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Dia a dia do Autismo

6 Estratégias
Práticas para
Pais de filhos
TEA

Estratégias que vão

te ajudar a reduzir a ansiedade diária

Por Natasha Assaife


Dia a Dia com
6 Estratégias

Aqui estão 6 estratégias práticas para você


aplicar com seu filho. Elas te ajudarão a
reduzir o nível de ansiedade e estresse na
sua casa no dia a dia. São voltadas para
crianças com Transotorno do Espectro Autista
(TEA) verbais, e as não verbais com expressivo
comportamento de ouvinte.

Procure aplicar essas estratégias diariamente,


sempre lembrando que há dias com
resultados mais evidentes, e outros que são
mais desafiadores na rotina de qualquer
família, típica ou atípica.
1. Esteja disposto
a explicar o
óbvio

Crianças autistas possuem um


funcionamento cerebral um pouco diferente.
Por isso, elas nem sempre planejam decisões e
ações da maneira que nós adultos
gostaríamos. É fundamental explicar coisas
que podem parecer óbvias ao mundo
adulto, a fim de que elas possam planejar e
agir de maneira positiva e adequada
socialmente.

Explicar o óbvio é uma forma de evitar que


cometam menos erros, e assim, nos
estressamos menos com elas.
1. Esteja disposto
a explicar o
óbvio

Exemplo: Você tem dois filhos: a menina é


típica e o menino tem TEA. A irmã caiu,
machucou a perna e está chorando muito. O
menino (TEA) ao vê-la chorando se aproxima e
começa a fazer piada no exato momento em
que deveria estar oferecendo ajuda à irmã.

Significa que ele não ama a irmã? Não


necessariamente. Pode ser que ele não tenha
repertório comportamental, ou seja, não saiba
como agir nessa situação, e por isso, está
apresentando um comportamento socialmente
inadequado.
Nesse caso, podem ser feitas explicações tais
como: “Filho, veja que a sua irmã está
chorando e precisando de ajuda, não é hora
de fazer piada. Pergunte a ela, se ela quer
alguma ajuda, e se precisa de gelo, tá bem?” -
isso é óbvio para o mundo adulto. Espere seu
filho reformular a atitude conforme o que você
ensinou, e elogie a nova atitude.

Família
2. Prepare Dicas
Visuais

Considerando que, muitas vezes, crianças TEA


não fazem plenamente o planejamento
cerebral de suas ações, podem ocorrer falhas
em atividades de vida diária, como por
exemplo, ir ao banheiro, fazer xixi, mas não
lavar a mão na sequência. Sendo assim,
procure utilizar recursos visuais para
explicar o óbvio, como rotinas de banheiro,
sono, vestuário e todas as outras que você
perceba que a criança não possui muita
habilidade para desenvolver sozinha.
2. Prepare Dicas
Visuais

Aqui o seu objetivo final deve ser desenvolver


a autonomia da criança, ou seja, a capacidade
de ela começar a realizar atividades,
sobretudo de vida diária (AVD), sem que você
precise ficar dando dica verbal e ajuda
física a todo momento. Para maiores
demandas em AVD, procure um terapeuta
ocupacional.

Cabe ressaltar que os níveis 2 e 3 TEA podem


desenvolver autonomia mais lentamente.
Tenha paciência e aceite o nível de autonomia
que a criança conseguir atingir. Ela é singular
e especial do jeitinho dela.
As dicas visuais são relevantes ainda para
crianças não verbais poderem se comunicar
através da chamada Comunicação Alternativa
Aumentativa (CAA), lembrando que CAA
também pode ser utilizada com crianças
verbais.

Família
3. Se antecipe a
possíveis problemas

Sabendo que as crianças TEA possuem


tendência à inflexibilidade em rotinas,
procure sempre explicar antecipadamente o
passo a passo dos eventos que estão para
acontecer, a fim de evitar comportamentos
disruptivos como gritos, auto/hetero e
agressões.

Além disso, para momentos em que a criança


irá perder alguma atividade de que goste, em
sua rotina, procure sempre que possível,
oferecer uma outra atividade, reforçadora
também, para ser feita em substituição àquela
que será perdida.
Exemplo: Todos os dias a criança acorda cedo e
vai para a natação. Mas, o tio ficou doente, e
amanhã, não dará aula. No dia anterior, procure
explicar tudo para a criança: “Filho, o tio
Carlinhos está muito resfriado. Ele está tão
fraquinho, que amanhã não vai conseguir dar
aula de natação para ninguém, então amanhã
você vai acordar e brincar com os seus
carrinhos, e não irá para a natação, tá bem?”

Nesse exemplo, a mãe ofereceu uma


brincadeira com carrinhos para substituir o
momento da aula de natação que não ocorrerá
mais.
E se acontecer alguma coisa
que você não previu antes?

Como lidar com um possível comportamento


disruptivo da criança? Exemplo: o copo
favorito quebrou, e agora ela não quer mais
beber água, até que seja no exato copo de
antes. O que fazer?

Nesse momento, você está diante de uma


grande oportunidade para a criança
aprender a ter flexibilidade. Você pode até
procurar outro copo idêntico, em todos os
cantos do mundo, mas se você não encontrá-lo,
encare esse momento como uma janela de
aprendizado para essa criança.
Acredite, por mais que ela chore e fique até
sem beber água por um tempo, a sede vai ser
mais forte (operação motivadora), e com a
paciência dos cuidadores, esperando a
criança se acalmar, ela vai se render a beber
água em outro copo, em algum momento.

Sempre elogie quando ela se acalma e se


abre a novas experiências de beber água em
outros copos. Mesmo que a criança não se
motive com elogios, nunca deixe de elogiar.

A repetição do elogio é importante para o


desenvolvimento. Para casos mais extremos
de comportamento nesse contexto, procure
um psicólogo infantil.
4. Nunca se esqueça
de elogiar os
acertos

Nem toda criança TEA se motiva com elogio


(reforço social), ainda que venham de seus pais.

Mas, nunca deixe de demonstrar afeto


através de elogios. Acredite, a repetição deles
pode surtir efeito na criança em algum
momento futuro.
5. Prefira fazer
perguntas

Como você lida com a sua criança no


momento que ela erra? Todo pai e mãe têm
momentos de irritação com os erros dos
filhos. Mas, se seu sangue ferver, depois de ter
respirado e se acalmado (lembrando que você
tem controle sim sobre as suas emoções), vá
conversar com seu filho e opte por fazer com
que ele perceba que está errado, através de
perguntas, e não de acusações.

Faça ele perceber o próprio erro. Evite frases


como “você é uma peste, você sempre faz tudo
errado, você fez de propósito...” Acalme-se e
pense em ajudá-lo. Faça perguntas até que
ele perceba, amorosamente, o próprio erro.
Exemplo: A mãe pediu para o filho TEA (9 anos
– verbal – nível 1) pegar água para a irmã, na
cozinha. Ele a pegou, mas deixou a cozinha
toda molhada e foi para a sala ver televisão. A
mãe tinha acabado de chegar cansada do
trabalho, e viu a cozinha com aquela lama já
formada no chão. A mãe se irritou, mas
respirou, e então foi conversar com seu filho...

“Filho, você viu que quando eu te pedi para


pegar água para a sua irmã, você molhou o
chão todo da cozinha? Você acha certo a
mamãe ter que ir limpar a cozinha agora à
noite, ao invés de ir jantar na mesa junto com
você? Então, preste mais atenção na próxima
vez que você for pegar água, tá bem? E se você
molhar o chão, pegue o paninho e seque,
combinado?”
Lembre
Podemos sim dar responsabilidades para
crianças com TEA. Se elas não tiverem
dificuldades motoras para execução de
tarefas domésticas, com certeza podem ser
ensinadas a ajudarem, pois são totalmente
capazes.

Mesmo que não façam com frequência o


que você ensinou, não deixe de instruir.
Uma hora a criança pode decolar. Regue as
sementes sempre, mesmo que você não
saiba o tempo da colheita.
6. Descanse o seu
coração

Procure sempre ter em mente que seu filho


geralmente não planeja ter comportamentos
com o propósito de te envergonhar. Ele
muitas vezes só não sabe como agir, e por
isso, pode cometer erros. Você está aí para
acolher esse “pedacinho de você”, para
compreendê-lo e ajudá-lo sempre. E não se
esqueça de que você não está só. Outras
famílias também entendem as suas dores,
batalhas e conquistas. Fique firme!
Quem sou eu
Naty Assaife
São tantos os papéis que temos nessa vida, não é mesmo?
Mas, o que mais amo é ser mãe. Tenho dois filhos lindos,
amados e planejados. Meu príncipe Henrique tem 9 anos.
Ele tem TEA nível 1, um menino incrível, super criativo,
carismático e amigo. A Rafaella tem 4 anos, mas parece que
é a “mãe número 2” do Henrique, porque ela é super
agarrada com ele e os dois trocam muito carinho e
amizade. A Rafa (típica) é um pedacinho de fofura. Além de
ela ser uma grande amiga do Henrique, também é uma
terapeuta miniatura incrível. Ela estimula muito ele, ao
mesmo tempo que ele ensina muitas coisas a ela. Por conta
da minha história com Henrique, fui fazer Psicologia, minha
segunda graduação. Hoje em dia, além do meu filho, atendo
outras crianças com Autismo. Sou Atendente Terapêutica
(AT) e pós-graduanda em Análise do Comportamento. Amo
ver o maravilhoso desenvolvimento acontecendo em outras
famílias.

@natasha.assaife

024 981002088

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