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Direito comparado:

Aula 2:

Comparação, por definição é confrontar duas coisas para definir suas semelhanças e
diferenças, para fazer a comparação, temos que definir o critério de comparação. Se
vamos pensar em dois produtos, por exemplo, o critério de comparação pode ser a
forma do produto, sua função ou sua forma de comparação. Dois tênis iguais em forma
e função, mas um tendo sido feito em situações normais e outro feito por trabalhadores
em condições desumanas certamente são diferentes.
Na OMC essa questão já foi discutida, por exemplo, quando os EUA tentaram
sobretaxar o atum mexicano, alegando que, embora iguais em forma e função aos atuns
pescados pelos estadunidenses, eram pescados por métodos predatório, prejudiciais ao
meio ambiente. A OMC não concordou com a posição dos EUA, mas fica um
interessante exemplo.

Porque comparar então? Para melhor compreender o direito nacional na medida de suas
semelhanças e, principalmente, diferenças com o direito estrangeiro. Só se pode
entender adequadamente o nosso próprio contexto se o compararmos com outro, do
contrário seriamos peixes não sabendo o que é o mar.
Outra função da comparação é ajudar o legislador a preencher lacunas internas, se um
Estado não tem legislação sobre um tema, pode consultar outros ordenamentos que a
tenham para ajudar a desenvolver sua própria, nenhum exemplo maior em tempos
recentes que a LGPD brasileira.
Além disso a comparação é muito necessária para resolver conflitos entre Estados no
âmbito internacional e certamente essencial para a elaboração de quaisquer contratos.
Mais ainda, sempre que se busca a criação de um direito transnacional(como na união
europeia), é muito necessário o direito comparado. Ainda nesse âmbito, o direito
comparado se mostra essencial quando o julgador nacional precisa aplicar a lei
estrangeira.
Por fim, a comparação é importante método de pesquisa científica, muito se pode
descobrir e desenvolver através da análise comparativa.
- Existem 2 tipos de comparação:
Macro:
A comparação entre os grandes sistemas contemporâneos( Anglo americano, Romano
Germânico, Mulçumano, sistemas africanos, hindu, chinês, etc), observando seus
métodos de solução de conflito, suas fontes, etc.
Micro:
No tipo micro, se escolhe um tema e se compara somente ele entre vários ordenamentos,
por exemplo: como se trata a relação entre estado e religião? Como se lida com a
questão dos filhos fora do casamento, etc.
Aula 3:
- Estudos comparados de metanormas: Religião.

Como dito, mesmo na laicidade, existem muitas diferenças entre os países, no Brasil,
nossa laicidade protege as religões do Estado, enquanto na França a laicidade protege o
Estado da religião. Na frança, por exemplo, se proíbe o uso de indumentárias religiosas
em qualquer espaço público.
Na hora de fazer a comparação, não basta ver o texto legal, é preciso entender quais os
processos sociais, disputas de interesses e contextos históricos por trás das lei de um
país. Porque o Brasil protege tanto a religião? Porque a França tem tanto medo da
influência religiosa no Estado.
Nesse tópico trabalharemos algumas metanormas, sito é, não normas jurídicas, mas sim
aquelas que orientam os sistemas de controle social:
Historicamente, duas são as fontes principais de metanormas:
- Religião/Os deuses/Deus
- Nação
A nação veio muito depois da religião, durante a maior parte da história da humanidade,
foram as forças sobrenaturais( e mais importante, as pessoas que diziam ter contato com
elas) que ditavam certas metanormas. Na Grécia antiga, por exemplo, algumas normas,
como a hospitalidade ou a proibição de matar membros de sua própria família eram
vistas como normas vindas dos próprios Deuses, por exemplo.
Todas as religiões tem um sistema de crenças em fenômenos sobrenaturais, sim, mas
aquilo que mais interessa ao direito são seus repositórios de normas de conduta e de
desafios.
Na Grécia e em Roma tínhamos religiões domésticas, com uma grande valorização dos
vínculos familiares, eventualmente se expandindo para os vínculos para com a cidade.
Era um sistema fundamentalmente local.
Aula 4( Continuanção direta)
As religiões domésticas eram baseadas em uma espécie de acordo entre os vivos e os
mortos, os vivos cuidam do túmulo e os mortos viram deuses e cuidam da família. Por
consequência, uma pessoa não ser sepultada era uma das penas mais graves possíveis.
Uma lição de comparação importante está nesse ultima parte, para se compreender um
povo, temos que entender suas crenças. O exemplo do insepulto é um, mas pensemos na
ofensa contra a honra, cada povo tem um ideal muito diferente de honra, que precisamos
compreender se quisermos fazer uma comparação, por exemplo, entre o dispositivos
que tratam desse tema.
O Sacerdote era o pai da família, servindo como representante dos antepassados na
terra. Ele organizava os banquetes rituais perante o fogo sagrado da família, garantia
que o fogo estivesse sempre acesso e resolvia controvérsias. Seu poder era absoluto,
incluindo direito de vida e de morte, não muito diferente do que o Estado Soberano viria
a ter no futuro. Ele era sucedido pelo filho mais velho.
O conceito de família não dizia respeito ao afeto nem ás relações biológicas, as sim a
fazer parte de um mesmo culto. A mulher, quando se casa, deixa de fazer parte da sua
família e se junta a família do marido. O casamento só poderia ser anulado em caso de
esterilidade da mulher, caso o homem fosse estéril, a mulher teria filho com algum outro
membro da família do marido, que seria com se filho do marido fosse.
Um dos poucos limites do poder do Pai de Família era alienação da casa e por
conseguinte do túmulo, isso porque o terreno era visto como não somente dos vivos,
mas da família como um todo.
A escravidão era parte desse sistema, mas de maneira muito diferente da que
imaginamos, eles eram prestadores de serviço que, para qe pudessem adentrar a casa
onde iriam prestar seus sérvios, aderiam à religião doméstica. Eles se tornavam
membros da família e o pais tinha sobre eles tanta autoridade quando tinha sobre seus
filhos.
A religião doméstica costumava ser hostil as demais famílias, que honravam outros
deuses.

- A religião das Cidades:


Quando a sociedade foi se tornando mais complexas, várias famílias passaram a se
juntar para formar as cidades. De início os deuses domésticos não foram afastados, mas
foram criados novos deuses, comuns a todas as famílias, deuses esses associados a
fenômenos naturais, uma vez que coisas como a chuva, os raios, o sol, etc; afetavam
todas as famílias.
Com o passar do tempo, esses deuses da natureza passaram a ser mais relevantes,
mesmo porque sua manifestação era muito mais concreta que os deuses domésticos.
Venerar esses deuses, que afetam a todos, passa a ser um elemento unificador das
famílias, que não conflita com o culto doméstico.
Surge assim a cúria, união entre duas ou mais famílias com um culto comum.

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