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THE ACTIVITY AND ART OF READING

1. Um leitor é melhor do que o outro na proporção em que ele é capaz de tornar a sua leitura
mais ativa do que a outro. Ele é tanto melhor quanto exigir mais de si e do texto diante dele.
2. A escrita e a leitura são comparadas a função do lançador (pitcher) e do recebedor (catcher)
no baseball, esporte no qual ambos realizam uma função ativa, com papeis definidos. A
atividade inicia no lançador e termina no recebedor, assim como nos textos escritos. O que é
passivo é apenas a bola. A analogia não se aplicaria no fato de que na recepção pelo catcher
ou a bola é totalmente apreendida ou não. No texto a recepção pode se dar em diferentes
níveis, a depender do grau de atividade do receptor.
3. A leitura é melhor que a outra na medida em que o leitor lê mais ativamente que o outro, e
pelo fato de desempenhar melhor os inúmeros atos que compõe a leitura (ato complexo).

The Goals of Reading: Reading for Information and Reading for Understanding

4. O autor diz que o entendimento obtido da leitura pode ser tão adequado que contemple
exatamente aquilo que o autor quis dizer. Todavia, há casos em que o entendimento fica
aquém do objetivo do autor. Em alguns casos o leitor pode simplesmente ignorar tal fato e
permanecer com o entendimento abaixo do esperado ou buscar ajuda em outros livros ou
em pessoas que o explique aquilo que foi lido. Ambas as posturas estão incorretas. Deve-se
aprimorar as habilidades de leitura, as quais se constituem nos vários atos de leitura.
5. A leitura para informação e a leitura para entendimento se distinguem. Na primeira
aumenta-se apenas o estoque de informações, sem aumentar o entendimento. Na segunda
aumenta-se o entendimento, o que não quer dizer necessariamente o aumento do estoque
de informações (quer dizer, não há necessidade de lembrar mais informações que possuem
o mesmo grau de inteligibilidade que o leitor já possuía antes). O aprendizado é o aumento
do entendimento.
6. Para a leitura que aumenta o entendimento são necessárias 2 coisas: um escritor que
entenda mais que o leitor e que transmita em seu livro insights que ele possua e seu leitor
não, de maneira clara; um leitor que seja capaz de superar essa desigualdade em algum grau
(raramente o fará completamente). Nós somente aprendemos dos melhores.
7. O autor enfatiza que seu livro é sobre a arte de ler para aumentar o entendimento. O livro
não está preocupado com a leitura para entretenimento (lazer).

Reading as learning: The Difference Between learning by Instruction and learning by Discovery

8. Esclarecimento é obtido quando além de saber o que o autor diz, você conhece o que ele
quer dizer e o porquê ele disse aquilo. Claro que o bom leitor irá lembrar do que foi dito, ser
informado é o pré-requisito. Porém, não deve parar aí.
9. O primeiro tipo de ignorância é daqueles que não sabem ler, o segundo tipo é daqueles que
leem mal (são os eruditos estúpidos que os gregos chamavam de sophomores). Para se
evitar a erudição burra é necessário distinguir os tipos de aprendizado: aprender por
instrução e aprender por descoberta. A instrução se dá por intermédio de alguém
(descoberta auxiliada); a descoberta se dá por pesquisa, investigação e reflexão. O
aprendizado por instrução (descoberta auxiliada) se dá no discurso (oral ou escrito); O
aprendizado por descoberta se dá sem discurso – na natureza ou no mundo.
10. A leitura para entendimento exige o pensamento. O pensamento é apenas uma parte da
atividade de leitura. Também devemos utilizar os sentidos; a imaginação; a observação e a
lembrança (evocações).

Present and Absent Teachers

11. O professor presente é aquele que nos fala. E o professor ausente é o autor do livro que
lemos.
12. Se tivermos uma dúvida, o professor presente nos responde, no caso do livro, nós mesmos
temos que responder.
13. Saber como o livro pode bem nos ensinar e saber responder essas questões que surgem
durante a leitura é o objetivo principal dessa obra.

CAPÍTULO 2 – THE LEVELS OF READING

14. O autor utiliza o termo “levels” [níveis] ao invés de tipos, porque cada nível contempla o
anterior, enquanto nos tipos, tem-se a ideia de separação. Todos os níveis devem ser
neessariamente observados em qualquer leitura.
15. O primeiro nível de leitura é a Leitura Elementar: na qual o leitor quer saber o que está
escrito naquela sentença; habilidade obtida durante a alfabetização. O segundo nível de
leitura é a Leitura Inspecional: em que o leitor quer saber do que o livro trata; trata-se de
uma pré-leitura ou leitura rápida com objetivo de identificar os pontos tratados na obra;
começa essencialmente no sumário. O terceiro nível de leitura é a Leitura Analítica: é o nível
de leitura mais completa (para um tempo ilimitado) e mais ativa; é mastigar e digerir o livro;
necessária (e conditio sine qua non) para leitura com a finalidade de alcançar entendimento;
o quarto nível é a Leitura Sintópica (ou Leitura Comparativa): último nível de leitura que
exige maior esforço, o leitor sobre um assunto lê diversos livros e os coloca em relação a
este assunto, e mais do que isso, constrói uma análise sobre algo que não está tratado em
nenhum deles; é uma arte difícil, porém recompensadora, que será tratada mais adiante.

CAPÍTULO 3 - THE FIRST LEVEL OF READING: ELEMENTARY READING

16. A efervescência em torno da leitura possui 3 momentos históricos na América: o primeiro é


o esforço de educar toda a população (alfabetizando pelo menos...). O segundo movimento
se constitui dos métodos de alfabetização: antes de 1870 o único método era o ABC (trata-se
basicamente de aprender o som das letras individualmente (letter names) e suas
combinações silábicas); tal método foi bastante criticado, e chamado de método ABC
sintético, foram propostas duas alternativas: o método fônico - aqui as palavras são
reconhecidas por seus sons (letter sounds) ao invés do nomes das letras e a segunda é o
método visual de reconhecimento (ênfase no método de leitura silencioso e rápido),
enfatizado entre os anos de 1920 e 1930; cada um desses métodos é eficaz para uns e
ineficaz para outros. O terceiro movimento se constitui na criação de inúmeras abordagens
de leitura, criadas em decorrência de uma crítica severa ao sistema educacional.

Quanto maior o arcabouço vocabular, maior será a aptidão neste nível. Todavia não há necessidade de um domínio
completo do léxico para realizar a leitura elementar, embora seja de bom alvitre ampliar o repertório vocabular, durante as
leituras. Se você estiver lendo um livro em língua estrangeira, leia um tópico completo e circule as palavras que você não
compreendeu. Esforce para obter do contexto o significado da palavra. Afinal, para realizar a leitura elementar é muito mais
importante entender o contexto do que uma palavra individualizada. Ser alfabetizado é conseguir ler o que está escrito,
mas entender o que está ali é com o tempo. Por exemplo, tente traduzir a frase: “la critique est aisée l’art est difficile”.
Aqueles que tem a língua portuguesa como língua materna, não terão dificuldade com a frase, talvez apenas com a palavra
“aisée”, porém do contexto é possível entender que o autor da frase está fazendo uma comparação entre a crítica e a arte,
daí é possível concluir que “aisée” possa ser traduzido como o oposto de “difficile”, ou seja, algo que é fácil.
Consequentemente, fica claro que para a leitura elementar, o domínio da gramática e da lógica é mais eficaz do que o
arcabouço vocabular, podendo inclusive suprir sua eventual deficiência, muito embora, seja necessário.

Stages of Learning to Read

17. Etapas no progresso de leitura da criança: 1ª etapa - prontidão para leitura (nascimento até
6/7 anos) para iniciar a instrução para leitura é necessário identificar - prontidão física: boa
visão e audição; prontidão intelectual: visualização e memorização de palavras e
cominações; prontidão de linguagem: falar claramente e combinar corretamente as
sentenças; prontidão pessoal. Queimar etapas é autodestrutivo e pode gerar desgosto pela
leitura. Um possível atraso não é preocupante. 2ª etapa – leitura de materiais bem simples
(300 a 400 palavras) - e esperado que leiam livros simples e com entusiasmo. O autor
observa que nesta fase ocorre um fenômeno misterioso: ao ler determinado símbolo, a
criança acha-o sem sentido, em um primeiro momento, porém 2 ou 3 semanas depois, sabe
exatamente o que significa (ninguém até hoje conseguiu explicar essa façanha intelectual
surpreendente e imbatível, realizada antes dos 7 anos). 3ª etapa - construção de vocabulário
e descoberta de palavras, com a dica do contexto. Nesta etapa a criança consegue ler
qualquer coisa e descobre que a leitura lhe confere autonomia. 4ª etapa – refinamento e
aprimoramento das técnicas anteriores.

Stages and Levels

18. A primeira etapa corresponde à pré-escola (jardim de infância); a segunda etapa à primeira
série do ensino fundamental; a terceira ao fim da quarta série do ensino fundamental
(alfabetização funcional - ampliação e vocabulário e compreensão dos contextos); a quarta
ao término do ensino fundamental - pode ler qualquer coisa, embora nada sofisticado ainda,
estando apta às leituras do ensino médio.

A primeira etapa de leitura deve estar concluída antes ou bem no início do ensino médio.

19. Apenas quando concluída a primeira etapa. Apenas quando pode ler e aprender
independentemente, o estudante pode se tornar um bom leitor.

Higher Levels of Reading and Higher Education

20. A maior parte dos cursos de leitura hoje existentes nada mais faz do que reforçar a leitura
elementar.
21. Um bom ensino médio com bases nas artes liberais, se nada mais fizer, deve formar
competente leitores analíticos. Uma boa universidade, se nada mais fizer, deve produzir
leitores aptos para a leitura sintópica, capazes de ler e pesquisar sobre qualquer tema. Isso
frequentemente não ocorre. 20 anos se passam sem que o aluno saiba ler. Algo está errado.

Leitura e o Ideal Democrático de Educação

22. Não basta ampliar o número de pessoas com acesso à educação, nem tornar a população
funcionalmente alfabetizada. É necessário ir além. Uma nação de leitores competentes.
4 – THE SECOND LEVEL OF READING: INSPECTIONAL READING

23. Para fazer a leitura inspecional é necessário dominar a leitura elementar, isto é, deve ser
apto para ler um texto de autor de maneira mais ou menos contínua, sem ter que parar para
olhar o sentido de muitas palavras, e sem tropeçar sobre a gramática e a sintaxe. Você deve
ser apto a pega o sentido da maior parte das sentenças e parágrafos, embora não precise
pegar tudo.
24. A leitura inspecional tem 2 níveis (leitores mais experientes fazem as duas ao mesmo
tempo): 1 nível: Leitura Inspecional I: Pré-leitura ou Sondagem Sistemática: skimming ou
fazer uma pré-leitura – permite saber se o livro merece ser lido e mesmo que não seja lido,
já lhe fala muito – 1º ver o título e o prefácio (subtítulo, objetivo do autor...); 2º estude o
sumário da obra para obter um sentido geral da estrutura do livro; 3º estude o índice
remissivo ou o index (se houver): são termos que o autor entende cruciais (ver passagens) 4º
leia a contracapa e a sobrecapa; 5º - veja os capítulos que aparentemente contenham o
cerne da argumentação do livro, atentando-se para eventuais resumos de declarações; 6º -
folheie as páginas cavando aqui e ali, lendo um parágrafo ou outro... ler as duas ou três
últimas páginas ou o epílogo se houver. Poucos minutos ou uma hora que economizarão
tempo na leitura da obra principal; 2 nível: Leitura Inspecional II – Leitura Superficial

Posso dizer algo, que talvez muitos irão me criticar, mas a leitura inspecional é a mais importante. Com ela você elimina
99% das leituras que não irão contribuir para o seu desenvolvimento como pessoa e para sua compreensão da realidade
(Adler fala isso no subtópico da pirâmide dos livros). Com ela você adquire uma ampla visão da literatura universal. Com
ela você facilita o trabalho para compreensão dos livros que valem a pena ser lidos, porém são difíceis. Com ela você
consegue fazer a leitura sintópica.

Posso dizer que a leitura inspecional amplia sua visão para a universalidade das obras literárias produzidas, enquanto a
leitura analítica limita sua visão para uma única obra. Isto não quer dizer que ambas são necessárias, porém somente com
a leitura inspecional eu consigo identificar aquilo que vale a pena reduzir minha atenção para uma única obra, durante um
tempo da minha vida.

Leitura Inspecional II – Leitura Superficial

25. Qual a abordagem correta? Ao enfrentar um livro difícil pela primeira vez, leia-o
completamente sem parar para olhar ou ponderar as coisas que você não entende
completamente. Provavelmente o livro será compreendido em uma segunda leitura, mas
tem que ler todo pelo menos uma. Mesmo que não leia uma segunda vez, ainda que se
entenda metade de um livro difícil, ainda assim é melhor que nada;
26. As constantes paradas para consultar dicionários, referências, comentários acadêmicos
feitas prematuramente apenas impedem a leitura em vez de ajudar;

On Reading Speeds

27. Os dois passos da leitura inspecional é feita de maneira rápida.


28. O primeiro problema de leitura é identificar o que merece uma leitura rápida e o que
merece uma leitura mais lenta. Dentro de um mesmo livro a velocidade de leitura varia de
acordo com a dificuldade das questões tratadas;
29. A dificuldade em um livro muitas vezes não é fisiológica nem psicológica, mas simplesmente
porque o leitor não sabe o que fazer, não sabe manejar seus recursos intelectuais.
Simplesmente ele não sabe o que está procurando e quando o encontrou;
30. A leitura inspecional é mais rápida e a analítica, mais lenta;

Fixations and Regressions

31. Os cursos de leitura dinâmica ensinam a ler com a mente e não com os olhos (problema da
fixação com os olhos, subvocalização, regressões na página);
32. Técnica de utilizar os dois dedos para aumentar a velocidade da leitura;

The problem of comprehension

33. Concentração é outro nome para leitura ativa. O bom leitor lê ativamente concentrado.
34. Compreensão é muito mais do que saber do que o texto diz ou resolver simples questões
sobre o texto.

A leitura de um texto vai muito além da chamada análise de texto, pautada meramente em
termos lógicos. O leitor precisa utilizar sua imaginação, utilizar-se de suas evocações (outras
leituras e principalmente experiências reais)...

35. Adler diz que seu livro foca no aumento da compreensão.


36. A compreensão se dá com a leitura analítica.

Summary of Inspectional Reading

37. Todo livro deve ser lido não mais lentamente do que merece, e não mais rapidamente que
você possa lê-lo com satisfação e compreensão.
38. A sondagem ou pré-leitura é sempre uma boa ideia para saber se o livro merece uma leitura
mais lenta ou mais rápida. Além disso, todo livro em que se deseja ler mais cuidadosamente
é importante a sondagem para se ter uma ideia de sua estrutura ou de sua forma.
39. Não tenha medo de ser superficial na primeira leitura de um livro difícil.
40. A primeira etapa da leitura inspecional (sondagem sistemática) antecipa a primeira etapa da
leitura analítica: compreender a estrutura do livro; e a segunda etapa da leitura inspecional
(leitura superficial) serve para a segunda etapa da leitura sistemática, é o passo inicial da
interpretação do conteúdo do livro.

CAPÍTULO 5 – COMO SER UM LEITOR EXIGENTE

41. A leitura deve ser vista como um trabalho (portanto, ativa), cujos frutos são o crescimento
mental e espiritual.

The Essence of Active Reading: The Four Basic Questions a Reader Asks

42. A essência da leitura ativa: fazer questões enquanto a leitura é realizada.

a. Do que o livro trata como um todo? Tema central e como o autor divide a exposição
em tópicos e subtópicos [4 primeiras regras da leitura analítica - abaixo]
b. O que está sendo dito em detalhe e como? Ideias, mensagens e asserções que
apresentam o pensamento particular do autor [4 regras de interpretação da leitura
analítica (leitura para interpretação) - abaixo]
c. É o livro verdade, no todo ou em parte? Aqui o leitor após conhecer a mente do
autor, ele vai tirar suas próprias conclusões [7 últimas regras da leitura analítica -
abaixo]
d. E daí? A informação fornecida é importante. Por que o autor pensa que é
importante? Por que seria importante para mim? [7 últimas regras da leitura
analítica - abaixo]

43. A leitura inspecional auxilia nas respostas das duas primeiras perguntas, embora ajude a
resposta das últimas duas. A leitura analítica não é bem realizada se as duas últimas
perguntas não forem respondidas. A última questão é mais importante para a leitura
sintópica.

44. Fazer essas 4 perguntas deve ser um hábito. Mais do que isso, saber responder
precisamente e corretamente.

45. A arte da leitura corresponde a ter a habilidade para saber fazer e responder essas
perguntas.

46. Para ler ativamente você deve não apenas a vontade de fazê-lo, mas também a habilidade -
a arte que permite você se elevar dominando aquilo que a princípio pareça além de você.

How to Make a Book Your Own

47. Fazer e responder as perguntas pode ser feito com a mente, mas será melhor feito com o
lápis. Além de ler entre as linhas, escrever entre as linhas.

48. Quando você compra um livro ele é seu, mas apenas se torna completamente seu quando
você escreve nele.

49. Vantagens de marcar o livro: mantém completamente acordado; pensar tende a expressar-
se em palavras; escrever ajuda memorizar.

50. Ler um livro é uma conversa entre o autor e o leitor.

51. Dicas para marcar um livro inteligentemente:


a. Sublinhar os pontos principais (contém os argumentos mais importantes ou mais
fortes);
b. Linhas verticais na margem: passagem já sublinhada ou muito grande para ser
sublinhada
c. Estrela, asterisco, ou outro sinal na margem: para ser usada moderadamente: 10 ou
12 passagens no livro mais importantes. Pode dobrar a página ou colocar um papel.
d. Números na margem: sequência de argumentos
e. Números de outras páginas na margem: mesmos pontos. Serve para atar as ideias
do livro. Usar o Cf (compare/refere to)
f. Circular as palavras-chaves ou frases
g. Escrever nas margens, em cima ou embaixo da página: recordar questões e talvez
respostas que a passagem faz surgir na mente; reduzir uma discussão a uma simples
declaração; recordar uma sequência de argumentos trazidos no livro; as páginas em
branco no final podem ser usadas como index pessoal;

52. Tente usar as páginas iniciais para indicar o raciocínio; ao término do livro use as páginas
iniciais para fazer um breve esboço do livro; e as últimas para usar como index pessoal.

The Three Kind of Note-Making

53. A anotação depende do nível de leitura.

54. A leitura inspecional é rápida, mas tem algumas perguntas a serem feitas, e por isso devem
ser anotadas. 1ª - que tipo de livro é este; 2º do que esse livro trata; 3º qual a estrutura do
livro. Anotar no sumário ou na folha de rosto.

55. São notas estruturais, porque não dizem respeito ao conteúdo do livro.

56. Durante uma leitura analítica, você necessitará dar respostas às questões sobre a verdade e
a importância do livro.

57. As notas que você faz na leitura analítica não são estruturais mas conceituais. Eles
concernem aos conceitos do autor, e também dos seus próprios, na medida em que eles
forem ampliados e aprofundados durante a leitura do livro.

58. A leitura sintópica também é conceitual, mas as referências dizem respeito a outros livros.
Na leitura sintópica há um passo além, qual seja tomar notas da forma da discussão (Adler
chama de notas dialéticas) - discussão engajada por todos os autores (mesmo sem que eles
saibam). Feitas em papel separado. Uma estrutura de questões e afirmações sobre um único
assunto.

Forming The Habit of Reading

59. Aprender fazendo. Depois da prática, fica mais fácil. E você faz muito melhor do que fazia no
começo. Você faz como se tivesse nascido para isso.

60. A arte somente é aprendida e possuída quando agimos de acordo com as regras. Não basta
saber as regras.

From Many Rules to One Habit

61. Cada ato separado requer sua completa atenção enquanto você está fazendo. Depois que
você praticar as partes separadamente, você poderá não apenas fazer cada uma com maior
facilidade e menos atenção, mas poderá também gradualmente colocá-las juntas em uma
suave corrida de todas elas.

PART 2 – THE THIRD LEVEL OF READING: ANALYTICAL READING


Capítulo 6 - PIGEONHOLING A BOOK

62. As regras que se aplicam aos livros maiores e mais difíceis, também se aplicam a quaisquer
materiais, embora possa ser necessário fazer uma adaptação.

The Importance of Classifying Books

63. 1º estágio da leitura analítica: dá ao leitor uma ideia sobre a estrutura do livro (a finalidade é
a delineação estrutural do livro). Completar este estágio (saber dizer do que o livro trata e
delinear sua estrutura como se vê abaixo) é o primeiro passo para ler analiticamente. Não
quer dizer que para aplicar as quatro regras, o leitor tenha necessidade de segui-las
cronologicamente, ele faz tudo ao mesmo tempo.

a. 1ª regra: Saber que tipo de livro se trata, e saber isso o mais cedo possível, de
preferência antes de ler (um romance, uma peça, um poema, um texto de
exposição). Há de se reconhecer que existem vários tipos de livros expositivos (ex:
filosofia e história; física e moral). Para tentar descobrir do que o livro trata antes de
ler, é importante a leitura inspecional (título, subtítulo, sumário, prefácio,
introdução, index). Poucos leem o título do livro e se questionam sobre o que é o
livro. Os nomes dos capítulos (no sumário) fornecem as dicas sobre do que se trata o
livro. O autor tenta expor essas informações no prefácio, dada a importância dessa
primeira regra. Também é importante já ter as linhas gerais de classificação na
mente. Além de saber de qual tipo o livro trata, deve-se saber de que tipo este livro
é. Entre os livros expositivos podemos distinguir livros de história e de filosofia; e
ambos dos livros de ciência e matemática. Distinção básica: livros teóricos dos livros
práticos. Livros práticos falam sobre algo; livros teóricos como fazer ou o que você
deve fazer (artes: engenharia, medicina, culinária, moral, economia, ética, política e
livros normativos). Quando for impossível classificar o livro pelo título, subtítulo,
prefácio, index, etc, será necessário ler partes do livro que contenham resumos ou:
passagens importantes no início e final. Livros práticos contém as palavras deveria, é
necessário, bom e mal, fins e meios... Livro teórico contém “é” e não “deveria” ou “é
necessário”, quer demonstrar a verdade sobre algo... Os livros teóricos são
tradicionalmente: história, filosofia e ciências. A essência da história é a narração.
História é cronotópica (fatos que ocorreram em determinado tempo e lugar).
Ciência lida com questões que podem se repetir qualquer tempo ou lugar. Ciência
busca leis e generalizações; Filosofia busca a verdade. Ciência: fatos que não podem
ser verificados na experiência do homem normal. Importância de identificar a
classificação do livro: encontrar a sala de aula; cada tipo de disciplina tem o seu
método de ensinar;

Todo livro que merece ser lido possui uma unidade e uma organização. Assim como as
demais obras de artes possuem uma unidade, o livro quanto mais próximo de uma obra de
arte, mais terá uma unidade profunda.

b. 2ª regra: Estabeleça a unidade de todo o livro em uma única sentença, ou pelo


menos em algumas sentenças (um parágrafo curto) - do que o livro trata tão
brevemente quanto possível. Você deve ser capaz de resumir unidade em poucas
palavras. Os livros que foram bem construídos são aqueles bem organizados, com
uma unidade clara. Quanto aos livros enfadonhos, ainda assim devemos buscar
algum plano neles. É como o enredo de um livro. Nem sempre você precisa
encontrar essa unidade sozinho, as vezes o autor ajuda (título, prefácio...). Os
detalhes fascinantes podem ser deixados de lado. A falta de capacidade de síntese
pode prejudicar. Não existe uma única forma de fazer a sentença, mas será tão
melhor quanto seja precisa e compreensível (isso não significa que qualquer coisa
serve – embora os leitores sejam diferentes o livro é o mesmo).

c. 3º regra: Exponha as principais partes do livro, e mostre como estas estão


organizadas em um todo, mediante a ordenação das partes e da unidade do todo. A
segunda regra trata da unidade do livro, a segunda da sua complexidade. Delinear as
partes principais do livro, como se fossem "todos” (wholes) subordinados, cada um
tendo sua unidade e complexidade.

Fórmulas para a Segunda e Terceira Regra


Segunda Regra Terceira Regra
Todo o livro é sobre isso e isso, e tal e tal... A primeira parte é sobre isso e isso; a
[“enredo” do livro: uma ou duas sentenças, segunda parte é sobre tal e tal...
ou até um parágrafo, que confere unidade
ao livro] A primeira parte é dividida em tantas
seções, sendo que cada um fala disso e
daquilo...

Na primeira seção da primeira parte, o


autor faz quatro apontamentos, sendo que
o primeiro trata disso, o segundo daquilo...
Conquanto a fórmula de Adler pareça bastante complexa, na verdade, ela é bem simples e
até bem divertida. Basta pegar o livro, com uma folha A4 e um lápis, virar ela em formato
paisagem, e iniciar a elaboração daquilo que chamamos de “mapa mental”. Na extrema
esquerda e centralizado, escrevemos do que o livro trata, traçamos uma reta, a qual se
desdobrará em tantos retângulos quantas forem as partes principais dos livros; as quais
também se subdividirão quantas forem as seções e assim sucessivamente. Em cada
retângulo descreveremos de maneira suscinta do que trata cada parte, seção, subseção
etc... A irmã Miriam Joseph (aluna de Adler) também sugere o mesmo método no Trivium.
Este “mapa mental” retrata bem a analogia de Adler do livro com uma casa. A casa apesar
de ser o “todo” possui vários “todos”, que são os cômodos da casa, os quais se
comunicam entre si através dos corredores e portas.

O próprio Adler diz que se trata apenas de uma fórmula, porém o estudante deve
aproximar-se dela, sendo capaz de dar conta da estrutura do livro.

Adler acrescenta que o esforço para se aproximar desta fórmula não precisa ser
dispensado para qualquer livro. Mesmo os leitores mais hábeis não o fazem. Todavia, uma
noção, ainda que básica, da estrutura do livro, deve ser conhecida.

A fórmula não permite ir além daquilo que o autor disse. Embora o tema possa se
estender indefinidamente, o livro está limitado em sua própria estrutura, e é essa
estrutura que deve ser delineada.

A estrutura do livro (aquela que lhe dá unidade) pode não corresponder com a divisão em
capítulos, subcapítulos etc, determinados assuntos podem ser retomados em diferentes
capítulos ou adiantados, para serem melhor explicados depois etc. O ponto é faça o seu
próprio delineamento do livro. Isto não significa que você deva ignorar completamente a
divisão feita pelo autor.

d. 4º regra: Ache onde os problemas do autor são. O autor antes de escrever começa
com perguntas. O livro contém as respostas. O leitor deve estar a apto a encontrar
as perguntas ordenadamente. Auxilia nas duas regras acima. Exemplo de questões
teóricas: Isto existe? Que tipo de coisas é esta? O que causou isto para existir, ou em
quais condições isto pode existir, ou, por que isto existe? A que propósito isto serve?
Quais são as consequências desta existência? Quais são as características próprias,
seus tratos típicos? Quais são as relações para outras coisas do mesmo tipo ou de
tipo diferente? Como isto comporta? Exemplo de questões práticas: Para que fim
deve ser solicitado? Quais os meios devem ser escolhidos para dado fim? O que
deve ser feito para atingir um certo objetivo e em qual ordem? Sobre estas
condições, o que é a coisa certa a fazer, ou o melhor em vez do pior? Sobre quai
condições isto seria melhor a fazer em vez disso?

Capítulo 8 - Coming to terms with an author

64. 2º estágio da leitura analítica (a finalidade é a interpretação): também compreende 4 regras.


Cada uma das regras seguintes terá uma etapa na linguagem em si e outra no pensamento
que está atrás da linguagem. Uma palavra pode ser o veículo para vários termos, e um termo
pode ser expresso por várias palavras. Uma sentença (sentence também pode ser traduzido
como frase) e um parágrafo são unidades gramaticais, enquanto proposições e argumentos
são unidades lógicas. Nem toda sentença expressa uma proposição, pode expressar
perguntas, desejos ou intenções. Proposições são respostas para perguntas (transmitem
conhecimento). Uma sentença pode ter mais de uma proposição, porque as palavras podem
assumir mais de um sentido. Uma sentença composta possui várias sentenças e expressa um
número de proposições relacionadas na forma de um argumento. Um conhecimento básico
de gramática é imprescindível ao leitor, pois para se chegar às proposições, sentenças e
termos é necessário ultrapassar a barreira da linguagem.

a. 5ª regra: Achar as palavras-chaves e chegar a um acordo com o autor. As palavras


podem ter vários sentidos, mas se o leitor a lê com um sentido e o escritor a escreve
com outro, não haverá comunicação (ou será incompleta). O termo seria então uma
palavra usada sem ambiguidade. Chegar aos termos com um autor é usar palavras
que para os dois tenham o mesmo sentido. As palavras chaves são aquelas que o
autor emprega de uma forma especial para ele e para o leitor; palavra que
extrapolam seu uso ordinário (neste capítulo: termo – a mais importante; palavra e
comunicação). Provavelmente (nem sempre) são as palavras que nos incomodam
que são as palavras chaves (porque fogem do uso ordinário). Com relação a essas
palavras devemos: 1. descobrir se o autor utiliza esta palavra com apenas um
sentido; 2. se ele utilizar com mais de um sentido, descobrir onde ela tem o mesmo
sentido e onde tem sentidos diferentes, vendo se o contexto pode te auxiliar. O
sentido da palavra desconhecida deve ser encontrado no contexto das palavras
conhecidas (não há fórmula: é como o método de tentativa e erro de um quebra-
cabeças). Você cometerá erros, no processo, mas neste caso a figura não será
completada, você fará os reajustes durante a leitura do livro. É muito importante
prestar atenção nas palavras empregadas para localizar suas dificuldades. Pode ser
que palavras especiais para o autor também não nos incomode, porque as
entendemos, neste caso devemos nos atentar: 1. ao realce dado pelo autor (recurso
tipográfico); 2. à discussão sobre os diversos sentidos possíveis da palavra; 3. à
ênfase explícita na palavra definindo aquilo que a palavra se refere; 4. às palavras
com sentido técnico em certo campo de conhecimento (lembrar que cada campo de
conhecimento possui seu vocabulário técnico). Não confundir termo com
terminologia. Uma palavra pode ser empregada com mais de um sentido (termos
diferentes); e várias palavras (sinônimas) com o mesmo sentido (mesmo termo). O
mesmo quanto às frases.

Adler diz que na leitura analítica o leitor faz dois movimentos simultâneos, o primeiro
(primeiro estágio) de buscar a unidade do livro, realizando a sua delineação estrutural; e o
segundo (segundo estágio) de "quebrar" o livro em tantas partes até chegar nas
proposições e nos argumentos... O primeiro estágio é de delineação e o segundo estágio
de interpretação.

1º estágio: delineação da estrutura do 2º estágio: interpretação ("quebra" do


livro livro em proposições e argumentos)

b. 6ª regra: marque as sentenças mais importantes no livro e encontre as proposições


por trás. Para o leitor são aquelas que requerem um esforço de interpretação
porque, à primeira vista, não são perfeitamente inteligíveis. Para o escritor são
aquelas sentenças nas quais toda a argumentação repousa. Você talvez não entenda
todas as afirmações, mas você não pode perdê-las. Isto quer dizer que o livro
merece graus diferentes de atenção (e velocidades diferentes de leitura). Em alguns
casos o próprio autor destaca estas sentenças; nos outros isto ficará a cargo do
leitor. Coisas que o leitor pode fazer: 1. Identificar aquelas partes mais difíceis de
entender (deixar se impressionar e depois se questionar); 2. As palavras chaves
conduzem às sentenças chave; 3. Os argumentos principais contêm as proposições
principais (identificar premissas e conclusões). Descobrir as proposições por trás das
sentenças é descobrir o significado delas. O conhecimento da gramática é
fundamental. A melhor forma de apresentar o conhecimento transmitido pelo autor
é dizendo sobre a ideia transmitida com palavras totalmente diferentes o que ele
disse. Outro teste é pontuar alguma experiência própria, algum exemplo particular
em relação àquela proposição.

Em primeiro lugar, fica claro que a proposição é mais importante do que a frase.
O texto por si só é apenas o instrumento necessário para veicular o pensamento
do autor. O texto sempre fala de algo, se refere a algo. Este algo é a proposição.
Em segundo lugar, todo texto para sua interpretação exige a evocação de
experiências pessoais do leitor, seja de outros textos, seja de expediências
próprias.

Proposições não existem no vácuo. Elas referem ao mundo no qual nós vivemos.
A menos que você mostre certo entendimento com os fatos reais ou possíveis
para o qual a proposição se referia ou de algum modo, você está jogando com
palavras, não lidando com pensamento e conhecimento.

c. 7ª regra: localize ou construa os argumentos básicos no livro, encontrando-os com


base nas sentenças. Argumentos são uma sequência de proposições onde uma dá
razões para a outra. Encontre se você puder os parágrafos no livro que expõem os
argumentos importantes; mas se os argumentos não estão expressos, sua tarefa é
construí-los, tomando uma sentença deste parágrafo, e uma deste outro, até você
reunir a sequência de sentenças que enunciem as proposições que compõem o
argumento (você pode anotá-las ou colocar um número ao lado das sentenças).
Todo argumento envolve um número de afirmações: conclusão e as razões.
Diferenciar os argumentos indutivos (aqueles que de fato (s) específico (s) fazer
generalizações) e dedutivos (aqueles que de generalizações se faz outas
generalizações). Observe o que o autor diz que pode ser provado e aquilo que ele diz
ser auto evidente. Toda linha de argumentação começa em algum lugar (suposições
acordadas entre leitor e escritor e as proposições auto evidentes). As proposições
auto evidentes são referidas como sendo tautologia (há uma diferença entre mera
definição de palavras do que algo evidente na realidade – independe da linguagem
utilizada). Exemplo: independentemente de sabermos usar a palavra todo e parte,
sabemos que o todo é maior que a parte. Exemplo 2: a sentença: “o pai do pai é
avô” é mera definição de palavras, aqui sim temos uma tautologia.

A grande diferença para Adler, portanto, é que na tautologia há apenas um jogo de


palavras sem qualquer referência na experiência real; ao passo que, nas proposições auto
evidentes temos uma correspondência inegável na própria realidade; correspondência
esta que qualquer pessoa pode perceber, ainda que não conheça as palavras ou as
convenções linguísticas (Euclides chamava de noções comuns)

d. Descobrir quais são as soluções do autor. Na regra 4, da primeira etapa,


descobrimos quais são as perguntas do autor; na regra 4 da segunda etapa, suas
soluções (se houverem): os problemas foram resolvidos; outros problemas foram
criados; o autor reconhece que não conseguiu resolver.

Capítulo 10 – Criticizing a book fairly

65. A leitura de um livro é uma conversa, na qual o leitor tem a última palavra, mas para ser
honesto com o escritor é necessário respeitar certas regras de etiqueta intelectual. Em
primeiro lugar o leitor deve escutar atentamente o seu interlocutor e jamais criticá-lo sem
entendê-lo. A leitura, portanto, é um exercício essencialmente ativo. Para uma leitura
abrangente é necessário que o leitor possa julgar o livro, ou seja, dizer se o ensinamento que
o escritor quer transmitir é verdade ou não. e se aquele conteúdo tem importância para ele.
Isto é feito com o trabalho da crítica. A aprendizagem (teachability) compreende tanto a
habilidade para entender completamente o que é ensinado, mas também para julgar
(embora uma etapa preceda a outra). A ideia do entendimento se relaciona com a gramática
e a lógica, enquanto do julgamento com a retórica (presente em qualquer comunicação
humana).

The Role of Rhetoric

66. É óbvio que o autor novamente faz menção às artes liberais quando associa as etapas da
leitura com o Trivium, pois o Trivium é um dos pilares das artes liberais (ao lado do
Quadrivium). Adler é muito feliz quando diz que para o leitor criticar ele deve entender. A
retórica só é adequadamente utilizada, quando o leitor possui boa proficiência na gramática
e na lógica e a aplica durante a leitura. Após a compreensão (gramática e lógica) -
responsividade, o leitor tem a responsabilidade de tomar uma posição, dialogando com o
autor (retórica).

The Importance of Suspending Judgment

67. As regras de etiqueta na crítica conferem ao leitor, “no debate”, não apenas polidez, mas
também eficiência.

68. A crítica pode e deve ser feita apenas quando o livro foi ouvido e entendido pelo leitor, ou
seja, as duas etapas da leitura analítica necessariamente devem ter sido atendidas.

69. Regras:
a. 9ª regra: Você deve estar apto a dizer: com razoável certeza (e isso demanda
bastante trabalho), “Eu entendi”, antes que você possa dizer: “Eu concordo”, ou “Eu
discordo”, ou “Eu suspendo o julgamento” (todas as possibilidades de crítica sobre
um livro). Lembre-se que o entendimento de um livro pode demandar a leitura de
outro livro do mesmo autor.

b. 10ª regra: Quando você discordar faça sem gerar disputas ou contendas. Esteja
preparado para a disputa. O mais importante é chegar ao conhecimento da verdade,
não vencer o debate.

c. 11ª regra: Respeite a diferença entre conhecimento e mera opinião pessoal ,


dando as razões por qualquer julgamento crítico que você faça. Conhecimento é a
opinião com argumentos racionais. A mera opinião é aquela sem base racional.
Adler afirma que o conhecimento como afirmado aqui não é algo absoluto, podendo
ser revisto diante de outras evidências. Para ele existem proposições auto evidentes,
as quais são verdades inegáveis, e existem outras formas de conhecimento que não
são absolutas.

Agreeing or Desagreeing with na author

70. Dizer que não entende o livro pode ser uma forma de crítica. Neste caso, o leitor deve
demonstrar as razões da falta de inteligibilidade da obra.
71. Se o leitor entendeu o livro e concorda integralmente com o escritor, neste caso o seu
trabalho está feito, não tem mais obrigações críticas. Se o leitor discordar ou suspender o
julgamento deverá dar mais alguns passos.

72. Adler diz que não basta acompanhar o raciocínio do autor, ou seja, é insuficiente
acompanhar o encadeamento dos argumentos trazidos, mas é imprescindível confrontar os
argumentos, para que o leitor diga, ao final, se concorda ou não.

Para mim talvez o parágrafo mais importante do texto:

O erro nisto se torna óbvio tão logo lembramos que o autor está fazendo julgamentos sobre o
mundo em que nós vivemos. Ele alega estar nos dando conhecimento teórico sobre o meio em
que as coisas existem e se comportam, ou conhecimento prático sobre o que deve ser feito.
Obviamente, ele pode estar tanto certo como errado. Sua alegação está justificada apenas na
medida em que ele fala a verdade, na medida em que aquilo que ele fala está provavelmente na
linha da evidência. De outra forma, sua alegação é infundada.

Primeira proposição: em um livro ou em uma exposição oral... o expositor (vivo ou morto) fala da
realidade; Segunda proposição: sobre a realidade ele faz certos juízos: afirmações e negações etc;
Terceira proposição: Estes juízos podem ser teóricos ou práticos; Quarta proposição: O autor pode
estar certo ou não; Quinta proposição: Se o autor está certo o suas afirmações e negações bate
com a realidade, quer dizer, ele diz a verdade; Sexta proposição: Se o expositor fala a verdade,
provavelmente, está fundamentado em evidências.

Se o expositor não está falando da realidade, mas apenas construindo um jogo de palavras, o
leitor ou o ouvinte deve perceber isso, mas isso somente depois de entender realmente o
expositor.

73. Se o leitor compreendeu o autor e mesmo assim a discordância continua, neste caso, surgiu
uma controvérsia (issue).

Prejudice and Judgment

74. Se você discorda é porque para você o autor cometeu um erro em algum ponto, e não
porque você está verbalizando um pré julgamento;

75. Três condições para que a controvérsia seja conduzida:

a. 1ª condição: você deve reconhecer as emoções que você traz para o debate ou
aquelas que surgem durante ele;
b. 2ª condição: você deve deixar suas suposições claras. Deve reconhecer que tem pré
julgamentos. Uma boa controvérsia não pode se resumir a uma querela sobre
suposições. Se algum dos interlocutores deixa oculto suas suposições e debatem
sobre questões tendo suposições diferentes não vão chegar a lugar nenhum. Se o
debate ficar também apenas nas suposições a controvérsia será infrutífera. Cada um
dos interlocutores somente pode debater se assumirem, mesmo que
temporariamente, as suposições do outro, e debater se aqueles desdobramentos
são verdadeiros, para tanto é importante a utilização da lógica. É óbvio que o debate
poderá ir para as premissas, mas nesse caso será pouco proveitoso.
c. 3ª condição: tentar ser imparcial. O leitor – um dos interlocutores – deve ter a
habilidade de ser simpático com o livro – o outro interlocutor.

76. Adler reconhece que estas condições são as ideais, mas que em razão da natureza humana,
podemos falhar, ele então propõe quatro caminhos para serem seguidos mais fáceis de
serem seguidas. Após falarmos: “Entendi, mas eu discordo”, continuamos:
a. Você está desinformado;
b. Você está mal informado;
c. Você é ilógico - seu raciocínio não é coerente;
d. Sua análise está incompleta.

77. O leitor deve ser específico quanto ao seu apontamento, não basta dizer: “você está
desinformado”, ele deve dizer em que o autor está desinformado. Não é possível que ele
esteja desinformado em tudo. Além disso deve fundamentar seu ponto de vista.

Judging the Author's Soundness

78. O autor está desinformado quando lhe falta algum conhecimento relevante para a sua
conclusão. Você deve estar apto a indicar qual conhecimento é este.

79. O autor está mal informado quando sustenta algo que é falso ou menos provável. Apenas
deve ser feito tal apontamento quando a informação acarreta consequências à conclusão do
autor.

80. Dizer que o autor é ilógico é dizer que ele cometeu falácias de duas sortes: 1. non sequitur: a
conclusão não segue as razões oferecidas; 2. inconsistência: duas coisas que o autor disse
são incompatíveis. O leitor deve demonstrar claramente esses defeitos de lógica.

Judging the Author's Completeness

81. Os três primeiros apontamentos dizem respeito aos termos, proposições e argumentos do
autor, ao passo que o quarto diz respeito ao todo.

82. Se o leitor passou pelos três primeiros apontamentos sem fazer qualquer observação, ele
concorda com o autor em alguma medida. No quarto apontamento, não há discordância,
mas uma observação quanto à limitação na realização do propósito do autor. Neste caso, o
leitor pode suspender o julgamento até completar aquele entendimento com outros livros.

83. Dizer que a análise do autor é incompleta é dizer que ele não resolveu todos os problemas
que ele começou, ou que ele não fez um bom uso do seus materiais, como possível, que ele
não viu todas as implicações e ramificações, ou que ele falhou ao fazer distinções que são
relevantes para seu empreendimento.

84. Um livro é tão melhor quanto fala mais a verdade e comete menos erros.

85. A completude de um livro é dada pela quantidade de distinções válidas que o autor faz. Daí a
necessidade de conhecer os termos. E para o autor a necessidade de precisão no uso da
linguagem.
86. A última etapa da delineação da estrutura do livro é saber quais os problemas que o autor se
propôs; e a última etapa da interpretação é saber quão completo o autor conseguiu ser no
seu empreendimento. A última etapa da delineação considera quão adequado o autor
conseguiu colocar o problema; a última etapa da interpretação considera o grau de
satisfatoriedade em resolvê-los.

87. O método apresentado por Adler para a leitura analítica é o método ideal, por isso
dificilmente iremos alcançá-lo. Mas seremos bons leitores tão próximo alcancemos o
método.

88. Quanto à quantidade de livro, Adler diz claramente que o importante não é ler muitos livros,
mas ler bem. Thomas Hobbes diz, "Se eu ler tantos livros como a maioria dos homens fazem,
eu seria tão idiota como eles são". Os grandes escritores na maioria dos casos não leram
todos os livros que estavam na lista de livros obrigatórios da sua época, mas o pouco que
eles leram, eles os dominaram, tornando pares dos autores destes livros. É melhor aplicar
com o máximo de proximidade das regras da leitura analítica lendo pouco livros do que
conhecer superficialmente uma grande quantidade.

89. Claro que cada livro tem aquilo que merece. Uns são para passar pelo crivo de todas estas
regras, outros apenas pela leitura inspecional.

CAPÍTULO 12 - AIDS TO READING

90. Todas as regras dadas até agora permitem que o leitor possa ler o livro sem ajuda de outros
livros (leitura intrínseca).

91. Neste capítulo o autor trata da ajuda externa (leitura extrínseca).

92. Quatro categorias de ajuda externa: primeiro, as relevantes experiências; segundo, outros
livros; terceiro, comentários e resumos; quatro, livros de referência.

93. Antes de buscar ajuda de outros livros, devemos nos esforçar para esgotar todas as regras
da leitura extrínseca. Somente depois de darmos nosso melhor na leitura intrínseca,
podemos partir para a ajuda externa.

The Role of Relevant Experience (1ª categoria)

94. Adler descreve dois tipos de experiência: a experiência comum e a experiência especial.

95. O filósofo, como um poeta, apela para a experiência da humanidade. Ele não trabalha em
laboratórios ou pesquisa de campo. Consequentemente para entender e testar uma linha de
princípios de um filósofo você não precisa de ajuda externa da experiência especial. Ele se
refere ao seu próprio senso comum e sua observação diária do mundo no qual você vive.

96. O cientista e de algum modo o historiador apelam para as experiências especiais.


97. Para testar se estamos fazendo o uso correto da experiência, podemos nos perguntar algum
exemplo concreto daquele ponto do livro, que pensamos ter entendido.

Other Books as Extrinsic Aids to Reading (2ª categoria)

98. Adler introduz o capítulo dizendo que muitos ficam desanimam com um grande livro,
quando percebem sua insuficiência, primeiro porque não sabem ler sequer um único livro, e
segundo porque esquecem que aquele livro pode estar intimamente relacionado com outros
livros (importância de uma lista), e terceiro porque os livros seguem uma ordem cronológica
que não pode ser ignorada, pois é óbvio que o escritor mais recente foi influenciado pelos
seus antecessores.

99. Adler observa que na filosofia e na história a importância da leitura cronológica e


relacionada é maior do que na ciência ou na ficção. Na filosofia mais ainda, porque os
filósofos são grandes leitores.

How to Use Commentaries and Abstracts (3ª categoria)

100. Dois problemas básicos nos comentários: nem sempre o comentário está correto (na
maioria das vezes não está); e quando está certo, normalmente está incompleto.

101. Não leia um comentário antes de ler o livro e de fazer todos os esforços para tentar
entendê-lo. Fazê-lo pode distorcer seu entendimento. Você irá ler o livro com os olhos do
crítico ou do acadêmico. Ler o livro antes te coloca em posição de igualdade com eles.

102. Os resumos têm duas finalidades: 1. memorização do conteúdo do livro; 2. saber se


aquele livro combina com seu projeto na leitura sintópica.

How to Use Reference Books

103. Os dois tipos principais: dicionários e enciclopédias.

104. Uma dose de conhecimento é exigida para usar livros de referência. Os livros de
referência não curam a ignorância total.

105. 4 tipos de conhecimento exigidos para usar o livro de referência: 1. ideia ainda que
vaga daquilo que se quer buscar; 2. você deve saber onde encontrar o que você quer saber;
3. saber como ler o livro de referência; 4. saber aquilo que os autores dos livros de
referência consideram como informação transmissível por obras de referência (apenas
questões em que há certa anuência geral)

How to Use a Ditionary

106. Não leia um bom livro consultando o dicionário a cada palavra. Faça apenas quando
for essencial para entender o sentido geral do autor.

107. Tenha em mente que o dicionário é sobre palavras e não sobre coisas.
108. Palavras podem ser vistas de 4 maneiras: 1. Palavras são coisas físicas; 2. Palavras
desempenham um papel gramatical e para cada uso, pode mudar o sentido (a mesma
palavra pode ser substantivo, verbo, adjetivo e advérbio e para cada uso pode ter uma lista
de sentidos diferentes) - isto se agrava nas línguas não flexionadas como o inglês; 3. Palavras
são signos, podendo assumir vários significados, conforme a finalidade; 4. O uso da palavra é
convencionado, pois as palavras são signos fabricados pelo homem.

Fora tudo isso, uma palavra pode também ser usada como figura de linguagem.

How to Use an Encyclopedia

109. Regras para uso de enciclopédia: 1. não ser escravo delas; 2. não serve para resolver
questões em que há disputa, as enciclopédias tratam de fatos (ou idealmente deveria ser
assim), e fatos não deveriam ser debatidas em primeiro lugar; 3. sobre um fato, talvez seja
interessante pesquisar em mais de uma enciclopédia.

110. Considerando que dicionário tratam de palavras e enciclopédias de fatos, Adler traz
as seguintes regras para o uso das enciclopédias: 1. Fatos são proposições; 2. Fatos são
proposições “verdadeiras” e não questões de opinião; 3. Fatos são reflexos da realidade; 4. a
partir de novos estudos, certos fatos que eram tidos como inquestionáveis podem ser
revistos; fatos são culturalmente determinados (tendemos a julgar como sendo fatos as
proposições dos cientistas e a não o fazer quando se trata de proposições dos primitivos);

111. As enciclopédias não são os melhores lugares para perseguir entendimento. 2


omissões: 1. não traz argumentos, salvo aqueles amplamente aceitos ou com finalidade
histórica; 2. não traz literatura imaginativa ou poesia a razão e a imaginação são necessárias
para o entendimento.

Quando Adler escreveu seu livro não havia internet. Hoje, a internet faz o papel da maior parte
das ajudas externas: dicionário, referências e enciclopédias. Todavia, eu mesmo já me deparei
com muitas referências históricas, bibliográficas e até mesmo vocábulos que tive muita
dificuldade de achar na internet; neste caso, precisamos recorrer às enciclopédias, livros de
referência e dicionários (principalmente etimológicos)

PART THREE

Approaches to Different Kinds of Reading Matter

13 - HOW TO READ PRACTICAL BOOKS

The Two Kinds of Practical Books

112. Os livros práticos jamais podem por si mesmos resolver os problemas que eles se
propõem resolver. Eles dependem de ações na realidade.
113. A ação é altamente particularizada: aqui, agora e em certas circunstâncias. O livro
prático não prevê estas situações particularizadas. Fazem previsão de regras apenas gerais
que podem se aplicar em situações semelhantes.

114. Os livros práticos são divididos naqueles que enfatizam as regras e naqueles que
enfatizam os princípios que fundamentam as regras (clássicos de economia, moral e
política).

115. As regras são comportamentos que devemos realizar para atingir uma finalidade. Os
argumentos servem para fundamentar a regra. Estes argumentos podem ser princípios ou
exemplos.

116. A diferença do livro puramente teórico e do livro prático que enfatiza os princípios
práticos, é que neste sempre é possível perceber uma regra implícita nos princípios
“práticos”. Além disso, o bom leitor irá saber identificar como tais regras se aplicam
concretamente.

117. O bom leitor também irá encontrar nos livros que enfatizam regras, os princípios
subjacentes.

118. No caso dos livros puramente teóricos, o critério para concordância ou discordância
relaciona com a verdade do que está sendo dito, mas no que diz respeito ao livro prático,
isto dependerá: se aquilo que está sendo dito funciona; e se leva ao fim que você acha
correto, ao fim que você corretamente desejou.

The Role of Persuasion

119. 2 questões que devem ser respondidas nos livros práticos: Quais são os objetivos dos
autores; quais os meios para alcançar aquilo que ele propõe.

120. O livro prático tentará te convencer dos seus fins. Todo livro prático tem um aspecto
do orador e do propagandista. Ele vai apelar para suas emoções, a fim de ganhar a sua
vontade. A melhor forma de se proteger contra a propaganda, é saber que se trata de uma
propaganda, e para que ela serve.

121. O leitor deve estar ciente deste apelo às emoções e sopesar este apelo, evitando
decisões apressadas e irrefletidas.

122. Além disso, o leitor deve conhecer sobre a personalidade do autor e seu contexto
histórico (ex: na Grécia Antiga a escravidão era legalizada, então para ler os autores da
época é necessário saber disso).

What Does Agreement Entail in the Case of a Practical Book?

123. Perguntas a serem respondidas

a. Do que o livro trata como um todo? Não muda muito nos livros práticos. Lembrando
que as 4 primeiras regras da leitura analítica para interpretação respondem essa
pergunta. No que diz respeito aos livros práticos, a última regra é fundamental para
os livros práticos, pois trata exatamente de descobrir quais problemas que o autor
quer resolver;
b. O que está sendo dito em detalhe e como? Usar as 4 regras de interpretação da
leitura analítica (leitura para interpretação), fazendo um paralelo com o item acima,
aqui vamos dar destaque a regra 8 da leitura analítica, que nos dirá como resolver os
problemas
c. É o livro verdade, no todo ou em parte? No caso dos livros teóricos iremos comparar
com nossa experiência pessoal do modo como as coisas são; no livro prático, vamos
ter que entender os meios e fins colocados pelo autor e compará-los com o fim que
achamos correto e se esses meios são adequados para ele.
d. E daí? No livro teórico, se concordarmos com o livro ele mudará nossa visão de
mundo; ao passo que no livro prático, exigirá uma ação de nossa parte.

How to Read Imaginative Literature

124. 1ª recomendação: Livro expositivo tenta transmitir conhecimento (sobre uma


experiência que tivemos, ou que podemos ter) já a literatura imaginativa tenta transmitir a
experiência mesma. Os dois ensinam. O livro expositivo comenta a experiência; e a literatura
imaginativa fornece a experiência. No primeiro [meu entendimento do que Adler disse] para
que possamos compreender aquilo que o autor pensou, devemos comparar com a nossa
própria experiência ou tentar imaginar a experiência de que ele fala.

125. Nós temos experiências através do uso do sentido e da imaginação. Para saber algo
nós usamos os poderes do julgamento e da razão, os quais pertencem ao intelecto.

126. Nos livros expositivos devemos sempre permanecer alertas, nos livros de literatura
devemos deixá-los agir sobre nós. Escapar para a realidade mais profunda da nossa vida
interior.

127. 2ª recomendação: Não procure por termos, proposições e argumentos. O escrito da


literatura imaginativa fala muito mais nas entrelinhas do que nas palavras mesmas. Ele se
vale de ambiguidades e metáforas para enriquecer a experiência. As palavras não podem
dizer aquilo que ele quer.

128. 3ª recomendação: Não critique a literatura imaginativa pelos padrões da verdade e


consistência que se aplicam aos livros que transmitem conhecimento. Os livros de literatura
imaginativa falam daquilo que poderia ter acontecido. Os livros expositivos podem ser
testados com a nossa própria experiência, os imaginativos não.

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