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Autoria: Rubem Pinto de Melo, Erivana Santos Rosa Penedo, Ronaldo Pontes Moura
RESUMO
A partir da visão de Max Weber de que o problema central da burocracia não é organizacional
ou administrativo, mas sim político, e considerando que essa questão ainda não foi
definitivamente respondida pelas teorias pós-burocráticas de administração, em destaque a
administração pública gerencial, este artigo tem como objetivo demonstrar que a adoção de
uma gestão pública estratégica voltada para a efetividade dos programas governamentais pode
significar um importante elemento de equilíbrio na relação dicotômica entre política e
administração. Além desta questão dicotômica apresentada por Weber, este artigo aborda o
referencial teórico do pensamento estratégico, dividido em diferentes escolas, explorado por
Mintzberg, Ahlstrand e Lampel, bem como a metodologia do balanced scorecard -
desenvolvida por Kaplan e Norton, para identificar os principais temas estratégicos
orientadores da administração pública, agrupá-los em uma cadeia de relações de causa e efeito
e relacioná-los a diversas escolas de pensamento estratégico. O resultado é a construção de
um instrumento de gestão, configurado como um gabarito de mapa estratégico, no qual podem
ser organizados, em cinco diferentes perspectivas, os principais objetivos estratégicos da
organização interligados numa cadeia de relações de causa e efeito que conduzem à
efetividade do programa governamental.
INTRODUÇÃO
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ideal de Max Weber aos tempos atuais. O cerne da burocracia continua intacto. “[...] embora
muitos se queixem dos ‘pecados da burocracia’, seria ilusão imaginar que o trabalho
administrativo contínuo pudesse ser executado, em qualquer setor, sem a presença de
funcionários trabalhando em seus cargos” (WEBER, 1978).
Para Weber o problema central da burocracia não é organizacional ou administrativo,
mas político. Sua sociologia política evidencia os riscos da desintegração entre política e
administração, processo de inversão da racionalidade burocrática, cuja tendência ao
absolutismo burocrático ameaça a legitimidade do estado. Essa dicotomização entre política e
administração ocorre tanto pelo isolamento da administração em relação às premissas
valorativas da ação pública, quanto pelo seu reverso, a usurpação, pela administração, das
funções políticas. Os modelos pós-burocráticos de administração pública preconizados pela
revolução gerencial apresentam, embora de forma diferenciada, o mesmo caráter
dicotomizante entre política e administração típico da burocracia (MARTINS, 2006).
A ausência de uma resposta da administração pública gerencial ao conflito entre
política e administração não justifica, no entanto, a falta de ação. “No nível político, a
sociologia política de Weber aceita o conflito entre política e administração, razão substantiva
e instrumental, fatos e valores, como insolúvel, embora passível de equilíbrio mediante o
exercício efetivo da liderança política”. (MARTINS, 2006, [sem grifo no original]).
Em conseqüência, a afirmativa acima leva à formulação do seguinte problema: Uma
gestão pública de caráter gerencial, mesmo que não apresente solução para a dicotomia entre
política e administração, pode oferecer ao homem público, ocupante de cargo executivo,
ferramentas de gestão que permitam o exercício efetivo da liderança política e o auxiliem na
maximização dos resultados dos programas governamentais?
Com isso, esse estudo pretende investigar a possibilidade de equilíbrio na relação
conflituosa entre política e administração através de uma gestão pública estratégica como
método para se chegar à efetividade dos programas governamentais.
Para tanto, buscar-se-á a compreensão de diferentes conceitos de estratégia, bem como
uma metodologia para colocá-la em ação, e a identificação de temas estratégicos orientadores
da administração pública. O resultado pretendido é a proposta de um instrumento de aplicação
utilizando a tecnologia do Balanced Scorecard, no qual os temas estratégicos serão arranjados
sob diferentes perspectivas interligadas numa cadeia de relações de causa e efeito com o
objetivo de se alcançar a efetividade do programa governamental.
O Pensamento Estratégico
Até onde é factível uma gestão estratégica na administração pública? A resposta
dependerá do entendimento que se tem de estratégia.
Comumente, estratégia é definida como um plano. “[...] o conjunto dos grandes
propósitos, dos objetivos, das metas, das políticas e dos planos para concretizar uma situação
futura desejada, considerando as oportunidades oferecidas pelo ambiente e os recursos da
organização” (FERNANDES, 2005).
Essa é, no entanto, uma visão parcial da administração estratégica. Isto porque,
segundo Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000), estratégia é uma palavra inevitavelmente
definida de uma forma e freqüentemente utilizada de outra. Por essa razão, sua obra propõe
uma revisão do campo da administração estratégica, expondo seus diferentes ângulos,
orientações e tendências. Assim, estruturam sua pesquisa em três pilares básicos. Em primeiro
lugar, afirmam que a estratégia requer uma série de definições, cinco em particular, conforme
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ilustrado na Figura 1. A estratégia, desta forma, pode ser compreendida como um plano, um
padrão, um pretexto, uma posição ou uma perspectiva. Essas definições foram denominadas
de os “cinco P’s” da estratégia.
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Essas escolas dividem-se ainda em três agrupamentos. As três primeiras escolas
classificam-se como de natureza prescritiva. Preocupam-se mais em como as estratégias
devem ser formuladas do que em como elas são formuladas. As seis escolas seguintes
consideram aspectos específicos do processo de formulação da estratégia, preocupando-se
mais com a descrição de como as estratégias são, de fato, formuladas. O último grupo contém
apenas uma escola, a da configuração. Uma combinação das outras, essa escola busca a
integração de todas as facetas do pensamento estratégico (MINTZBERG, AHLSTRAND E
LAMPEL, 2000).
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O Balanced Scorecard e o Mapa Estratégico permitem traduzir a estratégia de uma
organização em indicadores, objetivos, medidas, metas e iniciativas de fácil entendimento
pelos membros da organização, proporcionando o alinhamento de todos à estratégia
(HERRERO, 2005).
Essa metodologia trabalha com o conceito de um sistema balanceado de mensuração que
tem o propósito de avaliar o desempenho organizacional sob quatro diferentes perspectivas:
financeira; dos Clientes; dos Processos Internos; e do Aprendizado e Crescimento.
Os objetivos estratégicos dessas quatro perspectivas são interligados numa cadeia de
relações de causa e efeito. Assim, o desenvolvimento e o alinhamento dos ativos intangíveis
Aprendizado e Crescimento são indutores de melhorias no desempenho dos processos,
perspectiva dos Processos Internos, que, por sua vez, impulsionam o sucesso para os Clientes
e acionistas Financeiro. (KAPLAN E NORTON, 2004).
O mapa estratégico serve para descrever a lógica da estratégia para toda a organização.
Mostra com clareza os objetivos dos processos internos críticos que criam valor para os
clientes e para os acionistas, bem como os ativos intangíveis necessários para respaldá-los. Já
o Balanced Scorecard traduz os objetivos do mapa estratégico em indicadores e metas.
(KAPLAN E NORTON, 2004).
A convergência dessa poderosa ferramenta de gestão aos princípios da administração
pública está em processo de consolidação, sendo praticada, inclusive, no Tribunal de Contas
da União - TCU (BRASIL, 2006b), responsável pelo controle externo dos gastos públicos, no
âmbito da União, fato que pode contribuir para a disseminação da ferramenta para outros
órgãos da jurisdição do TCU.
Neste estudo, esta tecnologia será utilizada para a proposição de um Mapa Estratégico
para a gestão de programas públicos alinhado com os conceitos e nas dez escolas de
pensamento estratégico reunidos por Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000).
Construção do Modelo
A construção do modelo teve início com a determinação dos objetivos que comporiam
cada perspectiva do Mapa Estratégico. Assim, optou-se por buscar no próprio setor público e
seu entorno, soluções para o problema de pesquisa.
Para isso, foi utilizado o brainwriting 6-3-5, uma ferramenta para geração de idéias
recomendável para pequenos grupos de até seis pessoas. A técnica consiste no seguinte:
1. Cada participante escreve três idéias em resposta ao problema proposto, no
tempo limite de cinco minutos;
2. É feito um rodízio dos papéis preenchidos e são dados mais cinco minutos para
a proposição de mais três idéias;
3. O processo se repete, em períodos de cinco minutos, até que todos os
participantes tenham preenchido todos os papéis e o rodízio se complete.
Foi então reunido, em workshop na cidade de Porto Velho-RO, um grupo de seis
profissionais composto por: dois servidores públicos federais; dois servidores públicos
estaduais; um consultor de empresas e um professor universitário. Além da experiência
profissional, todos os participantes são pesquisadores na área da administração pública.
Ao grupo foi apresentada a seguinte questão: Para Max Weber o problema central da
burocracia é a dicotomia entre política e administração. Segundo ele, haveria um conflito
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insolúvel entre os interesses da política e os da administração. Nesse sentido, que estratégias
poderiam ser adotadas pelo gestor público (político) para superar, ou ao menos equilibrar,
essa relação dicotômica no intuito de alcançar a eficiência e a efetividade na execução dos
programas governamentais?
Aplicado o brainwriting 6-5-3, cerca de uma centena de idéias foram apresentadas. O
passo seguinte foi organizar as idéias sugeridas. Para tanto, optou-se pelo diagrama de
afinidade. Com essa metodologia as idéias são reunidas em grupos de afinidade e cada grupo
é identificado por um tema central. O resultado desse procedimento foi a consolidação das
sugestões em oito temas fundamentais. Esses temas estão representados na Figura 3.
Os temas propostos coincidem, em grande parte, com conceitos que já vem sendo
pesquisados e desenvolvidos no âmbito da administração pública. Pode-se identificar, por
exemplo, sua semelhança com diversos critérios e itens adotados pelo Programa Nacional de
Gestão Pública e Desburocratização – GESPÚBLICA (BRASIL, 2006a), programa de gestão
baseado em sete critérios de excelência. Da mesma forma, são também temas recorrentes na
literatura sobre a Nova Gestão Pública – NGP (OSBORNE E GAEBLER, 1994), linha de
pensamento que busca a substituição do modelo burocrático da administração pública por
outro de caráter gerencial, baseado em modelos empresariais.
Liderança
Pessoas
Resultados
Gestão
Controle Estratégica de
programas
Social governamentais
Planejamento
Execução
Comunicação Orçamentária
Controle
Gerencial
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Construindo um Mapa Estratégico
Para a adoção deste valioso sistema pelo setor público algumas adaptações são
necessárias. Kaplan e Norton (2004) indicam que as organizações do setor privado, de
qualquer setor econômico, podem adotar como missão uma perspectiva financeira
homogênea: o aumento do valor para os acionistas. O mesmo não pode ser com as
organizações públicas. Estas abrangem um conjunto amplo e diversificado de missões. Por
isso devem definir seu impacto social e seus objetivos de maneira diferente.
Em decorrência disso, algumas perspectivas do Balanced Scorecard foram
readequadas para a construção deste modelo em atenção aos princípios e aos objetivos da
administração pública. Desta forma, no modelo proposto, a perspectiva financeira foi
convertida na perspectiva dos Resultados, a perspectiva dos Clientes passou a ser a
perspectiva da Sociedade e as perspectivas dos Processos Internos e do Aprendizado e
Conhecimento foram mantidas.
Mas, a maior inovação do modelo apresentado na figura 4 foi a inclusão da
perspectiva Poder e Política que deverá impulsionar as demais perspectivas para o alcance do
objetivo principal da gestão estratégica: a efetividade do programa público.
Ao distribuir os temas encontrados na Figura 3 sobre as cinco perspectivas propostas
chega-se ao modelo básico do Mapa Estratégico para Gestão de Programas Públicos, ilustrado
pela Figura 4. Esse modelo tem como objetivo a representação gráfica da orientação
estratégica do líder político empenhado na implementação dos programas de seu governo.
EFETIVIDADE DO PROGRAMA
CONTROLE SOCIAL
Sociedade
Relacionamento com a sociedade
Aprendizagem PESSOAS
e Crescimento Capacitação, avaliação e valorização dos servidores
LIDERANÇA POLÍTICA
Poder e Política
Exercício efetivo da liderança política
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Na dinâmica do modelo, as relações de causa e efeito são desencadeadas a partir da
atuação da liderança política na condução da relação conflituosa entre política e administração
que ocorre na perspectiva do Poder e Política. A ação da liderança política impulsionará,
então, o desempenho das pessoas (servidores públicos) na perspectiva do Aprendizado e
Crescimento. As pessoas, por sua vez, serão indutoras de melhoria nos processos que
ocorrem na perspectiva dos Processos Internos. Em razão disso, a eficiência e eficácia dos
processos internos serão identificadas pelo controle do cidadão na perspectiva da Sociedade
que, finalmente, refletirá no desempenho do programa – perspectiva dos Resultados, obtendo-
se ao final a efetividade do programa.
Os temas estratégicos de cada perspectiva do mapa estratégico proposto na figura 4
situam-se no contexto da mudança paradigmática de uma administração pública burocrática
auto-referida (MATIAS-PEREIRA, 2007) para uma administração pública gerencial, voltada
para o cidadão e para a obtenção de resultados. Devem, ainda, ser analisados a partir de uma
visão mais crítica e ampliada da administração estratégica. Para isso se analisará cada
perspectiva do Mapa Estratégico tendo como referência os Cinco P’s da estratégia, os
conceitos de estratégia deliberada e estratégia emergente, além dos fundamentos de dez
escolas de estratégia identificadas por Henry Mintzberg, Bruce Ahlstrand e Joseph Lampel
(2000).
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Poder de Coerção Baseado no temor.
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perspectivas que dão forma à maneira pela qual as pessoas lidam com informações vindas do
ambiente (MINTZBERG, AHLSTRAND E LAMPEL, 2000).
A segunda escola, e ainda mais importante, é a escola do aprendizado. Nessa escola
observa-se a importância do conceito de estratégia emergente.
[...] o conceito de estratégia emergente abre a porta para o aprendizado estratégico,
porque reconhece a capacidade da organização para experimentar. Uma ação isolada
pode ser empreendida, o feedback pode ser recebido e o processo pode prosseguir
até a organização convergir sobre o padrão que passa a ser sua estratégia.
(MINTZBERG, AHLSTRAND E LAMPEL, 2000, p. 143).
Ao contrário da estratégia deliberada que focaliza o controle – certificando-se de que
as intenções gerenciais são realizadas em ação, a estratégia emergente focaliza o aprendizado.
Assim, para essa escola “[...] as estratégias emergem quando as pessoas, algumas vezes
atuando individualmente mas na maioria dos casos coletivamente, aprendem a respeito de
uma situação tanto quanto a capacidade de sua organização de lidar com ela”. (MINTZBERG,
AHLSTRAND E LAMPEL, 2000, p. 134). Nesse sentido, o processo de formação da
estratégia pode receber contribuições de pessoas informadas de qualquer parte da
organização.
Outra escola que também pode contribuir no processo de formação da estratégia na
administração pública é a chamada escola cultural. Nela a estratégia é resultado de um
processo de interação social, baseado nas crenças e nas interpretações comuns aos membros
de uma organização (MINTZBERG, AHLSTRAND E LAMPEL, 2000, p. 134).
Coloque o poder diante de um espelho e a imagem invertida que você vê é a cultura.
O poder toma a entidade denominada organização e a fragmenta; a cultura junta uma
coleção de indivíduos em uma entidade integrada chamada organização. De fato,
aquele focaliza principalmente o interesse próprio e esta, o interesse comum.
(MINTZBERG, AHLSTRAND E LAMPEL, 2000, p. 194).
De fato, o político não pode de forma alguma ignorar a estrutura e a cultura da
organização. O ideal é que busque compreendê-las e, se não for possível, utilizá-las a seu
favor. Os criadores do balanced Scorecard já identificaram que a estrutura é provavelmente o
maior empecilho à mudança nas empresas. Para David Norton:
As empresas estão aceitando sua organização como ela é, pois existem razões para
que seja assim, e há muita coisa boa nisso. Em vez de brincar com a estrutura, estão
brincando com o sistema. Essas empresas estão definindo um processo de
planejamento que se encaixa na organização existente, um sistema de incentivos que
permeia a organização. Então, tudo sobre gestão de estratégia que observamos nessa
companhias de sucesso – e escrevemos sobre isso - é basicamente uma maneira de
se entranhar nas tradicionais estruturas de poder, de atravessar os silos e feudos, sem
mudar nada. O alinhamento é realmente a abordagem da organização. (NORTON,
2007, p.107).
O gestor público deve ter a capacidade de compreender que uma alteração
significativa na orientação estratégica da organização dificilmente se concretizará a partir de
um esforço formal de planejamento. A resistência da burocracia ocorre justamente devido à
imposição de um planejamento que não corresponde ao que realmente ocorre na organização.
O que as escolas, cognitiva, de aprendizado e cultural demonstram é que não pode haver uma
separação entre formulação e implementação, entre pensar e agir. Um caminho para a gestão
pública estratégica, principalmente em relação aos ativos intangíveis, é a identificação de
padrões de comportamento que funcionam e o alinhamento da organização a essa estratégia.
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Esta perspectiva apresenta temas estratégicos que devem impulsionar a organização na
direção de resultados voltados para a sociedade. Na administração pública essa perspectiva
tem sua tradução explícita na definição do princípio da eficiência introduzido no caput do art.
37 da Constituição Federal por meio da Emenda Constitucional n.º 19, de 4 de junho de 1998.
Para Alexandre de Moraes (1999, p. 294):
O princípio da eficiência é aquele que impõe à Administração Pública direta e
indireta e a seus agentes a persecução do bem comum, por meio do exercício de suas
competências de forma imparcial, neutra, transparente, participativa, eficaz, sem
burocracia e sempre em busca da qualidade, primando pela adoção dos critérios
legais e morais necessários para a melhor utilização possível dos recursos públicos,
de maneira a evitar-se desperdícios e garantir-se uma maior rentabilidade social.
No setor público o instrumento mais importante aplicado na busca dessa eficiência é o
processo de planejamento e orçamento. Para Giacomoni (2001) a integração entre plano
plurianual e orçamento anual é explicitada por meio do papel cumprido pela Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO) que, além da função de orientar a elaboração dos orçamentos anuais,
destaca do Plano Plurianual (PPA) as prioridades e as metas a serem executadas no orçamento
anual. A figura 6 busca representar esse processo.
ELABORAÇÃO DA PROPOSTA
ORÇAMENTÁRIA ANUAL - LOA
EXECUÇÃO
ORÇAMENTÁRIA
DISCUSSÃO, VOTAÇÃO E
APROVAÇÃO DA LEI
ORÇAMENTÁRIA
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As considerações sobre a escola de aprendizagem apresentadas na perspectiva dos
ativos intangíveis também devem ser observadas em relação aos temas estratégicos da
perspectiva dos processos internos. O desafio do líder deve ser buscar uma execução
orçamentária mais eficiente, se possível fazendo uso das estratégias emergentes na
organização. A sua consistência pode gerar padrões que acabarão por influenciar a elaboração
do orçamento anual seguinte e, assim, conseguir uma aproximação maior entre o
planejamento e a execução do orçamento. Nesse sentido, além do uso adequado de
ferramentas de controle gerencial, o líder deve fazer uso de uma comunicação eficiente com
os chamados stakeholders, ou seja, todos aqueles com interesse ou participação no programa,
sejam eles internos ou externos.
Perspectiva da Sociedade
A cultura do controle social no Brasil ganhou impulso, principalmente, a partir da
reforma gerencial do aparelho do Estado em 1995. Parte da tentativa de substituição de uma
administração burocrática auto-referida por uma administração pública gerencial orientada
para o cidadão e para a obtenção de resultados.
O objetivo é construir um Estado que responda às necessidades de seus cidadãos; um
Estado democrático, no qual seja possível aos políticos fiscalizar o desempenho dos
burocratas e estes sejam obrigados por lei a lhes prestar contas, e onde os eleitores
possam fiscalizar o desempenho dos políticos e estes também sejam obrigados por
lei a lhes prestar contas. (BRESSER PEREIRA, 2003, p. 36).
Nesta mesma direção Matias Pereira (2002) entende que o principal propósito da
reforma gerencial é o de assegurar os mecanismos necessários ao aumento da eficácia,
eficiência e efetividade da administração pública. Acrescenta, também, a necessidade de
tornar mais democrática a relação entre o Estado e a sociedade. Para ele “[...] a questão da
transparência das ações governamentais surge como uma prática indispensável para o
fortalecimento da democracia, bem como de legitimação do esforço de modernização da
administração pública, especialmente nas questões que envolvem os resultados e a
responsabilidade dos funcionários”. (MATIAS PEREIRA, 2002, p.7).
Em virtude desta mudança de paradigma de uma administração pública burocrática
voltada para o processo e seus próprios interesses para uma administração pública gerencial
em que o foco passa a ser o cidadão, evidentemente o controle social passa a ser um fator de
elevada importância na gestão estratégica da organização. Assim, a comunicação institucional
torna-se um elemento de ligação entre o Estado e a sociedade, permitindo a esta maior
conhecimento das atividades que o Estado empreende para atender às suas demandas, a
relevância dessas medidas e a efetividade dos resultados obtidos.
Elemento presente no ordenamento jurídico do país, o controle social pode apresentar,
no entanto, características negativas a uma gestão estratégica. A disfuncionalidade mais
importante que acomete o sistema de controle social, principalmente quando ele é exercido
por conselhos representativos da sociedade, é a ocupação desses conselhos por membros de
partidos políticos. Então, os interesses defendidos não são mais os da sociedade em geral, mas
sim de grupos políticos que podem até inviabilizar a execução de um programa.
Outro risco que se corre é a utilização do conceito de controle social para transferir
para a sociedade as funções próprias do Estado. Neste sentido Francisco Longo expressa sua
preocupação ao ser questionado sobre o papel do controle social sobre a gestão:
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[...] gostaria de dizer algo que vai contra a corrente de certas idéias sobre
participação social, especialmente na América Latina. Melhorar a gestão pública é
tarefa dos governos. Se os governos não o fazem, igualmente não o fará a sociedade
civil. Não podemos utilizar o controle social como mecanismo para eximir os
governos de suas responsabilidades. Em países castigados pelo mau governo, pela
corrupção, pela captura do Estado, existe um estado de ânimo que estimula um certo
tipo de pensamento: “com esses políticos, com esses mecanismos, com essas classes
políticas não há nada a fazer; temos de criar os mecanismos de controle social, de
pressão”. Defendo que, apesar de tudo, a solução é continuar apostando em melhores
governos. O que eu quero dizer é que o contrário de uma má representação política é
uma boa representação política, e não a participação social. As democracias
modernas são democracias representativas. Os mecanismos de transparência, de
prestação de contas e de controle social são extremamente valiosos e importantes,
mas não substituem os mecanismos básicos (LONGO, 2007).
Uma gestão estratégica orientada para o cidadão não pode prescindir do controle social
como referência de efetividade de suas ações. No entanto, o gestor deve ter o cuidado para,
em virtude desta orientação, não transferir responsabilidades da sua administração para a
sociedade e muito menos ter a orientação estratégica de sua gestão prejudicada por influências
partidárias nos conselhos sociais.
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e Kaplan (2004, p. 55) “O Mapa Estratégico descreve a lógica da estratégia, mostrando com
clareza os objetivos dos processos internos críticos que criam valor e os ativos intangíveis
necessários para respaldá-los. O Balanced Scorecard traduz os objetivos do Mapa Estratégico
em indicadores e metas”. Para eles, não se pode gerenciar o que não se pode medir. E, não se
pode medir o que não se pode descrever. Essa expressão é traduzida na equação:
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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nacional de Gestão Pública e desburocratização – GESPÚBLICA: Instrumento para
avaliação da gestão pública - Ciclo 2006. Brasília, 2006.
COSTA, Frederico Lustosa da, CASTANHAR, José Cezar. Avaliação de programas públicos:
desafios conceituais e metodológicos. RAP – Revista de Administração Pública, Rio de
Janeiro, v. 37, n. 5, p. 969-992, set./out. 2003.
LONGO, Francisco. A hora e a vez das pessoas. Revista SP.Gov versão eletrônica. n. 5.
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2007.
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MARTINS, Humberto Falcão. Burocracia e Revolução Gerencial – A Persistência da
Dicotomia entre Política e Administração-. Revista Eletrônica sobre a Reforma do Estado,
Salvador, n.º 6, junho/julho/agosto, 2006. Disponível em:
<http://www.direitodoestado.com.br >. Acesso em 19 de outubro de 2006.
NORTON, David. “O alinhamento em primeiro lugar”. In: HSM Management. São Paulo, v.
3. n. 62, a. 11, p. 106-112, mai./jun. 2007.
TROSA, Sylvie. Gestão Pública por Resultados: quando o Estado se compromete. Rio de
Janeiro : Revan; Brasília, DF : ENAP, 2001.
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