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EXMO. Sr. Dr. JUIZO DE DIREITO DA 10ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO
ESTADO DO CEARÁ
Assim, sendo, requer a V.Exa. que, após receber o apelo nos seus devidos efeitos,
com observância das formalidades legais, se digne mandar subir os autos à Superior Instância,
com as razões que se seguem.
Nestes Termos.
Pede Deferimento.
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WILSON SILVINO DE MOURA
OAB/CE. Nº 18.002
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ANTONIO AZEVEDO VIEIRA FILHO
OAB/CE. Nº 17.446
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PAULO CÉSAR FEITOSA ARRAIS
OAB/CE. Nº 7084
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RAZÕES DE FATO
No presente caso, entende o juízo a quo que o Autor foi incorporado no serviço
militar da Aeronáutica após a edição da Portaria acima aludida, portanto, para este, a norma
preexistente tinha conteúdo genérico e impessoal, não havendo como atribuir conteúdo político ao
ato que determinou o seu licenciamento.
"É concedida ANISTIA aos que, no período de 18 de setembro de 1946 até a data da
promulgação da Constituição, foram atingidos, em decorrência de motivação
exclusivamente política, por atos de exceção, institucionais ou complementares, ...."
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A Sumula Administrativa nº. 2002.07.0003 nos termos em que foi editada diz que:
- A Portaria nº. 1104, de 12 de outubro de 1964, expedida pelo Senhor Ministro de Estado da
Aeronáutica, é ato de exceção, de natureza exclusivamente política. É sabido que tal portaria
quando do seu aparecimento, foi editada através de oficio sigiloso, que só o Alto Comando tinha
conhecimento, portanto não era do conhecimento dos praças quando de suas incorporações. Dar à
interpretação a referida portaria de ato meramente administrativo, no popular é dizer que não
passa “de conversa pra boi dormi”. A de se considerada, ainda, que a época o País estava sob a
vigência de um período revolucionário.
Ao surgir a Revolução de 1964, a Junta Militar que tomou o poder, fez baixar Atos
Institucionais que suspenderam direitos políticos, cassaram mandatos legislativos, transferiram
para a reserva, oficiais das Forças Armadas - Atos Institucionais nºs 01/09. Consequentemente
ficaram suspensas garantias constitucionais ou legais de vitaliciedade e estabilidade. A época o
País, vivia uma fase de desarmonia e discórdia entre os brasileiros, de modo que a nação estava
dividida, um lado revolucionário e outro dos simpatizantes do ancien regime. Naquele ambiente,
as prisões de avolumavam e as pessoas desapareciam. Os quartéis se agitavam, de tal sorte que, ao
ascender à Presidência da República, o então Presidente Castelo Branco e o Brigadeiro Eduardo
Gomes, prontamente cuidaram de debelar os focos de agitação, voltando a fúria repressiva, desta
vez, contra os cabos da Aeronáutica.
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Por conseguinte, tal ato travestido de honestidade e legalidade, de uma ora para
outra, causou grandes transtornos e desespero na vida dos militares da Aeronáutica, que ficaram
totalmente desamparados. Felizmente o entendimento de renomados juristas no ramo do Direito
Administrativo, entende que um ato normativo, no caso a Portaria 1104/64, não possa produzir
efeitos diferentes; ou seja, resultado de ato de exceção para os militares que incorporaram na FAB
em data anterior à edição da referida Portaria; e, o efeito de ato administrativo destinado a regular
a permanência no serviço militar para as Praças que ingressaram na Força Aérea após a edição da
Portaria, ferindo, dessa forma o princípio da isonomia. Conclui-se daí, que o licenciamento das
Praças que incorporaram na FAB após a edição da Portaria 1104/64, supostamente travestido de
ato administrativo disciplinar, tinha, na realidade, o caráter motivadamente político.
EMENTA: CONSTITUIÇÃO. ANISTIA (ART. 8º, ADCT E LEI Nº. 6.683 /79).
CONTROVÉRSIA SOBRE A NATUREZA JURÍDICA DO ATO DE EXPULSÃO.
REEXAME DE PROVAS. INCIDÊNCIA DA SUMULA 279. REGIMENTAL NÃO
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PROVIDO.
"A matéria em lide já foi objeto de inúmeras decisões proferidas por este Egrégio Tribunal
Federal, cujo posicionamento vem sendo, no sentido de reconhecer a incidência dos efeitos da
anistia, disciplinada pela Lei nº. 6.683/79, àqueles que foram punidos em suas atividades
profissionais por atos de exceção.
Inicialmente, o beneplácito da anistia atingia, tão somente, os que sofreram punições por
atos institucionais e complementares, excluindo-se, dessa forma, os exemplados com as
penalidades previstas na legislação ordinária.
In casu, comprova o autor que sofria de distúrbios de ordem psiquiátrica desde o ano de
1967, culminando com o seu licenciamento para tratamento de saúde em maio/69. Fato este que
seria suficiente para que fosse transferido para a reserva remunerada. Tendo sido, entretanto;
expulso das fileiras da FAB com fundamento na Portaria nº. 1104-GM3/64, sem que o seu
licenciamento conste de sua folha de alterações.
Além disso, entende a melhor doutrina, in casu, que houve por parte da
Administração desvio de poder. Sabe-se que ocorre este, quando o agente se serve de um ato para
satisfazer finalidade alheia à natureza do ato utilizado. Há, em conseqüência, um mau uso da
competência que o agente possui para praticar atos administrativos, traduzida na busca de uma
finalidade que, simplesmente, não pode ser buscada ou, quando possa, não pode sê-lo através do
ato utilizado. Ocorre desvio de poder, quando o agente busca finalidade alheia ao interesse
público. Isto sucede ao pretender usar de seus poderes para prejudicar um inimigo ou para
beneficiar a si próprio ou amigo ( cf. Elementos de Direito Administrativo, 1ª ed., Editora RT
– 1983 – Celso Antônio Bandeira de Mello).
serviço, contados da data da inclusão nas fileiras da FAB - item 5.1, alínea "c" da Portaria nº.
1104/64
Ipso facto, a edição da Portaria nº. 1104, de 12 de outubro de 1964, não deixa de
ser verdadeiro ato de exceção, teve como móvel a perseguição política contra o Apelante e seus
companheiros, que, naquele quartel, trabalhavam em defesa da Pátria e de seus ideais. Tanto é
verdade que, decorridos mais de 03 (três) meses da vigência da aludida Portaria, o Decreto nº.
55.629, de 26 de Janeiro de 1965, suspendeu pelo prazo de 06 (seis) meses a Associação de Cabos
da FAB, ao argumento de que passara a desenvolver atividades nocivas à ordem pública, à
disciplina e à segurança do Estado e a fazer campanha subversiva.
DO DIREITO
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"........................................................................................................................
I – a pedido; e
II – ex officio.
1º O licenciamento a pedido poderá ser concedido, desde que não haja prejuízo para o
serviço;
meses; e
c) a bem da disciplina.
O Decreto nº. 68.951, de Julho de 1971, veio se reportar ao art. 52, letra "b", do Decreto-
Lei nº. 1.029, que estabelece a estabilidade como direito dos cabos, portanto, todos aqueles
cabos que incorporaram na FAB até a data do Decreto nº. 68.951, de 19 de Julho de 1971, é
que teriam a possibilidade de serem aproveitados no Quadro Complementar de Terceiros
Sargentos da Aeronáutica e, evidente, a partir daí, os novos incorporados se sujeitariam às
novas regras.
Portaria nº. 1.104/64, reconhecemos que todos aqueles por ela atingidos fazem jus à anistia
política, independente de a incorporação ter se dado antes ou após a sua vigência, até a data
limite de 19 de Julho de 1971. Militares expulsos de suas fileiras no período anterior ou
posterior a este, dentro do limite temporal fixado pela Constituição Federal ( ) devem,
necessariamente, não lhes sendo diretamente aplicável a Súmula Administrativa do Plenário
da Comissão de Anistia.
Pode-se concluir, portanto que, já sob a proteção da Lei nº. 5.774/71, os cabos não mais
seriam atingidos pela Portaria nº. 1104. Com isto, fica afastada a presunção da motivação
política para aqueles que foram desligados até aquela data, conforme sumulado pela
Comissão de Anistia, não obstante o fato de que a Portaria tenha gerado efeitos na vigência
da Legislação anterior, que dispunha de modo semelhante, posto que esta não tivesse o
condão de revogá-la. Cabe a Comissão de Anistia, portanto, analisar, após 1971, caso a caso
a motivação política nos processos de anistia. Mas resta pacífico que, se a Portaria nº.
1.104/64 já foi considerada ATO DE EXCEÇÃO DE NATUREZA EXCLUSIVAMENTE
POLÍTICA por esta Comissão de Anistia, obviamente, todos aqueles atingidos por ela, e que
por isso tenha sofrido prejuízo em suas atividades profissionais, têm direito a anistia e aos
benefícios dela decorrentes. Não há que se restringir esse direito aos incorporados
posteriormente à sua edição.
O requerente ingressou na FAB e foi licenciado por " motivação exclusivamente política"
na graduação de cabo, o qual se na ativa estivesse, "obedecidos os prazos de permanência em
atividade" atingiria à graduação de Suboficial. Em face disso, ao atingir à graduação de
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alínea "e", devendo-se ter em conta que o ônus dessa "assistência geral" não é do Ministério
do Planejamento, Orçamento e Gestão, mas sim do próprio órgão de origem, pois são os
gestores dos respectivos institutos, ficando, portanto, apenas assegurado ao Requerente o
direito a integrar institutos exclusivamente dos membros da Força Aérea Brasileira;
É o voto
Relatora"
DO PEDIDO
JUSTIÇA!
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WILSON SILVINO DE MOURA
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OAB/CE. Nº 18.002
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ANTONIO AZEVEDO VIEIRA FILHO
OAB/CE. Nº 17.446
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PAULO CÉSAR FEITOSA ARRAIS
OAB/CE. Nº 7084