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Resumo:
Este é um trabalho sobre como desenvolver uma atenção específica em poder descrever ou
audiodescrever imagens (estáticas) que estão ilustrados em livros, textos, e atividades cujas
figuras devam ser narradas aos alunos com deficiência visual (DV), no nosso caso usaremos as
tirinhas de histórias em quadrinhos (HQs) e uma Charge bem humorada que são facilmente
usadas em aulas de ciências e de química. Oportunizando para os alunos o chamado “humor
nerd” ou “cultura nerd” entalhado numa imagem, e assim, exemplificando o que foi explicado
durante a aula. Foram usados exemplos de tirinhas nacionais. A proposta é trabalhar a
acessibilidade através de uma técnica já usual para as pessoas com deficiências visuais, a
audiodescrição (AD). Mostraremos que esta pode ser usada tanto por deficientes visuais, como
também por autistas, disléxicos, pessoas com deficiência intelectual e até por idosos. A inserção
de HQs nas atividades é uma ação lúdica que acompanha a construção de certos conhecimentos.
Valorizando a arte e ampliando conhecimentos específicos, de vocabulário, de comportamento
social, o humor entre muitos outros.
Introdução:
Sou professora de química, brailista, audiodescritora escolar e guia de cegos, e nas horas
vagas sou consumidora nerd. O somatório dessas particularidades fez-me desenvolver um grau
alto de interesse em audiodescrever conteúdos de histórias em quadrinhos para as ciências,
notícias sobre cultura nerd e afins, por isso, crie e fundei o Inclusão Nerd nas redes sociais.
Atualmente é comum o uso de Histórias em Quadrinhos (HQs) nas atividades escolares,
e é muito incentivado por Vergueiro (2018) que já evoca como a nona arte, e em seus textos
acadêmicos valoriza seu uso em sala de aula como instrumento de transmissão de conhecimentos,
instrução e preceitos educativos, estas podem ser utilizadas basicamente em todas as áreas e
disciplinas. O mesmo descreve: “É possível encontrarmos uma boa literatura sobre histórias em
quadrinhos e educação que pode ajudar os professores e professoras a conhecer melhor a
1
Discente do Curso de Aperfeiçoamento em Educação Especial e Inclusiva da Fundação Cecierj; e-mail:
inclusaonerd@gmail.com
2
Mediador do Curso de Aperfeiçoamento em Educação Especial e Inclusiva da Fundação Cecierj; e-mail:
tutor.alexandrebotelho@gmail.com
Curso de Aperfeiçoamento em Educação Especial e Inclusiva 2
linguagem dos quadrinhos e proporcionar ideias que definirão as suas estratégias de aplicação”
(VERGUEIRO, 2018, p. 9). É preciso compreender ainda que:
Não existe qualquer barreira para o aproveitamento das histórias em quadrinhos nos
anos iniciais e tampouco para sua utilização em séries mais avançadas, mesmo em nível
universitário. A grande variedade de títulos, temas e histórias existentes permite que
qualquer professor possa identificar materiais apropriados para sua classe de alunos,
sejam de qualquer nível ou faixa etária, seja qual for o assunto que deseje desenvolver
com eles. (VERGUEIRO, 2018, pp. 24-25)
A cultura nerd, segundo Rocha (2019) é um termo que se renova de tempos em tempos,
mas de forma geral é estereotipado como consumidores de ciências, tecnologias, cultura pop e
midiática, como vemos no seguinte trecho:
[...] para além da origem do termo, a definição da palavra nerd ganhou novos
significados e se transformou com o decorrer do tempo. Entre suas características
principais, como o interesse pela ciência e pela tecnologia e o consumo de cultura pop
– parecem permanecer. Porém, outras distinções deste grupo como, por exemplo, a
marginalidade dos consumidores desses produtos, o comportamento antissocial e
atrapalhado, parecem estar se modificando. (ROCHA, 2019, p. 7)
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Audiodescrição (AD). In: http://vercompalavras.com.br/definicoes. Acesso em: 10 out. 2020.
Curso de Aperfeiçoamento em Educação Especial e Inclusiva 3
Desenvolvimento:
Foram colhidas tirinhas de HQs e charge nacionais, cujo conteúdo são sobre ciências e
química, é aconselhável esses usos no término das explicações do tema. O professor-
audiodescritor4, explicado por Dalmolin (2015, p. 6) é aquele que:
Apropria-se de signos linguísticos verbais para traduzir o que está sendo apresentado
em um contexto não verbal. Porém, no ambiente de sala de aula, designado como um
espaço interacional e dinâmico, os professores traduzem as imagens que ilustram
conceitos das disciplinas, assim como aquelas presentes no ambiente externo.
O uso dessa técnica é intuitivo, mas alguns pontos são importantes, para os praticantes
audiodescritores é natural listar:
a) Notas Proêmias: seria um breve resumo dos personagens (características e vestimentas),
cenário, tudo que for relevante para o entendimento da imagem. Lembrando que é uma técnica
usada em sala de aula, enaltecer os pontos nas imagens que são de relevância no contexto;
b) Descrição de personagens, o ideal é iniciar pelas características físicas da pessoa e depois as
vestimentas pontuando, preferencialmente, de cima para baixo;
c) Descrição dos cenários: imagens em ambientes externos e internos, preferencialmente, no foco
da contextualização.
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Dalmolin (2015) usa o termo ‘professor/audiodescritor’, como se o profissional fosse ou professor ou
audiodescritor, aqui preferimos usar a terminologia ‘professor-audiodescritor’, informando que o professor é
também audiodescritor.
Curso de Aperfeiçoamento em Educação Especial e Inclusiva 4
E a segunda, já não tão comum no meio acadêmico (figura 2), proporciona uma
continuidade humorada da primeira tira, e esta também conduz análises científicas das Mudanças
dos Estados Físicos da matéria (água).
O quadro e a tirinha a seguir são referentes a charge produzida por André Mansur5, onde
ilustra uma piada típica de sala de aula do estereótipo “Joãozinho e a professora”.
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Andre Mansur: ilustrador de piadas populares, seus desenhos podem ser vistos no seu perfil da rede social.
Curso de Aperfeiçoamento em Educação Especial e Inclusiva 5
Considerações Finais:
Ao final desse relato percebemos que o ideal seria em que toda a academia de
licenciatura já usasse essa técnica da audiodescrição, como outras na área da inclusão e educação
especial, como sendo algo prático e corriqueiro. Desse modo já poderíamos não só aplicar
oralmente a audiodescrição, mas preparar roteiros escritos para futuras atividades escolares e o
uso do braile para a independência de estudos no lar. Deixo aqui o meu alerta e a minha sugestão
de oportunizar a aplicação dessa técnica após o isolamento social causado pela pandemia do
COVID-19 para que possamos ter um processo de ensino-aprendizagem que seja eficiente, eficaz
e inclusivo.
Referências Bibliográficas:
BERSCH, R., Introdução à Tecnologia Assistiva. Porto Alegre: Assistiva – Tecnologia e
Educação, 2017. Disponível em: <http://www.assistiva.com.br/Introducao_Tecnologia_
Assistiva.pdf>. Acesso em: 20 out. 2020.
VERGUEIRO, W., As HQs e a Sala de Aula. Módulo 1 do curso Quadrinhos em Sala de Aula,
Universidade Aberta do Nordeste (UAN), Fundação Demócrito Rocha, 2018. Disponível em:
<http://ava.fdr.org.br/course/view.php?id=56>. Acesso em 10 out. 2020.
Agradecimentos:
Primeiramente a família, ao namorado Eduardo Miranda Barros e a amiga que
fielmente me apoiou, Ana Paula Sanches Devescovi.