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Luiza Riccio
Obstetrícia
#metodologia
queempodera
2023
© Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos à Editora Sanar Ltda. pela Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de
1998. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume ou qualquer parte deste livro, no todo ou em parte, sob quaisquer formas
ou por quaisquer meios (eletrônico, gravação, fotocópia ou outros), essas proibições aplicam-se também à editoração da obra, bem
como às suas características gráficas, sem permissão expressa da Editora.
FICHA CATALOGRÁFICA
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Tuxped Serviços Editoriais (São Paulo-SP)
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Pedro Anizio Gomes – CRB-8 8846
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Apostila Bases da Medicina – Residência Médica: Obstetrícia / Coordenadores: Luiza Riccio e Mauricio Kitamura; Autora:
Luiza Riccio. – 1. ed. – Salvador, BA : Editora Sanar, 2023.
474 p.; il.
E-book: 9.9 Mb; PDF.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-5462-453-8.
1. Medicina. 2. Residência. 3. Obstetrícia. I. Título. II. Assunto. III. Coordenadores. IV. Autora.
CDD 618.2
CDU 618.2
LUIZA RICCIO
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COMO GARANTIR UMA APRENDIZAGEM
EFICAZ E UMA RETENÇÃO DURADOURA?
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1. MAPAS MENTAIS
u Como fazer: A partir do Título e da sua lista de palavras, comece a criar o seu Mapa:
a) Enquanto estuda um assunto, comece a escrever uma lista de palavras importantes que
você não pode deixar de entender e reter na sua memória. Enquanto faz isso, pense em
como essas palavras se conectam entre si.
b) Coloque o título no centro da folha. A partir dele, puxe linhas que conectem as informações
associadas ao título, que serão algumas das palavras da sua lista.
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Como garantir uma aprendizagem eficaz e uma retenção duradoura?
d) Utilize formas geométricas para distinguir as palavras do seu mapa por categorias, por
exemplo, use retângulos para todas as palavras que se encaixam na categoria Causas, use
eclipses para as palavras que você encaixa em Efeitos.
e) Use cores diferentes para deixar o seu mapa mental ainda mais claro e conectado. Defina
as cores que você irá utilizar para cada categoria ou cada tipo de conexão.
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Essa tarefa pode até demorar um pouco mais no começo, mas, com um pouco
de prática, você não vai gastar mais do que 10 minutos para garantir um enten-
dimento aprofundado e uma aprendizagem mais eficaz e duradoura.
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Como garantir uma aprendizagem eficaz e uma retenção duradoura?
2. FLUXOGRAMAS
u Quando fazer: Os Fluxogramas são ideais para consolidar processos e passo a passos! Por
exemplo, você pode começar o seu Fluxograma com uma suspeita diagnóstica, para depois
passar pela classificação e chegar até o tratamento.
u Como fazer: A partir do seu objetivo, defina o título e os assuntos que irão entrar no seu
Fluxograma:
a) Depois de ter estudado um assunto mais amplo, pense no quadro completo que você
precisa entender e saber. A partir disso, crie a lista de palavras, conceitos e frases mais
importantes que você precisa incluir para atingir o seu objetivo.
b) Coloque o Título no centro da folha. A partir do título, puxe linhas que conectem as infor-
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mações associadas ao título, que serão algumas das palavras ou frases da sua lista.
e) Utilize formas geométricas para distinguir as palavras do seu fluxograma por categorias,
por exemplo, use retângulos para todas as palavras que se encaixam na categoria Causas,
use eclipses para as palavras que você encaixa em Efeitos.
f) Use cores diferentes para deixar o seu fluxograma ainda mais claro e conectado. Defina
as cores que você irá utilizar para cada categoria ou cada tipo de conexão.
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Como garantir uma aprendizagem eficaz e uma retenção duradoura?
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No final, você terá um grande Fluxograma que não só vai garantir o seu entendi-
mento, mas facilitará a revisão dos assuntos mais amplos e ajudará o seu cérebro
a aprender, reter e saber usar as informações estudadas.
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Como garantir uma aprendizagem eficaz e uma retenção duradoura?
3. RESUMOS
u Quando fazer: Sempre que estudar! Resumos de fechamento são essenciais para a apren-
dizagem.
u Como fazer: Para executar essa estratégia você irá precisar só de alguns minutos, mas tam-
bém de concentração e reflexão.
b) Marque ou grife as palavras-chave no texto ou as anote no seu caderno caso você esteja
assistindo uma videoaula.
c) Assim que terminar de estudar informações novas, olhe para as suas palavras-chave e
reflita sobre 2 perguntas:
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• O que acabei de aprender sobre o assunto?
• Como isso se conecta ou se relaciona com o que eu já sabia?
d) Comece a escrever breves respostas de no máximo 10 linhas para cada uma dessas per-
guntas.
e) Garanta que o seu texto seja sucinto, sem repetições e descrições desnecessárias, mas
que responda bem às perguntas acima.
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CONHEÇA A APOSTILA
Importância/prevalência
do capítulo: Frequência do
conteúdo em questões de
provas de residência.
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o que realmente cai na prova.
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Conheça a apostila
Número do capítulo.
Subcapítulos em destaque.
Indicação da especialidade
ou área do capítulo.
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Sumário nas aberturas dos módulos,
com indicação dos níveis de
importância de cada capítulo.
importância/prevalência
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Conheça a apostila
Indicação da especialidade
Título do capítulo. ou área do capítulo.
Título do capítulo.
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Gabarito e comentário das questões,
com explicação do professor tanto
da resposta correta quanto do motivo
de as outras estarem incorretas.
dificuldade: Fácil
dificuldade: Intermediário
dificuldade: Difícil
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Conheça a apostila
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Ao final da apostila e de alguns capítulos você
encontrará espaços para construir mapas mentais,
fluxogramas ou fazer resumos e, assim, fixar seu conhecimento!
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SUMÁRIO
OBSTETRÍCIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1. Diagnóstico de gestação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
1.1. D
iagnóstico laboratorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
1.2. D iagnóstico clínico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
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Mapa mental 2. Sinais de probabilidade da gestação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
1.3. D
iagnóstico ultrassonográfico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
Questões comentadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
1. Avaliação pré-concepcionaL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
2. O
pré-natal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
2.1. Consultas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
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Sumário
3. Legislação e gestação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
4. Plano de parto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Questões comentadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
1.1. Indicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
1.2. Aconselhamento pré e pós-teste. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
2. Métodos de rastreamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
2.1. Exames bioquímicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
2.2. M
arcadores ultrassonográficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
2.3. N
IPT (Non-invasive prenatal testing) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
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4. Métodos diagnósticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
4.1. Biópsia de vilo corial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
4.2. Amniocentese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
4.3. Cordocentese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
Questões comentadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
1. Sífilis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
1.1. Classificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
1.2. Sífilis congênita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
1.3. Triagem sorológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
Mapa mental 3. Momentos para dosagem da carga viral do HIV na gestação . 107
Mapa mental 4. Momentos para dosagem dos linfócitos TCD4+
para pacientes com HIV na gestação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
16
Sumário
3. Toxoplasmose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
3.1. Diagnóstico de infecção materna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
3.2. Transmissão vertical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
3.3. Diagnóstico de infecção fetal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
3.4. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
Biblioteca consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
Questões comentadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
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1. Infecções do trato urinário (ITU) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
1.1. Bacteriúria assintomática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
1.2. Cistite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
1.3. Pielonefrite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
1.4. Profilaxia antibiótica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
4. Hipotireoidismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
4.1. Diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
4.2. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
17
Sumário
7. Cardiopatias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
7.1. Profilaxia para endocardite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
7.2. Via de parto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
7.3. Valvopatias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
8. Covid-19 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148
8.1. Quadro clínico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
8.2. Complicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
8.3. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150
8.4. Parto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152
Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152
Questões comentadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153
1. Importância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159
1.1. Epidemiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159
2. Fisiopatologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159
3. Definição e classificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161
4. Fatores de risco para hiperglicemia na gravidez . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 162
5. Complicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 162
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5.1. Maternas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 162
5.2. Fetais e neonatais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 162
1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 179
2. Hipertensão arterial crônica (HAC) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 180
2.1. Complicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 180
18
Sumário
7. T
ratamento da hipertensão na gestante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 190
7.1. M
anejo da gestante sem hipertensão grave . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 190
7.2. M anejo da gestante com hipertensão grave . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191
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Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195
Questões comentadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 196
1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203
2. Epidemiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203
4. Diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 206
19
Sumário
capítulo 9. R
OTURA PREMATURA DE MEMBRANAS OVULARES
E PREMATURIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 227
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1.3. Fatores de risco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 230
1.4. Complicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 230
1.5. Quadro clínico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231
20
Sumário
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 283
Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 283
Questões comentadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 284
1. Abortamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 291
1.1. Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 291
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1.2. Etiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 292
1.3. Formas clínicas e condutas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 294
21
Sumário
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1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 349
2. Descolamento prematuro de placenta (DPP) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 349
2.1. Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 349
22
Sumário
7. D
iagnósticos diferenciais das hemorragias da 2ª metade da gestação . . . . . . . . . . . . . 367
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1. Anatomia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 377
1.1. A pelve . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 377
1.2. Tipos de bacia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 379
23
Sumário
7. Partograma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 405
7.1. Distócias de dilatação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 406
7.2. Distocias do período pélvico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 408
8. P
arto vaginal instrumentalizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 409
8.1. Fórceps . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 409
8.2. Vácuo extrator . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 411
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9. Indução do parto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 411
9.1. Maturação cervical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 412
9.2. Indução com ocitocina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 414
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 416
Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 416
Questões comentadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 417
24
Sumário
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3.2. Infecção puerperal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 458
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 467
Questões comentadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 468
25
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27
OBSTETRÍCIA
OBSTETRÍCIA
Sumário
Prevalência/importância
1. Diagnóstico de gestação e fisiologia
da gestação normal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2. Assistência pré-natal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3. Aconselhamento genético . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
4. Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação . . . . . . .
5. Doenças intercorrentes na gestação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
6. Diabetes e gestação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
7. Doenças hipertensivas na gestação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
8. Gestação gemelar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
9. Rotura prematura de membranas
ovulares e prematuridade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
10. Vitalidade fetal, sofrimento agudo e crônico . . . . . . . . . . .
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11. Hemorragias da primeira metade da gestação . . . . . . . . .
12. Hemorragias da segunda metade da gestação . . . . . . . . .
13. O parto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
14. Puerpério . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
28
DIAGNÓSTICO DE Capítulo
GESTAÇÃO E FISIOLOGIA
DA GESTAÇÃO NORMAL
1
importância/prevalência
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O diagnóstico preciso e precoce da gestação é de
grande importância para o planejamento familiar, A identificação pode ser feita por meio de um teste
para a mudança de hábitos de vida e para o início urinário ou sanguíneo, cerca de 7 dias após a nida-
da assistência pré-natal. ção. A dosagem pode ser qualitativa ou quantitativa,
e os valores de referência variam de acordo com o
Existem 3 métodos para o diagnóstico da gestação: teste, sendo facilmente interpretados.
u Método laboratorial: por meio da detecção da Usualmente, utiliza-se a fração beta do hCG pela sua
fração beta da gonadotrofina coriônica humana especificidade, pois a porção alfa é comum a vários
(beta-hCG). hormônios, como o LH, o TSH e o FSH. Outra utili-
u Método clínico: por meio de sinais e sintomas dade dessa subunidade é a sua conhecida relação
de gestação. de crescimento com o tempo, pois o valor do teste
quantitativo dobra a cada 48 horas. Deste modo,
u Método ultrassonográfico.
é possível monitorizar a atividade trofoblástica e
fazer o diagnóstico diferencial de situações não
1.1. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL fisiológicas na gestação, como gestação ectópica
e abortamento.
Os resultados falso-positivos, em testes qualitativos,
BASES DA MEDICINA
podem estar associados ao uso de medicamentos
psicotrópicos, à presença de proteinúria, ao climaté-
A nidação ou implantação é o momento em que o óvulo
rio, ao hipertireoidismo, ao uso de anticoncepcionais
fecundado penetra completamente no revestimento
interno do útero, e costuma ocorrer a partir do 7º dia orais, à presença do fator reumatoide, de anticorpos
após a fecundação. Nesse momento, pode ocorrer o heterófilos, de reações cruzadas com anticorpos ou
Sinal de Hartman: sangramento que acontece devido à de neoplasias produtoras de hCG.
implantação do blastocisto no endométrio.
29
Diagnóstico de gestação e fisiologia da gestação normal Obstetrícia
O Ministério da Saúde1, por meio do Programa Rede Com o avançar da gestação, podem surgir algumas
Cegonha, instituiu o teste rápido de gravidez. Esse teste alterações cutâneas, como:
é qualitativo e pode ser realizado nas Unidades de Saúde, u Estrias: decorrentes da distensão da pele pelo
como forma de acelerar o diagnóstico de gravidez e,
abdome gravídico.
consequentemente, o início do pré-natal.
u Cloasma ou melasma gravídico: hiperpigmenta-
ção da face.
1.2. DIAGNÓSTICO CLÍNICO u Linha nigra: hiperpigmentação da linha alba.
u Sinal de Halban: aumento da lanugem que apa-
rece nos limites do couro cabeludo.
BASES DA MEDICINA
Figura 1. Estrias gestacionais.
As várias manifestações clínicas da gestação são expli-
cadas: pelo aumento nos níveis de hCG e progesterona;
pelo preparo fisiológico do organismo para a gestação; e
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pela compressão abdominal (mais tardia) causada pelo
crescimento uterino.
30
Diagnóstico de gestação e fisiologia da gestação normal Cap. 1
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u Sinal de Hunter: aparecimento da aréola secun- As náuseas e os vômitos estão frequentemente
dária e aumento da pigmentação dos mamilos, presentes nas gestantes e podem ser potenciali-
tornando seus limites imprecisos. zados por diversas situações orgânicas ou psíqui-
u Tubérculos de Montgomery: glândulas sebáceas cas, como gestação gemelar, insegurança materna
hipertrofiadas. motivada por uma gestação não planejada, hiperti-
reoidismo, entre outras.
u Rede venosa de Haller: aumento da vasculariza-
ção mamária. Caso a náusea e os episódios eméticos sejam
u Saída de colostro: ocorre a partir da 2º metade acompanhados por febre, vertigem, diarreia, cefaleia
da gravidez. ou distensão abdominal, outras causas – além da
gravidez – devem ser consideradas. Além disso,
Figura 4. Sinal de Hunter e Tubérculos de Montgomery. o aparecimento de náuseas e vômitos após 12
semanas de gestação deve ser investigado, por
não se tratar do período típico de aparecimento
dos sintomas.
31
Diagnóstico de gestação e fisiologia da gestação normal Obstetrícia
Afastar outras
Fadiga/ Alterações Náuseas/
< 14 dias causas de
Sonolência no apetite Vômitos
amenorreia
ALTERAÇÕES
Tontura Linha Nigra
CUTÂNEAS
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AUMENTO Aumento
↑ volume da lanugem Sinal de
DO VOLUME
das mamas nos limites Halban
ABDOMINAL
do couro
cabeludo
Aumento da
Saída de ALTERAÇÕES Rede venosa
vascularização
colostro MAMÁRIAS de Haller
mamária
↑
Tubérculos de
Hipersensibilidade Sinal de Hunter Pigmentação
Montgomery
do mamilo
Glândulas Perda da
sebáceas definição
hipertrofiadas areolar
32
Diagnóstico de gestação e fisiologia da gestação normal Cap. 1
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É a percepção do pulso da artéria vaginal ao toque torna-se amolecido (com uma consistência seme-
digital. Está relacionado ao rápido crescimento lhante ao lábio da boca). Essa mudança pode ser
uterino. percebida no toque vaginal.
1.2.2.4. S
inal de Piskacek 1.2.2.7. S
inal de Jacquemier ou Chadwick
É caracterizado pela assimetria uterina à palpação. Esse sinal é observado durante a inspeção da geni-
O crescimento uterino acontece de maneira assi- tália externa. A mucosa vulvar, o vestíbulo e o meato
métrica, devido ao abaulamento e ao amolecimento uretral apresentam uma coloração violácea.
do local de implantação do óvulo. Algumas vezes,
pode haver a formação de um sulco, separando 1.2.2.8. S
inal de Kluge
essa região do restante do útero.
É caracterizado por uma coloração violácea da
mucosa vaginal, decorrente da congestão pélvica.
33
Diagnóstico de gestação e fisiologia da gestação normal Obstetrícia
Crescimento Coloração
assimétrico violácea da vulva
do útero (hipervascularização)
Cianose vaginal
Sinal de Sinal de
e cervical
Piskacek Jacquemier
(hipervascularização)
PALPAÇÃO
INSPEÇÃO Sinal de Kluge
ABDOMINAL
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Pulsação da
artéria vaginal
Preenchimento
Amolecimento do fundo de Amolecimento
do colo uterino saco pelo útero do istmo cervical
gravídico
34
Diagnóstico de gestação e fisiologia da gestação normal Cap. 1
1.2.3. S
inais de certeza gestação é tópica; o número de fetos e a corionici-
dade no caso de gestação múltipla; e definir a idade
Os sinais de certeza são aqueles em que é possível gestacional (IG) com boa acurácia.
identificar a presença de um feto dentro do útero.
A avaliação da idade gestacional através da USG é
1.2.3.1. Sinal de Puzos mais confiável quando realizada entre a 6ª e a 12ª
semana de gestação. Neste período, o Comprimento
Consiste na percepção do rechaço fetal durante o Cabeça-Nádega (CCN) do embrião pode ser medido
exame bimanual. Está presente após as 14 semanas com maior precisão. Após as 14 semanas, usa-se
de gestação. o Diâmetro Biparietal (DBP) e o Comprimento do
Fêmur (CF) para datação.
Normalmente, as estruturas visualizadas na ges-
DIA A DIA MÉDICO
tação inicial são:
Como pesquisar o Sinal de Puzos? Faz-se um discreto u 4 semanas: saco gestacional (com diâmetro mé-
impulso no útero, através do fundo de saco anterior, que
dio de 16-20 mm, o embrião deve ser visualizado).
deslocará o feto no líquido amniótico para longe do dedo
do examinador. A tendência do retorno do feto faz com u 5 a 6 semanas: vesícula vitelínica.
que ele seja novamente palpável. u 6 a 7 semanas: embrião (acima de 7 mm, os
batimentos cardíacos devem ser visualizados).
1.2.3.2. Ausculta dos Batimentos u A ausência de saco gestacional intrauterino com
Cardiofetais (BCF) valores de beta-hCG superiores a 1.500 mUI/mL
deve levantar a suspeita de implantação ectópica.
Pode-se auscultar o BCF através do estetoscópio
de Pinard ou com o sonar doppler. O estetoscópio Figura 7. Medida do CCN através de ultrassom.
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de Pinard apresenta limitações em relação ao sonar,
pois a ausculta só é possível após 18 a 20 semanas
de gestação. Com o sonar doppler, geralmente é
possível auscultar os batimentos a partir de 10-12
semanas.
35
Diagnóstico de gestação e fisiologia da gestação normal Obstetrícia
≤ 13s + 6d
≤ 8s + 6d > 5d CCN
9 s – 13s + 6d > 7d
*DBP: diâmetro biparietal; CA: circunferência abdominal; CC: circunferência cefálica; CCN: comprimento cabeça-nádega; CF: comprimento
do fêmur; IG: idade gestacional.
Fonte: ACOG5.
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Diagnóstico de gestação e fisiologia da gestação normal Cap. 1
Mulher com
suspeita de
- Atraso menstrual Avaliar:
gravidez
- Náusea/vômitos - DUM
- Suspensão/ - Ciclo menstrual
irregularidade do - Atividade sexual
anticoncepcional oral - Uso do método
- Desejo de engravidar Realizar contraceptivo
consulta
Atraso
DUM > 12
Avaliar menstrual
semanas
> 15 dias
Sim? Sim?
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Ausente? B-HCG urinário
Auscultar BCF
Teste rápido
Conduta:
- Capacitação da
Presente? Positivo?
gestante para
o pré-natal
- Solicitar exames Gravidez
Negativo?
- Realizar testes confirmada
rápidos
- Preencher
Positivo?
o cartão da
gestante
Avaliar risco Repetir B-HCG
gestacional em 15 dias
Baixo risco?
Alto risco? Negativo?
Encaminhar
Realizar pré- Investigar outras
para pré-natal
-natal em UBS causas de
de alto risco
irregularidade
menstrual
37
Diagnóstico de gestação e fisiologia da gestação normal Obstetrícia
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(dia 10 + 7 = 17; mês 10 – 3 = 7). cuidados necessários.
u Exemplo 2: se a DUM é dia 5 de março (mês 3), Todas as alterações que ocorrem neste período
a data provável será dia 12 de dezembro (dia 5 + vão garantir o bom desenvolvimento do binômio
7 =12; mês 3 + 9 = 12). materno-fetal. Elas representam os mecanismos
u Exemplo 3: se a DUM é dia 28 de outubro de 2014 de adaptação do organismo para suprir o feto, para
(mês 10), a data provável será dia 4 de agosto de criar reservas maternas e para manter a gestação
2015 (dia 28 + 7 = dia 4 + 1 mês a ser transporta- até o completo desenvolvimento fetal.
do; mês 10 – 3 + 1 mês que excedeu a conta de
dias = mês 8 + 1 ano, pois foi aplicado o cálculo Quadro 1. Funções da progesterona placentária
retrógrado = 2014 + 1= 2015). e dos estrogênios fetoplacentários.
Progesterona
Estrogênios fetoplacentários
placentária
DIA A DIA MÉDICO
Facilita a Aumentam o fluxo sanguíneo
implantação uteroplacentário
Lembrando que o resultado dos dias só pode atingir até
30/31, enquanto nos meses até 12. Por isso, se a conta Estimulam a formação
Mantém a da prolactina hipofisária,
exceder esses valores, é obrigatória a soma de um mês
quiescência do bloqueiam a sua ação
ou de um ano, respectivamente. Lembre-se também de
nos receptores mamários
que o ano bissexto tem um dia a mais. endométrio e inibem a lactogênese
durante a gestação
38
Diagnóstico de gestação e fisiologia da gestação normal Cap. 1
Progesterona
Há também uma leucocitose fisiológica, atingindo
Estrogênios fetoplacentários valores de até 14.000 leucócitos, à custa de poli-
placentária
morfonucleares, sem presença de desvio ou de
Estimulam a força contrátil
Aumenta a ventilação do miocárdio, promovendo bastões. Apesar de aumentados em número, os
pulmonar materna aumento do débito cardíaco leucócitos têm suas funções de quimiotaxia e de
com o avanço da gestação adesão reduzidas. Isso leva a uma maior suscep-
Promove o tibilidade às infecções, como a pielonefrite e a
Estimulam a despolimerização
relaxamento da
dos mucopolissacarídeos
pneumonia. Além disso, nota-se uma supressão da
musculatura lisa das imunidade humoral e celular, com o intuito de evitar
no tecido intersticial,
vias urinárias, do
aparelho digestório
induzindo a retenção líquida a rejeição fetal (aloenxerto). Em contrapartida, há
e a embebição gravídica uma melhora dos sintomas de algumas doenças
e das vias biliares
autoimunes, como a artrite reumatoide.
Aumenta a excreção A presença de plaquetopenia fisiológica também
tubular de sódio
pode ser observada na gestação. Ela é decorrente
Colaboram para o aumento da da hemodiluição, do consumo aumentado (há um
Atua nos hepatócitos, atividade do sistema renina-
estimulando certo grau de coagulação intravascular no leito
angiotensina-aldosterona
a produção uteroplacentário) e da produção de tromboxano
de proteínas A2, que é um potente agregante plaquetário. O
transportadoras valor de referência adotado para determinar uma
de hormônios.
plaquetopenia patológica em uma gestante é abaixo
Fonte. Zugaib6. de 100.000 plaquetas/µL de sangue.
A gravidez causa um estado de hipercoagulabi-
3.1. ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS lidade, desencadeada pelo aumento de fatores
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pró-coagulantes e pela diminuição de anticoagu-
Ocorre um aumento da volemia para compen- lantes fisiológicos. É possível observar um aumento
sar a necessidade de perfusão uterina e evitar dos fatores de coagulação VII, VIII, IX e von Wille-
futuras complicações maternas pela volêmica no brand. O fibrinogênio e o D dímero também estão
parto. Esse fenômeno varia de acordo com o grau aumentados em até 50%. Além disso, os anticoa-
de invasão trofoblástica, ou seja, numa gestação gulantes naturais estão impedidos de atuar, devido
gemelar há mais volume sanguíneo do que numa à redução dos níveis séricos da proteína S e a uma
gestação com insuficiência placentária. A volemia resistência adquirida à proteína C ativada. Os fatores
vai variar, também, de acordo com as diferenças XI e XIII também estão reduzidos e, como eles são
constitucionais de cada gestante. estabilizadores da fibrina, isso também contribui
Um aumento da massa eritrocitária também pode para o estado de hipercoagulabilidade da gestação.
ser observado, decorrente da demanda de oxigênio. As modificações no sistema de coagulação têm
No entanto, o aumento do volume de plasma é muito como objetivo a proteção da mãe contra uma hemor-
superior, resultando em um estado de hemodiluição. ragia no parto. No entanto, todos esses fenômenos
Essa é a causa da anemia fisiológica da gestação, aumentam muito o risco de eventos tromboembó-
uma anemia dilucional, e, por isso, os valores de licos. No período gravídico-puerperal, a mulher tem
referência de hemoglobina e de hematócrito na uma chance cinco vezes maior de trombose do que
gestante são diferentes daqueles observados na em condições normais.
população em geral.
As necessidades de ferro aumentam muito (prin-
cipalmente nas gestações múltiplas). Todas as
gestantes que não recebem suplementação de
ferro desenvolvem anemia.
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Diagnóstico de gestação e fisiologia da gestação normal Obstetrícia
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sanguínea, sopros sistólicos podem estar presentes.
É importante saber que as gestantes hígidas toleram Extrassístoles e desdobramento de B1 também podem
bem essas adaptações. No entanto, na presença aparecer no exame físico.
de doenças preexistentes – como hipertensão
arterial crônica, hipertireoidismo ou cardiopatias
– a sobrecarga hemodinâmica aumenta o risco de 3.3. METABOLISMO LIPÍDICO
descompensação e a morbimortalidade materna.
Há uma vasodilatação contínua, por aumento de Por ação da progesterona sobre o fígado, o perfil
prostaciclina e óxido nítrico, que são vasodilatado- lipídico (colesterol total, LDL, HDL, triglicerídeos)
res. Essa vasodilatação é mantida pela progesterona apresenta valores elevados. O colesterol aumenta
e não responde aos mecanismos vasoconstrictores, em cerca de 50%, e os triglicerídeos podem até
ou seja, é refratária à angiotensina A2 e a cateco- triplicar.
laminas. Há um acúmulo de gordura, pois a gestante utiliza
Como consequência à vasodilatação, há uma queda os lipídios como fonte de energia, com o objetivo
da resistência vascular periférica, atingindo níveis de disponibilizar mais glicose e aminoácidos para o
capazes de reduzir a pressão arterial, mesmo com o feto. O acúmulo de gordura materno corresponde a
aumento do débito cardíaco (PA = DC x RP). A queda cerca de 1/3 do peso adquirido durante a gestação.
da pressão arterial é mais discreta na PA sistólica Os níveis plasmáticos de ácidos graxos e glicerol
e mais significativa na PA diastólica. diminuem, na primeira metade da gestação, devido
Nas fases avançadas da gravidez, o útero aumentado ao acúmulo de gordura corpórea na região abdo-
de volume tem efeitos mecânicos. Ele comprime minal. Esses elementos ficam acumulados para
os vasos pélvicos, levando a sua congestão, que serem utilizados, por meio de lipólise, na segunda
causa o aumento da pressão venosa nos membros metade da gestação.
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Diagnóstico de gestação e fisiologia da gestação normal Cap. 1
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redução da glicose basal e hipoglicemia de jejum, uma hiperventilação fisiológica. O volume corrente
principalmente quando ocorre jejum prolongado. (volume de ar que entra e sai dos pulmões a cada
A segunda fase, que ocorre após 24 semanas, é a ciclo respiratório) aumenta, enquanto o volume
fase catabólica materna, acompanhada pela fase residual (volume de ar que permanece no pulmão
de anabolismo fetal. Nesse período, o feto cresce após uma expiração máxima) diminui.
e ganha muito peso, consumindo os nutrientes que A frequência respiratória não se altera. Entretanto,
a mãe armazenou na primeira fase. Os hormônios como o volume corrente está aumentado, o volume
contrainsulínicos – hormônio lactogênio placen- minuto, que é o volume de ar que circula pelo pulmão
tário (hPL) e cortisol (que triplica no 3º trimestre) em um minuto, também fica aumentado (volume
– comandam nessa fase. corrente X frequência respiratória).
Como já vimos anteriormente, a gestante utiliza Pelo aumento do volume minuto, mais gás carbô-
lipídios como fonte de energia. A segunda fase nico é eliminado, diminuindo a PaCO2 no sangue
é um período de neoglicogênese e, além disso, o arterial. Deste modo, há um aumento leve do pH,
hPL induz a lipólise, resultando em um aumento levando a um quadro de alcalose respiratória. Os
dos ácidos graxos na corrente sanguínea. Esse rins, então, para compensar essa alcalose, liberam
excesso de ácidos graxos causa resistência peri- mais bicarbonato.
férica à insulina, com hiperglicemia pós-prandial
e hiperinsulinismo compensatório. O mecanismo da dispneia fisiológica referida pelas
gestantes parece decorrer dos efeitos da proges-
Próximo ao termo, há uma tendência à estabilização terona no centro respiratório, no sistema nervoso
desses mecanismos. central (bulbo), e da percepção da hiperventilação
fisiológica pela paciente.
41
Diagnóstico de gestação e fisiologia da gestação normal Obstetrícia
Ocorre aumento do apetite e da sede por aumento Na gestação, podemos observar alterações no
da produção de leptina e pelas alterações da secre- sistema urinário decorrentes de fatores mecânicos
ção de ADH. e hormonais.
Devido ao crescimento uterino na gestação, há um A compressão uterina sobre as vias urinárias,
deslocamento do estômago e do intestino. Além associada ao relaxamento da musculatura lisa
disso, pela ação da progesterona, o esvaziamento pela progesterona, diminui a peristalse ureteral e
gástrico e o trânsito intestinal ficam lentificados. aumenta a complacência da bexiga. Isso leva a um
quadro de dilatação de ureteres e pelves renais, mais
A progesterona diminui o tônus do esfíncter esofá-
evidente à direita pela dextrorrotação uterina (útero
gico inferior e reduz o peristaltismo gástrico, cau-
levemente desviado para a direita). Esses mesmos
sando refluxo, pirose e sensação de empachamento.
mecanismos causam a polaciúria fisiológica da
Empachamento e constipação ocorrem por dimi- gestação e podem levar à incontinência urinária
nuição da contratilidade do estômago, da vesícula nesse período.
biliar (risco de litíase) e do intestino. Além disso, a
O crescimento fetal, o aumento do líquido amnió-
permanência do bolo fecal no intestino por mais
tico e a expansão tecidual levam a uma retenção
tempo leva à maior absorção de água, piorando a
de sódio no organismo materno. Essa retenção,
constipação.
associada à vasodilatação das artérias renais por
A contração da vesícula biliar também está compro- ação da progesterona, causa um aumento da Taxa
metida, o que, associado ao aumento da saturação de Filtração Glomerular (TFG). Há um aumento da
de colesterol, predispõe à formação de cálculos excreção de sódio e, para compensar, o Sistema
biliares. Renina-Angiotensina-Aldosterona (SRAA) é ativado
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A placenta sintetiza fosfatase alcalina, cujos níveis para aumentar a absorção tubular de sódio.
ficam aumentados em 2 a 4 vezes no 3º trimestre. O aumento fisiológico da TFG em 40 a 50% leva à
Algumas outras alterações incluem: perda fisiológica de substâncias. É possível obser-
var a presença de proteinúria de até 300 mg/24h,
u Pica ou malácea: perversão do apetite.
glicosúria +/4+ ou 250 mg/dL e uma redução dos
u Sialorreia: causada por estímulo neurológico dos níveis de ureia e creatinina.
nervos trigêmeo e vago, ou por náuseas, que le-
vam à dificuldade de deglutição. A gestante tem um aumento da frequência miccional,
por fatores mecânicos e hormonais já citados. No
u Granulomas gengivais: epúlides gravídicos.
entanto, mesmo com o aumento da TFG, o volume
u Hipertrofia e hipervascularização gengival: a gen- urinário não está aumentado, pois até 80% do
giva sangra com mais facilidade. filtrado é reabsorvido nos túbulos proximais, por
u Nível de pH oral mais baixo: predispõe à prolife- ação da aldosterona e do Hormônio Antidiurético
ração bacteriana. (ADH). Além disso, não há aumento da quantidade
de glomérulos.
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Diagnóstico de gestação e fisiologia da gestação normal Cap. 1
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subclínico é considerado parte das modificações
anatomia leva ao uso de novos grupos musculares
fisiológicas do organismo materno.
que não são rotineiramente utilizados, causando a
queixa comum de lombalgia. O feto consome, em média, 300 mg de cálcio (por
dia) no 3ª trimestre, e há aumento da excreção de
cálcio urinário pelo aumento da taxa de filtração
3.9. SISTEMA ENDÓCRINO
glomerular. Essa depleção será do cálcio total, e não
no cálcio iônico; por isso, a reposição de cálcio na
As alterações endócrinas e metabólicas do orga- gestação só deve ser realizada se: gemelaridade,
nismo materno visam garantir o aporte nutricional adolescência, doenças intestinais disabsortivas,
para o desenvolvimento do feto. Para que isso intervalo curto entre partos, baixa ingesta de cálcio,
ocorra, várias alterações funcionais das glândulas heparinizacão e doenças hipertensivas.
maternas coexistirão com a placenta, um novo
órgão que apresenta importante função endócrina. As principais alterações hormonais observadas na
gestação estão expostas abaixo:
43
Diagnóstico de gestação e fisiologia da gestação normal Obstetrícia
Hipofisários
Prolactina Aumento
ACTH Aumento
FSH e LH Redução
MSH Aumento
ADH Níveis mantidos; porém, com um menor limiar para sua liberação
Tireoidianos
T3 e T4 total Aumento
Paratireoidianos
Calcitonina Aumento
Adrenais
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Cortisol Aumento
Aldosterona Aumento
Ovarianos
Progesterona Aumento
Estrógeno Aumento
Relaxina Aumento
Fonte: Zugaib .
6
44
Diagnóstico de gestação e fisiologia da gestação normal Cap. 1
↑ fatores de
coagulação Ganho de peso Diminuição
da capacidade
pulmonar total SISTEMA
Sopro cardíaco DIGESTÓRIO
sistólico
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PELE E Relaxamento
ANEXOS do esfíncter
↑ débito cardíaco
esofágico inferior
Vasodilatação
↓ PA secundária a ↓ resistência periférica Diminuição da
vascular periférica contratilidade
Hiperpigmentação da musculatura
Alterações eletrocardiográficas da pele lisa do intestino
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Diagnóstico de gestação e fisiologia da gestação normal Obstetrícia
REFERÊNCIAS
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Diagnóstico de gestação e fisiologia da gestação normal Cap. 1
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1 Questão 3
(HOSPITAL DE URGÊNCIA DE SERGIPE - 2020) Paciente de 27 (HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE TERESÓPOLIS COSTANTINO OTTA-
anos, G2P1A0, apresenta BHCG positivo, < 1.000, VIANO – 2021) Maria Eduarda, de 23 anos, vai à con-
clinicamente estável, sem queixas e com USG sem sulta de ginecologia de rotina e refere que suspeita
visualização de gestação intraútero. Nesse caso, a estar grávida. O teste de farmácia que fez foi nega-
conduta a ser adotada é: tivo, não tem atraso menstrual ainda, mas diz que
sente cólicas leves e notou aumento das mamas
⮦ Realizar laparoscopia. e dor nas mamas. Tem certeza de ter tido relação
⮧ Realizar histeroscopia. sexual desprotegida no período fértil e quer logo
⮨ Repetir a USG em 48 horas realizar uma ultrassonografia para confirmar sua
⮩ Repetir o BHCG em 48 horas. suspeita. A orientação mais adequada para essa
paciente seria:
⮪ Administrar metotrexato.
⮦ Aguardar atraso menstrual e então realizar o
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BHCG pela coleta de sangue periférico; a ul-
Questão 2
trassonografia só deverá ser realizada após, no
(FUNDAÇÃO JOÃO GOULART – HOSPITAIS MUNICIPAIS – 2018) mínimo, 5 semanas de idade gestacional pela
O Ministério da Saúde, através da Rede Cegonha, data da última menstruação.
instituiu o teste rápido para diagnóstico de gravi- ⮧ Como o teste de farmácia foi negativo, a suspei-
dez na Rede de Atenção Básica à Saúde, com o ta de gestação está excluída.
objetivo de captar precocemente gestantes para ⮨ A ultrassonografia pode ser solicitada e realiza-
o pré-natal. Entretanto, durante o exame físico, al- da nessa fase, desde que após a realização de
gumas gestantes já apresentam sinais de certeza BHCG com resultado positivo.
do diagnóstico de gravidez, não sendo necessária
⮩ Ultrassonografia é um método ideal para avalia-
a realização do teste rápido. Pode-se afirmar que
ção inicial da gestação, pois traz informações
um sinal de certeza de gravidez é:
importantes sobre a implantação da gestação,
⮦ o amolecimento da cérvix uterina. podendo ser realizada em qualquer idade gesta-
⮧ o aumento das paredes vaginais. cional – quanto mais precoce, melhor.
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Diagnóstico de gestação e fisiologia da gestação normal Obstetrícia
Questão 5
Questão 7
(FUNDAÇÃO JOÃO GOULART – HOSPITAIS MUNICIPAIS – 2018)
Durante o período gestacional ocorrem alterações (HOSPITAL ANGELINA CARON – 2018) Sobre as alterações
fisiológicas necessárias para o adequado cresci- fisiológicas que ocorrem na gravidez, assinale a
mento e desenvolvimento do feto e para proteção alternativa INCORRETA:
da mãe. As principais alterações hemodinâmicas
⮦ Diminuição da resistência vascular periférica.
fisiológicas observadas durante a gestação são:
⮧ Diminuição do volume de reserva expiratório.
⮦ Redução do débito cardíaco e do volume de san- ⮨ Redução do TSH sérico no início da gestação.
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gue; aumento da resistência vascular periférica
⮩ Aumento dos níveis do fator XI da coagulação.
e da pressão sanguínea.
⮪ Elevação dos triglicerídeos séricos.
⮧ Aumento do débito cardíaco e do volume de san-
gue; a redução da resistência vascular periférica
e da pressão sanguínea. Questão 8
⮨ Aumento do débito cardíaco e da resistência vas-
(COMISSÃO ESTADUAL DE RESIDÊNCIA MÉDICA DO AMAZO-
cular periférica; aumento da pressão sanguínea.
NAS – 2020) Gestante com última menstruação no
⮩ Redução do volume de sangue e da pressão san- dia 18/10/2019 perguntou ao obstetra qual a data
guínea; aumento do débito cardíaco. provável do parto. Assinale a alternativa CORRETA:
⮦ 20/6/2020
Questão 6
⮧ 25/7/2020
(HOSPITAL MUNICIPAL DR. MÁRIO GATTI – 2015) Associe os ⮨ 25/6/2020
sinais gravídicos com sua definição clínica. A se- ⮩ 20/7/2020
guir, assinale a alternativa que contém apenas as-
sociações CORRETAS:
SINAIS: Questão 9
I. Sinal de Hegar
(SISTEMA INTEGRADO SAÚDE – ESCOLA DO SUS – 2020) Ges-
II. Sinal de Osiander
tante, G1P0A0, comparece à consulta de pré-natal
III. Sinal de Puzos com os exames laboratoriais de primeiro trimestre.
IV. Sinal de Kluge O médico, após avaliação, relata que a paciente
apresenta um quadro de anemia, e explica que essa
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Diagnóstico de gestação e fisiologia da gestação normal Cap. 1
Questão 10
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⮪ 16s e 5d; 17/7
49
Diagnóstico de gestação e fisiologia da gestação normal Obstetrícia
GABARITO E COMENTÁRIOS
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não de certeza de gravidez. Alternativa B: INCORRETA. O teste de farmácia negati-
Alternativa B: INCORRETA. O aumento das paredes vo não descarta o diagnóstico de gravidez, uma vez
vaginais também é um sinal de probabilidade. que não foi realizado no período adequado e pode
Alternativa C: CORRETA. A ausculta de batimentos apresentar resultado falso-negativo em algumas
cardíacos fetais é considerada um sinal de certe- situações, sendo elas: primeiras semanas de atra-
za de gravidez. so, quando o Beta-HCG ainda tem baixos valores;
Alternativa D: INCORRETA. As alterações mamárias são urinas com baixa densidade.
consideradas um sinal de presunção de gravidez. Alternativa C: INCORRETA. A USG deve ser solicitada
a partir da 5ª semana.
✔ resposta: C
Alternativa D: INCORRETA. A USG deve ser realizada
preferencialmente a partir da 5ª semana. Logo, não
Questão 3 dificuldade: pode ser realizada em qualquer idade gestacional.
Y Dica do professor: A questão nos traz uma paciente Alternativa E: INCORRETA. Como visto, a USG permite
de 23 anos com relato de relação sexual desprote- visualização do saco gestacional, sendo portanto
gida durante o período fértil; por esse motivo, sus- uma ferramenta utilizada para dar o diagnóstico
peita estar grávida. Nega menstruação atrasada; de gravidez. Além disso, é de extrema importância
teste de farmácia realizado teve resultado negativo. para determinação da idade gestacional.
Sabe-se que os populares testes de farmácia ba- ✔ resposta: A
seiam-se em anticorpos que reagem contra a subu-
nidade beta do HCG, promovendo sua aglutinação.
Portanto, a presença desse hormônio vai gerar um
processo de aglutinação, positivando o teste. Para
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Diagnóstico de gestação e fisiologia da gestação normal Cap. 1
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alguns mecanismos adaptativos para que o feto tação às necessidades fetoplacentárias.
seja suprido, como o aumento do débito cardíaco e ✔ resposta: D
do volume sanguíneo e a diminuição da resistência
vascular periférica e da pressão sanguínea mater-
nos. Dessa forma, há maior débito de sangue para Questão 8 dificuldade:
a placenta e, consequentemente, para o feto.
Y Dica do professor: Para o cálculo da data provável
✔ resposta: B do parto, devemos somar 7 ao dia da DUM (Data
da Última Menstruação) e 9 ao número referente
dificuldade:
ao mês em que ela ocorreu.
Questão 6
LOGO: 18 + 7 = 25; OUTUBRO (MÊS 10) + 9 meses = julho do
Y Dica do professor: ano seguinte.
I. Sinal de Hegar: útero de consistência cística, Assim, concluímos que a data provável do parto da
elástico-pastosa, principalmente no istmo, pos- paciente é 27/7/2020.
sibilitando a flexão do corpo no colo ao toque Importante: quando a DUM ocorre entre abril e de-
bimanual. Definição C. zembro, é preciso lembrar que o parto ocorrerá no
II. Sinal de Osiander: percepção do pulso vaginal ano seguinte. Quando a DUM ocorre de janeiro a
nos fundos de saco. Definição A. março, o parto ocorrerá no mesmo ano e, em lugar
III. Sinal de Puzos: rechaço fetal intrauterino, que de somarmos 9 ao mês da DUM, podemos subtrair
se obtém impulsionando o feto com os dedos 3 desse mês.
dispostos no fundo de saco anterior. Definição D. ✔ resposta: B
51
Diagnóstico de gestação e fisiologia da gestação normal Obstetrícia
Y Dica do professor: Na gestação, há uma elevação Y Dica do professor: Questão fácil sobre datação da
do volume sanguíneo total em cerca de 40 a 50%, gestação e data provável do parto a partir da Data
como decorrência do aumento tanto do volume da Última Menstruação (DUM).
plasmático quanto da massa total de eritrócitos e Idade gestacional: devemos contar os dias corridos
leucócitos na circulação. No entanto, a elevação entre a DUM e a data atual, dividindo o total por
do volume plasmático e da massa eritrocitária não 7 dias, determinando o número de semanas e, o
é proporcional (50% x 30%, respectivamente), sen- restante, representando em dias. Então, DUM 12 de
do controlada por diferentes mecanismos. Desse novembro, contados os dias até 10 de fevereiro = 18
modo, indicadores hematológicos, como contagem dias de novembro + 31 dias de dezembro + 31 dias
de células vermelhas, níveis de hemoglobina (Hb) de janeiro + 10 dias de fevereiro = total 90, dividido
e hematócrito (Ht), que se reduzem drasticamente por 7 = 12 semanas e 6 dias.
a partir do segundo trimestre da gestação, não po-
Data provável do parto: de acordo com a regra de
dem ser interpretados sem o prévio conhecimento
Naegele, a DPP é calculada subtraindo-se 3 meses
de tais mudanças, visto que se trata de uma anemia
e adicionando 7 dias à DUM – portanto, de novem-
“relativa”, devido à grande hemodiluição que ocorre
bro (mês 11) vamos para agosto (mês 8), e de 12
durante a gestação.
dias vamos para 12+7, dia 19. Assim, a DPP é 19 de
Alternativa A: INCORRETA. Predispõe o aumento do agosto de 2020.
débito cardíaco (DC = Volume Sistólico x Frequên-
✔ resposta: A
cia Cardíaca), devido ao aumento da volemia, bem
como pela ação inotrópica do estrogênio.
Alternativa B: CORRETA.
Alternativa C: INCORRETA. Implica diminuição relati-
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va da PA, devido à vasodilatação periférica causa-
da pelas prostaglandinas liberadas pela placenta.
Alternativa D: INCORRETA. Pode predispor a descom-
pensação de doenças cardíacas subjacentes, devido
ao estado hipervolêmico, bem como pela demanda
cardiovascular.
✔ resposta: B
52
Capítulo
ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL
2
importância/prevalência
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e muitas grávidas iniciam o pré-natal tardiamente.
A avaliação pré-concepcional abrange um con- Na primeira consulta, é feita uma anamnese deta-
junto de medidas que visam a determinação do lhada – com antecedentes pessoais, familiares,
momento ideal para que a gestação ocorra, além ginecológicos e obstétricos, os hábitos de vida e o
da identificação de riscos que possam complicar interrogatório sobre os diversos aparelhos – além de
a gestação, sejam relacionados a aspectos sociais, um exame clínico e ginecológico cuidadoso. Tam-
comportamentais, ambientais ou biomédicos. Inclui bém será solicitada uma avaliação laboratorial para
o aconselhamento, a educação em saúde e a pre- investigar as principais doenças que podem afetar
venção de desfechos desfavoráveis. o curso da gravidez, como diabetes, tireoidopatias,
infecções sexualmente transmissíveis, anemias,
Deve-se esclarecer à mulher as alterações que a hemoglobinopatias e incompatibilidade sanguínea.
gestação e a maternidade podem trazer à vida,
incluindo tanto as modificações fisiológicas da Deve-se investigar mau passado obstétrico, doenças
gestação quanto aquelas nas áreas afetiva, psíquica, crônicas, uso e abuso de substâncias, idade avan-
social, profissional e econômica. çada ou adolescência. A história familiar é impor-
tante para avaliar doenças genéticas e tromboem-
É fundamental que a avaliação seja feita antes da bólicas. Além disso, o status vacinal da paciente
gestação, pois há situações em que a intervenção deve ser checado e atualizado, principalmente com
precoce é eficaz, a exemplos da manutenção de as vacinas que não poderão ser administradas na
um estado nutricional adequado, do controle de gestação.
eventuais doenças crônicas, da cessação do uso
de drogas lícitas (ou ilícitas) e da suplementação Caso seja identificada alguma possível situação de
de ácido fólico. Além disso, a substituição das risco durante a avaliação, é importante orientar a
medicações em uso antes da concepção por outras gestante e fazer as intervenções necessárias pre-
permitidas na gestação é de extrema importância, cocemente, visando garantir a saúde do binômio
materno-fetal.
53
Assistência pré-natal Obstetrícia
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– momento da gestação em que o acompanhamento
Além disso, é também um momento de troca de deveria ser ainda mais frequente!
experiências e de conhecimentos necessários à
promoção e à compreensão de toda essa nova
realidade. Deste modo, serão garantidos o bem- 2.1.1. Primeira consulta
-estar físico e emocional ao longo do processo de
gestação, parto e nascimento. Momento do contato inicial da gestante com o
obstetra, em que serão estabelecidos vínculos de
confiança e de empatia.
2.1. CONSULTAS
Nessa ocasião, é feita uma avaliação geral do estado
materno-fetal, a idade gestacional é estimada e
A recomendação do Minstério da Saúde é de um
são dadas as orientações sobre as mudanças do
número mínimo de seis consultas no pré-natal,
organismo materno e da importância da atividade
divididas da seguinte maneira: uma consulta no
física, da alimentação balanceada e de cuidados
1º trimestre; duas consultas no 2º trimestre e três
com saúde bucal. Além disso, são pontuados assun-
consultas no 3º trimestre.
tos como a periodicidade e a rotina das consultas,
No entanto, sempre que possível, a periodicidade é feita a orientação sobre urgência e emergência,
das consultas deve ser: mensais até 28 semanas, além de serem discutidas as responsabilidades e
quinzenais entre 28 e 36 semanas e, a partir daí, expectativas da gestante.
semanais, até o parto. Nesse caso, ainda é feita uma
É também uma oportunidade de fazer a primeira
consulta de retorno 15 dias após a primeira para
abordagem sobre a importância do aleitamento
checagem de exames complementares solicitados
materno, fases do trabalho de parto e tirar as dúvi-
no primeiro atendimento.
das referentes ao período gestacional.
54
Assistência pré-natal Cap. 2
Acrescentar 7 dias
Janeiro a março No caso de gestação gemelar, serão considerados apenas
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e 9 meses à DUM
uma gestação e um parto na terminologia.
Acrescentar 7 dias e
Abril a dezembro Quando houver antecedente de abortamento, deve-se
subtrair 3 meses à DUM
avaliar se a perda foi precoce ou tardia, espontânea ou
Fonte: Elaborada pela autora. provocada, e se houve necessidade de esvaziamento de
cavidade uterina.
55
Assistência pré-natal Obstetrícia
Sobrepeso >26,0 a 29,0 7,0 a 11,5 Tabela 4. Altura do fundo do útero durante
Obesidade >29,0 ≤ 7,0 o desenvolvimento da gestação.
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secreções patológicas ou de lesões sugestivas de > 32 SEMANAS
0,5 cm/semana
ISTs. No toque vaginal, avalia-se o comprimento, a
consistência, a posição e a dilatação do colo uterino. Fonte: Zugaib et al.³
56
Assistência pré-natal Cap. 2
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Apresentação Insinuação
Fonte. Acervo Sanar.
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Assistência pré-natal Obstetrícia
Antecedentes
Comorbidades maternas Intercorrências maternas Intercorrências fetais
obstétricos
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(> 35 anos) apresentam maior risco de malformações Vocês encontrarão detalhes sobre as alterações
cromossômicas e de doença hipertensiva grave. deles nos respectivos capítulos.
58
Assistência pré-natal Cap. 2
Alguns protocolos indicam sua pesquisa para todas, dessas doenças por cinco anos consecutivos. Por-
inclusive para pacientes RhD-positivo, mas, nesse tanto, o Ministério da Saúde1 recomenda que não seja
caso, se vier negativo, a pesquisa está encerrada realizado o exame sorológico com pesquisa de IgM
e não será necessário repeti-la. para rubéola na rotina de pré-natal para gestantes
assintomáticas. Para gestantes não vacinadas ou
Se a titulação dos anticorpos for positiva, deve-se
com status vacinal desconhecido, solicita-se ape-
realizar o seguimento da gestante de acordo com
nas a sorologia IgG e, caso negativo, orienta-se a
o protocolo de isoimunização ao fator Rh.
vacinação no puerpério.
b) Toxoplasmose
DIA A DIA MÉDICO
A investigação visa detectar os anticorpos IgG e IgM,
e a repetição será baseada de acordo com o resul-
Pacientes Rh negativo e coombs indireto negativo têm
tado encontrado. Gestantes suscetíveis precisam
indicação de receber a Imunoglobulina Humana Específica
Anti-D (Rho) nas seguintes situações: na 28ª semana de
repetir a sorologia mensalmente ou bimensalmente,
gestação; se forem submetidas a procedimentos intrau- a depender do protocolo do serviço, até 36 sema-
terinos; se apresentarem algum episódio de sangramento nas. Em gestantes imunes e imunocompetentes, a
durante a gravidez; no pós-parto, se o RN for Rh negativo. pesquisa está encerrada. Mais detalhes no capítulo
específico sobre a toxoplasmose.
c) Hepatites B e C
2.2.2. Hemograma
Devem ser solicitadas na primeira consulta e repeti-
das apenas se a gestante apresentar fatores de risco
BASES DA MEDICINA para hepatite ou suspeita de exposição à infecção.
d) Sífilis
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Algumas alterações nos valores de referência são decor-
rentes da adaptação circulatória observada na gestante O Ministério da Saúde preconiza o rastreamento
e constituem alterações do volume e da constituição do no 1º e 3° trimestres e na admissão na materni-
sangue. O volume sanguíneo materno aumenta, atingindo dade. Mais detalhes no capítulo sobre infecções
valores 30 a 50% maiores, causando hemodiluição, o que na gestação.
leva à anemia dilucional, fisiológica da gestação.
e) Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV)
O rastreamento rastreamento no 1º e 3° trimestres
O hemograma fornece dados importantes sobre os
e na admissão na maternidade. Mais detalhes no
elementos do sangue. É importante ressaltar que os
capítulo sobre infecções na gestação.
valores de referência são diferentes dos adotados
para a população em geral. 2.2.4. Glicemia em jejum
u Anemia: hemoglobina < 11 g/dL e hematócrito
< 32%. Deve ser solicitada na primeira consulta. Atenção
para os valores de referência na gestação:
u Leucocitose: > 15.000/mm3.
u < 92 mg/dL: normal e, nesse caso, fazer o teste
u Plaquetopenia: < 100.000/mm3.
de Tolerância à Glicose Oral (TTGO) de 75 g entre
24 e 28 semanas.
2.2.3. Sorologias
u 92 a 125 mg/dL: já é diagnóstico de diabetes
a) Rubéola mellitus gestacional. O TTGO 75g não deverá
ser realizado.
A Organização Pan-Americana da Saúde declarou
u ≥ 126 mg/dL: diagnóstico de overt diabetes, ou
a eliminação da rubéola e da síndrome da rubéola
seja, diabetes prévio à gravidez, porém não diag-
congênita nas Américas em abril de 2015, uma vez
nosticado. O TTGO 75g não deverá ser realizado.
que não há mais evidência da transmissão endêmica
59
Assistência pré-natal Obstetrícia
Esse tema será abordado com mais detalhes no 2.2.8. Colpocitologia oncótica (Papanicolau)
capítulo sobre diabetes na gravidez.
Pode e deve ser feito, de acordo com o rastreamento
preconizado para a faixa etária da paciente.
2.2.5. Hormônio Tireoestimulante (TSH)
2.2.9. E
streptococos do grupo B
BASES DA MEDICINA
BASES DA MEDICINA
A regulação da tireoide fica alterada na gravidez em razão
de três modificações: redução dos níveis séricos de iodo O Streptococcus agalactiae, único representante dos
pelo aumento da taxa de filtração glomerular e pelo con- estreptocococos do grupo B, faz parte da flora gastroin-
sumo periférico; aumento da produção e da glicosilação da testinal e está presente na vagina ou no ânus de 10 a 30%
globulina transportadora de hormônios tireoidianos, com das gestantes. Pode ser transmitido verticalmente, com
consequente aumento das frações ligadas dos hormônios; altas taxas de complicações no recém-nascido, sendo
e estimulação direta dos receptores de TSH pelo hCG. responsável por mais da metade dos casos de sepse
neonatal grave em recém-nascidos a termo.
Por isso, o TSH é solicitado para rastreamento O rastreio para estreptococos do grupo B deve ser
de tireoidopatias. Entretanto, não está presente feito para todas as gestantes com idade gestacional
em todos os protocolos, e alguns ainda incluem a entre 35 e 37 semanas (no máximo 5 semanas antes
dosagem de T4 livre. do parto), por meio da cultura de swab do introito
vaginal e perianal.
2.2.6. Urina tipo I e urocultura Entretanto, pacientes que já tiveram filho anterior
com sepse neonatal por estreptococo do grupo
Deve ser coletada, preferencialmente, a primeira B – ou que apresentaram urocultura na gestação
urina da manhã. atual positiva para estreptococo do grupo B – estão
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Os exames avaliam as características gerais da urina, dispensadas da coleta, pois, nesses casos, a profi-
a presença de elementos anormais e a microscopia laxia intraparto é imperativa.
do sedimento. Nas gestantes que não realizaram a coleta, ou seja,
A urocultura avalia a presença de bactérias na urina. se o resultado da pesquisa de estreptococo for
A gestante sempre tem indicação de tratar bacteriú- desconhecido, deverão receber a profilaxia caso
ria assintomática (urocultura positiva com >100.000 apresentem: febre intraparto (≥ 38ºC) e/ou trabalho
UFC/mL, na ausência de sintomas). de parto prematuro (< 37 semanas) e/ou bolsa rota
há mais de 18h.
Quadro 2. Indicações de profilaxia para
DIA A DIA MÉDICO estreptococos do grupo B.
Cultura Cultura
Cultura
Para gestantes que apresentarem duas cistites (docu- positiva dispensada
desconhecida
mentadas em urocultura) ou uma pielonefrite, é indicada para SGB (fazer profilaxia)
a profilaxia antibiótica, até o final da gestação, com nitro- Trabalho Trabalho de parto ou Urocultura
furantoína ou cefalexina 1x ao dia. A urocultura deve ser de parto RPMO < 37 semanas positiva para SGB
repetida mensalmente.
Amniorrexe > 18h
Sepse neonatal
Amniorrexe Temperatura em RN anterior
2.2.7. Protoparasitológico de intraparto > 38°C
fezes (3 amostras) Fonte. Elaborado pela autora.
60
Assistência pré-natal Cap. 2
Antibiótico
Ataque Manutenção
de escolha
Consideramos, no entanto, que a Ultrassonografia
Penicilina G 2,5 milhões UI, (USG) é uma ferramenta, que não traz prejuízo à
5 milhões UI, EV
Cristalina EV, 4/4 horas saúde da gestante e do feto, e é muito útil para
1 grama, EV, avaliar o crescimento fetal, o bem-estar fetal e
Ampicilina 2 gramas, EV
4/4 horas a ocorrência de complicações clínicas. Por isso,
Fonte: Zugaib et al.³ sempre que disponível, a USG pode – e deve – ser
solicitada.
Pacientes alérgicas à penicilina podem receber Alguns serviços indicam a realização de quatro
clindamicina 900 mg EV, de 8/8h. Eventualmente, ultrassonografias: a USG obstétrica inicial via trans-
1 grama de vancomicina EV, de 12/12 horas, até o vaginal (de preferência com até 10 semanas de idade
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parto. gestacional); a USG morfológica de 1º trimestre; a
USG morfológica no 2º trimestre; e a USG obstétrica
2.3. ULTRASSONOGRAFIAS após as 34 semanas. Isso pode variar de acordo com
a instituição e com a disponibilidade e o acesso no
Sistema Único de Saúde (SUS).
BASES DA MEDICINA A USG inicial, quando realizada no 1º trimestre,
é extremamente confiável para datar a gravidez,
Existe consenso entre as Sociedades de Ginecologia calculando a IG com maior precisão (estimada pelo
e Obstetrícia e a Organização Mundial de Saúde (OMS) comprimento da cabeça-nádega – CCN). A Tabela
de que todas as gestantes devem realizar pelo menos 6 mostra os parâmetros para correção da idade
um exame de ultrassonografia na gestação (nível A de
gestacional estimada pela DUM, a partir da 1ª ultras-
evidência). Além disso, o período ideal para sua realiza-
ção é o 2º trimestre, pois possibilita: determinar a idade sonografia. Além disso, esse exame é importante
gestacional (com menor acurácia do que no 1º trimes- para avaliar se a gestação é tópica, a corionicidade
tre, mas ainda superior à DUM); identificar gestações da gestação múltipla, e a viabilidade dessa gestação.
61
Assistência pré-natal Obstetrícia
≤ 13s + 6d
≤ 8s + 6d > 5d CCN
9 s – 13s + 6d > 7d
*DBP: diâmetro biparietal; CA: circunferência abdominal; CC: circunferência cefálica; CCN:
comprimento cabeça-nádega; CF: comprimento do fêmur; IG: idade gestacional.
Fonte: ACOG4.
A USG morfológica de 1º trimestre deve ser realizada uterinas permite identificar mulheres com risco de
entre a 11ª e a 14ª semana, quando o feto apresenta desenvolver pré-eclâmpsia, assim como permite
CCN de 45 a 84 mm. Ela é uma ferramenta para tria- identificar fetos com maior risco de crescimento
gem de cromossomopatias, com avaliação do osso restrito. Nesse momento, é possível também medir
nasal, da translucência nucal e da presença do ducto o colo da paciente (cervicometria), via transvaginal,
venoso. Também faz a predição de pré-eclâmpsia como forma de estimar o risco de parto prematuro.
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quando, ao doppler, apresenta índice de pulsatilidade
A USG no 3º trimestre (obstétrico) deve ser realizada
de artérias uterinas ≥ p95.
após as 34 semanas, com o objetivo de avaliar o
A USG morfológica de 2º trimestre deve ser feita crescimento fetal, a quantidade de líquido amnió-
entre a 20ª e a 24ª semana, para avaliar todos os tico e a placenta. Quando associada ao doppler, é
sistemas do feto, podendo evidenciar até 75% de pos- possível avaliar adaptação placentária e indícios
síveis malformações. O estudo do fluxo das artérias de sofrimento fetal.
Período: 20 a 24 semanas
Indicações: Rastreamento para malformações fetais e prematuridade
2º trimestre (avaliação do colo uterino). Rastreamento para pré-eclâmpsia e
restrição de crescimento fetal (Doppler de artérias uterinas).
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Assistência pré-natal Cap. 2
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u
para a diminuição de até 75% de condições graves, como
u Gestação gemelar monocoriônica. espinha bífida, meningomielocele, acrania, anencefalia,
meningocele, encefalocele.
DICA
Atenção! Não há recomendação
de se realizar ecocardiografia devido à
idade materna avançada ou à ocorrência Nas populações de risco habitual, recomenda-se o
de diabetes gestacional (apesar de, infe- uso de 400 mcg/dia de três meses antes da gesta-
lizmente, algumas bancas de concursos ção até 12 semanas. Já para gestantes portadoras
de residência médica considerarem como de fatores de risco para malformações associadas
indicações).
a defeitos no fechamento do tubo neural, como
obesidade, uso de anticonvulsivantes, uso de insu-
linoterapia, história prévia ou familiar de defeitos
2.4. SUPLEMENTAÇÃO de tubo neural, recomenda-se a dose de 4 mg/dia.
2.4.1. Ferro
DIA A DIA MÉDICO
BASES DA MEDICINA
Para gestantes que necessitam de dose alta de ácido
fólico, para facilitar a ingesta diária, prescreve-se o com-
As necessidades de ferro durante o ciclo gravídico-puer- primido com a apresentação disponível no mercado, de
peral aumentam em função do consumo pela unidade 5 mg/dia.
fetoplacentária, da sua utilização para a produção de
hemoglobina e de mioglobina (para aumento da massa
eritrocitária e da musculatura uterina), além da deple-
ção por perdas sanguíneas no parto e, mais tarde, pelo
aleitamento.
63
Assistência pré-natal Obstetrícia
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recém-nascido com baixo peso e vaginose bacte- 3º trimestre. No entanto, ainda não há evidências
riana. Além disso, a suplementação de vitamina D claras de que a suplementação de ômega 3 melhore
o neurodesenvolvimento.
CÁLCIO FERRO
SUPLEMENTAÇÃO
DE
OLIGOELEMENTOS
ÁCIDO FÓLICO
• Obesidade.
Baixo risco Alto risco • Uso de anticonvulsivantes.
• Insulinoterapia.
• História prévia ou familiar de defeitos do tubo neural.
0,4 mg/dia de ácido fólico 3 meses
4 mg/dia
antes da gestação até a 12ª semana.
A atualização do calendário vacinal deve ser realizada e 2.5.1.4. Difteria, tétano e coqueluche
algumas vacinas como as de sarampo, caxumba, rubéola, (DTPA) – acelular
poliomielite, (oral); febre amarela e varicela são contrain-
dicadas no período gestacional. Essas vacinas contêm Recomendada a todas as gestantes da 20ª a 36ª
microrganismos vivos ou atenuados, que podem ser semana de gestação, o mais precocemente possível.
teratogênicos. Há ainda o risco, mesmo que baixo, de Está recomendada em todas as gestações, com o
a gestante desenvolver a doença, pois ela se encontra objetivo de diminuir a incidência e a mortalidade por
com a imunidade alterada por conta de alteração da
coqueluche nos recém-nascidos. Além de proteger
quimiotaxia de leucócitos.
a gestante e evitar que ela transmita a Bordetella
pertussis ao recém-nascido, permite a transferência
O Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacio- de anticorpos para o feto, protegendo-o nos primei-
nal de Imunizações (PNI), oferece cinco vacinas para ros meses de vida até que possa ser imunizado.
gestantes: dTpa (difteria, tétano e coqueluche); dT
(difteria e tétano); hepatite B; covid e influenza, esta
última durante campanhas anuais. DIA A DIA MÉDICO
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Recomendada para todas as gestantes nas campa-
nhas anuais, objetivando diminuir o risco de SARS.
2.5.1.5. Vacina contra covid-19
2.5.1.2. Hepatite B
Recomendada para as não vacinadas ou sem vaci- Diante da pandemia do SARS-CoV-2 que teve início
nação comprovada. É iniciada o mais precocemente em 2020, a vacinação das gestantes e puérperas
possível, e o intervalo deve ser de 30 dias entre a contra o coronavírus passou a ser recomendada.
primeira e a segunda dose e de 180 dias entre a Dentre as marcas disponíveis atualmente, a ANVISA
primeira e a terceira dose. liberou o uso da Coronavac e da Pfizer para ges-
tantes.
Se a paciente desconhecer seu status vacinal prévio
contra a Hepatite B, podemos solicitar o anti-Hbs. Ele 2.5.2. Situações especiais
será reagente se a paciente for previamente imuni-
zada ou não reagente se a paciente for susceptível. 2.5.2.1. Febre amarela
65
Assistência pré-natal Obstetrícia
Esquema completo:
não vacinar Toda gestante em Anti-Hbs negativo:
toda gestação vacinar Coronavac
Qualquer idade
Observações 1 dose: fazer 1 dose ou Pfizer
Vale como 1 dose da Anti-Hbs positivo: gestacional
Nenhuma dose: (ANVISA)
dT (completar 3 doses) não vacinar
fazer 2 doses
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Durante o período da gestação, devido às alterações O agravamento do quadro de vômitos pode provocar
fisiológicas, haverá muitas manifestações clínicas. desidratação, distúrbio hidroeletrolítico e cetose,
condição denominada hiperêmese gravídica.
2.6.1. Náuseas e vômitos
2.6.2. Pirose
BASES DA MEDICINA
BASES DA MEDICINA
Náuseas e vômitos são queixas comuns no 1o trimestre,
presentes em até 75% das gestantes. A provável causa Um dos sintomas mais comuns na gestação ocorre pelo
seria a elevação súbita dos níveis de Gonadotrofina Coriô- refluxo de conteúdo gástrico na porção baixa do esôfago,
nica humana (hCG) e estrógeno. resultado da compressão uterina sobre o estômago e do
relaxamento do esfíncter inferior esofágico.
O tratamento é paliativo, com antieméticos por via
oral, geralmente sem alívio completo dos sinto-
mas. Algumas recomendações devem ser dadas Em geral, sintomas leves melhoram com as seguin-
às pacientes: tes medidas:
u Fazer refeições pequenas e fracionadas.
u Fracionamento das refeições.
u Evitar alimentos com odores fortes e comidas
u Evitar a posição plana ao deitar-se.
gordurosas. u Evitar a ingestão de alimentos gordurosos e con-
u Não consumir líquidos durante as refeições. tendo cafeína (relaxa o esfíncter esofágico inferior).
u Preferir alimentos gelados.
u Usar antiácidos, como hidróxido de alumínio ou
magnésio, isolados ou em combinação.
66
Assistência pré-natal Cap. 2
2.6.3. T
onturas e desmaios Sem tratamento específico, porém, as pacientes
podem se beneficiar de fisioterapia do assoalho
São sintomas frequentes que podem ser decorren- pélvico.
tes de hipotensão ou hipoglicemia. A gestante deve
ser orientada a: 2.6.7. Dispneia
u Evitar levantar-se ou mudar de posição brusca-
mente. BASES DA MEDICINA
u Evitar ambientes com pouca ventilação.
u Evitar jejum prolongado. Pode ser decorrente da ação da progesterona no centro
respiratório ou pela percepção da hiperventilação fisio-
u Em caso de mal-estar, orientar a gestante a dei-
lógica. Também pode ser causada por ansiedade e pelo
tar em decúbito lateral esquerdo e respirar pro-
aumento progressivo do volume uterino.
fundamente.
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2.6.9. Lombalgias
Para as varizes em membros inferiores, recomen-
damos: Há um desvio do eixo da coluna para a sustentação
do peso uterino, o que pode causar lombalgia, queixa
u Repouso. referida por cerca de 70% das gestantes.
u Elevação de membros inferiores.
Algumas medidas que podem ser indicadas:
u Uso de meias elásticas de compressão. u Correção da postura.
2.6.5. Corrimentos Vaginais u Apoiar o dorso com travesseiros ao sentar-se.
u Não usar sapatos de salto.
É necessário orientar a gestante sobre o aumento u Compressas mornas.
do volume da secreção vaginal fisiológica durante
a gravidez. Além disso, devido ao efeito imunossu-
u Analgésicos simples.
pressor da gravidez, as vulvovaginites – em especial, u Fisioterapia.
a candidíase – ocorrem com maior frequência.
2.6.10. Cefaleia
Caso a paciente apresente sintomas sugestivos de
vulvovaginites (mudança na coloração da secreção, Mais comum no 1° trimestre, e pode ser decorrente
odor, ardência ou prurido genital), ela deve ser sub- de sinusites, miopia e enxaquecas. Outras causas
metida a um exame ginecológico para diagnóstico mais graves são hipertensão arterial crônica mal
e tratamento adequados. controlada e pré-eclâmpsia. Geralmente melhora
espontaneamente na 2ª metade da gestação.
2.6.6. Incontinência Urinária
Pode ser amenizada por analgésicos comuns,
Devido ao aumento progressivo do tamanho uterino, ou associados à cafeína, ministrados em curtos
a gestante pode se queixar de perda urinária. períodos.
67
Assistência pré-natal Obstetrícia
2.6.11. M
anchas no rosto (cloasma) seção narrativa na bula dos medicamentos, em
2015, no Brasil, frequentemente ainda utilizamos
São fisiológicas e, em algumas vezes, desaparecem as categorias.
progressivamente após o parto.
Quadro 3. Classificação farmacológica na
Deve-se recomendar o uso de filtro solar. gravidez segundo o FDA (1979-2015).
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u
bióticos.
2.7.1. Agentes
2.7. TERATOGENICIDADE
u ÁLCOOL: filhos de mães que ingerem álcool po-
Diversas são as causas da teratogênese e incluem dem apresentar a síndrome alcoólica fetal, ca-
fatores genéticos e ambientais que afetam o embrião racterizada por graus variáveis de retardo men-
durante o seu desenvolvimento, como drogas, agen- tal, microcefalia, alterações faciais, restrição do
tes químicos, radiação, hipertermia, infecções, crescimento fetal, cardiopatias, hiperatividade,
metabolismo materno anormal ou fatores mecâni- déficit de atenção, alterações cognitivas, entre
cos. Esses fatores apresentam diferentes proces- outras. Na mãe, o álcool pode causar reações
sos patológicos, que resultam no desenvolvimento sistêmicas, com alteração da pressão arterial,
anormal do concepto. do cortisol, da vasopressina, da reatividade vas-
cular, do fluxo sanguíneo e placentário, além de
A teratogenia deve ser avaliada quanto ao período
induzir hipóxia e acidose.
exposto, à dose ou à magnitude da exposição e
do genótipo do embrião. Exposições no período
u TABAGISMO: o fumo tem associação com a
embrionário são mais graves por se tratar de uma ocorrência de gestação ectópica, abortamento
fase de divisão e diferenciação celular e morfo- espontâneo, baixo peso ao nascer, prematurida-
gênese. Em fases fetais, há problemas de ordem de, placenta prévia, rotura prematura de mem-
funcional neurológica. branas, gastrosquise, hidrocefalia, microcefalia,
anomalias de membros, fenda palatina e labial,
O Food and Drug administration (FDA), entre 1979 e doenças respiratórias na infância, adolescência
2015, classificava a segurança dos medicamentos e vida adulta, dermatite atópica, cefaleia crôni-
na gravidez de acordo com o Quadro 3. Apesar de a ca. A nicotina dos adesivos também é capaz de
classificação do FDA ter sido substituída por uma atravessar a barreira placentária.
68
Assistência pré-natal Cap. 2
u COCAÍNA: está associada à ocorrência de abor- podendo levar a alterações de mãos e pés, fenda
tamento, restrição de crescimento fetal, desco- palatina, ânus imperfurado, restrição de cresci-
lamento prematuro de placenta, prematuridade, mento fetal, microcefalia. Categoria D.
microcefalia, anomalias cardíacas e gastrointesti- u METOTREXATO: por ser um antagonista do ácido
nais, alterações cognitivas, baixo QI e problemas fólico, está associado à restrição do crescimento
comportamentais. Na mãe, podem ocorrer arrit- fetal, alterações de ossificação do osso craniano,
mias cardíacas, crises hipertensivas e convulsões. micrognatia, retardo mental, anomalia de mem-
u CAFEÍNA: é um estimulante do sistema nervoso bros e alterações no tubo neural. Categoria X.
central e não está associada a malformações u DOXICICLINA: é uma tetraciclina que atravessa
ou a danos ao feto. No entanto, doses acima de a barreira placentária e se deposita nos dentes
454 mg de cafeína podem causar síndrome de e ossos, causando descoloração dos dentes e
abstinência no recém-nascido, caracterizada por diminuição de ossos longos. Categoria D.
taquicardia, tremores finos, taquipneia. Pode ser u SULFAS: devem ser evitadas ao final da gestação,
usada em baixas doses na gestação e na lactação.
pois podem ser tóxicas ao feto se utilizadas em
u ANTICONVULSIVANTES: esses medicamentos período próximo ao parto. O trimetoprim pode
podem causar efeitos teratogênicos, sendo os causar malformações cardiovasculares, de tubo
mais comuns as alterações cardíacas e faciais. neural e do sistema urinário.
Também podem ocorrer restrição de crescimento u FLUCONAZOL: pode levar a anomalias de crâ-
fetal, microcefalia, anoftalmia, pé torto congêni-
nio, alterações faciais, de ossos e cardíacas.
to, fenda palatina e malformações geniturinárias.
Categoria C.
Essas drogas atuam principalmente nas mem-
branas celulares, no ciclo do folato e no meta-
u AMIODARONA: pode causar hipotireoidismo
bolismo da vitamina K. Os mais frequentemente fetal. É preciso avaliar o risco-benefício do seu
utilizados são a carbamazepina e a lamotrigina. uso. Categoria D.
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u ANTICOAGULANTES: o uso da varfarina no 1º
u AAS: pode levar ao fechamento precoce do duc-
trimestre pode levar a alterações faciais e à cal- to arterial no feto, quando usado em doses altas
cificação anormal de cartilagens e ossos. Além no terceiro trimestre. Foram relatadas, também,
disso, em doses altas, pode levar ao abortamento. associações com gastrosquise e atresia de del-
Nos outros trimestres, pode causar danos neuro- gado, em doses altas. Categoria B.
lógicos funcionais e cognitivos. "Deve ser evitada u ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDES (IBU-
na gestação. A enoxaparina é o anticoagulante PROFENO, CETOPROFENO, NAPROXENO): no 3º
de escolha na gestação". trimestre, podem levar ao fechamento precoce
u VITAMINA A: o retinol (vitamina A pré-fabricada), do ducto arterial.
em doses altas, está associado a malformações. u OPIOIDES (MORFINA, CODEÍNA, OXICODONA):
u ANDRÓGENOS: a exposição a testosterona, me- os bebês podem nascer com síndrome de abs-
droxiprogesterona, noretindrona e/ou danazol, tinência e apresentar irritabilidade, depressão
durante o 1º trimestre, pode causar hipertrofia respiratória, tremores, convulsões, disfunção
de clitóris e agenesia de vagina. São contraindi- gastrointestinal. Categoria B.
cados na gestação e lactação. u ANESTÉSICOS: todos atravessam a barreira pla-
u PROGESTÁGENOS: noretindrona, norgestrel e centária. Os que já foram estudados e são segu-
levonorgestrel são contraindicados na gestação ros são: óxido nitroso, etomidato, sevoflurano e
e lactação, sendo Categoria X. Podem levar à tiopental. Categoria C.
masculinização da genitália feminina, genitália u ALBENDAZOL, MEBENDAZOL, PAMOATO DE
ambígua, malformações cardíacas e de membros. PIRANTEL: categoria C.
u CICLOFOSFAMIDA: esse antineoplásico causa u BENZODIAZEPÍNICOS (DIAZEPAM, CLONAZE-
alterações no DNA das células sobreviventes, PAM, MIDAZOLAM): podem causar alterações
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Assistência pré-natal Obstetrícia
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causar hipotensão e hipoperfusão fetal, oligo- o 5º mês após o parto.
drâmnio, hipoplasia pulmonar, CIUR, alterações
c) Licença Maternidade: a Licença Maternidade
cardíacas e do SNC. Devem ser substituídos pela
tem duração mínima de 120 (cento e vinte) dias e
metildopa na dose mínima para efeito de 750 mg,
algumas empresas fornecem a licença ampliada,
3 x ao dia de 250 mg.
de 180 (cento e oitenta dias). A licença pode ter
Algumas medicações da categoria X, para você não início a qualquer momento entre as 36 semanas
esquecer: varfarina, isotretinoína, ácido valproico, de gestação e a data do parto.
antagonistas do ácido fólico (metotrexato, pirimeta-
mina ou trimetoprima), lítio, ouro, dietilestilbestrol, d) Acompanhante: a gestante tem direito a um
talidomida, vacinas de vírus vivos (inclusive vírus acompanhante de sua escolha durante o atendi-
atenuados), antineoplásicos. mento médico no decorrer do trabalho de parto, do
parto e do pós-parto.
e) Adoção: em casos de adoção, os pais podem
DIA A DIA MÉDICO solicitar a licença maternidade.
f) Amamentação: ao retornar ao trabalho, a lactante
Lembre-se: ácido valproico, hipoglicemiantes orais, IECA
tem direito a 2 intervalos de 30 minutos para aleita-
e metotrexato são fármacos que devem ser substituídos,
assim que se planeje ou se constate gestação. mento materno, até que o bebê complete 6 meses,
de acordo com o artigo 396 da Consolidação das
A maioria dos medicamentos utilizados para tratamento
Leis do Trabalho (CLT).
de asma NÃO são teratogênicos.
g) Óbito fetal: a paciente tem direito à licença mater-
nidade e à estabilidade empregatícia após a ocor-
rência de óbito fetal.
70
Assistência pré-natal Cap. 2
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acompanhante. Esse documento consiste no registro
dos desejos da paciente para o seu parto, no qual
ela declara qual o atendimento que espera para
si e para o seu bebê, as suas expectativas, como
deseja ser tratada, e a quais intervenções ela aceita
ser submetida. O plano de parto é um documento
de grande importância para que a mulher seja a
protagonista do seu parto.
O plano de parto inclui: quem será seu acompa-
nhante; em qual posição gostaria de parir; se deseja
métodos farmacológicos ou não farmacológicos
para o alívio da dor; a quais intervenções ela aceita
ser submetida e em que situações; que deseja ser
informada e ter suas dúvidas esclarecidas sobre
eventuais intervenções que sejam necessárias.
A consulta pré-natal é o momento de o profissional
de saúde explicar que raramente são necessárias
intervenções no trabalho de parto. Além disso, ele
deve informar sobre quais as possíveis – e even-
tuais – intervenções, bem como em quais situações
seriam necessárias, esclarecendo as dúvidas da
gestante.
71
Assistência pré-natal Obstetrícia
QUESTÕES COMENTADAS
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sobre pesquisa de estreptococo do grupo B (swab
⮧ Metoprolol. vaginal/anal) negativa realizada há 20 dias. A me-
⮨ Bupropiona. lhor conduta nesse caso será:
⮩ Lisinopril. ⮦ aguardar trabalho de parto franco e então iniciar
infusão endovenosa de penicilina.
Questão 2 ⮧ fazer profilaxia para infecção estreptocócica
somente se houver episódio de febre materna
(CENTRO UNIVERSITÁRIO DO ESPÍRITO SANTO – 2017) O pré- intraparto.
-natal tem por objetivo assegurar o nascimento de
⮨ iniciar imediatamente infusão endovenosa de
uma criança saudável e reduzir os riscos para a mãe.
penicilina cristalina.
Sobre a assistência pré-natal, é INCORRETO afirmar:
⮩ iniciar infusão endovenosa de penicilina somente
⮦ A colpocitologia oncótica não deve ser realizada após 48 horas de bolsa rota.
na primeira consulta de pré-natal, pois aumenta ⮪ não fazer profilaxia para infecção estreptocócica.
o risco de abortamento.
⮧ Pacientes com peso normal devem ganhar de
Questão 4
11,5 a 16 kg durante a gravidez.
⮨ Como os sais de ferro provenientes apenas da (FUNDAÇÃO JOÃO GOULART/HOSPITAIS MUNICIPAIS – 2017)
dieta passam a ser insuficientes após 20 sema- Sobre o acompanhamento pré-natal, é CORRETO
nas para a maioria das gestantes, recomenda- afirmar que:
-se a suplementação com 60 mg/dia de ferro
elementar. ⮦ Urinocultura não é exame rotineiro durante o
pré-natal.
72
Assistência pré-natal Cap. 2
pendente e obesidade requerem dieta rica em (HOSPITAL DO CÂNCER DE GOIÁS – 2021) Sobre as mano-
folato e suplementação diária de 5 mg de ácido bras de Leopold:
fólico, com início ao menos 3 meses antes da
concepção. ⮦ No primeiro tempo (ou primeira manobra), o exa-
minador consegue palpar o polo pélvico quando
o feto está em apresentação transversa.
Questão 5
⮧ No segundo tempo (ou segunda manobra), o
(UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – 2017) Primigesta de 30 examinador poderá identificar o dorso fetal, as-
anos, sem antecedentes mórbidos ou cirurgias sim como partes fetais.
prévias e com índice de massa corpórea 25 kg/m², ⮨ No terceiro tempo (ou terceira manobra), o exa-
comparece para a primeira consulta pré-natal com minador poderá apreender o polo cefálico, caso
12 semanas de gravidez. Apresenta tipagem sanguí- o feto esteja em apresentação pélvica.
nea “A” Rh positivo e seu parceiro “O” Rh negativo. ⮩ No quarto tempo (ou quarta manobra), o exami-
Classificada como pré-natal de baixo risco. Para nador poderá palpar o polo pélvico, caso o feto
esta paciente, é CORRETO afirmar que: esteja em situação cefálica.
⮦ A suplementação de ácido fólico, ferro, cálcio e
ômega-6 será fundamental.
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Questão 8
⮧ A incompatibilidade sanguínea entre os pais au-
menta o risco de abortamento. (HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA UFU – 2017) Paciente retornava
à sua segunda consulta de pré-natal com 14 sema-
⮨ Indicar ultrassonografia mensal não melhorará
nas de gestação, sem queixas, e trouxe resultado
o prognóstico perinatal.
de exames. Apresentava urocultura positiva por
⮩ O ganho de peso ideal para ela está entre 4 e 7 Streptococcus agalactiae. Qual a conduta mais in-
quilos. dicada? (Centers for Disease Control and Prevention
– CDC 2015).
Questão 6 ⮦ Realizar o tratamento imediato e indicar antibio-
(AUTARQUIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE APUCARANA – 2021) So- ticoprofilaxia intraparto.
bre a utilização de drogas durante a gravidez e a ⮧ Realizar tratamento imediato e colher swab para
lactação, considere as afirmativas abaixo: cultura entre 35 e 37 semanas.
I. A lidocaína é excretada parcialmente pelo leite ⮨ Não tratar neste momento e realizar antibiotico-
materno. profilaxia intraparto.
II. As cefalosporinas e a penicilina são opções ⮩ Tratar neste momento e não realizar antibiotico-
seguras. profilaxia intraparto.
III. A clindamicina é classificada como categoria X. ⮪ Não tratar, por ser uma bactériúria assintomática.
IV. O cloridrato de sertralina é classificado como
categoria B.
Questão 9
Assinale a alternativa CORRETA:
(FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS – 2021)
⮦ Somente as afirmativas I e II são corretas. “O objetivo da assistência pré-natal é assegurar o
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Assistência pré-natal Obstetrícia
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Assistência pré-natal Cap. 2
GABARITO E COMENTÁRIOS
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na gravidez, apesar de não serem a classe de pri- • No trabalho de parto, em gestantes com infec-
meira escolha em gestantes. ção do trato urinário por S. agalactie durante a
gestação.
Alternativa C: INCORRETA. Para uso da bupropiona na
gravidez, deve ser avaliado o risco x benefício, porém • No trabalho de parto, em gestantes com pes-
não há um registro de malformações ou complica- quisa de swab anal ou vaginal positivas.
ções específicas associadas a essa medicação. • Em gestantes com resultado desconhecido,
Alternativa D: CORRETA. O Lisinopril é um inibidor da porém com mais de 18 horas de bolsa rota.
enzima conversora da angiotensina (Ieca; ex: capto- • Em gestantes no trabalho de parto, com história
pril, enalapril); essa classe de medicamentos e os de sepse neonatal por S. agalactie.
bloqueadores do receptor da angiotensina (BRA; • Idealmente, a profilaxia deve ser realizada com
ex: losartana) estão contraindicadas na gravidez, Penicilina e, na sua indisponibilidade, com ampi-
pois podem causar hipotensão e hipoperfusão fe- cilina.
tal, oligodrâmnio, hipoplasia pulmonar, restrição de • Pacientes com pesquisa negativa há 5 semanas
crescimento fetal, alterações cardíacas e do SNC. ou menos não têm indicação de profilaxia.
resposta: D
resposta: E
✔
✔
Questão 2 dificuldade:
Questão 4 dificuldade:
Y Dica do professor: A questão pede a alternativa
Alternativa A: INCORRETA. A urocultura é um exame
INCORRETA. A colpocitologia oncótica deve ser
rotineiro, pois há a indicação de tratar bacteriúria
realizada na primeira consulta de pré-natal, caso a
assintomática na gravidez.
75
Assistência pré-natal Obstetrícia
Questão 8 dificuldade:
Questão 5 dificuldade:
Y Dica do professor: Gestante com urocultura posi-
Alternativa A: INCORRETA. O ácido fólico é indica- tiva para Streptococcus agalactiae (grupo B), inde-
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do até a 4ª/5ª semana de gestação, e o cálcio e o pendentemente de ter sintomas ou não, deve ser
ômega-3 não são suplementados rotineiramente tratada. Bacteriúria assintomática sempre é trata-
para gestantes. da em gestantes. Porém, a bactéria identificada na
Alternativa B: INCORRETA. Não existe, nesse caso, urina é Streptococcus beta hemolítica do grupo B,
incompatibilidade sanguínea que aumente o risco devendo, portanto, essa gestação ser considerada
de aborto, já que a mãe é Rh+. de alto risco para infecção neonatal por esse agen-
Alternativa C: CORRETA. De fato, a ultrassonografia te. Uma vez identificada a bactéria em urocultura na
mensal não melhorará o prognóstico perinatal. gestação atual, não há necessidade de colher swab
vaginal/retal, pois essa gestante já tem indicação
Alternativa D: INCORRETA. O ganho ideal para essa
de realizar profilaxia intraparto.
paciente seria entre 7 e 11,5 kg.
resposta: A
resposta: C
✔
✔
Questão 9 dificuldade:
Questão 6 dificuldade:
Y Dica do professor: Questão sobre conhecimentos
Assertiva I: CORRETA.
básicos a respeito de assistência pré-natal.
Assertiva II: CORRETA. Nós as utilizamos amplamen-
Assertiva I: CORRETA. Antecedentes clínicos pes-
te no tratamento de sífilis, em profilaxia de sepse
soais e familiares devem ser investigados, a fim
neonatal, mastite puerperal...
de identificar as doenças maternas preexistentes
Assertiva III: INCORRETA. É categoria B! e tratar de forma a reduzir seu impacto nos resul-
Assertiva IV: INCORRETA. É categoria C e demanda tados obstétricos, assim como os antecedentes
avaliação periódica de vitalidade fetal! familiares, buscando ativamente informações so-
✔ resposta: A bre doenças congênitas, gemelaridade, câncer de
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Assistência pré-natal Cap. 2
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78
Capítulo
ACONSELHAMENTO GENÉTICO
3
importância/prevalência
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estimar o risco genético gestacional, avaliar a DIA A DIA MÉDICO
possibilidade de um diagnóstico pré-natal e propor
uma eventual terapia intrauterina.
A detecção da trissomia do cromossomo 21 é o maior
A detecção de doenças cromossômicas, durante objetivo do rastreamento de aneuploidias fetais, por ser
o pré-natal, possibilita o preparo para o parto em essa a de maior prevalência entre as anomalias cromos-
sômicas.
centros adequados, a intervenção em possíveis
malformações, após o nascimento, além de ser uma
prática muito adotada em países que permitem o
1.1. INDICAÇÕES
abortamento legal.
A triagem genética deve ser feita o mais cedo O aconselhamento genético está indicado aos casais
possível, na gravidez, abrangendo exames para que apresentam:
rastrear aneuploidias e testes de diagnóstico pré-
-natal. Após esta primeira etapa, que se inicia com u Doença hereditária ou malformações na família.
o levantamento completo da história pessoal e u Malformações em gestações anteriores ou na
familiar da gestante, um aconselhamento genético
atual.
pode ser indicado.
u Abortos frequentes sem causa determinada.
Já na primeira consulta, os fatores de risco para a u Casamento consanguíneo.
ocorrência de doenças de natureza genética devem
u Idade parental avançada.
ser identificados. A partir dessa avaliação prévia,
as gestantes devem ser informadas sobre todas as u Contato com agentes mutagênicos ou terato-
gênicos.
79
Aconselhamento genético Obstetrícia
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e bebês nascidos vivos anômalos, também devem abortamento habitual sem causa definida.
ser observados. Identificadas anomalias cromossômicas, devem
ser avaliadas individualmente, discutindo-se com
1.1.2. Malformações em gestações anteriores o casal a viabilidade fetal, prognóstico, possíveis
malformações, perdas gestacionais, óbito fetal e
Primeiro, deve-se fazer a avaliação fenotípica e gené-
natimortalidade.
tica do caso índice da família. O padrão de herança
baseado no heredograma também será importante 1.1.4. Casamento consanguíneo
para determinar características da doença, como
herança ligada ao X, doenças autossômicas domi- A consanguinidade eleva o risco para doenças
nantes e recessivas, entre outras. autossômicas recessivas ou multifatoriais.
A análise do cariótipo fetal é o teste diagnóstico Nos casos de primos de 1º grau, há aumento do risco
pré-natal mais efetivo. Afastadas as causas gêni- para doenças recessivas (por exemplo, doenças de
cas e ambientais, esse exame está indicado nos defeitos metabólicos). Apesar disso, se houver baixa
seguintes casos: prevalência dessas doenças na família, a procriação
não deve ser desaconselhada. Entretanto, diante
u Presença de alterações morfológicas fetais com- de uma alta frequência de gene mutado na família
patíveis com aberrações cromossômicas autos- do casal, o cálculo do risco da doença recessiva
sômicas; por exemplo, onfalocele, fenda palati- deve ser refeito, e, então, estabelecido um novo
na e lábio leporino, malformações de coração, aconselhamento pré-concepcional.
grandes vasos, rins e cerebrais, espinha bífida,
entre outros.
80
Aconselhamento genético Cap. 3
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BASES DA MEDICINA
está indicada avaliação invasiva do cariótipo fetal,
ultrassonografia morfológica (que é rotina no pré-
O rastreamento se refere a uma seleção de um grupo
natal de risco habitual) e ecocardiograma fetal.
determinado da população geral, que apresente um risco
elevado para alguma condição. A partir daí, procedimentos
1.1.6.2. Medicamentos, agentes e investigações mais específicos são justificados, mesmo
químicos e drogas que haja custos elevados ou risco maior de complicações.
Esses agentes são classificados, conforme sua As cromossomopatias podem ser rastreadas por
teratogenicidade, em: testes bioquímicos, como a avaliação de proteínas
no soro materno, em associação a alguns marca-
u Sabidamente teratogênicos: talidomida, aminop- dores ultrassonográficos.
terina, metotrexato, varfarina, retinoide, álcool,
prostaglandinas, sulfonamidas. Os métodos de rastreamento não são invasivos.
u Supostamente teratogênicos: lítio, cocaína.
u Possivelmente teratogênicos: hormônios sexuais, DIA A DIA MÉDICO
ergotamina, aciclovir.
O rastreamento se inicia durante a anamnese, com pergun-
tas como as que se referem à idade materna e à presença
de alterações genéticas na família.
81
Aconselhamento genético Obstetrícia
BASES DA MEDICINA
u alfa-fetoproteína (AFP);
A triagem no 1º trimestre pode ser realizada entre
11 e 14 semanas, usando-se uma combinação de u hCG;
marcadores bioquímicos: u estriol não conjugado (uE).
u Proteína plasmática associada à gestação (PA- Esse é o chamado teste triplo; entretanto, foi obser-
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PP-A). vado que, acrescentando-se a inibina dimérica A
u Beta-hCG livre. (INHA), o índice de detecção de 70% pode atingir
77%, sendo essa associação chamada teste quá-
A fração livre da subunidade beta da gonadotro- druplo.
pina coriônica (free B-hCG) geralmente apresenta
níveis mais elevados em gestações acometidas Quadro 2. Rastreio bioquímico do 2° trimestre.
pela trissomia do cromossomo 21, e reduzidos
Teste triplo Teste quádruplo
nos casos de trissomia do cromossomo 13 e 18,
comparados a gestações com fetos normais. Já Alfa-fetoproteína Teste triplo
a proteína plasmática A, associada à gestação Estriol não conjugado +
(PAPP-A), apresenta níveis reduzidos nas gestações hCG Inibina-A
acometidas por trissomias 13, 18 e 21 em relação Fonte: Zugaib et al.¹
àquelas com fetos normais.
A taxa de detecção da trissomia do cromossomo
Quadro 1. Alterações no teste duplo. 21 é de, aproximadamente, 75% em mulheres com
Sd
menos de 35 anos, e mais de 80% em mulheres
Sd Patau Sd Down com 35 anos ou mais, com taxa de falso-positivo
Edwards
(T13) (T21)
(T18) de 5%. Para trissomia 18, usando-se apenas os três
Beta-hCG Reduzida Reduzida Aumentada primeiros marcadores, tem-se uma taxa de detecção
de aproximadamente 70%. A triagem sérica não
PAPP-A Reduzida Reduzida Reduzida
detecta outras formas de aneuploidia relacionadas
Fonte: Zugaib et al.¹ à idade, como a Síndrome de Klinefelter (47, XXY).
82
Aconselhamento genético Cap. 3
Os níveis séricos de hCG e INHA estão aumentados mm. Seguem, abaixo, os principais marcadores
em mulheres com fetos com Síndrome de Down, mas desse período:
os níveis de AFP e uE são menores, em comparação
u TN: Está comprovada associação significativa
com gestações não afetadas. Normalmente, níveis
entre a espessura da prega cutânea da nuca fetal
de AFP, uE e a hCG são reduzidos na trissomia do
e o número de malformações fetais e síndromes
cromossomo 18.
gênicas, em especial a presença de trissomia
21, quando acima do percentil 95 para a idade
Quadro 3. Marcadores bioquímicos nas gestacional. Não existe um ponto de corte único
Sd. de Edwards e na Sd. de Down.
para identificar casos suspeitos, pois os valores
Sd Edwards (T18) Sd Down (T21) da TN aumentam no decorrer da gestação. No
entanto, TN ≥ 3,5mm está acima do percentil 99
hCG Reduzida Aumentada
para qualquer idade gestacional. Não se esqueça
INHA -- Aumentada de que essa alteração não faz diagnóstico, visto
uE Reduzida Reduzida
que é um marcador para rastreamento. As provas
frequentemente usam ≥2,5 mm como ponto de
AFP Reduzida Reduzida corte para TN aumentada.
Fonte: Zugaib et al.¹ u Ducto venoso: A ocorrência de onda-A ausente
ou reversa pode estar associada a anomalias
cromossômicas.
u Osso nasal: Acredita-se que fetos com trissomia
DIA A DIA MÉDICO do cromossomo 21 apresentem atraso na cal-
cificação do osso nasal, que se mostra ausente
Como essa modalidade de rastreamento apresenta menor ou hipoplásico.
acurácia, deve ser utilizado em gestantes não rastreadas u Regurgitação tricúspide: Observada em apro-
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no 1º trimestre.
ximadamente 74% dos fetos com trissomia do
cromossomo 21.
2.2. M ARCADORES
Figura 1. Osso nasal (ON) e transluscência nucal (TN).
ULTRASSONOGRÁFICOS
2.2.1. 1º Trimestre
BASES DA MEDICINA
O rastreio ultrassonográfico do 1º trimestre deve Qualquer situação que gere compressão ou edema
ser realizado idealmente entre 11 e 13 semanas da parte superior fetal pode aumentar a medida
e 6 dias, quando o feto apresenta CCN de 45 a 84 da TN, sem estar associada a cromossomopatias,
como os exemplos abaixo:
83
Aconselhamento genético Obstetrícia
u Anomalias cardíacas que gerem edema por in- 2.3. NIPT (NON-INVASIVE
suficiência cardíaca. PRENATAL TESTING)
u Compressão do corpo fetal ou mediastino que
cause congestão venosa na cabeça e pescoço,
como acontece nos casos de síndrome da banda BASES DA MEDICINA
amniótica, hérnia diafragmática ou tórax estreito
nas displasias esqueléticas. O NIPT analisa fragmentos de DNA fetal livre circulantes
u Alteração do sistema linfático. no sangue materno periférico, que representa aproxi-
madamente 10% do DNA livre total circulante e, em sua
u Diminuição dos movimentos fetais, causando
maioria, é liberado na circulação materna pela placenta
deficiência na drenagem linfática, como nas e, também, pelos eritroblastos fetais.
doenças neuromusculares.
u Hipoproteinemia. É um teste de rastreio alternativo ou complementar
ao rastreio combinado de aneuploidias do 1º trimes-
u Anemia ou disfunção cardíaca provocada por tre. Não é invasivo, não possui risco de abortamento
infecção congênita. e é o teste com maior acurácia para rastreamento
u Alterações na composição da matriz extracelular. das trissomias do 21, do 18 e do 13 e da monos-
somia do X.
O NIPT ampliado inclui também inclui também algu-
DIA A DIA MÉDICO
mas microdeleções, como Síndrome de DiGeorge,
Cri-Du-Chat, Prader-Willi, Angelman e 1p36.
A medida da transluscência nucal para rastreamento
é avaliada com mais propriedade através do programa Realizado através da análise do DNA fetal prove-
de cálculo de riscos, e não levando em conta, de forma niente da placenta, que pode ser encontrado no
isolada, o seu valor absoluto. sangue materno, esse exame avalia a chance de
ocorrência de alterações cromossômicas espe-
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2.2.2. 2º Trimestre cíficas no feto, diferenciando o DNA fetal do DNA
materno.
A ultrassonografia do 2º trimestre pode detectar Pode ser realizado a partir de 10 semanas até o
anomalias associadas a aneuploidias, como defeitos termo, mas o risco de confiabilidade depende dire-
cardíacos ou atresia duodenal. Outros marcadores tamente da fração fetal, que pode estar reduzida
comumente usados na ultrassonografia incluem o em algumas situações.
comprimento do RN, fêmur ou úmero curtos, imagem
intracardíaca ecogênica, intestino hiperecogênico Apesar do excelente desempenho com o teste
e ectasia pielocalicial. de rastreio, o diagnóstico de certeza ainda exige
a obtenção de células fetais através de exames
A maioria dos marcadores tem desempenho insa- invasivos.
tisfatório como preditores individuais da síndrome
de Down e tem sensibilidade muito baixa, além de O NIPT é um exame com custo elevado.
alta taxa de resultados falso-positivos.
Outro dado importante é que as mulheres devem
DIA A DIA MÉDICO
ser informadas de que a ausência de marcadores
não descarta a possibilidade de Síndrome de Down
ou outras anormalidades cromossômicas. A fração fetal pode estar reduzida com a obesidade
materna, doenças tromboembólicas, deficiência de vita-
mina B12 e o uso de anticoagulantes.
84
Aconselhamento genético Cap. 3
11 semanas a 13 CCN de
semanas e 6 dias 45 a 84 mm
USG
morfológico de
1º trimestre
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Translucência
nucal (TN): alterada
Ducto venoso:
se >p95 (varia com a
alterado se onda-A
idade gestacional;
ausente ou reversa
geralmente se
≥ 2,5mm)
85
Aconselhamento genético Obstetrícia
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Os testes diagnósticos são procedimentos invasivos.
Figura 2. Biópsia de vilo corial. A seta amarela indica a agulha e a seta azul indica a placenta.
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Aconselhamento genético Cap. 3
Complicações:
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Diagnóstico incorreto ou incerto fetais.
Falha na obtenção de amostra
Figura 3. Amniocentese. A seta amarela indica a agulha.
Contaminação com células maternas
Sangramento
Infecção
Parto pré-termo
Mosaicismo
Sensibilização Rh
Fonte: Zugaib et al.¹
Fonte: Acervo do Dr. Adolfo Liao.
A biópsia de vilosidade coriônica é um procedimento
relativamente seguro. O risco de perda de gravidez O período ideal para a sua realização é entre a 15ª
é semelhante ao da amniocentese no 2º trimestre. e a 18ª semana de gestação. Se for realizado em
fases mais avançadas, há limitações técnicas e, se
precoce, abaixo de 15 semanas, há maior risco de
complicações, como perda de líquido amniótico e
87
Aconselhamento genético Obstetrícia
Injúria fetal indireta (problemas respiratórios, Apesar de útil, ainda é um exame considerado de
malformações ortopédicas)
maior risco, em comparação com a amniocentese e
Injúria fetal direta (trauma) a biópsia de vilosidade corial. Geralmente, é realizada
Infecção a partir de 18 semanas, e o exame ultrassonográfico
feito antes do procedimento é necessário para avaliar
Trabalho de parto pré-termo
a viabilidade fetal, a localização placentária e a do
Perda fetal cordão umbilical, a posição fetal e a presença ou
Rotura prematura de membranas ovulares
ausência de anomalias fetais ou placentárias. Além
disso, deve ser realizado sob orientação contínua
Baixo peso ao nascer de ultrassonografia.
Transmissão vertical de infecção materna prévia
O acesso à veia umbilical é preferível à artéria,
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Inoculação de flora intestinal porque a veia é maior e tem menor probabilidade
Falha na cultura das células obtidas de estar associada à bradicardia fetal e à hemor-
ragia significativa, quando perfurada. A punção do
Mosaicismo
cordão umbilical no local da inserção placentária é
Sensibilização Rh tecnicamente mais fácil, mas está associada a uma
Fonte: Zugaib et al.¹ maior taxa de contaminação por sangue materno.
Por isso, muitos profissionais optam pela punção
na porção intra-hepática da veia umbilical.
O risco de complicações da amniocentese é muito
baixo em mãos experientes: é estimado na faixa de
Figura 4. Cordocentese. A seta amarela indica a
1 perda em 300 a 1 perda em 500 procedimentos
ponta da agulha no interior da veia umbilical.
(aproximadamente).
88
Aconselhamento genético Cap. 3
Sangramento fetal
DIA A DIA MÉDICO
Hematoma de cordão
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Fluxograma 1. Recomendações da FEBRASGO para a classificação de risco para aneuploidias e seguimento.
IM + TN + ON
IM + TN + ON + DV + RT + BHCG + PAPP-A
BVC: biópsia de vilo corial; IM: idade materna; DV: ducto venoso; ON: osso nasal; RT: regurgitação tricúspide; TN: transluscência nucal.
Fonte: FEBRASGO2.
89
Aconselhamento genético Obstetrícia
REFERÊNCIAS
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90
Aconselhamento genético Cap. 3
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1 Questão 3
(FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP/SP – 2018) (FACULDADE DE MEDICINA DE PETRÓPOLIS/RJ – 2013) Qual
Homem, 32 anos, com queixa de fraqueza progres- das alternativas abaixo não é indicação para acon-
siva e dificuldade de marcha, é diagnosticado com selhamento genético pré-concepcional e pré-natal:
doença neurológica hereditária. Filho único de um
casal não consanguíneo cujo pai desenvolveu a ⮦ Consanguinidade.
mesma doença a partir 40 anos e mãe assintomá- ⮧ Exposições ambientais com risco para o feto.
tica, e não há outros casos na família. Juntamente ⮨ Diabetes tipo I.
com a esposa, assintomática e não consanguínea, ⮩ História familiar de doença genética.
solicitam aconselhamento genético. O mecanismo
de herança e a probabilidade de que tenham filhos
com essa mesma doença são: Questão 4
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da criança. Gestante de 29 anos, IIG IP, com gestação de 12
⮧ Dominante ligado ao X; 50%, independentemente semanas, realizou US obstétrico de 1º trimestre
do sexo da criança. para rastreio de cromossomopatia e foi observa-
da uma TN (translucência nucal) de 4,2 mm, ON
⮨ Recessivo ligado ao X; 100% para filhos e zero
(osso nasal) presente e ducto venoso normal. En-
para filhas.
caminhada para aconselhamento genético, todas
⮩ Autossômico dominante; 50%, independente- as alternativas estão corretas, EXCETO:
mente do sexo da criança.
⮦ Ecocardiografia fetal, de preferência entre 26 e
28 semanas.
Questão 2
⮧ Indicado exame invasivo (biópsia de vilo corial
(ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO PARANÁ/PR – 2015) São indica- ou amniocentese genética) para avaliar carióti-
ções para o aconselhamento genético da gestan- po fetal.
te, EXCETO: ⮨ US morfológico fetal, de preferência entre 20 e
24 semanas de gestação.
⮦ Abortamento habitual.
⮩ Acompanhamento normal da gestação, pois o
⮧ Pais com translocações balanceadas.
valor da TN está normal.
⮨ Idade materna avançada (≥ 45 anos).
⮪ Dosagens maternas das frações livres de β-hCG
⮩ Filho anterior com cromossomopatia e/ou doen- e da proteína plasmática A associada à gravidez
ça gênica. (PAPP-A).
⮪ Testes pré-natais alterados: translucência nucal
aumentada, alteração à ultrassonografia morfo-
lógica e rastreamento bioquímico anormal.
91
Aconselhamento genético Obstetrícia
⮦ Doppler de ducto arterioso e osso nasal. (HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UFJF - 2020) O NIPT (no inva-
⮧ Doppler de forame oval e Doppler de ducto ve- sive pré natal test) é um teste genético não invasi-
noso. vo que usa uma amostra de sangue da mãe para
⮨ Doppler de artéria cerebral média e osso nasal. analisar o DNA fetal circulante no plasma materno
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e detectar determinadas alterações cromossômi-
⮩ Doppler de ducto venoso e osso nasal.
cas. Quais são os cromossomos analisados em
um NIPT básico?
Questão 7
⮦ 13, 18, 21, 22X e Y.
(ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO RIO GRANDE DO SUL – 2020) A Me- ⮧ 13, 18, 21, Fibrose cística.
dicina Fetal abrange um conjunto de procedimen-
⮨ Pentalogia de Cantrell, Fibrose cística, Trisso-
tos com o objetivo de rastreamento da gestação
mia 21 e 18.
para aneuploidias e alterações cromossômicas.
Em relação aos procedimentos envolvidos nessa ⮩ Síndrome de Prader Willi, Síndrome de Arnold
assistência e ao período ideal para realização na Chiari tipo 2, Tetralogia de Fallot.
gestação, analise as assertivas abaixo:
coleta de líquido amniótico e para análise de (HOSPITAL UNIMED RIO - 2020) A biópsia de vilo corial via
células por meio de amniocentese situa-se após transabdominal é importante ferramenta para diag-
as 16 semanas. nóstico de alterações cromossômicas fetais. Qual
II. A biópsia de vilosidades coriônicas apresenta o período ideal para sua realização?
como vantagem o tempo de realização mais
precoce: 11 semanas de idade gestacional. ⮦ Entre 12 e 14 semanas.
III. A cordocentese pode ser realizada somente a ⮧ Após 16 semanas.
partir de 24 semanas. ⮨ Entre 10 e 12 semanas.
Quais estão CORRETAS? ⮩ Pelo alto risco de morte fetal, este método está
em desuso.
92
Aconselhamento genético Cap. 3
GABARITO E COMENTÁRIOS
Y Dica do autor: Questão que é muito mais fácil do Y Dica do autor: Diabetes prévio aumenta o risco de
que parece. Ao iniciar a leitura, você pode ter se malformação fetal, mas não é indicação de acon-
assustado, achando que se tratava de uma pergun- selhamento genético pré-concepcional e pré-natal,
ta sobre padrão de herança a respeito de alguma pois se o diabetes estiver bem controlado e com-
doença genética específica. Mas não! Ele apenas pensado, não há aumento do risco de malformação
quer saber sobre herança genética de maneira geral. (se hemoglobina glicada menor que 6, o risco é
Alternativa A: INCORRETA. Ora, se um homem evolui considerado baixo). São indicações: idade avança-
com uma doença hereditária, e o enunciado fala da (mais de 35 anos), história de consanguinidade,
que o pai possui a doença e a mãe é assintomática, exposição a situações de risco, história familiar de
qual padrão de herança pode estar relacionado? As doença genética ou anomalias congênitas, filho
mitocôndrias são provenientes da mãe, de modo anterior com anomalias congênitas, perdas gesta-
que não se encaixaria no caso. cionais de repetição.
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Alternativas B e C: INCORRETAS. Lembremos que o ✔ resposta: C
filho herdou o cromossomo Y do pai, e não o X). Por
fim, uma doença autossômica dominante justificaria
Questão 4 dificuldade:
o quadro do enunciado, de modo que a chance de
transmissão para a prole é de 50%, independente- Y Dica do autor: Valores de translucência nucal > 4
mente do sexo da criança. mm são associados a uma triagem não invasiva
✔ resposta: D anormal; portanto, mulheres com um TN que exce-
dam esse limite devem receber testes diagnósticos
mais específicos.
Questão 2 dificuldade:
✔ resposta: D
Y Dica do autor: A idade materna é considerada fa-
tor de risco e requer aconselhamento genético da
Questão 5 dificuldade:
gestante acima de 35 anos, e não maior ou igual
a 45 anos, como propõe a Alternativa C, que está Y Dica do autor: A amniocentese genética geralmen-
errada e é o gabarito da questão. Todas as demais te é realizada após 15 semanas de gestação. Deve
alternativas são fatores de risco que indicam acon- ser evitada antes disso, especialmente antes de
selhamento. 13 semanas, por conta das maiores taxas de per-
✔ resposta: C da de gestação e vazamento de líquido amniótico.
Assim, a alternativa em que se propõe que ela seja
realizada o mais breve possível e com segurança
é a Alternativa C.
✔ resposta: C
93
Aconselhamento genético Obstetrícia
Y Dica do autor: O morfológico de 1º trimestre deve Y Dica do autor: Questão direta. O NIPT pode ser
ser realizado entre 11 semanas e 13 semanas e 6 básico ou expandido, avaliando, respectivamente, 4
dias de gestação, sendo utilizado para avaliar mar- e 10 condições congênitas e até mesmo o sexo do
cadores de risco para aneuploidias (a saber, a prin- feto. O NIPT básico avalia cromossomopatias dos
cipal é a trissomia do cromossomo 21 - síndrome pares 13, 18, 21 e os cromossomos sexuais. Com
de Down). isto, é capaz de identificar a síndrome de Down (tris-
Alternativa A: INCORRETA. Não avaliamos ducto ar- somia do 21), a síndrome de Edwards (trissomia do
terioso. 18) e a síndrome de Patau (trissomia do 13).
Alternativa B: INCORRETA. Não avaliamos Doppler ✔ resposta: A
de forame oval.
Alternativa C: INCORRETA. A ACM é avaliada em ou- Questão 10 dificuldade:
tros contextos como o de sofrimento fetal crônico
e não no morfológico de 1º trimestre. Y Dica do autor: A biópsia de vilo corial via tran-
Alternativa D: CORRETA. Hipoplasia ou ausência de sabdominal é um procedimento realizado durante
osso nasal e alterações de ducto venoso são mar- a gestação para coletar uma amostra de células
cadores para aneuploidias! do córion para estudo citogenético, bioquímico e
molecular, quando há suspeita de alterações na
✔ resposta: D anatomia do bebê pelo ultrassom que aumentem
o risco de a criança ter alguma síndrome genética.
Questão 7 dificuldade: Deve ser realizado entre 10 e 12 semanas de idade
gestacional.
Assertiva I: CORRETA. Controverso, mas correto! A
resposta: C
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✔
depender da literatura, o período ideal é entre 14
e 20 semanas.
Assertiva II: CORRETA. Realizado a partir das 11 se-
manas.
Assertiva III: INCORRETA. Realizado a partir das 18
semanas.
✔ resposta: A
Questão 8 dificuldade:
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INFECÇÕES: SÍFILIS, HIV E Capítulo
TOXOPLASMOSE NA GESTAÇÃO 4
importância/prevalência
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13 mícrons de comprimento, mas apenas 0,15 de largura,
o que a torna muito delgada, dificultando sua visualização sífilis primária ou secundária.
por microscopia direta. Assim, a visualização desse orga- A sífilis na gestação requer intervenção imediata,
nismo é feita por microscopia de campo escuro, sendo
para que se reduza ao máximo a possibilidade de
um organismo delicado, em forma de saca-rolhas, com
espirais firmemente enroladas e um movimento rotativo. transmissão vertical. Além do mais, o diagnóstico e
o tratamento podem ser realizados com baixo custo
e pouca, ou nenhuma, dificuldade operacional. A
A sífilis é uma doença infecciosa sistêmica, de notificação compulsória da gestante com sífilis, no
evolução crônica, de transmissão sexual, sanguí- Brasil, foi instituída desde 2005, conforme Portaria
nea e vertical, e constitui importante problema de vigente.
saúde pública. Está sujeita a surtos de agudização
e períodos de latência e, nos últimos anos, em DICA
O tratamento adequado pode re-
todo o Brasil, houve um aumento considerável do duzir a taxa de transmissão vertical para
número de casos. 1 a 2%.
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Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Obstetrícia
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Primária
Recente
Secundária Os sintomas associados à sífilis secundária acontecem,
(até 1 ano da infecção)
Latente recente principalmente, pela resposta imune rápida resultante da
disseminação generalizada do T. pallidum.
Tardia Latente tardia/
(mais de 1 ano Duração ignorada
da infecção) Sífilis terciária Nessa fase, há uma infecção sistêmica dissemi-
nada que surge em um período de quatro a oito
Fonte. Ministério da Saúde1.
semanas semanas depois do aparecimento do
cancro duro. Ocorre um exantema maculopapular
1.1.1. Recente róseo, de limites imprecisos, que acomete tronco
e raízes de membros, estendendo-se por todo o
1.1.1.1. Primária (cancro duro)
tegumento, incluindo as regiões palmar e plantar.
O rash cutâneo desaparece de forma espontânea
BASES DA MEDICINA
entre duas e seis semanas.
Esse quadro pode ser acompanhado de sintomas
No infiltrado da lesão inicial, o cancro duro, são encontra- gerais, como febre, cefaleia, fadiga, faringite, ade-
dos linfócitos TCD4 e TCD8, monócitos ativados, macró- nopatia, perda de peso e artralgia.
fagos e células dendríticas com receptores do HIV. A
presença desses receptores pode justificar o vínculo entre Outros sintomas são lesões hipertróficas em geni-
a infecção por sífilis e a transmissão do HIV. O desenvol- tália ou regiões de dobra e atrito (condilomata lata
vimento da resposta imune humoral também acontece ou condiloma plano) e a alopecia de couro cabeludo
no início da infecção, levando ao desenvolvimento de e sobrancelhas.
anticorpos que podem ser detectados na fase inicial.
Há intensa produção de anticorpos contra o tre-
ponema, resultando em testes não treponêmicos
com maiores títulos.
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Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Cap. 4
BASES DA MEDICINA
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Quadro 2. Sífilis secundária.
Alopécia
1.1.2.2. Terciária
Anormalidade renais, gastrointestinais
Achados neurológicos/oculares
BASES DA MEDICINA
Fonte: Elaborado pela autora.
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Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Obstetrícia
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O quadro clínico pós-natal inclui manifestações e o Microhemagglutination Assay for Treponemal Pallidum
Antibody (MHA-TP), que detectam anticorpos específicos
precoces, como lesões cutâneas, visceromegalias, produzidos contra os antígenos do Treponema pallidum.
ascite, alterações metabólicas e ósseas, e tardias,
principalmente alterações neurológicas, ósseas,
articulares e dentárias, decorrentes do processo Os testes treponêmicos são os primeiros a se
cicatricial relacionado a lesões recentes. tornarem reagentes, e os testes não treponêmicos
A doença pode ainda estar relacionada a outras têm seu resultado expresso em fração (1:2, 1:4, 1:8,
complicações, como: 1:16, 1:32, 1:64, e assim sucessivamente) e são
importantes para o diagnóstico e o monitoramento
u crescimento intrauterino restrito;
da resposta ao tratamento, uma vez que a queda, a
u óbito fetal; manutenção ou a elevação das titulações indicam
u óbito neonatal; a evolução terapêutica.
u parto prematuro; A Tabela 1 mostra a classificação dos testes imu-
u anomalias congênitas. nológicos para sífilis.
VDRL
Não Quantificáveis (ex.: 1:2, 1:4, 1:8). Importantes para o
RPR
treponêmicos diagnóstico e monitoramento da resposta ao tratamento.
TRUST
FTA-Abs
ELISA/EQL
Na maioria das vezes, permanecem reagentes mesmo após o
Treponêmicos tratamento, pelo resto da vida da pessoa. Não são indicados
TPHA/TPPA/MHA-TP
para monitoramento da resposta ao tratamento.
Teste Rápido (TR)
Substituição
50% das crianças dos órgãos
Principais Principais
é assintomática por tecidos
características características
ao nascer de granulação
sifilítica
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discreta e
inespecífica Palato em ogiva
Rinite sero-
sanguinolenta
Hidrocefalia
Retardo mental
Pênfigo
palmo-plantar
Nariz em sela
Sinal de Higoumenakis
Dentes de Hutchinson
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Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Obstetrícia
Para o diagnóstico da sífilis, deve ser realizado um No entanto, a gestante deve realizar sorologia con-
teste não treponêmico, juntamente com um teste firmatória, por método diferente da primeira que foi
treponêmico. No Brasil, o VDRL é o exame mais realizada, e verificar o resultado posterior à primeira
utilizado para o rastreamento da doença durante o dose do tratamento para confirmar a infecção.
pré-natal. O teste torna-se positivo 5 a 6 semanas
após a infecção e deve ser solicitado na primeira As taxas de falso-positivo de VDRL são baixíssimas
consulta do pré-natal e repetido no 3º trimestre e, entre as causas, estão tuberculose e infecções
(entre 28 e 32 semanas), na internação para o parto do colágeno, como o lúpus eritematoso sistêmico.
ou no abortamento. Em casos de VDRL positivo, a
confirmação é feita pelo teste treponêmico FTA-
-ABS. DIA A DIA MÉDICO
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reagente, treponemico ou nao treponemico,
deve iniciar o tratamento para sífilis sem dos dos testes diagnósticos para sífilis na gestação
aguardar o resultado do segundo teste. e as respectivas condutas.
100
Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Cap. 4
Estágio da
Tratamento recomendado
BASES DA MEDICINA doença
RECENTE
Nas primeiras 24 horas após a primeira dose de penici- Primária Penicilina G benzatina
lina, principalmente na sífilis secundária, a paciente pode Secundária (2,4 milhões UI, IM).
apresentar a Reação de Jarisch-Herxheimer, caracterizada Dose única.
Latente recente
por febre, artralgia, mal-estar e exacerbação das lesões
(< 1 ano de (1,2 milhões UI, IM, em cada glúteo)
cutâneas. Essa reação não configura alergia à penicilina evolução)
e ocorre em resposta imunológica à liberação maciça de
lipopolissacarídeos das espiroquetas mortas pela peni- Penicilina G benzatina
TARDIA
cilina na corrente sanguínea. Podem ocorrer, também, (2,4 milhões UI, IM).
Latente tardia
contrações uterinas, diminuição da movimentação fetal, Três doses, intervalo de uma
desacelerações da frequência cardíaca fetal e até mesmo Terciária
semana (7,2 milhões UI, IM)
o óbito fetal. É mais comum em pessoas que recebem
tratamento na fase secundária da sífilis. Penicilina cristalina
(18-24 milhões UI/dia).
NEUROSSÍFILIS Doses de 3-4 milhões de UI, a
Diante de baixas taxas de falso-positivos relatadas e cada 4 horas ou por infusão
contínua, por 14 dias
do contexto único de relativa urgência no tratamento
da infecção no ciclo gravídico-puerperal, deve-se Fonte: Adaptada de Ministério da Saúde³.
sempre suspeitar de infecção ativa (seja ela nova,
persistente ou reinfecção) na gestante quando Se a gestante for considerada como inadequada-
encontrado qualquer valor positivo de VDRL. mente tratada, o recém-nascido deverá ser avaliado
clínica e laboratorialmente. O tratamento adequado
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A penicilina é a única droga comprovadamente
deve obedecer a todos os critérios listados abaixo:
capaz de tratar a mãe e o feto. Portanto, se preconiza
que todas as gestantes sejam tratadas com essa
Quadro 3. Critérios para considerar
medicação nos mesmos esquemas terapêuticos
o tratamento adequado.
adotados para as diversas fases clínicas da doença
fora do ciclo gravídico-puerperal. Nas gestantes A gestante foi tratada com penicilina benzatina.
alérgicas, o tratamento não muda e, nesses casos, Todas as doses da penicilina foram administradas
está indicada a dessensibilização da paciente em com intervalo adequado. (Caso a gestante deixe de
ambiente hospitalar. Não existem estudos con- tomar uma das doses, o esquema precisa ser refeito).
trolados em gestantes que tenham determinado O parto ocorrer pelo menos 30 dias
a eficácia da ceftriaxona no tratamento do feto e, após o término do tratamento.
por isso, esta não é uma medicação recomendada Avaliação quanto ao risco de reinfecção.
para o tratamento de sífilis na gravidez.
Documentação das quedas adequadas
de VDRL → pelo menos 2 diluições em 3
meses ou 4 diluições em 6 meses.
Fonte: Ministério da Saúde4.
101
Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Obstetrícia
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preconizado para tal estágio.
Para entender titulação X diluição e não confundir: afirmar
As parcerias sexuais da gestante com exames
que a titulação da amostra diminui em 2 diluições (de 1:64
positivos deverão receber tratamento nas mesmas para 1:16) é equivalente a afirmar que o título da amostra
doses preconizadas para as diversas fases clínicas caiu 4 vezes. Isso porque a amostra é diluída em um fator
da doença. Mesmo as parcerias que apresentarem 2; logo, uma diluição equivale a 2 títulos.
sorologia negativa para sífilis devem receber dose
única de penicilina G benzatina, 2.400.000 UI, por
via intramuscular. A ausência da informação de
tratamento do parceiro sexual deixa de ser um dos
critérios de notificação de sífilis congênita, conforme
era proposto no manual de DST anterior (2006).
Após o parto, é recomendada a análise histopatoló-
gica da placenta em gestante com exames positivos.
A sífilis congênita é um agravo de notificação com-
pulsória, sendo considerada como verdadeiro evento
marcador da qualidade de assistência à saúde
materno-fetal, em razão da efetiva redução do risco
de transmissão transplacentária, de sua relativa
simplicidade diagnóstica e do fácil manejo clínico e
terapêutico. A infecção do feto depende do estágio
da doença, na gestante, e o acometimento neonatal
pode causar lesões em órgãos internos, como pul-
mão, fígado, baço e pâncreas. Também pode ocorrer
102
Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Cap. 4
Sífilis
Agente Métodos
Clínica Tratamento
etiológico diagnósticos
Imunoflores- Penicilina G
Secundária VDRL FTA-Abs ciência Penicilina G Penicilina G
cristalina 3
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em campo bezatina 2,4 bezatina
milhões de 2,4 milhões a 4 milhões
escuro de unidades,
unidades, IM, de unidades,
dose única IM, 1x/ IV, 4/4h,
semana, por 10 a
Terciária RPR MHA-TP por 3 14 dias OU
semanas penicilina G
procaína 2,4
milhões de
unidades, IM,
diariamente
Neurossífilis TRUST TP-EIA + Probene-
cide 500 mg
VO, 4xdia,
por 10 a
14 dias
Congênita
.
103
Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Obstetrícia
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entrada viral na célula, e 2 receptores de quimiocinas dessa infecção em mulheres na idade reprodutiva. A
(CCRS e CXCR4) são os mais comumente identificados. TV pode ocorrer por 3 mecanismos: transplacentário,
O correceptor CCRS é encontrado na superfície celular exposição da mucosa fetal a secreções e/ou sangue
de células CD4+, em estados de progesterona alta, como materno no momento do parto e da amamentação
a gravidez, o que, possivelmente, facilita a entrada do natural. A transmissão transplacentária pode ocorrer
vírus na célula. a partir da 8ª semana de gestação. A carga viral
Níveis mais altos de citocinas inflamatórias e uma diminui- elevada e a ruptura prolongada das membranas
ção das células T reguladoras no final da gravidez podem amnióticas são reconhecidas como os principais
contribuir para a morbidade materna e fetal. fatores associados à transmissão vertical do HIV
no momento do parto. O leite materno também tem
se mostrado um importante determinante de risco
O HIV apresenta tropismo pelos linfócitos TCD4+, de transmissão.
e a fisiopatologia da síndrome está associada à
diminuição progressiva dessas células, levando A maior parte dos casos de transmissão vertical
à imunodeficiência e gerando susceptibilidade às do HIV ocorre durante o trabalho de parto e no
infecções oportunistas. A transmissão do HIV pode parto (cerca de 75% dos casos). Os 25% restantes
ocorrer de três maneiras principais: ocorrem durante a gestação (em especial, no 3º
trimestre) e por meio do aleitamento materno, que
a) Contato sexual: no Brasil, de 1980 a 1990, 90,9% representa risco adicional de transmissão de 7% a
dos casos de infecção pelo HIV em adultos notifi- 22%. Amostras de leite materno avaliadas por téc-
cados ao Ministério da Saúde eram em homens, e nicas de PCR mostraram que 58% delas estavam
a doença estava muito ligada à homossexualidade infectadas com partículas virais.
masculina. No entanto, nos últimos anos, houve um
aumento exponencial da infecção em mulheres e da A patogênese da transmissão vertical do HIV está
transmissão heterossexual. A presença de outras relacionada a múltiplos fatores, e os principais estão
Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) pode listados no Quadro 4.
104
Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Cap. 4
Prematuridade
Aleitamento materno
Estado nutricional
Carga viral
Fenótipo viral
Fonte: Ministério da Saúde4.
Está amplamente comprovado que o uso de terapia Recomenda-se o rastreamento da infecção por HIV
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antirretroviral (TARV) combinada é capaz de redu- por meio da detecção de anticorpos anti-HIV-1 e
zir significativamente a carga viral plasmática do anti-HIV-2 (ELISA), sempre precedido por aconse-
HIV para níveis indetectáveis. Dados de estudos lhamento e consentimento verbal para todas as
epidemiológicos e de ensaios clínicos sugerem que gestantes na primeira consulta do pré-natal (ideal-
mulheres que recebem TARV combinada potente mente no 1o trimestre). Pacientes com rastreamento
apresentam taxas muito baixas de transmissão. negativo no 1o trimestre são consideradas não
infectadas e devem colher novo teste no início do
2.1. DIAGNÓSTICO E SEGUIMENTO 3º trimestre, bem como na admissão na materni-
dade (teste rápido), hospital ou casa de parto. Os
testes devem ser feitos, ainda, em qualquer outro
momento em que haja exposição de risco, ou em
BASES DA MEDICINA
que haja violência sexual.
A janela imunológica é um período de infecção recente, Aquelas pacientes com rastreamento positivo serão
com baixa produção e circulação de anticorpos e, por submetidas ao teste confirmatório. São testes
isso, os testes sorológicos não são capazes de detectar específicos que detectam antígenos virais (Wes-
a resposta imune ao vírus. tern blot, Imuno blot) e/ou testes moleculares que
quantificam a carga viral.
As principais limitações ao diagnóstico da infecção Quando o teste de rastreamento e o teste confir-
pelo HIV são o período de janela imunológica e, matório forem positivos, considera-se a amostra
além disto, o fato de que até 1% da população pode positiva para HIV, e é feita uma segunda coleta de
manter uma carga viral indetectável, mesmo sem sangue para descartar possível troca de amostras.
tratamento.
Casos de discrepância entre os testes de rastrea-
mento e confirmatório devem ser avaliados e serão
105
Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Obstetrícia
laudados como “amostra indeterminada para HIV”. para monitorar a gestante e avaliar a resposta ao
Recomenda-se a coleta, em 30 dias, de uma nova tratamento, além de definir a via de parto.
amostra para sorologia, além da realização da quan-
Para gestantes em início ou modificação de TARV,
tificação da carga viral.
uma segunda amostra deverá ser solicitada depois
Em algumas situações, está indicada a realização de duas a quatro semanas após introdução/modi-
do teste rápido, na maternidade, no momento da ficação da TARV, para avaliar a resposta ao trata-
admissão para o parto. Devem fazer estes testes: mento. Todas as gestantes deverão ter coleta de
CV, a partir da 34ª semana, para determinar a via
u Gestante sem pré-natal. de parto e a necessidade de profilaxia intraparto.
u Gestante não testada durante o pré-natal.
u Gestante que não dispõe de resultado do teste (ou
do registro do resultado no cartão de gestante).
u Gestante não testada e/ou sem resultado do 2º
teste, no último trimestre de gestação.
u Gestante em situação de risco acrescido, como
mulher soronegativa para o HIV que tenha par-
ceiro infectado.
u Gestante profissional do sexo.
u Gestante usuária de álcool e outras drogas.
u Gestante que trocou de parceiro durante a ges-
tação.
u Gestante que apresentou uma Infecção Sexual-
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mente Transmissível (IST) durante a gestação,
ou que tem parceria sexual com IST.
u Gestante imigrante proveniente de região de alta
prevalência de HIV.
u Gestante infectada por tuberculose, independen-
temente do tempo transcorrido desde a realiza-
ção do último teste anti-HIV.
106
Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Cap. 4
Na primeira consulta do
pré-natal, para estabelecer
a magnitude da viremia
Dosagem
da CV-HIV
na gestação
2 a 4 semanas após
a introdução ou troca A partir da 34ª semana, para
da TARV, para avaliar indicação da via de parto
resposta ao tratamento
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Mapa mental 4. Momentos para dosagem dos
linfócitos TCD4+ para pacientes com HIV na gestação
Dosagem
dos linfócitos
TCD4+ na
gestação
107
Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Obstetrícia
A contagem de linfócitos TCD4+ deverá ser realizada de Antirretrovirais (ARVs) eficazes tem impacto
na primeira consulta de pré-natal, para aquelas já direto na CV materna e, consequentemente, no
sabidamente portadoras de HIV; pelo menos a cada risco de transmissão vertical. Entretanto, o início
três meses durante a gestação, para gestantes em do tratamento não deve ser retardado pela espera
início de tratamento; e na 34ª semana, para avaliar do resultado desse exame.
o controle da doença, estabelecendo-se o risco de
Como a infecção pelo HIV é de caráter sistêmico,
progressão para AIDS e óbito. Sendo, portanto, o
torna-se necessário, além do exame físico geral e
indicador laboratorial mais importante em pessoas
obstétrico, observar atentamente os sinais clínicos
assintomáticas.
sugestivos de manifestações da doença. O qua-
O teste de genotipagem pré-tratamento está indi- dro a seguir lista os sistemas que frequentemente
cado para todas as gestantes, como uma forma de expressam alguma manifestação clínica associada
direcionar a melhor opção terapêutica. Esse teste à infecção pelo HIV.
deverá ser solicitado com prioridade, pois a escolha
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Abdome Pesquisar hepatomegalia ou esplenomegalia, massas palpáveis
Uma vez que a tuberculose (TB) é a principal causa um desses sintomas, a TB deve ser investigada por
de óbito definida em pacientes infectados com HIV, meio de três amostras de escarro para realização
recomenda-se que seja pesquisada, em todas as do teste rápido da TB. A prova tuberculínica (PT ou
consultas, a presença de sintomas respiratórios PPD) é importante para auxiliar o diagnóstico da
e provável contato íntimo com um sintomático infecção latente de TB e constitui um marcador de
respiratório. Deve-se questionar a gestante sobre a risco para o desenvolvimento de TB ativa, devendo
presença de tosse, febre, emagrecimento e/ou sudo- ser realizada em todas as pacientes assintomáticas
rese noturna e, se houver a existência de qualquer e sem diagnóstico prévio.
108
Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Cap. 4
Idealmente na 1ª
consulta de pré-natal
Considerar imunização
Notificar o caso
de outras doenças
Diagnóstico
Investigar infecções Encaminhar para
de HIV na
oportunistas latentes (TB) pré-natal de alto risco
gestação
Iniciar TARV
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.
109
Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Obstetrícia
A síndrome de reconstituição imune é uma situação de 2.2.1. Gestante que nunca usou ARV:
resposta imune exacerbada mediada por rápida recu-
peração da contagem linfocitária após introdução da Para a gestante que vai usar ARV pela primeira vez
terapia antirretroviral. O quadro leva à piora paradoxal durante a gravidez (virgens de tratamento), inde-
de infecções oportunistas pré-existentes. pendentemente da idade gestacional, o esquema
preferencial deve ser:
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da CV-HIV plasmática (<50 cópias/mL) é um fator *exceto nas situações de uso de dose dobrada do DTG.
determinante na diminuição da transmissão vertical,
com redução de 30% para menos de 1%, quando A associação tenofovir/lamivudina (TDF/3TC) é a
atinge carga viral indetectável próxima ao parto. preferencial nas gestantes infectadas pelo HIV, pois
possui facilidade posológica (dose única diária),
A TARV está indicada para todas as gestantes infec-
além de um perfil favorável em relação à lipoatrofia
tadas pelo HIV, independente de critérios clínicos
e à toxicidade hematológica, ambas associadas à
e imunológicos, e não deverá ser suspensa após o
zidovudina (AZT).
parto, independentemente do nível de LT-CD4+ no
momento do início do tratamento. Essa estratégia Dados sobre o uso do TDF durante o 1º trimestre de
tem como objetivos: gestação não demonstraram aumento em defeitos
congênitos, em comparação com a população geral.
u Suprimir a replicação viral de forma sustentada, Além disso, esse ARV foi bem tolerado durante a
prevenindo a transmissão vertical e sexual do HIV. gestação.
u Reduzir o risco de progressão da doença, dimi- A tabela a seguir mostra os esquemas terapêuticos
nuindo a morbidade e a mortalidade associadas possíveis para gestantes virgens de tratamento
ao HIV. com ARV.
u Melhorar a qualidade de vida.
u Preservar e, quando possível, restaurar o siste-
ma imunológico.
110
Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Cap. 4
Tabela 4. Esquemas de TARV para início de tratamento em gestantes vivendo com HIV.
2.2.2. Gestante já em uso de ARV: Aquelas que apresentam carga viral detectável
deverão ser pesquisadas quanto ao motivo da falha
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Para gestantes infectadas pelo HIV, já em uso de virológica. A principal hipótese nesses casos é a má
TARV previamente ao diagnóstico da gestação e adesão ao tratamento. Os aspectos relacionados
apresentando CV-HIV indetectável ou abaixo de à adesão devem ser reforçados no cuidado das
50 cópias/mL, recomenda-se manter o mesmo mulheres vivendo com HIV.
esquema de ARV. Ou seja, não é feita a troca da
TARV de uma gestante que esteja com boa adesão, 2.2.3. Mulher vivendo com HIV que
assintomática e com CV-HIV indetectável. expressa o desejo de engravidar:
Gestantes em TARV antes da gestação, que apre-
Todas as mulheres que estejam em planejamento
sentem CV-HIV detectável, deverão ser avaliadas
de engravidar devem fazer uso de ácido fólico pelo
quanto à adesão e interação medicamentosa e
menos dois meses antes da gravidez e manter no
deverão ter exame de genotipagem solicitado para
1º trimestre da gestação como método mais eficaz
adequação da TARV em uso o mais rápido possí-
para prevenção de defeito de tubo neural. Esquema
vel. Ressalta-se que, para gestantes, apenas uma
preferencial:
CV-HIV detectável (>500 cópias/mL) já e critério
para solicitação de genotipagem.
Tenofovir (TDF) + Lamivudina
O principal parâmetro para caracterizar a falha da (3TC) + Dolutegravir (DTG).
TARV é a falha virológica, isto é, CV-HIV detectável
após seis meses do início ou da modificação do
O Quadro 6 mostra os esquemas alternativos para
tratamento, ou rebote da CV-HIV em indivíduos que
o terceiro ARV nesses casos.
haviam atingido supressão viral sob tratamento.
111
Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Obstetrícia
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u Citopatológico de colo do útero: semestralmente
no primeiro ano e, se normal, manter seguimen- 2.4. PROFILAXIA DE INFECÇÕES
to anual. Se contagem de CD4 < 200 céls/mm3, OPORTUNISTAS
priorizar correção dos níveis de CD4 e realizar
rastreamento citológico, a cada seis meses, até A partir da avaliação da contagem dos linfócitos
recuperação imunológica. Realizar colposcopia TCD4+, algumas profilaxias contra infecções opor-
na presença de alterações patológicas. tunistas podem estar indicadas, conforme exposto
na Tabela 5.
Critérios de
Agente Indicação 1ª escolha Especificidades para a gestante
suspensão
LT-CD4+ <200
céls/ mm3
(ou <14%) ou O uso de SMX-TMP no 1º trimestre
Boa resposta à TARV
presença de deve ser discutido entre o
com manutenção
candidíase profissional de saúde e a gestante,
SMX-TMP 800 de LT-CD4+ >200
oral ou febre pelo risco de teratogenicidade.
Pneumocystis mg/160 mg céls/mm3 por mais
indeterminada 3x/semana. de 3 meses. Neonatologistas devem
jiroveci
com mais de ser avisados do uso de
2 semanas Reintroduzir profilaxia
sulfa próximo ao parto pelo
de duração se LT – CD4+
aumento teórico do risco de
ou doença <200 céls/ mm3.
hiperbilirrubinemia e kernicterus.
definidora
de AIDS.
112
Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Cap. 4
Critérios de
Agente Indicação 1ª escolha Especificidades para a gestante
suspensão
Boa resposta à
TARV com Riscos associados à
teratogenicidade da
SMX-TMP manutenção de pirimetamina devem ser
Toxoplasma LT-CD4+ <100
800 mg/160 LT-CD4+ >200 céls/ levados em consideração.
gondii céls/ mm3 e IgG
mg 1x/dia mm3 por mais de
anti-T. gondii O uso de SMX-TMP no 1º trimestre
três meses.
reagente deve ser discutido entre o
Reintroduzir profilaxia profissional de saúde e a gestante,
se LT – CD4+ pelo risco de teratogenicidade.
<100 céls/ mm3.
Isoniazida 5
Mycobacterium tuberculosis mg/kg/dia
(tuberculose latente) (máximo 300 Duração de 6 a 9
mg/dia) meses para isoniazida
PPD >5 mm ou história de contato
A associação (preferencialmente
com indivíduo bacilífero ou
com piridoxina a utilização de
radiografia de tórax com cicatriz
50 mg/dia 270 doses em 9
de TB sem tratamento prévio.
pode reduzir a 12 meses).
o risco de
neuropatia.
Boa resposta à
TARV com
Complexo Azitromicina manutenção de LT-
Mycobacterium LT-CD4+ <50 1.200−1.500 CD4+ >100 céls/mm3
avium céls/mm3 mg/semana por mais de 3 meses
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Reintroduzir profilaxia
se LT – CD4+
<50 céls/ mm3
Fonte: Ministério da Saúde4.
113
Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Obstetrícia
Vacina para tétano e difteria (dT) e vacina acelular Mesmo esquema preconizado para
contra difteria, tétano e coqueluche (dTpa). gestantes não infectadas pelo HIV.
Recomendada.
Vacina para pneumococo Duas doses, com intervalo de 5 anos,
independentemente da idade.
Influenza/H1N1
Dose única anual, na campanha.
(INF)
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Na impossibilidade de adiar a vacinação, como em
Febre amarela
situações de emergência epidemiológica, vigência de
surtos, epidemias ou viagem para área endêmica, o
médico devera avaliar o benefício e o risco da vacinação.
114
Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Cap. 4
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Fluxograma 2. Decisão sobre via de parto e profilaxia em gestantes infectadas pelo HIV.
Parto segundo
Gestante com CV indetectável Manter apenas TARV
indicação obstétrica,
na 34ª semana habitual via oral
preferencialmente vaginal
115
Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Obstetrícia
O parto instrumentalizado deve ser evitado, porém, quando indicado, o fórcipe deve ser preferido
ao vácuo-extrator. Aplicação do fórcipe só será admitida se houver indicação obstétrica
precisa e que supere os riscos maiores de infecção da criança pelo procedimento.
Administrar AZT por via intravenosa desde o início do trabalho de parto até o clampeamento do
cordão umbilical (exceto para pacientes com carga viral indetectável após 34 semanas).
Diante da integridade da bolsa amniótica, a progressão normal do trabalho de parto é preferível à indução,
pelo risco de ruptura artificial das membranas e aumento de risco de transmissão vertical do HIV.
Deve-se evitar que as parturientes permaneçam com bolsa rota por tempo prolongado, visto que
a taxa de transmissão vertical aumenta progressivamente após 4 horas de bolsa rota.
A amniotomia artificial deve ser evitada, a menos que seja extremamente necessária.
Após a expulsão do feto, realizar o clampeamento imediato do cordão umbilical e jamais realizar a ordenha do cordão.
A episiotomia deve ser evitada sempre que possível. Se for realizada, deverá ser protegida com compressas
umedecidas com degermante por um auxiliar, para evitar o contato do neonato com a episiotomia.
Fonte: Ministério da Saúde4.
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Confirmar a idade gestacional com rigor para prevenir a prematuridade iatrogênica.
Realizar a cesárea eletiva com 38 semanas, a fim de evitar a prematuridade, o trabalho de parto e a RPMO.
Sempre que possível, proceder ao parto empelicado (retirada do neonato mantendo a bolsa das águas íntegras).
Ligadura imediata do cordão umbilical após a retirada do recém-nascido e jamais realizar a ordenha.
Hemostasia rigorosa dos vasos da parede abdominal e a troca das compressas ou campos secundários
antes de realizar a histerotomia, minimizando o contato posterior do neonato com sangue materno.
116
Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Cap. 4
Não realizar
procedimentos invasivos
AZT endovenosa na
Evitar amniotomia admissão, se carga viral
desconhecida ou detectável
Parto vaginal
em gestantes
com HIV
Evitar toques Evitar bolsa rota
desnecessários por tempo prolongado
Clampeamento do cordão
umbilical imediatamente
após o nascimento
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Mapa mental 7. Cuidados no parto cesáreo em gestantes com HIV
117
Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Obstetrícia
Não amamentar
o recém-nascido
Cuidados
gerais no
Consulta de retorno Uso de cabergolina
pós-parto para
para mãe e recém-nascido para inibir lactação
pacientes
com HIV
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Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Cap. 4
A zidovudina injetável vem em frasco ampola de Em geral, está associada a um período de latên-
20 mL, contendo 200 mg (10 mg/mL). Inicia-se a cia maior, que pode durar até algumas semanas.
infusão, em acesso venoso, individualizado, com 2 Na ausência de corioamnionite e sofrimento fetal,
mg/kg na primeira hora, seguindo infusão contínua recomenda-se medida semiconservadora, com
com 1 mg/kg/hora até o clampeamento do cordão observação e utilização de medicamentos que
umbilical. Diluir em soro glicosado 5% e gotejar. A melhorem o prognóstico materno e perinatal.
concentração não deve exceder 4 mg/mL. u Corticoterapia para aceleração da maturidade
pulmonar fetal.
Tabela 6. Administração EV de zidovudina profilática. u Antibioticoterapia (penicilina G cristalina; ampi-
Fases: Dose e Duração: cilina; clindamicina) para profilaxia da morbimor-
talidade perinatal pelo estreptococo do grupo B.
2 mg/kg
Ataque Hiperidratação, se oligoâmnio.
Durante 1 hora u
1 mg/kg/hora
Manter até o clampeamento do cordão 2.6.2.2. Idade gestacional maior
Manutenção ou igual a 34 semanas
umbilical
Duração mínima de 2 horas
A resolução da gestação deve ser considerada após
Fonte: Ministério da Saúde4.
a infusão endovenosa de AZT. A decisão pela via
de parto dependerá das condições do colo uterino,
da presença de atividade uterina e dos níveis da
carga viral, como já vimos acima. Sabendo-se que o
DIA A DIA MÉDICO
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tempo de trabalho de parto está associado à maior
ocorrência de transmissão vertical, nas situações de
Se o serviço não tiver a AZT injetável disponível, o esquema
colo desfavorável e ausência de atividade uterina,
profilático pode ser feito com AZT oral, 300 mg no início
do trabalho de parto e repetido a cada 3 horas até o clam- deve-se considerar a realização de parto por cesárea,
peamento do cordão. Contudo, esse procedimento não com a intenção de evitar induções prolongadas.
apresenta a mesma eficácia que a medicação injetável
Caso as condições do colo do útero sejam favo-
na redução da transmissão vertical pela absorção errá-
tica do AZT VO, sem evidência que garanta nível sérico ráveis e a gestante esteja em uso de TARV, com
adequado no momento oportuno. carga viral indetectável e apresentação cefálica,
a via de parto pode ser vaginal. Essa decisão deve
ser tomada com a paciente.
2.6.2. Ruptura de membranas
Na gestante em trabalho de parto e com bolsa rota, é
Essa situação está associada ao risco aumentado preciso avaliar as condições de evolução do trabalho
de transmissão vertical e não existe consenso na de parto e o risco de complicações. Se necessário,
literatura sobre qual é o melhor momento para o pode ser indicada ocitocina para acelerar o trabalho
parto. Entretanto, o risco da transmissão vertical de parto. Frente à previsão de parto demorado ou
deve ser contrabalanceado com o risco de prema- com maiores chances de distócia, deve-se consi-
turidade, que também está associado a um maior derar a resolução por cesariana.
risco de transmissão vertical do HIV. Portanto,
adotaremos a idade gestacional de 34 semanas
para a determinação da conduta.
119
Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Obstetrícia
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meses de vida dessas crianças.
As precauções básicas e universais são medidas O seguimento da mulher com HIV no puerpério, salvo
de prevenção que devem ser adotadas com qual- situações especiais de complicações ocorridas
quer paciente, independentemente do diagnóstico durante o parto e puerpério imediato, é igual ao de
definido ou presumido de doenças infecciosas, na qualquer outra mulher, devendo-se prever o retorno
manipulação de sangue, secreções, excreções, entre o 5º e o 8º dia e no 42º dia após o parto.
mucosas ou pele não íntegra. A paciente deve permanecer em tempo integral
Essas medidas incluem a utilização de equipamen- com o recém-nascido em alojamento conjunto.
tos de proteção individual (luvas, máscaras, óculos Recomenda-se apoio psicológico e social para as
de proteção, capotes e aventais), com a finalidade pacientes, principalmente as que tiveram diagnóstico
de reduzir a exposição da pele e mucosas do pro- durante a gravidez. Lembrando que, para aquelas
fissional de saúde ao sangue ou fluidos corpóreos com diagnóstico na admissão para o parto, deve-se
de qualquer paciente. fazer a confirmação.
Em caso de exposição a materiais biológicos, o A puérpera deverá ser orientada quanto à importân-
profissional exposto deve ser avaliado com rapidez cia de seu acompanhamento clínico e ginecológico
para que possa, caso seja indicado, realizar a pro- e do acompanhamento da criança até a definição de
filaxia devida. Lembrando que a profilaxia ao HIV sua situação sorológica. Muitas vezes, há diminui-
não confere segurança absoluta e, portanto, não ção da adesão ao tratamento após o parto, então,
substitui a boa prática de saúde no que confere a no momento da alta, a puérpera deve ter consulta
minimizar risco mediante o uso correto dos EPIs. agendada em serviço de saúde especializado.
As gestantes que por algum motivo estiverem em
uso de raltegravir (RAL) na gestação poderão realizar
120
Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Cap. 4
a troca do ARV para o dolutegravir (DTG) após o de um gato que ocorre o ciclo reprodutivo; portanto, este
parto. Além disso, para que a troca seja possível, é o hospedeiro definitivo. Outros mamíferos e aves são
hospedeiros intermediários, abrigando o ciclo proliferativo.
a paciente deverá:
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hospedeiros intermediários que contenham bradi-
zoítos. Outras formas são a transmissão vertical,
DIA A DIA MÉDICO por via transplacentária, quando a mulher transmite
a infecção ao feto durante a gestação, e, mais rara-
A TARV após o parto não deve ser suspensa, independen- mente, a transmissão através de transplantes de
temente da contagem dos linfócitos T-CD4 e dos sinais órgãos sólidos ou de tecidos.
e sintomas clínicos.
Se houver hemorragia pós-parto, por atonia uterina, em
usuárias de inibidores da protease, não se deve admi- DIA A DIA MÉDICO
nistrar derivado do ergot, devido ao risco de respostas
vasoconstritoras exageradas e isquemias periféricas e
centrais graves. Deve-se preferir ocitocina ou misoprostol. O aleitamento materno está liberado, pois não foi cons-
tatada transmissão pelo leite.
Diante da ocorrência de lactação rebote, fenômeno pouco
comum, pode-se realizar uma nova dose de cabergolina. A importância do diagnóstico dessa infecção para a assis-
tência pré-natal reside no fato de que pode ser facilmente
diagnosticada e tratada durante a gravidez, evitando-se,
dessa forma, graves sequelas neonatais.
3. TOXOPLASMOSE
BASES DA MEDICINA
121
Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Obstetrícia
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Fonte: Acervo Sanar.
3.1. DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO MATERNA Anticorpos IgG surgem cerca de duas semanas
após a infecção, têm pico máximo em seis a oito
semanas e declinam nos dois anos seguintes. Eles
BASES DA MEDICINA conferem imunidade permanente à doença e per-
manecem detectáveis por toda a vida.
O diagnóstico é baseado, essencialmente, em testes soro- Anticorpos IgM surgem já na primeira semana de
lógicos realizados nos programas de rastreamento, em
infecção e geralmente declinam em alguns meses,
razão da grande frequência de infecções assintomáticas.
Apenas 10% a 20% dos infectados apresentarão sintomas, mas eventualmente persistem por anos, após a
que geralmente são inespecíficos (rash cutâneo, febre, infecção inicial. Devido a essa possível persistência
mialgia e adenomegalia). do IgM, sua presença sugere, mas não confirma,
uma infecção aguda, sendo necessárias outras
técnicas para confirmação da infecção materna.
122
Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Cap. 4
BASES DA MEDICINA
A gestante deve ser orientada quanto às medidas
higiênicas e dietéticas para evitar contaminação:
Nesse caso, pode ser resultado falso-positivo ou uma
infecção muito recente que ainda não desenvolveu anticor-
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u Evitar carnes cruas ou malpassadas, assim como pos IgG. Para diferenciar um quadro do outro, sugere-se a
ovos crus ou malcozidos. coleta de IgA e, caso positivo, confirma-se infecção aguda
u Beber água filtrada e evitar ingestão ou contato há menos de quatro meses. Se for negativo, estamos
diante de provável falso-positivo.
com água de lagoas.
u Usar luvas ao manipular alimentos e carnes cruas
e não utilizar a mesma faca para cortar carnes, Se a dosagem de IgA não estiver disponível, o reco-
vegetais e frutas. mendado é iniciar a espiramicina para profilaxia de
u Lavar bem frutas, verduras e legumes. infecção fetal e repetir a sorologia em 2 semanas,
u Evitar contato com gatos e suas fezes, e alimen- visando detectar o aparecimento de anticorpos IgG.
tar os domesticados com rações comerciais. A positivação do IgG confirma infecção aguda,
u Fazer limpeza diária do recipiente de fezes de mas, caso o anticorpo continue negativo após esse
gato com água fervente, por outra pessoa que período, suspende-se a profilaxia considerando a
não seja a gestante. hipótese de resultado falso-positivo. A sorologia
u Usar luvas ao manusear terra ou jardim. deverá, então, ser repetida mensalmente (ou, no
mínimo, trimestralmente).
123
Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Obstetrícia
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menor (6% com 13 semanas), porém mais grave,
na gestação. Dica para decorar: A de Alta = A de podendo levar ao abortamento, ao óbito fetal ou ao
Antiga e B de Baixa = B de Bem recente. acometimento grave do sistema nervoso central do
No entanto, a conduta diante de IgG e IgM positivos feto. Já em idades gestacionais mais avançadas,
depende da idade gestacional: o risco é maior (72% com 36 semanas), mas com
u <16 semanas: iniciar espiramicina (tratamento da acometimento fetal menos grave.
infecção aguda materna e profilaxia da infecção
fetal) e solicitar teste da avidez do IgG na mesma
DIA A DIA MÉDICO
amostra. Se o resultado for alta avidez, a infec-
ção foi prévia à gestação e a espiramicina pode
ser suspensa, pois a paciente é considerada imu- Gestantes com imunidade prévia à gestação apresentam
risco desprezível de transmissão vertical diante de rein-
ne. Se o resultado for baixa avidez, considera-se
fecção pelo Toxoplasma gondii, com a rara exceção de
infecção aguda, a espiramicina é mantida, e o gestantes imunossuprimidas.
próximo passo é realizar a amniocentese para
pesquisa de infecção fetal.
u >16 semanas: iniciar esquema tríplice (sulfadia- 3.3. DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO FETAL
zina + pirimetamina + ácido folínico) e realizar
amniocentese com 18 semanas para pesquisa O diagnóstico padrão-ouro é a confirmação do
de infecção fetal. DNA do parasita pela reação em cadeia da polime-
rase (PCR) no líquido amniótico, obtido através de
amniocentese, entre 18 e 32 semanas de gestação.
Outra possibilidade de confirmação da infecção
fetal seria o uso da cordocentese para pesquisa de
124
Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Cap. 4
anticorpos IgM na circulação fetal, mas essa téc- Em casos de confirmação da infecção fetal, a con-
nica oferece riscos maiores e menor sensibilidade duta para redução do acometimento é a utilização do
quando comparada ao PCR. esquema tríplice:
A tríade clássica da toxoplasmose congênita é u Sulfadiazina 500 mg, 2 comprimidos VO a cada
coriorretinite (15 a 26% dos casos), calcificações
8 horas.
intracranianas (9-13%) e hidrocefalia (1 a 2,4%).
u Pirimetamina 25 mg, 1 comprimido VO a cada
Os principais achados ultrassonográficos são: 12 horas.
u Ácido folínico 15 mg, 1 comprimido VO ao dia.
u focos hiperecogênicos intracraniais;
u ventriculomegalia/hidrocefalia; Se não houver disponibilidade de serviços de medi-
u intestino hiperecogênico; cina fetal para a investigação do acometimento fetal,
u hepatoesplenomegalia; ou nos casos de soroconversão acima de 32 semanas
u calcificações intra-hepáticas; (quando não está indicado o procedimento invasivo),
o esquema tríplice deve ser iniciado, mesmo sem a
u restrição de crescimento fetal;
confirmação da infecção fetal.
u ascite;
Além disso, se o diagnóstico de infecção aguda foi >16
u derrame pericárdico ou pleural;
semanas, o esquema tríplice deve ser iniciado até a
u hidrópsia; obtenção do resultado da pesquisa de infecção fetal.
u óbito fetal;
u aumento da densidade ou diâmetro placentário.
DIA A DIA MÉDICO
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DIA A DIA MÉDICO Pacientes recebendo esquema tríplice precisam fazer
controle hematológico com hemograma a cada duas
O Ministério da Saúde recomenda a realização de ultrasso- semanas, por risco de mielotoxicidade pela pirimetamina.
nografia mensal em pacientes com toxoplasmose aguda
em busca de complicações fetais, embora o exame normal
não afaste a infecção congênita. Em casos mais graves,
esse acompanhamento pode ser quinzenal.
3.4. TRATAMENTO
125
Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Obstetrícia
IgG reagente IgG reagente IgG não reagente IgG não reagente
IgM não reagente IgM reagente IgM reagente IgM não reagente
Manter orientações
de prevenção
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Alta avidez Baixa avidez
Suspender
Infecção aguda
tratamento
Fonte: Ministério da Saúde5.
Infecção aguda
Pré-natal
USG seriado
alto risco
Positivo Negativo
Sulfadiazina +
Pirimetamina +
Ácido folínico
Fonte: Ministério da Saúde5.
126
Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Cap. 4
1. Ministério da Saúde (BR). Boletim epidemiológico - Sífilis. Abrams EJ. Safety and dosing of antiretroviral medications
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127
Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Obstetrícia
QUESTÕES COMENTADAS
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Questão 3
⮦ Sífilis latente precoce; tratar com penicilina ben- (UDI HOSPITAL/REDE D’OR SÃO LUIZ - 2020) Os profissionais
zatina 2400000 UI via intramuscular. de saúde devem estar aptos a identificar as mani-
⮧ Sífilis latente tardia; tratar com penicilina benza- festações clínicas e classificar os estágios da sífilis,
tina 7200000 UI via intramuscular. assim como a interpretar os resultados dos testes,
⮨ Cicatriz sorológica por tratamento prévio não que desempenham função importante no controle
documentado; não tratar e solicitar controle com do agravo, permitindo a definição do diagnóstico e
VDRL em 30 dias. o monitoramento da resposta terapêutica. Assim
sendo, assinale a alternativa correta.
⮩ Sífilis secundária; tratar com penicilina benzatina
2400000 UI via intramuscular. ⮦ Reação de Jarisch-Herxheimer resulta na exa-
cerbação das lesões cutâneas com eritema, dor
Questão 2
ou prurido, configurando-se como uma reação
alérgica à penicilina.
(FACULDADE DE MEDICINA DO ABC - 2020) Maria procurou a ⮧ Sífilis recente (com menos de dois anos de evolu-
UBS assim que descobriu a gestação. Passou na ção) deverá ser tratada com Penicilina G benzati-
primeira consulta com a enfermeira, que fez o teste na 2,4 milhões UI, IM, semanal, por três semanas.
rápido para sífilis, cujo diagnóstico deu positivo. Foi
⮨ O VDRL (teste não treponêmico) é superior ao
solicitado VDRL após, apresentando resultado de
FTA-Abs (teste treponêmico) para o monitora-
1:32. A paciente não tem úlcera genital e nem sinal
mento de resposta ao tratamento.
de sífilis secundária. De acordo com Ministério da
Saúde, qual a classificação do teste rápido e qual ⮩ A possibilidade de reação anafilática à penicilina
a melhor conduta a ser tomada? benzatina torna impeditiva a sua administração
128
Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Cap. 4
nos serviços de saúde, especialmente na Aten- ⮧ Explicar à gestante que o teste rápido pode ser
ção Básica. falso-positivo e repetir o teste após uma semana
⮪ As parcerias sexuais de gestantes com sífilis só ⮨ Realizar um segundo teste rápido com antígeno
devem iniciar tratamento no caso de teste rea- diferente do 1º teste ainda nesta consulta
gente para sífilis. ⮩ Solicitar contagem de CD4+ no sangue periféri-
co e indicar início de tratamento imediato com
antirretroviral
Questão 4
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⮨ Os testes treponêmicos são os melhores pa- missão vertical (TV) do HIV.
râmetros para monitoramento da resposta ao II. Para gestantes em uso de antirretroviral (ARV) e
tratamento. com supressão da CV-HIV sustentada, caso não
⮩ Se a gestante apresentar elevação do título de haja indicação de cesárea por outro motivo, a via
VDRL de 1:4 para 1:8, ou seja, elevação de duas de parto vaginal é indicada.
diluições, deverá ser considerada a possibilida- II. Em mulheres com CV-HIV < que 1.000 cópias/
de de reinfecção. mL, mas detectável, pode ser realizado parto
⮪ FTA-ABS positivo após o tratamento indica, cer- vaginal, se não houver contraindicação obsté-
tamente, falha de tratamento. trica. No entanto o serviço deve estar ciente de
que essa mulher tem a indicação de receber AZT
intravenoso.
Questão 5 Assinale a alternativa correta:
(PROCESSO SELETIVO UNIFICADO-/MG - 2020) Médico é cha- ⮦ Somente a afirmativa I está correta.
mado pela enfermeira da equipe de saúde da família ⮧ Somente a afirmativa II está correta.
de sua área de abrangência para avaliar gestante
⮨ Somente a afirmativa III está correta.
com oito semanas na 1ª consulta de pré-natal e
que teve resultado positivo no teste rápido para ⮩ As afirmativas I, II e III estão corretas.
HIV. Qual a conduta INICIAL MAIS ADEQUADA para
essa situação.
Questão 7
⮦ Encaminhar a gestante para atenção especiali- (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - 2020) Mulher, 37
zada para tratamento e acompanhamento anos de idade, segunda gestação com 1 parto nor-
mal anterior, novo parceiro. Recebeu resultado de
129
Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Obstetrícia
sorologia positiva para HIV com 13 semanas de ges- ⮦ É necessária a realização de teste de avidez da
tação. Paciente questiona sobre medicação, via de IgG para, assim, determinar se a infecção por
parto e aleitamento. Nesse caso, qual a orientação toxoplasmose é aguda.
e condutas adequadas? ⮧ Deve-se iniciar espiramicina e realizar amnio-
centese com pesquisa de PCR para Toxoplas-
⮦ Orientar que a terapia antirretroviral (TARV) é ma gondii.
segura e eficaz na gestação. A cesariana está
⮨ Deve-se iniciar espiramicina, não havendo ne-
indicada para prevenção da transmissão vertical
cessidade de amniocentese ou pesquisa de PCR
independente da carga viral periparto. O recém-
para Toxoplasma gondii.
-nascido deve receber xarope de AZT. O aleita-
⮩ Não se deve iniciar espiramicina, mas é necessá-
mento materno é contraindicado
rio realizar amniocentese com pesquisa de PCR
⮧ Orientar que a terapia antirretroviral (TARV) é para Toxoplasma gondii, só iniciando a terapia
segura e eficaz na gestação e explicar que o após o resultado de PCR.
principal fator que determina a transmissão ⮪ Deve-se iniciar tratamento com pirimetamina,
vertical é a administração de AZT antes do par- sulfadiazina e ácido folínico.
to e a cesariana eletiva. O recém-nascido deve
receber xarope de AZT e o aleitamento materno
é contraindicado Questão 9
⮨ Orientar que a terapia antirretroviral (TARV) é (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS - 2020) Primípara,
segura e eficaz na gestação. O parto pode ser 32 semanas de gestação, realizando a primeira
vaginal se a carga viral periparto estiver indetec- consulta de pré-natal, apresenta quadro sorológico
tável. Nessa situação, a mãe não precisa receber confirmado de toxoplasmose. Que conduta terapêu-
AZT intravenoso no parto, mas o recém-nascido tica deverá ser estabelecida?
deve receber xarope de AZT oral. O aleitamento
⮦ Iniciar tratamento com Espiramicina.
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materno é contraindicado
⮩ Orientar que a terapia antirretroviral (TARV) é ⮧ Iniciar tratamento com Sulfadiazina, Pirimeta-
mina e Ácido Folínico.
segura na gestação. Caso a carga viral periparto
esteja indetectável, a mãe pode decidir sobre a ⮨ O tratamento só deverá ser iniciado após o parto.
via de parto. O aleitamento materno não é con- ⮩ Iniciar tratamento com Pirimetamina e Ácido
traindicado Folínico.
⮪ Orientar que a terapia antirretroviral (TARV) é ⮪ Nenhuma das alternativas acima está correta.
segura na gestação. O parto pode ser vaginal,
desde que a CV periparto esteja indetectável
Questão 10
e a mãe receba AZT intravenoso no parto. O
recém-nascido deve receber xarope de AZT e (FACULDADE DE MEDICINA DE PETRÓPOLIS - 2020) Paciente,
nevirapina via oral. O aleitamento materno não G2PN1A0, IG:26 semanas, realizou a 1ª sorologia
é contraindicado para Toxoplasmose tardiamente, com resultado IgG
e IgM POSITIVOS, tendo sido prescrita Espiramicina.
Foi encaminhada para realização de amniocentese,
Questão 8
com resultado NEGATIVO para pesquisa de infec-
(SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO - 2022) Uma ção fetal. Qual a conduta adequada?
gestante com início tardio de pré-natal e 26 sema-
⮦ Suspender o uso da Espiramicina.
nas, no retorno em consulta, entre os exames soli-
citados, tinha sorologia de toxoplasmose com IgM ⮧ Realizar teste de avidez de IgG.
positivo e IgG positivo. Considerando o resultado ⮨ Iniciar Pirimetamina, Sulfadiazina e Ácido Fo-
da sorologia e a idade gestacional, nesse caso hi- línico.
potético, assinale a alternativa correta. ⮩ Manter o uso da Espiramicina até o parto.
130
Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Cap. 4
GABARITO E COMENTÁRIOS
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ter tratado sífilis na vida. Por isso, devemos con- co. A paciente deve ser tratada, bem como as par-
siderar que essa gestante tem sífilis de duração cerias sexuais. A notificação de sífilis na gestação
indeterminada (está assintomática) e tratar como é compulsória.
latente tardia (penicilina G benzatina, 2,4 milhões
UI, IM, semanal, por 3 semanas. Dose total: 7,2 mi- ✔ resposta: D
lhões UI, IM).
Alternativa A: INCORRETA. Não podemos afirmar que Questão 3 dificuldade:
esta paciente tem sífilis há menos de 2 anos.
Y Dica do professor: A sífilis é uma infecção sexual-
Alternativa B: CORRETA. Vide dica do professor.
mente transmissível de grande relevância, ainda que
Alternativa C: INCORRETA. A paciente nega tratamen- negativa, na era pré-antibiótica, especialmente pelas
to prévio, por isso devemos considerar que ela tem muitas mortes decorrentes dessa patologia. Na era
sífilis e realizar o tratamento. moderna, essa infecção se tornou facilmente tratá-
Alternativa D: INCORRETA. A paciente não tem sífilis vel; entretanto, nos últimos anos, tem-se observado
secundária, ela está assintomática. um grande aumento na incidência da sífilis no Bra-
✔ resposta: B sil. A OMS indica que, por ano, ocorrem cerca de 6
milhões de novos casos de sífilis, com uma taxa de
cerca de 17,2 casos e 17,7 casos para cada 100.000
Questão 2 dificuldade: mulheres e homens, respectivamente.
Y Dica do professor: Pacientes assintomáticas, que Por tratar-se de uma infecção tão prevalente, com
têm o diagnóstico sorológico, devem ser tratadas clínica marcante, que pode causar uma evolução
como sífilis latente tardia. Nestes casos, o trata- grave caso não tratada e, inclusive, apresentar uma
mento preconizado é com penicilina benzatina 7,2 forma congênita. A sífilis é um tema muito abordado
nos concursos de residência médica.
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Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Obstetrícia
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lizar o seguimento. Alternativa D: INCORRETA. A possibilidade de reati-
Alternativa E: INCORRETA. É recomendado tratar os vação ou reinfecção deve ser considerada quando
parceiros sexuais de gestantes com sífilis indepen- houver aumento da titulação em 2 diluições ou mais
dentemente do seu status sorológico, para evitar (Ex: 1:4 para 1:16 ou 1:16 para 1:64). A alternativa
que a gestante seja tratada e posteriormente rein- dá um exemplo de aumento de apenas 1 diluição
fectada pela sua parceria. (1:4 para 1:8).
✔ resposta: C Alternativa E: INCORRETA. O FTA-Abs é um teste tre-
ponêmico que, na maioria das vezes, permanece
reagente por toda a vida da paciente, mesmo após
Questão 4 dificuldade: o tratamento. Como já foi comentado, são impor-
Y Dica do professor: Para o diagnóstico, tratamento tantes para o diagnóstico, mas não estão indicados
e seguimento dos pacientes com sífilis, devemos para o monitoramento da resposta ao tratamento.
ter conhecimento das provas sorológicas utilizadas ✔ resposta: B
para sua investigação: testes não treponêmicos e
testes treponêmicos. Os testes treponêmicos são
Questão 5 dificuldade:
os que detectam anticorpos específicos produzi-
dos contra antígenos do Treponema pallidum e são Y Dica do professor: Questão sobre o diagnóstico
os primeiros a se tornarem reagentes. Na maioria de HIV na gravidez. Diante de um teste positivo, o
das vezes, permanecem reagentes pelo resto da diagnóstico precisa ser confirmado com a realiza-
vida do indivíduo, mesmo após o tratamento. Não ção imediata de um segundo exame, preferencial-
são indicados para o monitoramento da resposta mente com um método diferente do primeiro teste.
ao tratamento por oferecerem resultado qualitativo
132
Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Cap. 4
Alternativa A: INCORRETA. A paciente tem apenas o bebê durante a gestação, quando não são realiza-
um teste rápido positivo para HIV, primeiramente o das intervenções de profilaxia na gestação, e, com
diagnóstico precisa ser confirmado, antes mesmo o uso de AZT no parto e no recém-nascido, as taxas
de realizar o encaminhamento. de transmissão vertical aumentam.
Alternativa B: INCORRETA. O teste deve ser repetido Alternativa A: INCORRETA. A TARV é eficaz e segura,
imediatamente. Não devemos aguardar 1 semana. porém a via de parto é obstétrica se a carga viral
Alternativa C: CORRETA. De acordo com o protocolo é indetectável. O aleitamento está contraindicado.
do Ministério da Saúde, na presença de teste rápi- Alternativa B: INCORRETA. O que determina a transmis-
do inicial para HIV positivo, está indicado repetir o são vertical é o uso de TARV corretamente durante
exame imediatamente, de preferência utilizando um toda a gestação, mantendo a carga viral indetectável.
método diferente do primeiro. Alternativa C: CORRETA.
Alternativa D: INCORRETA. Antes de pensarmos em Alternativa D: INCORRETA. O aleitamento é contrain-
contagem de CD4+ ou em começar o tratamento dicado pelo fato da ocorrência do vírus do HIV no
com TARV, a paciente precisa ter o diagnóstico leite humano já ter sido comprovada, bem como
confirmado, com um segundo teste. sua infectividade.
✔ resposta: C Alternativa E: INCORRETA. Se a gestante faz uso de
TARV e tem CV indetectável após 34 semanas, não
há indicação de fazer AZT intraparto, mantém-se
Questão 6 dificuldade:
apenas a TARV oral habitual. O aleitamento é con-
Y Dica do professor: A recomendação do Ministério traindicado pelo fato da ocorrência do vírus do HIV
da Saúde sobre a via de parto e o uso de AZT na no leite humano já ter sido comprovada, bem como
gestante portadora de HIV, segundo o último ma- sua infectividade.
nual (2019), depende da Carga Viral (CV) dosada resposta: C
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✔
com 34 semanas de gestação. Gestantes com CV
desconhecida ou >1.000 cópias: cesárea eletiva
na 38ª semana + AZT EV 3 horas antes; gestantes Questão 8 dificuldade:
com CV < 1000 cópias: via de parto obstétrica (pode Y Dica do professor: Paciente com 26 semanas e
ser vaginal) + AZT EV; gestantes com CV indetec-
sorologia para toxoplasmose IgM positiva e IgG
tável: via de parto obstétrica (pode ser vaginal) e
positiva. Estamos diante de uma infecção aguda:
NÃO fazer AZT EV intraparto, manter apenas TARV
o teste de avidez da IgG só está indicado até 16 se-
oral habitual.
manas, pois após esse período podemos afirmar
Alternativa I: CORRETA. Além de estar indicada zido- que a infecção aconteceu durante a gestação. Dian-
vudina (ZTV) EV, 3 horas antes da cesárea. te da infecção aguda com 26 semanas, devemos
Alternativa II: CORRETA. Carga viral indetectável ou iniciar a espiramicina e prosseguir a investigação
mesmo detectável inferior a 1.000 cópias/mL per- de infecção fetal com amniocentese e PCR para
mitem via de parto obstétrica (ou seja, pode ter Toxoplasma gondii no líquido amniótico. Se PCR
parto vaginal). positiva, está indicado o tratamento com esquema
Alternativa III: CORRETA. Apenas CV indetectável (= tríplice: pirimetamina + sulfadiazina + ácido folínico.
intransmissível) dispensa o uso de AZT no parto. Vamos analisar as alternativas:
✔ resposta: D Alternativa A: INCORRETA. O teste da avidez da IgG só
está indicado até 16 semanas, quando ainda existe
a possibilidade de a infecção ter ocorrido antes da
Questão 7 dificuldade: gestação. Após essa idade gestacional, diante da
sorologia positiva, podemos afirmar que a infecção
Y Dica do professor: A transmissão vertical do HIV
aconteceu durante a gravidez.
ocorre através da passagem do vírus da mãe para
133
Infecções: sífilis, HIV e toxoplasmose na gestação Obstetrícia
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fetal por meio da amniocentese (realizada entre 17
e 32 semanas) e do PCR no líquido amniótico. Se
confirmada a infecção fetal, o esquema tríplice deve
ser iniciado (Sulfadiazina, Pirimetamina e Ácido Fo-
línico). Na indisponibilidade de serviços de medicina
fetal para investigação de acometimento fetal ou
nos casos de soroconversão acima de 32 semanas
(quando não está indicado o procedimento invasivo),
o esquema tríplice deve ser iniciado mesmo sem a
confirmação da infecção fetal. A questão traz uma
gestante com diagnóstico de toxoplasmose com 32
semanas, estando indicado, portanto, o tratamento
com esquema tríplice.
✔ resposta: B
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DOENÇAS INTERCORRENTES Capítulo
NA GESTAÇÃO 5
importância/prevalência
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tica por Streptococcus agalactie (do grupo B), além
do tratamento, a profilaxia antibiótica para sepse
As infecções do trato urinário são as complicações neonatal também deve ser realizada no momento
infecciosas mais comuns na gestação. do parto.
O tratamento deve ser guiado pelo antibiograma, e
1.1. BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA
as principais opções terapêuticas são cefalexina,
nitrofurantoína e fosfomicina. Está indicada a rea-
A bacteriúria assintomática é definida pela presença lização de uma nova urocultura uma semana após
de >100.000 UFC/mL na urocultura, na ausência de o final do tratamento para controle de cura.
sintomas.
Acomete de 2 a 7% das gestantes, sendo mais fre-
DIA A DIA MÉDICO
quente no 1º trimestre da gravidez. Os principais
fatores de risco são: antecedente de infecção do
O uso de nitrofurantoína no 3º trimestre pode causar
trato urinário; diabetes; multiparidade; e baixo nível
hemólise em fetos com deficiência de G6PD.
socioeconômico.
A bacteriúria assintomática deve sempre ser tratada
na gestação. A ausência de tratamento foi asso- 1.2. CISTITE
ciada ao aumento do risco de prematuridade, ao
baixo peso ao nascer e à mortalidade perinatal. O Cistite é a infecção do trato urinário inferior, que
tratamento da bacteriúria reduz em 70-80% o risco acomete 1 a 2% das gestantes. Os sintomas são
de pielonefrite na gravidez. típicos de infecção urinária: disúria, polaciúria,
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Doenças intercorrentes na gestação Obstetrícia
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musculatura lisa e a consequente dilatação ureteral
o desejo da gestante pela interrupção da gravidez,
facilitam a ascensão bacteriana da bexiga para os
ou por evitar uma nova gestação no futuro.
rins. Além disso, a imunossupressão gestacional
também contribui para a ocorrência de pielonefrite,
com risco de evolução para sepse. 2.1. FISIOPATOLOGIA
Diferentemente da cistite, o quadro clínico da pielo-
nefrite inclui sintomas sistêmicos: febre (geralmente A fisiopatologia não é totalmente esclarecida e
> 38 oC), queda do estado geral, dor lombar, Sinal parece ser multifatorial. Níveis muito elevados de
de Giordano (punho percussão lombar) positivo, Beta-hCG parecem ser o principal fator etiológico.
náuseas e vômitos. Além disso, foram descritos: elevação dos níveis de
estrogênio e progesterona; motilidade gastrointes-
O quadro é potencialmente grave, com risco de pro-
gressão rápida para sepse. Por isso, o tratamento tinal anormal; infecção pelo Helicobacter pylori; e
deve ser hospitalar, com antibioticoterapia endove- fatores genéticos.
nosa. A classe de escolha são as cefalosporinas,
como cefazolina e ceftriaxone.
DIA A DIA MÉDICO
A antibioticoterapia endovenosa deve ser mantida
por, pelo menos, 48h. Caso a paciente apresente
Situações com maiores níveis de Beta-hCG, como gesta-
melhora clínica e laboratorial, o tratamento pode
ções múltiplas e mola hidatiforme, têm maior associação
ser completado via oral. com a hiperêmese gravídica.
Exames complementares a serem solicitados: hemo-
grama completo, proteína C reativa (PCR), urina tipo
1, urocultura, função renal, eletrólitos e gasometria
(se sinais de sepse).
136
Doenças intercorrentes na gestação Cap. 5
Geralmente os sintomas têm início antes das 16 A conduta inclui internação hospitalar para manejo
semanas de gestação. As pacientes com hiperêmese clínico.
gravídica podem apresentar: vômitos incoercíveis;
Devem ser realizadas:
incapacidade de alimentar-se ou de ingerir líquidos
normalmente; perda ponderal superior a 5%; ceto-
u avaliação ponderal;
núria (na ausência de outras causas); limitação das u avaliação de pressão arterial e frequência cardíaca;
atividades de vida diária; hipersalivação; hipotensão u Exames laboratoriais;
ortostática e sinais clínicos de hipovolemia. u avaliação fetal;
u ultrassonografia para avaliar a presença de ges-
2.3. EXAMES LABORATORIAIS tação múltipla ou molar;
u hidratação endovenosa;
Alterações eletrolíticas, tireoidianas e hepáticas u correção de distúrbios eletrolíticos;
podem estar presentes nos exames laboratoriais.
u antieméticos endovenosos.
Diante de um quadro de hiperemese gravídica, devem
ser solicitados: Em casos refratários, o uso de corticoides pode
ser uma estratégia terapêutica. Em casos graves
u dosagem sérica de sódio, potássio, fósforo, mag-
— refratários a todas as medidas — podem ser
nésio e cálcio;
necessárias a sondagem nasogástrica ou até a
u cetonuria; nutrição parenteral.
u ureia e creatinina;
u hemograma completo;
u enzimas hepáticas; 3. S ÍNDROME DO ANTICORPO
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u amilase e lipase; ANTIFOSFOLÍPIDE (SAAF)
u função tireoidiana.
O Quadro 1 apresenta as anormalidades que podem
ser observadas nos exames laboratoriais das pacien- BASES DA MEDICINA
tes com hiperemese.
A Síndrome do Anticorpo Antifosfolípide (SAAF) é um
Quadro 1. Alterações dos exames distúrbio multissistêmico autoimune, caracterizado por
laboratoriais na hiperemese gravídica. um estado de hipercoagulabilidade, que desencadeia even-
tos tromboembólicos arteriais, venosos ou de pequenos
Hipocalemia vasos e/ou perdas gestacionais recorrentes, na presença
Hipomagnesemia de autoanticorpos (anticoagulante lúpico, anticardiolipina
e antibeta-2-glicoproteína-1). Além disso, também causam
Hipocalcemia prejuízos na implantação do zigoto e no desenvolvimento
embrionário.
Alcalose metabólica hipoclorêmica
137
Doenças intercorrentes na gestação Obstetrícia
• Morbidade gestacional:
• Uma ou mais mortes de feto morfologicamente normal • Anticardiolipinas (ACL) IgG ou IgM em
com mais de 10 semanas de idade gestacional, confirmado títulos moderados (> 40) a altos (> 80), em
por Ultrassom (US) ou exame do feto. duas ou mais ocasiões com intervalo de,
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no mínimo, 12 semanas por teste ELISA
• U m ou mais nascim e n tos p re matu ros de fe to
padronizado.
morfologicamente normal com 34 semanas ou menos
em virtude de eclâmpsia, pré-eclâmpsia ou causas de
insuficiência placentária. • Antibeta2GPI IgG ou IgM (em títulos acima
• Três ou mais abortamentos espontâneos antes de 10 do percentil 99) presente no plasma em
semanas de idade gestacional, sem anormalidades duas ou mais ocasiões, com intervalo
hormonais ou anatômicas maternas , e causas mínimo de 12 semanas, por teste ELISA
cromossomiais paternas ou maternas excluídas. padronizado.
Fonte: Danowski².
3.2. TRATAMENTO
DIA A DIA MÉDICO
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Doenças intercorrentes na gestação Cap. 5
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de gestação, passando a quinzenais ou semanais
a partir desse período. O hipotireoidismo é a destruição da glândula por
diferentes causas, como doença autoimune, uso
O parto deve ser programado entre 38 e 40 semanas,
prévio de iodo radioativo, tireoidectomia.
para que haja suspensão prévia da enoxaparina e
do AAS. O AAS deve ser suspenso uma semana O quadro clínico se assemelha e se confunde com
antes do parto, e a enoxaparina, 24 horas antes, queixas típicas e sintomas fisiológicos da gestação;
permitindo a raquianestesia. por isso, pode ser subestimado e subdiagnosticado.
A via de parto, não havendo outras contraindicações,
Quadro 3. Quadro clínico do hipotireoidismo.
é preferencialmente vaginal.
No puerpério, a enoxaparina e o AAS devem ser Fadiga
reintroduzidos após 12 horas do parto e mantidos Ganho ponderal
nos 42 dias de puerpério, quando, então, ocorrerá
Intolerância ao frio
a transição para a anticoagulação oral, conforme
indicação médica. Ressecamento da pele
Astenia
Sonolência
DIA A DIA MÉDICO
Constipação intestinal
Opções à enoxaparina, em doses profiláticas, quando ela Queda de cabelo
não estiver disponível: heparina não fracionada (5.000 a
10.000 UI, a cada 12 horas, por via subcutânea) ou dalte- Unhas fracas
parina (5.000 UI/dia, ou, ainda, 100 UI/kg/dia). Câimbras
139
Doenças intercorrentes na gestação Obstetrícia
Histórico de infertilidade.
4.1. DIAGNÓSTICO
História prévia de abortamento ou parto prematuro.
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W
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TSH ENTRE 2,5 E 4 mUI/L TSH ENTRE 4 E 10 mUI/L
TSH ENTRE 4 E 10 mUI/L TSH ENTRE 2,5 E 4 mUI/L
Considerar tratamento Considerar tratamento
Tratar com levotiroxina Nenhum tratamento
com levotiroxina com levotiroxina
141
Doenças intercorrentes na gestação Obstetrícia
Fatores de risco:
Quadro clínico:
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Fadiga
Tratamento Hipotireoidismo Ganho ponderal
na gravidez
Levotiroxina Intolerância ao frio
Ressecamento da pele
Sonolência
1º trimestre 0,1 a 2,5 mUI/L
Unhas fracas
Câimbras
142
Doenças intercorrentes na gestação Cap. 5
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de feedback negativo. Esse hipertireoidismo fisiológico e
pela produção de TRAb, anticorpo antirreceptor transitório ocorre no início da gestação, com tendência à
de TSH. Quanto mais altos os níveis circulantes normalização dos valores a partir do 2º trimestre e, dessa
de anticorpos estimuladores, maior a atividade da maneira, valores de TSH entre 0,1 e 2,5 podem estar rela-
cionados à supressão do TSH devido à influência do pico
doença e mais intensa a liberação e a produção
de HCG nas primeiras semanas da gestação.
hormonal tireoidiana.
143
Doenças intercorrentes na gestação Obstetrícia
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categorias D na gestação. Essas drogas podem induzir DIA A DIA MÉDICO
o desenvolvimento de hipotireoidismo e de bócio no feto,
pois podem atravessar a placenta. Para fazer a troca das medicações, o equivalente potencial
de MMI e PTU é de aproximadamente 1:20, ou seja, 5 mg
de MMI correspondem a 100 mg de PTU.
A ausência de tratamento expõe as pacientes ao
Os agentes betabloqueadores, como o propranolol, na
risco de crise tireotóxica e, por isso, os benefícios dose de 10 a 40 mg, a cada seis ou oito horas, podem ser
da medicação superam os riscos. utilizados para controlar os sintomas hipermetabólicos,
até que seja obtido o eutireoidismo.
O recomendado é utilizar propiltiouracil no 1º trimes-
tre, pois o metimazol é teratogênico nesse período
e é associado à aplasia cútis, ao dismorfismo facial,
à atresia de coanas e de esôfago e a defeitos de
parede abdominal, oculares, do sistema urinário e de 6. EMBOLIA AMNIÓTICA
septo ventricular. Porém, o Propiltiouracil (PTU) tem
risco de provocar hepatite fulminante na gestante e
agranulocitose; então, orienta-se a substituição por BASES DA MEDICINA
Metimazol (MMI) no 2º e 3º trimestres.
A embolia de líquido amniótico ocorre quando elementos
Tabela 2. Dose inicial dos fármacos antitireoidianos do líquido amniótico causam obstrução da artéria pulmo-
nar, ativação dos processos de inflamação e coagulação
Dose dividida em 2 ou
PTU 5-30 mg/dia através de um processo imunomediado, semelhante
3 tomadas diárias
ao que ocorre nos choques sépticos e anafilático. São
MMI 100- 450 mg/dia Dose única diária encontradas células escamosas e mucina de origem fetal
em vasos pulmonares maternos.
Fonte: Zugaib et al.³
144
Doenças intercorrentes na gestação Cap. 5
Trata-se de um quadro grave e de alta morbimorta- u Acessos venosos calibrosos, oxigênio comple-
lidade (até 80%), com nenhum fator de risco bem mentar, monitorização.
documentado, embora se acredite que parto cesá- u Ressuscitação cardiopulmonar de alta qualidade.
rea, parto vaginal instrumental, placenta prévia, u Administração de fluidos endovenosos.
descolamento prematuro de placenta, acretismo
placentário e pré-eclâmpsia possam aumentar as
u Controle de hemorragia e coagulopatia – reco-
chances de ocorrência. menda-se o uso de ácido tranexâmico + aciona-
mento de protocolo de transfusão maciça.
u Resolução do parto imediatamente.
6.1. DIAGNÓSTICO
7. CARDIOPATIAS
BASES DA MEDICINA
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Todos os critérios diagnósticos devem estar pre- principais causas de morte materna. Durante a ges-
sentes: tação, as modificações do sistema cardiovascular
podem culminar na descompensação de pacientes
u Início súbito de parada cardiorrespiratória OU
cardiopatas anteriormente compensadas.
hipotensão (PAS < 90 mmHg) com evidência de
comprometimento respiratório. Desde o pré-natal, a paciente cardiopata deve ser
acompanhada com Eletrocardiograma (ECG) e eco-
u Coagulopatia (CIVD) detectada por meio de pon-
cardiograma, sendo obrigatórios esses exames no
tuação maior ou igual a 3, nos seguintes parâ-
3º trimestre, além de acompanhamento conjunto
metros: plaquetas > 100.000 (0 pontos); plaque-
obstetra-cardiologista.
tas < 100.000 (1 ponto); plaquetas < 50.000 (2
pontos); INR < 25% de aumento (0 pontos); INR Em cada consulta, deve ser realizada a classificação
> 25% a 50% de aumento (1 ponto); INR> 50% de funcional da gestante (NYHA):
aumento (2 pontos); fibrinogênio > 200 (0 pon- u Classe funcional I – Paciente assintomática em
tos); < 200 (1 ponto). suas atividades físicas habituais.
u Ausência de febre durante o parto. u Classe funcional II – Paciente assintomática em
repouso. Os sintomas são desencadeados pela
atividade física habitual.
6.2. TRATAMENTO
u Classe funcional III – Paciente assintomática em
repouso. Uma atividade menor que a habitual
O tratamento consiste no atendimento rápido e causa sintomas.
eficiente da paciente, por equipe multidisciplinar, na
u Classe Funcional IV – Paciente com sintomas
tentativa de reverter os danos do quadro, mesmo
(dispneia, palpitações e fadiga), ocorrendo na
que diante de sua alta gravidade.
realização das menores atividades físicas e mes-
u Transferência para UTI, assim que possível. mo em repouso.
145
Doenças intercorrentes na gestação Obstetrícia
Nos casos de classe III e IV, a paciente deve ser São indicações relativas de cesárea: estenose aór-
acompanhada em regime hospitalar de internação, tica grave, infarto agudo do miocárdio recente e
geralmente até o termo. Condições que possam descompensação materna importante, refratária
piorar a função cardíaca, como infecções, anemia, ao tratamento clínico.
estresse, obesidade e hipertireoidismo, devem ser São indicações absolutas de cesárea: Síndrome de
investigadas e tratadas adequadamente. Marfan com acometimento de aorta, insuficiência
Sinais e sintomas de descompensação cardíaca cardíaca classes funcionais III e IV, hipertensão
incluem: arterial pulmonar grave e aneurisma dissecante
de aorta.
u taquicardia materna;
u dispneia progressiva;
7.3. VALVOPATIAS
u estertores crepitantes em bases pulmonares;
u hemoptise;
u edema progressivo; 7.3.1. Estenoses
u arritmias com repercussão hemodinâmica;
u cianose; BASES DA MEDICINA
u tromboembolismo arterial ou venoso.
Pacientes portadoras de estenoses sofrem grande reper-
Devemos lembrar que a gestação não altera a his-
cussão clínica durante a gravidez, causada pela inabilidade
tória natural da doença e a presença de cardiopatia do sistema cardiovascular de se adaptar ao aumento do
materna aumenta a incidência de baixo peso e de volume circulante e do débito cardíaco.
óbito fetal.
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7.1. PROFILAXIA PARA ENDOCARDITE
díaco durante a gestação, pacientes previamente
assintomáticas podem ter sintomas desencadeados
A profilaxia para endocardite está indicada nas
e/ou exacerbados diante das modificações gravídi-
cardiopatas de moderado a alto risco, antes de
cas. Inclusive, essa sobrecarga hemodinâmica da
procedimentos obstétricos, incluindo-se curetagem
gestação implica risco de insuficiência cardíaca em
pós-abortamento, partos vaginais e partos cesárea.
pacientes com estenose mitral e estenose aórtica
São pacientes de moderado a alto risco aquelas moderadas ou graves.
com valvopatia reumática, portadoras de prótese
valvar, história de endocardite infecciosa prévia, 7.3.1.1. Estenose aórtica
cardiopatia congênita cianótica complexa ou com
shunts cirúrgicos sistêmicos pulmonares.
BASES DA MEDICINA
Esquema de profilaxia:
u Ampicilina 2 g EV + gentamicina 1,5 mg/kg (até As complicações maternas estão relacionadas à estenose
120 mg) EV ou IM de 30 a 60 minutos antes do moderada ou grave (área valvar < 1 cm2 ou gradiente
procedimento (pacientes de alto risco: repetir o transvalvar > 64 mmHg), pois, nesses casos, a redução
da pré-carga pode provocar queda exagerada do débito
esquema em seis horas).
e hipotensão.
146
Doenças intercorrentes na gestação Cap. 5
importante dificuldade de tratamento clínico, que Nas pacientes com classes funcionais III e IV não
pode ser feito com diuréticos, betabloqueadores, responsivas ao tratamento clínico – escore de
bloqueadores de canal de cálcio, digoxina, hidrala- Block maior ou igual a 10 –, está indicado o trata-
zina, ácido acetilsalicílico e heparina. mento cirúrgico com valvoplastia. O procedimento
deve ser realizado, preferencialmente, no segundo
trimestre da gestação e, idealmente, entre a 24ª e
DIA A DIA MÉDICO a 28ª semana.
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cordas.
4 - Espessamento extenso e encurtamento de todas as
É a cardiopatia mais comum no Brasil, e sua principal estruturas das cordas, expandindo-se para os músculos
causa é de origem reumática. papilares.
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Doenças intercorrentes na gestação Obstetrícia
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Prolapso da válvula mitral é a causa mais comum A cirurgia durante a gestação deve ser reservada
de insuficiência mitral na gestante, e sintomas de aos casos graves descompensados.
insuficiência cardíaca ocorrem em uma proporção Se houver indicação de troca valvar em mulher em
de, aproximadamente, 15%. idade fértil, biopróteses devem ser escolhidas.
Na maioria das vezes, o manejo é clínico, e rara-
mente é necessário valvoplastia. O tratamento
clínico é feito com diurético naquelas pacientes 8. COVID-19
com congestão pulmonar, e vasodilatadores estão
indicados somente na presença concomitante de
A pandemia causada pelo SARS-CoV-2 começou
hipertensão arterial sistêmica. Os inibidores da
no final de 2019 em Wuhan, na China. Gestantes e
enzima conversora de angiotensina estão con-
puérperas constituem grupo de risco para a covid,
traindicados pelo risco teratogênico; no entanto,
apresentando apresentam evolução mais rápida
a hidralazina, considerada segura, é amplamente
para quadros moderados e graves.
utilizada.
Dados epidemiológicos demonstraram que, com a
7.3.2.2. Insuficiência Aórtica pandemia, a sín-drome respiratória aguda passou
ser a principal causa de morte materna no Brasil.
Cerca de 0,6% a 2% das gestantes infectadas por
BASES DA MEDICINA covid vão a óbito.
148
Doenças intercorrentes na gestação Cap. 5
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• coriza
nado à covid-19 (adinamia, prostração, OU
• diarreia
• dor abdominal hipotermia, diarreia)
• saturação de O2 menor que 95%
• febre OU em ar ambiente
• calafrios • pelo menos um dos sintomas acima OU
• mialgia + presença de fator de risco • coloração azulada de lábios ou
• fadiga rosto
• cefaleia
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Doenças intercorrentes na gestação Obstetrícia
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• Cuidados clínicos maternos
• Cardiotocografia e USG
Indicar parto se:
> 34 semanas
• Alteração de vitalidade fetal
• Houver benefício para a ventilação mater-
na, discutido com a equipe de cuidados in-
tensivos.
Fonte: Ministério da Saúde8.
150
Doenças intercorrentes na gestação Cap. 5
INTERNAÇÃO
Oxigenioterapia INTERNAÇÃO EM UTI
Medicações Oxigenioterapia
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Gestante/puérpera classificada com doença CRÍTICA apresenta falência
respiratória, choque séptico e/ou disfunção de múltiplos órgãos.
*RX/TC de tórax: providenciar proteção abdominal com avental de chumbo para a gestante.
Fonte: Adaptado de Ministério da Saúde8.
151
Doenças intercorrentes na gestação Obstetrícia
REFERÊNCIAS
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findings and evaluation.
2. Danowski A, Rego J, Kakehasi AM, Funke A, Carvalho JF,
Lima IVS, et al. Diretrizes para o tratamento da síndrome
do anticorpo antifosfolipídeo. Rev Bras Reumatol. 2013;
53(2):184-92.
3. Zugaib M, Francisco RPV. Zugaib Obstetrícia. 4. ed. Barueri:
Manole; 2020.
4. Ross DS. Hypothyroidism during pregnancy: Clinical mani-
festations, diagnosis, and treatment. UpToDate [Internet];
2022 [acesso em 29 dez 2022]. Disponível em: https://
www.uptodate.com/contents/hypothyroidism-during-preg-
nancy-clinical-manifestations-diagnosis-and-treatment.
5. Alexander EK, Pearce EN, Brent GA, Brown RS, Chen H,
Dosiou C, Grobman WA, et al. Guidelines of the American
Thyroid Association for the Diagnosis and Management
of Thyroid Disease During Pregnancy and the Postpar-
tum. Thyroid. mar. 2017; 27(3):315-389. doi: 10.1089/
thy.2016.0457. Erratum in: Thyroid. 2017 Sep;27(9):1212.
PMID: 28056690.
6. Tarasoutchi F, Montera MW, Grinberg M, Barbosa MR,
Piñeiro DJ, Sánchez CRM, et al. Diretriz Brasileira de Valvo-
patias - SBC 2011/I Diretriz Interamericana de Valvopatias
- SIAC 2011. Arq Bras Cardiol. 2011; 97(5 supl. 1): 1-67.
152
Doenças intercorrentes na gestação Cap. 5
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1 Questão 3
(HOSPITAL MILITAR DE ÁREA DE SÃO PAULO – 2021) Sobre a (PUC – SOROCABA – 2021) Considerando os atuais conhe-
hiperêmese gestacional, é correto afirmar que: cimentos sobre a infecção pela covid-19, qual das
alternativas abaixo apresenta informações COR-
⮦ A sua etiologia pode estar associada a fatores RETAS para a ocorrência de covid-19 no período
endocrinológicos, imunológicos, mecânicos e gravídico-puerperal?
psicossomáticos.
⮧ O distúrbio metabólico mais frequentemente ⮦ As gestantes classificadas como Estágio I (infec-
encontrado é a alcalose hiperclorêmica. ção inicial) da doença precisam de internação,
pois sua evolução para piora clínica pode ser
⮨ O quadro de vômitos incoercíveis não está as-
súbita e demandar a interrupção da gestação.
sociado à desidratação e nem à perda hidroele-
trolítica. ⮧ Aquelas gestantes que forem diagnosticadas
com covid-19 não podem receber vacinação
⮩ Sua frequência diminui em gestações múltiplas.
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durante o pré-natal, uma vez que a ativação da
⮪ Todo quadro de hiperêmese gestacional deve resposta imune poderá interferir na evolução
ser de internação e parto resolutivo se gestação do coronavírus.
acima de 34 semanas, pois apresenta grande
⮨ Gestantes com Estágio II (fase pulmonar da
risco de vida à gestante.
doença) podem receber antibióticos (azitromici-
na, ou amoxacilina/clavulanato, ou ceftriaxona).
Questão 2 Heparina sódica e corticoterapia serão indicadas,
segundo avaliações individualizadas.
(SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE/BAHIA – 2012) Paciente, com 40
⮩ A via de parto para gestantes com infecção SAR-
semanas de gestação, cardiopata, classe funcional
S-CoV-2 será sempre cesárea, tendo em vista a
I, NYHA, dá entrada na maternidade no período ex-
necessidade de rápida resolução do processo
pulsivo do trabalho de parto. A MELHOR conduta,
e redução da exposição conceptual para con-
no caso, é:
tágio intraparto.
⮦ Realizar cesariana imediatamente.
⮧ Encaminhar para maternidade de alto risco com Questão 4
UTI.
⮨ Acompanhar como gestante de baixo risco. (SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS - SÃO PAULO – 2021) Quanto
ao hipotireoidismo na gestação, a Febrasgo reco-
⮩ Aplicar fórcipe de alívio.
menda que:
⮪ Realizar cesariana seguida de salpingotripsia.
⮦ É necessária a suplementação de iodo para mu-
lheres que recebem levotiroxina.
153
Doenças intercorrentes na gestação Obstetrícia
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aos cuidados corretos para gestantes cardiopatas,
é possível afirmar: cm. Submetida a amniotomia com líquido claro com
grumos e, após algum período, subitamente evolui
⮦ Pode-se realizar analgesia peridural; deve-se apli- com hipotensão arterial, taquicardia e sangramen-
car fórcipe de Kielland com rotação de 90 graus to profuso associado à coagulação intravascular
em sentido horário e iniciar antibioticoprofilaxia disseminada. O diagnóstico é:
para endocardite bacteriana.
⮦ Descolamento prematuro de placenta.
⮧ Não se pode realizar analgesia peridural; deve-se
aplicar fórcipe de Kielland com rotação de 90 ⮧ Embolia de líquido amniótico.
graus em sentido anti-horário e iniciar antibio- ⮨ Prolapso de cordão.
ticoprofilaxia para endocardite bacteriana após ⮩ Embolia gordurosa.
clampeamento do cordão um umbilical.
⮨ Indicar parto cesáreo de urgência, pelo risco de
Questão 8
descompensação materno fetal no parto nor-
mal e administrar antibioticoprofilaxia para en- (FUNDAÇÃO BANCO DE OLHOS DE GOIÁS – 2021) A embolia de
docardite bacteriana e metilergometrina após líquido amniótico é uma rara complicação da gra-
a dequitação. videz, ocorrendo quando o líquido amniótico entra
⮩ Não se pode realizar analgesia peridural; deve- na corrente sanguínea da gestante e causa uma
-se aplicar fórcipe de Kielland com rotação de reação grave em seu organismo, como danos ao
90 graus em sentido horário e iniciar antibioti- pulmão e sangramento excessivo. Quanto às me-
coprofilaxia para endocardite bacteriana após didas a adotar na ocorrência da embolia de líquido
clampeamento do cordão umbilical. amniótico, é INCORRETO afirmar:
154
Doenças intercorrentes na gestação Cap. 5
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155
Doenças intercorrentes na gestação Obstetrícia
GABARITO E COMENTÁRIOS
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tiforme aumentam o risco de hiperêmese.
-final!
Alternativa E: INCORRETA. A hiperêmese é uma com-
plicação do primeiro trimestre da gravidez. • Para hipotireoidismo SUBCLÍNICO, vamos olhar
o TSH.
✔ resposta: A
• TSH > 4,0 = tratamento, ponto-final.
• TSH entre 2,5 e 4,0 = avaliar autoanticorpos,
Questão 2 dificuldade: como o anti-TPO! Se autoanticorpos positivos,
a partir de 2,5 de TSH já está indicado o trata-
Y Dica do professor: Gestante cardiopata com classe
mento!
funcional I. O ideal é a via de parto por indicação
obstétrica, espontânea, com analgesia e uso de A tireoide fetal torna-se plenamente funcionante no
fórcipe para abreviar o período expulsivo. terceiro trimestre da gestação; antes desse período,
✔ resposta: D o feto é totalmente dependente dos hormônios
tireoideanos maternos e está em elevadíssima ati-
vidade metabólica, de forma que o hipotireoidismo
Questão 3 dificuldade: (muitas vezes visto até com certo desdém na clínica
de adultos) durante a gestação precisa da nossa
Y Dica do professor: Questão geral sobre particula-
máxima atenção!
ridades da infecção pelo coronavírus no ciclo gra-
vídico-puerperal. ✔ resposta: C
Alternativa A: INCORRETA. A evolução da gestante é
semelhante à da população normal. No estágio I da Questão 5 dificuldade:
doença, o acompanhamento deve ser ambulatorial,
com isolamento em domicílio. Y Dica do professor: A questão aborda a condu-
ta durante o trabalho de parto em uma gestante
156
Doenças intercorrentes na gestação Cap. 5
✔ resposta: A
Questão 9 dificuldade:
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do que a gestante não estava em uso de nenhuma são contraindicadas na gestação.
medicação previamente, devido ao diagnóstico de ✔ resposta: B
SAAF, ela tem indicação de AAS 100 mg/dia e de an-
ticoagulação (enoxaparina, dalteparina ou heparina
não fracionada) até o final da gestação. Em relação Questão 10 dificuldade:
à dose utilizada na anticoagulação (se profilática ou
Y Dica do professor: A paciente da questão apresen-
terapêutica), existe certa controvérsia na literatura.
tava hipertireoidismo e tratava-se com metimazol,
Independentemente disso, a única alternativa que
que suspendeu há 12 semanas. Não podemos,
contém tanto o AAS quanto o anticoagulante é a C.
portanto, atribuir o hipotireoidismo atual ao efeito
✔ resposta: C supressor do metimazol, que perdura por no má-
ximo 4 a 8 semanas. Além disso, o hipertireoidis-
mo é um fator de risco para o desenvolvimento de
Questão 7 dificuldade:
hipotireoidismo. Por isso, estamos diante de um
Y Dica do professor: O quadro da gestante não con- quadro de hipotireoidismo (TSH 6,33 Ul/ml/tiroxina
diz com a clínica típica de DPP, que geralmente está livre 0,96 ng/dL) na gravidez, que precisa ser tratado
associada a sangramento vaginal, hipertensão, hi- com levotiroxina.
pertonia e sofrimento fetal. Portanto, lembre-se de Alternativas A e B: INCORRETAS. A paciente não tem
um quadro nem sempre cobrado em provas, que é mais um HIPERtireoidismo, e sim um HIPOtireoidismo.
caracterizado por aparecimento súbito de hipoten- Alternativa C: INCORRETA. Um hipotireoidismo com TSH
são, hipóxia e CIVD em gestantes nas fases finais elevado (6,33 UI/mL) precisa ser tratado na gravidez.
do trabalho de parto: a embolia amniótica.
Alternativa D: CORRETA. Vide comentário.
resposta: B
resposta: D
✔
✔
157
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158
Capítulo
DIABETES E GESTAÇÃO
6
importância/prevalência
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principalmente ao consumo fetal de glicose. da Associação Internacional de Diabetes Gestacional
O Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) é uma das (IADPSG), e adotados posteriormente pela OMS, é
patologias de maior relevância dentro da obstetrícia, possível obter dados ainda mais relevantes, com
sendo considerada a complicação mais comum do 17% a 18% de prevalência.
período gestacional. Isso ocorre pelo fato de essa Estima-se, na atualidade, que 1 em cada 6 nasci-
condição determinar maior índice de morbimorta- mentos ocorra em mulheres com alguma forma de
lidade perinatal, além de proporcionar um maior hiperglicemia durante a gestação, sendo 84% dos
risco de malformações congênitas, macrossomia, casos decorrentes de DMG.
óbito fetal e desenvolvimento de DM tipo 2 após a
gestação.
A manutenção da normoglicemia está associada 2. FISIOPATOLOGIA
à diminuição das taxas de resultados maternos e
perinatais adversos.
BASES DA MEDICINA
1.1. EPIDEMIOLOGIA
A gestação é caracterizada por aumento da resistência
A prevalência de DMG pode variar, a depender dos insulínica, decorrente da secreção placentária de hormô-
critérios diagnósticos utilizados e da população nios diabetogênicos (hormônio do crescimento, cortisol
estudada. No entanto, muitos estudos mostram e hormônio lactogênio placentário). Com isso, há um
consequente incremento na produção de insulina pelas
um aumento, nas últimas décadas, do número de
células beta do pâncreas. Quando as modificações na
mulheres com diagnóstico de diabetes na idade função pancreática não são suficientes para vencer a resis-
fértil e durante o ciclo gravídico puerperal. tência à insulina, ocorre o Diabetes Mellitus Gestacional.
159
Diabetes e gestação Obstetrícia
Durante a gestação, alterações hormonais e meta- além disso, o hPL induz a lipólise, resultando em um
bólicas contribuem para a resistência à insulina e aumento dos ácidos graxos na corrente sanguínea.
ocorrência de hiperglicemia. O metabolismo ener- Esse excesso de ácidos graxos causa resistência
gético pode ser dividido em duas fases distintas: periférica à insulina, com hiperglicemia pós-pran-
anabólica e catabólica. dial e hiperinsulinismo compensatório. Por isso, o
rastreamento de DMG é feito nessa fase.
Na primeira metade da gestação, até 24 sema-
nas, temos a fase anabólica materna, comandada Uma eventual hiperglicemia materna provoca uma
por estrogênio e progesterona. Corresponde a um hiperglicemia fetal (a glicose atravessa a placenta).
período de armazenamento de gordura e glicogê- Assim, o pâncreas fetal leva à hiperinsulinemia e
nese hepática, para formar uma reserva energética. possível macrossomia. Adicionalmente, a osmo-
Somado a isso, temos o consumo contínuo de laridade plasmática elevada gera poliúria fetal,
glicose para o feto. Essas alterações levam a uma aumentando a quantidade de líquido amniótico
redução da glicose basal e hipoglicemia de jejum, (polidrâmnio). Dessa forma, dois importantes (ape-
principalmente quando ocorre jejum prolongado. sar de não serem patognomônicos) marcadores de
Por isso, o valor de referência de glicemia de jejum descompensação clínica no DMG são polidrâmnio
no pré-natal muda em relação à população geral, e macrossomia fetal.
sendo mais baixo.
Próximo ao termo, há uma tendência à estabilização.
A segunda fase, que ocorre após 24 semanas, é a
fase catabólica materna, acompanhada pela fase
de anabolismo fetal. Neste período, o feto cresce e DIA A DIA MÉDICO
ganha muito peso, consumindo os nutrientes que
a mãe armazenou na primeira fase. Os hormônios Mesmo nas gestantes com diabetes mellitus pré
contrainsulínicos – hormônio lactogênio placen- gestacional, o conhecimento do metabolismo dos car-
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tário (hPL) e cortisol (que triplica no 3º trimestre) boidratos na gestação é importante para facilitar o ajuste
das doses de insulina durante o pré-natal, considerando-se
– comandam nesta fase.
que, no 2º e no 3º trimestre, há aumento da necessidade de
A gestante utiliza lipídios como fonte de energia. A insulina e, no puerpério, há uma diminuição considerável.
segunda fase é um período de neoglicogênese e,
Puerpério
1º trimestre 2º trimestre 3º trimestre
↓ brusca da
Tendência a Hormônios contra- ↑ necessidade
necessidade
hipoglicemia insulínicos de insulina
de insulina
Próximo ao termo:
↑ necessidade
↓ necessidade
de insulina
de insulina
160
Diabetes e gestação Cap. 6
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Diabetes Mellitus Gestacional classificação não é mais utilizada para esse fim,
Outros tipos específicos sendo hoje empregada como forma de estimar o
Defeitos genéticos da função da célula beta. risco gestacional. Essa classificação leva em con-
Defeitos genéticos da ação da insulina. sideração a idade de início e a duração da doença
Doenças do pâncreas exócrino.
(DM), a necessidade de insulinoterapia e a presença
Endocrinopatias.
de complicações associadas.
Indução por drogas ou produtos químicos.
Quadro 2. Classificação de Priscilla White (1978).
Infecções.
Formas incomuns de diabetes imunomediado. A1: DG não insulinodependente.
Fonte: American Diabetes Association .
1
A2: DG insulinodependente.
Tal distinção é de extrema importância; pois, con- B: Início após os 20 anos e menos
siderando-se o período da gestação, podemos nos de 10 anos de duração.
deparar com algumas situações: mulheres que já C: Início entre 10 e 20 anos e
têm o diagnóstico de algum dos tipos etiológicos duração entre 10 e 20 anos.
de DM; pacientes que, provavelmente, já tinham DM
D: Início antes de 10 anos OU duração superior
e só recebem o diagnóstico durante a gestação; e a 20 anos OU retinopatia não proliferativa OU
aquelas que apresentam DM exclusivamente no hipertensão (excluindo pré-eclâmpsia).
ciclo gravídico-puerperal, o que chamamos de DMG.
F: Nefropatia
O Diabetes Mellitus Gestacional era definido como
R: Retinopatia proliferativa
qualquer grau de intolerância a carboidratos identi-
ficado na gestação, o que incluía casos de diabetes H: Cardiopatia
tipo 2 não diagnosticados previamente e que eram T: Transplante renal
classificados, erroneamente, como Diabetes Mellitus
Fonte: Adaptado pela autora de White2.
Gestacional.
161
Diabetes e gestação Obstetrícia
A identificação dos fatores de risco é uma ferra- Na gestante diabética, há um risco aumentado para a
menta para a prevenção de resultados adversos ocorrência de infecções do trato urinário. Isso ocorre
maternos e fetais durante o acompanhamento devido à glicosúria gerada pelas alterações fisiológicas
pré-natal. Cerca de 90% das gestantes apresentam, da gestação (aumento da taxa de filtração glomerular por
ao menos, uma dessas características. No entanto, aumento do débito cardíaco, com consequente redução
na capacidade de reabsorção tubular de glicose). Além
o rastreamento deve ser universal, independente-
disso, devido ao acúmulo de glicogênio na mucosa vaginal,
mente da presença de fatores de risco. há uma acidificação do meio, propiciando maior risco de
candidíase vaginal.
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Quadro 3. Fatores de risco para
hiperglicemia na gravidez.
O DM durante a gestação aumenta o risco de diver-
Fatores de risco
sas complicações na gestante, como é possível
Idade (aumento do risco com o progredir da idade); observar no Quadro 4.
Sobrepeso/obesidade (IMC ≥ 25 kg/m2);
Antecedentes familiares de DM em Quadro 4. Complicações maternas.
parentes de 1º grau.
Hipoglicemia e/ou hiperglicemia.
Antecedentes pessoais de alterações metabólicas:
HbA1c ≥ 5,7%; > Risco de HAS na gravidez.
Síndrome dos ovários policísticos; ITU e pielonefrite de repetição.
Hipertensão Arterial Sistêmica;
> Risco de polidrâmnio.
Doença cardiovascular aterosclerótica;
Uso de medicamentos hiperglicemiantes Piora de alterações vasculares prévias.
(corticoides, diuréticos tiazídicos).
> Risco de DM futura ou permanência DM pós-parto.
Antecedentes obstétricos:
Fonte: Elaborado pela autora.
2 ou + perdas gestacionais prévias;
DMG;
Polidrâmnio;
5.2. FETAIS E NEONATAIS
Macrossomia (peso > 4kg);
Óbito neonatal/fetal; u abortamento;
Malformação fetal. u morte fetal tardia;
Fonte: Ministério da Saúde .
3 u polidrâmnio.
162
Diabetes e gestação Cap. 6
u anomalias congênitas;
6. DIAGNÓSTICO DE DMG
u macrossomia;
u distocia de ombros (dificuldade de desprender os
ombros do feto durante o parto vaginal);
BASES DA MEDICINA
u sofrimento fetal;
u prematuridade.
O TOTG (Teste Oral de Tolerância à Glicose) é realizado
A hiperglicemia materna acarreta a hiperglicemia com a ingestão de 75 g de glicose anidra, diluídos em
fetal, estimulando o pâncreas fetal e resultando 100 a 200 mL de água, e a realização das medidas de
glicemia em jejum, após 1 hora e após 2 horas da inges-
em hipertrofia e hiperplasia das células-beta, com
tão da glicose.
aumento dos níveis de insulina fetal. Após o parto,
a transferência de aporte glicêmico é interrompida,
levando à hipoglicemia neonatal. A hiperinsulinemia O diagnóstico de DMG já foi tema muito controverso
traz ainda a aceleração do crescimento fetal, levando e de muito debate, sendo que diversas entidades
à macrossomia. Fetos macrossômicos apresentam brasileiras e mundiais tinham critérios diferentes.
aumento das necessidades de oxigênio, hipoxemia Tendo isso em vista, a Organização Pan-americana
crônica e, decorrente dela, aumento do número da Saúde (OPAS), junto ao Ministério da Saúde (MS),
de hemácias (policitemia) para compensação do a Federação Brasileira das Associações de Gine-
transporte de oxigênio. O aumento das taxas de cologia e Obstetrícia (FEBRASGO) e a Sociedade
hemoglobina glicada fetal, ávida por oxigênio, favo- Brasileira de Diabetes (SBD), propuseram, em 2017,
rece a diminuição do oxigênio sanguíneo livre e a critérios conjuntos para rastreamento e diagnóstico
hipoxia tecidual, podendo levar ao óbito fetal. de DMG no Brasil.
Além disso, a hiperinsulinemia fetal compete com O rastreamento é feito na 1ª consulta de pré-na-
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fosfolipídios da membrana do pneumócito tipo 2, tal, idealmente antes de 20 semanas, por meio da
responsável pela produção do surfactante pulmonar; glicemia de jejum. O TOTG de 75 g é reconhecido
ou seja, há prejuízo no amadurecimento pulmonar, mundialmente como o teste de escolha para o diag-
propiciando a síndrome da angústia respiratória. nóstico do Diabetes Mellitus Gestacional. Deve ser
realizado entre 24 e 28 semanas para as pacientes
5.2.1. Anomalias congênitas que ainda não tiveram o diagnóstico de Diabetes
Mellitus (gestacional ou não) confirmado.
Principais:
163
Diabetes e gestação Obstetrícia
GLICEMIA DE JEJUM
IMEDIATAMENTE
Em situações em que a gestante tem reduzida viabi- gestacional em que foi iniciado o pré-natal. Com isso,
lidade financeira e/ou não há disponibilidade técnica valores de glicemia em jejum entre 92 e 125 mg/dL
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no local para realização do TOTG, todo rastreio para diagnosticam DMG, enquanto valores ≥ 126 mg/dL
DM prévio e DMG deve ser feito com base no exame indicam que a gestante possui DM prévio. Valores
de glicemia em jejum, independentemente da idade < 92 mg/dL representam normalidade na glicemia.
Glicemia de jejum
Normal
164
Diabetes e gestação Cap. 6
Glicemia > 200 + sintomas (poliúria, Recomenda-se que a glicemia sanguínea capilar
polidipsia, polifagia) seja aferida de acordo com o tipo de diabetes e o
Fonte: Zugaib et al.4 tratamento utilizado:
u Gestacional: Quatro vezes ao dia (perfil glicêmico
simplificado) – jejum, 1 hora pós-prandial (café
7. CONTROLE GLICÊMICO da manhã, almoço e jantar).
DURANTE A GESTAÇÃO u Pré-gestacional (tipo 1 ou tipo 2) ou uso de insu-
lina: Sete vezes ao dia (perfil glicêmico comple-
to) – jejum, pré-prandial (almoço e jantar), 1 hora
A monitorização glicêmica deve ser realizada desde pós-prandial (café da manhã, almoço e jantar) e
o diagnóstico até o pós-parto, buscando adequada madrugada.
avaliação da eficácia e adesão terapêutica, bem
Jejum
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1h pós-café
Sem uso de insulina 4x
1h pós-almoço
1h pós-jantar
Frequência de
monitorização
glicêmica
Jejum
1h pós-café
1h pós-almoço
Antes do jantar
1h pós-jantar
Madrugada (3h)
< 95 mg/dL < 100 mg/dL < 140 mg/dL < 120 mg/dL
Limites de Glicemia
No trabalho de parto e durante o parto: 70-120 mg/dL
Fonte: Ministério da Saúde3.
8.2. INSULINOTERAPIA
8. TRATAMENTO
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BASES DA MEDICINA
8.1. MEDIDAS GERAIS A insulina humana é sempre preferida pelo menor risco
imunogênico e, também, pela segurança verificada após
anos de uso.
BASES DA MEDICINA
166
Diabetes e gestação Cap. 6
até a 30ª semana e, semanalmente, a partir dessa medicações na gravidez. Se a gestante já fazia uso
idade gestacional até o parto. Esse intervalo deve ser prévio de algum antidiabético oral, o ideal é sus-
individualizado na dependência das características pendê-lo no início da gestação e fazer o controle
e necessidades de cada caso. As doses devem ser glicêmico com insulina. O uso dessas medicações
ajustadas de acordo com o perfil glicêmico. pode ser considerado nas seguintes situações:
Para aquelas gestantes que usam insulina à noite, u Não acessibilidade à insulina.
deve-se reforçar a necessidade de realizar uma ceia
contendo 25 g de carboidratos, proteínas e lipídios,
u Dificuldade na administração da insulina.
para prevenir a ocorrência de hipoglicemia. u Estresse exacerbado decorrente do uso da insu-
lina seguido de restrição alimentar mesmo após
Não há recomendação para o uso de hipoglice-
orientação adequada.
miantes orais, apesar de alguns estudos mostra-
rem sua eficácia, principalmente da metformina e
u Necessidade de altas doses de insulina (> 100 UI),
da glibenclamida. Apesar de utilizados em alguns sem resposta adequada no controle glicêmico
países, ainda há dúvidas quanto à segurança dessas e ganho de peso excessivo em uso de insulina.
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167
Diabetes e gestação Obstetrícia
Exercício físico
Insulinoterapia
30 – 40%
de lipídios
Tratamento
15 - 20%
proteínas
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Antidiabéticos orais
Somente se:
- Inacessibilidade à insulina.
- Dificuldade na administração
da insulina.
- Estresse exacerbado decorrente
do uso da insulina seguido de
restrição alimentar mesmo
após orientação adequada.
- Necessidade de altas doses
de insulina (> 100UI) sem
resposta adequada no controle
glicêmico e ganho de peso
excessivo em uso de insulina.
168
Diabetes e gestação Cap. 6
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no mínimo, 6 movimentos.
169
Diabetes e gestação Obstetrícia
A interrupção da gestação depende do controle dos Durante o trabalho de parto de uma gestante dia-
níveis glicêmicos maternos e das eventuais inter- bética, a glicemia deve ser mantida entre 70 e 120
corrências clínicas e obstétricas, como alterações mg/dL. Se <70, corrigir com glicose 5 ou 10%, EV
no crescimento fetal. contínua; se >120, corrigir com insulina regular.
Para as gestantes em uso de insulina em trabalho de
u DMG sem complicações e compensado: parto
parto, se a insulina basal já tiver sido administrada,
espontâneo a termo em até 40 semanas.
deverá ser mantida uma infusão contínua de glicose
u DMG sem complicações não compensado ou a 5%, endovenosa (125 mg/h). O controle da glicemia
complicado compensado: parto eletivo com 38 capilar deve ser realizado a cada 1-2 horas, e deve
semanas ou na vigência de maturidade pulmo- ser realizada apenas a insulina regular conforme
nar fetal. os valores da glicemia.
u DMG complicado e não compensado: parto ele-
Se a gestante em uso de insulina for submetida à
tivo prematuro.
cesárea eletiva, está recomendado o jejum de 8
u Macrossomia (peso fetal estimado > 4000 g). horas e a administração de 1/3 da dose da insulina
u Nos casos de estabilidade materna e fetal, po- NPH da manhã. Mantendo também a infusão con-
de-se realizar o parto por via vaginal. tínua de glicose a 5%, endovenosa (125 mg/h), e o
controle com insulina regular conforme medidas
da glicemia capilar.
DIA A DIA MÉDICO
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Quando houver indicação para a antecipação da inter- 12. PUERPÉRIO
rupção da gestação, é importante avaliar a maturidade
pulmonar, a partir da relação lecitina/esfingomielina no
líquido amniótico, que deve ser superior a 3, para que o A reclassificação deve ser feita, idealmente, 6 sema-
pulmão seja considerado maduro.
nas após o parto para todas as mulheres que tive-
Nos casos de DMG em uso de insulina, a medicação pode ram DMG, utilizando-se os critérios padronizados
ser suspensa após o parto e, devido ao risco aumentado para a população em geral. A realização do TOTG
dessas mulheres desenvolverem DM tipo 2, recomenda-se
com 75 g de glicose, seis semanas após o parto, é
repetir o TOTG em seis semanas.
considerado o padrão-ouro.
TOTG 75g
Dosagens: Jejum e 2ª hora
Jejum: <100 mg/dL Jejum: 100 a 125 mg/dL Jejum < 126 mg/dL Jejum ≥ 126 mg/dL
e 2ª hora < 140 mg/dL e 2ª hora < 140 mg/dL e 2ª hora: 140 a 199 mg/dL e/ou 2ª hora 200 mg/dL
Glicemia de Intolerância à
Normal Diabetes Mellitus
Jejum alterada glicose
170
Diabetes e gestação Cap. 6
REFERÊNCIAS
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Diabetes e gestação Obstetrícia
QUESTÕES COMENTADAS
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⮨ Diagnóstico de Diabete Melito Gestacional – placentário e hormônio do crescimento.
iniciar tratamento com dieta e atividade física. ⮪ Pacientes diabéticas têm maior risco de desen-
⮩ Diagnóstico de Diabete Melito Gestacional – volvimento ou de piora dos quadros de hiperten-
iniciar tratamento com dieta, atividade física e são arterial, retinopatia diabética e nefropatia
insulina. diabética durante a gravidez.
Questão 2 Questão 3
(CENTRO UNIVERSITÁRIO DO ESPÍRITO SANTO – 2017) Nos úl- (HOSPITAL UNIVERSITÁRIO REGIONAL DE MARINGÁ – 2021) C.R.,
timos anos, temos observado aumento dos casos 36 anos, primigesta. 27 semanas de gestação. Traz
de intolerância à glicose, obesidade e diabetes tipo resultado de teste de tolerância oral à glicose 75g:
2, além de redução da idade de início do diabetes 0h: 94 mg/dL; 1h: 170 mg/dL; 2h: 158 mg/dL. Avalie
e aumento da idade da primeira gestação. Tudo as assertivas a seguir e assinale (V) para as verda-
isso contribui para o aumento dos casos de hiper- deiras e (F) para as falsas:
glicemia na gestação. Sobre diabetes e gravidez, é I. A paciente apresenta apenas 1 valor no teste
INCORRETO afirmar: de tolerância oral alterado; portanto, tem diag-
nóstico de diabetes gestacional ( ).
⮦ A hiperglicemia nas primeiras 6-8 semanas de II. A melhor época para realização do teste de
gestação aumenta o risco de malformações tolerância oral à glicose é o início da gestação;
fetais. Portanto, pacientes com diabetes tipos portanto, o teste deve ser descartado, por ter
1 e 2 devem ser orientadas a respeito da neces- sido realizado com atraso ( ).
sidade de controle metabólico estrito durante o
III. O teste de tolerância apresenta 2 valores alte-
período pré-concepcional e em toda a gestação.
rados ( ).
172
Diabetes e gestação Cap. 6
IV. Paciente deve iniciar imediatamente o uso de avaliação fetal mostra feto com estimativa de peso
metformina, devido a alterações leves na glice- no percentil 92, maior bolsão vertical de líquido de
mia no teste de tolerância ( ). 66 mm, placenta posterior fúndica e Dopplerveloci-
V. Paciente deve iniciar tratamento não medica- metria dentro dos limites da normalidade. Com base
mentoso (dieta e atividade física) por pelo menos nesse caso hipotético, assinale a alternativa correta.
15 dias, associado a controle de glicemia nesse
⮦ A hiperplasia das células beta-pancreáticas fe-
período ( ).
tais leva à hipoglicemia fetal, principal causa de
óbito fetal na gestante diabética.
⮦ F, F, V, F, F.
⮧ A paciente está usando subdose de insulina
⮧ V, F, V, F, V. NPH, uma vez que seu peso aumentou desde a
⮨ F, V, F, V, F. última consulta.
⮩ V, F, V, F, V. ⮨ O óbito fetal é consequência da hiperinsuline-
⮪ F, F, V, F, V. mia fetal, levando ao metabolismo anaeróbio, ao
acúmulo de ácido lático, à hipóxia e à acidose.
⮩ A Dopplerfluxometria das artérias umbilicais e
Questão 4
cerebral médio e o índice cérebro/placentário
(UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – 2017) Paciente, 25 são métodos de escolha na avaliação da vita-
anos, diabética tipo 1 desde 9 anos, planeja engravi- lidade fetal.
dar. Para essa paciente, quais exames laboratoriais ⮪ No pós-parto, a puérpera deverá receber meia
devemos solicitar no aconselhamento pré-gestacio- dose de insulina e realizar novo TOTG 75 g seis
nal, com objetivo de minimizar a morbimortalidade semanas após o parto.
materno-fetal?
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⮦ Cálculo da glicemia média, ecocardiograma, Questão 6
curva de insulina.
(SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE RIBEIRÃO PRETO – 2017)
⮧ Insulinemia, dosagem de glicemia de jejum e de
Gestante de 30 semanas, sem acompanhamento
hemoglobina glicada.
pré-natal, chega ao pronto-socorro prostrada, com
⮨ Exame de fundo de olho, dosagem de creatinina queixa de náuseas, vômitos, poliúria, polidipsia e
e de hemoglobina glicada. dor abdominal. No exame, encontra-se desidrata-
⮩ Exame de fundo de olho, dosagem de peptídeo da, com PA = 8 x 6 mmHg e pulso 110 bpm. Altura
C e de hemoglobina glicada. uterina 32 cm, BCF 140 bpm sem contrações e com
⮪ Exame de fundo de olho, perfil glicêmico e in- colo impérvio. Glicemia de 290 mg/dL, gasometria
sulinemia. arterial com pH 7.2, bicarbonato 15 mEq/L, sódio
138 mEq/L, potássio 4,5 mEq/L. Urina I: presença
de corpos cetônicos, leucócitos 10000/mL. O diag-
Questão 5 nóstico e a conduta devem ser:
(SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO – 2021) Uma ⮦ Diabetes gestacional descompensada/insulina,
paciente de 33 anos (G3 PN1 A1), com IG de 36 se- reposição de potássio e hidratação com soro
manas e quatro dias, tem diagnóstico de DMG A2 glicosado.
pelos critérios de White. Seu controle metabólico
⮧ Cetoacidose diabética/hidratação com soro fi-
é subótimo e a gestante apresenta ganho de 1,5 kg
siológico e insulinoterapia.
desde sua última consulta, há uma semana. Faz
⮨ Sepsis de foco urinário/hidratação com soro
uso de insulina NPH 0,7 UI/kg de peso. Avaliando
glicofisiológico e antibioticoterapia.
seu perfil glicêmico, observa-se que as glicemias
capilares em jejum e pré-prandiais estão adequa- ⮩ Coma hiperosmolar/expansão de volume intra-
das, e as medidas pós-prandiais estão alteradas. A vascular, drogas vasoativas.
173
Diabetes e gestação Obstetrícia
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prescrição do pré-natal. ⮧ O feto será macrossômico, mesmo com controle
glicêmico a partir desse momento.
⮨ insulina NPH e regular em metade da dose da
prescrição do pré-natal. ⮨ Há maior risco de malformações do concepto,
mesmo com controle glicêmico a partir desse
⮩ insulina regular conforme glicosimetria capilar
momento.
e suspender insulina NPH.
⮩ Se a glicemia de jejum estiver entre 70 e 90 mg
no primeiro trimestre, haverá maior risco de
Questão 8 óbito fetal.
(SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE ARAÇATUBA – 2021) O tipo ⮪ Se a glicemia ficar controlada no último mês
de malformação fetal mais comum em diabéticas antes do nascimento, o concepto não será ma-
malcontroladas no primeiro trimestre é: crossômico.
Questão 9
174
Diabetes e gestação Cap. 6
GABARITO E COMENTÁRIOS
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sistência periférica à insulina durante a gestação.
mia, sem necessidade de quaisquer “confirma-
ções”. Alternativa E: CORRETA. Pacientes diabéticas, ao
engravidarem, têm maior risco de desenvolver ou
• De 126 em diante: DIABETES PRÉ-GESTACIO-
piorar o quadro de hipertensão, de retinopatia e de
NAL! Da mesma forma, já está dado o diagnós-
nefropatia diabética.
tico.
✔ resposta: D
O controle glicêmico inicialmente começa por ade-
quação nutricional e atividade física, podendo chegar
à insulinização, caso as metas não sejam atingidas Questão 3 dificuldade:
após duas semanas.
Y Dica do professor:
✔ resposta: C
I: INCORRETA. Os pontos de corte são 92, 180 e 153
mg/ dL para jejum, uma e duas horas pós-teste. Te-
Questão 2 dificuldade: mos, portanto, dois pontos alterados.
II: INCORRETA. O teste deve ser realizado entre 24
Alternativa A: CORRETA. A hiperglicemia no período da
e 28 semanas, quando a glicemia de jejum do pri-
organogênese, nas primeiras 6-8 semanas, aumen-
meiro trimestre resulta normal!
ta o risco de malformações fetais. É fundamental o
controle metabólico no período periconcepcional III: CORRETA. Para jejum e duas horas pós-teste.
nas pacientes com diabetes prévio, devendo manter IV: INCORRETA. Deve realizar atividade física e ade-
a hemoglobina glicada < 7%, para prevenir e dimi- quação nutricional.
nuir o risco de malformações. V: CORRETA. Se não houver bom controle após esse
Alternativa B: CORRETA. O tratamento da diabetes ges- período, introduziremos insulina.
tacional baseia-se, inicialmente, em dieta fracionada, ✔ resposta: E
175
Diabetes e gestação Obstetrícia
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manter peso – esse papel é da dieta. prévio é a síndrome de regressão caudal.
Alternativa C: CORRETA. Muitas vezes a gestante está Alternativa A: INCORRETA. Ocorre principalmente por
assintomática, enquanto o feto está cetoacidótico deficiência de ácido fólico.
e em pré-óbito.
Alternativa B: CORRETA. É indicada ecocardiografia
Alternativa D: INCORRETA. São excelentes métodos fetal ao redor da 28a semana.
para avaliação da presença de insuficiência placen-
Alternativas C e D: INCORRETAS. Não se associam ao
tária, mas o método de escolha diante do risco de
diabetes, seja prévio ou gestacional.
óbito fetal por diabetes é a cardiotocografia.
Alternativa E: INCORRETA. Deverá retomar o mesmo ✔ resposta: B
esquema pré-gestacional.
✔ resposta: C Questão 9 dificuldade:
176
Diabetes e gestação Cap. 6
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e começa a fazer hipoglicemia, a suspeita é de di-
minuição desse hormônio, e não da sua elevação.
✔ resposta: A
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DOENÇAS HIPERTENSIVAS Capítulo
NA GESTAÇÃO 7
importância/prevalência
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Na gravidez normal, ocorre queda da pressão arterial no tância saber diagnosticar e conduzir essas síndro-
2º trimestre, em razão da marcante redução da resistência mes, para evitar danos maternos e fetais futuros.
periférica total. Define-se hipertensão arterial quando a
pressão arterial sistólica é igual ou superior a 140 mmHg,
e/ou a pressão arterial diastólica é igual ou superior a DIA A DIA MÉDICO
90 mmHg, com a paciente sentada, devendo ser repetida
em duas medidas. Lembre-se de que, para proceder com a aferição correta
da pressão arterial, recomenda-se que a medida seja feita
após algum tempo de repouso, com a paciente sentada,
As doenças hipertensivas da gestação incluem um dos antebraços elevado à altura do átrio (metade do
um grupo heterogêneo de doenças, dentre elas a osso esterno), utilizando manguito de tamanho adequado e
hipertensão arterial crônica, hipertensão gestacio- mantendo o braço na altura do coração. A pressão arterial
sistólica deve ser determinada na fase I de Korotkoff, e
nal, pré-eclâmpsia (e suas formas graves, incluindo
a diastólica, na fase V de Korotkoff (correspondente ao
síndrome HELLP e eclâmpsia) e pré-eclâmpsia desaparecimento da bulha).
sobreposta à hipertensão crônica.
São distúrbios, em especial a Pré-Eclâmpsia (PE),
que acarretam risco real e impacto significativo nos
BASES DA MEDICINA
indicadores relacionados à saúde materna e infantil,
pois eram a principal causa de morbimortalidade
É necessário diferenciar a hipertensão que antecede a
materna no Brasil (antes da pandemia da covid-19), gravidez daquela que é uma condição específica dela.
e geram graves problemas neonatais associados Na primeira, a elevação da pressão arterial vem como
à prematuridade. aspecto fisiopatológico básico da doença, e a segunda é
resultado de uma má adaptação do organismo materno à
Sabemos que a morbimortalidade decorrente da gravidez, sendo a hipertensão uma manifestação clínica
pré-eclâmpsia é inversamente proporcional aos de um quadro maior e mais grave.
179
Doenças hipertensivas na gestação Obstetrícia
Diversas são as classificações propostas na literatura acordo com a classificação do American College of
para as doenças hipertensivas gestacionais. Neste Obstetricians and Gynecologists (ACOG; Quadro 1).
capítulo, as formas clínicas serão apresentadas de
Fonte: ACOG1.
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2. H IPERTENSÃO ARTERIAL
CRÔNICA (HAC) DIA A DIA MÉDICO
180
Doenças hipertensivas na gestação Cap. 7
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(PAS ≥ 140 mmHg e/ou PAD ≥ 90 mmHg em duas
BASES DA MEDICINA aferições com intervalo recomendado de 4 horas)
em gestante previamente normotensa, após a 20ª
Os diuréticos possuem risco teórico de restrição de semana de gestação, associados à evidência de
crescimento fetal por causar depleção de volume. Os acometimento sistêmico, caracterizado por pelo
inibidores da enzima conversora da angiotensina e os
menos um dos critérios apresentados na Tabela 1.
bloqueadores dos receptores da angiotensina II têm sido
PAS ≥ 140 mmHg e/ou PAD ≥ 90 mmHg (Após a 20ª semana, em paciente sem histórico de HAC)
Associação com pelo menos 1 critério de qualquer das 3 colunas abaixo:
181
Doenças hipertensivas na gestação Obstetrícia
A proteinúria já foi considerada critério obrigatório Algumas evidências apoiam a hipótese de que, a
para o diagnóstico da pré-eclâmpsia, porém passou partir de problemas imunogenéticos e ambientais,
a ser apenas um dos critérios. ocorreriam alterações na perfusão do trofoblasto,
além de uma consequente hipóxia. Essas alterações
primárias seriam o gatilho de uma série de fenôme-
DIA A DIA MÉDICO
nos locais de hipóxia e de reoxigenação, resultando
em ativação generalizada do sistema inflamatório
O edema já fez parte dos critérios para diagnóstico de materno, disfunção endotelial universal e limitação
pré-eclâmpsia. Entretanto, edema leve de mãos, de face
na vascularização placentária.
e de membros inferiores é comum na gravidez normal,
principalmente no seu período final, o que torna a avaliação
deste sinal clínico muito subjetiva. Portanto, ele não deve Quadro 2. Teorias relacionadas à
ser mais utilizado para o diagnóstico de PE. No entanto, etiologia da pré-eclâmpsia.
a presença de edema generalizado ou ganho exagerado
de peso (> 1.000 g/ semana), mesmo sem fazer parte Deficiência da invasão trofoblástica
dos critérios diagnósticos, deve ser valorizada e avaliada
Disfunção endotelial e alterações inflamatórias
na gestante.
Fatores imunológicos
3.1. FISIOPATOLOGIA Fatores genéticos
Fonte: Adaptado de Zugaib et al.3
BASES DA MEDICINA
Durante a placentação, a segunda onda de invasão
trofoblástica, em torno da 20ª semana, ocorre de
A onda de invasão trofoblástica normal transforma as forma inadequada. No decorrer desse processo,
artérias espiraladas em vasos complacentes, de baixa
a camada média das arteríolas espiraladas nos
resistência, para conduzir o aumento do fluxo sanguíneo
uterino (10 vezes maior do que o normal na gravidez). vasos placentários não é destruída e permanece
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Esse fenômeno é fisiológico, e é função do trofoblasto responsiva aos vasopressores circulantes. A falta
fazer a destruição da musculatura vascular e da mem- de remodelamento das arteríolas espiraladas leva
brana elástica do vaso, aumentando o seu diâmetro. Isso a um aumento da resistência ao fluxo sanguíneo
ocorre inicialmente no 1º trimestre, quando o trofoblasto e a consequente diminuição desse fluxo, gerando
intersticial promove a desorganização do músculo liso
vascular. Depois disso, ocorre a chegada do trofoblasto
um ambiente de hipóxia.
endovascular, considerada a segunda onda de invasão
trofoblástica, em que ocorre a invasão da camada mus-
cular média das artérias espiraladas do endométrio pelo
sinciciotrofoblasto, diminuindo a resistência vascular e
aumentando o fluxo sanguíneo placentário.
182
Doenças hipertensivas na gestação Cap. 7
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183
Doenças hipertensivas na gestação Obstetrícia
↑ Estresse oxidativo,
↑ Espécies reativas Fatores imunológicos
Fatores genéticos
de oxigênio e inflamatórios
Placentação anormal
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Isquemia hepática Trombocitopenia Hemoconcentração
Hipertensão Proteinúria
Convulsão Edema
Oligúria
Descolamento Prematuro
de Placenta (DPP)
184
Doenças hipertensivas na gestação Cap. 7
A relação entre doença vascular preexistente e sus- Outras referências mencionam os extremos de idade
cetibilidade ao desenvolvimento de pré-eclâmpsia como fator de risco; então, gestantes menores de
pode ser devido ao dano preexistente nas célu- 18 anos também possuem maiores chances de
las endoteliais. Danos endoteliais preexistentes desenvolver PE. Alguns fatores aparecem como
também podem explicar por que as mulheres que protetores, tais como tabagismo, abortamento prévio
desenvolvem pré-eclâmpsia também apresentam e placenta prévia.
maior risco de desenvolver doença cardiovascular
mais tarde, no decorrer da vida.
DIA A DIA MÉDICO
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Novo parceiro anticoncepcional vas na gestação, o uso de AAS na dose de 100-150
de barreira mg/noite está recomendado para mulheres con-
Maior duração da sideradas de alto risco, com pelo menos um dos
Gestação molar
atividade sexual critérios do quadro abaixo. O uso ainda deve ser
Aborto prévio com considerado em mulheres com pelo menos dois
Hidropsia fetal
menos de 10 semanas critérios de risco moderado.
(não imune)
com o mesmo parceiro
Técnicas de reprodução
IMC ≥ 25,8
assistida
“Homem de risco”
HAC
(parceira anterior teve PE)
Gestação gemelar
185
Doenças hipertensivas na gestação Obstetrícia
• Nulíparas
• Obesidade*
• Antecedente de PE, especialmente se desfecho adverso
• História familiar de PE
• Gestação múltipla
• Idade maior que 35 anos
• Diabetes tipo 1 ou 2
• Desfecho adverso em gestação anterior.
• Doença renal
• Intervalo intergestações maior que 10 anos
• Doença autoimune – lúpus, síndrome do anticorpo
• Pacientes afrodescendentes
antifosfolípide
• Pacientes com baixo nível socioeconômico
• História pessoal de baixo peso ao nascer
*No Manual de gestação de alto risco do Ministério da Saúde (2022)5, a obesidade aparece como critério de alto risco, divergindo dos
guidelines atuais.
Fonte: ACOG1.
O AAS deve ser iniciado entre 12-28 semanas (pre- de eclâmpsia, eclâmpsia e síndrome HELLP. As com-
ferencialmente antes da 16ª semana de gestação) plicações podem ser divididas em causas maternas
e deve ser mantido até 36 semanas. A suplemen- e fetais.
tação de cálcio só tem evidência de reduzir risco
Embora, por definição, a pré-eclâmpsia se resolva
de doença hipertensiva na gravidez nas pacientes
no período pós-parto, as pacientes que tiveram PE
que têm ingesta insuficiente.
permanecem em risco para o desenvolvimento
de outras condições médicas não relacionadas
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à gestação. A pré-eclâmpsia aumenta o risco de
DIA A DIA MÉDICO
complicações cardiovasculares, como hiperten-
são arterial crônica, doença cardíaca isquêmica,
O AAS e o cálcio, quando indicados, devem ser iniciados
doença cerebrovascular, diabetes, doença renal e
em torno de 12 semanas, para que comecem a fazer efeito
antes da 2ª onda de migração trofoblástica na formação
tromboembolismo.
placentária, mecanismo relacionado à fisiopatologia da PE.
3.4. MANEJO
Todas as mulheres devem ser instruídas sobre sinais de
alerta e avaliadas prontamente quanto a possíveis com-
O objetivo do tratamento é diminuir as complicações
plicações hipertensivas até 12 semanas após o parto.
maternas, como acidentes vasculares cerebrais, a
morbidade e a mortalidade por eclâmpsia. Sabemos
que o tratamento definitivo é o parto, mas alcançar
o controle da doença reduz as taxas de prematu-
ridade e o tempo de permanência hospitalar do 4. PRÉ-ECLÂMPSIA COM
recém-nascido. CRITÉRIO DE GRAVIDADE
Por ser uma entidade de caráter evolutivo, pode
complicar em 2 a 8% dos casos e progredir para Os critérios de gravidade da PE estão apresentados
formas graves de pré-eclâmpsia, como a iminência no Quadro 5.
186
Doenças hipertensivas na gestação Cap. 7
Crise hipertensiva: PAS ≥ 160 e/ou PAD ≥ 110 mmHg em duas medidas
Disfunção Hepática: Aumento de 2x o valor normal de TGO e TGP (acima de 70 U/L), dor forte e persistente em
hipocôndrio direito ou epigastralgia, refratárias à analgesia e não justificadas por outra causa, ou ambos.
Edema pulmonar.
DICA
Os critérios diagnósticos e os cri- 4.1. COMPLICAÇÕES
térios de gravidade são praticamente os
mesmos, com exceção da proteinúria, que
As complicações estão apresentadas no Quadro 6.
é apenas critério diagnóstico.
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Condições adversas
afetado o término da gestação
187
Doenças hipertensivas na gestação Obstetrícia
É uma forma grave da pré-eclâmpsia e se caracteriza É definida pela ocorrência de convulsões tônico-
por um conjunto de sinais e sintomas associados à -clônicas generalizadas, excluindo-se aquelas de
hemólise microangiopática, à elevação das enzimas outras causas ou alterações do Sistema Nervoso
hepáticas e à plaquetopenia. Central (SNC) em gestantes com sinais e sintomas
de pré-eclâmpsia. Sua fisiopatologia tem como
A síndrome HELLP, definida pelo acrônimo hemoly-
base uma redução brusca da perfusão cerebral
sis, elevated liver enzymes e low platelets, tem
com encefalopatia e consequentes áreas focais
diagnóstico laboratorial. Indica acometimento mul-
de convulsão.
tissistêmico grave e todos os critérios devem estar
presentes para firmar o diagnóstico. Dentre as formas hipertensivas, a eclâmpsia cons-
titui a principal causa de morte materna e perinatal.
Figura 2. Síndrome HELLP. Pode se manifestar durante a gestação, o parto ou o
Síndrome HELLP puerpério, e é mais frequente em condições socioe-
conômicas desfavoráveis, diante de um atendimento
Elevated liver
Hemolysis
enzymes
Low platelets
H EL LP
inadequado da pré-eclâmpsia.
As possíveis complicações da eclâmpsia são:
hemorragia cerebral, edema agudo dos pulmões,
insuficiência respiratória ou renal e coagulopatia,
edema cerebral generalizado, herniação uncal e/
Anemia hemolítica TGO e TGP Plaquetas
microangiopática >70 mg/dL <100.000/mm³ ou morte encefálica.
• Esquizócitos no sangue periférico As convulsões podem ou não ser precedidas por
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• DHL >600 UI/L
sinais clínicos, denominados “iminência de eclâmp-
• Bilirrubina total >1,2 mg/dL
sia”: cefaleia; epigastralgia ou dor em hipocôndrio
Fonte: Elaborada pela autora. direito; e alterações visuais: turvação visual, esco-
tomas.
O tratamento inicial é o mesmo utilizado para as
A droga de escolha para a prevenção e o tratamento
formas graves de hipertensão arterial, ou seja,
da eclâmpsia é o sulfato de magnésio (MgSO4).
estabilização das condições clínicas maternas,
profilaxia da convulsão (quando indicada), terapia
Quadro 7. Iminência de eclâmpsia.
anti-hipertensiva e avaliação da vitalidade fetal. O
parto está indicado a depender da idade gestacio- Níveis pressóricos elevados + tríade de sintomas:
nal, da estabilização materna e da viabilidade fetal. • Cefaleia
• Epigastralgia ou dor em hipocôndrio direito.
• Alterações visuais, como escotomas.
DIA A DIA MÉDICO Esses sintomas indicam urgência no tratamento
para evitar a progressão para eclâmpsia.
Uma possível complicação grave da síndrome HELLP é Fonte: Zugaib et al.3
a rotura hepática.
188
Doenças hipertensivas na gestação Cap. 7
acidose materna, além do manejo da crise convul- crônica deve ser feito se os valores pressóricos não
siva e prevenção de novas crises. se normalizarem no período do pós-parto (após 12
semanas).
É fundamental garantir a oxigenação materna e a
prevenção da broncoaspiração, por meio da prote- É um diagnóstico de exclusão, especificamente, e
ção da língua com Cânula de Guedel. a hipertensão crônica e a pré-eclâmpsia devem ser
descartadas durante a avaliação. Muitas vezes, é
Deve-se solicitar exames complementares para
difícil distinguir a hipertensão gestacional da hiper-
avaliação dos sistemas que podem ser acometidos
tensão crônica, especialmente em mulheres com
por essa patologia, como hemograma, coagulo-
cuidados pré-gestacionais inadequados ou que se
grama, dosagem de ureia, creatinina, sódio, potássio,
apresentam tardiamente para o pré-natal (após o 1º
enzimas hepáticas, ácido úrico, bilirrubinas totais
trimestre); portanto, os valores basais de pressão
e frações, Desidrogenase Lática (DHL), gasometria
são incertos.
arterial, proteinúria, exame de fundo de olho, ele-
trocardiograma e tomografia computadorizada (se
houver persistência do quadro convulsivo). 5.1. COMPLICAÇÕES
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com diminuição do risco de paralisia cerebral. cas associadas à pré-eclâmpsia. Por definição, a
Contraindica-se o uso de benzodiazepínicos, pois hipertensão gestacional tem resolução no período
a convulsão é autolimitada, além de favorecer a pós-parto. No entanto, as mulheres com tal condição
depressão respiratória e neurológica e aumentar estão em maior risco de desenvolver hipertensão
o risco de broncoaspiração. crônica e outras doenças cardiovasculares, como
a doença cardíaca isquêmica.
Se as convulsões persistirem após o uso do sulfato
de magnésio, outro anticonvulsivante, como a feni-
5.2. MANEJO
toína, pode ser usado.
Caso PAD ≥ 110 mmHg, após 30 minutos do ataque A meta de parto na hipertensão gestacional é 38-39
com sulfato de magnésio, utiliza-se a hidralazina EV. semanas, a depender da compensação materna e
O parto é necessário após a estabilização materna. fetal. O objetivo é evitar as complicações graves
associadas à possível progressão da doença, por
isso é recomendada a avaliação frequente de sinais
5. HIPERTENSÃO GESTACIONAL de agravamento da doença.
O tratamento é semelhante ao da pré-eclâmpsia
pré-termo sem sinais de gravidade, com pelo menos
A hipertensão gestacional é definida como elevação
visitas maternas semanais para avaliação dos sinto-
da pressão arterial após 20 semanas de gestação, na
mas e medição da PA, doppler de artérias umbilicais,
ausência de critérios diagnósticos de pré-eclâmpsia.
vitalidade fetal e monitoramento do crescimento
A hipertensão gestacional não é menos preocupante fetal.
que a pré-eclâmpsia e talvez não sejam entidades
distintas. O diagnóstico alternativo de hipertensão
189
Doenças hipertensivas na gestação Obstetrícia
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pré-eclâmpsia pré-termo sobreposta, a doença manejo de estresse.
deve ser caracterizada como tendo, ou não, sinais u Atenção aos sinais/sintomas de progressão da
de gravidade. doença; avaliar necessidade de hospitalização
para melhor manejo clínico e análise de exames
Pacientes com pré-eclâmpsia pré-termo sobreposta,
laboratoriais e da vitalidade fetal.
sem características graves, são candidatas ao tra-
tamento expectante. Elas devem ser monitoradas A terapêutica medicamentosa da hipertensão pro-
com frequência para o controle do desenvolvimento move proteção materna e fetal, reduzindo a pro-
de características graves, e o parto deve ser rea- gressão para as formas graves e ajudando a evitar
lizado com 37 semanas de gestação, se o estado a prematuridade e suas repercussões neonatais.
materno-fetal permanecer estável. O objetivo terapêutico é manter uma PAD de 81 a
As pacientes com pré-eclâmpsia pré-termo sobre- 85 mmHg. Por isso, a conduta em relação ao tra-
posta com características graves devem ser tratadas tamento medicamentoso deve ser:
de forma semelhante às pacientes com pré-eclâmp- u PAD < 80 mmHg: reduzir a dose ou interromper
sia com características graves: com consideração o uso de anti-hipertensivo.
cuidadosa do manejo expectante em pacientes u PAD entre 81 e 85 mmHg: manter a conduta.
apropriadas e do parto até 34 semanas. u PAD > 85 mmHg: introduzir anti-hipertensivo ou
aumentar a dose.
A metildopa é a droga de primeira escolha, com
dose inicial de 250 mg por via oral, 3 vezes ao dia,
com aumento de 250 a 500 mg/dia, até controle
pressórico adequado (dose mínima de 750mg e
máxima de 2 g/dia). Essa droga pode provocar
190
Doenças hipertensivas na gestação Cap. 7
hipotensão postural e, eventualmente, aumento A adição de uma nova droga a um tratamento só deve
sérico das enzimas hepáticas (TGO e TGP). ser feita quando se chega à dose máxima das drogas
que já estão em uso. No máximo, associam-se três
Como segunda opção, ou em caso de necessidade
drogas hipotensoras. Na eventual necessidade de
de se fazer uma associação com outro hipotensor,
introdução de uma terceira droga, podem ser utili-
o anlodipino e a nifedipina (na apresentação de
zados betabloqueadores (metoprolol ou carvedilol)
liberação lenta), que são bloqueadores dos canais
ou, ainda, hidralazina, por via oral.
de cálcio, também podem ser utilizados.
A Tabela 2 mostra as opções de drogas anti-hiper-
tensivas na gestação.
Nifedipina Retard
Bloqueador de 20 a 120 mg/dia 1 a 3x/dia
10 a 20 mg
canal de cálcio
Anlodipino 5 a 10 mg 5 a 20 mg/dia 1 a 2x/dia
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Betabloqueador Carvedilol 6,25,
12,5 a 50 mg/dia 1 a 2x/dia
2a linha 12,5 e 25 mg
1 mg até 20/mg ao
Bloqueador alfa 1 Prazosina 1, 2 e 4 mg
dia. 1 a 2x/dia
7.2. M ANEJO DA GESTANTE COM Na ausência de sintomas, pode ser controlada com
HIPERTENSÃO GRAVE medicação via oral, como a nifedipina, bloqueador
dos canais de cálcio. A dose inicial é de 10 a 20 mg
O tratamento da pré-eclâmpsia grave inclui interna- por via oral, com doses repetidas em 30 minutos,
ção imediata, com monitorização de sinais vitais e e, em seguida, de duas a seis horas, conforme
avaliação da necessidade de redução de níveis pres- necessário. Os efeitos adversos incluem taquicardia
sóricos. Além disso, estão indicados o tratamento e dor de cabeça.
específico com sulfato de magnésio e a resolução Na emergência hipertensiva, quando o pico hiper-
da gestação até, no máximo, 34 semanas. tensivo é associado a sintomas, a droga de escolha
para redução imediata de níveis pressóricos é a
7.2.1. Crise Hipertensiva
hidralazina EV. Os efeitos adversos incluem taqui-
Na gestação, níveis pressóricos de PAS ≥ 160 mmHg cardia, cefaleia e hipotensão materna, levando a
e/ou PAD≥110 mmHg, em duas medidas com intervalo traçados anormais de frequência cardíaca fetal.
de 15 minutos, caracterizam uma crise hipertensiva.
191
Doenças hipertensivas na gestação Obstetrícia
Deve-se fazer 5 mg EV 15/15 minutos, até o controle 7.2.2. Profilaxia e tratamento das convulsões
da pressão arterial (dose máxima de 20 mg).
A droga de escolha para prevenção e tratamento
das convulsões é o sulfato de magnésio (MgSO4).
DIA A DIA MÉDICO Seu uso está indicado na PE com critérios de gra-
vidade, para evitar a evolução para eclâmpsia, e
A hidralazina deve ser diluída em 19 mL de água destilada
para tratamento das convulsões na eclâmpsia pro-
(1 ampola = 1 mL = 20 mg). Para cada aplicação, são priamente dita.
utilizados 5 mL da solução.
A Tabela 3 mostra os esquemas de sulfatação.
4 g EV + 10 g IM (5 g
Ataque 4 g EV 6 g EV
em cada nádega)
Todos os esquemas são compostos por uma dose u Reflexos tendíneos profundos (comumente os
de ataque seguida de dose de manutenção. Zus- patelares) devem estar presentes.
pan e sibai são Endovenosos (EV) e necessitam Depressão respiratória e abolição de reflexos são
de bomba de infusão para manutenção, enquanto
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sinais de intoxicação e exigem a parada imediata
o esquema Pritchard possui dose de ataque endo- de infusão do sulfato, além da tentativa de reversão
venosa e Intramuscular (IM), associada à dose de dos efeitos com gluconato de cálcio 10% EV (10
manutenção IM. Por isso, o Esquema de Pritchard mL ou 1 ampola em 3 minutos), que é o antídoto.
está indicado para situações em que há indisponi-
bilidade de bomba de infusão ou para transporte da 7.2.3. Exames laboratoriais
paciente para um centro de maior complexidade.
Vários exames laboratoriais servem para fornecer
o diagnóstico diferencial e acompanhamento de
DIA A DIA MÉDICO
complicações.
Para facilitar, 4 gramas de sulfato de magnésio equiva- Quadro 8. Exames laboratoriais para diagnóstico e
lem a: MgSO4 a 50% = 8 mL; MgSO4 a 20% = 20 mL (2 seguimento das doenças hipertensivas na gestação.
ampolas); MgSO4 a 10% = 40 mL (4 ampolas).
Proteinúria ou relação proteína/creatinina na urina
A faixa terapêutica de magnésio é de 4 a 8 mEq/L,
Creatinina
e, acima desse nível, pode apresentar a toxicidade.
O primeiro sinal é a diminuição dos reflexos tendí- Hemograma com contagem de plaquetas
neos profundos, seguida de parada respiratória (>
Pesquisa de alterações eritrocitárias (esquizócitos)
15 mEq/L) e parada cardíaca (> 25 mEq/L). Sendo
assim, com o início da sulfatação, 3 parâmetros Bilirrubina total e frações
principais devem ser monitorizados para reduzir o Desidrogenase lática (DHL)
risco de intoxicação:
Enzimas hepáticas
u Diurese mínima de 25 mL/h durante sua infusão
(já que a sua excreção é renal). Fonte: Adaptada de Zugaib et al.³
u Frequência respiratória ≥ 16 irpm.
192
Doenças hipertensivas na gestação Cap. 7
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Meta de Parto
Pré-eclâmpsia 37 semanas
Avaliar
Sinais de gravidade
193
Doenças hipertensivas na gestação Obstetrícia
Manejo Hipertensão
gestacional, Obesidade
ambulatórial
crônica sem
sinais de
gravidade, pré- Definição Doença
eclâmpsia leve hipertensiva
AAS + Cálcio
em gestação
pregressa
Prevenção da
pré-eclâmpsia
História familiar
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Doenças
Conduta hipertensivas Fatores de risco
na gestação
Hipertensão
gestacional
Quadro
Pré-eclâmpsia
clínico
Exames
Eclâmpsia
laboratoriais
Pré-eclâmpsia
superajuntada
194
Doenças hipertensivas na gestação Cap. 7
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41(4): 318-32. Vigil-De Gracia P, Reyes Tejada O, Calle Miñaca A, Tellez G,
7. Turner JA. Diagnosis and management of pre-eclampsia: Chon VY, Herrarte E, et al. Expectant management of severe
an update. Int J Womens Health. 2010; 2: 327-37. preeclâmpsia remote from term: The MEXPRE Latin Study, a
randomized, multicenter clinical trial. Am J Obstet Gynecol.
2013; 209(5): 425.e1-8.
Zugaib M, Bittar RE, Francisco RPV. Protocolos Assistenciais
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA Clínica Obstetrícia FMUSP. 3. ed. Barueri: Manole; 2009.
195
Doenças hipertensivas na gestação Obstetrícia
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1 Questão 3
(UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA – 2017) Em relação (FACULDADE DE MEDICINA DO ABC – 2018) Primigesta, 30
à pré-eclâmpsia, é CORRETO afirmar: anos, com pré-eclâmpsia e idade gestacional de 32
semanas traz exame ultrassonográfico com índice
⮦ Mulheres pré-eclâmpticas apresentam sensibili- de líquido amniótico de 30 mm. Qual o diagnósti-
dade diminuída à angiotensina II, mesmo antes co e o principal mecanismo envolvido na gênese
das manifestações clínicas. dessa patologia?
⮧ Observam-se pequenas alterações no débito
cardíaco, sendo o aumento na pressão arterial ⮦ Rotura prematura de membranas ovulares; insu-
dependente sobretudo da elevação na resistên- ficiência placentária.
cia vascular periférica. ⮧ Insuficiência placentária; diminuição do débito
⮨ A fisiopatologia vascular da pré-eclâmpsia não urinário por desidratação fetal.
modifica as alterações fisiológicas próprias da ⮨ Oligoâmnio; diminuição da deglutição devido à
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gravidez normal. disfagia fetal.
⮩ Não existem evidências morfológicas e/ou bio- ⮩ Oligoâmnio; diminuição do débito urinário fetal
químicas de que a pré-eclâmpsia é precedida e/ por hipóxia crônica.
ou acompanhada por dano endotelial.
⮪ A lesão renal da pré-eclâmpsia pode ser respon-
Questão 4
sável pelo aumento da filtração glomerular e do
clearance de ácido úrico, o último causando a (ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO RIO GRANDE DO SUL – 2022) Assi-
característica hiperuricemia. nale a alternativa que apresenta o grupo de drogas
anti-hipertensivas que NÃO deve ser ministrado na
gestação.
Questão 2
⮦ Bloqueadores de canal de cálcio.
(PREFEITURA MUNICIPAL DE CASCAVEL – 2020) São indicações
do uso de ácido acetilsalicílico em doses baixas de ⮧ Inibidor adrenérgico de ação central.
50-150 mg por dia para prevenção de pré-eclâmpsia ⮨ Inibidores da enzima de conversão da angio-
em gestantes, exceto: tensina.
⮩ Diuréticos tiazídicos.
⮦ Eclâmpsia em gestação anterior.
⮧ Histórico de perda fetal recorrente ou síndrome
antifosfolipídeo. Questão 5
⮨ Síndrome de HELLP em gestação anterior. (FUNDAÇÃO HOSPITALAR DO ESTADO DE MINAS GERAIS – 2018)
⮩ História familiar de hipertensão na gestação. Paciente, 40 anos, 2 partos normais prévios, gestação
⮪ Pré-eclâmpsia em gestação anterior. 37 semanas, queixando-se de cefaleia, escotomas
visuais e epigastralgia. Nega antecedentes mórbidos
196
Doenças hipertensivas na gestação Cap. 7
prévios. Ao exame: PA 150 x 100 mmHg, FC 84 bpm, ⮦ Iminência de eclâmpsia. Internação, prescrição
AU 34 cm, BCF 140 bpm, feto em apresentação cefá- de sulfato de magnésio com dose de ataque de 4
lica, colo uterino longo, posterior e fechado. Realizada g EV, em 15 minutos, e manutenção de 1 g/hora.
cardiotocografia, mostrando estado fetal tranquiliza- Solicitar TGO, TGP, DLH, bilirrubinas, ureia, crea-
dor. Assinale a alternativa que apresenta a conduta tinina, ácido úrico, hemograma com plaquetas.
MAIS adequada nesse momento. Interrupção da gravidez.
⮧ Suspeita de pré-eclâmpsia. Internação, solicita-
⮦ Observar PA, prescrever paracetamol, aguardar
ção de ultrassonografia obstétrica com doppler,
resultados de propedêutica para síndrome HEL-
hemograma e proteinúria de 24 horas. Prescre-
LP e programar cesariana em 24 horas.
ver analgésicos e antiácidos e interromper a
⮧ Observar PA, prescrever sulfato de magnésio EV, gravidez, caso seja confirmado o diagnóstico de
aguardar resultados de propedêutica para sín- pré-eclâmpsia. Caso contrário, com a intenção
drome HELLP e iniciar indução do parto. de evitar cesariana desnecessária, recomendar
⮨ Observar PA, realizar nova cardiotocografia em repouso domiciliar até entrar em trabalho de
6 horas, aguardar resultados de propedêutica parto e avaliar vitalidade fetal com doppler ou
para síndrome HELLP e programar cesariana cardiotocografia a cada três dias.
para 39 semanas. ⮨ Eclâmpsia. Internação, prescrição de 10 mg de
⮩ Observar PA, manter paciente em repouso no leito, Diazepam, caso ocorra crise convulsiva. Solici-
aguardar resultados de propedêutica para síndro- tar hemograma com plaquetas. Interrupção da
me HELLP e programar cesariana após resultados. gravidez.
⮩ Pré-eclâmpsia. Internação, repouso em decúbito
Questão 6 lateral esquerdo, prescrição de metildopa 750
mg/dia. Solicitar TGO, TGP, DLH, bilirrubinas,
(SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS – SÃO PAULO – 2020) Na gra- ureia, creatinina, ácido úrico, hemograma com
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videz, a síndrome HELLP é caracterizada por: plaquetas. Interrupção da gravidez quando che-
gar a termo ou caso haja piora do quadro clínico.
⮦ icterícia, leucocitose e falência renal.
Avaliar vitalidade fetal com doppler ou cardioto-
⮧ hemólise, com aumento de desidrogenase lác- cografia a cada três dias.
tea e de transaminases, bem como diminuição
do número de plaquetas.
⮨ crise hipertensiva grave, com trombose de capi- Questão 8
197
Doenças hipertensivas na gestação Obstetrícia
TGO = 27 U/L, concentração de hemoglobina = 12,3 occipital e nucalgia. Iniciou seu pré-natal no primeiro
g/dl, dosagem de plaquetas = 180.000 por mm³, bii- trimestre, HAS crônica em uso de metildopa 1,0 g ao
lirrubina total = 0,9 mg/dl e creatinina = 1,2 mg/dL. dia, cálcio 2 g ao dia e AAS 100 mg ao dia. Realizou
Qual o diagnóstico neste momento? exames laboratoriais de rotina de pré-natal (1º e 2° tri-
mestres) com resultados normais. G2C1 há 2 anos por
⮦ Hipertensão arterial crônica com pré-eclâmpsia pré-eclâmpsia grave, RN: 710 g, < P5, 29 semanas, óbito
sobreposta. neonatal). Exame físico: PA: 160/115 mmHg, peso: 85
⮧ Pré-eclâmpsia grave. kg, FC: 84 bpm, Sat.O2: 97%, estatura: 165 cm, IMC: 32,
⮨ Hipertensão arterial essencial com insuficiência AU: 25 cm, BCF: 140 bpm, dinâmica uterina: ausente,
renal crônica. toque vaginal: colo longo, grosso, posterior e impérvio.
⮩ Hipertensão arterial gestacional. Realizada a internação, foram coletados exames labo-
ratoriais, suspenso AAS, administrado hidralazina 5
mg EV diluído e sulfato de magnésio pelo esquema de
Questão 9 Pritchard. Exames laboratoriais: ácido úrico: 6,2 mg/dL,
LDH = 400 U/L, creatinina: 0,9 mg%, plaquetas: 204.000/
(AUTARQUIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE APUCARANA – 2021) So-
mm3. Hb: 13 g/dL, VG: 39%, TGO: 22 U/L. Relação pro-
bre os quadros hipertensivos na gestação, consi-
teinúria/creatinúria: 2,5 g/mol, ecografia com Doppler
dere as afirmativas abaixo:
28 semanas: PFE: 750g, P10, ILA: 75 mm, artérias ute-
I. Hipertensão arterial crônica na gravidez é a ocorrên-
rinas com incisuras protodiastólicas bilaterais, o IR da
cia de HAS precedendo a gestação. Como muitas
artéria umbilical: 0,70 e IR da artéria cerebral média:
vezes não há registros de medidas de PA antes da
0,80. Relação U/C < 1,0, ducto venoso: IP < 1,5 e onda
gestação, considera-se HAS crônica quando a HAS
A presente. Cardiotocografia normal. Evoluiu assinto-
é constatada no 1º trimestre da gestação ou, no
mática, pressão arterial bem controlada, estabilizada
máximo, até a 20ª semana de gestação.
por 24 horas e vitalidade fetal permaneceu normal.
II. Hipertensão gestacional é a hipertensão arte-
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Qual é a conduta obstétrica correta nesse momento?
rial que surge pela primeira vez após a 20ª
semana da gestação, sem estar acompanhada ⮦ Encaminhar à enfermaria de alto risco, prescrever
de nenhum sinal, sintoma ou alteração labora- corticoide, manter a metildopa, suspender o sul-
torial que caracterize a pré-eclâmpsia. fato de magnésio, realizar exames laboratoriais
III. O diagnóstico de pré-eclâmpsia deve ser presu- de 48/48 horas e verificar vitalidade fetal diaria-
mido nas gestantes em que hipertensão arterial mente com o objetivo de alcançar a 37a semana.
e proteinúria significativa surgirem após a 20ª ⮧ Prescrever corticosteroide antenatal, sulfato de mag-
semana de gestação (exceto na mola hidatiforme, nésio em bomba, nifedipino 10 mg por via sublingual
quando a pré-eclâmpsia pode surgir antes da 20ª de 8/8 horas e proceder à realização da cesariana
semana). Assinale a alternativa correta: em até 48 horas, sem controle materno-fetal obtido.
⮨ Manter a internação, prescrever sulfato de mag-
⮦ Somente as afirmativas I e II são corretas. nésio em bomba, repetir os exames laboratoriais,
⮧ Somente as afirmativas I e III são corretas. verificar vitalidade fetal e prescrever misoprostol
por um máximo de 12 horas.
⮨ Somente as afirmativas II e III são corretas.
⮩ Realizar cesariana de imediato.
⮩ Todas as alternativas estão corretas.
⮪ Dar alta, sem a realização do parto, realizar mo-
nitorização e tratamento ambulatorial da PA,
Questão 10 repetir exames laboratoriais, verificar vitalidade
fetal e retornos semanais.
(HOSPITAL DAS CLÍNICAS DO PARANÁ – 2020) ABR, 40 anos,
branca, casada, atualmente com idade gestacional de
28 semanas (ecografia realizada na 8ª semana). Pro-
curou o pronto atendimento com queixa de cefaleia
198
Doenças hipertensivas na gestação Cap. 7
GABARITO E COMENTÁRIOS
sensibilidade dos vasos à angiotensina II, promo- (AAS) em baixas doses é recomendado para ges-
vendo vasoespasmo e hipertensão. tantes de alto risco para pré-eclâmpsia, por reduzir
em 17% a incidência de pré-eclâmpsia e em 14%
Alternativa B: CORRETA. A pressão arterial sistêmi-
a morte fetal ou neonatal. A dose recomendada é
ca é calculada como o resultado da multiplicação
de 60 a 150 mg (dose baixa) iniciada entre 12 e 28
do débito cardíaco pela resistência vascular peri-
semanas de gestação. A identificação precoce de
férica. Na pré-eclâmpsia, o débito cardíaco pouco
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pacientes com risco para pré-eclâmpsia através de
se altera, sendo, portanto, o aumento da resistên-
fatores de risco ou testes preditores pode auxiliar
cia vascular o principal responsável pela elevação
na instituição de medidas preventivas com vistas
dos níveis pressóricos nessa condição clínica, que
a evitar ou retardar a apresentação da doença ou,
ocorre devido à ausência do aumento do diâmetro
ainda, reduzir sua gravidade. É recomendado o uso
das artérias uterinas na segunda onda de invasão
de AAS em pacientes com pelo menos um fator de
trofoblástica.
alto risco: história de pré-eclâmpsia, eclâmpsia,
Alternativa C: INCORRETA. A redução da circulação
síndrome HELLP, especialmente quando acompa-
placentária e o dano endotelial são os principais
nhada de desfecho negativo; perda fetal recorrente;
mecanismos responsáveis pelas alterações fisiopa-
gestação múltipla; diabetes tipos 1 ou 2; doença
tológicas da pré-eclâmpsia, levando às alterações
renal; doença autoimune (lúpus, síndrome antifos-
em decorrência do aumento pressórico, à permea-
folipídeo), hipertensão crônica. Deve-se considerar
bilidade vascular, ao vasoespasmo, dentre outras.
baixa dose de AAS se a paciente tiver pelo menos
Alternativa D: INCORRETA. A perfusão uteroplacentária dois fatores de risco moderado: história familiar de
diminuída provoca dano endotelial, que é responsá- hipertensão na gestação, nuliparidade; obesidade (Ín-
vel por vários mecanismos que levam a alterações dice de Massa Corporal superior a 30 kg/m2); idade
bioquímicas e morfofuncionais na pré-eclâmpsia ≥ 35 anos; características sociodemográficas (cor/
devido ao desequilíbrio entre substâncias produzi- raça negra e baixa renda); história pessoal (baixo
das pelo próprio endotélio vascular. peso ao nascer ou pequeno para idade gestacional,
Alternativa E: INCORRETA. O vasoespasmo sistêmi- desfecho negativo em gestação anterior, intervalo
co provocado pelo dano endotelial presente nessa intergestacional superior a 10 anos). Uma gestan-
patologia leva a uma redução da perfusão renal, te com apenas história familiar de hipertensão na
com consequente diminuição da taxa de filtração gestação tem apenas um fator de risco moderado
glomerular, o que provoca redução da eliminação – logo, não está indicado o uso de AAS.
199
Doenças hipertensivas na gestação Obstetrícia
Alternativas A, B, C e E: CORRETAS. Todos são fatores com menor produção de líquido amniótico, confor-
de alto risco. me explicitado na questão.
Alternativa D: INCORRETA. Este é um fator de risco ✔ resposta: D
moderado, e isoladamente não indica o uso do AAS.
✔ resposta: D dificuldade:
Questão 4
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Amniótico (ILA), caracterizando oligoâmnio quando
o ILA for menor do que 50 mm (5 cm). O ILA é con-
siderado normal quando está entre 80 e 180 mm. Questão 5 dificuldade:
Alternativa A: INCORRETA. A rotura prematura de
Y Dica do professor: Paciente no curso de 37 sema-
membranas pode provocar redução do líquido am-
nas de gestação apresentando sinais de iminência
niótico. No entanto, a questão não menciona a perda
de eclâmpsia (cefaleia, escotomas visuais e epigas-
de líquido via vaginal.
tralgia), além de Pressão Arterial (PA) acima de 140
Alternativa B: INCORRETA. A diminuição do débito x 90 mmHg. Apenas com esses dados podemos
urinário provocado por insuficiência placentária afirmar que a paciente é portadora de pré-eclâmpsia
ocorre por hipóxia crônica, e não por desidratação. (PE grave, com sinais de iminência de eclâmpsia.
Alternativa C: INCORRETA. A diminuição da deglutição O que fazer nesse caso? Como já ultrapassamos
pelo feto levaria a um estado de polidrâmnio devi- 37 semanas de gestação, não há dúvida de que o
do a uma menor reabsorção do líquido amniótico, tratamento de escolha será a interrupção da ges-
levando em consideração um débito urinário nor- tação. Contudo, por apresentar sinais de iminência
mal, uma vez que o líquido estaria sendo formado de eclâmpsia, é mandatório o uso de sulfato de
normalmente, porém não estaria sendo reabsorvi- magnésio antes de proceder ao parto.
do na mesma proporção, provocando aumento da Alternativa A: INCORRETA. Essa alternativa não con-
quantidade de líquido. templa o uso do sulfato de magnésio.
Alternativa D: CORRETA. O ILA de 30 mm caracteriza Alternativa B: CORRETA. A paciente em questão deve
o oligoâmnio; nesse caso, determinado pela hipóxia ter sua PA monitorada e receber sulfato de magnésio
crônica, a qual provoca redução da diurese fetal, por via endovenosa para a prevenção de episódios
convulsivos. Além disso, em todas as pacientes com
PE, faz-se necessária a pesquisa de síndrome HELLP
200
Doenças hipertensivas na gestação Cap. 7
através de exames laboratoriais. A presença dessa é mandatória, a fim de prevenir crises convulsivas.
síndrome é diagnosticada quando ocorre hemólise O esquema apresentado pela alternativa é o de
(esquizócitos em sangue periférico, bilirrubina total Zuspan (1966), que recomenda 4 g em infusão len-
> 1,2 mg/dL à custa de bilirrubina indireta ou LDH ta como dose de ataque, seguido de 1-2 g/hora em
> 600 UI/L), TGO > 70 UI/L e trombocitopenia (< bomba de infusão. Quanto aos exames, é importante
100000/mm³). Por fim, deve-se proceder à indução solicitar transaminases, pelo risco de lesão hepáti-
do parto, para interromper a gestação. ca (hematoma subcapsular), LDH e bilirrubina, para
Alternativa C: INCORRETA. Não é necessário esperar- analisar a possibilidade de hemólise, ureia e creatini-
mos até 39 semanas. O tratamento de escolha é a na, para avaliar a função renal, ácido úrico, também
estabilização da paciente, seguida da interrupção para flagrar possível dano renal, e hemograma com
da gestação. plaquetas, para avaliar possível anemia e trombo-
citopenia. Nesse caso, interrupção da gravidez é
Alternativa D: INCORRETA. Não há menção ao sulfato
a regra, pois a paciente apresenta pré-eclâmpsia
de magnésio e não há indicação de cesárea nesse
grave e tem mais de 34 semanas.
momento. Nesse caso, com feto em apresentação
cefálica e boa vitalidade fetal, não há nenhum im- Alternativa B: INCORRETA. A gestante apresenta diag-
pedimento para tentarmos o parto vaginal. nóstico confirmado de pré-eclâmpsia: PA maior que
140 x 90 mmHg. Embora não tenhamos dados sobre
✔ resposta: B
proteinúria, o American College of Obstetricians and
Gynecologists (ACOG) admite que, na ausência de
Questão 6 dificuldade: proteinúria, o aumento da pressão acima de 140 x
90 mmHg em gestante com mais de 20 semanas
Y Dica do professor: HELLP – Hemolysis, Elevated pode ser considerado pré-eclâmpsia quando ocor-
Liver Enzymes e Low Platelets! re também (1) trombocitopenia < 100000/mm³, (2)
Alternativa A: INCORRETA. Podem ocorrer, mas não elevação das transaminases de duas vezes o valor
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definem a síndrome. de referência, (3) piora da função renal (creatini-
Alternativa B: CORRETA. Faltou só a lesão hepática na > 1,1 mg/dL ou sua duplicação, na ausência de
aguda para completar a síndrome. outras doenças renais), (4) edema agudo de pul-
mão ou (5) sintomas visuais ou cerebrais. Como a
Alternativa C: INCORRETA. Estão descritas outras
gestante em questão apresenta sintomas visuais
consequências de pré-eclâmpsia.
e cerebrais, que são também marcadores de gra-
Alternativa D: INCORRETA. A CIVD é uma possível vidade da pré-eclâmpsia e sintomas de iminência
complicação da HELLP. de eclâmpsia, podemos considerar a gestante em
Alternativa E: INCORRETA. Essa é a descrição da questão como portadora de pré-eclâmpsia grave.
eclâmpsia. A conduta imediata é estabilizar a gestante e ini-
✔ resposta: B ciar o uso de hidralazina intravenosa e sulfato de
magnésio. Não é necessário, nesse caso, solici-
tar proteinúria de 24 horas, pois o diagnóstico de
Questão 7 dificuldade: pré-eclâmpsia já está firmado clinicamente. Além
disso, por se tratar de um caso grave a termo, não
Y Dica do professor: Questão importante que cobra
podemos mais aguardar: devemos proceder com
algumas definições fundamentais relacionadas ao
a interrupção da gestação após a estabilização da
diagnóstico e ao manejo das síndromes hiperten-
gestante por 4 a 6 horas.
sivas da gravidez. Cada alternativa merece nossa
atenção. Alternativa C: INCORRETA. Não há descrição de con-
vulsões ou coma, por isso não podemos fazer o
Alternativa A: CORRETA. A gestante em questão se
diagnóstico de eclâmpsia. Além disso, em caso
apresenta com sintomas de iminência de eclâmp-
de ocorrência de crises convulsivas, lembrar-se de
sia (cefaleia, sintomas visuais e dor epigástrica) e,
por isso, a administração de sulfato de magnésio
201
Doenças hipertensivas na gestação Obstetrícia
que a medicação de escolha é sempre o sulfato de Assertiva II: CORRETA. A evolução para pré-eclâmp-
magnésio, e não o diazepam. sia é comum.
Alternativa D: INCORRETA. A metildopa não é a medi- Assertiva III: CORRETA. A mola hidatiforme é uma
cação de escolha para o controle das crises hiper- condição que, excepcionalmente, pode cursar com
tensivas, e sim a hidralazina intravenosa. Os exames pré-eclâmpsia antes das 20 semanas de gestação.
solicitados estão corretos. Contudo, por se tratar de ✔ resposta: D
uma gestante com mais de 34 semanas (e, nesse
caso, a termo), não se pode permitir aguardar mais
para proceder com a interrupção da gestação, que Questão 10 dificuldade:
deve ser a próxima etapa assim que a estabilização
Y Dica do professor: Paciente com pré eclâmpsia e
clínica for concluída.
sinais de gravidade deve ser inicialmente internada
✔ resposta: A com medicamento anti-hipertensivo, sulfato de Mg
(se sinais de iminência de eclâmpsia) e avaliação
dificuldade:
da vitalidade fetal. A análise fetal, nesse caso, evi-
Questão 8
denciou um feto com RCIU, ILA reduzida (sinal de
Y Dica do professor: Atenção! Pré-eclâmpsia não é sofrimento fetal crônico), porém com relação U/C
só elevação de PA + proteinúria! Pode ocorrer na < 1 (sem centralização fetal), com onda A presente
ausência de proteinúria, contanto que haja sinais e CTG normal, o que indica que não há sofrimento
de gravidade. agudo grave, permitindo acompanhar a gestação.
Alternativa A: CORRETA. Os picos pressóricos ini- Alternativa A: CORRETA. A ausência de sinais de so-
ciaram-se antes da 20ª semana, caracterizando frimento fetal grave, a ausência de sintomas mater-
hipertensão arterial crônica; mesmo na ausência nos e o controle pressórico permitem tentar levar
de proteinúria, ocorreu elevação da creatinina aci- a gestação até o termo, com acompanhamento
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ma de 1,1, alteração que “conta” como diagnóstico contínuo materno-fetal, interrompendo a gestação
de pré-eclâmpsia. em caso de alterações de vitalidade fetal, sintomas
Alternativa B: INCORRETA. Pelos níveis pressóricos, maternos ou alterações laboratoriais persistentes.
realmente se trata de pré-eclâmpsia grave, porém Alternativa B: INCORRETA. Não há indicação de nife-
ela é sobreposta (o que confere maior gravidade e dipino sublingual pela absorção irregular do medi-
maior incidência de RCIU). camento por essa via.
Alternativa C: INCORRETA. O enunciado deixa claro Alternativa C: INCORRETA. Na ausência de sinais de
que os exames laboratoriais eram todos normais iminência de eclâmpsia, o sulfato de Mg pode ser
na primeira avaliação pré-natal. suspenso; não há indicação de indução do parto
Alternativa D: INCORRETA. A HAG ocorre quando o nesse momento.
primeiro pico pressórico maior ou igual a 140 (sis- Alternativa D: INCORRETA. Com bom controle mater-
tólico) ou 90 (diastólico) ocorre após 20 semanas no e ausência de sinais de sofrimento fetal, não há
de gestação, na ausência de proteinúria ou outras indicações de parto nesse momento.
alterações laboratoriais. Alternativa E: INCORRETA. Essa gestante deve ser
✔ resposta: A mantida em enfermaria, para acompanhamento
contínuo materno-fetal.
dificuldade:
✔ resposta: A
Questão 9
202
Capítulo
GESTAÇÃO GEMELAR
8
importância/prevalência
1. INTRODUÇÃO 2. EPIDEMIOLOGIA
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BASES DA MEDICINA BASES DA MEDICINA
As gestações gemelares podem acontecer devido ao O avanço nas técnicas de reprodução assistida foi grande
fato de a mulher ter mais de uma ovulação no mesmo nos últimos 20 anos, mas ele impacta mais a incidência
ciclo, gerando mais de um zigoto, ou pela divisão de um de gestações dizigóticas do que as monozigóticas. O uso
mesmo zigoto. Como resultado, ocorre o desenvolvimento de indutores de ovulação e a transferência de múltiplos
intrauterino de mais de um produto conceptual, podendo embriões aumentam as chances de gestações dizigóticas;
ser duplo, triplo, quádruplo e assim por diante. já a ocorrência de microtraumas no blastocisto durante
a manipulação do zigoto na fertilização in vitro aumenta
as chances de gestações monozigóticas.
A mortalidade neonatal e perinatal é aumentada,
em comparação com as gestações únicas, assim
como o risco de paralisia cerebral, abortamento, A prevalência de gêmeos monozigóticos é relativa-
prematuridade, pré-eclâmpsia, hiperêmese graví- mente estável em todo o mundo, já a prevalência
dica, hemorragia pós-parto e outras complicações. de gêmeos dizigóticos é influenciada por alguns
fatores, entre eles: história familiar materna, ges-
tações tardias, raça negra e aumento da paridade.
DIA A DIA MÉDICO
203
Gestação gemelar Obstetrícia
Gemelaridade
Presença simultânea de 2 ou +
fetos no útero ou fora dele
↑ Idade materna
↑ Incidência
Técnicas de reprodução
assistida
↑ Complicações maternas e fetais
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Pré-natal de alto risco
204
Gestação gemelar Cap. 8
As gestações múltiplas podem ser classificadas Se você descobre que os gêmeos têm sexos diferentes,
quanto à quantidade de fetos (gemelar, trigemelar saiba que só podem ser resultantes de gestações dizi-
etc.), quantidade de ovos fertilizados (zigoticidade), góticas. Mas, caso sejam gêmeos do mesmo sexo, eles
número de placentas (corionicidade) e número de podem ser resultantes tanto de gestações monozigóticas
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quanto dizigóticas.
cavidades amnióticas (amnionicidade).
Portanto, em relação à zigoticidade, a gestação Pode haver uma ou duas bolsas, sendo monoam-
pode ser mono ou dizigótica. Os gêmeos mono- niótica ou diamniótica, respectivamente.
zigóticos ou univitelinos têm o mesmo genótipo;
portanto, de mesmo sexo, com mesma aparência
física e mesmas tendências patológicas. Os dizigó-
ticos, também chamados bivitelinos ou fraternos,
205
Gestação gemelar Obstetrícia
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Devido ao risco de complicações das gestações
monocoriônicas, o conhecimento da corionicidade
é essencial. Ele é definido com mais certeza no 1º
trimestre, pela ultrassonografia por via endovaginal.
A gestação dicoriônica pode ser definida a partir da
5ª semana, pela visualização de mais de um saco
gestacional e pela presença de septo espesso entre
eles. A partir de nove semanas, a projeção do com-
ponente coriônico entre as membranas amnióticas,
identificado na base da inserção placentária, forma
o sinal do lambda, característico das gestações
dicoriônicas.
Fonte: Acervo do Dr. Adolfo Liao.
206
Gestação gemelar Cap. 8
Classificação
1 óvulo Dicoriônica
Trigêmeos 1 espermatozoide Diamniótica
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Monozigóticos
4, 5, 6... Di
Divisão do ovo:
2 óvulos Dicoriônica
< 3 dias
2 espermatozoides Diamniótica
Monocoriônica
3-8 dias
Diamniótica
Monocoriônica
8-13 dias
Monoamniótica
207
Gestação gemelar Obstetrícia
USG 1º
trimestre
Zigoticidade Corionicidade
Sinal “T”
= Monocoriônica
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208
Gestação gemelar Cap. 8
A expansão volêmica é ainda mais elevada, quando com- Em relação à mãe, há um aumento na frequência
parada a uma gestação única. Com isso, há aumento da de anemia, hiperêmese gravídica, pré-eclâmpsia,
pré-carga e, consequentemente, maior débito cardíaco, placenta prévia e descolamento prematuro de pla-
que chega a ser 60% maior do que o de não gestantes. centa, infecção e hemorragias puerperais, edema
pulmonar e óbito.
É bom lembrar, também, que o aumento do volume
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uterino faz com que a dispneia seja ainda mais
observada, e que há maior chance de uropatia obs-
trutiva por compressão extrínseca.
209
Gestação gemelar Obstetrícia
Hiperêmese gravídica
Anemia Pré-eclâmpsia
Complicações
Infecção puerperal hemorrágicas
da gestação
Hemorragia pós-parto
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210
Gestação gemelar Cap. 8
BASES DA MEDICINA
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Figura 4. Entrelaçamento de cordões. quilíbrio hemodinâmico entre os dois fetos pela presença
de anastomoses vasculares arteriovenosas placentárias.
Essa transferência não balanceada de sangue provoca
anemia no gêmeo doador, com restrição do crescimento
grave, acompanhada de oligúria e oligoâmnio, enquanto
o feto receptor recebe uma sobrecarga circulatória e
apresenta policitemia, que pode levar ao desenvolvimento
de complicações cardíacas e hidropsia.
211
Gestação gemelar Obstetrícia
Sua ocorrência está associada a altas taxas de óbito 6.3. GÊMEO ACÁRDICO
fetal espontâneo, atingindo um, ou ambos os fetos,
abortamento, RPMO e parto prematuro. A taxa de
mortalidade nos casos não tratados chega a 90%. BASES DA MEDICINA
Os critérios diagnósticos são: monocorionicidade,
ausência de malformações estruturais, polidrâmio Situação rara e dramática que ocorre em 1% das gestações
na cavidade amniótica do feto receptor, cuja bexiga monocoriônicas. Representa grau extremo de anormali-
urinária se apresenta distendida, e oligodrâmnio na dade vascular (neste caso, anastomose arterioarterial). O
cavidade do feto doador, cuja bexiga muitas vezes gemelar normal, doador, atua como bomba de perfusão
para o feto anormal e, em 50 a 70% dos casos, o doador
está colabada e não é visualizada ao ultrassom.
morre em decorrência de insuficiência cardíaca congestiva
O estadiamento, proposto por Quintero, é muito ou prematuridade acarretada pela polidrâmnia severa.
importante, pois vai determinar o manejo clínico:
O gêmeo acárdico apresenta múltiplas e graves
Tabela 1. Estágios da Classificação de Quintero malformações estruturais incompatíveis com a
para síndrome de transfusão feto-fetal. vida após o parto. São elas: acardia ou coração
Diferença na quantidade de líquido rudimentar, ausência do polo cefálico, alterações
Estágio 1 amniótico nas duas cavidades dos membros superiores, tronco hidrópico ou massa
(polidrâmio/ oligodrâmnio). amorfa.
Estágio 2 Bexiga do doador não visualizada na USG.
Figura 7. Feto acárdico.
Alteração no doppler (fluxo
diastólico ausente ou reverso, ducto
Estágio 3
venoso em onda A reversa, veia
umbilical com fluxo pulsátil).
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Estágio 4 Hidropsia fetal.
DIA A DIA MÉDICO O médico sofre quando não pode disponibilizar o melhor
tratamento ao seu paciente, e sabemos que cirurgia fetal
não é a realidade de muitos locais do Brasil. Nesses casos,
Aproveite esse momento para lembrar as definições de
não há o que fazer. Então, conduza de forma expectante,
oligodrâmnio (maior bolsão vertical < 2 cm ou ILA < 5 cm) e
faça monitorização intensiva da vitalidade fetal e, próximo
polidrâmnio (maior bolsão vertical ≥ 8 cm ou ILA ≥ 24 cm). à viabilidade do feto normal, interrompa a gestação.
212
Gestação gemelar Cap. 8
Ocorre devido a pequenas anastomoses vasculares (<1 Complicação que pode ocorrer devido a anastomoses
mm), que permitem o fluxo lento entre doador e receptor. vasculares ou também por diferença de área placentária,
A fisiopatologia é semelhante à síndrome de transfusão anormalidades de inserção do cordão umbilical ou cau-
feto-fetal, porém de apresentação mais branda e sem sas genéticas e, por isso, não é exclusivo das gestações
discordância de volume de líquido amniótico. monozigóticas.
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Gestação monocoriônica: Gestação dicoriônica:
presença de 2 dos 4 fatores abaixo em 1 dos fetos: presença de 2 dos 3 fatores abaixo em 1 dos fetos:
Prognóstico favorável
Fluxo diastólico positivo
Tipo I Conduta expectante
Discordância leve de peso entre os dois fetos.
Vigilância fetal.
213
Gestação gemelar Obstetrícia
BASES DA MEDICINA
Fonte: Batool et al.4
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bom lembrar que é exclusiva das gestações monocoriô-
nicas monoamnióticas. Há falha na separação completa do prognóstico, que está relacionado à extensão
dos embriões, quando a divisão do ovo ocorre tardiamente, da união, aos órgãos envolvidos e à presença de
após o 13º dia.
eventuais malformações associadas.
6.6.1. Classificação:
214
Gestação gemelar Cap. 8
Óbito
fetal
Crescimento fetal
Prematuridade
discordante
Restrição de
crescimento
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Sequência
anemia-policitemia
do gemelar
Síndrome de
transfusão
feto-fetal
215
Gestação gemelar Obstetrícia
Idade
Objetivos
gestacional
Algumas adaptações são necessárias, como dosa-
gem trimestral de hemoglobina, devido ao maior Diagnóstico da localização,
risco de anemia materna. A pesquisa para o estrepto- viabilidade e datação da
6-9 semanas
gestação, determinação da
coco do grupo B é realizada entre 30 e 32 semanas, corionicidade e amnionicidade.
devido à ocorrência frequente de prematuridade em
Confirmação da corionicidade e
gestações gemelares.
da datação da gestação; medida
Nas gestações monocoriônicas, é recomendada 11-13 semanas da translucência nucal e pesquisa
de marcadores de aneuploidas
a avaliação ultrassonográfica quinzenal, a partir
fetais do 1º trimestre.
de 16 semanas, para investigar o diagnóstico de
síndrome de transfusão feto-fetal. Nas gestações monocoriônicas:
avaliação quinzenal para
16-24 semanas
pesquisa de sinais de Sd.
de transfusão feto-fetal.
DIA A DIA MÉDICO
18-20 semanas Exame morfológico fetal.
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Gestação gemelar Cap. 8
Acompanhamento
pré-natal
(alto risco)
Pesquisa de aneuploidias
Pesquisa Estreptococo
grupo B entre 30-32s
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Gestação gemelar Obstetrícia
Dicoriônica
38 semanas
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diamniótica
Monocoriônica
36 semanas
diamniótica
Monocoriônica
34 semanas
monoamniótica Fonte: Acervo da Dra. Renata Assunção.
218
Gestação gemelar Cap. 8
1 ou + fetos dentro
ou forado útero
Zigotia
Cesárea
Definição
Monozigótica
Vaginal
Dizigótica
< 24 s
Corionia
Monocoriônica
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Gêmeos unidos Complicações Fatores de risco Dicoriônica
Sd transfusão
Fetais Fertilização in vitro Diamniótica
feto-fetal
Crescimento
Extremos de idade Monoamniótica
discordante
219
Gestação gemelar Obstetrícia
1. Quintero RA, Morales WJ, Allen MH, Bornick PW, Johnson Cunningham FG, Leveno KJ, Bloom SL, Spong CY, Dashe
PK, Kruger M. Staging of twin-twin transfusion syndrome. JS, Hoffman BL, et al. Obstetrícia de Willi-ams. 25. ed. Porto
J Perinatol. 1999;19(8Ptl): 550-5. Alegre: AMGH; 2018.
2. Anca FA, Negru A, Mihart AE, Grigoriu C, Bohîlțea RE, Montenegro CAB, Rezende Filho J. Rezende. Obstetrícia Fun-
Șerban A. Special forms in twin pregnancy - ACARDIAC damental. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2014.
TWIN/ Twin reversed arterial perfusion (TRAP) sequence.
J Med Life. 2015 Oct-Dec;8(4):517-22. PMID: 26664482;
PMCID: PMC4656964.
3. Zugaib M, Francisco RPV. Zugaib obstetrícia. 4. ed. Barueri:
Manole; 2020.
4. Batool T, Akhtar J. Conjoined twins: the flip side. APSP
J Case Rep. 2010 Jul;1(2):23. doi: 10.21699/ajcr.v1i1.23.
Epub 2010 Dec 1. PMID: 22953266; PMCID: PMC3418001.
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Gestação gemelar Cap. 8
QUESTÕES COMENTADAS
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Questão 2 ⮩ Dizigóticas dicoriônicas.
(SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE DE SÃO PAULO – 2020) De
acordo com a classificação de Quintero, qual é a Questão 5
conduta no estágio II com 20 semanas?
(UNIEVANGÉLICA DE ANÁPOLIS – 2018) Paciente de 30 anos,
⮦ Conduta expectante com resolução com 37 se- GI P0 A0, apresentando gestação gemelar dupla.
manas. Primeiro ultrassom realizado por via endovaginal
⮧ Ultrassom doppler semanal até as 34 semanas, com 11 semanas apresentando o sinal do T. A trans-
com resolução nessa data. lucência fetal apresentou diferença, sendo os valo-
⮨ Amniodrenagem seriada. res 2,2 mm e 3,2 mm. Considerando-se os dados
apresentados, verifica-se que:
⮩ Ablação a laser das anastomoses placentárias.
⮪ Feticídio do doador pelo grau de comprometi- ⮦ Há diferença no risco de cromossomopatia dos
mento neurológico existente. fetos.
⮧ A gestação é dicoriônica.
Questão 3 ⮨ O risco de cromossomopatia é aumentado em
ambos os fetos.
(HOSPITAL SÃO JULIÃO – 2018) Com relação à ultrasso-
⮩ Há risco de síndrome de transferência feto fetal.
nografia obstétrica na gestação gemelar, é INCOR-
RETO afirmar:
221
Gestação gemelar Obstetrícia
Questão 6 Questão 9
(UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO – 2018) Paciente está (HOSPITAL MEMORIAL ARTHUR RAMOS – 2020) Gestações ge-
em sua terceira gestação. Teve dois partos vaginais melares monocoriônicas/monoamnióticas devem
anteriores. Agora, dá à luz por cesárea em gravidez ter resolução com a idade gestacional de:
gemelar. Ela passa a ser chamada de:
⮦ 34 semanas.
⮦ Tercigesta e quartípara. ⮧ 37 semanas.
⮧ Quadrigesta e quartípara. ⮨ 39 semanas.
⮨ Tercigesta e tercípara. ⮩ 40 semanas.
⮩ Quadrigesta e tercípara.
⮪ Secundigesta e secundípara.
Questão 10
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dois embriões à US realizada com 8 semanas
⮩ 3º e 8º dia.
indica gestação gemelar crônica dicoriônica
monoamniótica.
Questão 8 ⮩ O seguimento da gestação gemelar dicoriônica
por US é mais frequente do que o da monoco-
(HOSPITAL ADVENTISTA SILVESTRE – 2020) Paciente com
riônica.
um parto vaginal prévio encontra-se em trabalho
de parto de gestação gemelar com 36 semanas –
primeiro feto em apresentação cefálica com peso
estimado de 2700 g e o segundo em apresentação
pélvica com peso estimado em 2500 g. A via de
parto mais bem indicada para esse caso é:
⮦ Cesariana.
⮧ Vaginal para o primeiro feto e cesariana para o
segundo.
⮨ Escolhida em comum acordo pela paciente, fa-
miliares e equipe-assistente.
⮩ Vaginal para ambos.
⮪ Cesariana para o primeiro e vaginal para o se-
gundo.
222
Gestação gemelar Cap. 8
GABARITO E COMENTÁRIOS
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dramnia e insuficiência cardíaca. Assim, devemos Estádio V: aconselhamento sobre complicações
pensar nessa causa na questão. neurológicas no gemelar vivo; considerar conduta
✔ resposta: C expectante.
✔ resposta: D
Questão 2 dificuldade:
Questão 3 dificuldade:
Y Dica do professor: A classificação de Quintero diz
respeito aos quadros de Síndrome de Transfusão Y Dica do professor: Gestações dizigóticas são sem-
Feto-Fetal em gestações monocoriônicas. Vamos pre dicoriônicas e diamnióticas.
relembrar: Alternativa A: INCORRETA. Porém, é importante lem-
• Estágio I: diferença significativa no volume brar que as gestações dicoriônicas e diamnióticas
de líquido amniótico no saco de cada gêmeo, podem ser monozigóticas ou dizigóticas.
sendo o doador com Oligohidramnio (<2,0cm) Alternativas B e C: CORRETAS. Sinal do lambda, ou
e o receptor com Polidramnio (>8,0cm). Peso Y, ou twin-peak representa uma gestação gemelar
fetal com diferença maior que 20%. dicoriônica; sinal do T representa uma gestação
• Estágio II: achados anteriores associados à não monocoriônica.
visualização da bexiga do feto doador (bexiga Alternativa D: CORRETA. Os sexos fetais são obriga-
vazia). Estudo Doppler normal. toriamente idênticos na gravidez monozigótica (um
• Estágio III: achados anteriores mais alteração espermatozoide fecunda um ovo), mas podem ser
do fluxo sanguíneo anormal. Doppler Artéria diferentes na dizigótica (fertilização de dois óvulos
Umbilical ou Venoso alterado em qualquer um separados).
dos fetos (Diástole Zero ou Reversa na artéria
✔ resposta: A
223
Gestação gemelar Obstetrícia
Y Dica do professor: A Síndrome de Transfusão Fe- Y Dica do professor: As gestações múltiplas podem
to-Fetal ocorre em gestações gemelares monozigó- ser classificadas quanto à zigozidade (número de
ticas monocoriônicas (uma placenta para os dois massas embrionárias – zigotos), à corionicidade
fetos). Ocorre transfusão de sangue de um feto para (número de placentas) e quanto à amnionicida-
o outro através de anastomoses vasculares, prin- de (número de bolsas amnióticas). Os dizigóticos
cipalmente arteriovenosas, sendo um doador (que sempre são dicoriônicos e diamnióticos, mas os
desenvolve oligodramnia, palidez, oligúria e CIUR) monozigóticos podem variar.
e outro receptor (polidramnia, hidropisia, poliúria, Alternativa A: INCORRETA. 2% dos monozigóticos te-
hipervolemia e insuficiência cardíaca). rão a divisão da massa embrionária após o 9° dia
✔ resposta: B depois da fecundação, caracterizando uma gesta-
ção de monocoriônicos e monoamnióticos.
Alternativa B: INCORRETA. Quando há divisão da mas-
Questão 5 dificuldade:
sa embrionária após o 12°dia, ocorre gemelaridade
Y Dica do professor: O sinal do T representa uma imperfeita – gêmeos siameses.
gestação monocoriônica (uma placenta) diamnió- Alternativa C: CORRETA. 1/3 dos monozigóticos terão
tica (duas cavidades amnióticas). a divisão da massa embrionária nos três primeiros
Alternativa A: INCORRETA. Trata-se de uma gestação dias após a fecundação, caracterizando uma ges-
monozigótica e, por isso, o risco de cromossomo- tação dicoriônica/diamniótica.
patia é o mesmo entre os gêmeos. Alternativa D: INCORRETA. 2/3 dos monozigóticos te-
Alternativa B: INCORRETA. A gestação é monocoriô- rão a divisão da massa embrionária entre 3°e 9° dia
nica (sinal do T). após a fecundação, caracterizando uma gestação
de monocoriônicos e diamnióticos.
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Alternativa C: INCORRETA. Não há aumento no risco
de cromossomopatia em nenhum dos fetos. ✔ resposta: C
Alternativa D: CORRETA. Há risco de Síndrome de
Transfusão Feto-Fetal, pois essa síndrome só ocor- dificuldade:
Questão 8
re em gestações gemelares monocoriônicas, prin-
cipalmente diamnióticas, havendo transfusão de Y Dica do professor: As indicações de cesárea nas
sangue de um feto para o outro através de anas- gestações múltiplas são: trigemelares ou mais; pri-
tomoses vasculares, sendo um feto doador (que meiro gemelar não cefálico; diferença de peso maior
desenvolve oligodramnia, palidez, oligúria e Ciur) e que 500 gramas entre os fetos; prematuridade com
outro o receptor (polidramnia, hidropisia, poliúria, fetos viáveis; peso fetal estimado < 1500 g.
hipervolemia e insuficiência cardíaca). Alternativa A: INCORRETA. A questão não menciona
✔ resposta: D nenhuma das condições que indicaria cesariana.
Alternativas B e E: INCORRETAS. Não indicamos uma
via de parto diferente para cada gemelar. O que
Questão 6 dificuldade:
pode acontecer é alguma complicação no despren-
Y Dica do professor: Os sufixos “gesta” e “para” re- dimento do segundo feto que indique a realização
ferem-se às gravidezes e aos partos havidos, e não de cesariana de urgência. Além disso, cesariana
ao número de conceptos. A gravidez gemelar con- no primeiro e parto vaginal no segundo não faz ne-
ta como uma gestação e um parto. Portanto, a pa- nhum sentido!
ciente é tercigesta, pois está na terceira gestação, Alternativa C: INCORRETA. A via de parto sempre deve
e tercípara, pois teve três partos. ser discutida entre o obstetra e a parturiente (não
✔ resposta: C necessariamente com os familiares). Nesse caso,
224
Gestação gemelar Cap. 8
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única placenta e um único âmnio. As gestações
monocoriônicas, monoamnióticas respondem por
apenas 1% de todas as gestações gemelares mo-
nozigóticas, sendo a gemelidade imperfeita ainda
mais rara. A escolha da via de parto de uma gestação
gemelar, por sua vez, vai depender de um conjunto
de aspectos. A apresentação do primeiro gemelar
é o principal fator a ser considerado na escolha da
via de parto. Pode-se programar o parto entre 34
semanas e 37 semanas e 6 dias. A utilização da re-
solução de gestações gemelares monocoriônicas
e monoamnióticas preconizada por alguns autores
em 34 + 0-6 semanas contribuiu para a queda do
número de morbimortalidade perinatal.
✔ resposta: A
225
Fixe seus conhecimentos!
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226
ROTURA PREMATURA DE Capítulo
MEMBRANAS OVULARES
E PREMATURIDADE
9
importância/prevalência
u RPMO é a rotura das membranas antes do início do trabalho de parto e pode ocorrer a termo ou pré-termo.
u As principais complicações da RPMO são infecções e prematuridade.
u A conduta pode ser expectante, mas nos casos de franco trabalho de parto, sinais de corioamnionite,
sofrimento fetal ou idade gestacional superior a 34 semanas, a resolução está indicada.
u Saber a conduta diante de um trabalho de parto prematuro.
u Conhecer os aspectos da prevenção da prematuridade.
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1.1. DEFINIÇÃO à idade gestacional, isto é, quanto menor a idade
gestacional, maior o período de latência.
A RPMO é classificada de acordo com a idade
BASES DA MEDICINA
gestacional em que ocorre, e esse período é o que
determina a conduta em cada caso:
As membranas e o líquido amniótico funcionam como uma
barreira protetora, gerando um ambiente estéril fundamen- u Rotura prematura de membranas ovulares pré-
tal para a proteção, o crescimento e o desenvolvimento
termo (< 37 semanas).
do feto, além de propiciar um ambiente adequado para
a completa formação pulmonar fetal. W RPMO pré-viável.
W Entre a viabilidade e < 34 semanas.
W ≥ 34 semanas e < 37 semanas.
A Rotura Prematura das Membranas Ovulares
(RPMO) é a ocorrência da rotura espontânea das u Rotura prematura de membranas ovulares a ter-
membranas coriônica e amniótica, antes do início mo (≥ 37 semanas).
do trabalho de parto. Atenção! O termo “prematura” Nem sempre a rotura das membranas é patológica.
é em relação ao trabalho de parto, não em relação à Durante a gestação a termo, devido às contrações
prematuridade do feto, pois a RPMO pode acontecer uterinas e pelas modificações bioquímicas na super-
em qualquer idade gestacional. Quando ocorre antes fície das membranas, ocorre a rotura fisiológica.
das 37 semanas, será chamada de RPMO pré-termo.
227
Rotura prematura de membranas ovulares e prematuridade Obstetrícia
Sobredistensão uterina
• Polidrâmnio Quando acontece estiramento importante das membranas ovulares ou aumento de fatores
mecânicos, como contrações uterinas patológicas, ocorre a ativação de receptores de
• Gestação múltipla
ocitocina e de progesterona. Isso leva estímulo às membranas e à decídua, que aumenta
• Fatores mecânicos os níveis de proteases, alterando as estruturas cervicais e membranosas e levando à sua
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• Contrações uterinas rotura.
• Movimentação fetal
Expõe o colo à manipulação e presença de corpo estranho (fio) que pode predispor a
Cerclagem
infecções.
Diminuição do fosfatidilino- Essa substância atua como lubrificante na interface entre o cório e o âmnio. A sua dimi-
sitol nas membranas nuição leva a uma menor distensibilidade das membranas, favorecendo a rotura.
Diminuição da atividade
imunológica bactericida do Predispõe à ocorrência de infecções.
líquido amniótico
Distúrbio hereditário do tecido conjuntivo que leva a vários defeitos na estrutura da síntese
Síndrome de Ehlers-Danlos do colágeno. A diminuição do colágeno do cório leva ao amadurecimento das membranas
e, por isso, pode levar à sua rotura.
Fonte: Adaptado de Zugaib et al.¹
228
Rotura prematura de membranas ovulares e prematuridade Cap. 9
Desregulação Distensão/contração
Inflamação/infecção
hormonal uterina patológica
Degradação
↑ Estrógenos Receptores de ocitocina
de colágeno
Redução da
progesterona
Membranas
e decíduas
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↑ Proteases ↑ Prostaglandinas ↑ CRH
[ENTRA IMAGEM]
229
Rotura prematura de membranas ovulares e prematuridade Obstetrícia
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Traumatismo Quadro 3. Complicações da RPMO.
Antecedente de parto prematuro Maternas
Fonte: Adaptado de Zugaib et al.¹
Corioamnionite
Endometrite
Fetais/neonatais
Como a infecção ascendente da flora vaginal é a causa
identificável mais frequentemente associada à RPMO, Doença da membrana hialina
deve-se dar importância à queixa de corrimento vaginal Hemorragia intraventricular
nas gestantes antes de considerá-la como aumento
fisiológico de secreção vaginal. Essas pacientes devem Infecções (pneumonia, meningite)
ser submetidas ao exame especular e, no caso de infec-
Sepse
ções, o tratamento deverá ser realizado de acordo com
o provável agente. Sofrimento fetal
Hipoplasia pulmonar
Apresentações anômalas
Enterocolite necrotizante
Fonte: Adaptado de Zugaib et al.¹
230
Rotura prematura de membranas ovulares e prematuridade Cap. 9
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de Tarnier, que pode ajudar na visualização do líquido
O exame especular permite a visualização do líquido saindo pelo orifício cervical. Para isso, faz-se a elevação
escorrendo pelo orifício cervical, de maneira contí- da apresentação fetal mediante palpação abdominal e
compressão do fundo uterino, provocando a saída de
nua ou em jorro, ou ainda acúmulo vaginal de líquido
líquido pelo orifício cervical. Também é possível solicitar
(Figura 2). A coloração do líquido também merece à gestante que realize a Manobra de Valsalva, para se
atenção, uma vez que o líquido meconial pode ter observar o escoamento do líquido pelo colo.
cor amarelada ou esverdeada. Na presença de
infecção, pode ser purulento e fétido.
Sinais de infecção
RPMO
Manobra de Valsava
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Manobra deTarnier
232
Rotura prematura de membranas ovulares e prematuridade Cap. 9
BASES DA MEDICINA
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e torna-se azul em contato com o líquido amniótico
(pH > 6,5). Por meio do exame especular, o papel é
Fonte: Neykor Chonrossainatee/Shutterstock.com².
colocado em fundo de saco posterior, em contato
com o conteúdo vaginal. Esse exame tem uma
sensibilidade de 90-97% e especificidade de 16-70%. DIA A DIA MÉDICO
233
Rotura prematura de membranas ovulares e prematuridade Obstetrícia
isqueiro ou fósforo, a uma distância que não cha- 1.6.6. Detecção de Alfa-1-microglobulina
musque a lâmina. Se houver presença de líquido placentária (Amnisure®)
amniótico, o aspecto do conteúdo na lâmina vai
mudar de incolor para marrom. Detecta a alfamicroglobulina-1 de origem placen-
tária (o chamado PAMG-1). Trata-se de um teste
1.6.5. Testes moleculares
qualitativo de uma substância que está presente no
líquido amniótico em concentrações 10 mil vezes
A identificação de marcadores de origem fetal na maiores que nas secreções cervicovaginais.
secreção vaginal tem alta sensibilidade e especifici- O teste apresenta sensibilidade de 98,9% e especi-
dade no diagnóstico da RPMO. Dentre eles, podemos ficidade de 88% a 100%, valor preditivo positivo de
citar: alfafetoproteína; fibronectina; alfamicroglobu- 100% e negativo de 99%. Sua maior desvantagem
lina-1 placentária (PAMG-1); e fator de crescimento é o alto custo e a baixa disponibilidade.
semelhante à insulina (IGFBP-1). No entanto, são
testes de alto custo e ainda não disponíveis na rede
pública de saúde no Brasil.
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Fonte: Acervo Sanar.
234
Rotura prematura de membranas ovulares e prematuridade Cap. 9
1.7. CONDUTA
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Alguns cuidados gerais incluem:
Fonte: Acervo da Dra. Renata Assunção. A ocorrência de RPMO nessa faixa de idade gesta-
cional leva a um prognóstico perinatal muito ruim,
com alta morbimortalidade materna e fetal, geral-
mente associadas ao risco infeccioso. A conduta
deve ser individualizada caso a caso, e as pacientes
235
Rotura prematura de membranas ovulares e prematuridade Obstetrícia
devem ser aconselhadas em relação aos riscos e diagnóstico, com hiper-hidratação e reavaliação do
benefícios do tratamento expectante versus o parto Índice de Líquido Amniótico (ILA) após 48-72h, na
imediato, pois, nesse contexto, pode-se oferecer a esperança de que ocorra resselagem das membra-
interrupção da gestação como uma opção para a nas e restauração do volume amniótico (apenas 8%
paciente e sua família. dos casos). Após essa abordagem inicial, pode ser
realizado o acompanhamento ambulatorial, desde
Caso a paciente opte por uma conduta expec-
que não haja sinais de infecção ou sangramento.
tante, está indicada a internação no momento do
Repouso no leito.
Antibioticoterapia.
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Interrupção imediata da gestação se houver sinais de corioamnionite
ou se a paciente entrar em trabalho de parto.
Fonte: Adaptado de Zugaib et al.¹
236
Rotura prematura de membranas ovulares e prematuridade Cap. 9
Repouso no leito
Hemograma completo e PCR duas vezes por semana ou se surgirem sinais de infecção
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Contraindicações: evidências de infecção e/ou parto
Ampicilina IV, 2 g de 6/6 h por 48 h +
azitromicina, 1 g VO, dose única.
iminente, hipersensibilidade à droga.
Após as primeiras 48h, suspender a c) Profilaxia para estreptococos do grupo B
ampicilina e manter amoxicilina, 500
mg VO, de 8/8 h, por 5 dias.
A cultura para estreptococos do grupo B deve ser
coletada com swab vaginal e anal no pré-natal entre
35 e 37 semanas, e o resultado tem validade por 5
Esse esquema fornece cobertura para micoplasma
semanas. Nos casos de RPMO pré-termo em que a
e clamídia, causas de corioamnionite e pneumonite
paciente ainda não realizou a cultura, o exame deve
e de conjuntivite neonatal.
ser coletado na admissão hospitalar.
A antibioticoprofilaxia é necessária para a prevenção
DIA A DIA MÉDICO de sepse neonatal por estreptococos do grupo B e
deve ser realizada durante o trabalho de parto ou
Não usar amoxicilina com clavulanato como profila- se houver RPMO, conforme indicações.
xia, devido ao risco de maior incidência de enterocolite
necrotizante.
b) Corticoterapia
Entre 24 e 34 semanas, está indicada a corticoterapia
para maturação pulmonar fetal:
237
Rotura prematura de membranas ovulares e prematuridade Obstetrícia
Cultura dispensada
Cultura positiva para SGB Cultura desconhecida
(fazer profilaxia)
Trabalho de parto ou
Trabalho de parto Urocultura positiva para SGB
RPMO < 37 semanas
Se alérgica a penicilina
Vancomicina, 1 g IV a cada 12 h até o parto.
(alternativa)
Fonte: Cunningham3.
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avaliado pelo Índice de Bishop).
parto prematuro está contraindicado nos casos de
RPMO. Estudos mostraram que a tocólise nesses
casos foi eficaz em aumentar o período de latên- 1.8. CORIOAMNIONITE
cia, porém também aumentou consideravelmente
a ocorrência de corioamnionite, sem evidência de
benefícios maternos ou fetais. BASES DA MEDICINA
1.7.3. RPMO ≥34 semanas A corioamnionite pode ser a causa da RPMO (mecanismo
de defesa de infecção fetal), ou consequência dela (nos
A maioria das referências bibliográficas – Ministé- casos de bolsa rota por períodos prolongados, pode
rio da Saúde, guidelines internacionais: American ocorrer infecção por via ascendente).
College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG)
e Royal College of Obstetricians and Gynaecologists
RCOG) – indica resolução da gestação se RPMO A avaliação da ocorrência de corioamnionite é fun-
com idade gestacional de 34 semanas ou mais, damental para a conduta na RPMO, uma vez que,
enquanto alguns autores indicam manter conduta após o diagnóstico de infecção, a conduta é reso-
expectante até 36 semanas4,1. Não há divergências lutiva, independentemente da idade gestacional.
em relação à indicação de conduta ativa em casos Os organismos que mais causam corioamnionite
de RPMO a termo (≥37 semanas). são a Escherichia coli, Bacteroides, Streptococcus
dos grupos B e D, anaeróbios.
A via de parto é obstétrica, e está indicada a indução
do parto vaginal, exceto se houver alguma indica-
ção de cesárea associada, como iteratividade ou
placenta prévia. O método de indução a ser adotado
238
Rotura prematura de membranas ovulares e prematuridade Cap. 9
2 dos critérios:
Clínicos:
• Taquicardia materna (> 100 bpm);
• Taquicardia fetal (> 160 bpm);
Hipertermia (37,8°C) e pelo menos 2 dos seguintes
• Febre (≥ 37,8°C);*
sinais:
• Contrações uterinas irregulares (útero irritável);
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• Útero doloroso; • Saída de secreção purulenta e/ou com odor pelo orifício exter-
• Odor vaginal desagradável; no do colo;
• Taquicardia materna > 100 bpm;
Exames complementares:
• Taquicardia fetal (> 160 bpm);
• Leucocitose > 15.000 células/mL. • Leucocitose (> 15.000 leucócitos/mL ou aumento de 20%);
• Aumento da PCR em 20%;
• Ausência de movimentos respiratórios fetais (ao USG);
• Diminuição abrupta do ILA.
* Critério maior – isolado é diagnóstico
Uma vez que a flora vaginal e a perianal é polimi- Clindamicina 900 mg IV de 8/8h
crobiana, o tratamento da coriamnionite deve ser + gentamicina 1,5 mg/Kg IV 1x ao
realizado com antibioticoterapia de amplo espectro, dia (dose máxima: 240 mg/d)
com cobertura para bactérias gram-positivas, gram-
-negativas e anaeróbias. Esquemas terapêuticos A antibioticoterapia deve ser mantida até 48h após
para corioamnionite: o parto ou após o último pico febril.
O diagnóstico de corioamnionite indica a resolução
Ampicilina 2 g IV de 6/6h + gentamicina imediata da gestação, independentemente da idade
1,5 mg/Kg IV 1x ao dia (dose máxima: 240 gestacional. A via de parto preferencial é a vaginal,
mg/d) + metronidazol 500 mg IV de 8/8h para evitar a disseminação da infecção intraute-
rina para a cavidade peritoneal durante a cesárea,
OU aumentando a morbidade e o risco cirúrgico para
a paciente.
239
Rotura prematura de membranas ovulares e prematuridade Obstetrícia
Trabalho de parto
Se a febre persistir, mesmo com o uso correto do trata-
mento antibiótico, devem ser procuradas outras fontes de Corioamnionite
infecção, como tromboflebite pélvica, infecção de parede,
Sofrimento fetal
retenção de restos ovulares e infecção do sistema urinário.
Descolamento prematuro de placenta
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240
Cristalização
Fenol
Nitrazina
Exame especular (90%) + IGFPB-1
Gestante refere perda de líquido via vaginal
Testes diagnósticos SN PAMG-1
Pré-termo Termo
Confirmada RPMO
(<37 semanas) (≥ 37 semanas)
Pesquisa de
estreptococos do grupo
Descolamento Sofrimento Trabalho B positiva ou indicações
Coriamnionite prematuro da fetal de parto
Pré-viável Pré-termo placenta
(<24 semanas) (24 a <34 semanas)
Ampicilina 2 g EV Betametasona
6/6h por 48h + 12 mg IM 24/24h Penicilina cristalina 5.000.000
Azitromicina 1g VO + (2 doses) UI EV (ataque) + 2.500.000 UI
Amoxacilina 500 mg EV de 4/4h (manutenção)
VO 8/8h por 5 dias OU
Clindamicina 900 mg 8/8h
EV (pacientes alérgicas)
241
Cap. 9
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Rotura prematura de membranas ovulares e prematuridade Obstetrícia
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gestação (< 259 dias), contadas a partir do primeiro
242
Rotura prematura de membranas ovulares e prematuridade Cap. 9
Diagnóstico
Rotura Prematura de
Atividade uterina Alterações cervicais
Membranas Ovulares (RPMO)
Visualização de LA
4 contrações em 20min Dilatação cervical > 2 cm
no exame especular
Teste da cristalização
8 contrações em 60min Apagamento cervical ≥ 80%
ou da nitrazina
Progressão na reavaliação
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243
Rotura prematura de membranas ovulares e prematuridade Obstetrícia
Descolamento
Prematuro de
Placenta (DPP)
Insuficiência
Gestação de alto risco
istmocervical
Sobredistensão Malformações
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uterina (polidramnia, uterinas ou miomas
gemelaridade) (múltiplos ou volumosos)
244
Rotura prematura de membranas ovulares e prematuridade Cap. 9
Miomatose ou
Colo curto < 25 mm
malformações uterinas
Uterinos Cervicais
Fatores anatômicos
História prévia de
Gestação múltipla
prematuridade
Infecções sistêmicas e
Fatores
doenças sexualmente Polidramnia
de risco
transmissíveis
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Drogas Estresse
Ansiedade
245
Rotura prematura de membranas ovulares e prematuridade Obstetrícia
É importante saber definir a prematuridade em u Fatores anatômicos, tanto uterinos quanto cer-
relação às semanas de gestação: vicais, como a miomatose uterina (com miomas
múltiplos ou volumosos) e o colo curto (<25 mm).
u Prematuridade tardia: entre 34 semanas e 36 u Sobredistensão uterina: como ocorre na gesta-
semanas e 6 dias. ção múltipla, macrossomia fetal ou polidrâmnia.
u Prematuridade precoce: até 33 semanas e 6 dias. u Infecções sistêmicas e infecções sexualmente
W Prematuridade extrema: entre 22 semanas e transmissíveis.
27 semanas e 6 dias. u Drogas (tabaco, cocaína, álcool).
As complicações neonatais mais comuns incluem u Estresse e ansiedade: fatores estressores podem
síndrome do desconforto respiratório, hemorragia desencadear alterações hormonais, entre elas a
intracraniana, enterocolite necrosante e sepse. liberação de ocitocina pela hipófise posterior, o
que culmina nas contrações uterinas.
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de receptores beta, diminuição do cálcio livre intracelular e
aumento do cálcio nos depósitos (retículo sarcoplasmático).
BASES DA MEDICINA
246
Rotura prematura de membranas ovulares e prematuridade Cap. 9
Tipos de
Eletiva Terapêutica Urgência
cerclagem
Antes da cervicodilatação:
Não deve ultrapassar 24 Não deve ultrapassar 24
Período entre 12 e 16 semanas
semanas de gravidez. semanas de gravidez.
de gestação.
Fonte: Zugaib et al.¹
Anterior
Vesicocervical reflection
Uterine vessels
1 cm
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Cervical vessels
Cervical vessels
Posterior
Fonte: Acervo Sanar.
247
Rotura prematura de membranas ovulares e prematuridade Obstetrícia
Cerclagem
Tratamento de bacteriúria
Progesterona
assintomática
Prevenção
Interrupção do tabagismo,
Tratamento de infecções
do consumo de álcool e
genitais sintomáticas
de outras drogas
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Rotura prematura de membranas ovulares e prematuridade Cap. 9
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da concentração citoplasmática de cálcio nas células mio-
metriais, diminuindo a quantidade e a força das contrações
A conduta depende da Idade Gestacional (IG). Em
uterinas. A terbutalina é um agonista-ẞ-adrenérgico que
gestações com 34 semanas ou mais, o parto é também reduz a concentração intracelular de cálcio das
conduzido normalmente, com a profilaxia para células miometriais, através da ativação da adenilciclase,
Estreptococos do grupo B, já que a prematuridade, que catalisa a conversão de ATP em AMP cíclico.
neste caso, é tardia e exerce pouca influência sobre
a sobrevida neonatal.
A tocólise está indicada para os casos de idade
Em gestações abaixo de 24 semanas, em que o gestacional entre 25 e 33 semanas e 6 dias, em
feto ainda é pré-viável, o prognóstico é reservado período de latência do trabalho de parto e esvae-
e a família deve ser informada. cimento do colo não pronunciado.
Já em gestações entre 24 e 34 semanas, o feto já
é viável, mas ainda não tem a maturação pulmonar Quadro 9. Contraindicações à tocólise.
suficiente. Por isso, o parto é retardado por meio da Óbito fetal
tocólise, enquanto são administrados corticoides
que auxiliam na maturação pulmonar, na profilaxia Malformações fetais incompatíveis com a vida
da hemorragia intraventricular e da enterocolite Sofrimento fetal
necrosante, e, consequentemente, na diminuição
Pré-eclâmpsia grave ou eclâmpsia
da mortalidade em fetos prematuros.
Hemorragia materna com instabilidade hemodinâmica
As condutas gerais incluem:
Corioamnionite
u Internação.
RPMO
u Repouso relativo.
u Avaliação da vitalidade fetal. Contraindicações às drogas tocolíticas
Fonte: Adaptado de Norwitz6.
249
Rotura prematura de membranas ovulares e prematuridade Obstetrícia
u Terbutalina: classe C. Prolonga a gestação por A corticoterapia está indicada entre 24 e 33 semanas
48 horas, tempo suficiente para fazer o corticoi- e 6 dias. Alguns estudos defendem que seja feita
de. Deve ser evitada por apresentar alto risco de até 37 semanas, desde que não haja uma exposição
hipotensão, isquemia miocárdica e edema agudo prévia aos corticoides. Entretanto, aumenta-se o
de pulmão. Deve ser administrada do seguinte risco de hipoglicemia neonatal.
modo: diluir 5 ampolas de terbutalina (1 ampola O efeito máximo inicia-se após 24 horas e persiste
= 0,5 mg) + 500 mL de soro glicosado (SG) a 5%. por sete dias. Em geral, utiliza-se apenas um ciclo
W Ataque: 2,5 μg/minuto (10 gotas/minuto), en- de corticosteroide, e dois excepcionalmente, em
dovenoso, aumentando-se 10 gotas/minuto de virtude dos efeitos colaterais para o feto. Não deve
20 em 20 minutos até cessarem as contrações ser realizado se houver infecção materna ou dia-
(máximo de 80 gotas/min). betes descompensado.
W Manutenção: manter a dose capaz de cessar
as contrações por 24 horas, diminuindo 10
gotas de 20 em 20 min até a suspensão total. DIA A DIA MÉDICO
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W Manutenção: 25-50 mg de 4/4h por 48h (não
ultrapassar 200 mg/24h).
u Bloqueador de canal de cálcio (nifedipino): clas- BASES DA MEDICINA
se C. Potente, muito utilizado na prática médica
e a melhor escolha. Pode cursar com cefaleia e A profilaxia é fundamental em virtude das consequências
hipotensão. Contraindicado em casos de hipo- geradas pela infecção neonatal por GBS, que pode ser
tensão e ICC. precoce ou tardia. A forma precoce ocorre nos primeiros
sete dias de vida, e entre as manifestações clínicas estão
W Ataque: 10 mg a cada 10 minutos, podendo desconforto respiratório, apneia, sinais de sepse, que se
repetir até 3 vezes ou 30 mg VO dose única. iniciam nas primeiras 24 horas de vida e podem evoluir
W Manutenção: 20 mg a cada 6 horas por até para óbito em até 48 horas. A forma tardia acomete bebês
de 7 a 12 semanas de idade, e as manifestações clínicas
48 horas.
mais comuns são meningite, bacteremia sem foco apa-
u Bloqueador do receptor de ocitocina (atosiban): rente, artrite séptica, onfalite e osteomielite.
alto custo, poucos efeitos colaterais.
W Ataque: 1 ampola 0,9 ml EV em um minuto.
A profilaxia de infecção por estreptococos do Grupo
W Manutenção: 2 ampolas 5 mL + 90 mL SG 5%
B (GBS) está indicada em todos os casos de trabalho
em BIC a 24 mL/h por 3 horas, correndo 28
de pré-termo, a menos que tenha ocorrido rastreio
mL restantes a 8 mL/h. Caso haja contrações
negativo há, no máximo, cinco semanas.
persistentes, realizar 2 ampolas 5 mL + 90 mL
SG 5% em BIC durante 12 horas e 30 minutos, Os esquemas de antibioticoterapia foram previa-
podendo repetir o esquema até 48 horas após mente citados na seção de RPMO deste capítulo.
o início da dose de ataque.
250
Rotura prematura de membranas ovulares e prematuridade Cap. 9
2.4.4. Neuroproteção
DIA A DIA MÉDICO
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preferível a cesariana para fetos com pesos estima-
dos abaixo de 1.500 g, quando os riscos da indu-
Sulfato de magnésio 4 g EV (ataque)
ção passam a ser maiores do que seus possíveis
MgSO4 10%: 4 ampolas EV lento (em 20min) benefícios.
Sulfato de magnésio 1 g/h EV (manutenção)
O uso de fórceps está desaconselhado e é possível
MgSO4 50%: 5 ampolas + SG 5% 450 mL
apenas se o peso fetal estimado estiver acima de
* Preparar: gluconato de cálcio 10% 10 mL + 1500 g. O vácuo extrator está contraindicado em
água destilada (AD) 10 mL (antídoto em caso
fetos prematuros.
de intoxicação pelo sulfato de magnésio)
A amniotomia deve ser tardia, para que haja a
Deve-se evitar o uso do sulfato de magnésio e de proteção da bolsa das águas sobre o polo cefálico.
bloqueadores de canal de cálcio ou beta-agonistas Preconiza-se que o clampeamento do cordão umbi-
ao mesmo tempo. Essa interação pode causar lical seja oportuno. Dessa forma, para recém-nasci-
hipotensão e hipocalcemia. Por isso, a tocólise dos com idade gestacional ≥ 34 semanas, o cordão
com indometacina ou atosiban deve ser preferida, deve ser clampeado entre um e três minutos depois
nesses casos. da sua extração completa da cavidade, desde que
estejam com respiração adequada e tônus muscular
em flexão. Os recém-nascidos com idade gestacio-
nal < 34 semanas, e que começaram a respirar ou
chorar, devem ter seu cordão clampeado entre 30
e 60 segundos.
251
Rotura prematura de membranas ovulares e prematuridade Obstetrícia
Corticoide ≥ 34 s: DPP
prematuridade tardia
Betametasona ou Insuficiência
dexametasona istmocervical
Trabalho de Parto (TP)
entre 22 e 37 semanas
<32 semanas: Neuroproteção
de gestação Infecções
com MgSO4
ATBprofilaxia para
Estreptococos do grupo B Placenta
Definição prévia
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em 20min Sobredistensão
uterina
8 contrações Fatores (polidramnia,
Diagnóstico
em 60min de risco gemelaridade)
RPMO Gestação de
alto risco
Visualização de LA Prevenção
no exame especular
História de
Testes Progestágeno prematuridade
complementares
se necessário
Drogas
Trat. bacteriúria
Alterações cervicais assintomática
Fatores anatômicos
Dilatação cervical Redução atv. física e
> 2 cm cessar tabagismo
Estresse
Apagamento
Cerclagem
cervical ≥ 80%
Progressão na
reavaliação
252
Rotura prematura de membranas ovulares e prematuridade Cap. 9
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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ACOG - American College of Obstetricians and Gynecolo-
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ao Parto e Tocurgia. São Paulo: Editora Ponto; 2002.
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Janeiro: Atheneu; 2015.
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Montenegro CAB, Rezende Filho J. Rezende Obstetrícia. 13.
ed, Guanabara Koogan, 2016.
253
Rotura prematura de membranas ovulares e prematuridade Obstetrícia
QUESTÕES COMENTADAS
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III. Neuroproteção fetal com sulfato de magnésio no
parto, ao parto e ao puerpério.
trabalho de parto em gestação com 30 semanas.
⮧ Internação, inibição de trabalho de parto e cor-
ticoterapia intravenosa materna. Quais apresentam impacto na redução da morbi-
⮨ Resolução da gestação por via alta imediata- mortalidade perinatal?
mente, considerando a vitalidade fetal. ⮦ Apenas I.
⮩ Antibioticoterapia, inibição do trabalho de parto ⮧ Apenas II.
e início de corticoterapia materna.
⮨ Apenas III.
⮩ Apenas I e III.
Questão 2
⮪ I, II e III.
(HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE TERESÓPOLIS COSTANTINO OTTA-
VIANO – 2018) Qual seria a melhor conduta para uma
Questão 4
primigesta internada com 35 semanas de gestação
(comprovada por ultrassonografia de 1º trimestre), (ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO RIO GRANDE DO SUL – 2022) Dentre
com rotura prematura de membranas ovulares ra- as opções abaixo, qual é o maior fator de risco para
tificada clinicamente? o trabalho de parto pré-termo?
254
Rotura prematura de membranas ovulares e prematuridade Cap. 9
⮦ Progesterona vaginal e cerclagem de colo uterino. (FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS – 2018)
Gestante com 30 semanas de gestação dá entrada
⮧ Amoxicilina clavulanato por 7 dias e repetir eco-
na maternidade local referindo perda de líquido em
grafia com 20 semanas.
grande quantidade há cerca de 6 horas. Na avaliação
⮨ Amoxicilina clavulanato por 7 dias e pré-natal inicial foi comprovada RPMO (Ruptura Prematura
de rotina. de Membranas Ovulares) e contrações ausentes.
⮩ Progesterona vaginal e pré-natal de rotina. Em relação à conduta, avalie as alternativas:
I. A monitorização consiste em acompanhar a di-
nâmica uterina e dilatação do colo por toque,
Questão 6
avaliação do bem-estar fetal e instituição de
(UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – 2018) Primiges- antibioticoterapia.
ta, 31 anos, com 32 semanas de gestação, refere II. O repouso no leito, a hidratação oral, a prescrição
perda de líquido vaginal à noite, molhando a cama. de corticoterapia e a monitoração de infecção são
Nega cólicas ou sangramento e relata movimen- cruciais para a diminuição da morbidade neonatal.
tos fetais ativos. Exame especular: inconclusivo, III. A interrupção da gestação está indicada em caso
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inclusive com a manobra de Valsalva. O resultado de comprovação de corioamnionite.
de exame complementar que confirmará ruptura Estão CORRETAS:
prematura das membranas ovulares é:
⮦ I, II e III.
⮦ Leucocitose com desvio à esquerda no hemo- ⮧ Somente I e II estão corretas.
grama. ⮨ Somente I e III estão corretas.
⮧ Coloração rósea pelo papel de nitrazina. ⮩ Somente II e III estão corretas.
⮨ Oligodramnia na ultrassonografia obstétrica. ⮪ Apenas uma das alternativas.
⮩ Arborização do líquido após secagem em lâmina.
Questão 9
Questão 7
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PRESIDENTE DUTRA – 2018) Pacien-
(SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO – 2020) Acerca te com 32 anos de idade, G IV P I A II, comparece
do trabalho de parto prematuro e da prematuridade, para iniciar pré-natal, com 8 semanas de gestação
julgue os próximos itens. (7 semanas pela última menstruação e pela ultras-
I. O antagonista de ocitocina apresenta menos sonografia). Na coleta da história obstétrica pre-
efeitos colaterais que os beta‐agonistas. gressa, refere parto prematuro extremo (no 6º mês),
II. O edema agudo de pulmão é um efeito colateral neomorto no 2º dia pós-nascimento, decorrente
do uso de terbutalina. da prematuridade extrema, e dois abortos tardios,
III. A terbutalina pode ocasionar hiperglicemia. um com 18 e outro com 16 semanas. Relata que
na ocasião do parto iniciou quadro de sangramen-
Assinale a alternativa CORRETA. to indolor discreto e, ao chegar na maternidade, o
feto já estava com dilatação de 9 cm, sem sentir
255
Rotura prematura de membranas ovulares e prematuridade Obstetrícia
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256
Rotura prematura de membranas ovulares e prematuridade Cap. 9
GABARITO E COMENTÁRIOS
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o trabalho de parto deve ser conduzido via vaginal. ma importante. Essa terapia reduz o risco de com-
plicações, como enterocolite necrotizante, morte
Alternativa B: INCORRETA. A presença de corioamnio-
perinatal e quadros respiratórios graves (exemplo:
nite indica a interrupção da gestação. A inibição do
doença da membrana hialina).
trabalho de parto está contraindicada.
Assertiva II: VERDADEIRA. Gestantes que apresentam
Alternativa C: INCORRETA. A via de parto preferencial
achado de colo curto na USG ou que têm história
é a vaginal, para que a infecção não seja dissemi-
de parto pré-termo devem se beneficiar do uso de
nada para a cavidade abdominal. Além disso, a
progesterona.
vitalidade fetal está normal (cardiotocografia com
padrão tranquilizador). Assertiva III: VERDADEIRA. O uso de sulfato de mag-
nésio é indicado para gestantes em trabalho de
Alternativa D: INCORRETA. A presença de corioamnio-
parto com menos de 32 semanas, já que diminui o
nite indica a interrupção da gestação. A inibição do
dano neurológico para o recém-nascido.
trabalho de parto está contraindicada.
resposta: E
resposta: A
✔
✔
Questão 4 dificuldade:
Questão 2 dificuldade:
257
Rotura prematura de membranas ovulares e prematuridade Obstetrícia
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cerclagem está indicada independentemente da e indisponível.
medida do colo uterino, pela história clássica de Assertivas II e III: CORRETAS! A terbutalina é um b2-a-
insuficiência istmocervical. gonista como qualquer outro, tendo efeitos adver-
Alternativas B e C: INCORRETAS. Na ausência de in- sos similares, como taquicardia, tremores finos de
fecção ou sludge, não há indicação para amoxici- extremidades e hiperglicemia.
lina + clavulanato. ✔ resposta: A
Alternativa D: INCORRETA. Além da progesterona
vaginal, a paciente tem indicação de cerclagem do
colo uterino. Questão 8 dificuldade:
258
Rotura prematura de membranas ovulares e prematuridade Cap. 9
recomendada de rotina nos casos de amniorrexe penicilina e resistência à clindamicina. Para resolu-
prematura (revisão Cochrane). ção da questão, é importante conhecer os possíveis
Assertiva II: VERDADEIRA. Em caso de rotura prema- fatores de risco para sepse neonatal, além de condi-
tura das membranas ovulares, é recomendado re- ções de indicação ou contraindicação da profilaxia.
pouso no leito, hidratação oral, corticoterapia para Alternativa A: CORRETA. Nessa situação de cesárea
maturação pulmonar fetal e monitoração de infec- eletiva, com ausência de trabalho de parto ou RPMO,
ção, pois esses cuidados estão relacionados com não está indicada a profilaxia para GBS, mesmo
a diminuição da morbidade neonatal. com urinocultura positiva, portanto a alternativa
Assertiva III: VERDADEIRA. Na presença de sinais clíni- está correta.
cos e laboratoriais de corioamnionite, está indicada Alternativa B: INCORRETA. Na situação de gestante
a interrupção da gestação, independentemente da com bacteriúria por GBS, mesmo com realização
idade gestacional. de tratamento adequado, ainda é recomendada a
✔ resposta: D profilaxia para GBS.
Alternativa C: INCORRETA. Assim como na situação
descrita acima, a ocorrência de infecção por GBS
Questão 9 dificuldade: nos filhos de gestação prévia é recomendação para
Y Dica do professor: Mulher com história de parto profilaxia por GBS.
prematuro extremo no segundo mês, seguido de Alternativa D: INCORRETA. Presença de RPMO há mais
neomorto no segundo dia pós-parto, seguido de de 18 horas, febre intraparto => 38 ºC e trabalho de
dois abortamentos tardios (sendo o primeiro com parto < 37 semanas são fatores de risco de sepse
18 e o segundo com 16 semanas). Apresenta histó- neonatal, sendo indicada a profilaxia.
ria típica de incompetência istmocervical – perdas ✔ resposta: A
indolores cada vez mais precoces na gestação.
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Alternativa A: CORRETA.
Alternativas B, C e D: INCORRETAS. A conduta na in-
competência istmocervical é programar a cerclagem
uterina entre 12 e 16 semanas, independentemente
da medida do colo uterino. A progesterona teria be-
nefício em caso de parto prematuro com contrações
dolorosas, para evitar recorrência.
Alternativa E: INCORRETA. A história pregressa tem
grande influência na gravidez atual.
✔ resposta: A
Questão 10 dificuldade:
259
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260
VITALIDADE FETAL, SOFRIMENTO Capítulo
AGUDO E CRÔNICO 10
importância/prevalência
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BASES DA MEDICINA panhamento da vitalidade se torna mais regular e
imprescindível para a tomada de condutas
As trocas metabólicas existentes entre o sangue materno
e o fetal, realizadas na placenta, são indispensáveis para
manter a homeostase do concepto. Qualquer fator que, DIA A DIA MÉDICO
subita-mente, interfira nessas trocas, levando o feto ao
estado transitório ou permanente de carência de oxigênio,
Estudos mostram que não há benefícios na utilização
será causa do sofrimento agudo, alterando a vitalidade
rotineira de métodos de avaliação de vitalidade fetal
fetal.
em gestações de baixo risco. Entretanto, sempre que
disponíveis, esses métodos podem ser oferecidos para
todas as gestações, em tempos e intervalos diferen-tes,
A avaliação da vitalidade fetal é um importante a depender da situação materno-fetal.
recurso que auxilia o obstetra a diferenciar os casos
em que o seguimento da gestação é indicado, sem
prejuízos fetais, daqueles em que se faz necessária
uma interrupção imediata para reduzir a morbimor- 1.1. INDICAÇÕES
talidade fetal.
A partir da viabilidade fetal, ou seja, da idade ges- Os métodos de avaliação de vitalidade fetal são
tacional em que há 50% de sobrevida fetal fora do indicados sempre que existirem situações de risco
útero, a avaliação da vitalidade fetal torna-se um de comprometimento da oxigenação fetal. Essas
parâmetro imprescindível para reduzir a mortalidade situações são alocadas em três grupos: o das doen-
fetal. De um modo geral, considera-se o feto viável ças maternas, o de intercorrências gestacionais e
a partir de 24 semanas; entretanto, esse parâmetro o de doenças do feto.
261
Vitalidade fetal, sofrimento agudo e crônico Obstetrícia
Restrição do crescimento
Síndromes hipertensivas intrauterino fetal idiopático
Endocrinopatias Pós-datismo/gestação prolongada
Cardiopatias Antecedentes obstétricos
Pneumopatias desfavoráveis (natimorto, CIUR, DPP) Anemias fetais
Doenças do colágeno Distúrbios de líquido amniótico Cardiopatias fetais
Nefropatias (oligodrâmnio ou polidrâmnio) Malformações fetais
Hemopatias Rotura prematura das Infecções fetais
membranas ovulares
Trombofilias
Gemelaridade, síndrome de
Desnutrição
transfusão feto-fetal
Neoplasias malignas
Placenta prévia
Fonte: Zugaib et al.1
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fetal em 12 horas.
métodos clíni-cos, como a observação de movimen- W A soma diária da contagem deve ser maior ou
tação fetal (mobilograma), os métodos biofísicos igual a 15 movimentos fetais.
co-mo a cardiotocografia, o perfil biofísico fetal e
W Diminuição acentuada (de mais de 50% no nú-
a dopplervelocimetria.
mero de movimentos fetais) e brusca ou ces-
1.2.1. Registro diário da movimentação sação da movimentação fetal, descritas como
fetal (Mobilograma) “sinal de alarme”: procurar a unidade de saúde
ou o hospital de referência para avaliação da
A diminuição do movimento fetal é prova indireta vitalidade fetal mais complexa.
de insuficiência placentária. u Contagem da movimentação fetal em qualquer
O registro diário de movimento fetal é o teste clí- período do dia, até completarem-se 10 movimen-
nico mais simples para avaliação das con-dições tos, valor considerado como limite mínimo diário
de vitalidade fetal. Deve ser realizado em todas as para fins clínicos.
gestantes que apresentarem fatores de risco para W Valores menores que 10 movimentos em 12
resultados perinatais adversos e deve começar horas sugerem a presença de hipóxia fetal.
entre 26 e 32 sema-nas. u Registro dos movimentos fetais por período de
Em gestações de risco habitual, a contagem dos uma hora em posição sentada.
movimentos fetais deve ser realizada diante da W Valores maiores que seis movimentos/hora
percepção de uma diminuição subjetiva e após 36 correspondem a fetos em boas condições.
semanas de gestação. u Contagem de movimentos fetais percebidos pela
Métodos: mãe em duas horas.
262
Vitalidade fetal, sofrimento agudo e crônico Cap. 10
W Registro dos movimentos em repouso, soman- Durante o trabalho de parto, a ausculta cardíaca fetal
do 4 períodos de 30 minutos em 24 horas. intermitente tem valor semelhante à cardiotocogra-
W Valor mínimo normal entre 30 e 40 semanas fia na determinação da vitalidade fetal adequada,
= 10 movimentos em 24 horas. e representa o principal parâmetro clínico a ser
empregado, visando a percepção do sofrimento
1.2.2. Ausculta cardíaca fetal intermitente fetal intraparto.
A ausculta deve ser feita antes, durante e após o
Ausculta dos Batimentos Cardiofetais (BCF) com
fim da contração, por 30 a 60 segundos.
sonar doppler.
A monitorização durante o trabalho de parto varia
de acordo com o risco da gestação.
Tabela 1. Intervalo para ausculta cardíaca fetal intermitente durante o trabalho de parto.
Dilatação Expulsivo
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Nos casos de anestesia de condução (raquidiana, peri-
em repouso, também denominada Cardiotocografia
dural ou duplo-bloqueio), reco-menda-se que a ausculta
clínica seja realizada com maior frequência – a cada cinco Basal (CTB). Alterações na cardiotocografia podem
minutos – devido ao risco iminente de hipotensão arterial indicar Sofrimento Fetal Agudo (SFA).
e de diminuição da perfusão uteroplacentária.
1.2.3. Cardiotocografia
BASES DA MEDICINA
263
Vitalidade fetal, sofrimento agudo e crônico Obstetrícia
Figura 1. Cardiotocógrafo.
Fonte: rumruay/shutterstock.com2.
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cardiotocografia
Valores normais BCF entre 110-160 bpm
Os parâmetros avaliados na CTB são: linha de base, Taquicardia BCF > 160bpm
variabilidade dos Batimentos Cardíacos Fetais (BCF), Bradicardia BCF < 110bpm.
acelerações transitórias e desacelerações.
Fonte: Zugaib et al.1
BASES DA MEDICINA
264
Vitalidade fetal, sofrimento agudo e crônico Cap. 10
Figura 3. Taquicardia fetal (linha de base em 180 bpm). Figura 4. Variabilidade ausente.
1.2.3.1.2. V
ariabilidade dos batimentos
cardiofetais
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Fonte: Acervo da autora.
decorrente de hipóxia. No entanto, o contrário não
pode ser afirmado: variabilidade mínima ou ausente, Figura 6. Variabilidade moderada (entre 6 e 25 bpm).
isoladamente, não são bons marcadores de acidose
e lesão neurológica por hipóxia.
A diminuição na variabilidade pode ocorrer por
hipóxia, prematuridade, sono fisiológico fetal e
uso de medicações, como barbitúricos, opioides e Fonte: Acervo da autora.
tranquilizantes. Quanto ao aumento da variabilidade,
este pode ocorrer devido à movimentação fetal Figura 7. Variabilidade aumentada (>25 bpm).
excessiva ou hipoxemia aguda.
Variabilidade
Indetectável
Ausente
265
Vitalidade fetal, sofrimento agudo e crônico Obstetrícia
BASES DA MEDICINA
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cerebrais por acidose decorrente de hipóxia. No
entanto, a ausência de acelerações não é neces- O início da queda do BCF ocorre 20 segundos após a
sariamente patológica, e pode ser decorrente de: contração uterina. Denotam baixos níveis de pressão
sono fetal, uso de medicações ou prematuridade. de oxigênio, podendo corresponder à hipoxemia fetal
por insuficiência uteroplacentária aguda.
Figura 8. Acelerações transitórias (setas). Exigem conduta obstétrica e, em caso de DIP II
recorrente, com demora para recuperação da linha
de base, está indicado parto cesárea de urgência.
1.2.3.1.4. Desacelerações
266
Vitalidade fetal, sofrimento agudo e crônico Cap. 10
Desacelerações intraparto tipo III (DIP III) ou variá- Sequência de alterações da CTB no sofrimento
veis ou umbilicais: fetal agudo:
São quedas abruptas do BCF associadas à com- u desaparecimento das acelerações;
pressão do cordão umbilical, que ocorrem durante u redução da variabilidade;
as contrações uterinas ou os movimentos fetais, de u taquicardia fetal;
maneira variável. Além disso, essas desacelerações u ausência de variabilidade;
costumam estar associadas a acelerações imedia-
tamente antes e após a sua ocorrência.
u desacelerações tardias (DIP II);
u bradicardia;
A princípio, não indicam conduta obstétrica de
urgência.
u óbito fetal.
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Fonte: Acervo da autora.
Ausência de desacelerações
Desacelerações tardias recorrentes
tardias ou variáveis
Qualquer traçado que não se
Ausência ou presença de encaixe nas categorias I ou III Desacelerações variáveis recorrentes
desacelerações precoces
Ausência ou presença de
Bradicardia
acelerações transitórias
267
Vitalidade fetal, sofrimento agudo e crônico Obstetrícia
• Padrão normal
Categoria I • Manter acompanhamento
• Padrão suspeito
Categoria II • Realizar medidas de reanimação intrauterina e repetir o exame
• Duas CTB categoria II: considerar parto
• Padrão alterado
Categoria III • Parto pela via mais rápida
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268
Vitalidade fetal, sofrimento agudo e crônico Cap. 10
W Medidas de reanimação intrauterina Figura 14. CTB categoria I. Linha de base em 140bpm;
variabilidade moderada; acelerações transitórias
A cardiotocografia é um exame que pode apresentar
ausentes; e ausência de desacelerações.
altas taxas de falso-positivo. Diante de um padrão
suspeito ou inconclusivo (Categoria II), podemos
realizar um conjunto de medidas que tendem a
melhorar o padrão do traçado.
São chamadas de reanimação intrauterina:
V Estímulo mecânico ou sonoro: diante de
uma situação de sono fetal, o feto ficará Fonte: Acervo da autora.
ativo após os estímulos.
V Alimentação / glicose: a gestante deve es-
tar bem alimentada para que o feto esteja Figura 15. CTB categoria II. Linha de base em 180bpm
ativo. Pode ser oferecido um lanche ou gli- (taquicardia fetal); variabilidade moderada; acelerações
transitórias presentes; e ausência de desacelerações.
cose via oral ou venosa.
V Mudança de posição: o decúbito lateral vai
levar a uma descompressão da circulação
uterina.
V Suspensão de ocitocina: se a paciente es-
tiver recebendo ocitocina, sua interrupção Fonte: Acervo da Dra. Lígia de Castro Rodrigues.
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vai melhorar a perfusão. transitórias; e ausência de desacelerações.
V Oxigênio suplementar: o uso de cateter de O2
pela mãe pode melhorar a oxigenação fetal.
269
Vitalidade fetal, sofrimento agudo e crônico Obstetrícia
Figura 18. CTB categoria III. Linha de base em 160bpm; 1.2.3.2.2. Cardiotocografia anteparto
variabilidade ausente; acelerações transitórias ausente;
e presença de desacelerações variáveis recorrentes. Não há um consenso sobre a classificação das
cardiotocografias anteparto.
Em geral, o padrão anteparto considerado normal
tem os mesmos critérios da categoria I intraparto:
linha de base, variabilidade e ausência de desace-
lerações. No entanto, na cardiotocografia anteparto
é necessária a presença de, pelo menos, 2 acelera-
ções transitórias.
Frequentemente utilizamos:
u Padrão tranquilizador: normal (presença de duas
Fonte: Acervo da autora. acelerações transitórias).
u Padrão não tranquilizador: alterado (não apre-
Padrão sinusoidal: senta duas acelerações transitórias).
Caracterizado por ondas em forma de sino, com u ACOG3:
amplitudes de 5 a 15 bpm, padrão monó-tono, ritmo W Reativo: presença de duas acelerações tran-
fixo e regular. Este padrão não se altera, mesmo sitórias.
após aplicação de estímulos, e representa sofri-
W Não reativo: não apresenta duas acelerações
mento fetal. É um traçado raro, mas que pode ser
transitórias.
observado nos casos de anemia fetal, nos fetos
hidrópicos de gestantes com aloimunização grave. u FEBRASGO4.
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Figura 19. CTB categoria III. Padrão sinusoidal.
270
Vitalidade fetal, sofrimento agudo e crônico Cap. 10
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BASES DA MEDICINA
BASES DA MEDICINA
271
Vitalidade fetal, sofrimento agudo e crônico Obstetrícia
Duas acelerações de 15
Cardiotocografia anteparto Aceleração insatisfatória ou ausente
bpm / 15" em 30 min
Líquido amniótico Pelo menos um bolsão > 2cm Ausência de bolsão > 2 cm
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Para a conduta, deve-se levar em conta o quadro
clínico materno, a estabilização, ou não, dos fato- Para interpretar o Perfil Biofísico Fetal, além da
res causadores das alterações e a coexistência de pontuação total, precisamos considerar o Índice
de Líquido Amniótico (ILA), conforme mostrado
no Quadro 3.
272
Vitalidade fetal, sofrimento agudo e crônico Cap. 10
u Artérias uterinas
DIA A DIA MÉDICO
BASES DA MEDICINA
Nas gestações com malformações fetais que causem
oligoâmnio, como agenesia renal e cromossomopatias,
o líquido amniótico não deve ser considerado como parâ- Alterações nas artérias uterinas representam uma invasão
metro no perfil biofísico fetal. O mesmo princípio é válido trofoblástica inadequada, que determina a manutenção
também nos casos de doenças gestacionais em que se de alta resistência vascular.
espera que o oligodrâmnio seja uma alteração transitória,
como infecções, distúrbios do trato gastrointestinal e
descompensações cardíacas maternas. Além disso, em Alterações nas artérias uterinas são preditoras de
pacientes com membranas rotas, esse parâmetro também insuficiência placentária, relacionadas ao maior
não deve ser considerado. risco de CIUR e de pré-eclâmpsia.
Denominamos “insuficiência placentária” a perfusão
anormal da placenta no compartimento materno,
1.2.5. Ultrassonografia com resultando em um aumento da resistência do fluxo
dopplervelocimetria sanguíneo da artéria uterina.
Alterações:
BASES DA MEDICINA W Índice de pulsatilidade médio elevado (acima
do percentil 95) na ultrassonografia mor-foló-
O efeito Doppler é definido como o princípio físico no qual gica de 1º trimestre.
se verifica a alteração da frequência das ondas sonoras
W Incisura protodiastólica bilateral após 24 se-
refletidas quando o objeto refletor se move em relação a
uma fonte de onda sonora. As hemácias em movimento manas.
dentro dos vasos, ao encontrarem uma onda sonora,
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comportam-se como corpos refletores. O estudo por meio
do Doppler registra o movimento do sangue no sistema DICA
cardiovascular. Pacientes com IP médio > p95 das
artérias uterinas no 1º trimestre benefi-
ciam-se do uso de AAS na dose de 150 mg/
noite para prevenção de pré-eclâmpsia. A
A dopplervelocimetria avalia a circulação placen-
medicação deve ser iniciada antes de 16
tária e fetal, por meio de relações entre sístole e
semanas e mantida até 36 semanas.
diástole dos vasos estudados, e suas alterações
podem indicar sofrimento fetal agudo ou crônico.
De um modo geral, a circulação uteroplacentária
é representada pelo estudo das artérias uterinas, Figura 20. Doppler com fluxo de baixa
enquanto a circulação fetoplacentária, pelas artérias resistência da artéria uterina (normal).
umbilicais.
Esse tipo de avaliação de vitalidade fetal está indi-
cado, principalmente, para as gestantes que apre-
sentam fatores de risco para má placentação ou
alterações da circulação placentária e fetal.
Dentre as indicações de doppler, podemos citar:
diabetes, hipertensão, trombofilias, cardiopatias,
pneumopatias. Fonte: Acervo da Dra. Renata Assunção.
273
Vitalidade fetal, sofrimento agudo e crônico Obstetrícia
Figura 21. Doppler com fluxo de alta resistência da artéria Figura 22. Doppler normal da artéria umbilical
uterina, com presença de inci-sura na diástole inicial. com fluxo diastólico de artéria umbilical
presente e com alta velocidade.
u Artérias umbilicais
A dopplervelocimetria da artéria umbilical estima o
fluxo sanguíneo do feto para placenta e, como con-
sequência, reflete a resistência do vaso placentário.
A resistência placentária pode estar aumentada Fonte: Acervo da Dra. Sandra Frankfurt.
devido a uma placentação inadequada, por infartos
e/ou por trom-boses no leito placentário.
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Figura 23. Doppler com fluxo de alta resistência
Um fluxo anormal na artéria umbilical está associado de artéria umbilical com fluxo diastólico final
presente e com a velocidade diminuída.
ao aumento do risco de hipoxemia e acidemia, pro-
porcionalmente à gravidade da alteração do fluxo.
Fluxo umbilical normal: baixa resistência e alta
velocidade (Figura 24).
W Aumento da resistência (quadros leves; obs-
trução de 30% dos vasos das vilosidades pla-
centárias): fluxo diastólico final presente, mas
diminuído (Figura 25).
W Diástole zero (obstrução de 70% dos vasos
Fonte: Acervo da Dra. Sandra Frankfurt.
das vilosidades placentárias): fluxo diastóli-co
final ausente (Figura 26).
Figura 24. Doppler da artéria umbilical com diástole zero.
W Diástole reversa (obstrução de mais de 90%
dos vasos das vilosidades placentárias): fluxo
diastólico final reverso (Figura 27).
274
Vitalidade fetal, sofrimento agudo e crônico Cap. 10
Figura 25. Doppler da artéria umbilical Figura 26. Doppler de ACM normal com fluxo
com diástole reversa. diastólico final de alta resistência (normal).
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como cérebro, coração e glândulas adrenais.
Este processo é chamado de centralização fetal,
um mecanismo de adaptação fetal à hi-póxia.
O diagnóstico é feito através do estudo dopplerve-
locimétrico da Artéria Cerebral Média fetal (ACM)
e da Artéria Umbilical (AU). Fonte: Acervo da Dra. Sandra Frankfurt.
275
Vitalidade fetal, sofrimento agudo e crônico Obstetrícia
A velocidade ausente ou reversa durante a contra- Figura 29. Doppler de ducto venoso com
ção atrial (onda “a”) está associada à mortalidade velocidade de contração atrial reversa.
perinatal, independentemente da idade gestacional.
DICA
O doppler anormal do ducto venoso
antecede alterações no perfil biofísico fetal
em 48-72 horas, o que permite a adminis-
tração de corticoide para amadurecimento
pulmonar, e o parto pode ser realizado em
melhores condições para o feto.
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u Índice de pulsatilidade > 1,5: interrupção imedia-
ta da gestação.
276
Vitalidade fetal, sofrimento agudo e crônico Cap. 10
ACM ACM
Parto imediato
DV < 1 DV ≥ 1 DV < 1 DV ≥ 1 ou mediato*
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1.2.6. Índice de líquido amniótico Tabela 7. Classificação da quantidade
de líquido amniótico.
277
Vitalidade fetal, sofrimento agudo e crônico Obstetrícia
BASES DA MEDICINA
2. C RESCIMENTO INTRAUTERINO
RESTRITO (CIUR)
Em algumas situações, o oligoâmnio tem outras causas,
e não significa sofrimento fetal crônico: malformações
fetais (agenesia renal e cromossomopatias), doenças
BASES DA MEDICINA
gestacionais que podem causar alteração transitória
de LA (infecções, distúrbios do trato gastrointestinal
e descompensações cardíacas maternas) e rotura de A adaptação fetal ao suprimento limitado de nutrientes
membranas ovulares. pode levar a alterações permanentes na fisiologia e no
metabolismo do feto. Tem-se, entre as principais causas
de morbidade neonatal imediata: hipóxia, aspiração de
mecônio, insuficiência respiratória, hipoglicemia, hipo-
Tabela 8. Conduta diante do oligoâmnio. calcemia, policitemia, hipotermia, hemorragia pulmonar
e prejuízo no desenvolvimento neuropsicomotor, além
Interrupção de complicações tardias, como diabetes tipo 2, hiper-
Valores Acompanhamento
da gestação colesterolemia, coronoariopatias e hipertensão arterial
sistêmica na vida adulta.
Vitalidade
ILA ≤ 3,0 cm 34 semanas
fetal diária
Vitalidade fetal
ILA ≤ 5,0 cm 37 semanas
2x por semana
2.1. DEFINIÇÃO
Fonte: Zugaib et al.1
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dora por 48 horas para realizar corticoterapia para festação de sofrimento fetal crônico e importante
maturação pulmonar fetal. entidade mórbida em obstetrícia, apresentando uma
A decisão pelo acompanhamento, a resolução, taxa de mortali-dade perinatal 10 vezes maior do
a corticoterapia ou outras condutas de-pendem que em conceptos normais.
da experiência do obstetra, das condições mater- Esse grupo inclui:
nofetais e da avaliação de outros parâmetros de
u Fetos Pequenos para a Idade Gestacional (PIG):
vitalidade fetal.
são saudáveis e constitucionalmente pequenos
(50-70% dos fetos com peso ao nascimento <p10).
DIA A DIA MÉDICO
u Fetos com Crescimento Intrauterino Restrito
(CIUR): não atingem o seu potencial bioló-gico
Diante de uma Altura de Fundo Uterino (AFU) diminuída,
de crescimento, como consequência de uma dis-
devemos suspeitar, além de restrição de crescimento fetal, função placentária (a alteração do crescimento
de oligodrâmnia. Lembre-se de que o oligoâmnio isolado, fetal é decorrente do sofrimento fetal crônico).
ou associada ao CIUR, também vai alterar a medida da
AFU para menos.
2.2. FATORES DE RISCO
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Vitalidade fetal, sofrimento agudo e crônico Cap. 10
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Vitalidade fetal, sofrimento agudo e crônico Obstetrícia
CIUR
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280
Vitalidade fetal, sofrimento agudo e crônico Cap. 10
Idade
Correlação
Estágio Critérios Monitoramento gestacional
patofisiológica
do parto
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PFE < p3
CIUR grave RCP < p5
37 semanas
Estágio I Insuficiência IP AU > p95 Semanal
Indução do parto
placentária leve IP ACM < p5
IP art uterina > p95
AU diástole
Baixa suspeita 1-2 dias 30 semanas
Estágio III reversa
de acidose fetal Cesárea
DV onda “a”
reversa
Alta suspeita de 12 horas 26 semanas
Estágio IV STV < 3 ms
acidose fetal Cesárea
Desaceleração
BCF
ACM: artéria cerebral média; AU: artéria uterina; BCF: batimentos cardiofetais; CIUR: crescimento intrauterino restrito; DV: ducto
venoso; IP: índice de pulsatilidade; PFE: Peso fetal estimado; RCP: relação cérebro-placentária; STV: short term variation.
Fonte: Figueraset al.6,7
281
Vitalidade fetal, sofrimento agudo e crônico Obstetrícia
2.4. CRESCIMENTO INTRAUTERINO feto não apresenta sinais de sofrimento fetal, como
RESTRITO (CIUR) X PEQUENO alteração de líquido amniótico, de cardiotocografia
PARA IDADE GESTACIONAL (PIG) ou doppler.
Em contrapartida, o feto com CIUR apresenta outros
Um grande desafio na obstetrícia é diferenciar os sinais que indicam o sofrimento fetal crônico, além
fetos pequenos constitucionais dos res-tritos de de ser comum a presença de comorbidade materna.
início tardio. O feto pequeno constitucional é sim- Para fetos PIG, é importante uma atenção especial
plesmente um feto Pequeno para a Idade Gestacional para a curva de crescimento e para o seu acom-
(PIG), ou seja, apesar de atingir seu máximo poten- panhamento com doppler quinzenal, em regime
cial de crescimento, é pequeno em comparação ambulatorial, sem outras preocupações. Além disso,
à população geral de mesma idade gestacional. pode ser adotada a conduta conservadora, e o parto
Nesses casos, as mães costumam ser hígidas, e o pode ser por via vaginal, no termo.
Quadro 4. Fatores de risco para fetos pequenos para a idade gestacional (PIG).
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Insuficiência renal (geralmente no momento da anomalia fetal).
Síndrome anticorpo antifosfolípide
Fonte: Adaptado de NICE8.
282
Vitalidade fetal, sofrimento agudo e crônico Cap. 10
1. Zugaib M, Francisco RPV. Zugaib obstetrícia. 4. ed. Barueri: ACOG Practice bulletin no. 134: fetal growth restriction.
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7. Figueras F, Gratacós E. Update on the diagnosis and
classification of fetal growth restriction and proposal of
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2014;36(2):86-98.
8. National Institute for Health and Clinical Excellence (NICE).
Guideline 190: Intrapartum care: Care of healthy women
and their babies during childbirth. London: NICE; 2014.
283
Vitalidade fetal, sofrimento agudo e crônico Obstetrícia
QUESTÕES COMENTADAS
⮦ Maturidade placentária.
Questão 4
⮧ Volume de líquido amniótico.
⮨ Movimento respiratório fetal. (FACULDADE DE MEDICINA DE PETRÓPOLIS – 2018) Gestante,
36 semanas de idade gestacional, G2P1, é atendida
⮩ Tipo do movimento fetal.
em conduta de rotina pré-natal. Ao exame: PA: 150
⮪ Cardiotocografia basal. x 90 mmHg; altura de fundo uterino de 30 cm; BCF
igual a 144 bpm. Propedêutica biofísica: dopplerflu-
Questão 2 xometria de artéria umbilical apresentando diástole
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zero. A conduta a ser seguida é:
(CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS OCULISTAS ASSOCIADOS
– 2018) Dentre os achados da dopplervelocimetria, ⮦ Indicar repouso no leito em decúbito lateral es-
aquele que tem associação com hipóxia grave e querdo e reavaliar feto em 2 dias.
acidose é: ⮧ Solicitar perfil biofísico fetal a cada 24 horas.
⮨ Solicitar dopplerfluxometria de ducto venoso.
⮦ Incisura protodiastólica nas artérias uterinas.
⮩ Considerar a interrupção imediata da gestação.
⮧ Centralização hemodinâmica fetal.
⮨ Ducto venoso com onda A negativa.
⮩ Cerebral média fetal com resistência aumentada. Questão 5
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Vitalidade fetal, sofrimento agudo e crônico Cap. 10
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Questão 6 nico.
⮩ cardiotocografia tranquilizadora e feto insinua-
(H. U. BETTINA FERRO DE SOUZA – JOÃO BARROS BARRETO –
do/desaceleração transitória.
2021) Paciente de 15 anos, G2P0A1, atualmente com
37 semanas de gestação, em seguimento em pré- ⮪ cardiotocografia tranquilizadora; o feto provavel-
-natal de alto risco devido à síndrome hipertensiva mente não está movimentando porque já está
gestacional. Realizou ultrassonografia obstétrica insinuado/trabalho de parto habitual.
com doppler, evidenciando oligoâmnio e restrição
de crescimento intrauterino. Indicada resolução da
Questão 8
gestação, sendo encaminhada à maternidade para
indução do parto, após cardiotocografia para ava- (HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE GOIÁS – 2018) M. P. E., de 29
liar a vitalidade fetal, conforme imagem a seguir. O anos, idade gestacional de 31 semanas, estimada
traçado ao lado é classificado como: pela data da última menstruação. Em consulta pré-
-natal de rotina, foi constatada altura uterina de 26
cm. Caso a estimativa de idade gestacional esteja
correta, quais devem ser as primeiras hipóteses diag-
nósticas e o que deverá ser feito para confirmá-las?
285
Vitalidade fetal, sofrimento agudo e crônico Obstetrícia
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de onda diastólica reversa. Doppler de artéria ce-
mana, a gestação evolui sem intercorrências clíni- rebral média com IP abaixo do P5 para IG. Relação
cas ou laboratoriais. Na consulta com 33 semanas, umbílico/cerebral: 1,26. Com base nos dados do
apresenta AFU = 25 cm, BCF = 155 bpm, PA = 165 x caso clínico, é INCORRETO afirmar:
115 mmHg, com queixa de cefaleia esporádica. Os
exames realizados na 32ª semana revelaram: Ht = ⮦ O diagnóstico da paciente é de pré-eclâmpsia
36; Hg = 11,5; U = 42; C = 1,0; Ptn 24h = 4.500 mg. A grave, pois apresenta como fator complicador
médica solicita USG, cujo laudo indica oligodramnia a restrição de crescimento intrauterino.
e feto com peso abaixo do percentil 3, informando ⮧ A restrição de crescimento intrauterino demons-
também haver centralização fetal. Diante desse trada no caso possivelmente é do tipo simétrica,
laudo, é correto afirmar que os achados encontra- já que o feto não apresenta malformações.
dos na dopplerfluxometria em relação à resistência
⮨ O feto apresenta sinais de sofrimento fetal crôni-
das artérias umbilical e cerebral média, respectiva-
co, marcadamente por restrição de crescimento
mente, serão:
associada a oligodrâmnio e alterações na do-
⮦ diminuída/diminuída. pplervelocimetria.
⮧ diminuída/aumentada. ⮩ A presença de fluxo diastólico reverso nas arté-
rias umbilicais assume importância em razão da
⮨ aumentada/diminuída.
gravidade da insuficiência placentária, associa-
⮩ aumentada/aumentada. da a altas taxas de resultado perinatal adverso.
⮪ Os resultados anormais na dopplervelocimetria
Questão 10 das artérias uterinas se associam à invasão tro-
foblástica inadequada, que determina a manu-
(HOSPITAL DAS CLÍNICAS DO PARANÁ – 2018) Paciente VSD, tenção de alta resistência vascular.
18 anos, G1, idade gestacional de 35 semanas e 2
286
Vitalidade fetal, sofrimento agudo e crônico Cap. 10
GABARITO E COMENTÁRIOS
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Y
avaliar a função cardíaca fetal em fetos abaixo de
nico, os mecanismos compensatórios fisiológicos 32 semanas de idade gestacional. A ausência de
do feto atuam de modo a privilegiar a perfusão de onda A ou a presença de onda A reversa (negativa)
órgãos nobres, como cérebro, coração e adrenais. são indicadores de falência cardíaca, sinalizam a
Isso equivale a dizer que há aumento do fluxo (di- gravidade e demandam a interrupção imediata da
minuição dos índices de resistência) na artéria ce- gestação.
rebral média, a fim de manter a irrigação cerebral e
Alternativa D: INCORRETA. Artéria cerebral média com
a redução do fluxo (aumento dos índices de resis-
aumento de resistência faz parte do fenômeno de
tência) na artéria umbilical, com o objetivo de re-
centralização, mas não necessariamente indica hi-
duzir a irrigação para órgãos menos nobres, como
poxemia ou acidose, pois o feto pode estar lançando
o trato gastrointestinal. Quando esse fenômeno
mão desse mecanismo justamente para se manter
ocorre, dizemos que há “centralização” fetal, ou
compensado diante de um cenário de suprimento
seja, o feto é capaz de compensar a insuficiência
inadequado de sangue e nutrientes.
placentária. Esse processo mantém o feto normo-
xêmico por cerca de 3-4 semanas, quando então ✔ resposta: C
passa a ocorrer hipoxemia grave e acidemia (que
se manifestam como desacelerações tardias à car-
Questão 3 dificuldade:
diotocografia). Com base nessa informação, vamos
analisar as alternativas. Y Dica do professor: A desaceleração do tipo I (DIP
Alternativa A: INCORRETA. O doppler de artérias uteri- I), também denominada precoce ou cefálica, é iden-
nas não é uma ferramenta diagnóstica de sofrimento tificada na cardiotocografia (CTG) quando ocorre
fetal, mas uma ferramenta de RASTREIO utilizada uma queda da linha de base de pelo menos 15 bpm
no segundo trimestre (entre 24-26 semanas) para por pelo menos 15 segundos, sendo que o nadir da
identificar as gestantes que têm maior probabilidade desaceleração coincide exatamente com o pico
287
Vitalidade fetal, sofrimento agudo e crônico Obstetrícia
da contração uterina. Fisiologicamente, esse tipo atinge níveis mais elevados ainda, o que configura
de desaceleração é causado pela compressão do uma situação de extrema gravidade e que demanda
polo cefálico do feto pelo segmento inferior do resolução imediata da gestação. Com base nisso,
útero, determinando a hipertensão endocraniana vamos às alternativas.
e o aumento do reflexo do tônus vagal. Portanto, a Alternativa A: INCORRETA. A presença de diástole zero
DIP I não denota hipoxemia, e é comum no início demanda interrupção em torno de 32-34 semanas
do trabalho de parto. Com essa informação, vamos em caso de normalidade de outros testes (cardio-
às alternativas. tocografia, perfil biofísico fetal e ducto venoso), em
Alternativa A: INCORRETA. Não é esse o mecanismo geral por cesárea. Nesse caso, não seria prudente
responsável pela DIP I. liberar a gestante, pois a idade gestacional já per-
Alternativa B: INCORRETA. Não é a redução do fluxo mite que a gestação seja interrompida.
sanguíneo, e sim o aumento do tônus vagal que Alternativa B: INCORRETA. Não seria a conduta ade-
explica a ocorrência da DIP I. quada, já que optamos pela interrupção da gesta-
Alternativa C: CORRETA. A alternativa explica de forma ção em virtude da idade gestacional. Porém, essa
adequada o mecanismo causador da DIP I. conduta poderia ser possível para uma gestante
com menos de 32-34 semanas na mesma situação
Alternativa D: INCORRETA. Esse é o mecanismo de-
apresentada.
sencadeador da DIP III.
Alternativa C: INCORRETA. O doppler de ducto venoso
Alternativa E: INCORRETA. O texto da alternativa des-
é solicitado apenas na presença de centralização e
creve o mecanismo causador da DIP II.
idade gestacional inferior a 32 semanas.
✔ resposta: C
Alternativa D: CORRETA. É a conduta de escolha nes-
se caso.
Questão 4 dificuldade: ✔ resposta: D
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Y Dica do professor: Questão que aborda o uso do
doppler de artérias umbilicais para predizer o risco Questão 5 dificuldade:
de sofrimento fetal. No caso apresentado, a medida
do fundo uterino indica a possibilidade de sofrimento Y Dica do professor: Questão que aborda os diver-
fetal, pois está provavelmente abaixo do percentil sos métodos de avaliação do bem-estar fetal em
10º da curva de crescimento de fundo uterino para gestante que já está na fase ativa do trabalho de
aquela idade gestacional (lembrar que, entre 18 e parto. É importante lembrar que a ausculta fetal in-
30 semanas, a altura uterina tende a se igualar à termitente é um dos métodos mais importantes na
idade gestacional). Nesse caso, na suspeita de res- avaliação do bem-estar fetal. Durante a fase latente
trição de crescimento intrauterino em uma gestante do trabalho de parto, a ausculta deve ser feita a cada
apresentando elevação da PA no terceiro trimestre, hora. Na fase ativa, a ACF deve ser inicialmente a
o doppler de artérias umbilicais é uma importante cada 30 minutos nas gestações de baixo risco e a
ferramenta utilizada para avaliar o sofrimento fetal, cada 15 minutos nas gestações de alto risco (es-
sobretudo no cenário de insuficiência placentária, a ses valores mudam, respectivamente, para 15 e 5
exemplo das síndromes hipertensivas da gestação. minutos no período expulsivo). Como no caso apre-
Como a artéria umbilical leva sangue para órgãos sentado temos uma gestante de baixo risco, sem
menos nobres, diante de um quadro de sofrimento comorbidades ou condições que elevem seu risco
fetal ocorre o aumento da resistência na artéria um- para sofrimento fetal agudo, não há recomendação
bilical, o que se reflete na redução do fluxo através de cardiotocografia (CTG), muito menos de doppler.
desse vaso. O fluxo diastólico pode se tornar peque- O uso de CTG em gestações de baixo risco não se
no a ponto de ocorrer o que chamamos de “diás- justifica, e não há evidências que suportem o seu
tole zero”, ou, em situações ainda piores, “diástole uso de forma rotineira nesse grupo de gestantes.
reversa”, quando a resistência ao fluxo sanguíneo Por isso, de todas as alternativas, a opção B é a que
288
Vitalidade fetal, sofrimento agudo e crônico Cap. 10
responde de forma mais sensata ao que devemos oligodrâmnio e/ou a restrição do crescimento in-
fazer para avaliar a vitalidade fetal nesse caso, que trauterino. Como causas do oligodrâmnio, devemos
é o emprego somente da ausculta cardiofetal como inicialmente pensar em insuficiência placentária e,
método primordial de avaliação do bem-estar fetal. depois, considerar as demais etiologias, como mal-
✔ resposta: B formações congênitas do trato geniturinário fetal,
amniorrexe prematura, aneuploidias, entre outras.
No caso apresentado, diante da possibilidade de
Questão 6 dificuldade: oligodrâmnio, o exame especular seria importante
para descartar a possibilidade de ruptura prematura
Y Dica do professor: Cuidado com a pegadinha! Uma
das membranas ovulares, e seria essencial confirmar
coisa é a classificação DIP (que, nesse caso, é tipo
a idade gestacional pela primeira ultrassonografia
II, ou seja, desacelerações tardias após as contra-
(mais confiável) antes de solicitar um novo exame
ções) e outra é a classificação do traçado (que, nesse
ultrassonográfico, cujos valores do Índice de Líquido
caso, é III – alterado)! A classificação do traçado vai
Amniótico (ILA) e peso fetal indicariam a possível
de I (normal) a III, passando por II (inconclusiva). A
ocorrência, respectivamente, de oligodrâmnio e
cardiotocografia apresentada atende aos critérios
restrição do crescimento intrauterino. Por isso, a
da categoria III: variabilidade ausente + desacele-
alternativa D é a que responde melhor à questão.
rações tardias recorrentes. A conduta indicada é a
resolução imediata da gestação. ✔ resposta: D
✔ resposta: D
Questão 9 dificuldade:
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quência basal entre 110 e 160 bpm e sem desacele-
nobres - cérebro, coronárias e suprarrenais.
rações = melhor padrão possível de cardiotocografia!
Alternativas A, B e D: INCORRETAS.
Alternativa A: INCORRETA. A cardiotocografia suge-
re poucos diagnósticos etiológicos (como anemia Alternativa C: CORRETA. Na centralização fetal, ocor-
fetal); rotura uterina é diagnosticada pelo exame re aumento da resistência fetal periférica (com au-
clínico da gestante. mento do índice de pulsatilidade das artérias um-
bilicais) e redução da resistência fetal central (com
Alternativa B: CORRETA! Bradicardia, hipoatividade
diminuição do IP da cerebral média).
fetal!
✔ resposta: C
Alternativa C: INCORRETA. Poderia cursar com padrão
hipoativo, porém sem bradicardia.
Alternativas D e E: INCORRETAS. Faltaram apenas as Questão 10 dificuldade:
desacelerações para completar todos os critérios
Y Dica do professor: Vamos analisar uma questão
adversos de uma cardiotocografia!
rica em informações sobre Restrição do Cresci-
✔ resposta: B mento Intrauterino (RCIU) e a função do doppler
no cenário de sofrimento fetal.
Questão 8 dificuldade: Alternativa A: CORRETA. Alguns autores consideram a
Restrição do Crescimento Intrauterino (peso abaixo
Y Dica do professor: Questão simples e direta que do percentil 10º para a idade gestacional) um crité-
aborda as condutas de possível quadro de oligo- rio de gravidade para a pré-eclâmpsia.
drâmnio. No caso apresentado, temos uma ges-
Alternativa B: INCORRETA. Embora não tenhamos da-
tante com altura uterina abaixo do esperado para
dos sobre Circunferência Cefálica (CC) ou sobre Cir-
a idade gestacional, o que sugere a ocorrência de
-Cunferência Abdominal (CA) no caso apresentado,
289
Vitalidade fetal, sofrimento agudo e crônico Obstetrícia
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ça de incisuras protodiastólicas significa que pode
haver risco aumentado para essas condições, mas
essa ferramenta NÃO é diagnóstica de centraliza-
ção ou de sofrimento fetal. A sua alteração apenas
indica o aumento da resistência no território das
artérias uterinas, que pode ter ocorrido por falha
no processo de invasão trofoblástica das artérias
miometriais com consequente aumento da resis-
tência vascular, configurando a base fisiopatológica
da pré-eclâmpsia. Por isso, é uma ferramenta uti-
lizada para predizer o risco, mas não para firmar o
diagnóstico de sofrimento fetal.
✔ resposta: B
290
HEMORRAGIAS DA PRIMEIRA Capítulo
METADE DA GESTAÇÃO 11
importância/prevalência
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Provocado
Conceitua-se clinicamente o abortamento como a inter- É a complicação mais frequente da gravidez. Acre-
rupção da gravidez antes das 20 semanas, ou quando o dita-se que 1/4 das mulheres terão, ao menos, um
peso fetal for inferior a 500 gramas.
abortamento durante a vida reprodutiva. No entanto,
a real magnitude do abortamento no mundo é des-
O abortamento pode ser classificado quanto à cro- conhecida, em virtude da ilegalidade e dos aborta-
nologia e à intenção. Quanto à cronologia, o aborta- mentos subclínicos, ou seja, quando ocorrem antes
mento é denominado precoce, se a perda gestacional do diagnóstico de gravidez. Já os abortamentos
ocorrer até 12 semanas, ou tardio, se ocorrer entre clinicamente reconhecidos chegam à incidência
12 e 20 semanas de gestação. No que diz respeito de 10-15% e, destes, 80% ocorrem antes das 12
à intenção, será chamado de espontâneo, quando semanas.
ocorrer sem ação externa, podendo ser causado Quando recorrente, com a ocorrência consecutiva
por doenças da mãe ou anormalidades do feto. de dois (ou três, a depender da referência utilizada)
Em contrapartida, o abortamento é dito provocado ou mais abortamentos espontâneos, é definido
quando é decorrente de uma interrupção intencional. como abortamento habitual. Suas causas podem
O produto da concepção que é eliminado no pro- ser genéticas, anatômicas, endócrinas, infecciosas e
cesso de abortamento é denominado aborto. imunológicas, e devem ser pesquisadas alterações
cromossômicas no casal e a presença de anticorpos
antifosfolípides.
291
Hemorragias da primeira metade da gestação Obstetrícia
BASES DA MEDICINA
BASES DA MEDICINA
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em mulheres em idade fértil. Isso se deve à resistência
seja por defeito estrutural ou funcional, seja por origem
insulínica com hiperinsulinismo compensatório e ao
traumática (curetagem, laceração cervical pós-parto ou
aumento de hormônio luteinizante, além de hiperandro-
aborto traumático, conização) ou congênita, por alteração
genismo e obesidade.
do colágeno ou, ainda, em consequência da exposição
intrauterina ao dietilestilbestrol.
292
Hemorragias da primeira metade da gestação Cap. 11
O tratamento clássico é a cerclagem. Ela previne Figuras 1A e 1B. Técnica de Mc Donald. Sutura em bolsa
o encurtamento e a abertura prematura do colo na altura da junção cervicovaginal com fio Ethibond 5.
uterino, por meio de sutura circular no nível de seu A B
orifício interno, e a técnica mais utilizada é a Cirurgia
de McDonald. A sutura deve ser retirada por volta
das 36 semanas ou antes, caso a paciente apresente
trabalho de parto, Rotura Prematura das Membranas
Ovulares (RPMO), corioamnionite ou óbito fetal.
Tipos de
Eletiva Terapêutica Urgência
cerclagem
Histórico de 1 ou mais
perdas fetais no 2º trimestre
da gestação, na ausência Histórico de parto
de trabalho de parto. prematuro < 34 semanas. Dilatação assintomática do
colo uterino e membranas
Indicação OU E
ovulares protrusas através
Antecedente de cerclagem Colo uterino < 25 mm em do canal cervical.
por dilatação assintomática USTV antes de 24 semanas.
do colo uterino no 2º
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trimestre da gestação.
Antes da cervicodilatação:
Não deve ultrapassar 24 Não deve ultrapassar 24
Período entre 12 e 16 semanas
semanas de gravidez. semanas de gravidez.
de gestação.
Fonte: Zugaib et al.¹
293
Hemorragias da primeira metade da gestação Obstetrícia
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possibilitam que seja feito um diagnóstico seguro,
BASES DA MEDICINA
além da classificação do abortamento dentro de
uma das suas apresentações clínicas.
A teoria aloimune baseia-se em resposta materna anormal
para antígenos paternos ou do trofoblasto. Nesse caso,
Cólicas e pode
Discreta ou
Dor Ausente Ausente Cólicas haver sinais Cólicas
ausente
de peritonite
Embrião sem
Embrião e BCE Presença ou
USG Útero vazio BCE (óbito Restos ovulares Variável
presentes ausência de BCE
embrionário)
294
Hemorragias da primeira metade da gestação Cap. 11
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mente eficaz para determinar o prognóstico da
Uma diferença fundamental entre ameaça de aborto e
gestação: repouso relativo, analgésicos, anties-
abortamento inevitável é que, neste último caso, o colo
pasmódicos, progesterona ou abstinência se- uterino encontra-se aberto ao exame de toque. Além disso,
xual. Manter vigilância e reavaliação, se houver o sangramento é mais intenso, com coágulos, e as cólicas
aumento do sangramento. são mais fortes do que na ameaça de abortamento.
295
Hemorragias da primeira metade da gestação Obstetrícia
gramento.
Acima de 12 semanas, uma ultrassonografia deve ser rea-
Figura 3. Aborto de 9 semanas. lizada para avaliar a presença de espículas ósseas fetais.
Nesses casos, a curetagem só deverá ser realizada após
a expulsão do feto, devido ao risco de perfuração uterina
durante o procedimento, se houver espículas ósseas.
BASES DA MEDICINA
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volumoso ou não, associado a cólicas. O volu-
com certeza o momento da morte do concepto.
me uterino é menor que o esperado para a ida-
de gestacional e, no exame de toque, o orifício
u Quadro clínico: sangramento vaginal variável
interno do colo uterino geralmente se encontra (pode estar ausente), regressão dos sintomas de
pérvio, podendo haver saída de restos ovulares gravidez, útero menor do que o esperado para a
durante o exame. IG e orifício interno do colo fechado.
u Ultrassonografia: presença de conteúdo intrau-
u Ultrassonografia: pode constatar saco gestacional
terino de aspecto amorfo e heterogêneo, com irregular, vesícula vitelínica alterada e atividade
presença, ou não, de líquido. A espessura endo- cardíaca fetal ausente. Em USG transvaginal, a
metrial está acima de 15 mm (o ponto de corte ausência de batimentos cardíacos em um em-
da medida do eco endometrial pode variar de brião com CCN maior do que 7 mm indica inter-
acordo com a referência bibliográfica utilizada). rupção da gestação.
u Conduta: esvaziamento cirúrgico do conteúdo
u Conduta: no 1º trimestre, a conduta pode ser ex-
uterino, por curetagem ou Aspiração Manual In- pectante, pois aproximadamente 30% a 50% das
trauterina (AMIU). Se colo impérvio, a dilatação pacientes evoluirão para abortamento completo
pode ser feita com Velas de Hegar ou misoprostol. espontaneamente. É possível aguardar até 30
dias do momento do diagnóstico. Se não houver
W Colo pérvio < 12 semanas: AMIU.
eliminação espontânea após esse período, parte-
W Colo pérvio > 12 semanas: curetagem após -se para conduta ativa, seja ela medicamentosa
eliminação fetal. ou cirúrgica, por meio do esvaziamento uterino.
Para o abortamento retido tardio (no 2º trimestre
ou > 12 semanas), a melhor conduta é a expulsão
imediata do feto com uso de misoprostol e, em
seguida, complementação com curetagem uterina.
296
Hemorragias da primeira metade da gestação Cap. 11
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para abortamento infectado.
O abortamento infectado pode resultar da tenta-
tiva de esvaziar o útero com uso de instrumentos Ampicilina + Gentamicina + Metronidazol
inadequados e técnicas inseguras no abortamento
clandestino, principalmente em países onde a lei OU
proíbe a interrupção da gestação. Além disso, um
abortamento incompleto com manutenção do colo Clindamicina + Gentamicina
pérvio também pode permitir a ascensão bacte-
Fonte: Brasil3.
riana pelo canal vaginal, levando à infecção da cavi-
dade uterina. As infecções são polimicrobianas,
compreendendo microrganismos da flora genital e DIA A DIA MÉDICO
intestinal, e os agentes mais envolvidos são cocos
anaeróbios (peptococos e peptoestreptococos), Recomenda-se profilaxia com antitetânica naqueles casos
gram-negativos (E. coli), Clostridium perfingrens em que, para indução do abortamento, foram utilizados
(ou welchii) e bacteroides. instrumentos metálicos ou possivelmente suspeitos de
ocasionar infecção com tétano.
u Quadro clínico: o sangramento costuma ter odor Naqueles casos em que foram instituídas todas as medi-
fétido, e os demais sintomas variam de acordo das para tratamento, mas ainda assim a paciente conti-
com o grau de comprometimento da paciente. nua apresentando febre, deve-se pensar no diagnóstico
Nos casos de endomiometrite, geralmente se diferencial de Tromboflebite Pélvica, que deve ser tratada
observam hipertermia, sangramento vaginal dis- com heparinização plena associada à antibioticoterapia.
creto, que pode ser acompanhado de saída de
material purulento do colo uterino, cólicas e útero
doloroso à palpação. O colo uterino geralmente
297
Hemorragias da primeira metade da gestação Obstetrícia
Expectante
ABORTAMENTO:
CONDUTAS
Abortamento Incompleto
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Antibioticoterapia EV de amplo Se < 12 semanas:
espectro + esvaziamento uterino Expectante até
4 semanas após
o abortamento
Misoprostol + AMIU
Se > 12 semanas
Misoprostol
+ curetagem após
eliminação do feto.
Esvaziamento uterino
298
Hemorragias da primeira metade da gestação Cap. 11
1.4. M
ÉTODOS DE ESVAZIAMENTO 1.5. CIRÚRGICO
UTERINO
A conduta cirúrgica está indicada nos casos de
1.4.1. Medicamentoso sangramento moderado ou intenso, na presença
de infecção e, ainda, para aquelas mulheres que
1.4.1.1. Misoprostol
não desejam esperar a eliminação espontânea ou
medicamentosa.
BASES DA MEDICINA As técnicas cirúrgicas para esvaziamento uterino
são a dilatação cervical, AMIU e curetagem uterina.
O misoprostol é um análogo sintético da prostaglandina E1. As principais complicações dos procedimentos
Após a absorção, ele é transformado em seu metabólito são: perfuração uterina, laceração cervical, hemor-
farmacologicamente ativo, o misoprostol ácido. Ocorre
ragia, infecções e remoção parcial do feto e/ou da
metabolização hepática, e menos de 1% de sua forma
ativa é excretada pelos rins.
placenta. A Figura 4 mostra a mesa cirúrgica com
o instrumental para realização das cirurgias de
esvaziamento uterino.
Esse medicamento age tanto nas contrações ute-
rinas quanto no esvaecimento do colo uterino. Em Figura 4. Mesa cirúrgica para realização
casos de óbito fetal após 12 semanas de idade de esvaziamento uterino.
gestacional, esse é o tratamento de escolha, por
haver maior risco de perfuração uterina associado Pinça
anatômica
Cuba rim
Gaze
à curetagem ou aspiração, devido à presença de Compressa
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idade gestacional.
Curetas
fenestradas
Espéculo
Tabela 3. Doses de Misprostol de acordo Pozzi
Fonte: FIGO4. Nos casos de colo uterino impérvio que não foi
submetido à maturação com uso de misoprostol,
ou que se mantém pouco dilatado mesmo após uso
1.4.2. Ocitocina da droga, pode ser realizada a dilatação cervical
cirúrgica. Instrumental necessário: espéculo vaginal,
Apresenta melhor resultado para os casos acima
pinça Pozzi e Velas de Hegar, que têm diâmetros
de 16 semanas e com colo favorável, uma vez que
sucessivamente maiores e indicados com números.
o número de receptores miometriais de ocitocina
aumenta com a idade gestacional. Em IG precoce, As velas são inseridas até atingir a dilatação ade-
é necessário o uso de altas doses para obter o quada para a introdução da pinça Winter, cureta
efeito desejado. fenestrada ou cânula de AMIU, a depender do pro-
cedimento a ser realizado a seguir. As velas devem
299
Hemorragias da primeira metade da gestação Obstetrícia
ser introduzidas delicadamente, e o colo deve estar A AMIU pode ser realizada ambulatorialmente.
bem tracionado e retificado, para diminuir o risco
Em abortamentos de até 12 semanas de gestação, a
de falso trajeto e perfuração uterina.
AMIU é a técnica de escolha, por ser menos invasiva
e com menor índice de complicações em relação à
Figura 5. Dilatação cervical com vela de Hegar.
curetagem uterina. O procedimento pode ser ambu-
latorial com anestesia local ou em centro cirúrgico.
O instrumental é feito de plástico descartável e é
composto por uma grande seringa para criar vácuo
e cânulas de diferentes diâmetros (de 4 mm a 12
mm), numeradas como as Velas de Hegar, que são
encaixadas na ponta da seringa de aspiração.
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Figura 6. Aspiração Manual Intrauterina (AMIU). 1.5.4. Curetagem uterina
BASES DA MEDICINA
300
Hemorragias da primeira metade da gestação Cap. 11
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documentado com duas fotografias identificadas e
O abortamento voluntário é proibido no Brasil. A datadas: uma com a face do feto em posição sagital
legislação só permite a sua realização em três e outra com a visualização do polo cefálico no corte
situações: abortamento terapêutico, abortamento transversal, demonstrando a ausência da calota
humanitário e em casos de anencefalia. Nestes craniana e de parênquima cerebral identificável. O
casos em que há permissão, devem ser realizados laudo do exame deve ser assinado por dois médicos
os mesmos procedimentos indicados para um aptos para tal.
abortamento espontâneo.
O médico pode recusar-se a realizar o abortamento,
DIA A DIA MÉDICO
por razões pessoais, respaldado pelo Código de Ética
Médica: "É Direito do Médico recusar-se a realizar
Com exceção da anencefalia, casos de outras anomalias
atos médicos que, embora permitidos por lei, sejam
fetais incompatíveis com a vida, por não encontrarem
contrários aos ditames de sua consciência". previsão nas normas legais, necessitam de autorização
No entanto, a mulher deve ter seu direito à realização judicial para a realização do abortamento.
do procedimento garantido, sendo encaminhada
para outro profissional.
Pacientes acima de 18 anos são capazes de se
responsabilizar pelo consentimento diante da possi-
bilidade de realização do procedimento. Entretanto,
pacientes com idade entre 16 e 18 anos devem ser
assistidas pelos pais, ou por responsáveis legais,
enquanto as menores de 16 anos devem ser repre-
sentadas pelos pais ou responsáveis.
301
Hemorragias da primeira metade da gestação Obstetrícia
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302
Hemorragias da primeira metade da gestação Cap. 11
Gestação que
Alta taxa de
ocorre fora
morbidade e
da cavidade
mortalidade
endometrial
Gravidez
ectópica
Localização mais
Principal causa frequente:
de morte materna tuba uterina
no 1º trimestre
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303
Hemorragias da primeira metade da gestação Obstetrícia
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u Gravidez após falha de dispositivo intrauterino
São considerados os principais fatores de risco (DIU).
para gravidez ectópica: u Gravidez após falha de contracepção de emer-
u Antecedente de gravidez ectópica. gência.
u Antecedente de cirurgia tubária. u Gravidez após reprodução assistida.
u Antecedente de doença inflamatória pélvica. u Tabagismo.
u Alterações anatômicas da tuba uterina.
304
Hemorragias da primeira metade da gestação Cap. 11
Gravidez
ectópica Alterações tubárias
prévia
Fatores
de risco
Falha de contracepção
Tabagismo
de emergência
Falha de DIU
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305
Hemorragias da primeira metade da gestação Obstetrícia
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ao acúmulo de sangue, e doloroso ao toque va-
e lancinante. Pode ser referida no lado da tuba ginal (Grito de Douglas).
acometida, difusamente por todo o abdome, ou
até mesmo no lado oposto. Outros locais de dor,
que podem ser mencionados, incluem abdome
BASES DA MEDICINA
superior, região cervical e escápula, por irritação
do nervo frênico (Sinal de Laffon). Pode ocorrer
dor lombar por irritação do retroperitônio. O Sinal de Laffon corresponde à dor escapular por sangra-
mento peritoneal e à irritação do nervo frênico, aquele do
u Sangramento vaginal: decorrente da descama- diafragma, formado pelas raízes nervosas entre C3-C5.
ção endometrial pela produção irregular de hCG.
Geralmente é discreto, vermelho-escuro ou acas-
tanhado.
u Atraso ou irregularidade menstrual: informação
que deve chamar a atenção quando acompanha-
da de dor abdominal, em mulher com vida sexual
ativa, durante a menacme.
306
Hemorragias da primeira metade da gestação Cap. 11
2.3.3.2. Ultrassonografia
BASES DA MEDICINA
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gravidez ectópica a visualização de saco gestacional
fora da cavidade uterina, contendo vesícula vitelí-
BASES DA MEDICINA
nica e/ou embrião com ou sem atividade cardíaca.
A detecção do hCG, uma glicoproteína produzida pelo Imagens ecográficas sugestivas de gravidez ectó-
sinciciotrofoblasto, é primordial para se avaliar a atividade pica são:
do trofoblasto. A positividade da beta-hCG sérica coincide
com o estabelecimento da circulação uteroplacentária e u Imagem de anel tubário.
pode ser detectada a partir de 10 dias após a ovulação.
u Imagem heterogênea ou complexa.
O uso de técnicas imunoenzimáticas, que empregam
anticorpos monoclonais, aumenta a sensibilidade e a u Líquido livre na pelve.
especificidade das dosagens de beta-hCG, o que possibilita
a detecção desse hormônio em concentrações cada vez 2.3.3.3. Culdocentese
mais baixas, tornando o exame efetivo na suspeição da
gravidez ectópica.
BASES DA MEDICINA
307
Hemorragias da primeira metade da gestação Obstetrícia
Resultados falso-positivos acontecem e podem ser Esse procedimento tem suas indicações restritas a
causados pela rotura de corpo lúteo hemorrágico, locais em que não há serviço de imagem ou recursos
menstruação retrógrada, endometriose e outras necessários para o diagnóstico.
causas de hemoperitônio.
Suspeita de GE
HCG urina +
β-hCG quantitativo
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< 1500 mUI/mL ≥ 1500 mUI/mL
Gravidez ectópica
β-hCG e USTV em 48h
308
Hemorragias da primeira metade da gestação Cap. 11
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W
ectópica, sensibilidade ao medicamento, úlcera
mas hepáticas.
péptica ativa e impossibilidade de seguimento.
Existem diversos esquemas de administração do
metotrexato, com eficácia semelhante:
DIA A DIA MÉDICO
D1
D4 D7
1ª dose
β-HCG β-HCG
(50-75mg/m2IM)
Seguimento 2ª dose
309
Hemorragias da primeira metade da gestação Obstetrícia
Geralmente, indica-se o tratamento cirúrgico na pre- Após a salpingostomia, é necessária a dosagem sérica
sença de gravidez ectópica rota ou em casos de gra- semanal de beta-hCG até sua negativação, pois há a
videz ectópica íntegra em que há contraindicação possibilidade de gestação ectópica persistente em 3%
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a 5% dos casos.
310
Hemorragias da primeira metade da gestação Cap. 11
Gestação
Ectópica
Ectópica íntegra
Tamanho < 3,5 cm Tratamento
Paciente
β-hCG < 5000 Não cirúrgico
estável
Ausência de BCF (laparoscopia)
Desejo reprodutivo
Sim
Tamanho < 3 cm
Não Sim
β-hCG < 2000 e em queda
Conduta
Metotrexate
expectante
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↓ β-HCG > 15% entre
os dias 4 e 7
2ª dose MTX
311
Hemorragias da primeira metade da gestação Obstetrícia
Falha do DIU ou
Ultrassonografia
da contracepção Diagnóstico
transvaginal
de emergência
Doença
Inflamatória
Pélvica (DIP)
Reprodução
Dor abdominal
assistida
Localização Tratamento
Gravidez ectópica Atraso ou
prévia irregularidade
menstrual
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Intersticial ou
Cervical <1%
Cornual 2-3%
Metotrexate, dose
Fimbriária 11% Abdominal 1% Medicamentoso
única, 50mg/m²
Cicatriz
Ístmica 12% Tuba Uterina Cirúrgico Salpingectomia
cesárea 1%
312
Hemorragias da primeira metade da gestação Cap. 11
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313
Hemorragias da primeira metade da gestação Obstetrícia
Doença
trofoblástica
gestacional
Incompleta Coriocarcinoma
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Pode evoluir TTSP
para NTG
TTE
Metastática
(NTG metastática)
Não metastática
(NTG não metastática)
314
Hemorragias da primeira metade da gestação Cap. 11
Grande
variabilidade étnica
1 a 2 casos por
1.000 gestações
Prevalência
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Gravidez molar anterior Uso de
anticoncepcionais orais
(ACO’s) e sua duração
315
Hemorragias da primeira metade da gestação Obstetrícia
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Fonte: Acervo da autora.
316
Hemorragias da primeira metade da gestação Cap. 11
Tabela 4. Diferenças genéticas, patológicas e clínicas entre mola hidatiforme completa e parcial.
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317
Hemorragias da primeira metade da gestação Obstetrícia
Completa
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Mola hidatiforme
Parcial
Usualmente triploides
318
Hemorragias da primeira metade da gestação Cap. 11
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Figura 11. Ultrassonografia mostrando
cistos tecaluteínicos.
319
Hemorragias da primeira metade da gestação Obstetrícia
Volume uterino
Manifestações Cistos tecaluteínicos
maior que o esperado
Hipertensão induzida
Hiperêmese
pela gestação
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320
Hemorragias da primeira metade da gestação Cap. 11
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evidenciados pela consequente degeneração do embrião.
321
Hemorragias da primeira metade da gestação Obstetrícia
Amenorreia
Sangramento irregular
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322
Hemorragias da primeira metade da gestação Cap. 11
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uterino for maior que 16 semanas. A histerectomia é uma opção terapêutica para mulheres
• Anestesia. que não desejam mais engravidar.
323
Hemorragias da primeira metade da gestação Obstetrícia
Ocitocina
Vácuo-aspiração elétrica
Histerectomia
Operatório
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Tratamento
Pré-operatório Pós-operatório
Beta-hCG semanal
Exames complementares:
raio-X de tórax; hemograma
completo; nitrogênio ureico no
sangue; creatinina; ALT, AST, 2 dosagens negativas Investigar NTG
fosfatase alcalina, gama-GT e
tipagem sanguínea.
Mensal por 6 meses
Dosagens negativas
Cura
324
Hemorragias da primeira metade da gestação Cap. 11
BASES DA MEDICINA
BASES DA MEDICINA
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dendo-se para o peritônio. Histologicamente, distingue-se
ção do miométrio, podendo ainda alcançar o peritôneo,
por apresentar um padrão dismórfico de citotrofoblasto
paramétrio adjacente e cúpula vaginal.
e sinciciotrofoblasto, ausência de estroma e invasão
vascular do lúmen para a periferia.
325
Hemorragias da primeira metade da gestação Obstetrícia
3.2.7. Tumor trofoblástico do sítio placentário Caracteriza-se por massa sólida, em parede uterina,
e cresce de forma nodular não infiltrativa (diferen-
temente do tumor de sítio placentário). Raramente
BASES DA MEDICINA
emite metástase e está relacionado à gestação
anterior a termo e pouca produção de hCG (esta taxa,
O tumor trofoblástico do sítio placentário tem como em geral, não ultrapassa 2.500 mUI/mL). Ele pode
característica a ausência de vilosidade coriônica, com
coexistir com coriocarcinoma e tumor trofoblástico
proliferação das células trofoblásticas intermediárias do
sítio de implantação do ovo. Apresenta-se como massa
do sítio placentário.
sólida circunscrita ao miométrio, mas pode ocorrer proje- Também não responde bem à quimioterapia, e a
ção do tumor para dentro da cavidade uterina. Microsco-
histerectomia é o principal método terapêutico.
picamente, nota-se predomínio das células intermediárias,
as quais, em geral, são mononucleares, têm citoplasma
No entanto, estima-se que 25% das pacientes terão
abundante e caracterizam-se por se infiltrar entre as doença metastática.
células musculares sem destruir o miométrio.
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é originado de mola hidatiforme ou de abortamento. deve pensar em neoplasia trofoblástica gestacio-
nal (segundo a FIGO, se houver qualquer um dos
Não responde bem à quimioterapia. Nos casos
restritos ao útero, a cirurgia é benéfica, com histe- critérios abaixo):
rectomia, já que tratamentos conservadores, que
u Estabilização de 4 valores (variação positiva ou
preservam o útero, estão relacionados com recidiva.
negativa menor do que 10%) dosados no período
DIA A DIA MÉDICO de 3 semanas (dias 1, 7, 14, 21).
u Aumento > 10% por, no mínimo, 3 valores, no pe-
Apresenta baixos níveis de hCG. ríodo de 2 semanas (dias 1, 7, 14).
u Beta-hCG detectável 6 meses após o esvazia-
mento molar.
3.2.8. Tumor Trofoblástico Epitelioide
u Diagnóstico histológico de NTG.
u Evidência de metástase em mulher com idade
DIA A DIA MÉDICO
reprodutiva.
326
Hemorragias da primeira metade da gestação Cap. 11
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327
Hemorragias da primeira metade da gestação Obstetrícia
Sangramento persistente
incomum após qualquer Dosagem sérica de β-hCG β-hCG alto sugere NTG
evento gestacional
Análise histológica
Diagnóstico confirmado Diagnóstico provável
do material
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328
Hemorragias da primeira metade da gestação Cap. 11
Estadiamento
Estádio III NTG com extensão para os pulmões, com ou sem envolvimento genital.
Escore de risco 0 1 2 4
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Maior tumor (cm), incluindo útero - 3-4 cm >5 cm -
329
Hemorragias da primeira metade da gestação Obstetrícia
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330
Hemorragias da primeira metade da gestação Cap. 11
Tratamento
Estadiamento
Até 6 ≥7
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MTX ACTD EMA-CO EP-MA
331
Hemorragias da primeira metade da gestação Obstetrícia
Completa Incompleta
Molar
Doença
Manifestações Não molar
trofoblástica gestacional
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Esquema Um agente
quimioterápico monoterápico
EMA-CO MTX
EP-MA EP-MA
Diagnóstico Tratamento
332
Hemorragias da primeira metade da gestação Cap. 11
DHPN
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Incompatibilidade
sanguínea materno-fetal
ABO Rh Irregulares
Mais comum;
Mais grave Raros- 2%.
Menor gravidade
Ocorre em casos de transfusão de sangue incompatí- circulando a mãe, devido às inúmeras formas de
vel, uso de drogas intravenosas e transplante. Porém, sangramento que podem ocorrer.
a principal causa é a hemorragia feto-materna, que
Para a ocorrência da DHPN é necessário que ocorra
ocorre em aproximadamente 75% das gestações.
uma sequência de quatro eventos:
Todos os tipos de gestação podem causar aloimu-
nização, seja ectópica, molar, abortamento ou ges- u Incompatibilidade sanguínea materno-fetal.
tação normal. Estudos constataram que, desde a u Aloimunização materna.
10ª semana de gestação, já há eritrócitos fetais u Passagem de anticorpos da gestante para o feto.
u Ação dos anticorpos maternos no feto.
333
Hemorragias da primeira metade da gestação Obstetrícia
1 2 3 4
Passagem de
Incompatibilidade Aloimunização Ação dos Ac
Ac da gestante
materno-fetal materna maternos no feto
para o feto
Rh ABO
Hemorragia
IgG se liga a Eritropoese
feto-materna
hemácias fetais medular e
Mãe O Transfusão
Mãe Rh - = HEMÓLISE extramedular
Feto A, Transplante
Feto Rh +
B ou AB
1º: IgM (não atravessa placenta)
2º: IgG (atravessa placenta)
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e até óbito fetal. Em alguns casos, pode ocorrer BASES DA MEDICINA
aumento de bilirrubina indireta e impregnação cere-
bral nos núcleos da base, causando Kernicterus Na incompatibilidade ABO, há menor número de sítios
(sequelas neurológicas, cognitivas e óbito). antigênicos A e B na membrana da hemácia fetal. A maioria
dos anti-A e anti-B é IgM e não atravessa a placenta, e
Estudos demonstram que o próprio feto pode ter as pequenas quantidades de IgG anti-A e anti-B que atra-
uma resposta à hemólise diferente de outro, por vessam a placenta se ligam a outros sítios antigênicos.
questões genéticas e epigenéticas. Além disso,
constataram também que, quanto mais prolongado o
tempo de exposição, mais IgG será produzido, e isso O sistema ABO é responsável pela maioria dos casos
pode ser fator de risco para desenvolver a doença. de incompatibilidade, no entanto, repercute em uma
Quanto ao antígeno D, nesse caso, a gravidade do menor gravidade clínica, muitas vezes passando
acometimento também aumenta. despercebidos. Indivíduos que apresentam grupo
O produzem anticorpos tanto contra o antígeno A
quanto o B; no entanto, nenhum anticorpo é for-
DIA A DIA MÉDICO mado contra ele (doador universal). Então, para
existir incompatibilidade ABO, a mãe deve ser O, e
Alguns indivíduos têm uma expressão fraca do antí- o concepto, A, B ou AB.
geno “D”, também conhecidos como “Du positivo” ou
A hemólise decorrente dessa forma de incompati-
“fenótipo D fraco sorológico”. Dessa forma, ao fazer um
teste laboratorial pouco sensível, pode ser identificado bilidade é rara (menor do que 2%) e, quando ocorre,
como “Rh negativo”, apesar de possuir o antígeno D. Na é leve, com icterícia de início precoce (primeiras
interpretação clínica, esses indivíduos se comportariam 24 horas pós-parto), raramente causando anemia
como Rh positivos e, no caso das gestantes, não seriam fetal grave.
candidatas à profilaxia com imunoglobulina anti-D.
334
Hemorragias da primeira metade da gestação Cap. 11
4.4. PROFILAXIA
DIA A DIA MÉDICO
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O Sistema RhD contém muitos antígenos eritrocitá-
rios, e o antígeno D é o mais comumente implicado Utiliza-se dose única de 300 mcg intramuscular de imu-
nos casos de aloimunização, devido ao seu maior noglobulina, que neutraliza 30 mL de sangue total.
poder antigênico. Se estiver presente o antígeno D,
o indivíduo é classificado como Rh positivo e, se
estiver ausente, o indivíduo é classificado como
Rh negativo.
335
Hemorragias da primeira metade da gestação Obstetrícia
Abortamento
Traumas abdominais
Gravidez molar
Óbito intrauterino
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Até 72h pós
parto, RN Rh +
336
Hemorragias da primeira metade da gestação Cap. 11
BASES DA MEDICINA
u Quando o teste for negativo, deve ser repetido
com 28, 32, 36 e 40 semanas de idade gestacio-
A hidropsia fetal é caracterizada pelo acúmulo anormal de
nal. Além disso, deve ser solicitado, no pós-parto
líquido no espaço extravascular e em cavidades corporais imediato (em conjunto do teste de Coombs direto
fetais, como o peritônio, pleura e pericárdio, podendo e do fator Rh do recém-nascido).
ocasionar anasarca. u Quando o teste for positivo e a titulação for me-
nor ou igual a 1:8, deve ser repetido mensalmente
até o parto.
É fundamental avaliar o número de gestações pré-
vias da paciente e como cada uma evoluiu, quantos
Fluxograma 9. Conduta no pré-natal.
filhos foram normais, se houve recém-nascidos
com icterícia grave e persistente, e se há história 1ª Consulta Pré-natal
de hidropsia e morte.
A USG pode constatar alterações placentárias, de
textura e espessura, derrame pericárdico, polidrâm- Tipagem Coombs
nio, CIUR, ascite fetal, edema subcutâneo, derrame sanguínea indireto
pleural, entre outros.
No doppler, o fluxo das artérias uterinas pode estar
normal e o fluxo na artéria cerebral média vai estar
alterado. A velocidade máxima do fluxo da artéria
Positivo Negativo
cerebral média sugere anemia fetal quando > 1,5
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MoM.
Na cardiotocografia, o padrão sinusoidal pode sig- ≤1:8 > 1:8 Repetir com
nificar hipóxia e anemia quando há aloimunização; 28, 32, 36 e
porém, esse exame não tem como demonstrar 40 semanas
qual é a gravidade da anemia, pois se restringe à Repetir 1x/
avaliação do sofrimento fetal. Investigar
mês até
anemia
o parto
Figura 14. Cardiotocografia de feto anêmico
mostrando padrão sinusoidal.
Fonte: Elaborado pela autora.
337
Hemorragias da primeira metade da gestação Obstetrícia
BASES DA MEDICINA
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u Zona 3 = transfusões intravasculares seriadas os batimentos cardiofetais são monitorizados por
pelo método de cordocentese ou antecipação meio de cardiotocografia durante 2 a 4 horas. As
do parto imediata, dependendo da idade gesta- transfusões seguintes são programadas, conside-
cional. Aqui há grande risco de óbito. Antes de rando-se uma queda média de hemoglobina em
26 semanas, idealmente, o feto deve ser avaliado cerca de 0,3 a 0,4 g/dL/dia.
por meio da dopplerfluxometria. A sobrevida fetal após a transfusão intrauterina é
de cerca de 94% para fetos não hidrópicos e de 74%
A cordocentese é padrão-ouro de avaliação da ane-
para fetos hidrópicos.
mia fetal, pois o hematócrito é medido diretamente
e, se o valor estiver abaixo de 30%, está indicada Figura 16. Cordocentese.
a transfusão intravascular. Esse método permite,
além da dosagem do Ht, Hb, a tipagem sanguínea
fetal e o Coombs direto.
338
Hemorragias da primeira metade da gestação Cap. 11
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339
Hemorragias da primeira metade da gestação Obstetrícia
Doppler artéria
cerebral média
Vmáx Vmáx
≤ 1,5 DP > 1,5 DP
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Parto com 37- 38 Cordocentese
semanas
Transfusão Cordocentese
a cada 1 a 2
semanas
Parto de 37 a
38 semanas
340
Hemorragias da primeira metade da gestação Cap. 11
REFERÊNCIAS
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7. Vogin G, Golfier F, Hajri T, Leroux A, Weber B. A HELLP syn-
drome complicates a gestational trophoblastic neoplasia
in a perimenopausal woman: a case report. BMC Cancer.
2016 Aug 2;16:573. doi: 10.1186/s12885-016-2641-2. PMID:
27485461; PMCID: PMC4970248.
8. Braga A, Sun SY, Maestá I, Uberti E. Doença trofoblástica
gestacional. São Paulo: Federação Brasileira das Asso-
ciações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo); 2018.
(Protocolo Febrasgo - Obstetrícia, nº 23/Comissão Nacio-
nal Especializada em Doença Trofoblástica Gestacional).
341
Hemorragias da primeira metade da gestação Obstetrícia
QUESTÕES COMENTADAS
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escolha para resolução do abortamento retido
⮪ Pseudo saco-gestacional e corpo lúteo. após 14 semanas de gestação.
( ) No abortamento retido, ocorre regressão dos
Questão 2 sinais e sintomas da gestação; o colo uterino
encontra-se dilatado e há perda sanguínea.
(HOSPITAL PEQUENO PRÍNCIPE – 2020) Mulher de 25 anos ( ) O abortamento é considerado habitual quando
é admitida no Pronto Atendimento com dor em ocorre perda espontânea e consecutiva de três
baixo ventre, maior em fossa ilíaca esquerda (FIE), ou mais gestações antes da 22ª semana.
com história de perda de pequena quantidade de
sangue via vaginal intermitente, com beta-HCG Assinale a alternativa que indica a sequência COR-
positivo. Pressão arterial 90/50mmHg, Frequência RETA, de cima para baixo:
cardíaca de 120 batimentos por minuto, com pali-
⮦ V, V, V, V.
dez e massa palpável em FIE, dolorosa. Assinale a
alternativa CORRETA: ⮧ F, V, V, F.
⮨ V, V, V, F.
⮦ Deve-se aguardar por ultrassonografia para poder
⮩ V, F, F, V.
fechar o diagnóstico e tomar a conduta.
⮧ Deve-se aguardar resultado de Beta-HCG para
iniciar metotrexato. Questão 4
⮨ Deve-se solicitar avaliação com dopplerveloci-
(UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – 2021) O diagnóstico
metria obstétrica imediatamente.
de neoplasia trofoblástica gestacional pós-molar,
⮩ Se massa pélvica ao ultrassom não mostrar ba- segundo os critérios da Figo, é estabelecido quan-
timentos cardíacos, a conduta é conservadora. do houver pelo menos:
342
Hemorragias da primeira metade da gestação Cap. 11
⮦ 2 valores de hCG em elevação, semanais, con- A dor se irradia para o ombro esquerdo, acompa-
secutivos. nhada de sangramento vaginal de leve intensidade,
⮧ 3 valores de hCG estáveis, quinzenais, conse- há dois dias. A paciente fez teste de gravidez em
cutivos. urina, que revelou resultado positivo. Ao exame fí-
sico, apresentou estado geral regular, mucosas hi-
⮨ 2 valores de hCG estáveis, semanais, consecu-
pocoradas ++/4+, pulso = 110 bpm, pressão arterial
tivos.
= 80 x 60 mmHg, abdome distendido e doloroso.
⮩ 3 valores de hCG em elevação, quinzenais, con- O exame especular revelou sangramento em peque-
secutivos. na quantidade pelo colo uterino. Ao toque vaginal
apresentou útero aumentado em duas vezes o seu
Questão 5 volume, globoso, com amolecimento do colo ute-
rino, fundo de saco doloroso e abaulado.
(INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO
ESTADUAL – 2018) Uma paciente de 42 anos, com gra- ⮦ Realizar punção e aspiração de fundo de saco,
videz de 12 semanas calculada pela data da última para excluir diagnóstico de cisto ovariano roto.
menstruação, apresenta quadro de sangramento ⮧ Solicitar beta-hCG sérico, para avaliar possibi-
vaginal intermitente e indolor, com piora progressiva lidade de tratamento clínico com metotrexato.
nas últimas 24 horas. Ao exame físico, apresenta ⮨ Encaminhar para tratamento cirúrgico imediato
mucosas descoradas e taquicardia. O toque vaginal por laparotomia.
demonstra útero aumentado de volume, palpável
⮩ Encaminhar para tratamento cirúrgico imediato
próximo à cicatriz umbilical, de consistência amo-
por laparoscopia.
lecida e orifício externo do colo uterino entreaberto.
A ultrassonografia confirmou a hipótese diagnóstica
de gravidez molar. Com relação a essa neoplasia, Questão 7
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é CORRETO afirmar:
(SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE MACEIÓ – 2018) NÃO é
⮦ O risco de malignidade não se associa à idade complicação comum em casos de mola hidatifor-
maior que 40 anos da gestante. me completa:
⮧ A presença de formações císticas intrauterinas ⮦ Hipertireoidismo.
“em flocos de neve” à ultrassonografia transva-
⮧ Pré-eclâmpsia.
ginal sugere o diagnóstico de mola hidatiforme.
⮨ Hiperêmese gravídica.
⮨ O diagnóstico de mola hidatiforme parcial é
normalmente mais precoce devido à presença ⮩ Corioamnionite.
de feto.
⮩ Não existe correlação entre o título de gonado- Questão 8
trofina coriônica humana (hCG) e a quantidade (HOSPITAL UNIVERSITÁRIO LAURO WANDERLEY – 2021) Primi-
de células trofoblásticas em atividade. gesta, Rh negativo, Du negativo, Coombs indireto
⮪ O risco de malignidade não se associa ao tempo negativo, recebeu imunoglobulina na 28ª semana
prolongado (mais de seis meses) de duração da de gestação. Chegando ao termo, deu à luz, por
gravidez molar. parto vaginal, um recém-nascido Rh positivo com
Coombs direto negativo. Com 24 horas do parto, foi
solicitado novo Coombs indireto, cujo resultado foi
Questão 6
negativo. Qual a conduta no caso?
(PREFEITURA MUNICIPAL DE FOZ DO IGUAÇU – 2018) Mulher
⮦ Administrar nova dose de imunoglobulina.
com 23 anos de idade e sete semanas de atraso
menstrual compareceu ao Pronto Atendimento com ⮧ Não há necessidade de condutas adicionais, pois
queixa de dor em abdome inferior há quatro horas. ela já fez a profilaxia na 28ª semana de gesta-
ção, e foi eficaz.
343
Hemorragias da primeira metade da gestação Obstetrícia
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⮪ Ausência de abdome agudo, massa maior do
que 5 cm, multiparidade.
344
Hemorragias da primeira metade da gestação Cap. 11
GABARITO E COMENTÁRIOS
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Alternativa C: CORRETA. O diagnóstico mais provável uma das condições para metotrexate é estabilida-
é o de gestação tópica inviável (ou gestação anem- de hemodinâmica.
brionada), com presença de corpo lúteo visualizado Alternativa C: INCORRETA. Não há idade gestacional
em região anexial direita. A maioria dos guidelines relatada (ou seja, provavelmente inicial) para que o
define que esse diagnóstico deve ser dado com Doppler veja alguma coisa.
saco gestacional a partir de 25 mm de diâmetro
Alternativa D: INCORRETA. Conduta conservadora
médio com ausência de embrião. Porém, a medi-
somente com estabilidade hemodinâmica.
da do saco gestacional entre 16 e 24 mm seria de
alta suspeição desse diagnóstico, sendo pruden- Alternativa E: CORRETA! Trata-se de provável gesta-
te repetir a ultrassonografia em 7 a 14 dias para ção ectópica rota, sendo uma emergência cirúrgica!
confirmação. Já a imagem anexial com circulação ✔ resposta: E
periférica em paciente gestante inicial é altamente
sugestiva de corpo lúteo, o qual mantém a gestação
Questão 3 dificuldade:
nas primeiras semanas.
Alternativa D: INCORRETA. A imagem de saco gesta- Assertiva I: VERDADEIRA. Na ameaça de abortamen-
cional regular descrita não é sugestiva de moléstia to, o colo está fechado e a gestação é evolutiva; o
trofoblástica. Pensaríamos nesse diagnóstico se embrião/feto continua a desenvolver-se; portanto,
houvesse a descrição de formações císticas ou ve- o útero apresenta tamanho compatível com a ida-
siculares (em “cacho de uva”) no interior do útero. de gestacional.
Alternativa E: INCORRETA. Não se trata de um pseu- Assertiva II: FALSA. Em abortamentos retidos no se-
do saco-gestacional, pois foi descrita a vesícula gundo trimestre da gestação, a conduta ativa preco-
vitelínica em seu interior, o que favorece a ideia nizada é prioritariamente a medicamentosa, devido
ao risco de perfuração uterina com o tratamento
345
Hemorragias da primeira metade da gestação Obstetrícia
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consideraremos a alternativa C a correta.
Questão 5 dificuldade:
✔ resposta: C
Y Dica do professor: Temos uma paciente de 42 anos,
com 12 semanas de idade gestacional e diagnósti-
co de gravidez molar. Questão 7 dificuldade:
Alternativa A: INCORRETA. O item A está errado, pois Y Dica do professor: Lembre-se de que a questão
idade > 40 anos aumenta o risco de malignidade. pede a alternativa incorreta.
Alternativa B: CORRETA. As formações císticas intrau- Alternativa A: CORRETA. O hipertireoidismo está co-
terinas em “flocos de neve” constituem a imagem mumente associado à mola, devido à estimulação
ultrassonográfica típica da gestação molar. cruzada dos receptores de TSH pela cadeia alfa
Alternativa C: INCORRETA. O diagnóstico de mola do hCG.
hidatiforme parcial é mais tardio, uma vez que o Alternativa B: CORRETA. A pré-eclâmpsia pode ocor-
quadro clínico da mola hidatiforme completa é rer principalmente em massas volumosas, de for-
mais exuberante. ma precoce.
Alternativa D: INCORRETA. Quanto maior a quantidade Alternativa C: CORRETA. A hiperêmese gravídica ocor-
de células trofoblásticas em atividade, maior será re com maior frequência nas massas volumosas e
o título de gonadotrofina coriônica humana (hCG). tem relação com os altos níveis de hCG.
Alternativa E: INCORRETA. O risco de malignidade se Alternativa D: INCORRETA. Não se observa correlação
associa ao tempo prolongado (mais de seis meses) entre corioamnionite e mola hidatiforme completa.
de duração da gravidez molar.
✔ resposta: D
✔ resposta: B
346
Hemorragias da primeira metade da gestação Cap. 11
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seguintes critérios: estabilidade hemodinâmica, uso de anticoncepcionais orais, de contracepção
Beta-HCG < 5000, ausência de atividade cardíaca de emergência e de Dispositivo Intrauterino (DIU)
fetal, massa ectópica < 4 cm, disponibilidade de se- frequentemente é citado como fator de risco para
guimento pós-tratamento e fácil acesso a serviço gestação ectópica. No entanto, esse risco é au-
hospitalar (para caso de rotura tubária eventual). mentado se houver FALHA do método! Os métodos
✔ resposta: A contraceptivos diminuem a taxa de gravidez; logo,
também vão DIMINUIR a incidência de gestações
ectópicas. Na falha dos anticoncepcionais e na ocor-
Questão 10 dificuldade: rência de fecundação, as alterações no ambiente
intrauterino e muco cervical podem AUMENTAR o
Y Dica do professor: A fisiopatologia da gestação ec-
risco de uma implantação ectópica; assim como na
tópica tubária está relacionada a alguma disfunção
falha do DIU, a presença do dispositivo como corpo
na tuba uterina. Normalmente a fecundação acon-
estranho na cavidade endometrial aumenta o risco
tece na porção distal da tuba (região ampular) e,
de implantação da gestação na tuba uterina. Não
através de movimentos peristálticos e batimentos
vamos brigar com a questão... A banca considerou
ciliares, o concepto é levado até a cavidade endo-
um fator de risco.
metrial, onde vai ocorrer a implantação. Na gesta-
ção tubária, a tuba falha em cumprir essa função de ✔ resposta: C
transporte, e o óvulo fecundado acaba se implan-
tando no meio do caminho. Diante do exposto, os
principais fatores de risco para gestação ectópica tu-
bária são aqueles que causam distorção anatômica
ou disfunção das tubas uterinas: gestação ectópica
prévia – a recorrência é de 10% após uma ectópica
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348
HEMORRAGIAS DA SEGUNDA Capítulo
METADE DA GESTAÇÃO 12
importância/prevalência
u Conhecer as características básicas que diferenciam descolamento prematuro de placenta e placenta prévia.
u Saber os fatores de risco, o manejo e as complicações de cada entidade clínica.
u Classificar o tipo de placenta prévia para, então, definir a conduta e a via de parto.
u Em geral, a conduta das hemorragias nessa fase da gestação dependerá da condição do feto e da idade
gestacional.
u Identificar corretamente os casos de rotura uterina.
u Reconhecer quadros de rotura de vasa prévia e de seio marginal.
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As hemorragias representam importante causa de a tensão aumenta (hipertonia), levando ao descolamento
de áreas próximas. Parte do sangue forma um hematoma
mortalidade materna no Brasil e, também, em países
retroplacentário e a outra parte desse sangue descola as
desenvolvidos. Entretanto, um diagnóstico preciso, membranas, provocando uma hemorragia externa ou,
acompanhado de hospitalização e de terapêuticas menos comumente, ficando retido em uma hemorragia
de transfusões sanguíneas, vem melhorando o oculta.
prognóstico nessas circunstâncias.
As hemorragias que ocorrem na segunda metade O descolamento prematuro de placenta consiste na
da gestação são decorrentes de diversas patolo- separação da placenta, normalmente inserida no
gias, como descolamento prematuro de placenta, corpo ou no fundo do útero, antes da expulsão do
placenta prévia, rotura uterina, rotura de vasa prévia feto em gestação superior a 20 semanas comple-
e rotura do seio marginal. tas. Acomete de 0,5% a 3% das gestações, sendo
importante causa entre as síndromes hemorrágicas
2. D ESCOLAMENTO PREMATURO da gestação. É muito grave para o feto, por causar
DE PLACENTA (DPP) hipoperfusão, com risco iminente de sofrimento
fetal agudo, prematuridade e até óbito fetal.
Nas gestantes, os maiores riscos estão associados
2.1. DEFINIÇÃO
à hemorragia e ao choque hipovolêmico ou, ainda,
ao quadro de coagulação intravascular disseminada,
que pode se instalar devido ao consumo de fatores
BASES DA MEDICINA
de coagulação pelo hematoma retroplacentário.
349
Hemorragias da segunda metade da gestação Obstetrícia
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Fonte: Acervo da autora.
350
Hemorragias da segunda metade da gestação Cap. 12
Descolamento
Ruptura uterina
prematuro de placenta
Hemorragias
2ª metade
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Dor abdominal
e/ou nas costas
Sangramento vaginal
Contrações uterinas
leve/moderado
Quadro
clínico
CIVD Hipertonia
Presença de
sofrimento fetal
351
Hemorragias da segunda metade da gestação Obstetrícia
2.3. DIAGNÓSTICO
DIA A DIA MÉDICO
As entidades clínicas mais comumente associadas Após a realização do exame físico, pode ficar evi-
são as doenças hipertensivas, responsáveis por 50% denciado, além do sangramento genital visível exter-
dos casos, de modo que mulheres hipertensas têm namente, hipertonia e/ou hiper-reatividade uterina,
5 vezes mais risco de desenvolver o descolamento ausculta fetal difícil ou ausente, bolsa das águas
do que mulheres normotensas. Além disso, causas tensa ao toque. Ainda, nos casos de sangramento
mecânicas súbitas, como trauma abdominal, aci- oculto, pode haver o aumento progressivo da altura
dentes automobilísticos, cordão curto e retração uterina.
uterina intensa, são importantes etiologias. Durante a ausculta do BCF, pode ser detectada bra-
dicardia fetal, sinalizando Sofrimento Fetal Agudo
Tabagismo, uso de drogas (álcool, crack e cocaína), (SFA), ou pode haver alteração da vitalidade fetal na
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condições que causam sobredistensão uterina, cardiotocografia e no perfil biofísico fetal. As alte-
idade materna avançada e procedimentos invasivos, rações indicativas de sofrimento fetal encontradas
como amniocentese e cordocentese, também são na cardiotocografia são bradicardia ou taquicardia
conhecidos fatores de risco. fetal persistente, padrão sinusoidal ou desacelera-
ções tardias (DIP II).
Quadro 1. Fatores de risco para DPP.
Em quadros mais graves, pode haver hipotensão,
FATORES DE RISCO estado pré-choque ou choque hipovolêmico, sinais
Idade ≥ 35 anos indiretos de Coagulação Intravascular Disseminada
Síndromes hipertensivas
e < 20 anos (CIVD), como petéquias, equimoses e hematomas.
Pré-eclâmpsia em
A CIVD ocorre em 10 a 20% dos casos de DPP grave
Trauma e raramente é observada com feto vivo.
gestação anterior
352
Hemorragias da segunda metade da gestação Cap. 12
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De preferência, deve ser feita reserva de sangue,
BASES DA MEDICINA pois, a depender da situação clínica e laboratorial,
pode ser necessária, além de expansão volêmica,
A amniotomia no DPP resulta na redução do volume do transfusão sanguínea. Nos casos de hemorragia
líquido amniótico e na diminuição do volume uterino. Com maciça, outros hemocomponentes, como plasma
isso, facilita a compressão das artérias espiraladas loca- fresco congelado, concentrado de plaquetas e
lizadas no miométrio, havendo redução do sangramento crioprecipitado (nos casos de CIVD), podem ser
no local do descolamento. Consequentemente, há redução
necessários.
na progressão do DPP. Outro benefício da amniotomia
no DPP é a redução da entrada de tromboplastina na É importante a solicitação de leito em UTI, nos casos
circulação materna.
graves. Uma equipe de enfermagem, anestesiologia
e neonatologia também deve ser acionada, diante da
possibilidade de resolução do parto e de ocorrerem
Diante da suspeita de DPP, é essencial saber, imedia-
complicações materno-fetais.
tamente ou assim que possível, se o feto está vivo
ou morto, a fim de auxiliar na definição de conduta. Nos casos de feto viável, apesar da emergência para
resolver a gestação e promover o nascimento de
A gestante precisa ser internada e monitorizada.
um feto em sua melhor situação neonatal possível,
Deve ser ofertado oxigênio além de acessos venosos
é essencial que a gestante esteja minimamente
calibrosos para expansão volêmica com cristaloide,
estável para a realização do parto.
conforme instabilidade hemodinâmica. Aos menores
sinais de hipotensão e choque, instituir dois aces- Em casos de fetos vivos e viáveis (em geral > 24
sos venosos calibrosos com infusão 1000 mL de semanas, a depender da definição de viabilidade fetal
solução cristaloide, com velocidade de infusão de do serviço) com SFA, na presença de instabilidade
materna, deve ser realizada cesárea.
353
Hemorragias da segunda metade da gestação Obstetrícia
Se o parto vaginal for iminente, a mãe estiver hemo- definição de viabilidade do serviço) ou óbito fetal, é
dinamicamente estável e o feto não apresentar aconselhável o parto vaginal, uma vez que, na maioria
sofrimento, deve-se realizar parto vaginal com das vezes, é a via de menor risco materno. Da mesma
amniotomia, para reduzir hemorragia materna e maneira que citado anteriormente, deve-se manter
passagem de tromboplastina para a corrente da vigilância rigorosa do estado clínico e hemodinâ-
mãe. Deve haver monitorização constante da con- mico da gestante. Está indicada amniotomia para
dição hemodinâmica da mãe, por meio dos níveis descompressão uterina e, nos casos de ausência
pressóricos e do débito urinário (mantido > 30 mL/h). de hipertonia uterina acentuada, pode ser infundida
ocitocina.
Nos casos de gestante hemodinamicamente está-
vel, com feto inviável (< 24 semanas, a depender da
DPP
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Instabilidade
Sim Não materna SFA Parto vaginal Parto cesárea
TP lento
2.6. COMPLICAÇÕES
DIA A DIA MÉDICO
354
Hemorragias da segunda metade da gestação Cap. 12
u Choque hipovolêmico.
3. PLACENTA PRÉVIA (PP)
u CIVD.
u Útero de Couvelaire (a intensidade da hemorragia
oculta ocasiona infiltração do sangue no miomé-
trio, prejudicando a sua contratilidade). 3.1. DEFINIÇÃO
u Atonia uterina.
u Injúria renal aguda.
BASES DA MEDICINA
u Síndrome de Sheehan (necrose hipofisária por
hipofluxo).
A presença de cicatriz uterina prejudica a vascularização
u Óbito materno. da decídua basal. Deste modo, o trofoblasto evita se inserir
u Óbito fetal. em uma região uterina cicatricial e pouco vascularizada,
direcionando-se ao colo uterino. A inserção trofoblástica
u Prematuridade. neste local resultará na placenta prévia.
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3.2. FATORES DE RISCO
355
Hemorragias da segunda metade da gestação Obstetrícia
Número anterior
de cesárias
Antecedente de
Gestação múltipla
Placenta prévia
Fatores
de risco
Número de curetagens
Tabagismo
uterinas
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Hemorragias da segunda metade da gestação Cap. 12
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Fonte: Blamb/Shutterstock.com4.
Durante o trabalho de parto, as relações entre a Preferencialmente, a ultrassonografia deve ser rea-
placenta e o orifício interno do colo modificam-se, lizada antes do toque vaginal, para que se evitem
e os tipos descritos podem ser alterados. sangramentos secundários ao toque e o agrava-
mento do quadro.
3.4. DIAGNÓSTICO
357
Hemorragias da segunda metade da gestação Obstetrícia
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Hemorragias da segunda metade da gestação Cap. 12
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Figura 7. Mnemônio PRÉVIA.
359
Hemorragias da segunda metade da gestação Obstetrícia
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rigorosa do volume de sangramento e da vitalidade Pode ocorrer sangramento após a dequitação, em
fetal. É essencial que seja solicitada reserva de razão da deficiência de miotamponamento no seg-
concentrados de hemácias, caso seja necessária mento inferior. Nessa situação, além do uso de
uma transfusão, assim como retaguarda de UTI. ocitocina, a compressão do leito placentário auxilia
no controle da hemorragia.
Deve-se considerar a administração de corticoide
para maturação pulmonar entre 28 e 34 semanas, Em caso de sangramento pós-parto não responsivo,
e a gestação deve ser continuada até a maturidade pode-se optar, também, por aplicação de pontos
fetal, sempre que possível. hemostáticos na região (Sutura de Cho), ligadura
ou embolização das artérias uterinas, ou ligadura
Se houver descompensação hemodinâmica com das hipogástricas e, em último caso, histerectomia.
sangramento vaginal não controlado, em qualquer
idade gestacional, está indicada a interrupção ime- Na fase de dequitação placentária, pode-se, ainda,
diata da gestação, em decorrência do risco de haver fazer o diagnóstico de acretismo placentário, geral-
complicações maternas. E, concomitantemente, mente diante da dificuldade de extração da placenta
deve-se prover estabilidade hemodinâmica à ges- (retenção placentária).
tante. A via de escolha nesses casos é a cesariana, Se identificado acretismo durante a cesárea, a
pela contraindicação ao parto vaginal, uma vez que conduta deve ser a não remoção da placenta e a
a placenta bloqueia o orifício de saída do útero, realização de histerectomia. Se o diagnóstico de
além das condições maternas de emergência para acretismo for feito antes do parto, o ideal é que seja
aguardar a evolução do trabalho de parto. realizado o balonamento temporário das artérias
Se a paciente se mantiver estável, o parto deverá ser ilíacas por radiologia intervencionista durante a
realizado no termo (37 semanas), via cesariana. Nos cesárea, seguida de histerectomia para diminuir
casos de placenta de inserção baixa (a placenta não o risco de sangramento volumoso. Nos casos de
recobre o orifício interno do colo uterino, mas está percretismo com invasão de órgãos adjacentes
próxima dele), a depender da avaliação obstétrica (como a bexiga), o parto deve ser realizado por uma
equipe multidisciplinar.
360
Hemorragias da segunda metade da gestação Cap. 12
Procurar hospital em
caso de sangramento
Evitar atividade
Realizar USG de
física e relação sexual
seguimento
até 28ª semana
Condutas
Parto vaginal
Indicação de cesárea
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• Sangramento materno
incontrolável;
• Vitalidade fetal alterada;
• Maturidade fetal comprovada;
• Idade gestacional > 37.
361
Hemorragias da segunda metade da gestação Obstetrícia
Descolamento prematuro
Placenta prévia
de placenta
< Hemorragia
Amniotomia < CIVD
*INSERÇÃO BAIXA
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CLÍNICO
Diagnóstico USG
USG dispensável – NÃO fazer
Fonte: Elaborado por Karoline Landgraff.
362
Hemorragias da segunda metade da gestação Cap. 12
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indiretos da presença de sangue na cavidade abdo-
4.3. FATORES DE RISCO minal, entre eles o aumento do volume abdominal,
a irritação peritoneal, e a dor em abdome superior
O principal fator de risco para rotura uterina é a (secundária à irritação do nervo frênico).
cesárea anterior. Nesses casos, há incidência de A cessação da contratilidade uterina é um achado
3,5 casos a cada 1.000 gestantes. imediato após a rotura. Inicialmente, a paciente se
Outros fatores de risco podem ser traumas resul- queixa de dor abdominal intensa (iminência de rotura
tantes de quedas, pancadas, acidentes de trânsito, uterina). Com a evolução do quadro, logo após a
ou manuseio da cavidade uterina. Fatores de risco: rotura, a sensação é de alívio imediato.
O sangramento vaginal pode ser intenso, mas, em
u Cicatriz uterina prévia (principal). O risco é ainda
grande parte dos casos, não é exteriorizado. O
maior se associada ao uso de uterotônicos (oci-
óbito fetal é bastante frequente na rotura uterina,
tocina e misoprostol).
assim como, em decorrência da gravidade do qua-
u Trauma abdominal. dro, a taxa de morbimortalidade materna também
u Perfuração uterina após curetagem uterina ou é bastante alta.
acidentes com arma branca/de fogo.
Ocorrem sinais de iminência de ruptura uterina:
u Manobra de Kristeller.
u Sobredistensão uterina (polidrâmnio, gemela- u Sinal de Bandl: na iminência da rotura, após o exa-
ridade). me físico, é possível a identificação da distensão
u Parto obstruído. das fibras musculares uterinas, logo abaixo da
cicatriz umbilical, de modo que se forma um anel
u Manobra de versão externa da apresentação.
que separa o corpo uterino do segmento inferior.
O útero adquire um “formato de ampulheta”.
363
Hemorragias da segunda metade da gestação Obstetrícia
u Sinal de Frommel: também é um achado da imi- Após a extração fetal, deve-se proceder às medidas
nência de rotura, no qual os ligamentos redondos de reparo uterino, para controle do sangramento e
estão desviados para a face ventral do útero, e consequente estabilidade hemodinâmica materna.
podem ser palpados. Nesse momento, pode-se optar por correção cirúr-
gica do ponto de rotura ou histerectomia. A escolha
Figura 9. Sinal de Bandl. dependerá, além da habilidade do cirurgião, da
possibilidade de controle do sangramento, do status
hemodinâmico materno, do seu desejo reprodutivo
futuro (caso seja conhecido) e da extensão da rotura.
Nesse momento, também é importante a avalia-
ção de órgãos adjacentes, como bexiga, ureteres
e vagina, para a identificação de possíveis lesões
associadas, assim como o reparo cirúrgico delas.
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ção abdominal, devido ao enfisema subcutâneo.
5. ROTURA DE VASA PRÉVIA
4.5. CONDUTA
5.1. DEFINIÇÃO
Diante do quadro de rotura uterina, deve-se, ime-
diatamente, prover estabilidade hemodinâmica
à gestante, preparando-a para o procedimento
BASES DA MEDICINA
cirúrgico. Medidas como oxigênio complementar,
acessos venosos calibrosos, expansão volêmica e
Vasa prévia (ou vasos prévios) consiste na presença de
monitorização devem ser urgentes e concomitantes.
vasos fetais, atravessando o orifício interno do útero, ou
A paciente deve ser encaminhada para parto cesárea situados a 2 cm dele, sem aposição de tecido placentário,
de emergência. A depender da experiência do cirur- e ocupando posição anterior à apresentação fetal.
gião, a incisão mediana pode oferecer benefícios
na avaliação da cavidade abdominal e extração
Vasa prévia corresponde à localização dos vasos
fetal, em comparação à Pfannenstiel.
fetais entre a apresentação do feto e o colo uterino;
Nos casos de iminência de rotura uterina, em geral, a logo, a rotura de vasa prévia é o rompimento destes
gestante encontra-se hemodinamicamente estável. vasos, ocasionando sangramento através do colo
A primeira medida, caso se aplique, é a interrupção uterino. Essa condição está muito associada à pla-
de fatores causais, como as medicações uterotô- centa baixa, e a taxa de mortalidade fetal é alta, uma
nicas. Em seguida, o próximo passo é a realização vez que se trata do rompimento de vasos fetais.
da cesárea de urgência.
O prognóstico é pior quando a veia umbilical é
acometida (com óbito fetal quase imediato), e o
364
Hemorragias da segunda metade da gestação Cap. 12
prognóstico é melhor quando a artéria umbilical é u Inserção do cordão umbilical na parte inferior
envolvida, já que a circulação pode se manter pela do útero, visualizada em ultrassonografia de 1º
outra artéria umbilical. trimestre.
u Placenta prévia ou placenta baixa.
5.2. FATORES DE RISCO u Lóbulo de placenta excêntrica ou bilobada.
u Fertilização in vitro.
u Inserção velamentosa de cordão umbilical. u Gestação múltipla.
Figura 10. Inserção velamentosa do cordão e vasos anômalos que podem causar rotura de vasa prévia.
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Fonte: Acervo da autora.
5.4. DIAGNÓSTICO
365
Hemorragias da segunda metade da gestação Obstetrícia
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volêmica, conforme condições hemodinâmicas (ins-
de vasa prévia diagnosticada no pré-natal.
tabilidade hemodinâmica é mais rara nestes casos).
O repouso, de fundamental importância, geralmente
é suficiente para controlar o sangramento.
6. ROTURA DE SEIO MARGINAL
Em geral, o quadro evolui com estabilidade, não
sendo necessárias intervenções de emergência
6.1. DEFINIÇÃO nem a resolução da gestação.
BASES DA MEDICINA
366
Hemorragias da segunda metade da gestação Cap. 12
Sofrimento
Início Sangramento Dor Amniotomia Diagnóstico
fetal
Melhora o
Intensa
Presente, prognóstico
(associada
DPP Súbito Escurecido precoce e materno-fetal, Clínico
à hipertonia
grave. mas não diminui
uterina).
hemorragia.
Pode diminuir
Placenta Gradativo e Vivo e de Ausente o sangramento
Ausente USG
prévia progressivo repetição ou tardio por compressão
do polo cefálico
Após
Rotura Presente,
rotura das Vivo, episódio Desencadeia
vasa precoce Ausente USG doppler
membranas único o quadro
prévia e grave
ovulares
Presente, Intensa,
Rotura Vivo, episódio
Súbito precoce seguida de — Clínico
uterina único
e grave cessar súbito
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Rotura
Súbito, Vivo, episódio Pós-parto
do seio Ausente Ausente —
periparto único (histopatológico)
marginal
367
Hemorragias da segunda metade da gestação Obstetrícia
SF ausente ou tardio
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Rotura de Vasa Prévia Hemorragias
da 2ª metade
da gestação Placenta prévia
Início súbito
SF grave e precoce Origem materna
Hemorragia
Indolor, ausência de viva e única
hipertonia e discrasia
SF grave e precoce
Amniotomia desencadeia
o sangramento
A dor cessa, ausência
de hipertonia
Diagnóstico: USG + e discrasia
dopplerfluxometria ou
inspeção da placenta
pós-parto Diagnóstico clínico
368
Hemorragias da segunda metade da gestação Cap. 12
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7. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, dis-
ponível em: https://www.shutterstock.com/pt/image-vec-
tor/vasa-praevia-fetal-blood-vessels-cross-1687756111.
Acesso em: 07 jul. 2022.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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Hemorragias da segunda metade da gestação Obstetrícia
QUESTÕES COMENTADAS
(HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA UFU – 2017) Paciente, 38 anos, ⮧ Placenta prévia; cesárea.
diabética gestacional em uso de insulina NPH 68 ⮨ Descolamento prematuro de placenta; ultrassom.
UI/dia, G2P1A0, sendo 1 cesária anterior, com ida- ⮩ Rotura de vasa prévia; cesárea.
de gestacional de 37 sem e 6 dias, altura uterina de
40 cm, BCF de 168 bpm, PA de 130 x 100 mmHg.
Foi internada no pré-parto, em trabalho de parto Questão 3
apresentando 5 contrações de forte intensidade, (HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CLEMENTE DE FARIA – 2017) As-
dolorosas, colo dilatado de 8 cm, apresentação – 2 sinale a alternativa com afirmação ERRADA em
no plano de De Lee, bolsa rota. Durante o trabalho relação a situações que contraindicam o parto por
de parto apresentou agitação, dor intensa que ces- via baixa devido ao aumento significativo do risco
sou de repente, parada das contrações, sudorese, de rotura uterina:
taquicardia e hipotensão. Ao exame: feto inaudível,
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subida de apresentação fetal e sangramento geni- ⮦ Duas cesarianas segmentares prévias.
tal. Qual o diagnóstico e conduta? ⮧ Miomectomia prévia em que houve abertura da
cavidade uterina.
⮦ Descolamento prematuro de placenta. Iniciar re-
posição e estimular parto normal com ocitocina ⮨ Uma cesariana corporal prévia.
devido à dilatação avançada. ⮩ Uma cesariana segmentar prévia.
⮧ Descolamento prematuro de placenta. Cesaria-
na imediata.
Questão 4
⮨ Rotura de vasa prévia. Cesariana.
(UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – 2021) Gestante,
⮩ Rotura uterina. Cesariana imediata.
36 semanas e 2 dias com diagnóstico de descola-
⮪ Rotura de seio marginal. Cesariana imediata. mento prematuro de placenta normalmente inserida
(DPP) e sangramento vaginal. Com dor abdominal
Questão 2 intensa associada à hipertonia uterina. Feto com
sinais de sofrimento à cardiotocografia. Pode-se
(UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – 2017) Primigesta, com classificar essa DPP como de grau:
38 anos, interna com 39 semanas em trabalho de
parto e 4 cm de dilatação cervical. Após uma hora, ⮦ 3B.
apresenta perda de líquido vaginal claro, seguido de ⮧ 1.
sangramento vermelho-vivo em moderada quanti- ⮨ 3A.
dade. Presença de 3 contrações de 40 segundos
⮩ 2.
em 10 minutos, tônus uterino normal, BCF: 108 bpm.
O provável diagnóstico e conduta são:
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Hemorragias da segunda metade da gestação Cap. 12
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e assistência ao trabalho de parto, aguardando (HOSPITAL EVANGÉLICO DE CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM – 2018)
parto por via vaginal. Paciente 30 anos, G7P6A0, com cerca de 24 sema-
⮩ Descolamento prematuro de placenta. Amnio- nas de gestação é levada ao centro cirúrgico em
tomia, estabilização hemodinâmica e cesárea caráter de urgência após diagnóstico de descola-
de emergência. mento prematuro de placenta e não detecção de
batimentos cardíacos fetais. Durante parto cesáreo,
feto morto, útero pálido, mas com contração pre-
Questão 6 sente. Ao final do parto, Hemoglobina (Hb) 7 g/dL,
quando recebe 2 concentrados de hemácias antes
(CASA DE CARIDADE DE ALFENAS NSP SOCORRO – 2020) Em
de internação em CTI. Nas 12 horas seguintes no
qual das causas de hemorragia de segunda meta-
CTI, recebe mais 3 concentrados de hemácias devi-
de da gestação, o sangue é predominantemente
do à nova queda da Hb. Na manhã do dia seguinte,
de origem fetal?
palidez cutânea importante, PA 100 x 50 e FC 120
⮦ Rotura do seio marginal. bpm, abdome doloroso, peristáltico, mas distendido;
útero abaixo da cicatriz umbilical, sem sangramen-
⮧ Vasa prévia.
to vaginal. Oligoanúria, creatinina 2,5, Hb 6,8 g/dL,
⮨ Rotura uterina. Plaquetas 105000, RNI 1,7. US abdome com útero
⮩ Placenta prévia. de aspecto normal e grande quantidade de líquido
⮪ Descolamento prematuro de placenta. livre em região pélvica e andar inferior do abdome.
Nesse momento, qual a MELHOR conduta imediata?
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Hemorragias da segunda metade da gestação Obstetrícia
de hemácias, manter ocitocina por mais 12h e ⮩ O quadro clínico característico do DPP é a dor ab-
reavaliar periodicamente. dominal, acompanhada sempre de sangramento
⮧ Tomografia de abdome de urgência sem con- vaginal. A dor varia de leve desconforto até dor
traste, realizar tempo de tromboplastina parcial intensa, associada ao aumento do tônus uteri-
(PTTk), infundir plaquetas e concentrados de no, que pode se manifestar em graus variados,
hemácias, observação clínica e com hemogra- desde uma taquissitolia até hipertonia.
ma e coagulograma seriados. ⮪ Até 20% dos sangramentos no Descolamento
⮨ Paracentese diagnóstica, realizar tempo de trom- Prematuro de Placenta (DPP) são ocultos, com
boplastina parcial (PTTk), infundir concentrados formação de coágulo retroplacentário e infiltração
de hemácias, observação clínica e com hemo- intramiometrial. Esse sangramento é responsá-
grama e coagulograma seriados. vel pela apoplexia uteroplacentária ou “útero de
Couvelaire”, que ocasiona déficit contrátil, sen-
⮩ Tomografia de abdome de urgência sem con-
do importante causa de hemorragia pós-parto.
traste, realizar tempo de tromboplastina parcial
(PTTk), infundir concentrado de fator protrom-
bínico e solicitar reavaliação imediata da equipe Questão 10
cirúrgica.
(ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO RIO GRANDE DO SUL – 2020) Em re-
⮪ Paracentese diagnóstica, infundir plasma fresco
lação aos sangramentos do segundo e terceiro tri-
e concentrado de hemácias, dosagem de fibrino-
mestres da gestação, analise as assertivas abaixo:
gênio, infundir crioprecipitado se necessário e
I. Na vasa prévia, os vasos umbilicais cursam
solicitar reavaliação imediata da equipe cirúrgica.
através das membranas sobre o orifício interno
do colo e à frente da apresentação fetal.
Questão 9 II. Cesariana prévia é o principal fator de risco para
acretismo placentário na presença de placenta
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(SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO MARANHÃO – 2018) As-
prévia, entretanto esse risco não aumenta pro-
sinale a opção que está de acordo com o manual
porcionalmente com o número de cesarianas
técnico de Gestação de Alto Risco do Ministério
anteriores.
da Saúde em relação às hemorragias da segunda
metade de gestação. III. A ocorrência de placenta prévia aumenta a
incidência de ruptura prematura de membranas.
⮦ O principal fator de risco para a Placenta Prévia IV. Mulheres com descolamento prematuro de
(PP) é a cicatriz uterina anterior, e entre elas a placenta apresentam um grande risco de repetir
principal é a miomectomia. Entre outras causas o acidente na gestação seguinte.
estão as intervenções uterinas prévias, como a
cesariana e a curetagem. Multiparidade, idade Quais estão corretas?
materna avançada, tabagismo e gemelaridade ⮦ Apenas I e III.
são fatores associados.
⮧ Apenas II e IV.
⮧ Clinicamente, a placenta prévia caracteriza-se
⮨ Apenas I, III e IV.
por ser um sangramento acompanhado de dor no
segundo ou terceiro trimestre. Geralmente ocor- ⮩ I, II, III e IV.
re em pequena quantidade e é autolimitado, não
levando a uma espoliação materna significativa.
⮨ A ruptura prematura de membranas ovulares é
responsável por até 50% dos casos de DPP não
traumáticos, e o acidente automobilístico é a
maior causa de DPP traumático.
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Hemorragias da segunda metade da gestação Cap. 12
GABARITO E COMENTÁRIOS
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cesariana imediata, tanto a gestante quanto o feto
coagulopatia, enquanto 3B já está em CIVD.
têm grande risco de óbito.
✔ resposta: D ✔ resposta: D
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Hemorragias da segunda metade da gestação Obstetrícia
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adequada a histerectomia precoce com interrupção volêmica e transfusão de plasma fresco (em alguns
da gestação como o tratamento mais adequado. casos, criopreciptados), devendo-se chamar a equi-
Atualmente, a maioria das vertentes defende que pe cirúrgica para nova avaliação.
seja adotada uma conduta expectante até a 34ª ✔ resposta: E
semana de gestação, quando o bebê já tem condi-
ções mínimas de sobrevivência no meio extraute-
Questão 9 dificuldade:
rino. Nesse caso, ao chegar o momento, quando a
placenta percreta é focal, é possível tentar manter Alternativa A: INCORRETA. O principal fator de risco
o útero e utilizar metotrexato para dissolver a pla- para a placenta prévia é a cicatriz uterina prévia,
centa. Outras técnicas também podem ser usadas mas a principal entre as cicatrizes é a cesariana
para evitar o sangramento que decorre da aderência anterior, e não a miomectomia.
da placenta, e é o que justifica o radiologista inter-
Alternativa B: INCORRETA. O sangramento na placenta
vencionista disponível no momento da interrupção.
prévia costuma ser indolor, e não doloroso.
São possíveis procedimentos: embolização arterial
uterina, ligadura arterial e tamponamento com ba- Alternativa C: INCORRETA. A hipertensão é responsá-
lão. Por fim, evidências mostram que o diagnosti- vel por até 50% dos casos de DPP não traumática,
co pré-natal de acretismo placentário, com o parto e não a ruptura prematura de membranas ovulares.
eletivo e a presença de uma equipe multidisciplinar, Alternativa D: INCORRETA. O DPP nem sempre é
reduzem a morbidade materna e a perda sanguínea acompanhado de sangramento vaginal, podendo
intraoperatória. ocorrer sangramento oculto.
✔ resposta: B Alternativa E: CORRETA. Até 20% dos sangramentos
da DPP podem ser ocultos, e existe uma importante
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Hemorragias da segunda metade da gestação Cap. 12
relação entre DPP e atonia uterina (a qual pode cau- cirurgia vídeo-histeroscópica, idade materna acima
sar hemorragia pós-parto). de 35 anos e multiparidade. De todos os fatores
✔ resposta: E de risco, o crescente aumento das cesarianas é o
que contribui para o aumento da associação entre
placenta prévia e acretismo. A placenta prévia, por
Questão 10 dificuldade: sua vez, aumenta o risco de prematuridade, de
sofrimento fetal agudo, de parto cesárea e de rotura
Y Dica do professor: Questão abordando os san-
prematura de membranas ovulares.
gramentos de terceiro trimestre. Vamos relembrar
alguns pontos importantes dos temas abordados: Descolamento prematuro de placenta: de acordo
com a Febrasgo, o Descolamento Prematuro de Pla-
Vasa prévia: a vasa prévia é definida como sangra-
centa (DPP) é a separação da placenta normalmente
mento dos vasos sanguíneos fetais que atravessam
inserida, de forma parcial ou completa, antes do
as membranas amnióticas passando pelo orifício
nascimento do feto. Os achados clínicos principais
interno do colo. Está associada à inserção anormal
são sangramento vaginal e dor abdominal, mui-
dos vasos fetais dentro das membranas. É uma
tas vezes acompanhados por contrações uterinas
causa rara de hemorragia, ocorrendo geralmente
hipertônicas e um padrão de frequência cardíaca
em gestantes com implantação baixa da placenta
fetal não tranquilizador. O DPP prévio é o fator de
e inserção velamentosa de cordão. A perda sanguí-
risco mais importante para o descolamento, com
nea é de origem fetal, fato que mostra a urgência
riscos de recorrência de 10 a 15 vezes maiores. As
do seu diagnóstico. As taxas de mortalidade fetal
síndromes hipertensivas, por sua vez, representam
são altas, ao redor de 50%.
a condição clínica de maior risco.
Acretismo placentário e placenta prévia: os principais
fatores de risco para o acretismo placentário são Portanto, as assertivas corretas são I, III e IV.
✔ resposta: C
cesárea anterior, curetagem uterina, miomectomia,
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Fixe seus conhecimentos!
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Capítulo
O PARTO
13
importância/prevalência
u Saber as relações uterofetais e as definições da estática fetal, os estreitos da bacia obstétrica e os tipos
de contrações.
u Entender o mecanismo de parto.
u Diferenciar as fases clínicas do parto.
u No partograma, identificar as possíveis distocias e saber como corrigi-las.
u Conhecer as indicações e os tipos de fórceps.
u Saber prestar uma boa assistência ao parto.
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enfraquecimento dessas estruturas pode ocasionar
BASES DA MEDICINA incontinência urinária de esforço.
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O parto Obstetrícia
A pelve maior é circundada pela parte superior O diâmetro anterior de maior interesse obstétrico
do cíngulo do membro inferior, e é ocupada pelas é a conjugata vera obstétrica, traçado do promon-
vísceras abdominais inferiores. tório à face posterior da sínfise púbica, medindo
de 10,5 a 11 cm. É considerado o trajeto real da
A pelve menor, chamada de bacia obstétrica, é cir- cabeça fetal, entretanto, não é possível medir este
cundada pela parte inferior do cíngulo do membro diâmetro, sendo, então, estimado a partir da medida
inferior, que forma a estrutura óssea dos comparti- da conjugata diagonalis, que é o diâmetro traçado
mentos da cavidade pélvica e do períneo no tronco, do promontório à borda inferior da sínfise púbica.
separados pelo diafragma da pelve.
Do ponto de vista obstétrico, para a avaliação da Figura 2. Corte sagital da bacia.
via de parto, é necessário apenas o conhecimento
das dimensões da bacia menor, que é dividida nos
estreitos superior, médio e inferior. No sentido da
progressão fetal, os estreitos têm importância nas
distocias ósseas (causadas por alterações na bacia
obstétrica).
A parte externa da pelve é coberta ou envolvida
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pela parede abdominal anterolateral inferior, ante-
riormente, região glútea do membro inferior, poste-
rolateralmente, e períneo, inferiormente.
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O parto Cap. 13
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50% das bacias femininas. O estreito superior tem a
forma arredondada, e a porção posterior é bastante
larga. As espinhas ciáticas não são proeminentes.
A chanfradura ciática e a escavação são amplas e
o diâmetro biespinha-isquiático é grande. Possui o
melhor prognóstico para o parto vaginal.
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O parto Obstetrícia
Fonte: bearsky23/Shutterstock.com4.
Fonte: bearsky23/Shutterstock.com².
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posterior. As paredes pélvicas são convergentes, as preende as relações espaciais entre o organismo
espinhas ciáticas, salientes, o ângulo subpúbico é materno e o feto. São avaliadas atitude, situação,
estreito e o estreito superior, reduzido. O parto por apresentação e posição do feto.
via baixa também não tem bom prognóstico, pois Trata-se de nomenclatura e definições convencio-
a distocia é crescente com a descida. nadas, que auxiliam na documentação do parto e
na comunicação entre os profissionais.
Figura 6. Bacia androide.
380
O parto Cap. 13
estão estendidas sobre a barriga fetal, ou, ainda pício (O). O menor diâmetro é o suboccipitobreg-
mais raro, o modo de joelhos ou de pés. mático, com 9,5 cm.
É a relação do dorso fetal com o abdome materno. u Na deflexão de 1º grau, o ponto de referência é
Pode ser dorso à esquerda ou à direita, na situa- o bregma (B). O prognóstico para parto via baixa
ção longitudinal, ou dorso anterior ou posterior, na ainda é bom. O menor diâmetro é o occipitofron-
situação transversa. tal, com 11 cm.
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A apresentação é definida como a região fetal que
ocupa a área do estreito superior da pelve materna,
e nela vai se insinuar. Na situação longitudinal, as
apresentações são cefálica (95% dos casos) ou
pélvica. Na situação transversa, a apresentação é
denominada córmica.
Fonte: Acervo Sanar.
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O parto Obstetrícia
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S (sacro).
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O parto Cap. 13
Sutura
1º – Bregma B
Sagitometópica
Resumindo, para memorizar, a variedade de posição Figura 15. Representação dos Planos de De Lee.
ODA significa que a apresentação é cefálica fletida
(Occipício – O), que está em correspondência com
o estreito superior da bacia à Direita (D) e Ante-
riormente (A). MEA significa que a apresentação é
de face e o ponto de referência Mento (M) está à
esquerda (E) e Anterior (A) em relação à mãe.
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DIA A DIA MÉDICO
2.6. ALTURA
3. M ANOBRAS DE
É importante saber em que altura está a apresen- LEOPOLD-ZWEIFEL
tação, e sua determinação é feita, na maior parte
das vezes, pelos Planos de De Lee.
Ao realizar a palpação abdominal, precisamos
O plano 0 é o diâmetro entre as espinhas isquiáticas,
conhecer as Manobras de Leopold-Zweifel, que
que é o plano de referência para os demais. Acima
têm o objetivo de avaliar os pontos da estática fetal.
desse plano, os valores são negativos e, abaixo, os
Dividem-se em quatro tempos.
valores são positivos.
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O parto Obstetrícia
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O dorso é uma região maciça e contínua.
3.4. QUARTO TEMPO
Figura 17. Segundo tempo da
Manobra de Leopold-Zweifel.
Determina a insinuação, ou seja, o grau de penetra-
ção da apresentação na pelve materna. O exami-
nador fica de frente para os pés da gestante e, com
as pontas dos dedos, exerce pressão em direção
ao eixo da entrada pélvica.
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O parto Cap. 13
Altura da
OP e OS Medianas
apresentação
Variedade Flexão
Atitude fetal
de posição generalizada
Estática fetal
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Fletida
Cefálica Oblíqua
Defletida
(graus 1, 2 e 3)
Pélvica Transversa
Córmica Longitudinal
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O parto Obstetrícia
1. Situação:
Longitudinal, Transversa
ou Obliqua.
3. Apresentação Fetal:
Cefálica, pélvica
ou córmica
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O parto Cap. 13
BASES DA MEDICINA
BASES DA MEDICINA
O parto é caracterizado por contrações das fibras mio-
metriais, cujas principais funções são a dilatação cervical No trabalho de parto, as contrações têm início no fundo,
e a expulsão do feto através do canal de parto. Essas são mais duradouras e intensas, com propagação descen-
contrações são dolorosas; porém, antes do seu início, o dente. É o chamado TRÍPLICE GRADIENTE DESCENDENTE.
útero sofre modificações fisiológicas e bioquímicas locais,
concomitantes ao aumento da frequência de contrações
indolores (Contrações de Braxton Hicks), até que o ver-
dadeiro trabalho de parto seja deflagrado.
O início do trabalho de parto (TP) depende de dois
fatores principais: presença de contrações uterinas
ritmadas (com duração e intensidade definidas)
O diagnóstico do trabalho de parto é muito impor- combinadas a mudanças progressivas do colo
tante e nem sempre fácil de ser estabelecido. Deve uterino (esvaecimento e dilatação).
ser considerado como um conjunto de alterações, O esvaecimento (incorporação do colo à cavidade
e não por elementos isolados. Sendo assim, as uterina) e a dilatação cervical são fenômenos distin-
alterações significativas que devemos considerar tos. Nas primíparas, ocorrem nessa ordem, suces-
são: presença de contrações dolorosas e rítmicas sivamente: primeiro o esvaecimento, de cima para
(no mínimo de 2 em 10 minutos, com duração de baixo, e depois, a dilatação do orifício interno. Já nas
50 a 60 segundos cada); que levam a modifica- multíparas, geralmente ocorrem simultaneamente.
ções progressivas no colo uterino (apagamento
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e dilatação).
Fonte: Drp8/Shutterstock.com6.
O primeiro período do trabalho de parto (dilatação) Fase ativa: contrações ritmadas e dolorosas, que
começa com as contrações iniciais e termina com a promovem alterações cervicais progressivas de 5
dilatação total de 10 cm. É dividido em duas fases: a 6 cm até a dilatação total.
Fase latente: período de tempo não necessariamente
contínuo, no qual são identificadas contrações dolo-
rosas com alterações cervicais, incluindo dilatação
de até 5 ou 6 cm.
387
O parto Obstetrícia
4.1.1. Assistência ao 1º período ovulares) só deve ser feita quando houver indicação,
e não rotineiramente. O toque deve ser realizado
Recomenda-se que a admissão hospitalar seja reali- com a menor frequência possível, principalmente
zada na fase ativa do trabalho de parto. A internação em casos de bolsa rota, pois toques excessivos
precoce tem maior associação com intervenções aumentam o risco de infecção.
como uso de ocitocina, analgesia e cesarianas.
O registro do trabalho de parto em prontuário é parte
Estudos recentes mostraram que o melhor momento imprescindível da assistência. Deve ser iniciado, em
para a internação se configura quando a paciente partograma, a partir do momento em que a fase
apresentar: ativa do trabalho de parto for diagnosticada.
u Contrações uterinas com intensidade moderada A ausculta intermitente com sonar deve ser reali-
a forte, ritmo de 3 contrações a cada 10 minutos zada a cada 30 minutos, iniciada imediatamente
e duração superior a 40 ou 50 segundos. após uma contração, e mantida por pelo menos 2
contrações subsequentes (antes, durante e após as
u Dilatação cervical superior a 5 centímetros ou
contrações) e 3 minutos contínuos. Nas pacientes
velocidade de dilatação de 1 cm/h mantida por,
de alto risco, a ausculta deve ser realizada a cada
pelo menos, 2 horas.
15 minutos, com a mesma técnica.
Uma boa avaliação inicial é fundamental para a indi-
cação da internação no momento mais oportuno. Tabela 1. Intervalos para ausculta cardíaca
fetal intermitente na fase de dilatação.
A paciente deverá ser avaliada, detalhadamente
(anamnese, antecedentes e exame físico), para que Dilatação
o profissional identifique se a paciente está: Risco habitual 30/30 minutos
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liberada para casa. Fonte: Zugaib et al.5
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O parto Cap. 13
O uso de ocitocina deve ser feito em casos específi- Com relação à presença de mecônio, não há evi-
cos, quando houver indicação precisa. A medicação dências de que a classificação em gradação do
não deve ser usada rotineiramente, já que o uso líquido meconial tenha utilidade clínica, além de
indevido pode aumentar o risco de taquissistolia, existir uma grande variação intra e interobservador.
ruptura uterina, sofrimento fetal e embolia de líquido São discretas as evidências de que a monitoração
amniótico. Sua administração restringe-se aos contínua da frequência cardíaca fetal deva ser uti-
casos de diagnóstico de parada de progressão do lizada para avaliação do bem-estar fetal, diante da
trabalho de parto, por hipocontratilidade uterina. eliminação de mecônio durante o TP, especialmente
Pelos novos parâmetros de acompanhamento do nas gestações que ultrapassaram as 40 semanas.
TP, considera-se parada de progressão a dilatação Se identificadas alterações durante a ausculta fetal
menor do que 1 cm em 2 horas. A decisão de iniciar intermitente a cardiotocografia deve ser realizada.
ocitocina deve ser compartilhada com a paciente O achado de líquido amniótico meconial, isolada-
e, caso não exista consentimento, pode-se adotar mente, não é indicação de cesariana.
conduta expectante, já que há efeito aparente no
desfecho do parto.
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Fonte: SofiaV/Shutterstock.com7.
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O parto Obstetrícia
Métodos não farmacológicos para alívio da dor além de redução de 10% no uso de métodos farma-
podem ser utilizados, tais como banho morno, bola cológicos para alívio da dor, redução de 41 minutos
de pilates, massagem e música. na duração do trabalho de parto e queda de 38% no
risco de Escore de Apgar < 7 no primeiro minuto.
A analgesia via bloqueio peridural, no geral, pode
ser feita a partir de 4 ou 5 cm de dilatação; porém, É importante lembrar que a presença constante de
não é um procedimento de rotina, já que pode trazer um acompanhante durante todo o parto é direito
complicações como vômitos, hipotensão, retenção da parturiente.
urinária e período expulsivo prolongado, com maior
uso do fórceps. Respeita-se o limiar individual de dor.
DIA A DIA MÉDICO
Embora não integrem a equipe de assistência téc-
nica ao trabalho de parto, os benefícios da atuação
Logo na admissão da parturiente, deve ser feita a coleta
das doulas são amplamente reconhecidos. Elas
da história, o exame físico e o toque vaginal, além da
prestam suporte físico e emocional durante o parto realização de alguns exames laboratoriais. Os exames
e auxiliam na educação perinatal. Uma metanálise admissionais devem incluir tipagem sanguínea ABO, fator
da Cochrane demonstra que houve redução de 39% Rh (caso a gestante não tenha documentado), coombs
nas taxas de cesarianas em pacientes que tiveram indireto se Rh negativo, além do VDRL e do teste rápido
suporte de uma doula durante o trabalho de parto, para HIV.
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390
O parto Cap. 13
Contrações dolorosas
Primeiro período Fase latente
Dilatação até 5-6 cm
Vitalidade fetal
Acompanhante
Partograma
Internação
Alimentação
Vitalidade fetal BCF a cada 30 min
Por 3 min e 2 contrações
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Cardiotocografia se:
Febre/corioamnionite
Posição confortável Taquicardia materna
Banheira/chuveiro Mecônio
Acupuntura Sangramento
Relaxamento
Métodos não farmacológicos ↑Pressão arterial
para alívio da dor Contrações >60’’ ou
Massagem
Música >5 contrações/10’
Hipnose Uso de ocitocina
391
O parto Obstetrícia
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Podem ocorrer os puxos, comparáveis à “vontade
de empurrar”, como na evacuação ou micção difi-
cultadas. DIA A DIA MÉDICO
392
O parto Cap. 13
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deve ser estimulada, se não houver contraindicações
em si, a paciente deve ser informada sobre o pro-
cedimento, e a decisão pela sua realização deve
ser compartilhada.
393
O parto Obstetrícia
Período expulsivo
Segundo período
Dilatação total até o nascimento
Puxos livres
(dirigidos se analgesia com
perda da percepção)
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Compressas
Episiotomia: obsoleta!
Lubrificação Períneo
Não há benefícios
Hands off
Nascimento
394
O parto Cap. 13
4.3. 3
º PERÍODO: SECUNDAMENTO 4.3.1. Assistência ao 3º período
(DEQUITAÇÃO)
Algumas condutas são recomendadas nessa fase.
São elas:
É o período em que ocorre o descolamento, a des-
cida e a expulsão da placenta. A duração média é u 10 UI ocitocina IM pós-expulsão fetal.
de 5 a 30 minutos após o período expulsivo.
u Tração controlada de cordão.
É importante reconhecer os dois tipos de dequitação: u Manobra de Fabre: avalia se a placenta já des-
colou. Coloca-se a mão no fundo do útero da
u Baudelocque-Schultze: mais comum, o descola-
paciente e faz-se leve tração de cordão.
mento é central e a face fetal é vista primeiro pela
rima vulvar. Há formação de hematoma retropla- u Procedimento de Harvey: leve compressão do
centário e o sangramento sai depois da placenta. segmento inferior do útero para auxiliar a desci-
da da placenta pelo canal vaginal.
Figura 23. Dequitação placentária tipo Baudelocque- u Manobra de Jacob-Dublin: leve tração e torção
Schultze (A) e Baudelocque-Duncan (B). axial da placenta para auxiliar no descolamento
durante exteriorização.
u Manobra de Credé (risco de inversão uterina, não
deve ser feita): expressão uterina visando auxiliar
o descolamento placentário.
u Evitar: tração intensa do cordão e compressão
intensa do fundo uterino.
u Realizar revisão do canal de parto. A figura a se-
guir mostra os graus de laceração.
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Figura 24. A: 1º grau - pele e a mucosa. B: 2º grau - pele,
mucosa e músculos transverso superficial do períneo e
bulbocavernoso. C: 3º grau - esfíncter externo do ânus.
D: 4º grau - esfíncter interno do ânus e mucosa retal.
395
O parto Obstetrícia
Terceiro período
Ocitocina para
prevenção de
10 UI IM
hemorragia
pós-parto
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Mecanismos
Tração controlada
Baudelocque-
Dequitação placentária do cordão + pressão
Duncan
Inspeção da leve no fundo uterino
placenta, do
cordão e das
membranas
Manobra de
Jacob-Dublin
Revisão do trajeto e
sutura de lacerações
Monitorização por
1 hora pós-parto
396
O parto Cap. 13
4.4. 4
º PERÍODO: GREENBERG u Contração uterina fixa (globo de segurança de
(1ª HORA PÓS-PARTO) Pinard).
A redução do volume uterino causa angulação das artérias Deve-se manter vigilância rigorosa da paciente na 1ª hora
uterinas e ovarianas, provocando diminuição da perfusão pós-parto, devido ao risco de hemorragia.
uterina. A contração do útero causa oclusão dos vasos
miometriais (miotamponamento). O trombotamponamento
tem como característica a formação de trombos nos gran-
des vasos uteroplacentários, os quais se prolongam pelos
coágulos intrauterinos que recobrem o leito placentário.
5. MECANISMO DE PARTO
A contração uterina fixa surge com o fim desse período
(depois de uma hora), e o maior tônus uterino mantém a
hemostasia pós-parto.
São feitas divisões didáticas para melhor entendi-
mento, mas, na realidade, trata-se de um processo
dinâmico com acontecimentos concomitantes.
Inicia-se imediatamente após a dequitação, sendo,
dessa forma, a primeira hora do puerpério, e não um 5.1. 1º TEMPO: INSINUAÇÃO
verdadeiro quarto período. É o período com maior
risco de hemorragias e devemos nos lembrar dos
A insinuação indica a passagem do maior diâmetro
4Ts: 1) Tônus; 2) Trauma – Recomenda-se a revisão
da apresentação fetal pelo estreito superior da bacia
do trajeto, sempre que fizer um parto; 3) Tecido – É
materna (plano 0 de De Lee). O maior diâmetro na
importante a verificação para ver se ficou algum
apresentação cefálica é o biparietal, e na apresen-
resto placentário; 4) Trombina – A possibilidade
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tação pélvica é o bitrocantérico.
de haver algum problema de coagulação deve ser
checada. Trata-se de uma ocorrência mais rara, Nesse período, ocorre a redução dos diâmetros
só deve ser avaliada após a exclusão dos demais fetais, o que, no caso da apresentação cefálica,
possíveis problemas. consiste na flexão (mais frequente) ou deflexão da
cabeça.
Ocorre a hemostasia, pelos três mecanismos des-
critos abaixo: Nas primigestas, a insinuação do feto geralmente se
dá cerca de 15 dias antes do parto; já nas multíparas,
u Miotamponagem (contração uterina: ligaduras isso pode ocorrer a qualquer momento.
vivas de Pinard).
Há, ainda, movimentos de flexão lateral, já que um
u Trombotamponagem (coagulação do sangue). dos ossos parietais atravessará o estreito superior
antes do outro; essa situação é denominada de
assinclitismo.
397
O parto Obstetrícia
Figura 25. Assinclitismo posterior (A), sinclitismo (B) e assinclitismo anterior (C).
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u Insinuada: De Lee 0.
u Fortemente insinuada: De Lee +1, +2 ou +3.
u Baixa: De Lee +4 ou +5 cm.
Fonte: Inspiring/Shutterstock.com9.
398
O parto Cap. 13
Há rotação de 45° nas variedades anteriores, 90º posteriores, o feto pode rodar 45º (posteriormente),
nas transversas e 135º nas posteriores, para que o para se apresentar em Occípito Sacro (OS). Nesse
polo cefálico se alinhe com o púbis. Nas variedades caso, o trabalho de parto é mais moroso, difícil.
DA EA
DT ET
DP EP
Sacro
S
A: Pontos de referência das variedades de posição. B: Relembrando os graus de rotação. C: A rotação geralmente vai
percorrer a menor distância possível para atingir o diâmetro ântero-posterior, na maioria das vezes, em OP.
Fonte: Elaborada pela autora.
5.4. 4
º TEMPO: DESPRENDIMENTO O hipomóclio é a região na qual o polo cefálico
CEFÁLICO fixa-se ao subpúbis, como ponto de apoio para o
movimento de expulsão no desprendimento cefálico.
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O polo cefálico está em flexão, sendo necessário
que ocorra movimento de deflexão ou extensão 5.5. 5º TEMPO: RESTITUIÇÃO
da cabeça para ocorrer exteriorização do maciço (ROTAÇÃO EXTERNA)
frontal. A fronte do feto rechaça o cóccix, aumen-
tando esse diâmetro, o que se denomina retropulsão
Consiste em novo movimento, que acontece logo
coccígea.
após o desprendimento total da cabeça fetal,
quando o occipício se volta para o lado materno
Figura 28. Desprendimento cefálico.
que ocupava no interior do canal de parto. Ao final
deste processo, a sutura sagital apresenta-se em
sentido transversal ao da fenda vulva.
Ao mesmo tempo, as espáduas rodam, trazendo o
diâmetro biacromial para o diâmetro anteroposterior
do estreito inferior. Assim, o ombro anterior fica
sobre a arcada púbica e o posterior fica em contato
com o cóccix materno.
399
O parto Obstetrícia
Com a saída das espáduas, há liberação de todo o u Chamar ajuda e avisar à paciente que algumas
tronco fetal. manobras serão necessárias para a ultimação
do parto.
5.6.1. Distócia de ombros u Manobra de McRoberts: realiza-se o aumento do
agachamento (na parturiente em posição verti-
Nesse tempo do mecanismo de parto, pode ocor-
cal), ou a hiperflexão das coxas sobre o abdome
rer a distocia biacromial, também chamada de
(parturiente deitada).
distocia de ombros, diagnosticada quando ocorre
o desprendimento cefálico, sem progressão para u Manobra de Rubin I: pressão suprapúbica feita
desprendimento do diâmetro biacromial, após 60 pelo auxiliar, sobre o lado do dorso fetal. Pode
segundos. Há o impacto do ombro anterior fetal atrás ser realizada ao mesmo tempo que a Manobra de
da sínfise pública, impedindo o seu desprendimento. McRoberts. Deve ser realizada por 30 segundos
de forma contínua na diagonal, na tentativa de
O sinal da tartaruga, que é a visualização da retração aduzir o ombro anterior. Se não houver sucesso,
da cabeça fetal contra o períneo materno durante manter a manobra por mais 30 segundos em pul-
contrações, pode ser observado com frequência. sos (como uma massagem cardíaca). A manobra
Alguns fatores de risco são: pode ser realizada com o punho fechado ou com
a mão espalmada.
u Episódio anterior de distócia de ombro.
u Diabetes gestacional. Figura 29. 1: Manobra de McRoberts;
2: Manobra de Rubin I.
u Pós-datismo.
u Macrossomia fetal (>4500 g).
u Baixa estatura materna.
Ganho de peso materno excessivo durante o pré-
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u
400
O parto Cap. 13
u Posição de running start: caso a distocia não seja locados sobre a escápula fetal devem deslocar-se
resolvida com a posição de quatro apoios, com anteriormente para a clavícula ipsilateral, e os
a parturiente ainda nessa posição, pode-se so- dedos sobre a clavícula posterior devem deslizar
licitar que ela eleve e dobre o joelho do lado do para a escápula posterior, realizando a rotação
dorso fetal, como a posição de início de corrida, no sentido inverso, para o oblíquo seguinte.
para maximizar a mobilidade da pelve. u Manobra de Jacquemier: retirada do braço pos-
terior para transformar o diâmetro biacromial em
Em caso de insucesso, deve-se partir para mano- axiloacromial, de menor tamanho, causando a
bras internas. rotação do feto, que é retirado em OS.
Importante: a sequência de manobras deve sempre Se nenhuma dessas medidas, realizadas isolada-
ser iniciada pela menos invasiva, evoluindo para a mente ou em conjunto, for suficiente, medidas de
mais invasiva. resgate devem ser iniciadas:
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do risco de óbito neonatal.
u Manobra do Parafuso (ou Woods reverso): sem su-
cesso de resolução, os dedos indicador e médio co-
401
O parto Obstetrícia
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internas • Jacquemier (retirada do braço)
• Parafuso (rotação no sentido inverso)
• Fratura de clavícula
Manobras de
• Clidotomia (secção da clavícula)
resgate
• Zavanelli (reintrodução da cabeça + cesárea)
402
O parto Cap. 13
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A versão cefálica externa é uma manobra de modificação
da apresentação fetal córmica ou pélvica para cefálica. A
u Peso fetal estimado entre 750 e 2.000 g. técnica consiste em elevação delicada da apresentação,
u Idade gestacional menor que 34 semanas. o polo pélvico, e apreensão dos dois polos, cada um com
uma das mãos, reforçando a flexão cefálica. Desloca-se
u Fetos macrossômicos, pesando mais de 4.000 g.
a pelve fetal para cima e a cabeça para baixo do abdome
u Vício pélvico. materno, suave e lentamente. Aguarda-se 1 a 2 horas para
u Cesariana anterior. repetir a avaliação da vitalidade fetal, após o procedimento,
e autoriza-se a alta hospitalar da paciente. Recomenda-se
u Amniorrexe prematura. que seja realizada em um momento próximo ou após o
u Malformação fetal (compatível com a vida). termo (36 a 37 semanas). E, se realizada no início do
trabalho de parto, recomenda-se a condução desse com
u Obstetra inexperiente.
amniotomia, se a altura da apresentação assim o permitir,
u Procidência de membros. facilitando o processo de insinuação do polo cefálico.
403
O parto Obstetrícia
Alguns cuidados gerais devem incluir: por baixo da pube, a região frontal amplia o cóccix
e desprende, sucessivamente mento, face e fronte.
u Não tracionar o feto, pois pode defletir a cabeça,
Na evolução fisiológica do trabalho de parto pélvico,
impondo dificuldades ao parto.
ou seja, sem dificuldades, três manobras podem
u Solicitar a presença de anestesiologista, neona- ser realizadas:
tologista e médico auxiliar.
u Manter a bolsa íntegra até a dilatação total. u Manobra de Thiessen: recomendada para o su-
u Realizar monitorização fetal rigorosa. cesso da expulsão fetal, que será em bloco.
Consiste em pressionar o períneo para impedir o
u Manter o dorso fetal orientado anteriormente
desprendimento da pelve fetal por 2 ou 3 contra-
(as costas do feto viradas para a frente da mãe).
ções e, com isso, o aumento da pressão interna
u Realizar alça de cordão umbilical após a saída promove a dilatação completa do colo.
parcial do tronco.
u Manobra de Bracht: adota-se atitude passiva, sem
u Considerar realização rotineira de episiotomia tracionar, apenas orientando o feto, que é reba-
ampla e tardia. tido sobre o abdome da mãe. Faz a elevação do
dorso fetal ao encontro do abdome materno e a
O polo pélvico mantém-se alto, até que o trabalho de
retirada suave dos braços, auxiliada pelo obstetra,
parto se encontre bastante avançado, muitas vezes
ou espera do desprendimento espontâneo com
até a dilatação total e a rotura da bolsa amniótica.
a ajuda de pressão suprapúbica, realizada pelo
Os tempos do mecanismo de parto diferem das
assistente. Quando desprendida a cabeça, o au-
apresentações cefálicas, por conta da ordem de
xiliar mantém a pressão suprapúbica, enquanto
desprendimento das extremidades fetais. Assim,
o operador acentua a lordose fetal.
ocorrem insinuação, descida e rotação do polo
pélvico, desprendimento das espáduas e despren-
Figura 31. Manobra de Bracht.
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dimento da cabeça.
A insinuação termina quando o diâmetro bitro-
cantérico transpõe a área do estreito superior da
bacia, passando por um dos diâmetros oblíquos da
bacia. O ponto de referência é o sacro, e a linha de
orientação é o sulco interglúteo.
A descida é mais lenta, pois, nas apresentações
cefálicas, a cabeça consegue “abrir caminho” com
mais facilidade do que as nádegas, que são mais Fonte: Acervo Sanar.
macias.
Durante a descida, ocorre a rotação interna em Algumas anormalidades podem ocorrer, como a
45º, colocando o diâmetro bitrocantérico no sen- deflexão dos braços, a rotação posterior do dorso e
tido anteroposterior. Nesse caso, o hipomóclio é a a deflexão da cabeça derradeira. Nessas situações,
região acima da crista ilíaca. Há liberação do quadril será necessário ter conhecimento de manobras
anterior seguido do posterior. específicas.
Em seguida, o diâmetro biacromial insinua-se em
um dos diâmetros oblíquos, desce e roda 45º, colo- 6.2. M ANOBRAS PARA O
cando-se em sentido anteroposterior e, assim, se DESPRENDIMENTO DAS ESPÁDUAS
desprendendo. Os braços geralmente desprendem-se
junto ao tórax. u Manobra clássica: apreende-se um dos braços
A cabeça, na evolução fisiológica do parto, apresen- fetais e o traciona pela face anterior do tórax fetal.
ta-se fletida. A rotação interna leva o suboccipício
404
O parto Cap. 13
u Manobra de Deventer-Müller: são feitos movimen- u Manobra de Mauriceau: o feto é apoiado sobre
tos pendulares de abaixamento e elevação do o antebraço do obstetra, que introduz os dedos
corpo fetal, para que o ombro anterior se encaixe médio e indicador na boca do feto, fletindo o
no subpúbis e, em seguida, seja feita a manobra polo cefálico. A outra mão fica sobre o dorso e
clássica descrita anteriormente. os dedos indicador e médio, em torno da região
u Manobra de Rojas: transforma a espádua pos- cervical.
terior em anterior, por meio de tração, rotação u Manobra de Zavanelli: manobra de resgate, uti-
axial e translação fetal. Não deve ser realizada lizada em situação extrema. Empurra-se o feto
se houver rotação posterior do dorso fetal. para dentro do canal de parto para se realizar a
u Manobra de Pajot: indicada quando houver de- cesariana.
flexão dos braços fetais. Apreende-se o braço
anterior e realiza-se movimento de flexão do co-
tovelo e descida do braço pela região anterior da DIA A DIA MÉDICO
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sobre o promontório materno e não há possibilidade de
descer e desprender-se, a menos que haja uma rotação
complementar de descida, levando o mento para a frente.
7. PARTOGRAMA
405
O parto Obstetrícia
Figura 32. Modelo de ficha de partograma. É necessário traçar duas linhas que irão avaliar a
evolução da dilatação:
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seja, contrações ineficientes. Pode-se ter um útero
que contrai pouco, ou de maneira desregulada.
A opção possível para correção é melhorar o padrão
Fonte: Acervo Sanar.
contrátil, seja com deambulação, ocitocina ou amnio-
tomia.
O desenho do triângulo mostra a dilatação da
paciente e sua evolução em horas, sabendo que
cada quadrado corresponde a 1 hora.
O desenho da circunferência representa a altura da
apresentação, e é nessa representação-base que é
desenhada a variedade de posição. Sua descida será
acompanhada pelos Planos de De Lee ou Hodge.
Lembrando que o plano 0 de De Lee, ou o 3º Plano
de Hodge, corresponde ao nível das espinhas isquiá-
ticas. Acima desse plano, os valores são negativos
e, abaixo, os valores são positivos.
Outras variáveis documentadas no partograma
são Frequência Cardíaca Fetal (FCF), número de
contrações (e sua intensidade), condições da bolsa
das águas e do líquido amniótico, uso ou não de
ocitocina e de medicamentos, fluidos e anestesia,
além da assinatura do examinador.
406
O parto Cap. 13
Figura 33. Fase ativa prolongada. Figura 34. Parada secundária de dilatação.
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Fonte: Acervo Sanar.
Fonte: Acervo Sanar.
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O parto Obstetrícia
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Fonte: Acervo Sanar.
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O parto Cap. 13
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desproporção cefalopélvica; bolsa rota; conhecer
a variedade de posição; dilatação total; feto insi-
nuado e vivo.
A pega correta é a biparietomalomentoniana, como
demonstrado na figura a seguir.
8. PARTO VAGINAL
INSTRUMENTALIZADO
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O parto Obstetrícia
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Fonte: Acervo Sanar.
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O parto Cap. 13
b) Kielland
9. INDUÇÃO DO PARTO
Apresenta curvatura pélvica pequena e articulação
em deslize do ramo direito sobre o ramo esquerdo,
que facilita a correção do assinclitismo. A indução do trabalho de parto consiste em estimular
artificialmente o preparo do colo e as contrações
Pode ser aplicado em todas as condições (varie- uterinas coordenadas e efetivas antes de seu iní-
dades oblíquas, diretas e transversas), mas, de cio espontâneo, levando ao desencadeamento
preferência, nas posições transversas, pois com do trabalho de parto, em mulheres a partir da 22ª
ele é possível rodar o feto (grandes rotações de 90º semana de gestação.
e 135º), ou nas posições anteriores e posteriores
com bossa serossanguínea significativa, uma vez Indicações com grau de evidência A incluem:
que permite uma pega assimétrica.
u Gestação prolongada (> 41 semanas): para re-
duzir a mortalidade perinatal e a síndrome de
c) Piper
aspiração meconial. Não se observa aumento
Possui curvaturas cefálica e pélvica pouco pronun- na frequência de cesarianas.
ciadas, promovendo discreta solicitação do assoalho u Diabetes: para diminuir a incidência de macros-
perineal no momento da tração. A articulação é somia fetal e suas complicações.
por encaixe. u RPMO (> 34 semanas ou antes na vigência de
Indicado no desprendimento da “cabeça derradeira” infecção): para reduzir o risco de corioamnioni-
no parto pélvico, ou seja, quando há dificuldade de te e endometrite e admissão em UTI neonatal.
desprendimento do polo cefálico. As contraindicações absolutas para indução são:
desproporção cefalopélvica, apresentação fetal
8.2. VÁCUO EXTRATOR anômala, cicatriz uterina, placenta prévia, obstru-
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ção do canal de parto, carcinoma cervical invasivo,
macrossomia, sofrimento fetal, prolapso de cordão,
O vácuo extrator é outra forma disponível de parto
herpes genital com lesões ativas, malformações
instrumentalizado. Estudos recentes mostram que
uterinas.
ambos (fórceps e vácuo) são instrumentos eficazes
para agilizar o parto. O vácuo causa menos traumas As condições do colo no início da indução têm
maternos do que o fórceps, porém aumenta o risco fator preditor de desfecho favorável, ou seja, para
de céfalo-hematomas e hemorragias intracranianas. a indução dar certo, o colo precisa estar maduro.
Essa maturação é quantificada através do Índice
Contraindicações:
de Bishop, que avalia as características do colo
u Prematuridade: não deve ser utilizado abaixo de (dilatação, apagamento, posição e consistência) e
34 semanas. a altura da apresentação (Planos de De Lee).
u Apresentações pélvica, de face, de fronte ou
transversa.
u Dilatação incompleta.
u Feto não insinuado.
u Suspeita de DCP.
411
O parto Obstetrícia
Pontos 0 1 2 3
Altura da
-3 -2 -1 ou 0 +1 ou +2
apresentação
Fonte: Adaptado da Bishop13.
Considera-se o colo maduro e favorável quando o A dose empregada para indução de partos a termo,
Índice de Bishop for maior que 6. Nesses casos, há com feto vivo, é de 25 mcg. A técnica consiste na
alta probabilidade de partos normais após a indução administração de 1 comprimido de 25 mcg a cada 4
do trabalho de parto. a 6 horas, por via vaginal, em fundo de saco posterior.
O colo é considerado imaturo e desfavorável à indu- O uso de doses maiores está associado a um maior
ção quando o Bishop for menor ou igual a 6. Nessa risco de taquissistolia (5 ou mais contrações em 10
situação, a maturação cervical não foi completa, min, detectadas por duas vezes consecutivas, em
com baixa probabilidade de parto vaginal após a 20 min, ou presença de contração uterina ≥ 120s),
indução, sendo necessária, então, a utilização de rotura uterina e, consequentemente, sofrimento
métodos artificiais para se atingir a maturação fetal (cardiotocografia de categorias II e III). Está
cervical. Pois a indução de parto com ocitocina, contraindicado em pacientes com cirurgia uterina ou
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sem o preparo cervical prévio, está associada a cesariana anterior. A administração de ocitocina só
altas taxas de falhas de indução e a realização de pode ser iniciada após 4 a 6 horas do uso do miso-
partos por cesárea. prostol, sendo contraindicado o uso concomitante
pelo efeito sinérgico apresentado, aumentando os
9.1. MATURAÇÃO CERVICAL riscos de complicações.
412
O parto Cap. 13
associada é a infecção, seja endometrite ou sepse Figura 40. Descolamento digital de membranas ovulares.
neonatal, principalmente com o uso de laminária
marinha, pois patógenos podem estar presentes,
mesmo após o processo de esterilização.
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(pacientes com cicatriz uterina). Uma sonda vesi-
cal de grosso calibre é inserida acima do orifício
DIA A DIA MÉDICO interno do colo, através de exame de toque ou com
espéculo vaginal, e se insufla com água destilada.
É feito o toque vaginal e, ao se ultrapassar o orifício interno
do colo, realiza-se movimento circular com o objetivo de A ação mecânica direta sobre o colo uterino pro-
separar as membranas amnióticas da parte inferior do move estímulo à liberação de prostaglandinas,
segmento uterino. pela separação causada na membrana do cório,
princípio semelhante ao se realizar o “descolamento
digital” da bolsa.
O método não causa hiperestimulação uterina, se
comparado aos outros, por isso, pode ser usado
em pacientes com útero cicatricial. No entanto, tem
menor taxa de sucesso e maior tempo de latência
na indução. Estudos recentes mostram que iniciar a
infusão de ocitocina concomitante ao uso do balão
cervical (e não após a sua eliminação) pode reduzir
em até 50% o tempo total de indução.
A presença de amniorrexe (membranas rotas) é uma
contraindicação relativa o uso do método, devido
ao risco aumentado de infecção.
413
O parto Obstetrícia
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Fonte: Acervo Sanar.
9.2. INDUÇÃO COM OCITOCINA neuro-hipófise. Ocorre uma melhor resposta nas últimas
semanas de gestação, quando há aumento do número de
receptores no útero.
BASES DA MEDICINA
414
O parto Cap. 13
Apesar da ação rápida (3 a 5 minutos), tanto para iní- Se necessário, o uso de terbutalina está indicado
cio da estimulação quanto da sua cessação quando para tocólise.
a infusão é suspensa, não é usualmente indicada
quando o colo ainda é imaturo (Bishop < 7). Nestes
casos, seu uso está associado a um percentual DIA A DIA MÉDICO
elevado de partos prolongados, intoxicação hídrica
pelo aumento sucessivo das doses e, consequen- A administração é feita, diluindo-se 5 UI de ocitocina (1
temente, de cesáreas. ampola) em 500 mL de soro glicosado a 5%, formando uma
solução com concentração de ocitocina de 10 mUI/mL.
A avaliação da vitalidade fetal deve ser feita com Inicia-se a indução com infusão de 2 mUI/min (12 mL/h
o uso da cardiotocografia. em BIC ou 4 gotas/min, se BIC indisponível). Aumenta-se
2 mUI a cada 15 minutos, até se obter padrão de contra-
Caso haja taquissistolia, a infusão de ocitocina ção uterina adequado, ou até atingir a dose máxima de
deve ser completamente suspensa e a correção 32 mUI/min.
é feita com medidas de ressuscitação intraútero,
como hidratação rápida e vigorosa, oxigênio em
cateter nasal de O2 e decúbito lateral esquerdo.
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415
O parto Obstetrícia
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Acesso em: 11 jul. 2022.
13. Bishop EH. Pelvic scoring for elective induction. Obstet
Gynecol 1964; 24: 266-8.
416
O parto Cap. 13
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1 Questão 3
(HOSPITAL ORTOPÉDICO DE GOIÂNIA – 2020) Sobre a indução (HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PRESIDENTE DUTRA – 2017) Antônia
do parto, assinale a alternativa correta. está muito feliz com a descoberta de sua primeira
gravidez. Tem 28 anos e não apresenta nenhum
⮦ O Índice de Bishop tem como alguns dos parâme- problema de saúde até então. Encontra-se na 8ª
tros avaliados a dilatação cervical, o apagamento semana de gravidez pela data da última menstrua-
do colo e a frequência das contrações uterinas. ção. Realizou todos os exames solicitados na sua
⮧ Na indução do parto de paciente com cicatriz primeira consulta de pré-natal, sendo orientada a
uterina prévia, devemos utilizar metade da dose realizar uma ultrassonografia morfológica de 1º tri-
usual de misoprostol. mestre no período de 11 a 14 semanas de gestação.
⮨ Taquissistolia consiste na ocorrência de contra- A gestante seguiu todas as orientações fornecidas
ção uterina superior a 90 segundos. durante seu pré-natal. Realizou 8 consultas, e to-
⮩ A dose usual de misoprostol para indução do dos os exames solicitados estavam na normalida-
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parto com feto vivo a termo é de 100 a 200 mi- de. Manteve a pressão arterial em níveis normais
crogramas a cada 4 a 6 horas. e estava com IMC de 28 kg/m² na 39ª semana de
gestação, quando referiu perda de secreção mu-
⮪ A utilização transcervical do cateter de Foley, com
coide, dor em baixo ventre e região lombar. Exame
o balão inflado, é uma técnica eficaz e de baixo
obstétrico: altura de fundo uterino (AU) de 36 cm;
risco para maturação do colo, sendo bastante
batimentos cardíacos fetais (BCF): 152 bpm, regu-
útil na gestante com uma cesariana anterior.
lar; dinâmica uterina 3/10’/30”; movimentação fetal
presente; colo uterino centralizado, amolecido, apa-
Questão 2 gado cerca de 80%, pérvio 5 cm, apresentação pél-
vica, bolsa das águas integras. A gestante desejava
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO LAURO WANDERLEY – 2021) Durante ter seu parto vaginal, mas agora estava temerosa
o trabalho de parto de uma grande multípara dia- devido à apresentação fetal. Analise as manobras
bética, após a saída da cabeça fetal diagnosticou- abaixo na assistência ao período expulsivo de par-
-se uma distócia de ombro – ombro impactado na to vaginal pélvico da gestante e classifique-as em
sínfise púbica. Diante dessa situação, o obstetra V (verdadeiras) ou F (falsas).
pode utilizar diversas manobras para auxiliar na ( ) A manobra de Tiessen é recomendada para
resolução desse parto, exceto: o sucesso da expulsão fetal, pois promove a
condensação do ovoide e a dilatação completa
⮦ Manobra de Jacquemier.
da cérvix uterina.
⮧ Manobra de Woods.
( ) A manobra de Bracht consiste em impedir o
⮨ Manobra de Rojas. desprendimento da pelve fetal por duas ou três
⮩ Manobra de McRoberts. contrações, pressionando-se o períneo materno.
⮪ Manobra de Rubin I. ( ) A cabeça derradeira pode ser extraída por meio
da manobra de Mauriceau, que consiste na
417
O parto Obstetrícia
pressão da região mentoniana fetal com os ⮧ Nas multíparas, o trabalho de parto dura em mé-
dedos indicador e médio de uma das mãos do dia 6 horas e é pouco provável que dure mais do
assistente ao parto para flexionar a cabeça fetal que 18 horas.
e facilitar desprendimento. ⮨ O trabalho de parto efetivamente estabelecido
( ) O fórcipe de Piper pode ser utilizado eletiva- ocorre quando há contrações uterinas irregula-
mente ou quando há dificuldade na realização res e há dilatação cervical progressiva a partir
da manobra de Mauriceau no desprendimento dos 5 cm.
da cabeça derradeira. ⮩ Nas primíparas, o trabalho de parto dura em mé-
Assinale a alternativa que contém a sequência COR- dia 8 horas e é pouco provável que dure mais do
RETA de cima para baixo: que 12 horas.
⮪ Durante o trabalho de parto, um partograma
⮦ V – V – F – V. com linha de ação de 2 horas deve ser utilizado
⮧ F – V – V – F. para registro do progresso do parto, devendo o
⮨ F – F – F – V. modelo ser da Organização Mundial de Saúde
ou equivalente.
⮩ V – F – F – V.
⮪ V – F – V – V.
Questão 6
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Não foi constatada ruptura cervical. Essa laceração
⮦ 1. é uma laceração:
⮧ 1,5. ⮦ fisiológica.
⮨ 2. ⮧ de 1º grau.
⮩ 2,5. ⮨ de 2º grau.
⮪ 3. ⮩ de 3º grau.
⮪ de 4º grau.
Questão 5
418
O parto Cap. 13
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Questão 9
419
O parto Obstetrícia
GABARITO E COMENTÁRIOS
Y Dica do professor: O escore de Bishop avalia a ne- Assertiva I: VERDADEIRA. Lembre-se: a recomenda-
cessidade de preparo cervical para indução; inclui ção dessa manobra não é consensual.
cinco fatores (quatro cervicais e um fetal): dilata- Assertiva II: FALSA. A manobra de Bracht consiste
ção, consistência, esvaecimento, posição cervicais na elevação do dorso fetal ao encontro do abdome
e altura da apresentação. materno na espera do desprendimento espontâneo
Alternativa A: INCORRETA. As contrações uterinas ou da retirada suave dos braços com auxílio digi-
não fazem parte do índice de Bishop. tal e com ajuda de pressão suprapúbica realizada
Alternativa B: INCORRETA. Cicatriz uterina prévia por assistente. A manobra descrita na afirmativa é
contraindica o uso do misoprostol, pelo risco de a de Tiessen.
rotura uterina. Assertiva III: FALSA. A manobra de Mauriceau con-
Alternativa C: INCORRETA. Taquissistolia é a ocorrên- siste na INTRODUÇÃO dos dedos médio e indica-
cia de mais de cinco contrações em dez minutos. dor na boca do feto, e não na pressão mentoniana.
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Alternativa D: INCORRETA. A dose habitual é de 25 mcg. Assertiva IV: VERDADEIRA.
Alternativa E: CORRETA! Ocorre dilatação mecânica ✔ resposta: D
do colo.
✔ resposta: E Questão 4 dificuldade:
420
O parto Cap. 13
cervical até cerca de 3 a 4 cm, momento em que se direito anterior. Como o bregma está voltado para
inicia a fase ativa. o pube, o feto poderá sair em occipitossacro após
Alternativa B: INCORRETA. Nas multíparas, a fase la- rotação de 45 graus no sentido horário. Outra al-
tente dura cerca de 14 horas; a fase ativa, de 6 a 8 ternativa, menos frequente nessa situação, seria a
horas; o período expulsivo dura cerca de 30 minu- saída em occipitopube com rotação de 135 graus
tos e a dequitação dura de 5 a 30 minutos. Logo, o no sentido anti-horário, porém não temos alterna-
trabalho de parto nas multíparas pode durar mais tiva compatível com essa possibilidade.
que 18 horas. ✔ resposta: C
Alternativa C: INCORRETA. O início do trabalho de
parto efetivo é considerado na presença de contra-
Questão 8 dificuldade:
ções regulares, em uma média de 3 contrações em
10 minutos, com duração de cerca de 50 segundos Y Dica do professor: Clinicamente, o estudo do parto
cada, além de dilatação cervical entre 3 a 5 cm. analisa três fases principais (1º período – dilatação,
Alternativa D: INCORRETA. Nas primíparas, a fase la- 2º período – expulsão e 3º período – dequitação)
tente pode ter duração de até 20 horas; a fase ativa precedidas de estádio preliminar, o período premo-
dura uma média de 10 a 12 horas; o período expul- nitório (pré-parto). O terceiro período, também cha-
sivo dura cerca de 50 minutos e a dequitação dura mado de secundamento ou dequitadura, é quando
entre 5 e 30 minutos. Portanto, o trabalho de parto o útero expele a placenta e as membranas após o
frequentemente ultrapassa 12 horas. nascimento do feto. Vamos avaliar cada alternativa.
Alternativa E: INCORRETA. O partograma é uma re- Alternativa A: CORRETA.
presentação gráfica, padronizada pela OMS, que Alternativa B: INCORRETA. A dequitação ocorre entre
avalia a evolução do trabalho de parto utilizando 10 minutos e 1 hora após o parto. Fisiologicamen-
uma Linha de Ação de 4 horas em relação à Linha te, sabe-se que ela deve ocorrer dentro de 20 a, no
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de Alerta, sendo esta última traçada quando se ini- máximo, 30 minutos.
cia a fase ativa do trabalho de parto. Alternativa C: INCORRETA. O desprendimento do pólo
✔ resposta: A cefálico e pélvico ocorre no 2º período (inicia-se
quando a dilatação está completa e encerra-se com
a saída do feto).
Questão 6 dificuldade:
Alternativa D: INCORRETA. A dequitação ocorre entre
Y Dica do professor: As lacerações perineais que 10 minutos e 1 hora após o parto.
ocorrem no parto são classificadas da seguinte for- Alternativa E: INCORRETA. Alguns autores sugerem o
ma: 1º grau – acomete apenas a mucosa; 2º grau uso da ocitocina no terceiro período, para redução
– acomete a mucosa e a musculatura; 3º grau – da hemorragia pós-parto.
acomete até o esfíncter anal; 4º grau – acomete a
✔ resposta: A
mucosa retal. A questão descreve uma laceração
perineal, com acometimento da camada muscular,
mas com preservação do esfíncter anal. Logo, es- Questão 9 dificuldade:
tamos diante de uma laceração de 2º grau.
Dica do professor: Fórcipe de Simpson realiza ape-
resposta: C
Y
✔
nas pequenas rotações. Kielland corrige assinclitis-
mo e realiza grandes rotações. Piper é para extração
Questão 7 dificuldade: da cabeça derradeira do feto pélvico.
Alternativa A: INCORRETA. +1 de DeLee é extrema-
Y Dica do professor: Na apresentação cefálica de-
mente alto, sendo proscrita a utilização de fórcipe
fletida, o diâmetro da apresentação é occiptofron-
nessa altura.
tal. Nesse caso, como o bregma está voltado para
a iminência iliopectínea direita, temos um bregma
421
O parto Obstetrícia
Questão 10 dificuldade:
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do pube, o assinclitismo é posterior; quando está
mais próxima do sacro, é anterior.
✔ resposta: D
422
Capítulo
PUERPÉRIO
14
importância/prevalência
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pério pode ser dividido de acordo com o tempo de
BASES DA MEDICINA
duração, e essas divisões propostas são divergentes
na literatura.
O puerpério é o período que sucede o parto e, do ponto
de vista fisiológico, é caracterizado por uma série de
u Classificação de Zugaib:
processos involutivos e de recuperação. Essas mudanças W Puerpério imediato: até 2 horas após parto.
fazem com que o organismo materno retorne ao estado W Puerpério mediato: 3 horas a 10 dias.
pré-gravídico, independetemente da via de parto.
W Puerpério tardio: 11º dia até a menstruação,
ou 6-8 semanas em lactantes.
Inicia-se após a dequitação, e é, neste momento, W Puerpério remoto: além das 6 semanas.
que as modificações locais e sistêmicas do orga- u Classificação de Rezende:
nismo feminino retornam às condições vigentes
antes da gestação, sejam elas de natureza hormo-
W Puerpério imediato: 1º ao 10º dia.
nal, metabólica ou psíquica. O que ocorre com as W Puerpério tardio: 11º ao 45º dia.
mamas é uma exceção, pois o seu desenvolvimento W Puerpério remoto: > 45º dia.
é finalizado no puerpério, e essas não retornam ao
estado pré-gravídico.
423
Puerpério Obstetrícia
Zugaib Rezende
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Puerpério mediato Puerpério tardio
424
Puerpério Cap. 14
Nos primeiros três dias de puerpério, ocorrem con- O colo uterino, ao fim da dequitação, encontra-se
trações uterinas que se intensificam com a sucção amolecido, com lacerações no orifício externo, que
do recém-nascido, por ação da liberação de ocito- continua dilatado. A dilatação do colo regride de
cina pela neurohipófise. Essas contrações ajudam forma lenta, ficando entre 2 ou 3 cm nos primeiros
na regressão uterina e, ocasionalmente, podem dias após o parto, e menos de 1cm com 1 semana
provocar desconforto na puérpera. de puerpério.
O fundo uterino atinge a cicatriz umbilical 24 horas A vagina fica alargada e lisa logo após o parto.
após o parto, seguindo com diminuição de tamanho Gradualmente, suas dimensões se reduzem, mas
de aproximadamente 1 cm por dia. Na lactante, a raramente voltam ao estado pré-gravídico. A rugosi-
involução uterina costuma ser mais rápida, com o dade vaginal reaparece na 3ª semana, por redução
fundo uterino alcançando a borda superior da sínfise do edema e da vascularização. A distensão fascial
púbica por volta do 12º dia pós-parto.
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e possíveis lacerações causam afrouxamento da
Após a dequitação, a porção basal da decídua per- musculatura pélvica, que pode, ou não, regredir ao
siste, e ela é dividida em camada superficial, que estado original.
sofre descamação, e camada profunda. Em virtude
do processo de regeneração da ferida placentária e
da involução uterina, ocorre a eliminação via vagi-
nal de quantidade variável de sangue, exsudatos
e transudatos, fenômeno denominado loquiação,
que se apresenta com características diferentes
em relação ao tempo:
425
Puerpério Obstetrícia
Mudanças: sistema
reprodutor
Atrofia do epitélio
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Lóquia fusca
escamoso vaginal
Lóquia alba
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Puerpério Cap. 14
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Outros fatores que podem influenciar no acúmulo
de peso após o parto são: idade materna (adoles-
1.3. SISTEMA ENDÓCRINO centes têm maior risco), paridade, etnia, intervalo
entre gestações e tempo de retorno à atividade
profissional.
BASES DA MEDICINA
1.5. ALTERAÇÕES ÓSSEAS
Lactantes apresentam atraso no retorno da ovulação,
pois a prolactina inibe a liberação pulsátil do GnRH pelo Há diminuição generalizada da densidade óssea em
hipotálamo. gestantes, voltando ao estado pré-gravidez dentro
de 12 a 18 meses após o parto. Não é recomendada
Após a saída da placenta, diminuem os níveis de qualquer intervenção, pois trata-se de alteração
esteroides placentários e a prolactina continua autolimitada.
alta. A gonadotrofina coriônica (hCG) atinge o valor
normal entre 2 e 4 semanas após o parto.
1.6. ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS
Na ausência da lactação, nas primeiras semanas,
tanto o Hormônio Luteinizante (LH) quanto o Folí- Ao longo do parto, e durante o puerpério imediato,
culo-Estimulante (FSH) se mantêm baixos, para é comum haver leucocitose, chegando a níveis de
então elevarem-se lentamente. 25.000/μl ou mais, caracterizada pelo predomínio
No início do puerpério, o estrogênio se mantém de granulócitos, linfopenia relativa e eosinofilia
baixo, a progesterona não é detectável e a recu- absoluta. Em geral, esses parâmetros se normalizam
peração aos seus níveis pré-gravídicos depende num período de 5 a 6 dias após o parto.
da lactação.
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Puerpério Obstetrícia
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No pós-operatório de parto cesárea, é importante 1.9. SISTEMA CARDIOVASCULAR
observar a possibilidade da ocorrência do íleo para-
lítico, devido à manipulação da cavidade abdominal
A frequência e o débito cardíacos se mantém eleva-
e ao uso de opioides na analgesia.
dos por um período de 24 a 48 horas após o parto
e, por isso, é possível identificar o aparecimento
1.8. MAMAS de um sopro sistólico de hiperfluxo. Há retorno ao
estado pré-gravídico aproximadamente no 10º dia
pós-parto.
BASES DA MEDICINA
A resistência vascular, por sua vez, permanece
diminuída por 48 horas e, a partir desse momento,
Na primeira metade da gestação, a proliferação de células retorna gradualmente aos níveis normais.
epiteliais alveolares, com formação de novos ductos e
desenvolvimento da arquitetura lobular, causa a hiper- Apesar do sangramento do parto, a gestante pos-
trofia da glândula mamária. Na segunda metade ou final sui grande reserva de volemia no terceiro espaço
da gravidez, predomina a diferenciação epitelial para a e, após um período de 10 a 14 dias, a volemia já
atividade secretora, com o aumento da glândula às custas
atinge o equilíbrio.
de hipertrofia das células mioepiteliais, hipertrofia dos
vasos sanguíneos, depósito de gordura e retenção de Nas puérperas cardiopatas, o período expulsivo e
água e eletrólitos. as primeiras horas após a dequitação representam
uma fase crítica, exigindo uma extrema vigilância
médica.
As alterações fisiológicas sofridas pelas mamas,
durante a gravidez e no puerpério imediato, visam
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Puerpério Cap. 14
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429
Puerpério Obstetrícia
Tônus normal é
Pode haver diástase do Voltam a subir
readquirido na
músculo reto abdominal posteriormente
maioria dos casos
Queda inicial
Parede abdominal
das plaquetas
e fibrinogênio
Metade do
peso adquirido
é perdido nas
primeiras 6
semanas Hematócrito e
Mudanças:
Perda hemoglobina
outros Hematológicas
ponderal flutuam nos
sistemas
primeiros dias
Restante:
até 6 meses
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depois
Leucocitose
Sistema Alterações (até 30.000/
endócrino ósseas mm³) na primeira
semana
Menstruação:
Lactantes: 7-9 Densidade óssea
semanas volta ao normal
Não lactantes:
45 dias
430
Puerpério Cap. 14
Resistência vascular:
sobe após 24h
Diurese reverte a
hipervolemia gravídica
Sistema Cardiovascular
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Mudanças:
outros
sistemas
Retenção urinária e
Estrias: esbranquiçadas
esvaziamento
e permanentes
incompleto
Cloasma:
Distensão vesical
geralmente regride
Queda de cabelo
comum entre 1 e 5
meses após o parto
431
Puerpério Obstetrícia
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Deve-se estimular a deambulação, o mais cedo
A colocação da criança ao peito deve ser feita logo
possível, com o intuito de ajudar a prevenir fenô-
após o nascimento, para que ocorra liberação de
menos tromboembólicos, estimular a recuperação
prolactina e ocitocina e, consequente, produção e
de um possível íleo paralítico, reabsorver o edema
liberação do leite. Deve-se inspecionar os mamilos,
de MMII e reduzir a incidência de retenção urinária
a fim de identificar deformidades ou presença de
e de constipação. Após o parto normal, a paciente
fissuras.
poderá deambular assim que se sinta preparada
para tal. As mamas e os mamilos não devem ser higieniza-
dos antes e após a amamentação, pois tal prática
retira a camada de proteção da pele e propicia o
DIA A DIA MÉDICO aparecimento de fissuras.
Massagear as mamas antes da mamada, esvaziar
A primeira deambulação deve ser supervisionada, devido completamente e alternar os lados são medidas de
ao risco de síncope.
prevenção do ingurgitamento mamário.
Em caso de cesariana, deve-se avaliar a ferida ope- A Golden Hour ou “Hora de Ouro”, muito falada ultima-
ratória, atentando-se para a presença de seroma, mente, corresponde ao contato pele a pele imediato,
hematomas ou sinais de infecção. após o parto, do recém-nascido com a mãe. O bebê deve
ser colocado de bruços, e sem roupa, diretamente sobre
Pacientes com obesidade, diabetes, imunossupres- o abdome materno, apenas com o dorso coberto. Esse
são, anemia ou desnutrição devem ter os cuidados contato é precioso para o estímulo da lactação, além de
432
Puerpério Cap. 14
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ser inserido imediatamente após a dequitação no
BASES DA MEDICINA parto normal, ou antes da histerorrafia na cesárea.
Se não for inserido nesse momento, deve-se aguar-
Durante o aleitamento materno, ocorrem alterações hor-
dar um período de 6 a 8 semanas para a inserção.
monais no eixo hipotálamo-hipófise-ovário, levando à
anovulação. A amamentação suprime o efeito pulsátil de
liberação de GnRH pelo hipotálamo e diminui a liberação
de dopamina, o que estimula a liberação de prolactina e
mantém a amenorreia.
LARCS
Métodos de barreira Métodos comportamentais (Long acting reversible
contraceptives)
433
Puerpério Obstetrícia
LARCS
Contraceptivo injetável
Contraceptivos orais (Long acting reversible
(trimestral)
contraceptives)
Minipílulas (noretindrona
Acetato de medroxiprogesterona de Implante subdérmico (Implanon®)
e levonorgestrel) DIU com levonorgestrel
depósito (Contracep®, Depoprovera®)
Desogestrel (Mirena® ou Kyleena®)
Fonte: Elaborado pela autora.
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u ter, no mínimo, dois filhos vivos.
BASES DA MEDICINA OU
u risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro
Na ligadura tubária, realiza-se a obstrução do lúmen concepto, desde que tenha relatório escrito e
tubário, principalmente o istmo, seja com fio cirúrgico assinado por dois médicos.
e/ou secção da trompa, eletrocoagulação ou obstrução
mecânica com clips ou anéis. Com isso, impede-se o Deve haver prazo mínimo de 60 dias entre a mani-
transporte do óvulo e o encontro dos gametas femininos
festação da vontade por escrito e o ato cirúrgico. A
e masculinos. Pode ser realizado por via laparotômica,
laparoscópica ou vaginal. Lei de 2022 traz modificações em relação à antiga
Lei n. 9.263, de 1996. Com a nova Lei, a realização
da laqueadura tubária no parto passa a ser permi-
A contracepção cirúrgica consiste em método con- tida, desde que o prazo mencionado de 60 dias seja
siderado irreversível ou definitivo, podendo ser respeitado. Além disso, a idade mínima diminui de
masculina, com a vasectomia, ou feminina, com a 25 para 21 anos e o consentimento do(a) cônjuge
Ligadura Tubária (LT). Ela tem grande efetividade, deixa de ser necessário para a realização da este-
com Índice de Pearl variando de 0,1 a 0,3 por 100 rilização cirúrgica.
mulheres/ano. A Lei n. 14.443, de 02 de setembro
É necessário o registro da expressa manifestação
de 2022, também conhecida como Lei do Planeja-
da vontade da paciente em documento escrito e
mento Familiar, regulamenta o seu uso no Brasil,
firmado. Não será considerada a manifestação da
sendo indicado somente nas seguintes situações:
vontade na ocorrência de alterações na capacidade
de discernimento por influência de álcool, drogas
u pessoas com capacidade civil plena e maiores
estados emocionais alterados ou incapacidade
de 21 anos de idade.
mental temporária ou permanente.
434
Puerpério Cap. 14
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435
Puerpério Obstetrícia
Consulta de 7 a 10
dias pós-natais e 6
semanas puerperais
Orientar
Avaliação psicológica/
anticoncepção e
psiquiátrica
planejamento familiar
Deambulação e o
Frequência cardíaca
caminhar precoce
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Monitorada a ser palpado e, se
mãe-filho
cada 15 mintuos necessário, massageado
Amamentação deve
ser encorajada
436
Puerpério Cap. 14
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de vasoespasmo local e formação de trombos nos vasos não têm causa definida.
uterinos, além da contração e retração do miometrial, que
comprime grande número de vasos. Embora a maioria das pessoas que apresenta essa
intercorrência não apresente fatores de risco, pode-
A Hemorragia Pós-Parto (HPP) é hoje a principal mos listar alguns deles, por exemplo: retenção
causa de morte materna em todo o mundo e a placentária, 2º período do parto prolongado, pla-
segunda maior causa no Brasil (atrás apenas das centa acreta, lacerações, parto operatório, feto
doenças hipertensivas). A mortalidade materna está macrossômico, distúrbio hipertensivo, indução do
diretamente relacionada à dificuldade de acesso parto, obesidade, parto precipitado e multiparidade.
aos serviços de saúde e à baixa qualidade de tais As complicações incluem anemia, choque hipovo-
serviços. lêmico, insuficiência renal, hepática e respiratória,
É definida pela Federação Internacional de Gineco- Coagulação Intravascular Disseminada (CIVD) e
logia e Obstetrícia (FIGO) como qualquer perda de morte.
sangue pelo trato genital capaz de causar instabi- A hemorragia pós-parto também pode causar a
lidade hemodinâmica, ou seja, levar a sinais e/ou Síndrome de Sheehan, quando ocorre necrose hipo-
sintomas de hipovolemia como visão turva, vertigem, fisária isquêmica como consequência do espasmo
síncope, hipotensão, taquicardia ou oligúria. das artérias pituitárias. Isso gera insuficiência hipo-
fisária de diferentes graus, que pode envolver aga-
Quadro 3. Outras definições de HPP na literatura. lactia, atrofia genital, amenorreia, hipotireoidismo
• Perda sanguínea acumulativa ≥ 500 mL nos partos por e insuficiência adrenal. Atualmente, é infrequente
via vaginal ou ≥ 1.000 mL por via cesárea. por conta das medidas preventivas e terapêuticas
adotadas em relação à possível ocorrência de cho-
• Qualquer perda sanguínea acumulativa ≥ 1.000 mL nas
24 horas após o parto. que hipovolêmico.
437
Puerpério Obstetrícia
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438
Puerpério Cap. 14
Sangramento vaginal
Sintomas
Instabilidade
Dor intensa
hemodinâmica
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Quantificação Definição do
Anamnese + Avaliação da
da perda local e do tipo
exame físico gravidade
sanguínea de tratamento
439
Puerpério Obstetrícia
Tabela 1. Grau de choque e sinais clínicos na hemorragia obstétrica, associado ao índice de choque na HPP.
Pressão INDÍCE DE
Estimativa
Nível de Arterial CHOQUE Grau de
de perda Perfusão Pulso Transfusão
Consciência Sistólica (VALOR Choque
sanguínea
(mmHg) APROXIMADO)
10-15% Usualmente
Normal Normal 60-90 >90 0,7-1,0 Compensado
500-1000 mL não
Palidez,
frieza,
>35=5% Possível
Letárgica ou sudorese
<120 <70 >1,7 Grave transfusão
>2000 mL insconsciente e perfusão
maciça
capilar
>3 seg
Fonte: OPAS 2.
3.1.2. Causas
DIA A DIA MÉDICO
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30”. Caso ocorra queda de PAS ≥ 30 mmHg; aumento da fragmentos placentários em cavidade uterina. Essas
FC ≥ 30 bpm; FR ≥ 30 ipm ou queda do hematócrito ≥ 30%,
causas estão presentes em um grupo maior de
considera-se que já tenha ocorrido uma perda volêmica
≥ 30%, ou seja, choque de grau MODERADO A GRAVE, etiologias, que podem ser memorizadas pelo Mne-
com necessidade mandatória de reposição volêmica com mônico dos 4Ts:
hemocomponentes.
440
Puerpério Cap. 14
Tônus
Trombina
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441
Puerpério Obstetrícia
3.1.2.1. Tônus - atonia uterina Quadro 4. Fatores de risco para atonia/hipotonia uterina.
• Hipotensão materna
• Cesariana prévia
A atonia é a principal causa de hemorragia • Multiparidade
pós-parto, correspondendo a um total de 70 a 80%
• Corioamnionite ou febre
de todos os casos. E quando há atonia ou hipoto-
nia, os vasos localizados no sítio de implantação Fonte: Zugaib et al.³
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se encontrar bem contraído, outras hipóteses devem ser
aventadas.
Fonte: Pepermpron/Shutterstock.com4.
442
Puerpério Cap. 14
4T’s
Coagulopatias
Atonia uterina Lacerações do trajeto Placenta retida
congênitas
Tratamento com
Hematomas Placenta acreta
anticoagulantes
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Hemostasia
Coágulos Síndrome HELLP
inadequada
Ruptura uterina
Inversão uterina
443
Puerpério Obstetrícia
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• Episiotomia e lacerações Uma síndrome clássica de iminência de rotura, chamada
Síndrome de Bandl-Frommel, é caracterizada pelo Sinal
• Parto a fórceps ou a vácuo
de Bandl, uma depressão em faixa abaixo da cicatriz
• Cesariana ou histerotomia umbilical, decorrente da distensão das fibras do segmento
inferior do útero, e pelo Sinal de Frommel, o estiramento
• Feto macrossômico
dos ligamentos redondos, desviados anteriormente.
• Ruptura uterina
• Multiparidade
Fonte: Zugaib et al.³
444
Puerpério Cap. 14
muitas vezes decorrente de cesárea prévia, embora do abdome, com a massa uterina posicionada na
raramente possa ocorrer em primíparas. É impor- vagina ou fora dela.
tante lembrar de que o tipo de incisão na cesárea
anterior também deve ser levado em consideração, Quadro 6. Classificação da inversão uterina.
porque a incisão corporal possui pior prognóstico
O fundo se projeta para dentro
em relação à incisão segmentar transversa. Incompleta
da cavidade uterina.
Pode ser classificada como espontânea ou traumá- O fundo invertido ultrapassa o
Completa
tica, se for decorrente de trauma obstétrico (versão orifício externo do colo uterino.
podálica interna, Manobra de Kristeller) ou não O corpo uterino invertido
obstétrico (violência, acidentes automobilísticos). Prolapsada
ultrapassa o introito vaginal.
Pode, ainda, ser completa ou incompleta.
Aguda Até 24 horas após o parto.
O quadro clínico inclui dor súbita e intensa na região
hipogástrica, parada do trabalho de parto, rigidez Subaguda Até 30 dias após o parto.
abdominal, choque e sangramento uterino. Crônica Mais de 30 dias após o parto.
Fonte: Zugaib et al.³
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3.1.2.2.3. Inversão uterina
Figura 5. Inversão uterina.
ou crônica.
A presença da placenta ou seus fragmentos aderidos,
O diagnóstico é usualmente clínico, feito através da ou, ainda, de coágulos sanguíneos volumosos, impede a
inspeção e palpação. O fundo uterino apresenta-se contração miometrial eficaz e pode interferir na hemos-
deprimido, desaparecendo total ou parcialmente tasia no sítio de implantação.
445
Puerpério Obstetrícia
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Manobra de Credé: posicionando-se à direita da paciente,
citopênica idiopática, púrpura trombocitopênica
o médico apoia a mão esquerda na parede abdominal,
segura o fundo do útero e corrige sua eventual anteflexão.
trombótica e hemofilia. A coagulação intravascular
Espera-se que o útero responda à pequena massagem disseminada pode ser vista em situações em que
no sentido anteroposterior. A massagem anteroposterior há consumo de fatores de coagulação como sín-
visa proteger a paciente de eventual inversão uterina. drome HELLP, descolamento prematuro da placenta,
Se houver falha da Manobra de Credé, deve-se retirar a embolia por líquido amniótico, sepse e óbito fetal
placenta manualmente, de preferência, com a paciente de retenção prolongada.
sob anestesia. Introduz-se a mão direita na vagina, até
penetrar no útero e atingir a zona placentária, utilizando-se
Os seguintes exames laboratoriais devem ser soli-
sempre o cordão umbilical como guia. A mão esquerda citados, diante da suspeita de coagulopatia: hemo-
apoia o fundo uterino. Após a identificação da borda grama com plaquetas, tempo de protrombina, tempo
placentária, inicia-se a manobra de descolamento pelo de tromboplastina parcial ativada, fibrinogênio,
plano de clivagem, com os dedos para cima, até a com- produtos de degradação da fibrina e tipo sanguíneo.
pleta separação de toda superfície placentária inserida. A
curagem digital deve ser empregada nos casos de dúvida
após o descolamento e quando há suspeita de retenção
de restos ovulares após o exame da placenta dequitada.
446
Puerpério Cap. 14
Alterações na Lacerações e
contração miometrial hematomas em Coagulopatias
(atonia uterina) canal de parto
Dificuldade de
Hemorragia pós-parto coagulação e obstrução
de luz vascular
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Puerpério Obstetrícia
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doses, pode ocasionar downregulation dos receptores.
Como efeitos colaterais, a ocitocina pode causar náuseas,
vômitos, vasodilatação, hipotensão, arritmias cardíacas,
isquemia miocárdica, retenção hídrica e edema agudo
pulmonar.
448
Puerpério Cap. 14
Ocitocina 3 UI
EV em 30 segundos
EXIGE DOSE
1ª dose Aguardar 3 minutos DE MANUTENÇÃO
Resposta adequada
NÃO SIM
Ocitocina 3 UI
EV em 30 segundos
NÃO SIM
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Ocitocina 3 UI (15 UI ocitocina
EV em 30 segundos em 500mL de SF
0,9% a 100 mL/h)
3ª dose Aguardar 3 minutos
Resposta adequada
NÃO SIM
449
Puerpério Obstetrícia
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Fonte: Acervo Sanar.
450
Puerpério Cap. 14
Uso universal
de 10 UI de
ocitocina
Tração
controlada Clampeamento
do cordão oportuno do
umbilical cordão
Manejo ativo umbilical
do 3º período
do parto
Contato
Massagem
pele a pele
uterina
precoce
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Puerpério Obstetrícia
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u Passar cateter vesical de demora para controle uterotônicos (drogas que promovem a contratilidade
do débito urinário. uterina):
u Identificação inicial e rápida da possível causa:
u Ocitocina – de 20 a 40 unidades (UI) em
W Determinar tônus uterino – através da palpa- 1.000 mL de SF 0,9% a 250 mL/h.
ção uterina.
u Ácido tranexâmico – Droga antifibrinolítica eficaz
W Revisão do canal do parto – lesão/hematoma:
na prevenção e no tratamento de hemorragias
vagina, colo, segmento uterino.
em várias situações, como cirurgias e traumas.
W Revisão da cavidade uterina – checar se há Fazer 1 g via endovenosa.
presença de restos placentários.
u Metilergometrina (2ª escolha) – deve ser usada
W Avaliar antecedente para coagulopatia. na dose de 0,2 mg IM. Promove contração ute-
rina generalizada. Contraindicação: cardiopatia
Tratamento específico para a causa da hemorragia:
ou PA elevada no momento do parto.
Atenção!!! Focar na principal causa de hemorragia u Misoprostol – agente uterotônico prostaglandí-
pós-parto (atonia uterina), se essa for confirmada, nico. A dose empregada é de 800 microgramas
ou enquanto procura outra causa, no decorrer das via retal.
3 primeiras horas:
Se a atonia não for corrigida, apesar da realização
u A primeira manobra a ser realizada é a Manobra das medidas anteriormente descritas, existem outros
de Hamilton, que consiste na compressão uterina procedimentos possíveis:
bimanual, em geral, com bom controle da atonia.
Uma das mãos fixa a porção posterior do útero, u Tamponamento uterino com compressas e/ou
enquanto a outra é posicionada fechada pelo gaze – Arriscado, mas pode ser útil em locais
452
Puerpério Cap. 14
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cada, deve ser preferencialmente realizada a
histerectomia subtotal, pois é uma técnica mais
rápida, simples, segura e associada à menor per-
da de sangue.
453
Puerpério Obstetrícia
Massagem
uterina
bimanual
Ocitocina Sim
Ácido tranexâmico
+ 5UI EV lento (3min)
1 grama, EV lento, Dose de manutenção
seguido de SF 0,9% - 500 mL
em 10 minutos
com 20-40 UI, 250 mL/h, EV
Sem resposta
Metilergometrina Sim
Não deve ser usado em 0,2 mg, IM, repetir em Avaliar dose de manutenção
quadros hipertensivos 20 min se necessário
Sem resposta
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Misoprostol
(800 μg – via retal)
Sem resposta
Traje antichoque
Balão de tamponamento
não pneumático
intrauterino
Associação com o balão
Se houver falha dos uterotônicos.
de tamponamento.
Laparotomia
(Suturas compressivas/ligaduras
vasculares/cirurgia
de controle de danos)
454
Puerpério Cap. 14
Após o sucesso dessas medidas, a paciente que deve ser considerada a hipótese de trauma de canal
teve atonia deve permanecer com infusão de oci- do parto. É necessário realizar a revisão do canal de
tocina por, pelo menos, 12 horas, para a prevenção parto com material adequado, fazer a hemostasia de
de recidiva. vasos e correção das lacerações. Deve-se explorar
o istmo uterino e a cicatriz de cesariana anterior, se
Frente a um sangramento persistente, com útero
houver, aventando-se a hipótese de rotura uterina.
contraído (ou seja, após a exclusão de atonia uterina),
Trauma
Laparotomia
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Rotura uterina Revisar segmento após parto vaginal
de paciente com cesárea prévia
Manobra de Taxe
Inversão uterina Laparotomia/Balão de Tamponamento
Fonte: OPAS 2.
455
Puerpério Obstetrícia
Tecido
Dequitação prolongada
Restos pós-dequitação Acretismo placentário
30-45 min, sem sangramento
Sem sucesso
Extração manual
da placenta
Não tentar remover
(se sem plano de clivagem, não CURETAGEM
placenta (nem parcial)
insistir: risco de ACRETISMO
e hemorragia grave)
Sem sucesso
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Fonte: OPAS 2.
Caso a etiologia da hemorragia seja a inversão ute- tração dos ligamentos redondos (técnica de Hun-
rina, usamos a Manobra de Taxe, na qual o médico tington), seguindo-se para uma histerectomia, em
posiciona a palma da mão no centro do fundo de caso de nova falha.
útero e o pressiona para cima, devendo-se primeiro
A embolização de vasos pélvicos é um procedi-
empurrar as paredes laterais e, por último, o fundo
mento reservado para os casos eletivos dos partos
uterino. Durante a realização da manobra, podem
com grande chance de evoluir para HPP, tais como
ser empregados uterolíticos (inibindo as contrações
programação de parto associado a acretismo pla-
momentaneamente), com o objetivo de facilitar o
centário, justamente por necessitar de ambientes
reposicionamento do órgão na pelve materna. Após
e equipe especializados.
o sucesso da manobra, administra-se ocitocina IV
em infusão rápida, ainda com a mão no interior da O tratamento da coagulopatia deve ser direcionado à
cavidade, até ser notada contração uterina. causa específica. O traje antichoque não pneumático
é uma opção para auxiliar no controle temporário
A manobra reverte a grande maioria dos casos de
do sangramento. Diante de propostas cirúrgicas, é
inversão uterina, mas caso haja insucesso, a próxima
muito importante ter cautela.
opção é a abordagem cirúrgica com laparotomia e
456
Puerpério Cap. 14
Segunda causa
de morte materna Primária:
Perda sanguínea no Brasil até 24 horas
>500 mL pós-parto
em parto vaginal Uma das principais
causas de morte Ocitocina 10UI
materna no mundo Secundária: IM após o parto
Perda sanguínea entre 24 horas
>1.000 mL e 6 a 12
semanas Massagem
em parto cesáreo
pós-parto uterina
Clínico Epidemiologia
Perda sanguínea Clampeamento
cumulativa oportuno
1.000 mL nas 24 do cordão
horas pós-parto Diagnóstico Classificação umbilical
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Tratamento Etiologias
(outras causas) “4T’s”
Suturas das
Medicamentoso Não cirúrgico Cirúrgico Atonia uterina
lacerações
Ligaduras
Ácido tranexâmico Balão intrauterino Curetagem Tecido
vasculares
Trombina
Metilergometrina TAN Histerectomia
(coagulopatias)
Misoprostol
457
Puerpério Obstetrícia
Trombina/distúrbios de coagulação
TAN
Tratamento adjuvante Cirurgia: cuidado com essa opção
Damage Control, se CIVD intraoperatório
Legenda: CIVD: coagulopação intravascular dissemina; PFC: plasma fresco concentrado; TAN: traje antichoque não pneumático.
Fonte: OPAS 2.
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arriscado, mas pode ser útil em locais com poucos recur- Quanto mais prolongado o trabalho de parto, maior o
sos disponíveis, até que se consiga fazer a transferência número de exames vaginais, provavelmente, por mais
da paciente para um local com melhor estrutura. Deve-se tempo as membranas vão estar rotas, maior será a
ter atenção à possibilidade de sangramento oculto, por
dificuldade de desprendimento do feto, aumentando
trás da compressa, nesses casos.
o tamanho e o número de incisões, lacerações e,
A hemotransfusão deverá ser realizada se houver insta- consequentemente, o trauma cirúrgico.
bilidade hemodinâmica, devendo ser considerada após a
perda de 1.500 mL de cristaloide e nos casos de HPP grave.
Quadro 7. Fatores de risco para infecção puerperal.
458
Puerpério Cap. 14
A identificação dos patógenos responsáveis pela e fétidos e, normalmente, cursa com febre alta. A
maior parte das infecções puerperais é muito difícil, presença de útero doloroso, pastoso e hipoinvoluído
pois depende da cultura da secreção uterina que é constitui a tríade clássica da endometrite pós-parto
muito pouco confiável. A maioria das infecções é (Tríade de Bumm).
causada por microrganismos já presentes no trato
As complicações da endometrite estão relacionadas
genital feminino, que frequentemente é colonizado
à extensão da infecção para as cavidades pélvica
por bactérias do ânus e do períneo. Em condições
e peritoneal com parametrite, salpingite, peritonite,
normais, essas bactérias não causam qualquer
abscesso pélvico, fasciíte necrotizante e choque
doença. No entanto, na presença de hematomas
séptico.
ou tecido desvitalizado, sua virulência pode se
intensificar e tornar-se patogênica.
No geral, as infecções são polimicrobianas, incluindo DIA A DIA MÉDICO
patógenos gram-positivos, gram-negativos e anaeró-
bios. As bactérias mais frequentemente isoladas Nas primeiras 24 horas, se TAX > 38,5, tratar como endo-
são: Streptococcus agalactiae, Enterococcus spp., metrite, pelo risco de bacteremia e choque séptico fulmi-
Escherichia coli, Bacteroides bivius e Bacteroides nante por estreptococos dos grupos A e B, que provocam
febre precoce.
visiens. A clamídia é a bactéria associada à endo-
metrite puerperal tardia, após o 10º dia.
A maioria das infecções pode ser evitada com pro-
filaxia adequada, como manter a técnica asséptica 3.2.2. Outros sítios
de parto, corrigir distocia, evitar toques vaginais
A infecção puerperal pode progredir a partir da
excessivos. O uso de antibiótico profilático antes da
endometrite e acometer outros sítios:
cesárea tem se constituído em uma ótima medida
Miofasciítes: atingem os músculos e fáscias
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u
de prevenção da infecção puerperal.
vaginoperineais e parede abdominal, no caso
3.2.1. Endometrite de cesariana. O quadro clínico está diretamente
ligado à extensão e/ou profundidade das lesões,
geralmente manifestando-se com dor, calafrios,
BASES DA MEDICINA febre e rubor local.
u Salpingo-anexite: A disseminação também ocorre,
É a infecção puerperal mais prevalente, e surge da coloni- normalmente, por contiguidade, e o quadro clí-
zação da ferida placentária, uma região potencial para a nico manifesta-se por taquicardia, hipertermia,
infecção, devido à presença de múltiplos vasos abertos.
taquipneia, dor na região das fossas ilíacas e do
hipogástrio e dor à descompressão brusca do
A endometrite é a forma clínica mais frequente abdome. A dor à mobilização úteroanexial pode
de infecção puerperal, e sua ocorrência está dire- ser identificada no exame de toque vaginal.
tamente ligada a fatores predisponentes, como u Parametrite: Infecção do tecido conjuntivo para-
cesarianas e partos vaginais após trabalho de metrial, geralmente unilateral, após lacerações
parto prolongado, longo tempo de rotura de bolsa do colo uterino e da vagina, no parto vaginal, que
amniótica e excessiva manipulação intravaginal e se dissemina por via linfática. A paciente refere
intrauterina. dor e febre alta persistente, de longa duração,
por mais de 10 dias, calafrios, sudorese, queda
Frequentemente é uma infecção polimicrobiana,
do estado geral e dor à palpação da fossa ilíaca.
causada por bactérias do trato genital inferior que
Ao toque vaginal, há dor intensa com endureci-
atingem o útero por via ascendente.
mento do paramétrio. Sem tratamento, progride
Os sintomas são útero subinvoluído, hipersensível, para supuração e flutuação, causando abcesso.
amolecido, colo entreaberto com lóquios purulentos
459
Puerpério Obstetrícia
A tromboflebite pélvica pode ser explicada por estase DIA A DIA MÉDICO
venosa ou baixo fluxo sanguíneo, alteração da coagu-
lação (hipercoagulabilidade) e lesão da camada íntima
dos vasos. Na trombose de veia ovariana, palpa-se uma massa dolo-
rosa que se estende até a margem lateral do músculo
reto do abdome.
Não se sabe, ao certo, se primeiro há formação do
trombo e esse se infecta, ou se a infecção pélvica
puerperal favorece a formação de trombos, ou, ainda, 3.2.4. Choque séptico
se os dois fenômenos ocorrem simultaneamente.
Os microrganismos envolvidos geralmente são os As formas mais graves de infecção puerperal podem
anaeróbios. evoluir com grave quadro de infecção sistêmica,
com febre alta contínua associada a calafrios,
O diagnóstico é de exclusão e o exame físico cos-
taquicardia, hipotensão e confusão mental.
tuma ser pouco elucidativo. Sabe-se que 2/3 das
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pacientes tem febre e calafrios, muitas têm taquip- Normalmente as infecções graves que levam à
neia e taquicardia, e mais de 1/5 tem dor torácica, sepse, em quadro de infecção puerperal, são secun-
febre ou hemoptise. Pode haver dois quadros clí- dárias à ação da E. coli.
nicos distintos:
O tratamento das formas graves envolve, além da
antibioticoterapia, do suporte intensivo e do trata-
u Febre alta persistente, apesar dos antibióticos
mento cirúrgico do foco infeccioso.
adequados, dor ausente ou mal localizada, com
achados mínimos ao exame pélvico e abdominal.
3.2.5. Tratamento
u Trombose de veia ovariana, afetando especial-
mente a veia direita (90%), febre, dor pélvica e Em razão do risco de complicações das infecções
massa abdominal palpável. puerperais, opta-se por realizar o tratamento em
regime de internação.
A tomografia computadorizada fornece o diagnós-
Classicamente, utiliza-se ampicilina + gentamicina
tico e avalia com mais precisão a extensão do pro-
+ metronidazol ou clindamicina + gentamicina.
cesso, podendo também ser utilizada a ressonância
As doses são:
magnética. Mas a ausência de imagem sugestiva de
tromboflebite pélvica não pode excluir totalmente u Clindamicina: 600 mg IV a cada 6 horas OU 900
essa enfermidade, uma vez que vasos pélvicos de mg IV a cada 8 horas.
pequeno calibre, como ramos uterinos e cervicais,
u Gentamicina: 1,5 mg/kg IV a cada 8 horas.
não são facilmente visualizados.
u Ampicilina: 1 a 2g, IV, a cada 6 horas.
O trombo pode causar complicações como a embo-
u Metronidazol 500 mg, IV, a cada 8 horas.
lia pulmonar.
460
Puerpério Cap. 14
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461
Puerpério Obstetrícia
Protocolo de sepse
Choque séptico
Peritonite
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Parametrite, anexite
Antibiótico profilático
Endometrite:
antes da cesárea: Importante
mais importante
medida preventiva
Antibioticoterapia
462
Puerpério Cap. 14
Gentamicina +
clindamicina:
Série de processos antibioticoterapia
involutivos e de
recuperação
do organismo
materno
Complicações
Muitos Choque
consideram Infecção séptico
Puerpério
uma duração puerperal
de 12 meses
Tromboflebite
pélvica
séptica
Parede abdominal Mudanças HPP
Peritonite
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maior causa
de morte Parametrite,
materna anexite
Sistema endócrino
Secundária
Alterações ósseas
Hematológicas
Primária
Tônus
Cardiovascular
Trauma
Pele 4 T’s
Tecido
Sistema Urinário
Trombina
463
Puerpério Obstetrícia
BASES DA MEDICINA
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Quadro 8. Pontos-chave para uma boa
como mal-estar, febre alta (acima de 38°C) e cala-
técnica de amamentação.
frios. O principal diagnóstico diferencial é o ingur-
Posicionamento gitamento mamário; porém, nesse caso, o quadro
Rosto do bebê de frente para a mama, de mamas hiperemiadas e distendidas é bilateral.
com nariz em oposição ao mamilo.
O tratamento é ambulatorial. E o mais importante
Corpo do bebê próximo ao da mãe. é o esvaziamento adequado da mama, por isso a
Bebê com cabeça e tronco alinhados amamentação deve ser mantida. É obrigatório orien-
(pescoço não torcido). tar a paciente quanto à pega ideal, os benefícios de
exposição das mamas ao sol e a lubrificação com
Bebê bem apoiado.
o próprio leite antes e depois das mamadas. Na
Pega impossibilidade de amamentar, por dor ou presença
Aréola um pouco mais visível acima da boca do bebê. de secreção infecciosa, o esvaziamento mamário por
ordenha deve ser feito, para evitar o ingurgitamento.
Boca bem aberta.
O uso de compressas mornas ou geladas não está
Lábio inferior virado para fora. indicado, por causar lesão tecidual.
Queixo tocando a mama. A conduta é simples e envolve hidratação oral, uso
Fonte: Tratado de pediatria .
6
de analgésicos comuns, antitérmicos, suspensão
adequada das mamas (sutiãs adequados), esva-
ziamento completo das mamas para evitar estase
e antibioticoterapia em um dos esquemas abaixo:
464
Puerpério Cap. 14
u Clindamicina (300 mg) VO, a cada 6 horas, por materna de cuidar. E podem, até mesmo, colocar
período de 10 a 14 dias. em risco a vida do recém-nascido.
u Amoxicilina (800 mg) VO, a cada 8 horas, por
10 dias. 4.1. DISFORIA (BLUES PUERPERAL)
Para a drenagem de abscesso, a incisão deve obedecer às Quadro 9. Sintomas de blues puerperal.
Linhas de Força de Langer (periareolar, circumareolar ou
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• Tristeza
no sulco inframamário), preferencialmente sobre o ponto
de flutuação. As lojas devem ser identificadas, exploradas • Irritabilidade
no sentido radial, preservando-se os ductos. O pus e o
• Ansiedade
tecido necrótico devem ser removidos, seguindo-se da
limpeza com soro fisiológico e da obtenção de tecido • Diminuição da concentração
para biópsia.
• Insônia
• Choro fácil
Fonte: Zugaib et al.³
4. TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS
NO PÓS-PARTO Apesar dos sintomas, a puérpera afirma que gosta
do recém-nascido e tem vontade de amamentar,
e é isto que diferencia o quadro, que não deve ser
Infelizmente, muitas pessoas, após o parto, apresen-
confundido com a depressão pós-parto.
tam alterações de humor de curta ou longa duração.
Na maioria dos casos, não é necessário nenhum tra-
Grande parte dos distúrbios deriva da sensação
tamento (abordagem conservadora), a não ser reco-
de incapacidade frente à maternidade. O suporte
nhecer o problema e tranquilizar a puérpera, dando
psicológico e familiar à mãe é indispensável e,
apoio e suporte emocional, assim como ensiná-la a
poucas vezes, será necessário medicar a paciente,
administrar a sua insegurança. Eventualmente, pode
considerando-se que se trata de uma situação de
ser necessário o uso de medicações para melhorar
adaptação, como o blues puerperal. No entanto,
o sono, em baixas doses, como clonazepam (0,5 a 1
a persistência ou o agravamento do quadro exige
mg, por via oral, à noite) ou lorazepam (0,5 a 1 mg,
uma abordagem especializada, pois a depressão e
por via oral, à noite), por um curto período, já que
a psicose pós-parto podem comprometer a função
passam pelo leite materno.
465
Puerpério Obstetrícia
Em raros casos, o distúrbio evolui para depressão. Quadro 10. Sintomas de depressão pós-parto.
• Ansiedade
• Anedonia
A duração do blues é um grande fator para diferenciá-lo • Cansaço
da depressão pós-parto, pois dura, no máximo, 14 dias.
• Alterações de sono
• Desânimo persistente
4.2. DEPRESSÃO PÓS-PARTO
• Sentimento de culpa
• Ideação suicida
BASES DA MEDICINA • Temor de machucar o filho
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depararmos com gestantes já previamente depressi- Pacientes com planejamento suicida devem ser
vas, em tratamento ou não. A gravidez traz consigo internadas em caráter de emergência. Casos leves e
muitas mudanças e, possivelmente, traumas. Em moderados podem ser tratados ambulatorialmente,
alguns casos, as gestantes ficam ainda mais vul- com psicoterapia e acompanhamento conjunto
neráveis (quando são adolescentes, se a gravidez com um psiquiatra. Em casos mais graves, existe
é indesejada, se têm menor escolaridade ou baixo indicação de tratamento medicamentoso com a
suporte social, se têm transtornos durante a gesta- utilização de drogas antidepressivas, especialmente
ção), mas o principal fator de risco é o antecedente dos ISRS, que inibem seletivamente a recaptação
de depressão. de serotonina (fluoxetina, sertralina, paroxetina,
citalopram).
Pode ocorrer no 1º ano após o parto, mas o início dos
sintomas ocorre, geralmente, na 3ª ou 4ª semana de Espera-se melhora dos sintomas em um período
puerpério, atingindo o pico máximo nos primeiros de 4 a 6 semanas e, caso isso ocorra, o tratamento
6 meses. A duração e a gravidade do quadro são deve ser mantido por pelo menos 6 a 12 meses,
variáveis. para prevenir recidivas.
Os sintomas podem ser confundidos com queixas
comuns do puerpério e, muitas vezes, as pacientes
DIA A DIA MÉDICO
não os percebem. Mesmo que elas identifiquem os
sintomas, costumam escondê-los dos familiares e
Lembre-se de pesquisar sintomas sugestivos de depres-
do médico, apoiada na crença social de que deveriam
são, já na primeira visita após o parto, e, também, no
estar felizes e gratas. retorno seguinte (4 a 6 semanas de puerpério).
Não há evidência científica da associação entre
depressão pós-parto e o tipo de parto.
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Puerpério Cap. 14
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-feeds-688677361. Acesso em: 5 jul. 2022.
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Puerpério Obstetrícia
QUESTÕES COMENTADAS
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⮪ O aleitamento materno exclusivo, na presença ocorrer geralmente em torno do segundo ou
ou na ausência de menstruações, é eficaz, dis- terceiro mês pós-parto.
pensando outros métodos contraceptivos. ⮧ A síndrome de tristeza pós-parto (também cha-
mada de baby blues) é bastante comum (com
incidência em até 75% das mulheres) e ocorre
Questão 2
durante o período de 3 a 6 meses após o parto.
(SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE BELO HORIZONTE – 2021) ⮨ Nenhuma evidência conclusiva indica que a sín-
O período pós-parto, denominado puerpério, ins- drome de tristeza pós-parto leve a um episódio
pira muitos cuidados. Algumas complicações se subsequente de depressão.
iniciam ainda na gravidez e outras são mais espe-
⮩ Os dados indicam que um episódio de depres-
cíficas desse período. Sobre essas complicações,
são pós-parto não aumenta o risco de recorrên-
é correto afirmar:
cia para novos episódios de depressão durante
⮦ A incidência de endometrite pós-cesariana é li- a vida.
geiramente superior à do parto normal quando
é realizada antibioticoprofilaxia.
Questão 4
⮧ Na maioria das pacientes, os picos febris nas
primeiras 24 horas após o parto vaginal não es- (PREFEITURA MUNICIPAL DE FOZ DO IGUAÇU – 2020) Qual a
tão associados à infecção puerperal; entretanto, definição de lóquios?
devemos ficar atentos à possibilidade da infec-
⮦ Lóquia rubra acontece no período final do puer-
ção pélvica grave por estreptococos do grupo A.
pério e é formado de decídua interna.
⮨ As mastites ocorrem com mais frequência nos
⮧ Lóquia serosa ocorre em 3 a 4 dias do puerpério
primeiros dias do puerpério, com apresentação
e é formado de decídua interna.
468
Puerpério Cap. 14
⮨ Lóquia rubra acontece nos primeiros dias de engravidar mais. Referente a isso, qual o MELHOR
puerpério e é formado de decídua externa. método apresentado para essa paciente?
⮩ Lóquia serosa ocorre no décimo dia do puerpério
⮦ Pílula anticoncepcional combinada logo após
e é formado de decídua externa.
o parto.
⮧ Indicar cesariana para realização de laqueadu-
Questão 5 ra tubária.
(SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE JOÃO PESSOA – 2020) O ⮨ Propor inserção de DIU após o parto.
período pós-parto, ou puerpério, inicia-se após o ⮩ Laqueadura tubária nas primeiras horas de pós-
nascimento, com a saída da placenta. O puerpério -parto normal por via infraumbilical.
estende-se por seis a oito semanas após o par-
to, período em que o corpo retorna às condições
Questão 8
anatômicas e fisiológicas anteriores à gestação,
ao mesmo tempo que se recupera do esforço da (HOSPITAL SÃO JOSÉ DE CRICIÚMA – 2017) São medidas de
gravidez e do trabalho de parto. O período do puer- suporte em casos de atonia uterina:
pério divide-se em três etapas: puerpério imediato,
puerpério tardio, puerpério remoto. Com base nessa ⮦ Massagem no fundo uterino.
informação, assinale a alternativa que representa ⮧ Ocitocina intramuscular e/ou endovenosa.
o período tardio ⮨ Misoprostol via retal.
⮦ Do 10º ao 45º dia. ⮩ Ergometrina intramuscular.
⮧ Após o 45º dia. ⮪ Todas as acima.
⮨ Do 45º dia ao 60º dia.
⮩ Após 60 dias.
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Questão 9
469
Puerpério Obstetrícia
Questão 10
⮦ Parametrite.
⮧ Embolia gordurosa.
⮨ Tromboflebite pélvica séptica.
⮩ Endometrite por anaeróbios.
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Puerpério Cap. 14
GABARITO E COMENTÁRIOS
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Alternativa C: INCORRETA. A amamentação gera es- dor de três dias após o retorno da mãe com o bebê
tímulo contínuo à liberação de prolactina, com ca- para casa, podendo durar de duas a três semanas.
pacidade de gerar amenorreia. Alternativa C: CORRETA. É extremamente comum
Alternativa D: CORRETA. Por isso é importante oferecer (de 75 a 80% de incidência e autolimitada); a per-
métodos contraceptivos já no alojamento conjunto. sistência por mais de um mês leva à suspeita de
comorbidade.
Alternativa E: INCORRETA. Causa amenorreia, mas
não é 100% fidedigno e não protege de ISTs. Alternativa D: INCORRETA. Em medicina, ter tido de-
terminada condição quase sempre é fator de risco
✔ resposta: D
para novo evento.
✔ resposta: C
Questão 2 dificuldade:
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Puerpério Obstetrícia
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✔
Além do 45º dia – puerpério remoto
A divisão por dias nos ajuda a pensar nas possíveis
complicações e alterações fisiológicas que possam Questão 8 dificuldade:
acontecer. O puerpério tardio é considerado entre o
Y Dica do professor: Atente-se ao fato de que o trata-
10º e 45º dia. Nesse período, a mulher pode apre-
mento da atonia uterina se inicia com medidas mais
sentar sangramentos fisiológicos, chamados de
conservadoras e, em caso de falha, pode-se optar
lóquios, que ocorrem pela descamação da decídua.
por medidas mais radicais, como a histerectomia.
O puerpério tardio termina com o retorno do período
reprodutivo da mulher. Alternativa A: CORRETA. O tratamento dessa condi-
ção baseia-se na seguinte medida como conduta
✔ resposta: A
inicial: massagem de fundo uterino.
Alternativas B, C e D: CORRETAS. Se não houver respos-
Questão 6 dificuldade: ta, podem ser feitos os uterotônicos, como ocitoci-
na, misoprostol ou ergometrina; em caso de falha,
Y Dica do professor: A alternativa INCORRETA é a A,
partir para as medidas cirúrgicas, como sutura de
pois as principais causas, em ordem decrescente de
B-Lynch, ligadura das artérias uterinas e hipogás-
importância, são: tônus, trauma, tecido e trombina.
tricas, embolização seletiva das artérias hipogás-
✔ resposta: A tricas e, finalmente, na falha de todas as medidas
citadas anteriormente, histerectomia.
✔ resposta: E
472
Puerpério Cap. 14
Questão 10 dificuldade:
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co de exclusão que se caracteriza pela formação
de coágulos nos vasos pélvicos e está relacionado
a infecções, com o envolvimento de vasos ovaria-
nos, ilíacos comuns, hipogástricos, vaginais e veia
cava inferior. A veia ovariana é o sítio mais comum.
Alternativa A: INCORRETA. O enunciado descreve o
exame físico normal em uma paciente com para-
metrite: o toque genital é muito doloroso, além da
febre alta. Ademais, o tratamento clínico consiste
em antibioticoterapia, e a paciente em questão já
estava fazendo uso.
Alternativa B: INCORRETA. Não há nenhuma história
de trauma ou fratura óssea para pensar na etiologia
de embolia gordurosa, nem há descrição no exame
físico de sinais de insuficiência respiratória.
Alternativa C: CORRETA. É uma complicação rara da
endometrite, e o tratamento é frequentemente empí-
rico, consistindo em um teste terapêutico com uso
de heparina associada aos antibióticos.
Alternativa D: INCORRETA. No caso de endometrite,
a paciente não estaria com exame físico normal
na vigência de febre e apresentaria sintomas que
se restringem ao útero subinvoluído, hipersensível,
473
Fixe seus conhecimentos!
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