fibroso, gerando
uma cicatriz. Os tecidos que não podem ser regenerados são substituídos por um tecido
conjuntivo.

0
Em algumas situações, como quando nos cortamos com um pedaço de papel, os tecidos podem
ser reparados e, assim, nenhum dano permanente se torna perceptível, em outros casos, como

se õ ç a t o n a re V
em lesões grandes e graves, podem ocorrer algumas alterações morfológicas que podem afetar a
funcionalidade do órgão, como no infarto agudo do miocárdio.

Figura 4.6 | Cicatriz

Fonte: Wikimedia Commons.

Os processos de reparação tecidual dependem principalmente do tipo de tecido em que


ocorrem. Alguns tecidos corporais têm uma alta capacidade mitótica e, assim, são mais capazes
de proliferação celular que outros. Dentro desse contexto, há três tipos de tecidos:

1. Tecidos lábeis ou tecidos em divisão contínua.

2. Tecidos estáveis ou em repouso.

3. Tecidos permanentes ou tecidos sem divisão.

Os tecidos lábeis dividem-se continuamente e suas células, que estão sempre em proliferação,
substituem as células danificadas.

Os tecidos lábeis podem ser:

https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=225629 4/9
22/02/2023 15:04 lddkls221_cie_mor_sis_imu_hem

• Epitélios (como pele, epitélio gastrointestinal e tecido da glândula salivar).

• Tecidos hematopoiéticos.

Os tecidos lábeis possuem células-tronco com capacidade proliferativa e de autorrenovação.

0
Os tecidos estáveis ou quiescentes podem ser células do:

se õ ç a t o n a re V
• Fígado.

• Rim.

• Pâncreas.

• Células mesenquimais (fibroblastos).

• Células endoteliais.

• Linfócitos.

• Células do músculo liso.

Os tecidos estáveis em geral estão quiescentes sem se dividir, no entanto, mediante a algum
estímulo, eles podem entrar no ciclo celular e os estímulos envolvidos em uma lesão celular são
suficientes.

ASSIMILE

As células do fígado fazem parte dos tecidos estáveis, mas possuem uma capacidade
proliferativa considerável, assim, quando algum lobo do fígado precisa ser retirado, as células
hepáticas começam a se proliferar de modo que o fígado é capaz de atingir um tamanho muito
próximo ao anterior à ressecção. Muitas pessoas acreditam que esse mecanismo seja uma
regeneração, mas na verdade, o lobo original não cresce, o crescimento é compensatório.

Por fim, existem determinados tipos de tecido que não são incapazes de proliferar, suas células
deixaram o ciclo celular de forma permanente.

Esses tecidos podem ser:

• Músculos cardíacos.

• Músculos esqueléticos.

• Tecido nervoso.

A reparação tecidual deixa como consequência uma evidência permanente da lesão, chamada
cicatriz.

https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=225629 5/9
22/02/2023 15:04 lddkls221_cie_mor_sis_imu_hem

REFLITA

Você acabou de aprender sobre cicatriz, e a palavra esclerose, sob o ponto de vista patológico,
também significa cicatriz. O paciente com esclerose múltipla apresenta múltiplas cicatrizes no

0
sistema nervoso central em decorrência a um processo inflamatório característico da doença.

se õ ç a t o n a re V
Será que essas cicatrizes são formadas porque o sistema nervoso é um tipo de tecido
permanente?

MEDIADORES QUÍMICOS ENVOLVIDOS NO PROCESSO DE REPARO TECIDUAL


Para que o tecido seja efetivamente reparado, uma série de eventos precisam ocorrer de forma
ordenada, como a migração e a proliferação celular, o estabelecimento da matriz extracelular e o
remodelamento de fibras colágenas, no caso da cicatrização. Todos esses eventos são orientados
por fatores de crescimento e citocinas que levam as mensagens entre as células, conduzindo as
ações.

Os fatores de crescimento correspondem a moléculas especializadas que se ligam a receptores


nas células-alvo e orientam fenômenos como migração, proliferação, diferenciação, sobrevivência
e secreção.

Existe uma lista extensa de fatores de crescimento, no entanto, apenas serão citados aqui os
principais fatores de crescimentos associados a cada fase de reparo tecidual. Um fator de
crescimento muito importante na reparação tecidual é o fator de crescimento transformador
beta (TGF-β), fabricado por plaquetas, células endoteliais, linfócitos e macrófagos. O TGF-β
promove a fibrose, por atração dos fibroblastos e estímulo à proliferação, além disso, ele leva a
secreção de colágeno e inibe a degradação da matriz extracelular.

O fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF) é outro fator de crescimento importante


que é armazenado nos grânulos das plaquetas e liberado na ativação plaquetária. Ele é capaz de
atrair os leucócitos como neutrófilos, macrófagos e fibroblastos para o sítio da lesão, leva à
angiogênese e ajuda na contração da ferida.

As citocinas em junto dos fatores de crescimento também são importantes para o reparo
tecidual agindo como imunomoduladores. Na cicatrização de feridas, o fator de necrose tumoral
(TNF) e a interleucina-1 (IL-1) ocupam lugar de destaque, e a interleucina 6 (IL-¨6) está
relacionada ao reparo do parênquima hepático.

CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS

https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=225629 6/9
22/02/2023 15:04 lddkls221_cie_mor_sis_imu_hem

Quando se fala em cicatrização por primeira ou segunda intenção, deve-se conhecer o processo
de cicatrização de feridas.

Basicamente, existem três tipos de cicatrização de feridas:

0
• Primeira intenção.

se õ ç a t o n a re V
• Segunda intenção.

• Terceira intenção.

É preciso entender que cada ferida passa por vários estágios de cicatrização, dependendo do tipo
de ferida e de sua gravidade.

Na cicatrização por primeira intenção, há o fechamento da ferida por grampos, pontos, colas, ou
aproximação. Existe uma aproximação das bordas e redução da perda de tecido.

Na cicatrização por segunda intenção, geralmente, a ferida não pode ser suturada devido a uma
grande perda de tecido. Assim, a ferida cura-se naturalmente, nesse caso, há uma perda mais
extensa de tecido, com reação inflamatória mais intensa e a formação de tecido de granulação.
Ocorre contração da ferida, na tentativa de tornar o tamanho da cicatriz parecido com o anterior
à lesão.

EXEMPLIFICANDO

Sabe quando você se machuca e se forma um tecido parecido com “carne viva”? Esse tecido é o
famoso “tecido de granulação” ou tecido viável, que é úmido e granulado, avermelhado, com
vasos sanguíneos recém-formados, fibroblastos, tecido conjuntivo e células derivadas do
processo inflamatório. Quando a ferida começa a cicatrizar, esse é o tecido que a preenche.

FASES DA CICATRIZAÇÃO
Existem quatro processos envolvidos na cicatrização:

1. Hemostasia.

2. Inflamação.

3. Proliferação.

4. Maturação.

A hemostasia é a primeira etapa e envolve a contração dos vasos sanguíneos para restrição do
fluxo sanguíneo. Ocorre a agregação para selar a ruptura na parede do vaso sanguíneo, em
seguida, ocorre a coagulação e um reforço por tampão plaquetário com fios de fibrina.

https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=225629 7/9
22/02/2023 15:04 lddkls221_cie_mor_sis_imu_hem

A fase inflamatória é o segundo estágio da cicatrização da ferida e começa imediatamente após a


lesão. Por esse processo, as células especializadas do sistema imunológico chegam ao sítio da
lesão.

0
A fase proliferativa envolve a reconstrução com novo tecido composto de colágeno e matriz
extracelular. Novos vasos sanguíneos são formados para a criação do tecido de granulação. Os

se õ ç a t o n a re V
miofibroblastos são envolvidos no processo de contração da ferida.

A última fase corresponde à maturação e ocorre a remodelação da cicatrização da ferida. Nessa


fase, o colágeno é remodelado do tipo III para o tipo I e a ferida fecha totalmente. Durante a fase
de maturação, o colágeno é alinhado ao longo das linhas de tensão e a água é reabsorvida para
que as fibras de colágeno possam ficar mais próximas e reticuladas.

De uma forma resumida, as fases da cicatrização envolvem uma fase inflamatória com
vasodilatação, edema, liberação de mediadores da inflamação e migração de leucócitos. A fase
proliferativa está relacionada à produção de tecido de granulação com fibroblastos e proliferação
endotelial e, por fim, a fase de maturação envolve o depósito de matriz extra celular (MEC) e a
contração da ferida com deposição, agrupamento e remodelação do colágeno.

Em alguns casos, há a formação de cicatrizes patológicas como a cicatriz hipertrófica e o


queloide, nesses casos há um excesso de deposição de colágeno, criando uma cicatriz elevada.

Assim, encerramos nossa seção acerca do reparo tecidual.

REFERÊNCIAS
ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H. Imunologia básica. Elsevier Brasil, 2007.

ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. Imunologia celular e molecular. Elsevier Brasil, 2008.

AROSA, F. A.; CARDOSO, E. M.; PACHECO, F. C. Fundamentos de imunologia. 2012.

BECHARA, G. H.; SZABÓ, M. P. J. Processo inflamatório. Jaboticabal, SPUNESP-Faculdade de


Ciências Agrárias e Veterinárias, 2006.

COELHO-CASTELO, A. A. M. et al. Resposta imune a doenças infecciosas. Medicina (Ribeirão


Preto), v. 42, n. 2, p. 127-142, 2009.

COYLE, P.et al. Hot tonsillectomy for paediatric obstructive sleep apnoea. Case Reports, v. 2014.

CRUVINEL, W. M. et al. Sistema imunitário: Parte I. Fundamentos da imunidade inata com ênfase
nos mecanismos moleculares e celulares da resposta inflamatória. Revista Brasileira de
Reumatologia, v. 50, n. 4, p. 434-447, 2010.

https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=225629 8/9
22/02/2023 15:04 lddkls221_cie_mor_sis_imu_hem

EWERS, I.; RIZZO, L. V.; KALIL, F. Imunologia e envelhecimento. Einstein, v. 6, n. Suppl 1, p. S13-
S20, 2008.

GILBERT, E. A. B.; VICKARYOUS, M. K. Neural stem/progenitor cells are activated during tail

0
regeneration in the leopard gecko (Eublepharis macularius). The Journal of Comparative
Neurology, v. 526, n. 2, p. 285-309, 1 fev. 2018. Disponível em:

se õ ç a t o n a re V
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/cne.24335. Acesso em: 18 dez. 2021.

HANNOODEE, S.; NASURUDDIN, D. N. Acute inflammatory response. StatPearls [Internet], 2020.

HAYNES, A.; RUSSELL N. Hematopoiesis (1998). In: JAMESON, J. L. (ed.). Principles of Molecular
Medicine. Humana Press. Totowa, NJ: Springer Link, 1998. Disponível em:
https://doi.org/10.1007/978-1-59259-726-0_19. Acesso em: 18 dez. 2021.

HEALTHCLASS. Como as feridas cicatrizam | Sarthak Sinha - TED Ed [Legendado]. YouTube, 4


jan. 2021. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Pn5iWH7RWIE. Acesso em: 18 dez.
2021.

KRAFTS, K. P. Tissue repair: The hidden drama. Organogenesis, v. 6, n. 4, p. 225-33, 2010.


Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/21220961/. Acesso em: 18 dez. 2021.

LOPES, C.; AMARAL, F. Explorando o Sistema Imunológico. PUCMinas, 2019.

MACHADO, P. R. L. et al. Mecanismos de resposta imune às infecções. Anais Brasileiros de


Dermatologia, v. 79, n. 6, p. 647-662, 2004.

MALE, D. et al. Imunologia. Elsevier Brasil, 2014.

PAHWA, R. et al. Chronic Inflammation. StatPearls [Internet], Treasure Island, set. 2021.
Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK493173/. Acesso em: 18 dez. 2021.

SIQUEIRA-BATISTA, R. et al. Sistema imunológico: atualidades e perspectivas para a prática


clínica. J. bras. med, p. 28-34, 2008.

TED-Ed. Como se formam as cicatrizes? — Sarthak Sinha. YouTube, 11 nov. 2014. Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=ucRMDdw82yw&t=21s. Acesso em: 18 dez. 2021.

WHITE, M. Mediators of inflammation and the inflammatory process. Journal of Allergy and
Clinical Immunology, v. 103, n. 3, p. S378-S381, 1999.

ZWEIFACH, B. W.; GRANT, L.; MCCLUSKEY, R. T. (ed.). The inflammatory process. Academic
Press, 2014.

https://www.avaeduc.com.br/mod/url/view.php?id=225629 9/9

Você também pode gostar