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Saúde Coletiva - Revisão

→ Conceitos Básicos
•Saúde, segundo a OMS, é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não
apenas como a ausência de doença.
•A saúde pública estuda o adoecimento baseado na epidemiologia tradicional. Já, a saúde
coletiva trabalha para a qualidade de vida da população, considerando os determinantes
sociais no processo saúde-doença.

→ Saúde Pública no mundo


•Concepção Mágico Religiosa: as doenças eram resultado do pecado e vinham de forças
alheias ao organismo
•Medicina Grega: relacionava a medicina a Mitologia Grega, onde divindades estavam
vinculadas à saúde.
-Higeia: manifestação de Athena, deusa da razão, representa uma valorização das práticas
higiênicas.
-Panacea: ideia de que tudo pode ser curado (crença mágica ou religiosa).
•Teoria Humoral: criada pelo pai da medicina Hipócrates de Cós, trouxe uma visão racional
da medicina e postulou a existência de quatro fluidos no corpo:
-Bile Amarela (colérico)
-Bile Negra (melancólico)
-Fleuma (fleumático)
-Sangue (sanguíneo)
O homem como uma unidade organizada, a doença surgia a partir da desorganização desse
estado. Isso trouxe uma valorização de observações empíricas, e da visão epidemiológica.
Essas observações não se limitavam aos indivíduos, falava-se também de “Ares, águas e
lugares”, um conceito ecológico de saúde-enfermidade. Daí a ideia de Miasma, onde regiões
insalubres são capazes de causar doenças como a malária.
•Galeno: Revisou a teoria humoral e ressaltou a importância dos quatro temperamentos. Mas
via a causa da doença como endógena, estaria dentro do próprio homem, ou em hábitos de
vida que levassem ao desequilíbrio.
•Saúde Oriental: a concepção de saúde e de doença seguia um rumo diferente, falava-se de
forças vitais que existem no corpo, quando funcionam de forma harmoniosa há saúde, caso
contrário, doença.
•Idade Média: a influência da religião cristã manteve a concepção da doença como resultado
do pecado e a cura como questão de fé. O cuidado dos pacientes estava entregue a ordens
religiosas, e os hospitais não funcionam como lugar de cura, mas sim de conforto aos
doentes. Aquele que se curava tinha fé, os que morriam não.
•Paracelsus: O suíço Paracelsus afirmava que as doenças eram provocadas por agentes
externos ao organismo. Com o rastro da alquimia a química se desenvolvia e passava a
influenciar a medicina. Segundo Paracelsus, se os processos que ocorrem no corpo humano
são químicos, os melhores remédios para tratar as doenças seriam também químicos. A partir
daí passou a administrar aos doentes pequenas doses de minerais e metais.
•Mecânica e Anatomia: No século 17, René Descartes postulava um dualismo mente-corpo,
o corpo funcionando como uma máquina. Com o desenvolvimento da anatomia, a teoria
humoral se tornou ultrapassada, pois as doenças agora se localizam nos órgãos. Segundo
François Xavier Bichat, saúde seria "Silêncio dos Órgãos". Mas isto não trouxe grandes
progressos na luta contra as doenças que eram aceitas como destino. Nessa época os
românticos aceitariam e desejarão morrer de doenças (principalmente tuberculose).
•Revolução Pasteuriana: teve início no final do século 19 no laboratório de Louis Pasteur, o
microscópio (descoberto no século 17, mas até então não valorizado), revelava a existência
de microrganismos causadores de doenças e possibilitando a introdução de soros e vacinas.
•Medicina Tropical: o trópico atraía a atenção do colonialismo, mas os empreendimentos
comerciais eram ameaçados pelas doenças transmissíveis endêmicas e epidêmicas. Daí a
necessidade de estudá-las, preveni-las e curá-las. Nessa época surgia o conceito de
epidemiologia, baseada no estudo pioneiro do cólera em Londres, feito pelo médico John
Snow, este se enquadra num contexto de “contabilidade da doença”. Se a saúde do corpo
individual pode ser expressa por números (sinais vitais) o mesmo deveria ocorrer com a
saúde do corpo social.
•Revolução Industrial: na Inglaterra surgiram estudos que falavam dos efeitos sobre a saúde,
urbanização e proletarização. Essa situação influenciou Engels a escrever “Condição da
classe trabalhadora na Inglaterra”. William Farr, médico, postulou que os números de
mortalidade se combinavam com vívidos relatos que chamavam atenção para as
desigualdades entre distritos “sadios” e "não-sadios" do país. Em 1842, Edwin Chadwick
escreveu um relatório famoso “As condições sanitárias da população trabalhadora na Grã
Bretanha”, este impressionou o parlamento, que em 1848 promulgou a lei “Public Health
Act”, criando uma diretoria geral de saúde, encarregada principalmente, de propor médicos
sanitaristas. E assim teve início oficialmente o trabalho de saúde pública na Grã Bretanha.
•Sistema de seguridade social: Os capitalistas e latifundiários segundo Otto Von Bismarck,
"O chanceler de ferro”, precisavam ser salvos deles próprios, pois sua ganância ameaçava
sacrificar a mão de obra operária. Em 1883, Bismarck criou um sistema de seguridade social
e de saúde. Entretanto somente após a Segunda Guerra, na Grã-Bretanha, com o intuito de
oferecer ao povo inglês uma compensação. O governo de Sua Majestade, William Beveridge,
em 1941, fez um diagnóstico da situação do seguro social, e após um ano e meio, prometia
proteção “Do berço à tumba”.

→ Processo Saúde Doença


•Baseado na epidemiologia social, caracteriza a saúde e a doença como componentes nas
condições de vida das pessoas e dos diversos grupos sociais. Cada situação de saúde
específica, individual ou coletiva, é o resultado em dado momento, de um conjunto de
determinantes históricos, sociais, econômicos, culturais e biológicos.
-DCS: Determinantes e condicionantes da saúde: fatores que podem determinar a saúde de
uma pessoa (alimentação, moradia, saneamento básico, meio ambiente, trabalho, renda,
educação, transporte, lazer, acesso aos bens, e serviços essenciais).
-DSS: Determinantes Sociais da Saúde: conjunto de acontecimentos, que afetam
positivamente ou negativamente a saúde dos indivíduos.
→ Sistema Único de Saúde
-Desenho institucional do SUS: conjunto de regras, critérios, espaços, normas, leis, que
visam fazer valer e promover a realização prática dos princípios democrático-participativo. O
termo institucionalidade remete a amplitude do SUS, o colocando como uma grande
instituição responsável por várias esferas de governo (financiamento, gestão...). Isso se tornou
um problema devido a prática de gestão do sistema, esse processo de institucionalização foi
regido pelo esforço de se implantar o pacto federativo incorporado à constituição de 1988.
-Movimento descentralizador: Teve início com a implementação das NOB'S, que
redefiniram funções e competências de três esferas do governo: Federal, Estadual e
Municipal.

→ Leis de construção do SUS


•Lei orgânica de saúde (8080/90): promoção, proteção e recuperação da saúde, a
organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e outras providências.
•Lei 8142/90:
-Normas Operacionais do SUS: NOB 'S definem as competências de cada esfera de governo
e as condições necessárias para que Estados e municípios possam assumir as
responsabilidades dentro do sistema.
•NOB-SUS 01/91: teve papel histórico no processo de construção do SUS e destacou-se
como o primeiro instrumento a regulamentar os inúmeros “espaços abertos” deixados pela lei
orgânica de saúde.
•NOB-SUS 01/93: definiu o gerenciamento do processo de descentralização nos três níveis
de governo através da CIB e CIT, e CIR, bem como as condições de gestão para municípios.
•NOB-SUS 01/96: modificou as condições de gestão ao estabelecer duas formas de
habilitação dos municípios, a gestão plena da atenção básica e a Gestão Plena do Sistema
Municipal de Saúde.

-Normas Operacionais de assistência à saúde.


•NOAS-SUS 01/01: amplia as responsabilidades dos municípios na Atenção Básica define o
processo de regionalização da assistência, cria mecanismos para o fortalecimento da
capacidade de gestão do Sistema Único de Saúde e procede à atualização dos critérios de
habilitação de estados e municípios.
•NOAS-SUS 01/02: resulta do contínuo movimento de pactuação entre os três níveis de
gestão visando o aprimoramento do Sistema Único de Saúde.
-Decreto N°7508/2011: regulamenta alguns aspectos da Lei Orgânica de Saúde
(planejamento da saúde, assistência à saúde e a articulação interfederativa).

→Mecanismos de Gestão:
•Comissões intergestores bipartites (CIB): Âmbito estadual
•Comissões intergestores tripartites (CIT): Âmbito nacional
•Comissões intergestores regional (CIR): Âmbito regional
Funcionam como uma engrenagem, se uma para, todas param.
-Entidades de Representação dos gestores:
•CONASS: Conselho nacional de secretários de saúde, representa politicamente os interesses
comuns das secretarias de saúde dos Estados e do Direito Federal.
•CONASEMS: Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, tem como eixo de
ação o fortalecimento e a autonomia da gestão municipal, promovendo e incentivando o
desenvolvimento de políticas públicas voltadas a saúde e equidade social.
-Instrumentos de planejamento
•Planos Plurianuais (PPA): a lei é editada a cada quatro anos e determina diretrizes,
objetivos e metas da administração pública, esta se inicia no segundo ano do mandato do
governante e se encerra no primeiro ano de mandato do governo seguinte.
•Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO): estabelece de forma antecipada as prioridades de
gastos para elaboração da LOA do ano seguinte.
•Lei Orçamentária Anual (LOA): contem a discriminação da receita e despesa, uma especie
de prestação de contas dos investimentos anuais em saúde.
•Agenda de saúde: é um instrumento de gestão pelo qual os governos federal, estaduais e
municipais estabelecem, justificam e detalham as prioridades da política de saúde.
•Planos de saúde: planejamento para definição e implementação de todas as iniciativas no
âmbito da saúde de cada esfera da gestão do SUS, para o período de quatro anos.
•Programa anual de saúde (PAS): tem por objetivo operacionalizar as intenções
quadrimestrais expressas no Plano Municipal de Saúde.
•Relatório de gestão: apresentação dos resultados alcançados com a execução da PAS e
orienta eventuais redirecionamentos que se fizeram necessários no Plano de Saúde.
•Planejamento regional integrado (PRI): é elaborado no âmbito da Região de Saúde, com
base nas necessidades expressas nos planos municipais de saúde, será planejado, monitorado
e avaliado pela CIR.

→Princípios Doutrinários:
-Princípios básicos para orientar o sistema jurídico em relação ao SUS. São separados em
doutrinários ou organizacionais, de acordo com sua função.
Princípios Ideológicos/doutrinários
•Universalidade: saúde como um direito de todos e dever do Estado, cláusula pétrea, o que
significa que não pode ser retirada de forma alguma, é um direito fundamental de todos os
cidadãos brasileiros.
•Integralidade: atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem
prejuízo dos serviços assistenciais. A atenção à saúde precisa levar em conta as
especificidades das necessidades de pessoas ou grupos, mesmo que minoritários.
•Equidade: relacionada à cláusula pétrea, “todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza”. Logo, o conceito de equidade é adaptar as oportunidades deixando-as
justas. Diminuindo as desigualdades no âmbito da saúde.
Princípios organizacionais
•Descentralização e comando único: distribuição de poderes políticos, de responsabilidade e
de recursos da esfera federal para a estadual e municipal.
•Regionalização e Hierarquização: rede de ações e serviços de saúde.
•Participação popular: participação da comunidade no dia-a-dia do sistema a partir dos
conselhos e conferências de saúde.

→Ciclo de Planejamento
-1° Etapa
•Introdução: configuração do problema/causa.
•Propósito: objetivo a ser alcançado.
•Diretrizes: linha de ação/caminhos a serem alcançados.
•Responsabilidade constitucional: atribuições de cada esfera de governo.
•Avaliação: verificar a efetividade do impacto.
-2° Etapa
•Identificar o problema: configuração do problema/causa.
•Agenda de governo: justifica e detalha as prioridades da política de saúde.
•Especificações alternativas: cláusulas da lei.
•Decisão política: definição das diretrizes da lei.
•Implementação: criação da lei.
•Avaliação: avaliação do funcionamento da mesma.

→Pacto pela vida


•São conjuntos de compromissos sanitários, expressos em objetivos de processos e resultados
e derivados da análise da situação da saúde do país, e das prioridades definidas pelos
governos federal, estaduais e municipais.
-Saúde do idoso
-Câncer do colo do útero e de mama
-Mortalidade infantil e materna
-Doenças emergentes e endemicas, com ênfase na dengue, hanseníase, malária e influenza
(doenças transmissíveis)
-Promoção da saúde
-Atenção básica de saúde

→Papel da sociedade civil


•A sociedade civil tem papel fundamental para garantir a liberdade e vida digna aos cidadãos,
além de lutar contra as desigualdades sociais no campo da saúde.

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