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Ação Social e Abandono Escolar

Nos últimos dez anos, o Ensino Superior tem experienciado uma mudança notável no seu compromisso

com a ação social, especialmente no que concerne ao apoio a estudantes economicamente carenciados. Esta

transformação reflete não apenas uma evolução nas políticas educativas, mas também uma resposta sensível às

crescentes desigualdades socioeconómicas que afetam o acesso e a permanência dos estudantes nas instituições

de ensino superior.

A ação social no Ensino Superior tornou-se uma prioridade evidente nas agendas académicas. Ao longo

da última década, observou-se um aumento na consciencialização sobre a importância de garantir que o Ensino

Superior seja verdadeiramente acessível a todos, independentemente das barreiras financeiras. O

desenvolvimento e a expansão de programas de auxílio financeiro, bolsas de estudo e iniciativas específicas

destinadas a mitigar as dificuldades enfrentadas por estudantes em situação de vulnerabilidade económica

tornaram-se fundamentais, pois a ação social abraça uma missão mais ampla de equidade e inclusão,

reconhecendo o impacto direto que pode ter na trajetória educativa e profissional dos estudantes.

Ao explorar essa evolução, torna-se claro que desempenha um papel vital na promoção da igualdade de

oportunidades e no combate às disparidades socioeconómicas. Este é um campo dinâmico, onde as instituições

têm procurado, ativamente, implementar medidas concretas para assegurar que nenhum estudante seja impedido

do acesso ao ensino superior de qualidade, devido a limitações financeiras.

A falta de acesso a cuidados de saúde primários entre estudantes deslocados ou com necessidades

educativas específicas é uma preocupação premente que destaca as lacunas significativas na ação social.

Estudantes deslocados, muitas vezes longe dos seus lares de origem, enfrentam desafios adicionais ao procurar

cuidados médicos regulares. A mobilidade geográfica pode resultar na desconexão com os serviços de saúde

familiares e em dificuldades a encontrar profissionais de saúde que compreendam as suas necessidades

específicas. Da mesma forma, estudantes com necessidades educativas específicas podem encontrar barreiras

adicionais ao acesso aos cuidados de saúde, devido à necessidade de serviços especializados e adaptados. Esta
falta de acesso não só compromete o bem-estar físico e mental desses estudantes, mas também pode impactar

negativamente o seu desempenho académico. Torna-se crucial abordar essas disparidades, implementando

estratégias que garantam a disponibilidade de cuidados de saúde acessíveis e culturalmente sensíveis para todos

os estudantes, independentemente das suas circunstâncias ou necessidades educativas.

Por tudo isto, as Federações, Associações Académicas e de Estudantes reunidas no Encontro Nacional

de Direções Associativas, realizado nos dias 2 e 3 de dezembro, em Coimbra, propõem:

1. Garantir o acesso primário aos cuidados de saúde para estudantes deslocados e estudantes com

necessidades educativas específicas;

2. Aumentar o valor da bolsa mínima para 200% do valor da propina, permitindo que os custos primários

sejam suportados;

3. Aumentar o limiar de elegibilidade para acesso a bolsa de estudo, para 25x IAS, no rendimento 'per

capita' anual;

4. Alterar o tipo de rendimentos dos agregados familiares que são contabilizados – consideração dos

líquidos em vez dos ilíquidos;

5. Criar uma majoração para os agregados monoparentais e unipessoais no RABEEES, alterando por isso o

artigo 4.º, para a seguinte redação:

“Artigo 4.º
Agregado familiar do estudante
(...)
4 - São considerados como agregados familiares unipessoais os estudantes que, comprovando não auferir rendimentos:
a) Se encontrem em situação de acolhimento institucional, entregues aos cuidados de uma instituição particular de
solidariedade social ou de outras entidades financiadas pela segurança social, e cuja situação social seja confirmada pela
instituição de acolhimento em que se encontra;
b) Sejam membros de ordens religiosas;
c) Estejam internados em centros de acolhimento, centros tutelares educativos ou de detenção.
5 - Podem constituir agregados familiares monoparentais os constituídos por um único parente ou afim em
linha reta ascendente e em linha colateral, até ao 2.º grau, ou equiparado, a viver com o estudante;
6 - Sem prejuízo do disposto no artigo 32.º, a composição do agregado familiar relevante para efeitos do disposto no
presente regulamento é aquela que se verifica à data da apresentação do requerimento.”
6. Assegurar o cumprimento do disposto na Resolução da Assembleia da República n.º 60/2013, a

propósito da apresentação anual de um relatório sobre o abandono no ensino superior, que inclua a

divulgação dos resultados da monitorização deste fenómeno com base nos indicadores definidos no

Artigo 265.º da Lei do Orçamento do Estado para 2021;

Proponente: FNAEESP

Destinatários: MCTES, DGES, Partidos Políticos

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