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Capítulo 10     Planejando o ambiente de serviço 335

Resumo do capítulo
OA1. Ambientes de serviço atendem a quatro propósitos „„ cor. Pode exercer forte impacto sobre os senti-
fundamentais: mentos com o diferencial de cores quentes (uma
„„ moldar as experiências dos clientes e seu com- combinação de vermelho com laranja) versus
portamento; frias (azul). As primeiras são associadas a esta-
dos de ânimo entusiasmados e as últimas, à paz
„„ desempenhar um papel importante na determi-
e felicidade.
nação das percepções dos clientes sobre a em-
presa, sua imagem e posicionamento. Clientes OA6. Layout e funcionalidade eficazes são primordiais
costumam usar o ambiente de serviço como um para possibilitar a operação de serviços e realçar a
indício relevante de qualidade; facilidade de uso.
„„ poder constituir parte essencial da proposição „„ Arranjos espaciais referem-se ao tamanho e ao
de valor (como no caso de parques temáticos formato de móveis e balcões, além de maqui-
e resorts); naria e equipamento potenciais, e as maneiras
como são dispostos.
„„ facilitar o encontro de serviço e aprimorar tanto
a qualidade quanto a produtividade. „„ Funcionalidade refere-se à capacidade desses itens
de facilitar o desempenho de transações de serviço.
OA2. Os fundamentos teóricos para entender os efeitos
dos ambientes de serviço nos clientes vêm da psico- OA7. Sinais, símbolos e artefatos contribuem para que
logia ambiental. Há dois modelos principais: clientes extraiam significado do ambiente e para
orientá-los pelo processo de serviços. Podem ser
„„ o modelo de estímulo-resposta de Mehrabian-
utilizados para:
-Russell afirma que ambientes influenciam
o estado emocional (ou os sentimentos) dos „„ indicar o nome de instalações, balcões ou depar-
clientes; e, por isso, orientam o comportamen- tamentos;
to deles; „„ dar direções (por exemplo, para entrada, saída,
„„ o modelo de Russell de afeição sustenta que elevadores e toaletes);
a afeição pode ser modelada com as duas di- „„ comunicar o roteiro de serviço (por exemplo, pe-
mensões fundamentais do prazer e do estí- gar uma senha e esperar sua vez);
mulo, que, juntas, determinam se as pessoas „„ reforçar regras comportamentais (por exemplo,
acessam um ambiente e gastam dinheiro nele desligar ou colocar telefones celulares no modo
ou se o evitam. silencioso).
OA3. O modelo de cenário de serviço, que se baseia nas OA8. A aparência e o comportamento do pessoal de aten-
teorias que acabamos de mencionar representa uma dimento e de outros clientes em um cenário de ser-
estrutura integrativa que explica como clientes e viço podem fazer parte da proposição de valor e re-
pessoal de atendimento reagem às principais di- forçar (ou depreciar) o posicionamento da empresa.
mensões ambientais.
OA9. Ambientes de serviço são percebidos de modo ho-
OA4. O modelo de cenário de serviço enfatiza três dimen- lístico. Portanto, nenhum aspecto individual pode
sões de ambientes de serviço: ser otimizado sem levar em consideração tudo o
„„ condições ambientais (incluindo música, aromas mais, o que torna a atividade de projetar ambientes
e cores); de serviço uma arte em vez de uma ciência.
„„ layout e funcionalidade; „„ Devido a esse desafio, projetistas profissionais
tendem a se especializar em tipos específicos de
„„ sinalização, símbolos e artefatos.
ambiente, como saguões de hotel, clubes, ins-
OA5. Condições ambientais referem-se às característi- talações de cuidados com a saúde e assim por
cas do ambiente ligadas a nossos sentidos. Mesmo diante.
quando não são conscientemente percebidas, po- „„ Além das questões estéticas, os melhores am-
dem afetar reações internas e comportamentais. As bientes de serviço são desenhados com a pers-
principais dimensões ambientais são: pectiva dos clientes em mente, orientando-os a
„„ música. Ritmo, volume, harmonia e percepção seguir sem percalços pelo processo de serviço.
de familiaridade moldam o comportamento, ao „„ Entre as ferramentas que podem ser utilizadas
evocar emoções e estados de ânimo. As pessoas para projetar e melhorar os cenários de serviço
tendem a sintonizar seu ritmo com o da música; estão: observação cuidadosa, feedback de fun-
„„ fragrância. Aromas ambientais podem evocar cionários e clientes, auditorias por foto, experi-
emoções poderosas, relaxar ou estimular clientes; mentos de campo e blueprinting.

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336 Marketing de serviços

Questões para revisão


1. Quais são os quatro principais propósitos aos quais os 6. Explique as dimensões das condições ambientais e
ambientes de serviço devem atender? como cada uma pode influenciar as reações dos clien-
2. Compare os papéis estratégico e funcional de ambien- tes ao ambiente de serviço.
tes de serviço em uma organização de serviços. 7. Quais são os papéis dos sinais, símbolos e artefatos?
3. Descreva como o modelo estímulo-resposta de Mehra- 8. O que implica o fato de os ambientes serem percebidos
bian-Russell e o modelo de Russell de afeição explicam de maneira holística?
as reações de consumidores a um ambiente de serviço. 9. Quais ferramentas estão disponíveis para auxiliar
4. Qual é a relação, ou vínculo, entre o modelo de Russell nosso entendimento das reações do cliente e para
de afeição e o modelo de cenário de serviço? orientar o projeto e as melhorias em ambientes de
5. Por que clientes e profissionais de serviço às vezes reagem serviço?
de maneira diferente ao mesmo ambiente de serviço?

Exercícios
1. Identifique empresas de três setores de serviços dife- 4. Visite um ambiente de autosserviço e analise como
rentes nos quais o ambiente de serviço é uma parte cru- as dimensões de projeto contribuem para orientá-lo
cial da proposição geral de valor. Analise e explique pelo processo de serviço. Em sua opinião, o que é
em detalhes o valor que é entregue em cada um. mais eficaz e o que parece ser menos eficaz? Como
2. Visite um ambiente de serviço e examine tudo em de- o ambiente poderia ser melhorado para ficar ainda
talhes. Experimente o ambiente e tente sentir como os mais fácil para que os clientes ‘achem o caminho cer-
vários parâmetros do projeto modelam o que você sen- to’ do autosserviço?
te e como você se comporta no cenário em questão. 5. Com uma câmera digital, faça auditoria ambiental de
3. Selecione uma experiência de espera boa e outra má e um cenário de serviço. Fotografe exemplos de projetos
compare as situações em relação à estética do ambien- excelentes e deficientes. Elabore sugestões concretas de
te, distrações, pessoas esperando e atitude dos profis- melhorias para esse ambiente.
sionais de serviço.

Notas
1. Beatriz Plaza, “The Bilbao effect”, Museum News, set./out. 2007, Pieterse e Ad Pruyn, “Physical environmental stimuli that
p. 13-15, p. 68; Denny Lee, “Bilbao, 10 years later”, The New turn healthcare facilities into healing environments through
York Times, 23 set. 2007, Disponível em: <http://travel.nytimes. psychologically mediated effects: systematic review”, Journal
com/2007/09/23/travel/23bilbao.html>. Acesso em: 8 jun. 2009. of Advanced Nursing, 56, n. 2, 2006, p. 166-181. Ver também o
2. O termo servicescape (cenário de serviço) foi cunhado por esforço esmerado que a Clínica Mayo dedica à redução dos
Mary Jo Bitner em seu artigo “Servicescapes: the impact of níveis de ruído em seus hospitais: Leonard L. Berry e Kent D.
physical surroundings on customers and employees”, Journal Seltman. Management lessons from Mayo Clinic: inside one of the
of Marketing, 56, 1992, p. 57-71. most admired service organization. McGRaw Hill, 2008.
p. 171-172. Para um estudo sobre os efeitos do projeto de
3. Anja Reimer e Richard Kuehn, “The impact of servicescape on
cenário de serviço em um ambiente hospitalar sobre estresse
quality perception”, European Journal of Marketing, 39, n.7/8,
e satisfação no trabalho dos funcionários de serviços e,
2005, p. 785-808.
consequentemente, seu comprometimento com a empresa,
4. Julie Baker, Dhruv Grewal e A. Parasuraman, “The influence of veja Janet Turner Parish, Leonard L. Berry e Shun Yin Lam,
store environment on quality inferences and store image”, Journal “The effect of the servicescape on service workers”, Journal of
of the Academy of Marketing Science, 22, n. 4, 1994, p. 328-339. Service Research, 10, n.3, 2008, p. 220-238.
5. Véronique Aubert-Gamet, “Twisting servicescapes:diversion 10. Robert J. Donovan e John R. Rossiter, “Store atmosphere: an
of the physical environment in a reappropriation process”, environmental psychology approach”, Journal of Retailing, 58,
International Journal of Service Industry Management, 8, n.1, 1997, n.1, 1982, p. 34-57
p. 26-41.
11. James A. Russell, “A circumplex model of affect”, Journal of
6. Madeleine E. Pullman e Michael A. Gross, “Ability of Personality and Social Psychology, 39, n.6, 1980, p. 1.161-1.178.
experience design elements to elicit emotions and loyalty
12. Jochen Wirtz e John E. G. Bateson, “Consumer satisfaction
behaviors”, Decision Sciences, 35, n.1, 2004, p. 551-578.
with services: integrating the environmental perspective
7. Lisa Takeuchi Cullen, “Is luxury the ticket?”, Time, 22 ago. in services marketing into the traditional disconfirmation
2005, p. 38-39. paradigm”, Journal of Business Research, 44, n. 1, 1999, p. 55-66.
8. Richard B. Chase e Douglas M. Stewart, “Making your service 13. Jochen Wirtz, Anna S. Mattila e Rachel L. P. Tan, “The
fail-safe”, Sloan Management Review, 35, 1994, p. 35-44. moderating role of target-arousal on the impact of affect
9. Para uma resenha da literatura sobre os efeitos de projetos on satisfaction — an examination in the context of service
hospitalares em pacientes, veja Karin Dijkstra, Marcel experiences”, Journal of Retailing, 76, n.3, 2000, p. 347-365.

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Capítulo 10     Planejando o ambiente de serviço 337

Jochen Wirtz, Anna S. Mattila e Rachel L. P. Tan, “The role 30. Gerald J. Gorn, Amitava Chattopadhyay, Tracey Yi e Darren
of desired arousal in influencing consumers´satisfaction Dahl, “Effects of color as an executional cue in advertising:
evaluations and in-store behaviours”, International Journal of they’re in the shade”, Management Science, 43, n. 10, 1997,
Service Industry Management, 18, n.2, 2007, p. 6-24. p. 1.387-1.400; Ayn E. Crowley, “The twodimensional impact
14. Mary Jo Bitner, “Service environments: the impact of physical of color on shopping”, Marketing Letters, 4, n. 1, 1993, p. 59-69;
surroundings on customers and employees”, Journal of Gerald J. Gorn, Amitava Chattopadhyay, Jaideep Sengupta
Marketing, 56, abr. 1992, p. 57–71. e Shashank Tripathi, “Waiting for the Web: how screen color
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designers. 3.ed. New Jersey: John Wiley, 2006. p. 51.
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Kollmorgen Corporation, 1996.
17. Barry Davies e Philippa Ward. Managing retail consumption.
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designers. 3 ed. New Jersey: John Wiley, 2006.
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p. 539-556 Verlag Helvetica Chimica Acta (VHCA) Weinheim, Wiley-
VCH, 1999, p. 71-79
19. Morris B. Holbrook e Punam Anand, “Effects of tempo and
situational arousal on the listener’s perceptual and affective 35. Joseph A. Bellizzi, Ayn E. Crowley e Ronald W. Hasty, “The
responses to music”, Psychology of Music, 18, 1990, p. 150-162; effects of color in store design”, Journal of Retailing, 59, n.1,
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20. Laurette Dubé e Sylvie Morin, “Background music pleasure Hernes (eds.). Managing boundaries in organizations: multiple
and store evaluation intensity effects and psychological perspectives. Basingstoke: Hampshire, Macmillan, 2003; Anat
mechanisms”, Journal of Business Research, 54, 2001, p. 107-113. Rafaeli e Iris Vilnai-Yavetz, “Emotion as a connection of physical
artifacts and organizations”, Organization Science, 15, n.6,
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tempo and musical preference on restaurant patrons’ organizational artifacts to avoid artifact myopia”, In: A. Rafaeli
behavior”, Psychology and Marketing, 19, n. 11, 2002, p. 895-917. e M. Pratt (eds.). Artifacts and organization: beyond mere symbolism.
22. Para obter uma resenha dos efeitos da música sobre vários Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum Associates Inc., 2005. p. 9-21.
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Oakes e Adrian C. North, “Reviewing congruity effects in healthy interior spaces. Nova York: John Wiley, 1995. p. 38.
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Service Industry Management, 19, n.1, 2008, p. 63-82. 38. Dennis Nickson, Chris Warhurst e Eli Dutton, “The
importance of attitude and appearance in the service
23. Acesse <www.dmx.com> para conhecer soluções de música encounter in retail and hospitality”, Managing Service Quality,
em lojas fornecidas pela DMX; veja também Leah Goodman, 2, 2005, p. 195-208.
“Shoppers dance to retailers´tune”, Financial Times, 21 ago.,
2008, p. 10. 39. Anna S.Mattila e Jochen Wirtz,”Congruency of scent and
music as a driver of in-store evaluations and behavior”, Journal
24. Esta seção baseou-se em “Classical music and social control: of Retailing, 77, 2001, p. 273-289.
twilight of the yobs”, The Economist, 8 jan. 2005, p. 48.
40. Lewis P. Carbone e Stephan H. Haeckel, “Engineering
25. Eric R. Spangenberg, Ayn E. Crowley e Pamela W. Henderson, customer experiences”, Marketing Management, 3, n.3, inverno
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evaluations and behaviors?”, Journal of Marketing, 60, abr. 1996, L. Berry,”How to lead the customer experience”, Marketing
p. 67-80; Paula Fitzgerald Bone e Pam Scholder Ellen, “Scents Management, 12, n.1, jan./fev. 2003, p. 18; Leonard L. Berry
in the marketplace: explaining a fraction of olfaction”, Journal e Lewis P. Carbone, “Build loyalty through experience
of Retailing, 75, n.2, 1999, p. 243-262; Jeremy Caplan, “Sense management”, Quality Progress, 40, n.9, set. 2007, p. 26-32.
and sensibility”, Time, 168, n.16, 2006, p. 66, p. 67.
41. Christine M. Piotrowski e Elizabeth A. Rogers. Designing
26. Alan R. Hirsch. Dr. Hirsch’s guide to scentsational weight loss. commercial interiors. Nova York: John Wiley & Sons Inc., 1999;
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27. Alan R. Hirsch, “Effects of ambient odors on slot machine Corporation, 1998; Paco Asensio. Bars & restaurants. Nova
usage in a Las Vegas Casino”, Psychology and Marketing, 12, York: HarperCollins International, 2002; Bethan Ryder. Bar and
n.7, 1995, p. 585–594. club design. Londres: Laurence King Publishing, 2002.
28. Alan R. Hirsch e S. E. Gay, “Effect on ambient olfactory stimuli 42. Ron Kaufman, “Service power: who were they designing it
on the evaluation of a common consumer product”, Chemical for?”, Newsletter, maio 2001. Disponível em: <http://Ron
Senses, 16, 1991, p. 535. Kaufamn.com>. Acesso em 09 abr. 2011.
29. Acesse o site da Ambius para obter detalhes sobre seus 43. Madeleine E. Pullman e Stephani K. A. Robson, “Visual
serviços de marketing de aromas, aromatização de ambientes Methods: using photographs to capture customers´experience
e marca sensorial. Disponível em: <http://www.ambius.com/ with design”, Cornell Hotel and Restaurant Administration
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