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EXMO. Sr. Dr. JUIZO DE DIREITO DA 10ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO
ESTADO DO CEARÁ

PROCESSO Nº. 2007.81.00.000940-6

EDILBERTO LIMA DE CASTRO, já qualificado na inicial do processo em


epigrafe, por seus advogados, data vênia, inconformado com a respeitável sentença nº.
0010.000677-1/2007-TIPOA. proferida nos autos da Ação Ordinária proposta contra a União
Federal, e, com fundamento no Art. 8º do ADCT/CF 88, na Lei nº. 10.559/02, nos Arts. 496 I e no
prazo legal do Art. 508, ambos do CPC, vêm à presença de V. Exa. interpor APELAÇÃO para o
Egrégio Tribunal Regional Federal da 5ª Região, conforme faculta o Art. 513 do Código de
Processo Civil.

Assim, sendo, requer a V.Exa. que, após receber o apelo nos seus devidos efeitos,
com observância das formalidades legais, se digne mandar subir os autos à Superior Instância,
com as razões que se seguem.

Nestes Termos.

Pede Deferimento.

Fortaleza-CE., em 05 de setembro de 2007.


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WILSON SILVINO DE MOURA
OAB/CE. Nº 18.002

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ANTONIO AZEVEDO VIEIRA FILHO
OAB/CE. Nº 17.446

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PAULO CÉSAR FEITOSA ARRAIS
OAB/CE. Nº 7084
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EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO

A respeitável sentença, proferida pelo douto Juiz da 10 ª Vara Federal da Seção


Judiciária do Estado do Ceará merece ser reformada totalmente pelos motivos que o apelante
passa a expor:
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RAZÕES DE FATO

Como se vê claramente a r. decisão proferida pelo MM. Juízo de primeiro grau, de


todo o seu conteúdo procurou lastros nos argumentos do Ministro Arnaldo Esteves Lima, Relator
no julgamento do Mandado de Segurança nº. 9.585/DF, Terceira Seção do STJ, publicado no DJ
de 28/11/2005 que, apreciando questão semelhante, não reconhece motivação política na edição
da Portaria nº. 1104/GM3, de 12 de Outubro de 1964.

No presente caso, entende o juízo a quo que o Autor foi incorporado no serviço
militar da Aeronáutica após a edição da Portaria acima aludida, portanto, para este, a norma
preexistente tinha conteúdo genérico e impessoal, não havendo como atribuir conteúdo político ao
ato que determinou o seu licenciamento.

A anistia política pretendida pelo ora apelante, é matéria fundamentalmente de


direito, como se pode deduzir de uma simples análise da regra constitucional emanada do caput do
Art. 8º do ADCT, que diz:

"É concedida ANISTIA aos que, no período de 18 de setembro de 1946 até a data da
promulgação da Constituição, foram atingidos, em decorrência de motivação
exclusivamente política, por atos de exceção, institucionais ou complementares, ...."
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A pretensão do Apelante encontra-se amparada, portanto, de acordo com o


disposto constitucional acima transcrito, bem como na Lei nº. 10559, de 13 de novembro de 2002,
que obriga a concessão de anistia nos termos proclamados na Carta Magna aos que foram
perseguidos politicamente entre 18/09/1946 e 05/10/1988.

A Sumula Administrativa nº. 2002.07.0003 nos termos em que foi editada diz que:
- A Portaria nº. 1104, de 12 de outubro de 1964, expedida pelo Senhor Ministro de Estado da
Aeronáutica, é ato de exceção, de natureza exclusivamente política. É sabido que tal portaria
quando do seu aparecimento, foi editada através de oficio sigiloso, que só o Alto Comando tinha
conhecimento, portanto não era do conhecimento dos praças quando de suas incorporações. Dar à
interpretação a referida portaria de ato meramente administrativo, no popular é dizer que não
passa “de conversa pra boi dormi”. A de se considerada, ainda, que a época o País estava sob a
vigência de um período revolucionário.

A 31 de março de 1964, deflagrou-se a famigerada Revolução, período em que o


País atravessou grandes turbulências políticas, como é publica e notório de todos nós, com os
direitos e garantias individuais totalmente ignorados. A perseguição aos soldados, cabos,
sargentos e taifeiros da FAB, não foram diferente. Historicamente é sabido que em 08 de Outubro
de 1964, quando o então Ministro da Aeronáutica, NELSON FREIRE LAVENÈRE-
WANDERLEY, com respaldo na Portaria nº. 1103-GM2, arbitrariamente expulsou das fileiras da
FAB, nove cabos e um taifeiro. Rompendo-se assim a fúria repressiva, de tal sorte que na
seqüência dos atos, editou-se a Portaria nº. 1104-GM3, de 12 de outubro de 1964, que lhe sendo
atribuído pretensão de legalidade de ato administrativo, não passou de forma simulada, no mérito
de expediente exclusivamente político de exceção revolucionária, quando foram expulsos dos
quadros da FAB, milhares de Soldados, Cabos, Sargentos e Taifeiros.

Portanto, a gloriosa portaria fora baixada numa época da história brasileira, em


que se vivia sob a égide dos Atos Institucionais. Época em que servidores civis e militares
estavam sob a mão de ferro do Comando Supremo da Revolução, cujos atos afastavam da
apreciação do Poder Judiciário qualquer lesão ou ameaça a direito. No presente caso, outra não foi
a sorte do ora apelante, que assim como milhares de outros militares, nada pode fazer em face
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daquele Estado reinante e determinado.

Contudo, o Regime Militar não poderia vigorar indefinidamente, e sob a


luminosidade e o bom senso de alguns políticos, visando pacificar a Nação e desarmar os
espíritos, veio a anistia política. E assim, foram editadas sucessivas leis.

Por derradeiro, visando corrigir injustiças passadas, sobreveio a mais abrangente


Lei de Anistia, com a edição da Lei nº. 10.559/2002 que regulamentou o Art. 8º dos ADCT da
Constituição de 1988, o qual menciona, além dos atos de exceção, institucionais e
complementares, o de motivação exclusivamente política, como, exatamente, no presente caso.

MOTIVAÇÃO POLITICA DA PORTARIA Nº. 1104/GM3 DE 1964

Ao surgir a Revolução de 1964, a Junta Militar que tomou o poder, fez baixar Atos
Institucionais que suspenderam direitos políticos, cassaram mandatos legislativos, transferiram
para a reserva, oficiais das Forças Armadas - Atos Institucionais nºs 01/09. Consequentemente
ficaram suspensas garantias constitucionais ou legais de vitaliciedade e estabilidade. A época o
País, vivia uma fase de desarmonia e discórdia entre os brasileiros, de modo que a nação estava
dividida, um lado revolucionário e outro dos simpatizantes do ancien regime. Naquele ambiente,
as prisões de avolumavam e as pessoas desapareciam. Os quartéis se agitavam, de tal sorte que, ao
ascender à Presidência da República, o então Presidente Castelo Branco e o Brigadeiro Eduardo
Gomes, prontamente cuidaram de debelar os focos de agitação, voltando a fúria repressiva, desta
vez, contra os cabos da Aeronáutica.
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Naquele clima tumultuado e agitado, criou-se no Ministério da Aeronáutica de


forma sigilosa e reservada a Portaria nº. 1104-GM3, de 12 de Outubro de 1964, editada como já
mencionada anteriormente, pelo então Ministro Nelson Freire Lavanére-Wanderley, a qual
revogou a Portaria nº. 570/GMS, de 23 de Novembro de 1954, licenciando as Praças que, sendo
Soldados, completarem quatro anos de serviço, contados da data de inclusão nas fileiras da
FAB.

Por conseguinte, tal ato travestido de honestidade e legalidade, de uma ora para
outra, causou grandes transtornos e desespero na vida dos militares da Aeronáutica, que ficaram
totalmente desamparados. Felizmente o entendimento de renomados juristas no ramo do Direito
Administrativo, entende que um ato normativo, no caso a Portaria 1104/64, não possa produzir
efeitos diferentes; ou seja, resultado de ato de exceção para os militares que incorporaram na FAB
em data anterior à edição da referida Portaria; e, o efeito de ato administrativo destinado a regular
a permanência no serviço militar para as Praças que ingressaram na Força Aérea após a edição da
Portaria, ferindo, dessa forma o princípio da isonomia. Conclui-se daí, que o licenciamento das
Praças que incorporaram na FAB após a edição da Portaria 1104/64, supostamente travestido de
ato administrativo disciplinar, tinha, na realidade, o caráter motivadamente político.

Alicerçando esse entendimento é oportuno citar a salutar decisão do Supremo


Tribunal Federal, em 2ª Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso de Agravo
Regimental no Recurso Extraordinário nº. 329.656-CE, ex vi:

AGRAVO REGIMENTAL NO REC. EXT. Nº. 329.656-6

EMENTA: CONSTITUIÇÃO. ANISTIA (ART. 8º, ADCT E LEI Nº. 6.683 /79).
CONTROVÉRSIA SOBRE A NATUREZA JURÍDICA DO ATO DE EXPULSÃO.
REEXAME DE PROVAS. INCIDÊNCIA DA SUMULA 279. REGIMENTAL NÃO
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PROVIDO.

"A matéria em lide já foi objeto de inúmeras decisões proferidas por este Egrégio Tribunal
Federal, cujo posicionamento vem sendo, no sentido de reconhecer a incidência dos efeitos da
anistia, disciplinada pela Lei nº. 6.683/79, àqueles que foram punidos em suas atividades
profissionais por atos de exceção.

Inicialmente, o beneplácito da anistia atingia, tão somente, os que sofreram punições por
atos institucionais e complementares, excluindo-se, dessa forma, os exemplados com as
penalidades previstas na legislação ordinária.

Constatou-se, entretanto, que, na prática, muitas destas punições, supostamente


disciplinares, tinham, na verdade, o caráter nitidamente político. Por isso, há de se
interpretar a Lei de anistia de forma extensiva, a fim de que o benefício atinja todos aqueles
que de alguma forma, foram punidos por atos de conteúdo político.

In casu, comprova o autor que sofria de distúrbios de ordem psiquiátrica desde o ano de
1967, culminando com o seu licenciamento para tratamento de saúde em maio/69. Fato este que
seria suficiente para que fosse transferido para a reserva remunerada. Tendo sido, entretanto;
expulso das fileiras da FAB com fundamento na Portaria nº. 1104-GM3/64, sem que o seu
licenciamento conste de sua folha de alterações.

O conteúdo político da mencionada Portaria é induvidoso, pois editada num momento


histórico em que se procurava punir os oficiais considerados subversivos, por suas
concepções político-ideológicas, através de mascarados atos administrativos.
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O MM. Juízo a quo reproduziu, detalhadamente, o entendimento acima exposto, in verbis:

"A inicial é forte ao insistir no caráter de exceção da Portaria 1.104/GM3 de 12.10.64,


maquiada como simple conjuntos de regras de natureza administrativa.

Analisando-se os passos históricos, a situação desvenda-se mais compreensível: a Portaria


1.104/GM3, de 12/10/64 tratava da expulsão de cabos e taifeiros integrantes da diretoria da
ACAFAB das fileiras da FAB; a Portaria 1104/64 cassa sargentos que de outra forma não
poderiam ser expulsos, em face da estabilidade; a Portaria 1105 substituiu um oficial encarregado
de um IPM tratado na Portaria 773 (que, por sua vez, versava sobre as atividades comunistas e
subversivas levadas a cabo no clube dos Oficiais e Sargentos da Aeronáutica). Sob esta óptica,
revela-se o ambiente em que foram editadas referidas portarias e o real motor de suas
elaborações." (RE 248.816 Ag.R.; RE 117.712 Ag.R.; RE 242.563 Ag.R) – grifos nossos.

Além disso, entende a melhor doutrina, in casu, que houve por parte da
Administração desvio de poder. Sabe-se que ocorre este, quando o agente se serve de um ato para
satisfazer finalidade alheia à natureza do ato utilizado. Há, em conseqüência, um mau uso da
competência que o agente possui para praticar atos administrativos, traduzida na busca de uma
finalidade que, simplesmente, não pode ser buscada ou, quando possa, não pode sê-lo através do
ato utilizado. Ocorre desvio de poder, quando o agente busca finalidade alheia ao interesse
público. Isto sucede ao pretender usar de seus poderes para prejudicar um inimigo ou para
beneficiar a si próprio ou amigo ( cf. Elementos de Direito Administrativo, 1ª ed., Editora RT
– 1983 – Celso Antônio Bandeira de Mello).

O Apelante incorporou à Aeronáutica sob a égide da Lei do Serviço Militar – LSM


nº. 4.375, de 17 de agosto de 1964, portanto, causa estranheza o fato de uma Portaria, revogar uma
lei, e de plano, conferir licenciamento aos Praça que sendo Cabos, completarem 08 (oito) anos de
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serviço, contados da data da inclusão nas fileiras da FAB - item 5.1, alínea "c" da Portaria nº.
1104/64

Ipso facto, a edição da Portaria nº. 1104, de 12 de outubro de 1964, não deixa de
ser verdadeiro ato de exceção, teve como móvel a perseguição política contra o Apelante e seus
companheiros, que, naquele quartel, trabalhavam em defesa da Pátria e de seus ideais. Tanto é
verdade que, decorridos mais de 03 (três) meses da vigência da aludida Portaria, o Decreto nº.
55.629, de 26 de Janeiro de 1965, suspendeu pelo prazo de 06 (seis) meses a Associação de Cabos
da FAB, ao argumento de que passara a desenvolver atividades nocivas à ordem pública, à
disciplina e à segurança do Estado e a fazer campanha subversiva.

Prova evidente da ilegalidade da Portaria nº. 1104/GM3 de 12/10/1964, está noutra


subseqüente, que a revogou a Portaria nº. 1.371/GM3 de 18 de Novembro de 1982, da lavra do
Ministro da Aeronáutica, à época Brigadeiro Délio Jardim de Mattos.

Dúvida não há de que os ensinamentos e as decisões acima evidenciadas


demonstram claramente que os efeitos da anistia, de que cuida a Lei nº. 10.559, de 13/11/02,
devem ser estendidos àqueles que, de alguma forma, foram punidos por atos de conteúdo político.
Portanto o conteúdo político da Portaria nº. 1104/GM3/64, é inquestionável, pois editada num
momento histórico em que se procurava punir os militares da FAB, por suas convicções políticas-
ideológicas, através de mascarados atos administrativos.

DO DIREITO
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Em parecer formalizado quando da apreciação de Processos de Anistia de Cabos


pós 64, caso este nas mesmas condições do ora apelante, a Conselheira Juliana Neuenschwander
Magalhães, membro da Comissão de Anistia, em 31 de Outubro de 2002, argumentando sobre a
Portaria nº. 1104GM3 de 12 de Outubro de 1964, da Lei 5.774 de 23 de Dezembro de 1971, do
Decreto 68.951 de 19 de Julho de 1971, dentre outras, assim se manifestou:

"........................................................................................................................

A Lei 5.774, de 23 de Dezembro de 1971, que revogou o Decreto-Lei nº. 1.029/69,


dispunha ser direito dos militares "a estabilidade, quando praça com 10 (dez) ou mais anos de
tempo de efetivo serviço" (art. 84 , II, a) e o licenciamento:

Art. 25 – O licenciamento do serviço ativo se efetua:

I – a pedido; e

II – ex officio.

1º O licenciamento a pedido poderá ser concedido, desde que não haja prejuízo para o
serviço;

a) ao oficial da reserva convocado, após prestação do serviço ativo durante 6 (seis)


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meses; e

b) à praça engajada ou reengajada, desde que conte, no mínimo, a metade do tempo de


serviço a que se obrigou.

§ 2º O licenciamento ex officio será feito na forma da Lei do Serviço Militar e


regulamentos específicos da cada Força Armada;

a) por conclusão de tempo de serviço ou de estágio;

b) por conveniência do serviço; e

c) a bem da disciplina.

§ 3º O militar licenciado não tem direito a qualquer remuneração e, exceto o


licenciamento ex officio a bem da disciplina, deve ser incluído ou reincluído na reserva.

O Decreto nº. 68.951, de Julho de 1971, veio se reportar ao art. 52, letra "b", do Decreto-
Lei nº. 1.029, que estabelece a estabilidade como direito dos cabos, portanto, todos aqueles
cabos que incorporaram na FAB até a data do Decreto nº. 68.951, de 19 de Julho de 1971, é
que teriam a possibilidade de serem aproveitados no Quadro Complementar de Terceiros
Sargentos da Aeronáutica e, evidente, a partir daí, os novos incorporados se sujeitariam às
novas regras.

O referido Decreto, aparentemente, encerrou o ciclo da arbitrariedade cometidas contra


os cabos sob o manto da " aparente legalidade" da Portaria 1.104/64. Assim, com base no
entendimento ora exposto e dado que esta Comissão já assentou o caráter excepcional da
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Portaria nº. 1.104/64, reconhecemos que todos aqueles por ela atingidos fazem jus à anistia
política, independente de a incorporação ter se dado antes ou após a sua vigência, até a data
limite de 19 de Julho de 1971. Militares expulsos de suas fileiras no período anterior ou
posterior a este, dentro do limite temporal fixado pela Constituição Federal ( ) devem,
necessariamente, não lhes sendo diretamente aplicável a Súmula Administrativa do Plenário
da Comissão de Anistia.

Pode-se concluir, portanto que, já sob a proteção da Lei nº. 5.774/71, os cabos não mais
seriam atingidos pela Portaria nº. 1104. Com isto, fica afastada a presunção da motivação
política para aqueles que foram desligados até aquela data, conforme sumulado pela
Comissão de Anistia, não obstante o fato de que a Portaria tenha gerado efeitos na vigência
da Legislação anterior, que dispunha de modo semelhante, posto que esta não tivesse o
condão de revogá-la. Cabe a Comissão de Anistia, portanto, analisar, após 1971, caso a caso
a motivação política nos processos de anistia. Mas resta pacífico que, se a Portaria nº.
1.104/64 já foi considerada ATO DE EXCEÇÃO DE NATUREZA EXCLUSIVAMENTE
POLÍTICA por esta Comissão de Anistia, obviamente, todos aqueles atingidos por ela, e que
por isso tenha sofrido prejuízo em suas atividades profissionais, têm direito a anistia e aos
benefícios dela decorrentes. Não há que se restringir esse direito aos incorporados
posteriormente à sua edição.

O Artigo 8º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias veio assegurar aos


declarados anistiados " as promoções, na inatividade, na graduação ou posto a que teriam
direito se na ativa estivessem." Para a projeção de tais promoções a Constituição estabeleceu
critérios, também assumido pela Lei nº. 10.559, de 13 de Novembro de 2002, da obediência
aos "prazos de permanência em atividade previstos nas leis e regulamentos vigentes,
respeitados as características e peculiaridades das carreiras dos servidores públicos civis e
militares e observados os respectivos regimes jurídicos."

O requerente ingressou na FAB e foi licenciado por " motivação exclusivamente política"
na graduação de cabo, o qual se na ativa estivesse, "obedecidos os prazos de permanência em
atividade" atingiria à graduação de Suboficial. Em face disso, ao atingir à graduação de
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Suboficial, o requerente passaria para a reserva remunerada com " a percepção de


remuneração correspondente ao grau hierárquico superior" – Art. 50, inciso II, da Lei
6.880/80 – ou seja, com a remuneração do posto de 2º Tenente.

.....................................................................................................................

.....................................................................................................................

Portanto, a conclusão é para que seja declarado anistiado político o Requerente,


reconhecendo-o como licenciado na graduação de cabo, com fundamento na Portaria nº.
1.104/64, ainda que posteriormente à data de 12 de Outubro de 1964, data da publicação
desta Portaria, ou que até a data da edição do Decreto nº. 68.951 de 19 de Julho de 1971 –
mas encontrava-se na graduação de cabo até esta data, serão asseguradas:

a) as promoções até a graduação de Suboficial, com "todas as vantagens e promoções


caso houvesse permanecido em serviço ativo, obedecidos os prazos de permanência em
atividade previstos nas leis e regulamentos vigentes, respeitadas as características e
peculiaridades das carreiras dos servidores civis e militares", com o soldo de 2º Tenente,
para o efeito precípuo de parâmetro para a concessão de reparação econômica de caráter
indenizatório em prestação mensal, continuada e permanente:

b) a contagem do tempo de serviço, inclusive licenças prêmios, para os efeitos do


adicional de tempo de serviço –qüinqüênios/anuenios – de 30% a incidir sobre o soldo de 2º
Tenente, mais adicional de 8% e habilitação militar de 12%.

c) Os direitos para se associar e/ou ingressar, se for do interesse do Requerente, aos


institutos de benefícios indiretos previstos no Art. 14 da Lei 10.559/02, c/c art. 50, Inciso IV,
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alínea "e", devendo-se ter em conta que o ônus dessa "assistência geral" não é do Ministério
do Planejamento, Orçamento e Gestão, mas sim do próprio órgão de origem, pois são os
gestores dos respectivos institutos, ficando, portanto, apenas assegurado ao Requerente o
direito a integrar institutos exclusivamente dos membros da Força Aérea Brasileira;

É o voto

Brasília, 31 de Outubro de 2002.

Conselheira Juliana Neuenscwander Magalhães

Relatora"

A Justiça Federal do Distrito Federal em variadas decisões tem reconhecido o


direito, em casos idênticos, ao ora pretendido pelo apelante, como podemos citar os seguintes
processos:

PROCESSO 2004.34.00.901054-5 – 26ª VARA FEDERAL

AUTOR – CELSO PITA DE ALMEIDA

PROCESSO 2004.34.00.902009-0 – 24ª VARA FEDERAL

AUTOR – MARIO MENDES DA SILVA


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PROCESSO 2004.34.00.019227-4 – 7ª VARA FEDERAL

AUTOR – ANTONIO CARLOS DE PAULA MACHADO

DO PEDIDO

Em face do exposto, espera o Apelante seja dado provimento à apelação, ora


interposta, a fim de que, reformada a sentença de fls. 96 a 101, julgando procedente o pedido
conforme a inicial, por ser de Direito, concretizando-se assim a verdadeira

JUSTIÇA!

FORTALEZA-CE, 05 de setembro de 2007.

______________________________
WILSON SILVINO DE MOURA
17

OAB/CE. Nº 18.002

__________________________________
ANTONIO AZEVEDO VIEIRA FILHO
OAB/CE. Nº 17.446

________________________________
PAULO CÉSAR FEITOSA ARRAIS

OAB/CE. Nº 7084

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