A CIRURGIA E

OS CIRURGIÕES
Por: Professor Márcio Cruz

Jacobina,20 de Fevereiro de 2024

 O Desafio de ser Cirurgião

A CIRURGIA E SUA
EVOLUÇÃO
▪ Barbeiros na Europa nos séculos XII e XIII
▪ Sangrar e amputar eram os principais atos cirúrgicos feitos pelos
barbeiros-cirurgiões
▪ Eram independentes
▪ Século XVII – persistiam os barbeiros
▪ Já eram conhecidos (XVII) os cirurgiões ligados ás escolas médicas
▪ Alcance de técnicas para atendimento de fissuras, luxações, fístulas e cuidados
com feridas
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A CIRURGIA E SUA
EVOLUÇÃO
▪ Século XVIII – transferência do vice-reinado para o Brasil (1763)
▪ Traz programa para ensino em cirurgia
▪ 1790 – nomeado Cirurgião Mor da Misericórdia: Antônio José Pinto
▪ I Curso Regular de Operações, Clínicas e Técnicas Cirúrgicas
▪ 1808 – Chegada da família real
▪ Joaquim da Rocha Mazarm é reconhecido com primeiro professor de cirurgia
▪ 1832 –reforma das escolas de Medicina (Ba e RJ) – Faculdades
▪ 1833
▪ Cândido Borges Monteiro: cadeira de operações
▪ Manoel Feliciano Pereira de Carvalho: cadeira de clínica cirúrgica
▪ Francisco Júlio Chavier: cadeira de parto
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EVOLUÇÃO DE RECURSOS
TÉCNICOS
▪ Século XIX: desenvolvimento de conhecimentos que auxiliaram o crescimento da
cirurgia
▪ Controle de hemorragia
▪ Controle de infecção
▪ Assepsia e antissepsia
▪ Controle da enestesia
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EVOLUÇÃO DE RECURSOS
TÉCNICOS
▪ Século XX: existia o cirurgião que de forma abrangente realizava procedimentos
operatórios
▪ O desenvolvimento científico e a necessidade de emprego de técnicas especiais
proporciona o surgimento dos especialistas
▪ Oftalmologistas e otorrinolaringologistas foram os pioneiros
▪ Em seguida, surgem os ortopedistas e urologistas
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A ESPECIALIZAÇÃO
CIRÚRGICA
▪ Final dos anos 50: outras especialidades já existiam
▪ Cirurgia torácica, neurocirurgia e cirurgia plástica
▪ Nesta década, advém a cirurgia cardíaca com CEC e em seguida com o coração
parado
▪ A cirurgia alcança outros patamares : anatomia e patologia
▪ Cirurgia oncológica e endócrina
▪ Cirurgia pediátrica
▪ Mais tarde: coloproctologia, cabeça e pescoço, desvinculação de cirurgia
ginecológica da cirurgia geral e a cirurgia vascular
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A ESPECIALIZAÇÃO
▪ Nos dias de hoje
CIRÚRGICA
▪ Serviços dedicados a setores ou até a um único órgão (cirurgia hepática e cardíaca;
cirurgia cardíaca pediátrica)
▪ A superespecialização
▪ Programa para grandes centros
▪ Visão de pesquisa e investimento

▪ Cirurgia geral
▪ Permanece como base da formação cirúrgica
▪ Continua responsável pelas emergências traumáticas e não traumáticas
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A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA
▪ Segunda metade do século XX ao início do século XXI
▪ Muitos progressos propiciam grandes avanços
▪ Cirurgia de transplante de órgãos
▪ Microcirurgia
▪ Uso de próteses e endopróteses
▪ Cirurgia videoendoscópica
▪ Radiologia intervencionista
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A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA
▪ 1954: primeiro transplante renal com sucesso (John Merrill e Joseph Murray)
▪ 1963: primeiro transplante de fígado (Thomas Starzl)
▪ 1967: primeiro transplante cardíaco (Christian Barnard)
▪ Salienta-se:
▪ Crescimento das estruturas hospitalares
▪ Conjunto de cuidados alcançados pelas equipes
▪ Qualidade do suporte científico
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A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA
▪ Para o início do século XXI
▪ Espera-se crescimento das áreas já citadas
▪ Trabalho importante no procedimentos cirúrgicos utilizando céluas-tronco
▪ A cirurgia onde sempre esteve : aliada ao progresso científico
▪ Princípios da bioética (1971, Van Potter): estudo da conduta humana no âmbito da
medicina
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CLASSIFICAÇÃO DAS CIRURGIAS

SEGUNDO POTENCIAL DE
▪ Cirurgia Limpas CONTAMINAÇÃO
▪ Cirurgias Potencialmente Contaminadas
▪ Contaminadas
▪ Infectadas
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CLASSIFICAÇÃO DAS
CIRURGIAS
▪ Cirurgias Limpas
▪ São realizadas em tecidos estéreis ou passíveis de descontaminação, na ausência de
processo infeccioso local. Consideram-se limpas as cirurgias realizadas na epiderme,
tecido celular subcutâneo, sistemas músculo-esquelético, nervoso e cardiovascular.
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CLASSIFICAÇÃO DAS
CIRURGIAS
▪ Cirurgias Potencialmente Contaminadas
▪ São as realizadas em tecidos colonizados por flora microbiana pouco numerosa, em
tecidos cavitários com comunicação com o meio externo, ou de difícil descontaminação,
na ausência de processo infeccioso local.
▪ Consideram-se potencialmente contaminadas as cirurgias realizadas nos tratos
gastrintestinal (exceto cólon), respiratório superior e inferior, genito-urinário, cirurgias
oculares e de vias biliares.
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CLASSIFICAÇÃO DAS
CIRURGIAS
▪ Cirurgias Contaminadas
▪ São as realizadas em tecidos colonizados por flora microbiana abundante, de difícil
descontaminação, na ausência de processo infeccioso local.
▪ Consideram-se contaminadas as cirurgias realizadas no cólon, reto e ânus; em tecido com
lesões cruentas e cirurgias de traumatismo crânio encefálicos abertos.
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CLASSIFICAÇÃO DAS
CIRURGIAS
▪ Cirurgias Infectadas
▪ São as realizadas em qualquer tecido, na presença de processo infeccioso local.
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CLASSIFICAÇÃO DAS
CIRURGIAS
▪ Incidência Esperada de Infecção em FO Segundo o Potencial de Contaminação
▪ Limpas: 1 a 5%
▪ Potencialmente Contaminadas: 3 a 11%
▪ Contaminadas: 10 a 17%
▪ Infectadas: maior que 27%
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A RESIDÊNCIA DE CIRURGIA
GERAL
▪ Parte das chamadas grandes áreas da Medicina
▪ Desafio cada vez mais difícil
▪ Redução importante da procura pela especialidade
▪ Falsa ideia de que o cirurgião é realmente o verdadeiro médico
▪ Sensação de ser Deus
▪ A rotina difícil
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O RESIDENTE DE CIRURGIA
▪ 20% desiste do programa atualmente
▪ A vida do residente de cirurgia não é romântica
▪ A especialidade é responsável pelos maiores índices de decepção dentro da
medicina
▪ A maior parte de desistência se dá ao final do primeiro ano
▪ Principais motivos: questões relacionadas ao estilo de vida
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O RESIDENTE DE CIRURGIA
▪ Estudos realizados no Canadá, EUA e China
▪ A rotina e o estilo de vida são os principais desafios
▪ A desvalorização progressiva
▪ A escravização ao serviço
▪ Mulheres abandonam mais que homens (25% x 15%)
▪ Falta de modelos
▪ Percepção de discriminação sexual ou atitudes negativas em relação às mulheres
▪ Falta de apoio dos seus programas
▪ Tratada da mesma forma que os homens
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O RESIDENTE DE CIRURGIA
▪ 48% desiste ao final do primeiro ano
▪ 28% desiste após o segundo ano
▪ A maioria opta por outras especialidades
▪ Pesquisa envolvendo 22 estudos de programas de residência médica
▪ 20 nos EUA
▪ 01 no Paquistão
▪ 01 na China

▪ Resultados mostraram amplas variações entre os programas de cirurgia em

número de desistência e razões para isso
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O RESIDENTE DE CIRURGIA
▪ Desgaste do residente de cirurgia geral está ao mesmo nível que o de
obstetrícia/ginecologia e neurocirurgia
▪ Desgaste do residente de cirurgia geral é maior que o de oftalmologia,
otorrinolaringologia e ortopedia nestas análises
▪ 02 principais razões para a desistência
▪ Difícil estilo de vida
▪ Interesse em outra especialidade

▪ No Brasil: uma pesquisa semelhante mostrou que 2/3 dos residentes de cirurgia
geral fechavam critérios para burnout
▪ Grande parte dos residentes não foram preparados para fazer a residência
▪ Estágio adicional de 6 a 8 semanas já é sugerido no Brasil (já existe na Europa)
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O DESAFIO DE SER
CIRURGIÃO
▪ A redução da carga horária em 2003 nos EUA não surtiu efeito sobre a percepção
anterior
▪ Não apenas as hora, mas também a intensidade das horas
▪ Al-Omran: nem todo mundo pode ser um comandante ou um Navy SEAL
▪ Deve-se sugerir melhores maneiras de se apoiar os residentes de cirurgia do que a
limitação das horas de serviço
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A SAÚDE MENTAL DO RESIDENTE DE

CIRURGIA E SUAS CONSEQUÊNCIAS
▪ Dorme interno e acorda residente
▪ Cenário não deveria, mas é ainda muito desconhecido
▪ Responsabilidade médica x relações interpessoais
▪ Isolamento social
▪ Fadiga
▪ Privação de sono
▪ Muitos entram em depressão
▪ Muitos têm ideais suicidas
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A SAÚDE MENTAL DO RESIDENTE DE

CIRURGIA E SUAS CONSEQUÊNCIAS
▪ A residência é o padrão ouro para a formação médica
▪ Muitas práticas são contrárias ao aprendizado sadio
▪ Excessiva jornada de trabalho (mundo paralelo)
▪ São deixados de lado
▪ Vida social
▪ Vida conjugal
▪ Família
▪ Amigos
▪ Atividades físicas
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A SAÚDE MENTAL DO RESIDENTE DE

CIRURGIA E SUAS CONSEQUÊNCIAS
▪ Maior incidência de burnout relacionada à carga de trabalho
▪ Residentes deprimidos cometem 6 vezes mais erros que os não deprimidos (2008)
▪ Privação de sono e fadiga estão intimamente relacionadas
▪ Maior índice de erros médicos
▪ Comprometimento de desempenho clínico
▪ Acidentes com material perfurocortante
▪ Acidente automobilístico após plantão
▪ Aumento de tempo par realizar tarefas de destreza manual
▪ Erros de prescrição de medicamentos
▪ Outros
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A SAÚDE MENTAL DO RESIDENTE DE

CIRURGIA E SUAS CONSEQUÊNCIAS
▪ Estudo publicado no JANA em 2002
▪ Após 24 de plantão sem dormir, a performance psicomotora de um profissional de saúde
é semelhante a e de um indivíduo legalmente bêbado
▪ Outros estudos comparando privação de sono, depressão e Burnout
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A SAÚDE MENTAL DO RESIDENTE DE

CIRURGIA E SUAS CONSEQUÊNCIAS
▪ Luiz Antônio Nogueira, em seu livro “Residência Médica: Estresse e Crescimento”
▪ Descreve 10 mandamentos para guiar os jovens residenes
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A SAÚDE MENTAL DO RESIDENTE DE

CIRURGIA E SUAS CONSEQUÊNCIAS
▪ I. Aproveite esse período da sua vida para aprender (a RM é a melhor forma de
capacitação profissional em medicina);
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▪ II. Exija supervisão diuturna (a supervisão de profissionais experientes é a chave

do sucesso da RM);
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▪ III. Faça uma lista diária das prioridades no trabalho (suprima tarefas importantes
mas não essenciais);
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▪ IV. Não sobrecarregue sua agenda (adie alguns projetos e planos);

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▪ V. Lembre-se que o R1 é o período mais difícil e estressante (não assuma plantões

fora durante o R1);
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▪ VI. Lembre-se que folga pós -plantão é para descansar e espairecer;

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▪ VII. Participe das atividades da COREME e das associações de residentes

diretamente ou por meio de representantes eleitos;
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▪ VIII. Converse com os preceptores sobre as dificuldades que você está tendo e
sobre o planejamento da carreira profissional;
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▪ IX. Procure se alimentar de forma saudável e faça atividades físicas;

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▪ X. Peça ajuda profissional se estiver se sentindo estressado,

deprimido ou angustiado.
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▪ Por fim, há de se destacar que embora com todos os problemas citadas, a

residência médica continua sendo a melhor maneira de se formar médicos
especialistas. Embora estressante, é uma experiência enriquecedora, que propicia
o desenvolvimento profissional e pessoal dos jovens médicos.
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FIM