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Direito Administrativo | Material Complementar

Professor Luciano Franco.

ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: TERCEIRO SETOR

Buenas meu povo amado, não é tarefa fácil conceituar o chamado terceiro setor, dado que tu já é conhecedor
(a) que temos no país três setores de atuação, seja o primeiro entregue ao Estado, na função precípua de
prestar serviços à coletividade, o segundo setor entregue ao Mercado, que potencializa a economia num país e
temos como terceiro setor uma parcela de entidades que não se enquadram nem no primeiro e nem no
segundo, tendo por conseguinte, um conceito residual.
A doutrina é extremamente dividida quanto a este assunto, mas para provas de concurso, recomenda-se o conceito
lato entregue por Maria Sylvia Zanella Di Pietro, cuja conceituação é a seguinte:
“são entidades privadas, instituídas por particulares; desempenham serviços não exclusivos do Estado, porém em
colaboração com ele; se receberem ajuda ou incentivo do Estado sujeitam-se a controle pela Administração Pública
e pelo Tribunal de Contas. Seu regime jurídico é predominantemente de direito privado, porém parcialmente
derrogados por normas de direito público”.
Assim, na tentativa de conceituar o Terceiro Setor, e adotando-se um conceito simples, tem-se que o Terceiro Setor
é formado por entidades privadas, sem fins lucrativos e com finalidade pública, alicerçado na subsidiariedade estatal
e no fomento público.

ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR

# SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOS (SISTEMA S) - Os serviços sociais autônomos, assim como todas as entidades do
Terceiro Setor, são entidades privadas, sem fins lucrativos, que prestam atividade de interesse público. Também são
chamados de Sistema S em função da constatação de que o nome dessas entidades costuma a começar com a letra
“s”; como por exemplo: SESI, SENAI, SESC, SENAC, SEBRAE.
ATENÇÃO: A expressão serviço social autônomo é consagrada em doutrina, porém não é imune a críticas. José dos
Santos Carvalho Filho prefere a nomenclatura “PESSOAS DE COOPERAÇÃO GOVERNAMENTAL”, porque, ao seu
mister “o termo serviço tem mais o sentido objetivo de tarefa, atividade do que o subjetivo de pessoa”.
MUITA ATENÇÃO: O serviço social autônomo não é integrante da Administração Pública. Assim, não presta
serviço público, realizando assim, atividade privada de interesse público (serviços não exclusivos do
Estado). Logo, é justamente por conta da natureza da atividade prestada pelo Sistema S que o Estado fomenta a
sua atuação!!!
Para melhor entendimento sobre esta tortuosa matéria, fixo abaixo alguns pontos importantes, a saber:
Os trabalhadores dos serviços sociais autônomos não são escolhidos mediante concurso público, pois não são
considerados nem servidores e nem empregados públicos.
No que tange ao teto remuneratório, aqui também a doutrina em geral afirma que os serviços sociais
autônomos não estão submetidos ao regime previsto no artigo 37, XI, da CF/88.
No que se refere aos bens integrantes do patrimônio do serviço social autônomo, não há dúvidas de que são bens
privados, não submetidos ao regime jurídico dos bens públicos.
O Sistema S não está obrigado a seguir a lei de licitações em suas contratações de bens e serviços, porém,
há entendimento no TCU que, usando a entidade valores públicos, deverá se adotar um procedimento semelhante,
para fim de cumprir os princípios da impessoalidade e moralidade púbica.
A questão referente ao foro competente para processar e julgar o Sistema S, é pacífico que as entidades do
serviço social autônomo estão sujeitas à jurisdição da Justiça Estadual.

# ORGANIZAÇÕES SOCIAIS – OS E ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO – OSCIP


- Diferentemente dos serviços sociais autônomos e das entidades de apoio, as organizações sociais (OS) e
as organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIP) têm leis específicas trazendo a sua
disciplina – respectivamente, Lei nº 9.637/98 e Lei nº 9.790/99.
IMPORTANTE: As referidas leis são federais, podendo os Estados, Distrito Federal e Municípios editarem suas
respectivas leis para estabelecerem essas qualificações em seus âmbitos.
Há várias diferenças entre uma OS e uma OSCIP, mas destacamos uma que é expressamente retirada das
leis regentes, qual seja, a concessão da qualificação de OS é discricionária, enquanto a concessão da
qualificação de OSCIP é vinculada.
Assim, o critério para concessão do título de organização social é discricionário, a cargo do Ministério competente
para regular e/ou supervisionar a área de atividade prestada pela pessoa jurídica. Por outro lado, o critério para
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conceder a qualificação de OSCIP é vinculado: preenchidos os requisitos legais, o Ministério da Justiça deve conceder
o título à entidade.
E assim como o citado acima, foi posto em aula várias outras diferenças entre estas entidades, e que comumente são
combradas em provas de concurso. Resumidamente, temos ainda o quadro abaixo com alguns paralelos, vejamos:

# ENTIDADES DE APOIO – Estas entidades são raramente vistas em provas, dificilmente trabalhadas pelos
professores e muito pouco abordadas pela doutrina pátria, mas, existem! Se tu entendeu que o terceiro setor é uma
“coisa” então lhe apresento “A COISA” dentro do terceiro setor rss.
As entidades de apoio, segundo os ensinamentos da autora Di Pietro, são:
“as pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, instituídas por servidores públicos, porém em nome
próprio, sob a forma de fundação, associação ou cooperativa, para a prestação, em caráter privado, de serviços
sociais não exclusivos do Estado, mantendo vínculo jurídico com entidades da administração direta ou indireta, em
regra por meio de convênio”.
Assim como nas demais entidades do Terceiro Setor, as entidades de apoio exercem atividade privada de interesse
público, que é fomentada pelo Estado. Ou seja, elas não prestam serviço público, atuando geralmente em hospitais
públicos e universidades públicas.
Por fim, a autora traz profundas críticas às entidades de apoio, vez que entende ser duvidosa a legalidade de sua
forma de atuação, porque se utilizam do patrimônio público e de servidores públicos sem se utilizarem do regime
jurídico imposto à Administração Pública.
Assunto polêmico e de raras aparições em provas, recomendo que foques na diferença das OS e OSCIP, e terás bons
resultados em suas provas.
Fraterno Abraço.

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