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Bioquímica_23-24
2. Contagem de células/núcleos
Citometria de fluxo – metodologia, tecnologia e/ou ferramenta direcionada ao estudo de células, e utilizada
na identificação, avaliação e diferenciação de diversas características celulares (como conteúdo de DNA e
RNA, atividade enzimática…).
Princípio básico – utilização de uma radiação de laser direcionada, que excita substâncias fluorescentes
(fluorocromos) presentes nas células, através das quais podemos interpolar informações biológicas,
moleculares e/ou químicas das células em suspensão. Estas células marcadas são então transportadas e
protegidas por um fluxo hidrodinâmico contínuo (solução salina), de forma que individualmente sejam
intercetadas pelo laser. Ao ser excitado pela radiação laser, o fluorocromo emite luz, que dependendo do
comprimento de onda, possui uma cor característica. Os parâmetros de dispersão de luz e fluorescência
emitidas são registados.
Os fluorocromos têm diferentes comprimentos de onda que os excitam (ex: fluorocromo – iodeto de
propídio: laser de excitação 488 nm).
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Técnica de espetrofotometria – permite medir o quanto uma substância química absorve de luz, medindo a
intensidade dessa luz quando um feixe passa pela solução da amostra. Esta medição pode também ser usada
para medir a quantidade de uma substância química conhecida.
- Princípio básico ⟶ cada composto absorve ou transmite luz num determinado intervalo de
comprimento de onda
Objetivo central da Biologia Celular – obter uma compreensão completa do que acontece dentro de uma célula, à
medida que ela responde ao seu ambiente e interage com as células vizinhas.
Limitações da BC – pequena dimensão dos objetos de estudo e a ausência de cor/baixo contraste das estruturas
A maioria dos procedimentos bioquímicos neste contexto exige que as células sejam fisicamente rompidas para se
ter acesso aos seus componentes.
Fracionamento celular
1. Rotura das células e obtenção de homogeneizado/lizado
Usa uma quantidade conhecida de tecido (10 mg – 1g) e um volume conhecido de solução de diluição
adequada
Ações mecânicas: - trituração/maceração
- tecido pressionado através de um pequeno orifício
Ações não mecânicas: - sonificação (aplicação de energia ultrassónica – alta frequência – que rompe as
membranas celulares e lisa as células. Adequado para pequenas porções de tecidos moles, como cérebro,
sangue, fígado.)
- choque osmótico (geralmente usado para culturas celulares)
- congelamento/descongelamento (geralmente usado para bactérias)
Ações químicas: ex: uso de detergentes
Ações enzimáticas: ex: uso de enzimas capazes de hidrolisar paredes celulares de células microbianas e
membranas de alguns tipos de células animais
3. Centrifugação
A força centrífuga acelera a sedimentação.
Devido ao movimento de rotação, os componentes de maior coeficiente de sedimentação migram mais
rapidamente para longe do eixo de rotação e depositam-se no fundo do tubo.
Tipos de equipamento: determinam a velocidade máxima, o controlo de temperatura, a capacidade de
tubos e o volume máximo por tubo
- Microcentrífuga (pequeno volume, microtubos 0,5 – 2 mL)
- Centrífuga de bancada (volumes até 200 mL)
- Ultracentrífuga (altas velocidades, até 500.000 g, volumes variáveis)
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Velocidade de centrifugação: quando uma partícula é submetida a um movimento circular, gera uma força
centrífuga relativa (FCR ou RCF em inglês)
Unidade RCF – g (equivale à aceleração da gravidade na superfície da Terra)
Unidade velocidade de centrifugação – g ou RCF (unidade de força) ou em rotações por minuto (rpm)
O valor em rpm pode ser convertido em g (dependendo do raio do rotor da centrífuga) pela fórmula:
RCF = 1,118×105 × raio × rpm2 O raio é o raio do motor em cm (representa a distância das
partículas ao centro de rotação)
Centrifugação diferencial (ou fracionada): série de centrifugações com velocidades crescentes. Organelos
ou inclusões maiores e mais densos sedimentam primeiro, o sobrenadante de cada centrifugação é
centrifugado de novo a uma velocidade superior.
Centrifugação contra gradiente (ou por gradiente de densidade): permite separar organelos como
mitocôndrias, lisossomas e peroxissomas ou subunidades ribossomais. O tempo é um parâmetro crítico – a
centrifugação deve ser interrompida assim que as partículas estejam separadas.
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Microssomas – vesículas formadas por membranas do RE. Não são encontrados como elementos normais
das células vivas, sendo considerados artefactos. Estruturalmente, são idênticos à membrana do RE, retendo
a maior parte de suas propriedades bioquímicas originais.
Membranas: 1) são essenciais à vida: qualquer célula usa uma membrana para a separar e proteger os seus
componentes químicos do meio ambiente circundante (sem membranas não haveria células, isto é, não haveria
vida);
(1) ⟶ possui proteínas recetoras que permitem que a célula receba sinais provenientes do meio ambiente;
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(2) ⟶ possui proteínas transportadoras que permitem a importação e exportação de pequenas moléculas
(canais seletivos e bombas de transporte: entrada de nutrientes, saída de produtos de excreção);
(3) ⟶ a flexibilidade da membrana plasmática e a sua capacidade para a expansão, permite o crescimento,
mudança de forma e movimento celulares sem fragmentar (sem perda de continuidade por junção de novas porções
de membrana; facilmente regenera porções lesionadas).
O ambiente aquoso dentro e fora de uma célula impede que os lípidos da membrana de escapar da
bicamada, mas nada impede as suas moléculas de se movimentarem e trocar de lugar umas com as outras
dentro da membrana. A bicamada lipídica, comporta-se como uma camada bidimensional fluida, crucial para
a função da membrana e sua integridade.
Assim como a fluidez, a flexibilidade é importante para a função da membrana e estabelece um limite
inferior de cerca de 25 nm para o diâmetro das vesículas que as membranas celulares podem formar.
A fluidez das bicamadas lipídicas pode ser estudada usando bicamadas lipídicas sintéticas, que são
facilmente produzidos pela agregação espontânea de moléculas lipídicas na água. Os fosfolípidos puros, por
exemplo, formam vesículas esféricas fechadas quando adicionadas à água, chamadas lipossomas. Essas
vesículas variam em tamanho de cerca de 25 nm a 1 mm de diâmetro.
❖ Movimentos de rotação em torno do seu eixo maior (alguns atingindo velocidades de 500 rotações por
segundo)
A fluidez de uma membrana celular – a facilidade com que as suas moléculas lipídicas se movem – a uma dada
temperatura depende da sua composição fosfolipídica, em particular da natureza das caudas de hidrocarbonetos:
quanto mais próximas e mais regular o acondicionamento das caudas, mais viscosa e menos fluida será a bicamada.
O comprimento e o nº de ligações duplas influenciam a fluidez da membrana: uma cadeia curta reduz a tendência
das caudas hidrocarbonadas de interagirem entre si e por isso aumenta a fluidez da bicamada.
As bicamadas de lípidos que contêm uma grande proporção de caudas hidrocarbonadas insaturadas são mais fluidas,
consequência de uma pequena dobra na cauda dificultando o seu encaixe. A manutenção de um determinado grau
de fluidez como adaptação às variações de temperatura implicará um ajuste constante do grau de saturação e
comprimento das caudas hidrocarbonadas (bactérias e leveduras).
Nas células animais, a fluidez das membranas é condicionada pela inclusão de moléculas de colesterol. No
plasmalema, o colesterol atinge 20% do peso dos lípidos. Com o seu pequeno anel esteroide (planar e rígido)
consegue preencher os espaços entre fosfolípidos vizinhos (espaços-resultado das caudas insaturadas).
Assimetria da membrana
Fosfolípidos e glicolípidos estão distribuídos assimetricamente na bicamada do plasmalema de uma célula
eucariótica (mesmo durante o crescimento); as duas faces da bicamada, citosólica e extracelular, contêm
combinações diferentes de:
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Os eritrócitos possuem, por herança genética, estruturas macromoleculares localizadas na superfície extracelular da
membrana plasmática – antigénios (glúcidos complexos) – que permitem distinguir as células de um indivíduo das
de outro indivíduo.
Antigénio ⟶ qualquer substância solúvel, celular ou particulada que induz a formação de anticorpos, por ser
reconhecida pelo sistema imunitário.
Na maior parte dos casos, o plasma apresenta anticorpos específicos para cada antigénio (anti-A e anti-B).
Os anticorpos anti-A e anti-B dos indivíduos de grupo sanguíneo B e A, respetivamente, são maioritariamente
imunoglobulinas da classe M (lgM), enquanto em indivíduos do grupo O são da classe G (lgG).
Os anticorpos começam a ser produzidos 3-6 meses após o nascimento, atingindo níveis máximos aos 5-10 anos.
Quando os anticorpos se ligam aos antigénios, formam pontes moleculares que ligam os eritrócitos resultando
numa aglutinação.
Por esta razão, os antigénios são também chamados de aglutinogénios e os anticorpos de aglutininas.
- Aglutinação – in vitro;
- Aglutinação seguida de diferentes processos imunológicos que resultam em hemólise – in vivo (dentro do
corpo).
O sistema ABO, em paralelo com o sistema Rh, são os sistemas de grupos sanguíneos mais conhecidos,
fundamentalmente, pela sua importância nas transfusões – Sistemas Maiores.
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Substância H ⟶ a especificidade antigénica H foi descoberta quando se percebeu que soros de alguns animais e
extratos de algumas plantas produziam aglutinação de eritrócitos humanos do grupo O.
⟶ inicialmente pensou-se que esta especificidade era determinada pela atividade do gene O. Esta
ideia foi abandonada quando se verificou que poderia ocorrer aglutinação igualmente de eritrócitos A, B e AB com
soros anti-H.
- O alelo H determina a síntese da fucosil-transferase, que catalisa a adição da fucose ao percursor básico.
- Os alelos A e B determinam a síntese de glicosil-transferases que catalisam a adição dos açúcares específicos à
porção terminal da substância H.
Nota: O alelo O produz uma enzima não funcional que não coloca nenhum açúcar na substância H.
Fenótipo de “Bombay”
A ausência da especificidade H foi explicada pela homozigotia
(recessiva) do alelo H, num locus independente do sistema ABO,
que se designou por locus H, e que resulta na incapacidade de
produzir fucosil-transferase.
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Subdivisão de A
O antigénio A é heterogéneo e subdivide-se em A1 e A2. Resulta numa diferente sequência de aminoácidos na
enzima transferase, que pode afetar a sua atividade.
Ocorrem também em fluidos orgânicos e secreções: saliva (maior concentração de antigénios), suco gástrico, bílis e
leite. Nestes casos são glicoproteínas (hidrossolúveis) e não glicolípidos como nos eritrócitos.
Nem todos os indivíduos têm a capacidade de passar as substâncias A e B para os fluidos orgânicos – não
secretores (20 a 25% da população europeia) – enquanto os que são capazes se designam secretores.
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Possível vantagem evolutiva para uma população ter mais de um tipo sanguíneo: um indivíduo de uma população
que sofra infeção por patógenos, com oligossacarídeos na sua superfície membranar semelhantes aos do grupo
sanguíneo do indivíduo infetado, provavelmente causaria uma resposta imunológica menos vigorosa do que em
indivíduos da mesma população de outro tipo sanguíneo.
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Proteínas periféricas ⟶ não atravessam a bicamada lipídica, podem estar associadas a proteínas integrais ou lípidos
da membrana
(D) Associadas a proteínas membranares de um lado ou outro da bicamada.
Nota: (A), (B) e (C) apenas podem ser removidas pela rutura da bicamada (com detergentes); (D) são removidas através de
processos extrativos mais simples, com concentrações crescentes de sal ou alterações de pH, sem rutura da bicamada.
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Proteínas transmembranares
➢ Barril β ⟶ embora a hélice α seja de longe a forma mais comum em que uma cadeia polipeptídica
cruza uma bicamada lipídica, as cadeias polipeptídicas de algumas proteínas transmembranares
cruzam a bicamada lipídica como uma folha β que é
enrolada em um cilindro, formando uma estrutura
semelhante a um barril chamada de barril β.
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meia hora os dois conjuntos de proteínas misturam-se uniformemente em toda a superfície da célula. Contudo, a
noção de que na membrana celular as proteínas deslocam-se livremente é bastante redutora: as células possuem
mecanismos de confinamento de determinadas proteínas a locais precisos na bicamada criando assim regiões
funcionais especializadas (Domínios de Membrana).
Domínio das proteínas membranares ⟶ regiões membranares às quais as proteínas estão confinadas
(A) Ligadas ao citoesqueleto
(B) Ligadas à matriz extracelular de moléculas
(C) Ligadas a proteínas da superfície de outra célula
(D) Barreiras de difusão (ex: células do epitélio intestinal – barras negras)
Barreiras de difusão ⟶ dado que estão barradas por proteínas que formam uma barreira contínua à volta da
célula (“tight junction”) (ex: células do epitélio intestinal)
B – Funções:
1) Proteção: protege de danos mecânicos e químicos; Slimy
surface*: superfície escorregadia (oligossacarídeos e polissacarídeos absorvem água), permite que células
móveis (células sanguíneas) não se colem umas às outras ou mesmo que passem através dos vasos
sanguíneos;
2) Reconhecimento: de célula-célula e adesão a outras células (ex: reconhecimento de um óvulo pelo
espermatozoide);
3) Resposta à infeção: por bactérias.
*Formam o glicocálix – camada protetora de hidratos de carbono na superfície não citosólica do plasmalema
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Transporte simplástico: a continuidade do citoplasma entre células (simplasto) é feita através dos
plasmodesmos:
• asseguram a distribuição de nutrientes;
• resposta sincronizada das células de um tecido a um determinado sinal (ex: hormona vegetal
indispensável nas plantas pois não possuem sistema nervoso);
• a sua densidade pode variar entre 0.1 e 10 plasmodesmos/μm2 de parede celular (as células
meristemáticas mais pequenas possuem milhares de interconexões com as células vizinhas); nas células que
desenvolvem parede secundária, os plasmodesmos estão concentrados em zonas de pontuações (interrupções
na parede secundária).
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Célula vegetal: - grande diversidade de tamanho, forma, conteúdo e função (ex: algumas exercem a sua função só
depois de mortas – ex: vasos xilémicos);
- grande capacidade de adaptação às condições ambientais (ex: em condições de xerofitismo, as
epidermes (tecido epidérmico) apresentam-se mais espessas, deposição de substâncias adicionais);
- totipotencialidade (diferenciação, multiplicação, re-diferenciação, praticamente todas as células
mantêm a capacidade de originar um organismo completo).
Parede Celular – Funções ⟶ estrutura dinâmica, complexa, sofre grandes alterações ao longo da vida, variedade
de funções cruciais:
• determina o tamanho e forma das células (implicações na textura do tecido e forma final dos órgãos);
• suporte e rigidez mecânica para que as plantas possam atingir estaturas elevadas e folhas finas e expandidas mais
rentáveis na fotossíntese;
• comunicação intercelular (plasmodesmos);
• proteção e defesa contra agentes patogénicos;
• desenvolvimento da pressão hidrostática interna (pressão de turgescência* - principal força
impulsionadora da expansão celular);
• impede a célula de rebentar quando sujeita a um meio hipotónico;
• reserva de hidratos de carbono que podem ser metabolizados.
*Responsável pelo suporte e rigidez mecânica nas folhas e plantas herbáceas não lenhosas (é a força que provoca a entrada de
água na célula por osmose, e permite o equilíbrio com a pressão hidrostática que se exerce sobre a parede celular do próprio
protoplasto).
A turgescência permite a manutenção da forma das células. Uma diminuição da turgescência manifesta-se quando a planta
murcha.
Parede celular – estrutura ⟶ esqueleto microfibrilhas de celulose, embebido numa matriz de polissacarídeos,
juntamente com proteínas estruturais, proteínas enzimáticas, iões, compostos fenólicos, que se associam em rede,
através de ligações covalentes e não covalentes, às microfibrilhas de celulose (a estrutura em rede confere grande
capacidade de resistir a forças de tensão e compressão).
c) Parede secundária: quando existe é a camada mais interna, pode atingir grande espessura, funções
sobretudo de suporte; geralmente com 3 subcamadas distintas que diferem em espessura, orientação de
microfibrilhas e composição (camada interior e exterior – microfibrilhas orientadas transversalmente;
camada mediana – microfibrilhas orientadas longitudinalmente).
Nota: distingue-se da parede primária por apresentar baixa concentração de pectinas e diferenças a nível das hemiceluloses.
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Inicialmente as vesículas contêm essencialmente polissacarídeos pécticos e expansina (que formam a lamela
média), à medida que a parede vai crescendo
outros polissacarídeos não celulósicos vão sendo
depositados (produzidos e modificados no retículo
endoplasmático e complexo de Golgi,
respetivamente).
A formação da celulose é catalisada pela celulose-
sintetase na superfície da célula (complexo
enzimático, de proteínas integrais da membrana
plasmática, com seis subunidades formando uma
roseta localizada na membrana plasmática, que se
agrupam em unidades de 6).
As rosetas de celulose-sintetase movem-se na membrana plasmática à medida que as fibrilas de celulose são
sintetizadas, sendo a sua orientação determinada por microtúbulos ligados à membrana plasmática: o citoesqueleto
controla a forma da célula vegetal e modela os tecidos das plantas.
A formação da parede implica uma coordenação entre:
1) a síntese de microfibrilas de celulose (na superfície do plasmalema);
2) a síntese e glicosilação de proteínas e de enzimas de modificação da parede (no retículo endoplasmático
rugoso);
3) a síntese de todos os polissacarídeos não celulósicos (no complexo de Golgi).
A orientação das microfibrilhas de celulose depositadas é determinada pela orientação dos microtúbulos
intracelulares (as celuloses sintetase são proteínas integrais que sintetizam continuamente microfibrilhas de celulose
na face externa da membrana plasmática; os microtúbulos estão fixos ao plasmalema por proteínas
transmembranares).
As microfibrilhas de celulose resultam de um feixe de moléculas de celulose (celulose: cadeias não ramificadas de
dissacarídeos de glicose invertidas entre si).
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▪ Cada célula resultante de uma célula meristemática pode crescer 10 a 1000 x mais (até 10.000 x mais nos
vasos condutores de xilema).
▪ No processo de crescimento, a parede mantém a espessura e integridade estrutural (cria-se uma força
mecânica- pressão de turgescência- que enfraquece determinados pontos (quebra de ligações por
endoglucosidases, endotransglucosidases) para que outros polímeros sejam introduzidos (processo ainda
pouco conhecido).
A parede celular da planta é uma interface para as interações planta-micróbio. Os micróbios são importantes na
absorção de nutrientes e outras substâncias através das raízes. Por outro lado, a capacidade dos micróbios em
decompor os polissacarídeos da parede celular contribuem para a patogenicidade microbiana exercida sobre as
plantas. As plantas desenvolveram mecanismos para impedir a degradação das suas paredes, nomeadamente a
acumulação de substâncias antimicrobianas.
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O citoesqueleto é composto por redes de 3 tipos de filamentos proteicos (cada tipo de filamento tem
propriedades mecânicas distintas e é formado por subunidades proteicas distintas)
A dinâmica do citoesqueleto
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1. Microtúbulos
Os microtúbulos desenvolvem-se a partir de um centro organizador, tal
como:
(a) Centrossoma;
(b) Polo do fuso acromático;
(c) Corpo basal de um cílio.
❖ Aspetos gerais
Encontrados em todas as células eucarióticas.
Em células vegetais os microtúbulos são produzidos em muitos sítios espalhados pela célula.
Em células animais o microtúbulo tem origem em centros organizadores de microtúbulos (por ex.: no
centrossoma).
Um microtúbulo é um cilindro, oco e linear, constituído por um anel de 13 protofilamentos.
Tem um diâmetro de cerca de 25 nm.
De comprimento variável pode crescer em comprimento até 1000 vezes o seu diâmetro.
Resultam da polimerização de dímeros proteicos de α-tubulina e β-tubulina.
❖ Estrutura
Os microtúbulos são cilindros ocos de subunidades microtubulares: moléculas de tubulina, isto é, dímero de
proteínas globulares muito semelhantes: α tubulina + β tubulina (ligação não covalente).
❖ Dinâmica
Os microtúbulos podem aumentar de comprimento por polimerização de dímeros de tubulina, com
hidrólise de GTP (guanosina trifosfato).
Os microtúbulos podem diminuir de comprimento por despolimerização, de dímeros de tubulina.
Ambos os processos (polimerização e despolimerização) são mais rápidos na extremidade positiva (plus
end).
A extremidade negativa (minus end) é menos ativa.
Se não apresentassem polaridade não seria possível desempenharem as suas funções.
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❖ Polimerização
• Dímeros de tubulina com GTP (vermelho) ligam-se mais fortemente entre si
do que os dímeros de tubulina com GDP (verde-escuro).
• Quando a adição de tubulina +GTP acontece mais rapidamente que a
hidrólise da GTP dá-se o crescimento do microtúbulo.
• Microtúbulos em crescimento apresentam uma coroa de GTP na sua
extremidade positiva (+).
❖ Despolimerização
• Quando o crescimento do microtúbulo é lento as subunidades de tubulina+GTP
hidrolisam o GTP a GDP antes da adição de novos dímeros energéticos, ou seja, a
«coroa» de GTP perde-se.
• As subunidades com GDP estão menos ligadas no polímero e são rapidamente
libertadas para o citosol da sua extremidade livre provocando uma redução do tamanho
do microtúbulo.
A hidrólise da GTP controla o crescimento de microtúbulos.
❖ Centros organizadores
• Os microtúbulos formam-se a partir de zonas especializadas nas células, genericamente designadas por
Centros Organizadores de Microtúbulos (COM).
• Os COM controlam (1) o número de microtúbulos formados, (2) a sua localização e (3) orientação no
citoplasma.
• O centrossoma é um COM nas células animais.
• O corpo basal (raiz flagelar) é o COM para células ciliadas/flageladas.
• Quando a célula não está em divisão, o centrossoma-localizado próximo do núcleo- organiza o conjunto
de microtúbulos que radiam a partir dele através do citoplasma.
• Os centrossomas contêm centenas de estruturas em forma de anel de gamatubulina (γ tubulin ring
complexes)
• Cada anel de γ tubulina serve de ponto de partida ou sítio de nucleação para o crescimento de um
microtúbulo
• Os dímeros αβ-tubulina ligam-se ao anel de γ tubulina de tal modo que a extremidade negativa do
microtúbulo fica mergulhado no centrossoma e o crescimento apenas tem lugar na extremidade positiva
virada para fora.
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❖ Instabilidade dinâmica
A massa total de tubulina polimerizada permanece constante dentro da célula, no entanto, cada
microtúbulo é dinâmico.
➢ Um microtúbulo polimeriza por adição de dímeros de tubulina à extremidade + do microtúbulo
➢ Pode verificar-se uma transição súbita e o microtúbulo pára a polimerização e começa a
despolimerizar perdendo subunidades de tubulina
➢ Este processo pode reverter novamente reiniciando a polimerização do microtúbulo ou este pode
desaparecer completamente por despolimerização completa
Este processo de instabilidade dinâmica deve-se à possibilidade de as moléculas de tubulina
hidrolisarem GTP (cada dímero livre de tubulina contem uma ligação forte a uma molécula de GTP,
que hidrolisa em GDP logo após se associar a um microtúbulo).
• Cada microtúbulo cresce e diminui de tamanho
independentemente dos seus vizinhos.
• O conjunto de microtúbulos ancorados no centrossoma
está em constante mudança à medida que novos
microtúbulos são produzidos (setas vermelhas) e outros
microtúbulos são despolimerizados (setas azuis).
❖ Funções
• Os microtúbulos têm numerosas funções estando a maioria relacionada com o MOVIMENTO (transporte
intracelular, movimento da célula através de cílios/flagelos) quando associados a proteínas motoras que
usam energia para se moverem ao longo do microtúbulo.
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❖ Proteínas motoras
• Os microtúbulos estão envolvidos nos movimentos intracelulares em células eucarióticas
• Nos microtúbulos, os movimentos são gerados por proteínas motoras, às custas da hidrólise de ATP
(transportam organelos, vesículas e outros materiais ao longo dos microtúbulos).
• Foram identificadas dezenas de proteínas motoras.
• Estas proteínas diferem (1) no tipo de filamento ao qual se ligam, (2) no sentido em que se movem ao
longo do filamento e (3) na carga que transportam.
• Estas proteínas são da família das cinesinas e das dineínas (dímeros com 2 cabeças globulares ligadas a
ATP e uma cauda).
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• Dineínas e cinesinas são dímeros com duas cabeças com capacidade de se ligarem a microtúbulos e uma
única cauda que se liga a organelos
• Existem dois tipos de dineínas:
✓ Dineína citoplasmática – transporta carga no citoplasma; envolvida na dinâmica do fuso
acromático durante a mitose;
✓ Dineína dos axonemas dos flagelos/cílios – encontrada exclusivamente em flagelos/cílios;
proteínas motoras que fazem os flagelos/cílios moverem-se.
❖ Proteínas motoras: carga (por vezes transportam diferentes cargas utilizando proteínas adaptadoras)
Diferentes proteínas transportam diferentes componentes celulares ao longo de microtúbulos; o tipo de
cauda da proteína motora determina o tipo de carga a transportar.
❖ Posicionamento de organelos
Os microtúbulos são responsáveis pelo posicionamento/ancoragem de organelos na célula.
O retículo endoplasmático (RE) e o Complexo de Golgi (CG) dependem dos microtúbulos para o seu
alinhamento e posicionamento. As membranas do RE estendem-se desde os seus pontos de ligação com o
invólucro nuclear alinhando-se com os microtúbulos que se estendem desde o centrossoma até à
membrana plasmática.
À medida que a célula e o RE se desenvolvem, as cinesinas ligadas externamente ao RE (através de
recetores de proteínas) puxam-no para fora ao longo dos microtúbulos, esticando-o como uma rede.
As dineínas, ligadas de igual modo às membranas do CG, puxam-no do outro lado dos microtúbulos para o
centro da célula. Desta forma, as diferenças entre regiões da célula nas membranas internas, das quais o
sucesso funcional da célula depende, são criadas e mantidas.
❖ Uma das funções dos microtúbulos é ainda produzir movimento extracelular por batimento de cílios/flagelos.
Microtúbulos estabilizados (por associação a proteínas) são empregues pelas células como suportes rígidos e
polarizados, nomeadamente sob a forma de cílios e flagelos, permitindo à célula eucariótica movimentar um fluído
sobre a sua superfície.
Os cílios movem-se com um ciclo repetitivo de movimentos: “batida forte” seguida de “batida de recuperação”.
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Cílios/flagelos ⟶ Estruturas celulares, especializadas no movimento, formadas por microtúbulos a partir do corpo
basal que serve de COM; flagelos são geralmente mais compridos, provocam o movimento de toda a célula em vez
de gerarem correntes como os cílios.
• Na presença de ATP, os pares de microtúbulos deslizam um pelo outro devido ao movimento da dineína em
direção à extremidade negativa do microtúbulo.
• Num flagelo íntegro os pares de microtúbulos estão fixados entre si por ligações
flexíveis de proteína nexina (a azul) proporcionando a dobragem do flagelo e não o
deslizamento dos pares de microtúbulos.
• Devido às múltiplas ligações que mantém coesos os pares de microtúbulos vizinhos,
o que seria um simples deslizamento entre microtúbulos livres é convertido num
movimento de dobragem do cílio/flagelo.
❖ Cílios/flagelos
• No tubo respiratório as células do tecido epitelial são revestidas de cílios que « varrem » a matéria particulada
para o exterior.
• O oviduto é também revestido por cílios que empurram o óvulo.
• Os flagelos permitem aos espermatozoides nadarem.
• Cílios não móveis tem função de deteção de sinais.
• Os flagelos são os órgãos de locomoção de numerosos protistas.
Nota: defeitos hereditários na dineína ciliar causam a Síndrome de Kartagener, doença autossómica recessiva rara (homens
inférteis com espermatozoides sem mobilidade e maior suscetibilidade a infeções brônquicas porque os cílios que revestem
o trato respiratório estão paralisados).
❖ Acrossoma (encontra-se na cabeça do espermatozoide à volta do núcleo) ⟶ vesícula secretora com enzimas
digestivas importantes no processo de fertilização; fibras responsáveis pela integridade estrutural e modelam o
batimento do flagelo.
Substâncias químicas que inibem a polimerização de microtúbulos são usadas na investigação do citoesqueleto e
no tratamento do cancro.
• Vincristina e vimblastina (extraída de Vinca, Apocynaceae, dicotiledónea) – quimioterapia do cancro: liga-se a
sub-unidades de tubulina impedindo a polimerização de microtúbulos; inibem seletivamente células com grande
capacidade de divisão.
• Colchicina (extraída de Colchicum, Liliaceae, monocotiledónea) - liga-se a subunidades de tubulina impedindo
a polimerização de microtúbulos (por ex: não ocorre segregação dos cromossomas durante a mitose porque o
fuso acromático acaba por desaparecer quando administrada colchicina; fragmentação do Complexo de Golgi
em pequenas vesículas; retículo endoplasmático entra em colapso em direção ao centro da célula); quando a
droga é removida, os organelos voltam às suas posições originais arrastados por proteínas motoras que se deslocam ao
longo dos microtúbulos novamente formados.
• Taxol (extraído do teixo- Taxus brevifolia, Taxaceae, gimnospérmica), estabiliza os microtúbulos impedindo-os
de despolimerizarem, também bloqueia divisão celular como a colchicina.
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Isa Silva_Lic. Bioquímica_23-24
2. Filamentos intermédios
❖ Aspetos gerais
São designados de "intermédios" porque, no tecido muscular liso onde foram descobertos, o seu diâmetro
(cerca de 10 nm) situa-se entre o dos filamentos finos de actina e os filamentos de miosina mais espessos.
São os filamentos mais resistentes e duráveis do citoesqueleto: resistem a soluções concentradas de sal e
detergentes não iónicos.
Existem apenas nas células de alguns animais.
Formam uma rede, geralmente em todo o citoplasma, circundando o núcleo e estendendo-se para a periferia
celular, participando nas junções das células (desmossomas).
Formam a lâmina nuclear (rede de filamentos), que sustenta e reforça o envelope nuclear em todas as células
eucarióticas.
❖ Estrutura
• Os 2 dímeros apontam em posições opostas, por isso, as 2
extremidades do tetrâmero são iguais tal como as 2 extremidades de
filamentos intermédios polimerizados (não existe polaridade como
nos microtúbulos e filamentos de actina);
• A força combinada das interações laterais ao longo dos filamentos
proteicos confere aos filamentos intermédios a sua grande força de
tensão.
❖ Tipos
Existem vários tipos de filamentos intermédios, cada um sintetizado a partir de uma ou mais proteínas
características do tipo. As queratinas são as mais diversas.
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❖ Funções
Muito importante nos longos e finos axónios das células nervosas, nas células musculares e nas células
epiteliais da pele.
A mutação nos genes
responsáveis pela formação da
queratina provoca uma doença
genética rara nos seres
humanos designados por
epidermolysis bullosa simplex
em que a pele se torna
altamente vulnerável a lesões
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Isa Silva_Lic. Bioquímica_23-24
mecânicas. Qualquer pressão, mesmo que pequena, conduz normalmente à rutura das células provocando
danos na pele (ex. bolhas). A doença pode ser reproduzida em ratinhos transgénicos que expressam na sua
pele um gene mutante para a queratina.
• Ligação entre células adjacentes mediante filamentos intermédios através de desmossomas (epitélio com
células coesas entre si formando uma camada contínua de células revestindo um tecido, etc);
• Distribuição do stresse quando as células esticam impedindo-as de rutura.
▪ Suporte e resistência da membrana nuclear (não formam estruturas tipo corda, como as do citoplasma,
mas sim uma rede)
Lâmina nuclear: estrutura que pode ser observada
em TEM, forma uma malha bidimensional entre o
envelope nuclear e as massas de cromatina
condensada em muitas células eucarióticas. Está
associada à membrana nuclear interna e ao lado
interno dos complexos dos poros nucleares, sendo
um componente importante do nucleosqueleto:
1) Fornece suporte mecânico para o núcleo e
envelope nuclear;
2) Promove a associação entre citoesqueleto e nucleosqueleto (facilitando o movimento-migração
nucleares)
3) Envolvida na organização da cromatina, processos de regulação e sinalização.
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Isa Silva_Lic. Bioquímica_23-24
• Defeitos num tipo particular de lâmina nuclear estão associados a certos tipos da doença rara - progeria
(envelhecimento precoce: pele enrugada, perda de dentes e cabelo, problemas cardiovasculares graves na
adolescência). Pensa-se que a instabilidade nuclear (por falta da protena lamina) leva a uma diminuição da
capacidade de reparação dos tecidos.
*Fosforilação de laminas por proteínas quinases enfraquece as interações entre os tetrâmeros de laminas e faz com
que os filamentos se desintegrem. Desfosforilação por proteínas fosfatases, no final da mitose, permite que as laminas
sejam remontadas.
❖ Neurofilamentos
Os neurofilamentos são filamentos intermédios que são encontrados ao longo dos axónios dos neurónios dos
vertebrados, onde fornecem força e estabilidade aos longos axónios que as células nervosas usam para
transmitir informações.
A doença neurodegenerativa esclerose lateral amiotrófica (ELA, também conhecida como doença de Lou
Gehrig) está associada a uma acumulação anormal de neurofilamentos no corpo celular e axónios de neurónios
motores. Este acréscimo pode precipitar a degeneração do axónio e a fraqueza muscular observadas nesses
pacientes.
❖ Plectinas
• Os filamentos intermédios são adicionalmente estabilizados e reforçados por proteínas acessórias tais como as
plectinas que interligam os feixes filamentosos em matrizes fortes;
• Estas plectinas ligam ainda os filamentos intermédios a microtúbulos, filamentos de actina e a estruturas
aderentes nos desmossomas.
Complexos proteicos ligam o citoplasma ao núcleo através do envelope nuclear: citoesqueleto liga-se ao
nucleosqueleto ou à cromatina através de proteínas ancoradoras SUN e KASH (responsáveis pelo movimento e
posicionamento do núcleo, dentro do interior da célula, e pela organização geral do citoesqueleto)
Importância das Plectinas ⟶ Mutações genéticas que impedem a produção de plectinas causam uma doença
humana devastadora que combina características:
• epidermolysis bullosa simplex (anomalias na queratina)
• distrofia muscular (anomalias nos filamentos intermédios dos músculos)
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Isa Silva_Lic. Bioquímica_23-24
❖ Estrutura
• Cada filamento é uma cadeia de monómeros idênticos de actina, que apontam todos na mesma direção ao
longo do eixo;
• Assim, um filamento de actina apresenta uma polaridade estrutural com uma extremidade + e outra – (tal
como os microtúbulos).
❖ (Des)polimerização
• A polimerização/despolimerização dos filamentos de actina, tal como nos microtúbulos, é essencial para as
suas funções (ex: locomoção).
• Tal como nos microtúbulos, existe um equilíbrio dinâmico entre monómeros e filamentos de actina.
• Os filamentos de actina aumentam de tamanho por adição de monómeros em ambas as extremidades quando
a concentração de actina livre é grande na célula, no entanto, a taxa de crescimento é maior na extremidade
positiva.
• Se a concentração interna de actina livre (no citosol) diminui os monómeros adicionam-se pela extremidade
positiva mais depressa do que a hidrólise de ATP (esta extremidade cresce), enquanto na extremidade negativa
o ATP é hidrolisado mais rapidamente do que a adição de monómeros, levando à perda de monómeros.
• Um filamento de actina por si só é instável e pode despolimerizar de ambos os lados.
• Existem diversos tipos de proteínas acessórias nas células que se ligam a filamentos/monómeros de actina
condicionando o comportamento destes filamentos
• A presença de pequenas proteínas (i.e. timosina e profilina) que se ligam aos monómeros de actina no
citosol, impedem que estes se liguem às extremidades dos filamentos de actina
• Quando são necessários filamentos de actina, outras proteínas (i.e. forminas, ARPs – nucleating proteins)
promovem a polimerização dos monómeros de actina (ex. formação de lamelipodia)
• Estas proteínas desempenham um papel muito importante na regulação da polimerização/despolimerização
de actina nas células
Nota: toxinas produzidas por fungos ou esponjas marinhas (citocalasina e latrunculina, previnem a polimerização da actina;
faloidina estabiliza os filamentos de actina contra a despolimerização; mesmo em baixas concentrações, “congelam”
instantaneamente os movimentos celulares, como a locomoção celular).
❖ Funções
• Formam uma banda concentrada imediatamente por baixo da membrana plasmática (córtex celular)
conferindo resistência mecânica e forma à célula.
• Constrição/separação de 2 células durante o processo de citocinese (divisão citoplasmática).
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• Geram correntes citoplasmáticas em algumas células quando associadas a proteínas motoras que
transportam organelos dentro das células.
• Geram movimento em células como os glóbulos brancos (neutrófilos), amibas, por deslizamento sobre
superfícies.
• Interagem com filamentos de miosina (espessos) nas fibras do músculo esquelético conferindo contração
muscular.
• Intervêm na fagocitose.
❖ Localização e função
(A) Microvilosidades em células do lúmen intestinal – filamentos de actina em associação com proteínas
formando feixes;
(B) feixes contráteis no citoplasma – «músculos» da célula;
(C) saliências do tipo lamelar (lamelipodia) e do tipo filiforme (filipodia) – fagocitose e movimentação;
(D) anel contrátil na zona de separação de 2 células-filha (citocinese) nas células animais
Nota: os movimentos dependentes de actina geralmente requerem a associação da actina com a proteína motora chamada
miosina.
❖ Movimento/deslizamento celular
• Os mecanismos moleculares subjacentes ao deslizamento de células englobam alterações coordenadas de
numerosas moléculas em diferentes regiões da célula e não um simples órgão locomotor (ex. flagelo, cílio).
• O processo de locomoção pode ser dividido em 3 etapas:
- A célula cria protuberâncias do lado para o qual se está a movimentar;
- Estas protuberâncias aderem à superfície sobre a qual a célula se desloca;
- O resto da célula arrasta-se para a frente por tração nos pontos de ancoragem.
Estas 3 etapas envolvem filamentos de actina embora de modo diferente.
• O crescimento do longo axónio dos neurónios baseia-se na emissão de filipódios (50 μm) permitindo
estabelecer o caminho correto até ao alvo.
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Nota: filipódia e lamelipódia são estruturas exploratórias que se formam e retraem com grande velocidade, (movem-se à
velocidade de 1 μm/s).
Uma proteína integrina muda para uma conformação ativa quando se liga a moléculas em ambos os lados da
membrana plasmática.
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Nota: os pequenos grânulos negros são agregados de glicogénio e as enzimas que controlam a sua síntese e
degradação
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▪ Núcleo:
(a) Rodeado por uma dupla membrana-envelope nuclear.
(b) Comunica com o citosol através de poros nucleares no invólucro nuclear.
(c) A membrana externa do invólucro nuclear é contínua com a membrana do retículo endoplasmático.
(d) Maior organelo celular nas células eucarióticas.
▪ Aparelho de Golgi:
Geralmente situado próximo do núcleo, recebe proteínas e lípidos do RE, modifica-as e envia-as para outras
partes da célula.
▪ Lisossomas:
Pequenos sacos de enzimas digestivas que degradam organelos já “em fim de linha” bem como
macromoléculas e outras partículas adquiridas pela célula por endocitose.
▪ Endossomas:
A caminho dos lisossomas, os materiais resultantes da endocitose têm que passar por uma série de
compartimentos, os endossomas. Estes últimos rastreiam as moléculas ingeridas e reciclam algumas delas
enviando-as de novo para a membrana plasmática.
▪ Peroxissomas:
São pequenos organelos que contêm enzimas (oxidases) que degradam os lípidos e destroem as moléculas
tóxicas produzindo peróxido de hidrogénio (água oxigenada). Este último composto, tóxico para a célula, é
por sua vez decomposto pela catálase.
▪ Mitocôndrias e cloroplastos:
(a) Mitocôndrias e cloroplastos (apenas células vegetais) estão rodeados por uma membrana dupla.
(b) São locais para a fosforilação oxidativa e fotossíntese, respetivamente.
(c) Ambos contêm membranas internas que são altamente especializadas na produção de ATP.
Nota:
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1 – Muitos dos organelos, incluindo RE, aparelho de Golgi, mitocôndrias e cloroplastos estão ligados ao
citoesqueleto, especialmente a microtúbulos.
2 – Os filamentos do citoesqueleto fornecem trilhos que permitem o movimento dos organelos próximos
deles direcionando a circulação de vesículas entre organelos, com a ajuda de proteínas motoras.
Isolamento de organelos
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Nota: O desenho hipotético explica por que razão o núcleo é rodeado por uma membrana dupla.
Diferem de todas os outros organelos porque possuem os seus próprios pequenos genomas e podem produzir
algumas das suas próprias proteínas.
A semelhança dos seus genomas com os das bactérias, e a grande semelhança de algumas de suas proteínas
com proteínas bacterianas, sugere fortemente que ambos os organelos evoluíram a partir de bactérias que
foram englobadas por células eucarióticas primitivas com
as quais viveram inicialmente em simbiose.
Como seria de esperar, de acordo com as suas origens, as
mitocôndrias e os cloroplastos permanecem isolados do
extenso tráfego vesicular que liga o interior da maioria dos
outros organelos.
(a) À medida que as células crescem, os organelos crescem pela incorporação de novas moléculas;
(b) Após divisão dos organelos, estes são distribuídos entre as duas células filhas, durante a divisão celular;
(c) O crescimento dos organelos requer um suprimento de novos lípidos para produzir mais membrana e um
suprimento de proteínas apropriadas – tanto proteínas membranares quanto proteínas solúveis que
ocuparão o interior do organelo;
(d) Nas células que não estão em divisão, também as proteínas são produzidas continuamente;
(e) Direcionar as proteínas recém-fabricadas para o seu organelo de destino, é necessário para que a célula se
divida, cresça ou apenas se mantenha em funcionamento.
(a) Nas mitocôndrias, cloroplastos e no interior do núcleo, as proteínas são entregues diretamente do citosol;
noutros organelos, incluindo o aparelho de Golgi, os lisossomas, os endossomas e a membrana nuclear
interna, as proteínas e os lípidos são entregues indiretamente através do RE, que é em si um importante
local de síntese de lípidos e proteínas.
(b) As proteínas entram no RE diretamente do citosol: algumas são lá retidas, mas a maioria é transportada
por vesículas para o aparelho de Golgi e depois para a membrana plasmática ou para outros organelos.
(c) Os peroxissomas fazem uso de ambas as vias, embora adquiram algumas de suas proteínas de membrana
no RE, a maior parte das suas enzimas digestivas resulta diretamente do citosol.
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1. As proteínas que se movem do citosol para o núcleo são transportadas através dos poros nucleares, que
penetram nas membranas nucleares interna e externa. Os poros funcionam como portas seletivas que
transportam ativamente macromoléculas específicas, mas também permitem a difusão livre de moléculas
menores (mecanismo 1 na figura abaixo).
2. As proteínas que se movem do citosol para o RE, mitocôndrias ou cloroplastos são transportadas através
da membrana do organelo por translocadores de proteínas localizados na membrana. Ao contrário do
transporte através dos poros nucleares, a proteína transportada geralmente deve se desdobrar para que o
translocador a guie através do interior hidrofóbico da membrana (mecanismo 2 na figura abaixo). As
bactérias possuem translocadores de proteínas semelhantes na sua membrana plasmática, que usam para
exportar proteínas do citosol para o exterior da célula.
Técnicas de DNA recombinante podem ser usadas para alterar o destino de duas proteínas: se a signal
sequence for removida de uma proteína ER e ligada a uma proteína citosólica, ambas as proteínas serão
reatribuídas ao local esperado e inadequado.
Cloroplastos dos Briófitos e Plantas Vasculares são numerosos por célula, de formato discoidal;
Cloroplastos das algas são em nº reduzido ou em número elevado, formato variado (característica com valor
taxonómico). Não apresentam a ultraestrutura encontrada nas plantas terrestres, poderão apresentar tilacoides
não agrupados em grana.
Tal como as mitocôndrias, os cloroplastos contêm o seu próprio ADN, reproduzem-se dividindo-se em dois.
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► A formação dos amiloplastos obedece a uma deposição concêntrica. As camadas consistem em complexos
cristalinos de amilose e amilopectina arranjados radialmente (anéis de crescimento) a partir de um ponto inicial de
deposição - hilo, que pode ser central ou acêntrico (ex. tubérculo da batateira).
► A zona externa de cada camada consiste principalmente de amilose e amilopectina de elevado peso molecular,
enquanto a região interna consiste principalmente em amilose de baixo peso molecular.
► Deteção do amido (a frio): Na presença de soluto de lugol (solução de iodo e iodeto de potássio), o amido forma
um complexo amido-iodo de cor azul-arroxeada. Esta cor é resultante do tipo de enrolamento da amilose (mantêm
os átomos de iodo no interior das suas hélices).
Ao aquecer o complexo amido-iodo, a cor azul desaparece e reaparece após arrefecimento.
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▪ Os estomas são capazes de detetar uma infinidade de sinais ambientais para ajustar adequadamente o poro
estomático, a fim de regular as trocas gasosas dentro e fora dos órgãos da planta, isto é, funcionam como “
válvulas de turgescência”. Estão equipados com uma estrutura de parede e fisiologia únicas, propriedades
que se tornam funcionalmente coordenadas no movimento estomático Mudanças na
turgescência do estoma induzem alterações na sua forma e provocam abertura e fecho
do poro estomático.
Os estomas alteram a organização do seu citoesqueleto cortical em resposta a fatores ambientais externos,
induzindo o movimento estomático.
Nos estomas abertos, os filamentos de actina (AF) corticais abaixo das paredes periclinais estão dispostos
radialmente ao redor do ostíolo (Fig. 14), um arranjo semelhante ao dos microtúbulos.
Nos estomas fechados, os AFs radiais são desintegrados. Longos feixes de AF corticais e subcorticais
exibindo várias orientações substituem as matrizes de AF radiais.
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Investigadores sugerem que a ruptura radial da FA envolve a ativação de quinase (s) sensível (s) à
estaurosporina, enquanto a formação do arranjo radial de FA envolve a atividade da (s) fosfatase (s)
sensível (s) à caliculina A.
Além disso, o tratamento com ácido abscísico (ABA) de Commelina communis e Arabidopsis thaliana, que
induz o fecho estomático, interrompe rapidamente as matrizes radiais de FA.
• Microtúbulos (MT)
Durante o dia, estomas abertos retêm MTs radiais bem organizados por baixo das
paredes periclinais, concentrados nas bordas do poro estomático; à tarde e à noite, são
decompostos quando os estomas se fecham.
Este ciclo de MT foi confirmado em estomas vivos de Vicia faba:
(a) microinjetados por tubulina fluorescente;
(b) descritas alterações nos conteúdos de α-tubulina e β-tubulina durante o ciclo
diurno dos estomas;
(c) movimento estomático é regulados pela síntese e decomposição de novo de
moléculas de tubulina nos estomas;
(d) O ABA, que induz o fecho estomático, perturba os MTs nos estomas de Vicia faba, mas não nas células
epidérmicas.
Os cloroplastos movem-se em direção a uma área irradiada com luz fraca (resposta de acumulação) de uma
maneira que absorve mais luz, permitindo uma fotossíntese eficiente,
mas afastam-se da luz forte quando irradiados diretamente (resposta de
evitação), evitando os danos causados pela absorção do excesso de luz.
A luz fraca, que induz a resposta de acumulação, é percebida pelos
receptores de luz azul fototropina 1 (phot1) e fototropina 2 (phot2) na
membrana plasmática, enquanto a phot2 que medeia a resposta de
evitação induzida por luz forte está provavelmente localizada na
membrana do cloroplasto.
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extremidade pontiaguda dos filamentos de actina. A seta verde mostra direção do movimento do
cloroplasto.
A maioria está envolvido na capacidade da célula de importar matérias-primas e exportar substâncias úteis e
produtos residuais produzidos pela célula. O retículo endoplasmático (RE) é o local onde são produzidos a
maioria dos componentes da membrana celular, bem como os materiais destinados à exportação da célula.
Estes organelos são bastante desenvolvidos em células especializadas na secreção de proteínas.
Pilhas de sacos achatados e revestidos por membrana constituem o Aparelho de Golgi.
As mitocôndrias contêm o seu próprio DNA e reproduzem-se dividindo-se. A membrana interna é largamente
invaginada contendo a maioria das proteínas responsáveis pela produção de energia nas células eucarióticas.
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Embora a maioria das proteínas peroxissomais venha do citosol, algumas das proteínas incorporadas na
membrana peroxissomal chegam através de vesículas que se formam no RE.
Síndrome de Zellweger
Mutações que bloqueiam a importação de proteínas peroxissomais podem causar doenças graves.
Indivíduos com síndrome de Zellweger, por exemplo, nascem com anomalias graves no cérebro, fígado e
rins. A maioria não sobrevive além dos primeiros seis meses de vida – reforça a importância crucial dos
peroxissomas e do transporte de proteínas peroxissomais para o funcionamento adequado das células e
para a saúde do organismo.
Ao contrário das proteínas que entram no núcleo, nas mitocôndrias, nos cloroplastos ou nos peroxissomas, a
maioria das proteínas que entram no RE começa a fazê-lo através da membrana do RE antes que a cadeia
polipeptídica tenha sido completamente sintetizada. Isto requer que o ribossoma que sintetiza a proteína
esteja ligado à membrana do RE.
Esses ribossomas ligados à membrana revestem a superfície do RE, criando regiões denominadas retículo
endoplasmático rugoso devido à sua aparência característica de contas quando observadas em microscópio
eletrónico.
Existem, portanto, duas “populações” distintas de ribossomas no citosol:
(1) Os ribossomas ligados à membrana estão ligados ao lado citosólico da membrana do RE (e à membrana
nuclear externa) e produzem proteínas que são translocadas para o RE.
(2) Os ribossomas livres não estão ligados a nenhuma membrana e produzem todas as outras proteínas
codificadas pelo DNA nuclear.
Nota: Os ribossomas ligados à membrana e os ribossomas livres são estrutural e funcionalmente idênticos; eles diferem
apenas nas proteínas que produzem em um determinado momento. Quando um ribossoma está produzindo uma
proteína com uma sequência de sinal RE, a sequência de sinal direciona o ribossoma para a membrana do RE. Como as
proteínas com uma sequência de sinal RE são translocadas à medida que são produzidas, nenhuma energia adicional é
necessária para o seu transporte; o alongamento de cada polipeptídeo fornece o impulso necessário para empurrar a
cadeia em crescimento através da membrana do RE. À medida que uma molécula de mRNA é traduzida, muitos
ribossomas se ligam a ela, formando um polirribossoma. No caso de uma molécula de mRNA direcionando a síntese de
uma proteína com uma sequência sinal do RE, o polirribossoma fica preso à membrana do RE pelas crescentes cadeias
polipeptídicas, que foram inseridas na membrana do RE.
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Núcleo ⟶ identificado pela primeira vez, possivelmente, em 1710, em eritrócitos de anfíbios e aves.
⟶ é limitado por um invólucro, sendo o maior e mais complexo organelo presente, mas células eucarióticas.
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⟶ Funções básicas:
- armazenar, proteger e propagar as informações genéticas (DNA genómico) da célula;
- regular as reações que ocorrem na célula (metabolismo)
A poliploidia natural atribui-se à elevada taxa metabólica permanente das células em questão.
➢ Formação de micronúcleos
Micronúcleo (MN) – pequena massa nuclear (núcleo supranumerário) delimitada por um invólucro nuclear e
separada do núcleo principal
Resulta de um erro de segregação dos cromossomas durante a anafase (da mitose ou meiose), e consuma-se
quando o invólucro nuclear é reconstituído em torno dos cromossomas das células-filhas em telofase.
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A combinação entre o estudo de MN e Fluorescent in situ Hybridization (FISH), recorrendo a sondas específicas
para a região peri-centromérica permite distinguir:
A) MN centrómero +, que contêm o cromossoma inteiro;
Como células anucleadas, os eritrócitos dos mamíferos podem ser (e são) substancialmente mais pequenos
que os de outros vertebrados, permitindo:
- Maior velocidade de circulação;
- Maior nº de eritrócitos (e maior quantidade de Hb) por unidade de volume de sangue;
- Maior flexibilidade.
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Picnose (= Cariopicnose) ⟶ condensação da cromatina, num processo que pode indicar necrose (morte
celular acidental) ou apoptose (morte celular programada)
Cariorrexe ⟶ Cromatina distribuída de forma irregular (fragmentação), ocorrendo, por vezes, uma acumulação de
grânulos junto ao invólucro nuclear, que leva à degradação do núcleo. Pode ser precedida por picnose (núcleo
picnótico fragmentado), sendo uma expressão típica de apoptose.
Cariólise ⟶ Descondensação da cromatina e dissolução do DNA devido a um aumento de atividade DNase, em que
o núcleo apresenta uma cor desvanecida e uniforme. Pode ocorrer na sequência da cariorrexe e como expressão
mais típica de necrose celular.
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Uma avaliação microscópica simples do núcleo (tamanho, forma, estrutura) fornece informações relevantes
sobre a condição das células, e em particular no diagnóstico de neoplasias (ex: cancro do colo do útero).
Imagens citopatológicas de esfregaços de Papanicolau
Citogenética ⟶ Estuda a constituição genética da célula, recorrendo a tecnologias apropriadas, por norma,
centradas no estudo dos cromossomas metafásicos.
⟶ A abordagem mais clássica define cariótipos e avalia alterações numéricas e estruturais nos
cromossomas.
Cariótipo ⟶ Conjunto cromossómico (ou a constante cromossómica) característico de uma dada espécie.
⟶ Representa o número total de cromossomas de uma célula somática.
⟶ O cariótipo humano tem 22 pares de autossomas e 1 par de cromossomas sexuais – 2 cromossomas X
(fêmea) ou 1 cromossoma X e 1 Y (macho).
⟶ Pode ser descrito como 46, XX ou 46, XY ou simplesmente 2n=46.
Representações do cariótipo
▪ Cariograma (= Cariomorfo)
Bandeamento de cromossomas:
• Bandas Q ⟶ os cromossomas são submetidos a um tratamento com quinacrina mostarda (substância
fluorescente) e passam a apresentar faixas com diferentes intensidades de fluorescência;
• Bandas G ⟶ os cromossomas são desproteinizados por ação da tripsina e, posteriormente, corados com
Giemsa (de onde deriva o “G”);
• Bandas R ⟶ os cromossomas são tratados com solução alcalina e calor para uma desnaturação controlada
e depois são corados com Giemsa;
• Bandas T ⟶ marcam as regiões teloméricas dos cromossomas.
- Aberrações estruturais incluem os casos em que um ou mais cromossomas apresentam alterações da sua
estrutura.
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Invólucro nuclear
▪ Funções gerais
i) Barreira física entre o citoplasma e o material nuclear – confere individualidade ao núcleo como
organelo:
- Isola espacial e temporalmente fenómenos de replicação, transcrição e processamento de RNA’s
(nucleares) da síntese proteica (citoplasmática)
- Cria um ambiente molecular adequado às atividades tipicamente nucleares
▪ Estrutura
(Relação com o Rer) A continuidade entre espaço perinuclear e lúmen do Rer facilita a chegada ao
invólucro, por difusão lateral, por exemplo de nucleoporinas e de proteínas integrais da membrana
nuclear interna.
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Número – proporcional à necessidade de trânsito entre citoplasma e núcleo; varia com a atividade
da célula e durante o seu ciclo de vida
Tamanho – não varia com o tamanho do núcleo (ou da célula)
▪ Adaptações estruturais
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Em alguns tecidos e contextos muitos específicos, células com algum grau de diferenciação podem reentrar no
ciclo celular, e sofre divisão limitada para contribuir para a reparação tecidual.
A maioria dos tecidos possui populações de células menos diferenciadas (células precursoras e progenitoras),
que retêm a capacidade de se dividir e diferenciar.
• Ciclo celular ⟶ tempo compreendido entre a mitose de uma célula e a mitose seguinte de uma ou das duas
células-filhas
⟶ Sequência ordenada de eventos em que a célula duplica o seu conteúdo e depois se divide em duas –
ciclo de duplicação e divisão
⟶ Para além da duplicação do DNA, a célula duplica outras macromoléculas e organelos e,
subsequentemente, duplica em tamanho.
• Fases do ciclo celular ⟶ consideram-se dois grandes períodos (que incluem diferentes eventos/fases):
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• Controlo do ciclo celular ⟶ as células eucarióticas possuem uma rede complexa de proteínas reguladoras
conhecidas como Sistema de Controlo do Ciclo Celular (SCCC).
⟶ Garante que os eventos ocorrem numa sequência definida e que cada processo é corretamente
concluído antes do início do seguinte – recorre a checkpoints e freios moleculares.
O SCCC liga e desliga esses mecanismos nos momentos apropriados, coordenando assim as várias etapas do ciclo
– interruptores moleculares.
Um 1º tipo de interruptores moleculares que regula o “motor do ciclo celular” corresponde a um grupo de
complexos de proteínas cinases e ciclinas.
As proteínas cinases estão sempre presentes nas células em proliferação ao longo do ciclo celular, mas só são
ativadas em momentos específicos, por associação a ciclinas, sendo, por isso, designadas de cinases dependendo
de ciclina (Cdk).
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Ao ativar diferentes conjuntos de proteínas-alvo, cada tipo de complexo desencadeia uma etapa de transição
diferente no ciclo celular:
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A degradação das ciclinas M (durante a fase M) e S depende da enzima complexo promotor da anafase ou
ciclossoma (APC/C), que marca essas proteínas com uma cadeia de ubiquitina, direcionando-as para proteossomas
(complexos de diversas protéases), que rapidamente as degradam.
A inativação da M-Cdk conduz a eventos moleculares que permitem a conclusão do processo da mitose.
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• A entrada da célula em G0
A saída do ciclo celular pode ser determinada por fatores intrínsecos (programas genéticos) ou
extrínsecos (disponibilidade de nutrientes) à célula.
• Caracterização da célula em G0
Variabilidade: algumas células podem permanecer temporariamente em G0 e reentrar no ciclo celular (ex. a
maioria dos hepatócitos, que podem ser estimulados a proliferar se o fígado for lesado), enquanto outras podem
permanecer em G0 indefinidamente após diferenciação definitiva (ex. neurónios maduros; estado irreversível).
Atividade metabólica: o estado de repouso é apenas em relação ao processo de divisão celular, pois podem
estar metabolicamente ativas, desempenhando funções específicas do seu tipo celular (ex: neurónios ou células
musculares podem permanecer em G0 por longos períodos).
Manutenção celular: células em G0, geralmente, concentram-se na manutenção, reparação e nas funções
especializadas, em vez de se dividirem ativamente.
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Para se determinar o tempo de geração e a duração das suas quatro fases, podemos usar a autoradiografia, com
precursores de DNA com marcação radioativa, como a timidina tritiada.
O M-Cdk impulsiona a entrada em mitose – único complexo responsável por todos os diversos e intrincados
rearranjos que ocorrem nos estágios inicias:
i) Ajuda a preparar os cromossomas duplicados para segregação
ii) Induz a formação do fuso mitótico (fuso acromático).
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Morte celular ⟶ ocorre quando a célula deixa de ser capaz de manter as funções essenciais (vitais).
Os processos de morte celular podem ser classificados, de acordo com as suas características morfológicas e
bioquímicas, em: mitose catastrófica, necrose, apoptose, autofagia, entose e senescência.
❖ Mitose catastrófica
Processo oncossupressor – impede a proliferação/sobrevivência de células incapazes de completar
adequadamente o ciclo celular (devido a danos extensos no DNA, problemas com a maquinaria mitótica)
e/ou falha nos checkpoints e interruptores moleculares.
As alterações morfológicas incluem multinucleação, macronucleação e micronucleação (possíveis
consequências de segregação cromossómica errônea).
As alterações primárias podem ocorrer na interfase, incluindo a fase S.
Por vezes, não é considerada uma forma de morta, mas sim uma sinalização irreversível para a morte.
Os mecanismos moleculares precisos de deteção das alterações mitóticas não são claros, mas,
presumivelmente, envolvem o p53 (gene supressor tumoral) e caspases (cascata de transdução de sinal que depende da
ativação de CASP2).
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❖ Necrose
Tipo de morte no qual as células sofrem um insulto por fatores exógenos fora do seu controlo (ex: força
mecânica/trauma físico, hipoxia, temperaturas extremas, tóxicos e infeção por vírus líticos).
A libertação passiva do conteúdo celular pode causar dano nas células vizinhas e uma reação inflamatória
local.
Resposta passiva e patológica à injúria celular.
Alterações morfológicas:
- aumento do volume celular;
- agregação da cromatina, picnose, cariorrexe e cariólise;
- desorganização do citoplasma;
- perda da integridade da membrana plasmática e consequente rutura, com vazamento dos componentes
celulares.
❖ Apoptose
Processo essencial para a manutenção e desenvolvimento de organismos multicelulares, sendo importante
para eliminar células supérfluas ou defeituosas (mutações potencialmente perigosas).
Ocorre em situações:
i) Fisiológicas
- Destruição programada de células durante a embriogénese
- Involução de tecidos hormono-dependente
- Manutenção do número de células nos tecidos
ii) Patológicas
- Lesão do DNA (ex: células pré-cancerosas)
- Acumulação de proteínas anormais
- Lesão celular resultante de certas infeções
- Atrofia patológica do parênquima de órgãos após obstrução de ductos
O tamanho do corpo (e dos órgãos) é determinado por três processos fundamentais: crescimento
celular; divisão celular; morte celular.
Cada um dos processos, por sua vez, depende de programas intrínsecos de cada célula, regulados
por sinais das outras células do corpo.
Quando as células deixam de ser necessárias, são eliminadas por apoptose (um dos tipos de morte
programada).
Alterações morfológicas:
- Retração da célula, perda de aderência com a matriz extracelular e células vizinhas, condensação da
cromatina, fragmentação do DNA (cariorrexe), degradação de proteínas nucleares e citoplasmáticas e formação de
projeções em forma de bolha;
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Os mecanismos moleculares envolvem uma família de protéases – caspases – produzidas como precursores inativos
– procaspases – ativados em resposta a sinais que induzem a apoptose.
Dois tipos de caspases atuam em conjunto – iniciadores e efetoras – algumas caspases efetoras ativam outras
efetoras, iniciando uma cascata de amplificação proteolítica.
❖ Autofagia (macro-autofagia)
Processo adaptativo e controlado geneticamente (não serve apenas a morte celular).
Via de morte celular quando a eliminação celular em grande escala é necessária para a homeostasia e os
fagócitos “profissionais” não respondem às necessidades.
Pode servir como mecanismo antienvelhecimento, ao limitar o dano oxidativo. Resposta a stress, resultando
na degradação de componentes celulares danificados ou obsoletos (organelos e proteínas citosólicas), e
constituiu uma via para fornecer materiais aos lisossomas.
Eventos da macro-autofagia:
- Porções do citoplasma são encapsuladas por uma dupla membrana, originando autofagossomas, que
depois se fundem com lisossomas;
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Autofagia vs Apoptose
A autofagia é considerada por alguns autores como tipo II PCD (apoptose é tipo I PCD).
Em autofagia, os organelos (exceto núcleo) são degradados, enquanto o citoesqueleto é frequente
preservado.
Os estímulos que ativam os dois processos podem ser comuns – atuação em cooperação e estreita
proximidade temporal:
- a autofagia pode preceder a apoptose na histólise tecidual em larga escala (desconstrói as células
internamente, reduz o volume e facilita a quebra de corpos apoptólicos e células mortas pelo fagocitante);
- a apoptose pode preceder a autofagia, dependendo da intensidade do sinal de stress não
fisiológico;
- a autofagia pode ser um mecanismo de back-up durante o desenvolvimento embrionário e quando
a apoptose for deficiente.
Sob stress leve, as células do fígado ativam o mecanismo de autofagia para proteger as células do dano
induzido, ao mesmo tempo em que suprimem a apoptose. Quando os níveis de stress aumentam, a via de
apoptose é ativada. Sob condições de stress severo, a necrose ocorre, levando à destruição dos tecidos.
❖ Entose
Descoberta apenas em 2007, é uma forma de “canibalismo” celular descrita em tecidos malignos (diversos
tipos de cancro em mamíferos), envolvendo a ingestão de células viáveis por células não fagocíticas vizinhas
do mesmo (homotípico) ou de outro tipo (heterotípico).
Células vencedoras ingerem e matam as células perdedoras – uma internalização é seguida pela morte das
células internalizadas (chamadas de “células entópticas”).
Desencadeada por:
- Desprendimento das células epiteliais da matriz extracelular;
- Expressão desregulada de miosinas durante a formação de contactos célula-a-célula;
- Diferenças nas propriedades mecânicas;
- Stress metabólico.
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❖ Senescência
Processo multifacetado, não regulado, que envolve a perda irreversível do potencial proliferativo da célula,
após um determinado número de divisões celulares e quando a célula corre o risco de se tornar neoplásica.
Pode ter um papel na embriogénese e na regeneração tecidual.
Telómeros ⟶ estrutura que se forma na zona terminal do cromossoma, constituída por proteínas e DNA
não codificante. Sequências pequenas, mas repetitivas de DNA de dupla cadeia com uma porção de cadeia
única. São estruturas protetoras que previnem a degradação e fusões terminais dos cromossomas e que a
porção terminal do DNA seja identificada como danificada, assegurando uma correta replicação.