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UNB – Departamento de História

Disciplina: Introdução ao Estudo da História


Docente: André Leme Lopes
Aluna: Maria Paula França de Oliveira
Matrícula: 231008897

1. A primeira unidade do curso diz respeito aos "fundamentos tradicionais da


historiografia". Quais são esses "fundamentos"?
A historiografia, antes de tornar-se o que é hoje, percorreu uma longa trajetória e
desenvolveu-se por meio de variadas práticas inseridas em determinados contextos. No
entanto, é a partir do século XIX que desenvolve-se a ideia de História como uma ciência.
É nesse período – meados do séculos XIX – que se tem uma formação universitária
específica para historiadores, uma vez que precedentemente a isso o aprendizado era
centrado exclusivamente num estudo linguístico.
Dessa forma, entende-se que a historiografia tem seus princípios fortificados com
base nesse contexto, onde a História ganha mais espaço no meio acadêmico e
historiadores passam a ter uma formação mais específica. A partir disso defende-se a
história como científica, que se apoia numa suposta objetividade, na busca pela verdade
universal e pelo estabelecimento de um tempo contínuo, ou seja, na precisão absoluta e
exata dos fatos. E é, com suporte no ideal de verdade e objetividade, que se dá a produção
de fatos com conhecimento científico.
Além disso, a verdade científica passa a ser produzida por meio de um conjunto de
práticas, que eram seguidas com rigor, como o treinamento em seminários e a pesquisa em
arquivos. Essas atividades voltadas para a prática de ensino, se tornaram fundamentais e
influentes para a formação da profissão de historiador. Como também, tornaram-se
práticas fundadoras da historiografia.
Portanto, compreende-se como fundamentos tradicionais da historiografia a busca
pela verdade universal e pelo estabelecimento de um tempo contínuo, o que desencadeou
a produção de fatos científicos, que por sua vez, passam a ser produzidos por intermédio
de práticas como seminários e pesquisa em arquivos. E a partir disso, tem-se a história
científica.

2. Qual a crítica que a historiadora norte-americana Bonnie Smith faz a esses


“fundamentos”?
A principal critica que a historiadora norte-americana Bonnie G. Smith faz a
esses fundamentos em seu livro Gênero e História: homens, mulheres e a prática
histórica é de que eles contribuíram para a atribuição de um gênero predominante na
historiografia: o masculino.
Os homens, desde o início de sua formação eram ensinados à negar valores
domésticos ou que remetiam à feminilidade, pois o feminino era visto como “inferior”.
E dessa maneira, criava-se um dualismo entre o que era superior e inferior, importante
e dispensável, fascinante ou derivativo. A partir disso, os historiadores começam a
priorizar a história dos homens sobre a das mulheres. E os materiais históricos
produzidos por mulheres acaba sendo visto como um material amador, impróprio e
dispensável.
A autora critica que as mulheres não tinham espaço nas práticas do fazer
histórico, não podiam frequentar ambientes como seminários ou realizar pesquisas em
arquivos. Ou se o faziam, eram malvistas, desacreditadas e até mesmo ignoradas. Ela
defende a ideia de que toda a fundamentação da historiografia contribuiu para a
exclusão de mulheres da história científica e também, para o domínio do homem,
branco e europeu.

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