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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ABAETETUBA

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA LINGUAGEM

CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS-LÍNGUA PORTUGUESA

ALESSANDRA MONTEIRO
ÂNGELA DA SILVA OLIVEIRA
ELISANGELA CUNHA SARDINHA
EVANDERSON ROCHA BATISTA
MANOELA CORREA FERREIRA
RAYANE QUARESMA VALENTE

POLICITICAMENTE CORRETE
Discursos do que foi e o que é

ABAETETUBA
2024
Princípio do termo “politicamente correto”

Nos anos 70, nos Estados Unidos, surgiu um movimento cultural que buscava
promover a inclusão e a igualdade para grupos historicamente marginalizados, impulsionando
o discurso do politicamente correto. Esse movimento se fortaleceu nas décadas de 80 e 90
com discussões sobre linguagem e atitudes consideradas ofensivas ou discriminatórias. A
preocupação com o uso de termos respeitosos e não discriminatórios em relação a gênero,
raça, sexualidade e outros grupos tornou-se uma questão importante na sociedade,
influenciando o discurso público e as práticas sociais.
Primeiramente, o discurso do politicamente correto pode ser compreendido como
uma forma de exercício de poder, uma vez que busca regular a linguagem e as práticas
sociais em relação a grupos historicamente marginalizados. Nesse sentido, o movimento do
politicamente correto pode ser interpretado como uma tentativa de influenciar e controlar o
que pode ser dito publicamente e como as pessoas devem se comportar em relação a questões
de gênero, raça, sexualidade e outras identidades.
Além disso, o discurso do politicamente correto pode ser entendido como parte do
processo de formação de identidade, uma vez que busca redefinir e valorizar a forma como
determinados grupos são representados e tratados na sociedade. Assim, as práticas e
linguagens ditas corretas contribuem para a construção de novas formas de identidade e
subjetividade.
Por fim, a análise de Foucault sobre poder e discurso facilita a compreensão de como
as práticas do politicamente correto estão enraizadas em relações de poder e em disputas por
representação e significado. Através do estudo do discurso do politicamente correto à luz das
teorias de Foucault, é possível fazer um exame mais aprofundado das dinâmicas de poder,
controle e resistência que permeiam essas práticas e como elas podem influenciar na
construção e transformação das identidades sociais.
Por outro lado, Sírio Possenti, em seu estudo intitulado “A linguagem politicamente
correta e a análise do discurso”, apresenta uma perspectiva diferente em relação ao assunto. O
autor argumenta que, em alguns momentos, o movimento pelo comportamento politicamente
correto comete equívocos em relação à linguagem, o que pode acarretar em diversas
problemáticas, tais como críticas a certas obras por “supostamente” promoverem estereótipos,
e a própria censura. Possenti defende a necessidade de se encontrar um equilíbrio entre a
promoção da diversidade e a liberdade de expressão.
Politicamente correto na literatura:

Ao analisar o tema "Politicamente Correto na Literatura”, podemos destacar como as


obras dos irmãos Grimm foram readaptadas para contos infantis, evidenciando mudanças no
discurso para evitar mensagens prejudiciais. De acordo com Joanildes Fellipe (2007), essa
temática desperta atenção, pois, autores contemporâneos apresentam tendências a utilizar
uma linguagem diferenciada nas histórias infantis para adaptá-las à realidade atual. O caso
que será analisado é um exemplo claro desse fenômeno, em que os editores da nova versão
dos livros de Ronald Dahl, "A Fantástica Fábrica de Chocolate" e "Matilda," decidiram
remover quaisquer comentários que poderiam ser considerados ofensivos, como comentários
relacionados ao gênero, aparência e peso dos personagens. Essa abordagem suscita duas
perspectivas que foram analisadas por Possenti (1996): A preocupação legítima com a
disseminação do preconceito nas narrativas, e a necessidade de equilibrar isso com a crítica à
censura, o que destaca os desafios inerentes ao debate sobre o politicamente correto na
literatura.
Segundo uma matéria da BBBC News Brasil (2023) sobre a nova edição, diversas
mudanças foram feitas nos dois clássicos, entre elas estão: O personagem Augustus Gloop, de
A Fantástica Fábrica de Chocolate, agora é descrito como "enorme" ao invés de "fat" (gordo).
As palavras "louco" e "desequilibrado" foram retiradas por causa da preocupação com a
saúde mental. Foram acrescentados termos com gênero neutro, os Oompa Loompas agora
serão chamados de “Pessoas pequenas”.

Diante desse cenário, ocorreram divergências de opinião. “Parte da opinião pública


mostrou concordar com as mudanças, mas muitos se manifestaram contra.” (BBC News
Brasil, 2023). O escritor Salman Rushdie criticou a mudança em seu Twitter, dizendo que
"Roald Dahl não era um anjo, mas isso é uma censura absurda". O que demonstra a
perspectiva de Possi sobre o assunto, a de que o politicamente correto possa acarretar à
limitação da liberdade de expressão. Em seguida, a poetisa e autora indiano-britânica Debjani
Chatterjee mostrou uma opinião contrária, dizendo que é "uma coisa muito boa que os
editores estejam revisando seu trabalho".
Em linhas gerais, o ponto de vista dos escritores e profissionais da área relevou-se
variado. No entanto, a recepção do público em relação ao assunto foi predominantemente
negativa. Os comentários a seguir foram retirados de uma publicação no Twitter do “Jornal O
Globo”, que abordava a temática.

Imagem 3:

Fonte: Twitter, 19 fev , 2024.

Este comentário sugere uma solução para lidar com conteúdo ofensivo, propondo a
inclusão de prefácios ou posfácios que sirvam para contextualizar as obras e forneçam
ensinamentos sobre as questões abordadas, em vez da alteração do conteúdo original.

Imagem 4:

Fonte: Twitter, 19 fev , 2024.

Esse comentário reflete uma minimização das questões levantadas sobre a linguagem
e conteúdo das obras. A expressão "mimimi" é pejorativa e indica uma desvalorização das
críticas, o que sugere uma atitude de indiferença ou desdém em relação à nova.

Imagem 5:
Fonte: Twitter, 19 fev , 2024.

Essa opinião expressa uma visão crítica e sarcástica, o que sugere uma desconfiança
em relação às intenções por trás dessas mudanças, interpretando-as como uma tentativa de
controle em relação ao pensamento das pessoas. Além disso, faz uma associação política ao
atribuir as mudanças à "esquerda", indicando uma polarização ideológica e política.

Imagem 6:

Fonte: Twitter, 19 fev , 2023.

A afirmação leva a percepção de censura nas alterações feitas nos livros. Indicando
uma preocupação com a liberdade de expressão e sugerindo que as mudanças podem ser
interpretadas como uma tentativa de controlar ou limitar o conteúdo das obras originais.

Análise do uso politicamente correto na Internet

O politicamente correto na internet refere-se ao modo como as pessoas se comunicam


online de maneira respeitosa e sensível em relação a questões de gênero, raça, etnia,
orientação sexual, deficiência, entre outros aspectos que possam gerar discriminação ou
ofensas. Isso pode incluir o uso de linguagem inclusiva, a consideração dos sentimentos e
perspectivas de outras pessoas, e a conscientização sobre o impacto de certas palavras e
ações. O objetivo do politicamente correto na internet é promover um ambiente virtual mais
acolhedor, onde todos se sintam respeitados e representados. Como mostra o exemplos
abaixo:

Imagem 7
Fonte: Facebook 19 fev, 2024.

Imagem 8

Facebook. 19, fev. 2024

Referências:
Felipe, Joanildes. "O lobo mau que é bom: a re-versão do mito nas histórias infantis."
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem (2007).

POSSENTI, Sírio. A linguagem politicamente correta e a análise do discurso. Rev. Est Ling, Belo
Horizonte, v.2, p. 125-142, jul/dez. 1995.

YOUNGS, Ian; GLYNN, Paul. A polêmica decisão de reescrever trechos de livros de autor da
'Fantástica Fábrica de Chocolate. BBC News Brasil, 22 fev. 2023. Disponível em:
https://www.bbc.com/portuguese/articles/cv238vp57p5o. Acesso em: 21 fev. 2024.
ZANARDI, Reinaldo César; MACHADO, Rosemeri Passos Baltazar. Efeitos de sentido em charges: um
estudo sobre o politicamente correto. Fórum Linguístico, v. 15, n. 3, p. 3180-3191, jul./set. 2018.
DOI: http://dx.doi. Org/10.5007/1984-8412.2018v15n3p3180.

Imagem 1: autoria própria. Acesso em: 19, fev. 2024

Imagem 2: autoria própria. Acesso em 19, fev. 2024

Imagem 3: https://twitter.com/Rodger60177005/status/1627452467561566210?s=19. Acesso em:


22 fev. 2024.

Imagem 4: https://twitter.com/celsoandrdesou1/status/1627449415211384833?s=19. Acesso em:


22 fev. 2024.

Imagem 5: https://twitter.com/thiago7cv/status/1627449078735900673?s=19. Acesso em: 22 fev.


2024.

Imagem 6: https://twitter.com/andressateodoro/status/1627466851595784192?s=19. Acesso em:


22 fev. 2024

Imagem 7: https://www.facebook.com/deficienciaemfocooficial/photos/a.723807567810875/90893
. Acesso em: 22 fev., 2024.

Imagem 8: https://www.facebook.com/deficienciaemfocooficial/photos/a.72807567810875/908935
. Acesso em: 22 fev. 2024

Imagem 9: https://www.google.com/imgres?imgurl=x-rawimage. Acesso em: 21 fev. 2024

Imagem 10: https://pt.quora.com . Acesso em: 21, fev. 2024

Imagem 11: https://pin.it/23ANcwfTC . Acesso em 19, fev.2024

Imagem 12: https://pin.it/6GTZxgh8 . Acesso em 19, fev. 2024.

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