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Silogismo Hipotético

Os silogismos hipotéticos classificam-se em: condicional, disjuntivo, conjuntivo e dilema.


• Silogismo hipotético condicional: é aquele cuja premissa maior é uma proposição condicional, uma
proposição dividida em duas partes: condição e condicionado. Este silogismo pode ser de um modo positivo
e um modo negativo, ambos válidos.

Silogismo hipotético condicional - modo positivo/modus ponens: consiste em afirmar a condição


na premissa maior e o condicionado na conclusão.
Se 𝐩, então 𝐪; ora, 𝐩; logo, 𝐪. (𝑝 → 𝑞; 𝑙𝑜𝑔𝑜, 𝑞).

Exemplo: Se compro a casa, então gasto muito dinheiro. (𝑝 → 𝑞)


Ora, compro a casa (𝑝)
Logo, gasto muito dinheiro (𝑞)
Silogismo hipotético condicional - modo negativo/modus tollens: consiste em negar o
condicionado na premissa maior e a condição é negada na conclusão.
Se 𝐩, então 𝐪; ora, não 𝐪; logo, não 𝐩. (𝑝 → 𝑞; ~𝑞, 𝑙𝑜𝑔𝑜, ~𝑝).
Exemplo: Se tenho malária, então estou doente. (𝑝 → 𝑞)
Ora, não estou doente (~𝑞)
Logo, não tenho malária (~𝑝)
• Silogismo hipotético disjuntivo: é aquele cuja premissa maior é uma proposição disjuntiva. Este silogismo
assume duas formas/modos válidos: Modus ponendo-tollens e Modus tollendo-ponens.

Silogismo hipotético disjuntivo - Modus ponendo-tollens: (ao afirmar-nega)


Exemplo: Ou sou padre ou pastor.
Sou padre.
Logo, não sou pastor.
Silogismo hipotético disjuntivo - Modus tollendo-ponens: (ao negar-afirma)
Exemplo: Ou Paulina é humilde ou é covarde.
Ora, Paulina não é covarde.
Logo, Paulina é humilde.
• Silogismo hipotético conjuntivo: este tipo de silogismo não admite que dois termos opostos prediquem
simultaneamente um mesmo sujeito. Este silogismo assume duas formas/modos válidos.

Silogismo hipotético conjuntivo – Modus ponendo – tollens: (afirmando-nega)


Exemplo: Oliver Muthukuza não pode ser simultaneamente, músico zimbabweano e moçambicano.
Oliver Muthukuza é músico zimbabweano.
Logo, Oliver Muthukuza não é músico moçambicano.
Silogismo hipotético conjuntivo – Modus tollendo – ponens: (negando-afirma)
Exemplo: João não pode ser baixo e alto ao mesmo tempo.
João não é alto.
Logo, João é baixo.
• Dilema: é um silogismo hipotético e disjuntivo que, em termos estruturais, é formado por uma proposição
disjuntiva e por duas proposições condicionais, e qualquer que seja a opção escolhida a consequência é
sempre a mesma. É a famosa: Faca de dois gome.
Exemplo: dilema de quem não tem o que comer
Ou como o que está na mesa ou deixo de comer.
Se como o que está na mesa é porque não tenho alternativa melhor e, por isso tenho de comer.
Se não como, ficarei desnutrido e poderei morrer à fome, por isso tenho de comer o que está na mesa.
Logo, de qualquer das formas, tenho de comer.
Falácias e paradoxo
• Falácias: é um raciocínio errado com aparência de verdade. Tais erros ou falácias podem ser por um lado
involuntário e, por outro voluntários.
As falácias que são cometidas involuntariamente designam-se por Paralogismos. As que são produzidas de forma a
se confundir alguém numa discussão designam-se por Sofismas. Assim, em qualquer falácia ocorre dois elementos
essenciais:
• Uma verdade aparente: em que o argumento é convincente e leva os incautos aos equívocos.
• Um erro oculto: que faz com que se tirem conclusões falsas a partir de uma verdade.

Tipos de falácias
Existem uma variedade de falácias, mas não há consenso quanto à sua classificação. Contudo as mais frequentes são:
• Falácia da equivocação ou equívoco: acontece sempre que usamos, num argumento, acidental, a mesma
palavra em dois sentidos diferentes.
Exemplo: Só o homem é que pensa.
Ora, nenhuma mulher é homem.
Logo, nenhuma mulher pensa.
NB: Este argumento é falacioso, dado que na 1ª premissa, a palavra “homem” significa “espécie humana” e, segunda,
“ser humano” do sexo masculino.
• Anfibologia: deriva da ambiguidade sintáctica de uma parte de um argumento. Por isso, essa falácia ocorre
sempre que procuramos sustentar uma conclusão recorrendo a uma interpretação errada de uma proposição
gramaticalmente ambígua.
Exemplo: Todos os homens amam uma mulher.
Mataka ama Abiba.
Logo, todos os homens amam Abiba.
NB: Este argumento é falacioso. Pois, em geral, cada homem ama uma mulher diferente. Consequentemente, não
podemos concluir que todos os homens amam Abiba.
• Falácia de analogia: ocorre quando se sobrevalorizam as semelhanças entre duas ou mais coisas ou quando
se desprezam as diferenças relevantes.
Exemplo: Os macacos não são herbívoros. As aves voam.
Os gatos não são herbívoros. O avião voa.
Logo, os gatos são macacos. Logo, o avião é uma ave.
• Falácia do acidental: acontece quando tomamos o que é acidental pelo que é essencial e vice-versa. é uma
generalização abusiva.
Exemplo: Esta aparelhagem não funciona.
Logo, a técnica é uma a farsa.
A camisa de João é verde.
O verde é uma cor.
Logo, a camisa do João é uma cor.
• Falácia de ignorância da causa: ocorre quando tomamos por causa um simples antecedente ou qualquer
circunstância acidental.
Exemplo: Depois das cheias no rio Púnguè houve epidemias.
Logo, as cheias no rio Púnguè são causadoras de epidemias.
• Falácia da conversão: sucede quando se convertem proposições sem respeitar as regras.
Exemplo: Os molwenes andam pelas ruas da cidade.
Logo, quem anda pelas ruas da cidade é molwene.
• Falácia de oposição: ocorre quando não são respeitadas as regras da oposição de proposições.
Exemplo: Todos os africanos são hospitaleiros.
Logo, nenhum africano é hospitaleiro.
• Círculo vicioso: acontece quando se pretende resolver uma questão com a própria questão.
Exemplo: O que é a lógica? É a ciência do que é lógico.
O remédio cura porque tem a virtude curativa.
• Falácia da falsa dicotomia: ocorre quando se apresentam duas alternativas como sendo as únicas existentes
em dado universo, ignorando ou omitindo alternativas possíveis.
Exemplo: Ou estás do meu lado ou estás contra mim.
Ou comes tudo o que está no prato ou então não comes nada.
• Argumentum ad hominem (ataque pessoal): consiste em refutar o argumento de uma pessoa, atacando não
o argumento, mas a própria pessoa.
Exemplo: O senhor afirma estar inocente da acusação que pesa sobre si. Mas como podemos acreditar num homem
cujo passado é melindroso?
Não podemos aceitar o parecer da professora porque esta é mito jovem e não tem experiencia suficiente.
• Argumentun ad populum (Apelo ao povo, à emoção): consiste em manipular e explorar os sentimentos de
uma audiência de modo a fazer adoptar o ponto de vista de quem fala. Ou seja, consiste em convencer um
conjunto de pessoas “ao povo”. Apela-se à emoção das pessoas e não a sua razão.
Exemplo: Querem uma cidade sem lixo? Querem uma cidade em que as ruas não estejam esburacadas? Querem
uma cidade com escolas para todos? Votem no partido X!

• Argumentun ad baculum (Apelo à força psicológica): consiste em ameaças explícitas ou implícitas ao bem-
estar físico ou psicológico do ouvinte ou leitor, seja ele um indivíduo ou um grupo.
Exemplo: Ou te calas ou fica sem recreio.
As minhas opiniões estão correctas e mandarei prender quem discordar de mim.

• Argumentun ad ignorantia (Apelo à ignorância): esta falácia acontece quando se argumenta que uma
proposição é verdadeira porque não foi provado que é falsa, ou que é falsa porque não foi provado que é
verdadeira.
Exemplo: Até hoje, ninguém conseguiu provar a não existência de seres racionais superiores aos homens.
Logo, existem também outros seres racionais superiores ao homem.
• Argumentun ad misericordiam (Apelo à piedade): verifica-se quando alguém argumenta recorrendo aos
sentimentos de piedade e de compreensão de uma audiência, de modo que a conclusão ou afirmação
defendida seja aprovada. Mas convém sublinhar que este tipo de argumento não é, de forma alguma, um
modo racional de argumentação.
Exemplo: É o que acontece frequentemente quando alguns alunos tentam convencer os seus professores a passá-los
de classe, invocando razões comoventes.
• Falácia de composição (Tomar a parte pelo todo): se as partes de um todo têm uma certa propriedade,
argumenta-se que o todo dessa mesma propriedade. Este todo pode ser um objecto composto de diferentes
partes como conjunto de membros individuais.
Exemplo: Nem estes, nem aqueles sapatos me servem.
Logo, nenhuns sapatos me servem.
Lógica proposicional
Depois de termos vistos algumas noções da chamada lógica aristotélica, ou seja, lógica clássica, passemos então ao
estudo da lógica moderna, que, além de ser formal, é sistematicamente simbólica. Na aplicação da lógica
proposicional, é preciso ter em consideração os seguintes aspectos:
• As variáveis: são as letras do nosso alfabeto, com que representamos as nossas proposições simples ou
atómicas. (p, q, r, etc).

• Conectivas lógicas ou operadores lógicos: são partículas que designam as diferentes operações lógicas.
~, ˄, V, → 𝑜𝑢 =>, ↔ 𝑜𝑢 <=>.

• Parênteses curvos/rectos e as chavetas: funcionam como sinais de pontuação nas proposições complexas,
tal como a vírgula e os pontos.

• Valores lógicos das proposições: toda a proposição deve seguir um único valor lógico, sendo verdadeiro ou
falso (V/F).
Tipos de proposições
Sob o ponto de vista da lógica existem dois (2) tipos de proposições.
• Proposições simples/atómicas: são aquelas em que o sujeito e o predicado, estão ligados pela cópula.
Exemplo: Os moçambicanos são africanos.

• Proposições complexas/moleculares: são aquelas que a partir das proposições simples, são ligados por
partículas que chamam conectores, formam uma só proposição complexa. Exemplo: Lurdes Mutola foi
campeã olímpica dos 800m ou cantora e dançarina.
Esta proposição é composta pelas seguintes proposições moleculares/simples:
“Lurdes Mutola foi campeã olímpica dos 800m”.
“Lurdes Mutola foi cantora”.
“Lurdes Mutola foi dançarina”.
• Conectivas lógicas ou operadores lógicos

Formas proposicionais Símbolo Outros símbolos Expressão verbal


Conjunção Λ &,. E
Disjunção inclusiva V Ou
Disjunção exclusiva V W, VV Ou…ou
Implicação ou Condicional → => Se…então
Equivalência ou Bicondicional ↔ <—> Se e só se
Negação ~ ˥, ˉ Não

• Formas proposicionais e as tabelas de verdade


As operações lógicas que se realizam com conectivas são apresentadas sob forma de tabelas de verdade, onde é
possível combinar todos os valores de verdade possíveis das proposições conectadas, uma vez que estamos perante
uma lógica bivalente, isto é, lógica que admite dois valores de verdade (verdadeiro ou falso).
Conjunção: é um juízo composto que é verdadeiro se e só se forem verdadeiros todos os juízos
simples a que se compõem. Designa-se pelo símbolo (Λ e lê-se E).
Exemplo: Nelo está doente e vai ao médico
Nelo está doente Nelo vai ao médico Nelo está doente e vai ao médico
p q p Λq
V V V
V F F
F V F
F F F

Disjunção inclusiva: é um juízo composto que é verdadeiro se pelo menos um juízo simples de
que se compõem for verdadeiro. A disjunção inclusiva é falsa quando as duas proposições que a
compõem são falsas. É designado pelo símbolo (V e lê-se ou).
Exemplo: Este homem é estudante ou é trabalhador.
Este homem é estudante Este homem é trabalhador Este homem é estudante ou é trabalhador
p q p vq
V V V
V F V
F V V
F F F

Disjunção exclusiva: é verdadeiro se e só se for verdadeiro somente um único juízo simples de


que a compõem. É designado pelo símbolo (V e lê-se ou…ou).
Exemplo: Ou a varanda é estreita ou tem uma vista fantástica.
Ou a varanda é estreita Ou a varanda tem uma Ou a varanda é estreita ou tem uma vista
p vista fantástica fantástica
q p vq
V V F
V F V
F V V
F F F

Implicação/condicional: um juízo composto que é falso quando o antecedente for verdadeiro e


consequente falso. É designado pelo símbolo (→/=> e lê-se se…então).
Exemplo: Se existe guerra então há morte

Se existe guerra Há morte Se existe guerra então há morte


p q p→q
V V V
V F F
F V V
F F V

Equivalência/Bicondicional: é um juízo composto que é verdadeiro se e só se ambos os juízos


simples que a compõem forem verdadeiros ou falsos simultaneamente. É designado pelo símbolo
↔/<—> e lê-se se e só se).
Exemplo: As ruas estão molhadas se e só se chove

As ruas estão molhadas Chove As ruas estão molhadas se e só se chove


p q p <—> q
V V V
V F F
F V F
F F V

Negação: é um juízo que é verdadeiro quando o antecedente for falso e, falso quando o
consequente é verdadeiro. É designado pelo símbolo ~ e lê-se não).
Exemplo1: O João pratica a natação.
O João pratica a natação O João não pratica a natação
p ~q
V F
F V

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