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As Identidades do Brasil: de

Varnhagen a FHC
José Carlos Reis
JOSÉ CARLOS REIS
JOSÉ CARLOS REIS
Historiador e filósofo, possui graduação em História pela Universidade
Federal de Minas Gerais (1981), mestrado em Filosofia pela Universidade
Federal de Minas Gerais (1987), mestrado em Filosofia pela Université
Catholique de Louvain (1989) e doutorado em Filosofia pela Université
Catholique de Louvain (1992). É pós-doutor pela École des Hautes Études
en Sciences Sociales (Paris, 1996/97), pela Université Catholique de
Louvain (Bélgica, 2007/08) e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
(2014/15). Atualmente é professor da Universidade Federal de Minas
Gerais.
Tem experiência na área de História, com ênfase em Teoria da História e
História da Historiografia, atuando principalmente nos seguintes temas:
epistemologia, temporalidade, historiografia brasileira, historiografia
francesa, pensamento histórico alemão. É autor de 11 livros.
O LIVRO

• Apresenta a importância e a contribuição de cada historiador e pensador


social na descoberta e na formação das identidades do Brasil.
• Reis afirma que todo o conhecimento histórico produzido por esses
historiadores tiveram e continuam tendo o seu valor, desde que, dentro de
uma perspectiva contextualizada no próprio tempo. Ou seja, o conteúdo e
a relevância da obra devem ser analisados dentro do tempo em que suas
ideias foram escritas. O presente no qual foram escritas refletia
“justamente” àquele panorama. Àquelas abordagens estão sendo refletidas
no retrovisor do tempo. Que está posto, fincado, naquele presente. A
preocupação mora no presente. O presente é o lugar das indagações e não
o tempo que já passou, ou, o tempo que ainda vai chegar.
• São esses historiadores que traçaram, ou melhor seria dizer que
inventaram, as identidades do Brasil e consequentemente
orientaram os brasileiros em suas opções de auto identificação e
auto representação.
• Praticamente o livro está dividido em dois blocos principais:
• o primeiro é o mais teórico e o segundo o mais prático.
QUADRO TEÓRICO

Reescrever a História
1. Os homens e as sociedades humanas no tempo
Passado é o dia
Presente é a noite
O passado como referência da realidade
Presente como reflexão

A HISTÓRIA É A RECONSTRUÇÃO NARRATIVA, CONCEITUAL E


DOCUMENTAL, EM UM PRESENTE, DA ASSIMETRIA ENTRE
PASSADO E FUTURO
QUADRO TEÓRICO

2. O conhecimento Histórico muda, acompanhando as mudanças da


História
Novas fontes
Novas técnicas
Novos conceitos e teorias

O passado é repensado e ressignificado de forma


renovada e fecunda
VERDADE

• CONCEITO COMPLEXO – INTERPRETAR E COMPREENDER

• INTERPRETAR – ATRIBUIR SENTIDO A UM MUNDO HISTÓRICO


DETERMINADO EM UMA ÉPOCA DETERMINADA

• COMPREENDER – A PARTIR DA ATRIBUIÇÃO DE SENTIDO,


AUTOLOCALIZAR-SE NO TEMPO, RETENDO, ARTICULANDO E
INTEGRANDO SUAS PRÓPRIAS DIMENSÕES TEMPORAIS
VERDADE ILUSÃO

• TODO HISTORIADOR QUE ESCREVER UMA NOVA HISTÓRIA, QUER


OFERECER UM PONTO DE VISTA MAIS ABRANGENTE E MAIS SEGURO

• VERDADE HISTÓRICA É FUNDAMENTALMENTAMENTE HISTÓRICA

• EM CADA PRESENTE, O QUE SE TEM É UMA VISÃO PARCIAL, UMA


ARTICULAÇÃO ORIGINAL DO PASSADO E DO FUTURO
CALEIDOSCÓPIO

• OS HISTORIADORES DIVERSOS E SUCESSIVOS ESCOLHEM E SINTETIZAM,


SERVEM-SE DE METÁFORAS, FORMULAM PERGUNTAS ESPECÍFICAS,
SERVEM-SE DE FONTES E TÉCNICAS DIFERENTES

• SENTIDO ATRIBUÍDO AO VIVIDO, CAREGADO DE INFLUÊNCIAS SOCIAIS,


TÉCNICAS E PESSOAIS.
HISTÓRIA É RELATIVA?

ESPECIFICIDADE DA HISTÓRIA – SINGULAR.


INTERPRETAÇÃO RACIONAL PAUTADA EM PROBLEMAS, CONCEITOS E
DOCUMENTOS.
Objeto

• Reposição de alguns intérpretes do Brasil em


sua época, em sua data, com sua problemática
específica e com as suas específicas avaliações
do passado e projeção do futuro.
Problemática

O que o Brasil foi, está sendo e o que se


tornará?
Objetivos

• Criar uma representação global do Brasil, uma


configuração, que dê conta dos seus eventos e
personagens, das suas mentalidades, das suas elites
e da sua população em geral, suas classes e lutas,
seus escravos, índios e mestiços do passado e , a
partir dessa representação global, “refigurar” o
presente e imaginar um futuro possível, uma utopia
realizável.
Hipótese

• Não há autores superados desde que lidos


em sua época.

• Oferecer uma visão do Brasil construída por


uma multiplicidade de visões parciais.
Categorias que orientam a leitura
• Mudança e continuidade – os que diferencia e aproxima, o que os
separa e agrupa.

• Mudança – processo, modernização, progresso, revolução, na


direção a independência e autonomia.
• Identificação das forças que produzem a autonomia e a
emancipação nacional

• Continuidade – estrutura, permanência, tradição, resistência,


conservadorismo, que significam dependência e heteronomia.
• Identificação das forças que reproduzem e renovam a
dependência
O quadro prático
• 1º GRUPO
Descoberta/Continuação – (1850-1930) Varnhagen e
Gilberto Freyre
Os que representam esse grupo trabalharam na
identificação das forças que reproduziram e renovaram a
dependência. “preferem o Brasil português ao Brasil
brasileiro”. “O Brasil tradicional ao Brasil moderno”.
Preferem o passado brasileiro ao seu futuro.
Tese desse grupo é a do progresso linear e gradual.
Ou seja, também são conservadores na interpretação.
Quanto ao progresso linear, tudo indica influência do
positivismo.
O quadro prático
• 2º GRUPO
Redescobrimento/Mudança – (1900—1960-1970) Capistrano de
Abreu; Caio Prado Jr.; N. W. Sodré; S. B. de Holanda; Florestan
Fernandes; F.H.C.
Representado por aqueles que trabalharam para identificar as
forças que produziram a autonomia e a emancipação. “Preferem a
ruptura com o passado”. “Preferem o Brasil brasileiro ao Português”.
“O Brasil moderno ao tradicional” – “o futuro não será lusobrasileiro,
mas brasileiro: uma nação livre, soberana, autônoma, habitada por um
povo novo, com interesses e sentimentos singulares”. Nesse grupo,
muitos foram influenciados por marxistas. Daí o progresso dialético e
não linear.

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