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Expansão Árabe e Escravidão


Capítulo 1
- Até século VI, o comércio de escravos era reduzido. Preava-se negros no Mediterrâneo e no
Índico. Presença de escravos era mais comum no Egito e na Arábia.
- Expansionismo militar árabe a partir do século VII transformou a África, que, de
fornecedora marginal de escravos passou a fonte constante e duradoura de cativos.

Capítulo 2 – O Fator Islâmico (VII-XV)


A) Aspectos Gerais
- Século VII – Expansão árabe (Bizâncio, Iraque, Síria, Palestina, Pérsia, Armênia, Ásia
Menor, Egito, Norte da África, Afeganistão, parte da Índia)

Alcorão  combater quem não se converte – JIHAD e escravidão


Princípios e normas sobre escravidão no Alcorão
- Não justifica nem condena. É natural
- Indica manumissão e bom tratamento
- Regras de comportamento senhorial e escrava
- mas condição normal do homem é a liberdade
- Pessoa livre não podia ser escravizada por crime, dívida ou indigência
- Escravo
 Nascer escravo, Ser reduzido em Guerra Santa e Importado de terras infiéis
Cosmogonia árabe
 Comunidade dos Crentes (umma)  Paz, Submissão, Obediência
Casa da Infidelidade e da Guerra  Escravo, idólatra, pagão
Protegidos (zoroastrismo, ‘povos do livro’)
- Escravidão  Salvação  Jihad  Purificar o mundo, o sangue derramado em jihad
- Escravidão  Reparação maometano  Alforria

B) Expansão árabe
 Ampliação do uso de escravos  Mulheres, crianças, soldados, administradores, eunucos.
 Islã proíbe castração  Tráfico
 Expansão do Comércio de Escravos  berberes: Ligação entre, Sudão e Franja
subsaariana  Ouro, sal e escravos etc.

C) Cisão Política e Religiosa e Unidade fundamental do Islã (Século X)


 As 5 obrigações  Os mesmos livros  Arquitetura  Hábitos, gostos, m de pensar

D) Rotas Saarianas do Camelo  Ligados a pontos de água


E) Estruturas organizacionais das viagens – economias de enclave

F) Século IX – Aumento da demanda por escravos


- Razões políticas  Tropas estrangeiras versus nobreza local
- Escravos Referendam autoridade central contra chefes locais descontentes
- Da razia à produção local de escravos pelos sudaneses

G) Reino de Canem (Lago Chade)  Estado e dependência de escravos para o comércio –


Guerra e produção de escravos  conflito entre Canem e seus vizinhos

H) Escravidão na Península Arábica (VI-IX)  Ampliação da Demanda


- Rebeliões dos zanjes, da África Oriental (VIII-IX)  Fama de Insubmissos  Aumento da
procura dos provenientes do Sudão Centro-ocidental
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I) Século X – Alteração geopolítica no Magrebe  Expansão Fatímida
- Tropas de Eslavos  guerra e escravos no Norte da África

J) Século XI - Expansão Muçulmana Almorávida


 Norte da África, Franja Setentrional do Saara, Marrocos, Península Ibérica

L) Resultado dos Processos de Expansão


 Cadeias de comércio e de tributos  Pagamento em escravos  vindos de longe
- Travessia do Deserto  3 a 4 meses  Libambo  Inviabilidade da Fuga
- Camelo leva carga, escravo caminha
L.1) Estimativas do volume
- Ralph Austen  1.740.000 passaram pelas rotas transaarianas (650 e 11000)
 Média de 3000 por ano – Séc. IX
 Média de 8.700 por ano – Séc. X e XI
Mercado maometano  Preferência por mulheres

M) Práticas escravistas no Islã: Usos do Escravo, Estereótipos sobre escravos, Associação de


negros à escravidão, Justificativas da Escravidão, Alforria, Reinserção social de forros
1) Usos dos escravos: harém, exército, governo, serviço doméstico e produção agrícola,
atividade mineradora  DEMANDA POR ESCRAVOS CRESCENTE

2) Condições de alforria: escrava que dava filho ao senhor; o filho, também; filho de escrava
com homem livre; manumissão.

2.1) Forros homens  tinham de se inserir em uma tribo/família;


Clientelismo perpassava as gerações, i.é., filhos dos libertos mantinham dependência com
filhos dos senhores  Estigma social  antepassado escravo  Estereótipos (estupidez,
deslealdade, preguiça etc).  Integração era geracional.

3) Justificativas da Escravidão: Bases Filosófica, Religiosa e Étnica


- Estereótipos físicos se associavam à condição servil  Escravizados por infiéis, pagãos e
idólatras: escravos por Natureza (Aristóteles)  Escravidão  Civilização
- Séc. XI – Filósofo Avicena  Todo-Poderoso colocou nas regiões de muito frio e de grande
calor povos incapazes de grandes feitos e destinados à escravidão  turcos, negros, mas
também os homens de pele alva como os leprosos e de olhos azuis como os cegos
- Inicialmente, não havia distinção. Paulatinamente  Hierarquia entre Incréus e Escravos
 Negro associado a Escravo

4) Estereótipos sobre os escravos em textos árabes e em práticas discursivas


- Ano 902  Ibne al-Fakin (Iraque)  Fedorentos, membros tortos, paixões depravadas,
pouca inteligência; Tratado Persa (982): Zanjes  natureza de animais selvagens  Outros
escritos dos séculos XI ao XIV  Animalização/Irracionalidade

Resumo: Processo ideológico de afastamento do negro da condição humana foi acompanhado


pela crescente presença demográfica de escravos negros

5) Conseqüências do Processo acima Resumido


- Ascensão de escravos brancos em detrimento de negros, inclusive nas armas.
- Ensinamentos do Islamismo justificavam a escravidão pela Fé, mas ...
- Texto Bíblico Original  Maldição de Noé cairia sobre Canaã, não sobre Cuxe (Cam)
- Autores árabes deturparam mensagem.
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Logo, teria sido no islamismo que pele negra se tornou sinônimo de inferioridade, bem como a
África, sinônimo de escravidão

N) Mercado de escravos e sua abrangência


- Da Espanha à Índia Muçulmana, Mar Vermelho, Rota Índico- Mediterrâneo, China
- Rotas: a) Costa Oriental da África (VIII-IX);
b) África Índica (2 M a 2,5 M entre 650 e 1500);
c) Mar Vermelho (2,5 e 3 M entre 650-1500)
d) Transaariano
Termos da Troca no Comércio Transaariano  Cavalos por escravos  Guerras e Escravos

Capítulo 3 – A escravidão entre africanos


A) De onde vem a escravidão?
Karl Jacoby
 Neolítico: Domesticação de ovelhas, cabras, porcos, bois cavalos  Modelo para a
escravização de homens  Agricultura requer mais trabalho  Aplicar o homem o que se
fazia aos animais  Curral, coleira, cabresto, chibata, castração, marca com ferro para
distinguir posse

Costa e Silva
 Foi o contrário ou um processo simultâneo em certas culturas
Experiência em escravizar homens foi aplicada aos animais
 Argumento: Muitos povos praticaram a escravidão sem domar animais, salvo como
xerimbabos
 Logo, o homem pôs a corda no pescoço de outro homem e o fez trabalhar antes de colocar
no animal
 Escravidão nem sempre é forçada  Mulheres e crianças derrotadas  Servidão
voluntária
 Por que não matá-los? Força de trabalho, status, poder, , sacrifício, ritos

B) A QUESTÃO  De onde veio a escravidão na África? Como a domesticação dos animais,


do Oriente Médio?
1)  Reinvenção da Escravidão pelos africanos
 Diversas formas de escravidão na África: urbana, agrária, minas, doméstica, de
linhagem/familiar mas escravidão ...

2)  Historiografia ‘absorcionista’  Igor Kopytoff e Suzanne Miers


Não havia escravidão na África, só entre aspas.
 África  Reumanização geracional do escravizado  Progressiva redução de sua
marginalidade  Incorporação à família do amo ou à grei  Desescravização progressiva
Réplica  Reumanização?
- Escravo continua sem poder/parentesco  Sua descendência dilui-se na de seu senhor
- Absorção + ou - Incompleta  Estigmatizados ou Absorvidos  Variava  Depende de
fatores políticos, econômicos, demográficos  Independe da vontade do escravo  ‘Bom’
tratamento  Absorção  Romantização da Escravidão Africana

C) Conceitos de Escravo e de Escravidão


1) Escravidão
 Poder e Domínio originado pela violência, onde morte física do cativo (prisioneiro de
guerra) dá lugar à morte social
- Morte Social  Sem ancestral, família, descendência, exilado, desonrado simbólica e
ritualmente, sem altar
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- Propriedade  Ser humano reconhecido como tal, mas  sem direito sobre seu
corpo/sexualidade
Finley
 Sistemas assimilacionistas da África (> parte do continente)  Escravo é tudo isso.

- Escravidão doméstica  Não Escravidão


- Função dos Escravos em comunidades domésticas  aumentar no. de dependentes

D) De onde veio e como se desenvolveu a escravidão na África?


1) A tese da transformação
Walter Rodney
 Comércio à distância (transaariano e atlântico) transformou a escravidão na África.
Argumentos: Escravismo em escala se deu em áreas ligadas às rotas externas ao continente.

Réplica
 Isto, se explica as mudanças, o faz em parte do continente
 Desenvolvimento interno de diferenciação em classe, de hierarquização e de concentração
de poder
 África  Europa  Recursos fechados  Terra  Bem escasso
 África  Poder e riqueza não se fazem sobre terras, mas sobre homens  Posse da
pessoa/trabalho de outro  Escravidão: melhor meio para propiciar poder, riqueza e
aumentar a clientela/linhagem

E) Estado e Escravidão
Senhorio se exerce sobre pessoas  Escravidão transforma política
 Aldeias  Miniestados  Reinos Escravos: soldados e força de trabalho
 Estado centralizados e hierarquizados: escravidão mais complexa  Songai, Mali, Gana,
Canem-Bornu, Oió  Reis: maiores proprietários agrícolas
Formas de exploração da escravaria
Modelo de vilarejo agrícola:
 Localização  África Ocidental  séc. XIII ao XIX
 Reunião em determinado local, entrega de excedente
 Sem maiores constrangimentos na organização do trabalho e na condução da vida dos
escravos
 Hierarquia produtiva no Songai (XVII): 100 a 200 indivíduos  4 Fanfa (feitor) 
capataz-chefe (escravo)  entrega produção anual ao ÁSQUIA  Excedente fica para
o capataz  Morte do Capataz  Seus bens retornam ao soberano
 Similar ao acima, mas administrada por um ‘dono’ que paga tributos ao soberano
 Regime de trabalho  Pouco sobrava para os cativos
 Renovação da Escravaria: direito real sobre prisioneiros de guerra  não é
reprodução natural
Resultado  Extração de excedente do trabalho escravo  Sustento de classe senhorial
(militar, administrativa, religiosa, política)  expansão do comércio de excedentes 
Transporte  África não usava a roda.
 Outros usos da mão de obra escrava:
mercador (preposto do senhor);
militar  soberano X nobreza  Africanos aprenderam com os islamitas. Ex: Mali (séc.
XIII)
Eunucos  Tropas , administração e palácio
Outros setores produtivos: minas, transporte etc.

F) Escravidão e ‘Comunidades Domésticas’


Escravo  único tipo de bem de capital privado em grande parte da África
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África  Acesso à terra  escravo  Europa
 Escravidão e ascensão social  Prestígio, Riqueza, Força Militar, Tributos, Paz  Poder
 Imolações e rituais fúnebres

G) Produção de Escravos e Tráfico


Guerra  Transforma homem livre em cativo
Finley  Torna-se escravo quando passa à mão do traficante ou um comprador.
Logo, não há escravidão sem tráfico.

A guerra gera escravos ou estes são frutos da guerra?

Operação Militar em Busca de Cativos  Guerra por território.


Depende  Nem sempre a guerra é para gerar escravos e nem todo escravo era produto de
guerras
Outras formas de produção de escravos: Razia  Seqüestro, Castigos penais, Traições,
Guerras ‘Civis’, Exílio (Venda)

G.1) Diferença entre Escravo e Escravizado


Escravizado  Desenraizado, traumatizado
Escravo  A partir da 2a. Geração  Assimilação Geracional
 Logo, escravaria não se reproduz internamente, em termos sociais
 Logo, escravidão requer tráfico  Escravo precisa vir de longe  Estrangeiro
 Escravidão estimulou mercado de escravos ou mercado de escravos estimulou escravidão.

 África antes do Comércio Atlântico/Árabe


Escravidão sem Comércio de Escravos? Comércio de Escravos em pequena Escala?
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Capítulo 7 – Os lançados nos séculos XV e XVI (África Ocidental)


Terminologia  Lançado  Quem fica na África para estabelecer contatos
- Alta mortalidade entre os portugueses na Costa da África Ocidental
- Inicialmente, os aptos eram os cabo-verdianos que predominavam entre os funcionários da
Coroa
- 1462  Cabo Verde era desabitado  Importante como retaguarda para os portugueses
- Coroa estimula povoamento de Cabo Verde  Direito de comerciar na Guiné, salvo venda
de armas, ferramentas e navios  Isto difere de monopólio  Concorrência internacional
- Cabo Verde  Entreposto comercial de escravos, inclusive com espanhóis
Cabo-verdianos desenvolvem interesses comerciais próprios
versus
Reação da Coroa (1472)  Cativos só seriam usados no arquipélago, não comercializados
1512  Cativos da Guiné só podiam desembarcar em Lisboa
- Resultados: impacto na economia do arquipélago, cuja moeda forte era o escravo
contrabando
- Coroa proíbe venda de produtos com aceitação na África (cauris, cavalos, conchas etc.), que
os cabo-verdianos usavam como moeda na África

- Forasteiro era bem recebido na África  Casamento


- Papel da mulher na integração do forasteiro

MULHER
- Comércio a retalho era dominado pelas mulheres  Arrematavam no atacado e vendiam a
varejo
- Mulher e mobilidade  patrilocalidade  circulação da mulher e rede mercantil
- Maternidade tolhia temporariamente atividade comercial
- Hierarquia entre as mulheres  Viúva volta à comunidade de origem  circuito
mercantil  Mulher circula devido ao sistema de parentesco matrilinear  Viúva volta 
Circulação propicia rede mercantil
- Mulheres dominavam mercado de alimentos e se beneficiavam da expansão da demanda:
abastecimento de ‘cidades’ e navios  exportavam alimentos para Cabo Verde 
Aprenderam a lucrar com o comércio de longa distância  Nas feiras: aproximação com o
comerciantes de longa distância (uângaras e mandingas)

- Significado do casamento com mulher africana


 Para os portugueses: tinham sócias e vinculavam-se ao poder e mercado local. Ganhavam
status, segurança, aprendizado dos costumes e regras locais, inclusive de compra, venda,
distribuição e barganha com os mandingas e uângaras
 Para os africanos: acesso a bens externos, controle do estrangeiro
 Para as mulheres africanas: aprender a negociar com europeus  Quando viúva: busca
manter negócio para si e seus filhos
OU SEJA  PROCESSO DE APORTUGUESAMENTO E DE AFRICANIZAÇÃO

 Processo de Africanização dos Lançados  Da legalidade à ilegalidade


- Inicialmente  manutenção de contatos com patrícios Depois  aos sobas africanos
 Reis Jagras  Lançados dependentes
 Tangomão  divindade local

- Lançados e Tangomãos  Inicialmente serviam à Coroa Lusa  Depois, aos cabo-verdianos


- COROA PORTUGUESA  Não conseguiu manter exclusivo comercial na África
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 Perfis dos lançados e tangomãos  muitos rejudaizados  estabelecimento de redes
comerciais  Alguns poderosos e ricos  Judeus: não eram maioria entre lançados
- Origem eclética: nobres, plebeus, ex-escravos, mestiços, cabo-vedianos, negros ou mestiços
aportuguesados, brancos
LOGO  ser traficante não incomodava a ninguém  Reis, clérigos, nobres ...

 Em termos comerciais  Lançado: vira intermediário e/ou representante de reis locais


êxito do lançado depende: capacidade de comerciar com os poderosos ou em seus nomes;
abastecer reis locais com produtos externos; competir com uângaras e mandingas
Para o Lançado  O rei era soberano e/ou parceiro comercial
Podia ser preposto de reis: cobrança de taxas em navios etc.

Para o Reis  Lançado é acolhido como hóspede


Deve vassalagem e dar presentes
Comércio deve fluir para seus portos
Africanos  Ciência de que comércio a longa distância aumentava seu poder e prestígio
Objetivos dos Reis  Monopolizar comércio  controle dos lançados
Bens trazidos pelos lançados  Redistribuição de herança  sistema de parentesco 
OBJETIVO  impedir enriquecimento de famílias que se tornariam poderosas

Acordo Tácito:
 Obediência, proteção e rendimentos por mulheres, dependentes, irmãos e escravos

 Ajudantes dos lançados  grumetes  êxito depende de embarcações na costa e nos rios
 Habilidade dos grumetes  Aumenta eficiência da esposa dos lançados  acesso a
mercados mais distantes  não vender apenas alimentos  Lançados: acesso a mercados
mais distantes  acesso a passagem de bacias fluviais
 AMPLIAÇÃO DA REDE COMERCIAL

 Tendência de longo prazo  Distanciamento do lançado em relação ao rei


Pontos de desavença: pagamentos, descendência

 Coroa Lusa  nem sempre diferenciava lançados dos comerciantes legais

 êxito dos Lançados  Depende de contatos externos


Cabo Verde  fornecimento de sal, cavalos, algodão

 Lançado  Ligação entre vários pontos da cadeia comercial


-
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Capítulo 10 – No reino do Congo (XVI-XVII)

A) A chegada
Portugueses  Espíritos que atravessam o Calunga  espíritos eram brancos
Europeus se imaginavam como deuses na mente dos naturais  confundiam hospitalidade
com adoração

B) Aliança entre Portugal e Reino do Congo


Perspectiva do manicongo Nzinga a Nkuwa  capital em Banza Congo
 Aliança com portugueses  recursos para combater reinos vizinhos e enfrentar desafios
trazidos pelos europeus
 Propostas do manicongo  Educar jovens em Lisboa, trazer padres católicos, mestres de
ofícios
 Objetivo  ‘Modernizar’ Congo  inclusão na economia atlântica

Perspectiva da Coroa Portuguesa


 Aliar-se a rei poderoso ao Sul do Saara, preferencialmente católico

C) A conversão ao catolicismo e a política


Manisoyo  pede batismo  Manoel
Manicongo Ninga a Nkuwa  pede batismo  Dom João I  pai de Mbemba Nzinga

Canda  linhagem matrilinear ou clã


Quitomes e gangas  sacerdotes
C.1) Interpretações sobre a conversão no Congo
a) Mal entendido b) Fachada  Acesso a cortes européias
c) Expediente de política interna  legitimar poder à revelia das candas e dos quitomes.

d) Adotou-se a fé por convicção  Além da conveniência, maioria aderiu por convicção.


Pai (Ninga a Nkuwa)  adotou por entusiasmo  Sem conversão, não haveria aliança
Filho (Mbemba Nzinga)  católico fervoroso

C.2) Aproximações das Adaptações das crenças conguesas às cristãs


Conversão  requer adaptação ao contexto local
 Aspectos comuns  Benzer semeadura, temer feiticeiras, procissão para pedir chuva,
divino conduz destino humano
 Catolicismo não era ameaça
- Idéia de Deus supremo
- Após a morte  Alma viaja para um mundo de bem-aventurança
- Divino podia assumir forma humana
- Ressurreição de Cristo  Bem entendida  Ganga  especialista em ressuscitar mortos
- Cruz pendurada no pescoço  Amuletos e ‘Patoás’
- Missionário católico no Congo  Auto-intitulado de ganga

C.3) Opositores ao cristianismo  Sacerdotes e linhagens matrilineares Por quê?

 Estrutura política  Equilíbrio de Forças


Rei  pode vigiado pelos muxicongos  Aristocracia (12 candas) na região central do Reino
 aristocracia muxicongo  elege o manicongo
muissicongo (‘grandes da terra’, aristocracia da
Regras para eleição: aristocracia)
Qualquer muxicongo  Direito à eleição
Muxicongo  Descender do Rei  preferencialmente de uma de suas filhas
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Função da Poligamia  circulação de poder entre as candas X Catolicismo
Monogamia Católica  quebra o equilíbrio
Primogenitura  filho mais velho do rei não era de linhagem mxiconga

 Resultado  Dom Afonso I voltou a ser Nzinga a Nkuwa

C.3) Morte de Nzinga a Nkuwa (1506)  Disputa por candidatos e regras de sucessão.
Dom Afonso + maniSoyo + maniBata + portugueses
X Vencedor D. Afonso (1506-1543)
Mpanza a Kitima + ManiCabunda + Maioria da Aristocracia

D. Afonso  Usou cristianismo para conquistar poder

D) Reino do Congo, Comércio e Escravidão

Projeto de D. Afonso  aportuguesar o Congo


- mudou hábitos da corte - letrou parte da elite

- Função do Rei  Redistribuir Riqueza


- Redistribuição da Riqueza em Cadeia  Do manicongo  manis e governadores  distritos
 chefes de linhagens
- Resultado  Reforço da ascendência sobre aristocracias regionais  Geração de fidelidade
 Prestígio do manicongo depende de sua capacidade de redistribuir  escravos

D.1) Escravidão no Congo  2 tipos: doméstica e ‘produtiva’


1) doméstica  nas lubatas  incorporação gradativa
2) Escravidão nas Mbanza  Trabalho rural  Hierarquia mais rígida
Lubatas  Chefe não controla produção Produção  Familiar e Div Sexual do Trb
Mbanza  Linhagens governantes  controle da produção  Trb Escravo
Diferenciação Excedente Proveniente do trb escravo, não da transferência Lubata-Mzamba

D.2) Comércio
Início  Manicongo  pagamento: marfim, pano de ráfia, peles, cobre, zimbos
 Comércio externo  monopólio do manicongo
Oposição: grandes senhores congueses  comércio sem intermediário
Comerciantes são-tomenses  comerciar livremente na costa do manicongo

D.2.1) Política e Comércio


Choque de interesses  são-tomenses versus Coroa Portuguesa (Dom Manuel)
 Dom Manuel  Cristianização e desenvolvimento do Congo
 Advoga exclusivo nas trocas com o Congo

 Alianças Manicongo + Coroa Portuguesa


versus
Traficantes são-tomenses + Governadores + Manis + Senhores locais

D. 3) Alterações na Demanda e Escravidão


- Política de europeização altera demanda de produtos: do sal para o cetim, veludo etc.
- Mudança na forma de pagamentos: de cobre, marfim, pele ... para escravos

 Comerciantes portugueses versus monopólio manicongo da oferta de escravos  Aumento


das guerras de fronteiras  guerra entre nobres  venda de vassalos  instabilidade
política  Desarticulação das rotas comerciais
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D. 4) Reação de Dom Afonso
 Regular tráfico  Temor da escravização de congueses
- Concentrar C. E. em Benza Congo e em Pinda

Obstáculo: C. E.  Disseminado nos pumbos (mercados)  Lago Malebo


- Pombeiro Vai atrás do escravo  Amplia comércio de escravos
- Lago Malebo
 confluência de rotas fluviais  Controlado pelo estado tio de Macoco

D.4.1) Resultado do controle do Dom Afonso  Ganhos políticos


 Desvio do C. E. para o Malebo  conteve escravidão de congos
 Afastou nobreza conguesa dos mercadores portugueses, i.é., nobreza voltou a depender do
manicongo
 pagamento aos tios era em zimbo  monopólio do manicongo
 pagamento de taxas para atravessar o reino do congo
 abastecimento em Pinda e Mbenza Congo era feito nas propriedades do manicongo

Em suma, política de europeização falhou, mas controle do C.E deu certo.


Por que falhou?
Lado Português
 Interesse maior no Oriente  EvangelizadoresComércio
 Faltou Apoio da Coroa Portuguesa
Lado Conguês
 resistência a mudanças  Chefes de candas: insistência na poligamia
 Quitomes: monopólio do sagrado
 Grandes da terra, governadores/manis  comércio direto com portugueses

- Comércio direto  fortalecimento político e militar  potencializa eleição na sucessão e a


independência em relação ao manicongo

- Comércio de escravos  estanca economia  África não recebeu bens de capital, mas
supérfluos Tráfico criou/fortaleceu classe de comerciantes de escravos

E) Monopólio do Tráfico e nova rota: o Ndongo/Dongo/Andongo


Ndongo  reino em expansão  produção de escravos
Ndongo  Vassalo do Manicongo  tributo anual e comércio com o manicongo (marfim,
cobre, marfim; zimbo)
Angola a quiluanje (ngola a kiluanje)  servia-se da nobreza conguesa  comércio ilegal de
escravos
- ngola a kiluanje  troca com atlântico  Poder sobre os chefes de linhagem andangos
Em suma  tentar reproduzir o que o manicongo fazia

E.1) Conversão do ngola a kiluanje


- Boicote inicial de São Tomé
- Portugueses  Minas de prata no Ndongo
- Congo e Ndongo  desconfiança do interesse luso nas minas
- Controle sobre cobre/ferro  crucial para ngola  IMP no comércio intra-africano

G) Reino do Congo  Contextos (Década de 40-60)


- Perda do interesse luso na área
- Manicongo envia sacerdote  Expansão do cristianismo no Ndongo se deve a clero nativo
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- Instabilidade Política na Sucessão (Década de 40)
 D. Afonso: casado, mas com concubinas
 Concubinas  vistas como esposas pelas tradições locais  Muitos filhos p/ sucessão
 Incorporação de portugueses na administração  conflitos entre ‘portugueses’ 
Tentativa de regicídio (1540). Morte do Rei (1543)

G.1) Os acontecimentos da Sucessão


- Manicongo  não indica filho mais velho, Nkanga Mbembe (Pedro)
- Pedro era da canda de seu pai  Pedro: apoio dos são-tomenses
- Lógica da Primogenitura versus Lógica conguesa da exogamia (circulação de poder)
 Pedro destronado por Dom Diogo I (Nkumbi Mpudi)  Neto de dom Afonso I por sua
filha
 Pedro  exílio na igreja

H) Reinado de Dom Diogo I (1544-1561)


 Facções Políticas
Pedro + comerciantes e bispos de São Tomé versus
D. Diogo I + grandes da terra + clero nativo + lusos residentes contrários aos são-tomenses

 Política de Dom Diogo I


= AVÔ  Reino português é aliado importante, não soberano
= PAI  Poder baseado no controle do comércio interior e exterior, i.é., na capacidade
de redistribuição
 Dom Diogo  Grande Congo  Hegemonia passageira em certas províncias
Oposições
- pombeiros de Malebo
- Macoco  Não quer mais zimbo  Produtos europeus para redistribuição

I) Independência do Ndongo/Dongo/Andongo
Oposição do ngola a kiluanje ao Manicongo  Acesso a mercado atlântico
- ngola a kiluanje + são-tomenses 1554  Guerra e Independência

J) Congo: Instabilidade Política, Comércio de Escravos e Competição

- Regras de sucessão
 Tradicional  circulação de poder e propensão ao conflito armado
 Alteração para Primogenitura patrilinear  Não atenua conflito  Poligamia gera vários
filhos ao mesmo tempo
- Morte de Dom Diogo I (1561)  escolheu Dom Afonso II, apoiado por portugueses
- Dom Afonso II  Assassinado por Dom Bernardo (1561-1567)  Persegue partidários do
rei deposto
Em suma: Sucessão  Guerra  Desarticulação Comercial
- Perda da importância do Porto de Pinda

 O que queriam os angicos, tios, ambundos ?  Deixarem de ser apenas produtores de


escravos e participarem de todo o processo

Álvaro I  Tenta arrumar a casa  concentrar comércio em Pinda e São Salvador


 Década de 60  Invasões Jagas/Imbagalas
- Alterações na Reordenação de Poder
- Gerontocracia tradicional versus Ritos Grupais  Desmantelamento de linhagens
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 Década de 70  Recuo Jaga  soldados portugueses + congos de Álvaro I
- Ascendência Lusa (mulatos)
 atuação e influência nas candas versus Dom Álvaro I
 Colônia lusa em Luanda versus Dom Álvaro
 Guerra no Malebo  Congos versus Jagas

Guerra  Escravidão  Tráfico  Proliferação da Escravidão

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