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Cinco P’s para estratégia i

1. INTRODUÇÃO

O trabalho, presentemente desenvolvido, objetiva introduzir, mas não esgotar, o conceito de


estratégia. Apresenta o conceito de Henry Mintzberg, The 5 Ps for Strategy.
A palavra estratégia, tão usada no meio empresarial deriva, na realidade do meio ambiente
militar e tem como modelo a estratégia dos macedônios, liderados por Felipe II e seu filho,
Alexandre, para derrotar os fortes exércitos gregos na batalha de Caronea (338 a.C.).

Como citado por Miyamoto Musashi, nascido em 1548, filho de Samurai e órfão de mãe, em
seu livro The five rings book, “A estratégia é o ofício do guerreiro. Os comandantes têm que
ordenar o ofício, e os soldados têm que saber seguir o seu caminho. Mas não há guerreiro no
mundo de hoje que compreenda verdadeiramente o caminho da estratégia.”

O caminho da estratégia para Musashi pressupõe:

i. Nunca pense desonestamente


ii. O caminho está no treinamento
iii. Trave contato com todas as artes
iv. Conheça o caminho de todas as profissões
v. Aprenda a distinguir ganho de perda nos
assuntos materiais
vi. Desenvolva o julgamento intuitivo e a
compreensão de tudo
vii. Perceba as coisas que não podem ser vistas
viii.Preste atenção até no que não tem
importância
ix. Não faça nada de que nada sirva.

2. OS 5 Ps PARA ESTRATÉGIA

O presente trabalho, tem por base texto escrito por Henry Mintzberg, em 1987, entitulado Five
Ps for Strategy, publicado originalmente no periódico California Management Review. Neste
texto, o autor nos lembra que o ser humano insistem em atribuir definição para diversos
conceitos, e mesmo a palavra estratégia, que possui uma explicitação formal, também pode ser
melhor entendida por outros conferidos.

Inicialmente, são apresentados e explicados cinco conceitos para estratégia, definidos


originalmente como: Plan, Ploy, Pattern, Position e Perspective, seguindo-se, em uma segunda
parte, por considerações a respeito do seu inter-relacionamento.

Tendo em vista que os conceitos originais foram apresentados em inglês, quando da


adaptação do conteúdo para o idioma português, alguns dos conceitos foram enquadrados em
palavras que não necessariamente iniciavam pela letra P, mas por palavras que melhor
expressassem o real significado da ideia embutida.

2.1 Primeiro P - STRATEGY AS PLAN (A ESTRATÉGIA COMO PLANO)

É a figura, ou conceito, mais comumente relacionado à estratégia. É entendida como um tipo


de ação, ou formulação de diretrizes, que indicam caminhos para resolução de questões, como
uma organização que “elabora estratégias” para aumentar sua participação de mercado.

Desta forma, por essa definição, estratégia possui duas características essenciais: confecção
voltada ao uso e aplicação de acordo com seu propósito; e desenvolvimento consciente e
específico (uso determinado). Ainda podem ser identificadas outras vertentes para a definição
de estratégia como Plano, por exemplo:
MILITAR: estratégia é entendida como “desenho de um plano de guerra...plano individual de
campanhas, e o respectivo engajamento das partes” (von Clausewitz, 1976:177) (adaptado).

TEORIA DO JOGO: a estratégia é “um plano completo, que especifica que escolhas poderão
ser feitas (pelo jogador) a cada situação possível.” (von Newman e Morggenstain, 1944:79).

ADMINISTRAÇÃO: “a estratégia é ampla, abrangente: um plano integrado ... que se destina a


assegurar que os objetivos básicos da empresa sejam atingidos.” (Glueck, 1980).

2.2 Segundo P - PLOY (MANOBRA)

Ainda como Planos, então, as estratégias podem ser gerais ou podem ser específicas. Desta
forma a estratégia também pode ser considerada como uma Manobra (ploy), funcionando
especificamente como um “estratagema” que visa enfraquecer ou derrubar oponentes ou
outros competidores. Como exemplo pode-se citar a construção de uma nova planta industrial
por uma empresa que objetiva a conquista de novos mercados. Neste ponto, a real estratégia
não está na abertura de uma planta, mas no significado que essa Manobra representa aos
demais concorrentes.

De fato, há uma boa parcela da literatura sobre gestão, ou administração, que geralmente
levam a entender estratégia como processos de barganha, focando apenas os aspectos mais
dinâmicos e competitivos. Esse aspecto pode ser observado nas literaturas sobre
administração e negócios e conta com adeptos de renome como Porter, onde se ressalta o livro
competitive strategy, 1980, e Schelling no livro The Strategy of Conflict, também de 1980.

2.3 Terceiro P - STRATEGY AS PATTERN (ESTRATÉGIA COMO PADRÃO)

Se Estratégia pode ser entendida como Planos gerais ou Manobras específicas, eles também
podem ser realizados, em outras palavras, atribui definição aos Plano, resultando em um
comportamento, assim o Padrão, aqui relacionado com o comportamento e com ação, ou
conjunto de ações, do Planejamento. Esse exemplo pode ser melhor retratado como o Padrão
adotado por Henry Ford, no seu modelo T, oferecido apenas na cor preta, ou seja esta
definição é coerente com o comportamento decidido pela organização, sendo ele ou não
questionável.

Podemos inferir que Estratégia é um procedimento Padrão, em ação, ou seja é a colocação em


prática da estratégia. A ação Padrão, confere consistência ao comportamento, podendo até ser
rotulado como a própria estratégia. Dessa forma, pode-se diferenciar Plano e Manobra do
Padrão.

Entretanto, mesmo a partir do Plano, até a colocação de um Padrão de comportamento, outros


vetores externos e alheios às vontades da organização podem sugerir alterações prévias à
execução de desse mesmo Padrão. Dessa forma pode-se entender que o Padrão de ação, ou
de comportamento, também sofrerá alterações do meio ambiente, concluindo que a ação não é
só aquela projetada, mas a que realmente foi realizada, ou seja o Padrão efetivamente
empregado.

Contudo, se há estratégias, para que emprega-las? Esse questionamento vem sendo debatido
por diversos escritores sobre o enfoque do uso de recursos (senti amplo), mas sempre
permanecendo a questão: que recursos e para que propósitos? A empresa pode colocar como
Padrão de marketing produtos apenas pintados em uma cor, mas certamente isso dificilmente
seria identificado como uma estratégia pelos observadores.

2.4 Quarto P - STRATEGY AS POSITION (ESTRATÉGIA COMO POSIÇÃO)

Este conceito trata da estratégia como a Posição onde se localizam as empresas e


organizações, os ambientes onde estão inseridas (visão da teoria organizacional). Estratégia,
segundo esta visão, torna-se uma combinação de forças entre a organização e o meio
ambiente onde ela está, ou seja, entre o ambiente externo e o ambiente interno da
organização.

Em termos ecológicos, estratégia, neste contexto, significa o nicho onde se está localizado, do
ponto de vista econômico significa um lugar em que se gera renda (retorno) e sob o enfoque da
administração, significa o local onde o meio ambiente e os recursos são encontrados.

Esta definição, até o momento, combina com as outras vistas sobre os Ps. Pode-se sugerir um
Plano ou uma Manobra de ação para a empresa, assim como um Padrão de ação.

Na teoria dos jogos ou sob o enfoque militar, indica o “jogo de duas pessoas”, entretanto na
administração toma um contexto, sugerindo uma competição mais ampla, onde as Manobras
são muito comuns, revelando a Posição como um “jogo de ‘N’ pessoas”, onde o próprio termo
Posição se refere à característica de um único competidor.

2.5 Quinto P - STRATEGY AS PERSPECTIVE (PERSPECTIVA)

Enquanto no quarto P sobre planejamento, Posição (ou position) tem seu enfoque voltado ao
ambiente externo, sob sólidas posições ambientais e seus reflexos, o quinto P, que pode ser
entendido como Perspectiva, é voltado aos aspectos internos da organização.

Procura nas lideranças internas da organização mecanismos para formular estratégias de


forma a ampliar e melhorar sua participação externa. Neste caso a estratégia consiste na
Perspectiva, não só de escolha de posição, mas no modelo de entendimento do mundo que
cerca a empresa.

Existem empresas que construíram sua imagem, em termos de marketing, como ideologias em
torno de desse conceito, como a IBM, McDonald’s ou a Hewllet-Packard, neste último caso
com o “HP way” (ou “o caminho/a forma HP” colocando como sentido a forma de conduta, sob
o enfoque da perspectiva de comportamento interno e externo da empresa).

Ou seja, coloca parâmetros internos que os antropólogos identificam por cultura e os


sociólogos por ideologia, uma forma de ação que define o modus operandi da organização.
Talvez a melhor definição tenha sido dada da tradução do alemão como “visão de mundo”, na
interferência que o ambiente interno tem sobre o mundo que cerca a empresa.

3. INTERELACIONAMENTO ENTRE OS 5 Ps E O ECLETISMO DA DEFINIÇÃO

Após realizar uma multiconceituação, Mintzberg propõe que estes conceitos não são
excludentes, mas compatíveis, isto é, que Estratégia como Posição e Perspectiva é
perfeitamente compatível com seu Plano, Manobra e/ou Procedimento.

Porém, a relação entre eles é bem mais complexa que isto. Para alguns, as perspectivas da
organização podem ser um plano, para outros as primeiras originam o segundo.

Segundo Mintzberg, a perspectiva, provavelmente aparece de experiências passadas pela


organização, através de seu relacionamento com o ambiente, da mesma forma que uma
pessoa desenvolve a sua personalidade. Sendo assim, existe razão para acreditar-se que
enquanto os Planos, Procedimentos e Posições são mutáveis ou dispensáveis, as Perspectivas
são imutáveis.

Para demonstrar essa linha de pensamento, o autor nos revela o exemplo do Egg Macmuffin,
produto lançado pela cadeia de restaurantes fast food Macdonald’s para entrar no mercado de
café da manhã. Este exemplo nos mostra que para o Macdonald’s, o Plano e o Posicionamento
mudaram, enquanto a padrão e as Perspectivas da empresa não.
Mas, apesar de todos os relacionamentos possíveis entre os cinco conceitos, nenhum deles
precede o outro. Em alguns casos os conceitos competem entre si e podem ser substitutos, em
outros eles se completam. Cada conceito contem elementos importantes para o entendimento
da estratégia, encorajando-nos a perguntas fundamentais sobre as organizações em geral.

Como Plano, a estratégia lida com os líderes que tentam estabelecer direções para as
organizações. Como Manobra, a estratégia leva-nos a entender as várias manobras
empregadas na intenção de ganhar competitividade. Como Padrão, a estratégia foca a ação,
lembrando-nos que intenções são vazias sem a ação. Como Posição, nos encoraja a olhar as
organizações em seus ambientes competitivos – como elas ganham e protegem suas posições
de forma a competir ou evitar a competição.

Finalmente, como Perspectiva, a estratégia inclui questões acerca das intenções de conduta
em um contexto coletivo.

4. CONCLUSÃO

Os diversos conceitos, sobre os cinco Ps do planejamento, são referenciais. Na verdade são


classificados como conceitos nas mentes de cada um, e de cada organização. Uma estratégia
nunca foi vista ou tocada, trata-se na verdade de uma menção, um fragmento de imaginação
inerente a cada um.

Pode ser melhor identificado como uma visão de mundo, uma cultura, uma ideologia, os meios
que nos levam a resolver situações de confronto, como em um jogo, procurando a melhor
alternativa de solução dos nossos problemas ou questões.

Esses conceitos ficam repartidos nas mentes e espíritos das pessoas que compõem as
organizações, de tal sorte que podem até gerar um inconsciente coletivo, induzindo essas
mesmas pessoas a agirem de forma direcionada.
Se analisados de forma correta podem revelar excelentes instrumentos, com utilização em
diversos campos, desde o militar até a administração, o que torna seu estudo indispensável por
diversas estruturas e tipos organizacionais. Como diria Hery Mintzberg a estratégia não é
simplesmente planejada, é moldada.

5. BIBLIOGRAFIA

COBRA, Marcos. Administração Estratégica do Mercado. São Paulo Ed. Atlas, 1992.

___. Crafting Strategy. Universidade de Coimbra, Faculdade de Ciências e Tecnologia


Departamento de Engenharia e Informática (Site:
http://www.dei.uc.pt/gestao/forum/temas/classicos/crafting_ st.html#1).

____. Enciclopédia Britânica virtual (site: http://www.mediamonster.net/encbt.htm).

___. Management Experts. Sociedade Latino-americana para Qualidade (Site:


http://www.qualidade. org / articles /mar97/3mar97.htm).

____. Mintzberg’s 5 Ps for Strategy. University of Cambridge, Department of Engineering


(http://www.mmd .eng.cam.ac.uk/people/ahr/dstools/paradigm/5pstrat.htm).
i
Este texto foi extraído do site: http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=2104&cat=Artigos&vinda=S

Os 5 P´s da Estratégia
Henry Mintzberg, um dos grandes autores na área de Estratégia Corporativa, desenvolveu no final dos anos
80 um modelo conhecido como 5 P´s da Estratégia, com o intuito de esclarecer as diferentes formas de
conceituar a palavra "estratégia" (em negócios) e entender em que contexto uma organização está inserida
e como ela se transforma, dependendo da força existente em sua estrutura e nas mudanças que ocorrem
no ambiente competitivo, obrigando-a a reagir e se adaptar a este novo meio:

- Uma estratégia pode ser um PLANO, um caminho que deve ser traçado para que se alcance determinados
objetivos. É o que a empresa pretende realizar. Normalmente quando uma empresa desenvolve um
planejamento estratégico, ela procura definir algumas diretrizes estratégicas que devem levá-la a um
caminho que a ajude a alcançar os objetivos pré-estabelecidos no próprio planejamento.
- Uma estratégia pode ser um PADRÃO, uma espécie de consistência gerada ao longo do tempo que
mantém a organização firme no alcance de seus objetivos. Neste caso, ela consegue obter êxito na
aplicação do planejamento e procura manter o que vem dando certo.
- Uma estratégia pode ser uma POSIÇÃO, isto é, a forma como a organização aloca, escolhe, prioriza seus
produtos/serviços em determinados mercados. Neste caso, ela se posiciona frente às forças competitivas
inerentes ao seu setor/mercado e tenta responder ou bloquear estas forças com a utilização de seus
recursos internos e priorização de áreas-chave em sua estrutura.
- Uma estratégia pode ser uma PERSPECTIVA, uma maneira fundamental de a organização fazer as
coisas, criando valores únicos que fazem ela ser diferente de seus concorrentes.
- Uma estratégia pode ser um PRETEXTO, ou seja, um truque, uma manobra que engane o seu
concorrente.
Na prática, uma organização, ao desenvolver seu planejamento estratégico, imagina colocá-lo da forma
como foi idealizado. No ambiente de hoje, com tantas mudanças e forte concorrência, a estratégia
idealizada muitas vezes não se concretiza. Desta forma, se torna evidente a necessidade de modificar ou de
criar uma nova roupagem para adequar a estrutura ao ambiente organizacional. A organização aprende
com o erro na estratégia idealizada, mas há o risco de perda de controle organizacional em detrimento da
necessidade de mudança.

Referência: MINTZBERG, Henry. O processo da estratégia. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.

Este texto foi extraído do site: http://inovaemgestao.blogspot.com.br/2009/12/os-5-ps-da-estrategia.html

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