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Estatuto da Criança e

do Adolescente
Material Teórico
Prevenção, Política de Atendimento e Medidas de Proteção

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Ms. Reinaldo Zychan de Moraes

Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota
Prevenção, Política de Atendimento e
Medidas de Proteção

• Da Prevenção

• Da política de atendimento

• Medidas de proteção

·· Nesta unidade iremos discutir as medidas preventivas para


que não ocorram ameaças ou violações aos direitos das
crianças e adolescentes, bem como a política de atendimento
e as medidas de proteção que foram criadas pelo Estatuto da
Criança e do Adolescente.

Leia o material teórico e participe de todas as nossas atividades avaliadas.


Havendo alguma dúvida, não deixe de apresentá-la para o tutor da disciplina ou mesmo para
os demais colegas. A discussão dessas questões pode ser bastante produtiva e esclarecedora.

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Unidade: Prevenção, Política de Atendimento e Medidas de Proteção

Contextualização

Quem são as “crianças de rua”?


Uma triste situação, que nos deparamos cada vez mais, é a existência de muitas crianças, as
quais residem na rua em situação de abandono.
Esse quadro já é algo corriqueiro nas grandes cidades e, paulatinamente, também tem se
espalhado para os municípios médios e pequenos.
Essas crianças, muitas vezes, são confundidas e associadas com crimes e atos infracionais,
porém, é possível observar que elas provocam o desprezo na maioria de nossa sociedade, que
prefere tratar essas tragédias diárias como algo normal. Dessa forma, essas “pequenas vítimas”
acabam se tornando seres “invisíveis”.
Não nos falta, contudo, lei para resolver ou, ao menos, amenizar esse problema. Aliás,
é justamente o objetivo dessa nossa unidade é a forma como o Estatuto da Criança e do
Adolescente trata situações como essas - e outras em que os direitos de crianças ou adolescentes
não são plenamente respeitados.

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1 Da Prevenção

1.1 Disposições gerais


Dentro do Sistema de Proteção Total, previsto no Estatuto a todos, cabe prevenir a ocorrência
de ameaça ou violação aos direitos da criança e do adolescente, que têm direito à informação,
cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e serviços; contudo, sempre deve ser
observada necessidade de pleno respeito à sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
A pessoa física ou jurídica, que não respeita as normas de prevenção a serem estudas a
seguir, receberá as sanções estabelecidas pelo Estatuto em razão de sua ação ou omissão.

1.2 Prevenção especial

1.2.1 Da informação, cultura, lazer, esportes, diversões e espetáculos


O poder público deve regular as diversões e espetáculos públicos, sendo obrigatório informar a
natureza deles, as faixas etárias a que se recomendem, locais e horários em que sua apresentação
se mostre inadequada – é o que a lei chama de certificado de classificação.
Seguindo as prescrições do certificado de classificação, os responsáveis pelas diversões e
espetáculos públicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local de
exibição, essas informações, sendo que devem ser destacadas:
• a natureza do espetáculo;
• a faixa etária recomendada.

A criança ou adolescente deve ter acesso às diversões e espetáculos públicos classificados


como adequados à sua faixa etária, sendo que as crianças menores de dez anos somente podem
ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou exibição quando acompanhadas dos pais
ou responsável.
Nas emissoras de rádio e televisão, nenhum espetáculo será apresentado ou anunciado sem
aviso de sua classificação, antes de sua transmissão, apresentação ou exibição.
As empresas que se dedicam à venda ou aluguel de fitas (ou qualquer outro tipo de mídia,
tais como DVD) de programação em vídeo cuidarão para que não haja venda ou locação em
desacordo com o certificado de classificação. Essas fitas (ou mídias) devem exibir, no invólucro,
informação sobre a natureza da obra e a faixa etária a que se destinam.
Já as revistas e publicações, contendo material impróprio ou inadequado a crianças e
adolescentes, devem ser comercializadas em embalagem lacrada, com a advertência de seu
conteúdo. Se as capas possuírem mensagens pornográficas ou obscenas, devem ser protegidas
com uma embalagem opaca.

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Unidade: Prevenção, Política de Atendimento e Medidas de Proteção

As revistas e publicações destinadas ao público infanto-juvenil não poderão conter ilustrações,


fotografias, legendas, crônicas ou anúncios de:
• bebidas alcoólicas;
• tabaco;
• armas e munições.

Além disso, devem respeitar os valores éticos e sociais da pessoa e da família. Desse modo,
não podem, por exemplo, possuir conteúdo que enalteça condutas de racistas e preconceituosas.
Estabelecimentos, que exploram comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou por casas de
jogos, ou seja, aquelas que realizam apostas, não podem permitir a entrada e a permanência de
crianças e adolescentes no local, devendo ainda afixar aviso para orientação do público.

1.2.2 Dos produtos e serviços


Em razão de sua particular situação de pessoa em desenvolvimento, o Estatuto vetou a
venda de certos produtos a crianças e adolescentes que, de alguma forma, podem colocá-los
em risco físico ou moral.
Aqui, devemos enquadrar a proibição de venda a crianças e adolescentes de uma série de
produtos que podem causar dependência física ou psíquica, mas que são de corriqueira utilização
nas residências e atividades empresariais. É o caso de colas (“cola de sapateiro”), solventes,
tintas e esmaltes que, quando usados de forma indevida, podem causar essa consequência.

ECA
Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de:
I - armas, munições e explosivos;
II - bebidas alcoólicas;
III - produtos cujos componentes possam causar dependência física ou
psíquica ainda que por utilização indevida;
IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu reduzido
potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de
utilização indevida;
V - revistas e publicações a que alude o art. 78;
VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.

Outra importante restrição se refere à hospedagem em hotel, motel, pensão ou


estabelecimentos congêneres.

ECA
Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou adolescente em hotel, motel,
pensão ou estabelecimento congênere, salvo se autorizado ou acompanhado
pelos pais ou responsável.

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1.2.3 Da autorização para viajar
Por causar importante risco, estabelece o Estatuto uma série de regras para a viagem de
crianças e adolescentes para locais fora da comarca onde residem.

A regra geral é a seguinte: “Nenhuma criança poderá viajar para fora da comarca
onde reside, desacompanhada dos pais ou responsável, sem expressa autorização
judicial” – artigo 83, caput.

Essa autorização judicial não será exigida nas seguintes situações:

• Quando se tratar de comarca contígua à da residência da criança, se na mesma unidade


da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana;
• Se a criança estiver acompanhada:
* de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado documentalmente
o parentesco;
* de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável.

Essa autorização expedida pelo juiz poderá, a pedido dos pais ou responsável, ser expedida
com validade de até dois anos.

No caso de viagem para o exterior a autorização judicial é dispensável, se a criança ou


adolescente:

• estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;

• viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente pelo outro através de


documento com firma reconhecida.

Por fim, estabelece o Estatuto que, sem expressa autorização judicial, nenhuma criança ou
adolescente nascido em território nacional poderá sair do país em companhia de estrangeiro
residente ou domiciliado no exterior.

2 Da Política de Atendimento

2.1 Disposições gerais


A política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente se faz por um conjunto
articulado de ações governamentais e não governamentais, da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios.

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Unidade: Prevenção, Política de Atendimento e Medidas de Proteção

2.2 Entidades de atendimento


As entidades de atendimento são responsáveis pelo planejamento e execução de programas
de proteção e socioeducativos destinados a crianças e adolescentes, em regime de:
• orientação e apoio sócio familiar;
• apoio socioeducativo em meio aberto;
• colocação familiar;
• acolhimento institucional;
• prestação de serviços à comunidade;
• liberdade assistida;
• semiliberdade; e
• internação.

Elas podem ser governamentais ou não governamentais sendo que estas últimas somente
podem funcionar depois de registradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente. Esse registro tem prazo de validade máximo de quatro anos.
Tanto as entidades governamentais como as não governamentais devem inscrever seus
programas (especificando os regimes de atendimento) no Conselho Municipal dos Direitos da
Criança e do Adolescente, tendo esse órgão a incumbência de comunicar essas informações ao
Conselho Tutelar e à Vara da Infância e da Juventude.
Os programas em execução devem ser reavaliados pelo Conselho Municipal dos Direitos
da Criança e do Adolescente, no máximo, a cada dois anos, particularmente, para que sejam
verificadas questões como o pleno respeito dos direitos das crianças e adolescentes e a qualidade
do serviço prestado. Havendo irregularidades não poderá ocorrer a renovação da autorização
de manutenção do programa.
Essas entidades (governamentais ou não) devem receber recursos públicos destinados à
implementação e manutenção desses programas, sem prejuízo do recebimento de recursos privados.

2.2.1 Entidades que desenvolvem programas de acolhimento


O programa de acolhimento tem grande importância na estrutura do Estatuto, pois pode
representar um passo para a colocação da criança ou do adolescente em uma família substituta,
pode representar o retorno para a convivência com sua família natural e pode resolver uma série
de situações ligadas ao abandono.
Em razão dessa importância, a lei dedica especial atenção às entidades que desenvolvem
esse programa, seja na modalidade familiar ou institucional. O importante é que elas busquem
preservar ou reatar os vínculos familiares (na família natural ou extensa) e, na impossibilidade
devem buscar a colocação em uma família substituta.
O dirigente de entidade, que desenvolve programa de acolhimento institucional, é equiparado
ao guardião, para todos os efeitos de direito.
Esses dirigentes dessas entidades devem remeter à Vara da Infância e da Juventude, no
máximo a cada seis meses, relatório circunstanciado acerca da situação de cada criança ou
adolescente acolhido e sua família.

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As entidades que desenvolvem programa de acolhimento institucional poderão, em caráter
excepcional e de urgência, acolhendo crianças e adolescentes sem prévia determinação do
Conselho Tutelar ou do Juiz da Infância e da Juventude, contudo, devem no prazo de 24 horas
comunicar essa ocorrência à Vara da Infância e da Juventude.

2.2.2 Entidades que desenvolvem programa de internação


A internação é a medida socioeducativa mais gravosa (aplicada no caso de atos infracionais
mais graves praticados por adolescentes), razão pela qual o Estatuto estipulou que as entidades
que realizam esse programa devem:

ECA
Art. 94 [...]
I - observar os direitos e garantias de que são titulares os adolescentes;
II - não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de restrição na
decisão de internação;
III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas unidades e grupos reduzidos;
IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e dignidade ao adolescente;
V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação dos
vínculos familiares;
VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os casos em que se
mostre inviável ou impossível o reatamento dos vínculos familiares;
VII - oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade,
higiene, salubridade e segurança e os objetos necessários à higiene pessoal;
VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e adequados à faixa etária
dos adolescentes atendidos;
IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, odontológicos e farmacêuticos;
X - propiciar escolarização e profissionalização;
XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer;
XII - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de acordo
com suas crenças;
XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo máximo de seis
meses, dando ciência dos resultados à autoridade competente;
XV - informar, periodicamente, o adolescente internado sobre sua situação processual;
XVI - comunicar às autoridades competentes todos os casos de adolescentes
portadores de moléstias infecto-contagiosas;
XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences dos adolescentes;
XVIII - manter programas destinados ao apoio e acompanhamento de egressos;
XIX - providenciar os documentos necessários ao exercício da cidadania
àqueles que não os tiverem;
XX - manter arquivo de anotações onde constem data e circunstâncias do
atendimento, nome do adolescente, seus pais ou responsável, parentes,
endereços, sexo, idade, acompanhamento da sua formação, relação de
seus pertences e demais dados que possibilitem sua identificação e a
individualização do atendimento.

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Unidade: Prevenção, Política de Atendimento e Medidas de Proteção

2.3 Fiscalização das entidades


A fiscalização das entidades que desenvolvem programas voltados para as crianças e
adolescentes é realizada:
• pelo Poder Judiciário (sobretudo pelos Juízes da Infância e da Juventude);
• pelo Ministério Público e
• pelos Conselhos Tutelares.

No caso das entidades que desenvolvem programa de internação, o descumprimento de suas


obrigações estipuladas no artigo 94 acarreta as seguintes medidas:
• No caso de entidades governamentais:
* advertência;
* afastamento provisório de seus dirigentes;
* afastamento definitivo de seus dirigentes;
* fechamento de unidade ou interdição de programa.
• No caso das entidades não governamentais:
* advertência;
* suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas;
* interdição de unidades ou suspensão de programa;
* cassação do registro.

3 Medidas de Proteção

3.1 Disposições gerais


As chamadas medidas de proteção são uma série de providências criadas pelo Estatuto para
situações em que os direitos da criança ou do adolescente estejam sendo ameaçados ou violados:

ECA
Art. 98
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
III - em razão de sua conduta.

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No antigo Código de Menores (revogado quando entrou em vigor o ECA) essas situações
eram nominadas como sendo aquelas em que a criança ou adolescente encontrava-se em
situação de risco. Muito embora essa legislação não mais esteja em vigor, é perfeitamente
possível continuar a utilizar essa denominação.
Em cada caso concreto devem ser verificadas qual ou quais dessas medidas devem ser
aplicadas, visto que elas podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas
a qualquer tempo. Contudo, sempre deve ser dada preferência para aquelas medidas que visem
ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
As medidas de proteção, sempre que necessário, devem acarretar a regularização do registro
civil da criança ou do adolescente. É o caso, por exemplo, de uma criança de poucos meses
que é inserida em um programa de acolhimento sem que haja qualquer notícia de seus pais
ou de sua origem. Assim, nessa situação se providenciará seu registro de nascimento com os
elementos que estiverem disponíveis.

3.2 Medidas específicas


O ECA estabelece no artigo 101 as medidas específicas de proteção, contudo, há possibilidade
de aplicação de outras, sempre que se verificar a sua necessidade e desde que sejam respeitados
os princípios firmados por essa norma.

3.2.1 Encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de


responsabilidade
Essa medida, apesar de ser a mais simples, pode resolver uma série de situações, tais como
aquelas em que uma criança de pouca idade é encontrada perdida de seus pais.
Não podemos esquecer que essa medida de proteção, tal como as demais, pode ser aplicada
de forma cumulativa com outras.

3.2.2 Orientação, apoio e acompanhamento temporários


Em alguns casos, particularmente quando a família natural se mostra mal estruturada, pode
ser importante essa medida, sobretudo para se evitar que haja uma agravação na situação da
criança ou do adolescente.
Ela, apesar de ser temporária, não comporta prazo certo, devendo subsistir até que seja
verificada a cessação das causas que lesem ou ameacem os direitos da criança ou do adolescente.

3.2.3 Matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de


ensino fundamental
Como vimos anteriormente, o Estado deve proporcionar o acesso das crianças e adolescentes
ao ensino fundamental.

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Unidade: Prevenção, Política de Atendimento e Medidas de Proteção

ECA
Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não
tiveram acesso na idade própria;

Por outro lado, decorre do poder familiar o dever dos pais de criar condições para que seus
filhos frequentem o ensino fundamental.

ECA
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos
menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e
fazer cumprir as determinações judiciais.

Caso essa frequência não ocorra, seja em razão do Estado não proporcionar o seu acesso,
seja em razão da omissão dos pais em matricular seus filhos ou garantir-lhes condições para que
frequentem a escola, poderá ser aplicada essa medida protetiva.

É o caso, por exemplo, da inexistência de vagas no ensino fundamental público disponibilizado


próximo da residência da criança. Nesse caso, poderá o Juiz da Infância e da Juventude determinar
que os dirigentes públicos resolvam esse problema, pois isso afeta, de forma contundente, os
direitos dessa criança.

3.2.4 Inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família,


à criança e ao adolescente
Essa medida protetiva é especialmente importante naquelas situações que a família natural
se encontra em situação de miséria.

Como vimos anteriormente, decorre do poder familiar uma série de deveres, os quais,
quando não cumpridos, podem acarretar a suspensão ou a perda desse poder. Contudo, no
caso de miserabilidade, essa consequência não pode ocorrer, devendo a família ser inserida em
um programa oficial de auxílio.

ECA
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo
suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar.
Parágrafo único. Não existindo outro motivo que por si só autorize a
decretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido em sua
família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em programas
oficiais de auxílio.

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3.2.5 Requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico,
em regime hospitalar ou ambulatorial
O direito da criança e do adolescente a um atendimento integral à sua saúde está assegurado
no artigo 11 do Estatuto, sendo que, diante de um obstáculo ao acesso a ele pode ser resolvido,
em situações concretas, pela aplicação dessa medida protetiva.

ECA
Art. 11. É assegurado atendimento integral à saúde da criança e do adolescente, por
intermédio do Sistema Único de Saúde, garantido o acesso universal e igualitário
às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde. [...]

3.2.6 Inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação


e tratamento a alcoólatras e toxicômanos
Esta medida protetiva decorre da anterior havendo, na verdade, uma verdadeira demonstração
do legislador da sua preocupação com o alcoolismo e outras toxicomanias e as consequências
que elas têm em crianças e adolescentes.

3.2.7 Acolhimento institucional


O acolhimento, institucional ou familiar, é normalmente uma medida protetiva aplicada para
resolver diversas situações, tais como:
• Resolver situações emergenciais que o Poder Público ou a sociedade se depara, tal como
naqueles casos em que adolescentes ou crianças (muitas vezes com poucos dias de vida)
são encontradas em situação de completo abandono.
• Dar atendimento para crianças e adolescentes que, em razão de maus tratos ou mesmo
crimes contra eles praticados por seus pais ou responsável, não podem continuar a
conviver (pelo menos nesse primeiro momento) com os autores dessas condutas.
• Dar atendimento para criança ou adolescente que, por qualquer razão, esteja afastado de
sua família natural ou extensa, enquanto essa situação não é resolvida.
• Dar atendimento para criança ou adolescente que se encontra em processo de colocação
em família substituta.

Assim, o acolhimento se destina sempre a ser uma medida provisória e excepcional, não
podendo ser confundido com qualquer forma de privação de liberdade.
O encaminhamento de criança ou adolescente para o acolhimento institucional (exceto em
situações emergenciais) somente pode ocorrer pelo Juiz da Infância e da Juventude.
Imediatamente após o acolhimento da criança ou do adolescente, a entidade responsável
pelo programa de acolhimento institucional ou familiar deve elaborar um plano individual de
atendimento, visando à reintegração familiar, salvo em situações excepcionais determinadas
pelo Juiz da Infância e da Juventude.

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Unidade: Prevenção, Política de Atendimento e Medidas de Proteção

O acolhimento familiar ou institucional deve ocorrer no local mais próximo à residência


dos pais ou do responsável e, como parte do processo de reintegração familiar, sempre que
identificada a necessidade, a família de origem será incluída em programas oficiais de orientação,
de apoio e de promoção social, sendo facilitado e estimulado o contato com a criança ou com
o adolescente acolhido.
Sendo constatada a impossibilidade de reintegração da criança ou do adolescente à família
de origem, a entidade, que desenvolve o programa, deve enviar relatório ao Ministério Público,
propondo a destituição do poder familiar, ou destituição de tutela ou guarda.
Após o recebimento desse relatório, o Ministério Público deve ingressar com a ação de
destituição do poder familiar, salvo se entender necessária a realização de estudos complementares
ou outras providências que entender indispensáveis ao ajuizamento da demanda.
Ao final dessa ação, as crianças deverão ser incluídas no cadastro de crianças e adolescente
que podem ser colocadas em famílias substitutas.

3.2.8 Inclusão em programa de acolhimento familiar


O acolhimento familiar é sempre preferível ao institucional, pois possibilita uma maior atenção
à criança ou adolescente, razão pela qual essa modalidade deve ser empregada, sempre que for
possível e houver famílias dispostas a participar dessa medida.

3.2.9 Colocação em família substituta


É uma medida de proteção para as diversas situações que foram tratadas em nossa aula
específica sobre esse tema.

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Material Complementar

Apurações que se referem a irregularidades em entidades de atendimento, infelizmente, não


são incomuns.
Veja dois exemplos de decisões sobre esse tipo de assunto.
• TJ-MS - Agravo Regimental em Agravo.
• TJ-RS - Agravo de Instrumento.

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Unidade: Prevenção, Política de Atendimento e Medidas de Proteção

Referências

CUNHA, Rogério Sanches; LÉPORE, Paulo Eduardo; ROSSATO, Luciano Alves. Estatuto da
criança e do adolescente comentado. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013.

Cury, Munir. Estatuto da criança e do adolescente comentado. 12. ed. São Paulo:
Malheiros, 2013.

ISHIDA, Valter Kenji. Estatuto da criança e do adolescente. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2014.

TAVARES, José de Farias. Comentários ao estatuto da criança e do adolescente. 8. ed.


Rio de Janeiro: Forense, 2012.

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Anotações

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20
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