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Figuras impossíveis e reversíveis

Desde há muito que a arte da ilusão é explorada por diversos artistas. A ilusão é uma
perceção distorcida daquilo que observamos e que resulta de uma interpretação errada feita
pelo nosso cérebro. Muitas vezes, vemos coisas que parecem reais, mas que, na realidade,
são impossíveis de se concretizarem.
As figuras impossíveis parecem objetos perfeitos, no entanto, num olhar mais atento,
percebemos a impossibilidade de existirem enquanto objetos reais. Para produzir estas
imagens, é necessário conhecer os sistemas de representação.

As figuras impossíveis criam perspetivas


impossíveis e intersetam planos para
sugerir a tridimensionalidade.

Objeto impossível.
O triângulo impossível, uma das figuras
mais conhecidas nesta área, foi desenhado
pela primeira vez por Oscar Reutersvärd,
em 1934. No entanto, esta figura ganha
notoriedade quando, em 1958, Roger
Penrose publica um artigo intitulado
“Objetos impossíveis: um tipo especial de
ilusão visual” no The British Journal of
Psychology. O triângulo é definido como
uma ilusão de ótica representando “um
objeto sólido impossível feito de três feixes
retos de secção transversal quadrada que
se encontram em ângulos retos nos vértices
do triângulo que eles formam”.
Outras figuras, como o cubo de Necker e a
escada ambígua de Shroeder, são
exemplos de estudos apresentados no
Triplo triângulo impossível. âmbito desta temática.

No cubo de Necker, também conhecido


como o cubo irracional, as suas partes
parecem estar à frente e atrás ao mesmo
tempo, criando uma ilusão no espectador.
Contudo, isto não é possível
geometricamente.

Cubo impossível de Necker.


Existem imagens que enganam o nosso cérebro. Ao visualizarmos uma imagem, temos
tendência a agrupar os elementos segundo determinados princípios de organização e, se
existir ambiguidade, podemos ver outra coisa diferente da primeira. São figuras reversíveis
ou ambíguas, que causam uma inversão da perceção. Nestes casos, o mesmo estímulo
visual pode dar origem a diferentes perceções.

Nas figuras reversíveis ou


ambíguas, a alternância de
visualização é decidida pelo
observador.

O que vês? Pato ou coelho?

Vemos uma imagem como um todo, no entanto, podemos observar apenas fragmentos
dela, e é nesses momentos que, por vezes, percebemos pormenores que só numa
observação das partes é que os identificamos. Giuseppe Arcimboldo, no século XVI,
explorou esta ambiguidade e reversibilidade nas suas obras.

Nesta obra de Arcimboldo, primeiro


percecionamos a forma completa – o rosto
– e só depois é que vemos os elementos
visuais, os produtos agrícolas, numa
observação mais pormenorizada.

Giuseppe Arcimboldo,
Vertumnus, Rudolf II, 1591
Giuseppe Arcimboldo, O jardineiro vegetal, c. 1590

Um outro artista que explorou esta


ambiguidade das imagens foi Rex
Whister. Este pintor e desenhista
tornou-se especialista na criação de
imagens reversíveis. Ao girar as
imagens 180º, as figuras iniciais
deixam de representar uma
determinada imagem e passam a ser
outra completamente diferente.

Rex Whister, Oh, O!, 1936

Rex Whister, figuras reversíveis do livro Oh O!, 1936

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