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1. O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas.
2. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação terá o número de linhas copiadas desconsiderado para
efeito de correção.
3. Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:
3.1 tiver até 7 linhas escritas, sendo considerada insuficiente.
3.2 fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo.
3.3 apresentar parte do texto deliberadamente desconectada com o tema proposto.
TEXTOS MOTIVADORES
TEXTO I [...]
PERGUNTA: Por que juízes, desembargadores e advo- Podemos usar o nome de “sujeito” para definir aquele que
gados falam tão difícil? age sobre algo, e de “objeto” para definir aquilo ou até mesmo
ESTER RIZZI [professora de linguagem jurídica]: O aquele sobre o que ou sobre quem se age. A relação entre dois
“juridiquês” não é só uma questão de vocabulário rebuscado sujeitos que não são reduzidos a objetos, define o mais rico
ou técnico. É um vocabulário técnico permeado por outras ca- dos experimentos da linguagem, o diálogo. Ele só acontece
racterísticas de linguagem com o uso exagerado de adjetivos e no momento em que conseguimos sustentar a condição de
de inversão da ordem das frases, que são sempre muito longas; sujeitos. Em contextos nos quais um reduz o outro a objeto, a
são falas prolixas que causam essa sensação de distanciamento. condição de possibilidade do diálogo está aniquilada.
No debate a esse respeito há dois extremos. O primeiro Reduzimos as pessoas a objetos todas as vezes em que
extremo é o que diz que a linguagem do direito é bonita, que as usamos como meios e não como fins.
incorpora adjetivos, que é mesmo rebuscado, antigo, pois se Como algo próprio dos corpos que entram em relação uns
trata de uma característica e de uma tradição a serem preser- com os outros, o poder é inerente às relações. E apenas por
vadas. Esses dizem que o “juridiquês” é um traço distintivo da isso ele pode se organizar como uma espécie de “jogo” regido
profissão, que tem um valor estético e, por uma questão de por regras. O jogo é algo que não se joga sozinho e implica
manutenção da tradição, deve ser continuado. a compreensão das regras. Mas também a possibilidade de
No outro extremo, há pessoas dizendo radicalmente “não”. usá-las seja em benefício próprio, seja do coletivo. Damos o
Para elas, é preciso simplificar ao máximo a linguagem jurídi- nome de poder político àquele que se exerce sobre corpos
ca, inclusive em seus termos técnicos. [...] ou entre corpos atravessados por instituições. Corpos são
Nesse debate, tenho uma posição intermediária. Acho que atravessados por instituições em muitos momentos, e é difícil
é preciso transformar a linguagem do direito. [...] descobrir um instante em que estejam livres do poder político
Os operadores do direito deveriam fazer um esforço para e totalmente lançados em uma espécie de pura relação em
serem mais sucintos, porque isso aumenta a eficiência do pro- que a linguagem ainda não se encontrou com os jogos de
cesso. Eles têm de usar menos adjetivos, usar um vocabulário força. Uma espécie de vida primitiva da linguagem, ou pura
menos rebuscado, para tornar o conteúdo mais acessível. Isso vida da linguagem. Daí que toda linguagem seja, mais cedo
é muito importante para a legitimidade do Judiciário, que é um ou mais tarde, a forma primitiva da política e necessariamente
Poder que não tem a legitimidade das eleições, pois a maioria ligada ao poder.
dos juízes e desembargadores chegam a esses cargos por TIBURI, Marcia. Linguagem é poder: sobre jogos sujos e democracia.
Disponível em: https://bit.ly/3nuf8oY. Acesso em: 17 dez. 2020 (adaptado).
concurso e a legitimidade se dá, portanto, a partir da exposição
das razões de por que decidir de um jeito e não de outro. Essa TEXTO III
legitimidade é algo público, precisa envolver a sociedade, a O poder está presenta nos mecanismos mais sutis da comu-
sociedade precisa entender. nicação social: não apenas no Estado, nas classes, nos grupos,
CHARLEAUX, João Paulo. Por que juízes, desembargadores mas ainda nas modas, nas opiniões correntes, nos espetácu-
e advogados falam tão difícil. Disponível em: https:// los, jogos, desportos, informações, nas relações familiares e
cutt.ly/Hj7G71q. Acesso em: 27 jan. 2021.
privadas e até nas forças libertadoras que tentam contestá-lo:
TEXTO II chamo discurso de poder a todo o discurso que engendra a
Linguagem é poder. Antes de serem puros e simples atos culpa e, por conseguinte, a culpabilidade daquele que o ouve.
de comunicação, todos os atos da linguagem são atos de poder. A linguagem é uma legislação, e a língua é o seu código.
Em um sentido puramente conceitual, poder é uma poten- Não nos apercebemos do poder que existe na língua porque
cialidade dos corpos humanos. Poder é da ordem de algo que nos esquecemos que qualquer língua é uma classificação e
se exerce. Podemos dizer que ele é a ação de um corpo sobre que qualquer classificação é opressora.
um outro corpo que se transforma por meio dos atos que produz BARTHES, Barthes. Lição. Lisboa: Signos, 1998. p. 14-15 (adaptado).
ou que sofre. A essa ação podemos dar o nome de linguagem.
PROPOSTA DE REDAÇÃO
A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto
dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “As relações de poder, dominação
e exclusão exercidas pela linguagem”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione,
organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
NOME:
ESCOLA: TURMA:
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Competência 2: Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o
tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.
Competência 3: Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto
de vista.
Competência 4: Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.
Competência 5: Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.