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No dia 4 de junho de 2021, ocorreu uma Assembleia Intersetorial, que chegou a ter a
presença de 137 presentes, com representantes do SINTUSP, Levante Indígena, Pode Contar,
Coletivo de RDs, DCE, CAII, coletivo Escuta Preta, Atléptica, Histeria, Cursinho da Psico,
coletivo Aurora Furtado, Rede Não Cala e LANPP, e foi aprovada a suspensão das atividades
didáticas e dispensa dos funcionários para participação do movimento entre os dias 9 e 11
junho. Essa carta busca formar uma síntese das discussões e encaminhamentos construídos
coletivamente ao longo dos três dias.
O primeiro dia de suspensão foi marcado por discussões a respeito do tema luto e
sofrimento no espaço universitário. Contou com a participação dos docentes do IPUSP Maria
Júlia Kovacs e Pablo Castanho , além de uma roda de conversa entre docentes, discentes e
funcionários do Instituto. Maria Júlia aponta a necessidade de se pautar a questão da morte e
principalmente do suicídio na graduação - tema que carece na grade curricular. É importante
pautar que tipo de cuidado e acolhimento devem e podem ser oferecidos para o indivíduo em
sofrimento. Nesse sentido, é marcante a falta de clareza que se tem a respeito dos dados de
suicídios e tentativas no contexto da Universidade de São Paulo, o que dificulta o trabalho
com ações preventivas. Outro ponto destacado é a multifatoriedade do suicídio: não se
resume a um motivo, mas deve-se destacar o impacto das condições da moradia estudantil no
agravamento do sofrimento psíquico. O Professor Pablo traz à luz o Plano de Acolhimento
Estudantil que vem sendo elaborado em conjunto com a Comissão de Graduação. Destaca a
crise de pertencimento e os problemas acarretados com ela, bem como o mal-estar na
sociedade e a necessidade de se pensar pertencimento e acolhimento de maneira diferente nos
tempos atuais. Ressalta a importância de fortalecer laços de pertencimento tanto no CRUSP
como na USP de maneira geral. Essa colocação ganhou corpo na roda de conversa a tarde, em
relatos de isolamento, na necessidade de maior contato das turmas mais jovens com veteranos
e dos estudantes em geral com os professores, e na expressão de funcionários de que sua
categoria não se sente integrada e não se reconhece no IP, e que pouco se fala sobre isso ou há
pouca abertura para serem ouvidos. Outras questões se mostraram determinantes desse
cenários, como sobrecarga generalizada, precarização, hierarquização das relações e pouca
abertura democrática, limitações de permanência e a insuficiência das ações afirmativas, falta
de espaço de convívio, entre outros.
O terceiro dia de paralisação trouxe como tema central a existência de redes nos
equipamentos de saúde mental que são disponibilizados à comunidade USP - ou a falta delas.
Com a presença das convidadas Henriette, professora decana do IPUSP e antiga
coordenadora do CEIP, e da Selene, assistente social do CEIP, ambas com longo histórico de
atuação junto aos nossos serviços. A organização do evento teve importante papel do
Coletivo de Representantes Discentes, a partir do questionamento a respeito da participação
do Instituto na saúde mental da comunidade, tendo em vista a criação do Escritório de Saúde
Mental, que foi criado em um contexto bastante semelhante com o que desencadeia essa
suspensão. As questões levantadas em 2018 seguem sem respostas, não sendo claro qual o
funcionamento ou o papel desse equipamento e de que forma ele se relacionaria, ou se
diferenciaria, com os outros equipamentos já existentes. Foram levantados pelos presentes
uma série de questionamentos, destacando-se nas falas a precarização dos equipamentos
existentes, inclusive do Centro Escola do Instituto de Psicologia, a ausência de uma rede
desses equipamentos bem constituídos, sendo que a rede que existe é movida por
comunicações entre as unidades ao mesmo tempo em que a reitoria parece estar alheia. Foi
apontada a constituição do Escritório de Saúde Mental como um problema nesse cenário,
que, apesar de estar sob a responsabilidade da Reitoria, é um tema do IPUSP, uma vez que
seus problemas respingam no Instituto e na clínica. As falas finais situam a importância de
que como alunos, docentes e funcionários, assumamos a posição de psicólogos ou futuros
psicólogos e consideremos que nosso campo de atuação também se insere na área da saúde,
pensada em termos amplos, e não separada do pensar e atuar politicamente, participando de
projetos de construção coletiva.
Por fim, o último dia de mobilização se encerra com uma plenária dos três setores que
tem como intuito reunir o que foi discutido ao longo da suspensão, bem como elencar
encaminhamentos possíveis. Dentre eles, destacamos como ações imediatas:
Atenciosamente,
Plenária Intersetorial.