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Desafios Contemporâneos
Para Os Direitos Humanos
Phablo Freire
Thiago Teixeira
Phablo Freire
Thiago Teixeira
F866e
Freire, Phablo
Ética, laicidade e alteridade: desafios contemporâneos para os direitos humanos. /
Phablo Freire, Thiago Teixeira. -- Belo Horizonte: Senso, 2019.
151 p.
Inclui referências.
ISBN 978-65-80404-10-0
CDD: 170
Todos os direitos reservados à Editora Senso. Nenhuma parte da obra pode ser reproduzida,
adaptada, multiplicada ou divulgada de nenhuma forma (em particular por meios de reprografia
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Esta publicação segue as normas do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, Decreto nº
6.583, de 29 de setembro de 2008.
http://editorasenso.com
SUMÁRIO
Prefácio.................................................................................................... 7
Por uma ética da diferença: ponderações acerca do nós ........................ 11
Thiago teixeira........................................................................................ 11
Introdução........................................................................................... 11
1. Dinamitar os monólogos .................................................................. 14
2. Ética e moral: perspectivas e desafios................................................ 20
4. Apreensão e reconhecimento............................................................. 38
Referências............................................................................................ 46
Direitos humanos, o fenômeno social da laicidade e o pensamento abissal ... 48
Phablo Freire.......................................................................................... 48
1. Uma ética não insulada..................................................................... 48
Posfácio................................................................................................ 148
Referências ........................................................................................... 151
Prefácio
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Thiago teixeira
Introdução
Neste capítulo enfrentaremos um desafio: focalizar
múltiplas perspectivas a fim de elucidar e constituir uma
possível ética da diferença. Você será conduzido por
uma trilha filosófica, polifônica e que mira a valorização
da diferença como componente constitutivo de novos
modelos de reconhecimento e alteridade. O nosso ob-
jetivo está na afirmação de uma ética que se sustenta na
multiplicidade de narrativas e, mais, que se posiciona crí-
tica e ativamente contra os modelos de hegemonização
da realidade humana.
Nesse sentido, discutiremos acerca da alteridade, mas
à distância dos moldes que integram e diluem o outro,
seu corpo, existência e potencialidades numa projeção
violenta e colonizada do eu. O que pretendemos se des-
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1. Dinamitar os monólogos
Propomos aqui uma reflexão acerca da diferença como
um fator preponderante às discussões éticas, e isso faz
emergir uma provocação rumo à reelaboração de sentido
na tentativa de ampliar a percepção em relação ao outro,
longe de posições endógenas e unilaterais de legitimação
da vida e dos corpos. A discussão que se acende nos limi-
tes de uma ética da diferença compõe um novo panorama
de compreensão da alteridade e das alianças que se fir-
mam num horizonte humano plural.
Nosso caminho será traçado pelo diálogo em perspec-
tivas da alteridade. Nesse sentido, nos debruçaremos na
compreensão de vertentes epistemológicas que se susten-
tam na afirmação da diferença como um dado real, no que
diz respeito à realidade humana, a despeito de perspectivas
que se sustentam numa reciprocidade e numa igualdade
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4. Apreensão e reconhecimento
Ao dizermos que o processo moralizador nos dá con-
dições de perceber a nós mesmos, o mundo e os outros,
somos levados a considerar que, de algum modo, as con-
dições de compreensão estão inscritas no surgimento do
sujeito. Nesse sentido, consideramos a viabilidade do re-
conhecimento a partir, inicialmente, dos critérios inscritos
em nossa carne, por meio desse processo.
Nossa consciência se manifesta quando essas normas
se realizam por meio das ações. Assim, nos tornamos,
aos poucos, vetores dessa atmosfera de “reconhecimen-
to” que se antepõe a nós. É possível identificar como os
costumes são gravados em nós na cotidianidade da vida
e como é difícil fugir das insígnias de violência que forja-
ram a nossa consciência de mundo. No trânsito, no está-
dio de futebol, no trabalho e nas mais variadas ocasiões
da vida, o exercício ético está na fuga da engrenagem
que movimenta a nossa visão do outro, nos limites da
vulnerabilidade e segregação.
Nessa direção, somos incitados a manter a ordem e
a norma, porque elas nos dão seguridade e conforto. O
estado de vigilância e controle atende ao processo mora-
lizador, pois ele busca, de forma imediata, a adequação
entre ação e costume. Este encontro, quando não reflexi-
vo, oblitera corpos, experiências e vidas. É possível dizer
não só de um esquecimento do outro, mas do desejo por
sua destruição.
Ao respondermos aos anseios de um costume, longe
das vias interpretativas e críticas a respeito de sua elabo-
ração acerca do outro e da diferença, deixamos entrever
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Referências
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FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 2005.
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25 Tercio Sampaio Ferraz Junior, Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão, dominação,
2003, p. 38.
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26 A despeito de uma aparente alusão ao positivismo jurídico, para que não reste dúvida, a anco-
ragem a que nos referimos aqui, com efeito, implica a conexão com as formas de ordenamento
jurídico, variáveis no tempo e espaço, a partir das quais opera-se a exigibilidade pelos sujeitos
e suas pretensões, não necessariamente ao modelo positivista, sendo este uma daquelas mani-
festações.
27 A respeito do uso do termo assujeitamento neste fragmento, intentamos tratar sobre as possibi-
lidades de conformação das identidades sociais a partir do controle do campo simbólico, como
se demonstrará mais adiante.
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28 Fábio Konder Comparato, A afirmação histórica dos direitos humanos, 2013, p. 33.
29 Immanuel Kant, Fundamentação da metafísica dos costumes, 2007.
30 O ato de representar aqui delimitado é a substituição cognitiva de um fenômeno por outro, isto
é, uma dada coisa por outra. De modo que quando se dá uma representação, algo é substituído
por outra coisa, por uma ideia sobre aquele algo: a representação.
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38 Fábio Konder Comparato, A afirmação histórica dos direitos humanos, 2013, p. 38.
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39 Fábio Konder Comparato, A afirmação histórica dos direitos humanos, 2013, p. 42.
40 Fábio Konder Comparato, A afirmação histórica dos direitos humanos, 2013, p. 83 e s.
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Vicente e Granadinas (16 de setembro de 1980), Samoa (15 de dezembro de 1976), Senegal (28
de setembro de 1960), Sérvia (1 de novembro de 2000), Serra Leoa (17 de setembro de 1961),
Seicheles (21 de setembro de 1976), Singapura (21 de setembro de 1965), Síria (24 de outubro de
1945), Somália (20 de setembro de 1960), Sri Lanka (14 de dezembro de 1955), Suazilândia (24
de setembro de 1968), Sudão (12 de novembro de 1956), Sudão do Sul (14 de julho de 2011),
Suécia (19 de novembro de 1946), Suíça (10 de setembro de 2002), Suriname (4 de dezembro
de 1975), Tajiquistão (2 de março de 1992), Tailândia (16 de dezembro de 1946), Tanzânia (14
de dezembro de 1961), Timor-Leste (27 de setembro de 2002), Togo (20 de setembro de 1960),
Tonga (14 de setembro de 1999), Trinidad e Tobago (18 de setembro de 1962), Tunísia (12 de
novembro de 1956), Turquemenistão (2 de março de 1992), Turquia (24 de outubro de 1945),
Tuvalu (5 de setembro de 2000), Ucrânia (24 de outubro de 1945), Uganda (25 de outubro de
1962), Uruguai (18 de dezembro de 1945), Uzbequistão (1 de março de 1992), Vanuatu (15 de
setembro de 1981), Venezuela (15 de novembro de 1945), Vietnã (20 de setembro de 1977),
Zâmbia (1 de dezembro de 1964), Zimbabwe (25 de agosto de 1980).
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46 Dimitri Dimoulis e Leonardo Martins, Teoria geral dos direitos fundamentais, 2014, p. 22.
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51 No Direito brasileiro existem três formas distintas de legalidade ou, como prefere a dogmática
jurídica, três acepções distintas para o princípio da legalidade: a legalidade civil, a legalidade
administrativa e a legalidade penal. A legalidade civil implica a possibilidade de realização de
atos desde que não estejam vedados no código civil e nas leis civilistas esparsas, isto é, a norma
civil trata de elencar situações vedadas sendo todas as demais hipóteses possíveis, sendo essa
margem criativa a legalidade civil. A legalidade administrativa, em caminho diametralmente
oposto, é observada quando os atos da administração pública ficam adstritos especificamente
àquilo que está estabelecido na norma administrativa, não podendo – salvo casos excepcionais –
a administração criar possibilidades, devendo agir dentro dos limites fixados na norma. Por fim,
a legalidade penal determina que somente serão considerados como crimes aquelas condutas
fixadas em lei penal.
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56 Dimitri Dimoulis e Leonardo Martins, Teoria geral dos direitos fundamentais, 2014, p. 53.
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63 A Carta das Nações Unidas foi elaborada pelos representantes de 51 países presentes à Confe-
rência sobre Organização Internacional, que se reuniu em São Francisco de 25 de abril a 26 de
junho de 1945 e estabeleceu a ONU.
64 André Ramos Tavares, Curso de Direito Constitucional, 2015, p. 399.
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5. Modernidade, colonialidade e o
fenômeno social laico
A modernidade é um modelo político-ideológico de
ressignificação e reconstrução dos modos de produção
da realidade social, disparado desde o século XVI e que
perdura, em seus efeitos, até a contemporaneidade. Com-
plexo, desde sua gênese, o projeto moderno se propunha
a uma reelaboração social a partir da ancoragem na ideia
de ruptura com todas as formas anteriores de organização
social e de controle das populações. Valendo-se das in-
satisfações e insuficiências do ancien régime69, filósofos,
políticos e burgueses organizarem-se para estabelecer as
69 Expressão do francês equivalente no português a “antigo regime” utilizada para designar o mo-
delo de regime de poder operado em toda a Europa desde o período medieval até os eventos
da Revolução Francesa e seus desdobramentos.
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96 Luc Ferry e Marcel Gauchet, Depois da religião: o que será do homem depois que a religião
deixar de ditar a lei?, 2008, p. 48-49.
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97 Jean-Baptiste Trotabas, La notion de laïcité dans le Droit de l’Eglise catholique et de l’Etat répu-
blicain, 1961.
98 Henri Pena-Ruiz, La Laïcité, 2003a.
99 Henri Pena-Ruiz, Qu’est-ce que la laïcité?, 2003b.
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102 Traço característico das demais linhas definidoras da modernidade, a ideia de universalidade
para o principio (ou axioma) da laicidade foi reconhecida internacionalmente quando em 2005,
por ocasião das comemorações do centenário da separação do Estado-Igrejas na França, foi
apresentada no Senado Francês a Declaração Universal da Laicidade no Século XXI. O docu-
mento redigido pelo francês Jean Baubérot, pela canadense Micheline Milot e pelo mexicano
Roberto Blancarte se configura como esforço de afirmação intercontinental da importância da
separação dos interesses religiosos e públicos. A pretensa universalidade do conteúdo laico é
observada nos seus dois primeiros artigos “art. 1º: Todos os seres humanos têm direito ao res-
peito à sua liberdade de consciência e à sua prática individual e coletiva. Este respeito implica a
liberdade de se aderir ou não a uma religião ou a convicções filosóficas (incluindo o teísmo e o
agnosticismo), o reconhecimento da autonomia da consciência individual, da liberdade pessoal
dos seres humanos e da sua livre escolha em matéria de religião e de convicção. Isso também
implica o respeito pelo Estado, dentro dos limites de uma ordem pública democrática e do res-
peito aos direitos fundamentais, à autonomia das religiões e das convicções filosóficas. art. 2º:
Para que os Estados tenham condições de garantir um tratamento igualitário aos seres humanos
e às diferentes religiões e crenças (dentro dos limites indicados), a ordem política deve ter a
liberdade para elaborar normas coletivas sem que alguma religião ou crença domine o poder e
as instituições públicas. Consequentemente, a autonomia do Estado implica a dissociação entre
a lei civil e as normas religiosas ou filosóficas particulares. As religiões e os grupos de convicção
devem participar livremente dos debates da sociedade civil. Os Estados não podem, de forma
alguma, dominar esta sociedade e impor doutrinas ou comportamentos a priori.”
103 Fernando Catroga, Entre deuses e Césares, 2010.
104 Na União Europeia, sete países adotam o regime de Igrejas de Estado: o anglicanismo na
Inglaterra; a Igreja Ortodoxa na Grécia; o catolicismo em Malta; e o Luteranismo na Finlândia,
Dinamarca, Noruega e Suécia.
105 Ainda no continente europeu, implementa-se legalmente uma separação das Igrejas e do Estado,
com ressalvas: Portugal, Hungria, Letônia, República Tcheca e Eslováquia e, na América Latina,
podemos mencionar o Brasil que, a despeito assegurar a separação por meio do art. 19, inciso I
da Constituição de 1988, promulgou em fevereiro de 2010 o Decreto nº 7.107 que institui acordo
entre o Governo brasileiro e a Santa Sé estabelecendo direitos à Igreja Católica não estendidos
às demais religiões.
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108 Para estabelecer uma diferenciação entre expectativas cognitivas e expectativas normativas,
Niklas Luhmann evidencia alguns aspectos específicos do processo de cognição social. De acor-
do com o autor, considerando o mundo sensorialmente constituído, complexo e contingente,
faz-se necessário aos indivíduos a redução de todas as possibilidades de seleção cognitiva para
tomada de decisão, de maneira que se torna quase impossível considerar, efetivamente, em cada
ação, todas as possibilidades existentes, de modo que os indivíduos estão reduzindo esse campo
de possibilidade pois realizam seleções, e estas são percebidas pelos destinatários interlocutores
não mais como seleções, mas sim como fatos ou premissas que, por sua vez, determinam as
próximas tomadas de decisão, ao serem incorporadas a esses posicionamentos posteriores. A
redução de possibilidade no exame próprio das alternativas ocasiona um alívio que viabiliza a
comunicação e experiência social fixando estruturas. A partir disso são estabelecidas determina-
das expectativas em relação aos comportamentos que, quando não correspondidos, ocasionam
frustração que demanda dos indivíduos estratégias que organizem as eventuais respostas a essas
frustrações. De acordo com Luhmann, as estratégias se organizam em dois grupos possíveis:
abandonar as expectativas ou persistir nelas. Essa diferenciação é, com efeito, o critério de dife-
renciação para as exceptivas cognitivas e normativas. O desapontamento, ou frustração, diante
de uma expectativa cognitiva demanda uma resposta de adaptação à frustração, assimila-se a
frustração à realidade, abandonando-se a expectativa de determinados comportamentos previa-
mente exigidos. Diferentes são as respostas quando se trata de expectativas normativas, de ma-
neira que estas não são abandonadas, resistindo às frustrações, persistindo na experiência pela
exigência daquelas condutas previamente esperadas. Na hipótese de Luhmann, quanto menos
complexas as sociedades maior proximidade se observará entre as expectativas, de modo que
quanto mais complexa e contingente a sociedade maior e mais necessária será a diferenciação
entre expectativas normativas e expectativas cognitivas.
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Referências
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113 Na perspectiva da filósofa os enquadramentos são referidos aos modelos de compreensão sobre
quais existências são designadas como vidas e, ao mesmo tempo, quais são indignas inclusive do
luto, a partir de uma legitimidade constituída de existência. Ela nos deixa perceber a realidade a
partir de uma dimensão violenta e restritiva. Nos enquadramentos estão os pressupostos que an-
tecedem a nossa própria capacidade de reconhecer. Os enquadramentos “atuam para diferenciar
as vidas das que podemos apreender das que não podemos” (BUTLER, 2017, p. 17).
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