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ISSN: 2525-8761
RESUMO
Muitos agricultores da região amazônica utilizam a secagem natural, processo oneroso e
que compromete a qualidade do produto. Portanto, o objetivo da presente pesquisa foi
verificar as melhores condições de secagem artificial das sementes de cacau, em função
de diferentes tempos (6, 12 e 18 horas) e temperaturas (30°, 45° e 55°C) a fim de obter
amêndoas de melhor qualidade. Ainda, conhecer a energia necessária para execução dos
diferentes métodos de secagem, considerando a potência, potência específica energética,
quebra de peso e tempo de utilização do protótipo secador. O estudo foi realizado no
laboratório da Universidade Federal Rural da Amazônia no Campus de Tomé- Açu/PA,
com sementes obtidas na região. A secagem das sementes foi executada com protótipo
secador considerando as temperaturas de (30°, 45° e 55°C), com uso de um termômetro
eletrônico, tempos de secagem (6, 12 e 18 horas) e fluxo de ar de 45°. Além disso,
utilizado o parâmetro teor de água nas sementes ideal a 8%. Por fim, verificada a energia
e os custos para secagem das amêndoas. Logo, com tarifa de energia no município de
Tomé-Açu/PA por 0,67 centavos, o custo de energia obtido foi de R$ 2,96; 5,92 e 8,88,
respectivamente. A secagem artificial que obteve valores próximos a 8% foi (55°C/18 h),
com média de 10,96% de água nas amêndoas. Mas outras alternativas podem ser
utilizadas ao alterar temperatura e/ou fluxo de ar. Assim, o consumo específico de energia
para (55°C/18h) foi de 7,2 %. Ademais, os dados coletados foram importantes para
melhoria de condições pós-colheita do cacau.
ABSTRACT
Many farmers in the Amazon region use natural drying, an expensive process that
compromises the quality of the product. Therefore, the objective of the present research
was to verify the best conditions for artificial drying of cocoa seeds, depending on
different times (6, 12 and 18 hours) and temperatures (30°, 45° and 55°C) in order to
obtain best quality almonds. Also, to know the energy needed to perform the different
drying methods, considering the power, specific energy power, weight loss and time of
use of the dryer prototype. The study was carried out in the laboratory of the Universidade
Federal Rural da Amazônia on the Campus of Tomé-Açu/PA, with seeds obtained in the
region. Seed drying was performed with a prototype dryer considering temperatures (30°,
45° and 55°C), using an electronic thermometer, drying times (6, 12 and 18 hours) and
air flow of 45°. In addition, the ideal seed water content parameter at 8% was used.
Finally, the energy and costs for drying the almonds were verified. Therefore, with an
energy tariff in the municipality of Tomé-Açu/PA for 0.67 cents, the energy cost obtained
was R$ 2.96; 5.92 and 8.88, respectively. The artificial drying that obtained values close
to 8% was (55°C/18 h), with an average of 10.96% of water in the almonds. But other
alternatives can be used when changing temperature and/or air flow. Thus, the specific
energy consumption for (55°C/18h) was 7.2%. Furthermore, the data collected were
important for improving post-harvest conditions for cocoa.
1 INTRODUÇÃO
O cacau (Theobroma cacao L.) pertence à família Malvaceae e representa
importância mundial para comercialização e produção de chocolate (APROTOSOAIE et
al., 2016), sendo geralmente cultivado no oeste da África, América Latina e Sudeste da
Ásia (ABT et al., 2018).
Quanto as propriedades do cacau, o estudo de Aprotosoaie et al. (2016) atribui a
crescente demanda de cacau ao sabor agradável e propriedades sensoriais das amêndoas.
No entanto, o sabor das amêndoas pode ser influenciado pelo genótipo da espécie, tipo
de solo, idade da planta, condições pós-colheita como: acondicionamento da polpa,
fermentação, secagem e processos industriais como a torrefação (KONGOR et al., 2016).
Nesse contexto, uma das culturas perenes mais cultivadas na região norte do
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 LOCAL DE ESTUDO
O presente estudo foi realizado durante o segundo semestre de 2019, no
laboratório da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Campus de Tomé-
Açu/PA, com coordenadas geográficas de 02°24’15’’S e 48°09’51’’W.
Segundo a classificação de Köppen o tipo climático é Ami, com média anual
pluviométrica de 2.300 mm, temperatura média anual de 26,4 °C e umidade relativa do
ar média 85% anual (PACHÊCO et al., 2009).
E=Pot x T (1)
De acordo com Silva, Lopes e Melo (2015) foi avaliada a quebra de peso
relacionada a variação de umidade (PQ) e o consumo específico de energia (CEE),
expresso em kJ kg-1, na equação (3 e 4):
𝑈𝑖−𝑈𝑓
PQ= 100−𝑈𝑓 x 100 (3)
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com os dados obtidos observou-se que em função do tempo de utilização do
equipamento (6, 12 e 18 h), a energia consumida foi de 4,4; 8,8 e 13,23 kWh,
respectivamente. Em virtude da tarifa de 0,67 centavos, o custo de energia foi de R$ 2,96;
5,92 e 8,88, respectivamente. No entanto, também é importante verificar se as amêndoas
foram secas adequadamente durante os tempos de secagem determinados.
No município de Tomé-Açu é adotada a secagem ao ar natural pelos produtores,
com manejo das amêndoas a pleno sol geralmente sobre lonas, com duração em média de
5 dias. No entanto, o estudo por uma proporção propõe a secagem artificial em menos de
24 horas, verificando que obteve valores próximos ao parâmetro recomendado de 8% a
secagem de 55 °C durante 18 horas, com média de 10,96% de água nas amêndoas, como
exposto na Tabela 1.
Tabela 1 - Valores de massa inicial (Mi) e massa final (Mf), em g; número de amêndoas (N.s.); teor de
água (T.a.), %; quebra de peso (PQ), kg e custo específico de energia (CEE), kJ kg-1, para amêndoas de
cacau secas a 55 °C em Tomé-Açu, 2019.
Tratamentos Mi Mf N.s. T.a. PQ CEE
55 °C / 6h 1500 866 661 15,64 486,50 32,64
55 °C / 6h 1500 840 680 15,45 666,13 23,84
55 °C / 12h 1500 731 648 12,64 418,27 75,93
55 °C / 12h 1500 706 677 12,79 502,41 63,21
55 °C / 18h 1500 593,27 659 10,90 590,89 80,62
55 °C / 18h 1500 582 675 11,03 741,32 64,26
Fonte: (Os autores, 2019).
Esse tipo de secagem artificial pode apresentar vantagens segundo Maisnam et al.
(2017) diante a secagem natural, ao considerar condições meteorológicas e o reduzido
desempenho operacional do processo. Ainda, o processo de secagem natural é oneroso,
com duração de 5 a 7 dias para fermentação (ENGELHARDT; ARRIECHE, 2016) e
secagem de 4 a 5 dias (SALES; CÂNDIDA, 2016), pode ser acelerado, com possíveis
melhores condições pós-colheita, agregando maior qualidade ao produto comercializado,
uma vez que os métodos artificiais podem retirar eficientemente a grande quantidade de
água do produto (MAISNAM et al., 2017), como demonstra a fotografia 3.
Tabela 2 - Valores de massa inicial (Mi) e massa final (Mf), em g; número de amêndoas (N.s.); teor de
água (T.a.), %; quebra de peso (PQ), kg e custo específico de energia (CEE), kJ kg-1, para amêndoas de
cacau secas a 45 °C em Tomé-Açu, 2019.
Tratamentos Mi Mf N.s. T.a. PQ CEE
45°C/6h 1500 938 649 17,32 447,72 35,47
45°C/6h 1500 797 676 14,42 588,53 26,98
45°C/12h 1500 709 666 12,63 727,43 43,66
45°C/12h 1500 775,94 548 11,35 755,48 42,04
45°C/18h 1500 670 664 12,00 357,95 133,09
45°C/18h 1500 658 672 11,97 665,04 71,63
Fonte: (Os autores, 2019).
Tabela 3 - Valores de massa inicial (Mi) e massa final (Mf), em g; número de amêndoas (N.s.); teor de
água (T.a.), %; quebra de peso (PQ), kg e custo específico de energia (CEE), kJ kg-1, para amêndoas de
cacau secas a 30 °C em Tomé-Açu, 2019.
Tratamentos Mi Mf N.s. T.a. PQ CEE
30°C/6h 1500 1011 683 20,95 456,34 34,80
30°C/6h 1500 1000 659 19,77 228,66 69,45
30°C/12h 1500 921 657 17,02 560,01 56,71
30°C/12h 1500 934,45 657 17,43 682,56 46,53
30°C/18h 1500 784 694 14,54 657,51 72,45
30°C/18h 1500 758 674 13,63 423,30 112,54
Fonte: (Os autores, 2019).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A secagem artificial que atingiu teor de água próximo a 8% foi a 55°C durante
18 horas de secagem, com média de 10,96% de água nas amêndoas;
As sementes secas em menor tempo e temperatura de 30°C por 6 horas propiciou
a proliferação de fungos;
O consumo específico de energia para 55°C durante 18h de secagem foi de 72,44
kJ kg-1, ou seja, 7,2% de energia consumida.
REFERÊNCIAS
ABT, E.; SAM, J. F.; GRAY, P.; ROBIN, L. P. Cadmium and lead in cocoa powder and
chocolate products in the US Market, Food Additives & Contaminants: Part B, [S.I.],
v. 11, n. 2, p. 92-102, 2018.
KONGOR, J. E.; HINNEH, M.; WALLE, D. V.; AFOAKWA, E. O.; BOECKX, P.;
DEWETTINCK, K. Factors influencing quality variation in cocoa (Theobroma cacao)
bean flavour profile — A review. Food Research International, [S.I.], v. 82, p. 44-52,
2016.
MAISNAM, D.; RASANE, P.; DEY, A.; KAUR, S.; SARMA, C. Recent advances in
conventional drying of foods. Journal of Food Technology and Preservation, London,
v. 1, p. 25-34, 2017.
MARTINS, J. M.; SANTOS, J. H. F.; SILVA, W. S.; SILVA, V. B.; ARRUDA, J. A. P.;
NASCIMENTO, J. A. R.; DORTAS, L. C.; FREITAS, A. J.; RAMOS, A. A. Melhoria
da Qualidade de Cacau. Ilhéus: CEPLAC/CENEX. p. 48, 2011.
ULLMANN, R.; RESENDE, O.; SALES, J. F.; CHAVES, T. H. Qualidade das sementes
de pinhão manso submetidas à secagem artificial. Revista Ciência Agronômica, Ceará,
v. 41, n. 3, p.442-447, 2010.
SILVA, J. N.; LOPES, R. P.; MELO, E. C. Energia na secagem do café. In: BORÉM,
F.M. (Ed.). Pós-Colheita do café. Lavras: UFLA, 2015, p. 245-299.