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Nobel de Medicina
g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2016/10/entenda-o-que-e-autofagia-descoberta-que-levou-o-nobel-de-
medicina.html
October 3, 2016
Nobel de Medicina e Fisiologia de 2016 vai para o cientista Yoshinori Ohsumi (Foto:
Reprodução)
A descoberta do mecanismo da autofagia, que levou o Prêmio Nobel de Medicina, pode
contribuir para uma melhor compreensão de patologias, como as vinculadas ao
envelhecimento, e talvez um dia permitir que os humanos vivam mais tempo com boa
saúde, de acordo com vários especialistas.
O japonês Yoshinori Ohsumi foi laureado nesta segunda-feira (3) com o Nobel de Medicina
pela sua pesquisa da autofagia, um processo de limpeza e, principalmente, de
"reciclagem" das células.
saiba mais
Japonês leva Nobel de Medicina por pesquisa sobre reciclagem da célula
"Este processo é muito importante, porque se a célula não é capaz de se limpar, haverá
uma acumulação de resíduos", explicou Isabelle Vergne, pesquisadora do CNRS (Centro
Nacional de Pesquisas Científicas, da França), que trabalha com autofagia.
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"Se este processo é completamente desregulado, pode levar a muitas patologias",
acrescentou. É o caso de doenças neurodegenerativas como o Alzheimer ou o Parkinson,
doenças infecciosas e diferentes tipos de câncer.
"A maioria das grandes patologias estão ligadas a uma insuficiência ou a uma disfunção do
processo autofágico", afirmou o professor Guido Kroemer, outro especialista francês que
trabalha no Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica (Inserm), na França.
A descoberta gerou uma série de pesquisas, que até o momento se limitaram a plantas e
animais.
"Tentamos compreender porque este processo diminui com a idade e encontrar inovações
capazes de ativá-lo para manter nossas células em bom estado por mais tempo e poder
viver uma vida melhor e mais longa", afirmou Ioannis Nezis, professor da Universidade de
Warwick, no Reino Unido.
Na maioria das patologias, a autofagia deve ser estimulada, como nas doenças
neurodegenerativas, para eliminar os aglomerados de proteínas que se acumulam nas
células enfermas.
"É mais complexo no câncer", segundo o professor Kroemer, que detalhou que, segundo o
caso, pode-se procurar "estimular ou, ao contrário, inibir" o processo autofágico.
Segundo Vergne, que trabalha com a micobactéria que origina a tuberculose, cada vez
mais resistente aos antibióticos, a estimulação da autofagia permite controlar a infecção.
Uma estratégia que se emprega igualmente com outra microbactéria, muito presente em
pessoas com fibrose quística, muito difícil de tratar. "Acreditamos que se chegamos a
aumentar a autofagia, poderíamos eliminá-la (...) pedindo ao organismo que a mate
através da autofagia", explicou.
Outra patologia, a artrose, que afeta principalmente pessoas mais velhas, também está na
primeira linha.
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Segundo Claire Vinatier, pesquisadora do Inserm, estudos pré-clínicos realizados em ratos
revelaram que a ativação da autofagia desacelera o surgimento da artrose e melhora "os
signos de mobilidade". Ela precisou, porém, que os experimentos com humanos ainda
estão distantes.
Para evitar os efeitos secundários deste potente medicamento, ele é injetado diretamente
na articulação.
Além disso, se consideram outras opções, como a proteína Klotho, presente no corpo
humano.
Enquanto não chegam os testes clínicos em humanos, algo que ainda poderá levar anos,
já se pode estimular a autofagia com a alimentação, através do resveratrol, um
antioxidante encontrado no vinho tinto, em algumas frutas e no chocolate.
Outra opção deste tipo seria a espermina, outra arma antienvelhecimento, presente no
queijo roquefort, indicou Patrice Codogno, especialista do Inserm.
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