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Resumo do 1º teste de Filosofia

Negação- não
Conjunção- e
Disjunção Inclusiva- ou
Disjunção Exclusiva- ou…ou
Condicional- Se,... então
Bicondicional- Se e só se

Inspetores de circunstâncias
Consistem numa sequência de tabelas de verdade, que são feitas para a
premissa e a conclusão.
→ Contrariamente à situação dos argumentos dedutivos válidos, os
inspetores de circunstâncias fazem com que um argumento válido não tenha
nenhuma linha que torne as premissas verdadeiras e a conclusão falsa.
Nota: o símbolo ∴ significa “Logo”.

Formas argumentativas válidas / Inferências Válidas


Modus Ponens- Afirmação do antecedente na segunda premissa e do
consequente na conclusão.
ex.: Se está sol, então vou à praia. Está sol. Logo, vou à praia.
- P→Q / P/ ∴Q
Modus Tollens- Negação do consequente na segunda premissa e do
antecedente na conclusão
ex.: Se Xavier cair, então magoa-se. Xavier não cai. Logo, não se magoa.
- P → Q / ㄱ Q / ∴ ㄱ P (perguntar ao stor)
Contraposição-
ex.: Se Deus existe, então o mundo é finito. Logo, se o mundo não é finito,
então Deus não existe.
- P→Q / ∴ㄱQ→ㄱP ou
ex.: Se o mundo não é finito, então Deus não existe. Logo, se Deus existe,
então o mundo é finito.
- ㄱQ→ㄱP / ∴P→Q
Silogismo disjuntivo-
ex.: Canto ou estou alegre. Não canto. Logo, estou alegre.
- PvQ / ㄱP / ∴Q
ex.: Canto ou estou alegre. Não estou alegre. Logo, canto.
- PvQ / ㄱQ / ∴P
Silogismo Hipotético-
ex.: Se gostas de mim, então respeitas-me. Se me respeitas, então dizes-me
a verdade. Logo, se gostas de mim então dizes-me a verdade.
- P→Q / Q→R / ∴P→R

Leis de Morgan- indicam-nos que de uma conjunção negativa podemos


inferir uma disjunção de negações, e que de uma disjunção negativa
podemos inferir uma conjunção de negações.
→ Negação da Conjunção-
ex.: Não é verdade que sou injusto e cruel. Logo, não sou injusto ou não sou
cruel.
- ㄱ (P Λ Q) / ∴ ㄱ P vㄱ Q ou
ex.: Não sou injusto ou não sou cruel. Logo, não não é verdade que sou
injusto e cruel.
- ㄱ P v ㄱ Q / ∴ ㄱ (P Λ Q)
→ Negação da Disjunção-
ex.: Não é verdade que sou pessimista ou má. Logo, não sou pessimista e
nem má.
- ㄱ (P v Q) / ∴ ㄱ P Λㄱ Q ou
ex.: Não sou pessimista e não sou má. Logo, não é verdade que sou
pessimista ou má.

Negação dupla-
ex.: Não é verdade que eu não penso. Logo, eu penso.
- ㄱㄱ P / ∴ P ou
ex.: Eu penso. Logo, não é verdade que eu não penso.
- P / ∴ ㄱㄱ P

Variáveis de fórmula- Representam qualquer tipo de proposição (simples ou


complexa). Usam-se as letras iniciais do alfabeto: A,B…
Falácias Formais- Decorrem apenas da forma lógica do argumento. São
cometidas ao nível dos argumentos dedutivos.

Epistemologia ⇒ é a parte da filosofia que estuda o conhecimento. Podemos


chamar-lhe de Filosofia do Conhecimento ou Teoria do Conhecimento.

Os 3 problemas epistemológicos são:

1. O que é o conhecimento?
2. O conhecimento é possível?
3. Qual é a origem do conhecimento?

Problemas do conhecimento são:


- Definição tradicional de conhecimento;
- Possibilidade da existência do conhecimento (Ceticismo Radical, teoria
de Descartes, teoria de Hume)
- Origem do conhecimento (racionalismo ou empirismo)

Conhecimento (1) ⇒ relação entre um sujeito (quem conhece) e um objeto


(aquilo que é conhecido).

Há 3 tipos principais de conhecimento:

Conhecimento prático ⇨ saber realizar uma certa atividade

Ex: A Carolina sabe fritar ovos.


Ex: A Anna sabe andar de bicicleta.

Conhecimento por contacto ⇒ conhecer diretamente algo (lugares, coisas,


pessoas, etc) através dos sentidos

Ex: A Matilde conhece o diretor da minha escola.


Ex: A Iara conhece o Castelo dos Mouros.

Conhecimento proposicional ⇒ conhecer proposições verdadeiras

Ex: A Anna sabe que Platão foi um filósofo grego.


Ex: A Matilde sabe de 1+1 é 2.

A definição tradicional de conhecimento


A definição antiga/tradicional do conhecimento (proposicional) é:
⇒ segundo a qual este consiste numa crença verdadeira justificada.

Esta definição é tripartida porque indica 3 condições necessárias para haver


conhecimento:
⇒ crença
⇒ verdade
⇒ justificação

Logo, segundo essa definição, qualquer conhecimento é uma crença


verdadeira justificada e vice versa.

Crença ⇒ acreditar numa proposição, isto é, considerá-la verdadeira. Uma


crença é um estado mental de adesão a uma ideia.
Verdade ⇒ condição necessária do conhecimento, uma crença falsa não é
conhecimento.

Justificação ⇒ boas razões para acreditar que uma proposição é verdadeira.


Estas razões ligam a crença à verdade da proposição e fazem com que a
convicção não se deva ao acaso.

Duas modalidades de conhecimento proposicional


Existem 2 modalidades de conhecimento proposicional:

❖ Pensamento → Conhecimento α priori


❖ Experiência → Conhecimento α posteriori

Conhecimento α priori ⇒ pode-se adquirir pensando e sem recorrer à


experiência.
Conhecimento α posteriori ⇒ pode-se adquirir através da experiência.

O problema da possibilidade do conhecimento


Se caso não se conseguir justificar uma crença, não será um conhecimento,
mesmo que seja verdadeira.

Desafio cético:
➢ Julgamo-nos detentores de conhecimento, mas será de facto
conhecimento?
➢ Saberemos o que julgamos saber?
➢ Será o conhecimento realmente possível?

Ao fazer estas perguntas estamos a colocar o problema da possibilidade


do conhecimento.

Existem 3 respostas para este problema:


➔ o ceticismo radical
➔ a perspetiva de René Descartes
➔ a perspetiva de David Hume (não sai no teste)

Ceticismo
Existem dois tipos de ceticismo:
⇒ Ceticismo radical
⇒ Ceticismo moderado

Ceticismo radical
→ também conhecido como ceticismo pirrónico
→ defende que não existe realmente conhecimento, o que achamos que é
conhecimento não passa de ilusão.
→ posição do ceticismo radical:
Se as nossas crenças não estão justificadas, então não temos
conhecimento.
As nossas crenças não estão justificadas.
Logo, não temos conhecimento.

Argumento de regressão infinita da justificação:


- Diz-nos que a tentativa de justificar uma crença sempre envolve uma
regressão infinita de justificação, ou seja, cada crença precisa de uma
justificação e essa justificação precisa de ser justificada com uma nova
justificação, até por diante, resultando de uma regressão sem fim. Assim,
parece que nenhuma das crenças é realmente justificada. → Os Céticos
Radicais concluem que nunca conseguimos justificações adequadas e com
valor epistêmico.

Argumento dos enganos sensoriais:


- Diz-nos que, por vezes, somos enganados pelos sentidos.

Ex: Quando olhamos para um avião no céu dá-nos a sensação de que ele é
pequeno, mas na realidade o avião é grande.

→ céticos radicais dizem que existem vários enganos, então estamos sempre
a ser enganados pelos sentidos. → se os sentidos são enganadores, as
justificações que proporcionam não são adequadas e não têm valor
epistémico.

Objeções ao ceticismo radical


- O Ceticismo radical é contraditório. Ao considerar que o conhecimento
não é possível pretende ter conhecimento: o conhecimento de que o
conhecimento não é possível. Além disso, para pensar e dizer que o
conhecimento não é possível é preciso conhecer o significado das
palavras, gramática…
Logo, o Ceticismo Radical autorrefuta-se.
O racionalismo de Descartes
Descartes⇒ quis refutar o ceticismo e estabelecer os fundamentos das
ciências e do conhecimento em geral → tentou encontrar uma crença
indubitável (totalmente certa/ acima de qualquer dúvida) e básica (que se
auto justifique).

Dúvida Metódica
⇒ Descartes recorreu ao Método da Dúvida Metódica.
Trata-se de duvidar de todas as crenças até encontrar uma que seja
indubitável, ou seja, que resista a toda e qualquer dúvida. A análise só
terminaria quando Descartes encontrasse uma crença tão certa e tão
obviamente verdadeira que resistisse a qualquer dúvida.
Dúvida cartesiana = Dúvida Metódica

Principais características da Dúvida Metódica:


➔ Voluntária
➔ Metódica
➔ Teórica
➔ Hiperbólica

⇒ Dúvida cartesiana é uma dúvida voluntária, ou seja, é exercida e não


sofrida. Não é uma dúvida psicológica (sentida), e sim um meio de chegar à
certeza→ daí ser denominada por Dúvida Metódica.

⇒ A Dúvida Metódica é também uma dúvida teórica e não prática→ faz


sentido usar esta dúvida quando “se procura a verdade”, mas não na vida
prática, porque não devemos perder muito tempo com dúvidas e várias vezes
é necessário considerar certas ideias duvidosas.

Ex: Quando olhamos para o céu e vemos que está nublado não podemos ter
a certeza de que vai chover, mas podemos ter isso em consideração e levar
um guarda-chuva caso chova. [não podemos ter a certeza, mas podemos nos
precaver].

⇒ A Dúvida Metódica também é hiperbólica, isto é, exagerada. Descartes


não vai considerar apenas dúvidas plausíveis e sensatas, vai considerar
qualquer dúvida.

⇒ Descartes com a Dúvida Metódica ele adota um ceticismo provisório →


trata-se usar as armas céticas contra os próprios céticos (utiliza as dúvidas
dos céticos para chegar a uma certeza que derrube o ceticismo) para assim
conseguir provar que o conhecimento é possível.

Aplicação do método
Descartes analisou as crenças na tentativa de encontrar uma que fosse
básica e indubitável. Ele realiza um debate com ele próprio, apresentando
ideias e descartando ou mantendo-as até encontrar a certeza que procurava
(a crença básica e indubitável).

Duvidar dos sentidos/ Argumento dos enganos sensoriais (crenças a priori)


Descartes começa por duvidar das crenças derivadas dos sentidos
(empíricas ou a posteriori), acabando por rejeitá-las. Para isso, recorre a um
argumento similar ao argumento cético dos enganos sensoriais:
Se os sentidos por vezes me enganam, então não devo confiar nas
informações fornecidas pelos sentidos.
É verdade que os sentidos por vezes me enganam.
Logo, não devo confiar nas informações fornecidas pelos sentidos.

Segundo ele, é compreensível que ocorram enganos sensoriais a coisas


pequenas e afastadas. Ex.: confundir um botão no chão com uma moeda.
Contudo, é mais difícil duvidar da observação de coisas próximas realizadas
com a ajuda de vários sentidos que nos disponibilizam informações
congruentes/adequadas. Ex.: é difícil duvidar de uma folha de papel que
encontra-se na minha mão.

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↳ Argumento do sonho (Crenças a posteriori)
Descartes procura estender a dúvida a esse género de informações
sensoriais e questionar globalmente a fiabilidade dos sentidos. Para isso
recorre ao argumento do sonho:
Se tenho sonhos que não são distinguíveis das percepções que tenho
quando estou acordado, então posso garantir que neste momento não estou
a sonhar nem que a minha vida é um sonho.
É um facto que tenho sonhos que não são distinguíveis das percepções que
tenho quando estou acordado.
Logo, não posso garantir que neste momento não estou a sonhar nem que a
minha vida não é um sonho.
Descartes afirma que é difícil distinguir se estamos ou não em um sonho,
pois alguns sonhos são muito nítidos e semelhantes à realidade/ experiências
que temos quando estamos acordados. Isto levou-o a questionar:
→ Como podemos garantir que neste preciso momento não estamos a
sonhar e que a nossa vida não é um sonho?

Esta dúvida é muito radical e permite pôr em causa todas as crenças


empíricas: se a vida fosse um sonho tudo o que percepcionamos seria
provavelmente falso (neste caso as crenças empíricas não seriam
indubitáveis). Dessa forma, não podemos garantir que as coisas físicas são
como nos parecem nem que sequer existem.

Duvidar da matemática
Descartes constata que, mesmo se a vida fosse um sonho, algumas crenças
continuariam a ser verdadeiras → caso das crenças matemáticas (e de outras
crenças racionais e α priori , como a lógica).
⇒ A Anna pode ter um sonho muito estranho, mas no seu sonho 2+3
continua a ser igual a 5.
⇒ Alguns dos nossos sonhos são estranhos mas, se a Bia sonhar que tem 3
carros e comprar mais 3, ela fica com 6 carros (todos eles inexistentes na
vida real).
⇒ Descartes faz um teste ainda mais radical do que a hipótese da vida ser
um sonho para submeter as crenças que ele apresenta (parágrafo 5, pág.26).

⇒ O teste ainda mais radical que Descartes vai fazer é se por no lugar dos
céticos e perguntar:
E se existisse um Deus enganador, todo-poderoso, mas malévolo, que
manipulasse os meus pensamentos e me enganasse até nas ideias mais
evidentes?
Deus enganador = Génio maligno

Um tal ser poderia enganar-me relativamente à existência do mundo e do


meu corpo, mas também acerca das crenças matemáticas e de outras
crenças a priori): talvez me pudesse convencer de que 2+2=4 e o resultado,
afinal, fosse outro.
⇒ Esta hipótese trata-se de uma dúvida hiperbólica.

⇒ A hipótese da vida ser um sonho é menos radical do que a hipótese de


existir um Deus enganador. Enquanto que a hipótese da vida ser um sonho
só permite duvidar das crenças α posteriori, a hipótese da existência de um
Deus enganador permite duvidar tanto das crenças α posteriori quanto as
crenças α priori.

⇒ A hipótese da existência do Deus enganador pode ser apresentada sob


forma de um argumento:

Se posso conceber a possibilidade de um Deus enganador, então até as


crenças α priori podem ser falsas.
Posso conceber a possibilidade de um Deus enganador.
Logo, até as crenças α priori podem ser falsas.

⇒ O facto de Descartes recorrer sempre à dúvida metódica, deixou-o com


mais dúvidas, não conseguindo provar nenhuma das suas crenças como
totalmente certas/verdadeiras. Mas isto não o impediu de continuar a utilizar o
seu método.

Cogito - penso, logo existo


⇒ Depois da crise de Descartes, o mesmo apresenta a sua
descoberta → primeira certeza.
Primeira certeza ⇒ mesmo se o Deus enganador enganasse em muitas
coisas, há algo que não pode enganar: eu existo. Se penso (mesmo
erradamente), então existo.

⇒ Segundo Descartes, o cogito é indubitável, uma certeza absoluta que


nem o Deus enganador poderia abalar.
⇒ O cogito é também uma ideia clara e distinta, por isso, a sua verdade é
evidente.
⇒ Cogito é uma crença básica, ou seja, auto justificável. Para Descartes
esta verdade é autoevidente, pois conseguimos compreendê-la de imediato
sem recorrer a qualquer raciocínio.
⇒ O pensamento não pode existir sem um sujeito/pensador, ou seja, as
pessoas.
⇒ Dizer que “penso, mas não existo” é contraditório.

Uma coisa pensante


Ao provar que ele existe [Descartes], o que ele realmente prova? Ele não
pode garantir, por mais que pense, que tem um corpo, pois este poderia ser
um engano do Deus enganador. Por isso, apenas consegue reconhecer/ter
certeza que é uma “coisa pensante”, um ser, espírito, alma, razão (...) que
pensa.
Mas tendo ou não corpo, existam ou não as coisas do mundo, o cogito é
uma crença indubitável e básica e por isso evidente. A sua verdade
impõem-se à mente que nela pensa.
→ Dessa forma, Descartes considera que encontrou o fundamento sólido que
procurava para justificar o conhecimento humano e refutar o ceticismo. Ele
encontrou uma crença básica e indubitável.

Impasse
⇒ Com a descoberta do cogito fizeram-se algumas perguntas:
Poderá a clareza e a distinção ser usada como critério de verdade?
Poder-se-á dizer que —2+2=4— é uma ideia clara e distinta, portanto é
verdadeira?

⇒ Neste momento do percurso da Dúvida Metódica, não. Isto porque como,


supostamente, existe o Deus enganador, o mesmo pode enganar acerca de
outras ideias (proposições matemáticas, afirmações sobre o próprio corpo,
etc) mesmo que pareçam ser claras e distintas.
⇒ Descartes, neste momento do percurso da Dúvida Metódica, parece estar
num impasse, porque ele tem uma crença indubitável, mas continua a ser
possível que todas as outras crenças sejam falsas. Encontra-se → posição
solipsista.

Posição solipsista ⇒ é um solitário, que não consegue ter mais nenhuma


certeza além de que existe.

A ideia de Deus
Descartes apercebe-se de que uma das ideias que tem em especial e
diferente das outras: a ideia de Deus. É a ideia de um ser perfeito. Mas como
pode um ser imperfeito (que se engana e tem dúvidas) possuir a ideia de um
ser perfeito?
→ Um ser imperfeito não poderia ter criado uma ideia tão elevada como a
ideia de Deus, pois a causa não pode ser inferior ao efeito (causa > efeito).
Logo, a causa da ideia de perfeito é um ser perfeito, o próprio Deus [a causa
é Deus]. Ao criar-nos, deixou a ideia de si próprio, como uma assinatura, ou
seja, Deus deixou propositalmente a sua marca em nós para sabermos que
fomos criados por ele ← Argumento da Marca.
O fim do génio maligno
⇒ Segundo Descartes, se Deus existe, a hipótese do Deus enganador fica,
automaticamente, anulada. Um Deus perfeito não pode ser enganador,
porque isso seria uma imperfeição.

⇒ Um Deus perfeito tem de ser bom e verídico, por isso não há lugar para
uma entidade como um Deus enganador.

⇒ Um Deus bom não teria criando um ser pensante (nós pessoas) de modo a
que se enganasse constantemente, por isso, as capacidades cognitivas
(memórias, sentidos, razão, etc) dadas por Deus são confiáveis —caso sejam
bem usadas. → a bondade divina garante que o critério das ideias claras e
distintas leva-nos à verdade.

Recuperação das crenças suspensas


⇒ Se usarmos bem as capacidades de Deus no deu — ex.: confiar apenas
no que compreendemos clara e distintamente — chegaremos certamente à
verdade e evitaremos o erro.

⇒ Com a hipótese do Deus enganador (Dúvida Metódica), muitas crenças


foram suspensas, porém agora podem ser recuperadas, principalmente, já
não há razão para duvidar da verdade das matemáticas e de outras crenças α
priori.
⇒ Além disso, já podemos confiar nas nossas experiências sensíveis
(visuais, auditivas, etc) desde que a razão analise as informações delas
derivadas e confirme a sua veracidade (o que acaba por suceder as ideias de
árvore e de automóvel, mas não da ideia de sereia).
⇒ Pode-se também afirmar a realidade do mundo exterior, a existência do
nosso próprio corpo, das coisas da Natureza, etc.
⇒ As crenças que temos sobre essas coisas (citadas anteriormente) são
verdadeiras e podem ser justificadas racionalmente → constituem
conhecimentos genuínos.
⇒ Sabemos agora que, outras pessoas existem, este resumo existe, etc.
⇒ Sendo assim, Descartes pensa que o ceticismo foi vencido.

Apontamento:
A função de Deus:
➔ permite afastar a hipótese do génio maligno (Deus enganador);
➔ garante a verdade das ideias claras e distintas.
Mas será que o ceticismo foi mesmo vencido?

Objeções a Descartes
A incoerência de Descartes
Após a descoberta do cogito, Descartes não pode afirmar a ideia de Deus,
pois não refutou a hipótese do génio maligno. Assim, a tentativa de provar
que Deus existe poderia resultar da influência do génio maligno, pois existe a
hipótese do génio maligno querer que acreditemos na existência de um Deus
bom. → Por isso, Descartes foi incoerente ao considerar a existência de deus
como provada. Isto leva-nos a pensar que, caso esta objeção esteja correta,
Descartes não tenha conseguido justificar adequadamente nenhuma outra
crença e, portanto, não se poderá dizer que refutou o ceticismo.

Círculo cartesiano
⇒ Esta objeção consiste em acusar Descartes de raciocinar de modo circular
ao relacionar a ideia de Deus com o critério das ideias claras e distintas.

⇒ Descartes, ao desenvolver o argumento da marca, considerou que a ideia


de Deus é clara e distinta, portanto, verdadeira, mas por outro lado, ele
considerou que Deus garante a veracidade das ideias claras e distintas.

O problema da origem do conhecimento


- Qual é a origem do conhecimento humano?
- Qual é a fonte principal da origem do conhecimento humano?

Ideias inatas, adventícias e factícias


Descartes foi um filósofo empirista, ou seja, considerava a razão
(capacidade de raciocínio) a fonte principal do conhecimento humano

Os seres humanos, segundo Descartes, têm 3 tipos de ideias:


⇒ inatas (já nascem connosco, estando equipadas na mente ou razão e não
derivam da experiência)
● por ex.: a ideia de Deus, as ideias matemáticas
⇒ adventícias (têm origem na experiência sensorial, ou seja, sensações
fornecidas pelos sentidos)
ATENÇÃO: Ideias adventícias têm origem na experiência sensorial e por isso
não são o mesmo que ideias provenientes da experiência
● por ex.: a ideia de flor, a ideia de automóvel
⇒ factícias (criadas pela imaginação, usando como materiais as outras
ideias)
● por ex.: a ideia de unicórnio, a ideia de lobisomem

Descartes considera que as ideias inatas são as mais claras e distintas.

Conhecimento a priori
⇒ Segundo Descartes, a razão humana, partindo das ideias inatas e ideias
vindas da experiência, consegue-se produzir o conhecimento α priori.

⇒ Conhecimento α priori → a justificação faz-se apenas pensando, não


tendo de recorrer à experiência.

⇒ Para Descartes, este conhecimento é substancial, isto é, um


conhecimento à cerca do mundo. (Matemática e Física)

⇒ Descartes não nega que a experiência é necessária para conhecer coisas,


mas na opinião dele esse conhecimento α posteriori é menos certo e menos
rigoroso do que o conhecimento α priori → devido à razão.

⇒ O conhecimento α posteriori aparece muitas vezes misturado com crenças


falsas, para Descartes

⇒ Os fundamentos de todo o conhecimento são descobertos α priori: o cogito


e a existência de Deus. Para Descartes a razão é a fonte principal de
conhecimento.

Crítica empirista ao inatismo


O inatismo (Teoria que defende a existência de ideias , capacidades ou
atitudes que nascem com o homem, sem necessidade da experiência ou da
aprendizagem) foi criticado por David Hume e outros empiristas, através do
seguinte argumento (modus tollens):

Se algumas ideias fossem inatas, então as crianças mostrariam


conhecê-las.
Mas as crianças não mostram conhecê-las.
Logo, essas ideias não são inatas.

O argumento pode ser reforçado com o facto de muitos adultos desconhecem


estas ideias.
A resposta racionalista a esta crítica é que as ideias inatas são como
sementes, que nascem connosco, porém não vêm completas nem acabadas,
por isso é necessário exercício e treino para desenvolvê-las, tornando-as
conscientes e explícitas. A não oportunidade de realizar este treino, no caso
das crianças, leva-as a ainda não ter consciência dessas ideias. Os adultos,
por outras razões (preguiça, falta de educação…) não o fazem.
→ Por isso, nem todas as pessoas manifestam conhecer muitas ideias que
nasceram com elas.

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