Você está na página 1de 5

CENTRO UNIVERSITÁRIO NOBRE

MIQUELE LIMA DOS REIS SOUZA

SARA MAIA OLIVEIRA

Aplicação da teoria concretista intermediária no Mandado de Injunção e o


Princípio da Separação dos Poderes

FEIRA DE SANTANA

2023
CENTRO UNIVERSITÁRIO NOBRE

MIQUELE LIMA DOS REIS SOUZA

SARA MAIA OLIVEIRA

Aplicação da teoria concretista intermediária no Mandado de Injunção e o


Princípio da Separação dos Poderes

Trabalho apresentado à disciplina Direito


Processual Constitucionaç como requisito
parcial para obtenção de nota no primeiro
bimestre (AV1), sob orientação do Prof.
Paulo Sergio Rodrigues.

FEIRA DE SANTANA

2023
Aplicação da teoria concretista intermediária no Mandado de Injunção e o
Princípio da Separação dos Poderes

O mandado de injunção é um remédio constitucional fundamental para


garantir a desfrutação dos direitos dispostos na Constituição de uma norma de eficácia
limitada que ainda carece de norma regulamentadora tornando-a definitiva, estando
previsto no artigo 5º, inciso LXXI da Carta Magna.

Esse remédio auxilia a resolução de omissões para que esses direitos que
não possuem respaldo legal sejam efetivamente exercíveis pela população.

Um dos exemplos mais famosos de sua utilização foi no período de greve dos
servidores públicos, em 2007, onde representantes de diversos sindicatos da
categoria entraram com os pedidos, estando esse direito claramente previsto na
Constituição:

“Art. 37, VII – O direito de greve será exercido nos termos e nos limites
definidos em lei específica.”

É inexistente até hoje uma lei especifica que regule esse direito, mas a partir
desses mandados, o Supremo Tribunal Federal decidiu que no período que pendurar
a falta dessa norma, valeriam as mesmas regras do setor privado, regido por lei
específica, adotando assim outro meio para assegurá-la.

O exemplo acima é um ótimo viés para ser discutido um fator importante, que
é cláusula pétrea, disposta no art. 60, inciso 4º da Constituição, a separação dos
poderes.

A separação dos poderes é imprescindível para delimitar atribuições aos três


poderes, limitando assim o poder absoluto, visando evitar arbitrariedades para que os
direitos fundamentais não sejam desrespeitados.

Debates foram levantados sobre a possibilidade de o poder judiciário invalidar


a competência do poder legislativo no julgamento dos mandados de injunção, já que
apenas o segundo tem o poder de criar as leis e modificá-las, restando o judiciário a
virtude de apenas garantir sua devida aplicação.

O mandado de injunção anteriormente adequava-se apenas para notificar o


poder legislativo ou o órgão administrativo omisso que não editou a norma para
viabilizar o exercício desse direito, adotando uma teoria meramente declaratória para
não ultrapassar a autoridade do poder legislativo.

A visão do Supremo Tribunal atualmente foi modificada, tornando-se


efetivamente jurisdicional que além do poder judiciário deter o domínio de notificar os
órgãos em mora, possa resolver o problema apontando como o direito deverá ser
exercido, chamado de teoria concretista.

O modelo dessa teoria já foi citado anteriormente, na greve dos servidores


públicos, onde, por meio dessa nova teoria tornou-se possível que o judiciário
demonstrasse a alternativa viável e legal para o direito ser concretizado, tendo
dispositivo expresso nesse sentido:

LEI Nº 13.300, DE 23 DE JUNHO DE 2016.


Art. 8º Reconhecido o estado de mora legislativa, será deferida a injunção
para:
II - estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das
liberdades ou das prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições
em que poderá o interessado promover ação própria visando a exercê-los,
caso não seja suprida a mora legislativa no prazo determinado.

É notável que o judiciário não editou nem criou norma regularizadora para o
caso, já que isso seria inconstitucional, ferindo diretamente o princípio da separação,
apenas possibilitou que os envolvidos materializassem seus benefícios, permitindo
que os servidores públicos pudessem exercer o direito de greve nos termos da lei de
greve dos empregados privados.

Desse modo, é conclusivo que o poder judiciário exerce grande


responsabilidade no julgamento dos mandados de injunção, permitindo o gozo desses
privilégios expressos e designando alternativas para suprir a omissão sem exceder o
seu poder concebido pela Constituição.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BRASIL. Lei Nº 13.300, de 23 de junho de 2016. Dispõe sobre a disciplina o processo


e o julgamento dos mandados de injunção individual e coletivo e dá outras
providências. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 2016. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/l13300.htm. Acesso em:
30 de setembro de 2023.

BARBOSA DE SOUZA, Lucas. Aplicação da teoria concretista intermediária no


Mandado de Injunção e o Princípio da Separação dos Poderes. Aplicação da teoria
concretista intermediária no Mandado de Injunção e o Princípio da Separação
dos Poderes., [s. l.], 2018. Disponível em:
https://www.jusbrasil.com.br/artigos/aplicacao-da-teoria-concretista-intermediaria-no-
mandado-de-injuncao-e-o-principio-da-separacao-dos-poderes/664949623. Acesso
em: 30 out. 2023.

MARTINELLI, Gustavo. Mandado de injunção: o que é, quando usar e


efeitos. Mandado de injunção: o que é, quando usar e efeitos, [s. l.], 19 jun. 2023.
Disponível em: https://www.aurum.com.br/blog/mandado-de-
injuncao/#:~:text=Quando%20%C3%A9%20cab%C3%ADvel%20o%20mandado,da
%20aus%C3%AAncia%20de%20norma%20regulamentadora. Acesso em: 1 out.
2023.

CARDOSO DUTRA MARCILIO, RAFAELLA. A Teoria Concretista no Mandado de


Injunção viola o Princípio da Separação dos Poderes?. A Teoria Concretista no
Mandado de Injunção viola o Princípio da Separação dos Poderes? , [s. l.], 2015.
Disponível em:
https://www.emerj.tjrj.jus.br/paginas/trabalhos_conclusao/2semestre2015/pdf/Rafaell
aCardosoDutraMarcilio.pdf. Acesso em: 1 out. 2023.

O DIREITO de greve dos servidores públicos. O direito de greve dos servidores


públicos, [s. l.], 11 fev. 2020. Disponível em:
https://www.tjdft.jus.br/consultas/jurisprudencia/jurisprudencia-em-temas/direito-
constitucional/o-direito-de-greve-dos-servidores-publicos. Acesso em: 1 out. 2023.

Você também pode gostar