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Inferências e suas espécies

Vimos que a primeira operação elementar da mente é o conceito, deste passamos ao Juízo
(relação de conceitos). Abordamos os Juízos e Proposições isoladamente. Mas podemos passar
de uma proposição para outra, mediante um processo a que designamos Inferência.

Inferência é a passagem lógica duma proposição a outra ou outras. À operação assim obtida
designa-se raciocínio.

A inferência pode, então, ser definida como o movimento do pensamento que liga a(s)
premissa(s) à conclusão.
A expressão verbal (mental) do raciocínio é o argumento. O argumento é formado por
proposições e o raciocínio por juízos.

Inferir é extrair uma ou várias proposições novas, não conhecidas, partindo de uma ou várias
proposições já conhecidas.

As proposições de partida são chamadas Antecedentes ou Premissas. Às proposições a que


chegamos designamos Consequente ou conclusão.

EX: Todos os filósofos são sábios. (1.ª premissa)


Alguns gregos são filósofos. (2.ª premissa)
Portanto alguns gregos são sábios. (conclusão)

Tipos de inferências

Imediatas e mediatas

Inferências imediatas ou simples é aquela que de uma única premissa segue-se logo a conclusão
ou por outra esta compõe-se de duas proposições: uma como ponto de partida (antecedente) e
outra de chegada (consequente) e de dois termos.

Ex: todos os filósofos são tolerantes


Alguns tolerantes são filósofos

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Tipos de inferências imediatas

As inferências imediatas podem ser: a oposição e a conversão

Inferências por oposição

A oposição das proposições consiste no processo da passagem de uma proposição a outra, a qual
apenas difere da primeira na qualidade ou quantidade.

Existem, assim quatro tipos de proposições que resultam deste processo: Contrárias,
subcontrárias, subalternas e contraditórias

Proposições contrárias ( A, E): São proposições universais que diferem só pela qualidade.

Ex. : Todos os homens são racionais (A) e Nenhum homem é racional (E).

Proposições subcontrárias ( I, O): São proposições particulares que diferem só pela qualidade.

Ex. Alguns homens são racionais (I) e Alguns homens não são racionais (O).

Proposições subalternas ( A, I e E, O ): São proposições que só diferem pela quantidade.

Ex. Todos os homens são racionais (A) e Alguns homens racionais (I); Nenhum homem é
racional (E) e Alguns homens não são racionais (O).

Proposições contraditórias ( A, O e E, I ): São proposições que diferem quanto à quantidade e


qualidade.

Ex. Todos os homens são racionais (A) e Alguns homens não são racionais (O);

Nenhum homem é racional (E) e Alguns homens são racionais (I).

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Leis das Inferências imediatas por Oposição

Lei das proposições contrárias:

Duas contrárias não podem ser verdadeiras simultaneamente, mas podem ser ambas falsas.

• Lei das subcontrárias:


Duas proposições subcontrárias podem ser verdadeiras simultaneamente; todavia, se uma é falsa,
a outra é verdadeira.
• Lei das subalternas:
Sempre que a universal for verdadeira, a particular também o será; se a universal for falsa, a
particular pode ser verdadeira ou falsa. Por outro lado, e como consequência, quando a particular
for falsa, a universal também será necessariamente falsa; quando a particular for verdadeira, o
valor da universal poderá ser verdadeiro ou falso.

• Lei das proposições contraditórias:


Duas proposições contraditórias não podem ser simultaneamente verdadeiras ou falsas; se uma é
verdadeira, a outra é falsa, e vice-versa.

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EXERCICIOS

1. Dada a proposição: “Nenhum aluno é, por natureza, cábula” infira, por oposição, as
proposições:
a) Contrária
b) Subcontrária
c) Subalterna
d) Contraditória

2. Identifique as relações de oposição as relações de oposição presentes nos seguintes pares de


proposições:
a) Nenhum moçambicano é homem belicista. Os moçambicanos são belicistas.
b) Alguns bitongas são políticos. Alguns bitongas não são políticos.
c) Todos os jovens gostam de desportos náuticos. Alguns jovens gostam de desportos náuticos.
d) Nenhum aluno gosta de lógica. Alguns alunos gostam de lógica.

3. Alguns moçambicanos são adeptos de Moçambola. Alguns moçambicanos não são adeptos de
moçambola.
a) Com base no quadro lógico da oposição de proposições, identifique a relação de oposição
existente entre ambas.

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Interferências imediatas por conversão
De acordo com as suas características, as proposições podem ser convertidas de maneiras
diversas. Vejamos então:
Conversão simples (E, I)
Este tipo de conversão só se aplica às proposições do tipo E (universal negativa) e do I
(particular afirmativa), visto que nestas proposições o sujeito e o predicado apresentam a mesma
quantidade ou extensão: no primeiro caso são ambos universais e no segundo são ambos
particulares.

Assim sendo, a conversão faz-se pela simples permuta do sujeito pelo predicado e do predicado
pelo sujeito da proposição inicial, sem alterar nem a quantidade nem a qualidade.
Ex:
_ Nenhum africano é europeu (E). Converte-se em: Nenhum europeu é africano (E).
Certos filósofos são pedagogos (I). Converte-se em: Certos pedagogos são filósofos (I).

As proposições recíprocas ou equivalentes (definições) são convertidas de acordo com este


processo. Por exemplo, a definição “o Homem é um animal racional”, pode converter-se em “o
animal racional é o Homem.”

Conversão por limitação ou por acidente (A)


Em todas as proposições do tipo A (universal afirmativa), o sujeito é universal, isto é, tomado em
toda sua extensão e o predicado é particular, por se tratar de uma proposição afirmativa. Sendo
assim, ao convertermos qualquer proposição do tipo A, teremos que manter, na proposição a
converter (a inicial), a extensão do predicado (neste caso, particular), de modo que a proposição
daí resultante seja particular, pelo contrário, resultará daqui uma falácia, isto é, erro lógico.
Ex:
_ “Todo o homem é mortal” (A); converte-se em: “Algum mortal é homem “(I).
_ “Todos os maputenses são moçambicanos” (A); converte-se em:
“Alguns moçambicanos são maputenses” (I).

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Se, por exemplo, a proposição “Todos os maputenses são moçambicanos” tivéssemos que
convertê-la em “Todos os moçambicanos são maputenses”, estaríamos a falaciar o significado da
proposição inicial, pois, como é do teu conhecimento, os maputenses são uma parte dos
moçambicanos.

Conversão por negação (O)


Toda e qualquer proposição do tipo O apresenta um sujeito particular e um predicado universal
(por ser negativa). Por forma a respeitarmos a validade da conversão, temos que recorrer, para a
sua conversão, a um artifício que consiste em transformar a proposição a converter numa
proposição afirmativa particular (I) equivalente, o que só é possível, transferindo a negação da
cópula para o predicado da preposição resultante.
Ex:
_ “Alguns políticos não são honestos” (O); converte-se em: “Alguns políticos são não-honestos”
(I). Ou “Alguns não-honestos são políticos” (I).

Conversão por contraposição


Aplica-se às proposições do tipo A (universais afirmativas) e às do tipo O (particulares
negativas). Obtém-se juntando a partícula de negação (não) ao sujeito e ao predicado da
proposição a converter, e de seguida faz-se a conversão simples, isto é, a permuta dos termos.

Ex:
_ Todos os políticos são corruptos” (A); converte-se em: “Todos os não-corruptos são não-
políticos” (A).

O que fizemos, no exemplo antecedente foi, na proposição conversa, negar o sujeito e o


predicado, o que transforma a proposição original em “Todos os não-políticos são não-
corruptos”; e logo de imediato efectuamos a conversão simples, no que resultou a proposição:
“Todos os não-corruptos são não-políticos” (A).
_ “Alguns políticos não são corruptos” (O); converte-se em: “Alguns não-corruptos não são não-
políticos” (O)

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EXERCICIOS
1. Realize a conversão das seguintes proposições e indique o tipo de conversão que realizou:
a) Nenhum tigre é hiena.
b) Todos os terroristas são homens perigosos.
c) Alguns bons pensadores são filósofos.
d) Alguns bons pensadores não são filósofos.

2. Das proposições seguintes, indique aquelas que podem ser objecto de conversão simples:
a) Todo o angolano é africano.
b) Os homens são animais racionais.
c) Certos moçambicanos são médicos.
d) Qualquer protestante é cristão.

3. Analise se as seguintes conversões e diga se são ou não válidas.


a) “Nenhum aluno aplicado é preguiçoso”. “Os preguiçosos não são alunos aplicados”.
b) “Existem animais ferozes que não são selvagens”. “Alguns nãoselvagens
são animais ferozes”.

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