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Parecer Jurídico

Ariquemes, 10 de novembro de 2023.

Referente ao: Reconhecimento da União Poliafetiva de Trisal

O propósito deste parecer é examinar a condição jurídica relacionada ao


reconhecimento da união poliafetiva de um trisal, considerando as mudanças culturais e
legislativas que influenciaram a concepção de família.
A sociedade contemporânea passa por mudanças significativas, especialmente no que
tange à concepção de família. A internet e a globalização permitiram uma diversidade de
conhecimentos, propiciando o surgimento de novas formas de convivência afetiva, como é o
caso do poliamor e do trisal. Paralelamente, o Código Civil de 1916, que definia a família de
forma mais tradicional, foi substancialmente modificado pelo código vigente, refletindo a
evolução dos valores sociais.
Neste contexto, passo a opinar.

I. Análise Jurídica

A legislação em vigor, ao reconhecer a união poliafetiva de um trisal que aguarda a


chegada do primeiro filho, destaca-se pela sensibilidade em compreender as diversas
configurações familiares existentes na contemporaneidade. O reconhecimento jurídico dessa
união não apenas reflete a realidade social, mas também reforça a proteção dos direitos
fundamentais, como a liberdade de associação, a igualdade e a dignidade da pessoa humana.
O artigo 1.723 do Código Civil, ao dispor que "é reconhecida como entidade familiar
a união estável entre o homem e a mulher," não deve ser interpretado de forma restritiva, mas
sim como uma norma que, apesar da redação anterior, comporta evolução. A interpretação
extensiva do referido dispositivo à união poliafetiva está em consonância com os princípios
constitucionais da igualdade e da liberdade, assegurando a proteção estatal a todas as formas
de convivência familiar que expressem afeto e solidariedade.

II. Princípios Constitucionais

É imperativo ressaltar que a Constituição Federal consagra a dignidade da pessoa


humana como um dos fundamentos da República (artigo 1º, III), e, nesse contexto, o
reconhecimento da união poliafetiva do trisal respeita a autonomia da vontade, a liberdade
individual e a dignidade dos envolvidos.
Ademais, a igualdade, consagrada no artigo 5º, caput, da Constituição Federal, veda
qualquer discriminação, inclusive no âmbito das relações familiares. Portanto, não é cabível
excluir do conceito de família as diversas formas de convivência que não se enquadram no
modelo tradicional.

III. Conclusão e Dispositivo


Destarte, pelos termos asseverados e com espeque na fundamentação jurídica
esposada, opina-se a manutenção da sentença que reconheceu a união poliafetiva do trisal. A
interpretação evolutiva do ordenamento jurídico é crucial para acompanhar as transformações
sociais, garantindo, assim, a efetividade dos princípios constitucionais e o respeito aos
direitos fundamentais.

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