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Ensino especial e educação inclusiva em

Portugal
A educação inclusiva é, atualmente, um conceito abrangente que assenta na
resposta às necessidades educativas de todos os alunos através de diferentes
ofertas de educação e formação. No entanto, neste artigo, vamos focar-nos
no ensino especial.

O Decreto-Lei nº 54/2018, de 6 de julho, estabelece os princípios e as normas


que garantem a inclusão, enquanto processo para responder à diversidade das
necessidades de todas as crianças e jovens ao longo do seu percurso escolar.

Estas normas e princípios aplicam-se aos agrupamentos de escolas e escolas


não agrupadas, às escolas profissionais e aos estabelecimentos da educação
pré-escolar e do ensino básico e secundário das redes privada, cooperativa e
solidária.

O QUE É O ENSINO ESPECIAL?

Educação Especial é um serviço de apoio educativo que promove a


inclusão e sucesso de alunos com necessidades educativas especiais.

O regime jurídico da educação inclusiva, publicado no Decreto-Lei referido


anteriormente, pretende responder às necessidades diversificadas de todos os
alunos para garantir a educação de todos através de currículos apropriados,
contrariando, assim, a rotulação dos alunos com necessidades educativas
especiais.

No entanto, estão previstos apoios adicionais para crianças e jovens com


necessidades especiais. E o que são necessidades especiais?

“Necessidades de saúde especiais» (NSE), as necessidades que resultam dos


problemas de saúde física e mental que tenham impacto na funcionalidade,
produzam limitações acentuadas em qualquer órgão ou sistema, impliquem
irregularidade na frequência escolar e possam comprometer o processo de
aprendizagem.”
Decreto-Lei nº 54/2018, de 6 de julho

A QUEM SE DESTINA?

Alunos em idade pré-escolar

O apoio a alunos com necessidades educativas especiais em idade pré-escolar


é assegurado pelo Sistema Nacional de Intervenção Precoce na
Infância, Decreto-Lei n.º 281/2009, de 6 de outubro, que abrange as crianças
entre os 0 e os 6 anos, com alterações nas funções ou estruturas do corpo que
limitam a participação nas atividades típicas para a respetiva idade e contexto
social ou com risco grave de atraso de desenvolvimento.

Alunos no ensino regular

Ainda que, no atual quadro legislativo, a educação inclusiva seja para todos os
alunos, em termos de matrícula ou renovação de matrícula, são definidos
como grupos alvos prioritários os alunos:

 que necessitam dos recursos organizacionais existentes nos


Agrupamentos de Escolas de Referência para a Educação Bilingue ou
nos Agrupamentos de Referência no Domínio da Visão;
 com Programa Educativo Individual.

Em termos de agrupamento de alunos, está prevista a constituição de grupos


ou turmas de alunos em ensino bilingue (Língua Gestual Portuguesa e
Português Língua segunda) que frequentam os Agrupamentos de Referência
para a Educação Bilingue.

Quanto ao processo de avaliação, prevê-se um conjunto de adaptações, ao


nível de escola, para alunos que apresentem problemas de saúde física e
mental como dislexia, surdez, cegueira, etc.

QUAIS AS MEDIDAS DE SUPORTE À


APRENDIZAGEM E INCLUSÃO?

Estas medidas pretendem garantir a todos os alunos a equidade e a igualdade


de oportunidades de acesso ao currículo, frequência e progressão no sistema
educativo, independentemente das modalidades e percursos de educação e
formação.

As medidas de suporte à aprendizagem e à inclusão são organizadas em três


níveis de intervenção:

 Universais – respostas para todos os alunos de forma a promover a


participação e a melhoria das aprendizagens
 Seletivas – dirigem-se a alunos que evidenciam necessidades de
suporte à aprendizagem que não foram supridas pela aplicação de
medidas universais
 Adicionais – têm como objetivo colmatar dificuldades acentuadas e
persistentes ao nível da comunicação, interação, cognição ou
aprendizagem que exigem recursos especializados de apoio à
aprendizagem e à inclusão, devendo ser explicitadas no relatório
técnico-pedagógico.

A mobilização das medidas adicionais só deve ser efetuada depois da


demonstração, fundamentada no relatório técnico-pedagógico, da
insuficiência das medidas universais e seletivas.

A estes alunos é garantida, no centro de apoio à aprendizagem, uma resposta


que complemente o trabalho realizado em sala de aula ou noutro contexto
educativo.

COMO ACEDER AO ENSINO ESPECIAL?

A identificação da necessidade de mobilização de medidas de suporte à


aprendizagem e à inclusão deve ser apresentada ao diretor do
agrupamento de escolas, devidamente fundamentada, por iniciativa dos
docentes, técnicos de outros serviços que intervêm com o aluno, pais ou
outros.

No prazo de três dias úteis, a contar do dia útil seguinte ao da respetiva


apresentação, o diretor solicita à equipa multidisciplinar a avaliação da
necessidade de mobilização de medidas de suporte à aprendizagem e à
inclusão.

Nas situações em que a equipa multidisciplinar conclui pela necessidade de


medidas seletivas ou adicionais de suporte à aprendizagem e à inclusão, no
prazo máximo de 30 dias úteis, deverá elaborar o relatório técnico-
pedagógico e, apenas quando o aluno precisa de adaptações curriculares
significativas, o programa educativo individual.
O relatório técnico-pedagógico é submetido à aprovação dos
pais, encarregados de educação, datado e assinado por estes e, sempre que
possível, pelo aluno. Somente após este procedimento é homologado pelo
diretor, ouvido o Conselho Pedagógico.

A mobilização das medidas deve ser feita de imediato. O relatório técnico-


pedagógico e o programa educativo individual devem fazer parte integrante do
processo individual do aluno, assegurada a confidencialidade a que estão
sujeitos nos termos da lei.

O coordenador da implementação das medidas previstas no relatório técnico-


pedagógico é o educador de infância, professor titular de turma ou diretor de
turma, consoante o caso.

O docente de educação especial, enquanto parte ativa da equipa


multidisciplinar, assume um papel essencial no processo de flexibilidade
curricular, contribuindo para a promoção de competências sociais e
emocionais.

A intervenção do docente de ensino especial realiza-se de acordo com duas


vertentes:

 Uma relativa ao trabalho colaborativo com os diferentes intervenientes


no processo educativo dos alunos;

 Outra relativa ao apoio direto prestado aos alunos que terá, sempre, um
carácter complementar ao trabalho desenvolvido em sala de aula ou em
outros contextos educativos.

SUBSÍDIO DE ENSINO ESPECIAL

O Subsídio de Educação Especial é um apoio, atribuído pela Segurança


Social, destinado a crianças e jovens com deficiência permanente. Tem como
propósito comparticipar os gastos das suas famílias com a frequência de
estabelecimentos adequados ou com o apoio individual de técnico
especializado de que necessitem.

Esta prestação em dinheiro é paga mensalmente aos pais ou à pessoa que tem
a criança ou jovem a cargo e que assume a responsabilidade da sua educação.
Quem são os alunos com necessidades educativas
especiais?
Os alunos com necessidades educativas especiais (ou NEE) são alunos com algum tipo
de dificuldade na aprendizagem ou no acompanhamento do currículo escolar. Não se
trata apenas de alunos com deficiência. O conceito abrange também problemas
como autismo, dislexia, hiperatividade, entre outras. Estas situações carecem de
avaliação precoce e especializada, tendo em conta as características de cada aluno.

De acordo com o relatório do Questionário à Educação Inclusiva 2020/2021, divulgado


em junho deste ano, há em Portugal mais de 78 mil alunos com necessidades educativas
especiais. A maioria (31,9%) frequenta o terceiro ciclo do ensino básico e apenas 4,4%,
a educação pré-escolar.

Escola inclusiva: o que é?


Há muito que se falava em “necessidades educativas especiais”, mas só em 2018 foi
publicado o diploma que veio substituir a regulamentação relativa à educação
especial que se encontrava em vigor desde 2008. Este reconheceu, finalmente, a mais-
valia da diversidade no ambiente escolar e criou mecanismos para ajudar as escolas a
lidarem com a diferença e a proporcionar a participação de todos nos processos de
aprendizagem, a chamada escola inclusiva.

O conceito de escola inclusiva prevê uma abordagem universal, de acordo com a qual os
alunos devem cumprir a escolaridade obrigatória num patamar tão elevado quanto
possível, mesmo que, para tal, tenha de haver um acompanhamento técnico e educativo
personalizado e diferenciado.

Necessidades educativas especiais: quais as medidas de


apoio?
Existem vários níveis de apoio, consoante a idade.

Dos 0 aos 6 anos

A estes alunos aplicam-se as regras do Sistema Nacional de Intervenção Precoce na


Infância (SNIPI), que visa apoiar as famílias mal se deparam com o problema. Os
apoios destinam-se às crianças que se encontrem naquela faixa etária,
independentemente de estarem ou não a frequentar um estabelecimento de ensino.

O pedido de apoio ao SNIPI pode ser feito:

 pelos serviços de saúde, de educação e de Segurança Social;


 pela família que reconheça a necessidade de ser apoiada em determinada fase da
vida. Neste caso, o encarregado de educação deve contactar o centro de saúde ou
o agrupamento de escolas da sua área de residência. As listas de agrupamentos
de escola de referência e das equipas locais de intervenção podem ser
consultadas no site do SNIPI.

Quando uma criança acompanhada pela intervenção precoce transita para o ensino
básico, os profissionais e a família devem garantir a transição em conjunto. No ato de
matrícula, deve ser apresentada à escola toda a documentação relevante, que varia
consoante os casos.

A partir dos 6 anos

As medidas variam em função das necessidades educativas definidas pelos professores,


depois de ouvidos os encarregados de educação e os técnicos que acompanham o aluno.

Para todos os alunos, incluindo aqueles que carecem de medidas específicas ou


adicionais, são adotadas medidas (ditas universais), que visam:

 a diferenciação pedagógica;
 a adaptação do material e o enriquecimento curricular;
 a promoção da sociabilização;
 promoção do foco académico ou comportamental.

Para cada aluno que revele precisar de um acompanhamento mais individual são
delineados:

 percursos curriculares diferenciados;


 adaptações curriculares não significativas;
 apoio psicopedagógico;
 reforço das aprendizagens;
 apoio tutorial.

As medidas específicas (chamadas seletivas) podem ser postas em prática com a ajuda
de docentes de educação especial, técnicos especializados ou até assistentes
operacionais e ainda recorrendo a materiais da própria escola. Em caso de necessidade,
o diretor da escola pode requerer mais recursos ao Ministério da Educação.
Em casos excecionais, pode haver lugar a medidas adicionais, tais como:

 frequência do ano por disciplinas;


 adaptações curriculares significativas;
 plano individual de transição;
 metodologias de ensino estruturado;
 desenvolvimento de competências de autonomia pessoal e social.

Antecipar ou adiar a matrícula

Uma das soluções que podem ser propostas é o ingresso antecipado em determinado ano
ou o adiamento da matrícula. Cabe à equipa multidisciplinar que acompanha o aluno,
com a concordância do encarregado de educação, propô-lo ao diretor da escola.

Mais tempo para os testes e adaptação de materiais e espaços

Destacamos algumas das possibilidades de adaptação para alunos com necessidades


educativas especiais:

 disponibilização de enunciados em formatos acessíveis (por exemplo, ampliados


para pessoas com baixa visão ou em braille para alunos cegos);
 tempo suplementar para a realização de provas;
 leitura dos enunciados;
 utilização de uma sala separada;
 código de identificação de cores nos enunciados.

Relatório técnico-pedagógico: para que serve?


 A decisão que sustenta a opção por um determinado conjunto de medidas tem
por base a análise do relatório técnico-pedagógico que acompanha o aluno.
 Cabe aos encarregados de educação, aos serviços de intervenção precoce, aos
professores ou aos serviços em contacto com a situação expô-la ao diretor da
escola, que tem três dias úteis para pedir o relatório técnico-pedagógico à
equipa multidisciplinar que acompanha o aluno.
 A escola tem dez dias úteis para pôr em prática as medidas universais,
comunicando-as ao professor titular da turma ou ao respetivo diretor, para que a
decisão seja comunicada aos encarregados de educação. No que diz respeito
às medidas específicas para cada aluno, o prazo é de 30 dias.

Escolas privadas têm apoio?


Sim. As regras relativas aos apoios concedidos para os alunos com necessidades
educativas especiais aplicam-se tanto aos agrupamentos de escolas, como às escolas não
agrupadas, e ainda às escolas profissionais, à educação pré-escolar e aos ensinos básico
e secundário das redes privada, cooperativa e solidária.
Subsídio de educação especial
A pessoa que exerce as responsabilidades parentais de uma criança ou jovem com idade
inferior a 24 anos, com deficiência, ou que tenha essa criança ou jovem a cargo, pode
requerer o subsídio de educação especial. Trata-se de uma prestação mensal, cujo
objetivo é compensar os encarregados de educação pelos encargos relativos ao cidadão
com deficiência por eles suportados.

Como pedir?

O pedido do subsídio de educação especial deve ser feito no mês anterior ao início do
ano letivo, no caso de o visado frequentar a escola, ou posteriormente, quando a
circunstância elegível for detetada.

O pedido pode ser feito nos serviços de atendimento da Segurança Social ou nas Lojas
de Cidadão, mediante a apresentação do respetivo formulário, devidamente preenchido
e assinado. Nele consta a documentação necessária para a abertura do processo.

A quem se destina?

Para ter acesso ao subsídio de educação especial, é preciso que as crianças ou os


jovens cumpram um dos seguintes requisitos:

 frequentem estabelecimentos de educação especial que impliquem o


pagamento de mensalidade;
 precisem, após a frequência de ensino especial, de ingressar em estabelecimento
particular ou cooperativo de ensino regular, por não poderem ou deverem
transitar para estabelecimentos públicos de ensino, ou, tendo transitado,
necessitem de apoio individual por técnico especializado;
 tenham uma deficiência que, embora não exigindo, por si, ensino especial,
requeira apoio individual feito por técnico especializado;
 frequentem a creche ou o jardim-de-infância regular como meio específico
necessário de superar a deficiência e obter mais rapidamente a integração
social.

O subsídio pode ser acumulado com o abono de família para crianças e jovens, a
bonificação por deficiência, a prestação social para a inclusão ou a pensão de
sobrevivência ou de orfandade. Termina, porém, se o jovem:

 atingir os 24 anos;
 deixar de ter deficiência;
 deixar de frequentar o estabelecimento de ensino ou de receber o apoio do
técnico especializado.

Qual o valor do subsídio de educação especial?

O valor do subsídio mensal tem em conta o custo real da educação especial por criança
ou jovem com deficiência e pode variar consoante os rendimentos do agregado familiar:
 corresponde à mensalidade dos estabelecimentos de educação especial fixada
por portaria, deduzido o valor da comparticipação familiar, no caso de
frequência de estabelecimento de educação especial;
 é igual à diferença entre a mensalidade da escola e a comparticipação
familiar, mas não pode exceder o valor máximo da mensalidade correspondente
à modalidade de externato, no caso de apoio individual por técnico
especializado. Em casos excecionais, o subsídio pode atingir este valor, se a
situação da criança ou jovem exigir simultaneamente a frequência de
estabelecimento de educação especial e normal, ou a frequência deste com apoio
individual.

Eventuais falsas declarações ou falta de comunicação relativa à alteração da situação da


criança ou jovem que levou ao pedido do subsídio podem ser sancionadas a título de
contraordenação.

Papel da família na educação inclusiva


Há oito princípios subjacentes às regras do ensino especial:

1. educabilidade universal. Todos os alunos têm capacidade de aprendizagem e


de desenvolvimento educativo;
2. equidade. Todos os alunos devem ter acesso aos apoios necessários;
3. inclusão. Deve ser garantido o direito de acesso e participação na escola;
4. personalização. O planeamento educativo deve ser centrado no aluno;
5. flexibilidade. Há uma gestão flexível do currículo, dos espaços e dos tempos
escolares;
6. autodeterminação. Deve ser respeitada a autonomia pessoal;
7. envolvimento parental. É defendido o direito de os encarregados de educação
participarem na educação e serem informados;
8. interferência mínima. A intervenção técnica e educativa deve ser
implementada apenas pelas entidades cuja ação seja necessária, com respeito
pela vida privada dos alunos.

O papel da família passa por garantir o acesso à escola e aos recursos necessários para
a frequentar, por estar presente e manter-se informada, bem como acompanhar o aluno
no seu percurso escolar, tendo em conta a sua individualidade e a abordagem técnica e
educativa escolhida. Compete também aos encarregados de educação transmitir aos
professores e demais profissionais as necessidades do aluno, para que, em conjunto, se
possa encontrar a melhor resposta.

Os encarregados de educação têm o direito e o dever de participar e cooperar ativamente


em tudo o que se relacione com a educação do seu filho ou educando, bem como aceder
a toda a informação do processo individual do aluno, designadamente no que diz
respeito às medidas de suporte à aprendizagem e à inclusão.
Necessidades de saúde especiais
Além das necessidades educativas especiais, também estão previstas necessidades de
saúde especiais. Trata-se de um apoio, à partida sustentado por parecer médico, para os
alunos que padeçam de problemas de saúde física e mental, com impacto na
funcionalidade, que causem limitações acentuadas em qualquer órgão, e impliquem
irregularidade na frequência escolar ou possam comprometer o processo de
aprendizagem.

O apoio aos alunos com necessidades de saúde especiais visa assegurar o cumprimento
do direito de acesso à educação. Pode, por exemplo, traduzir-se na atribuição de
tecnologias de apoio (as chamadas ajudas técnicas), auxílio na alimentação escolar,
adaptação dos espaços, transporte escolar, entre outros tipos de auxílio.

O papel do Professor de Educação Especial

Não é possível falar do papel do Professor de Educação Especial, sem que o relacionemos
diretamente com o próprio conceito de Educação Especial, que na verdade tem vindo a sofrer
algumas alterações bastante significativas nas últimas décadas e com ele, também a forma de
atuação do Professor de Educação Especial.

A primeira grande mudança prende-se com a desinstitucionalização de crianças e/ou jovens


com perturbações do desenvolvimento intelectual e outras perturbações ou deficiências,
passando-se do modelo de escola segregadora para um modelo de escola inclusiva
fundamentada pela declaração de Salamanca (1994) “ As escolas devem acolher todas as
crianças independentemente das suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais ou
outras”.
A segunda alteração, não menos importante, refere-se ao próprio conceito de pessoa com
deficiência, que deixa de estar centrado na dependência e na incapacidade para se focar na
participação e na autonomia do indivíduo. E finalmente a terceira alteração, que resume as
anteriores e culmina com a revolução do movimento da “inclusão”, que confirmou que os
ambientes adequados para as pessoas com deficiência desenvolverem e adquirirem
competências para a vida, são exatamente os ambientes comunitários, onde se experienciam
momentos de interação com os outros e com as estruturas sociais reais. (Batista, R. 1993)

Estas alterações no conceito de Educação Especial revelaram-se determinantes na ação do


Professor de Educação Especial, que passa a reger-se pelo conceito primordial da inclusão e
da equidade.

Assim, de acordo as orientações acima definidas, cabe Docente de Educação Especial


responder às necessidades educativas de crianças e jovens do ensino pré-escolar, básico e
secundário que podem ser decorrentes quer de deficiências físicas e sensoriais (auditivas,
visuais e motoras), emocionais e intelectuais, quer de dificuldades de aprendizagem e
comunicação.

Na verdade, quando falamos em Professor de Educação Especial, referimo-nos ao profissional


que tem como objetivos fundamentais, o desenvolvimento das potencialidades físicas e
intelectuais das crianças e jovens, o alcance da sua estabilidade emocional, o desenvolvimento
das suas possibilidades de comunicação, a redução das limitações provocadas pela
deficiência, o apoio na sua inserção familiar, escolar e social, o desenvolvimento da sua
autonomia e a preparação de uma formação profissional adequada e consequente transição
para a vida ativa. (Madureira, I. 2014)
De entre as várias funções do Docente de Educação Especial, podemos destacar a intervenção
direta com os alunos, através da criação e implementação de estratégias e métodos educativos
diversificados, de forma a promover o desenvolvimento e as aprendizagens das crianças e
jovens.

O Professor de Educação Especial tem ainda a seu cargo o apoio educativo à instituição
escolar no seu conjunto, isto é, ao professor, ao aluno e à família. É também esperada a sua
colaboração na organização e gestão dos recursos e medidas diferenciadas, nomeadamente
no que concerne à flexibilidade dos currículos e a sua adequação às capacidades e aos
interesses dos alunos, ou à elaboração de planos e programas educativos, adequados às
necessidades individuais e específicas de cada criança, colocando deste modo em prática as
medidas previstas no Decreto Lei nº 3/2008 de 7 de Janeiro, relativas a alunos com
necessidades educativas especiais.

É possível solicitar os serviços de um Professor de Educação Especial, em centros de


desenvolvimento, em escolas de ensino regular, em creches, no apoio domiciliário, em
hospitais ou outras instituições. Podem ainda ser destacados para as equipas de coordenação
dos apoios educativos (ECAE), nas quais lhes compete dar orientações técnico-científicas aos
colegas que se encontram a trabalhar nas escolas e promover a articulação de todos os
intervenientes na educação de alunos com necessidades educativas especiais. A sua
intervenção abrange dificuldades ou incapacidades de grau ligeiro a grave de carácter
transitório a permanente.

A crescente preocupação das sociedades na elaboração de políticas sociais e educativas de


combate à exclusão e à marginalização e de promoção da integração social e profissional de
todos os indivíduos, leva cada vez mais a uma procura destes profissionais enquanto
mediadores e facilitadores do processo de ensino aprendizagem e de preparação do indivíduo
para a inserção na vida ativa.

Ana Salvador, Professora de Educação Especial

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