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LIÇÃO DE COLOCAÇÃO EM SELA (EXEMPLO)

POSIÇÃO CLÁSSICA (NORMAL)

Condições

Local
Alunos
Nível
Objectivo
Picadeiro ou rectângulo de ensino Classe
de 4/5 alunos
Médio de aprendizagem
Desenvolvimento de uma boa posição normal, assente nos princípios
da colocação em sela - flexibilidade, equilíbrio
solidez e à-vontade - e na consequente ligação ao
movimento que confira ao cavaleiro capacidade de
absorver as reacções normais do cavalo e de produzir
ajudas justas, precisas e independentes.
Nota - Nesta lição devem utilizar-se arreios de ensino.

Posição normal - Caracterização


Assento Constituído pelas nádegas, perínio, os dois isquions e 5cm da
parte interna e superior das coxas, deve estar bem à frente e
escarranchado. (músculos das nádegas descontraídos)

Coxas Tão descidas quanto possível, e com a parte interna e plana em


contacto com as abas do arreio. para garantia da necessária
solidez

Joelhos Aderentes, mas não fixos, de forma a manterem toda a sua


mobilidade.

Pernas Bem descidas, ligeiramente atrás da vertical, com as barrigas


em contacto com os costados do cavalo
Pés
_Praticamente paralelos (admissível uma ligeira abertura),
assentes nos estribos pelo seu terço anterior, com a articulação
do tornozelo bem flexível, a permitir que o peso do cavaleiro
chegue bem aos calcanhares. Os dedos dos pés devem manterse
naturalmente esticados dentro das botas.
Tronco
_Direito (vertical) e erguido (peito para fora),capaz de exercer
pressão e acção bem centrada no dorso do cavalo através do
assento.
As clavículas devem afastar-se, juntando-se as omoplatas.
Os ombros devem estar caídos de forma natural.
A região lombar e a bacia ( vulgo rim, cintura) devem mover-se
elasticamente com o cavalo
Braços A linha dos ombros deve ser sempre paralela às espáduas do
cavalo e duma forma geral perpendicular à direcção do
movimento

Dobrados pelos cotovelos que devem estar junto ao corpo,


pendem dos ombros bem descidos.
Os antebraços devem situar-se na direcção da boca do cavalo, ou
seja, no prolongamento das rédeas

Cabeça Paralelas, de unhas voltadas para as unhas, com os polegares


para cima, semifechadas, afastadas entre si de cerca de uma mão-
travessa e situadas sobre a parte da frente do garrote,

Equilibrada sobre o pescoço descontraído, com o olhar num


plano paralelo ao chão, por cima das orelhas do cavalo e sempre
na direcção do movimento.

Os ombros, as pontas das ancas e os calcanhares devem estar


contidos numa mesma linha, perpendicular ao solo.
Plano de lição
4 a 6 fases, incluindo uma para o aquecimento e desenrolar

1ªFase - Aquecimento ( 5 a 10 minutos)


Vulgarmente conhecida por "desenrolar", tem como objectivos gerais preparar os
cavalos e os cavaleiros para a lição. Do ponto de vista do atleta cavalo e cavaleiro -
visa o aquecimento (descontracção) dos músculos e articulações; do ponto de vista
equestre serve para pôr o cavalo a "ouvir" as ajudas naturais, manter-se calmo, para
diante e bem ritmado.
Método - Escolher o fila-guia, organizar a classe com os cavalos mais
problemáticos no fim e os mais francos à frente.
Trabalhar a trote (levantado) e eventualmente a galope, sobretudo sobre Círculos
largos para uma e outra mão; preocupação fundamental com o ritmo, para conseguir
andamentos regulares, e não esquecer a disciplina da classe que deve ser mantida
sempre, para que os cavalos se habituem a trabalhar no seu lugar, com pouca
intervenção do cavaleiro.

ª
2ªFase - Desenvolvimento da posição normal a trote - Descalçar os estribos e 3
movimentos Explicar e mandar fazer – 1ºsentar-se o mais frente possível, descer as
coxas 2º - pontapé para trás e para baixo com uma e outra perna, 3ºrodar as coxas para
dentro (pés paralelos), por forma a assegurar o contacto da parte interna e plana com
as abas do arreio.
Podem corrigir-se os alunos um a um, com a escola parada, agarrando-lhes o pé,
puxando para baixo e para trás, de forma a colocar correctamente as coxas e as
pernas.
Método – Em escola, com a classe a trote sentado e num bom ritmo
(constante), sentar os alunos, procurando a descontracção do rim e das coxas,
no sentido de uma rápida ligação ao movimento. Mandar respirar fundo várias
vezes, ajuda à descontracção geral e aproxima o centro de gravidade do
cavaleiro do cavalo.
Podem aqui, se, e quando necessário, ter lugar alguns exercícios de
flexibilidade geral e direccionada:
das pernas, - no sentido de soltar os joelhos e, descer e descontrair as
coxas,
do rim, - rotação à esquerda e direita, flexão à frente e atrás
dos ombros -rodar, soltar alteradamente ...
dos braços - grande rotação de um e de outro,( roda dentada)

Corrigir sempre todos os defeitos e dar grande importância à posição das


mãos.
Pode-se mandar dar um nó nas rédeas e trabalhar com as mãos fora delas,
com excepção do fila-guia que deve manter a direcção e o ritmo do
andamento.
A maior parte do tempo deve ser feita com os estribos descalçados, com os
pés descontraídos, mas preferencialmente colocados, ou seja, com as solas das
botas horizontais.

3ªFase – Confirmação da posição normal a trote e desenvolvimento da


capacidade de utilização das ajudas
Nota – Esta fase, da forma como é descrita, não faz parte das lições normais de
ginástica, mas sim de lições de ensino e de ajudas; no entanto e para que se não
entenda a ginástica desligada do seu verdadeiro objectivo, - obtenção de uma
posição capaz de produzir ajudas justas e precisas julga-se que se pode e deve
ser considerada.
Método - 3 Movimentos
- Sem estribos, fixar os pés na posição de estribos calçados, mantendo as
coxas descontraídas.
- Exagerar o trabalho da cintura e das ancas, não só ligando-se bem ao
movimento, como também a impor o ritmo, empurrando através do assento. -
Variar a amplitude do trote, variando a intensidade da ajuda do assento.
- Jogar com a direcção da linha dos ombros e com a posição relativa das
pernas nas figuras de picadeiro - dobragem dos cantos, círculos, voltas e meias
voltas, etc. por forma a manter os ombros paralelos às espáduas do cavalo e as
pernas com a de dentro à cilha, a manter o movimento, o equilíbrio e a
encurvação, e a de fora, atrasada, segurando a garupa, para que esta não derrape
e não se perca a encurvação atrás do cavaleiro.
- Atenção ao comprimento das rédeas que devem manter-se curtas e justas, à
direcção dos antebraços que devem estar no prolongamento das rédeas, e à
posição das mãos, próximas, baixas e viradas uma para a outra e ainda à sua
estabilidade, só possível com os cotovelos unidos ao tronco.

4ªFase - Idem a galope (com e sem estribos)


Método - 3 movimentos
- Exercícios de flexibilização do rim e ligação ao movimento: rotação
a um lado e a outro com simultânea rotação dos ombros;
Balançar os braços alteradamente, exagerando o avanço do assento no 3° tempo
do galope;
Empurrar o rim com o braço do lado de dentro, balançando o outro;
- Exercícios para a independência das mãos:
correr o cavalo com festas;
Rolar as mãos, de trás para a frente e de baixo para cima, abrindo os dedos na
posição mais à frente, aprendendo a acompanhar correctamente o movimento do
balanceiro;
etc .....
-Efectuar transições do galope ao trote e deste novamente ao galope,
servindo-se e mecanizando o quadro de ajudas correcto para tal.

5ªFase - Trabalho sobre varas e cavaletes (destinado a criar andamentos mais


elevados, aumentando assim as reacções a absorver pelo cavaleiro) Método - 3
movimentos
- A trote - varas a 1.301l.40m de distância
Igual à 33 fase com a vantagem da maior elevação do trote - A
galope - varas a 3.00/3.30m de distância
Igual à 43 fase mas individualmente, por questões de segurança,
sobretudo quando sobre os cavaletes.

NOTA IMPORTANTE

Não esquecer a pedagogia equestre, os seus princípios e métodos Não


esquecer que os alunos são a personagem principal da lição
Atenção à postura do professor: os alunos copiam sempre os seus defeitos Atenção
à sua voz, timbre e intensidade, para que seja ouvido por todos Coloque-se sempre
onde melhor possa observar a posição e capacidade de
execução dos alunos e ainda onde estes o possam ver, para poderem
perceber os seus exemplos gestuais.
Antes de mandar fazer, diga sempre: o quê, como e porquê ou para quê Corrija
permanentemente, mas não se esqueça também de premiar com generosidade
Por fim, não se esqueça que esta e uma lição que visa obter uma boa posição,
ou seja, uma posição que reúna correcção e capacidade de execução, e a
ginástica a cavalo não é um fim, mas sim um meio de a obter. Não faça
exercícios por fazer, utilize criteriosamente as vantagens ginásticas de
cada um.

FELICIDADES

BOAS LIÇÔES E BONS RESULTADOS

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