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Figura 2.3.1.3 – Principais planos de um navio típico.

Existe um outro conceito de casco de FPSO utilizado pela Petrobras desde 2007 no
campo de Piranema, em Sergipe: o FPSO Monocoluna. O FPSO monocoluna tem como
característica marcante a utilização de um casco com apenas uma coluna. Em relação aos
conceitos atuais, a plataforma monocoluna apresenta vantagens significativas:

• Menores movimentos, possibilitando a utilização de SCR em catenária livre;


• Maior reserva de estabilidade avariada;
• Flexibilidade operacional;
• Boa relação Peso de convés por Deslocamento.

A Petrobras está desenvolvendo um projeto de monocoluna, o Mono-BR, que possui


uma abertura na parte central, que permite a entrada de água com a finalidade de melhorar os
movimentos verticais do casco. Além do formato do casco, dispositivos redutores de
movimento, chamados de “saia” e de moonpool, foram dimensionados para melhorar ainda
mais esta característica.
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Figura 2.3.1.4 – Casco de um FPSO Monocoluna.

A decisão de qual modelo será utilizado na construção do casco deve considerar


principalmente: prazo de entrega, complexidade do campo e teto de custos de capital a ser
investido.

2.3.2 Estrutura Interna do Casco

Segundo FONSECA, a estrutura do navio considera desde a ossada ou esqueleto até o


forro exterior (chapeamento). Cada componente da estrutura do navio é projetada considerando
os esforços a que será submetido (esforços longitudinais, transversais e locais). O autor
considera que a ossada do navio é composta por dois sistemas de vigas: as vigas longitudinais
e as vigas transversais, além dos reforços locais.
Os elementos que compõem as seções longitudinais (costado, fundo, convés) têm a
função de contribuir para resistência aos esforços longitudinais a que o FPSO está sujeito. As
vigas e o chapeamento transversal têm a finalidade de dar forma ao exterior do casco e
resistirem à tendência de deformação do casco pela ação dos esforços transversais. As cavernas
são elementos transversais, que ajudam a sustentar o chapeamento externo no navio, dispostas
ao longo do comprimento do casco e igualmente espaçadas entre si. Os prumos (verticais) e
travessas (transversais) são reforços perfilados dispostos nas cavernas e anteparas com a
finalidade de reforçá-las. As escoas são estruturas transversais dispostas nas anteparas
transversais e tem a finalidade de reforçar a estrutura e reduzir o efeito de superfície livre dos
líquidos dentro do tanque.
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Figura 2.3.2.1 – Estruturas internas do casco.

2.3.3 Topside

Topside é a estrutura localizada acima do casco, no convés, composta por módulos de


processamento. A função dos módulos ou planta de processo é separar e tratar o óleo produzido
pelos poços. Tipicamente, é composta pelos módulos de separação de óleo, compressão e
tratamento de gás, geração de energia, pipe-rack, acomodações, flare e heliponto.
O dimensionamento da planta de processo depende das características do campo em
que a FPSO será operada. Existem duas principais modalidades para sua construção, tal como
cita Medeiros (2015): por módulos ou skids. O primeiro é feito através de grupos de
equipamentos instalados de forma integrada, sendo esta sua principal vantagem. A principal
desvantagem é a limitação do projeto devido ao grande peso dos módulos. Na construção por
skids a instalação é realizada de forma fragmentada através de módulos içados separadamente
– o que torna o comissionamento do casco mais complexo e custoso, porém com o peso de
carga reduzido consideravelmente. A figura a seguir mostra um esquema de topside do tipo
módulos e skid.
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Figura 2.3.3.1 – Planta de Processo pelo método de módulos e skids.

O topside do navio é construído através do escopo do projeto, dentre elas estão incluídos
equipamentos de perfuração, bem como a planta de processo, com todos os poços perfurados e
mantidos a partir da plataforma, afirma Husty Oil(2001).

2.4 SISTEMA DE ANCORAGEM DO FPSO

Não é desejável que os navios recebam condições ambientais severas de través


(perpendicular ao eixo popa-proa), visto que a área do costado exposta às forças de arrasto
devidas às ações da onda, vento e corrente é muito grande. Por isso, é preciso que a unidade
tenha um sistema de ancoragem eficiente. Os mais comuns são do tipo Spread-Mooring, Turret
Externo e Turret Interno.
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2.4.1 Sistema Spread-Mooring (SMS)

O SMS é um tipo de ancoragem que fixa as duas extremidades da embarcação,


restringindo os movimento do navio. É caracterizado por utilizar um número elevado de linhas
de amarração, distribuídas em 4 pontos nas extremidades do navio. Nesses pontos, ficam
caracterizados os chamados Fairleads, onde as amarras (ou linhas) ficam apoiadas. Esse
sistema transmite maior rigidez para o navio, diminuindo bastante seu deslocamento relativo às
ondas, às correntes marinhas e ao vento. Neste caso, as linhas que conduzem o óleo do poço à
plataforma (Risers) ficam alocadas em uma estrutura como Varal de Risers ou Riser Balcony,
que é posicionada na parte lateral do casco (conhecido como Costado) da plataforma. A figura
a seguir mostra o layout do sistema de amarração do tipo Spread-Mooring.

Figura 2.4.1.1 – Sistema de Ancoragem tipo Spread-Mooring.

2.4.2 Turret Interno e Externo

O Sistema de Turret, tanto o Interno quanto o Externo, permite que o navio tenha maior
liberdade de movimento, já que a amarração é feita em um ponto, sua principal característica é
o fato do navio alinhar-se com o carregamento ambiental, diminuindo os esforços atuantes
devido a uma menor carga projetada. Com isso, a plataforma pode girar até 360 graus em torno
desse ponto. Neste caso, as linhas de conduzem o óleo do poço à plataforma (Risers) ficam
alocadas na estrutura do Turret. O Turret facilita o descarregamento da unidade produtiva, mas
traz maior custo para a instalação da plataforma em comparação com SMS.
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Figura 2.4.1.1 – Sistema de Ancoragem tipo Turret interno e externo.

A definição do sistema de ancoragem afeta o sistema de risers para a instalação


submarina. Para o método de ancoragem SMS, a configuração do sistema de risers tem
comprimento menor e a preocupação com o seu desgaste é mais branda. O método de Turret
exige maiores comprimentos dos risers e a preocupação com o desgaste dos equipamentos
submarinos é maior, tendo impacto direto no seu custo.

3 PROCESSAMENTO PRIMÁRIO DO PETRÓLEO EM UM FPSO

O projeto de produção em um FPSO é baseado no processamento primário que apresenta


diferentes módulos com funções operacionais específicas, conforme já mencionado.
Uma parte da planta de Processamento Primário do Petróleo tem a finalidade de separar
o gás sob condições operacionais controladas e, remover a água, sais e outras impurezas
tornando o óleo adequado para ser transferido à refinaria. (FREITAS et al. 2007).
O processamento primário tem por finalidade evitar problemas relacionados ao
transporte em dutos ou navios e no armazenamento em tanques ou terminais. Segundo
Junior(2012), o gás associado, contendo substâncias corrosivas e sendo altamente inflamável,
deve ser removido por problemas de segurança (corrosão ou explosão) e a água, sais e
sedimentos também devem ser retirados, para reduzirem-se os gastos com bombeamento e
transporte, bem como para evitar-se corrosão ou acumulação de sólidos nas tubulações e
equipamentos por onde o óleo passa.
As plantas de processamento de fluidos podem ser simples ou complexas, tais aspectos
vão depender do tipo de fluídos produzidos e da sua viabilidade econômica. As plantas mais
simples efetuam apenas a separação gás/óleo/água, entretanto as mais complexas incluem o

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