Referente ao: Reconhecimento da União Poliafetiva de Trisal
O propósito deste parecer é examinar a condição jurídica relacionada ao
reconhecimento da união poliafetiva de um trisal, considerando as mudanças culturais e legislativas que influenciaram a concepção de família. A sociedade contemporânea passa por mudanças significativas, especialmente no que tange à concepção de família. A internet e a globalização permitiram uma diversidade de conhecimentos, propiciando o surgimento de novas formas de convivência afetiva, como é o caso do poliamor e do trisal. Paralelamente, o Código Civil de 1916, que definia a família de forma mais tradicional, foi substancialmente modificado pelo código vigente, refletindo a evolução dos valores sociais. Neste contexto, passo a opinar.
I. Análise Jurídica
A legislação em vigor, ao reconhecer a união poliafetiva de um trisal que aguarda a
chegada do primeiro filho, destaca-se pela sensibilidade em compreender as diversas configurações familiares existentes na contemporaneidade. O reconhecimento jurídico dessa união não apenas reflete a realidade social, mas também reforça a proteção dos direitos fundamentais, como a liberdade de associação, a igualdade e a dignidade da pessoa humana. O artigo 1.723 do Código Civil, ao dispor que "é reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher," não deve ser interpretado de forma restritiva, mas sim como uma norma que, apesar da redação anterior, comporta evolução. A interpretação extensiva do referido dispositivo à união poliafetiva está em consonância com os princípios constitucionais da igualdade e da liberdade, assegurando a proteção estatal a todas as formas de convivência familiar que expressem afeto e solidariedade.
II. Princípios Constitucionais
É imperativo ressaltar que a Constituição Federal consagra a dignidade da pessoa
humana como um dos fundamentos da República (artigo 1º, III), e, nesse contexto, o reconhecimento da união poliafetiva do trisal respeita a autonomia da vontade, a liberdade individual e a dignidade dos envolvidos. Ademais, a igualdade, consagrada no artigo 5º, caput, da Constituição Federal, veda qualquer discriminação, inclusive no âmbito das relações familiares. Portanto, não é cabível excluir do conceito de família as diversas formas de convivência que não se enquadram no modelo tradicional.
III. Conclusão e Dispositivo
Destarte, pelos termos asseverados e com espeque na fundamentação jurídica esposada, opina-se a manutenção da sentença que reconheceu a união poliafetiva do trisal. A interpretação evolutiva do ordenamento jurídico é crucial para acompanhar as transformações sociais, garantindo, assim, a efetividade dos princípios constitucionais e o respeito aos direitos fundamentais.
Os engenheiros do caos: Como as fake news, as teorias da conspiração e os algoritmos estão sendo utilizados para disseminar ódio, medo e influenciar eleições