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[PARA COMEÇAR, UMA METÁFORA]

_Compara-se o ato de ensinar (neste caso específico, de ensinar a lei) ao ato de plantar. Essa
metáfora é usada para dizer que, assim como o agricultor, quem ensina precisa conhecer o solo que
receberá a semente. É preciso ainda conhecer o produto final daquele plantio, para adequar as
expectativas. Assim como o agricultor não pode esperar milho se plantar feijão.

_Da mesma forma em relação as expectativas de resultado, o professor precisa ter uma noção bem
definida do público com que trabalha e da maneira como a sua prática pedagógica atinge esse
público.

[DO DECIFRAMENTO AO QUESTIONAMENTO]

Jolibert(1994) aponta para a necessidade de uma prática docente que forme leitores capazes não só
de decifrar um texto, mas de questiona – lo em busca da construção do sentido.
Para Jolibert, a leitura propriamente dita também ultrapassa a operação de deciframento, aqui
relacionada a condição de reconhecer as palavras representadas graficamente.

*Para a autora “toda a leitura é um questionamento de texto, isto é uma elaboração ativa de
significado feita pelo leitor a partir de indícios diversos, de acordo com o que esta procurando num
texto para responder a um de seus projetos.

[A LEITURA E AS OPERAÇÕES MENTAIS]

A primeira coisa que se torna fundamental na adoção de uma prática docente que privilegia a leitura
enquanto questionamento de texto é o entendimento das operações mentais envolvidas no ato de ler.
De acordo com Jolibert, uma criança precisa ter pré – requisitos culturais para se tornar leitora.
Dentre esses pré – requisitos estão o conhecimento e a compreensão da função social e cultural dos
diversos suportes, a noção de que o escrito é uma produção profissional(…)

_Reproduzimos a seguir, algumas operações mentais citadas por Joliber:

*Identificar, isolar/relacionar, combinar, comparar, triar, classificar e seriar.


*Induzir e deduzir
*Emitir hipóteses e conferi-las.
*Simbolizar, codificar, esquematizar e representar.
*Reproduzir, transformar, transpor e inventar.
*Memorizar e reinvestir.

_Embora essas operações mentais sejam transversais a todas as disciplinas, elas dever ser levadas
em conta no momento da elaboração das atividades de leitura uma vez que as mesmas não “existem
por si” mas merecem ser identificadas, executadas, explicitadas e sistematizadas.

[A LEITURA E AS OPERAÇÕES LINGUÍSTICAS]

_A atividade de leitura, é nas palavras de Jolibert, um “vaivém” entre esses sete níveis “que se
reproduzimos tal qual a elaboração proposta pela, autora no inventário a seguir.

1) Noção de contexto (de um texto, não de uma palavra)


* Ao mesmo tempo contexto de situação: Por que vias concretas um texto chegou aos olhos do
leitor.
_E contexto textual (origem do texto a ser lido): É extraído de um escrito complexo(jornal, revista
infantil, álbum, fichário)? Ou é autônomo(carta, cartaz, panfleto, etc)

2) Principais parâmetros da situação de comunicação:


*Emissor
*Destinatário
*Meta e o que esta em jogo
*Objeto

3) Tipos de textos(no sentido de tipo de escrita funcionando hoje em dia em nossa sociedade):
carta? Cartaz? Relato? Novela? Poema?

4) Superestrutura que se manifesta sobre a forma


_De organização espacial e lógica dos blocos de textos (Silhueta)
_De esquema narrativo tratando-se de uma “história” (conto, lenda, novela ou romance)
_De dinâmica interna (Abertura/ encerramento e progressão de um a outro)

5) Linguística Textual
_As escolhas de enunciação (pessoas, tempos, lugares) e suas marcas.
_Os substitutos
_Os Conectores
_Os campos semânticos (redes de sentido)
_A pontuação do texto

6) Linguística da Frase
_Sintaxe, classes, grupos, relações (Suas marcas) e transformações
_Vocabulário: as escolhas lexicais e as palavras em contexto
_Ortografia dito gramatical e o que pode ser aproveitando dela para o sentido
_Pontuação de Frases

7) Palavras e microestruturas que as constituem


_Grafemas (minúsculas e maiuscúlas) suas combinações características (…) e as relações grafemas
e fonemas.
_Prefixos, sufixos e radicais
_Microestruturas sintáxicas, marcas nominais e marcas verbais

(“ Portanto, que no processo de escuta, o autor vai efetuando passo a passo, que são responsáveis
pela “cara”do texto”)

[A TÍTULO DE EXEMPLO]

*Durante a leitura, essas marcas linguísticas deixadas pelo autor tornam-se pistas a serem
localizadas e utilizadas pelo leitor na construção do sentido do texto.
_Conduzir a leitura de modo que o aluno perceba essas marcas linguísticas e conduzi-lo a um modo
de ler que tira o leitor da passividade e convoca-o a questionar, arguir o texto em seu material e
lógica de constituição.

[LEITOR QUE QUESTIONA É LEITOR AUTÔNOMO]

Ao fim do processo de escolarização o aluno deve, ser capaz de mobilizar esta categoria de forma
autônoma e adequada. O leitor que buscamos formar, e então, o leitor autônomos.
*Esta autonomia manifesta-se nos seguintes aspectos:

#Condição de selecionar – dentre o acervo de textos presentes na cultura, aquele que sirva a um
projeto de leitura específico.
#Condição de empregar – estratégias de leitura que otimizem o seu trabalho com o texto
#Condição de empregar – procedimentos de leitura adequados ao tipo de texto selecionado ao tipo
de texto selecionado para a leitura.
#Condição de reinvestir – um texto de sentidos, sabendo que o texto é um sistema semi – aberto que
depende do leitor para ser interpretado.

[… POSSIBILIDADE DE POSICIONAMENTO ANTE A LEITURA…]

_Nesta aula conheceremos um antigo texto de Geraldi(1994) que, em sua versão inicial escrita na
década de 1980, já apresentava três motivacionais para a leitura:

a) A busca de informação – realizada com o intuito de extrair informações de um texto pode


concentrar-se tanto em aspectos superficiais quanto em níveis mais profundos
b) O estudo do texto – caracterizado por um movimento no qual o leitor se debruça sobre um
determinado escrito a fim de aprender como este se configura, é o ato de apreensão e reflexão do
qual participam os aspectos formais do texto e aqueles que concernem o conteúdo.
c) Um pretexto para fazer uma atividade indireta – tipo de interlocução no qual o texto apresenta-se
como um disparador de outras ações (outras leituras ou atividades de outro carácter) como a escrita
de um outro texto por exemplo.
d) A freeicção – tendo como cerne o prazer, esse tipo de leitura apresenta-se não apenas em função
do contato com textos literários. Qualquer tipo de leitura, cujo resultado não esteja veiculado a
qualquer demanda externa – preencher uma ficha de leitura ou um resumo.

[ESTRATÉGIA DE LEITURA I – ANTES DA LEITURA]

_Um leitor autônomo percorre esse caminho quase que intuitivamente. No caso do leitor – aprendiz
é necessário que o professor, como mediador da leitura, “artificial” o processo, encaminhando a
leitura, para que posteriormente o aluno possa faze – lo por si só.
*São habilidades de leitura a serem mobilizados antes da leitura integral do texto.

_Levantamento do conhecimento prévio sobre o assunto


_Expectativos em função de suporte.
_Expectativas em função do gênero (divisão em colunas, segmentação do texto)
_Expectativas em função do autor ou instituição responsável pela publicação
_Antecipação do tema ou ideia a partidos elementos paratextuais como título, subtítulos epígrafes,
prefácios, sumários.
_Explicitação das expectativas de leitura a partir da análise dos índices anteriores.
_Definição dos objetivos da leitura

[ESTRATÉGIAS DE LEITURA II – DURANTE A LEITURA]

*São habilidades de leitura a serem mobilizadas durante a leitura integral do texto


_Confirmação ou certificação das antecipações ou expectativas de sentido criadas antes ou depois
da leitura
_Localização ou construção do tema ou da ideia principal

(…)
_Construção do sentido global do texto
_Identificação das pistas linguísticas responsáveis por introduzir no texto a posição do autor
_Identificação do leitor virtual a partir das pistas linguísticas.
_Identificar referências a outros textos, buscando informações adicionais se necessário.

[ESTRATÉGIAS DE LEITURA III – DEPOIS DA LEITURA]

São as habilidades pertinentes ao momento após a leitura do texto:

_Construção da síntese semântica do texto


_Troca de impressões a respeito dos textos lidos, fornecendo indicações para sustentação de sua
leitura e acolhendo outras posições
_Utilização, em função da finalidade da leitura, do registro escrito para melhor compreensão
_Avaliação crítica do texto

FIM DA UNIDADE I

[CENA DA VIDA REAL PARA UMA ANALOGIA]

_Na unidade I, estudamos as concepções de leitura e leitor que, a nosso ver, melhor nos servem na
tarefa de formar leitores.

Estas concepções dão conta de aspectos estruturais da leitura, mas não passam por questões
estéticas e de gosto.

*Dedicaremos, a unidade II, a discutir os aspectos pertinentes a formação do gosto pela leitura e do
tipo de leitura que desperta prazer em nossos alunos.
*Como professores que visam a formar indivíduos leitores, não raro, nos deparamos com essa
mesma situação. Muitas vezes nossos alunos escolhem suas leituras por critérios alheios, como
número de páginas, tamanho de livro ou espessura do livro.

[O APETITE PELA LEITURA: DO TRIVIAL AO SOFISTICADO]

_Se o objetivo daquele que ensina a ler é a construção de um leitor questionador e autônomo não há
porque poupá-lo dos desafios que um texto pode oferecer, sendo até tirano sonegar-lhe o direito ao
prazer que o decifrar dos sentidos cuidadosamente dispostos pelo jogo de palavras, por exemplo é
capaz de dar.

FICA A PERGUNTA – O que fazer com esses textos, que em muitas vezes, é o material de que o
professor dispõe para trabalhar? O que se, em outras tantas vezes, esse é o tipo de texto que o nosso
aluno lê e gosta?

[DA QUANTIDADE À QUALIDADE]

_Diante dos textos simplistas que, em sua lógica de produção, mais se aproximam do valor
televisivo do que do fazer literário, o que fazer quando esses constituem o material de que o
professor dispõe para trabalhar? O que fazer se esse é o tipo de texto que o nosso aluno lê e gosta?
_Associando os textos que se apresentam e o papel daquele que ensina a ler, podemos ressaltar,
baseados nos estudos de Magnani (2001), dois aspectos
_A profunda diferença que há entre aprender a ler ou formar o gosto (ou nas palavras de Dona
Benta, personagem de Lobato (Entre comer e saber comer, a diferença é apreciável).
_O processo de aprendizagem pressuposto na passagem da quantidade de leitura para a qualidade de
leitura.
_Imbuídos destas tarefas, ao professor cabe adotar uma prática educativa que lhe permita uma
interferência crítica na prática leitora do leitor aprendiz. Em outras palavras o professor deve forjar
uma ação pedagógica que permita romper com o que já esta estabelecido.
*O trabalho com diversidade pode incluir texto com diferentes graus de complexidade assim como
o trabalho com diferentes gêneros textuais.

[PONTOS DE PARTIDA … LINHA DE CHEGADA]

_O trabalho com diversidade demanda a escolha de um ponto de partida, um marco zero de onde se
inicia o trabalho de alargamento dos horizontes do nosso leitor – aprendiz.
_É neste estatuto que entram, no ensino da leitura, os textos dos quais os alunos gostam. Esses
textos devem entrar como ponto de partida para a reflexão, a análise e a comparação com outros
textos. Este trabalho pode ser feito com os mais diversos tipos de textos: literatura, HQ e até
programas de TV.

_Na seleção deste ponto de partida, é importante identificar o que esses textos têm para que sejam
apreciados pelos alunos
_É esse procedimento que permitirá ao professor (e aluno) fugir do texto arroz com feijão.

[FORMA OU CONTEÚDO?]

Como selecionar um bom texto para o trabalho com os alunos? O que seria um texto de qualidade?
Que critérios utilizar na seleção de peças escritas que atendam às necessidades de ensinar a ler e
formar o gosto?

_Alguns escritores classificados como literatura infanto – juvenil parecem ir na esteira dessa
concepção. Isso fica muito claro quando observamos que, em alguns destes textos, há uma
preocupação muito maior com os conteúdos veiculados do que com a sua constituição enquanto
peça da linguagem.

_Chegamos, assim, ao ponto de podermos formalizar um primeiro critério, na tarefa de seleção de


textos que corroborem com a concepção de leitor e de leitura que estamos defendendo. O conteúdo
ou a mensagem veiculada por um texto jamais deve ser privilegiada em detrimento ao trabalho
artístico com a linguagem, como matéria-prima do texto escrito.

[CONTRAPONTO]

Se um texto deve ser selecionado em primeiro lugar, pela sua qualidade enquanto peça de
linguagem (e não como ferramenta didática para passar uma mensagem) pergunta-se é possível
servir-se desse critério para encontrar textos com qualidade estética no acervo de literatura infanto –
juvenil disponível em nosso mercado editorial?

_Acreditamos que sim e oferecemos um exemplo sobre o qual empreenderemos uma breve análise a
seguir:

APARÊNCIAS ENGANAM, Tatiana Belink.


*Textos como esse demonstram que é possível realizar uma escolha que privilegia a qualidade
estética do texto, mesmo quando o público – alvo são crianças bem pequenas, desde que tenhamos
um olhar apurado para seus elementos constituintes e sensibilidade na condução da leitura dos
mesmo com os pequenos.
[O TEXTO LITERÁRIO E SUAS ESPECIFICIDADES I]

*Características pelas quais podemos reconhecer um texto de valor literário e refletir sobre as
vantagens de trabalhar com uma peça deste tipo.

A primeira característica que gostaríamos de ressaltar é a que confere também ao trabalho com
esses textos um caráter desafiador.
_Em meio a lógica absolutamente utilitarista é difícil convencer de um jovem público acerca do
valor de um texto que, assim como as demais manifestações artísticas, serve em primeira instância
“ao puro gozo do corpo” (RIOLFI, etal 2007). Assim é o texto literário: desprovido de objetivos
diretos, sua função é expor o ser humano às possibilidades de trabalho com a faculdade que o
diferencia dos demais animais, ou seja, a possibilidade de fazer arte com a linguagem.

_Não negamos, a possibilidade de que um leitor, a partir da leitura de um texto, experiencie um


novo olhar acerca de determinada questão ou aspecto do mundo/ humanidade.
*Por isso é que se diz que o texto é um sistema semi – aberto de significação e que depende do
leitor para “fecha-lo” desta ou daquela maneira. Considerando isso, que cada leitor é um sujeito,
único e que não é possível prever todos os leitores possíveis de um texto.

_Além disso, entendo o texto como produto de linguagem.

[O TEXTO LITERÁRIO E SUAS ESPECIFICIDADES II]

_Sobre o texto literário e suas especificidades, para melhor clareza, observemos um exemplo

(TORTA DE CEBOLA PARA PRENDER NAMORADO)

_Esse texto apresenta características formais de um texto poético, porém traz em si elementos
típicos do gênero receita
*Trata-se, enfim de uma “receita poética” ou de um “poema receita”?

#É justamente por esses motivos que o olhar sobre um texto literário sob a perspectiva de uma
leitura questionadora não dever ser “o que o texto diz”, mas “como o texto diz” de modo que aquele
que flui, o texto interaja com ele, buscando recuperar pelas marcas linguísticas parte do percusso de
sua criação.

[AFINAL, O QUE É LITERATURA INFANTO JUVENIL?]

*O termo literatura “infanto – juvenil” designa concomitantemente, três aspectos.

_um lugar de circulação, a saber, o ambiente escolar.


_um modo de circulação, uma vez que este tipo de literatura é feita com o objetivo de “despertar o
gosto pela leitura”
_um público, uma faixa etária, consumidora.

*Uma outra característica importante é a fluidez na divisão entre o que se direciona ao jovem e a
criança, hoje má – definida, mas que foi incerta, durante muito tempo.
*Além disso, estamos diante de um gênero que sofre constante enviassamento por parte do adulto
em todos os seus aspectos.
_Assim, o adulto ocupa uma posição de autoridade, já que só chega à criança o que passa pelo seu
julgamento, o que confere a este tipo de literatura um caráter pedagógica, ou seja, uma leitura que
pretende ensinar algo
[UM RECUO HISTÓRICO]

O cenário é a Europa
Os personagens, a burguesia em acensão.

_O surgimento da literatura infantil coincide com uma nova concepção de criança e infância que
começava a se formar.

* No primeiro momento, não é possível falar em uma produção dirigida especificamente à clientela
infantil Dom Quixote de la Mancha, Robson Crusoé e As Viagens de Gulliver são exemplos de
obras que apesar de terem sido escritas para o público adulto receberam o acolhimento das crianças.

[CONTOS DE FADA: MARCO ZERO DE LITERATURA INFANTIL]

Além de sua importância histórica, os contos de fadas foram objetos, de muitos estudos em diversas
áreas de conhecimento que levaram em conta vários de seus aspectos interessantes aos estudos
literários, psicanalíticos e pedagógicos.

[VALORES IDEOLÓGICOS NOS CONTOS DE FADA]

Valores Histórias
Defesa dos direitos iguais, pela anulação das LIMPADOR DE CHAMINÉS
diferenças de classe
Valorização do indivíduo por suas qualidades O PATINHO FEIO
próprias e não por seus privilégios ou atributos A PEQUENA VENDEDORA DE FÓSFOROS
sociais.
Consciência da precariedade da vida, da O SOLDADINHO DE CHUMBO
contingência dos seres e das situações O HOMEM DAS NEVES
Crença na superioridade das coisas naturais em O ROUXINOL E O IMPERADOR
relação as artificiais

[A PSICANÁLISE DOS CONTOS DE FADAS]

_Bruno Betelheim e seu livro “A psicanálise dos contos de Fadas” surge como um relato da sua
experiência clínica com crianças com pertubações graves. Em sua prática o psicanalista passou a
utilizar os contos como uma ferramenta na tentativa as crianças ao que ele chamou de “restaurar um
significado na vida dela”.

_Para ele, a criança tomando contato com essas histórias, identifica-se com os personagens que a
compõem, tomando para si os valores que os personagens carregam em si.

[O ÚTIL AO AGRADÁVEL: UMA DICOTONOMIA]

_Retomando assim a gênese da literatura infantil, estes movimentos entre os termos do binômio
útil/agradável ajudam nos a compreender o perfil da literatura infantil contemporânea, que tende a
direcionar para o bem, de forma racional, explicando os porquês e não permitindo que o leitor, num
enfrentamento com o texto e sua instância simbólica, possa formular hipóteses de encaminhamentos
para suas próprias questões e aquelas relativas ao mundo que o cerca.

[FUNÇÃO E MIMESE]
_Para discutir a função da literatura infantil, Magnami (2001) recupera do ensaio de Antônio
Candido, intitulado “O Direito a Literatura” a principal função da literatura “a principal função da
literatura” “função humanizadora” a função de “confirmar a humanidade do homem”, de onde
derivam outras funções.

* “satisfazer a necessidade universal de fantasia”


* “contribuir para a formação da personalidade”
* ser “uma forma de conhecimento do mundo e do ser”
* exprimir o homem e depois atuar na própria formação do homem.

_Assim em sua gênese, quando a sociedade burguesa buscava salvaguarda-se dar “promiscuidades
da vida cultural”, a literatura infantil continuava sendo produzida sob a tendência de proteger o
leitor das problematizações sobre a humanidade e o mundo, privando-a de sua função primeira
enquanto literatura que, entre outras coisas, exprime o homem para depois atuar na sua própria
formação, ou seja, ser agente de transformação.

[A TRIVIALIZAÇÃO DO GÊNERO]

A literatura trivial (ou literatura de massa) encontrou sua origem na literatura francesa do século
XIX, com o surgimento do folhetim.
No Brasil, os principais representantes deste tipo de literatura foram Joaquim Manoel de Macedo,
com o romance A MORENINHA e José de Alencar com DIVA.

*Isso demonstra que o que caracteriza a literatura trivial não se restringe ao tipo de suporte utilizado
(no caso, o jornal).

_E em que medida a literatura trivial pode ser relacionada a literatura infantil?


R – Na medida em que a produção literária a jovens e crianças, assim como a literatura de massa,
passa a ter valor de mercadoria produzida não como arte, mas em função de um público e das suas
condições de uso.

[A LITERATURA INFANTIL NO CENÁRIO BRASILEIRO]

No Brasil, o desenvolvimento do gênero relaciona-se às necessidades de escolarização,


consequência da urbanização e da inversão da distribuição da população.

É no século XX que a literatura infanto juvenil surge e ganha força, embora já se verificasse no
século XIX iniciativas como a publicação d'As Aventuras Pasmosas do Barão Munchausen.

Na década de 1920, surge Monteiro Lobato com a preocupação em equilibrar o binômio útil X
agradável “numa concepção não utilitarista do discurso ficcional dirigido a essa faixa etária”.

No fim da década de 1960, com a democratização de ensino, a produção de literatura infantil se


intensifica para atender ao “novo” público urbano consumidor de livros na escola e da trivialidade
nos meios de comunicação em massa.

Na década de 1970, observa-se uma preocupação por partes de alguns autores em recuperar o
caráter artístico neste gênero. É considerada como marco deste momento a publicação de O
CANECO DE PRATA, de João Carlos Marinho em 1971.
[MONTEIRO LOBATO: VIDA]

O maior escritor infantil brasileiro de todos os tempos, José Bento Monteiro Lobato, nasceu em 18
de abril de 1882, em Taubaté (SP). Cresceu numa fazenda, formou-se em direito sem nenhum
entusiasmo, já que sempre quis ser pintor. Desenhava bem.

Em 1907 foi para Areias como promotor público, casou com Maria Pureza com quem teve três
filhos.

Em 1918 lançou, com sucesso, seu primeiro livro de contos Urupês. Fundou a Editora Monteiro
Lobato E Cia, melhorando a qualidade gráfica vigente, lançando autores inéditos e chegando a
falência.

Em 1920 lançou A Menina Do Nariz Arrebitado, com desenhos e capa de Voltolino, conseguindo
sua adoção em escolas e uma edição recorde de 50.000 exemplares.

Morreu em 4 de julho de 1948, dum acidente vascular.

[MONTEIRO LOBATO: OBRA]

_Uma das características da obra de Lobato: o retorno às fábulas e as narrativas maravilhosas


atualizadas por seus personagens.
*Encontramos neste trecho, a seguir, uma das características que marca um texto comprometido
com o trabalho estéticos: a desnaturalização da realidade.

“… Monteiro Lobato não subestima seu leitor e não poupa a criança de tomar contato com os
conflitos reais. Antes, oferece a ele a possibilidade de contato com esse mundo repleto de
contradições…”

ALGUMAS PRINCIPAIS OBRAS DO AUTOR

1920 – A menina do narizinho arrebitado


1921 – O Saci
1931 – Reinações de Narizinho
1933 – Caçadas de Pedrinho
1936 – Memórias de Emília
1937 – Serões de Dona Benta
1937 – Histórias de Tia Nástacia
1939 – O Minotauro
1942 - A Chave do Tamanho.

[RUTH ROCHA: VIDA]

Ruth Rocha nasceu em 1931 na cidade de SP, filha de cariocas teve quatro irmãos e viveu uma
infância alegre e repleta de livro e gibis.

Foi graduada em Sociologia e Política pela Universidade de SP e pós graduada em Orientação


Educacional

Durante 15 anos (de 1956 a 1972) foi orientadora educacional do Colégio Rio Branco, onde pode
conviver com os conflitos e as difíceis vivencias infantis com as mudanças de seu tempo.
Influenciada pelo escritor Monteiro Lobato, iniciou a carreira de escritora em 1976, com o livro,
"Palavras Muitas Palavras". Porém, sua obra mais famosa é "Marcelo, Marmelo, Martelo", com
tradução para diversas línguas. Mas sua escrita é rica também em conteúdos sociais, como por
exemplo, o livro "Uma História de Rabos Presos", lançado no Congresso Nacional brasileiro, em
1989. Em 1990, lançou na sede das Organizações das Nações Unidas o livro "Declaração Universal
dos Direitos Humanos Para Crianças".

Foi condecorada em 1998, pelo então Presidente Fernando Henrique Cardoso, com a Comenda da
Ordem do Ministério da Cultura. Ganhou quatro prêmios Jabuti, considerado de grande valor para
quem atua no ramo literário no Brasil, com destaque para o livro "Escrever e Criar", lançado em
2002.

Ruth Rocha foi escolhida para fazer parte do Pen Club-Associação Mundial dos escritores,
localizada no Rio de Janeiro.

Obras de Ruth Rocha

Marcelo, Marmelo, Martelo


Mil Pássaros
Almanaque Ruth Rocha
O Macaco Bombeiro
Este Admirável Mundo Novo
O Coelhinho Que Não Era de Páscoa
O Velho, O Menino e o Burro
O Sistema de Caderninho Preto
Armandinho, o Juiz
A Rua do Marcelo
A Menina Que Aprendeu a Voar
Gabriela e a Titia
Viva a Macacada
O Que é, O Que é?
De Hora em Hora
Solta o Sabiá

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