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Mauricio Kitamura
Ginecologia
#metodologia
queempodera
2022
© Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos à Editora Sanar Ltda. pela Lei nº 9.610, de 19 de Fevereiro de
1998. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume ou qualquer parte deste livro, no todo ou em parte, sob quaisquer formas
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FICHA CATALOGRÁFICA
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Tuxped Serviços Editoriais (São Paulo-SP)
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Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Pedro Anizio Gomes – CRB-8 8846
MAURICIO KITAMURA
Médico pela USP, apaixonou-se por Obstetrícia e foi residente de GO no Hospital das Clínicas da
FMUSP. Após a residência, foi preceptor dos internos da Ginecologia da USP e depois especiali-
zou-se em Endoscopia Ginecológica (Laparoscopia e Histeroscopia). Atualmente, além de coor-
denador da Ginecologia e Obstetrícia da Sanar, foca a sua atenção profissional em Ginecologia,
principalmente na Cirurgia Ginecológica minimamente invasiva.
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COMO GARANTIR UMA APRENDIZAGEM
EFICAZ E UMA RETENÇÃO DURADOURA?
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1. MAPAS MENTAIS
u Como fazer: A partir do Título e da sua lista de palavras, comece a criar o seu Mapa:
a) Enquanto estuda um assunto, comece a escrever uma lista de palavras importantes que
você não pode deixar de entender e reter na sua memória. Enquanto faz isso, pense em
como essas palavras se conectam entre si.
b) Coloque o título no centro da folha. A partir dele, puxe linhas que conectem as informações
associadas ao título, que serão algumas das palavras da sua lista.
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Como garantir uma aprendizagem eficaz e uma retenção duradoura?
d) Utilize formas geométricas para distinguir as palavras do seu mapa por categorias, por
exemplo, use retângulos para todas as palavras que se encaixam na categoria Causas, use
eclipses para as palavras que você encaixa em Efeitos.
e) Use cores diferentes para deixar o seu mapa mental ainda mais claro e conectado. Defina
as cores que você irá utilizar para cada categoria ou cada tipo de conexão.
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Essa tarefa pode até demorar um pouco mais no começo, mas, com um pouco
de prática, você não vai gastar mais do que 10 minutos para garantir um enten-
dimento aprofundado e uma aprendizagem mais eficaz e duradoura.
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Como garantir uma aprendizagem eficaz e uma retenção duradoura?
2. FLUXOGRAMAS
u Quando fazer: Os Fluxogramas são ideais para consolidar processos e passo a passos! Por
exemplo, você pode começar o seu Fluxograma com uma suspeita diagnóstica, para depois
passar pela classificação e chegar até o tratamento.
u Como fazer: A partir do seu objetivo, defina o título e os assuntos que irão entrar no seu
Fluxograma:
a) Depois de ter estudado um assunto mais amplo, pense no quadro completo que você
precisa entender e saber. A partir disso, crie a lista de palavras, conceitos e frases mais
importantes que você precisa incluir para atingir o seu objetivo.
b) Coloque o Título no centro da folha. A partir do título, puxe linhas que conectem as infor-
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mações associadas ao título, que serão algumas das palavras ou frases da sua lista.
e) Utilize formas geométricas para distinguir as palavras do seu fluxograma por categorias,
por exemplo, use retângulos para todas as palavras que se encaixam na categoria Causas,
use eclipses para as palavras que você encaixa em Efeitos.
f) Use cores diferentes para deixar o seu fluxograma ainda mais claro e conectado. Defina
as cores que você irá utilizar para cada categoria ou cada tipo de conexão.
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Como garantir uma aprendizagem eficaz e uma retenção duradoura?
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No final, você terá um grande Fluxograma que não só vai garantir o seu entendi-
mento, mas facilitará a revisão dos assuntos mais amplos e ajudará o seu cérebro
a aprender, reter e saber usar as informações estudadas.
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Como garantir uma aprendizagem eficaz e uma retenção duradoura?
3. RESUMOS
u Quando fazer: Sempre que estudar! Resumos de fechamento são essenciais para a apren-
dizagem.
u Como fazer: Para executar essa estratégia você irá precisar só de alguns minutos, mas tam-
bém de concentração e reflexão.
b) Marque ou grife as palavras chave no texto ou as anote no seu caderno caso você esteja
assistindo uma videoaula.
c) Assim que terminar de estudar informações novas, olhe para as suas palavras chave e
reflita sobre 2 perguntas:
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• O que acabei de aprender sobre o assunto?
• Como isso se conecta ou se relaciona com o que eu já sabia?
d) Comece a escrever breves respostas de no máximo 10 linhas para cada uma dessas per-
guntas.
e) Garanta que o seu texto seja sucinto, sem repetições e descrições desnecessárias, mas
que responda bem às perguntas acima.
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CONHEÇA A APOSTILA
Importância/prevalência
do capítulo: Frequência do
conteúdo em questões de
provas de residência.
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o que realmente cai na prova.
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Conheça a apostila
Número do capítulo.
Subcapítulos em destaque.
Indicação da especialidade
ou área do capítulo.
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Sumário nas aberturas dos módulos,
com indicação dos níveis de
importância de cada capítulo.
importância/prevalência
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Conheça a apostila
Indicação da especialidade
Título do capítulo. ou área do capítulo.
Título do capítulo.
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Gabarito e comentário das questões,
com explicação do professor tanto
da resposta correta quanto do motivo
de as outras estarem incorretas.
dificuldade: Fácil
dificuldade: Intermediário
dificuldade: Difícil
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Conheça a apostila
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Ao final da apostila e de alguns capítulos você
encontrará espaços para construir mapas mentais,
fluxogramas ou fazer resumos e, assim, fixar seu conhecimento!
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SUMÁRIO
1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2. Eixo hipotálamo‑hipófise-gônadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2.1. Hipotálamo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2.2. Hipófise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
2.3. Ovários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
2.4. Útero . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
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Mapa mental 1. Ciclo ovariano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4. Ciclo endometrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
5. B
iossíntese dos esteroides sexuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
1. Pelve feminina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
1.1. V
asos sanguíneos da pelve . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
1.2. Inervação pélvica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
1.3. V asos linfáticos da pelve . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
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Sumário
1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
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2. Eficácia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
3. Escolha do método . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
4. Critérios de elegibilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
5. M
étodos de comportamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
5.1. T
abelinha (Ogino-Knaus) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
5.2. Temperatura corporal basal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
5.3. B illings ou muco cervical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
5.4. C oito interrompido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
5.5. Sintotérmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
5.6. L actação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
6. Métodos de barreira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
6.1. Condom/preservativos/camisinha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
6.2. Diafragma e espermicida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
8. P
rogestínico isolado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
16
Sumário
VULVOVAGINITES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
1. Definições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
2. Conteúdo vaginal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
3. Flora vaginal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
4. Investigação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
4.1. Determinação do pH vaginal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
4.2. T este das aminas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
4.3. Exame bacterioscópico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
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1. Epidemiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
2. Fisiopatologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
3. Fatores de risco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
3.1. A
tividade sexual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
3.2. IST . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123
7. D
iagnóstico diferencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
8. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
8.1. Não gestantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
8.2. G estantes e lactentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
8.3. Puérperas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
8.4. Parcerias sexuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
8.5. V aginose bacteriana recorrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
8.6. Pelo CDC (EUA) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
17
Sumário
CANDIDÍASE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
1. Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
2. Epidemiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
3. Fisiopatologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
4. Fatores de risco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
5. Q
uadro clínico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
6. Diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
7. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
7.1. M
inistério da Saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
7.2. C DC (EUA) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
TRICOMONÍASE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
1. Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
2. Epidemiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
3. Fatores de risco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
4. Fisiopatologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
5. Q
uadro clínico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
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7. Diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
8. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
8.1. Ministério da Saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
8.2. C DC (EUA) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
18
Sumário
2. Epidemiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
3. Fatores de risco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
4. Quadro clínico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
5. Diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
6. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
CERVICITES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
1. Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
2. Agentes etiológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
3. Fatores de risco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
4. Quadro clínico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
5. Exame físico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
6. Complicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
7. Diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
8. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
URETRITE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
1. Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
2. Agentes etiológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
3. Fatores de risco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
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4. Quadro clínico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
4.1. A spectos específicos do corrimento uretral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
5. Diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144
6. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
1. Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159
2. Epidemiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160
3. Agentes etiológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160
5. Fisiopatogenia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 162
19
Sumário
8. E
xames complementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 168
9. D
iagnósticos diferenciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 170
10. Estadiamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 170
11. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 170
11.1. Tratamento pelo Ministério da Saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 170
11.2. Tratamento cirúrgico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 171
11.3. Tratamento em pacientes com DIU . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 172
11.4. Tratamento em pacientes imunocomprometidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 172
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capítulo 6. ISTS E ÚLCERAS GENITAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183
1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183
2. Doenças quem causam úlceras genitais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184
3. Sífilis primária ou cancro duro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184
3.1. Agente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184
3.2. Epidemiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184
3.3. P eríodo de incubação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185
3.4. Lesão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185
3.5. Diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185
3.6. Sorologias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 186
3.7. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187
5. C
ancro mole ou cancroide ou cancro venéreo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 190
5.1. Agente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 190
5.2. Transmissão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 190
20
Sumário
5.3. T
empo de incubação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 190
5.4. Lesões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 190
5.5. Diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191
7. L
infogranumoma venéreo (LGV) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192
7.1. Agente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192
7.2. P eríodo de incubação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192
7.3. Transmissão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192
7.4. Lesão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192
7.5. Diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192
7.6. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193
8. Donovanose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193
8.1. Agente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193
8.2. Transmissão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193
8.3. Período de incubação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193
8.4. Lesão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193
8.5. Diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 194
8.6. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 194
9. O
utras úlceras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195
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capítulo 7. SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 207
1. Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 207
2. Epidemiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 209
3. Histologia do endométrio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 210
4. Palm Coein . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 211
5. C
omo começar a investigação em mulheres com sua em idade reprodutiva? . . . . . . 211
5.1. Anamnese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 211
5.2. Exame físico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 211
5.3. E xames complementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 212
5.4. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 212
PALM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213
1. Pólipo endometrial ou endocervical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213
1.1. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213
2. Adenomiose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 214
2.1. Q
uadro clínico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 214
2.2. Diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 214
2.3. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215
3. Leiomiomas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215
3.1. Classificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215
21
Sumário
4. Malignidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 218
COEIN . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 218
1. Coagulopatia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 218
2. D
isfunção ovulatória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 218
3. Endometriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 218
4. Iatrogênico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219
5. N
ão classificadas ainda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219
1. Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231
2. Epidemiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231
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3. Etiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231
4. Fisiopatologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 232
8. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 243
22
Sumário
9. D
iagnóstico diferencial de hirsutismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 244
9.1. SOP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 245
9.2. T umor de adrenal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 245
9.3. Tumor ovariano virilizante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 245
9.4. Hiperplasia adrenal congênita (deficiência de 21-hidroxilase) – forma tardia . . . . . . . . . . . . 245
9.5. Idiopático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 245
1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 261
2. Epidemiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 261
3. Etiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 262
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3.1. T
eoria da menstruação retrógrada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 262
3.2. Teoria imunológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 262
3.3. T eoria da metaplasia celômica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 263
3.4. T eoria da disseminação linfática/hematogênica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 263
3.5. Teoria iatrogênica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 263
3.6. T eoria dos restos embrionários ou mülleriana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 263
4. Fisiopatologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 264
4.1. Fatores hormonais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 264
4.2. F atores genéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 264
4.3. Fatores ambientais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 264
8. D
iagnóstico diferencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 270
8.1. Quadros ginecológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 270
8.2. Q uadros não ginecológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 271
23
Sumário
9. C
lassificação da endometriose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 271
10. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 274
10.1. C
onduta expectante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 274
10.2. Dor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 274
10.3. C asos especiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 275
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DISMENORREIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 289
1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 289
2. Classificação da dismenorreia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 289
3. Etiopatogenia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 290
4. Diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 290
5. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 290
5.1. A
nalgésicos simples (paracetamol ou dipirona) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 290
5.2. Anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 290
5.3. C ontraceptivos hormonais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 291
5.4. D ispositivo intrauterino de levonorgestrel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 291
5.5. Terapias alternativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 291
1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 299
24
Sumário
2. Embriologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 302
2.1. G
enitália interna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 302
2.2. Genitália externa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 302
2.3. F ormação do fenótipo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 302
3. Etiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 303
3.1. C
ompartimento 1 – uterovaginais (ou canalicular) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 306
3.2. C ompartimento 2 – ovarianas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 308
3.3. C ompartimento 3 – hipofisárias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 309
3.4. C ompartimento 4 – hipotalâmicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 309
1. Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 327
2. Epidemiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 327
3. Causas de infertilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 328
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Mapa mental 1. Causas da infertilidade conjugal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 329
4. Investigação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 330
5. ISCA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 341
6. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 341
6.1. Técnicas de baixa complexidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 341
6.2. Técnicas de alta complexidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 342
1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 355
25
Sumário
2. Fisiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 357
2.1. A
lterações ovarianas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 358
2.2. Alterações nos esteroides suprarrenais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 359
2.3. A lterações no nível de globulina de ligação ao hormônio sexual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 359
2.4. Alterações endometriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 360
2.5. Fatores influenciadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 361
4. Diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 367
5. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 368
6. Sangramento pós-menopausa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 373
7. L
íquen escleroso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 373
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capítulo 14. HPV E CÂNCER DE COLO UTERINO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 387
HPV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 387
1. Transmissão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 388
2. Rastreamento para o câncer de colo de útero . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 388
2.1. P
or que fazer o rastreamento? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 388
2.2. Quem deve fazer? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 388
2.3. P or que não iniciar antes dos 25 anos? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 388
4. Vacinação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 389
4.1. Ministério da Saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 389
5. A
lterações do exame citopatológico do colo de útero . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 390
5.1. Colposcopia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 391
5.2. Progressão da doença . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 393
26
Sumário
6. Prevenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 410
7. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 411
7.1. H
isterectomia radical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 411
7.2. T ratamento sistêmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 412
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capítulo 15. PATOLOGIAS DO OVÁRIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 421
1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 421
2. Fatores de risco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 423
3. Fatores de proteção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 424
4. Tumores ovarianos epiteliais superficiais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 424
4.1. Tumores borderlines . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 424
4.2. T umores serosos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 425
4.3. Tumores mucinosos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 425
4.4. Tumores endometrioides . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 426
4.5. T umores células claras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 426
4.6. Tumor de Brenner . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 426
5. T
umores ovarianos de células germinativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 426
5.1. Teratomas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 427
5.2. Disgerminomas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 428
5.3. T umores de saco vitelínico ou seio endodérmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 429
5.4. C arcinoma embrionário e coriocarcinoma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 429
27
Sumário
10. C
isto hemorrágico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 436
1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 445
2. Epidemiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 447
3. Fatores de risco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 447
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Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 463
Questões comentadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 464
28
Sumário
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1. Diagnóstico e classificação histopatológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 500
2. Estadiamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 502
3. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 502
3.1. Cirurgia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 502
3.2. Cirurgia da axila . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 502
3.3. Q uimioterapia (QT) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 503
3.4. R adioterapia adjuvante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 504
3.5. Hormonioterapia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 504
3.6. T erapia anti-HER2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 504
29
Sumário
9. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 521
9.1. Incontinência urinária de esforço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 521
9.2. I ncontinência urinária de urgência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 525
9.3. Incontinência urinária mista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 526
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Questões comentadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 530
1. Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 537
2. Anatomia do assoalho pélvico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 537
30
Sumário
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Questões comentadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 570
31
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33
GINECOLOGIA
Ginecologia
Sumário
Prevalência/importância
1. Fisiologia menstrual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2. Anatomia ginecológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3. Planejamento familiar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
4. Vulvovaginites e cervicites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
5. Doença inflamatória pélvica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
6. ISTs e úlceras genitais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
7. Sangramento uterino anormal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
8. Síndrome dos ovários policísticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
9. Endometriose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
10. Síndrome pré-menstrual e dismenorreia . . . . . . . . . . . . . .
11. Amenorreia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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12. Infertilidade conjugal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
13. Climatério . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
14. HPV e câncer de colo uterino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
15. Patologias do ovário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
16. Câncer de endométrio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
17. Embriologia, desenvolvimento e anatomia
mamária e alterações benignas da mama . . . . . . . . . . . . .
18. Imagenologia mamária e neoplasias de mama . . . . . . . . .
19. Incontinência urinária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
20. Prolapso de órgãos pélvicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
21. Violência sexual e abortamento legal . . . . . . . . . . . . . . . . .
34
Capítulo
FISIOLOGIA MENSTRUAL
1
importância/prevalência
u O ciclo menstrual é um tema de fundamental importância para o entendimento de vários outros assuntos
referentes à saúde da mulher.
u Os hormônios exercem papel essencial para a condução do ciclo e têm sua devida importância em cada
fase. É importante saber quais são esses hormônios e como eles agem.
u É necessário reconhecer o que marca cada fase, qual o acontecimento característico e qual a ação do
hormônio predominante (muito cobrado nas provas!).
u Dica: Ao final deste capítulo, você pode desenhar ou explicar um ciclo menstrual completo, com todas as
suas fases. “Quanto mais eu treino, mais sorte eu tenho!”
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Define-se ciclo menstrual normal como aquele
com 28 ± 7 dias, fluxo durando 4 ± 2 dias, e perda
média de 20 a 60 mL de sangue. Por convenção, o BASES DA MEDICINA
primeiro dia de sangramento vaginal é considerado
o primeiro dia do ciclo menstrual. Os intervalos O ciclo menstrual é consequência da interação entre enti-
entre ciclos menstruais variam entre as mulheres dades anatômicas: hipotálamo, hipófise, ovário e útero.
e, com frequência, em uma mesma mulher em Embora seja evidente que o hipotálamo desempenha um
épocas diferentes de sua vida reprodutiva. O ciclo papel central na iniciação do ciclo menstrual, está igual-
mente claro que a ciclicidade endócrina é consequência
menstrual varia menos em mulheres com idade
da relação de feedback entre a secreção ovariana e o
entre 20 e 40 anos. Quando observado sob a pers- eixo hipotálamo-hipófise. O útero desempenha um papel
pectiva da função ovariana, o ciclo menstrual pode eminentemente passivo, apesar de sua importância na
ser definido em fase folicular pré-ovulatória e fase concepção.
lútea pós-ovulatória. As fases correspondentes
no endométrio denominam-se fase proliferativa
e fase secretora. Para a maioria das mulheres, a 2.1. HIPOTÁLAMO
fase lútea do ciclo menstrual é estável, durando 14
dias. Consequentemente, variações no período do
ciclo normal geralmente resultam de variações na BASES DA MEDICINA
duração da fase folicular.
O hipotálamo encontra-se na base do cérebro, imediata-
mente acima da junção dos nervos ópticos. Seus neurô-
nios são especialmente importantes na produção dos
hormônios: hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH),
hormônio liberador do hormônio de crescimento (GHRH),
35
Fisiologia menstrual Ginecologia
hormônio liberador de corticotrofinas (CRF), hormônio O GnRH age nas células gonadotróficas da hipófise
liberador de tireotrofinas (TRH). Em relação à produção anterior (adeno-hipófise), estimulando-as a sintetizar
do GnRH, o hipotálamo é influenciado tanto por sinais
e secretar na corrente sanguínea tanto o FSH quanto
extrínsecos e intrínsecos ao SNC quanto pelo controle
do ovário. A influência exercida pela secreção ovariana
o LH. No entanto, a secreção de LH é, essencial-
sobre o hipotálamo é denominada de feedback, sendo mente, caracterizada por um pico no meio do ciclo
este positivo quando os esteroides ovarianos estimulam a menstrual. Já a secreção de FSH caracteriza-se
produção do GnRH, e negativo quando a secreção ovariana por um aumento na fase folicular inicial, um platô
inibe a produção do GnRH. Além disso, o próprio GnRH na fase lútea e acentuada elevação na fase lútea
controla sua produção, agindo diretamente no hipotálamo.
tardia. Ou seja, as gonadotrofinas são secretadas
Então, quando está disponível em grande quantidade, ele
atua reduzindo sua produção; já quando está presente em
de forma pulsátil, com frequência e amplitude que
níveis baixos, age estimulando sua liberação. variam de acordo com a fase do ciclo. Os hormônios
esteroides, como o estradiol e a progesterona, ou
O hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH), produzido
no hipotálamo, exerce papel obrigatório no controle da
fatores ovarianos não esteroides, como a inibina,
secreção de gonadotrofinas, como o próprio nome indica. são os moduladores da secreção de LH e FSH.
É responsável pela indução da liberação destas substân-
cias pela hipófise anterior. O hipotálamo apresenta ciclos
característicos de liberação de seus produtos (GnRH, TRH,
BASES DA MEDICINA
ACTH etc.) devido a centros tipo marca-passo. Algumas
dessas substâncias são liberadas periodicamente; outras,
em ciclos circadianos, que podem estar relacionados a O padrão pulsátil de liberação das gonadotrofinas é dire-
situações fisiológicas, como o ciclo do sono ou a ingestão tamente relacionado à secreção pulsátil de GnRH, mas a
de alimentos, entre outros estímulos. modulação da amplitude e da frequência é consequência
do feedback dos esteroides ovarianos no hipotálamo e
Quanto à função reprodutiva, o GnRH é o principal hormô-
na hipófise.
nio. Na mulher, ele é liberado de uma forma pulsátil, sendo
sua periodicidade e amplitude críticas para determinar a
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liberação correta e fisiológica do FSH e LH (produzidos
na adenohipófise). Na menina, o centro hipotalâmico 2.3. OVÁRIOS
encontra-se bloqueado até o período da puberdade,
quando ocorre sua liberação por razões ainda não bem
estabelecidas, supondo-se haver a participação de fatores
BASES DA MEDICINA
ambientais, dos opioides endógenos, do peso corporal e
da quantidade de gordura corporal, entre outros.
O ovário em funcionamento normal sintetiza e secreta
hormônios esteroides sexuais – estrogênios, androgênios
2.2. HIPÓFISE e progesterona – com padrão de controle preciso que, em
parte, é determinado pelas gonadotrofinas hipofisárias,
FSH e LH. Os produtos secretórios mais importantes da
biossíntese de esteroides pelos ovários são a progeste-
BASES DA MEDICINA rona e o estradiol. Entretanto, o ovário também secreta
estrona, androstenediona e 17a−hidroxiprogesterona.
Os hormônios esteroides sexuais desempenham papel
É uma glândula neuroendócrina situada na sela túrcica,
importante no ciclo menstrual, preparando o útero para
e é dividida em adeno-hipófise e neuro-hipófise. A ade-
a implantação do óvulo fertilizado. Se a implantação não
no-hipófise é responsável pela secreção dos hormônios
ocorrer, a esteroidogênese ovariana declina, o endométrio
folículo-estimulante (FSH) e luteinizante (LH), hormônio
degenera e ocorre a menstruação.
estimulante da tireoide (TSH), hormônio adrenocorticotró-
fico (ACTH), hormônio de crescimento (GH) e prolactina
(PRL). Já a neuro-hipófise secreta ocitocina e vasopres-
sina, que são produzidas no Hipotálamo.
36
Fisiologia menstrual Cap. 1
Hipotálamo
GnRH
Hipófise
LH FSH
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Ovários
Estrogênio Progesterona
Fonte: Sanarflix.
2.4. ÚTERO
BASES DA MEDICINA
A parede uterina consiste em três camadas: serosa, a estroma e glândulas. As alterações cíclicas, induzidas
camada mais externa; miométrio, constituído de músculo pelos hormônios ovarianos, só se manifestam na camada
liso; e endométrio, a camada mais interna, subdividida em mais superficial, o endométrio.
37
Fisiologia menstrual Ginecologia
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BASES DA MEDICINA
3. FISIOLOGIA DO CICLO
MENSTRUAL
Desenvolvimento Folicular: O desenvolvimento folicular
inicia-se com os folículos primordiais gerados durante
Podemos dividir, de uma forma didática, o ciclo a vida fetal. Esses folículos nada mais são que oócitos
suspensos na primeira divisão meiótica, circundados
menstrual em dois ciclos que interagem e são inter-
por uma camada única de células granulosas achatadas.
dependentes: ovariano e endometrial. São separados do estroma por uma membrana basal
delgada. Os folículos pré-ovulatórios são avasculares.
Consequentemente, são criticamente dependentes da
3.1. CICLO OVARIANO
difusão e, no final do seu desenvolvimento, de junções
comunicantes para obtenção de nutrientes e eliminação
O ciclo ovariano pode ser dividido em: fase folicular, de excretas metabólicas. A difusão também permite a
fase ovulatória e fase lútea. passagem dos precursores de esteroides da camada de
células tecais para a camada de células da granulosa.
3.1.1. Fase folicular No estágio seguinte do desenvolvimento, as células da
granulosa se tornam cuboides e aumentam em número
A fase folicular, ou proliferativa, é a primeira fase para formar uma camada pseudoestratificada. Nesse
do ciclo menstrual, e ocorre do primeiro dia da momento, o folículo é denominado folículo primário. Uma
menstruação até o dia do pico de LH. Durante esta importante mudança que ocorre nesta fase é a diferencia-
fase, ocorre uma sequência ordenada de eventos, ção das células do estroma em teca interna e teca externa,
que independe da estimulação pelas gonadotrofinas. Há
que assegura que um número apropriado de folícu-
um padrão de crescimento limitado, que pode ser rapida-
los se desenvolva e esteja pronto para a ovulação. mente seguido de atresia. Esse padrão só é interrompido
O resultado desse desenvolvimento folicular é, se, a partir deste estágio, o grupo de folículos responder
comumente, um único folículo maduro viável, o qual a uma elevação do FSH e for incentivado ao crescimento.
38
Fisiologia menstrual Cap. 1
A cada ciclo menstrual, na fase lútea do ciclo precedente, opõe-se à proliferação da granulosa e acarreta degene-
a diminuição da progesterona, do estradiol e da inibina ração do oócito, gerando a atresia.
A, resultante da regressão do corpo lúteo, possibilita a
Os estágios iniciais do desenvolvimento (até o folículo
elevação do FSH por feedback negativo, alguns dias antes
secundário) não exigem estimulação de gonadotrofinas
da menstruação, o que permite o recrutamento folicular.
e, por isso, são ditos “independentes de gonadotrofinas”.
Quando ocorre um crescimento folicular final e aumento A maturação folicular final exige a presença de quantidades
significativo no número de células da granulosa, incenti- adequadas de LH e FSH na circulação e, portanto, diz-se
vado pelo FSH, surge o folículo secundário ou pré-antral. que é “dependente de gonadotrofinas”.
Caracteristicamente, nesse estágio, células da granulosa
No estágio final do desenvolvimento folicular, as células
tornam-se cuboidais e apresentam-se em várias camadas.
da granulosa tornam-se maiores e as da teca, ricamente
Secretam uma matriz glicoproteica, chamada de zona
vascularizadas, e o folículo é então denominado de pré-
pelúcida. As células da granulosa do folículo pré-antral são
-ovulatório. Aproximando-se da maturação, o folículo
capazes de sintetizar todas as três classes de esteroides;
pré-ovulatório produz quantidades cada vez maiores de
no entanto, são produzidos significativamente.
estrogênio. Durante a fase folicular tardia, o estrogênio
eleva-se rapidamente, atingindo seu pico cerca de três
dias antes da ovulação. O início do pico de LH ocorre um
dia depois que o pico de estrogênio é atingido.
BASES DA MEDICINA
É importante salientar que a concentração e o tempo de
duração da elevação do estradiol são determinantes para
A produção de estrogênio pelo folículo pré-antral é expli-
a liberação do LH. Para tanto, a concentração de estradiol
cada pelo sistema de duas células, duas gonadotrofinas.
deve ser maior do que 200 pg/mL, que deve persistir por
Nos folículos pré-antrais e antrais, os receptores para
aproximadamente 50 horas.
o LH estão presentes apenas nas células da teca, e os
receptores para o FSH apenas nas células da granulosa.
Figura 2. Alterações nos níveis de gonadotrofinas
em um ciclo menstrual normal.
As células da teca, a partir da entrada do colesterol
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induzida pelo LH, são capazes de produzir androgê-
nios, que são transportados às células da granulosa
e lá são convertidos em estrogênios, através da
aromatização induzida pelo FSH.
BASES DA MEDICINA
39
Fisiologia menstrual Ginecologia
A progesterona facilita o feedback positivo do estrogê- menstrual. As células da teca dos folículos em trésia,
nio, agindo diretamente na hipófise e contribuindo para sob ação do LH, aumentam a produção de androgênio,
a elevação do FSH e do LH, observada no meio do ciclo elevando os níveis dele no plasma.
Folículo
pré‑ovulatório
Folículo Folículo Folículo
Estágio Folículo terciário selecionado
promordial primário secundário
(folículo
dominante)
Crescimento, Crescimento,
Atividade Repouso Crescimento Crescimento rápido
pré-antral antral
≈ 5 mm até
Tamanho ≈ 0,03 mm ≈ 0,04 – 0,1 mm ≈ 0,01 – 0,2 mm ≈ 0,2 – 2 mm
20-30 mm
A meiose completa-
Pequeno se para formar o
Ovócito primário Ovócito primário Ovócito primário
Ovócito ovócito primário ovócito secundário
aumentado aumentado aumentado
(DNA 4n) (2n) e o corpúsculo
polar (2n)
Zona
Aparece Presente Presente Presente
pelúcida*
Camada única.
Células da Células Aumento no
O nº de células 3-6 camadas Múltiplas camadas
granulosa precursoras número de células
aumenta
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Desenvolve-se
no interior da
camada de células Aumento do
Antro
da granulosa tamanho
e é preenchido
com líquido
• Camada interna:
células secretoras
e pequenos vasos
Aparece e sanguíneos
Teca começa a formar • Camada externa:
duas camadas tecido conectivo,
músculo liso, gran-
des vasos sanguí-
neos
Vasos sanguíneos
Vascularização Aparece Aumenta
na teca
40
Fisiologia menstrual Cap. 1
Recomeço da Meiose: O oócito permanece em meiose I Vários mediadores produzidos e liberados pelo ovário após
o pico pré-ovulatório de LH, como as prostaglandinas, a
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até a onda de LH, quando ocorre a retomada da meiose e
o oócito se torna apto para fertilização. Portanto, o pico de histamina, os neuropeptídios e o óxido nítrico, exercem
LH faz o oócito reassumir a meiose, estimula a síntese de um efeito sobre o sistema vascular do folículo. Observa-
prostaglandinas e luteiniza as células da granulosa que, -se, então, um aumento do fluxo sanguíneo intrafolicular,
por sua vez, sintetizam a progesterona. Este processo de além de um aumento na permeabilidade capilar. A rotura
retomada da meiose é mais uma interrupção da inibição folicular acompanha a eliminação do óvulo e do líquido
do que propriamente um fenômeno estimulado. O oócito folicular para a cavidade peritoneal. Pode haver uma
reassume a maturação nuclear, acontece a transição irritação local e, consequentemente, a dor abdominal
da prófase I para a metáfase I e a extrusão do primeiro referida por algumas mulheres. Tão logo isso ocorra, o
corpúsculo polar na metáfase II. Estes fatos ocorrem óvulo é apreendido pelas fímbrias tubárias, e fica à mercê
em sincronia com a maturação citoplasmática e da zona dos movimentos das tubas e do epitélio ciliar.
pelúcida no preparo para a fecundação. A meiose só
se completa após a penetração do espermatozoide e a
liberação do segundo corpúsculo polar. Tabela 2. Fase lútea.
41
Fisiologia menstrual Ginecologia
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O aumento na vascularização local favorece o aporte
do LDL-colesterol, substrato importante na síntese de As fases de desenvolvimento folicular são abordadas
na figura seguinte:
Ciclo
ovariano
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Folículo primordial Recomeço da meiose
Folículo antral
Folículo pré-ovulatório
Fonte: SanarFlix.
43
Fisiologia menstrual Ginecologia
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BASES DA MEDICINA
é formado de face para a cavidade endometrial.
O componente estromal evolui a partir de sua condição
O fluxo menstrual é um resultado dos efeitos combinados
menstrual através de um breve período de edema para um
da vasoconstricção prolongada, colapso tecidual, estase
estado final semelhante a um sincício frouxo. As arterío-
vascular e reparação induzida pela ação estrogênica.
las espiraladas tornam-se finas. Todos os componentes
A camada basal do endométrio permanece intacta e pode,
tissulares demonstram proliferação, com pico nos dias
assim, iniciar a reparação da camada funcional.
8 a 10 do ciclo. Esta proliferação é marcada por aumento
da atividade mitótica. O endométrio proliferativo corresponde à fase folicular no
ovário. Após três a quatro dias de menstruação, o endo-
métrio inicia sua regeneração e cresce rapidamente em
O ciclo endometrial pode ser dividido em três fases resposta ao estímulo estrogênico. No início, as glândulas
histológicas, determinadas pelos diferentes estí- endometriais são pequenas, tubulares e curtas. No final
mulos dos hormônios produzidos pelos ovários: desta fase, tornam-se alongadas e tortuosas. O estroma
é denso. Outra característica importante é o aumento das
endométrio menstrual, endométrio proliferativo,
células ciliadas e microvilosas, importantes para a fase
endométrio secretor. seguinte do endométrio, a fase secretora.
O endométrio menstrual caracteriza-se por uma O endométrio secretor corresponde à fase lútea no ovário.
ruptura irregular do endométrio, que ocorre pela Caracteriza-se pela atuação da progesterona produzida
interrupção da secreção das glândulas endo- pelo corpo lúteo em contraposição à ação estrogênica.
metriais na ausência de implantação embrioná- As glândulas endometriais se encontram em processo
progressivo de dilatação, tornando-se cada vez mais
ria. Esta sequência de eventos ocorre devido ao
tortuosas. O estroma é edemaciado. Os vasos sanguíneos
término da vida funcional do corpo lúteo, o que apresentam-se espiralados.
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Fisiologia menstrual Cap. 1
BASES DA MEDICINA
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Fisiologia menstrual Ginecologia
Ciclo
endometrial
Descamação irregular do
Regeneração do endométrio Preparação para que o
endométrio devido a redução
após a descamação embrião possa se implantar.
de estrógeno e progesterona
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Fonte: SanarFlix.
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Fisiologia menstrual Cap. 1
A figura a seguir resume as fases do ciclo ova- endometrial, controlado pelos hormônios gonado-
riano ocorrendo em concomitância com o ciclo tróficos:
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Fisiologia menstrual Ginecologia
A teoria das “duas células, duas gonadotrofinas” O segundo compartimento consiste em células da
compartimentaliza o processo de esteroidogênese granulosa, que são estimuladas pelo FSH a produzir
no ovário. o hormônio aromatase, capaz de converter andro-
gênios em estrogênios.
O primeiro compartimento consiste em células da
teca, que são estimuladas pelo LH para produzir
androgênios.
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Fonte: Speroff.
48
Fisiologia menstrual Cap. 1
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Fonte: Speroff.
49
50
Gerados durante a vida fetal Oócitos suspensos na
1ª divisão meiótica Ausência de Interrupção
Folículo primordial Avasculares implantação da secreção Ruptura irregular
Células granulosas achatadas embrionária das glândulas do endométrio
Folículo primário endometriais
Células da granulosa cuboides e + numerosas Redução da pro-
Fisiologia menstrual
dução de estrogênio
Diferenciação da teca interna e teca externa
Folículo pré-antral e progesterona
Isquemia adicio-
Aumento significativo no número Células da granulosa tornam-se cuboidais
e apresentam-se em várias camadas Vasoconstricção nal do endométrio
Antral de células da granulosa Maior produção de
e leva à ocorrên-
prostaglandinas
Aumento na produção São capazes de sintetizar cia de contrações
Cavidade cheia do líquido folicular todas as três classes miometriais
de líquido Rico em Mais estrogênios
estrogê- de esteroides
nios Células da granulosa Endométrio Menstrual
tornam-se maiores Células da teca e da granulosa são Atuação da Corresponde à fase
produzi- lútea
Possui a dos pelas progesterona
maior taxa de convertidas em células lúteas no ovário
células da Células da teca ricamente
proliferação vascularizadas produzida pelo
da granulosa granu-losa Aumento da secreção de estrogênio, corpo lúteo em
Inibem FSH e LH Glândulas
Produz quantidades cada vez progesterona e inibina contraposição à
maiores de estrogênio endometriais →
Pré-ovulatório ação estrogênica
progressivo de
Fase Lútea tardia Diminuição da secreção de
Primeira fase do Ocorre do primeiro dia da Fase Lútea dilatação, tornan-
estrogênio e progesterona Atividade
ciclo menstrual menstruação até o dia do pico de LH do-se cada vez
secretora
mais tortuosas
Dura cerca de 10 a 14 dias máxima
Ciclo ovariano Fisiologia Ciclo endometrial
Vasos sanguíneos
Fase Folicular
apresentam-se espiralados
Aumento acelerado do
Endométrio Secretor
32 a 36H nível de estrogênio Fase Ovulatória
antes da
Mapa mental 3. Geral
Endométrio Proliferativo
ovulação
Pico do LH Recomeço da Meiose
Corresponde à fase
folicular no ovário
Onda de Aumento da Primeiro dia da
Luteinização Regulação
FSH e LH progesterona menstruação = O endométrio cresce rapidamente em
endócrina resposta ao estímulo estrogênico
Prostaglan- primeiro dia do ciclo
12 a 24 H antes Ovulação
dinas + LH Há aumento das células
Ginecologia
da ovulação
ciliadas e microvilosas
GnRH Hipotálamo
Contração das células Duração aprox. Glândulas endometriais são
Início
musculares da parede folicular FSH e LH Hipófise 28 dias. pequenas, tubulares e curtas
Fonte: SanarFlix.
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Fisiologia menstrual Cap. 1
Fases do ciclo
menstrual normal
Recrutamento e seleção
do folículo dominante Formação do corpo
Pico de LH
sob a ação do FSH e lúteo, mantido pelo LH
fatores de crescimento
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Quantidades crescentes de Maturação do óvulo Síntese de progesterona
estrogênio (aromatização) e ovulação e estradiol
Glândulas endometriais
Proliferação endometrial
secretoras
51
Fisiologia menstrual Ginecologia
REFERÊNCIAS
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52
Fisiologia menstrual Cap. 1
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1 Questão 3
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE JUNDIAÍ – SP – 2021) Em rela- (FACULDADE BRASILEIRA – MULTIVIX VITÓRIA/ES – 2018) Em re-
ção à fisiologia do ciclo menstrual, assinale a al- lação à fisiologia menstrual, é CORRETO afirmar que:
ternativa correta.
⮦ Na fase pré-ovulatória, ocorre o pico de hormô-
⮦ O GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas) nio luteinizante (LH) com baixa de estradiol e de
tem liberação pulsátil pela adeno-hipófise. hormônio foliculoestimulate (FSH).
⮧ A progesterona tem sua concentração máxima ⮧ Na fase folicular, o FSH, o estradiol, o LH e a pro-
na fase proliferativa. gesterona estão em ascensão.
⮨ As células da teca sintetizam estrogênios a par- ⮨ Nas fases folicular e pré-ovulatória, o FSH e o
tir de estímulo pelo FSH (hormônio folículo es- LH estão em ascensão e somente declinam na
timulante). fase lútea, após o pico de progesterona.
⮩ Na fase lútea, o FSH e o LH estão diminuindo,
⮩ As células da granulosa produzem estradiol e
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o estradiol está elevado e ocorre o pico de pro-
estrona sob ação da enzima aromatase.
gesterona.
⮪ A duração do ciclo menstrual depende princi-
⮪ No período menstrual, o estradiol, o LH e a pro-
palmente da duração e variação da fase lútea.
gesterona encontram-se em níveis baixos, e o
FSH está aumentando.
Questão 2
⮪ O endométrio proliferativo é mais espesso que (HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PEDRO ERNESTO/RJ – 2018) Para
o secretor. que ocorra a esteroidogênese ovariana, as gonado-
53
Fisiologia menstrual Ginecologia
(UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – RJ ⮦ A fase folicular é a que apresenta maior unifor-
– 2017) Considerando-se o ciclo menstrual habitual, midade nos ciclos, sendo que a lútea é a respon-
a ordem CORRETA dos processos ovarianos ou sável pela maior variação.
endometriais é: ⮧ A fase lútea é a mais uniforme, sendo que a va-
riação na fase folicular justifica a irregularidade
⮦ Ciclo ovariano: ovulação, fase lútea e fase foli- menstrual.
cular.
⮨ A irregularidade menstrual dessa adolescente
⮧ Ciclo endometrial: fase secretora, fase prolife- está mais relacionada à capacidade de prolife-
rativa e descamação. ração endometrial do que ao estímulo hormonal
⮨ Ciclo endometrial: fase proliferativa, fase secre- ovariano.
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tora e descamação. ⮩ Ambas as fases lútea e folicular são variáveis
⮩ Ciclo ovariano: fase lútea, ovulação e fase foli- em igual proporção no ciclo menstrual.
cular.
⮪ Ciclo endometrial: fase lútea, descamação e
Questão 9
fase proliferativa.
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PEDRO ERNESTO/RJ – 2019) A teo-
ria das duas células da esteroidogênese ovariana
Questão 7
demonstra a necessidade de ação coordenada de
(SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE MACEIÓ/AL – 2019) Sobre duas gonadotrofinas sobre dois tipos de células, as
o ciclo menstrual, é CORRETO afirmar que: da teca e as da granulosa. Em resposta à estimu-
lação do hormônio luteinizante, as células tecais
⮦ o endométrio cresce estimulado pela progeste- sintetizam:
rona (fase proliferativa).
⮦ estrona
⮧ o hormônio folículo estimulante é produzido na
neuro-hipófise, estimulando o crescimento foli- ⮧ aldosterona
cular com a produção de estrogênio. ⮨ progesterona
⮨ após a postura ovular (desencadeada pelo pico ⮩ androstenediona
do hormônio luteinizante), temos a formação do
corpo lúteo, produtor de estrogênio.
Questão 10
⮩ o período compreendido entre a primeira mens-
truação (menarca) e a última (menopausa) é dito (SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DE PERNAMBUCO – PE – 2019)
menacme. A regularização do ciclo menstrual depende de uma
54
Fisiologia menstrual Cap. 1
relação complexa entre inúmeros fatores. Conside- ⮧ No início do ciclo, o FSH aumente progressi-
rando o papel da hipófise, é CORRETO afirmar que vamente, devido à diminuição do estrogênio
folicular.
⮦ a baixa frequência dos pulsos de GnRH é a res-
⮨ No início da fase lútea, o decréscimo de FSH
ponsável pela síntese de FSH.
estimule a liberação de progesterona.
⮧ o FSH e o LH são liberados cerca de duas horas
⮩ O pico de LH que ocorre no meio do ciclo esti-
após o pulso de GnRH.
mule a produção de FSH folicular.
⮨ a meia-vida do LH é de cerca de quatro horas.
⮪ Na fase folicular ocorra progressivo aumento
⮩ 10% da produção estrogênica se origina na ade- de progesterona e de estrogênio, induzindo o
no-hipófise. pico de FSH.
⮪ a liberação das gonadoptrofinas depende da
ação indireta do ADH.
Questão 13
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assinale a alternativa CORRETA.
⮨ folículo primordial é caracterizado por uma ca-
mada única de células da granulosa e outra ca- ⮦ A fase folicular é a que apresenta maior unifor-
mada única da teca midade nos ciclos, sendo que a lútea é a respon-
sável pela maior variação.
⮩ aumento do FSH é o responsável pelo apareci-
mento do fluido folicular e pela proliferação ce- ⮧ A fase lútea é a mais uniforme, sendo que a va-
lular, caracterizando o folículo pré-antral riação na fase folicular justifica a irregularidade
menstrual.
⮪ produção hormonal do folículo antral promove
feedback negativo para o LH e positivo para o ⮨ A irregularidade menstrual dessa adolescente
FSH. está mais relacionada à capacidade de prolife-
ração endometrial do que ao estímulo hormonal
ovariano.
Questão 12 ⮩ Ambas as fases lútea e folicular são variáveis
(SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DE SÃO PAULO – SP – 2016) O com- em igual proporção no ciclo menstrual.
portamento das gonadotrofinas e dos esteroides
sexuais varia de acordo com as fases do ciclo mens-
trual normal. Desse modo, espera-se que:
55
Fisiologia menstrual Ginecologia
GABARITO E COMENTÁRIOS
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de converter androgênios em estrogênios (Grão de proliferativa sendo estimulado para estar mais es-
Festa – Granulosa – FSH). pesso na fase secretora.
Alternativa A: INCORRETA. O GnRH é um hormônio ✔ resposta: C
hipotalâmico.
Alternativa B: INCORRETA. A progesterona tem sua
Questão 3 dificuldade:
concentração máxima após a ovulação, na fase
secretora. Comentário: Questão “batida” sobre ciclo menstrual,
Alternativa C: INCORRETA. As células da teca sinte- cobrando a relação dos principais hormônios (FSH,
tizam androgênios a partir do colesterol com estí- LH, estradiol e progesterona) nas diferentes fases
mulo do LH. do ciclo.
Alternativa D: CORRETA. Alternativa A: INCORRETA. Na fase folicular, o FSH
Alternativa E: INCORRETA. A fase lútea é a fase fixa eleva-se progressivamente até ocorrer o pico de
do ciclo, ou seja, não varia (14 dias). estradiol, seguido pelo de LH, o que indica a ocor-
✔ resposta: D rência da ovulação.
Alternativa B: INCORRETA. Na fase folicular, apenas o
FSH estará elevado (aumentando progressivamente).
Questão 2 dificuldade:
Ao final dessa fase, ocorre uma elevação rápida do
Comentário: Questão sobre fisiologia menstrual. estradiol, seguida pelo pico de LH e pela ovulação.
Lembre-se da teoria das duas células: As células da Alternativas C e D: INCORRETAS. O FSH declina após a
teca são estimuladas pelo LH para produzir androgê- fase lútea, mas o LH mantém-se elevado, estimulan-
nios (testosterona e androstenediona) – lembre-se do a produção de progesterona pelo corpo amarelo,
de TeLHA (Teca – LH – Androgenios). As células havendo queda no estradiol e pico da progesterona.
56
Fisiologia menstrual Cap. 1
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✔
gonadotrofinas. Ocorre a produção de androgênios
(a partir do colesterol) na célula da teca, estimu-
lada pelo LH, e estes passam para as células da Questão 9 dificuldade:
granulosa que, sob o efeito do FSH, transformam
Comentário: As células da teca, sob estímulo do LH,
os androgênios (androstenediona e testosterona)
produzem androgênios (androstenediona e testos-
em estrogênios (estrona e estradiol, sob ação da
terona) a partir do colesterol. Já as células da gra-
aromatase).
nulosa sob estímulo do FSH fazem o processo de
✔ resposta: A aromatização, transformando os androgênios em
estrogênios (estrona e estradiol).
há maturação folicular e liberação do óvulo a partir Comentário: Questão direta que envolve a com-
de um dos ovários, sendo dividido em fase folicular, preensão do ciclo menstrual. O GnRH é secreta-
fase ovulatória e fase lútea (nessa ordem de acon- do pelo hipotálamo de maneira pulsátil e, por ser
tecimentos). No segundo, há a preparação do úte- lábil, é transportado rapidamente para a hipófise,
ro/endométrio para receber o embrião fecundado, seu sítio de ação. Em resposta ao GnRH, a hipófise
sendo dividido em fase proliferativa, fase secretora libera pulsos de LH e de FSH na corrente sanguí-
e, por último, fase menstrual ou descamação. nea, e essa liberação depende da frequência de
✔ resposta: C pulsos de GnRH. Assim, pulsos de alta frequência
57
Fisiologia menstrual Ginecologia
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Questão 12 dificuldade:
Comentário: Sempre tem uma questão sobre fi-
siologia menstrual nas provas, concorda? Que tal Alternativa A: INCORRETA. A progesterona vai ser pro-
revisarmos o assunto? Lembre-se de que o ciclo duzida principalmente pelo corpo lúteo (fase lútea
ovariano é dividido didaticamente em duas fases: do ciclo ovariano) após a ovulação.
folicular e lútea; e que, paralelamente, o ciclo en-
dometrial é dividido em duas fases: proliferativa Alternativa B: CORRETA. O aumento do FSH no início
e secretora. Na fase folicular, o FSH eleva-se pro- do ciclo ocorre pelos baixos níveis de estrogênio
gressivamente, o que é suficiente para recrutar fo- (e também pela diminuição da inibina A no fim da
lículos em desenvolvimento, e apenas um desses fase lútea anterior).
se tornará o folículo dominante. Nesse momento, Alternativa C: INCORRETA. A liberação de progeste-
as células da granulosa são estimuladas pelo FSH rona tem relação direta com as concentrações de
a produzir o hormônio aromatase, que converte os LH, e não de FSH.
androgênios (produzidos pelas células da Teca, Alternativa D: INCORRETA. O pico de LH, que ocorre
estimulados pelo LH) em estrogênios. No final no meio do ciclo e resulta na ovulação, não estimula
dessa fase, um único folículo dominante é sele- a produção do FSH folicular.
cionado, enquanto os demais sofrem atresia. Há
Alternativa E: INCORRETA. Na fase folicular ocorre
pico de LH, fazendo com que o oócito complete
progressivo aumento de estrogênio, mas não de
sua primeira divisão meiótica e, após 36 horas do
progesterona.
pico, o oócito sai do folículo e passa a ser chama-
do de corpo lúteo. ✔ resposta: B
58
Fisiologia menstrual Cap. 1
Questão 13 dificuldade:
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60
Capítulo
ANATOMIA GINECOLÓGICA
2
importância/prevalência
u Matéria que aprendemos no 1º da faculdade e que é importante para toda a Ginecologia, especialmente
quando falarmos dos seguintes temas: Prolapso de órgão pélvico, Incontinência urinária, Mioma, Endo-
metriose, Patologias do Ovário e Infertilidade.
u Ao final do capítulo, há um foco maior em 3 situações especiais bastante cobradas em provas.
1. PELVE FEMININA
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61
Anatomia ginecológica Ginecologia
A pelve verdadeira ou pelve menor é a porção inferior dá origem às artérias glútea superior, glútea inferior
ao plano da borda pélvica, sendo esse um plano e sacral lateral; e o tronco anterior da origem às
oblíquo que recebe o nome de abertura superior ou artérias umbilical parcialmente obliterada, vesical
entrada da pelve. A abertura inferior compreende inferior, uterina, vaginal e pudenda interna.
a área das duas tuberosidades isquiáticas até a u A artéria ovariana origina-se da aorta abdominal
extremidade do cóccix. A região entre a entrada e e penetra na pelve através do ligamento suspen-
a saída da pelve é a cavidade da pelve verdadeira, sor do ovário.
que forma o canal de parto. u As veias acompanham o trajeto das artérias.
A espinha isquiática é uma projeção óssea na super-
fície medial do ísquio, a qual pode ser tocada via 1.2. INERVAÇÃO PÉLVICA
vaginal. É o ponto de fixação de estruturas importan-
tes para a sustentação dos órgãos pélvicos, como
É constituída por formações viscerais (autônomas) e
o ligamento sacroespinhoso e os arcos tendíneos.
somáticas. As fibras eferentes do plexo hipogástrico
No parto vaginal, quando se faz o bloqueio anes- são responsáveis pela inervação aferente visceral
tésico do nervo pudendo, a espinha isquiática é dos órgãos pélvicos. A inervação somática é reali-
tocada e a solução anestésica é injetada medial e zada pelos nervos espinhais oriundos do plexo lom-
posteriormente a ela. bossacral, que se dirigem à pelve. O nervo pudendo
O forame obturatório apresenta como limite superior é o de maior importância na região.
o ramo púbico; inferior, o ramo do ísquio; e lateral,
a borda anterior do corpo do ísquio. 1.3. VASOS LINFÁTICOS DA PELVE
Os vasos obturadores e o nervo obturatório passam
através do forame obturador e, por meio dele, são Os vasos linfáticos da pelve têm origem na parede
e nos órgãos pélvicos. Eles drenam para quatro
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realizadas algumas cirurgias para o tratamento da
incontinência urinária (sling transobturatório). grupos principais de linfonodos:
u Linfonodos ilíacos externos: recebem o fluxo dos
Os músculos da parede pélvica são o obturador
linfonodos da parte inferior do corpo e do colo
interno e o piriforme. Os músculos do assolho pélvico
uterino, da parte superior da vagina, da porção
apresentam importante papel na sustentação e na
inferior do ureter, da face superior da bexiga e
estática pélvica e incluem os músculos elevadores
da uretra, e drenam para os linfonodos ilíacos
do ânus (complexo muscular constituído pelos
comuns. Estão localizados em um agrupamento
músculos pubococcígeo, puborretal e iliococcígeo),
próximo à artéria ilíaca externa;
o músculo coccígeo, o esfíncter anal externo, o
esfíncter estriado ureteral e os músculos perineais
u Linfonodos ilíacos internos: estão agrupados
superficiais e profundos. próximos à origem dos ramos da artéria ilíaca
interna. Recebem a linfa proveniente do ligamen-
to redondo (lembrar que nele passa a artéria de
1.1. VASOS SANGUÍNEOS DA PELVE
Sampson), de parte do útero, da parte superior e
média da vagina, da base da bexiga, da uretra e
As principais artérias da pelve são a sacral mediana, da porção inferior do reto, do canal anal e do perí-
a ilíaca interna e a ovariana. neo, e drenam para os linfonodos ilíacos comuns;
u A artéria sacral mediana origina-se da aorta ab- u Linfonodos sacrais: recebem dos linfonodos do
dominal e distribui-se na região média do sacro. colo do útero, da parte inferior da vagina, do colo
u A artéria ilíaca interna (no passado, também chama- da bexiga e da parte inferior do reto. Localizam-se
da de hipogástrica) nasce na bifurcação da artéria agrupados anteriormente à concavidade sacral e
ilíaca comum, segue trajeto descendente pela pa- drenam para os ilíacos internos e comuns.
rede pélvica, próxima ao ureter, e ramifica-se mais u Linfonodos ilíacos comuns: estão juntos à arté-
frequentemente em dois troncos: o tronco posterior ria ilíaca comum. Recebem da parte inferior da
62
Anatomia ginecológica Cap. 2
vagina, do colo da bexiga, da parte inferior do extremidade inferior está em contato com o útero
reto, dos linfonodos ilíacos externos, internos e através do ligamento próprio do ovário (ou ligamento
sacrais, e drenam para os linfonodos lombares. útero-ovárico) e a extremidade superior está ligada
pelo ligamento suspensor do ovário ou infundíbulo
O ovário, a parte superior do corpo do útero e a tuba pélvico, que, do lado oposto ao ligamento útero-o-
drenam para os linfonodos lombares. várico, fixa o ovário à parede pélvica.
Na espessura do infundíbulo pélvico, encontram-se
a artéria e a veia ovárica, além dos nervos do plexo
2. Ó RGÃOS GENITAIS FEMININOS ovárico. E, em duas regiões distintas, encontram-
-se a cortical e a medular. A região cortical, mais
Podem ser divididos em internos (ovários, tubas externa, é revestida em grande parte por epitélio
uterinas, útero e vagina) e externos (vulva, formada cúbico simples e contém os folículos ovarianos.
pelos grandes lábios, pequenos lábios, vestíbulo, A superfície do ovário da mulher adulta é rugosa
clitóris e monte púbico). e tem pequenas cicatrizes causadas pelas roturas
foliculares (pós-ovulação). A região medular é com-
2.1. O
VÁRIO posta de tecido conjuntivo e de fibras elásticas. Ela
contém vasos, nervos e linfáticos, que compõem o
Embriologicamente, o ovário vem de três folhetos: hilo do ovário. O ovário é irrigado pela artéria ovárica
ectoderma, mesoderma e endoderma. Ele está na e pelo ramo ovárico da artéria uterina.
fossa ovárica e não é recoberto pelo peritônio. Seu Suas veias têm origem em um plexo que se comunica
tamanho normal é de 2,5 a 3 cm de comprimento; com o plexo uterino. Os linfáticos acompanham os
1,4 a 1,6 cm de largura; e 1 a 1,2 cm de espessura vasos e drenam para os linfonodos lombares ou
(diminuem na pós-menopausa). Está ligado à lâmina aórticos, e a inervação se dá pelo plexo ovárico,
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posterior do ligamento largo pelo mesovário, sua sendo a maioria das fibras vasomotoras.
Fonte: Sanar.
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Anatomia ginecológica Ginecologia
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Fonte: Sanar.
As tubas uterinas são órgãos tubulares, pares, ocos, uma dobra peritoneal denominada mesossalpinge,
alongados. Estão localizadas na borda superior apresentam duas aberturas: uma na cavidade ute-
do ligamento largo no ângulo superior do útero de rina, ao nível dos cornos uterinos, denominada de
cada lado e comunicam a cavidade peritoneal com óstio uterino da tuba, e outra na cavidade abdominal,
a cavidade uterina. Ligadas ao ligamento largo por o óstio abdominal da tuba.
64
Anatomia ginecológica Cap. 2
Cada tuba uterina tem, aproximadamente, 10 cm de fimbriada, é a extremidade lateral afunilada, que
comprimento e apresenta 4 porções: a porção intra- se projeta para além do ligamento largo e sobre
mural, o istmo, a ampola e o infundíbulo. A porção o ovário. A margem livre do infundíbulo apresenta
intramural ou uterina é o segmento que atravessa a vários processos digitiformes delicados, as fímbrias,
parede uterina e termina na cavidade uterina como que se projetam em direção ao ovário.
óstio uterino. O istmo é a parte mais estreita da tuba
A irrigação da tuba origina-se das artérias ovariana
e localiza-se ao lado do útero. A ampola é a porção
e uterina e as veias correspondem às artérias. Os
mais longa e mais larga da tuba, sendo ligeiramente
linfáticos seguem os vasos e drenam para os lin-
tortuosa e com as paredes mais delgadas que as do
fonodos lombares, e a inervação se dá pelo plexo
istmo. O infundíbulo, também chamado de porção
ovárico e pelas fibras do plexo hipogástrico inferior.
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Fonte: Febrasgo.1
2.3. ÚTERO
O órgão tem forma de pera invertida e sua extremi- tubários. O corpo é a principal parte do útero e se
dade estreita e inferior, em geral, dirige-se para baixo estende até uma constrição, que é o istmo.
e para trás, formando um ângulo ligeiramente maior
É revestido por uma túnica serosa (perimétrio) que,
que 90 graus com a vagina, quando na posição mais
na face anterior, se inflexiona para recobrir a bexiga
frequente, que é de anteversoflexão.
na escavação uterovesical e, posteriormente, reveste
As dimensões habituais na mulher adulta não grá- a escavação retouterina (ou fundo de saco de Dou-
vida são de 6,5 a 7,5 cm de comprimento e de 3 a glas) e a porção terminal do intestino. Lateralmente,
4 cm de largura. o peritônio forma duas expansões até a parede
pélvica: os ligamentos largos do útero. Abaixo do
Didaticamente, é dividido em fundo, corpo, istmo e
peritônio está o miométrio, uma camada muscu-
colo. O fundo uterino é a parte arredondada que se
lar de fibras musculares lisas e com distribuição
localiza acima e anteriormente ao plano dos óstios
65
Anatomia ginecológica Ginecologia
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aproxima-se da parte lateral do fórnice da vagina e
especular. Ele faz a comunicação da cavidade do
curva-se medialmente até atingir a bexiga.
colo com a vagina por meio do óstio do útero ou
do orifício externo.
2.4. VAGINA
Estruturalmente, a superfície externa do portio (ecto-
cérvice) é revestida por epitélio plano escamoso/
estratificado, sem glândulas, semelhante ao da A vagina é um órgão tubular que mede de 7 a 10 cm
vagina, com epitélio e córion pavimentosos. O epi- de comprimento e se prende superiormente ao colo
télio endocervical é cilíndrico e glandular. A zona de do útero, formando uma reflexão (fórnice vaginal).
transição entre os epitélios escamoso e o cilíndrico Ela estende-se inferiormente até o vestíbulo da
é a junção escamocolunar (JEC). vulva, onde se abre entre os dois lábios menores
do pudendo.
A irrigação do útero provém principalmente da arté-
ria uterina, ramo da artéria ilíaca interna. A artéria Relaciona-se anteriormente com o colo uterino, a
uterina alcança o útero após correr medialmente bexiga e a uretra; posteriormente, relaciona-se com
na base do ligamento largo, cruza acima do ureter o fundo de saco retouterino no terço superior, com
em ângulo reto e alcança o colo na altura do óstio o reto no terço médio e com o centro tendíneo do
interno. períneo no terço inferior; lateralmente, a parte supe-
rior da vagina prende-se ao paramétrio, formando
Nesse ponto, a artéria uterina ascende ao longo da o ligamento cervical lateral e relaciona-se com a
margem lateral do útero, no interior do ligamento porção pélvica do ureter e da artéria uterina. As
largo, até se anastomosar com a artéria ovárica. porções pubococcígeas dos músculos levantadores
O sangue retorna do útero através de um plexo do ânus envolvem a vagina a cerca de 3 cm acima
venoso, que segue a artéria uterina e drena para a da sua abertura e atuam como um esfíncter.
veia ilíaca interna.
66
Anatomia ginecológica Cap. 2
Estruturalmente, apresenta três camadas: mucosa, do ânus. A túnica fibrosa, também chamada de
túnica muscular e túnica fibrosa. A mucosa é reves- adventícia, continua com a fáscia pélvica visceral.
tida por epitélio escamoso estratificado, sofre varia-
A irrigação se dá por ramos da artéria uterina e pela
ções por influência hormonal e apresenta um número
artéria vaginal ramo da ilíaca interna. A drenagem
variável de pregas ou rugas vaginais, que também
venosa é feita para o plexo vaginal, que se comunica
têm influência da idade e da ação hormonal, visto
com os plexos uterino e vesical. A parte superior
que as rugosidades diminuem com o hipoestroge-
é inervada pelo plexo uterovaginal, sendo relativa-
nismo e o avançar da idade. A musculatura é do tipo
mente insensível, e a porção mais inferior é inervada
liso, formada por fibras musculares esqueléticas
pelo nervo pudendo e tem maior sensibilidade.
bulbovaginais da parte bulbococcígea do levantador
O monte púbico é um local de acúmulo de gordura, Os lábios maiores ou grandes lábios são pregas
consistindo em elevação arredondada e mediana cutâneas dispostas sagitalmente em direção inferior,
anteriormente à sínfise púbica. A superfície, após a a partir do monte da pube, e que deixam entre si a
puberdade, é recoberta por pelos grosseiros. rima do pudendo.
67
Anatomia ginecológica Ginecologia
2.7. L ÁBIOS MENORES fixa do hímen de cada lado. Elas têm a função de
secretar muco para a lubrificação vaginal.
Os lábios menores, pequenos lábios ou ninfas são
duas pequenas pregas cutâneas mediais aos gran- 2.12. IRRIGAÇÃO SANGUÍNEA, NERVOS E
des lábios. Na região superior, a parte lateral encon- LINFÁTICOS DA GENITÁLIA EXTERNA
tra-se com a correspondente do outro lado para
formar o prepúcio do clitóris e as partes mediais Os principais vasos da região são as artérias puden-
unem-se abaixo, formando o frênulo do clitóris. Infe- das internas e externas. A inervação é basicamente
riormente, a extremidade se perde no contorno dos feita pelo nervo pudendo, que passa perto da tubero-
lábios maiores. A pele que os recobre é lisa, úmida e sidade isquiática e fornece os ramos perineais, retal
de coloração rósea. Funcionalmente, os pequenos inferior e dorsal do clitóris. Os linfáticos da região
lábios ocluem o vestíbulo vaginal quando se unem. drenam para os linfonodos inguinais superficiais.
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O clitóris é o homólogo feminino rudimentar do pênis é a continuação do tecido conjuntivo subperito-
(com a importante diferença de não ser atravessado neal que, gradualmente, torna-se mais denso e se
pela uretra). Consiste em dois corpos cavernosos transforma inferiormente no diafragma pélvico.
com tecido erétil que se juntam anteriormente para A fáscia endopélvica se localiza no espaço entre o
constituir o corpo e terminam na glande. peritônio e os músculos do diafragma pélvico. Em
algumas localizações, o tecido fica mais denso e se
2.10. BULBO DO VESTÍBULO transforma em estruturas ligamentares, separando
a vagina da bexiga e do reto e, na região central,
Consistem em dois bulbos alongados, análogos forma o anel pericervical.
ao bulbo do pênis e à parte adjacente do corpo A fáscia endopélvica constitui, assim, os ligamentos
esponjoso, compostos de tecido erétil e localizados classificados a seguir:
lateralmente de cada lado do vestíbulo da vagina, u Ligamento uterossacral;
sobre a cobertura do músculo bulboesponjoso.
u Ligamento cardinal;
u Ligamento pubouretral.
2.11. GLÂNDULAS VESTIBULARES MAIORES
Recentemente, acrescentaram-se as regiões em
Também chamadas de glândulas de Bartholin, as que ocorre o espessamento de fáscia e, portanto,
glândulas vestibulares maiores são duas e estão desenvolvem uma função de septo:
localizadas atrás do bulbo do vestíbulo, com abertura u Septo pubocervical;
do ducto em um sulco entre o lábio menor e a borda
u Septo retovaginal.
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Anatomia ginecológica Cap. 2
Figura 6. Diafragma pélvico feminino – vista inferior (esquerda) e vista superior (direita).
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3.2. DIAFRAGMA UROGENITAL
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Anatomia ginecológica Ginecologia
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Os suportes do útero, da vagina, da bexiga e do com o músculo levantador do ânus, que é o principal
reto são determinados pela associação da cintura componente do diafragma pélvico.
pélvica óssea e do diafragma pélvico, em conjunto
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Anatomia ginecológica Cap. 2
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Anatomia ginecológica Ginecologia
4.2. DRENAGEM VENOSA DOS OVÁRIOS Figura 11. Drenagem venosa dos ovários.
4.3. BARTHOLINITE
As glândulas vestibulares maiores, ou glândulas frequentemente, estão sobrepostas por suas termi-
de Bartholin, são homólogas às glândulas bulbou- nações posteriores. Cada glândula está conectada
retrais masculinas ou glândulas de Cooper. Elas com o vestíbulo por um ducto de cerca de 2 cm de
estão em contato com os bulbos vestibulares e, comprimento.
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Figura 12. Anatomia da Pelve Externa.
Fonte: Netter.2
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Anatomia ginecológica Cap. 2
Os ductos se abrem na fossa entre os pequenos A resolução permanente acontece após a marsu-
lábios e o hímen (vestíbulo), em posição de, apro- pialização ou com a incisão e a drenagem, segui-
ximadamente, 5 e 7 horas, no sentido horário. das da colocação de cateter de Word. Caso ocorra
nova obstrução, é recomendável repetir um desses
As glândulas contêm células colunares que secretam
procedimentos, em vez de fazer a ressecção da
um muco claro ou esbranquiçado, com proprieda-
glândula, pois esse procedimento tem maior taxa
des lubrificantes, e são estimuladas por excitação
de morbidade.
sexual. A contração do bulbo cavernoso que cobre a
superfície externa da glândula estimula a secreção.
Figura 13. Cisto de Bartholin.
A obstrução dos ductos de Bartholin por material pro-
teináceo ou por inflamação devido à infecção pode
levar à formação de cistos de tamanhos variados.
Um cisto infectado pode levar a um abscesso, que
é drenado cirurgicamente, e os casos recorrentes
ou sintomáticos podem requerer marsupialização
ou excisão da glândula.
Os cistos das glândulas de Bartholin medem cerca
de 1 a 4 cm de diâmetro e são, na maioria das vezes,
assintomáticos, mas podem causar pressão vaginal
ou dispareunia.
Quando há abscesso, pode ocorrer um rápido
aumento vulvar unilateral e dor significativa. A forma
clássica é uma massa flutuante, no introito (de um
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lado apenas), exterior ao anel himenal, e na região
inferior da vulva.
Os cistos ou abscessos de Bartholin resultam de
uma obstrução na abertura do ducto, seguida da
acumulação de muco ou de pus em seu interior. Os
abscessos são infecções polimicrobianas causadas
por Bacteroides, como Peptostreptococcus, Neisse-
ria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis (menos
comum). Um estudo recente mostrou que o pató- Fonte: Autor.
geno mais comum é a Escherichia coli. Raramente,
a obstrução pode ocorrer após cirurgias vaginais, O esquema antibiótico pode ser feito com:
como colporrafia posterior, ou após um câncer na u Sulfametoxazol – Trimetropim
glândula de Bartholin. u Sulfametoxazol – Trimetropim + Amoxicilina-
A incisão e a drenagem isoladas podem fornecer -Clavulanato
um alívio imediato, porém temporário. No entanto, u Sulfametoxazol – Trimetropim + Metronidazol
a menos que se crie um novo óstio para o ducto, u Doxiciclina + Amoxicilina-Clavulanato
as margens da incisão se selarão, ocorrendo novo
acúmulo de pus ou muco.
u Doxiciclina + Metronidazol
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Anatomia ginecológica Ginecologia
4.3.1.1. Pós-operatório
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u ATB: Doxiciclina (deve cobrir aeróbios e anaeróbios)
u Banho de assento duas vezes ao dia
u Abstinência sexual
4.3.2. Marsupialização
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Anatomia ginecológica Cap. 2
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das estruturas. Pinças de Allis são posiciona-
das nas margens laterais da pele e tracionadas
lateralmente. A dissecção é realizada próximo à
parede inferolateral do cisto.
u Ligadura dos vasos: depois de dissecada a região
superior, o principal feixe vascular é identificado
e preso com uma pinça hemostática. O feixe é
seccionado e ligado com sutura 3.0 de absorção
lenta ou com sutura cromada.
u Fechamento da incisão: o restante do leito do
cisto é fechado em camadas com sutura con-
tínua ou pontos isolados e fio 3.0 de absorção
lenta. Normalmente, são fechadas duas cama-
das antes da pele.
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Anatomia ginecológica Ginecologia
Anatomia ginecológica
Pontos de destaque
Vulva Órgãos genitais internos
em provas
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Monte púbico Útero Artéria uterina e Ureter
Drenagem venosa
Lábios maiores Tubas uterinas
dos ovários
Clitóris Vagina
Vestíbulo da vagina
Glândulas vestibulares
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Anatomia ginecológica Cap. 2
REFERÊNCIAS
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Anatomia ginecológica Ginecologia
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1 Questão 4
(HOSPITAL ESTADUAL DO ACRE – 2020) As artérias ovaria- (HOSPITAL MEMORIAL ARTHUR RAMOS – 2018) Na cirurgia de
nas se originam: Bartholinectomia a complicação mais frequente é
o hematoma, uma vez que a glândula tem íntima
⮦ Ambas da aorta. relação com o:
⮧ Ambas da ilíaca interna.
⮦ Músculo Bulbocavernoso
⮨ À direita, da aorta e a esquerda, da renal.
⮧ Músculo Isquiocavernoso
⮩ À direita, da renal e a esquerda, da aorta.
⮨ Músculo Transverso Superficial do Períneo
⮩ Músculo Elevador do Ânus
Questão 2
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seguintes músculos: (HOSPITAL EVANGÉLICO DE VILA VELHA – 2018) Paciente
jovem, 27 anos, sexualmente ativa, refere apare-
⮦ Bulbo cavernoso, obturador e levantador do ânus. cimento de abaulamento no introito vaginal, que
⮧ Levantador do ânus, coccígeo e piriforme. aumenta quando se sente excitada sexualmente.
⮨ Somente o pubococcígeo com seus ramos pu- No exame físico é notado um abaulamento móvel
borretal e pubovaginal. unilateral, indolor, de moderado volume, no introito
⮩ Levantador do ânus com seus ramos pubococ- vaginal, lado direito. O diagnóstico provável seria:
cígeo, ileococcígeo e puborretal. ⮦ Cisto da glândula de Skene.
⮧ Cisto da glândula de Bartholin.
Questão 3 ⮨ Cisto da glândula parauretral.
(INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES DO ESTADO DE ⮩ Cisto vaginal congênito.
MINAS GERAIS – 2018) Parte importante da lubrificação ⮪ Foliculite vulvar.
vaginal formada durante a fase de excitação do
ciclo da resposta sexual em mulheres provém da:
Questão 6
⮦ Glândula tireoide
(UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – 2018) Mulher de 37 anos de
⮧ Glândulas paratireoides idade refere aparecimento de “bolinha” na vulva há
⮨ Glândulas de Bartholin 1 semana, que limita a deambulação e a atividade
⮩ Glândulas suprarrenais sexual. A inspeção genital está mostrada abaixo.
Qual é o tratamento adequado para o caso?
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Anatomia ginecológica Cap. 2
Questão 7
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(HOSPITAL PASTEUR – 2018) Fazem parte do diafragma
pélvico os seguintes músculos:
Questão 8
⮦ ligamentos infundíbulo-pélvicos
⮧ ligamentos útero-sacros
⮨ ligamentos redondos
⮩ ligamentos cardinais
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Anatomia ginecológica Ginecologia
GABARITO E COMENTÁRIOS
Comentário: As artérias ovarianas originam-se, am- Comentário: Questão bem simples. Até quem não
bas, da artéria aorta abdominal. Elas têm um traje- sabe nada de anatomia ginecológica conseguiria
to oblíquo descendente no espaço retroperitoneal, responder por exclusão, já que as outras alterna-
acompanhadas pelas veias, vasos linfáticos e nervos, tivas são bem fáceis de serem descartadas. Mas
que formam (com o peritônio parietal as cobrindo) para relembrar: a maior parte da lubrificação vaginal
o ligamento suspensor. durante a excitação vem das glândulas vestibula-
Alternativa A: CORRETA. res. As glândulas vestibulares maiores recebem o
nome de glândulas de barholin
Alternativa B: INCORRETA. A artéria uterina origina-se
da artéria ilíaca interna. ✔ resposta: C
Alternativa C e D: INCORRETAS. A veia ovariana es-
querda é formada pela união de duas ou três tri- Questão 4 dificuldade:
butárias que se unem ao nível da quarta vértebra
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lombar, desaguando na veia renal à esquerda e na Comentário: Questão difícil sobre a anatomia pélvica.
veia cava inferior à direita. Na bartholinectomia (cirurgia de retirada do cisto
do ducto da glândula de bartholin), uma das princi-
✔ resposta: A
pais complicações é a formação de um hematoma
local. Ele pode aparecer porque essa é uma região
Questão 2 dificuldade: altamente vasculzarizada. Um dos músculos que
ficam próximos à glândula e é responsável pelo
Comentário: Questão decoreba sobre a estrutura sangramento é o bulbocavernoso.
anatômica do diafragma pélvico. O diafragma pél-
vico, junto com o diafragma urogenital e a fáscia ✔ resposta: A
endopélvica, compõem o aparelho de sustentação
pélvico. A composição do diafragma pélvico é for- Questão 5 dificuldade:
mada pelo músculo levantador do ânus (composto
de porções iliococcígea, pubococcígea e puborre- Comentário: A maior parte da lubrificação vaginal
tal), músculo isquiococcígeo e suas respectivas durante a excitação vem das glândulas vestibula-
fáscias. Cerca de 90% de sua massa muscular é res. As glândulas vestibulares maiores recebem o
composta pelo músculo levantador do ânus e 10% nome de glândulas de Barholin. A dica aqui é que a
pelo isquiococcígeo. paciente refere que o abaulamento aumenta quando
está excitada sexualmente.
✔ resposta: D
✔ resposta: B
80
Anatomia ginecológica Cap. 2
Comentário: O aparecimento de lesões vulvogenitais Comentário: Questão bem picuinha, mas não adianta
deve sempre nos fazer pensar em doenças sexual- brigar com a prova…
mente transmissíveis e lesão benignas/malignas nas Os ligamentos redondos saem anteriormente do
estruturas anatômicas locais. As IST geralmente útero e vão se inserir nos grandes lábios. Por dentro
cursam com lesões ulcerosas ou com alterações deles passam os vasos de Sampsom.
do fluido vaginal (cheiro, cor, quantidade, textura…).
✔ resposta: C
Na foto disponibilizada, vemos um abaulamento da
região genital, ao lado do grande lábio. Nessa lo-
calização estão presentes as glândulas de Bartho-
lin, cuja função é produzir fluido liberado durante a
relação sexual para lubrificação do canal vaginal.
Lesões nas glândulas de Bartholin que cursam com
aumento do seu volume são tipicamente abscessos
ou cistos. Pelos achados da anamnese e do exame
físico da paciente, a lesão é compatível com o cisto
da glândula de Bartholin, que corresponde ao acú-
mulo de muco na glândula, sendo na maioria das
vezes unilateral, sem alteração sensitiva e próximo
ao introito vaginal. A paciente pode apresentar-se
assintomática ou pode queixar-se de irritação, com
interferência nas relações sexuais e na mobilidade.
Alternativa A: INCORRETA. Para cistos sintomáticos,
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o tratamento adequado é cirúrgico.
Alternativa B: INCORRETA. A biópsia da lesão é rea-
lizada em casos de lesões novas após a sua reso-
lução. A ressecção cirúrgica é indicada em cistos
recorrentes.
Alternativa C: CORRETA. A marsupialização é uma das
técnicas indicadas no tratamento dos cistos sinto-
máticos, com drenagem do conteúdo após eversão
das bordas do cisto e sutura das bordas no lábio da
incisão cutânea, para evitar uma nova obstrução.
Alternativa D: INCORRETA. Uma ressecção ampla
com margens livres costuma ser realizada para
condições malignas.
✔ resposta: C
Questão 7 dificuldade:
81
Fixe seus conhecimentos!
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82
Capítulo
PLANEJAMENTO FAMILIAR
3
importância/prevalência
1. I NTRODUÇÃO
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ceptivos podem ser agrupados de diferentes maneiras,
A anticoncepção é um conjunto de métodos e técnicas
como o tipo de método, o potencial de reversibilidade e
utilizadas com o intuito de impedir a gravidez. A partir
de acordo com a sua efetividade. Quando se considera a
de 1996, com a Lei nº 9263, o planejamento familiar foi
efetividade do método, podemos dividi-los em: métodos
oficialmente empregado no Brasil. O planejamento familiar
de primeira linha que são mais efetivos, nos quais não é
corresponde ao recurso que permite ao casal a decisão
necessária a motivação de uso pela paciente; métodos
do número de filhos e o intervalo entre as gestações que
de segunda linha, muito efetivos, os quais precisam de
desejam, de maneira programada e consciente. Acredita-
atenção da paciente em relação ao uso correto; métodos
-se que, no Brasil, cerca de 55% das gestações não são
de terceira linha, que são efetivos e incluem os métodos
planejadas. Esse número é ainda maior entre os adoles-
de barreira e percepção das mudanças corporais; e os
centes, chegando a 90% das gestações. Hoje em dia, há
métodos de quarta linha, que são menos efetivos, em que
uma ampla gama de métodos contraceptivos disponíveis,
se encontram os espermicidas e o coito interrompido.
possibilitando ao casal escolher o que mais atende as suas
83
Planejamento familiar Ginecologia
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Fonte: Williams.5
Pela Lei nº 9263, de 12/01/1996, planejamento falhas) em cada 100 mulheres utilizando o método
familiar é um conjunto de ações de regulação da por um ano, o que é conhecido como índice de
fecundidade que devem ser garantidas pelo SUS Pearl. Logo, quanto menor o índice de Pearl, maior
em toda a sua rede de serviços. Entre tais ações, é a eficácia do referido método. Embora a OMS
incluem-se atividades preventivas e educativas, recomende que os métodos de controle da nata-
além de acesso igualitário aos diferentes métodos lidade apresentem índice de Pearl abaixo de 4, os
contraceptivos. melhores métodos têm taxas de falha em um ano
menor do que 1.
O índice deve ser calculado levando-se em conside-
2. E FICÁCIA ração o uso do método na forma costumeira e na
forma perfeita. Ou seja, a forma que as mulheres
A eficácia dos diversos métodos contraceptivos pode habitualmente usam o método (incluindo esqueci-
ser avaliada pelo número de gestações (número de mento, vômito, interações medicamentosas etc.)
84
Planejamento familiar Cap. 3
e a forma recomendada pelo fabricante em bula. de cada método contraceptivo de acordo com a
A seguir, segue uma tabela com o índice de Pearl Organização Mundial de Saúde.
Tabela 1. Índices de Pearl com uso perfeito e típico, dos diversos métodos contraceptivos.
Nenhum método 85 85
Espermicidas 28 18
Método ovulatório — 3
Coito interrompido 22 4
Esponja — —
Mulheres multíparas 24 20
Mulheres nulíparas 12 9
Camisinha feminina 21 5
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Camisinha masculina 18 2
Diafragma 12 6
BASES DA MEDICINA
Não confunda o conceito de eficácia com efetividade! O cálculo do índice de Pearl, em sua forma costumeira,
A eficácia de um método está relacionada ao resultado representa a efetividade do método, enquanto a forma
obtido quando o uso é correto. Já a efetividade é o resul- perfeita representa de fato a sua eficácia.
tado obtido pelo uso rotineiro, ou seja, correto e incorreto.
85
Planejamento familiar Ginecologia
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u Categoria 4: o método apresenta um risco ina-
ceitável para indicar o seu uso.
1 Sem restrição
Use o método
2 Benefícios superam riscos
DICA
Questão recorrente em prova: Per- A Organização Mundial de Saúde divulga periodi-
guntam qual o MELHOR método para de- camente documentos nos quais cita as situações
terminada situação em que há métodos
clínicas que mais interagem com o uso dos métodos
categoria 1 e 2 (portanto ambos poderiam
contraceptivos e as classifica em enormes tabelas.
ser usados). A resposta será sempre o Ca-
tegoria 1. Porém, mais importante do que decorar a tabela é
aprender quando os métodos contraceptivos não
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Planejamento familiar Cap. 3
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• Hipertensão arterial sistêmica associada à doença
vascular Tabelinha (método de ogino-knaus)
87
Planejamento familiar Ginecologia
Exemplo: Casal decide usar método comportamental 5.2. TEMPERATURA CORPORAL BASAL
de Ogino-Knaus (tabelinha) para anticoncepção.
Após observar o ciclo menstrual por seis meses, foi Sabemos que os níveis de progesterona aumentam
verificado que o ciclo mais curto durou 28 dias e o logo após a ovulação. Ela atua no centro termorregu-
mais longo, 32 dias. A orientação deve ser: lador do hipotálamo, promovendo discreto aumento
u Diferença entre o ciclo mais longo e o mais curto: da temperatura basal do corpo da mulher (em geral
32 – 28 = 4 (método pode ser usado). 0,3ºC) a partir do 1º dia após a liberação do óvulo
u Subtrai-se 18 do ciclo mais curto: 28 – 18 = 10. até 11 a 16 dias depois.
Início do período fértil no 10º dia. Esse método baseia-se na aferição da temperatura
u Subtrai-se 11 do ciclo mais longo: 32 – 11 = 21. corporal com termômetro comum (via oral, retal
Término do período fértil no dia 21º dia. ou vaginal – desde que seja adotada a mesma
u O casal deve evitar relações sexuais entre o 10º via durante todo o ciclo) diariamente, pela manhã,
e o 21º dia do ciclo menstrual. após período de repouso de 5 horas, devendo-se
permanecer em abstinência sexual durante todo
o primeiro período do ciclo menstrual até o 4º dia
após ter verificado aumento da temperatura corpo-
ral, devido ao período de 48 horas de vida do óvulo.
Não consegue prever a ovulação.
Outros fatores podem interferir na temperatura
corporal, como estados infecciosos, distúrbios do
sono etc.
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Figura 2. Curva de temperatura basal bifásica (ciclo ovulatório).
88
Planejamento familiar Cap. 3
O método sintotérmico combina o método da tem- O uso de condom deve ser encorajado a todos
peratura basal com o método do muco cervical, os casais, pois, além de bastante eficaz (quando
associado a sinais e sintomas que podem ocorrer utilizado corretamente!!!), é o único método que
durante a ovulação, como sensibilidade mamária, oferece proteção contra infecções sexualmente
dor pélvica e mudanças de humor. Nesse caso, o transmissíveis.
período de abstinência sexual vai desde o primeiro A única contraindicação é a alergia ao látex, no
dia do ciclo até o quarto dia após o pico das secre- caso da maior parte dos preservativos masculinos.
ções cervicais ou o terceiro dia após a elevação da
temperatura, sendo que, na ocorrência do primeiro
fator, deve-se utilizar o segundo para ter relação
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DIA A DIA MÉDICO
sexual.
Os preservativos masculinos não devem ser usados
5.6. L
ACTAÇÃO por homens que apresentam perda de ereção durante o
intercurso sexual. Além disso, não devem ser usados junto
com o feminino, pois aumenta o risco de rompimento ou
Durante o aleitamento materno ocorrem altera- deslocamento.
ções hormonais no eixo hipotálamo-hipófise-ovário,
levando à anovulação. Esse método, além de não
ter custos, promove inúmeros benefícios para a Quadro 2. Orientações de uso do preservativo masculino.
mulher e para o bebê. Além disso, o método não Orientações de uso do preservativo masculino
tem contraindicações, desde que a amamentação
Deve ser colocado com o pênis ereto e seco
seja exclusiva. No entanto, sabe-se que parte das
mulheres ovulam em torno do terceiro mês de pós- Desenrolar o preservativo pelo lado correto
da glande até a base do pênis
-parto, mesmo amamentando. Esse fato pode gerar
risco de gravidez não planejada. Comprimir o reservatório situado na extremidade
fechada, para que não haja entrada de ar
89
Planejamento familiar Ginecologia
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Fonte: Williams.5
90
Planejamento familiar Cap. 3
Reduz o risco de
CA de colo de útero
Método mais utilizado Masculino e feminino Protege contra HIV
Preservativos
Contraceptivos
de barreira
Diafragma Esponjas
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Tem vários tipos Não disponível
de tamanho no Brasil
Geralmente uso
com espermicidas
Fonte: SanarFlix.
91
Planejamento familiar Ginecologia
Podem ser administrados por diferentes vias: oral No caso da via oral, o uso é diário, a cada 24 horas,
(a mais utilizada no Brasil e em quase todo o mundo), e há formulações de 21 dias, com pausa de 7 dias;
injetável, vaginal e transdérmica. 24 dias, com 4 dias de intervalo; ou 28 dias contí-
nuos, sem pausa.
O estrogênio age, principalmente, inibindo o pico do
FSH e, com isso, inibe o desenvolvimento do folículo Os injetáveis deves ser realizados por profissional
dominante. Também estabiliza o endométrio (pílulas de saúde e reaplicados a cada 30 dias.
com baixas doses de estrogênio causam mais san- Tanto o anel vaginal quanto o adesivo transdérmico
gramentos de escape) e pode potencializar a ação são utilizados por três semanas consecutivas, com
progestínica através do aumento dos receptores pausa de uma semana, sendo que o adesivo deve
de progesterona. ser trocado a cada 7 dias e colocado sobre áreas
O componente progestogênico atua inibindo o pico limpas e secas, como nos glúteos, face externa
de LH e a ovulação, espessando o muco cervical, dos braços, abdome ou tronco. Já o anel vaginal é
dificultando a ascensão dos espermatozoides e inserido na vagina pela própria mulher e deixado no
atrofiando o endométrio (tornando-o não receptivo local por 21 dias, sem necessidade de troca durante
a uma possível implantação). esse período ou de avaliação médica, visto que não
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se trata de método de barreira.
Todos os métodos hormonais combinados são
Além da contracepção, há outros benefícios, como
anovulatórios, sendo o progestogênio o principal
melhora da tensão pré-menstrual (TPM) e da dis-
hormônio responsável por tal ação.
menorreia, além de redução e regularização do
Os progestínicos utilizados no Brasil podem ser fluxo menstrual e do risco de câncer de ovário e
derivados da própria progesterona (17-OH-progeste- endométrio. Diminui o risco de DIP e Gestação
rona), como a ciproterona, que possui efeitos antian- Ectópica (risco absoluto).
drogênicos; da testosterona (19-nor-testosterona),
Em contrapartida, efeitos colaterais como náuseas e
a exemplo da noretisterona, levonorgestrel, deso-
vômitos, mastalgia, ganho de peso, cefaleia, fadiga,
gestrel e gestodeno (possuem ação androgênica,
irritabilidade, acne, sangramento uterino irregular,
porém menor efeito trombogênico); ou da espiro-
aumento dos níveis tensionais ou elevação do risco
nolactona, como a drospirenona, com importante
de eventos tromboembólicos podem ocorrer, a
efeito antimineralocorticoide.
depender, sobretudo, do tipo de progestínico utili-
O estrogênio mais utilizado é o etinilestradiol, em zado (as contraindicações já foram citadas no início
dosagens nas formulações orais que vão de 15 a do capítulo). Fique atento, pois são frequentemente
35 mcg, sendo as de 15 ou 20 mcg consideradas cobrados em questões de prova.
92
Planejamento familiar Cap. 3
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Planejamento familiar Ginecologia
Doença hepática
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COCs
Contraindicações
Fonte: SanarFlix.
94
Planejamento familiar Cap. 3
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por ano, dependendo do produto. As pílulas devem ser
Ele libera diariamente 30 μg de EE e 150 μg de
iniciadas no primeiro dia do ciclo menstrual. As cartelas,
a depender do tipo esquema utilizado, indicam pausas norelgestromina, que, após metabolismo hepático,
mensais que podem variar de quatro a sete dias. Nestes se transforma em levonorgestrel. O adesivo deve
casos, após a primeira cartela, inicia-se a segunda no ser aplicado na pele limpa, podendo ser colocado
quinto ou oitavo dia, respectivamente. Alguns anticon- nas nádegas, na parte externa do braço, no abdome
cepcionais de 28 dias podem ser utilizados sem pausa. inferior ou na região superior do dorso, evitando-se
O importante é utilizar diariamente para evitar falhas.
as mamas. Basta pressionar o adesivo por cerca de
No caso de esquecimento, deve-se fazer o uso da pílula
esquecida mais a pílula do dia para evitar sangramento 10 segundos. O primeiro adesivo é aplicado no pri-
por colapso endometrial. Já o restante da cartela deve meiro dia do ciclo. Depois disso, o adesivo é trocado
ser consumido com uma pílula por dia. Em caso de mais uma vez por semana. Após a terceira semana, é feita
de um dia esquecido, deve-se utilizar um contraceptivo uma pausa, quando ocorrerá o sangramento, e ao
de barreira por pelo menos 7 dias para evitar gestação. final da pausa um novo adesivo é colocado. Além
disso, o contínuo, ou seja, sem pausas, também pode
ser utilizado. Ele fornece proteção contraceptiva
7.2. INJETÁVEL MENSAL mesmo após dois dias de atraso na substituição
do adesivo. Em caso de descolamento do adesivo,
Os anticoncepcionais hormonais combinados inje- basta recolocá-lo ou aplicar um novo. Nesses casos,
táveis são utilizados mensalmente. Os mais utili- não há redução da eficácia. Como efeitos adversos,
zados são o de valerato de estradiol com enantato pode ocorrer dismenorreia, mastalgia e spotting.
de noretisterona e o cipionato de estradiol com Em pacientes com mais de 90 kg, esse dispositivo
acetato de medroxiprogesterona. São indicados pode apresentar redução de eficácia, não sendo,
para pacientes que possuem dificuldade de aderir portanto, recomendado.
95
Planejamento familiar Ginecologia
Figura 4.
8. PROGESTÍNICO ISOLADO
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96
Planejamento familiar Cap. 3
Reduz a Espessamento
Atrofia endometrial
motilidade tubária do muco cervical
Ação
Pílula
progestágena
isolada
Levonogestrel
Opções Efeitos adversos Acne
(30mcg)
Noretisterona
Cefaleia
(350 mcg)
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Linestrenol
Mastalgia
(500 mcg)
Fonte: SanarFlix.
f
97
Planejamento familiar Ginecologia
O injetável trimestral contém acetato de medroxi- DIU de Cobre e DIU de levonorgestrel (progesterona)
progesterona, progestínico derivado da 17-OH-pro- 20 mcg (Mirena®). Ambos NÃO são anovulatórios e
gesterona, e sua via de administração é a intramus- têm ação local, tornando o ambiente inóspito para
cular profunda. Deve ser iniciado no 1º dia do ciclo espermatozoides e óvulos, além de interferirem no
menstrual. muco cervical e na motilidade tubária. O DIU-Cu
age por meio da indução de uma reação de corpo
No Brasil, o implante subdérmico disponível (Impla-
estranho, levando à inflamação, visto que o cobre
non) é uma haste de acetato de etileno medicada
induz a liberação de interleucinas e citocinas que
com 68 mg de etonogestrel (metabólito ativo do
têm ação espermicida. Além disso, leva a mudanças
desogestrel), que deve ser inserida por profissional
bioquímicas e morfológicas no endométrio, bem
habilitado no membro superior não dominante da
como produz modificações no muco cervical e
paciente em qualquer momento do ciclo menstrual,
altera a espermomigração e o transporte do óvulo.
desde que haja a certeza da ausência de gravidez
(em geral, recomenda-se associar um método de O SIU de Levonorgestrel funciona promovendo a
barreira nos próximos sete dias após a inserção). atrofia do endométrio, tornando o muco cervical
A liberação hormonal é lenta e dura aproximada- espesso e dificultando a espermomigração e a
mente três anos, quando o dispositivo deve ser motilidade tubária. Além disso, provoca a reação
retirado ou trocado. Seu mecanismo de ação é inflamatória de corpo estranho, como o DIU de cobre.
anovulatório. Mulheres com sobrepeso ou obesas
O melhor período para inserção dos dispositivos
podem apresentar maior risco de falha do método.
intrauterinos é durante a menstruação, pois o orifício
Todas as usuárias de métodos progestogênicos interno do colo encontra-se entreaberto, facilitando
isolados devem ser orientadas quanto aos principais a sua introdução (mas podem ser colocados em
efeitos adversos: sangramento uterino irregular, qualquer fase do ciclo menstrual, desde que excluída
ganho de peso e alterações do humor, além do a gestação!).
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tempo de retorno à fertilidade, que pode levar até
um ano após a interrupção do método. O acetato de
medroxiprogesterona de depósito particularmente DIA A DIA MÉDICO
tem sido associado à redução da massa óssea,
devendo-se evitar seu uso prolongado, sobretudo Duas questões frequentes em prova: o DIU pode ser
em adolescentes e mulheres na perimenopausa. As inserido em adolescentes e NÃO é preciso ter um exame
únicas contraindicações absolutas (categoria 4) ao de ultrassonografia antes da sua inserção.
uso desses métodos são gravidez e câncer de mama
atual, mas, em algumas situações, como história No pós-parto, pode ser inserido nas primeiras 48
atual de TVP ou TEP, LES com anticorpos antifosfo- horas ou após 4 semanas, devido ao maior risco
lípides positivos, tumor hepático maligno e cirrose de expulsão nesse intervalo (de 48h a 4 semanas).
descompensada, devem ser evitados (categoria 3).
Após um abortamento, pode ser inserido imedia-
tamente, desde que não haja sinais de infecção.
9. D ISPOSITIVOS A principal complicação associada à inserção é a
INTRAUTERINOS (DIU) perfuração uterina.
Seus efeitos são imediatos após a confirmação de
Os dispositivos intrauterinos constituem, junto com que o dispositivo se encontra normoimplantado na
o implante subdérmico, o grupo de métodos con- cavidade uterina.
traceptivos reversíveis de longa duração (LARC). O DIU de cobre tem duração 10 anos (a maior parte
No Brasil, há classicamente dois dispositivos dis- deles) e o Mirena, de 5 anos.
poníveis:
98
Planejamento familiar Cap. 3
O principal efeito adverso relacionado ao DIU de As principais contraindicações ao uso dos dispo-
cobre é o aumento da dismenorreia e do fluxo mens- sitivos intrauterinos são:
trual.
a) Contraindicações absolutas (categoria 4):
O DIU de levonorgestrel está associado à redução
das cólicas e do sangramento menstrual (grande
W Gravidez;
parte entrará em amenorreia após o primeiro ano W Doença inflamatória pélvica (DIP) ou infecção
de uso). Seus efeitos colaterais são: sangramento sexualmente transmissível (IST) atual, recor-
intermenstrual de spotting (principal efeito colateral rente ou recente (nos últimos três meses);
associado ao método), acne, aumento de oleosidade W Sepse puerperal;
da pele, aparecimento de cistos simples em ovários. W Imediatamente pós-aborto séptico;
Para os 2 tipos de DIU, há um aumento relativo das W Cavidade uterina severamente deturpada;
taxas de gravidez ectópica (caso ocorra uma falha, W Hemorragia vaginal inexplicada;
há maior chance de haver implantação fora da cavi-
W Câncer cervical ou endometrial;
dade uterina; mas em risco absoluto há diminuição
das taxas) e o risco de doença inflamatória pélvica, W Doença trofoblástica maligna;
que é motivo de inúmeras discordâncias na litera- W Alergia ao cobre (para DIUs de cobre);
tura, mas atualmente se sabe que o aumento do W Câncer de mama atual (para DIU de LNG).
risco se dá nas primeiras semanas após a inserção
(uma infecção genital durante o procedimento que b) Contraindicações relativas (categoria 3):
ascendeu pelo canal cervical). Fator de risco para DSTs ou HIV;
Imunodeficiência;
DIA A DIA MÉDICO De 48 horas a quatro semanas pós-parto;
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Câncer de ovário;
O DIU de Levonorgestrel NÃO é considerado um método Doença trofoblástica benigna;
anovulatório (apesar de causar anovulação em algumas
Tumor hepático maligno ou adenoma hepatoce-
pacientes).
lular (para DIU de LNG);
TVP/TEP atual (para DIU de LNG);
Há também 2 outros tipos de DIU: de prata e mini-
Lúpus eritematoso sistêmico com anticorpo
-DIU. Ambos são nas novas versões do DIU de cobre.
antifosfolípide positivo ou desconhecido (para
O DIU de prata traz a associação do cobre com a DIU de LNG).
prata na tentativa de estabilizar os efeitos do cobre,
diminuindo a dismenorreia e o sangramento. Mas Em casos de gestação tópica com o uso do DIU, ele
não há estudos consistentes que comprovem esse pode ser retirado se o fio estiver visível (de preferên-
benefício. Dura 5 anos. cia, no 1º trimestre). Caso contrário, a gestação deve
ser cuidadosamente acompanhada e a paciente,
O Mini-DIU é um DIU de cobre em tamanho reduzido,
orientada sobre o risco aumentado de abortamento
como alternativa para mulheres que apresentam
espontâneo. Metade das pacientes que engravidam
útero com maior diâmetro menor que 6 cm. Dura
com DIU evoluirão com abortamento espontâneo.
5 anos.
Foi lançado recentemente um outro DIU de Levo-
norgestrel chamado Kyleena®. Ele é menor e tem DIA A DIA MÉDICO
uma quantidade hormonal menor que o Mirena.
Dura 5 anos. Os LARC (long acting reversible contraception/contra-
ceptivos reversíveis de longa duração) são o DIU de
cobre, o DIU de levonorgestrel e o Implante subdérmico
de progesterona.
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Planejamento familiar Ginecologia
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o endométrio. visando desencorajar a esterilização precoce.
Preste atenção no “OU”!!!
Sendo um método ocasional, não há contraindica- u Risco de vida ou à saúde da mulher ou do futuro
ções absolutas ao seu uso, além da presença de concepto (testemunhado em relatório escrito e
gravidez. assinado por dois médicos).
Efeitos colaterais: náuseas, vômitos, fadiga, tontura,
Quando não fazer?
cefaleia, mastalgia e irregularidade menstrual.
u Vedada em períodos de parto, aborto ou até o
As pacientes devem ser informadas de que pode 42º dia de pós-parto ou aborto, exceto nos ca-
haver atraso da menstruação de, no máximo, uma sos de comprovada necessidade por cesarianas
semana da data esperada. Caso o atraso ultrapasse sucessivas anteriores, ou quando a mulher for
sete dias, um teste de gravidez deve ser realizado. portadora de doença de base e a exposição a
segundo ato anestésico ou cirúrgico representar
maior risco para sua saúde (necessário relatório
BASES DA MEDICINA escrito e assinado por dois médicos).
u Vedada através de Histerectomia (retirada do
Método Yuzpe: É um contraceptivo combinado que con- útero) ou Ooforectomia (retirada do ovário).
siste no uso de duas doses de 100 mcg de etinilestradiol
e 500 mcg de levonorgestrel, com intervalo de 12 horas, Atenção:
sendo que a primeira deve tomada o mais o próximo
possível da atividade sexual desprotegida e até 72 horas
u Não será considerada a manifestação da vonta-
depois. É menos utilizado que o método de Levonorges- de na ocorrência de alterações na capacidade de
trel Isolado. discernimento por influência de álcool, drogas,
100
Planejamento familiar Cap. 3
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101
Planejamento familiar Ginecologia
Método do muco
Tabelinha Amenorreia lactacional Temperatura basal
cervical
Métodos
CAT 1:
comportamentais S/ restrição
CAT 2:
Diafragma
Vantagens > Riscos
CAT 3:
Espermicida
Riscos > Vantagens
CAT 4:
Preservativo
Risco inaceitável
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Métodos de barreira Elegibilidade
ANTICONCEPÇÃO
Dispositivos
intrauterinos
Eficácia
Dura 5 anos
SIU de Progesterona
Esterilização
Comportamentais
Anticoncepção hormonal
DIU
102
Planejamento familiar Cap. 3
Gravidez A A A A B B B 4
IMC > 30 2 2 2 2 1 1 1 1 4
Mutações trombogênicas 4 4 4 4 2 2 2 1 1
Depressão 1 1 1 1 1 1 1 1 1
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Outras ISTs (exceto HIV e
1 1 1 1 1 1 1 I4,C2 I4,C2
hepatite)
HIV assintomático ou
1 1 1 1 1 1 1 2 2
sintomas leves
103
Planejamento familiar Ginecologia
Núlipara 1 1 1 1 1 1 1 2 2
Multípara 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Amamentação < 6
4 4 4 4 2 3 3 H H
semanas do parto
Amamentação entre 6
3 3 3 3 1 1 1 H H
semanas e 6 meses
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Pós parto sem
amamentação entre 21
2 2 2 2 1 1 1 H H
a 42 dias sem fator de
risco para TVP
Gravidez ectópica
1 1 1 1 2 1 1 1 1
anterior
104
Planejamento familiar Cap. 3
HAS controlada 3 3 3 3 1 2 1 1 1
História familiar de 1º
2 2 2 2 1 1 1 1 1
grau de TVP e/ou TEP
Cirurgia sem
2 2 2 2 1 1 1 1 1
imobilização prolongada
Veias varicosas 1 1 1 1 1 1 1 1 1
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Trombose venosa
2 2 2 2 1 1 1 1 1
superficial
Doença cardíaca
4 4 4 4 I2, C3 3 I2, C3 1 I2, C3
isquêmica atual ou prévia
Dislipidemia sem
outros fatores de risco 2 2 2 2 2 2 2 1 2
cardiovascular
Enxaqueca com aura I4, C4 I4, C4 I4, C4 I4, C4 I2, C3 I2, C3 I2, C3 1 I2, C3
105
Planejamento familiar Ginecologia
Sangramento vaginal
2 2 2 2 2 3 3 I4, C2 I4, C2
inexplicável
Endometriose 1 1 1 1 1 1 1 2 1
Dismenorreia severa 1 1 1 1 1 1 1 2 1
Doença trofoblástica
ges tacional (beta hCG
1 1 1 1 1 1 1 4 4
elevado ou doença
maligna)
Doença trofoblástica
gestacional (beta
1 1 1 1 1 1 1 3 3
hCG decrescente ou
indetectável)
NIC 2 2 2 2 1 2 2 1 2
Antecedente familiar de
1 1 1 1 1 1 1 1 1
CA de mamário
CA de mama atual 4 4 4 4 4 4 4 4 4
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CA de mama prévio sem
3 3 3 3 3 3 3 3 3
evidencia por 5 anos
CA de endométrio 1 1 1 1 1 1 1 1 1
CA de ovário 1 1 1 1 1 1 1 1 1
História de diabetes
1 1 1 1 1 1 1 1 1
gestacional
Diabetes insulinode
pendente, sem doença 2 2 2 2 2 2 2 2 2
vascular
Cirrose hepática
1 1 1 1 1 1 1 1 1
compensada
Cirrose hepática
4 3 4 4 3 3 3 3 3
descompensada
Hipertireoidismo 1 1 1 1 1 1 1 1 1
Hipotireoidismo 1 1 1 1 1 1 1 1 1
106
Planejamento familiar Cap. 3
Antecedente de
2 2 2 2 1 1 1 1 1
colestase – na gravidez
Antecedente de
3 2 3 3 2 2 2 1 1
colestase – uso de ACO
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Talassemia 1 1 1 1 1 1 1 2 2
Anemia falciforme 2 2 2 2 1 1 1 2 2
Anemia ferropriva 1 1 1 1 1 1 1 2 2
Uso de rifampicina 3 2 3 3 3 3 2 1 1
Uso de
anticonvulsivantes
(fenitoína,
carbamazepina,
basbitúricos, 3 2 3 3 3 1 2 1 1
primidona, topiramato,
oxcarbazepina – ácido
valproico não faz parte
dessa relação)
Uso de lamotrigina 3 3 3 3 1 1 1 1 1
Uso de antibióticos
de amplo espectro,
1 1 1 1 1 1 1 1 1
antifúngicos e
antiparasitários
LES com
2 2 2 2 2 I3, C2 2 I3, C2 2
trombocitopenia severa
LES em tratamento
2 2 2 2 2 2 2 I2, C1 2
imunossupressivo
107
Planejamento familiar Ginecologia
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REFERÊNCIAS
108
Planejamento familiar Cap. 3
QUESTÕES COMENTADAS
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de possível sangramento irregular.
Anticoncepção corresponde ao uso de métodos e
⮧ Suspensão imediata do contraceptivo combina-
técnicas com a finalidade de impedir que o relacio-
do e prescrição de método injetável mensal no
namento sexual resulte em gravidez. É recurso de
início do próximo ciclo menstrual.
Planejamento Familiar, para a constituição de prole
⮨ Suspensão imediata do contraceptivo combi- desejada e programada de forma consciente. A Con-
nado e aguardar os resultados da investigação ferência Internacional de População e Desenvolvi-
de trombofilia. mento (CIPD) realizada no Cairo, em 1994, definiu
⮩ Suspensão imediata do contraceptivo combi- que a saúde reprodutiva é: “um estado de comple-
nado e aguardar os resultados da investigação to bem-estar físico, mental e social, e não apenas
de trombofilia. ausência de doença ou enfermidade, em todas as
⮪ Suspensão imediata do contraceptivo combinado matérias relacionadas com o sistema reprodutivo,
e inserção de DIU de cobre no início do próximo suas funções e processos. A saúde reprodutiva
ciclo menstrual. implica, portanto, que as pessoas estejam aptas
a ter uma vida sexual satisfatória e segura, que
tenham a capacidade de reproduzir-se e a liberda-
Questão 2 de de decidir fazê-lo se, quando e quantas vezes,
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UFSC – SC – 2018) Conside- desejarem. Implícito nesta última condição está o
rando a legislação brasileira sobre o planejamento direito de homens e mulheres de ser informados e
familiar, assinale a alternativa em que é permitida a de ter acesso a métodos de planejamento familiar
esterilização voluntária (laqueadura tubária). de sua escolha […] que não sejam contra a lei […]”
(ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 1994). Em
⮦ Durante uma cesariana por apresentação anô- consulta no ambulatório de Saúde Reprodutiva,
mala de uma mulher com 37 anos e com quatro chega uma mulher com 45 anos; fumante de 10 ci-
filhos de parto vaginal. garros ao dia; portadora assintomática do vírus HIV
109
Planejamento familiar Ginecologia
(com supressão viral há muitos anos); com história I. Durante a lactação, os contraceptivos mais
de Trombose Venosa Profunda (TVP) há 10 anos; indicados são o dispositivo intrauterino (DIU)
hipertensa controlada com medicação e relata de cobre e os métodos hormonais com proges-
diagnóstico de cefaleia tensional não – migrânea. tágeno isolado;
Ela deseja anticoncepção temporária (pois deseja II. Os contraceptivos com progestágeno isolado
ter mais um filho daqui a 3-4 anos). O método con- em mulheres que estão amamentando devem
traindicado para ela é: ser iniciados, preferencialmente, depois de seis
semanas após o parto;
⮦ Dispositivo Intrauterino – DIU de cobre: pois pa-
III. Na lactação, os anticoncepcionais hormonais
ciente HIV, mesmo com bom controle. Não há
combinados são categoria 4, de acordo com
indicação de inserção de DIU por risco aumenta-
os critérios de elegibilidade da Organização
do de cânceres cervicais e doenças sexualmente
Mundial da Saúde (OMS), quando utilizados nas
transmissíveis.
primeiras seis semanas pós-parto.
⮧ Medroxiprogesterona injetável: pois paciente fu-
mante com idade acima de 35 anos. Nessa faixa Qual alternativa apresenta a(s) assertiva(s) corre-
etária a interação com o cigarro aumenta muitos ta(s)?
os efeitos adversos da progesterona.
⮦ Apenas I.
⮨ Pílulas Combinadas: pois paciente com história
⮧ Apenas II.
de TVP. Estrógenos orais presentes nas pílulas
combinadas aumentam muito o risco de TVP ⮨ I e II.
quando comparados com outros contraceptivos. ⮩ II e III.
⮩ Implantes Progestágenos: pois é hipertensa. ⮪ I, II e III.
Devido à passagem hepática aumentada da
progesterona nesse método, o risco de compli-
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Questão 6
cações cardiovasculares aumenta muito com
esse método. (HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UFSC – SC – 2017) Em qual
das situações abaixo é contraindicado o uso de
contraceptivo oral combinado (categoria 4 de ele-
Questão 4 gibilidade da OMS)?
(HOSPITAL NAVAL MARCÍLIO DIAS – 2018) Em relação aos ⮦ Trinta anos de idade com história de trombofle-
contraceptivos orais combinados, pode-se afirmar bite superficial.
que eles aumentam:
⮧ Vinte e cinco anos de idade e tabagista que con-
⮦ O risco de câncer de endométrio. some 20 cigarros por dia.
⮧ O risco de câncer de ovário. ⮨ Trinta e cinco anos de idade com índice de mas-
sa corporal (IMC) de 32 kg/m2.
⮨ Os níveis basais dos hormônios foliculoestimu-
⮩ Vinte e oito anos de idade com diabetes mellitus
lante (FSH) e luteinizante (LH).
insulinodependente e sem vasculopatia.
⮩ O risco de trombose venosa profunda (TVP).
⮪ Dezoito anos de idade e enxaqueca com aura.
⮪ O risco de gravidez ectópica.
Questão 7
Questão 5
(UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – SP – 2018) Mulher
(ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO RIO GRANDE DO SUL – RS – 2018) Em de 32 anos de idade, nuligesta, faz consultas anuais
relação à contracepção no puerpério, analise as com ginecologista da Unidade Básica de Saúde
assertivas abaixo: (UBS). Apresenta diagnóstico de endometriose e
110
Planejamento familiar Cap. 3
mioma uterino subseroso. Encontra-se em novo re- ⮨ Realizar a laqueadura durante a cesariana, após
lacionamento e não deseja engravidar no momento, consentimento do casal e relatório assinado por
porém preocupa-se em usar método contracepti- dois médicos com atestado de risco de morte
vo seguro que não piore o seu quadro clínico. De em gestações futuras.
acordo com o relato, qual das alternativas a seguir ⮩ Oferecer aconselhamento contraceptivo multi-
é a indicada, segundo os critérios de elegibilidade disciplinar e contraindicar esterilização precoce,
para contraceptivos da Organização Mundial da já que a idade da paciente é inferior a 25 anos.
Saúde (OMS)?
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mioma, sendo considerado categoria 1 para cisto mamário.
endometriose e 2 para mioma. ⮧ O SIU-levonorgestrel é permitido para ser utiliza-
⮪ A medroxiprogesterona trimestral é contrain- do em pacientes com história familiar de câncer
dicada para essa paciente, sendo considerada de mama.
categoria 4. ⮨ O DIU de cobre como o SIU-levonorgestrel pode
ser utilizado em mulheres nulíparas que desejam
Questão 8
utilizar métodos contraceptivos.
⮩ O uso do DIU de cobre é permitido apenas para
(HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA UFU – MG – 2018) Paciente quar- mulheres com mais de 25 anos de idade; logo,
tigesta de 24 anos de idade, com três filhos vivos, o uso deste método é limitado.
duas cesarianas anteriores, chega em pronto-aten-
⮪ O DIU de cobre pode ser inserido no intraparto,
dimento para realizar nova cesariana com 40 sema-
entretanto apresenta risco maior de expulsão; o
nas de gestação. Paciente e marido manifestam o
ideal é ser inserido no 4º dia do puerpério.
desejo de laqueadura tubária no momento da ad-
missão hospitalar. Qual é a conduta mais adequada?
parto, com consentimento livre e esclarecido (UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – RJ
assinado pelo casal. – 2017) Considere os mecanismos de ação dos anti-
⮧ Realizar a laqueadura durante a cesariana, após concepcionais orais combinados para marcar (V)
consentimento livre e esclarecido assinado pelo para verdadeiro ou (F) para falso nas seguintes
casal, devido a sucessivas cesarianas anteriores. situações:
111
Planejamento familiar Ginecologia
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bem com ela”, tem muitas náuseas quando a usa
e sempre esquece de consumir um ou dois com- ⮧ 1 inclui os métodos que podem ser usados em
primidos por mês. Manifesta o desejo de utilizar o qualquer circunstância.
dispositivo intrauterino (DIU) de cobre. Seu exame ⮨ 5 inclui os métodos que não devem ser usados
físico não apresentou alterações. Deve-se orientar em nenhuma circunstância.
a paciente a: ⮩ 3 inclui os métodos que podem ser usados, po-
rém por tempo limitado a menos de 6 meses.
⮦ Uso de acetato de medroxiprogesterona de de-
pósito trimestral e de preservativo para prevenir ⮪ 2 inclui os métodos que podem ser usados median-
doenças sexualmente transmissíveis. te termo de consentimento assinado pelo casal.
112
Planejamento familiar Cap. 3
GABARITO E COMENTÁRIOS
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riscos superam os benefícios/ categoria 4 – risco o 42º dia do pós-parto ou aborto, exceto em casos
inaceitável. que indiquem risco de vida para a mãe ou futuro
Alternativa A: INCORRETA. Não há contraindicação concepto, sempre assinado por dois médios.
ao uso de estrogênio. Alternativa C: INCORRETA. Essa paciente não preen-
Alternativa B: CORRETA. che nenhum dos critérios: 25 anos ou 2 filhos vivos.
Alternativa C: INCORRETA. O injetável mensal também Nesse caso, deve-se orientar a paciente a pesquisar
é um método combinado. causas de abortamento precoce e acompanhar com
o obstetra antes de engravidar para que ela consiga
Alternativa D: INCORRETA. Desnecessária a investi-
ter uma gestação viável.
gação de trombofilias e não há contraindicações
ao uso dos métodos combinados. Alternativa D: INCORRETA. São necessários 60 dias
Alternativa E: INCORRETA. da manifestação do desejo da paciente até o ato
cirúrgico, sendo que, nesse período, ela deverá ter
✔ resposta: B acesso ao serviço de regulação da fecundidade, in-
cluindo aconselhamento pela equipe multidiscipli-
Questão 2 dificuldade: nar, visando desencorajar a esterilização precoce.
Comentário: Provavelmente uma das únicas leis que Alternativa E: CORRETA. A paciente se encaixa no
precisamos saber ao estudar Ginecologia! E quan- critério da idade (maior ou igual a 25 anos), mes-
do abordam a mesma, as questões sempre versam mo sendo nuligesta. Além disso, ela possui capa-
sobre a contracepção definitiva: quando podemos cidade civil plena. Se ela estivesse em sociedade
realizar a laqueadura. conjugal, o cônjuge também deve assinar o termo
de consentimento livre e esclarecido.
Alternativa A: INCORRETA. Durante uma cesárea, só
pode ser feita a laqueadura se uma nova gestação ✔ resposta: E
113
Planejamento familiar Ginecologia
Comentário: Questão longa, mas que deseja saber Comentário: Questão sobre contracepção no puer-
o método anticonceptivo contraindicado para uma pério… Vamos julgar as assertivas!
mulher de 45 anos; fumante de 10 cigarros ao dia;
portadora assintomática do vírus HIV com supressão Assertiva I: CORRETA. O DIU de cobre e os métodos
viral; história de Trombose Venosa Profunda (TVP) com progestágeno isolado são considerados ca-
há 10 anos; hipertensa controlada com medicação; tegoria 1.
e cefaleia tensional não migrânea. Lembrando que, Assertiva II: CORRETA. Antes de seis semanas do
de acordo com os critérios de elegibilidade da OMS, parto, a minipílula e o implante são considerados
categoria 3 é contraindicação relativa (riscos superam categoria 2. Apenas a partir de seis semanas pas-
benefícios) e categoria 4 é contraindicação absoluta. sam a ser considerados categoria 1 e a recomen-
Alternativa A: INCORRETA. Em paciente HIV assinto- dação ideal.
mática ou com doença clínica leve, o DIU de Cobre
é categoria 2. Assertiva III: CORRETA. Os contraceptivos orais com-
binados são contraindicados, considerados cate-
Alternativa B: INCORRETA. Progesterona injetável em
goria 4 até seis semanas de pós-parto. Entre seis
tabagista é categoria 1.
semanas e seis meses, são considerados categoria
Alternativa C: CORRETA. TVP atual ou prévia é conside- 3. Assim, podemos concluir que todas as asserti-
rada categoria 4 para os contraceptivos hormonais sis- vas estão corretas.
têmicos combinados (que possuem estrógeno), assim
como tabagismo com consumo ≥ 15 cigarros por dia ✔ resposta: E
após os 35 anos (se < 15 é categoria 3) e HAS grave.
Alternativa D: INCORRETA. Os métodos de progestero-
Questão 6 dificuldade:
na subdérmica não são contraindicados para HAS.
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✔ resposta: C Comentário: Os anticoncepcionais orais combinados
são pílulas hormonais, sendo consideradas o método
reversível mais utilizado no mundo. Dessa forma, é
Questão 4 dificuldade:
importante conhecer suas indicações e contraindi-
Comentário: Os contraceptivos orais combinados cações relativas e absolutas. Segundo os critérios
são compostos por uma associação de estrogênio e de elegibilidade da Organização Mundial da Saúde
progestágeno, atuando como método hormonal de (OMS), as seguintes situações são consideradas
contracepção. O seu principal mecanismo de ação categoria 4 (método não deve ser utilizado, pois
consiste no bloqueio do eixo hipotálamo-hipofisá- apresenta riscos inaceitáveis): trombofilias, ama-
rio, com consequente redução da liberação de FSH mentação com menos de seis semanas do parto,
e LH (gonadotrofinas), promovendo a anovulação. tabagista com mais de 35 anos de idade (consumo
O componente estrogênico está mais relacionado > 15 cigarros por dia), hipertensão com doença vas-
ao risco aumentado de TVP durante o uso do cular, história prévia ou atual de trombose venosa
anticoncepcional e em até três meses após a sua profunda (TVP)/tromboembolismo pulmonar (TEP),
interrupção. Alguns efeitos benéficos podem estar acidente vascular encefálico (AVE) atual ou prévio,
relacionados ao seu uso, como diminuição do risco enxaqueca com aura, câncer de mama atual, dentre
de câncer de ovário e de endométrio. Ademais, não outras. Todas as outras situações citadas nas alter-
estão associados ao aumento do risco de gravidez nativas são categoria 2 (o método pode ser utilizado
ectópica (diminui o seu risco absoluto). com restrições).
✔ resposta: D ✔ resposta: E
114
Planejamento familiar Cap. 3
Comentário: Uma paciente com diagnóstico de en- Comentário: A questão apresenta duas respostas
dometriose e mioma subseroso deseja um método corretas.
contraceptivo que não piore seu quadro clínico. De
Alternativa A: INCORRETA. Cisto mamário não é uma
acordo com os critérios médicos de elegibilidade
contraindicação ao implante subdérmico com eto-
para uso de contraceptivos da OMS, os métodos
nogestrel. A presença de câncer de mama atual
contendo estrogênio mais progesterona ou apenas
consiste em uma contraindicação absoluta (cate-
progesterona são classificados como categoria 1
goria 4) ao seu uso, e história de câncer de mama
(uso sem restrição) nestas duas condições, inde-
é contraindicação relativa (categoria 3).
pendentemente da via de administração.
Alternativa B: CORRETA. O SIU-levonorgestrel é per-
✔ resposta: A
mitido para ser utilizado em pacientes com história
familiar de câncer de mama.
Questão 8 dificuldade: Alternativa C: CORRETA. O DIU de cobre e o SIU-le-
vonorgestrel podem ser utilizados em mulheres
Alternativa A: CORRETA. Deve-se esperar 60 dias
nulíparas, desde que ocorra o acompanhamento
após o desejo da paciente até o ato cirúrgico e en-
clínico em virtude da possibilidade de maior risco
caminhá-la ao serviço de planejamento, orientando
de expulsão.
outros métodos contraceptivos e visando sempre
desencorajar a paciente a realizar o método defini- Alternativa D: INCORRETA. Não existe limite de idade
tivo; além disso, é vedada a esterilização cirúrgica para o uso do DIU de cobre.
em mulher durante períodos de parto, aborto ou até Alternativa E: INCORRETA. O DIU de cobre pode ser
o 42º dia do pós-parto ou aborto, exceto em casos inserido a qualquer momento nas primeiras 48 ho-
que indiquem risco de morte para a mãe ou o futuro ras pós-parto (preferencialmente nos primeiros 10
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concepto, com documento comprobatório sempre minutos após a dequitação da placenta) ou após
assinado por dois médicos. 4 semanas. O risco de expulsão é maior entre 48
Alternativa B: INCORRETA. Falta a informação sobre horas e 4 semanas.
o tempo que deve ser cumprido: 60 dias a partir da ✔ resposta: B
manifestação do desejo de contracepção definitiva
até o ato cirúrgico.
Alternativa C: INCORRETA. Essa paciente não possui Questão 10 dificuldade:
doença grave relatada no enunciado da questão,
Comentário: Os anticoncepcionais hormonais com-
não havendo risco de morte para ela nem para o
binados apresentam como principal mecanismo
concepto em futura gestação. Apesar de sucessivas
de ação a anovulação através do bloqueio do eixo
cesarianas serem fator de risco para complicações,
hipotálamo-hipófise-gonadal por meio de alças de
a paciente e seu cônjuge só manifestaram o desejo
feedback. A inibição do eixo promove uma redução
de contracepção definitiva no dia do parto, o que
na liberação dos fatores gonadotróficos (hormô-
impossibilita a realização da laqueadura.
nios foliculoestimulante e luteinizante [FSH e LH]).
Alternativa D: INCORRETA. A paciente não possui con-
Dessa forma, a ausência do pico de LH impede a
traindicação para esterilização precoce por causa da
ovulação. Há ainda outros mecanismos envolvidos
idade, pois ela já possui 3 filhos vivos. É correto que
na sua ação contraceptiva, como, por exemplo, a al-
devemos oferecer aconselhamento contraceptivo
teração do muco cervical, tornando-o mais viscoso,
multidisciplinar, porém a contraindicação cirúrgica
o que dificulta a passagem dos espermatozoides.
da paciente é naquele momento: ela não possui 60
Provoca também atrofia endometrial, dificultan-
dias da manifestação do desejo ao ato cirúrgico.
do a implantação do embrião (nidação). Além do
✔ resposta: A mais, altera a contratilidade tubária, dificultando o
115
Planejamento familiar Ginecologia
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Alternativa C: INCORRETA. Não há necessidade de ceptivo, além de avaliar a eficácia, devemos excluir
reavaliar em 02 meses, pois a paciente se encontra contraindicações. Neste contexto, utilizam-se os cri-
assintomática, não possui comorbidades, além de térios de elegibilidade da OMS, que determinam as
apresentar exame físico normal. situações clínicas que cada método deve ou não ser
utilizado. São 4 categorias: (1) Sem restrição > USE
Alternativa D: CORRETA. Pode-se optar por esperar a
o método. (2) Benefícios superam os riscos > USE o
menstruação, ou realizar um BHCG no dia anterior
método. (3) Riscos geralmente superam os benefí-
ao procedimento. A menstruação ajuda em dois
cios > NÃO USE o método. (4) O método apresenta
requisitos: a certeza de não estar grávida e por o
um risco inaceitável para indicar seu uso. >> NÃO
colo uterino estar um pouco pérvio, facilitando a
USE o método. É importante dar aquela revisada
introdução. A orientação ao uso de preservativos
na tabela de situações clínicas de contraindicação
é imperativa independentemente do método con-
absoluta dos ACO combinados da sua apostila (ela
traceptivo.
é muito grande para descrever aqui).
✔ resposta: D
✔ resposta: B
Questão 12 dificuldade:
Questão 14 dificuldade:
Comentário: Questões que perguntam sobre o mé-
todo contraceptivo mais adequado geralmente Comentário: Não usar Estrógeno em paciente ama-
têm como resposta um LARC (long-acting rever- mentando (até 6 meses)!
sible contraception ou contraceptivo reversível de Alternativa A: CORRETA. Devemos priorizar o uso de
longa ação), que incluem o DIU e o implante de LARCs; o implante de levonorgestrel tem duração
progesterona. de 3 a 5 anos e é seguro na lactação.
116
Planejamento familiar Cap. 3
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118
Capítulo
VULVOVAGINITES E CERVICITES
4
importância/prevalência
u Corrimento é uma queixa comum no dia a dia da Ginecologia e também um dos temas mais presentes
nas provas.
u Antes de tudo, saber como é a flora vaginal normal.
u Se a questão envolver corrimento, em mais de 95% das vezes falará sobre um desses três: vaginose bac-
teriana, candidíase e tricomoníase.
u Atente-se a quatro tópicos: sintomas, características do corrimento, pH vaginal e microscopia.
u Antes da prova, dê uma olhada na tabela comparativa!
u Importante saber também as formas menos comuns de corrimentos.
u Sobre cervicites, não confundir com vulvovaginites, pois ambas têm tratamentos específicos.
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VULVOVAGINITES
As vulvovaginites são causas comuns de corrimento Antes de mais nada, você precisa aprender o que
vaginal patológico e se caracterizam por afecções encontramos na vaginal normal.
do epitélio estratificado da vulva e vagina – impor-
tante não fazer confusão com as cervicites, que
acometem o colo do útero (mais especificamente BASES DA MEDICINA
o epitélio glandular dele).
O conteúdo é formado por transudato vaginal, muco cer-
vical, células vaginais e do colo do útero descamadas e
BASES DA MEDICINA secreção das glândulas de Bartholin e Skene. Além disso,
temos leucócitos e microrganismos da flora vaginal.
119
Vulvovaginites e cervicites Ginecologia
BASES DA MEDICINA
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fungos (Candida spp).
A manutenção desse pH é fundamental para a homeostase
vaginal. O epitélio escamoso da vagina é rico em glicogênio
e serve de substrato (através das células descamadas)
Dos citados acima, os mais importantes são os
para os lactobacilos de Döderlein, que convertem a glicose
em ácido láctico, criando um ambiente vaginal ácido (pH de lactobacilos (Lactobacillus acidophilus representam
4 a 4,5). A acidez ajuda a manter uma flora vaginal normal 90% da flora vaginal em uma mulher na menacme).
e inibe o crescimento de organismos patogênicos. Além
As bactérias anaeróbias representam menos de 1%
disso, os lactobacilos produzem o peróxido de hidrogênio,
que ajuda a impedir a proliferação de bactérias anaeró- da flora vaginal normal.
bias (essa informação será importante para entender a
vaginose bacteriana).
Portanto, os lactobacilos, produtores de ácido láctico e BASES DA MEDICINA
peróxido de hidrogênio, são fundamentais para a manu-
tenção de uma vagina saudável!
A Candida é um fungo que pode fazer parte do trato genital
Alguns fatores podem acabar desequilibrando esse ecos- normal e estar presente em até 30% das mulheres. Em
sistema: muco cervical, sêmen, antibióticos, duchas algumas situações, pode tornar-se patogênico.
vaginais, doenças sexualmente transmissíveis, sangue
menstrual, doenças sistêmicas (diabetes mellitus, por
exemplo), gravidez e menopausa.
DICA
Informação importantíssima para
saber: O pH da vaginal normal é entre 4
e 4,5, e as bactérias mais importantes na
flora vaginal são os Lactobacilos.
120
Vulvovaginites e cervicites Cap. 4
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u Na lâmina do SF: Trichomonas móveis, clue cells,
celularidade e se a flora é bacilar ou cocácea
(cocos);
u Na lâmina do KOH: hifas e blastóporos;
u Na lâmina do gram: células de defesa, tipo de
flora, Trichomonas fixados, clue cells, hifas e
blastóporos.
121
Vulvovaginites e cervicites Ginecologia
VAGINOSE BACTERIANA
Por definição, a vaginose bacteriana (VB) é carac- A diminuição dos lactobacilos e o aumento de
terizada por três alterações do ambiente vaginal: anaeróbios justificam o aumento do pH (> 4,5). Além
u Mudança da flora vaginal, com a diminuição dos disso, os anaeróbios produzem as aminas voláteis,
lactobacilos e crescimento das bactérias anaeró- que contribuem com o aumento do pH vaginal e
bias (ex.: Gardnerella vaginalis, Mobiluncus sp., também com o odor vaginal característico da VB.
Peptostreptococcus sp., Mycoplasma hominis, Essas aminas aumentam a transudação vaginal
Ureaplasma urealyticum). e a esfoliação de células escamosas epiteliais.
O aumento do pH também facilita a aderência da
u Produção de aminas voláteis pela nova flora
Gardnerella vaginalis nas células epiteliais esfoliadas
vaginal.
(isso vai ser importante quando falarmos sobre as
u Aumento do pH vaginal (pH > 4,5). clue cells).
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BASES DA MEDICINA A vaginose bacteriana NÃO é uma IST! Lembre-se
dessa informação quando falarmos de tratamento.
A bactéria cocobacilar anaeróbia mais associada à vagi-
nose bacteriana é a Gardnerella vaginalis.
3. FATORES DE RISCO
Alguns estudos de prevalência nos Estados Uni-
dos mostram que podem afetar de 30% a 50% das
mulheres na menacme (sintomáticas ou não). 3.1. ATIVIDADE SEXUAL
BASES DA MEDICINA
Uma revisão sistemática e uma meta-análise mos-
traram que ter múltiplos parceiros sexuais (mascu-
lino ou feminino) aumenta o risco de VB, e o uso de
Na VB, há diminuição de lactobacilos, levando à diminui-
ção de peróxido de hidrogênio. Sem esses mecanismos condom (camisinha) diminui esse risco.
de defesa, ocorre aumento de bactérias gram-negativas
anaeróbias. Dessas, a mais importante é a Gardnerella
vaginalis. Alguns autores chamam esse processo de
disbiose, refletindo o desequilíbrio da flora vaginal.
122
Vulvovaginites e cervicites Cap. 4
3.2. IST
6. D IAGNÓSTICO
A presença de IST parece ser um fator de risco para
a VB. Entre elas, os estudos mostraram correlação Vamos falar sobre:
com infecção por herpes e HIV. Aliás, alguns estu-
dos mostraram que a própria VB pode ser um fator Critérios de Amsel, coloração de GRAM e citologia.
de risco para a infecção pelo HIV e também para a
ocorrência de Doença Inflamatória Pélvica. 6.1. CRITÉRIOS DE AMSEL
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A VB isolada NÃO causa disúria, dispareunia, prurido,
DICA
queimação ou inflamação vulvovaginal (eritema/ Os três primeiros podem aparecer
edema) ou altera o colo uterino. na tricomoníase.
123
7.1.2.1 Diagnóstico de vaginose bacteriana
VulvovaginitesSe
e cervicites estiver disponível, o diagnóstico é realizadoGinecologia
a microscopia na presença de pelo
menos três critérios de Amsel (AMSEL et al., 1983):
Figura
› 4. Microscopia:
Corrimentoclue cells. homogêneo;
vaginal 6.2. COLORAÇÃO DE GRAM
› pH >4,5;
Em teoria, seria o padrão-ouro. Costuma ser mais
› Presença de clue cells no exame deutilizado
lâmina aem estudos, pois demanda mais tempo,
fresco;
recursos e experiência que os critérios de Amsel.
› Teste de Whiff positivo (odor fétido das aminas com adição de hidróxido de
potássio a 10%). São utilizados os critérios de Nugent, que avaliam a
presença de lactobacilos, Gardnerella, bacteroides
O padrão-ouro é a coloração por Gram do e gram-negativos curvos. Uma opontuação
fluido vaginal. Quantifica-se número entre 7
e 10 caracteriza a VB.
de bactérias e lactobacilos patogênicos, resultando em um escore que determina se
há infecção. O mais comumente utilizado é o sistema de Nugent (NUGENT et al., 1991),
conforme o Quadro 30. O critério que caracteriza a VB, somada a pontuação de todos os
agentes, é um escore de 7 ou mais; um escore de 4 a 6 é intermediário e de 0 a 3 é normal.
Fonte: Autor.
Quadro 30 – Sistema de Nugent para diagnóstico de vaginose bacteriana
GARDNERELLA, BACILOS
ESCORE LACTOBACILOS QUANTIFICAÇÃO
BACTEROIDES, ETC. CURVOS
0
0 4+ 0 0
Ausência de bactérias
1+
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1 3+ 1+ 1+ ou 2+
<1 bactéria/campo
2+
2 2+ 2+ 3+ ou 4+
1 a 5 bactérias/campo
3+
3 1+ 3+ 6 a 30 bactérias/
campo
4+
4 0 4+
>30 bactérias/campo
6.3. CITOLOGIA
DIA A DIA MÉDICO
Não há indicação de rastreamento de vaginose bacteriana em mulheres
O esfregaço de Papanicolaou
assintomáticas. não é confiável
O tratamento para
é recomendadoNo para
laudomulheres sintomáticas
da Colpocitologia Oncótica e (Papanicolaou),
para
o diagnóstico da VB. Na presença de clue cells,
assintomáticas quando grávidas, especialmente aquelas acom
pode aparecer histórico
seguinte de presença
descrição: parto de baci-
outros critérios devem ser investigados. los supracitoplasmáticos, sugestivos
pré-termo e que apresentem comorbidades ou potencial risco de complicações de Gardnerella ou
Mobiliuncus.
(previamente à inserção de DIU, cirurgias ginecológicas e exames invasivos no trato
6.4. CULTURA
BASES DA MEDICINA
Não tem papel no diagnóstico da VB devido às
complexas mudanças da flora vaginal. O Metronidazol tem atividade contra bactérias anaeróbias
e também atividade antiprotozoária, sendo utilizado no
tratamento da vaginose bacteriana e da tricomoníase.
7. D IAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Pelo Ministério da Saúde:
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de células parabasais na microscopia, o que não
acontece na VB. Mesmo tratamento das não gestantes.
125
Fonte: DCCI/SVS/MS.
OU
Recorrentes
Metronidazol gel vaginal 100mg/g, um aplicador cheio, via vaginal, 1x/
dia, por 10 dias, seguido de tratamento supressivo com óvulo de ácido
bórico intravaginal de 600mg ao dia por 21 dias e metronidazol gel vaginal 127
100mg/g, 2x/semana, por 4-6 meses
• O tratamento das parcerias sexuais não está recomendado.
• ParaAnexo OCDT_IST_final
as puérperas, (0014125075)
recomenda-se o mesmo tratamentoSEI 25000.041466/2020-48 / pg. 129
das gestantes.
Fonte: DCCI/SVS/MS. Fonte: Brasil.2
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metálico na boca, náuseas e reação Dissulfiram-like 8.6. PELO CDC (EUA)
Metronidazol
(efeito Antabuse) se ingerir álcool. Portanto, 400mg, 5 comprimidos, VO, dose única (dose total de
as pacien-
tratamento 2g)
tes devem ser orientadas a não beber álcool até um dia
Primeira opção (incluindo O tratamento com metronidazol ou clindamicina,
após término do tratamento, seja oral ou vaginal. Isso é
gestantes e lactantes) OU
explicado pela inibição da enzima aldeído desidrogenase via oral ou vaginal, tem eficácias similares (diferente
pelos nitroimidazólicos. Metronidazol 250mg, 2do que foi dito
comprimidos, VO,pelo Ministério
2x/dia, por 7 dias da Saúde). Deve-se
• levar em consideração a disponibilidade, o desejo
As parcerias sexuais devem ser tratadas com o mesmo esquema terapêutico. O tratamento pode
da paciente,
aliviar os sintomas de corrimento vaginal em gestantes, os efeitos
além de prevenir colaterais
infecção e ooucusto.
respiratória
Figura 5. Não
genital emingerir
RN. álcool quando
em uso de metronidazol. A via oral é mais conveniente, mas com mais efeitos
• Para as puérperas, recomenda-se o mesmo tratamento das gestantes.
colaterais: náuseas, cefaleia, dor abdominal, diarreia
Fonte: DCCI/SVS/MS.
associada ao Clostridium difficile.
Além de metronidazol VO ou VV e clindamicina VO
ou VV, outras opções seriam tinidazol e secnidazol.
Observações:
Para gestantes sintomáticas, considera-se que o
› Durante o tratamento com metronidazol, deve-se evitar a ingestão de álcool
tratamento via oral não traz riscos para o feto e
(efeito antabuse, devido à interação de derivados
indica-se imidazólicos
metronidazol com álcool,
ou clindamicina VO por sete
caracterizado por mal-estar, náuseas, tonturas e “gosto metálico na boca”).
dias. Citam a questão de o metronidazol cruzar
› a placenta,astendo
Durante o tratamento, devem-se suspender umsexuais.
relações potencial teratogênico. Há
evidências que mostram não haver relação entre
› Manter o tratamento durante a menstruação.
exposição ao metronidazol no primeiro trimestre
› e alterações
O tratamento da(s) parceria(s) sexual(is), quandofetais.
indicado, deve ser realizado
de forma preferencialmente presencial, com asexuais
Parceiros devida não
orientação,
precisamsolicitação
ser tratados.
Fonte: Autor.
de exames de outras IST (sífilis, HIV, hepatites B e C) e identificação, captação
e tratamento de outas parcerias sexuais, buscando a cadeia de transmissão.
126
Vulvovaginites e cervicites Cap. 4
CANDIDÍASE
1. D EFINIÇÃO 3. FISIOPATOLOGIA
É a infecção da vulva e vagina, causada pela Can- A principal espécie é a Candida albicans (chega a
dida, fungo comensal que habita a mucosa vaginal 90% dos casos).
e digestiva que cresce quando o meio se torna
Outras espécies encontradas: C. tropicalis, C. gla-
favorável ao seu desenvolvimento.
brata, C. krusei, C. parapsilosis.
Não está associada à diminuição dos lactobaci-
los; portanto, o pH continua baixo. A Candida tem
BASES DA MEDICINA
capacidade de se proliferar em ambientes ácidos.
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controlado; imunossupressão; debilidade ou gravidez. u Uso de ATB (inibição da flora normal favorece
crescimento de Candida).
u Aumento do nível de estrogênio (uso de pílulas
combinadas, TRH, gestação).
2. E PIDEMIOLOGIA
u Imunossupressão (por alguma doença de base
ou pelo uso de corticoide ou drogas imunossu-
É a segunda vulvovaginite mais comum, corres- pressoras).
pondendo a um terço dos casos de vulvovaginites. u Infecção pelo HIV.
Estima-se que 75% das mulheres terão pelo menos u Gestação.
um episódio de candidíase vulvovaginal na vida.
Dessas, 5% cursarão com episódios de recorrência
u Obesidade.
(quatro ou mais episódios sintomáticos em um ano). u Hábitos de higiene e vestuário que aumentem a
umidade e o calor local.
Não é considerada uma IST!
u Contato com substâncias alergênicas e/ou irri-
A relação sexual não é a principal forma de trans- tantes (talcos, perfumes, sabonetes ou desodo-
missão, visto que esses microrganismos podem rantes íntimos).
fazer parte da flora vaginal normal em até um terço
das mulheres assintomáticas. É “vista com maior
frequência em mulheres em atividade sexual, pro-
5. Q UADRO CLÍNICO
vavelmente, devido a microrganismos colonizado-
res que penetram no epitélio via microabrasões”
(Ministério da Saúde). Os principais sintomas são:
u Prurido vulvar/vaginal: é o principal sintoma!
127
Vulvovaginites e cervicites Ginecologia
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potássio (KOH 10% elimina os demais elementos
celulares, como células epiteliais, leucócitos e bac-
térias) revela a presença de pseudo-hifas/hifas na
maior parte dos casos.
Fonte: Autor.
Fonte: Autor.
128
Vulvovaginites e cervicites Cap. 4
2ª opção:
BASES DA MEDICINA u Fluconazol 150 mg, VO, dose única
Ou
O pH na candidíase é menor que 4,5.
u Itraconazol 100 mg, 2 comprimidos, VO, duas
vezes ao dia, por um dia.
Cultura: indicada para casos recorrentes, em que
se pesquisam espécies não Albicans. Gestantes:
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balanite e/ou balanopostite, caracterizada por
áreas eritematosas na glande do pênis, prurido
7.1. MINISTÉRIO DA SAÚDE ou irritação, têm indicação de tratamento com
agentes tópicos).
1ª opção: “Outros derivados imidazólicos em creme ou óvulos
u Miconazol creme 2%, via vaginal, aplicador cheio, (clotrimazol creme vaginal 1% ou óvulos 100 mg,
à noite ao deitar-se, por sete dias tioconazol creme vaginal 6,5% ou óvulos 300 mg)
Ou têm eficácia semelhante ao miconazol creme vagi-
nal a 2%, que é a opção terapêutica disponível na
u Nistatina 100.000 UI, uma aplicação via vaginal,
Rename” (2013).
à noite ao deitar-se, por 14 dias.
129
Vulvovaginites e cervicites Ginecologia
Quadro 33 – Tratamento de candidíase vulvovaginal
CANDIDÍASE
TRATAMENTO
VULVOGINAL
Miconazol creme a 2% ou outros derivados imidazólicos, via vaginal, um
aplicador cheio, à noite ao deitar-se, por 7 dias
Primeira opção OU
Nistatina 100.000 UI, uma aplicação, via vaginal, à noite ao deitar-se, por 14
dias
Fluconazol 150mg, VO, dose única
Segunda opção OU
OU
OU
OU
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OU
130 127
Vulvovaginites e cervicites Cap. 4
TRICOMONÍASE
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4. FISIOPATOLOGIA
2. E PIDEMIOLOGIA
131
Vulvovaginites e cervicites Ginecologia
A porcentagem de assintomáticas é alta e chega A transudação inflamatória das paredes vaginais eleva o
pH vaginal e, nesse meio alcalino, pode surgir variada flora
a 50%.
bacteriana patogênica, inclusive anaeróbica; por conse-
Nas sintomáticas: guinte, se estabelece a vaginose bacteriana associada,
que libera as aminas com odor fétido, além de provocar
u Corrimento abundante, amarelado ou amarelo-
bolhas no corrimento vaginal purulento.
-esverdeado, bolhoso. Com odor fétido.
u Prurido e/ou irritação vulvar.
Figura 9. Tricomoníase: colo em morango.
u Dor pélvica (ocasionalmente).
u Sintomas urinários (disúria, polaciúria).
u Dispareunia.
u Sinusorragia.
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Fonte: Autor.
no colo e vagina (Dica: isso é bastante cobrado em
prova). A colpite pode ficar mais evidente após a
aplicação de lugol na colposcopia (aspecto tigroide).
132
Vulvovaginites e cervicites Cap. 4
Amarelo-esverdeado
Corrimento
Odor fétido
Disúria
Abundante
Dispareunia
Prurido vulvar
Dor
Clínica
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TRICOMONÍASE
Exame ginecológico
Hemorragias subepiteliais na
vagina e no colo uterino
Vulvite discreta
Hiperemia difusa
Secreção amarelo-
esverdeada em colo
Colo em aspecto
de framboesa
Fonte: SanarFlix.
133
Vulvovaginites e cervicites Ginecologia
8. TRATAMENTO
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Deve ser sistêmico. Aqui não vale via vaginal.
Fonte: Autor.
u Metronidazol 400 mg, 5 comprimidos, VO, dose
única (dose total de tratamento 2 g), VO, dose única
u O pH vaginal vai aumentar (geralmente entre 5 e 6). Ou
u O teste Whiff (teste das aminas, realizado com u Metronidazol 250 mg, 2 comprimidos, VO, duas
o KOH) será positivo. vezes ao dia, por sete dias.
134
Fonte: DCCI/SVS/MS.
TRICOMONÍASE TRATAMENTO
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mento das gestantes. de forma preferencialmente presencial, com a devida orientação,
b) A tricomoníase vaginal podesolicitação
alterar a classe da
citologia
de exames de outras IST (sífilis, HIV, hepatites B eoncológica. Por isso,
C) e identificação, nos casos em
captação
Observações:
e tratamento de outas parcerias sexuais, buscando a cadeia de transmissão. celulares
que houver alterações morfológicas
u Durante o tratamento com metronidazol, deve-se
e tricomoníase, deve-se realizar o tratamento e
evitar a ingestão de álcool (efeito antiabuse, de- repetir a citologia após três meses, para avaliar
vido à interação de derivados imidazólicos com se as alterações persistem.
álcool, caracterizado por mal-estar,
Particularidades: tricomoníase náuseas,
tonturas e “gosto metálico na boca”).
a. PVHIV: devem ser tratadas 8.2. CDC (EUA)
u Durante o tratamento, deve-se suspender as re- com os esquemas habituais, mas atentar
lações sexuais. para a interação medicamentosa entre o metronidazol e o ritonavir, que
pode elevara amenstruação. Além das
intensidade de náuseas opçõesreduzindo
e vômitos, com metronidazol
a adesãoVO,aosdose única
u Manter o tratamento durante
ou por sete dias, orientam a possibilidade de tini-
u O tratamento da(s) parceria(s) sexual(is), quando
dazol VO dose única.
128 indicado, deve ser realizado de forma preferen-
cialmente presencial, com a devida orientação,
solicitação de exames de outras ISTs (sífilis, HIV,
hepatitesAnexo OCDT_IST_final
B e C) e identificação,(0014125075)
captação e tra- SEI 25000.041466/2020-48 / pg. 130
tamento de outras parcerias sexuais, buscando
a cadeia de transmissão.
135
Vulvovaginites e cervicites Ginecologia
Fisiológica Vaginose
Categoria Candidíase Tricomoníase
(normal) bacteriana
KOH/ whiff test Negativo Positivo (peixe) Negativo Pode estar positivo
Hifas e gêmulas
Trichomonas movendo-
Achados (solução de KOH a 10%,
NA Clue cells se (na preparação
microscópicos preparação úmida salina
úmida salina)
para exame direto)
Fonte: Autor.
VAGINITE DESCAMATIVA
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1. D EFINIÇÃO 3. D IAGNÓSTICO
É um quadro de vaginite purulenta crônica, que u Conteúdo vaginal purulento em grande quantidade.
ocorre na ausência de processo inflamatório cervical u pH vaginal alcalino.
ou do trato genital superior, ou seja, não é decorrente u Microscopia: processo descamativo vaginal in-
de DIP ou cervicite.
tenso, com predomínio das células profundas
(basais e parabasais), flora vaginal com ausência
de lactobacilos (substituição da flora normal por
2. E PIDEMIOLOGIA cocos gram-positivos) e aumento de leucócitos
polimorfonucleares.
É mais comum no período da transição da meno-
pausa.
4. TRATAMENTO
A etiologia é desconhecida, mas a maior parte
das culturas vaginais de portadoras de vaginite
descamativa revelam a presença de estreptococos Clindamicina creme vaginal 2% – 5 g via vaginal
beta-hemolítico. por sete dias.
Pode-se associar também o uso de estrogênio
tópico vaginal diário, por duas semanas, seguido
de manutenção com uma dose semanal.
136
Vulvovaginites e cervicites Cap. 4
VAGINOSE CITOLÍTICA
Corrimento caracterizado por aumento excessivo É muito parecido com o da candidíase vulvovaginal.
de lactobacilos, citólise importante e escassez de
leucócitos.
DIA A DIA MÉDICO
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um processo de citólise das células intermediárias
do epitélio vaginal, com consequente liberação de
substâncias irritativas, provocando o corrimento e u pH vaginal entre 3,5 e 4,5.
a ardência vulvovaginal. u Microscopia com solução salina: aumento sig-
Está associada a situações que elevam as chances nificativo de lactobacilos, citólise (núcleos des-
de aumento de lactobacilos, como: nudos), raros leucócitos, ausência de microrga-
nismos não pertencentes à flora vaginal normal.
u Gestação.
u Fase lútea do ciclo menstrual.
u Diabetes mellitus. 5. TRATAMENTO
137
Vulvovaginites e cervicites Ginecologia
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3. FATORES DE RISCO 5. D IAGNÓSTICO
6. TRATAMENTO
4. Q UADRO CLÍNICO
138
Vulvovaginites e cervicites Cap. 4
CERVICITES
Prestem atenção! Não estamos mais falando de A prevalência é maior em adolescentes e mulhe-
Vulvovaginites e sim de Cervicites! res com menos de 25 anos, pacientes com baixo
nível socioeconômico, multiplicidade de parceiros
sexuais, antecedentes de outras ISTs, parceiro atual
1. D EFINIÇÃO com uretrite e quadros imunossupressores.
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Os agentes etiológicos mais frequentes são Ao exame físico, podem estar presentes dor à mobi-
Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae. lização do colo uterino, material mucopurulento no
orifício externo do colo e sangramento ao toque da
Lembrando que a N. gonorrhoeae é um diplococo espátula ou swab.
gram-negativo intracelular, e a C. trachomatis é um
bacilo gram-negativo intracelular obrigatório. Figura 11. Exame físico de um colo com cervicite.
BASES DA MEDICINA
3. FATORES DE RISCO
Fonte: Brasil.2
139
Vulvovaginites e cervicites Ginecologia
As principais complicações da cervicite por clamídia A infecção por clamídia durante a gravidez poderá estar
relacionada também à prematuridade, rotura prematura
e gonococo, quando não tratadas, incluem doença
das membranas ovulares e endometrite puerperal, além
inflamatória pélvica (DIP), dor pélvica, gravidez de conjuntivite e pneumonia do RN. A conjuntivite por
ectópica e infertilidade. clamídia é bem menos severa e seu período de incubação
varia de 5 a 14 dias.
A frequência relativa da infecção pelos dois agentes
DIA A DIA MÉDICO etiológicos depende da prevalência das IST em gestan-
tes e do uso da profilaxia ocular na primeira hora após
Lembre-se da definição da DIP, em que há infecção do o nascimento, que é efetiva contra N. gonorrhoeae, mas
trato genital feminino superior (acima do orifício interno do frequentemente não é contra C. trachomatis.
colo do útero). Os dois principais agentes são a clamídia
e o gonococo, os mesmos da cervicite!
7. D IAGNÓSTICO
A infecção gonocócica na gestante poderá estar
associada a um maior risco de prematuridade,
rotura prematura das membranas ovulares, perdas Na mulher, diferentemente do homem, a coloração
fetais, retardo de crescimento intrauterino e febre pelo método de gram tem uma sensibilidade de
puerperal. apenas 30%, não sendo indicada.
No RN, a principal manifestação clínica é a con- A cervicite gonocócica pode ser diagnosticada pela
juntivite, podendo ocorrer septicemia, artrite, abs- cultura do gonococo em meio seletivo (Thayer-Mar-
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cessos de couro cabeludo, pneumonia, meningite, tin modificado), a partir de amostras endocervicais.
endocardite e estomatite.
O diagnóstico laboratorial da cervicite causada por
A oftalmia neonatal, definida como conjuntivite puru- C. trachomatis e N. gonorrhoeae pode ser feito por
lenta do RN, ocorre no primeiro mês de vida e pode um método de biologia molecular (NAAT).
levar à cegueira, especialmente quando causada
A captura híbrida é outro método de biologia mole-
pela N. gonohrroeae. Por isso, a doença deve ser
cular; embora menos sensível que os NAAT, e avalia
tratada imediatamente para prevenir dano ocular.
qualitativamente a presença do patógeno.
A imunofluorescência direta tem leitura subjetiva,
sendo que a sensibilidade está aquém do esperado.
Na ausência de laboratório, a principal estratégia
de manejo das cervicites por clamídia e gonorreia
é o tratamento das parcerias sexuais de homens
portadores de uretrite.
140
Vulvovaginites e cervicites Cap. 4
8. TRATAMENTO
Portanto, um esquema para tratar cervicite por clamídia e gonococo e não errar na prova:
u Ceftriaxona IM (para o gonococo) + Azitromicina VO (para a clamídia).
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141
Vulvovaginites e cervicites Ginecologia
Exame ginecológico
(toque e exame especular) Fatores de risco para IST
- Idade abaixo de 30 anos
- Novas ou múltiplas parcerias sexuais
- Parcerias com IST
- História prévia/presença de outra IST
Dor à mobilização do colo uterino, material mucopurulento - Uso irregular de preservativo
no orifício externo do colo, edema cervical e sangramento
ao toque da espátula ou swab?
Sim Não
Ver cervicite
Corrimento vaginal confirmado?
Sim Não
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pH vaginal e/ou KOH a
Sim Não 10% disponível?
Corrimento grumoso ou
eritema vulvar?
Presença de hifas Tratar candidíase
Sim Não
Fonte: Brasil.2
142
Vulvovaginites e cervicites Cap. 4
URETRITE
As uretrites são ISTs caracterizadas por inflamação O corrimento uretral pode ter aspecto que varia de
da uretra acompanhada de corrimento. mucoide a purulento, com volume variável, estando
associado a dor uretral (independentemente da mic-
ção), disúria, estrangúria (micção lenta e dolorosa),
2. AGENTES ETIOLÓGICOS prurido uretral e eritema de meato uretral.
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vas), M. genitalium, vírus do herpes simples adenovírus
e Candida spp., são menos frequentes. Causas traumá- A gonorreia é frequentemente assintomática em
ticas (produtos e objetos utilizados na prática sexual)
mulheres e também quando ocorre na faringe e
devem ser consideradas no diagnóstico diferencial de
corrimento uretral.
reto. A infecção uretral no homem pode ser assin-
tomática em menos de 10% dos casos. Nos casos
sintomáticos, há corrimento (> 80%) e/ou disúria
(> 50%). O período de incubação é cerca de dois a
3. FATORES DE RISCO cinco dias após a infecção.
O corrimento mucopurulento ou purulento é fre-
Os agentes microbianos das uretrites podem ser quente.
transmitidos por relação sexual vaginal, anal e oral. As complicações no homem ocorrem por infecção
Entre os fatores associados às uretrites, foram ascendente a partir da uretra (orquiepididimite e
encontrados idade jovem, baixo nível socioeconô- prostatite).
mico, múltiplos parceiros sexuais, histórico de IST
e uso irregular de preservativos.
BASES DA MEDICINA
143
Vulvovaginites e cervicites Ginecologia
BASES DA MEDICINA
A infecção de faringe, tanto em homens quanto em mulhe-
res, é habitualmente assintomática (> 90%).
Os pacientes com diagnóstico de uretrite devem retornar
ao serviço de saúde entre sete a dez dias após o término
A infecção gonocócica disseminada é rara (< 1%), do tratamento. Os sinais e sintomas persistentes ou
resulta da disseminação hemática a partir das mem- recorrentes de uretrite podem resultar de resistência
bacteriana, tratamento inadequado, não adesão ao tra-
branas mucosas infectadas e causa febre, lesões
tamento e reinfecção.
cutâneas, artralgia, artrite e tenossinovite sépticas.
Pode também causar, raramente, endocardite aguda,
pericardite, meningite e peri-hepatite. Acomete mais
as mulheres, sendo associada à infecção assinto- BASES DA MEDICINA
mática persistente.
Deve-se pesquisar agentes não suscetíveis ao tratamento
4.1.2. Uretrite não gonocócica anterior (T. vaginalis, M. genitalium e U. urealyticum).
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e irritação química (uso de certos produtos lubrificantes
BASES DA MEDICINA e espermicidas), devem ser consideradas no diagnóstico
diferencial de uretrites persistentes.
A infecção por clamídia no homem é responsável por
aproximadamente 50% dos casos de uretrite não gonocó-
cica. A transmissão ocorre pelo contato sexual, sendo o
período de incubação de 14 a 21 dias. Estima-se que dois 5. D IAGNÓSTICO
terços das parceiras estáveis de homens com uretrite não
gonocócica hospedem a C. trachomatis na endocérvice.
Podem reinfectar seu parceiro sexual e desenvolver quadro O diagnóstico das uretrites pode ser realizado com
de DIP se permanecerem sem tratamento. base em um dos seguintes sinais e sintomas ou
achados laboratoriais:
u Drenagem purulenta ou mucopurulenta ao exa-
BASES DA MEDICINA me físico.
u Bacterioscopia pela coloração gram de secreção
mucoides, discretos, com disúria leve e intermitente. uretral, apresentando > 5 polimorfonucleares
A uretrite subaguda é a forma de apresentação de cerca (PMN) em lâmina de imersão. A coloração de
de 50% dos pacientes com uretrite causada por C. tracho- gram é preferível por se tratar de método rápi-
matis. Entretanto, em alguns casos, os corrimentos das
do para o diagnóstico de gonorreia em homens
uretrites não gonocócicas podem simular, clinicamente,
os da gonorreia. sintomáticos com corrimento uretral. A infecção
gonocócica é estabelecida pela presença de di-
plococos gram-negativos intracelulares em leu-
cócitos polimorfonucleares.
144
Vulvovaginites e cervicites Cap. 4
u Teste positivo de esterase leucocitária na urina A captura híbrida é outro método de biologia mole-
de primeiro jato ou exame microscópico de se- cular. Embora menos sensível que os NAAT, avalia
dimento urinário de primeiro jato, apresentando qualitativamente a presença do patógeno.
> 10 PMN por campo.
A cultura para a N. gonorrhoeae em meio seletivo
de Thayer-Martin ou similar também é eficaz.
Se nenhum dos critérios acima estiver presente, a
pesquisa de N. gonorrhoeae e C. trachomatis pode A imunofluorescência direta tem leitura subjetiva e
ser realizada pelos NAAT, métodos de biologia mole- baixa sensibilidade.
cular que têm elevada sensibilidade e especificidade.
6. TRATAMENTO
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não gonocócicas NÃO + — —
complicadas (uretra, colo Azitromicina, 500 mg,
de útero, reto e faringe). 2 cp, VO, dose única.
Uretrite por Thichomonas Metronidazol, 250 mg, 2 cp, Clindamicina, 300 mg,
—
vaginalis VO, 2x ao dia, por 7 dias. VO, 2x ao dia, por 7 dias.
Fonte: Brasil.2
Portanto, um esquema para tratar uretrite por clamídia e gonococo e não errar na prova:
u Ceftriaxone IM (para o gonococo) + Azitromicina VO (para a clamídia).
145
Vulvovaginites e cervicites Ginecologia
Sim Não
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Sinais e sintomas persistem após 7 dias?
Não Sim
Não Sim
Alta
Referenciar ao serviço especializado
Fonte: Brasil.2
146
Vulvovaginites e cervicites Cap. 4
Vulvovaginites
Secreção Vaginose
Candidíase Tricomoníase
normal bacteriana
Corrimento
Critérios de Amsel Tratamento amarelo‑esverdeado
(3 / 4)
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pH > 4,5
Fluconazol
pH > 4,5
Tratamento
Clue cells
Metronidazol
147
Vulvovaginites e cervicites Ginecologia
REFERÊNCIAS
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Vulvovaginites e cervicites Cap. 4
QUESTÕES COMENTADAS
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(SECRETÁRIA DE ESTADO DE SAÚDE DE SÃO PAULO – SP – 2021) em mulheres sexualmente ativas, provavelmente
Atualmente, vários métodos diagnósticos podem devido a microrganismos colonizadores que pe-
ser empregados para detectar gonorreia e clamí- netram no epitélio por meio de microabrasões.
dia, dentre eles: ⮩ Os parceiros sexuais não precisam ser trata-
dos, exceto os sintomáticos (pequena parcela
⮦ ensaios de Amplificação de Ácidos Nucleicos
do sexo masculino pode apresentar balanite
– PCR, Captura híbrida e a Sorologia (ELISA).
e/ou balanopostite, caracterizadas por áreas
⮧ teste das uretrites, cultura a partir de amostra eritematosas na glande do pênis, prurido ou
vaginal e exame a fresco da secreção uretral ou irritação, têm indicação de tratamento com
endocervical. agentes tópicos).
⮨ toque vaginal, pH vaginal, palpação do abdome
(DB) e urina tipo 1.
Questão 4
⮩ urocultura colhida com sonda, cistoscopia, ure-
troscopia e bacterioscopia da urina. (HOSPITAL MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – SP – 2018)
⮪ biópsia do colo uterino, citologia oncológica, Para o parceiro sexual de mulher com candidíase
colposcopia e anatomia patológica. aguda, é indicado:
149
Vulvovaginites e cervicites Ginecologia
Questão 5 Questão 7
(HOSPITAL MILITAR DE ÁREA DE SÃO PAULO – SP – 2018) Nulí- (HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE JUNDIAÍ – SP – 2018) De acordo
para, 25 anos de idade, procura a Unidade Básica com os critérios de Amsel, os achados diagnósticos
de Saúde (UBS) com queixa de corrimento vaginal de vaginose bacteriana são aqueles que constam
branco, inodoro e intermitente há 1 ano. Nega pru- nas seguintes afirmativas:
rido. Relata ser sexualmente ativa e usar preserva-
I. Descarga ou corrimento vaginal;
tivo masculino como método anticoncepcional. Ao
exame ginecológico, apresenta pequena quantidade II. Presença de células-guia na microscopia a
de conteúdo vaginal de coloração branca; pH va- fresco;
ginal = 4,5; exame microscópico: leucócitos +/4+, III. pH vaginal < 4,5;
presença de bacilos gram-positivos e raros cocos IV. Teste das aminas positivo;
gram-positivos. O diagnóstico provável é:
As assertivas corretas são aquelas que constam
⮦ Conteúdo vaginal fisiológico. na alternativa:
⮧ Vaginite por monília. ⮦ I, II, III e IV.
⮨ Vaginite citolítica. ⮧ I e III.
⮩ Alergia ao látex. ⮨ II, III e IV.
⮪ Tricomoníase. ⮩ I, II e IV.
Questão 6 Questão 8
(HOSPITAL CASA DE PORTUGAL – 2018) Na vaginose bac- (UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA – SP – 2018) Mulher de
teriana, observa-se o desequilíbrio da flora vaginal
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37 anos relata corrimento vaginal amarelado e es-
normal, devido ao aumento exagerado de bactérias pesso, prurido vulvovaginal intenso e ardência mic-
anaeróbias, como Gardnerella vaginalis, Bacteroides cional. Está no 24º dia do ciclo menstrual, nega uso
sp., Mobiluncus sp., Mycoplasma, Peptostreptococ- de método contraceptivo e afirma não ter relações
cus sp. e diminuição importante dos lactobacilos. sexuais há 6 meses. Ao exame ginecológico, apre-
Neste caso, o quadro clínico observado é: sentou vulvite intensa, conteúdo vaginal aumentado,
⮦ Prurido genital, associado a corrimento branco, bifásico, teste das aminas negativo e pH 4,4. Bacte-
grumoso e com aspecto de “leite coalhado” ade- rioscopia do conteúdo vaginal mostrada a seguir:
rido à parede vaginal.
⮧ Corrimento vaginal branco-acinzentado, com
odor fétido, mais acentuado depois do coito e
no período menstrual.
⮨ Corrimento abundante amarelo-esverdeado, bo-
lhoso e com odor fétido associado a processo
inflamatório importante (na vagina e no colo do
útero).
⮩ Fluxo vaginal transparente ou branco, inodoro,
homogêneo ou pouco grumoso. O pH vaginal é
normal, e o teste das aminas negativo.
150
Vulvovaginites e cervicites Cap. 4
⮦ Hifas e esporos.
Questão 9 ⮧ Protozoário flagelado.
⮨ Cariomegalia.
(HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE GOIÁS – GO – 2013) Uma grande
variedade de microrganismos pode infectar o trato ⮩ Leveduras.
genital feminino. Infecções por Candida, Trichomo- ⮪ Clue cells.
nas e Gardnerella são muito comuns e podem cau-
sar desconforto significativo, mas habitualmente
sem sequelas. Quanto a estas infecções, pode-se Questão 11
afirmar o seguinte: (ASSOCIAÇÃO DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE OURI-
⮦ A infecção genital por vírus Herpes simplex é NHOS) É patógeno intracelular e, portanto, não causa
comum e acomete, em ordem de frequência, o vulvovaginite:
colo do útero, a vagina e a vulva. É facilmente ⮦ Clamidia.
diagnosticada na colpocitologia pelo achado
⮧ Trichomonas.
das células do tipo “olho de coruja”.
⮨ Gardnerela.
⮧ O molusco contagioso é uma infecção por pa-
ramixovírus, que compromete pele e mucosas. ⮩ Cândida albicans.
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O diagnóstico definitivo é estabelecido pelo exa-
me histopatológico com o achado de inclusões
Questão 12
intranucleares de partículas virais, formando
uma massa basofílica. (HOSPITAL OFTALMOLÓGICO DE BRASÍLIA – DF) Ao adicionar
⮨ As leveduras de Candida fazem parte da micro- hidróxido de potássio a 10% ao corrimento vaginal,
flora vaginal normal. A candidíase ocorre quando a liberação de odor de peixe podre ocorre devido
há um desequilíbrio nesse ambiente microbiano. à liberação de:
O diagnóstico etiológico conclusivo da infecção
⮦ amônia.
pode ser confirmado pela colpocitologia, pelo
achado de hifas (pseudo-hifas) com brotamen- ⮧ cloreto de sódio.
tos (leveduras) laterais. ⮨ cadaverina e putrescina.
⮩ A infecção por Trichomonas vaginalis, protozoá- ⮩ ureia.
rio flagelado, pode ser assintomática, sendo o
diagnóstico estabelecido pela colpocitologia, já
Questão 13
que o agente morre rapidamente após a coleta
e não é observado no exame a fresco ou direto. (HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES – UFRN) O controle
das infecções sexualmente transmissíveis que se
manifestam como endocervicite ainda configuram
Questão 10
um importante problema de saúde pública, visto que
(HOSPITAL DAS FORÇAS ARMADAS – 2015) Uma paciente a grande parte das mulheres com essas infecções
de 24 anos de idade, G2PN2A0, consultou-se com tem sintomatologia pobre ou ausente. A leucorreia
ginecologista em virtude de queixa de leucorreia. vaginal pode ser a única manifestação clínica, antes
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Vulvovaginites e cervicites Ginecologia
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⮨ Candida albicans, fluconazol oral.
⮩ Vulvogaginites e Cervicite.
Questão 15
⮦ Do endocérvice
⮧ Do fundo de saco vaginal ⮦ metronidazol
⮨ Do introito vaginal ⮧ corticosteroide
⮩ Periuretral ⮨ estrogênio
⮪ Perianal ⮩ clotrimazol
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Vulvovaginites e cervicites Cap. 4
Questão 17
⮦ HPV.
⮧ Fungos
⮨ Clamidia trachomatis.
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⮩ Trichomonas.
⮪ Gardnerella vaginalis.
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Vulvovaginites e cervicites Ginecologia
GABARITO E COMENTÁRIOS
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Alternativa A: INCORRETA. A via sexual não é a prin-
Comentário: Os quadros clínicos da infecção pela
cipal forma de transmissão da candidíase vulvova-
clamídia e gonorreia podem ser bastante semelhan-
ginal, uma vez que, segundo livros didáticos recen-
tes, o que leva à investigação em conjunto dos dois
tes, esse fungo é um comensal encontrado na flora
agentes e costumeiramente ao tratamento também
vaginal endógena em 30% das mulheres saudáveis
das duas afecções. O diagnóstico laboratorial da
e assintomáticas, mesmo as celibatárias. Por isso,
cervicite causada por Chlamydia trachomatis e Neis-
a candidíase vulvovaginal é classificada como uma
seria gonorrhoeae pode ser feito mediante técnicas
doença “eventualmente de transmissão sexual”.
de biologia molecular, como o PCR, captura híbrida
e ELISA, métodos de escolha para todos os casos, Alternativa B: CORRETA. Aproximadamente 85% dos
sintomáticos e assintomáticos. casos são causados por Candida albicans, e o res-
Alternativa A: CORRETA. tante por outras espécies não albicans. O que ex-
plica a maior prevalência da Candida albicans em
Alternativa B: INCORRETA. Os agentes em questão
relação às outras espécies é a maior capacidade
não costumam crescer em meios de cultura con-
de aderência às células vaginais.
vencionais, sendo necessário o uso de cultura em
meio seletivo (Thayer-Martin modificado). Na mu- Alternativa C: CORRETA. De acordo com o protocolo
lher, diferentemente do homem, o exame a fresco do Ministério da Saúde de 2015, sobre as Infecções
com coloração de Gram tem uma sensibilidade de Sexualmente Transmissíveis (IST), as microabrasões
apenas 30%, não sendo indicado. e os microrganismos colonizadores do epitélio em
Alternativa C: INCORRETA. Testes que poderiam dife- mulheres sexualmente ativas têm maior relação
renciar vulvovaginites, cistites ou até mesmo DIP, com a candidíase vulvovaginal.
por exemplo, mas não identificariam diretamente Alternativa D: CORRETA. Nos casos de candidíase
os agentes etiológicos. vulvovaginal recorrente há menção no protocolo do
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Vulvovaginites e cervicites Cap. 4
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As características da secreção vaginal fisiológica
✔ resposta: D
normal são: cor branca ou incolor, aspecto fluido,
inodora, volume variável de acordo com a fase do Questão 9 dificuldade:
ciclo menstrual. É formada por transudato, muco
cervical, células vaginais descamadas, leucócitos Alternativa A: INCORRETA. A infecção pelo herpes-ví-
e microrganismos. Dentre os microrganismos en- rus simples acomete principalmente a região vul-
contrados, podemos encontrar bactérias gram-po- var, e não o colo do útero. Seu diagnóstico clínico
sitivas, sendo, principalmente, os Lactobacillus. é bastante sensível, mas pode ser confirmado pelo
citodiagnóstico de Tzanck (não é específico) com
✔ resposta: A
visualização de células multinucleadas e massa
basofílica, e pela coloração de Papanicolaou, que
Questão 6 dificuldade: pode detectar inclusões virais. Células do tipo “olho
de coruja” sinalizam uma infecção por citomegalo-
Comentário: Na vaginose bacteriana, observa-se uma vírus, e não herpes-vírus.
mudança na flora vaginal. Há diminuição dos lacto-
Alternativa B: INCORRETA. O erro da alternativa está
bacilos e aumento de bactérias anaeróbias, sendo
na etiologia causal da doença, que é um poxvírus,
a principal delas a Gardnerella vaginalis. A secre-
e no diagnóstico, que deve ser predominantemente
ção vaginal típica dessa patologia é um corrimen-
clínico, uma vez que apresenta lesões bem caracte-
to branco-acinzentado, com odor fétido, que piora
rísticas, com pápulas umbilicadas, pequenas, com
após coito e no período menstrual.
depressão central, rosadas e peroladas, de base le-
✔ resposta: B vemente hiperemiadas. Tais lesões são múltiplas e
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Vulvovaginites e cervicites Ginecologia
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✔ resposta: C ducreyi é agente causador do cancro mole.
Alternativa D: INCORRETA. Agentes causadores da
tricomoníase e da donovanose, respectivamente.
Questão 10 dificuldade:
✔ resposta: A
Comentário: O achado típico da vaginose bacteriana
no exame a fresco são as clue cells ou células-alvo/
Questão 14 dificuldade:
células-guia, que correspondem a células epiteliais
com a membrana recoberta por bactérias aderidas Alternativa A: CORRETA. A tricomoníase se apresenta
à sua membrana. A bactéria mais comumente en- com um corrimento amarelo-esverdeado, de odor
volvida nesse processo é a Gardnerella vaginalis. desagradável, associado a sinais de irritação vulvar
✔ resposta: E como prurido, dispaurenia, além de colpite focal
com aspecto de colo em “morango” e pH vaginal
maior que 4,5. O tratamento pode ser feito com
Questão 11 dificuldade: metronidazol via oral.
Alternativa B: INCORRETA. A vaginose bacteriana
Comentário: A Clamidia é um patógeno intracelular,
cursa com corrimento fino, de coloração branco-a-
sendo capaz de causar cervicites/uretrites, mas
cinzentada, odor fétido e pH maior que 4,5, porém
não vulvovaginites. Inclusive, sua pesquisa é rea-
não apresenta sinais e sintomas inflamatórios exu-
lizada por PCR.
berantes. O seu tratamento também pode ser feito
✔ resposta: A com metronidazol oral.
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Vulvovaginites e cervicites Cap. 4
Questão 15 dificuldade:
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Questão 16 dificuldade:
Questão 17 dificuldade:
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Fixe seus conhecimentos!
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158
Capítulo
DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA
5
importância/prevalência
u É uma IST em mais de 90% dos casos! Lembrar dos agentes causadores (Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia
trachomatis) e dos fatores de risco!
u Atentar para os critérios clínicos para realizar o diagnóstico (dor à mobilização de colo uterino, dor à pal-
pação anexial e dor em hipogástrio).
u Relembrar os principais diagnósticos diferenciais. Isso é muito comum na vida prática! Você irá se lembrar
desse capítulo nos plantões de Pronto-Socorro.
u Para memorizar o tratamento, lembre-se da dica do Prof. Mauricio Kitamura: DIP é Coisa Do Mal.
u Complicações agudas – abscesso tubo-ovariano e Síndrome Fitz-Hugh-Curtis (fase aguda) – e tardias:
infertilidade, gestação ectópica, dor pélvica crônica e síndrome de Fitz-Hugh-Curtis (fase crônica).
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trite, salpingite, ooforite, abscesso tubo-ovariano e
peritonite pélvica.
A doença inflamatória pélvica (DIP) é uma infecção
do trato genital feminino superior (acima do orifício Figura 2. DIP tem acometimento acima
interno do colo do útero), envolvendo útero, tubas do orifício interno do colo do útero.
e ovários. Pode afetar também peritônio e órgãos
abdominais adjacentes.
Essa propagação ocorre de forma direta do colo
para os órgãos superiores e pode ser observada
no esquema a seguir.
Fonte: Autor.
Fonte: FEBRASGO.1
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Doença inflamatória pélvica Ginecologia
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Organismos endógenos
Bactérias facultativas
BASES DA MEDICINA
Escherichia coli
Outras bactérias anaeróbias facultativas que fazem parte Gardnerella vaginalis
da flora vaginal normal, como Gardnerella vaginalis, Hae- Haemophilus influenzae
mophilus influenzae e Streptococcus agalactiae, também Steptococcus spp. e agalactiae
podem ser encontradas. Outros microrganismos encon-
Fonte: Brasil.2
trados são: Mycoplasma hominis, Ureaplasma urealyticum,
Mycoplasma genitalium e cytomegalovirus (CMV).
160
Doença inflamatória pélvica Cap. 5
Endométrio
Tubas uterinas
DOENÇA
INFLAMATÓRIA
PÉLVICA
Ovários
Advindos do trato
Estruturas contiguas genital inferior
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Infecção do trato Ascensão de
Síndrome clínica
genital superior micro-organismos
Curetagem
Fonte: SanarFlix.
161
Doença inflamatória pélvica Ginecologia
Por ser uma IST (para a maior parte dos casos), ter Como já citamos anteriormente, a DIP vai aparecer
atividade sexual sem proteção (métodos de barreira) após a ascensão de microrganismos pelo orifício
é um dos principais fatores de risco. interno do colo do útero.
Alguns estudos mostram uma prevalência maior
em adolescentes, pacientes com baixo nível socioe-
conômico, multiplicidade de parceiros sexuais, BASES DA MEDICINA
antecedentes de outras ISTs, parceiro atual com
uretrite e quadros imunossupressores. A ascensão dos microrganismos é favorecida por varia-
ções hormonais do ciclo menstrual. O muco cervical
Porém, vale reforçar que qualquer paciente com durante o fluxo menstrual tem menor efeito bacteriostático,
atividade sexual presente tem chance de ter DIP. e a menstruação retrógrada pode favorecer a ascensão
dos agentes. Características imunológicas de cada indi-
Considerando os casos não IST, procedimentos que
víduo também podem contribuir para a disseminação
envolvam qualquer manipulação na cavidade ute- da infecção.
rina, como a Histeroscopia e a Curetagem Uterina,
constituem fatores de risco.
Estima-se um caso de DIP para cada oito a dez
casos de pacientes com cervicite.
4.1. DIP E DIU
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aumentado de DIP em comparação com mulheres Procedimentos que envolvam a manipulação no trato geni-
que não usam contraceptivos ou que utilizam outros tal superior, como Curetagem, Histeroscopia e Inserção de
métodos”. DIU, podem propiciar essa ascensão de microrganismos.
162
Doença inflamatória pélvica Cap. 5
Utilização de
duchas vaginais
⬇ Cuidados
Histeroscopia
médicos
⬇ Efeito bacteriostático
Curetagem ⬆ Ascensão bacteriana Hábitos de higiene
do muco cervical deficientes
Múltiplos
Partos recentes
Menstruação Período parceiros
retrógrada menstrual
Relação sexual
Abortos
desprotegida
Antecedentes Vulnerabilidade
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ginecológicos e socioeconômica
obstétricos Epidemiologia
Mulheres jovens
Histórico pessoal
pregresso 15 – 24 anos
DIP
Neisseria gonorrhoeae
Fonte: SanarFlix.
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Doença inflamatória pélvica Ginecologia
6. Q UADRO CLÍNICO
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Em resumo, os sintomas e sinais mais frequentes
são:
u Dor pélvica: aguda ou insidiosa.
u Corrimento vaginal: purulento, com ou sem odor
fétido.
u Dispareunia: de profundidade.
u Náuseas e vômitos: surgem quase sempre quan-
do há acometimento peritonial (abscessos tubo-
-ovarianos).
u Febre e calafrios: relacionados à presença de
abscesso.
u Sangramento Uterino: presente particularmente
em 1/3 das pacientes, sendo as mais acometi-
das as jovens e com envolvimento endometrial.
u Dor à mobilização uterina e palpação dos anexos.
u Tensão abdominal nos quadrantes inferiores do
abdome, distensão abdominal e ausência ou di-
minuição dos ruídos hidroaéreos.
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Doença inflamatória pélvica Cap. 5
Insidioso / Oligossin-
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Agudo Assintomático Sintomático
crônico tomático
Quadro
clínico
Complicações Início
Durante ou após
Síndrome de Fitz-Hugh-Curtis
a menstruação
Dias ou semanas
Abcesso tubo-ovariano
pós contato com ist
Hidrossalpinge
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Doença inflamatória pélvica Ginecologia
Infelizmente, não temos nenhum teste definitivo e con- O profissional de saúde deverá realizar a aferição
clusivo para o diagnóstico da DIP. dos sinais vitais, o exame abdominal completo,
o exame especular vaginal e o exame bimanual.
Nenhum achado isolado de história, exame físico Lembrando que o exame especular vaginal deve
ou exame laboratorial é sensível e específico o incluir a inspeção do colo do útero para verificar se
suficiente para fechar o diagnóstico de DIP. ele está friável e se existe a presença de corrimento
mucopurulento cervical. Além disso, no exame
O diagnóstico nem sempre é tão simples devido à bimanual, não pode faltar a mobilização do colo e
variedade de sinais e sintomas associados a essa palpação dos anexos.
condição. Muitas pacientes com DIP têm sintomas
sutis, não específicos ou são até mesmo assinto-
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máticas. DIA A DIA MÉDICO
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Doença inflamatória pélvica Cap. 5
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como hiperemia e edema de tubas, fímbrias al-
7.2.3. Critérios elaborados
teradas e aderências pélvicas.
u Evidência histopatológica de endometrite. u Imagem (USGTV/TC/RM): espessamento das
u Presença de abscesso tubo-ovariano ou de fun- tubas, líquido nas tubas, abscesso tubo-ovaria-
do de saco de Douglas em estudo de imagem. no ou doppler sugerindo infecção pélvica (hipe-
remia de tubas).
u Laparoscopia com evidência de DIP.
Figura 3. Hiperemia e edema de tuba
7.3. CDC (EUA) uterina; fímbrias distorcidas.
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Doença inflamatória pélvica Ginecologia
Figura 4. Exame de USG – tuba dilatada e com conteúdo líquido em seu interior.
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sivo no diagnóstico de complicações relaciona-
exame físico podem fazer o diagnóstico de DIP.
das à DIP, como abscesso tubo-ovariano, além
Sempre que possível, deve-se realizar os exames
de avaliar outros diagnósticos diferenciais, como
complementares, principalmente em casos duvi-
cistos ovarianos e torção de ovário. O principal
dosos.
achado ultrassonográfico na DIP é a presença de
Os exames laboratoriais e de imagens citados abaixo uma fina camada líquida preenchendo a trompa,
são de auxílio no diagnóstico da DIP: com ou sem a presença de líquido livre na pelve.
u Hemograma completo. USG de abdômen total pode ser utilizada para
u VHS. avaliar a possibilidade de outros diagnósticos
diferenciais, como apendicite. TC (tomografia
u Proteína C-reativa.
computadorizada) ou RM (ressonância magné-
u Exame bacterioscópico para vaginose bacteriana. tica) de abdômen e pelve são outros exames de
u Cultura de material de endocérvice com antibio- imagem utilizados.
grama ou NAAT para N. gonorrhoeae. u Biópsia de endométrio: para avaliar presença de
u Pesquisa de clamídia no material de endocérvi- endometrite (lembrar que esse resultado não é
ce, uretra, laparoscopia ou punção do fundo de imediato).
saco posterior. u Sorologias para sífilis, HIV, hepatite B e C. Outras
u Exame qualitativo de urina e urocultura (para ISTs podem ser pesquisadas (não necessaria-
afastar hipótese de infecção do trato urinário). mente em pronto-socorro).
u Hemocultura.
168
Doença inflamatória pélvica Cap. 5
CRITÉRIOS MAIORES:
• Dor no hipogástrio;
• Dor à palpação dos anexos;
Queixa • Dor à mobilização de colo uterino.
de dor
CRITÉRIOS MENORES:
abdominal
• Temperatura axilar>37,5’C ou
baixa ou dor temperatura retal>38,3’C;
História clínica: avaliar práticas pélvica • Conteúdo vaginal ou secreção
sexuais e fatores de risco para endocervical anormal;
IST. Inserção de DIU ou biópsia • Massa pélvica;
de endométrio ou curetagem, • Mais de cinco leucócitos por
entre outros. Uso de tampões Anamnese e exame campo de imersão em material de
e duchas vaginais. Vaginites ginecológico (toque vaginal endocérvice;
e vaginoses recorrentes. • Leucocitose em sangue periférico;
e exame especular)
• Proteína C reativa ou velocidade
de hemossedimentação (VHS)
elevada;
Sangramento vaginal • Comprovação laboratorial de
Sim ou atraso menstrual ou infecção cervical por gonococo,
parto/aborto recente? clamídia ou micoplasma.
CRITÉRIOS ELABORADOS:
Não • Evidência histopatológica de
endometrite;
• Presença de abscesso tubo-o-
Quadro abdominal grave: variano ou de fundo de saco de
Douglas em estudo de imagem;
defesa muscular ou dor à • Laparoscopia com evidência de
Sim palpação ou temp. axilar > 37,5°c DIP.
ou temp. retal > 38,3°c?
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Não
Investigar outras causas
Sim
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Doença inflamatória pélvica Ginecologia
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u Estágio 3 – Salpingite aguda com oclusão tubária
A necessidade de hospitalização deve ser baseada
ou comprometimento tubo-ovariano (abscesso
em alguns critérios, como os da Ministério da Saúde:
tubo-ovariano).
u Abscesso tubo-ovariano.
u Estágio 4 – Abscesso tubo-ovariano roto com
secreção purulenta na cavidade ou abscesso
u Gestação.
maior que 10 cm. u Estado geral grave, com náuseas, vômitos e febre.
u Paciente que não conseguiu tolerar medicação
por via oral em casa.
11. TRATAMENTO u Ausência de resposta clínica após 72 horas do
início do tratamento com ATB oral.
u Dificuldade em exclusão de emergência cirúrgica
DICA
Recomenda-se que, por menor que (apendicite, gravidez ectópica).
seja a suspeita, o tratamento seja iniciado
o quanto antes. 11.1. TRATAMENTO PELO
MINISTÉRIO DA SAÚDE
170
Doença inflamatória pélvica Cap. 5
Ceftriaxona 1 g, EV, 1x
ao dia, por 14 dias. Clindamicina 900 mg, EV,
Ampicilina/Subactam 3 g,
+ 3x ao dia, por 14 dias.
EV, de 6/6h, por 14 dias.
Doxiciclina*, 100 mg, 1 cp, +
Hospitalar +
VO, 2x ao dia, por 14 dias. Gentamicina, 3-5 mg/
Doxiciclina*, 100 mg, 1 cp,
+ Kg/dia, 1x ao dia, IM
VO, 2x ao dia, por 14 dias.
Metronidazol, 400 mg, ou EV, por 14 dias.
EV, 2x ao dia.
O uso parenteral deverá ser suspenso 24h após a cessação dos sintomas, e a continuação terapêutica antimicrobiana
deve se estender até 14 dias.
Orientar sobre não usar bebidas alcoólicas durante e após o uso de metronidazol para evitar efeito dissuflan (antiabuse)
símile.
* É contraindicada na gestação.
Fonte: Brasil.2
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A melhora clínica das pacientes com DIP deverá 11.2. TRATAMENTO CIRÚRGICO
acontecer após 72 horas do início do ATB. Se hou-
ver piora do quadro, considerar outros exames de
imagem, como ressonância nuclear magnética ou DIA A DIA MÉDICO
171
Doença inflamatória pélvica Ginecologia
* Um estudo retrospectivo israelense criou um score u Devem ser colhidas sorologias para IST (com
para pacientes admitidas com abscesso tubo-ova- consentimento).
riano. Esse score levava em consideração a idade u Parceiros sexuais dos últimos 60 dias devem ser
da paciente, o maior diâmetro do abscesso, se ele avaliados e preferencialmente tratados para cla-
era uni ou bilateral e se havia leucocitese. Ele seria mídia e gonococo, sendo sintomáticos ou não.
capaz de predizer a falha no tratamento clínico Recomenda-se ceftriaxona 500 mg IM associa-
das pacientes. O fator isolado mais importante foi da à azitromicina 1 g VO, ambas em dose única
o tamanho do abcesso (maior diâmetro ≥ 7 cm). (Ministério da Saúde).
u Ministério da Saúde: Enfatizar o uso de métodos
11.3. T
RATAMENTO EM contraceptivos de barreira.
PACIENTES COM DIU
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W Não precisa ser removido. Isso só deverá acon- do abcesso é o seu rompimento e a ocorrência
tecer caso a paciente não apresente melhora de um possível choque séptico.
após 48 até 72 horas de tratamento. u Síndrome Fitz-Hugh-Curtis (fase aguda): corres-
ponde a uma peri-hepatite que causa dor no hi-
11.4. TRATAMENTO EM PACIENTES pocôndrio direito e pode resultar de salpingites
IMUNOCOMPROMETIDAS agudas pelo gonococo ou clamídia.
u A infecção pode se tornar crônica, caracteriza-
Comportamento similar às pacientes com imunidade da por exacerbações e remissões intermitentes.
normal, apenas com a ressalva de que desenvolvem
mais facilmente abscesso tubo-ovariano, mere- 13.2. TARDIAS
cendo, portanto, maior cuidado, sem necessidade
de internação. 13.2.1. Infertilidade
172
Doença inflamatória pélvica Cap. 5
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Fonte: Autor.
13.2.5. Hidrossalpinge
Geralmente assintomática, corresponde à obstru- não purulento, podendo causar pressão pélvica,
ção das fímbrias e distensão tubária com líquido dor pélvica crônica, dispareunia e/ou infertilidade.
173
174
Ceftriaxona 500mg,
IM, dose única Espontânea
Micro-organismos do Dor no hipogástrio
Doxiciclina 100mg, trato genital inferior
VO, 2x/dia/14 dias Devido à manipulação Dor à palp. anexos
causada por
Metronidazol 250mg,
Trato genital superior Critérios maiores Dor à mob. de colo
2 cp, VO, 2x/dia/14 dias
que acomete o
Doença inflamatória pélvica
1ª linha
Metronidazol 400mg, PCR ou VHS elevados
IV, de 12/12h 3+1
Síndrome clínica
Doxiciclina 100mg, Ambulatorial Infecção comprovada
VO, 2x/dia/14 dias Critérios menores
Hospitalar +5 leuc/campo em sg periférico
Ceftr 1g, IV,
1x/dia/14 dias
Doença Massa pélvica
1ª linha Tratamento inflamatória Diagnóstico
pélvica Tax>37,5°C/Tret>38,3°C
OU 1
Secr. endocervical anormal
DIP retrógrada
Múltiplos parceiros
Neisseria gonorrhoeae
Vaginites e vaginoses
⬇ Efeito bacteriostático Relação sexual desprotegida
⬆ Ascensão bacteriana
do muco cervical
Mapa mental. Para o manejo clínico de DIP do Ministério da Saúde
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Doença inflamatória pélvica Cap. 5
REFERÊNCIAS
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175
Doença inflamatória pélvica Ginecologia
QUESTÕES COMENTADAS
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computadorizada [TC] ou ressonância magné-
tica [RM]). (HOSPITAL MEMORIAL ARTHUR RAMOS – 2017) Aponte a al-
⮨ Se a mulher for usuária de dispositivo intrauteri- ternativa que NÃO é considerada uma característica
no (DIU), é consenso estabelecer a sua retirada da síndrome de Fitz-Hugh-Curtis.
imediata.
⮦ Causada pela Neisseria gonorroeae.
⮩ Os principais critérios que indicam hospitali-
zação são o diagnóstico incerto, a suspeita de ⮧ É complicação grave de DST.
abscesso tubo-ovariano, quadro clínico grave e ⮨ O tratamento de escolha é metronidazol por
ser usuária de DIU. via oral.
⮩ As lesões são classicamente chamadas de “cor-
Questão 2 da de violino”.
176
Doença inflamatória pélvica Cap. 5
⮨ Dor pélvica crônica, hidrossalpinge e infertilidade vaginal é muito doloroso e não é possível fazer uma
são complicações tardias da DIP. boa avaliação da região da pelve. Exames laborato-
⮩ A quinta década de vida é o período mais comum riais: 1) β-HCG: negativo; 2) hemograma: leucócitos
de acometimento. = 10.500/mL, Hb = 10,1 g/dL, Ht = 37%. A imagem
mais representativa da ultrassonografia transvagi-
⮪ Durante o período menstrual diminuem as chan- nal está mostrada abaixo. A descrição dos achados
ces de contaminação. principais está na legenda da imagem. Com base
nas informações descritas, assinale a alternativa
Questão 5
que contemple o diagnóstico mais provável e a
melhor opção terapêutica.
(SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO – SP – 2021) Uma
paciente de 28 anos de idade, com queixa de dor
pélvica há uma semana, associada à leucorreia e
febre há dois dias, refere vida sexual ativa, em uso
regular de anticoncepcional oral combinado. Ao
exame físico, encontrava-se em bom estado geral,
normotensa e normocárdica. Abdome inocente.
Ao especular, presença de secreção endocervical
purulenta e, ao toque vaginal, dor à mobilização do
colo. Com base nesse caso hipotético, para estabe- ⮦ Abscesso tubo-ovariano; antibiótico terapia en-
lecimento do diagnóstico, constitui critério maior, dovenosa hospitalar.
segundo o Ministério da Saúde o(a) ⮧ Corpo lúteo hemorrágico; analgesia e observa-
ção hospitalar.
⮦ evidência histopatológica de endometrite.
⮨ Torção de ovário; laparoscopia com preserva-
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⮧ comprovação laboratorial de cervicite por gono-
ção do anexo.
coco, clamídia ou micoplasma.
⮩ Tumor anexial provavelmente maligno; ooforec-
⮨ presença de abscesso tubo-ovariano à ultras-
tomia e estadiamento.
sonografia.
⮩ conteúdo vaginal ou a secreção endocervical
anormal. Questão 7
⮪ dor à mobilização do colo uterino. (USP – SP – 2020) Paciente de 21 anos com dor abdo-
minal em hipogástrio e fossas ilíacas há 2 dias,
com piora progressiva e febre medida de 38°C. Ao
Questão 6 exame ginecológico apresenta conteúdo vaginal
acinzentado e bolhoso; ao toque vaginal apresenta
(USP/RIBEIRÃO PRETO – SP – 2020) Mulher 25 anos, nu-
dor à mobilização do colo uterino e aumento anexial
lípara, tabagista, última menstruação há 13 dias,
direito de difícil caracterização em decorrência da
procura serviço de urgência com queixa de dor em
dor. Inicia tratamento com ceftriaxone intramuscular
região inguinal esquerda e hipogástrio há 5 dias
e doxiciclina oral. Qual é o agente antimicrobiano
com piora significativa há 3h, associada a náusea,
que deve ser associado?
fraqueza e tontura. O exame clínico geral mostra
regular estado geral, descorada, FC = 100 bpm, PA ⮦ Metronidazol.
= 105 x 65 mmHg, T = 37,8°C. O abdome apresenta-
⮧ Amoxicilina.
-se bastante sensível à palpação no andar inferior.
Observa-se pequena quantidade de material vagi- ⮨ Ciprofloxacino.
nal amarelado sem odor característico. O toque ⮩ Eritromicina.
177
Doença inflamatória pélvica Ginecologia
⮦ apendicite aguda.
⮧ endometriose pélvica.
⮨ gravidez ectópica íntegra.
⮩ doença inflamatória pélvica aguda.
⮪ abscesso tubovariano.
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Questão 9
Questão 10
178
Doença inflamatória pélvica Cap. 5
GABARITO E COMENTÁRIOS
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lógica de endometrite, abscesso tubo-ovariano ou nistério da Saúde afirma que o risco das pacientes
em fundo de saco de Douglas em US ou RM, VLSC com DIU em desenvolver a DIP é 3 a 5 vezes maior,
com evidências de DIP). considerando as pacientes COM CERVICITE. Já o
Alternativa B: INCORRETA. Para confirmar o diag- CDC 2015 mostra que não há evidência consisten-
nóstico, utiliza-se a regra descrita (3 maiores + 1 te entre a utilização de DIU e a ocorrência de DIP.
menor ou 1 elaborado). Logo, hemograma e exame Assertiva II: VERDADEIRA. De acordo com o CDC, o
de imagem (USG, TC ou RM) não são necessários, risco aumentado de DIP só existirá nas primeiras
caso outros critérios estejam presentes. três semanas após a inserção do DIU, podendo re-
fletir infecção preexistente de modo a favorecer a
Alternativa C: INCORRETA. De acordo com o CDC, no
ascensão desses agentes patológicos.
diagnóstico de DIP em uma paciente usuária de
DIU, o dispositivo não precisa ser retirado de roti- Assertiva III: VERDADEIRA. Em pacientes com DIU
na; porém, na ausência de melhora clínica em 48 que apresentam DIP, devemos sempre pensar em
a 72 horas de tratamento, é autorizada a sua reti- infecção por Actinomyces israelii.
rada. Para o Ministério da Saúde, a retirada do DIU ✔ resposta: E
em uma paciente com DIP também não deve ser
feita de rotina, apenas se houver indicação. Nesse
caso, a retirada do dispositivo só poderá ser reali- Questão 3 dificuldade:
zada após administração das duas primeiras doses Comentário: A síndrome de Fitz-Hugh-Curtis é uma
de antibiótico. complicação da DIP, causada por uma infecção as-
Alternativa D: INCORRETA. Critérios para indicar hos- cendente pelo trato genital, com ascensão de go-
pitalização: emergências cirúrgicas; abscesso tu- nococo e clamídia pelo orifício interno do colo do
bo-ovariano; quadro grave; DIP em gestante, em útero, sendo capaz de alcançar a cavidade peritonial;
pacientes imunodeprimidas ou em pacientes em caracteriza-se por abscessos na superfície hepática.
179
Doença inflamatória pélvica Ginecologia
A fase aguda dessa síndrome é marcada pela pre- Alternativa D: INCORRETA. A DIP é uma infecção mais
sença de exsudato purulento visível na cápsula de comum em mulheres jovens com atividade sexual
Glisson, ausência de aderências ou acometimento sem proteção, sendo mais prevalente entre 15 e 25
hepático. Já na fase crônica existirão caracteristi- anos de idade. Aproximadamente 70% das pacien-
camente aderências em “corda de violino” entre a tes acometidas apresentam faixa etária inferior a
parede abdominal anterior e a superfície hepática. 25 anos; além disso, as adolescentes possuem ris-
O quadro clínico da paciente é determinado por co três vezes maior de desenvolver DIP do que as
dor pleurítica à direita e dor em hipocôndrio direito. pacientes acima de 25 anos.
Alternativa A: CORRETA. Tanto a Chlamydia trachoma- Alternativa E: INCORRETA. Durante o período mens-
tis quanto a Neisseria gonorrhoeae podem causar trual, AUMENTAM as chances de contaminação,
essa síndrome. devido a inúmeros motivos, dentre eles: abertura
Alternativa B: CORRETA. É um quadro grave, indi- do colo do útero, fluidez do muco cervical determi-
cando progressão de processo infeccioso que se nada pela ação estrogênica e sucção do conteúdo
iniciou no trato genital para outros órgãos, com re- vaginal promovida pela contratilidade uterina, faci-
percussões importantes para a paciente, exigindo litando ascensão de bactérias.
internação hospitalar. ✔ resposta: C
Alternativa C: INCORRETA. De acordo com o Ministé-
rio da Saúde, o tratamento ambulatorial da DIP com Questão 5 dificuldade:
metronidazol + ceftriaxona + doxiciclina reserva-se
aos quadros leves. Nessa situação, em que há uma Comentário: Paciente jovem com quadro clínico de
provável peritonite, o tratamento deve ser hospitalar, Doença Inflamatória Pélvica (DIP). Lembre-se dos
com uso de cefoxitina (1 g, por via intravenosa, du- critérios diagnósticos de DIP (3 maiores + 1 menor
rante 14 dias) + doxiciclina (100 mg, por via oral, 2 ou 1 elaborado): maiores – dor no hipogástrio, dor
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vezes/dia, durante 14 dias) e Metroniodazol (400 mg, à mobilização do colo e dor à palpação de anexos;
via intravenosa, de 12 em 12 horas). menores – febre, massa pélvica, alteração de se-
Alternativa D: CORRETA. Conforme citado acima. creção vaginal, leucocitose cervical, aumento das
provas inflamatórias e positividade para gonococo,
✔ resposta: C clamídia ou micoplasma; elaborados – endometrite
no anatomopatológico, abscesso tubovariano em
exame de imagem e laparoscopia com sinais de
Questão 4 dificuldade:
DIP (espessamento nas tubas, fimbrias alteradas,
Alternativa A: INCORRETA. Os sintomas de DIP em aderências).
mulheres imunossuprimidas são os mesmos que Alternativa A: INCORRETA. Critério elaborado.
em imunocompetentes. Mas há um risco maior de Alternativa B: INCORRETA. Critério menor.
desenvolver abscessos tubo-ovarianos.
Alternativa C: INCORRETA. Critério elaborado.
Alternativa B: INCORRETA. O abscesso tubo-ovaria-
Alternativa D: INCORRETA. Critério menor.
no corresponde à classificação estágio 3 de Monif
e tem como conduta a internação hospitalar para Alternativa E: CORRETA. Critério maior.
antibioticoterapia parenteral. O abscesso só terá ✔ resposta: E
indicação cirúrgica se falha de tratamento clínico
ou aumentando em vigência dele, ou suspeita de
Questão 6 dificuldade:
sua ruptura.
Alternativa C: CORRETA. A alternativa cita três exem- Comentário: O abdome agudo ginecológico tem 3
plos de complicações tardias. São exemplos de com- principais etiologias: hemorrágico, sendo composto
plicações precoces da DIP: abscesso tubo-ovariano, pela gravidez ectópica rota, cisto hemorrágico roto
fase aguda da síndrome de Fitz-Hugh-Curtis e morte. e endometrioma roto; inflamatório – abcesso tubo
180
Doença inflamatória pélvica Cap. 5
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apresentado da paciente. patológica de endometrite; Evidência de abcesso
tubo-ovariano; Laparoscopia com evidência de
Alternativa C: INCORRETA. De difícil diagnóstico, pois,
DIP. Agora, os critérios do CDC – EUA. Respira e
na maioria, o quadro clínico é inespecífico. Contudo,
revisa: (I) MÍNIMOS: Dor à mobilização cervical, Dor
podem apresentar dor repentina, contínua e inespe-
à palpação uterina ou Dor à palpação anexial. (II)
cífica, localizada geralmente em região inguinal que
ADICIONAIS: Presença de clamídia ou gonococo
pode se estender para flanco e hipogástrio. Podem
cérvica, Corrimento mucopurulento ou colo friável,
ocorrer também náuseas e vômitos. A USG revela
Temp > 38,3, PCR aumentado, VHS aumentado,
presença de ovário de aparência sólida, aumenta-
aumento de leucócitos na secreção vaginal. (III)
do de volume, com estruturas císticas na periferia
ESPECÍFICOS: Biópsia com evidência de endome-
e edema no estroma.
trite, Laparoscopia com achados de DIP (hiperemia
Alternativa D: INCORRETA. É caracterizado por afec- e edema de tubas) e Imagem sugestiva (espessa-
ções que levam a um aumento do volume ovariano, mento ou líquido nas tubas), abcesso ou sinais de
como o cisto dermoide. O quadro clínico se carac- infecção. Quem chegou até aqui está pensando: os
teriza com dor abrupta em fossa ilíaca, podendo critérios são tão parecidos, qual a divergência? O
ser direita ou esquerda, de forte intensidade, com limiar americano é mais baixo, afinal, o diagnóstico
náuseas e vômitos. O diagnóstico é feito com qua- de DIP é confirmado com Dor pélvica sem outra
dro clínico, e a USG que mostra aumento anexial, causa mais provável mais um dos critérios mínimos.
que não é o caso da USG apresentada pela pacien- De acordo com o MS, são necessários 3 critérios
te do caso. maiores (a nossa paciente preenche) + 1 menor ou
✔ resposta: A 1 critério elaborado. A primeira opção de tratamento
181
Doença inflamatória pélvica Ginecologia
ambulatorial é: Ceftriaxona IM + Doxiciclina VO + sem outra causa mais provável mais um dos critérios
Metronidazol VO. mínimos. De acordo com o MS, são necessários 3
✔ resposta: A critérios maiores + 1 menor ou 1 critério elaborado.
✔ resposta: D
Questão 8 dificuldade:
Questão 9 dificuldade:
Comentário: Mulher jovem com quadro de dor pélvica
intensa (aguda), febril, com sinais de irritação perito- Comentário: Questão clássica de Doença Inflama-
neal (intensa dor à palpação). Exame ginecológico tória Pélvica merece um resuminho, não acha? A
evidencia conteúdo amarelado (purulento?) e com DIP é uma infecção do trato genital feminino supe-
odor desagradável, além de imagem anecoica em rior envolvendo útero, tubas e ovários. Pode afetar
ovário esquerdo. Pergunta direta e objetiva: qual a também peritônio e órgãos abdominais adjacentes.
suspeita? Ninja, até que se prove o contrário, é DIP
Para fins de prova, geralmente será considerada
– Doença Inflamatória Pélvica, uma Infecção do tra-
uma IST, causada pela Neisseria gonorrhoeae e
to genital feminino superior (que também pode ser
Chlamydia trachomatis. Atente-se para os critérios
apontada como IST em prova). Apesar de a nossa
clínicos diagnósticos: dor à mobilização do colo
paciente ter um quadro bem clássico, não é assim
uterino, dor à palpação anexial e dor em hipogás-
que ocorre na prática; o diagnóstico é difícil e há
trio. A antibioticoterapia deverá ser iniciada o mais
discordâncias nos critérios diagnósticos brasileiros
rápido possível e deve obrigatoriamente ser efetiva
e americanos. Vamos analisar?
contra gonococo e clamídia. Você deve saber avaliar
Critérios do MS: (1) MAIORES – Dor no hipogástrio, se a paciente deve ser tratada ambulatorialmente
Dor à palpação anexial; Dor à mobilização do colo. (2) ou se deve ser internada: o tratamento aplica-se
MENORES: Temp > 37,5 ou > 38,3; Conteúdo vaginal a mulheres que apresentam quadro clínico leve
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anormal; Massa pélvica; Mais que 5 leucócitos por e exame abdominal e ginecológico sem sinais de
campo em material de endocérvice; Leucocitose em pelviperitonite.
sangue periférico; PCR ou VHS aumentados; Com-
provação laboratorial de infecção. (3) ELABORADOS: ✔ resposta: C
Evidência histopatológica de endometrite; Evidência
de abcesso tubo-ovariano; Laparoscopia com evi-
Questão 10 dificuldade:
dência de DIP. Agora, os critérios do CDC – EUA.
Respira e revisa: (I) MÍNIMOS: Dor à mobilização Comentário: Dor em baixo-ventre, à mobilização
cervical, Dor à palpação uterina ou Dor à palpação de colo e anexos (os três critérios maiores de DIP
anexial. (II) ADICIONAIS: Presença de clamídia ou presentes), com febre e leucocitose (dois critérios
gonococo cervica, Corrimento mucopurulento ou menores, sendo que um bastaria) dá o diagnóstico
colo friável, Temp > 38,3, PCR aumentado, VHS de DIP. Não há sinais de peritonite (descompressão
aumentado, aumento de leucócitos na secreção brusca negativa).
vaginal. (III) ESPECÍFICOS: Biópsia com evidência
Estadiamento clínico-laparoscópico da DIP: I (ausên-
de endometrite, Laparoscopia com achados de DIP
cia de peritonite), II (peritonite), III (oclusão tubária
(hiperemia e edema de tubas) e Imagem sugestiva
ou abscesso tubo-ovariano) e IV (abscesso tubo-o-
(espessamento ou líquido nas tubas), abcesso ou
variano roto). Estádio I permite tratamento ambula-
sinais de infecção. Quem chegou até aqui está
torial, enquanto do II em diante (pela presença de
pensando: os critérios são tão parecidos, qual a
peritonite) indica-se internação hospitalar.
divergência? O limiar americano é mais baixo, afinal,
o diagnóstico de DIP é confirmado com Dor pélvica ✔ resposta: A
182
Capítulo
ISTS E ÚLCERAS GENITAIS
6
importância/prevalência
u Os dois temas mais cobrados nas provas são sífilis primária e lesões herpéticas. Portanto, é muito impor-
tante, ao fim deste capítulo, dominar esses assuntos e saber diferenciar suas lesões e tratá-las de forma
adequada.
u Nos demais, deve-se saber o agente etiológico, os principais sintomas, as lesões características, os locais
mais comumente afetados e o tratamento.
u Lembrando que é sempre fundamental saber reconhecer a manifestação das lesões e sua evolução.
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um importante problema de saúde pública em todo
o mundo, tanto pela sua alta prevalência quanto u História prévia de IST
pela forma de transmissão, cuja prevenção depende u Múltiplos parceiros sexuais
muitas vezes de intervenções não só assistenciais u Uso inadequado de preservativo/ou não uso
como comportamentais, educacionais e até socio-
culturais. Embora, na maioria dos casos, exista Dessa forma, é imprescindível uma anamnese bem-
tratamento eficaz, as ISTs, quando não tratadas, -feita para identificação desses fatores de risco e
podem evoluir com complicações sérias, como colher a história sexual da paciente de forma deta-
infecções crônicas do trato genital, infertilidade, lhada, com enfoque para:
câncer cervical e aumento do risco de transmissão u Parceiros novos nos últimos 60 dias
e aquisição do HIV.
u História de múltiplos parceiros
Geralmente, a abordagem e o diagnóstico são feitos u Presença de úlceras genitais
de forma sindrômica, com base na apresentação
u Tipo de exposição sexual
clínica do paciente, em doenças que causam úlcera
genital, cervicite/uretrite, corrimento vaginal, verru- u Frequência de uso de preservativo
gas genitais e ainda em síndromes extragenitais, u Idade de coitarca
como no caso de hepatites. No entanto, muitas
pacientes possuem doença assintomática, o que
torna o diagnóstico mais difícil, aumentando o risco
de complicações e de transmissão sustentada na
comunidade.
183
ISTs e úlceras genitais Ginecologia
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É a mais comum nas provas. Disparado! Então,
preste muita atenção!
Figura 1. Taxa de detecção (por 100 mil habitantes) de sífilis adquirida, taxa de detecção de
sífilis em gestantes e taxa de incidência de sífilis congênita. Brasil de 2010 a 2016.
184
ISTs e úlceras genitais Cap. 6
10 a 90 dias (média de três semanas). A lesão pode surgir na vulva (grandes e pequenos
lábios, fúrcula vaginal), mucosa vaginal e anal e
até no colo do útero. Pode aparecer também em
3.4. L
ESÃO
mucosa oral.
u Úlcera única
ATENÇÃO!
u Indolor
u Bordas bem delimitadas Y A lesão é rica em treponemas! Pode durar entre
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2 e 6 semanas e desaparece espontaneamente,
u Base endurecida
independentemente de tratamento.
u Fundo limpo
Y A lesão sifilítica é um fator de risco/porta de
u Cor rosa-avermelhada
entrada para a infecção pelo HIV.
ATENÇÃO!
3.5. DIAGNÓSTICO
185
ISTs e úlceras genitais Ginecologia
escuro, sendo este último o mais comumente uti- Outros testes não treponêmicos: RPR e TRUST.
lizado no SUS.
3.6.2. Testes treponêmicos
O Treponema é extremamente difícil de ser “culti-
vado”! Com a microscopia de campo escuro, faz-se Detectam anticorpos contra as espiroquetas e,
a pesquisa direta do Treponema (através de mate- portanto, mostram que a paciente já teve algum
rial colhido de raspagem da lesão primária). É o contato prévio com o treponema. São os primeiros
padrão-ouro para o diagnóstico da sífilis primária. a positivar, tornando-se reativos a partir de uma a
duas semanas após a infecção.
3.6. SOROLOGIAS FTA-Abs – mais utilizado e serve para confirmação
diagnóstica (alta sensibilidade e especificidade),
3.6.1. Testes não treponêmicos sendo o primeiro a positivar na infecção. Mas, uma
vez positivo, sempre positivo (não diferenciaria uma
VDRL – apesar de ser um teste sensível, não é espe-
nova infecção em alguém que já teve sífilis).
cífico e pode apresentar resultado falso-positivo
(ex.: lúpus, síndrome antifosfolípide).
Seu resultado é apresentado em diluições (ex.: 1:2, DIA A DIA MÉDICO
1:4, 1:8 …). Ficam positivos de três a seis semanas
após a infecção ou duas a três semanas após o Apesar de o FTA-Abs continuar positivo, não há imunidade
aparecimento do cancro duro. adquirida para a sífilis. Portanto, pode haver reinfecções!
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Tabela 1. Principais testes diagnósticos da sífilis.
186
ISTs e úlceras genitais Cap. 6
3.7. T
RATAMENTO
Um terço das parcerias sexuais de pessoas com apresentar a Reação de Jarisch-Herxheimer, caracterizada
sífilis recente desenvolverão sífilis dentro de 30 dias por febre, artralgia, mal-estar e exacerbação das lesões
cutâneas. Essa reação não configura alergia à penicilina
da exposição. Portanto, além da avaliação clínica
e ocorre em resposta ao derrame de proteínas e de outras
e do seguimento laboratorial, se houve exposição estruturas dos treponemas mortos pela penicilina na
à pessoa com sífilis (até 90 dias), recomenda-se corrente sanguínea. O tratamento é feito com analgésicos
oferta de tratamento presuntivo a esses parceiros e antitérmicos.
sexuais (independentemente do estágio clínico ou
sinais e sintomas), com dose única de benzilpeni-
3.7.1. Alternativas para a penicilina
cilina benzatina 2,4 milhões, UI, IM (1,2 milhão de
UI em cada glúteo). Doxiciclina 100 mg 12/12h VO por 15 dias (exceto
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Todas as parcerias devem ser testadas. Quando gestantes).
o teste de sífilis for reagente, recomenda-se trata- Lembrando que as parcerias sexuais devem ser
mento de sífilis adquirida no adulto, de acordo com avaliadas e tratadas.
o estágio clínico.
A avaliação e o tratamento das parcerias sexuais são
cruciais para interromper a cadeia de transmissão 4. H ERPES GENITAL
da infecção.
Os pacientes devem ser acompanhados de 2-3 É a IST ulcerativa mais frequente.
meses no primeiro ano, 6 meses no segundo ano
e as gestantes mensalmente, para avaliação de
falha terapêutica e necessidade de retratamento. DIA A DIA MÉDICO
Em geral, esses testes negativam; porém, podem
apresentar dosagem baixa persistente, descrita Cerca de 50-90% dos adultos têm anticorpos circulantes
como cicatriz sorológica. Após o tratamento, espe- contra HSV-tipo1; e 20-30% contra HSV-tipo2.
ra-se, pelo menos, redução de 4x no título do VDRL
ao longo de 6 meses.
4.1. AGENTE
BASES DA MEDICINA
HSV (Herpes Simplex Vírus) tipos 1 e 2.
Lesões em qualquer parte do corpo, com predo-
Nas primeiras 24h após a primeira dose de penicilina, mínio do tipo 2 nas lesões genitais e do tipo 1 nas
principalmente na sífilis secundária, a paciente pode lesões periorais.
187
ISTs e úlceras genitais Ginecologia
4.2. T
RANSMISSÃO Figura 4. Lesão de Herpes – vesículas agrupadas
e confluentes sobre base hiperemiada.
4.3. A
PRESENTAÇÃO
a) Primoinfecção
W Tempo de incubação – 6 dias.
W + Severa.
W Pode ter sintomas gerais, além das lesões:
febre, mal-estar, mialgia.
W Em 50% dos casos pode haver adenopatia do-
lorosa inguinal bilateral.
W O HSV ascende pelos nervos periféricos senso-
riais, penetra nos núcleos das células dos gân- Fonte: Autor.
glios sensitivos e entra em estado de latência.
Figura 5. Lesão de Herpes – lesões ulceradas.
b) Recorrência – Reativação viral
W Quadro menos intenso.
W Desencadeantes: quadros infecciosos, estresse,
imunodeficiência, exposição à radiação solar/
UV, frio intenso, ATB prolongado, trauma local.
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W Quadro menos intenso.
W Sintomas prodrômicos – prurido leve, sensa-
ção de queimação, “fisgada”.
W Tende a ter a mesma localização da lesão ini-
cial (em zonas inervadas pelos nervos sensi-
tivos sacrais).
Fonte: Autor.
4.4. L
ESÃO
188
ISTs e úlceras genitais Cap. 6
4.5. DIAGNÓSTICO
4.5.1. Clínico
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O diagnóstico laboratorial é realizado com:
Fonte: Autor.
u Raspado de pele (esfregaço de Tzanck): células
epiteliais gigantes multinucleadas com inclusões
intranucleares.
u Sorologias: anticorpos surgem após a infecção
primária e permanecem por toda a vida.
u Cultura: bastante específica, principalmente na
fase de vesícula.
4.6. T
RATAMENTO
189
ISTs e úlceras genitais Ginecologia
O tratamento com antivirais é eficaz para redução da intensidade e duração dos episódios, quando realizado precocemente;
O tratamento local pode ser feito com compressas de solução fisiológica ou degermante em solução aquosa, para
higienização das lesões;
Analgésicos orais podem ser utilizados, se necessário;
É recomendado retorno em uma semana para reavaliação das lesões;
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A forma de transmissão, a possibilidade de infecção assintomática, o medo de rejeição por parte das parcerias sexuais
e as preocupações sobre a capacidade de ter filhos são aspectos que devem ser abordados;
É importante mencionar que não há associação entre herpes genital e câncer.
3 a 5 dias.
190
ISTs e úlceras genitais Cap. 6
Figura 7. Lesão de Cancro Mole. Em 30% a 50% dos pacientes, a bactéria atinge os
linfonodos inguinocrurais (bubão), sendo unilaterais
em 2/3 dos casos, observados quase exclusiva-
mente no sexo masculino pelas características
anatômicas da drenagem linfática. No início, ocorre
tumefação sólida e dolorosa, evoluindo para lique-
fação e fistulização em 50% dos casos, tipicamente
por orifício único. raramente, apresenta-se sob a
forma de lesão extragenital ou doença sistêmica.
5.5. DIAGNÓSTICO
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6. O UTROS MÉTODOS: CULTURA E PCR
6.1. T
RATAMENTO
191
ISTs e úlceras genitais Ginecologia
7.3. T
RANSMISSÃO
Contato sexual.
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7.4. L
ESÃO
192
ISTs e úlceras genitais Cap. 6
7.6. T
RATAMENTO
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8. D ONOVANOSE 8.4. LESÃO
u Úlcera.
É uma IST crônica progressiva.
u Múltiplas (configuração em “espelho”, em bordas
cutâneas e/ou mucosas).
8.1. AGENTE
u Borda plana ou hipertrófica, bem delimitada.
u Fundo granuloso, vermelho vivo, de sangramen-
Klebsiella granulomatis (bacilo gram-negativo).
to fácil.
Acomete preferencialmente pele e mucosas das u Pode tornar-se vegetante ou ulcerovegetante.
regiões genitais, perianais e inguinais.
u A lesão evolui para extensa destruição tecidual,
com cicatrizes retráteis, deformidades cutâneas
8.2. T
RANSMISSÃO e estase linfática.
Contato sexual (mecanismos de transmissão não Não ocorre adenite, embora raramente possam se
são bem conhecidos). formar pseudobubões (granulações subcutâneas) na
região inguinal, quase sempre unilaterais. Na mulher,
8.3. PERÍODO DE INCUBAÇÃO
a forma elefantiásica é uma sequela tardia, sendo
observada quando há predomínio de fenômenos
obstrutivos linfáticos.
1 a 6 meses.
193
ISTs e úlceras genitais Ginecologia
8.5. DIAGNÓSTICO
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cleares).
8.6. T
RATAMENTO
194
ISTs e úlceras genitais Cap. 6
Fonte: Autor.
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Tabela 5.
195
ISTs e úlceras genitais Ginecologia
Figura 12. Fluxograma para manejo de infecções que causam úlcera genital.
História clínica: avaliar práticas sexuais e
fatores de risco para IST
Não Sim
Lesões com mais de Evidência de lesões Visualização de bacilos Gram- Visualização de treponemas
4 semanas? vesiculosas ativas? negativos agrupados em móveis na microscopia de
correntes na bacterioscopia campo escuro
Avaliar histórico de
Sugestivo de Identificação de
exposição ao risco, sinais
H. ducrey T. pallidum
e sintomas clínicos
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Tratar sífilis, cancroide, Tratar herpes genital, donovanose Tratar sífilis
donovanose, Tratar sífilis e Tratar herpes Tratar e
e/ou linfogranuloma venéreo primária/
linfogranuloma venéreo. cancroide genital cancroide
conforme avaliação secundária
Realizar biópsia
Não Sim
Alta Referenciar
Fonte: Brasil.1
196
ISTs e úlceras genitais Cap. 6
Úlceras genitais
Indolor Fundo
Vesículas Borda Fístula granuloso
agrupadas sobre superficial sangrante
Bem delimitada base hiperemiada
Estiomene
Base mole Destruição
Fundo limpo Úlcera de tecido
arredondada PCR
Exsudato
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e dolorosa
Rosa necrótico Biópsia
‑avermelhada Doxiciclina
Crosta
sero‑hemática Microscópio Azitromicina
Microscopia de
campo escuro
Aciclovir via oral Cultura
Penicilina
Benzatina PCR
Azitromicina
197
ISTs e úlceras genitais Ginecologia
REFERÊNCIAS
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ISTs e úlceras genitais Cap. 6
QUESTÕES COMENTADAS
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⮩ Úlcera de Lipschutz. ta. Apresenta linfonodo inguinal à direita, indolor,
fibroelástico de 1,0 cm, sem supuração. Qual é a
⮪ Síndrome de Behçet.
principal hipótese diagnóstica?
199
ISTs e úlceras genitais Ginecologia
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⮨ É transmitida por meio de relação sexual des- ⮩ Estiomênio
protegida com uma pessoa infectada ou pode ⮪ Protossifiloma
ser transmitida para a criança durante a gesta-
ção ou parto.
Questão 8
⮩ O diagnóstico e o tratamento de sífilis, e o se-
guimento das gestantes e dos parceiros sexuais (SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DO ESTADO DE PERNAMBUCO
durante o pré-natal, não contribuem para a pre- – PE) Mulher, 30 anos, G4P4, veio ao ambulatório de
venção da sífilis congênita. ginecologia com história de lesão inguinal bilateral
⮪ Existem 2 tipos de testes imunológicos para cicatricial, estenosante, com retrações importan-
detecção da sífilis: testes não treponêmicos e tes. Informa que, há algumas semanas, estava com
testes treponêmicos. Dentre estes, o VDRL é o quadro sugestivo de adenite e que, um mês antes
teste treponêmico mais usado, reservando-se o desse episódio, percebeu uma pápula em região
FTA-abs para os casos inconclusivos ou duvido- vulvar que evoluiu para úlcera indolor com uma
sos em relação ao resultado do VDRL. reação inflamatória ao redor. A lesão inicial desa-
pareceu espontaneamente, em cinco dias. Diante
do quadro descrito acima, como é denominada a
Questão 6 lesão cicatricial consequente?
200
ISTs e úlceras genitais Cap. 6
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ção urinária e linfadenomegalia inguinal dolorosa apresentado esse quadro anteriormente e respondeu
bilateral. Qual é a principal hipótese diagnóstica? que essa era a primeira vez que apresentava essa
queixa. Menarca aos 11 anos, vida sexual ativa des-
⮦ Linfoma genital de os 13 anos, com um total de oito parceiros até o
⮧ Condiloma acuminado momento. Informou ainda que fez um tratamento
para verruga genital há 2 anos, quando estava grá-
⮨ Primo infecção por HIV
vida. Há dois dias acabou o seu namoro. Marque a
⮩ Sífilis primária alternativa INCORRETA:
⮪ Primo infecção herpética
⮦ O diagnóstico desse caso é herpes genital pri-
moinfecção. Pode ser tratado com valaciclovir
Questão 11 500 mg via oral de 12 em 12 horas, por cinco dias,
1 g dose única diária, por cindo dias.
(SECRETARIA MUNICIPAL DE ADMINISTRAÇÃO DE MACAÉ – RJ)
Paciente de 23 anos procura unidade básica de ⮧ Nos EUA, país que tem várias pesquisas, a maio-
saúde apresentando úlcera genital com evolução ria das mulheres com úlceras genitais tem infec-
de 3 dias, sem história prévia de vesículas. Tem vida ção pelo Herpes Simples Viral (HSV) ou sífilis, e
sexual ativa e não possui o hábito de usar preser- o cancroide é a terceira causa mais comum de
vativos. Considerando que não há possibilidade de úlceras genitais.
solicitação de exames laboratoriais, nem garantia ⮨ A primoinfecção ocorre entre quatro a sete dias
de retorno da paciente ao ambulatório, qual seria após a exposição, em indivíduos não expostos
a melhor conduta? previamente ao herpes-vírus.
201
ISTs e úlceras genitais Ginecologia
Questão 13
⮦ Herpes genital.
⮧ Sífilis primária.
⮨ Cancro de Ducrey.
⮩ Linfogranuloma venéreo.
Questão 14
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tica até 5 dias atrás, quando notou aparecimento
de ferida de 2 cm na vulva. Refere que se relaciona
sexualmente com outras mulheres. Segundo o Mi-
nistério da Saúde, deve-se
202
ISTs e úlceras genitais Cap. 6
GABARITO E COMENTÁRIOS
Comentário: Paciente jovem, solteira, com múltiplas Comentário: Os fluxogramas para diagnóstico de
úlceras DOLOROSAS na vulva, de bordas IRREGU- sífilis sempre suscitam um segundo exame para
LARES com exsudato necrótico fétido, quadro típico confirmar o diagnóstico. A única situação em que
de CANCRO MOLE, infecção sexualmente transmis- estamos autorizados a tratar a paciente com um
sível causada pelo Haemophilus ducreyi. Em 30 a único teste positivo é na gestação.
50% dos pacientes, a bactéria atinge os linfonodos Alternativa A: CORRETA. O CMIA (ensaio imunológico
inguinocrurais (bubão), sendo unilaterais na maioria quimioluminescente magnético) é um teste treponê-
dos casos, observados quase exclusivamente no mico utilizado para triagem de sífilis por apresentar
sexo masculino pelas características anatômicas sensibilidade acima de 99%. Caso seja positivo, de-
da drenagem linfática. vemos solicitar um teste não treponêmico (VDRL)
Alternativa A: INCORRETA. Cancro duro é a lesão da aliado a outro treponêmico diferente (FTA-Abs ou
sífilis primária caracterizada como úlcera única, TPHA) para confirmação do diagnóstico. Além disso,
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INDOLOR de bordas bem delimitadas. nesses casos, sempre lembrar de oferecer rastreio
para outras ISTs e orientações de prevenção primá-
Alternativa B: CORRETA.
ria (uso de preservativos e vacinação).
Alternativa C: INCORRETA. A donovanose é uma IST
Alternativa B: INCORRETA. Como comentado na alter-
crônica progressiva, pouco frequente na população,
nativa A, o CMIA é considerado um teste de triagem;
causada pela Klebsiella granulomatis e caracterizada
logo, considerando que a paciente não é gestante,
por múltiplas úlceras de bordas bem delimitadas e
não estamos autorizados a tratá-la antes da con-
fácil sangramento.
firmação com um segundo teste.
Alternativa D: INCORRETA. É uma condição rara, ca-
Alternativa C: INCORRETA. Como comentado na al-
racterizada por úlceras genitais dolorosas, febre
ternativa A, o CMIA é considerado um teste de tria-
e linfadenopatia. Não é uma doença sexualmente
gem; logo, considerando que a paciente não é ges-
transmissível. A etiologia é desconhecida, embora
tante, não estamos autorizados a tratá-la antes da
tenha sido associada com várias causas infeccio-
confirmação com um segundo teste. Ademais, em
sas, incluindo febre paratifoide, citomegalovírus e
adultos, a coleta do líquor está indicada somente
a infecção pelo vírus Epstein-Barr.
quando há suspeita clínica de neurossífilis.
Alternativa E: INCORRETA. A síndrome de Behçet é
Alternativa D: INCORRETA. A infecção pelo Treponema
uma condição inflamatória multissistêmica, de aco-
pallidum (bactéria causadora da sífilis) pode per-
metimento vascular e de causa ainda desconheci-
manecer latente no organismo da pessoa infectada
da, basicamente caracterizada por úlceras orais e
por muitos anos, período no qual não aparecerão
genitais recorrentes, uveíte e lesões cutâneas.
sintomas. No entanto, tal fato não nos isenta da in-
✔ resposta: B vestigação e tratamento corretos, visto que, se não
203
ISTs e úlceras genitais Ginecologia
tratada, essa IST pode ter consequências sérias, e seu parceiro, visto que se trata de uma doença se-
a única maneira de esclarecer se um teste de tria- xualmente transmissível, à qual ele também está
gem é mesmo positivo ou falso-positivo é através exposto.
da confirmação com um segundo exame diferente Alternativa C: INCORRETA. De forma alguma o médico
(já comentado na alternativa A). deve incentivar a paciente a não contar ao seu par-
✔ resposta: A ceiro, visto que se trata de uma doença sexualmen-
te transmissível, à qual ele também está exposto.
Alternativa D: INCORRETA. É vedado ao médico tratar
Questão 3 dificuldade:
outro paciente sem que ele esteja presente na con-
Comentário: Sei que a questão envolve um homem, sulta e ao menos examiná-lo, até porque não sabe-
mas pela descrição da lesão, foi inserida na Gine- mos se ele realmente contraiu a infecção, se tem
cologia. Nas questões de úlceras, os examinadores sintomas e, portanto, qual seria a melhor conduta.
podem colocar uma imagem de exame físico ou o ✔ resposta: A
descritivo da lesão.
Alternativa A: INCORRETA. O cancro mole, causado
Questão 5 dificuldade:
pelo Haemophilus ducrey, manifesta-se normalmente
com lesões múltiplas, dolorosas, com bordas es- Comentário: Questão que aborda alguns aspectos
cavadas e fundo sujo, contendo material purulento da Sífilis (poderia estar na parte de Infectologia,
de odor fétido. Pediatria e até na Preventiva).
Alternativa B: INCORRETA. O herpes simples se apre- Alternativa A: INCORRETA. A sífilis secundária se ma-
senta como lesões com múltiplas vesículas, doloro- nifesta com lesões cutaneomucosas não ulceradas,
sas e que evoluem com formação de crosta. simétricas, difusas ou localizadas, que aparecem
Alternativa C: INCORRETA. O condiloma acuminado entre 4 a 8 semanas após o desaparecimento do
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é uma lesão verrucosa causada pelo vírus HPV. cancro duro. As manifestações cardiovasculares e
Alternativa D: CORRETA. Lesão ulcerada, única, in- neurológicas são características da fase terciária,
dolor, com bordas elevadas e fundo limpo é sífilis e essa sim pode ocorrer décadas após a primoin-
primária até que se prove o contrário, podendo ser fecção.
acompanhada de adenopatia regional não supura- Alternativa B: INCORRETA. A droga de escolha para o
tiva, móvel e indolor. tratamento da sífilis é a Penicilina G Benzatina, e a
dose varia de acordo com a forma clínica. Pacien-
✔ resposta: D
tes alérgicas à Penicilina (e não grávidas) devem ser
tratadas com Doxiciclina ou Ceftriaxone.
Questão 4 dificuldade: Alternativa C: CORRETA. A sífilis é uma doença se-
xualmente transmissível e também pode haver sí-
Alternativa A: CORRETA. Questão que aborda uma
filis congênita por transmissão vertical, a qual pode
paciente com herpes genital. Devemos lembrar que,
ser evitada com o diagnóstico e tratamento correto
sempre que estivermos diante de uma paciente com
das gestantes e parceiros sexuais.
ISTs, não devemos revelar aos parceiros o risco de
contaminação, mas sim esclarecer ao próprio pa- Alternativa D: INCORRETA. Como comentado na al-
ciente os riscos e quais são as abordagens neces- ternativa C, essas são algumas das medidas para
sárias para seus parceiros, estimulando a pacien- prevenção da sífilis congênita.
te a contar ela mesma para os parceiros, sempre Alternativa E: INCORRETA. O VDRL é um teste não
prezando por uma boa relação médico-paciente e treponêmico, e o FTA-abs é um teste treponêmico
pelo princípio do sigilo médico. usado para confirmação do contato com o Trepo-
nema pallidum.
Alternativa B: INCORRETA. De forma alguma o mé-
dico deve incentivar a paciente a não contar ao ✔ resposta: C
204
ISTs e úlceras genitais Cap. 6
Comentário: O linfogranuloma venéreo é uma doença Comentário: Lesões genitais vesiculosas múltiplas
sexualmente transmissível causada pela bactéria sugerem herpes genital; acometimento sistêmico
Chlamydia trachomatis. O quadro clínico inicial é é típico de primoinfecção.
caracterizado por uma lesão indolor, que pode ul- ✔ resposta: E
cerar, associada a linfonodomegalia inguinal, que
pode fistulizar através de múltiplos orifícios (bico
de regador). Questão 11 dificuldade:
Alternativa A: INCORRETA. Agente causador da infec- Comentário: Úlcera única pode ser cancro mole (cla-
ção gonocócica. mídia) ou sífilis primária; na ausência de uma des-
Alternativa B: CORRETA. Esse é o agente etiológico crição melhor e de exames laboratoriais, trataremos
do linfogranuloma venéreo. ambas (com azitromicina 1 g VO dose única e peni-
Alternativa C: INCORRETA. Bactéria responsável pelo cilina benzatina 2,4 milhões de UI IM dose única).
cancro mole. ✔ resposta: B
Alternativa D: INCORRETA. Pode causar uretrites ines-
pecíficas (não gonocócicas).
Questão 12 dificuldade:
✔ resposta: B
Comentário: Lesões vesiculosas genitais com ar-
dência e dor! Trata-se de primoinfecção por herpes
Questão 7 dificuldade: vírus, sendo o tratamento realizado com aciclovir
ou valaciclovir.
Comentário: Úlcera única, indolor, de fundo limpo
(não é cancro mole do Haemophyllus ducreyi), fu- ✔ resposta: A
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gaz… é cancro duro = protossifiloma = lesão da sí-
filis primária!
Questão 13 dificuldade:
✔ resposta: E
Comentário: Questão que aborda uma mulher jovem
com lesão genital. Com base nessas características
Questão 8 dificuldade: (vesículas dolorosas com base eritematosa), é her-
pes até que se prove o contrário. As DSTs dão uma
Comentário: O quadro é muito sugestivo de linfo-
boa oportunidade para revisar lesões elementares,
granulomatose venérea, cuja sequela cicatricial
não é? Então, bora lá:
se denomina estiomene. Protossifiloma é lesão
de sífilis, clue cells são achados do exame a fresco Alternativa A: CORRETA. Como descrito, grupamentos
de vaginose bacteriana e úlcera de Rollet é a lesão de úlceras pequenas, doloridas e superficiais em
causada simultaneamente por sífilis e cancro mole. uma base eritematosa é carta marcada. Causada
pelo vírus Herpes Simplex, muito disseminada en-
✔ resposta: B tre pessoas jovens, pode se manifestar de diversas
formas, dependendo do seu estágio. Se não tratada,
Questão 9 dificuldade: pode tornar-se mais grave. O primeiro sinal é uma
ferida discreta que pode surgir no pênis, vulva, va-
Comentário: A presença de lesões ativas de herpes gina, colo do útero, ânus ou boca.
genital contraindica o parto vaginal, devido ao ris- Alternativa B: INCORRETA. É inicialmente uma pá-
co de infecção neonatal sistêmica grave. Deve ser pula de cor rósea, que evolui para um vermelho
indicada a cesárea. mais intenso e exulceração. Em geral, o cancro é
✔ resposta: D único, indolor, praticamente sem manifestações
205
ISTs e úlceras genitais Ginecologia
inflamatórias perilesionais, bordas induradas, que é indicada a realização dos seguintes exames: co-
descem suavemente até um fundo liso e limpo, leta de material para microscopia (Gram e Giem-
recoberto por material seroso. Após uma ou duas sa) e campo escuro, e biologia molecular, quando
semanas aparece uma reação ganglionar regional disponível. Em relação ao aciclovir, ele é utilizado
múltipla e bilateral, não supurativa, de nódulos du- para tratamento do herpes genital e seria indicado,
ros e indolores. nesse caso, se houvesse história ou evidência de
Alternativa C: INCORRETA. Inicia-se com uma pequena lesões vesiculosas.
lesão avermelhada, que rapidamente se transforma ✔ resposta: E
em uma pústula e posteriormente em uma úlcera,
a lesão típica do cancroide. A úlcera (1 a 2 cm de
diâmetro) é muito dolorosa, e a base da lesão cos-
tuma ser inflamada e purulenta, sangrando facil-
mente com atrito.
Alternativa D: INCORRETA. Linfogranuloma venéreo
ocorre em 3 estágios. O 1º começa com uma pe-
quena lesão cutânea no local de entrada. Ela pode
fazer a pele sobrejacente decompor-se (ulcerar), mas
cicatriza tão rapidamente que pode passar desper-
cebida. A 2ª é marcada por aumento unilateral ou
bilateral dos linfonodos inguinais, que se tornam
sensíveis e coalescem, formando, algumas vezes,
massas flutuantes amolecida (bubões). Na 3ª, as
lesões curam-se com cicatrizes, mas as fístulas
podem persistir ou recidivar. Inflamação crônica
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decorrente de infecção não tratada obstrui os vasos
linfáticos, produzindo edema e lesões cutâneas.
✔ resposta: A
Questão 14 dificuldade:
206
SANGRAMENTO Capítulo
UTERINO ANORMAL 7
importância/prevalência
u PALM COEIN simboliza tudo! Lembrando-se da Palma da mão (PALM) e da Moeda (COEIN – coin com um
E a mais), você irá se lembrar de TODAS as causas de sangramento uterino anormal na menacme!
u Sempre excluir gestação como o diagnóstico diferencial. Essa regra vale para a vida! Você vai se lembrar
de mim…
u Quando falamos das principais causas anatômicas, os Leiomiomas são sempre os campeões das ques-
tões. No entanto, lembre-se de que somente a menor parte deles causa sintomas.
u Com relação ao tratamento da “fase aguda” do sangramento, pode ser igual em quase todos os casos!
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O que é considerado normal? Um ciclo menstrual W Polimenorreia: diminuição do intervalo entre as mens-
normal dura, em média, 28 dias, com uma variação truações (geralmente menor que 21 dias). Decorre
normal de mais ou menos 7 dias (variando de 21 a principalmente da insuficiência lútea ou anovulação.
35 dias). O fluxo menstrual dura de dois a seis dias. W Metrorragia: sangramente sem ciclicidade, às vezes,
intermenstrual.
O sangramento uterino anormal (SUA) é definido
como como sangramento – agudo ou crônico – pro- Essas formas caíram em desuso pela dificuldade em
veniente do corpo uterino, com anormalidade – seja precisar detalhes do fluxo. Já se demonstrou que não há
muita concordância com o que é referido pela paciente e
na sua regularidade, no volume, na frequência ou
a realidade – por exemplo, a paciente pode referir fluxo
na duração, em mulheres não grávidas. forte e, objetivamente, tratar-se de um fluxo considerado
normal – e vice-versa. Além disso, uma paciente que
durante grande parte da menacme teve um fluxo alterado
pode considerá-lo normal.
BASES DA MEDICINA
Alguns termos foram utilizados para definir os tipos de Como forma de precisar a avaliação do fluxo mens-
SUA. Pela Federação Internacional de Ginecologia e trual da mulher, foi criado um método de avaliação
Obstetrícia (FIGO), eles devem ser substituídos apenas que leva em consideração o tempo entre a troca
por sangramento uterino anormal. De qualquer forma,
de absorventes, o tipo de absorvente usado e se há
colocarei aqui porque ainda podem ser citados em algu-
mas provas: coágulos no sangue menstrual. Foi desenvolvido, a
partir disso, um quadro denominado PBAC (pictorial
W Menorragia: caracterizada pelo aumento do volume
blood assessment chart). As pacientes são, então,
de sangue (> 80 mL), podendo haver coágulos e, oca-
sionalmente, anemia. orientadas a registrar diariamente o número de
207
Sangramento uterino anormal Ginecologia
absorventes higiênicos ou tampões utilizados, bem saturados de sangue. Presença de coágulos e seus
como se eles estão leve, moderada ou intensamente tamanhos também são critérios desse método.
Nome: Pontuação:
Data de início:
Dia
Absorvente 1 2 3 4 5 6 7 8
Coágulos/ vazamento
Tampão 1 2 3 4 5 6 7 8
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Coágulos/Vazamento
208
Sangramento uterino anormal Cap. 7
Pontuação
• Um absorvente levemente manchado valerá 1 ponto.
• Um absorvente moderadamente manchado, 5 pontos.
• Um adsorvente saturado de sangue valerá 20 pontos.
• Um tampão levemente manchado valerá 1 ponto.
• Um tampão, moderadamente manchado, 5 pontos.
• Um tampão totalmente saturado valerá 10 pontos.
• Um coágulo de tamanho de:
⁃ 10p, marca 1 ponto;
⁃ 50p, marca 5 pontos; e
⁃ vazamento também marca 5 pontos.
Resultados
Depois de terminar o período, some suas pontuações. Uma pontuação de 100 ou mais pode indicar que você tem
menstruações abundantes e deve procurar conselho do seu médico. No entanto, se sua pontuação for inferior a 100 e
você tiver preocupações sobre seu período você deve sempre consultar o seu médico de família.
Fonte: Halimeh.4
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W Adolescência: nessa faixa etária, com muito maior
frequência, as causas são anovulação e coagulopatias.
BASES DA MEDICINA Neoplasias – como pólipos, leiomiomas e neoplasias
ovarianas – são menos comuns. No entando, a possi-
Vamos destrinchar aqui as principais causas em cada bilidade de gravidez, doenças sexualmente transmis-
faixa etária: síveis e violência sexual não pode ser menosprezada.
W Neonatal: Alguns fetos podem ter seu endométrio esti- W Idade reprodutiva: problema frequente nessa idade.
mulado por estrogênio materno. Após o nascimento, Cerca de 1 em 20 mulheres em fase reprodutiva irá
o suprimento desse estrogênio é cessado e então se consultar devido ao SUA. Aumentam as taxas de
ocorre uma descamação endometrial, levando a um sangramento por gravidez e ISTs. O eixo hipotálamo-hi-
quadro de sangramento vaginal nas RN. pófise-ovário amadurece e o sangramento anovulatório
passa a ocorrer menos frequentemente. Leiomiomas e
W Infância: qualquer sangramento anterior à menarca pólipos endometriais também aumenta com a idade e
deve ser tratado como achado anormal. Deve-se deter- não pode ser descartado como causa, especialmente
minar o local do sangramento para ter certeza de que acima dos 30 anos.
não se trata de um sangramento uretral ou retal, que
podem ser confundidos com sangramento vaginal. W Período perimenopausa: é responsável por 70% de
Nessa idade, a vagina – mais que o útero – é a principal todas as consultas ginecológicas nessa fase. Torna-se
fonte de sangramento, tendo a vulvovaginite como frequente o SUA por anovulação por disfunção do eixo
causa mais frequente. hipotálamo-hipófise-ovário. Reduz-se também o risco
de sangramento por gravidez e doenças sexualmente
Ainda, doenças dermatológicas, crescimento neoplásico transmissíveis. No entanto, outras etiologias aumen-
(tumores raros como o sarcoma botrioide/rabdomiossar- tam em frequência, como as neoplasias benignas e
coma, em que há o aparecimento de uma massa vaginal malignas.
do tipo “cacho de uva”, trauma por acidente, abuso sexual
ou corpo estranho também podem ser causas. Nessa W Pós-Menopausa: o sangramento que ocorre após a
idade, sangramento uterino é causado principalmente por menopausa frequentemente é causado por doenças
benignas. Destacam-se as atrofias do endométrio e
209
Sangramento uterino anormal Ginecologia
da vagina, bem como pólipos endometriais benignos. suas características ao longo do ciclo e desprendendo-se
Neoplasias malignas, como o carcinoma de endomé- ao final dele.
trio, se tornam mais frequentes. Menos comumente,
Histologicamente, a camada funcional se apresenta como
tumor ovariano produtor de estrogênio pode acarretar
endométrio superficial e plexo subepitelial capilar.
hiperplasia endometrial que cursa com sangramento.
Neoplasias ulcerativas vulvar, vaginal e cervical tam- Há estroma e glândulas, bem como leucócitos entre-
bém são possíveis etiologias. É interessante, assim meados.
como na fase pré-puberal, estabelecer corretamente
O sangue alcança o útero via artérias uterinas e ovaria-
a fonte anatômica do sangramento.
nas. A partir destas, formam-se artérias arqueadas, que
nutrem o miométrio. Das artérias arqueadas, surgem as
artérias radiais, que se estendem na direção do endomé-
trio, fazendo ângulos retos com as artérias arqueadas.
3. H ISTOLOGIA DO ENDOMÉTRIO As artérias radiais, então, formam as artérias basais e
espiraladas na transição do miométrio-endométrio. As
artérias basais nutrem a camada basal, respondendo
pouco a estímulos hormonais, e as artérias espiraladas
BASES DA MEDICINA se estendem para nutrir a camada funcional e formar o
plexo capilar subepitelial.
O endométrio é formado por duas camadas: a camada Diversos mecanismos podem contribuir para o sangra-
basal e a camada funcional. A primeira é localizada abaixo mento uterino anormal. Desequilíbrios hormonais, como
da camada funcional e está em contato com o miométrio. disfunção lútea, fase folicular alongada curta ou alongada
Responde pouco a estímulos hormonais e funciona como e queda brusca dos níveis de estrogênio são causas
um reservatório para a renovação da camada funcional importantes do SUA. Problemas no eixo neuroendócrino,
após o desprendimento desta na menstruação. Já a da unidade hipotalâmico-hipofisária e de natureza idio-
camada funcional reveste a cavidade uterina, alterando pática também podem causar. Por fim, o SUA ainda pode
ocorrer por alteração na receptividade dos hormônios.
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Figura 2. Ilustração das camadas do endométrio.
Fonte: Hoffman.1
210
Sangramento uterino anormal Cap. 7
5.1. ANAMNESE
Fonte: Hoffman.1
O tempo de história também é importante. Trata-se
de sangramento agudo ou crônico?
Alguns outros sintomas devem ser pesquisados:
dismenorreia, cansaço, fraqueza, aumento de volume
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4. PALM COEIN
abdominal, sintomas de SOP, sinais de coagulopatias
(hematomas, epistaxe, gengivorragia).
Regra Mnemônica da FIGO para se lembrar de
TODAS as causas de Sangramento Uterino Anormal Sobre antecedentes, deve-se pesquisar outras
(esse acrônimo vai servir para todas as pacientes em comorbidades existentes e também as medica-
idade reprodutiva, excluindo somente as gestantes). ções em uso (pílula, anticoagulantes, psiquiátricos).
u PALM: lembrar da palma da mão. Referem-se
às causas estruturais de sangramento uterino. 5.2. E XAME FÍSICO
Pólipos, Adenomiose, Leiomioma, Malignidade/
Hiperplasia. Não é porque estamos com um quadro ginecológico
u COEIN: lembrar de moeda (coin, com um “E” a que devemos nos esquecer de avaliar o estado geral
mais). Causas não estruturais. da paciente e seus sinais vitais. Lembre-se de que
sangramentos intensos podem levar a quadros de
u Coagulopatia, disfunção Ovulatória, Endometriais,
choque hemorrágico.
Iatrogênica, Não classificadas ainda.
Para o exame mais específico:
u Abdômen: avaliar massas pélvicas palpáveis, dor,
descompressão brusca, entre outros.
u Exame ginecológico especular: excluir lesões
em vagina e colo uterino, presença de coágulos,
sangramento ativo pelo orifício externo do colo.
211
Sangramento uterino anormal Ginecologia
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nóstico! Atenção, está bem resumido e direcionado,
las com sangramento de causa endometrial.
mas é muito importante!
Para controle do sangramento na fase aguda: u Sistema intrauterino liberador de levonorgestrel
u Hormônios: pílulas combinadas, pílulas de pro- (SIU-LING): Promove redução substancial no vo-
gesterona ou estrogênio de forma isolada. lume do sangramento e tem melhor aceitação,
devido ao tratamento prolongado e à menor ocor-
u Antifibrinolítico: ácido tranexâmico (impede a fi-
rência de efeitos adversos. Não é recomendado
brinólise – coágulo se mantém por mais tempo).
se a cavidade uterina estiver irregular, por risco
u AINE (anti-inflamatório não esteroidal): ex.: ácido de expulsão. Seu efeito colateral mais comum é
mefenâmico (inibe a produção de algumas pros- o sangramento inesperado nos primeiros 3 me-
taglandinas endometriais, provocando diminuição ses de uso. Pode causar acne, aumento de oleo-
do sangramento). sidade na pele e até cistos simples ovarianos.
212
Sangramento uterino anormal Cap. 7
O ácido tranexâmico é frequentemente indicado, O mais estudado é o ácido mefenâmico, com re-
sendo usado de 3 a 4 vezes por dia. Há disponi- dução de 25% a 50% do volume de sangramento.
bilidade no mercado tanto por via endovenosa Os efeitos colaterais mais frequentes são os gas-
como via oral. trintestinais, não sendo indicados em mulheres
com histórico de úlcera.
u Anti-inflamatórios não esteroidais: Esses medica-
mentos inibem a ciclooxigenase. O aumento da Vamos agora analisar todas as causas de Sangra-
inflamação endometrial se associa a maior fluxo mento Uterino Anormal.
hemorrágico e menstrual, o que explica o uso de
anti-inflamatórios para conter o SUA.
PALM
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confirmar a presença do pólipo através de visua-
Prevalência de 10% das mulheres, sendo maior em lização direta e magnificada de toda a cavidade
pacientes com mais de 40 anos. endometrial.
213
Sangramento uterino anormal Ginecologia
Figura 4. Histeroscopia.
2. A DENOMIOSE
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Útero difusamente aumentado de tamanho (pode ser
difícil de perceber esse aumento ao toque vaginal),
podendo ser doloroso à palpação.
Fonte: Autor.
2.2. DIAGNÓSTICO
Figura 6. Pólipo endometrial retirado por Histeroscopia.
2.2.1. Exames
Fonte: Autor.
214
Sangramento uterino anormal Cap. 7
2.3. T
RATAMENTO
DICA
Essa situação é muito explorada
nas provas.
O tratamento definitivo da adenomiose é cirúrgico
(histerectomia). Mas nem todas as pacientes terão
essa indicação!!!
3.1. CLASSIFICAÇÃO
Pode-se fazer o manejo da sintomatologia utilizando
DIU de levonorgestrel (Mirena®), pílulas combinadas
ou de progestágenos isolados, AINEs ou até análo- De acordo com a posição em relação às camadas
gos de GnRH. Como na endometriose, os sintomas uterinas em que se encontram, os miomas podem
tendem a reduzir após a menopausa. ser classificados em:
u Subseroso – é o mais “externo”, ficando abaixo
da serosa uterina (peritônio visceral do útero).
3. LEIOMIOMAS Geralmente, é o menos sintomático. Quando há
sintomas, eles podem ser do tipo compressivos
(raros: insuficiência renal pós-renal por compres-
Tumor benigno monoclonal de células de músculo são ureteral, constipação intestinal).
liso do miométrio. Depende de hormônios para se
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u Intramural – fica no miométrio, mas pode ter
desenvolver (estrogênio e progesterona). Aparece
componente subseroso e/ou submucoso. Pode
nas mulheres em idade reprodutiva e tende a diminuir
levar a quadros de SUA e dismenorreia.
de tamanho nas pós-menopausadas.
u Submucoso – fica em íntimo contato com a ca-
Até 70% a 80% das mulheres terão mioma ao longo vidade endometrial. É o mais sintomático, levan-
da vida. É mais comum em negras. do a quadros de SUA. Por distorcer a cavidade
A maior parte das pacientes é assintomática! Apenas endometrial, também é associado a quadros de
30% delas têm sintomas. infertilidade.
215
Sangramento uterino anormal Ginecologia
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Fonte: FIGO.2
216
Sangramento uterino anormal Cap. 7
3.3. E XAMES
3.4. T
RATAMENTO
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visa ao controle do sangramento. Essas medidas
não reduzem o volume dos miomas e nem impedem
o seu crescimento!!!
A cirurgia pode ser realizada quando há falha de Fonte: Autor.
217
Sangramento uterino anormal Ginecologia
COEIN
Atenção: vale um adendo para o termo “sangramento Há uma ausência da produção cíclica e previsível
uterino disfuncional”. O termo vem sendo abando- de progesterona pelo corpo lúteo.
nado, mas, quando usado, refere-se aos quadros de
Maior parte não tem uma causa bem definida.
SUA em que nenhuma causa tenha sido encontrada.
Na classificação atual, geralmente enquadram-se Endocrinopatias podem ser causas dessa catego-
as causas O e E do COEIN. ria: SOP, hipotireoidismo, hiperprolactinemia. Além
delas: estresse, obesidade, anorexia, perda de peso,
atividade física excessiva.
1. COAGULOPATIA Outros: extremos de idade, logo após a menarca
(imaturidade do eixo) e na transição menopausal,
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drogas que agem no metabolismo da dopamina.
Sintomas como epistaxe, gengivorragia e equimoses
devem levantar a suspeita de coagulopatias, sendo
a doença de Von Willebrand a mais comum delas
DICA
(o fator de Von Willebrand – vWF – é necessário Um bom tratamento para a pacien-
para a agregação plaquetária). Esse diagnóstico te na perimenopausa e com sangramento
uterino anormal por ciclos anovulatórios é
geralmente é realizado nos primeiros anos após a
a Progesterona cíclica.
menarca, que é o primeiro grande desafio para o
sistema de coagulação da mulher. Exames iniciais
incluem contagem de plaquetas, tempo de pro-
trombina, tempo de tromboplastia parcial ativada
e antígeno vWF. 3. E NDOMETRIAIS
Sangramento por uso de anticoagulantes também
entra nessa categoria.
Desordem do endométrio, alterando mecanismos
que regulam a homeostase endometrial. Diminui-
ção da produção de vasoconstritores, aumento da
2. D ISFUNÇÃO OVULATÓRIA produção de vasodilatadores.
São alterações que não conseguimos diagnosticar
Sangramento imprevisível no tempo e também no na prática do dia a dia.
fluxo.
Aqui entra a maior parte dos “sangramentos dis-
funcionais”.
218
Sangramento uterino anormal Cap. 7
4. I ATROGÊNICO
DICA
O DIU de cobre está mais associa-
do ao sangramento uterino anormal e à
dismenorreia.v
5. N ÃO CLASSIFICADAS AINDA
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219
Sangramento uterino anormal Ginecologia
Polipectomia
histeroscópica
Tratamento cirúrgico
Pólipo
Histerectomia
(Pré) Malignidade
Hormonioterapia
PALM-COEIN
Abordado em
outro capítulo
Adenomiose
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Estrógeno e
progestagênio combinados
Tto. farmacológico
Progestagênio isolado
sistêmico
Leiomioma
Progestagênio oral
cíclico ou contínuo
Progestagênio oral
Tto. farmacológico cíclico ou contínuo
Progestagênio injetável
Sem resposta
Antifibrinolíticos
AINES
220
Sangramento uterino anormal Cap. 7
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Endometriose Estrogênio +
Leiomioma
(molecular) Progesterona
Malignidade/
Iatrogenia
Hiperplasia
Não classificada
ainda
221
Sangramento uterino anormal Ginecologia
REFERÊNCIAS
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222
Sangramento uterino anormal Cap. 7
QUESTÕES COMENTADAS
(SELEÇÃO UNIFICADA – AMRIGS, AMB, ACM E AMMS – 2021) O ⮧ Histerectomia total abdominal.
Sangramento Uterino Anormal (SUA) é motivo im- ⮨ Expectante.
portante de consultas ginecológicas e pode ser cau- ⮩ Miomectomia.
sado por etiologias diversas. São causas comuns
de SUA, EXCETO:
Questão 4
⮦ Pólipo endometrial.
⮧ Disfunção ovulatória. (HOSPITAL MILITAR DE ÁREA DE SÃO PAULO – SP – 2017) Mu-
lher de 63 anos de idade relata sangramento vaginal
⮨ Vaginites.
intermitente há 4 meses. Antecedentes: G4P4, me-
⮩ Adenomiose. nopausa há 10 anos, sem terapia hormonal. Exame
físico: índice de massa corporal (IMC) = 31 kg/m2;
pressão arterial (PA) = 140 × 92 mmHg. Exame gine-
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Questão 2
cológico: vagina trófica, colo epitelizado com junção
(HOSPITAL DE CÂNCER DE BARRETOS – SP – 2018) Sobre a escamocolunar não visível; vestígios de sangue em
adenomiose, assinale a alternativa CORRETA: fundo de saco posterior e útero com forma, volume
e consistência normais. Histerossonografia: lesão
⮦ O padrão-ouro no diagnóstico é a laparoscopia. polipoide de 7 mm de extensão em região de fundo
⮧ Os sintomas mais comuns são dismenorreia e uterino, ausência de espessamento endometrial. De
amenorreia. acordo com as informações, a melhor conduta é:
⮨ É mais frequente em multíparas que em nulíparas.
⮦ Teste da progesterona.
⮩ É mais comum em pacientes na faixa dos 30
⮧ Biópsia com cateter de Pipelle.
anos de idade.
⮨ Histeroscopia cirúrgica.
⮩ Curetagem uterina.
Questão 3
⮪ Histerectomia total abdominal.
(HOSPITAL CASA DE PORTUGAL – 2018) A. J. S., 44 anos
de idade, realiza, a pedido de seu ginecologista,
ultrassonografia transvaginal para avaliação de Questão 5
rotina. O exame evidencia útero com consistência
(ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO RIO GRANDE DO SUL – RS – 2017) Em
heterogênea e irregular, com imagem hipoecoica
relação ao sangramento uterino disfuncional (SUD),
sugerindo mioma intramural, em parede corporal
analise as assertivas a seguir:
anterior, medindo 20 mm. Não tem queixas. Tem
dois filhos de parto cesáreo e fez laqueadura tubá- I. É característico de ciclos anovulatórios, sendo
ria. A conduta mais adequada nesse caso, para o muito comum logo após a menarca e na peri-
diagnóstico de mioma uterino, é: menopausa;
223
Sangramento uterino anormal Ginecologia
II. Pólipo endometrial e miomatose uterina são ⮦ Não estrutural ovulatória (SUA-O).
causas comuns; ⮧ Não estrutural leiomioma (SUA-L).
III. Os anticoncepcionais combinados orais e os ⮨ Estrutural malignidade (SUA-M).
antifibrinolíticos são opções terapêuticas.
⮩ Estrutural endometrial (SUA-E).
Está/estão CORRETA(S) a(s) assertiva(s) que cons-
ta(m) na alternativa:
Questão 8
⮦ Apenas I.
(HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE TERESÓPOLIS COSTANTINO OTTA-
⮧ Apenas II. VIANO – 2016) Paciente de 30 anos de idade, G0 P0,
⮨ Apenas III. deseja engravidar. Relata estar há 2 anos sem usar
⮩ I e III. métodos anticoncepcionais. O ginecologista soli-
cita vários exames para investigação da infertilida-
⮪ I, II e III.
de. A ultrassonografia transvaginal sugere nódulo
miomatoso submucoso fúndico. Na histeroscopia,
Questão 6 evidenciou-se uma imagem de 3 cm abaulando a
parede uterina fúndica esquerda. Foi realizada a
(SELEÇÃO UNIFICADA PARA RESIDÊNCIA MÉDICA DO CEARÁ – biópsia e confirmado o nódulo miomatoso. Qual a
CE – 2021) Mulher de 44 anos, G1P1A0, com história terapêutica recomendada?
prévia de trombose venosa profunda na gestação,
procura atendimento médico com quadro de san- ⮦ Orientações quanto a métodos de inseminação.
gramento vaginal intenso, com presença de coágu- ⮧ Miomectomia histeroscópica.
los, há 4 dias, após atraso menstrual de cerca de 2
⮨ Salpingectomia esquerda.
meses. Apresenta-se hipocorada e sudoreica, com
pressão arterial de 80x60 mmHg e pulso de 110ppm, ⮩ Curetagem uterina.
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após hidratação venosa. Ao exame especular, vi- ⮪ Indutores da ovulação.
sualiza-se grande quantidade de sangue fluindo por
orifício cervical externo, colo e vagina sem lesões.
Questão 9
Ao toque vaginal, útero de consistência, contorno
e volume normais, colo móvel e impérvio. Teste (ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO RIO GRANDE DO SUL – RS – 2009) Em
imunológico de gravidez negativo. Qual a conduta relação ao sangramento uterino disfuncional (SUD),
adequada para o caso? é CORRETO afirmar que:
Questão 7 ⮦ Apenas I.
⮧ Apenas II.
(HOSPITAL MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – SP – 2016)
⮨ Apenas III.
Na classificação PALM-COEIN, a causa mais co-
mum do sangramento uterino anormal (SUA) que ⮩ II e III estão corretas.
ocorre na perimenopausa é: ⮪ I e II estão corretas.
224
Sangramento uterino anormal Cap. 7
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⮦ Na maioria dos casos, o sangramento uterino ⮪ histerectomia laparoscópica
disfuncional é ovulatório e causado por supres-
são estrogênica
Questão 13
⮧ Na prática médica rotineira, a expressão ‘’San-
gramento Uterino Disfuncional’’ é utilizada como (UNICAMP – SP – 2019) Mulher, 35a, G2P2A0C0, com-
diagnóstico de exclusão e não como um sintoma parece ao ambulatório de ginecologia referindo
⮨ Nos quadros de hemoragia uterina disfuncional aumento do fluxo menstrual há 6 meses, com du-
a cicatrização do endométrio é assincrônica e ração de 8 dias, presença de coágulos e uso de seis
irregular absorventes por dia. Faz uso de anticoncepcional
⮩ Nos quadros de Hemorragia uterina disfuncio- oral combinado. Ultrassonografia pélvica: útero de
nal os níveis maiores de estrogênios causam volume de 87 cm3, endométrio com espessura de
episódios de amenorreia seguidos de hemor- 5 mm e imagem nodular de 2x2 cm compatível com
ragia aguda mioma FIGO 1, ovários sem alterações. Hemoglo-
bina= 9,5 g/dL. A CONDUTA É:
225
Sangramento uterino anormal Ginecologia
Questão 14
Questão 15
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gulares de 30 dias, mas sua menstruação vem au-
mentando em duração e quantidade há 6 meses,
inclusive com aparecimento de cólica (que não
apresentava antes). O exame clínico geral é normal.
O toque vaginal, não doloroso, identifica útero em
anteversoflexão, volume e forma normais, regiões
anexiais sem alterações. Qual é a principal hipóte-
se diagnóstica?
⮦ Adenomiose.
⮧ Miomatose uterina.
⮨ Endometrite.
⮩ Istmocele.
226
Sangramento uterino anormal Cap. 7
GABARITO E COMENTÁRIOS
Comentário: Questão direta que quer saber sobre Alternativa D: INCORRETA. É mais comum na faixa
causas de Sangramento Uterino Anormal. Vamos dos 35 a 50 anos de idade.
relembrar as causas pelo PALM-COEIN. Causas ✔ resposta: C
estruturais PALM: P – pólipos/A – adenomiose/
L – leiomioma / M – malignidade. Causas não es-
truturais COEIN: C – coagulopatia (doença de von Questão 3 dificuldade:
Willebrand é uma das condições mais comuns)/ O
– ovulatória (anovulação crônica como nos casos Comentário: A questão informa que a paciente NÃO
de SOP, hipotireoidismo, hiperprolactinemia)/ E – TEM QUEIXAS. O leiomioma é a neoplasia benigna
endometrial/ I – iatrogênica/ N – não classificadas. mais comum da mulher, representando 95% dos
Alternativa A: INCORRETA. Pólipo é causa de SUA. tumores genitais femininos. Além disso, mais de
70% das mulheres terão miomas. Na maioria das
Alternativa B: INCORRETA. Disfunção ovulatória é
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vezes, é assintomático, sendo descoberto através
causa de SUA.
de achados incidentais de exames. Se a paciente é
Alternativa C: CORRETA. Vaginites NÃO são causa assintomática, a conduta indicada é a expectante.
de SUA. Vale salientar ainda que ela está com 44 anos de
Alternativa D: INCORRETA. Adenomiose é causa de idade e, provavelmente, próxima da menopausa,
SUA. havendo normalmente uma involução dos miomas
✔ resposta: C após esse período.
✔ resposta: C
Questão 2 dificuldade:
Questão 4 dificuldade:
Comentário: A “teoria do trauma cirúrgico” é uma das
principais teorias aceitas para explicar a adenomio-
Comentário: Ocorrendo sangramento vaginal no pe-
se. Segundo ela, um trauma cirúrgico pode causar
ríodo pós-menopausa, devemos pensar em atrofia
fragilidade endometrial, predispondo à invagina-
endometrial (mais comum), uso de terapia hormo-
ção da camada endometrial basal para o interior
nal, câncer de endométrio. No caso em questão,
do miométrio. Portanto, traumas cirúrgicos como
temos uma paciente menopausada, sem uso de
miomectomia ou cesariana representam fatores de
terapia hormonal e obesa. Por possuir mais tecido
risco para o desenvolvimento da adenomiose, que
adiposo, ela realiza mais aromatização periférica e
é mais frequente em multíparas.
possui maior risco de câncer de endométrio (o que
Alternativa A: INCORRETA. O padrão-ouro no diagnós- é corroborado pela vagina trófica). Evidenciou-se
tico é o exame histopatológico. um pólipo sintomático (sangramento) na histeros-
Alternativa B: INCORRETA. Os sintomas mais comuns sonografia e, portanto, a conduta deve ser histeros-
são dismenorreia e sangramento uterino anormal. copia cirúrgica para confirmação do diagnóstico e
227
Sangramento uterino anormal Ginecologia
ressecção do pólipo através da visualização direta, Em último caso, a histerectomia poderia ser indicada.
sendo esse considerado o método padrão-ouro. Então, na nossa opinião, essa questão deveria ser
✔ resposta: C anulada.
Alternativa A: CORRETA. Não concordamos com a
resposta
Questão 5 dificuldade:
Alternativa B: INCORRETA. Medidas clínicas mais rá-
Comentário: O SUD (termo que não deve ser mais pidas para restabelecer os parâmetros hemodinâ-
utilizado!) é um diagnóstico de exclusão e refere- micos normais devem ser tomadas antes do USG.
-se ao sangramento anormal cuja origem se deve, Alternativa C: INCORRETA. O DIU de progesterona de-
exclusivamente, a uma ação hormonal irregular no morará a agir aqui. Não é utilizado na fase aguda.
endométrio. Ele pode ser ovulatório ou anovolutó-
Alternativa D: INCORRETA. Acetato de medroxipro-
rio, e cerca de 80% dos casos são ovulatórios. Por
gesterona 150 mg intramuscular. Demorará a agir
sua vez, ciclos anovulatórios são mais comuns nos
aqui. Não é utilizado na fase aguda.
extremos da vida reprodutiva – pós-menarca e pe-
rimenopausa –, por imaturidade do eixo e falência ✔ resposta: A
ovariana progressiva, respectivamente. O tratamento
do SUD pode ser feito com anticoncepcionais orais
Questão 7 dificuldade:
combinados, anti-inflamatórios não esteroidais
(AINE) e antifibrinolíticos. Comentário: O acrônimo PALM-COEIN foi criado pela
✔ resposta: D International Federation of Gynecology and Obstetrics
(FIGO) como método mnemônico para classificar e
definir as etiologias dos SUA em mulheres em idade
Questão 6 dificuldade:
fértil não gestantes. Inclui: Pólipos / Adenomiose /
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Comentário: Questão sobre tratamento de um quadro Leiomiomas / Malignidade / Hiperplasia endometrial
de Sangramento Uterino Anormal. Vamos relembrar / Coagulopatia / Distúrbios ovulatórios / Afecções
as causas pelo PALM-COEIN. Causas estruturais endometriais / Causas iatrogênicas / Não classifi-
PALM: P – pólipos/A – adenomiose/ L – leiomioma cadas. Na maioria das vezes, na perimenopausa, o
/ M – malignidade. Causas não estruturais COEIN: SUA tem causa disfuncional, desde que excluídas
C – coagulopatia (doença de von Willebrand é uma as causas orgânicas. Ocorre porque são comuns
das condições mais comuns)/ O – ovulatória (ano- distúrbios ovulatórios nos extremos da vida (como
vulação crônica como nos casos de SOP, hipoti- a perimenopausa), devido à anovulação.
reoidismo, hiperprolactinemia)/ E – endometrial/ ✔ resposta: A
I – iatrogênica/ N – não classificadas.
Em um sangramento tão importante, devemos ex-
Questão 8 dificuldade:
cluir um quadro de gestação/ abortamento.
Aqui, o quadro é grave! Choque hemorrágico. Tem Comentário: A paciente deseja engravidar e está
taquicardia e hipotensão. Para o tratamento agudo, tentando há 2 anos, sem sucesso. O mioma sub-
devemos fazer primeiramente Reposição Volêmica mucoso pode estar atrapalhando a implantação
da paciente. Depois podemos tentar medidas clí- do embrião e sendo a causa da infertilidade; por
nicas rápidas para tentar diminuir o sangramento isso, é indicado o tratamento e o mioma deve ser
como uso de Anti-Fibrinolítico, anti-inflamatórios retirado. Dentre as alternativas, o único método
e até hormônios. que retira completamente o mioma submucoso é
A curetagem uterina (sem nenhum exame de ima- a miomectomia histeroscópica.
gem prévio) não é o ideal. ✔ resposta: B
228
Sangramento uterino anormal Cap. 7
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está contraindicada nesta paciente pelo risco car-
A alternativa A está incorreta, pois em 80 a 85% dos diovascular associada a mulheres acima de 35
casos o SUD é anovulatório. anos tabagistas.
✔ resposta: A Alternativa C: INCORRETA. Anti-inflamatórios e ácido
tranexâmico são opções de tratamento medica-
mentoso para o sangramento excessivo associa-
Questão 11 dificuldade:
do a miomatose, porém entram como opção de
segunda escolha.
Comentário: O sangramento uterino disfuncional
(SUD) é um sangramento de origem uterina na au- Alternativa D: INCORRETA. A conduta cirúrgica está
sência de gravidez, na ausência de doença pélvica indicada após falha do tratamento clínico.
ou na ausência de doença sistêmica, sendo atribuí- Alternativa E: INCORRETA. A conduta cirúrgica está
do às alterações dos mecanismos endocrinológi- indicada após falha do tratamento clínico.
cos que controlam a menstruação. É, portanto, um ✔ resposta: A
diagnóstico de exclusão.
Alternativa A: INCORRETA. Na maioria das vezes (80-
Questão 13 dificuldade:
85%), o SUD é anovulatório.
Alternativa B: CORRETA. Normalmente, é resultado Comentário: A classificação FIGO para miomatose se
dos mecanismos endocrinológicos que regulam a refere à descrição ultrassonográfica destas lesões.
menstruação. Alternativa A: CORRETA. A paciente está sintomática
Alternativa C: CORRETA. O sangramento ocorre su- e com repercussão laboratorial (anemia); FIGO 1
perficialmente, na camada compacta. indica miomatose uterina submucosa com < 50%
229
Sangramento uterino anormal Ginecologia
Questão 14 dificuldade:
Questão 15 dificuldade:
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Comentário: A paciente apresenta um quadro clínico
de dismenorreia e sangramento uterino anormal, ca-
racterístico de miomatose uterina ou adenomiose.
O fato de ela apresentar um volume uterino normal
fala a favor de adenomiose. Adenomiose nada mais
é que a presença de glândulas e estroma endome-
trial dentro do miométrio.
✔ resposta: A
230
SÍNDROME DOS OVÁRIOS Capítulo
POLICÍSTICOS 8
importância/prevalência
1. D EFINIÇÃO DICA
Na questões de prova que aborda-
rem alguma das situações acima, sempre
se lembre da SOP.
É uma síndrome caracterizada por ciclos anovu-
latórios ou oligo-ovulação, hiperandrogenismo e
múltiplos pequenos cistos ovarianos.
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A prevalência pode chegar a 10% das mulheres em
No passado, já recebeu o nome de síndrome de
idade reprodutiva. É mais comum em mulheres
Stein-Leventhal (pois é, algumas provas cobram
com hiperandrogenismo (80% delas têm SOP) e
assim…).
infertilidade (até um terço tem SOP).
Atualmente, a SOP é considerada uma doença
metabólica, pois, além das manifestações gineco-
lógicas, essa patologia pode cursar com alterações 3. E TIOLOGIA
lipídicas, diabetes mellitus (DM), obesidade, hiper-
tensão arterial sistêmica (HAS) e aumento do risco
cardiovascular
BASES DA MEDICINA
231
Síndrome dos ovários policísticos Ginecologia
Algumas alterações envolvidas na fisiopatologia da SOP Ela pode aparecer por anormalidades genéticas e/ou
são alterações na liberação pulsátil de GnRH, produ- aumento o tecido adiposo. A resistência à insulina e a
zindo inversão na relação LH/FSH (na SOP, há aumento hiperinsulinemia parecem estar relacionadas também
dessa relação, geralmente > 2:1). Lembrando que o LH a um aumento androgênico sérico e a uma diminuição
estimula a secreção de androgênios nas células tecais do SHBG.
do ovário. Além disso, essa diminuição relativa do FSH Pacientes obesas têm maior produção estrogênica em
pode diminuir a atividade da aromatase nas células da sua periferia. Devemos lembrar também que há aroma-
granulosa, reduzindo a conversão de androgênio em tase no tecido adiposo – ela faz a conversão periférica de
estrogênio. Em outras palavras, o ovário tem mais difi- andrógenos em estrógenos. É também na periferia que,
culdade em transformar seu microambiente androgênico sob a ação da 5 alfa-redutase, a testosterona é transfor-
em estrogênico. mada em di-hidrotestosterona (DHT), o androgênio mais
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O ambiente mais androgênico impede o desenvolvimento potente e que não é mais aromatizado em estrogênios.
folicular normal, induzindo a atresia folicular prematura. A DHT é responsável pelo fenótipo andrógeno, explicando
Ou seja, os folículos não se desenvolvem adequadamente. o aparecimento de hirsutismo na SOP.
Esses múltiplos folículos em vários estágios de desen- Pode haver aumento de androgênios produzidos nas adre-
volvimento, junto com a hiperplasia estromal, levam a nais. Exemplo: SDHEA (sulfato de deidroepiandrosterona).
um aumento ovariano bilateral. Os androgênios também
podem aumentar a secreção de LH e diminuir a de FSH O aumento de androgênios séricos aumenta o risco de
pela hipófise. alterações metabólicas, como dislipidemias, além de
propiciar quadros de acne e hirsutismo.
A ausência de desenvolvimento folicular adequado resulta
em um quadro de anovulação (clinicamente, apresenta-se
por oligomenorreia ou amenorreia secundária). Como há
anovulação crônica, não há corpo lúteo. Sem corpo lúteo,
BASES DA MEDICINA
não há progesterona produzida em quantidade adequada.
Sem a progesterona, não há oposição ao estrogênio,
que fica estimulando continuamente o endométrio. Esse A resistência à insulina e o hiperinsulinismo compensa-
estímulo crônico do endométrio pelo estrogênio aumenta tório podem estar presentes tanto em mulheres magras
o risco de hiperplasia de endométrio e é uma causa de quanto em obesas com SOP.
232
Síndrome dos ovários policísticos Cap. 8
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Fonte: FEBRASGO.1
233
Síndrome dos ovários policísticos Ginecologia
Hipotálamo
Liberação do
GnRH alterada
Retroalimentação
Hipófise
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Glândula suprarrenal Ovário (TECA)
Atresia
Pele Resistência insulinica Útero
folicular
Hiperplasia endometrial
Hirsutismo, acne, Anovulação/
acantose nigricans amenorreia
Sangramento
uterino anormal
Fonte: SanarFlix.
234
Síndrome dos ovários policísticos Cap. 8
5.1. M
ENSTRUAÇÃO
BASES DA MEDICINA
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DIA A DIA MÉDICO Amenorreia secundária ocorre quando existem ciclos
menstruais prévios, porém ocorre ausência de pelo menos
3 ciclos menstruais em mulheres com ciclos regulares
Metade das meninas apresentam irregularidade mens-
ou ausência de menstruação por, pelo menos, 6 meses
trual nos dois primeiros anos após a menarca em razão
em mulheres com ciclos irregulares.
da imaturidade do eixo hipotálamo-hipófise-ovário, não
sendo portadoras de SOP!
u Oligomenorreia: ciclos com intervalos maiores
Relembrando a fisiopatologia: que 35 dias entre as menstruações.
u Anovulação crônica → sem ovulação, não há corpo
lúteo → não há produção de progesterona → não 5.2. HIPERANDROGENISMO
há a queda de progesterona no final do ciclo, que
desencadearia a menstruação → oligomenorreia/ O hirsutismo é a manifestação clínica mais comum
amenorreia. do hiperandrogenismo.
Portanto, nessas pacientes, podemos fazer o Outros sinais que podem surgir são acne, seborreia
teste da progesterona. Falamos sobre esse tes- e alopecia de padrão androgênico (frontal).
te na aula de amenorreia, mas vou resumir aqui: u Acne: A acne se deve ao bloqueio da abertura
u Teste da Progesterona: administra-se progeste- folicular por hiperceratose, produção excessiva
rona por sete a dez dias. Após a sua suspensão, de sebo, proliferação de Propionibacterium acnes
espera-se que ocorra menstruação. Havendo comensal e inflamação por ação androgênica.
menstruação, é possível afirmar que havia estí- u Alopecia: A alopecia ocorre devido a ação da
mulo estrogênico sobre o endométrio; porém, a
5-alfa-redutase no folículo piloso, gerando que-
falta de ovulação (se não ovula, não tem corpo
da do cabelo.
235
Síndrome dos ovários policísticos Ginecologia
u Hirsutismo: O hirsutismo é o excesso de pelos 25 = hirsutismo grave. (Essa pontuação vale para
de padrão masculino (grosso e pigmentados) brancas e negras, para mulheres hispânicas, do
na mulher. mediterrâneo e do Oriente Médio ≥ 9 é anormal e,
para asiáticas, ≥ 2).
Dentro do folículo piloso, a testosterona é convertida
em di-hidrotestosterona (DTH) pela enzima 5-alfa-re- Figura 2. Hirsutismo na parte inferior do abdome.
dutase. A testosterona e, principalmente, a DTH são
os responsáveis por engrossar e enegrecer os pelos
de áreas sensíveis a androgênios. A quantificação
da distribuição de pelos pode ser feita utilizando a
Escala de Ferriman-Gallwey, que possui 9 imagens
com diferentes padrões de hirsutismo, sendo que
o seu grau é pontuado de 0 a 4. São avaliadas nove
áreas do corpo, conforme a figura abaixo (Figura 1).
Dá-se uma pontuação para cada área. Se o total
for menor que 8 = normal; de 8 a 16 = hirsutismo
leve; de 17 a 27 = hirsutismo moderado; maior que
Fonte: FEBRASGO.1
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Fonte: FEBRASGO.1
236
Síndrome dos ovários policísticos Cap. 8
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Mulheres com SOP apresentam risco elevado de
É comum (mas não obrigatório) a presença de obe-
desenvolver DM tipo 2 e intolerância à glicose devido
sidade (IMC > 30). Está presente em até 50% das
à disfunção das células beta pancreáticas presente
pacientes com SOP. Geralmente, há padrão androide
nessa patologia.
(central) de obesidade, com aumento da relação
cintura-quadril. Esse tipo de alteração é um fator
de risco independente para doença cardiovascular 5.6. DISLIPIDEMIA
e diabetes tipo 2.
Pode ocorrer em até dois terços das pacientes
5.4. RESISTÊNCIA À INSULINA com SOP.
Não se engane, ela pode surgir tanto em pacientes magras Novamente, não se engane pelo fenótipo. Mesmo as
quanto obesas com SOP. magras podem ter dislipidemia, com aumento de LDL e
triglicérides e redução do HDL.
237
Síndrome dos ovários policísticos Ginecologia
5.9. INFERTILIDADE
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5.10. NEOPLASIA DE ENDOMÉTRIO
238
Síndrome dos ovários policísticos Cap. 8
Seborreia Hirsutismo
Alopecia Oligomenorreia
Hipertensão
Obesidade
arterial sistêmica
Quadro
Dislipidemia Hiperandrogenismo
clínico
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Infertilidade Acne
Amenorreia
Ciclos anovulatórios
secundária
Sangramento
Síndrome metabólica
uterino anormal
239
Síndrome dos ovários policísticos Ginecologia
BASES DA MEDICINA
Outro critério que pode ser utilizado, além do Rot-
terdam é o da AE-PCOS (ter as duas e excluir outras
De acordo com esses critérios, entende-se por alteração causas):
no ciclo menstrual a ausência de menstruação por um
período de 90 dias ou mais ou a presença de um número
u Hiperandrogenismo (clínico e/ou laboratorial).
de ciclos menstruais menor ou igual a 9 por ano. Em rela- u Disfunção ovulatória e/ou ovários policísticos.
ção ao hiperandrogenismo, deve-se pontuar esse critério
quando houver pelo menos um dos seguintes achados:
acne, hirsutismo e alopecia de padrão androgênico ou
DIA A DIA MÉDICO
hiperandrogenismo laboratorial.
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Apesar de ser chamada de síndrome dos ovários policísti-
O hiperandrogenismo laboratorial ocorre quando cos, a presença deles não é necessária para o diagnóstico.
há elevação de pelo menos um androgênio, que
Outro dado interessante é que a USG com ovários poli-
pode ser testosterona total, androstenediona e/ou císticos pode aparecer em 20% a 30% das mulheres
sulfato de desidroepiandrosterona sérica (SDHEA). normais. Ou seja, o fato de ter ovários policísticos à USG
isoladamente também não faz o diagnóstico.
Classicamente, eram considerados policísticos
ao USG quando havia ≥ 12 folículos (de 2 a 9 mm)
em um ovário ou volume ovariano > 10 mL). Um
guideline de 2018 (em parceria com duas grandes BASES DA MEDICINA
sociedades internacionais de Reprodução Humana:
ASRM e ESHRE) recomendou o valor ≥ 20 folículos. Novos estudos têm usado o hormônio antimulleriano
(HAM) como método diagnóstico, com evidências de boa
correlação entre os seus níveis e a contagem de folículos,
volume ovariano e distribuição periférica dos folículos.
Com base nesses estudos, o HAM está sendo cotado para
substituir a USG; no entanto, devido a discrepâncias no
ponto de corte entre esses estudos, o HAM ainda não é
utilizado como critério diagnóstico.
240
Síndrome dos ovários policísticos Cap. 8
Fluxograma 1. Diagnóstico.
Critérios de
Rotterdam
Oligomenorreia
+
Hiperandrogenismo
NÃO SIM
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Apenas 1 critério clínico Diagnóstico da SOP
DESCARTAR
DESCARTAR OUTRAS
OUTRAS CAUSAS NÃO
CAUSAS DE HIPERANDROGENISMO
DE ANIVULAÇÃO
Disfunções tireoidianas
Hiperprolactinemia
Tumor ovariano
Hiperplasia adrenal
congênita
Tumor adrenal
Fonte: SanarFlix.
241
Síndrome dos ovários policísticos Ginecologia
Avaliar idade de início, tempo de história, padrão O BHCG tem o intuito de excluir gestação nas pacien-
menstrual, medicações, história familiar. tes com amenorreia.
A progesterona pode ser dosada e deve mostrar
7.2. E
XAME FÍSICO níveis baixos, compatíveis com anovulação. Os
estrogênios não precisam ser dosados. Caso sejam,
pode haver aumento da estrona.
Importante avaliar alguns critérios para a síndrome
metabólica, como medida de pressão arterial e
Tabela 1. Diagnósticos diferenciais dos
circunferência abdominal.
quadros de hiperandrogenismo.
Além disso, avaliar IMC (sobrepeso/obesidade) e
Diagnósticos
procurar por sinais de hiperandrogenismo, como diferenciais de Investigação
hirsutismo (Ferriman-Gallwey), acne e alopecia. hiperandrogenismo
E também por sinais de resistência à insulina, como Dosagem de hormônio
acantose nigricans. Disfunções tireoidianas tireoestimulante
(TSH) e/ou T4 livre.
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nosso diagnóstico e também alguns que ajudarão Dosagem de
a excluir outras causas. Tumor adrenal deidroepiandrosterona
sulfatada (DHEA-S)
7.3.1. Hormônios Dosagem de 17-alfa-
Hiperplasia adrenal
hidroxiprogesterona
Dosagem dos seguintes hormônios: LH, FSH, TSH, congênita
(17OHP)
prolactina, testosterona total e livre, SDHEA, andros-
Insuficiência Dosagem de hormônio
tenediona, SHBG, 17-OH progesterona, BHCG. ovariana primária folículo-estimulante (FSH)
As alterações que PODEM ser encontradas são Fonte: FEBRASGO.1
leve aumento de testosterona, androstenediona
e SDHEA e diminuição de SHBG, além de relação 7.3.2. Avaliação metabólica
LH/FSH > 2:1.
Devem ser solicitadas dosagem de colesterol e fra-
Os valores de TSH e prolactina têm que estar nor-
ções (atenção especial ao LDL e HDL) e triglicérides.
mais.
Para a resistência à insulina, glicemia de jejum e
Grandes aumentos de testosterona (> 200 ng/mL)
teste de tolerância oral à glicose em duas horas.
podem estar relacionados a tumores virilizantes pro-
A insulina basal pode ser dosada e se mostrará
dutores de androgênio. Do mesmo modo, o SHDEA
aumentada em um terço das pacientes.
(sulfato de diidroepiandrosterona) é de produção
exclusiva adrenal. Portanto, níveis muito acima do Além disso, deve-se verificar dados de exame físico
normal podem indicar tumores de adrenais. como peso, altura, IMC, pressão arterial e circunfe-
rência abdominal.
242
Síndrome dos ovários policísticos Cap. 8
7.3.3. U
SG pélvico As “pílulas” terão efeito muito importante no trata-
mento, não tendo “mera” ação contraceptiva.
De preferência por via transvaginal (se já tiver rela-
ção sexual). O uso de anticoncepcionais hormonais combinados
(AHCO) diminui a produção adrenal e ovariana de
Os achados para a SOP: classicamente 12 ou mais androgênios através da supressão do LH pelo com-
folículos medindo de 2 a 9 mm de diâmetro ou ponente progestínico. Além disso, o componente
volume ovariano aumentado (> 10 mL). Como citado estrogênico aumenta a produção hepática de SHBG,
anteriormente, um guideline de 2018 recomendou diminuindo a testosterona biodisponível. Preste
o valor ≥ 20 folículos. atenção aqui, porque já caiu até em prova da USP!
Outro ponto benéfico é o efeito antagonista da
7.4. DIAGNÓTICOS DIFERENCIAIS
progesterona sobre o endométrio proliferativo, redu-
zindo o risco de hiperplasia endometrial/câncer de
Os mais comuns e que devem ser descartados: endométrio.
u Gestação, hipotireoidismo, hiperprolactinemia, hi-
Métodos de progesterona isolada também podem
perplasia adrenal congênita (forma tardia), tumor
ser utilizados de forma contínua.
ovariano, tumor adrenal, síndrome de Cushing.
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u Hiperplasia de endométrio/câncer de endométrio.
8.3. HIPERANDROGENISMO
243
Síndrome dos ovários policísticos Ginecologia
Métodos de depilação e epilação (retirada inteira dos Cada vez menos utilizado.
pelos) também podem ser empregados. A depilação
Pode levar à perda de reserva ovariana.
é a técnica mais utilizada; no entanto, efeitos cola-
terais como irritação da pele podem surgir. Dentre
as técnicas de depilação, pode-se usar a retirada 8.6. RESISTÊNCIA INSULÍNICA
mecânica dos pelos com pinça, cera e laser ou retirar
permanentemente com a destruição térmica dos A Metformina atua suprimindo a glicogênese hepá-
folículos pilosos. É comum em pacientes com SOP tica, aumentando a sensibilidade periférica à insu-
problemas psicológicos, como ansiedade e depres- lina e diminuindo a absorção intestinal de glicose.
são, devido ao impacto do hiperandrogenismo na Também pode ajudar na ovulação.
feminilidade e autoestima, sendo necessária uma
abordagem multidisciplinar entre com profissionais
ligados à saúde mental. BASES DA MEDICINA
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hiperestímulo ovariano (complicação da indução
ovulatória em que há grande aumento do volume
ovariano e perda de líquido do espaço intravascular Alguns diagnósticos diferenciais para a SOP, princi-
para o extravascular devido ao aumento da permea- palmente quando o sintoma principal é o hirsutismo.
bilidade vascular; pode surgir ascite, derrame pleural,
Para relembrar:
hemoconcentração, fenômenos tromboembólicos
e insuficiência renal). u Hirsutismo: excesso de pelos de padrão mascu-
lino na mulher.
A indução da ovulação também pode ser realizada
u Virilização: além do hirsutismo, inclui outros sinais
com gonadotrofinas, antiandrogênicos e inibidores
masculinizantes, como clitoromegalia, calvície,
da aromatase.
alteração de voz, aumento de massa muscular.
Técnicas de alta complexidade: fertilização in vitro
(lembre-se de que SOP tem risco de síndrome de Os exames laboratoriais vão nos ajudar muito no
hiperestímulo, como citado anteriormente). diagnóstico:
u Exames laboratoriais: Avaliar níveis de androgênios:
8.5. DRILLING OVARIANO W SDHEA (sulfato de diidroepiandrosterona):
produzida somente nas adrenais. Se há au-
É um procedimento cirúrgico que consiste na cau- mento importante de SDHEA, provavelmente
terização laparoscópica ovariana com eletrodo há tumor de adrenal.
monopolar. Poderia aumentar as taxas de ovulação W 17-OH Progesterona: é um precursor do cor-
e gestação e ajudaria na diminuição dos androgê- tisol. Pode estar aumentada em casos de
nios ovarianos. hiperplasia adrenal congênita (forma tardia),
244
Síndrome dos ovários policísticos Cap. 8
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u Exame Físico → hirsutismo sem virilização.
Tríade do tumor de adrenal → virilização de início u Laboratorial → normais.
abrupto, ↑↑ SHDEA, massa abdominal/ flanco. u Tratamento → clínico. Ex.: espironolactona VO
u História → início rápido. ou cremes.
u Exame físico → virilização.
u Laboratorial → ↑↑ SHDEA.
u Imagem → TC ou RM massa abdominal/flanco.
u Tratamento → cirurgia para remoção do tumor.
245
Síndrome dos ovários policísticos Ginecologia
Antiandrogênio: Anticoncepcionais
Acetato de ciproterona hormonais combinados
Irregularidade
Hirsutismo Distúrbios metabólicos
menstrual
Medicamentoso
Infertilidade
Tratamento Metformina
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Citrato de
Clomifeno
Não medicamentoso
Mudanças de Acompanhamento
Depilação/Epilação
estilo de vida psicológico
Melhora da alimentação
Atividade física
Fonte: SanarFlix.
246
Síndrome dos ovários policísticos Cap. 8
Origem genética
Etiologia multifatorial poligênica
Antiandrogênio:
Acetato de ciproterona
Anticoncepcionais
Critérios de Rotterdam
hormonais combinados
Mudanças de
USG
estilo de vida
Exames laboratoriais
Metformina
para exclusão
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Quadro clínico Fisiopatologia
Fonte: Autor.
247
Síndrome dos ovários policísticos Ginecologia
REFERÊNCIAS
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Síndrome dos ovários policísticos Cap. 8
QUESTÕES COMENTADAS
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de gravidez, porém o resultado é sempre negativo.
Diante do relato do caso é correto afirmar: Identifique, nesse caso, o exame que pode auxiliar
no diagnóstico diferencial.
⮦ A medicação mais indicada nesse momento é a
metformina associada à espironolactona. ⮦ Dosagem de SHBG.
⮧ Curva de estímulo de FSH/LH após GnRH.
⮧ A primeira opção terapêutica é a modificação
de estilo de vida com perda ponderal e ativida- ⮨ Dosagem de progesterona.
de física ⮩ Dosagem de 17-hidroxiprogesterona (17OHP).
⮨ Como a paciente já está tentando engravidar há
1 ano, sem sucesso, a primeira opção terapêu- Questão 4
tica é metformina e citrato de clomifeno para
induzir a ovulação. (INSTITUTO FERNANDES FIGUEIRA – 2018) A síndrome dos
ovários policísticos (SOP) é a alteração endócrina
⮩ O tratamento mais adequado, nesse momento,
mais comum nas mulheres em idade reprodutiva,
é a administração de estradiol por 10 dias para
afetando 4 a 12% delas. A SOP é importante não só
induzir uma menstruação.
pela sua frequência, mas também pelas repercus-
sões à saúde, como: obesidade, infertilidade, resis-
Questão 2 tência insulínica, dislipidemia, diabetes gestacional,
diabetes mellitus tipo 2, depressão e redução da
(COMISSÃO ESTADUAL DE RESIDÊNCIA MÉDICA – CEREM – BA – qualidade de vida. Sobre a fisiopatologia da SOP,
2021) Enunciado da questão 1. marque a opção INCORRETA:
249
Síndrome dos ovários policísticos Ginecologia
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androgênios, acompanhadas de oligomenorreia abdominal (CA) = 98 cm, índice de Ferriman-Gall-
ou amenorreia. wey = 13. Exame físico das mamas e ginecológico:
II. A SOP associa-se e predispõe a hipertensão sem alterações. Foram solicitados exames hormo-
arterial, diabetes mellitus, hiperlipidemia, infer- nais para diagnóstico: hormônio tireoestimulante
tilidade, obesidade, síndrome metabólica e de (TSH) = 2,2 mLU/mL (VN = 0,5 a 4 mLU/mL); FSH =
resistência insulínica. 3,1 mLU/mL (VN = 2,8 a 10,5 mLU/mL); prolactina =
18 ng/mL (VN < 25 ng/mL); testosterona = 118 ng/
III. A virilização ocorre como consequência do
dL (VN < 80 ng/dL); 17-OH-progesterona = 78 ng/dL
aumento dos hormônios masculinos em relação
(VN < 150 ng/dL); sulfato de deidroepiandrosterona
aos femininos.
(DHEA-S) = 101 g/dL (VN < 350 µg/dL). Lipidograma
IV. A insulina provoca diminuição de algumas normal e teste oral de tolerância à glicose (TOTG)
proteínas hepáticas que se unem aos hormô- em tempo 0 = 89 mg/dL e em tempo 120 minutos
nios sexuais (globulina ligadora de hormônios = 130 mg/dL. Ultrassonografia (USG) transvaginal
sexuais, SHBG) e, consequentemente, eleva a = útero em anteversoflexão (AVF) com 98 cm3; eco
concentração de testosterona livre na corrente endometrial = 7 mm de espessura; ovário direito =
sanguínea. 11,2 cm3, com 14 folículos antrais iniciais, e ovário
V. A acantose nigricans caracteriza-se pela colo- esquerdo = 8,8 cm3, com 10 folículos antrais iniciais.
ração escura que a pele adquire em algumas A melhor conduta para o controle da doença, nesse
regiões devido à estimulação da insulina na caso, é prescrever:
epiderme.
⮦ Metformina, pois a melhora da intolerância à
A alternativa que contém todas as afirmativas cor- glicose reduzirá o distúrbio metabólico.
retas é:
⮧ Contraceptivo combinado oral para melhora do
⮦ I, II, III, IV e V. hiperandrogenismo clínico.
250
Síndrome dos ovários policísticos Cap. 8
⮨ Progestógeno de segunda fase para controle do menstrual associado a hirsutismo. Além disso, re-
ciclo menstrual. lata escurecimento da pele em axilas e pescoço.
⮩ Espironolactona entre o 5º e o 14º dia do ciclo, Apresenta hormônio tireoestimulante (TSH) e fo-
associada à dieta e à atividade física. liculoestimulante (FSH) normais, hormônio lutei-
nizante (LH) elevado, testosterona total, sulfato
de deidroepiandrosterona (DHEA-S) e 17-OH-pro-
Questão 7 gesterona dentro da normalidade, além de duas
glicemias de jejum com o valor de 135 mg/dL. Na
(FUNDAÇÃO BANCO DE OLHOS DE GOIÁS – GO – 2018) No ar- ultrassonografia transvaginal, útero em anteverso-
senal terapêutico disponível para tratamento da flexão com volume normal e ovários com volume
síndrome dos ovários policísticos (SOP) com hir- aumentado (14 cm3 e 15 cm3) à custa de múltiplos
sutismo, dos listados abaixo, aquele que NÃO tem folículos antrais. Com base nesse caso hipotético,
utilização clínica é: assinale a alternativa CORRETA.
⮦ Raloxifeno. ⮦ Deve-se prescrever progesterona de segunda
⮧ Espironolactona. fase, visto que sua eficácia no controle do ciclo
⮨ Metformina. e na terapêutica do hiperandrogenismo é supe-
rior à da pílula combinada.
⮩ Anticoncepcional combinado oral.
⮧ Deve-se prescrever pílula combinada e metfor-
mina.
Questão 8 ⮨ A paciente apresenta um tumor ovariano secre-
tor de testosterona, sendo indicado o tratamen-
(HOSPITAL OFTALMÓLOGICO DO ACRE – AC – 2018) Mulher
to cirúrgico.
de 22 anos de idade, nuligesta, que não pretende
engravidar, procura o ginecologista com queixa de ⮩ A primeira linha de tratamento medicamentoso
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hirsutismo. Ao exame físico, observa-se obesidade é constituída pelo uso da espironolactona, que
grau I, acne e hirsutismo com pelos nas regiões fa- irá regularizar o ciclo menstrual e melhorar o
cial e periareolar, bem como em linha alba e raiz das hirsutismo.
coxas. Ao exame laboratorial, apresenta hormônio ⮪ Deve-se prescrever pílula combinada e orientar
luteinizante (LH) = 35 MIU/mL, hormônio foliculoes- alterações no estilo de vida para a perda de peso.
timulante (FSH) = 9 mIU/mL e níveis de androste-
nediona e testosterona discretamente elevados,
mas sulfato de de-hidroepiandrosterona (DHEA-S) Questão 10
normal. Qual dos seguintes agentes representa o (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ – BELÉM – PA – 2018) Pa-
tratamento mais adequado dessa condição? trícia, 19 anos de idade, hímen íntegro, vai ao con-
sultório queixando-se de ausência de menstruação
⮦ Contraceptivo oral.
há 6 meses. Relata que desde a menarca, aos 12
⮧ Corticosteroide. anos de idade, sua menstruação sempre foi irregu-
⮨ Análogo do GnRH. lar, com intervalos que chegam a 9 meses. Informa
⮩ Bromoergocriptina. que tem problemas com acne, seborreia e apareci-
mento excessivo de pelos pelo corpo desde os 13
⮪ Espironolactona.
anos de idade. Sobre o quadro exposto, é CORRE-
TO afirmar que:
(SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO – SP – 2018) Uma ciente sempre apresentou este padrão menstrual.
paciente de 22 anos de idade procurou o serviço de ⮧ Uma provável causa da amenorreia é um septo
ginecologia endócrina com quadro de irregularidade vaginal transverso.
251
Síndrome dos ovários policísticos Ginecologia
⮨ Não há necessidade de dosar prolactina e fun- ⮪ Dieta e exercícios físicos não auxiliam no trata-
ção tireoidiana em sua investigação. mento da SOP.
⮩ Deve-se pensar em síndrome dos ovários po-
licísticos (SOP) como a causa da amenorreia. Questão 12
⮪ Pelos critérios de Rotterdam, para confirmar o
(HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA UFU – MG – 2018) Paciente de
diagnóstico de SOP, a paciente necessita ter a
16 anos de idade procura atendimento médico com
imagem dos ovários policísticos na ultrassono-
queixa de acne e crescimento de pelos na face e
grafia (USG).
no abdome desde a menarca. Interrompeu o uso de
anticoncepcional oral há 6 meses e, desde então,
Questão 11 vem apresentando ganho ponderal e irregularida-
de menstrual com oligomenorreia. O exame físico
(FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS – TO – revelou índice de massa corporal (IMC) de 29 kg/
2018) Síndrome dos ovários policísticos (SOP), ou m2, acne moderada e hirsutismo, sem outras alte-
anovulação crônica por retrocontrole impróprio, é rações. Quais exames complementares são essen-
uma endocrinopatia comum no menacme, acome- ciais para a investigação diagnóstica?
tendo 1 em cada 5 mulheres em idade reprodutiva.
A SOP reveste-se de importância não só pelas suas ⮦ Ultrassonografia pélvica, hormônio gonadotrofina
manifestações clínicas, mas também pelas reper- coriônica humana (beta-HCG), testosterona livre.
cussões à saúde ao longo da vida da paciente. De ⮧ Hormônio tireoestimulante (TSH), prolactina,
acordo com o que foi informado, analise o seguinte 17-hidroxiprogesterona.
caso: “Paciente de 25 anos de idade procura Unida- ⮨ Hormônio foliculoestimulante (FSH), estradiol
de Básica de Saúde (UBS) queixando-se de atraso e sulfato de de-hidroepiandrosterona (DHEA-S).
menstrual há 2 meses. Está tentando engravidar ⮩ Ressonância magnética e cortisol urinário.
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há 1 ano e relata ciclos irregulares, com intervalos
maiores que 45 dias. É realizado um teste de be-
ta-hCG, cujo resultado é negativo. O médico que a Questão 13
atendeu resolve então solicitar uma ultrassonogra-
(HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE TERESÓPOLIS COSTANTINO OTTA-
fia, em que foram apresentados útero de tamanho
VIANO – 2017) Em relação aos critérios de Rotterdam
normal, endométrio medindo 10 mm e ovários com
utilizados para o diagnóstico da síndrome dos ová-
volume aumentado e mais de 12 folículos em cada.
rios policísticos (SOP), leia as assertivas a seguir:
A paciente possui índice de massa corporal (IMC) de
32 e não apresenta acne ou hirsutismo.” Em relação I. Irregularidade menstrual;
ao caso clínico, assinale a alternativa CORRETA: II. Hiperandrogenismo clínico e/ou laboratorial;
⮦ Pode-se afirmar prontamente que essa paciente III. Volume ovariano > 10 cm3 e/ou mais de 12
tem a SOP. folículos entre 2 e 9 mm;
IV. Relação LH/FSH > 2;
⮧ A relação LH/FSH menor que 2 confirmará o
V. Acantose nigricans e resistência insulínica.
diagnóstico de SOP.
⮨ É necessário solicitar os níveis de hormônio ti- A alternativa que contém a(s) assertiva(s) CORRE-
reoestimulante (TSH), prolactina, testosterona, TA(S) é:
sulfato de deidroepiandrosterona (DHEA-S) e
⮦ II, III e IV são critérios utilizados.
17-hidroxiprogesterona antes de confirmar o
diagnóstico de SOP. ⮧ I, II e V são critérios utilizados.
⮨ I, II e III são critérios utilizados.
⮩ A melhor opção para essa paciente engravidar
é usar anticoncepcional oral para diminuir os ⮩ I e V são critérios utilizados.
folículos ovarianos. ⮪ Somente III.
252
Síndrome dos ovários policísticos Cap. 8
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medidas em UBS, com valores médios em torno de
160 x 90 mmHg, sem seguimento. EF: IMC: 29Kg/
Questão 17
m2; PA:130 x 90 mmHg; FC: 88 bpm; CA: 93 cm. ES:
durante investigação clínica de risco cardiovascu- (SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DO ESTADO DE PERNAMBUCO
lar os exames complementares revelaram: glice- – PE – 2019) Jovem mulher de 20 anos, G0P0, procura
mia: 102 mg/dL, insulina: 18UI/mL, colesterol total: o serviço de saúde, por apresentar irregularidade
250 mg/dL; triglicérides: 188 mg/dL; HDL: 50 mg/dL menstrual há três anos. Afirma ter ficado até seis
e LDL colesterol: 120 mg/dL. Segundo os critérios do meses sem menstruar em duas oportunidades. Ao
NCP-ATPIII, o diagnóstico de síndrome metabólica exame, observa-se sobrepeso, presença de pelos em
nesta paciente é baseado nos valores de: região do mento, sulco intermamário e região lombar,
além de acantosis nigricans na parte posterior do
⮦ Colesterol total, triglicérides e circunferência
pescoço. Traz consigo exames laboratoriais (testos-
abdominal.
terona total e androstenediona aumentadas e SHBG
⮧ Pressão arterial, insulina e glicemia. diminuído) e ecografia revelando ovários de 14 cm3
⮨ Colesterol total, circunferência abdominal e gli- com 15 folículos periféricos de 10 mm cada. Consi-
cemia. derando o diagnóstico acima, assinale a alternativa
⮩ Triglicérides, circunferência abdominal e pres- que melhor expressa a condição hiperandrogênica.
são arterial. ⮦ Acantosis nigricans
⮧ Testosterona sérica total
Questão 16 ⮨ Índice de Ferriman Gallwey
(SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DO ESTADO DE PERNAMBU- ⮩ Fórmula de Vermeulen
CO – PE – 2020) Paciente, 26 anos, G0 P0, chega ao ⮪ Sobrepeso e dislipidemia
253
Síndrome dos ovários policísticos Ginecologia
GABARITO E COMENTÁRIOS
Comentário: Nessa questão temos uma paciente com Comentário: Nessa questão temos uma paciente com
histórico de irregularidade menstrual, quadro clíni- histórico de irregularidade menstrual, quadro clíni-
co de hiperandrogenismo (hirsutismo e acne), além co de hiperandrogenismo (hirsutismo e acne), além
de ganho de peso e dificuldade para engravidar, o de ganho de peso e dificuldade para engravidar, o
que nos faz pensar na Síndrome dos Ovários Poli- que nos faz pensar na Síndrome dos Ovários Poli-
císticos, mesmo sem relato de ovários policísticos císticos, mesmo sem relato de ovários policísticos
na USG. Lembre-se dos Critérios de Rotterdam, em na USG. Lembre-se dos Critérios de Rotterdam, em
que é necessário no mínimo 2 das 3 características que é necessário no mínimo 2 das 3 características
principais da SOP, excluindo-se outras causas (1. principais da SOP, excluindo-se outras causas (1.
ciclos anovulatórios/2. hiperandrogenismo clínico ciclos anovulatórios/2. hiperandrogenismo clíni-
ou laboratorial/3. ovários policísticos). O tratamento co ou laboratorial/3. ovários policísticos). No ciclo
da SOP deve ser individualizado e direcionado às normal, o FSH é secretado em níveis superiores ao
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queixas da paciente. LH. Na paciente com SOP, ocorrem alterações na
Alternativa A: INCORRETA. A metformina é importante liberação pulsátil de GnRH, causando uma inversão
no tratamento da resistência insulínica e a espiro- da relação LH/FSH (geralmente > 2:1).
nolactona atua como antiandrogênico. No entanto, Alternativa A: INCORRETA. É esperada uma diminuição
nesse caso, o tratamento inicial inclui exercícios nos níveis de FSH, com menor estímulo às células
físicos e dieta, que podem ser suficientes para re- da granulosa e menos aromatização, o que contri-
gularizar os ciclos. Note que o enunciado destaca bui para o acúmulo de androgênios.
que a paciente vem comendo muito carboidrato e Alternativa B: CORRETA. É esperado um aumento
é sedentária; então, vale a pena investir nas mudan- do LH, que estimula as células da teca a produzir
ças de estilo de vida. mais androgênios, levando ao hiperandrogenismo
Alternativa B: CORRETA. As medidas iniciais incluem típico da SOP. Lembre da Te-LH-A (células da teca
modificações na dieta e exercícios. A perda de peso, recebem estímulo do LH e produzem androgênios).
por si só, pode levar a ciclos ovulatórios. Alternativa C: INCORRETA. O LH está em níveis au-
Alternativa C: INCORRETA. A perda de peso pode res- mentados e o FSH sofre uma queda, numa propor-
taurar os ciclos ovulatórios e aumentar as taxas de ção geralmente > 2:1.
gestação, sem necessidade de induzir a ovulação Alternativa D: INCORRETA. Vide comentário anterior.
de imediato.
✔ resposta: B
Alternativa D: INCORRETA. O uso de anticoncepcio-
nais combinados pode auxiliar na indução de ciclos
menstruais regulares, no entanto, o estradiol não é Questão 3 dificuldade:
utilizado isoladamente para esse fim e nesse caso,
Comentário: Nessa questão temos uma paciente
não resolveria o problema da paciente.
com histórico de irregularidade menstrual, qua-
✔ resposta: B dro clínico de hiperandrogenismo (hirsutismo e
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Síndrome dos ovários policísticos Cap. 8
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torial da paciente com SOP evidencia baixos ní- pode ser resumida da seguinte forma: aumento
veis de SHBG (globulina carreadora de hormônios da pulsatilidade de hormônio liberador de gonado-
sexuais), o que favorece níveis aumentados de trofina (GnRH) → leva ao aumento relativo de hor-
testosterona livre. No entanto, esse exame ape- mônio luteinizante (LH) e diminuição de hormônio
nas confirmaria algo já esperado para a principal foliculoestimulante (FSH) (relação LH/FSH > 2) →
hipótese (SOP). hiperplasia do estroma ovariano e células da Teca
→ excesso de androgênios + supressão de FSH →
Alternativa B: INCORRETA. A relação FSH/LH é inver-
desenvolvimento folicular anormal → anovulação
tida na SOP, aumentando a proporção do LH em
crônica → amenorreia.
relação ao FSH. No entanto, esse resultado não
me ajudaria a excluir outras causas pensando no Assertiva II: VERDADEIRA. A síndrome metabólica está
diagnóstico diferencial. presente em aproximadamente 45% das mulheres
com SOP, e a prevalência de dislipidemia nos ca-
Alternativa C: INCORRETA. Com ciclos anovulatórios,
sos de SOP se aproxima dos 70%. A infertilidade é
não há formação de corpo lúteo, dessa maneira tam-
uma queixa comum das mulheres com diagnóstico
bém não há estímulo para produção de progestero-
de SOP e ocorre devido aos ciclos anovulatórios.
na. Então, nas pacientes com SOP, a progesterona
costuma estar em níveis baixos. No entanto, esse Assertiva III: VERDADEIRA. Devido ao hiperandrogenis-
resultado não exclui outras causas que poderiam mo, com aumento da fração livre da testosterona.
cursar com anovulação crônica. O que poderia ser contestado nessa alternativa é
que a virilização (clitoromegalia, alteração de voz,
Alternativa D: CORRETA. Vide Comentário.
aumento de massa muscular), que é rara nas mu-
✔ resposta: D lheres com SOP.
255
Síndrome dos ovários policísticos Ginecologia
Assertiva IV: VERDADEIRA. A hiperinsulinemia con- pacientes com SOP e resistência insulínica, podendo
tribui para o hiperandrogenismo exatamente pelo ajudar a paciente a voltar a ter ciclos ovulatórios. Já
mecanismo descrito na assertiva: diminui SHBG o raloxifeno é um modulador seletivo do receptor
secretado pelos hepatócitos, que iria se ligar aos estrogênico (SERM) utilizado principalmente no
hormônios sexuais, aumentando a fração livre de tratamento de osteoporose, não sendo indicado
testosterona, causando mais efeitos colaterais na para tratamento de SOP.
paciente. ✔ resposta: A
Assertiva V: VERDADEIRA. Marcador clássico da re-
sistência à insulina, que surge devido à hiperin-
Questão 8 dificuldade:
sulinemia, com crescimento de queratinócitos e
fibroblastos dérmicos, provocando as mudanças Comentário: A questão nos apresenta uma paciente
características na pele. Lembre-se da associação jovem, sem desejo reprodutivo no momento, com
estreita entre SOP e resistência insulínica. hirsutismo. Não temos informação acerca do seu
✔ resposta: A ciclo menstrual ou de um exame ultrassonográfico
para confirmarmos o diagnóstico de SOP. Os exames
laboratoriais, porém, assim como o quadro clínico,
Questão 6 dificuldade: são altamente sugestivos de SOP (androgênicos
discretamente aumentados, relação LH/FSH > 2,
Comentário: Abordagem de conduta na SOP em pa- obesidade). Sendo assim, o tratamento de primeira
ciente que apresenta hiperandrogenismo clínico- escolha é o contraceptivo oral. Lembrar que o es-
-laboratorial. A paciente apresenta os três critérios trogênio das pílulas aumenta a produção hepática
diagnósticos de SOP: oligomenorreia, hiperandro- de globulina ligadora de hormônios sexuais (SHBG),
genismo clínico (e laboratorial) e ovários policísti- reduzindo a testosterona livre. Além disso, pode-se
cos à ultrassonografia. Por queixar-se de aumento utilizar uma progesterona de caráter mais antian-
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de pelos na face e irregularidade menstrual, sem drogênico (p. ex., ciproterona). Outras opções de
apresentar intolerância à glicose, a melhor conduta tratamento do hirsutismo seriam espironolactona
é o uso de contraceptivo combinado oral. Lembrar ou finasterida, mas geralmente são indicadas após
que o estrogênio vai aumentar a produção de SHBG falha do anticoncepcional oral ou para pacientes
pelo fígado, diminuindo, assim, a fração livre de com alguma contraindicação a ele.
testosterona. Além disso, pode-se usar uma pílula
que contenha ciproterona, progestágeno de caráter
✔ resposta: A
antiandrogênico.
✔ resposta: B Questão 9 dificuldade:
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Síndrome dos ovários policísticos Cap. 8
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Questão 13 dificuldade:
Questão 11 dificuldade:
Comentário: Os critérios de Rotterdam para o diag-
nóstico de SOP são 3: oligo/anovulação, hiperan-
Alternativa A: INCORRETA. O diagnóstico de SOP se drogenismo e ovário policístico à ultrassonografia.
dá por exclusão; portanto, devem ser investigadas
Assertiva I: VERDADEIRA. A irregularidade menstrual
outras causas de irregularidade menstrual antes de
pode estar presente em ciclos oligo/anovulatórios.
se confirmar esse diagnóstico.
Assertiva II: VERDADEIRA. O hiperandrogenismo pode
Alternativa B: INCORRETA. A relação LH/FSH geral- ser clínico ou laboratorial.
mente é maior que 2 em pacientes com SOP, mas Assertiva III: VERDADEIRA. Consideramos critérios
a relação não faz parte dos critérios diagnósticos ultrassonográficos para definição de ovários poli-
para a síndrome. císticos ou um ovário com volume maior que 10 cm3
Alternativa C: CORRETA. Precisamos descartar outras ou presença de 12 ou mais folículos entre 2 e 9 mm
causas de oligo/anovulação antes do diagnóstico (definição clássica).
de SOP; portanto, é necessário solicitar exames Assertiva IV: FALSA. Apesar de a relação LH/FSH > 2
laboratoriais, como TSH, prolactina, testosterona, ser comum em pacientes com SOP, ela não faz parte
DHEA-S e 17-hidroxiprogesterona. dos critérios diagnósticos de Rotterdam.
Assertiva V: FALSA. Acantose nigricans e aumento
Alternativa D: INCORRETA. O uso de anticoncepcional
da resistência insulínica podem ser encontrados
oral não é uma boa opção para uma paciente que
em pacientes com SOP, mas também não fazem
está tentando engravidar, pois, apesar de tratar sua
parte dos critérios diagnósticos.
irregularidade menstrual, diminuirá consideravel-
mente suas chances de gestação. ✔ resposta: C
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Síndrome dos ovários policísticos Ginecologia
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seriam HDL-colesterol < 50 mg/dL e glicemia de
Comentário: A síndrome dos ovários policísticos, ou jejum ≥ 100 mg/dL.
síndrome da anovulação crônica hiperandrogênica, ✔ resposta: D
é caracterizada por hiperandrogenismo, anovula-
ção ou oligo-ovulação e múltiplos pequenos cistos
ovarianos. Afeta cerca de 5 a 10% da população Questão 16 dificuldade:
feminina. Possui forte associação com resistência
Comentário: A banca apresenta paciente com queixa
insulínica e síndrome metabólica. É sabido que a
de amenorreia secundária, associada a achados de
presença de síndrome metabólica nesses pacien-
hiperandrogenismo, levando à suspeita de Síndro-
tes eleva absurdamente o risco de eventos cardio-
me de Ovários Policísticos. Para esse diagnóstico,
vasculares. Clinicamente, as pacientes apresentam
vamos relembrar os critérios de Rotterdam: Anovu-
resistência insulínica, com acantose nigricans em
lação crônica (amenorreia) Hiperandrogenismo ou
axila, vulva e nuca; hiperandrogenismo, com acne,
hiperandrogenemia (hirsutismo) Ovários policísticos
alopécia, hirsurtismo (escala de Ferrimam ≥ 8); e
(ultrassonografia).
anovulação, com irregularidade menstrual e inferti-
lidade. Com isso, um dos tratamentos chave para a Alternativa A: CORRETA. Paciente apresenta 2 crité-
SOP são mudanças no estilo vida, com realização de rios (hiperandrogenismo e anovulação), sendo que o
exercício físico, perda de peso, melhora dos hábitos hiperandrogenismo se caracteriza pelo hirsutismo.
alimentares, entre outros. Durante o atendimento Além disso, a banca fornece dados que sugerem
das pacientes com SOP, é obrigatório realizar a ava- resistência a insulina (placas enegrecidas – acan-
liação metabólica, solicitando exames como HDL, tose nigricans – e obesidade).
LDL, colesterol total, triglicerídeos, glicemia de je- Alternativa B: INCORRETA. O diagnóstico de Síndro-
jum, hemoglobina glicada e teste de tolerância oral me de Ovários Policísticos dispensa a presença do
à glicose, além de avaliar o IMC, a circunferência achado ultrassonográfico de ovários policísticos;
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Síndrome dos ovários policísticos Cap. 8
Questão 17 dificuldade:
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Alternativa D: INCORRETA. Cálculo de testosterona
livre – pouco fidedigno.
✔ resposta: C
259
Fixe seus conhecimentos!
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260
Capítulo
ENDOMETRIOSE
9
importância/prevalência
u A endometriose é uma doença benigna muito frequente nas mulheres em idade reprodutiva.
u Infelizmente, ainda é subdiagnosticada. Para pensar no diagnóstico de endometriose, precisamos ficar
atentos aos principais sinais e sintomas, como dor e infertilidade.
u Para se lembrar do quadro clínico, lembre-se da dica do Prof. Kitamura: os 6 Ds da endometriose!
u O tratamento deve ser individualizado. E, para a maior parte das pacientes, ele é clínico!
É uma patologia benigna caracterizada pela pre- Endometriose se refere ao tecido endometrial fora da
sença de tecido endometrial (estroma e glândulas cavidade uterina. Já a adenomiose ocorre quando há
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tecido endometrial dentro do miométrio. Portanto, são
endometriais) ectópico (fora da cavidade uterina).
conceitos diferentes e não devem ser confundidos. Falo
sobre a Adenomiose no Capítulo de Sangramento Uterino
Anormal.
BASES DA MEDICINA
261
Endometriose Ginecologia
Percebemos que há uma incidência maior em Nessa teoria, o que se propõe é que esse fluxo mens-
pacientes com determinados sinais e sintomas: trual retrógrado conteria células endometriais viáveis
u Mulheres em geral: 10%-15% que iriam se fixar e crescer em locais ectópicos.
u Mulheres com infertilidade: 20%-50% Pontos a favor: pacientes com alterações anatômi-
u Mulheres com dor pélvica crônica: 20%-50% cas que dificultam ou impedem o fluxo menstrual
normal pela vagina (septo vaginal) e que teriam
u Dismenorreia: 50%
maior fluxo retrógrado têm maior prevalência de
Portanto, em pacientes com infertilidade, dor pélvica endometriose.
crônica e dismenorreia, é sempre importante pensar Pontos contra: não explica por que somente uma
em endometriose. parte das mulheres com menstruação retrógrada
Em mulheres jovens/adolescentes, alguns casos tem endometriose ou a presença de lesões de
estão associados a malformações mullerianas endometriose em locais extrapélvicos ou as lesões
e quadros de obstrução do canal vaginal (septo em homens (forma muito rara).
vaginal).
3.2. TEORIA IMUNOLÓGICA
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células de defesa poderiam propiciar a proliferação
desse endométrio ectópico.
3. E TIOLOGIA
BASES DA MEDICINA
Apesar de as primeiras teorias terem surgido com Sabe-se que o tecido endometrial que sofre refluxo, em
Sampson em 1921, ainda hoje não existe consenso geral, é eliminado por células imunes, como macrófagos,
sobre a real etiologia. Existem algumas teorias, mas células NK (natural killer) e linfócitos. Por isso, acredita-se
nenhuma parece explicar sozinha todos os casos. que em mulheres com endometriose há alterações em
É provável que até sejam complementares. fatores de crescimento, citocinas, imunidade celular e
imunidade humoral, permitindo, assim, a persistência
Vamos a elas: do tecido endometrial. Estudos demonstram disfunção
dos macrófagos, células NK e monócitos em algumas
mulheres, e isso permite a proliferação do tecido endo-
3.1. TEORIA DA MENSTRUAÇÃO metriótico. Em relação aos linfócitos T, seu número está
RETRÓGRADA aumentado no líquido peritoneal e sua atividade citotóxica
está alterada naquelas com endometriose. Sobre a imu-
nidade humoral, sabe-se que anticorpos endometriais da
classe IgG são detectados com maior frequência no soro
BASES DA MEDICINA
de mulheres com endometriose. Com isso, sugere-se que a
endometriose pode ser, em parte, uma doença autoimune.
Vale lembrar que, durante a menstruação, uma paciente As citocinas são fatores envolvidos na sinalização de
“normal”, além de ter seu fluxo exteriorizado pelo colo células imunes, e na endometriose há níveis elevados da
e canal vaginal, poder ter “refluxo” pelas tubas uterinas, interleucina-1b, fator de necrose tumoral e outras citocinas
caindo na cavidade pélvica/abdominal. Isso é fisiológico envolvidas na patogênese da endometriose.
e ocorre em 90% das mulheres!
262
Endometriose Cap. 9
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Figura 1. Teorias de origem da endometriose.
Fonte: Robbins.
263
Endometriose Ginecologia
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nas células endometriais.
A aromatase é uma enzima envolvida na produção de
estrogênio que atua catalisando a conversão da testos-
terona (um andrógeno) em estradiol (um estrogênio).
Com isso, no tecido endometrial, há aumento da produ-
ção de estrogênio devido à elevada atividade da enzima
aromatase e outras enzimas que elevam a produção de
estrógenos. Ademais, nesses tecidos, há uma redução
da enzima 17b-hidroxiesteroide-desidrogenase tipo 2, que
inativa o estrogênio. Esses estrogênios podem produzir
efeitos biológicos no mesmo tecido ou célula em que são
produzidos, um processo chamado de intracrinologia. Por
conta disso, medicamentos inibidores de COX-2 e inibido-
res de aromatase podem ser empregados no tratamento
dessa patologia, como veremos adiante.
264
Endometriose Cap. 9
Obliteração
do orifício de
saída uterino
Metástase linfovascular Restos embrionários
Menstruação
Células tronco
Retrógrada
Endometriose
Fatores mecânicos/
Metaplasia celômica
anatômicos
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Fatores genéticos Fatores ambientais
Fatores imunes
Fonte: SanarFlix.
265
Endometriose Ginecologia
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Consumo de toxinas
contrário da atividade física, que é um fator protetor.
Fonte: Autor.
266
Endometriose Cap. 9
BASES DA MEDICINA
BASES DA MEDICINA
Fonte: Autor.
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7.1.2. Dor pélvica crônica
Para realizar o diagnóstico, é preciso ter uma sus-
peita clínica! Definida como dor, independentemente do ciclo
Há grande demora no diagnóstico da endometriose, menstrual (por isso, pode ser chamada de dor pél-
principalmente pelo desconhecimento da doença. vica acíclica), por pelo menos seis meses.
267
Endometriose Ginecologia
Lesões que podem invadir bexiga e ureteres podem DIA A DIA MÉDICO
ser assintomáticas ou apresentar sintomas, geral-
mente cíclicos (relacionados ao período menstrual), Avaliar um quadro álgico nem sempre é fácil. Faz parte
como disúria e hematúria. de dia a dia do médico.
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7.2.3. Infertilidade
DIA A DIA MÉDICO
268
Endometriose Cap. 9
Mas e em casos de endometriose mais leve? endometriomas de ovários, podem ser palpados
aqui) e toque de região de fundo de saco posterior
A resposta inflamatória no local da doença pode
(podem ser encontrados nódulos de lesões retro-
levar a alterações da qualidade dos óvulos e da
cervicais/ligamento uterossacro).
receptividade endometrial.
Em alguns casos, o toque retal pode ajudar na pal-
pação de algumas lesões. Mas não é rotineiramente
BASES DA MEDICINA
realizado.
DICA
Qual o procedimento padrão-ouro
7.2.4. 6 Ds da ednometriose para diagnosticar a endometriose?
W A laparoscopia com biópsia das lesões
Mnemômnico para se lembrar do quadro clínico da é o procedimento mais eficiente, mas
Endometriose. ele não deve ser indicado para todas as
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pacientes!
6 Ds (dismenorreia, dor pélvica crônica, dispareunia,
dificuldade para engravidar, dor/ dificuldade cíclica
para urinar, dor/dificuldade cíclica para evacuar).
7.5. E XAMES COMPLEMENTARES
7.3. E
XAME FÍSICO
7.5.1. Exames de imagem
Após a suspeita levantada na anamnese, vamos ao
u Ultrassonografia transvaginal com preparo intes-
próximo passo: exame físico!
tinal: É muito melhor que a USGTV simples. Nesse
Para lesões leves, o exame pode ser normal. exame, a USG será realizada por via transvaginal,
Ainda que no exame abdominal só sejam palpados podendo ser complementada por via abdominal
os grandes endometriomas ovarianos, é comum en- em paciente que realizou preparo intestinal prévio.
contrar dor à palpação em andar inferior do abdômen. Vamos procurar as lesões em todos os locais
mais comuns de aparecimento da doença.
Caso haja suspeita de lesões em locais de cicatrizes
prévias, como em cicatriz de cesárea, elas podem Muito eficaz para determinar lesões intestinais,
ser avaliadas no exame físico. definindo o local, a profundidade (até qual ca-
mada foi acometida) e até a porcentagem de
No exame ginecológico, avaliamos ao toque vaginal acometimento circunferencial.
(de preferência unidigital e bimanual) o tamanho
Os endometriomas de ovários têm algumas ca-
uterino (tende a ser normal), sua posição (com
racterísticas na USG (não são específicas). Apre-
as aderências, pode ser mais comum encontrar
sentam-se como cistos com ecos/debris inter-
o útero retrovertido e fixo), mobilização de colo
nos e paredes com focos ecogênicos. Podem
(pode ser dolorosa), palpação de anexos (se houver
269
Endometriose Ginecologia
ter septos internos. Um diagnóstico diferencial u Pode ser utilizado para seguimento pós-opera-
seriam os cistos hemorrágicos. tório em alguns casos.
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DIA A DIA MÉDICO Mas não é porque é o procedimento Gold-Standard que
vai ser indicado para todas as pacientes!
Tanto a USGTV com Preparo Intestinal como a RM de
abdômen e pelve são considerados bons exames para a
procura de lesões de endometriose, mas muito depen-
DICA
dentes do avaliador do exame. Para as provas, se perguntarem o
procedimento padrão-ouro para o diag-
Lembre-se de que nenhum é 100% sensível ou 100%
nóstico da Endometriose, a resposta será
específico. Então, a ausência de lesões nos exames não
Laparoscopia com Biópsia das lesões.
exclui endometriose, e a suspeita de presença de lesão
não confirma com exatidão a doença.
270
Endometriose Cap. 9
Não ginecológico
u Síndrome do intestino irritável
Cistite intersticial
u Cistite intersticial
u Fibromialgia Infecção crônica do trato urinário
Cálculo renal
Quadro 2. Diagnóstico diferencial da endometriose.
Doença inflamatória intestinal
Diagnóstico diferencial da endometriose
Síndrome do intestino irritável
Ginecológico
Diverticulite
Doença inflamatória pélvica
Linfadenite mesentérica
Abscesso tubo-ovariano
Distúrbios musculoesqueléticos
Salpingite Fonte: Autor.
Endometrite
Leiomioma em degeneração
A endometriose é classificada em:
Gravidez ectópica u Superficial (peritoneal)
Outras complicações da gravidez u Ovariana (endometrioma de ovário)
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u Profunda (lesões infiltrativas com mais de 5 mm
de profundidade)
Fonte: Autor.
271
Endometriose Ginecologia
• “Chama de vela”
• Excrescência glandulares Existe uma classificação cirúrgica da Sociedade
Vermelha Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) que
• Petéquia peritoneal
• Áreas de hipervascularização avalia e pontua as lesões de EDT com o intuito de
estadiar a doença. Tal classificação tem algumas
• Opacificações brancas
falhas, como não inserir as lesões profundas e não
• Aderências subovarianas
Branca correlacionar as lesões com os sintomas da doença,
• Defeito, falha ou janela peritoneal
além de haver falta de fatores prognósticos. Além
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• Lesões amarronzadas (amarelo amar-
ronzadas), em “café com leite” disso, não é possível delimitar tratamentos visando
tanto ao controle da dor quanto à melhora fertilidade
com base nessa classificação.
BASES DA MEDICINA
272
Endometriose Cap. 9
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273
Endometriose Ginecologia
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retenção hídrica.
com base na anamnese, exame físico e exames
de imagem. Não é necessária a laparoscopia com
biópsia das lesões!
DIA A DIA MÉDICO
O tratamento clínico tem o objetivo de inibir a produ-
ção de estrogênio (as lesões dependem dele). Essa Um Progestogênio que é utilizado com o intuito específico
indução ao hipoestrogenismo (seja na produção, de tratar os sintomas da Endometriose é o Dienogeste.
metabolização ou ação dos hormônios sexuais)
pode melhorar o quadro álgico, mas dificilmente
W DIU de Progesterona: O dispositivo intrauterino
vai fazer as lesões desaparecerem.
de Levonorgestrel (Mirena®) tem por objetivo
10.2.1. Medicações o controle clínico (controle de dor) das pacien-
tes com Endometriose.
u Contraceptivos combinados (contínuo ou cíclico) W Análogos de GnRH: Ligam-se aos receptores
u Progesterona de GnRH e acabam por bloquear todo o eixo,
u DIU de levonorgestrel levando a uma menopausa medicamentosa.
São, em teoria, mais eficazes que as pílulas.
u Análogos de GnRH
Mas, por simularem uma “menopausa”, tra-
u Danazol (hormônio com atividade androgênica, zem todos os efeitos colaterais dela, como
progestagênica e que inibe a esteroidogênese) fogachos, ressecamento vaginal, aumento de
u AINE (anti-inflamatório não esteroidal) e Analgé- risco de osteoporose e risco cardiovascular.
sicos nos episódios de dor Portanto, deve ser temporário (seis meses).
274
Endometriose Cap. 9
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com as medicações.
Idealmente realizado por laparoscopia (imagem DIA A DIA MÉDICO
magnificada, menores incisões, menos dor pós-
-operatória, alta precoce, melhor recuperação, mais Deve-se sempre discutir com a paciente sobre a possibi-
estética). lidade de coleta e congelamento de óvulos antes de um
procedimento cirúrgico que envolva os ovários. Pode ser
O objetivo é tentar ressecar todas as lesões possí- interessante também a avaliação da reserva ovariana
veis, além de coletar material para estudo anatomo- antes de uma possível cirurgia (exemplo: dosagem do
patológico. A excisão da lesão (retirada completa) Hormônio Anti-Mülleriano).
é melhor que a simples cauterização.
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Endometriose Ginecologia
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cinoma de células claras e no carcinoma endome-
trioide de ovário.
DIA A DIA MÉDICO
O risco de a endometriose ovariana sofrer uma
transformação maligna é de aproximadamente 2%
A maior parte das pacientes com endometriose de retos-
a 3%. Não se sabem os mecanismos envolvidos.
sigmoide não precisará de cirurgia.
276
Endometriose Cap. 9
Endometriose
Tratamento
Teorias Quadro clínico Diagnóstico
individualizado
Ressonância
Metaplasia celômica Dor pélvica acíclica Infertilidade
magnética
USGTV com
Iatrogênica Dispareunia FIV x Cirurgia
preparo intestinal
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Disseminação Dificuldade para
Definitivo
Hematogênica/Linfática engravidar
Dor/Dificuldade
para urinar cíclica
277
Endometriose Ginecologia
REFERÊNCIAS
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Endometriose Cap. 9
QUESTÕES COMENTADAS
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gressão espontânea em estádios iniciais com peritoneal, mostrando tecido semelhante ao
conduta expectante ou uso de contraceptivos endométrio.
hormonais.
Assinale a alternativa CORRETA.
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Endometriose Ginecologia
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-ouro para o diagnóstico da endometriose inicial.
⮩ Dienogeste. ⮨ Dor à mobilização do útero ao toque bimanual
confirma o diagnóstico de endometriose pélvica.
Questão 6 ⮩ A ultrassonografia (USG) pélvica é útil para iden-
tificar os cistos endometrióticos e as lesões re-
(ASSOCIAÇÃO PIAUIENSE DE COMBATE AO CÂNCER – PI – 2016) tovaginais, dispensando a laparoscopia.
Paciente de 27 anos de idade, nuligesta, procura o ⮪ A laparoscopia é o melhor método para o diag-
serviço médico para consulta de rotina anual. Relata nóstico da endometriose, pois os achados po-
dismenorreia progressiva, de moderada a intensa, dem incluir as lesões endometrióticas discretas.
de longa data. Planeja engravidar aos 30 anos de
idade. Atividade sexual regular com uso de método
de barreira. Ao exame físico, útero retrovertido, vo- Questão 8
lume normal e anexos não identificados. CA-125:75.
(HOSPITAL ANGELINA CARON – 2012) As afirmativas abaixo
A ultrassonografia (USG) transvaginal com preparo
são verdadeiras (V) ou falsas (F)?
intestinal revelou pequenos cistos anexiais bilate-
rais de 2,1 e 1,8 cm de conteúdo denso e discreto 1. A endometriose é uma doença progressiva;
espessamento de ligamentos uterossacros. Diante 2. A endometriose apresenta sempre o mesmo
da suspeita de endometriose, assinale qual deverá quadro clínico;
ser a melhor conduta para a paciente em questão:
3. A endometriose é uma doença sem progressão
⮦ Tratamento com análogos de hormônio liberador significativa no decorrer dos anos;
de gonadotrofina (GnRH) por 6 meses, seguido 4. O tratamento cirúrgico proporciona alívio da dor
de videolaparoscopia. em mulheres com doença moderada e grave;
280
Endometriose Cap. 9
Questão 9 Questão 12
(SECRETÁRIA DE ESTADO DE SAÚDE DE SÃO PAULO – SP – 2021) (SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO – SP – 2020) Uma
O diagnóstico de dor pélvica crônica é desafiador e paciente de 35 anos de idade, com ciclos menstruais
apresenta etiologia multifatorial. No exame de toque regulares (duração de sete dias e intervalos de 28
vaginal de uma mulher de 23 anos, que se queixa de dias), queixa-se de dismenorreia desde a menarca,
Dor Pélvica Crônica, identificam-se espessamento porém com piora da dor há três anos. Refere dor
em região retrocervical, deslocamento do colo ute- nota 8, que se inicia três dias antes do fluxo mens-
rino com encurtamento unilateral e diminuição da trual e melhora cerca de dois dias após o fim do
mobilidade uterina. A principal hipótese diagnósti- sangramento. Queixa-se, também, de dispareunia
ca, nesse caso, é: de profundidade há dois anos e, no período mens-
trual, vem apresentando obstipação intestinal e
⮦ endossalpingiose disquezia. Relata três episódios de hematoquezia,
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⮧ distopia genital. sempre no período menstrual. Considerando essa
situação hipotética, o exame complementar mais
⮨ obstrução intestinal crônica intermitente.
indicado para a paciente será a:
⮩ endometriose profunda.
⮪ espasmos musculares de assoalho pélvico. ⮦ colonoscopia.
⮧ tomografia computadorizada de pelve.
⮨ ultrassonografia transvaginal simples.
Questão 10
⮩ ultrassonografia transvaginal com Doppler.
(UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS – 2013) Den- ⮪ ultrassonografia com preparo intestinal.
tre estas teorias, qual explica a endometriose no
homem?
Questão 13
⮦ Teoria da metastatização linfática e sanguínea.
(SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DE SÃO PAULO – SP – 2020) Em
⮧ Teoria do implante iatrogênico.
paciente com dor pélvica crônica cujo diagnóstico
⮨ Teoria dos restos do conduto paramesonéfrico. clínico é de endometriose, espera-se encontrar, com
⮩ Teoria do refluxo menstrual. maior frequência, focos de endometriose
⮪ Teoria da metaplasia celômica.
⮦ nas tubas uterinas.
⮧ nos paramétrios laterais.
Questão 11 ⮨ no intestino delgado.
(UNICAMP – SP – 2019) Mulher, 42a, em consulta de ro- ⮩ nos ureteres.
tina na Unidade Básica de Saúde. Antecedentes ⮪ nos ligamentos uterossacros.
281
Endometriose Ginecologia
GABARITO E COMENTÁRIOS
Comentário: Típica questão que aborda diversos tópi- Assertiva I: VERDADEIRA. Uma das teorias mais acei-
cos sobre Endometriose nas alternativas. Vale como tas é a do implante peritoneal do endométrio cau-
estudo para fixar melhor o que acabou de estudar. sado por menstruação retrógrada.
Alternativa A: INCORRETA. A terapêutica nos casos Assertiva II: VERDADEIRA. A endometriose acomete
de endometriose deve ser individualizada, a depen- 10 a 15% das pacientes na menacme e está presen-
der de cada caso. te em cerca de 20 a 50% das mulheres inférteis ou
com dor pélvica crônica.
Alternativa B: CORRETA. Os grandes objetivos do
tratamento são controle da dor e manutenção da Assertiva III: VERDADEIRA. Existe uma relação entre
fertilidade, que são condições que comprometem endometriose e exposição estrogênica.
bastante a qualidade de vida da mulher com endo- Assertiva IV: FALSA. O padrão-ouro é laparoscopia
metriose. com biópsia e estudo anatomopatológico das le-
sões, mostrando tecido endometrial.
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Alternativa C: INCORRETA. A ressonância magnética
não detecta apenas endometriose intestinal, mas ✔ resposta: D
tem uma boa acurácia para lesões profundas em
outros sítios anatômicos, inclusive para endome-
Questão 4 dificuldade:
triomas ovarianos.
Alternativa D: INCORRETA. A probabilidade de regres- Comentário: Questão sobre quadro clínico da endo-
são espontânea das lesões com conduta expectante metriose. A endometriose pode apresentar-se de
ou uso de contraceptivos orais é muito baixa, mas diversas formas: assintomática, cursando com in-
sua ocorrência não é impossível. fertilidade, quadro álgico ou massas anexiais nos
casos de endometrioma.
✔ resposta: B
✔ resposta: A
Questão 2 dificuldade:
Questão 5 dificuldade:
282
Endometriose Cap. 9
em casos selecionados. Outras medicações utiliza- ovarianios, mas dificilmente irá visualizar as lesões
das para controle da dor são os anti-inflamatórios retovaginais (para essas, seria melhor uma USG
não esteroidais (AINE) e os analgésicos comuns. transvaginal com preparo intestinal).
Entre as alternativas, o ácido tranexâmico é a única Alternativa E: CORRETA. O melhor método diagnós-
opção que não é habitualmente utilizada no trata- tico é a laparoscopia, pois é possível visualizar pe-
mento de endometriose, mas sim para controle de quenos implantes superficiais, apesar de não ser
hemorragias. indicada em todos os casos.
✔ resposta: C ✔ resposta: E
Questão 6 dificuldade:
Questão 8 dificuldade:
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com doença moderada ou grave do que no grupo
de lesões (US transvaginal com preparo intestinal).
com endometriose leve. No entanto, no enunciado
✔ resposta: C da questão, afirma-se apenas que “a cirurgia propor-
ciona alívio da dor”, mas isso não ocorre em 100%
dos casos. Pensando dessa forma, poderíamos
Questão 7 dificuldade:
considerar a questão FALSA. Mas é uma questão
Comentário: Mais uma questão que aborda diversos certamente controversa.
tópicos sobre Endometriose nas alternativas. Vale Assertiva 5: VERDADEIRA. As células endometriais
como estudo para fixar melhor o que acabou de podem ser implantadas em vários locais, e um de-
estudar. Ah e nunca caia na pegadinha do CA-125. les é o peritônio.
Alternativa A: INCORRETA. Na maioria das vezes, o ✔ resposta: A
exame especular vaginal é normal em casos de
endometriose.
Alternativa B: INCORRETA. O CA-125 não é critério Questão 9 dificuldade:
283
Endometriose Ginecologia
Dispareunia, Disquezia cíclica, Disúria cíclica e Di- poderia explicar a endometriose em homens e em
ficuldade para engravidar. mulheres que nunca menstruaram.
Alternativa A: INCORRETA. A endossalpingiose é uma ✔ resposta: E
condição benigna que se caracteriza pelo cresci-
mento ectópico do epitélio da tuba uterina, mesma
Questão 11 dificuldade:
lógica da endometriose. No entanto, é uma condição
extremamente rara, não tem um quadro clínico bem Comentário: O enunciado está meio pobre, mas, se
definido e pode ser assintomática e se apresentar considerarmos que é consulta de rotina e não há
apenas como achado incidental. relato de queixas, mantemos o método anticon-
Alternativa B: INCORRETA. Paciente jovem, sem fa- cepcional e seguimos ambulatorialmente. Não há
tores de risco para distopia, sem quadro clínico propósito em seriar marcador tumoral no momento.
característico (queixa de bola na vagina). ✔ resposta: A
Alternativa C: INCORRETA. Tal hipótese não justifica-
ria os achados do exame físico.
Questão 12 dificuldade:
Alternativa D: CORRETA. A região retrocervical é local
frequente de aparecimento de endometriose, que Comentário: Paciente com quadro típico de endo-
costuma ser multifocal, então é interessante uma metriose, provavelmente já com acometimento pro-
ultrassonografia com preparo intestinal para inves- fundo, envolvendo parede intestinal. É importante
tigação de outros focos. ressaltar que a extensão do quadro não é propor-
Alternativa E: INCORRETA. Tal hipótese não justificaria cional à intensidade dos sintomas apresentados.
os achados do exame físico. O método mais acurado, que permite diagnóstico
definitivo, é a videolaparoscopia com biópsia, po-
✔ resposta: D
rém, atualmente, não é recomendado para todas
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as pacientes e não foi uma alternativa na questão.
Questão 10 dificuldade: Alternativa A: INCORRETA. A colonoscopia fornece
imagens apenas da luz intestinal, não demonstrando
Comentário: Questão que aborda as teorias do sur-
implantes adjacentes e na parede do órgão, sendo
gimento da Endometriose.
menos sensível para esse diagnóstico.
Alternativa A: INCORRETA. A teoria da metastização Alternativa B: INCORRETA. A TC tem acurácia inferior
linfática e sanguínea explicaria a endometriose a para detecção de lesões endometrióticas, sendo
distância, além da pelve. mais útil para afastar diagnósticos diferenciais e
Alternativa B: INCORRETA. A teoria do implante iatro- identificar complicações.
gênico explicaria a endometriose em cicatriz cirúrgi- Alternativa C: INCORRETA. A USG simples é um mé-
ca, na qual há a manipulação do tecido endometrial, todo útil para avaliação de útero e ovários, mas é
como na cesariana, por exemplo. dada preferência à realização da USG com preparo
Alternativa C: INCORRETA. Por essa teoria, as células intestinal, que permite visualização de focos ectó-
endometriais na pelve feminina seriam originárias picos, com melhor determinação da extensão in-
de restos do conduto paramesonéfrico. testinal da doença.
Alternativa D: INCORRETA. A teoria do refluxo mens- Alternativa D: INCORRETA. O doppler ajuda principal-
trual é uma das mais aceitas e explicaria a endo- mente a detectar ou descartar áreas sólidas vascu-
metriose nos órgãos pélvicos femininos. larizadas, que são um forte indicativo de neoplasia,
Alternativa E: CORRETA. Pela teoria da metaplasia ce- mas acrescenta pouco no caso em questão.
lômica, ocorreria uma diferenciação do mesotélio Alternativa E: CORRETA. Atualmente, o ultrassom
seroso totipotente em células endometriais, o que pélvico e transvaginal com preparo intestinal e a
284
Endometriose Cap. 9
Questão 13 dificuldade:
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frequência dentre as opções.
Alternativa B: INCORRETA. Não é o local de maior
frequência.
Alternativas C e D: INCORRETAS. É um dos locais me-
nos envolvidos.
Alternativa E: CORRETA. É o local de maior frequência
dentre as alternativas.
✔ resposta: E
285
Fixe seus conhecimentos!
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286
SÍNDROME PRÉ-MENSTRUAL Capítulo
E DISMENORREIA 10
importância/prevalência
u Sobre a famosa TPM, que apesar de ser um assunto recorrente nos consultórios ginecológicos, é pouco
abordado nas provas
u Importante ficar atento ao quadro clínico e ao melhor tratamento para cada paciente
u Dismenorreia é um tópico independente e, apesar de na maior parte das provas a relacionarmos à Endo-
metriose, temos que conhecer os outros diagnósticos diferenciais.
SÍNDROME PRÉ-MENSTRUAL
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1. I NTRODUÇÃO nível educacional e antecedentes de transtorno de
ansiedade ou eventos traumáticos.
A Síndrome Pré-Menstrual (SPM) é um conjunto de Alguns estudos sugerem que ingestão aumentada
sintomas psicológicos, físicos e comportamentais de vitamina B6 na dieta diminui o risco de SPM.
que ocorrem repetidamente na 2ª fase do ciclo Ainda faltam evidências científicas que apontem
menstrual (fase lútea). A sua forma mais grave é alimentos específicos como causadores dos sin-
chamada de Transtorno Disfórico Pré-Menstrual tomas (ex.: chocolate, cafeína e álcool)
(TDPM). Em ambas as situações, as queixas dimi-
nuem com a chegada da menstruação.
3. FISIOPATOLOGIA
2. E PIDEMIOLOGIA
BASES DA MEDICINA
A prevalência da SPM clinicamente significativa
acomete de 3 a 8% das mulheres na menacme. E, No ciclo menstrual normal, existem flutuações cíclicas
desse grupo, 2% pode ter a forma mais grave (TDPM). na fase lútea de estrogênio e de progesterona. Essa flu-
tuação hormonal seria a responsável pelas alterações
Tanto fatores genéticos como ambientais podem nos neurotransmissores, principalmente na Serotonina.
interferir no surgimento da doença (estudos suge-
As mulheres com SPM, apesar de terem concentrações
rem uma variação genética do gene ESR1 – gene normais de estrogênio e de progesterona, aparentemente
alfa do receptor de estrógeno). Outros fatores que têm uma resposta anormal aos neurotransmissores
podem estar relacionados são tabagismo, baixo (Serotonina).
287
Síndrome pré-menstrual e dismenorreia Ginecologia
O sintoma comportamental mais comum na SPM Existem vários critérios que podem ser utilizados
é a irritabilidade. para o diagnóstico da SPM.
Outras queixas frequentes são labilidade emocional, O American College of Obstetrics and Gynecology
ansiedade, humor depressivo, tristeza, aumento de (ACOG) caracteriza a presença de SPM quando há
apetite, sensação de rejeição e perda de interesse a ocorrência de um sintoma (emocional ou físico)
nas atividades diárias. que interfira nas atividades diárias e que esteja
presente nos 5 dias que antecedem a menstruação
Já os sintomas físicos mais associados à SPM são
(e que cessem em até 4 dias após a menstruação),
inchaço abdominal, sensação de cansaço/fraqueza
pelo período de, no mínimo, três ciclos menstruais
extrema, cefaleia, mastalgia, fogachos e tontura.
consecutivos.
Pelo DSM-5 (Diagnostic and Statistical Manual of
5. I NVESTIGAÇÃO Mental Disorders), para fechar o diagnóstico de
TDPM (a forma mais grave):
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DIA A DIA MÉDICO Raiva, irritabilidade (mais comum)
Apetite aumentado
Não existe um sintoma patognomônico para a SPM. Diminuição do interesse nas atividades habituais
Os resultados do exame físico e dos exames labora- Fadiga
toriais dessa paciente devem ser normais também.
Sentindo-se sobrecarregada
É importante excluir os diagnósticos diferenciais,
Mastalgia, edema, ganho de peso, artralgia
como os distúrbios de tireoide (hipotireoidismo e
hipertireoidismo). Sonolência ou insônia
Fonte: DSM-5.
As doenças psiquiátricas são outro ponto que
merece cuidado, pois podem piorar no período
pré-menstrual. Portanto, é necessário fazer essa
diferenciação com a SPM. Caso a paciente apre- 7. TRATAMENTO
sente sintomas durante todo o ciclo (fase folicular e
fase lútea), devemos pensar em diagnósticos como
Para as pacientes com sintomas mais leves e sem
ansiedade, depressão e distimia.
disfunções (sofrimento e prejuízos socioeconômi-
cos), podem ser indicadas terapia comportamental
288
Síndrome pré-menstrual e dismenorreia Cap. 10
e mudanças de estilo de vida, com introdução de na fase lútea (iniciando no 14º dia do ciclo) ou até
atividade física regular e de técnicas para a redução mesmo somente quando os sintomas surgirem. As
do estresse. medicações mais utilizadas são a fluoxetina (20 a
60 mg por dia), a sertralina (50 a 200 mg por dia) e
Uma dieta equilibrada e o consumo de substâncias
a paroxetina (10 a 30 mg por dia).
que contenham triptofano também podem ajudar.
Essa dieta pode ser mais atrativa na fase lútea Outras opções são o citalopram (20 a 30 mg por dia),
(o triptofano é um precursor da Serotonina). São ricos o escitalopram (10 a 20 mg por dia) e a venlafaxina
em triptofano: chocolate com maior concentração (75 a 150 mg por dia). Os efeitos colaterais mais
de cacau, morango, feijão, queijo e batata-inglesa. comuns dos ISRS são cefaleia, diarreia, náusea,
insônia e diminuição da libido.
Quando não há melhora ou quando há um quadro
mais grave, pode ser iniciado algum tratamento Quando a paciente, além do tratamento para a
medicamentoso. Os possíveis objetivos são a elimi- SPM, deseja a contracepção, uma opção é o uso de
nação das flutuações hormonais e a supressão da contraceptivos combinados (estrogênio + proges-
ovulação ou a estabilização dos neurotransmissores. terona). Estudos feitos com combinados de Dros-
pirenona (progestágeno derivado da 17-espirono-
Nos casos em que há enxaqueca pré-menstrual, o
lactona) mostram a redução do inchaço abdominal
tratamento pode ser feito com analgésicos comuns,
e do ganho de peso. Se não houver melhora com
anti-inflamatórios não esteroides (ex.: naproxeno,
essas opções, outros tratamentos incluem o uso
ibuprofeno) e ergotamina. O Sumatriptana é um
de análogo de GnRH (agonista) associado à terapia
agonista dos receptores da serotonina e ótimo para
add-back (prescreve-se estrogênio e progesterona
a fase aguda.
além do análogo de GnRH, com o intuito de diminuir
Para as pacientes com sintomas moderados a gra- os sintomas da pseudomenopausa causada pela
ves e em pacientes que não querem contracepção, medicação).
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os Inibidores Seletivos da Recaptação de Seroto-
Uma última opção, mais agressiva, é a Ooforecto-
nina (ISRS) são o tratamento mais efetivo. Podem
mia Bilateral.
ser usados de forma diária e contínua ou somente
DISMENORREIA
1. I NTRODUÇÃO 2. C LASSIFICAÇÃO DA
DISMENORREIA
Dismenorreia é a dor pélvica que ocorre antes ou
durante o fluxo menstrual. Pode ser classificada em primária (funcional) e
secundária (orgânica).
É bastante prevalente.
A classificação primária não está relacionada a
Quadros mais graves, que levam à incapacidade labo-
doenças anatômicas.
ral, podem chegar a 10% das mulheres na menacme.
A dismenorreia secundária está associada a alguma
Afeta de forma importante a qualidade de vida
alteração ginecológica (endometriose, leiomioma,
dessas mulheres.
adenomiose, pólipo endometrial, doença inflamatória
pélvica e uso de dispositivo intrauterino).
289
Síndrome pré-menstrual e dismenorreia Ginecologia
• Desordens psicossomáticas
• Adenomiose
• Depressão
• Menorragia
• Endometriose • Síndrome do cólon irritável
• Leiomioma
• Doença inflamatória pélvica • Constipação crônica
• Dispositivo intrauterino
• Aderências • Doença inflamatória intestinal
• Aborto
• Gravidez ectópica • Dor miofascial
• Anomalias mullerianas
• Infecção urinária
• Estenose cervical
• Litíase renal
Fonte: FEBRASGO.1
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hipóxia tecidual. 5. TRATAMENTO
u A anamnese e o exame físico são os primeiros Analgésicos simples podem ajudar bastante, princi-
passos da investigação. palmente nos quadros leves. Podem ser associados
ao antiespasmódico escopolamina.
u É preciso saber avaliar a localização, a duração
e as características da dor, além dos fatores de
melhora e de piora. 5.2. ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO
ESTEROIDAIS (AINES)
u A dor menstrual aparece como cólica e se ini-
cia no abdômen inferior, podendo irradiar para
a região lombar e para a face interna das coxas.
u 70% das mulheres com dismenorreia moderada
ou severa melhoram com o uso de anti-inflama-
u O quadro começa nos primeiros dias do fluxo
tórios não esteroidais (AINES).
menstrual, ou logo antes.
u Utilizados por um período de 3 a 5 dias, podem
u Em até metade das pacientes, pode vir acompa-
ser iniciados um dia antes da menstruação (anal-
nhada de outros sintomas como náuseas, vômi-
gesia preemptiva).
tos, cefaleia, diarreia e, em casos mais graves,
síncope.
u Efeitos colaterais como úlceras gastrointestinais
ou alterações renais devem ser monitorados no
u O primeiro exame de imagem a ser solicitado é
uso crônico.
a ultrassonografia pélvica.
290
Síndrome pré-menstrual e dismenorreia Cap. 10
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ingestão de gordura, parecem ter efeito positivo
sobre a dismenorreia (alimentação rica em ácidos
graxos de origem vegetal e diminuição de gorduras
animais).
291
Síndrome pré-menstrual e dismenorreia Ginecologia
Síndrome pré-menstrual
Flutuações
Fase lútea Clínica Tratamento Forma + Grave
hormonais
Labilidade
Dieta
emocional
Redução do
Humor depressivo
estresse
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Inibidor seletivo
Cansaço
da recaptação
de serotonina
Inchaço
Métodos
hormonais
Cefaleia
Mastalgia
292
Síndrome pré-menstrual e dismenorreia Cap. 10
REFERÊNCIAS
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293
Síndrome pré-menstrual e dismenorreia Ginecologia
QUESTÕES COMENTADAS
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nina (IRSS) conjuntamente com estabilizadores
⮪ Geralmente a dor é lombar com irradiação para
do humor, já que existe um risco de atitudes de
flancos, hipocôndrios e coxas.
agressão interpessoal.
Questão 2
Questão 4
(UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – SP – 2019) Assinale a al-
(UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – SP – 2019) Com re-
ternativa correta referente aos sintomas presentes
lação à dismenorreia primária, assinale a afirmati-
durante a Tensão Pré-Menstrual:
va correta:
⮦ Edema de membros inferiores.
⮦ Os sintomas não estão relacionados às primei-
⮧ Constipação. ras ovulações.
⮨ Perda de peso. ⮧ É rara a associação com quadros depressivos.
⮩ Vômitos. ⮨ Está associada à adenomiose.
⮩ Está associada a ciclos ovulatórios.
Questão 3 ⮪ Os sintomas começam nas 72 horas que prece-
dem o catamênio.
(UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO – SP – 2019) Sobre a ten-
são pré-menstrual e síndrome disfórica pré-mens-
trual, assinale a opção incorreta: Questão 5
⮦ O tratamento com inibidores seletivos da re- (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – SP – 2018) Mulher de 19
captação da serotonina (IRSS) deve resultar em anos de idade queixa-se de intensa irritabilidade,
melhora dos sintomas dentro de 24 a 48 horas. alterações abruptas de humor e fome incontrolável
294
Síndrome pré-menstrual e dismenorreia Cap. 10
nos 7 dias que antecedem cada menstruação. Tem ⮩ Os inibidores seletivos da recaptação de sero-
ciclos menstruais mensais e regulares. Usa diafrag- tonina não devem ser utilizados pois não existe
ma para contracepção. Não tem antecedentes mór- comprovação científica de benefício
bidos, pessoais ou familiares, relevantes. Qual é o ⮪ Mudanças no estilo de vida, incluindo-se a prática
tratamento mais adequado para o caso? de exercícios aeróbicos e modificações na dieta,
não trarão benefícios a essa paciente
⮦ Inibidor de prostaglandina.
⮧ Inibidor de recaptação de serotonina.
⮨ Bromoergocriptina
⮩ Fitoestrogênios.
Questão 6
⮦ Benzodiazepínicos
⮧ Agonistas do GnRH
⮨ Anticoncepcionais hormonais orais combinados
⮩ Inibidores seletivos da recaptação da serotonina
⮪ Endoceptivo
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Questão 7
295
Síndrome pré-menstrual e dismenorreia Ginecologia
GABARITO E COMENTÁRIOS
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sem irradiação para flancos. Alternativa B: CORRETA. No ciclo menstrual normal
✔ resposta: A existem flutuações cíclicas na fase lútea de estro-
gênio e de progesterona. Essa flutuação hormonal
seria a responsável pelas alterações nos neuro-
Questão 2 dificuldade:
transmissores, principalmente na Serotonina. As
Comentário: Entre os principais sintomas da Tensão mulheres com SPM, apesar de terem concentrações
Pré-Menopausa temos: normais de estrogênio, de progesterona, FSH, LH,
TSH e Prolactinha aparentemente têm uma respos-
• Palpitações
ta anormal aos neurotransmissores (Serotonina).
• Edema de abdome e membros superiores
Alternativa C: CORRETA. Quando a paciente, além
• Constipação intestinal do tratamento para a SPM, deseja a contracepção,
• Ganho de peso uma opção é o uso de contraceptivos combinados
• Fadiga (estrogênio + progesterona).
• Cefaleia Alternativa D: CORRETA. A forma mais grave da SPM
• Ondas de calor é chamada de Transtorno Disfórico Pré-Menstrual
(TDPM)
• Labilidade emocional
Alterativa E: INCORRETA. Mesmo para a forma mais
• Cólicas
grave, não é necessário entrar de forma conjunta
✔ resposta: B com estabilizadores de humor. Além de medidas
comportamentais, podemos iniciar o uso de con-
traceptivos ou ISRS.
✔ resposta: E
296
Síndrome pré-menstrual e dismenorreia Cap. 10
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com a idade e gestação.
Alternativa B: INCORRETA. Como dito anteriormente, Alternativa A: INCORRETA. Os benzodiazepínicos não
pode ser agravada ou agravar distúrbios depressivos. serão a 1ª escolha do tratamento nessas situações.
297
Síndrome pré-menstrual e dismenorreia Ginecologia
Questão 7 dificuldade:
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tratamento.
Alternativa B: INCORRETA. As forma mais graves da
SPM são chamadas de Transtorno Disfórico Pré-
-Menstrual (TDPM). A paciente não preenche cri-
térios para esse diagnóstico.
Alternativa C: INCORRETA. Não há evidências cientí-
ficas consistentes que apoiem essa teoria da defi-
ciência de Vitamina C.
Alternativa D: INCORRETA. O uso de inibidores seleti-
vos da recaptação da serotonina (IRSS) para o tra-
tamento é uma das melhores opções disponíveis.
Alternativa E: INCORRETA. As mudanças de estilo de
vida devem ser sempre estimuladas para a pacien-
te com SPM.
✔ resposta: A
298
Capítulo
AMENORREIA
11
importância/prevalência
u Como ocorre o desenvolvimento sexual do embrião e o que é necessário para a formação dos fenótipos
masculino e feminino.
u Conhecer as principais malformações müllerianas.
u Identificar as causas mais frequentes de amenorreia primária e secundária.
u Aprender quais exames devem ser solicitados na investigação das amenorreias e como interpretá-los.
u Dica: Pense sempre nos 4 Compartimentos: Hipotálamo, Hipófise, Ovários e Útero-Vagina (canalicular).
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eram irregulares).
ção. Para sermos mais específicos, a amenorreia é
definida como ausência de menstruação em uma
mulher em período de menacme, decorrente de DIA A DIA MÉDICO
diversas alterações do eixo hipotálamo-hipófise-
-ovário-uterino.
É importante lembrar que a principal causa de amenorreia
Diante disso, os quadros de amenorreia podem ser secundária é a gravidez.
classificados em dois grupos: primária e secundária.
As definições de cada tipo seguem abaixo.
A amenorreia primária deve ser diagnosticada em
meninas com ausência de menstruação e de carac-
teres sexuais secundários aos 13 anos de idade, ou
aos 15 anos, naquelas com caracteres sexuais nor-
mais. (Aqui vale um ponto de atenção: dependendo
da literatura, as idades mudam para 14 e 16 anos).
299
Amenorreia Ginecologia
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300
Amenorreia Cap. 11
Ausência de
menstruação
Amenorreia
Primária Secundária
Sem caracteres
6 meses ou mais
sexuais secundários
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Paciente de 13 anos Ciclos irregulares
Paciente a partir
Ciclos regulares
de 15 anos
301
Amenorreia Ginecologia
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No sexo feminino, os ductos de Müller se fundem e Para se ter um fenótipo masculino, são necessários
originam as tubas uterinas, útero e vagina superior três passos:
(2/3 superiores), e os ductos de Wolff regridem ou,
u Cromossomo Y: define o sexo gonadal;
no máximo, podem persistir como resquício (cisto de
Gartner – remanescente dos ductos mesonéfricos u Gene SRY: presente no braço longo do cromos-
que podem se apresentar na vagina). somo Y e leva a gônada indiferenciada a se di-
ferenciar em testículos;
u Três hormônios: AMH (hormônio anti-mülleriano),
BASES DA MEDICINA
produzido pelas células de Sertoli, que inibem
os ductos de Müller que formariam útero, tubas
e 1/3 superior da vagina; testosterona, produzi-
No sexo masculino, os ductos de Wolff dão origem ao
epidídimo, ao vaso deferente, às vesículas seminais e da nos testículos (células de Leydig) a partir de
ao ducto ejaculatório, e os ductos de Müller regridem. oito semanas e que estimula a diferenciação dos
ductos de Wolff em genitália interna masculina;
e di-hidrotestosterona, formada após ação da
5-alfa-redutase na testosterona, que leva ao de-
senvolvimento da genitália externa masculina.
302
Amenorreia Cap. 11
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desse hormônio, uma vez que pulsos de GnRH com alta
3. E TIOLOGIA frequência e baixa amplitude estimulam a produção
de FSH (primeira fase do ciclo), enquanto pulsos com
baixa frequência e amplitude mais elevada estimulam a
produção de LH, caracterizando a segunda fase do ciclo.
Para falarmos da origem dos distúrbios que causam
o quadro de amenorreia, vamos antes fazer uma Pensando na produção hormonal a partir do final do ciclo,
breve revisão da parte hormonal do ciclo mens- no caso de não haver fecundação, ocorrerá a morte das
células do corpo lúteo, cursando com a atrofia dele. Com
trual, uma vez que a produção de um padrão de
isso, os hormônios produzidos por ele, como progesterona,
sangramento uterino cíclico e controlado requer estradiol e inibina A, têm uma queda na sua concentra-
uma correta regulação temporal e quantitativa de ção séria, deixando de realizar o feedback negativo no
vários hormônios envolvidos na reprodução. Diante hipotálamo, de modo que passa a estimular a hipófise
disso, o diagnóstico diferencial de amenorreia pode a produzir o FSH.
se dar diante da análise das necessidades do corpo Com esse início da produção de FSH, inicia-se um novo
para a geração de um período menstrual normal. ciclo, com o recrutamento folicular, mobilizando cerca de
8 a 10 folículos, os quais, com o seu desenvolvimento,
passarão a produzir quantidades cada vez maiores de
estradiol. O folículo dominante, então, por meio da secre-
ção de inibina, promove a inibição do crescimento dos
demais folículos recrutados junto a ele e, conforme cresce,
secreta cada vez mais estradiol.
303
Amenorreia Ginecologia
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Esse estradiol secretado pelo folículo dominante e pelos
demais, até serem inibidos, leva a um aumento dos níveis
séricos de FSH até determinado ponto, que pode ser
considerado crítico. Esse pico ocorre justamente com o
pico do estradiol, o qual ocorre cerca de 24 a 36 horas
antes da ovulação. Esse pico hormonal confere o sinal
necessário para que ocorra o pico de LH, fundamental
para que haja a ovulação, ocorrendo aproximadamente
12 horas antes desse evento.
304
Amenorreia Cap. 11
BASES DA MEDICINA
Com a liberação do ovócito primário, o que restou do uma queda das gonadotrofinas, o que contribuirá para a
folículo dominante no ovário se transforma em corpo posterior degeneração do corpo lúteo.
lúteo, que passa a produzir estrogênio e progesterona,
O corpo lúteo possui duração de 14 dias, fato que explica a
sendo esse último em maior quantidade.
segunda fase do ciclo durar exatamente 14 dias. Após esse
Uma vez liberado o ovócito, inicia-se a segunda fase período, as suas células entram em apoptose, o que faz com
do ciclo, que é a fase lútea ou secretora. Nessa fase, o que os hormônios por elas secretados sofram uma queda
estrogênio liberado pelo corpo lúteo inibe o eixo hipotála- acentuada, principalmente a progesterona. Assim, tem-se
mo-hipofisário para a produção de FSH e LH, levando a a descamação endometrial na forma de menstruarão.
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Fonte: WILLIAMS.1
305
Amenorreia Ginecologia
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Figura 5. Classificação das anomalias de desenvolvimentos dos ductos
de Müller desenvolvida pela American Fertility Society.
306
Amenorreia Cap. 11
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Fonte: Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva. Desenvolvimento
Sim Sim
dos seios
Pelos axilares
DICA Sim Não
Uma alteração uterina bastante as- e pubianos
sociada a abortamento habitual precoce é Útero Não Não
o útero didelfo.
Gônadas Ovários Testículos
Níveis
Testosterona Níveis femininos
masculinos
BASES DA MEDICINA Anomalias
Sim Não
associadas
As malformações müllerianas acometem na proporção
de 1 para 600 a 2 mil nascidos vivos do sexo feminino.
Dentre elas há agenesia vaginal congênita, que tem origem
embrionária, associada à agenesia do tubo paramesoné- BASES DA MEDICINA
frico (aplasia mülleriana), que ocorre em 1 para cada 5
mil nascidos vivos. A síndrome de Mayer-Rokitansky-Kus- Deficiências na síntese de algumas enzimas, como a
ter-Hauser é a causa mais associada à agenesia vaginal 5-alfa-redutase ou a 17-alfa-hidroxilase, também podem
e ocorre com desenvolvimento uterino variável, desde influenciar no metabolismo dos esteroides sexuais durante
útero normal, obstruído, rudimentar a agenesia uterina o desenvolvimento embriológico, resultando em graus
completa. O cariótipo é 46XX, os ovários são normais, variados de genitália ambígua e, portanto, em amenorreia
assim como o desenvolvimento de caracteres sexuais primária. Esses indivíduos podem ter genótipo 46XX ou XY.
secundários. A associação com anormalidades renais
ou das vias urinárias é frequente.
307
Amenorreia Ginecologia
Causas mais comuns de obstrução do trajeto de Nesses casos, a ausência de feedback negativo do
saída incluem hímen imperfurado e septo vaginal estrogênio sobre as gonadotrofinas culmina com a
transverso. Essas meninas normalmente cursam elevação dos níveis de FSH e LH, o que é chamado
com amenorreia primária e podem apresentar dor de hipogonadismo hipergonadotrófico.
pélvica cíclica, além de massa perirretal palpável
As disgenesias gonadais são causadas por anor-
devido à coleção de sangue na vagina (hemato-
malidades cromossômicas ou genéticas, sendo a
colpo).
síndrome de Turner a mais frequente delas (50% dos
A presença de sinéquias intrauterinas decorrentes casos). Essas pacientes normalmente têm um cro-
de agressão endometrial prévia é outra causa de mossomo X ausente, com cariótipo 45X. A genitália
obstrução da via de saída, que ocorre normalmente externa e o útero são normais até a puberdade, mas
pela formação de traves de fibrose que se formam, os oócitos e folículos sofrem apoptose acelerada
por exemplo, após curetagens uterinas (síndrome e os ovários são substituídos por tecido fibroso
de Asherman) ou processos inflamatórios, e podem, (ovários em fita), culminando com hipogonadismo
habitualmente, cursar com amenorreia secundária. hipergonadotrófico e, portanto, amenorreia primária.
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cardiovasculares.
308
Amenorreia Cap. 11
como síndrome dos ovários policísticos (SOP), Essa alta de prolactina gera um aumento da dopa-
condição intimamente relacionada à resistência à mina central, que consiste no principal inibidor da
insulina e que se caracteriza por oligomenorreia, secreção de prolactina (mecanismo de feedback
sinais de hiperandrogenismo e/ou aspecto ovariano negativo). Esse aumento de dopamina repercutirá
policístico em avaliação complementar. no hipotálamo, alterando a secreção de GnRH,
rompendo com a produção normal e cíclica das
3.3. COMPARTIMENTO 3 – HIPOFISÁRIAS gonadotrofinas, de modo a impedir a ovulação.
A hipoplasia hipofisária é uma alteração em que
Apesar de representarem a minoria das causas de não há produção de FSH e LH, ou pode haver uma
amenorreia, destacam-se nesse grupo os tumores produção extremamente baixa desses hormônios,
hipofisários, causa tumoral mais frequente de ame- assim como dos demais hormônios hipofisários, o
norreia, que pode ser primária ou secundária, depen- que leva a um quadro clínico com apresentações
dendo da época de surgimento. Habitualmente, são diversas, relacionadas aos respectivos déficits hor-
tumores benignos que agem secretando hormônio monais.
de forma inapropriada ou reduzindo essa excreção,
provocando, então, alterações endócrinas, dentre 3.4. COMPARTIMENTO 4 – HIPOTALÂMICAS
elas amenorreia. O adenoma hipofisário é o mais
frequente, sendo, na metade dos casos, produtor de
A maioria das amenorreias tem origem hipotalâ-
prolactina. Por esse motivo, em toda paciente com
mica, visto que inúmeras situações podem inibir
hiperprolactinemia, deve ser solicitada ressonância
a secreção pulsátil do GnRh e, com isso, interfe-
magnética de sela túrcica para afastar prolactinoma.
rir no ciclo menstrual: estados de grande tensão,
Outra importante causa de amenorreia é a síndrome distúrbios psiquiátricos ou alimentares, doenças
de Sheehan, definida como necrose hipofisária crônicas, desnutrição, obesidade, exercício físico
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secundária à hipóxia após hemorragia pós-parto extenuante e uso de algumas drogas (anticoncep-
com instabilidade hemodinâmica. Costuma manifes- cionais hormonais, androgênios, antidepressivos,
tar-se clinicamente semanas a meses após o parto metildopa, metoclopramida). É necessário haver
com amenorreia secundária e ausência de lactação, alterações significativas na pulsatilidade do GnRh
como consequência do pan-hipopituitarismo ou da para que ocorra amenorreia. Alterações discretas
destruição seletiva de alguns setores hipofisários, culminam apenas com anovulação.
sendo o setor gonadotrófico o mais frequentemente
Algumas patologias que cursam com produção
acometido pela isquemia.
anormal de determinados hormônios também
podem interferir na secreção do GnRh, causando
amenorreia.
BASES DA MEDICINA
É o caso, por exemplo, da hiperprolactinemia, da
doença de Cushing (produção excessiva de ACTH) e
O Hipotireoidismo consiste em uma das causas de ame-
da acromegalia (excesso de GH). Esses hormônios
norreia secundária, decorrente de baixa ação da tireoide,
hiperprolactinemia, tumores hipofisários e infecções exercem feedback negativo sobre o hipotálamo,
que lesam o compartimento III, gerando déficits quanto inibindo a excreção de GnRh.
aos hormônios gonadotróficos. Isso ocorre porque a
Neuropatias raras como a síndrome de Kallman
redução dos níveis séricos de hormônios tireoidianos
leva a um aumento compensatório do TRH (hormônio podem ainda determinar amenorreia por causa
hipotalâmico que estimula a adeno-hipófise a produzir o hipotalâmica. Essa síndrome ocorre como conse-
seu hormônio estimulador), o que leva a um aumento do quência da falha na migração das células neuronais
TSH, que estimula os tireotrofos hipofisários, além de se olfatórias e das células produtoras de GnRh durante
ligar aos lactotrofos da hipófise, aumentando a secreção a embriogênese e se caracteriza pela tríade anosmia,
de prolactina.
amenorreia primária e cegueira para cores.
309
Amenorreia Ginecologia
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Tipo de hipogonadismo LH/FSH Estrogênio Defeito primário
310
Amenorreia Cap. 11
Amenorreia
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4. COMO DIAGNOSTICAR?
311
Amenorreia Ginecologia
AMENORREIA
PRIMÁRIA
Presença de
Sim Não
mamas?
Presença de útero?
Sim Não
Hímen Sd.
imperfurado, Possivelmente Insensibilidade Malformação
septo vaginal normal aos mülleriana
transverso androgênios
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Presença de útero?
Não Sim
Alto Baixo
Investigar disgenesia gonadal XY
Cariótipo RM de crânio
X0 ou XX XY Alterada Normal
Def. de
Amenorreia
hormônio Tumor?
hipotalâmica
anti‑mülleriano
Fonte: Benneti-Pinto.2
312
Amenorreia Cap. 11
AMENORREIA
SECUNDÁRIA
Positivo Negativo
Realizar perfil androgênico
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Alteração estrutural
Dosar FSH e LH
do trato genital
Insuficiência
Insuficiência ovariana
hipotálamo-hipofisária Possível Síndrome
de Asherman
Fonte: Benneti-Pinto.2
313
Amenorreia Ginecologia
No hipogonadismo hipogonadotrófico, para diferen- não estava ovulando e o seu trato genital é pérvio.
ciar causas hipotalâmicas das hipofisárias, pode- Nesse cenário, uma das hipóteses diagnósticas é um
quadro de anovulação crônica. No caso de a paciente
-se utilizar o teste do GnRh, através do qual são
não menstruar, levantamos hipóteses relacionadas à
administrados 100 mcg de GnRh endovenoso, com ausência dos caracteres mencionados anteriormente,
posterior avaliação dos níveis séricos de FSH e LH. como ausência de estrogênio circulante (nesse caso,
Se houver aumento das gonadotrofinas (teste posi- o endométrio não é estimulado previamente) ou por
tivo), o teste indica que a disfunção é hipotalâmica, um trato genital impérvio. Porém, para termos certeza
devendo-se buscar causas de supressão do GnRh. quanto ao mecanismo, deve ser realizado um segundo
teste, que comprovará a teoria da ausência do estro-
Caso contrário, quando os níveis de gonadotrofinas
gênio. Sendo assim, realiza-se o teste do estrogênio
estiverem baixos (teste negativo), estaremos diante + progesterona.
de disfunção hipofisária, sendo imprescindível uma
ressonância magnética de sela túrcica para afastar W Teste do estrogênio + progesterona: nesse teste,
o estrogênio é administrado, simulando a primeira
adenoma hipofisário.
fase do ciclo e, então, é administrada a progesterona,
Excepcionalmente, quando todas as dosagens de modo a simular a segunda fase, assim como no
hormonais estiverem normais, devemos nos lem- teste anterior. Diante disso, se a paciente apresentar
sangramento menstrual, constata-se que havia pouco
brar das causas estruturais como diagnósticos de
estrogênio circulante, bem como, a sua cavidade
exclusão, a exemplo da síndrome de Asherman endometrial é normal. Logo, suspeita-se de acome-
e da destruição endometrial, principalmente se a timentos no compartimento III ou IV, os quais não
paciente apresenta história de curetagem uterina, estão sendo capazes de estimular o ovário de forma
infecções ou cirurgias pélvicas. Nesses casos, uma adequada, ou ainda no próprio compartimento II,
histeroscopia pode mostrar sinéquias, entre outras que não está sendo capaz de produzir os seus hor-
mônios corretamente. No caso de haver a ausência
alterações. O teste da progesterona já é historica-
de menstruarão após o teste, pode-se inferir uma
mente utilizado nessas pacientes para avaliar o cavidade endometrial comprometida, como nos
status estrogênico e a resposta endometrial, porém, casos de sinéquia intrauterina, correspondente à
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atualmente, é desaconselhado pelas altas taxas de Síndrome de Asherman.
falso-positivo ou falso-negativo. De acordo com os resultados de cada um dos testes,
devem ser solicitados exames conforme as possibi-
lidades levantadas e compartimentos provavelmente
acometidos, a fim de nos guiar para um diagnóstico e
BASES DA MEDICINA
tratamento corretos.
314
Amenorreia Cap. 11
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paciente atleta de alta performance não desejará
Nos casos de menopausa precoce, em decorrência alterar os seus hábitos de vida, devendo então,
de uma insuficiência ovariana primária, deve ser receber terapia com estrogênio.
realizada a terapia de reposição hormonal por meio
de estrogênio e progesterona. É importante que O tratamento da síndrome de Asherman, quando
se tenha em mente que a progesterona protege o possível, requer a histeroscopia cirúrgica com lise
endométrio da paciente, ainda que seus sintomas das sinéquias, a fim de propiciar o correto funcio-
sejam oriundos primariamente do hipoestrogenismo. namento uterino.
O diagnóstico de síndrome de Turner requer o tra- A síndrome de Sheehan é tratada com a reposi-
tamento por via de reposição hormonal, com a ção dos hormônios cujos loci de produção foram
finalidade de a paciente desenvolver os caracteres lesionados, assim como nos casos de síndrome
sexuais secundários femininos. de Kallmann.
Nos casos de anovulação por hiperandrogenismo, É sempre importante, junto com o diagnóstico,
como ocorre na síndrome dos ovários policísticos, orientar as pacientes quanto à etiologia de sua
o tratamento requer mudança do estilo de vida, em queixa, implicações dessa a longo prazo e as opções
termos de dieta e prática de atividades físicas, uso de terapêuticas, devendo ser elucidados os benefícios
anticoncepcionais orais para que o ciclo da paciente e malefícios de cada uma das opções possíveis,
seja regulado, bem como o tratamento das demais sendo muito importante discutir também o desejo
queixas apresentadas pela paciente (lembrando que da paciente de engravidar futuramente.
315
Amenorreia Ginecologia
Hormônios
Estrogênio +
hiposisários
Progesterona
e/ou hipotalâmicos
Orquiectomia
Síndromes de Insuficiência
Síndrome de Turner Síndrome de Morris
Sheehan e Kallmann ovariana primária
Avaliar
comprometimento
vaginal
Reposição
hormonal
Mudança de
estilo de vida + Histeroscopia e Síndrome de
SOP
anticoncepcionais lise de sinéquias Asherman
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orais
Tratamento
Cirurgia se
causa tumoral
Levotiroxina
Hipotireoidismo
316
Amenorreia Cap. 11
Etiologias
Cirurgia
Primária
Secundária
Mudanças do
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Estilo de Vida
Diagnóstico
317
Amenorreia Ginecologia
REFERÊNCIAS
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Amenorreia Cap. 11
QUESTÕES COMENTADAS
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⮨ síndrome de Turner.
⮩ Nas amenorreias secundárias, a causas mais
⮩ síndrome da anovulação crônica.
comum é hipogonadismo hipogonadotrófico.
⮪ síndrome de Mayer-Rokitansky-Kuster-Hauser.
Questão 4
Questão 2
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PROFESSOR ALBERTO ANTUNES –
(H.U. BETTINA FERRO DE SOUZA/JOÃO BARROS BARRETO – 2018) 2018) Considera-se amenorreia primária quando a
As síndromes de Rokitansky-Küster-Hauser e de primeira menstruação não ocorrer após 15 anos de
Asherman são causas de amenorreias: idade. Nesses casos, o roteiro diagnóstico é orien-
tado de forma objetiva, de acordo com a presença
⮦ hipotalâmicas.
ou não de diferenciação das características sexuais.
⮧ hipofisárias. Analise as seguintes afirmativas:
⮨ adrenais.
I. Dentre as malformações müllerianas, a crip-
⮩ uterinas. tomenorreia (falsa amenorreia) causada por
⮪ ovarianas. hímen imperfurado, septos vaginais, agenesia
da vagina ou agenesia cervical podem ter como
consequências hematocolpo, hematométrio,
Questão 3
hematossalpinge e até hematoperitônio;
(SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE BELO HORIZONTE – MG – 2018) II. Na presença de características sexuais secun-
A amenorreia é uma queixa comum em ginecolo- dárias evidenciadas no exame físico, deve-se
gia. Excluindo situações fisiológicas, gravidez e prosseguir à investigação com ultrassonografia
319
Amenorreia Ginecologia
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⮦ Fígado e vias biliares. panhada pela mãe. Ambas estão aflitas, pois a ado-
lescente ainda não apresenta a primeira menstrua-
⮧ Mamas.
ção. Telarca aos 12 anos de idade, pubarca aos 13
⮨ Rins e vias urinárias. anos de idade, sem antecedente cirúrgico ou uso
⮩ Aorta abdominal e veia cava. de medicações crônicas. Nega coitarca. Ao exame
físico, apresenta estatura de 1,57 m e peso corporal
de 53 kg, M3 P2 na classificação de Tanner. Inspe-
Questão 6
ção vulvar sem alterações. Nesse caso clínico, a
(UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO – 2018) M.M.A., 35 anos de primeira conduta será:
idade, gesta II, para I, apresenta quadro de amenor-
⮦ Realizar investigação hormonal com dosagem
reia há 9 meses. Os níveis de hormônio foliculoes-
sérica dos hormônios foliculoestimulante (FSH),
timulante (FSH) encontram-se elevados. Dentre as
luteinizante (LH), estradiol, androstenediona e
causas a seguir, a mais provável é:
DHEA-S.
⮦ Amenorreia induzida por exercícios. ⮧ Prescrever análogo de hormônio liberador de
⮧ Síndrome de insensibilidade androgênica. gonadotrofina (GnRH).
⮨ Agenesia mülleriana. ⮨ Realizar acompanhamento clínico e tranquili-
⮩ Insuficiência ovariana prematura. zá-las de que o desenvolvimento puberal está
dentro do esperado.
⮩ Prescrever anticoncepcional para avaliar a pre-
Questão 7
sença de menstruação.
(HOSPITAL EVANGÉLICO DE VILA VELHA – 2018) Constitui-se ⮪ Realizar ultrassonografia transvaginal e cariótipo
causa de amenorreia primária de origem canalicular: para descartar síndrome de Rokitansky.
320
Amenorreia Cap. 11
Questão 10 Questão 13
(UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO – 2016) Adolescente de 18 (SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DE PERNAMBUCO – PE – 2019)
anos de idade é levada ao ginecologista por ainda Adolescente de 15 anos é trazida pela mãe ao am-
não ter apresentado menarca. Mãe relata cresci- bulatório de ginecologia. A queixa é de ausência de
mento e desenvolvimento normais, assim como a menstruação. G0P0, ausência de atividade sexual.
presença de características sexuais secundárias, o Sem outras queixas. Ao exame, chama atenção a
que foi confirmado pelo exame físico. Exames labo- ausência de características sexuais secundárias, no
ratoriais mostraram dosagens hormonais normais. entanto a genitália externa tinha fenótipo feminino.
O diagnóstico mais provável é: Os resultados dos exames solicitados foram: LH ele-
vado, testosterona normal. Ultrassonografia revela
⮦ Malformação mülleriana. ausência de útero e de qualquer sinal compatível
⮧ Puberdade normal. com genitália interna. O cariótipo foi 46XY. Conside-
⮨ Síndrome de Morris. rando o quadro acima, qual o provável diagnóstico?
⮩ Síndrome de Turner. ⮦ Síndrome de Savage
⮧ Síndrome da insensibilidade androgênica
Questão 11 ⮨ Síndrome de Rokitansky
(HOSPITAL MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – SP – 2015) ⮩ Síndrome de Swyer
Na avaliação diagnóstica da amenorreia, o teste da ⮪ Síndrome de Sheehan
progesterona positivo pressupõe que:
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⮧ Há obstrução ao fluxo menstrual. com queixa de amenorreia secundária. Interroga-
⮨ O diagnóstico é síndrome de Rokitansky. tório complementar: dificuldade visual periférica
⮩ Existe hipogonadismo primário. e uso regular de alprazolam. O diagnóstico e os
exames são:
321
Amenorreia Ginecologia
GABARITO E COMENTÁRIOS
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femininos é porque houve estímulo dos hormô-
ser caracteriza-se por uma falha na diferenciação
nios ovarianos (estradiol normal) e, além disso, a
celular dos ductos de Müller, resultando em não
paciente tem FSH e LH normais (hipogonadismo
desenvolvimento da genitália interna (útero, tubas
eugonadotrófico), então, provavelmente a hipófise
uterinas e 2/3 superiores da vagina), apesar de a pa-
(produz as gonadotrofinas) e o hipotálamo (produz
ciente possuir ovário; sendo assim, sua amenorreia
GnRH que estimula a produção de gonadotrofinas)
é pela inexistência uterina. A síndrome de Asherman
estão normais. O que nos resta é o compartimento
é uma amenorreia causada por sinéquias uterinas
1. Então, para pacientes com caracteres sexuais
(após curetagem, p. ex., o endométrio fica compro-
secundários, sem menstruar, as principais hipó-
metido, não permitindo que a paciente menstrue).
teses são a síndrome de Rokitansky-Kuster-Hau-
ser (aplasia de útero e vagina) e criptomenorreia ✔ resposta: D
(hímen imperfurado ou septo vaginal transverso
imperfurado).
Questão 3 dificuldade:
Alternativa A: INCORRETA. A paciente entrou na pu-
berdade, pois o desenvolvimento mamário e pubia- Comentário: Típica questão que mescla vária causas
no está normal, mas ainda não menstruou. O início de amenorreia (primária e secundária).
da puberdade na menina é marcado pela formação Alternativa A: INCORRETA. A amenorreia primária
do broto mamário (estágio M2 de Tanner). A puber- deve ser investigada em meninas com ausência de
dade tardia é quando o broto mamário não surge menstruação e caracteres sexuais secundários aos
até os 13 anos. 13 anos, ou aos 15 anos naquelas com caracteres
Alternativa B: INCORRETA. Paciente possui exame da sexuais normais.
genitália externa normal, cariótipo normal e carac- Alternativa B: CORRETA. A síndrome mülleriana de
teres sexuais secundários femininos. Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser ocorre por uma
322
Amenorreia Cap. 11
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aos androgênios) e nem da genitália interna femi- lerianas é difícil de determinar, visto que muitas
nina (pois a produção de hormônio antimülleriano portadoras são assintomáticas. Na população em
continua). A genitália externa e as características geral, varia entre 3 e 5%, semelhante à encontrada
sexuais secundárias serão femininas, pois não há na população com infertilidade. No entanto, ao se
resposta à ação da di-hidrotestosterona, sendo considerarem pacientes com abortamentos recor-
o excedente de andrógenos transformados em rentes, a incidência aumenta para 12 a 15%, poden-
estrona. do alcançar 25% nas pacientes com abortamentos
tardios e partos prematuros.
Assertiva III: VERDADEIRA. A síndrome de Turner (45
X0) é uma alteração genética que cursa com dis- ✔ resposta: B
genesia gonadal, levando à amenorreia primária.
✔ resposta: E Questão 9 dificuldade:
323
Amenorreia Ginecologia
Comentário: Questão sobre Amenorreia primária com Comentário: Questão sobre Amenorreia primária com
desenvolvimento de caracteres sexuais secundários. desenvolvimento de caracteres sexuais secundários.
Alternativa A: CORRETA. Malformação mülleriana Ainda citou o tão famoso teste da progesterona.
cursa com desenvolvimento das características se- Alternativa A: INCORRETA. Faríamos este teste se
xuais normais, porém não ocorre a menarca, pois a não obtivéssemos sangramento com o teste da
paciente não possui genitália interna (útero, tubas progesterona.
uterinas e 2/3 superiores da vagina). Ex.: síndrome Alternativa B: INCORRETA. Não há necessidade, pois
de Rokitansky. já encontramos o problema.
Alternativa B: INCORRETA. O período da puberdade Alternativa C: CORRETA. Se, ao repor progesterona,
é marcado pelo desenvolvimento de característi- obtemos sangramento, então descobrimos o que
cas sexuais secundárias, crescimento acelerado e faltava. A ovulação produz corpo lúteo e este pro-
aquisição da capacidade reprodutiva, havendo um duz progesterona. Dessa forma, o quadro pode ser
limite de idade a ser considerado normal: a partir de anovulação crônica.
dos 13 anos, espera-se que já tenha ocorrido o de-
Alternativa D: INCORRETA. FSH está normal! Estaria
senvolvimento das características sexuais secun-
muito elevado em quadros de falência ovariana
dárias e, a partir dos 15 anos, na presença dessas
precoce.
características, espera-se que já tenha ocorrido a
menstruação. Se isso não acontecer, devem ser Alternativa E: INCORRETA. Não há necessidade.
investigadas as causas. ✔ resposta: C
Alternativa C: INCORRETA. Na síndrome de Morris, as
dosagens hormonais não serão normais: a testoste-
Questão 13 dificuldade:
rona estará elevada e haverá produção de estrona,
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e não de estradiol. Comentário: A questão traz uma paciente com ame-
Alternativa D: INCORRETA. A síndrome de Turner (45, norreia primária (maior que 14 anos, sem menstrua-
X0) possui estigmas: pescoço alado, baixa estatura, ção e sem desenvolvimento de caracteres sexuais
infantilismo da genitália, mamas não desenvolvidas. secundários), ausência de útero à ultrassonografia e
cariótipo 46XY. Diante disso, devemos nos lembrar
✔ resposta: A
dos diagnósticos diferenciais de amenorreias para
chegar ao diagnóstico.
Questão 11 dificuldade: Alternativa A: INCORRETA. A síndrome de Savage é
caracterizada por resistência às gonadotrofinas,
Comentário: O teste da progesterona é o segundo
quando o folículo para de responder ao estímulo
passo na investigação das amenorreias secundárias.
hormonal. Pode ser uma causa de amenorreia pri-
O acetato de medroxiprogesterona é administrado
mária ou secundária; porém, a paciente apresenta
por 7 a 10 dias, mimetizando a segunda fase do ci-
cariótipo 46XX e desenvolvimento de útero, trompas
clo menstrual. Se após 5 dias de pausa, ocorrer a
e 1/3 superior da vagina.
menstruação, isso significa que:
Alternativa B: CORRETA. Nossa paciente apresenta
• A
paciente não estava produzindo progesterona
um cariótipo 46XY com fenótipo feminino, o que
(ou seja, não estava ovulando, pois quem produz
nos leva a suspeitar de síndrome de insensibilidade
progesterona é o corpo lúteo); A paciente estava
androgênica, também conhecida como síndrome de
produzindo estrogênio, pois o endométrio estava
Morris. O funcionamento do receptor androgênico
previamente sob estímulo deste hormônio para
está comprometido, então não há masculinização
que respondesse ao contato com a progesterona.
da genitália, apesar de possuir testículos. Dessa for-
• Teste da progesterona positivo: anovulação. ma, clinicamente os pacientes apresentarão, assim
✔ resposta: A como em nosso caso, amenorreia primária, mama
324
Amenorreia Cap. 11
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Questão 14 dificuldade:
325
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326
Capítulo
INFERTILIDADE CONJUGAL
12
importância/prevalência
1. D EFINIÇÃO 2. E PIDEMIOLOGIA
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forme a idade da mulher.
Para iniciar esse tópico, cabe definir a fertilidade como a
aptidão para a reprodução, conceito que só existe quando
aplicado para um casal.
BASES DA MEDICINA
Infertilidade é ausência de gravidez após um ano de E qual a chance de um casal “engravidar” em um mês?
relações sexuais frequentes (duas a quatro vezes A taxa de concepção mensal em casais férteis fica em
por semana) e sem uso de método contraceptivo. torno de 15 a 20%.
327
Infertilidade conjugal Ginecologia
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328
Infertilidade conjugal Cap. 12
Distúrbios endócrinos
e sistêmicos
• SOP
• DIP • Síndrome de Asherman
• Tireoidopatias Defeitos testiculares primários
• Endometriose • Miomas uterinos
• Hiper-prolactinemia na espermatogênese
• Cirurgias prévias • Pólipo endometrial
• Baixa reserva funcional
• Tuberculose • Anomalias congênitas
ovariana
Distúrbios de transporte
do espermatozoide
Fatores Tubo
Fatores Ovarianos Fatores Uterinos
peritoneais Infertilidade masculina
idiopática
Causas Causas
Femininas Masculinas
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Infertilidade Junção de
sem causa causas Femininas
aparente (ISCA) e Masculinas
329
Infertilidade conjugal Ginecologia
4. I NVESTIGAÇÃO DICA
É questão batida de prova: marido já
tem filhos de outro relacionamento… Mes-
mo assim a investigação propedêutica deve
A investigação do casal infértil deve começar após
ser do CASAL!
12 meses de tentativas sem sucesso.
Para mulheres com mais de 35 anos, iniciamos a
investigação mais precocemente, após 6 meses A propedêutica básica do casal envolve a anamnese,
de tentativas. o exame físico e alguns exames complementares
específicos.
BASES DA MEDICINA
Lembrar que tempo é qualidade e quantidade de óvulos!
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a frequência de coito; história familiar para infertilidade,
defeitos congênitos e mutações genéticas; hábitos de vida
A avaliação também pode ser iniciada mais cedo e história social, incluindo ocupação, nível de estresse,
em mulheres com ciclos menstruais irregulares dieta, atividade física, abuso de substâncias ou qualquer
outro fator que possa alterar a fertilidade.
ou fatores de risco conhecidos para infertilidade,
como histórico de DIP ou malformações do trato Já para o homem, a anamnese deve ser direcionada para
reprodutivo. o desenvolvimento sexual e puberal, incluindo a presença
de pelos no corpo e a descida testicular; histórico médico,
avaliando a ocorrência de doença sistêmica grave crônica,
história de traumatismo pélvico, infecções do trato genitu-
DIA A DIA MÉDICO rinário e ISTs, varicocele, entre outras patologias; história
cirúrgica, principalmente de cirurgias envolvendo as áreas
Em se tratando de infertilidade, a investigação é sempre inguinal e escrotal, como a vasectomia ou orquiectomia;
conjugal! Mesmo que o homem já tenha filhos de outras história de vida e social, abordando o abuso de substân-
relações, tanto ele como a mulher devem sempre ser cias, uso de anabolizantes, exposições ocupacionais ou
investigados. mesmo radioterapia ou quimioterapia prévia; história
sexual, questionando sobre libido, frequência de relações,
além do histórico de fertilidade anterior.
330
Infertilidade conjugal Cap. 12
Procedimentos
História sexual cirúrgicos envolvendo
área inguinal e escrotal
Drogas e exposições
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História familiar
ambientais
Hábitos de vida e
História sexual
história social
Fonte: Uptodate.1
331
Infertilidade conjugal Ginecologia
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Outras endocrinopatias como a hiperprolactinemia e
as tireoidopatias (principalmente o hipotireoidismo)
podem estar relacionadas a disfunções ovulatórias.
BASES DA MEDICINA
332
Infertilidade conjugal Cap. 12
O endométrio se transforma em um tecido secretor após a ovulação, sendo esse período correlato à fase lútea ovariana no
ciclo menstrual. Histologicamente, pode-se observar um endométrio com vacúolos subnucleares ricos em glicogênio que
surgem nas glândulas endometriais, os quais se movem da base glandular para o lúmen, expelindo o conteúdo nesse último.
Durante esse processo, as glândulas assumem uma morfologia mais tortuosa, com presença de edema no tecido estromal.
Além disso, as artérias espiraladas que irrigam o endométrio aumentam e se tornam mais tortuosas e espiraladas. Esse é
o processo de preparação para a gestação realizado pelo endométrio. Não havendo a nidação do embrião, o corpo lúteo
não é mantido, decaindo-se os níveis de progesterona que mantinham o endométrio secretor, começando esse a entrar em
colapso, o que gera a menstruação.
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Fonte: WILLIAMS.2
Durante o ciclo menstrual, diversos folículos são ovulação. Esse processo pode ser observado ao
maturados, porém, usualmente, apenas um desen- USG pélvico seriado, o que demonstra a ocorrência
volve a dominância, tornando-se o responsável pela ou não de ovulação.
333
Infertilidade conjugal Ginecologia
Figura 1. Ultrassonografia pélvica seriada para controle de ovulação. Demonstra fase folicular, com
desenvolvimento de alguns folículos, seguido da dominância folicular proeminente na segunda
imagem e ovulação. Por fim, pode-se observar o padrão ultrassonográfico da fase lútea.
Fase folicular Ovulação Fase lútea
Fonte: http://projetoapoioinfertilidade.blogspot.com/2017/10/ciclo-mestrual.html.
Um dos testes de ovulação (ex.: ClearBlue: teste de ovu- Caso o HAM esteja elevado (> 1 ng/mL), a contagem de
lação) utilizados para predizer o período fértil avalia o folículos antrais seja alta (≥ 10 folículos) e o valor do FSH
aumento do LH na urina da mulher. esteja baixo (< 10 mUI/mL), pode-se considerar a reserva
folicular como adequada.
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W Para avaliar a reserva ovariana: dosagem de DICA
hormônio anti-Mulleriano (HAM), FSH no ter- A principal causa de infertilidade
de fator ovulatório é a síndrome de ovários
ceiro dia do ciclo menstrual e contagem de
policísticos.
folículos antrais via US no início do ciclo (3º a
5º dia). Níveis elevados de HAM, baixos de FSH
e contagem alta de folículos antrais indicam
maior reserva ovariana. Lembrando que reserva
NÃO se relaciona com a qualidade do óvulo.
334
Infertilidade conjugal Cap. 12
Quadro 2. A fase folicular do ciclo menstrual (dias 1 a 14) se caracteriza por níveis crescentes de estrogênio,
espessamento do endométrio e seleção do folículo dominante. Durante a segunda fase do ciclo menstrual,
a fase lútea (dias 15 a 28), o corpo lúteo (CL) produz estrogênio e progesterona, principalmente o segundo
hormônio, preparando o endométrio para a nidação do embrião. Caso a implantação ocorra, o blastocisto
em desenvolvimento começa a produzir gonadotrofina coriônica humana (hCG) com manutenção do
corpo lúteo, o que preserva a produção de progesterona até a adequada formação placentária.
O ciclo menstrual pode ser avaliado de acordo com a perspectiva ovariana ou endometrial. Sob a perspectiva ovariana, o
ciclo pode ser dividido em fase folicular pré-ovulatória e fase lútea pós-ovulatória. As fases correspondentes no endométrio
são nomeadas como fase proliferativa (1ª fase) e fase secretora (2ª fase). Pode-se afirmar que os hormônios sexuais, o
estrogênio e a progesterona, predominam em alguma fase. O estrogênio predomina na primeira fase, durante a maturação
folicular, bem como durante a proliferação endometrial. A progesterona, por sua vez, predomina após a ovulação, sendo
resultado da fase do corpo lúteo, resultando na formação do endométrio com padrão secretor. Com relação aos hormônios
sexuais, o FSH predomina durante a 1ª fase do ciclo, devido ao seu papel na maturação folicular. O LH possui seu pico de
concentração no meio do ciclo, estímulo esse que gera a ovulação.
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335
Infertilidade conjugal Ginecologia
Apesar de não ser uma das causas mais comuns de Causas: sinéquias intrauterinas (incluindo a sín-
infertilidade, também pode estar associada a elas. drome de Asherman), pólipos endometriais, mio-
mas submucosos (distorção da cavidade uterina) e
anomalias congênitas (septo uterino, útero bicorno
ou didelfo).
Fonte: Hoffman.2
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BASES DA MEDICINA
Síndrome de Asherman: formação de aderências fibróticas na cavidade uterina após manipulação (na maioria das
vezes, após curetagem).
Fonte: Hoffman.2
336
Infertilidade conjugal Cap. 12
Fonte: Hoffman.2
Histerossonografia, um USG com o auxílio da injeção existam. Em alguns poucos casos, pode-se utilizar
de soro fisiológico na cavidade uterina, permitindo também a ressonância magnética.
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delinear melhor lesões na cavidade uterina, caso
Fonte: Hoffman.2
337
Infertilidade conjugal Ginecologia
São fatores que envolvem patologias modificadoras da A avaliação do extravasamento de contraste na cavidade
tuba uterina, podendo cursar com alterações anatômicas peritoneal tem como objetivo avaliar a permeabilidade tubária.
e aderências peritoneais, impedindo o movimento normal Quando há o extravasamento, o chamamos de Sinal de Cotte
da tuba, a captura dos óvulos e o transporte deles para o positivo, sinal direto da patência tubária mantida.
útero, culminando na infertilidade. Normal
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DIA A DIA MÉDICO
Fonte: Hoffman.2
338
Infertilidade conjugal Cap. 12
Síndrome de Asherman
Leiomioma submucoso
Pólipo endometrial
Anomalias congênitas
Uterinos
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Tubo peritoneais Ovarianos
DIP SOP
Endometriose Tireoidopatias
Cirurgias prévias Hiperprolactinemia
Tuberculose genital Baixa reserva ovariana
Legenda: SOP – Síndrome dos Ovários Policísticos; DIP – Doença Inflamatória Pélvica.
Fonte: UpToDate.1
339
Infertilidade conjugal Ginecologia
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como a de Klinefelter (cariótipo 47, XXY), que pode levar – Critérios da OMS) e concentração de leucócitos (< 1
a hipogonadismo hipergonadotrófico, azoospermia e milhão/mL).
hipodesenvolvimento dos caracteres sexuais secundários.
Importante avaliar também o uso de esteroides anaboli-
zantes, tabagismo e a presença de varicocele. Tabela 3. Valores normais do Espermograma.
Espermograma
≥ 4% (Critérios de Kruger)
Morfologia Normal
DIA A DIA MÉDICO ≥ 30% (Critérios da OMS)
Concentração de
< 1 milhão/mL
É importante lembrar que fertilidade prévia não exclui a Leucócitos
necessidade de investigação do fator masculino. Além da Fonte: UpToDate.1
anamnese e exame físico, o exame complementar inicial
utilizado na investigação masculina é o espermograma.
340
Infertilidade conjugal Cap. 12
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são as mesmas aplicadas a casais em que a causa podendo haver fator masculino e/ou ovulatório leve.
da infertilidade é conhecida. Aqui cabe uma distinção para com a Fertilização In
Vitro (FIV), que é um método de alta complexidade
em que o processo de fertilização do óvulo pelo
espermatozoide ocorre in vitro, não no organismo
feminino.
Fonte: Hoffman.2
341
Infertilidade conjugal Ginecologia
Além disso, pode-se utilizar fármacos indutores de ovula- Nesse caso, o embrião é formado fora do organismo
ção, sendo o mais comumente utilizado o Citrato de Clo- da paciente e implantado na cavidade uterina.
mifeno, administrado do 5º ao 10º dia do ciclo menstrual,
principalmente no contexto da SOP. Outros medicamentos São indicações para FIV: doença tubária grave;
que podem ser utilizados são o Letrozol e o FSH. oligozoospermia com menos de 5 milhões de esper-
matozoides móveis; teratozoospermia com menos
Tabela 4. Indutores de Ovulação – Medicamentos de 4% de espermatozoides com morfologia normal
utilizados, vias de administração e doses. segundo os critérios de Kruger; falha de tentativas
de técnicas de baixa complexidade e doenças gené-
Medicamentos Indutores de Ovulação
ticas, pois a FIV permite a seleção embrionária.
Administração: Via Oral
A paciente submetida à FIV utiliza alguns medica-
Citrato de Clomifeno Dose: 50 mg/dia por 5 dias.
Aumento de 50 mg a cada mentos para o procedimento, como o FSH (para
ciclo até indução da ovulação. estimular os folículos ovarianos), análogo ou anta-
gonista de GnRH (evitando o pico endógeno de
Preparações de Administração: IM
Gonadotrofina (Podem
LH precocemente) e HCG (HCG 36 horas antes da
Dose: 50 a 75 UI/dia, com
conter FSH, LH e HCG) protocolo progressivo. punção folicular para a coleta dos óvulos).
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Letrozol Dose: 2,5 a 5 mg/dia, u Estímulo para a formação de mais folículos que
por 5 dias. o comum.
Fonte: Hoffman.2 u Captação dos óvulos antes do rompimento destes.
u Fertilização ou Injeção Intracitoplasmática (ICSI):
junção do óvulo com o espermatozoide. A segun-
BASES DA MEDICINA
da técnica é utilizada quando há fatores mascu-
linos proeminentes.
O Clomifeno é um fármaco que age antagonizando o
estrogênio, gerando um feedback positivo ao hipotálamo,
u Transferência do embrião: transferência do em-
que por sua vez secreta o hormônio liberador de gonado- brião na cavidade uterina.
trofinas (GnRH), estimulando a hipófise, culminando com
a secreção e elevação do nível de FSH, estimulando, por Pode ser realizado no mesmo ciclo ou em outro,
fim, o desenvolvimento folicular ovariano. Esse desen- quando se usa o método de congelamento.
volvimento deve ser acompanhado por USG seriados,
visto que pode levar a gestações múltiplas caso haja um
desenvolvimento excessivo.
342
Infertilidade conjugal Cap. 12
Figura 7. Etapas da FIV – Observa-se a captação dos óvulos, seguida da fertilização in vitro,
e por fim a transferência do embrião para a cavidade uterina, após cultivo dele).
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Fonte: Hoffman.2
Em quadros de Hidrossalpinge bilateral, há uma dilatação do embrião. Portanto, o resultado da FIV em uma paciente
das tubas uterinas, com acúmulo de líquido que contém com hidrossalpinge é muito ruim, devendo-se realizar a
diversas substâncias inflamatórias, prejudicando a nidação salpingectomia antes do procedimento.
Fonte: Netter.3
343
Infertilidade conjugal Ginecologia
Com relação à endometriose, como abordado no capítulo caso a caso, incluindo a sintomatologia da paciente.
sobre essa doença, não existe um consenso na literatura; Devemos lembrar que a cirurgia pode tanto melhorar a
porém admite-se que a FIV poderia ser realizada antes do fertilidade como piorá-la, caso sejam necessárias abor-
procedimento cirúrgico, em alguns casos. Deve-se analisar dagens ovarianas durante o procedimento.
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Técnicas de Alta
• Fertilização In-Vitro (FIV)
complexidade
344
Infertilidade conjugal Cap. 12
Idiopática
Ausência de gestação
após 12 meses
Distúrbios no transporte de tentativas de
Primária ou secundária
espermático concepção, sem a
utilização de métodos
contraceptivos
Defeitos testiculares na
espermatogênese
Causas Propedêutica
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Leiomioma Mudanças no
Fatores Uterinos
Pólipos estilo de vida
Anomalias
Anamnese
DIP Baixa Complexidade
Endometriose
Fator Tuboperitoneal
Cirurgias Exame Físico
Tuberculose
Alta complexidade
SOP Homem:
Tireoidopatias Espermograma
Fator Ovariano Tratamentos
Hiperprolactinemia
Baixa reserva ovariana específicos
Mulher:
USGTV
Histerossalpingografia
Avaliação da ovulação
Exames pré-
concepcionais
345
Infertilidade conjugal Ginecologia
REFERÊNCIAS
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346
Infertilidade conjugal Cap. 12
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1 Questão 3
(UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – SP – 2021) Na ava- (ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO RIO GRANDE DO SUL – RS – 2018) Qual
liação de um casal infértil, para investigação da re- é a causa mais comum de infertilidade por fator
serva ovariana, utiliza-se a dosagem de: tuboperitoneal?
Questão 2
Questão 4
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(HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE TERESÓPOLIS COSTANTINO OTTA-
VIANO – FESO – 2021) Paciente, sexo feminino, 32 anos, (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ – PI – 2018) São indica-
GIAI (aos 16 anos), procura consulta ginecológica no ções para o uso de banco de sêmen por mulheres
ambulatório do HCTCO/Unifeso, encaminhado do que irão se submeter à fertilização in vitro (FIV)
posto de saúde, relatando desejo de engravidar sem injeção intracitoplasmática de espermatozoides
sucesso há 2 anos. Casada há 3 anos com marido (ICSI), EXCETO:
também sem filhos. Ciclos menstruais regulares,
⮦ Azoospermia excretora.
duração de 4 a 5 dias. Nega comorbidades. Nega
uso de medicamentos. Nega vícios. Levando-se em ⮧ Azoospermia secretora.
conta a rotina básica de pesquisa de casal infértil, ⮨ Doença grave por transmissão sexual.
quais exames deveriam ser solicitados para essa ⮩ Incompatibilidade de Rh com isoimunização
paciente e o parceiro: prévia.
⮦ Colpocitologia oncótica / ultrassonografia trans- ⮪ Mulheres sem parceiro sexual.
vaginal / ultrassonografia de abdome total
⮧ Espermograma / FSH / LH / Estradiol / TSH / T4 Questão 5
livre / Prolactina / Histerossalpingografia
(UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – PI – 2017) Casal infértil,
⮨ Ressonância magnética de pelve / Histerosso-
mulher com 30 anos de idade e homem com 35
nografia / Espermograma
anos de idade. Espermograma em duas amostras,
⮩ Ressonância magnética de pelve e abdome / com concentração de 10 milhões/mL, motilidade
Histeroscopia / Espermograma normal e morfologia de Kruger de 4%. A ultrasso-
⮪ Ultrassonografia transvaginal / Histeroscopia / nografia e a histerossalpingografia com achado de
FSH / LH / TSH / T4 livre / Prolactina hidrossalpinge bilaterial. O tratamento indicado é:
347
Infertilidade conjugal Ginecologia
⮨ Deve-se manter rigorosa vigilância nas usuárias ⮪ As alterações ovulatórias podem corresponder
de metformina, pelo risco de teratogênese. a até 40% do fator feminino.
⮩ As gonadotrofinas não devem ser utilizadas, devi-
do ao elevado risco de hiperestimulação ovariana.
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Questão 9
⮪ A cirurgia de Thaler é a melhor opção.
(HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE RP
DA USP – SP – 2018) Paciente de 24 anos de idade, nuli-
Questão 7 gesta, procura a Unidade Básica de Saúde porque
deseja engravidar. Está casada há dois anos e tem
(HOSPITAL GERAL DE GOIÂNIA – GO – 2013) O adiamento da
atividade sexual regular, mas não usa método con-
procriação feminina para idades mais avançadas
traceptivo. Utilizou anticoncepcional hormonal com-
tem sido citado como uma das causas que atual-
binado na adolescência para síndrome dos ovários
mente contribui para a infertilidade nas sociedades
policísticos (SOP) e suspendeu seu uso há dois anos.
desenvolvidas. Dessa forma, alguns testes clínicos
Atualmente apresenta intervalos menstruais de 40
e laboratoriais têm sido utilizados em reprodução
a 60 dias e fluxo menstrual normal, nega dismenor-
assistida para avaliação da reserva ovariana e taxa
reia, dor acíclica ou comorbidades. Seu marido, de
de gravidez em fertilização in vitro (FIV). Com essa
28 anos de idade, apresenta bom estado de saúde
finalidade, são úteis:
e tem um filho de 3 anos de outro relacionamento.
I. Dosagem de hormônio foliculoestimulante (FSH); Exame físico: estatura de 1,60 m, peso de 75 kg, ín-
II. Dosagem do hormônio antimülleriano; dice de massa corporal (IMC) de 29 kg/m2, pressão
arterial (PA) 110 × 85 mmHg. Acne em face; pele e
III. Dosagem de estradiol;
cabelos oleosos. Não apresenta hirsutismo. Qual
IV. Contagem de folículos antrais por ultrassono-
das alternativas a seguir representa a propedêutica
grafia (USG).
mínima para este caso de infertilidade conjugal?
As assertivas corretas estão na alternativa:
⮦ Testosterona, ultrassonografia (USG) pélvica,
⮦ I, II e III. espermograma.
⮧ I, II e IV. ⮧ Progesterona, testosterona, US pélvica.
348
Infertilidade conjugal Cap. 12
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⮪ Síndrome dos ovários policísticos (SOP).
Questão 13
Questão 11
(SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DE SÃO PAULO – SP) Casal de 33
(SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO – SP – 2018) anos, queixa de infertilidade há 5 anos. Durante a
Um casal procurou o serviço de infertilidade com investigação diagnóstica, observou-se espermogra-
a queixa de não estar conseguindo engravidar há ma com concentração normal de espermatozoides,
3 anos. Ela tem 34 anos de idade, nega uso de me- com 50% de mobilidade rápida. A histerossalpingo-
dicamentos, relata diagnóstico de síndrome dos grafia mostrou parada de progressão do contraste
ovários policísticos (SOP) e, devido a isso, irregu- na porção proximal de ambas as tubas. Está indi-
laridade menstrual, ficando meses sem menstruar, cada a realização de
mostra histerossalpingografia sem alterações e
ultrassonografia com mioma subseroso em região ⮦ fertilização in vitro.
fúndica uterina com 2 cm em seu maior diâmetro. ⮧ injeção intracitoplasmática de espermatozoides.
O marido tem 36 anos de idade e nega doenças ⮨ laparoscopia para abertura das fimbrias tubárias.
ou cirurgias, mostrando espermograma com os
⮩ inseminação intrauterina.
seguintes achados pertinentes: concentração de
8 milhões/mL (referência normal: 15 milhões/mL), ⮪ indução de ovulação com citrato de clomifeno
motilidade progressiva de 15% (referência normal: e coito programado.
32%); e morfologia de 1% (referência normal: 4%).
Considerando essa situação hipotética, assinale
Questão 14
a alternativa que apresenta todos os fatores que
provavelmente estejam acarretando a infertilidade (FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP – SP – 2017)
do casal: Mulher, 25 anos, nuligesta, comparece à unidade
349
Infertilidade conjugal Ginecologia
básica de saúde. Refere vontade de engravidar, ⮩ A solicitação de espermograma deve ser retar-
mantém relações sexuais completas 3x/semana há dada, até serem afastadas a anovulação, a obs-
2 anos com o mesmo parceiro e não usa métodos trução tubária e a endometriose.
anticoncepcionais. A paciente relata ciclos mens- ⮪ Até prova em contrário, a paciente é anovuladora.
truais regulares com volume normal de sangramen- Está indicada indução da ovulação com citrato
to. Não tem nenhuma outra queixa e não apresen- de clomifeno.
ta antecedentes pessoais ou familiares dignos de
nota. O parceiro tem 40 anos e já tem dois filhos
de outro casamento. Exames físico e ginecológico
normais. Exames laboratoriais: sorologias para sífi-
lis, hepatite B/C, HIV-1/2, HTLV-I/II foram negativas,
há 2 meses. Os exames complementares a serem
solicitados são:
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e histerossalpingografia.
⮩ Ultrassonografia transvaginal, histerossalpingo-
grafia e espermograma.
Questão 15
350
Infertilidade conjugal Cap. 12
GABARITO E COMENTÁRIOS
Comentário: A investigação do casal infértil deve co- Comentário: A DIP é a causa mais comum de in-
meçar após 12 meses de tentativas sem sucesso. fertilidade por fator tuboperitoneal. A infertilidade
O fator ovariano é responsável por cerca de 27% acomete cerca de 11% das mulheres com um epi-
das causas de infertilidade. A avaliação da reserva sódio prévio de DIP, 34%, se dois episódios, e 54%
ovariana pode ser feita pela dosagem do hormônio das mulheres com três ou mais episódios. A endo-
anti-mülleriano, FSH no terceiro dia do ciclo mens- metriose é uma das principais causas de infertili-
trual (fase folicular) e contagem de folículos antrais dade feminina; contudo, o fator tuboperitoneal não
através de ultrassonografia no início do ciclo. Níveis é o desencadeante. Nesse caso, existem diversos
elevados de anti-mülleriano, baixos níveis de FSH mecanismos, como aderências pélvicas, endome-
no início do ciclo e alta contagem de folículos indi- trioma ovariano, fatores inflamatórios que alteram
cam maior reserva ovariana. a ovulação normal, fertilização e implantação.
resposta: C
resposta: C
✔
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✔
Questão 4 dificuldade:
Questão 2 dificuldade:
Comentário: Diferenças entre azoospermia excretora
Comentário: Questão abordando a propedêutica do e secretora: na excretora, o paciente ainda produz
casal infértil. Primeiramente, lembre que 25% das espermatozoides, porém, devido a alguma obstru-
causas de infertilidade conjugal relacionam-se ao ção na via seminal (congênita ou adquirida), não
fator masculino, portanto é importante solicitar há espermatozoides no sêmen; na secretora, o pa-
um espermograma. Além disso, a propedêutica ciente não produz espermatozoides. Por isso, em
básica inclui: ultrassonografia transvaginal (pes- caso de azoospermia excretora, deve ser feito um
quisa de alterações na anatomia uterina), histe- procedimento cirúrgico para eliminar a obstrução
rossalpingografia (pesquisa de obstruções tubá- ou captar diretamente do epidídimo ou do testículo
rias), se houver ciclos regulares, não há necessi- os espermatozoides para a FIV. Todas as demais
dade de pesquisa da função ovulatória (hormônio alternativas apresentam situações que necessitam
anti-mulleriano, contagem de folículos antrais). do uso do banco de sêmen.
Outros exames são importantes para avaliar o ✔ resposta: A
status hormonal da paciente e excluir causas não
ginecológicas que possam estar interferindo na
regularidade dos ciclos, como o hipotireoidismo Questão 5 dificuldade:
e a hiperprolactinemia.
Comentário: No enunciado, há a informação de que
✔ resposta: B o espermograma apresenta oligozoospermia leve
351
Infertilidade conjugal Ginecologia
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taxas de ovulação.
Alternativa A: INCORRETA. De acordo com as reco-
Alternativa C: INCORRETA. Não há essa relação de
mendações da American Society for Reproductive
risco e alguns estudos já liberam o uso da metfor-
Medicine (ASRM), caso a mulher apresente mais de
mina inclusive durante a gestação.
35 anos de idade, a investigação deve ser iniciada
Alternativa D: INCORRETA. Para pacientes que não imediatamente ou após 6 meses de atividade sexual
respondem a doses de 100 a 150 mg/dia de clo- sem proteção contraceptiva. Já nas mulheres com
mifeno, as gonadotrofinas são opção de escolha. menos de 35 anos de idade, a orientação é iniciar
Alternativa E: INCORRETA. Essa cirurgia pode impli- a investigação após 1 ano de atividade sexual sem
car complicações como aderências tuboperito- proteção contraceptiva.
neais, apresentando resultados ruins em relação Alternativa B: INCORRETA. A USG TV não é capaz
ao sucesso da gravidez. Não é, portanto, indicada de identificar a obstrução tubária nem a região da
no tratamento da SOP. tuba afetada. O melhor exame para isso é a histe-
✔ resposta: A rossalpingografia.
Alternativa C: INCORRETA. A avaliação do casal é
conjunta, devendo ser realizados no primeiro mo-
Questão 7 dificuldade:
mento: espermograma, dosagens hormonais, USG
Comentário: Questão sobre os testes laboratoriais TV seriada e histerossalpingografia.
realizados para análise de reserva ovariana. Alternativa D: INCORRETA. Costuma estar sim asso-
Assertiva I: VERDADEIRA. A dosagem de FSH é um ciada à infertilidade, podendo estar relacionada com
dos marcadores mais amplamente utilizados na obstrução da tuba uterina e aderências peritubárias
avaliação de reserva ovariana, sendo o parâmetro ou periovarianas.
mais sensível para essa análise. Níveis de FSH maio- Alternativa E: CORRETA. Quando é considerada ape-
res que 10/15 pg/mL, dependendo da referência nas a infertilidade feminina, as causas são: 40%
352
Infertilidade conjugal Cap. 12
fator ovulatório, 40% fator tuboperitoneal, 10% infer- Alternativa B: INCORRETA. Na maioria das vezes, é um
tilidade sem causa aparente, 10% causas variadas quadro assintomático ou pode cursar com sangra-
(incluindo fatores uterino, cervical, entre outros). mento uterino anormal.
✔ resposta: E Alternativa C: INCORRETA. Nesse caso, não há doen-
ça orgânica responsável pelo quadro de dor, sendo
um diagnóstico de exclusão.
Questão 9 dificuldade:
Alternativa D: CORRETA. Conforme citado.
Comentário: Paciente de 24 anos de idade com his- Alternativa E: INCORRETA. Caracteriza-se por oligo ou
tória de SOP e oligomenorreia com dificuldade para amenorreia, ovários policísticos à USG e hiperan-
engravidar. Os exames para a investigação mínima drogenismo clínico e/ou laboratorial, não havendo
deste caso incluem USG pélvica, histerossalpingo- relação com o caso clínico em questão.
grafia e espermograma do marido, pois podem in-
dicar possíveis causas de infertilidade. ✔ resposta: D
✔ resposta: D
Questão 11 dificuldade:
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(espermograma normal). Logo, diante de um quadro
clínico de dismenorreia progressiva, dispareunia e
Questão 12 dificuldade:
infertilidade, temos que pensar em endometriose.
A endometriose é definida pela presença de tecido
Comentário: Na inseminação, em que o sêmen será
endometrial em localização extrauterina e tem como
injetado intraútero, são indicações para esse pro-
sintoma altamente sugestivo e mais frequente a
cedimento: fator masculino leve, tubas pérvias e
dismenorreia, que costuma piorar com o passar do
funcionantes, fator ovulatório leve. De medicações
tempo, com dor difusa, referida profundamente na
que são usadas para estímulo da ovulação, adminis-
pelve, intensa, podendo irradiar para região lombar
tra-se o HCG 34 a 36 horas antes do procedimento,
e coxas. A dispareunia também está presente no
sendo esse hormônio capaz de mimetizar o pico de
quadro clínico e parece ser provocada pela infiltra-
LH e induzir a ovulação. A progesterona fornece “su-
ção profunda em fundo de saco, associada, algu-
porte” para a gestação durante a fase lútea (após
mas vezes, a nódulos palpáveis aos toques vaginal
ovulação), o FSH estimula o crescimento folicular
e retal. A infertilidade é classicamente associada
e o estrogênio, a proliferação do endométrio.
à endometriose, sendo comuns nesses casos as
aderências pélvicas que bloqueiam a motilidade ✔ resposta: D
tubo-ovariana e a captação do óvulo, estando re-
lacionada ainda com a má qualidade oocitária, en-
Questão 13 dificuldade:
dométrio hostil aos espermatozoides e embriões,
entre outros. Comentário: O caso demonstra um casal que vem
Alternativa A: INCORRETA. Os principais sintomas tentando engravidar sem sucesso há 5 anos. Pe-
da adenomiose são sangramento uterino anormal los exames, é possível observar que a causa da in-
e dismenorreia, não sendo comum a dispareunia. fertilidade é um fator feminino nesse caso e, mais
353
Infertilidade conjugal Ginecologia
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Questão 14 dificuldade: ✔ resposta: C
Comentário: Questão bacana sobre propedêutica
em INFERTILIDADE. Logo de cara, lembre-se de
um conceito: independentemente de o homem já
ter filhos de outro casamento, SEMPRE o espermo-
grama deve ser solicitado, o que já o faria excluir
as alternativas B e C. Também não sairemos pedin-
do já de cara uma quantidade imensa de exames!
Existe uma propedêutica básica inicial: Espermo-
grama, Histerossalpingografia, USTV e dosagens
hormonais na mulher (FSH, Estradiol, Progesterona
de segunda fase, Prolactina e TSH/T4). Entretanto,
as dosagens hormonais podem ser dispensadas
quando as mulheres não apresentarem alterações
de ciclo menstrual, e a questão relata que ela mens-
trua regularmente.
✔ resposta: D
354
Capítulo
CLIMATÉRIO
13
importância/prevalência
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BASES DA MEDICINA
355
Climatério Ginecologia
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igualando-se em número às mulheres mais jovens.
Climatério
± 40 anos ± 65 anos
Nascimento Senilidade
Menarca Menopausa
± 12 anos ± 51 anos
356
Climatério Cap. 13
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Fonte: Guyton.1
357
Climatério Ginecologia
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representa um percentual muito pequeno quando com-
Alterações do parado aos 6 a 7 milhões de oócitos presentes na 20ª
eixo hipotálamo semana de gestação, ou mesmo aos 400.000 oócitos
‑hipófise-ovários presentes no nascimento. O processo de atresia dos
folículos não dominantes é o principal evento que leva,
finalmente, à perda da atividade ovariana e à menopausa.
⬆ GnRH
⬆ FH e FSH
Atresia folicular
358
Climatério Cap. 13
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Fonte: https://bit.ly/3dqu95o.
359
Climatério Ginecologia
BASES DA MEDICINA
As alterações microscópicas que ocorrem no endométrio Durante a fase inicial da transição menopáusica, o endo-
refletem diretamente o nível sistêmico de estrogênio e métrio reflete ciclos ovulatórios que prevalecem nesse
de progesterona e, consequentemente, podem ser muito período.
diferentes dependendo da fase da transição menopáusica.
Figura 4. Diferença entre fase secretora menstrual e endométrio atrófico. Imagem 1 representa a fase
secretora menstrual, com glândulas tortuosas grandes, contendo secreção. Imagem 2 representa o
endométrio atrófico, com glândulas em pequena quantidade, algumas muito pequenas, outras dilatadas.
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Fonte: https://bit.ly/319eJ2O.
360
Climatério Cap. 13
⬇ Inibina e estrógeno
⬇ Androstenediona
⬆ GnRH, FH e FSH
⬇ SDHEA
Alterações do Eixo
Hipotálamo-Hipófise-Ovários
Atresia de folículos ⬇ Pregnenolona
⬆ Estrogênio e testosterona
Endométrio atrófico
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livres ou não ligados
A idade da ocorrência da menopausa parece gene- antecipação em fumantes tem sido explicada pela
ticamente programada para cada mulher, através deficiência estrogênica causada diretamente pelo
do número de folículos ovarianos, mas inúmeras tabaco, podendo não só antecipar o aparecimen-
condições podem influenciar o envelhecimento to de sintomas da menopausa, mas também das
ovariano, como: doenças estrógeno-relacionadas, como a osteo-
u Fatores socioeconômicos: Mulheres que têm porose e as doenças cardiovasculares;
longas jornadas de trabalho e exercem ativida- u Altitude: Mulheres que vivem em países de alti-
des estressantes têm mais chances de entrar na tudes maiores podem apresentar a menopausa
menopausa mais cedo; em idade mais precoce;
u Paridade: Mulheres nulíparas têm menopausa u Nutrição: Deficiência nutricional e baixo peso le-
mais precocemente, enquanto o aumento da vam à ocorrência precoce da idade da menopausa;
paridade correlaciona-se à menopausa mais u Fatores Cirúrgicos e Medicamentosos: quimio-
tardia, devido à diminuição do número de ciclos terapia, radioterapia pélvica, cirurgias ovarianas
menstruais ovulatórios; e histerectomia também podem resultar em an-
u Tabagismo: Nesse caso, a idade da instalação da tecipação da menopausa.
menopausa é antecipada de 12 a 18 meses. Essa
361
Climatério Ginecologia
Histerectomia prévia
Tabagismo
Deficiência nutricional
Estresse Auto-imune
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Fatores
influenciadores
no climatério
Genética/antecedente familiar
Multiparidade
362
Climatério Cap. 13
Apesar dos níveis elevados de FSH na perimeno- Um dos sintomas mais prevalentes e mais precoces
pausa, os folículos, agora de má qualidade, são cada do climatério é o fogacho (ou sintoma vasomotor),
vez mais resistentes a esse hormônio, alargando a caracterizado por ondas de calor transitórias, acom-
fase folicular e tornando os ciclos menstruais cada panhadas de rubor e sudorese, que duram cerca de
vez mais longos. um a dois minutos e costumam iniciar no tronco,
espalhando-se rapidamente para outras regiões. Os
fogachos atingem 75% das mulheres climatéricas e
3.1. M ANIFESTAÇÕES MENSTRUAIS
ocorrem com maior frequência à noite, o que pode
ser responsável pelos distúrbios do sono que elas
DIA A DIA MÉDICO
frequentemente apresentam.
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elevados níveis de gonadotrofinas, ou os intervalos neurônios produtores de GnRH.
menstruais podem estar aumentados pela persis-
tência dos níveis de estrógeno e ausência de pro-
A maioria das mulheres que experimenta os foga-
gesterona. Quando ocorre a menstruação, como o
chos descreve sensações de ondas de calor que
endométrio está hiperplasiado por essas alterações
ocorrem no tórax, pescoço e face. Esse desconforto
hormonais, o sangramento pode ser abundante e
dispara a resposta termorreguladora normal para o
ter maior duração.
calor, incluindo sudorese e vasodilatação cutânea,
o que leva à ruborização da pele.
DIA A DIA MÉDICO
3.3. M ANIFESTAÇÕES PSICOGÊNICAS
Anovulação é a causa mais comum de sangramentos
erráticos durante a transição; no entanto, é importante As limitações impostas e a insegurança proveniente
considerar outras causas, como hiperplasia e carcinoma do quadro clínico exacerbado, em decorrência de
endometrial; neoplasias sensíveis ao estrogênio, como
forte deficiência estrogênica, podem influir des-
pólipos endometriais e leiomiomas uterinos; e episódios
relacionados com gravidez. favoravelmente no estado emocional da mulher e
interferir no relacionamento familiar, na adaptação
sexual e na integração social. Alguns sintomas
psíquicos atribuídos a essa fase são: diminuição
da autoestima, irritabilidade, labilidade afetiva, sin-
tomas depressivos, dificuldade de concentração e
memória, dificuldades sexuais e insônia.
363
Climatério Ginecologia
Sabe-se que a idade está associada à progressiva Essa situação acontece devido à queda de estro-
rarefação do esqueleto. Dessa forma, a perda óssea gênio, que diminui a atividade dos osteoblastos
e as fraturas osteoporóticas são bastante comuns e aumenta a atividade dos osteoclastos. Assim
nas mulheres na menopausa. não se forma osso e, o que é mais importante, há
reabsorção; a matriz óssea se desfaz e libera cálcio,
ocorrendo alta remodelação óssea e instalando-se
progressivamente a osteopenia e a osteoporose.
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Fonte: Guyton.1
364
Climatério Cap. 13
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flácidas e pêndulas.
As manifestações genitais, somadas à queda da produção
de androgênios, são responsáveis pelos distúrbios sexuais
que essas mulheres frequentemente apresentam, como
desejo hipoativo, anorgasmia etc.
BASES DA MEDICINA
365
Climatério Ginecologia
Oligo ou
Osteoporose
polimenorreia
Sangramento
Osteopenia
irregular
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Dificuldade de
Distúrbios do sono
concentração Dispareunia ⬇ Colágeno
Ressecamento
⬆ Tecido adiposo
vaginal
Prolapsos genitais
366
Climatério Cap. 13
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Fluxograma 6. Exames complementares.
Exames
complementares
Colonoscopia e sangue
Perfil lipídico Glicemia
oculto nas fezes
367
Climatério Ginecologia
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No Brasil, existem diversas formulações disponíveis
DIA A DIA MÉDICO para terapia de reposição hormonal.
A mais utilizada atualmente é o 17-beta-estradiol,
As principais indicações da TRH são sintomas vasomo- estrogênio natural encontrado tanto na apresentação
tores intensos, síndrome geniturinária e insuficiência
transdérmica quanto oral e vaginal.
ovariana precoce (antes dos 40 anos).
A via transdérmica é considerada como primeira
linha por reduzir o risco, sobretudo, de AVC e trom-
Todos os demais sintomas parecem ter benefício
boembolismo venoso; porém excluídas as contrain-
secundário com o uso da TRH, sobretudo no que diz
dicações e avaliados os riscos, a via oral também
respeito à preservação da massa óssea e à redução
pode ser prescrita com segurança e é importante
do risco cardiovascular. Entretanto, isoladamente,
principalmente em indivíduos com hipercolestero-
não são indicações para o uso do método, visto que
lemia, por ter efeito favorável sobre o perfil lipídico
nesses casos os benefícios não parecem superar
(melhora HDL e LDL, mas piora os triglicérides).
os riscos.
Por sua vez, a via vaginal deve ser resguardada para
Isso porque o uso da terapia hormonal combinada
os casos que cursam exclusivamente com sintomas
(estrogênio + progesterona) pode aumentar o risco
locais (atrofia urogenital).
de doença coronariana, câncer de mama, acidente
vascular cerebral, eventos tromboembólicos e cân-
cer de endométrio.
368
Climatério Cap. 13
Quando o hormônio é administrado por via oral, ele é Para mulheres nas quais haja maior preocupação com o
absorvido no tubo digestivo, atinge o sistema porta, che- risco de doença tromboembólica venosa, deve-se evitar a
gando ao fígado, no qual os esteroides são parcialmente via oral e, caso indicada a terapia de reposição hormonal,
metabolizados e também exercem influências no meta- deve-se escolher a via transdérmica. Com relação ao
bolismo. Apenas após essa passagem hepática é que os perfil lipídico, o estrogênio por via oral é mais eficaz para
hormônios da terapia de reposição hormonal chegarão à melhorar o padrão das frações do colesterol, já que diminui
circulação sistêmica, que os levará aos diversos órgãos LDL e aumenta HDL. Todavia, é necessário observar que
e tecidos onde seus efeitos são desejados. a via oral aumenta os níveis de triglicerídeos. Assim, para
mulheres que os apresentem elevados, deve-se escolher
Com isso, a “primeira passagem hepática” favorece mudan- a via não oral.
ças enzimáticas, impactando a cascata de coagulação e,
portanto, aumentando o risco de doença tromboembólica
venosa. Além disso, o elevado nível do estrogênio no A administração do componente estrogênico deve
fígado na administração por via oral também interfere nos ser contínua, isto é, todos os dias do mês. Todas as
processos hepáticos do metabolismo dos lipídeos e das
mulheres com útero intacto (excluindo-se aquelas
lipoproteínas. É por este motivo que o estrogênio por via
oral eleva os níveis séricos de HDL e diminuiu os de LDL.
histerectomizadas) e em uso de estrogênio sistêmico
Todavia, faz também com que os níveis de triglicerídeos (oral ou transdérmico) devem receber a oposição
sejam aumentados. progestínica, que pode ser administrada em regime
Com a administração parenteral, o estradiol administrado
contínuo ou cíclico (12 a 14 dias no mês). O proges-
atinge primeiramente a circulação sistêmica e apenas tínico mais usado no Brasil é a progesterona natural
depois chega ao fígado, no qual será metabolizado. Isso micronizada, encontrada nas apresentações orais
é mais próximo de como o ovário entrega o estradiol ou vaginais. Mulheres que não toleram progestá-
endógeno na circulação, ou seja, via circulação sistê- genos sistêmicos podem se beneficiar do DIU de
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mica. Sendo assim, a dose administrada pode ser menor,
levonorgestrel.
adquirindo o mesmo efeito, não apresentando os efeitos
da primeira passagem hepática. Observando, então, os
efeitos da via de administração do estrogênio, pode-se
fazer uma escolha mais adequada a cada caso.
369
Climatério Ginecologia
⬆ HDL
⬇ LDL
⬆ Triglicérides
Oral
Efeito das
vias de
administração
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Parenteral
Intramuscular
Vaginal
Subdérmico
370
Climatério Cap. 13
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mais importante são os inibidores seletivos da
recaptação da serotonina, com destaque para a
paroxetina, única droga não hormonal reconhecida
pelo FDA para tal fim.
Outros medicamentos como a venlafaxina, gabapen-
tina, pregabalina e clonidina também são citados
na literatura como opções, embora sejam pouco
utilizados pela pouca eficácia ou pelo perfil de
efeitos colaterais.
Terapias consideradas naturais, à base de isoflavo-
nas ou ervas (ex.: Cimifuga racemosa), bem como
outras medidas comportamentais, como acupun-
tura e hipnose, foram muito utilizadas no passado;
porém os estudos mais recentes demonstram que
essas opções não foram superiores ao placebo e,
portanto, não são recomendadas na atualidade.
Uma opção considerada promissora, sobretudo
para mulheres com história de câncer de mama que
apresentam sintomas geniturinários, é a aplicação
local do laser de CO2 ou radiofrequência, mas, até
o momento, esse uso ainda é off-label.
371
Climatério Ginecologia
Anticonvulsivantes
Tibolona
Inibidores seletivos da
recaptação da serotonina
Outras opções
Terapêutica
Janela de
Esquemas hormonal do
Oportunidade
climatério
Combinados
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Estrogênio puro Vias de Administração
Vaginal
Pacientes Oral
histerectomizadas Transdérmica
Parenteral Percutânea
Intramuscular
Subdérmica
372
Climatério Cap. 13
6. SANGRAMENTO PÓS-MENOPAUSA
As principais causas são: atrofia endometrial, cân- Exames iniciais, além do exame físico:
cer de endométrio, terapia de reposição hormonal,
USG pélvico transvaginal: ECO endometrial (espes-
atrofia vaginal.
sura do endométrio) menor que 5 mm praticamente
exclui câncer de endométrio em mulher com san-
gramento mínimo, não persistente e sem TRH.
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DIA A DIA MÉDICO
7. LÍQUEN ESCLEROSO
Um endométrio com espessura menor que 5 mm ao USG u Lesão vulvar benigna com associação à malig-
torna baixa a hipótese de câncer de endométrio. nidade (câncer de vulva).
u Quadro Clínico: prurido, escoriações, espessa-
Por que a atrofia endometrial pode causar sangra- mento da pele vulvar.
mento? u Diagnósticos diferenciais: Líquen plano; NIV
Atrofia endometrial → Fragilidade vascular endome- (neoplasia intraepitelial escamosa vulvar); Viti-
trial → Sangramento. ligo (apesar da despigmentação, a arquitetura
vulvar está intacta).
Em pacientes com sangramento pós-menopausa,
caso haja um ECO endometrial espessado, deve
haver continuação da investigação. O melhor exame DICA
Qual lesão vulvar é caracterizada
para a avaliação da cavidade uterina é a histerosco-
por placas brancas (“porcelana”), apaga-
pia (já seria possível realizar uma biópsia dirigida). mento de pequenos lábios, encarceramen-
to de clitóris e estenose de introito vaginal?
R: Líquen escleroso.
373
Climatério Ginecologia
Figura 2.
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Fonte: Hoffman.3
374
Climatério Cap. 13
Irritabilidade
Sintomas vasomotores
Osteoporose
Histerectomia prévia
Sangramento irregular
Tabagismo
Fogachos
Fatores socioeconômicos
Anticonvulsivantes
Genética/antecedente
familiar
Tibolona
Insuficiência
Inibidores seletivos da ovariana primária
recaptação da serotonina
Multiparidade
Diagnostico clinico
Estrogênio puro Esquemas
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Combinados Sintomas do
Tratamento
Climatério
375
Climatério Ginecologia
REFERÊNCIAS
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7. American College of Obstetricians and Gynecologists
Committee on Gynecologic Practice; American Society for
Reproductive Medicine Practice Committee. Compounded
Bioidentical Menopausal Hormone Therapy. Fertil Steril.
2012; 98(2): 308-12.
8. Stuenkel CA, Davis SR, Gompel A, Lumsden MA, Murad
MH, Pinkerton JV, et al. Treatment of Symptoms of the
Menopause: An Endocrine Society Clinical Practice Gui-
deline. J Clin Endocrinol Metab. 2015; 100(11): 3975-4011.
376
Climatério Cap. 13
QUESTÕES COMENTADAS
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65 anos traz benefícios cardiovasculares além ⮨ A histeroscopia é o padrão-ouro para avaliação
do efeito positivo nos ossos da cavidade uterina, diagnosticando malforma-
⮪ Terapia androgênica associada a estrogeniote- ções uterinas, pólipos e miomas subserosos.
rapia reduz a incidência de doenças cardiovas- ⮩ O meio de distensão preferencial na histerosco-
culares no climatério. pia cirúrgica é o gás carbônico.
⮪ Na histeroscopia cirúrgica, o ressectoscópio per-
Questão 2 mite a exérese de pólipos, focos de adenomiose
e miomas com manto miometrial externo zero.
(SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SP – 2018) Paciente do sexo
feminino, 65 anos de idade, IIG IIPc, encontra-se
assintomática, porém desejosa de melhorar sua Questão 4
qualidade de vida. Não possui comorbidades. Nega (HOSPITAL DA POLÍCIA MILITAR – MG – 2018) Em relação ao
outras cirurgias. Além de estimular atividade física e climatério, marque a alternativa CORRETA:
hábitos de vida saudável, o ginecologista dela deve:
⮦ A terapia hormonal com administração de estro-
⮦ Prescrever antidepressivo e raloxifeno. gênio isolado ou associado a um progestágeno
⮧ Prescrever terapia hormonal estrogênica trans- é tratamento ineficaz para reduzir o risco de fra-
dérmica. turas relacionadas à osteoporose.
⮨ Prescrever terapia hormonal estroprogestativa ⮧ Dentre os sintomas climatéricos, a manifestação
de baixa dosagem por via oral. mais característica são os fogachos.
⮩ Prescrever terapia hormonal vaginal, se houver ⮨ A terapia de reposição hormonal é importante
queixa de secura vaginal. recurso na prevenção da doença coronariana e
377
Climatério Ginecologia
acidente vascular encefálico em mulheres cli- ⮪ A mulher está no climatério, quando apresenta:
matéricas. irregularidade menstrual, fogachos, alterações
⮩ Em virtude do risco aumentado de câncer de de humor ou transtornos do sono e sintomas
mama em usuárias de progestágenos, a terapia de atrofia geniturinária (ressecamento vaginal,
hormonal, atualmente, baseia-se fundamental- dispareunia).
mente no emprego de hormônios estrogênicos
usados isoladamente mesmo em pacientes com
Questão 7
útero.
(UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE – SE – 2014) Qual o ob-
jetivo principal da indicação de terapia hormonal
Questão 5
no climatério?
(PROCESSO SELETIVO UNIFICADO – MG – 2018) Em relação à
⮦ Regularizar ciclos menstruais no climatério.
avaliação da cavidade endometrial pela ultrasso-
nografia (USG) endovaginal de paciente pós-me- ⮧ Produzir novos folículos no ovário.
nopausa e com sangramento vaginal, assinale a ⮨ Diminuir sangramento na pós-menopausa.
alternativa CORRETA:
⮩ Melhorar a qualidade de vida.
⮦ A interpretação da medida da espessura do eco
endometrial independe da idade e da fase de
Questão 8
vida da mulher.
⮧ Um eco endometrial com espessura de 10 mm (PROCESSO SELETIVO UNIFICADO – MG – 2018) O estrogênio
afasta a possibilidade de câncer de endométrio. presente no organismo da mulher após a meno-
⮨ O diagnóstico de câncer do endométrio é con- pausa é resultado de processo de aromatização.
firmado se sua espessura for maior que 15 mm. Assinale a alternativa que contém a substância, o
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produto da aromatização e o tecido responsável
⮩ Espessura endometrial menor que 5 mm torna
pelo processo que leva à produção de estrogênio
a possibilidade de câncer de endométrio muito
nessa faixa etária:
remota.
⮦ Androstenediona em estradiol pelas células da
granulosa dos ovários.
Questão 6
⮧ Androstenediona em estrona pelo tecido adiposo.
(FUNDAÇÃO ESTATAL SAÚDE DA FAMÍLIA – 2017) O climaté-
⮨ Estradiol em estrona pelo tecido adiposo.
rio é definido pela Organização Mundial da Saúde
como uma fase biológica da vida, e não como um ⮩ Testosterona em estradiol pelas adrenais.
processo patológico. Em relação a essa fase da
vida da mulher, é correto afirmar que:
Questão 9
⮦ A densitometria óssea é indicada para todas as
(CLÍNICA DE CAMPO GRANDE – 2017) Sobre o climatério, é
mulheres a partir dos 50 anos de idade.
CORRETO afirmar que:
⮧ A reposição hormonal é o tratamento de escolha
para as mulheres no climatério. ⮦ Os ovários tornam-se inativos devido à redução
⮨ A ultrassonografia (USG) transvaginal não é re- do seu volume e do fluxo sanguíneo.
comendada para mulheres em vigência de te- ⮧ Antes da menopausa ocorre uma queda acen-
rapia hormonal. tuada dos hormônios estrogênio, progesterona
⮩ Na maioria das vezes, a solicitação de exames e hormônio foliculoestimulante (FSH).
hormonais não é necessária, sendo o diagnóstico ⮨ Os níveis de androgênios produzidos pelos ová-
do climatério eminentemente clínico. rios diminuem na pós-menopausa.
378
Climatério Cap. 13
⮩ Os fogachos são produzidos pela alteração na Os episódios duram em média 10 minutos e vêm
hipófise desencadeada pela diminuição de FSH. ocorrendo ao menos 10 vezes ao dia. Os sintomas
iniciaram há aproximadamente um ano e têm pio-
rado progressivamente. Nos últimos meses, vem
Questão 10
apresentando insônia devido à sudorese noturna
(SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE JOÃO PESSOA – PB – 2016) e acha que isso tem diminuído sua produtividade
Com relação às alterações urogenitais durante o durante o dia. Já usou diversos compostos fitote-
climatério, pode-se dizer que há: rápicos, usa roupas leves e procura evitar sempre
ambientes abafados e com grande aglomeração de
I. Aumento de tônus da musculatura lisa; pessoas, porém nada tem melhorado os fogachos.
II. Diminuição da vascularização uretral; Antecedente pessoal: dois episódios de trombose
III. Aumento do tecido conjuntivo; venosa profunda (um quando utilizou anticoncep-
IV. Diminuição do glicogênio celular na vagina. cional oral e o outro logo após o nascimento do
seu filho). Nega diabetes e tabagismo. Exame físi-
Está(ão) CORRETA(S) a(s) afirmativa(s) contida(s) co: IMC = 21,3 kg/m2; PA = 110 x 75 mmHg. Exame
na alternativa: ginecológico: normal. O tratamento sintomático é:
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Questão 11
Questão 13
(HOSPITAL EVANGÉLICO DE CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM – 2016)
Em relação ao climatério, assinale a alternativa (SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DE PERNAMBUCO – PE – 2020)
INCORRETA: Mulher de 56 anos, G3P3, chega ao consultório de
ginecologia se queixando de irregularidade mens-
⮦ A menopausa natural é definida como a perma- trual há seis meses, com períodos de ausência da
nente interrupção das menstruações após pe- menstruação por dois meses. Nega demais quei-
ríodo de 12 meses de amenorreia sem qualquer xas. Traz consigo HCG negativo e ultrassonografia
outro motivo patológico ou fisiológico. endovaginal sem alterações. Levando em conside-
⮧ Ocorre em média aos 51,4 anos, refletindo de- ração a fisiopatologia do quadro clínico acima, qual
pleção completa ou incompleta dos ovários. esteroide se encontra provavelmente deficiente?
⮨ A menopausa precoce é assim chamada, quan- ⮦ Androstenediona
do ocorre antes dos 35 anos de idade e acom-
⮧ Estradiol
panhada dos mesmos sintomas.
⮨ Estrona
⮩ O principal sintoma do climatério precoce é o
fogacho, que ocorre em torno de 50 a 60% das ⮩ Progesterona
mulheres. ⮪ Testosterona
Questão 12 Questão 14
(UNICAMP – SP – 2017) Mulher, 50a, vem ao centro de (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – SP – 2020) Paciente de
saúde queixando-se de episódios frequentes de on- 42 anos apresenta falência ovariana prematura.
das de calor associadas a rubor facial e palpitação. Apresenta calores e sudorese noturnos, além de
379
Climatério Ginecologia
dispareunia. Qual das situações abaixo está as- ⮨ Promover menor interferência no metabolismo
sociada com a terapia de reposição estrogênica? lipídico.
⮩ Não aumentar o risco de câncer de mama.
⮦ Menor risco de doença cardiovascular.
⮧ Aumento de risco de câncer de cólon.
⮨ Redução de risco para câncer de ovário. Questão 17
⮩ Maior risco para câncer de endométrio. (FACULDADE DE MEDICINA DE RP DA USP – SP – 2020) Mulher
de 57 anos queixa-se de ondas de calor intensas,
dor em queimação e prurido na região genital, e
Questão 15
dor intensa nas relações sexuais. Encontra-se em
(UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – SP – 2020) Paciente de 60 seguimento de câncer de mama tratado há 3 anos
anos, menopausa há 7 anos, sem uso de terapia hor- e faz uso de tamoxifeno. Assinale a alternativa cor-
monal apresenta queixa de corrimento em pequena reta em relação ao esquema terapêutico correto
quantidade, acinzentado, com odor pronunciado e para esta mulher.
os seguintes achados: – pH vaginal 6.0; – teste de
⮦ Venlafaxina, hidratante vaginal e lubrificante.
hidróxido de potássio positivo; – ausência de “clue
cells” (esfregaço vaginal); – presença de células ⮧ Hidratante vaginal, laser e lubrificante.
basais em grande quantidade (esfregaço vaginal). ⮨ Paroxetina, estriol local e laser.
Qual é o tratamento tópico vaginal mais adequado? ⮩ Fluoxetina, promestrieno e laser.
⮦ Clotrimazol.
⮧ Metronidazol. Questão 18
⮨ Gestrinona. (HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UFSC – SC – 2018) Quanto ao
⮩ Estrogênio.
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líquen escleroso vulvar, é correto afirmar que:
380
Climatério Cap. 13
GABARITO E COMENTÁRIOS
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vista cardiovascular, preferencialmente iniciando Alternativa E: INCORRETA. Não está confirmada a
antes dos 60 anos. eficácia da ingestão de soja na melhora da quali-
Alternativa B: INCORRETA. A apresentação transdérmi- dade de vida.
ca é considerada como primeira linha por reduzir o
✔ resposta: D
risco, sobretudo, de AVC e tromboembolismo venoso.
Alternativa C: CORRETA. A terapia de reposição hor-
monal diminui o risco cardiovascular e melhora a Questão 3 dificuldade:
massa óssea, reduzindo o risco de osteoporose,
principalmente quando iniciada na “janela de oportu- Comentário: Questão clássica (principalmente no
nidade”. No entanto, a mesma não deve ser iniciada SUS-SP) sobre sangamento na pós-menopausa!
apenas com esse propósito.
Alternativas A e C: INCORRETAS. A histeroscopia é
Alternativa D: INCORRETA. Os maiores benefícios são um bom exame para avaliar a submucosa, mas a
alcançados nas mulheres em transição menopausal avaliação da serosa e subserosa não é bem-feita
(climatério) e no máximo 10 anos após a menopau- por este exame.
sa (para alguns autores no máximo 5 anos após),
Alternativa B: CORRETA. A atrofia uterina é a principal
além de idade menor que 60 anos.
causa de sangramento pós-menopausa.
Alternativa E: INCORRETA. Não há indicação de terapia
androgênica para controlar sintomas climatéricos Alternativa D: INCORRETA. O meio de distensão pre-
ou reduzir incidência de doenças cardiovasculares. ferencial na histeroscopia é o soro fisiológico.
✔ resposta: C ✔ resposta: B
381
Climatério Ginecologia
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co menor do que a conjugada). Além disso, o uso
tante comum. Dependendo da fonte utilizada e do
de terapia estrogênica isolada em mulheres com
protocolo seguido no serviço, essa afirmativa po-
útero apresenta maior risco de desenvolvimento de
deria ser considerada correta ou não.
câncer de endométrio, não devendo ser realizada.
Alternativa D: CORRETA. O diagnóstico do climatério
✔ resposta: B é clínico; na maioria das vezes, não é necessária a
confirmação laboratorial.
Questão 5 dificuldade: Alternativa E: INCORRETA. O climatério corresponde
ao período de transição do período reprodutivo ao
Comentário: Mais uma questão sobre Sangramento não reprodutivo e se inicia quando começa a disfun-
Pós-Menopausa! ção menstrual. Os sintomas são variáveis para cada
Alternativa A: INCORRETA. A espessura da cavidade mulher, existindo aquelas que apresentam poucos
endometrial depende de diversos estímulos hormo- ou nenhum sintoma. Portanto, não é necessário que
nais que variam de acordo com a idade e a fase da a mulher apresente todos esses sintomas para que
vida da mulher. esteja no climatério.
Alternativa B: INCORRETA. Um eco endometrial com ✔ resposta: D
espessura acima de 10 mm após a menopausa re-
força a suspeita de câncer de endométrio.
Questão 7 dificuldade:
Alternativa C: INCORRETA. O diagnóstico de qualquer
câncer, incluindo o de endométrio, só pode ser es- Comentário: Os sintomas climatéricos são os fato-
tabelecido após análise histopatológica de uma res decisivos para o uso da terapia hormonal (in-
biópsia ou peça cirúrgica. sônia, labilidade emocional, diminuição da libido,
382
Climatério Cap. 13
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menstruação, marcando o final do período repro-
✔ resposta: B dutivo feminino. Para tanto, aguardamos um tempo
de 12 meses de amenorreia para definir que aquela
foi, de fato, a última menstruação. A média de ida-
Questão 9 dificuldade: de é cerca de 51,4 anos. Quando ocorre antes dos
40 anos de idade, identificamos como precoce ou
Comentário: No climatério, o ovário começa a per-
falência ovariana precoce. O fogacho é um sinto-
der folículos e a capacidade de produzir estrogê-
ma bastante comum, podendo ocorrer entre 50 e
nio vai diminuindo, visto que este é produzido na
85% dos casos, dependendo da literatura. A ques-
granulosa (camada do folículo) pela aromatização
tão pede a alternativa incorreta, então, mesmo que
dos androgênios em estrogênios. A falta do estro-
haja dúvida sobre o percentual de ocorrência dos
gênio é responsável pelos sintomas do climatério,
fogachos, há uma alternativa claramente errada, já
como os fogachos. Ocorre também uma diminui-
que a idade considerada para estabelecimento da
ção da produção dos androgênios, pois estes são
menopausa precoce é 40 anos, e não 35.
produzidos no estroma e na teca (também parte
do folículo). Portanto, a produção de estrogênio e ✔ resposta: C
progesterona (é necessário que ocorra a ovulação
para haver produção de progesterona) cessa e a
Questão 12 dificuldade:
de androgênio diminui. Ocorre também redução
da inibina, produzida na granulosa. A inibina tem a Comentário: Paciente com quadro típico de climaté-
função de controlar as gonadotrofinas, que come- rio, com fogachos e insônia. A terapia de reposição
çam a elevar-se (principalmente FSH – marcador hormonal é o tratamento mais utilizado; entretanto,
de falência ovariana). o fato de ter apresentado dois episódios prévios de
✔ resposta: C TVP contraindica o uso do estrogênio e da tibolona.
383
Climatério Ginecologia
Dessa forma, o tratamento pode ser feito com ISRS, decorrente de hipoestrogenismo! A palavra-chave
como a paroxetina ou fluoxetina. do enunciado é a presença de células basais no
exame a fresco (ou seja, o epitélio está fino, atrófi-
✔ resposta: D
co!). Ausência de odor e clue cells enfraquecem a
hipótese alternativa de vaginose bacteriana. Qual
Questão 13 dificuldade: o tratamento para hipoestrogenismo? Estrógenos
tópicos!
Comentário: Paciente com irregularidade menstrual,
com 56 anos. Devemos considerar que a causa mais ✔ resposta: D
provável para o quadro clínico é a perimenopausa.
Esse período se caracteriza por falência ovariana Questão 16 dificuldade:
e, portanto, sem desenvolvimento de folículos ova-
rianos, não há produção de estrógeno e progestero- Comentário: Questão que aborda um benefício do
na, não há proliferação endometrial e consequente uso de terapia de reposição hormonal (TRH) por via
descamação posterior. transdérmica. E, das alternativas apresentadas, a
Em geral, a primeira manifestação se deve à ausên- única verdadeira é a que essa via promove menor
cia de progesterona, cursando com quadro típico interferência no metabolismo lipídico.
de amenorreia por alguns meses, seguido de ciclos ✔ resposta: C
com níveis séricos de progesterona suficientes
para promover a descamação endometrial e, assim,
Questão 17 dificuldade:
episódios de metrorragia.
✔ resposta: D Comentário: A paciente, 57 anos, apresenta sinais
claros da síndrome climatérica. Ela apresenta sin-
tomas vasomotores (ondas de calor), síndrome
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Questão 14 dificuldade:
geniturinária da menopausa (dor e prurido genital
Comentário: De acordo com a FEBRASGO, a terapia associados à dispareunia) e CA de mama em trata-
de reposição hormonal (TRH) tem potencial para mento. O climatério consiste no período fisiológico
melhorar o risco cardiovascular a partir dos seus entre os primeiros indícios de insuficiência ovariana
efeitos benéficos sobre a função vascular, os níveis (geralmente acompanhada de irregularidade mens-
lipídicos e o metabolismo da glicose; da mesma trual com ciclos anovulatórios) e termina na seni-
maneira, tem potencial na redução da incidência de lidade (após 65 anos). O diagnóstico do climatério
diabetes. Por outro lado, dentre os riscos, destacam- é clínico (apesar de ele se manifestar laboratorial-
-se aumento do risco de câncer de mama em 3 a 5 mente com níveis de FSH > 40 e níveis de estradiol
anos, aumento da incidência de trombose venosa < 20) e os sintomas ocorrem do hipoestrogenismo
profunda e embolia pulmonar. Além disso, apesar (manifestado de diferentes formas em diferentes
de não haver aumento das patologias a seguir, a mulheres). Entre os principais sintomas, temos os
TRH está contraindicada para pacientes com câncer vasomotores (fogachos e suores noturnos), alte-
de endométrio, doença hepática descompensada ração do sono, do humor, cognitivos, aumento da
e doença coronariana. Por sua vez, o uso da TRH circunferência abdominal, alterações ósseas (com
não está contraindicado para outros cânceres, in- predisposição à osteoporose), síndrome genituriná-
cluindo o de cólon e ovários. ria da menopausa (com atrofia vulvovaginal e res-
secamento genital, ardência, irritação, ausência de
✔ resposta: A lubrificação, dispareunia, urgência miccional, disúria,
infecções urinárias recorrentes), entre outros. O tra-
dificuldade:
tamento com terapia hormonal possui indicações
Questão 15
e contraindicações claras. A presença de sintomas
Comentário: Corrimento raramente explorado em vasomotores é a principal indicação para TRH sis-
questões, porém comum na prática clínica, é o têmica, enquanto a atrofia vulvovaginal costuma
384
Climatério Cap. 13
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ser tratados (se não com TRH, por meio do uso de mas nenhuma relação clara foi demonstrada.
antidepressivos, anticonvulsivantes, agonistas al- Alternativa C: INCORRETA. O tratamento com um cor-
fa-adrenérgicos). ticosteroide tópico superpotente, como o propiona-
Alternativa C: INCORRETA. A paroxetina é um outro to de clobetasol, há muito tempo é considerado o
antidepressivo usado como alternativa à TRH para padrão de tratamento da LS vulvar.
sintomas vasomotores. Contudo, pela história de CA Alternativa D: CORRETA. Como dito anteriormente, a
de mama, o estradiol, mesmo que de uso local, não etiologia do líquen esclerose é desconhecida e, em-
é recomendado (pode haver absorção sistêmica). bora o risco de CEC (câncer de células escamosas)
Alternativa D: INCORRETA. A fluoxetina é menos eficaz vulvar em mulheres com LS vulvar seja aumentado,
que os outros antidepressivos (paroxetina, desven- esse risco é estimado em menos de 5%.
lafaxina, venlafaxina, citalopram…) no tratamento Alternativa E: INCORRETA. O LS vulvar pode ocorrer
de sintomas vasomotores. Além disso, pelo CA de em qualquer idade, mas tende a ter dois picos de
mama, é contraindicado o uso de esteroides, mes- início: meninas pré-púberes e mulheres na perime-
mo que localmente. nopausa ou na pós-menopausa.
✔ resposta: A ✔ resposta: D
385
Fixe seus conhecimentos!
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386
Capítulo
HPV E CÂNCER DE COLO UTERINO
14
importância/prevalência
u Conhecer sobre o HPV e o rastreamento do câncer de colo do útero (CCU). Quando e em quem fazer o
rastreamento?
u A vacina contra o HPV é uma prevenção primária para a infecção. Além dos meninos e meninas de deter-
minada faixa etária, deve-se ter conhecimento de quem deve receber a vacinação.
u As alterações citopatológicas do colo uterino preditam a progressão da doença e permitem seguimento
adequado. Por isso, é necessário o domínio delas.
u A colpocitologia oncótica é uma rotina da consulta ginecológica e o primeiro passo para rastreamento do
CCU. Quando apresentar algum achado sugestivo, utilizam-se outros instrumentos, como colposcopia e
biópsia. É necessário saber em qual momento devem ser solicitados.
u Além disso, saber caracterizar o estadiamento é de fundamental importância para dar seguimento e tra-
tamento adequado ao caso.
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HPV
O HPV (papiloma vírus humano) é a etiologia mais É altamente prevalente na população. Alguns estu-
comum do câncer de colo de útero. dos mostram que quase metade dos jovens adultos
Há mais de 100 subtipos. Os de alto risco são os será infectada por algum tipo de HPV ao longo da
considerados oncogênicos, sendo os mais impor- vida. Mas há uma alta chance de clareamento viral
tantes: 16, 18, 31, 33 e 35. pelo nosso sistema imunológico.
387
HPV e câncer de colo uterino Ginecologia
A transmissão do HPV se dá por qualquer tipo de A incidência do câncer até essa idade é muito baixa
atividade sexual e, excepcionalmente, durante o e o rastreamento é menos eficiente para detectá-lo.
parto, com a formação de lesões cutaneomucosas Além disso, o início mais precoce aumentaria o diag-
em recém-nascidos ou papilomatose recorrente de nóstico de lesões de baixo grau (que apresentam
laringe. A transmissão por fômites é rara. grande probabilidade de regressão espontânea) e
resultaria em aumento significativo de colposcopias
e na possibilidade de sobretratamento, acarretando
maior risco de morbidade obstétrica (já que o tra-
2. R ASTREAMENTO PARA O
tamento envolveria ressecção de uma porção do
CÂNCER DE COLO DE ÚTERO
colo uterino), se associada a uma futura gestação.
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podemos atuar na prevenção secundária, pois elas Podem estar presentes células representativas dos
são curáveis na quase totalidade dos casos. epitélios do colo do útero:
u Células escamosas.
u Células glandulares (não inclui o epitélio endo-
DIA A DIA MÉDICO metrial).
u Células metaplásicas (da zona de transformação).
A colposcopia NÃO é exame de rastreamento do câncer
de colo de útero.
BASES DA MEDICINA
2.2. QUEM DEVE FAZER?
A zona de transformação (ZT) é a região de maior ativi-
u Mulheres que já tiveram relação sexual. dade mitótica no colo, sendo, portanto, o local de maior
incidência de lesões neoplásicas.
u Idade – 25 a 64 anos.
u Após dois exames anuais consecutivos normais
→ Trienal (É isso mesmo! 3 ANOS!!!). Esfregaços normais somente com células escamo-
sas em mulheres com colo do útero presente devem
u Após os 64 anos, não deve ser mais realizado
ser repetidos com intervalo de um ano e, com dois
(mulheres sem história prévia de doença neoplá-
exames normais anuais consecutivos, o intervalo
sica pré-invasiva e com dois exames negativos
passará a ser de três anos.
consecutivos nos últimos cinco anos).
388
HPV e câncer de colo uterino Cap. 14
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Nº 203/2021).
3.5. IMUNOSSUPRIMIDAS
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HPV e câncer de colo uterino Ginecologia
Fonte: Acervo.
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e esse é um processo fisiológico. Essa área é conhecida
como zona de transformação (ZT). A ZT geralmente é
ectocervical, mas tende a ficar endocervical em mulheres
pós-menopausadas. Como é uma área de atividade mitó-
tica aumentada, a ZT é mais vulnerável às ações do HPV.
5.1. COLPOSCOPIA
DIA A DIA MÉDICO
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Fonte: Acervo.
Fonte: Acervo.
Fonte: Acervo.
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HPV e câncer de colo uterino Ginecologia
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Fonte: Acervo.
Fonte: Acervo.
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HPV e câncer de colo uterino Cap. 14
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Fonte: Acervo.
ATENÇÃO! NIC 1 representa a expressão citomorfoló- probabilidade de regredir → NÃO é considerada lesão
gica de uma infecção transitória pelo HPV e tem alta precursora do câncer do colo do útero.
Histologia
Citologia
ASC NIC 1
Mudanças displásicas leves
LSIL
NIC 2, NIC 3
HSIL
Mudanças displásicas
Câncer moderadas/severas
Câncer invasivo
Fonte: Acervo.
393
HPV e câncer de colo uterino Ginecologia
Tabela 2. Resumo de recomendações para conduta inicial frente aos resultados alterados de exames citopatológicos.
Possivelmente não
Células atípicas de
neoplásicas ou não pode Encaminhar para colposcopia
origem indefinida (AOI)
afastar lesão de alto grau
Lesão intraepitelial de
alto grau não podendo Encaminhar para colposcopia
excluir microinvasão
Carcinoma escamoso
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Encaminhar para colposcopia
invasor
Adenocarcinoma in situ
Encaminhar para colposcopia
(AIS) ou invasor
Fonte: INCA.1
5.2.1. A
SC-US
394
HPV e câncer de colo uterino Cap. 14
Como a alteração é glandular, se ≥ 35 anos, deve-se HSIL = colposcopia, inaceitável repetir CCO.
realizar USGTV para avaliar endométrio.
Se na colposcopia houver um achado anormal =
VER e TRATAR (tratamento excisional ambulatorial
– exérese da zona de transformação – EZT).
< 25 anos → colposcopia com biópsia (sem EZT).
Gestantes – realizar a biópsia e em caso de NIC 2/3
→ reavaliar 90 dias pós-parto.
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395
HPV e câncer de colo uterino Ginecologia
Fluxograma 2. ASCUS.
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Fonte: INCA.1
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HPV e câncer de colo uterino Cap. 14
Fluxograma 3. ASC-H.
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Fonte: INCA.1
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HPV e câncer de colo uterino Ginecologia
Fluxograma 4. LIEBG.
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Fonte: INCA.1
398
HPV e câncer de colo uterino Cap. 14
Fluxograma 5. LIEAG.
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Fonte: INCA.1
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HPV e câncer de colo uterino Ginecologia
COLPOSCOPIA!
Se houver suspeita de invasão na colposcopia →
biópsia.
Se não houver suspeita → EZT.
AIS = colposcopia
Se ≥ 35 anos, avaliar cavidade endometrial.
6. N IC 2 E NIC 3
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nósticos de NIC 2 e NIC 3 (Neoplasia Intraepitelial
As lesões da infecção pelo HPV são polimórficas,
Escamosa). Lembre-se de que NÃO são câncer,
sendo as lesões pontiagudas denominadas con-
mas sim lesões pré-neoplásicas. A conduta padrão
dilomas acuminados. São as famosas verrugas
para as pacientes com NIC 2/3 e idade maior que
genitais. O tamanho pode variar de milímetros até
25 anos é preferencialmente a cirurgia. A Conização
centímetros. Costumam ser únicas ou múltiplas,
pode ser realizada com bisturi de lâmina fria (cone
achatadas ou papulosas, mas sempre papiloma-
clássico), CAF (cirurgia de alta frequência) e até o
tosas. Por essa razão, a superfície apresenta-se
Laser de CO2.
fosca, aveludada ou semelhante à da COUVE-FLOR.
Apresentam-se da cor da pele, eritematosas ou
hiperpigmentadas. Em geral, são assintomáticas,
DICA
Vale lembrar que a conduta para um mas podem ser pruriginosas, dolorosas, friáveis ou
1º achado de NIC 1 é o seguimento clínico! sangrantes. As verrugas anogenitais resultam quase
Há grandes chances de clareamento e eli-
exclusivamente de tipos não oncogênicos de HPV
minação da lesão!
(os mais comuns são o 6 e o 11).
No homem, as lesões ocorrem mais frequente-
mente no folheto interno do prepúcio, no sulco
balanoprepucial ou na glande. Podem acometer,
ainda, a pele do pênis e/ou do escroto. Na mulher,
costumam ser observadas na vulva, vagina e/ou
cérvice. Em ambos, podem ser encontradas nas
regiões inguinais ou perianais.
400
HPV e câncer de colo uterino Cap. 14
7.2. T
RATAMENTO O imiquimode não destrói o vírus, mas auxilia na
eliminação da verruga. Portanto, novas verrugas
podem aparecer durante o tratamento. A exposi-
ção da pele à luz solar (inclusive ao bronzeamento
BASES DA MEDICINA
artificial) durante o tratamento deve ser evitada,
em razão do aumento da sensibilidade cutânea a
O objetivo do tratamento das verrugas anogenitais é a
queimaduras. A inflamação provocada pelo imi-
DESTRUIÇÃO das lesões identificáveis. Apesar de haver
recomendação de tratamento, não há evidência de que os quimode é o seu mecanismo de ação terapêutica;
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tratamentos disponíveis modifiquem a história natural da portanto, serão observados irritação e eritema no
infecção pelo HPV. Independentemente da instituição de local do tratamento. É destinado apenas para uso
tratamentos, as lesões podem desaparecer, permanecer externo, não devendo ser usado na uretra, vagina,
inalteradas ou aumentar em número e/ou volume. Recidi- colo do útero ou na parte interna do ânus.
vas são frequentes em tempo bastante variável, podendo
ocorrer após meses ou anos. Para as verrugas externas genitais/anais, as apli-
cações devem ser realizadas em dias alternados
(três vezes por semana); por exemplo, às segun-
Como é uma doença em geral autolimitada, devem das, quartas e sextas, ou às terças, quintas e sá-
ser evitados tratamentos que gerem cicatrizes des- bados. O tratamento com imiquimode deve ser
figurantes. Todos os tratamentos exigem cuidado mantido até o desaparecimento das verrugas ou
em sua realização, pois podem produzir bolhas, por um período máximo de 16 semanas a cada
úlceras e cicatrizes. episódio de verrugas.
401
HPV e câncer de colo uterino Ginecologia
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forme a resposta ao tratamento, sendo adequa- frequentes. O paciente e sua(s) parceria(s) sexual(is)
do iniciar com aplicações semanais. Em cada devem retornar ao serviço de saúde caso se identifi-
sessão, limitar o volume utilizado a 0,5 mL e a quem novas lesões. Testes de detecção viral não são
área tratada a 10 cm2. Além de irritação local, a indicados em nenhuma situação, por não trazerem
absorção de grande quantidade da substância qualquer benefício às pessoas acometidas.
pode acarretar cardio, neuro e nefrotoxicidade.
É contraindicada na gestação. 7.4. GESTAÇÃO
u Eletrocauterização: exige equipamento especí-
fico e anestesia local. É apropriada para o caso O HPV não causa infertilidade. Na gestação, as
de lesões exofíticas, pedunculadas e volumo- lesões podem apresentar crescimento rápido, atin-
sas. Como vantagem, permite a destruição de gir grande volume, tornar-se friáveis e sangrantes.
todas as lesões em uma sessão. Os resultados O tratamento das gestantes muitas vezes tem pior
dependem da experiência do operador; o uso resultado. A podofilina e o imiquimode não devem
inadequado da técnica pode resultar em cicatri- ser usados na gestação. O ácido tricloroacético ou
zes desfigurantes e, excepcionalmente, estenose o nitrogênio líquido são boas opções. Por vezes,
ou fístulas em estruturas tubulares, como uretra, especialmente no caso de lesões volumosas, a
canal anal e vaginal. eletrocoagulação ou a exérese tangencial (shaving)
u Exérese cirúrgica: requer anestesia local. A exé- são as melhores opções. Não há indicação de parto
rese tangencial (shaving) com tesoura delicada cesáreo pela presença das lesões, ainda que haja
ou lâmina é um excelente método, uma vez que, a possibilidade de transmissão destas ao recém-
além da remoção completa das lesões, permite -nascido. A indicação seria a obstrução do canal de
o estudo histopatológico dos fragmentos. É ade- parto ou sangramento (ocorrências excepcionais).
402
HPV e câncer de colo uterino Cap. 14
Tratamento domiciliar
Tratamento ambulatorial
(autoaplicado)
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Aparecimento de novas lesões ou lesões não
melhoram?
Não Sim
403
HPV e câncer de colo uterino Ginecologia
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Figura 9. Distribuição da incidência do
câncer de colo do útero no Brasil.
2. O NCOGÊNESE
Fonte: INCA.1
404
HPV e câncer de colo uterino Cap. 14
Preferência
Dupla-hélice
Vírus de DNA por células
simples
escamosas e 6, 11 16, 18
metaplásicas
HPV
Genes precoces (E) Virologia
Oncoproteínas
Expressos mais
Ciclo de vida
basalmente Genes tardios (L)
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sincronizado com
maturação epitelial
E5 E6 E7
Controlam funções
do ciclo de vida Expressos na
superfície
Aumenta
multiplicação Inativa p53 Inativa p105
celular
Proteínas
estruturais
405
HPV e câncer de colo uterino Ginecologia
Fonte: MURRAY.2
u Disseminação local – as células cancerígenas 80% dos casos e tem melhor prognóstico quando
passam a se desenvolver no colo uterino, podendo comparado ao adenocarcinoma.
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causar lesões exofíticas (para ectocérvice, visível
ao exame físico) ou endofíticas (para endocérvi-
ce, com visualização mais difícil). BASES DA MEDICINA
u Disseminação linfática – o colo uterino possui
uma ampla rede linfática acompanhando o curso Como já falado, o CEC se origina das células da JEC e se
das artérias uterinas, drenando para linfonodos apresenta comumente na região ectocervical.
parametriais e paracervicais, em sequência com Já o adenocarcinoma se origina das células colunares
a evolução do quadro, para linfonodos pélvicos. do endocérvice, podendo muitas vezes se encontrar no
u Extensão local e a distância – a extensão e infil- fundo das criptas do canal endocervical e de modo mul-
tração da lesão aos paramétrios (ligamentos de tifocal, o que comumente dificulta seu diagnóstico e é a
causa de grande parte dos diagnósticos falso-negativos
sustentação uterina, que passa em contiguidade
do Papanicolaou e da colposcopia. Dessa forma, tem o
aos ureteres distais) podem ocasionar hidrone- seu diagnóstico retardado.
frose; a extensão por contiguidade pode ocorrer
também na bexiga e reto, em casos avançados.
As lesões à distância (metástases) mais comuns
DIA A DIA MÉDICO
são: pulmonares, ovarianas, hepáticas e ósseas.
406
HPV e câncer de colo uterino Cap. 14
Quando sintomáticos, podem ocorrer principalmente san- Pacientes com colposcopia insatisfatória associada a
gramento vaginal e sinusiorragia (sangramento durante colpocitologia oncótica alterada (ASC-H ou LIEAG) ou
ou logo após a relação sexual) ou aparecimento de cor- com lesões de alto grau em biópsia de colo uterino (NIC-
rimento líquido serosanguinolento (que as pacientes 3) devem ser encaminhadas para realização de onização
relatam como “água-de-carne”). a frio para confirmação diagnóstica.
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avanço da infiltração tumoral, o tumor pode oca- biópsia sempre é mandatória (mesmo com imagem
sionar hidronefrose e comprometimento renal do sugestiva), para o devido diagnóstico e determinação
tipo pós-renal; hematúria, dor vesical e sensação de de subtipo histológico que pode interferir no melhor
esvaziamento incompleto quando acometimento tratamento a ser proposto.
vesical; dor lombar e pélvica importante quando
há comprometimento das raízes sacrais; além de 5.1. ESTADIAMENTO
edema de membros inferiores quando há compro-
metimento da drenagem linfática pélvica.
Até 2018, o estadiamento do colo uterino era total-
mente CLÍNICO! (Fato que você poderá observar
em questões anteriores a 2019). Desde então, a
DIA A DIA MÉDICO
FIGO atualizou a orientação de estadiamento para
o câncer de colo uterino, acrescentando a avaliação
O exame clínico e a realização do exame ginecológico com-
linfonodal através de exames de imagem. Assim,
pleto bem realizado são fundamentais para o diagnóstico
e nos dão ideia do estadiamento e do grau de evolução
o estadiamento atual é predominantemente clínico
da doença. Um exame especular adequado, com boa (exame físico), mas também radiológico.
visualização do colo uterino e colposcopia dele, além do
Deve ser realizado exame físico completo, com
toque vaginal e do toque retal (para avaliação de compro-
metimento dos paramétrios), é fundamental. A cistoscopia
avaliação ginecológica pélvica e avaliação retal.
ou retossigmoidoscopia somente deve ser realizada se Adjacentemente, realiza-se a ressonância magnética
houver sintomas urinários e intestinais associados a tumor de pelve para avaliação da localização, tamanho e
visível ou palpável na topografia uterina (colo ou istmo invasão tumoral e a tomografia computadorizada de
uterino); apesar de na prática clínica raramente serem tórax e abdome superior para avaliação linfonodal
realizados, devido aos exames de imagem disponíveis,
(pélvica e para-aórtica) e presença de metásta-
que nos fornecem boa avaliação de acometimento dessas
estruturas pélvicas adjacentes ao útero.
ses (principalmente hepática, pulmonar e óssea).
407
HPV e câncer de colo uterino Ginecologia
Estádio I:
O carcinoma é totalmente restrito ao cérvix uterino (extensão para o corpo deve ser desconsiderada).
• IA Carcinoma invasivo que pode ser diagnosticado pela microscopia, com invasão máxima < 5 mm*.
⁃ IA1 Invasão do estroma < 3 mm em profundidade
⁃ IA2 Invasão do estroma > 3 mm e < 5 mm em profundidade
• IB Carcinoma invasivo com invasão do estroma mais profunda que 5 mm (maior que o estágio IA), lesão limitada ao
cérvix uterino**
⁃ IB1 Carcinoma invasivo > 5 mm em profundidade de invasão do estroma e < 2 cm na maior dimensão.
⁃ IB2 Carcinoma invasivo > 2 cm e < 4 cm na maior dimensão.
⁃ IB3 Carcinoma invasivo > 4 cm na maior dimensão.
Estádio II:
O carcinoma invade além do útero, mas não ultrapassa o terço inferior da vagina ou da parede pélvica.
• IIA Envolvimento limitado dos terços superiores da vagina, sem acometimento do paramétrio.
⁃ IIA1 Carcinoma invasivo < 4 cm na maior dimensão.
⁃ IIA2 Carcinoma invasivo > 4 cm na maior dimensão.
• IIB Há envolvimento do paramétrio, mas não da parede pélvica.
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Estádio III:
O carcinoma acomete o terço inferior da vagina e/ou se estende até a parede pélvica e/ou causa hidronefrose ou dis-
função renal ou acomete linfonodos pélvicos ou para-aórticos***.
• IIIA O carcinoma acomete o terço inferior da vagina, não atinge a parede pélvica.
• IIIB Há extensão até a parede pélvica e/ou hidronefrose ou disfunção renal (excluindo outras causas).
• IIIC Envolvimento dos linfonodos pélvicos e ou para-aórticos, independentemente do tamanho ou extensão do tumor.
⁃ IIIC1 Metástase acometendo apenas linfonodos pélvicos.
⁃ IIIC2 Metástase acometendo linfonodos para-aórticos.
Estádio IV:
O carcinoma se estende além da pelve verdadeira ou já acometeu a mucosa da bexiga ou do reto (comprovado por
biópsia). Edemas de outras origens não permitem categorizar o acometimento como estágio IV.
• IVA Acometimento de órgãos adjacentes.
• IVB Metástase para órgãos distantes.
* Exames de imagem e patologia podem ser utilizados, quando disponíveis, para complementar informações sobre
tamanho e extensão do tumor em todos os estádios.
** O envolvimento linfático ou vascular não altera o estadiamento. A extensão lateral da lesão também não é mais
considerada.
*** Exames de imagem (r) ou patologia (p) devem ser indicados para classificação em subtipos do estágio IIIC. Por
exemplo, se exames de imagem indicarem metástase para linfonodo pélvico, a classificação deve ser IIIC1r, e, se con-
firmado pelo exame patológico, deve ser IIIC1p. O tipo de exame de imagem e a técnica do exame patológico utilizados
sempre devem ser documentados. Em caso de dúvida, o estágio mais baixo deve ser atribuído.
Fonte: Bhatla et al.3
408
HPV e câncer de colo uterino Cap. 14
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Fonte: Acervo Sanar.
IB 75-89%
IIA 73%
IIB 65%
III 39-41,5%
IVA 9-22%
Fonte: Quin.4
409
HPV e câncer de colo uterino Ginecologia
BASES DA MEDICINA
Figura 14. Prevenção Secundária.
É importante lembrar os conceitos de prevenção em Saúde:
W Prevenção primordial: estratégias para evitar a exposi-
ção aos fatores de risco que causam a doença (impedir
a exposição àquele que ainda não foi exposto). Ex.:
prática de exercícios físicos, campanha antitabagismo
para pessoas que não fumam.
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Figura 15.
410
HPV e câncer de colo uterino Cap. 14
IIB / QRT
DIA A DIA MÉDICO
IB3 / QRT
IIIC / QRT
Em países desenvolvidos com implantação da vacina do
HPV há maior tempo e em grande parcela da população, Estádio III
tanto feminina quanto masculina, observa-se atualmente
expressiva queda nos índices de incidência de câncer de IIIA / QRT
colo uterino. IIIB / QRT
Estádio IV
Mesmo em pacientes que já apresentaram contato
IVA / QRT
com o vírus HPV e até que já tenham tido diagnóstico
de lesões pré-invasivas ou invasivas do colo uterino, IVB / QRT paliativa
estudos mostram indicação razoável para realizar Fonte: Bhatla et al.3
e oferecer a vacinação contra o HPV.
7.1. HISTERECTOMIA RADICAL
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iniciais, elas são candidatas a tratamento cirúrgico.
Logo, devemos ter em mente os casos que são colo uterino, podem ser preservados (exceto nos
passíveis de cirurgia de preservação de fertilidade. casos de adenocarcinoma ou células claras, em que
os ovários devem ser removidos, devido ao maior
Com o novo estadiamento FIGO 2018, casos no risco de metástase).
estádio I são passíveis de cirurgia, enquanto casos
em estágios mais avançados são tratados com
radioterapia associada à quimioterapia. DIA A DIA MÉDICO
411
HPV e câncer de colo uterino Ginecologia
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quiterapia. A quimioterapia é baseada em cisplatina taxel) e a radioterapia pode ser indicada na pelve
concomitante à radioterapia e tem como função para controle de sintomas (com intuito de conforto/
somente a potencialização do efeito da radioterapia paliação).
(ter mais ação com menor dose de radiação).
Mesmo nos casos em que houve indicação cirúr-
As principais complicações são derivadas da ioni- gica, pode haver a necessidade de realização de
zação da vagina (retite e cistite actínica), fístulas e terapia adjuvante com radioterapia, a depender da
atrofia vaginal, levando à disfunção sexual. avaliação dos critérios de Sedlis. Estes critérios
observam o tamanho do tumor, o grau de profundi-
Como visto acima, o tratamento sistêmico com
dade da invasão estromal e a presença de invasão
intuito curativo é indicado a partir do estágio IB2/
angiolinfática; a depender do escore apresentado,
IB3. Nos casos muito avançados (estágio IVB), a
pode ser necessária a realização de braquiterapia
quimioterapia passa a ter papel fundamental para
(risco intermediário) ou QRT (risco alto).
412
HPV e câncer de colo uterino Cap. 14
HPV
Subtipos Oncológicos
Condiloma Acuminado Papanicolau
(16,18,31,33,35…)
Lesão intraepitelial
Trienal (após 2 anuais normais)
escamosa de alto grau
Câncer de colo
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Alterações mais frequentes
do útero (CEC)
ASL-US
ASL-H
LSIL
HSIL
AGC/AGUS
413
HPV e câncer de colo uterino Ginecologia
REFERÊNCIAS
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HPV e câncer de colo uterino Cap. 14
QUESTÕES COMENTADAS
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⮩ exérese da zona de transformação do colo, com ⮪ As afirmativas II, III e IV são corretas.
análise anatomopatológica.
⮪ expectante, com controle citológico e colpos-
Questão 3
cópico semestral.
(UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE – RN –
2018) A vacina HPV quadrivalente confere proteção
Questão 2
contra os subtipos 6, 11, 16 e 18, ou seja, abrange
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UEL – PR – 2018) O papiloma- os dois principais tipos responsáveis pelo câncer
vírus humano (HPV) é um vírus de ácido desoxirri- de colo do útero. Essa vacina foi incluída no Calen-
bonucleico (DNA) dupla-hélice simples que infecta dário Nacional de Vacinação do Sistema Único de
principalmente as células do epitélio escamoso. Em Saúde (SUS) em março de 2014, tendo como po-
relação ao HPV, considere as afirmativas a seguir: pulação-alvo as meninas de 11 a 13 anos de idade.
Em 2015, a população-alvo:
I. O HPV é responsável por cânceres genitais e
extragenitais e por cerca de 5% de todos os ⮦ foi ampliada para a faixa etária de 8 a 14 anos
cânceres; de idade.
II. Os subtipos 6 e 11 causam quase todas as ver- ⮧ foi ampliada para a faixa etária de 11 a 15 anos
rugas genitais e raramente são oncogênicos; de idade.
III. As vacinas profiláticas anti-HPV são altamente ⮨ foi ampliada para a faixa etária de 9 a 13 anos
imunogênicas, mas não são infectantes. A res- de idade.
posta imune produzida pelas vacinas é mais ⮩ Nenhuma das alternativas.
415
HPV e câncer de colo uterino Ginecologia
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HPV de alto risco, outras condições aumentam o
risco para o desenvolvimento de lesões pré-neoplá-
sicas e de carcinoma invasor de colo do útero. Os
fatores de risco para as patologias descritas são:
I. Tabagismo;
II. Iniciação sexual precoce; ⮦ A vacinação ideal deve ocorrer entre 15 e 25
anos de idade.
III. Multiplicidade de parceiros sexuais;
IV. Nuliparidade. ⮧ As neoplasias intraepiteliais não apresentam
involução espontânea.
Verifica-se que está CORRETA a alternativa: ⮨ O clareamento da infecção ocorre na minoria
⮦ I e II. dos casos.
⮨ II e III.
⮩ III e IV. Questão 8
416
HPV e câncer de colo uterino Cap. 14
⮦ Ia1
⮧ IIa1
⮨ Ib1
⮩ IIIa
⮪ IVa
Questão 9
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⮦ Ib3
⮧ Ia2
⮨ Ib2
⮩ Ia1
⮪ Ib1
Questão 10
417
HPV e câncer de colo uterino Ginecologia
GABARITO E COMENTÁRIOS
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Assertiva III: CORRETA. As vacinas anti-HPV são com-
Questão 2 dificuldade: postas pelo capsídeo viral, a proteína L1 do HPV, que
não tem poder infectante. Uma vez administrada,
Comentário: Grande causador de neoplasias de pênis ela produz uma resposta imunogênica com gran-
e colo uterino, o HPV tem subtipos causadores de de produção de anticorpos circulantes no sangue
verrugas anogenitais, os condilomas. Pelo Minis- periférico, que se mantêm elevados durante anos.
tério da Saúde, desde 2017, meninos entre 11 e 14 Assertiva IV: INCORRETA. Na maioria das vezes, a in-
anos e meninas entre 9 e 14 anos devem receber fecção pelo HPV regride em um período de 6 meses
a imunização realizada em duas doses, espaçadas a 2 anos após a exposição. As diretrizes brasilei-
em 6 meses. Mulheres portadoras de HIV, entre 9 e ras para rastreamento do câncer de colo do útero
45 anos (idade máxima mudou em 2021, mas para não preconizam os testes de DNA-HPV, mas sim a
homens mantém-se 26 anos), transplantadas e pa- colpocitologia como forma de rastreio de lesões
cientes oncológicas também estão contempladas. precursoras e câncer invasivo.
I: Correta. Apesar de neoplasias cervicais e vulvares
“saltarem” de imediato na memória, não devemos ✔ resposta: D
nos esquecer das neoplasias anorretais. Saindo da
região pélvica, cabe recordar que em praticantes de dificuldade:
Questão 3
sexo oral, especialmente imunodeprimidos/suprimi-
dos, podem ocorrer neoplasias em orofaringe, por Comentário: Pelo Ministério da Saúde, desde 2017,
exemplo. II: Correto. Os subtipos 6 e 11 costumam meninos entre 11 e 14 anos e meninas entre 9 e 14
causar verrugas genitais “condilomas”, raramente anos devem receber a imunização realizada em
malignizando, enquanto os subtipos 16 e 18 mais fre- duas doses, espaçadas em 6 meses. Mulheres
quentemente causam neoplasias. III: Correto. A va- portadoras de HIV, entre 9 e 45 anos (idade máxi-
cina oferecida pelo Ministério da Saúde é composta ma mudou em 2021, mas para homens mantém-se
418
HPV e câncer de colo uterino Cap. 14
26 anos), transplantadas e pacientes oncológicas ação direta, os agentes tóxicos do cigarro debilitam
também estão contempladas. Em 2015, meninas o sistema imunológico, responsável por conter em
de 9 a 11 anos passaram a ter direito à vacinação, latência o vírus.
contemplando assim a faixa etária de 9 a 14 anos. Assertivas II e III: CORRETAS. A sexarca precoce pode
De acordo com o Ministério da Saúde, a vacina aumentar o período de vida em exposição e a pro-
quadrivalente contra o HPV está indicada para miscuidade sexual é fator de risco importante para
meninas de 9 a 14 anos de idade, em duas doses. quaisquer infecções sexualmente transmissíveis
Obs.: Para os meninos, a indicação é dos 11 aos (IST).
14 anos de idade. Assertiva IV: INCORRETA. A nuliparidade pode estar
✔ resposta: D associada a menor exposição sexual.
✔ resposta: E
Questão 4 dificuldade:
Questão 6 dificuldade:
Comentário: De acordo com as Diretrizes Brasileiras
para o Rastreamento do Câncer do Colo do Útero Comentário: Paciente de 43 anos com CEC de colo
de 2016, a conduta diante do resultado de Lesão In- uterino, estádio IB, é submetida à cirurgia de Wer-
traepitelial de Alto Grau (LIE-AG ou HSIL) é realizar theim-Meigs. No anatomopatológico, é demonstra-
colposcopia, independentemente da idade. Porém, da a INFILTRAÇÃO DOS PARAMÉTRIOS. Porém, a
para uma colposcopia ser considerada satisfatória, questão foi bastante polêmica, uma vez que não es-
é necessário que a JEC (junção escamocolunar) pecificou o tamanho da lesão, para sabermos se se
seja visualizada. Em caso de JEC não visualizada, tratava de um IB1 ou IB2, já que as duas apresentam
o canal endocervical deve ser formalmente investi- tratamentos distintos. Considerando a infiltração
gado, seja com curetagem do canal cervical (mais dos paramétrios, poderíamos considerar como IIB,
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comum), seja com histeroscopia. A banca exami- de modo que estaria indicado QT + RXT, o que não
nadora liberou a resposta A como gabarito oficial, consta nas alternativas. A radioterapia adjuvante
mas, antes da realização de conização, o canal cer- deve ser indicada em casos de invasão de paramé-
vical deveria ser investigado. trios laterais, o que poderia nos fazer pensar mais
Questão controversa, pois 2 alternativas podem ser na alternativa C, embora não esteja completa. De
consideradas corretas, mas a banca considerou qualquer forma, a resposta da banca foi a letra C.
apenas a alternativa A (conização). De acordo com ✔ resposta: C
o Ministério da Saúde, a conduta adequada em caso
de lesão intraepitelial de alto grau com colposcopia
Questão 7 dificuldade:
insatisfatória seria revisão da lâmina, realização de
novo citopatológico ou avaliação do canal endocer- Comentário: Questão da USP, mas que poderia es-
vical, antes da realização da conização. tar no ENEM. Serve para mostrar que as questões
✔ resposta: A da USP não são impossíveis! Era interpretação de
imagem!
Alternativa A: INCORRETA. Deve ocorrer em época
Questão 5 dificuldade:
prévia à exposição ao HPV. O MS preconiza atual-
Comentário: A infecção pelo HPV é sexualmente mente vacinar meninas entre 9 e 14 anos e meninos
transmissível; logo, situações relacionadas com a entre 11 e 14 anos.
promiscuidade sexual aumentam a probabilidade Alternativa B: INCORRETA. Felizmente, a grande maio-
de exposição ao vírus. ria das NIC 1 regridem espontaneamente.
Assertiva I: CORRETA. Tabagistas têm o dobro de Alternativa C: INCORRETA. Como na alternativa B,
probabilidade de desenvolver câncer de colo do um sistema imune competente é capaz de clarear
útero em relação àqueles que não fumam. Além da a infecção na maioria dos casos.
419
HPV e câncer de colo uterino Ginecologia
Alternativa D: CORRETA. Além de evento pouco fre- de profundidade. IB1 entre 5 mm e 2 cm. IB2 entre
quente, é um processo demorado, de forma que o 2 cm e 4 cm. IB3 acima de 4 cm.
rastreamento a cada três anos permite detectar • E
stádio II: doença fora do colo uterino (ocupando
lesões precoces sem aumentar o risco de sobre- terço superior da vagina ou paramétrio), que não
diagnóstico e sobretratamento. invade o terço inferior da vagina ou a parede óssea.
✔ resposta: A IIA não acomete o paramétrio. IIA1 menor 4 cm.
IIA2 maior 4 cm. IIB acomete o paramétrio.
• E
stádio III: Acomete o terço inferior da vagina
Questão 8 dificuldade:
ou parede óssea ou cursa com hidronefrose ou
Comentário: Questão difícil, mas bastante comum. rim não funcionante. IIIA acomete parte inferior
O segredo é decorar o estadiamento e isso será da vagina. IIIB acomete paramétrio cursa com
uma vantagem para o aluno na prova! Vamos re- hidronefrose ou rim não funcionante. IIIC metás-
lembrar o estadiamento e as condutas no câncer tase linfonodal. IIIC1 linfonodos pélvicos. IIIC2
de colo uterino. linfonodos paraórticos.
• E
stádio I: doença restrita ao colo uterino. IA micros- • E
stádio IV: extensão além da pelve ou acome-
cópica (até 5 mm de profundidade e 7 mm de timento por contiguidade de bexiga e reto. IVA
extensão lateral). IA1 menor que 3 mm. IA2 entre acometimento de órgãos adjacentes. IVB metás-
3 e 5 mm. IB limitada ao colo e maior que 5 mm tase à distância.
de profundidade. IB1 entre 5 mm e 2 cm. IB2 entre ✔ resposta: A
2 cm e 4 cm. IB3 acima de 4 cm.
• E
stádio II: doença fora do colo uterino (ocupando
Questão 10 dificuldade:
terço superior da vagina ou paramétrio), que não
invade o terço inferior da vagina ou a parede óssea. Comentário: Paciente de 26 anos com resultado
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IIA não acomete o paramétrio. IIA1 menor 4 cm. de Papanicolau evidenciando células glandulares
IIA2 maior 4 cm. IIB acomete o paramétrio. atípicas de significado indeterminado (AGS). A re-
• E
stádio III: Acomete o terço inferior da vagina comendação é encaminhar para colposcopia inde-
ou parede óssea ou cursa com hidronefrose ou pendentemente da idade. Durante a colposcopia,
rim não funcionante. IIIA acomete parte inferior é coletada uma nova amostra de citologia, espe-
da vagina. IIIB acomete paramétrio, cursa com cialmente do canal cervical. Como se trata de uma
hidronefrose ou rim não funcionante. IIIC metás- alteração glandular, se a paciente tiver 35 anos ou
tase linfonodal. IIIC1 linfonodos pélvicos. IIIC2 mais, é importante associar uma avaliação endo-
linfonodos paraórticos. metrial através de ultrassonografia transvaginal.
• E
stádio IV: extensão além da pelve ou acome- Alternativa A: INCORRETA.
timento por contiguidade de bexiga e reto. IVA Alternativa B: INCORRETA.
acometimento de órgãos adjacentes. IVB metás-
Alternativa C: CORRETA.
tase à distância.
Alternativa D: INCORRETA.
✔ resposta: B
✔ resposta: C
Questão 9 dificuldade:
420
Capítulo
PATOLOGIAS DO OVÁRIO
15
importância/prevalência
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BASES DA MEDICINA
421
Patologias do ovário Ginecologia
Tecido epitelial
(Tumores de células Estroma do Metástase
Origem Célula Germinativa
epiteliais superficiais cordão sexual para ovários
e do estroma)
Proporção de
tumores ovarianos 90% 3-5% 2-3% 5%
malignos
Faixa etária
20+ anos 0-25+ anos Todas as idades Variável
acometida
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dos limítrofes ou “borderlines” (possuem características de métodos e instrumentos de rastreio eficazes.
de malignidade, mas não apresentam componente inva-
sor, correspondendo a 10-15% dos casos), e, em menor Tabela 2. Tipos de cânceres ovarianos.
número, podem ser malignos.
Origem Tipos
• Tumor de Brenner
Os tumores ovarianos de origem histológica epitelial • Carcinomas de células claras
correspondem à grande maioria dos tumores ova- • Carcinomas endometrioides
rianos de aspecto benigno e maligno, enquanto os • Carcinomas mucinosos
Epitélio
tumores de origem germinativa e do cordão sexual • Cistadenomas serosos (em geral,
se apresentam em menor número. Mas estes são o mais comum)
mais prevalentes em pacientes mais jovens. • Carcinomas de células transicionais
• Carcinomas não classificados
Em mulheres jovens até os 45 anos, há maior pre-
valência de tumores benignos em comparação aos • Coriocarcinomas
malignos e de característica da linhagem germina- • Disgerminomas
Células • Carcinomas embrionários
tiva (mesmo apresentando maior incidência, não germinativas
• Tumores do seio endodérmico
se habilitam como os mais comuns). Essa razão primárias
• Teratomas imaturos
apresenta tendência de inversão com o aumento
• Poliembrioma
progressivo da idade, com ápice entre 50 e 65 anos.
Cordões sexuais e • Tumores da granulosa-teca
No Brasil, compreende a sétima posição na inci- células estromais • Tumor de células de Sertoli-Leydig
dência de neoplasia em mulheres, com uma esti-
• Câncer de mama
mativa de 6650 novos casos para o ano de 2020, Metástases
• Câncer do trato gastrointestinal
com um risco estimado de 6,18/100 mil mulheres.
Mas, apesar de não ser um tumor tão incidente,
422
Patologias do ovário Cap. 15
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u Mutação BRCA1 e BRCA2:
W BRCA1 – braço longo do cromossomo 17q21;
W BRCA2 – braço longo do cromossomo 13q12;
W Risco de 72% de câncer de mama e 44% de
câncer de ovário até os 80 anos de idade;
W Quais pacientes têm indicação de pesquisa
da mutação BRCA 1/2? Quem nunca ouviu o
professor citar Angelina Jolie nessa parte das
aulas durante a graduação? Essas mutações
se relacionam a neoplasias de mama e ovário,
muitas vezes associadas;
Fonte: Karst.1 V Mulheres com antecedente pessoal de CA
de mama e de ovário;
V Mulheres com CA de ovário e uma pessoa
2. FATORES DE RISCO da família com CA de mama < 50 anos ou
CA de ovário em qualquer idade;
Para lembrar os fatores de risco para neoplasias de V Mulheres com CA de mama em qualquer
ovário de forma intuitiva, vamos compreender sua idade e ancestral Ashkenazi;
gênese. Quanto mais determinado tecido se replica, V Mulheres com CA de mama < 50 anos e
maior o número de divisões celulares e, portanto, uma pessoa da família com câncer de ová-
maior a probabilidade de ocorrer um hit oncogênico, rio ou familiar do sexo masculino com CA
isto é, um “erro” na replicação ou no sistema de de mama em qualquer idade;
423
Patologias do ovário Ginecologia
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imediata a partir dos 25 anos de idade e à salpingoofo- carcinomas.
rectomia bilateral a partir dos 35 anos de idade ou se Neste grupo há de se destacar também o apareci-
com prole constituída. Com o avanço das técnicas de
mento de lesões que se enquadram em grau inter-
fertilização e congelamento de óvulos/tecido ovariano,
pode-se realizar aconselhamento reprodutivo antes do mediário (entre os cistos benignos e os carcinomas
procedimento. Em pacientes jovens submetidas à cirurgia invasivos) ou de baixo potencial de malignidade,
redutora de risco, desde que não tenham apresentado sendo denominados tumores borderlines.
histórico pessoal de câncer, a reposição hormonal com
estrogênio deve ser oferecida para diminuir os riscos e
malefícios da menopausa cirúrgica. 4.1. TUMORES BORDERLINES
424
Patologias do ovário Cap. 15
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baixo e alto grau:
W Os de baixo grau apresentam crescimento
lento, geralmente oriundos de lesões antes
benignas ou borderlines; respondem pouco à
QT devido ao seu baixo turnover celular, sen-
do, na maioria das vezes, indicada a cirurgia.
W Os de alto grau são bastante agressivos, apre-
sentando grande rapidez de disseminação,
sendo, na maioria dos casos, diagnosticados
em estágios mais avançados; possuem boa
resposta à QT na maioria das vezes. Fonte: Acervo do autor.
u Podem apresentar áreas de granulação calcifi-
cada na ponta das papilas, sendo denominadas
DIA A DIA MÉDICO
Corpos de Psammoma.
u Sua disseminação pode ser linfonodal e/ou pe-
Na maioria das provas, o Tumor de Krukenberg é cobrado
ritoneal.
como tumor metastático de trato gastrointestinal em ová-
u Têm como principal marcador tumoral elevado rios, geralmente bilateral, de prognóstico ruim e em sua
o CA125. histologia pode-se observar as famosas “células em anel
de sinete”. Nestas pacientes, deve-se investigar e excluir
tumores do estômago e do apêndice, sendo mandatória
a realização de endoscopia digestiva alta e colonoscopia.
425
Patologias do ovário Ginecologia
5. T UMORES OVARIANOS DE
CÉLULAS GERMINATIVAS
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4.4. TUMORES ENDOMETRIOIDES
Podem se apresentar com dor abdominal relacio-
nada à torção anexial ou rompimento de sua cápsula
u Bastante associados à endometriose.
ou por aumento do volume abdominal.
u Podem ser sólidos ou de aspecto cístico.
Os principais marcadores tumorais associados aos
u Geralmente são malignos.
tumores desta classe são: alfafetoproteína (AFP) e
u Não é raro apresentarem-se de modo sincrônico gonadrotofina coriônica humana (HCG).
ao adenocarcinoma endometrióide de endométrio.
Tabela 3. Marcadores tumorais de
4.5. TUMORES CÉLULAS CLARAS tumor de células germinativas.
426
Patologias do ovário Cap. 15
5.1. T
ERATOMAS Figura 5. Teratoma cístico maduro.
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dindo até 4 cm e sendo uma projeção sólida
intracística.
u Uma complicação paraneoplásica rara relaciona-
da aos teratomas consiste na encefalite límbica
(anticorpo anti-NMDA), regredindo na maioria das
vezes após ressecção do teratoma.
u Pode ocorrer em menos de 1% dos casos (mas
factível) a transformação maligna de parte do
tecido epitelial do teratoma em um carcinoma
de células escamosas.
u Os teratomas imaturos (versão maligna do te- 5.1.1. Torção anexial
ratoma) são raros, de grande volume, com pico
de incidência aos 18 anos de idade, sendo indi- A torção anexial consiste em quadro de rotação
cada QT adjuvante mesmo em estágios iniciais parcial ou completa do ovário sobre seus ligamentos
da doença. suspensores, levando a interrupção do fluxo san-
guíneo pela artéria ovariana até o ovário, causando
u O Struma Ovarii consiste numa variante do tera-
isquemia do mesmo. Caracterizando-se, assim,
toma composta por tecido tireoidiano maduro,
como uma emergência cirúrgica ginecológica, com
podendo levar a quadros de hipertireoidismo
necessidade de diagnóstico rápido e adequado,
devido à sua produção hormonal.
apesar de difícil realização.
427
Patologias do ovário Ginecologia
Caracteriza-se com quadro de dor abdominal súbita para que se evite nova torção futura; mas nos casos
e importante, podendo diversas vezes mimetizar em que o ovário se encontra bastante danificado
quadro de abdômen agudo, muitas vezes refratária à e intensamente isquemiado, a ooforectomia deve
analgesia e com sinais ao exame clínico de irritação ser realizada. Em pacientes na pós-menopausa, a
peritoneal. Associado a náusea e vômitos, podendo ooforectomia é realizada independente do aspecto
até em alguns casos levar à febre (devido a SIRS). intra-operatório do ovário.
Na maioria dos casos (80% dos casos) ocorre em
Figura 7. Torção anexial – ovário esquerdo
pessoas portadoras de cistos ovarianos de volume
torcido sobre o lig útero-ovarico (seta preta)
intermediário (> 5 cm) ou associado a teratomas; e infundíbulo pélvico (seta branca).
mas também pode ocorrer em pacientes sem cistos
ovarianos (mais raros e mais comuns em pacientes
na pré-menarca). Alguns fatores de risco consistem
em: episódio de torção prévia, cistos anexiais > 5 cm,
pré-púbere e adolescência, gestação, nos casos de
hiperestimulação ovariana para captação de óvulos.
O diagnóstico é clínico associado a exame de ima-
gem demonstrando aumento do volume ovariano,
edema ovariano, ovário em posição atípica, redução
ou ausência de fluxo sanguíneo ao Doppler, líquido
Fonte: Correia et al.3
livre e cavidade pélvica, sinal de “colar de pérolas”
(também observado nos casos de Síndrome do
Ovário Policístico). Como a apresentação clínica 5.2. DISGERMINOMAS
e os achados de imagem são variados e de difícil
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definição, o diagnóstico pré-operatório pode ser u Correspondem a um terço dos tumores malignos
realizado em somente 37% a 50% dos casos; sendo de células germinativas.
muitas vezes diagnosticados durante a abordagem u Todos eles são malignos, mas possuem varia-
cirúrgica por abdome agudo de causa indefinida ou ções intrínsecas em seu perfil de agressividade.
por suspeita de outra etiologia abdominopélvica.
u Podem ser associados a quadros de disgene-
A USGTV com Doppler é o exame de imagem de sia gonadal pura ou mista, além da Síndrome
primeira escolha, mas a realização de RNM pélvica de Morris.
pode ser indicada e diagnóstica; ou a TC de abdome u Apresentam-se como massas sólidas lobuladas
e pelve pode ser realizada quando diagnósticos bilaterais, podendo haver disseminação linfonodal.
diferenciais são suspeitos.
u Não possuem um marcador tumoral específico,
O tratamento é cirúrgico de urgência para evitar mas podem ser acompanhados de seriamento
isquemia prolongada do ovário e a perda funcional dos níveis de LDH.
dele. Nos casos de alta suspeição ou nos casos u Acometem pacientes adolescentes ou adultos
em que o diagnóstico não pode ser descartado, a jovens, como os demais tumores germinativos,
laparoscopia diagnóstica está indicada. Durante assim o tratamento cirúrgico prevê a preserva-
o procedimento cirúrgico, quando observado que ção de fertilidade e a realização de salpingoofo-
o ovário se encontra viável, o procedimento de rectomia unilateral.
destorção é realizado e o ovário deve ser preso
u São tumores quimiossensíveis e dos poucos tu-
à parede abdominopélvica (pexia do ovário com
mores ovarianos em que a radioterapia é indicada
encurtamento do ligamento suspensor do ovário)
como tratamento adjuvante.
428
Patologias do ovário Cap. 15
5.3. TUMORES DE SACO VITELÍNICO diagnóstico (pulmão, fígado, osso), além de baixa
OU SEIO ENDODÉRMICO sensibilidade à quimioterapia, o que leva a sua
fatalidade na maioria dos casos.
u Correspondem a 20% dos tumores malignos de
células germinativas, sendo os de pior prognós-
tico entre os tumores germinativos, se apresen- 6. T UMORES DO CORDÃO SEXUAL
tando sempre como lesão unilateral.
u Possuem estruturas histológicas papilíferas de-
São tumores muito raros de origem na matriz ova-
nominadas corpúsculos de Schiller-Duval.
riana, o que significa que 90% deles produzirão
u Têm como principal marcador tumoral a alfafe- hormônios, desenvolvendo quadros de hiperestro-
toproteína, também podendo produzir e elevar genismo ou hiperandrogenismo.
os níveis de alfa-1-antitripsina.
Normalmente são restritos a um ovário e têm padrão
de crescimento lento e indolente. Esse padrão de
DIA A DIA MÉDICO
crescimento denota baixa resposta à QT, que poucas
vezes é utilizada.
Na prática, em tumores ovarianos em pacientes jovens O diagnóstico pode ser feito através de queixa de
ou na suspeita de tumores de origem germinativa que puberdade precoce pela produção hormonal ou, mais
apresentam alta sensibilidade à quimioterapia, não classicamente, uma mulher na pós-menopausa com
realizamos citorreduções, sendo preferível somente a
sintomas de hiperandrogenismo e massa anexial
salpingooforectomia unilateral (anexo acometido) para
avaliação do diagnóstico oncológico após avaliação ana- complexa.
tomopatológica definitiva em parafina, para não incorrer O aspecto radiológico varia de cistos multilobulados
em cirurgias mutilantes (não preservadoras de fertilidade)
até massas sólidas. Por vezes, o endométrio está
em pacientes jovens (quase sempre sem prole) de modo
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desnecessário. espessado pela produção estrogênica.
Os marcadores tumorais para esse tipo de tumor
são as inibinas A e B.
5.4. CARCINOMA EMBRIONÁRIO
E CORIOCARCINOMA Pela baixa quimio e radiossensibilidade, o tratamento
se baseia na cirurgia com ressecção do ovário afe-
u O Carcinoma embrionário é o grande responsá- tado com exame de congelação intraoperatória e res-
vel por quadros de pseudopuberdade precoce, secção de toda a extensão de lesão macroscópica.
por sua produção estrogênica, podendo também Neste grupo, ocorrem dois tipos de tumores (tecoma
levar a sangramento genital. É unilateral em 2/3 e fibroma) que, apesar de benignos, estão relacio-
dos casos e pode apresentar grande volume. nados com o aparecimento de ascite importante e
u O Coriocarcinoma é um tumor bastante agres- derrame pleural recorrente, com melhora somente
sivo, apresenta altos níveis de gonadotrofina após retirada do tumor ovariano. Este quadro clínico
coriônica, alto índice de metástases difusas ao recebe o nome de Síndrome de Meigs.
429
Patologias do ovário Ginecologia
Tabela 4. Características Marcantes das Neoplasias da Célula Germinativa do Ovário e do Cordão Sexual.
• Contrapartida do seminoma
testicular.
• Massas cinzas sólidas peque-
2ª a 3ª décadas nas a grandes. • Todos malignos, porém apenas
Unilateral
da vida. Ocorre um terço é agressivo e dissemi-
Disgerminoma em 80-90% • Lâminas ou cordões de células
com disgenesia nativo – todos radiossensíveis
dos casos claras e grandes separadas por
da gônada – taxa de cura de 80%
fios fibrosos escassos.
• Estroma pode conter linfóci-
tos e granulomas ocasionais.
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císticos).
• Podem elaborar grande quan-
• Composto por mistura de cé- tidade de estrogênio (dos ele-
Maioria na pós- lulas da granulosas cuboides mentos da teca) e então pro-
Célula da teca menopausa, mas em cordões, lâminas ou fios e mover carcinoma endometrial
Unilateral
e da granulosa pode ocorrer em fusiformes ou células da teca ou de mama.
qualquer idade. cheias de lipídios.
• Elemento da granulosa pode
• Elementos da granulosa po- ser maligno (5-25%)
dem recapitular folículos ova-
rianos como corpúsculos de
Call-Exner.
430
Patologias do ovário Cap. 15
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difícil diferenciar massa benigna de uma maligna ou lesões pela cavidade abdominal que podem eviden-
diferenciar o tipo de neoplasia ovariana. Portanto, ciar metástases.
estaremos sempre ponderando a necessidade de
realizar uma cirurgia por uma lesão inocente ou A presença de massa anexial ao USG deve levantar
deixar um câncer passar despercebido. suspeitas se as características forem complexas,
como:
A maioria dos exames de imagem disponíveis,
u Septações;
exames laboratoriais e até o próprio exame físico
ginecológico podem ser falhos para o diagnóstico u Áreas sólidas;
e rastreamento dos tumores ovarianos. u Septos;
E aqui cabe bem lembrar: até o presente momento, u Projeções papilares;
NÃO HÁ MÉTODO DE IMAGEM OU LABORATORIAL u Conteúdo espesso;
EFICAZ PARA RASTREAMENTO DO CÂNCER DE u Tamanho;
OVÁRIO (em âmbito individual e populacional). u Neovascularização e queda da resistência vas-
É muito importante também lembrar que nem sem- cular (característica isolada de maior risco de
pre os quadros de tumores ou cistos pélvicos são malignidade).
431
Patologias do ovário Ginecologia
Menacme Pós-menopausa
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Móvel Fixo
Contornos bem definidos/ Superfícies lisas Contornos mal definidos/ Superfície irregular
Unilateral Bilateral
Na prática, tenta-se utilizar alguns escores associando critério de classificação chamado GIRADS, semelhante
características das imagens e até níveis de marcadores à classificação utilizada para categorização das lesões
tumorais séricos para determinar maior ou menor chance mamarias na mamografia.
de malignidade. Também é muito comum a utilização de
432
Patologias do ovário Cap. 15
Na avaliação de massas anexiais, podemos lançar situações benignas, como endometriose, mio-
mão de alguns marcadores para nortear a pesquisa, mas e até gravidez).
por exemplo: u Alfa fetoproteína (usado nos tumores de células
u HCG (algumas neoplasias germinativas produ- germinativas).
zem HCG e nos casos de gravidez ectópica ele u Inibinas A e B (usadas nos tumores do cordão
estará elevado). sexual).
u CA 125 (mais utilizado nos tumores epiteliais u CA 19.9 (usado nos tumores epiteliais mucinosos).
serosos, mas também pode estar alterado em u CEA (usado nos tumores epiteliais mucinosos).
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Presença de gás ou nível líquido. Abscesso
A paracentese/toracocentese também pode ser um somente nos casos em que a imagem já apresenta
método diagnóstico importante nos casos avan- lesões sugestivas de carcinomatose peritoneal.
çados em que há presença de líquido ascítico e Ademais, a cirurgia por videolaparoscopia ou a
derrame pleural de suspeita oncológica. A realiza- própria citorredução primária deve ser realizada.
ção de citologia oncótica destes líquidos ou até a
avaliação histopatológica de emblocado de células
aliada à imuno-histoquímica pode ser suficiente 8. E STADIAMENTO
para o diagnóstico.
Diferentemente da grande maioria dos outros tumo- O estadiamento é primordialmente cirúrgico e reali-
res, o ovário não é um órgão facilmente biopsiável zado concomitantemente à cirurgia de citorredução.
pelo risco de sangramento, além de, havendo sus-
peita de lesão maligna ovariana, o fato de a reali- Relembrando que cirurgia de citorredução baseia-
zação da biópsia pode levar ao espalhamento de -se em:
células cancerígenas, antes restritas ao ovário, para u Aspiração do líquido ascítico ou lavado peritoneal;
a cavidade peritoneal, antecipando a progressão u Visualização e palpação de todas as estruturas
da doença e piorando o prognóstico da paciente. peritoneais;
A biópsia guiada por imagem deve ser realizada
433
Patologias do ovário Ginecologia
Achados cirúrgico-patológicos
O tumor envolve 1 ou ambos os ovários com extensão pélvica (abaixo da borda pél-
II T2
vica) ou câncer peritoneal primário.
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O tumor envolve 1 ou ambos os ovários, com disseminação confirmada citológica ou
III histologicamente para o peritônio fora da pelve e/ou metástase para os linfonodos
retroperitoneais.
Qualquer T,
IV Metástase distante, excluindo metástases peritoneais.
qualquer N, M1
Qualquer T,
IVA Derrame pleural com citologia positiva.
qualquer N, M1a
Fonte: FIGO.4
434
Patologias do ovário Cap. 15
Figura 8. Estadiamento do câncer de ovário. com intuito de diminuição do volume de doença para
possibilidade de citorredução completa, podendo
ser realizada entre o 3º e o 4º ciclo de quimioterapia.
W Citorredução secundária/resgate: procedimento de
citorredução realizado após tratamento de quimio-
terapia em paciente que já tenha sido submetida à
citorredução primária ótima previamente.
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ou protegido de possível ruptura e disseminação
de células cancerígenas inadvertidas. Se possível,
9. TRATAMENTO/CONDUTA mas evitado em pacientes jovens ou de baixo risco
de malignidade, o exame anatomopatológico por
congelação deve ser realizado no intraoperatório,
BASES DA MEDICINA e, confirmando-se o diagnóstico de carcinoma, na
maioria dos casos, a citorredução primária deve ser
Algumas definições cirúrgicas devem ser memorizadas:
realizada no mesmo momento.
W Citorredução completa (antigo citorredução R0): Caso o resultado da congelação seja inconclusivo,
ausência de doença macroscopicamente visível. recomenda-se a realização de cirurgia preservadora
W Citorredução incompleta (antigo citorredução R1):
de fertilidade em mulheres pré-menopausa que
persistência de doença macroscopicamente visível ainda desejam ter filhos (mantendo útero e ovário
< 1 cm. contralateral). Em mulheres na pós-menopausa,
recomenda-se a histerectomia com SOB.
W Citorredução não factível (antigo citorredução R2):
persistência de doença macroscopicamente visível Nos casos avançados em que há alta chance de
> 1 cm.
citorredução incompleta ou critérios de irresecabi-
W Citorredução primária: procedimento de citorredução lidade (índice de Fagotti > 8), as pacientes devem
realizado como tratamento inicial, antes da quimio- ser biopsiadas e encaminhadas para a realização
terapia. de quimioterapia (carboplatina e paclitaxel – 6
W Citorredução de intervalo: procedimento de citorredu- ciclos) e a possibilidade de citorredução de intervalo
ção realizado durante o tratamento de quimioterapia, aventada após redução da quantidade de doença
abdominopélvica.
435
Patologias do ovário Ginecologia
Atualmente, muitos estudos envolvendo imunote- É muito importante lembrar que nos casos de
rapia e terapia-alvo estão ocorrendo, com alguns abdome agudo hemorrágico, um diagnóstico dife-
resultados promissores para adjuvância do câncer rencial que obrigatoriamente deve ser excluído é a
de ovário, entre eles os inibidores da PARP (como possibilidade de uma gestação ectópica rota.
o olaparibe), que apresentam bons resultados em
Nos casos em que há instabilidade hemodinâmica,
pacientes que possuem mutações gênicas especi-
dificuldade na definição diagnóstica ou refratários
ficas como a do BRCA.
à analgesia, a conduta é cirúrgica de urgência, com
realização de ooforoplastia do cisto (em alguns
casos, a ooforectomia pode ser necessária, mas
10. C ISTO HEMORRÁGICO sempre é evitada).
Nos casos em que a paciente se encontra estável
Quadro comum, os cistos hemorrágicos consistem clinicamente, deve-se realizar observação clínica
em cistos ovarianos funcionais com conteúdo hemá- com exames laboratoriais seriados (hemoglobina e
tico, oriundos a partir do sangramento/ruptura dos hematócrito), analgesia e monitorização dos sinais
vasos sanguíneos da parede da granulosa, formados vitais por 6 a 12 horas. Caso a paciente não apre-
após a ovulação (logo, ocorrem na 2ª fase do ciclo sente alterações clínico-laboratoriais e melhora
menstrual). Podendo ser assintomáticos, quando dos sintomas, a conduta conservadora pode ser
o sangramento fica retido internamente ao cisto, realizada com analgésicos e reavaliação em 48-72
sendo depois reabsorvido pelo organismo; ou podem horas. E, nos casos em que há piora do quadro ou
ser sintomáticos, quando este sangramento ocorre continua em queda do Hb/Ht, deve ser realizado
para fora do cisto (dentro da cavidade pélvica) ou procedimento cirúrgico.
quando há ruptura da parede do cisto, ocorrendo
extravasamento do conteúdo para a pelve.
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Na maioria dos casos, são assintomáticos e des-
cobertos de modo acidental em exame de ima-
gem. Quando sintomáticos, podem cursar com
dor abdominal de leve a forte intensidade, podendo
até apresentar-se com quadro clínico de abdome
agudo e sinais de irritação peritoneal; em casos
mais raros e graves, a paciente pode se apresentar
com instabilidade hemodinâmica.
O exame de imagem preferencial é o USGTV com
Doppler, no qual observa-se cisto ovariano periférico
com conteúdo levemente hiperecogênico e padrão
reticular, com reforço acústico posterior, paredes
finas, sem septos e presença de vascularização
periférica; e nos casos em que há ruptura dele,
visualiza-se líquido livre na cavidade pélvica. Seu
principal diagnóstico diferencial na ultrassonografia
é o endometrioma, este se apresentando como cisto
uni ou multilocular de paredes mais espessadas,
com conteúdo homogêneo de padrão vidro-fosco
no seu interior e não apresenta vascularização
periférica ao Doppler.
436
Patologias do ovário Cap. 15
Cisto Teratoma
Cisto folicular Investigação Torção anexial
hemorrágico maduro
Exame
Orientações Analgesia Dor aguda 3 tecidos
físico
embrionários
Exames de
Roto Náuseas/Vômitos Cirúrgico
imagem
(Ooforoplastia)
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Tratamento
Dor
cirúrgico
Alteração ?
Queda de Hb
importante
437
Patologias do ovário Ginecologia
REFERÊNCIAS
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438
Patologias do ovário Cap. 15
QUESTÕES COMENTADAS
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⮦ Indicar ooforectomia pelo risco de torção do cisto. ⮧ Gravidez ectópica.
⮧ Tranquilizar a paciente pois trata-se de cisto ⮨ Tumor maligno do ovário.
funcional. ⮩ Abscesso tubo-ovariano.
⮨ Referenciar a paciente para serviço oncológico.
⮩ Indicar punção do cisto via ultrassonográfica. Questão 4
439
Patologias do ovário Ginecologia
⮧ Reduz clones celulares resistentes à quimiote- foi de teratoma maduro do ovário esquerdo. Ao ten-
rapia. tar se informar a respeito desse resultado na inter-
⮨ Impede a formação de ascite durante a quimio- net, confirmou a existência de teratoma maligno
terapia secundária. e ficou preocupada. A esse respeito, é CORRETO
afirmar que:
⮩ Não há resposta terapêutica à quimioterapia
primária. ⮦ O teratoma maligno é imaturo e corresponde a
1% do total de teratomas.
Questão 5 ⮧ Por se tratar de tumor epitelial do ovário, o tera-
toma de ovário tem alta recidiva, mas é benigno.
(UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO – 2018) L. L. N., 28 anos de ⮨ A associação com endometriose pélvica é ele-
idade, sem comorbidades, apresenta história familiar vada, cerca de 30%.
de câncer de ovário, tendo dúvidas, por esse motivo,
⮩ Deve-se fazer radioterapia complementar no
se deve tomar contraceptivos hormonais combina-
ovário contralateral e orientar a engravidar logo.
dos. A orientação a ser dada é de que:
⮪ Caracterização de maduro e imaturo não existe,
⮦ Não é possível afirmar que o contraceptivo hor- e, em 25% dos casos, os teratomas são malignos.
monal combinado causará de câncer de ovário.
⮧ O contraceptivo hormonal combinado é conside-
Questão 8
rado fator protetor para câncer de ovário.
⮨ O contraceptivo hormonal combinado é conside- (HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE RP
rado fator de risco para câncer de ovário. DA USP – SP – 2018) Mulher de 42 anos, G7P4A3C0, úl-
⮩ O contraceptivo hormonal combinado é conside- tima menstruação há 11 dias, em uso eventual de
rado sem efeito em relação ao câncer de ovário. preservativo, procura unidade básica de saúde com
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queixa de dor leve em hipogástrio há dois anos,
predominantemente do tipo cólica, e dispareunia
Questão 6 de profundidade eventual. Antecedente de sífilis
tratada há 3 anos. Está em bom estado geral: T
(FUNDAÇÃO JOÃO GOULART – HOSPITAIS MUNICIPAIS – 2018)
= 36,8ºC; pulso = 72 bpm; pressão arterial = 115 x
Sobre o câncer de ovário, pode-se afirmar que:
75 mmHg. Escala analógica visual de dor = 3,5 cm.
⮦ A história familiar de câncer de mama como fa- Sem sinais de conteúdo anormal em vagina e colo
tor de risco genético para câncer de ovário não de útero. Ausência de dor à mobilização do colo
é importante. uterino e presença de massa palpável em região
anexial esquerda. Fez hemograma com resultado
⮧ A multiparidade dobra o risco de câncer de ovário.
normal e exame ultrassonográfico da pelve que
⮨ Não há teste de rastreamento efetivo que impac- identificou uma massa anexial com 4,6 x 7,2 cm
te na redução das taxas de mortalidade para o (imagem abaixo). Qual o diagnóstico mais provável?
câncer de ovário.
⮩ As mulheres negras têm uma incidência mais alta
de câncer de ovário entre todas as raças e etnias.
Questão 7
440
Patologias do ovário Cap. 15
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⮦ Exérese do ovário que apresenta o cisto.
⮧ Punção esvaziadora por via transvaginal.
⮨ Exérese do cisto com preservação do ovário.
⮩ Análogo do GnRH e controle ultrassonográfico
do cisto.
441
Patologias do ovário Ginecologia
GABARITO E COMENTÁRIOS
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te deve ser referenciada para serviço oncológico Alternativa D: INCORRETA. Descreve uma caracterís-
para prosseguir com estadiamento e decisão te- tica dos tumores mucinosos, que são capazes de
rapêutica. O câncer de ovário é uma enfermidade atingir grandes volumes.
grave, agressiva e “silenciosa”: a maior parte dos
diagnósticos é realizada em estágios avançados Alternativa E: INCORRETA. Os cistos foliculares são
da doença e as pacientes têm menos opções tera- mais associados ao menacme e tendem a ser pe-
pêuticas, submetidas a cirurgias de citorredução quenos, sendo assintomáticos na maioria dos casos.
e quimioterapia. Relembre os fatores de risco para ✔ resposta: C
CA de ovário: nuliparidade, menacme longa, idade
avançada, história familiar, antecedente pessoal de
CA de mama, síndrome de Lynch e mutação BRCA1 Questão 3 dificuldade:
442
Patologias do ovário Cap. 15
Alternativa B: INCORRETA. No enunciado não se men- Alternativa B: INCORRETA. A nuliparidade está rela-
cionam atraso menstrual, dor ou sangramento. cionada com o câncer de ovário, aumentando em
Alternativa C: INCORRETA. No enunciado não se des- 60 a 80% o risco para esse câncer.
crevem características suspeitas para o cisto. Alternativa C: CORRETA. A ultrassonografia transva-
Alternativa D: INCORRETA. Não há história de doença ginal não é indicada como exame de rastreamento,
inflamatória pélvica, para se pensar em abscesso uma vez que não foi evidenciado impacto na mor-
tubo-ovariano. talidade e, portanto, não existe exame preconizado
para detecção de câncer de ovário.
✔ resposta: A
Alternativa D: INCORRETA. O câncer de ovário tem
maior incidência na raça branca.
Questão 4 dificuldade: ✔ resposta: C
Comentário: A questão inquire porque a citorredução
ótima em câncer de ovário avançado confere melhor Questão 7 dificuldade:
prognóstico. Vale lembrar que a cirurgia citorredu-
tora é indicada quando o tumor não está restrito Comentário: Teratoma maligno = teratoma imaturo.
aos ovários e tem como objetivo deixar a menor Esse teratoma corresponde a 1% do total de tera-
“quantidade de tumor” possível, possibilitando uma tomas e representa menos de 1% de todos os cân-
melhor ação da quimioterapia, além de diminuir os ceres de ovário.
sintomas de massa que possam estar ocorrendo. Alternativa A: CORRETA. Justificada.
✔ resposta: B Alternativa B: INCORRETA. O teratoma do ovário é
um tumor germinativo e não epitelial. São tumores
da linhagem germinativa: disgerminoma, teratoma
Questão 5 dificuldade:
maligno, tumor de seio endodérmico, carcinoma
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Comentário: Um dos principais fatores etiológicos embrionário, coriocarcinoma não gestacional puro
para o surgimento do câncer de ovário é a cicatri- do ovário, gonadoblastomas.
zação repetitiva em decorrência das múltiplas ovu- Alternativa C: INCORRETA. O teratoma do ovário não
lações, quando ocorre uma lesão na superfície do se associa à endometriose. Os tumores do ovário
ovário para liberação do folículo. Logo, o bloqueio relacionados à endometriose são: tumores endo-
da ovulação é um fator de proteção e, por isso, o metrióides e tumores de células claras.
uso de anticoncepcional oral combinado é um fator Alternativa D: INCORRETA. Nas pacientes com tera-
de proteção, reduzindo o risco em 50%. São outros toma maduro benigno, o tratamento primário é ci-
fatores de proteção para o câncer de ovário: ama- rúrgico e não por radioterapia.
mentação, uso de anovulatórios, laqueadura tubária Alternativa E: INCORRETA. O teratoma cístico madu-
e ooferectomia. ro é benigno e com baixo risco de se tornar malig-
✔ resposta: B no. Já o teratoma imaturo é maligno, uma vez que
apresenta componentes tissulares semelhantes
aos encontrados no embrião e no feto.
Questão 6 dificuldade:
✔ resposta: A
Comentário: Questão que serve para revisarmos al-
guns tópicos sobre o Câncer de Ovário.
Questão 8 dificuldade:
Alternativa A: INCORRETA. A história familiar é o fator
de risco mais importante para o desenvolvimento Comentário: O diagnóstico mais provável é a hidros-
do câncer de ovário. salpinge. Ocorre a dilatação das tubas uterinas,
443
Patologias do ovário Ginecologia
que são ocasionadas por processos infecciosos além do quadro de dismenorreia e que justifica a
que provocam acúmulo de líquido. Pode ser con- tumoração evidenciada pelo exame físico. Como
sequência de ISTs, resultantes de cirurgias prévias conduta, está indicada a cirurgia, por se tratar de um
e endometriose. Pode apresentar sintomas como cisto com tamanho > 8-10 cm e que está gerando
corrimento vaginal, sangramento fora do período dor à paciente. Preconiza-se abordagem cirúrgica
menstrual, dispareunia e até febre. conservadora com preservação do ovário acome-
Alternativa A: INCORRETA. O pseudocisto peritoneal tido, quando possível, principalmente em pacientes
pode simular um tumor e acomete na maioria das com pretensões reprodutivas.
vezes mulheres de meia-idade que apresentam dor Alternativa A: INCORRETA. Deve-se realizar a exérese
crônica e que já tiveram endometriose ou DIP, além do cisto preservando o ovário, por se tratar de uma
de não se enquadrar em todos os sintomas apre- paciente nuligesta que pode apresentar pretensões
sentados pela paciente. reprodutivas.
Alternativa B: CORRETA. A paciente apresenta dispa- Alternativa B: INCORRETA. A punção esvaziadora
reunia, massa palpável em exame ginecológico e por via transvaginal pode ser utilizada em casos
demonstrado em exame de imagem. E apresenta de cistos menores, de 5 a 10 cm, sem suspeita de
antecedente de sífilis. malignização.
Alternativa C: INCORRETA. Tumor ovariano tem, em Alternativa C: CORRETA. Trata-se de uma paciente jo-
sua maioria, antecedentes de história familiar com vem, nuligesta, com indicação cirúrgica para retirada
ligação com mutação nos genes BRCA1 e BRCA2. do cisto e que pode haver pretensões reprodutivas,
Pode ser assintomático, mas, se houver apresenta- sendo indicada a preservação ovariana.
ção de sintomas, estariam presentes o meteorismo, Alternativa D: INCORRETA. Não há evidências para
a sensação de aumento do abdome e a plenitude uso de análogo de GnRh para regressão de cisto
vesical. ovariano de grande extensão, havendo preferência
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Alternativa D: INCORRETA. Abcesso tubo-ovariano é pelo tratamento cirúrgico.
uma das complicações de DIP, acomete, na maio- ✔ resposta: C
ria das vezes, mulheres em idade reprodutiva e que
apresentam febre, leucocitose, dor abdominal e
corrimento vaginal.
✔ resposta: B
Questão 9 dificuldade:
Questão 10 dificuldade:
444
Capítulo
CÂNCER DE ENDOMÉTRIO
16
importância/prevalência
u A condição que predispõe ao câncer de endométrio é a exposição prolongada ao estrogênio. Sendo assim,
situações que provoquem essa exposição são consideradas fatores de risco e, ao final deste capítulo,
deve-se ter conhecimento das mais comuns.
u As hiperplasias atípicas estão claramente associadas ao câncer e, por isso, é importante saber a classifi-
cação histológica e os respectivos tratamentos.
u SEMPRE ter alto grau de suspeita nos quadros de sangramentos pós-menopausa e saber suas principais
causas.
u Conhecer o quadro clínico e os exames diagnósticos.
u O câncer de endométrio é subdivido em dois grandes grupos. Assim, deve-se saber quais as principais
características histológicas que os diferenciam e como fazer estadiamento para dar o seguimento adequado.
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1. I NTRODUÇÃO A fase secretora (progestacional) inicia-se em sequência
à fase proliferativa, quando ocorre a ovulação. Esta fase
é marcada pela ação da progesterona produzida pelo
corpo lúteo em contraposição à ação estrogênica (que
BASES DA MEDICINA
ainda ocorre neste período, mas em menor proporção),
levando à hipertrofia das células epiteliais, além de edema
e aumento da vascularização endometrial combinados
O endométrio consiste na camada mais interna do útero, com acúmulo de glicogênio no interior das glândulas
sendo composto por epitélio colunar simples, células endometriais. Com isso, observa-se o espessamento
secretoras e células glandulares, distribuídas em uma endometrial principalmente nesta fase, podendo chegar
camada funcional e uma camada basal. A camada funcio- até a 20 mm de espessura, sem configurar condição pato-
nal é mais superficial, sofre a influência hormonal durante lógica, desde que a paciente se encontre na menacme.
o ciclo menstrual e é a responsável pelo sangramento
menstrual. Não ocorrendo a fertilização até o fim da fase secretora,
os níveis de estrogênio e progesterona reduzem com a
A fase proliferativa (estrogênica) inicia-se com o fim da perda de função do corpo lúteo e junto à constrição das
menstruação até o 14º dia do ciclo. O endométrio encontra- artérias espiraladas e isquemia da camada funcional,
-se delgado e é caracterizado pela influência estrogênica, ocorre sua descamação e consequente sangramento
levando à hiperplasia das células endometriais (alta taxa uterino menstrual.
de mitose) com reconstituição das células glandulares e
epiteliais secretoras.
445
Câncer de endométrio Ginecologia
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Fonte: Hoffman.1
Figura 2. Fotomicrografias do revestimento uterino nas fases proliferativa, secretora e menstrual do ciclo menstrual.
Fase proliferativa Fase secretora Fase menstrual
Fonte: INCA.3
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O câncer de endométrio ocorre a partir da transfor- u Idade acima dos 60 anos (2 a 5% dos casos ocor-
mação maligna do endométrio (na enorme maioria re abaixo dos 40 anos de idade).
dos casos, na camada funcional), devido ao grande u Obesidade/Sedentarismo – fator de risco mais
período de estímulo estrogênico sem oposição prevalente, independentemente da idade e do
da ação progestagênica, ocasionando hiperplasia status menopausal.
e grande número de mitoses celulares, havendo W Ocorre maiores níveis de estrogênio endógeno
maior risco de exposição celular ao processo car-
devido ao processo de aromatização periférica
cinogênico.
no tecido adiposo (conversão de androstene-
diona em estrona e androgênios em estradiol),
menores níveis de SHBG (globulinas carrea-
3. FATORES DE RISCO doras de hormônios sexuais), ocasionando
maior quantidade de estrogênio e androgênio
livre na circulação, além de maiores níveis de
DIA A DIA MÉDICO IGF-1 (fator de crescimento insulina-símile).
W Maior ocorrência de anovulação crônica ob-
Em resumo, todas as situações que configurem maior servada nessas pacientes.
exposição de estrogênio ao endométrio, sem a contra-
posição de progesterona, são fatores de risco para o
u Menarca precoce e/ou Menopausa tardia – maior
desenvolvimento do câncer de endométrio. tempo de exposição ao estrogênio e proliferação
endometrial.
447
Câncer de endométrio Ginecologia
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inicialmente por método de imagem.
448
Câncer de endométrio Cap. 16
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Alguns fatores conferem proteção e diminuem
o risco de câncer de endométrio, como: uso de
contraceptivos orais (combinados ou pílulas com
progesterona isolada), uso do sistema intrauterino
liberador de levonorgestrel (SIU-LNG), multiparidade,
idade materna avançada na última gestação (> 35
anos), amamentação > 3 meses, dieta alimentar
adequada e atividade física rotineira.
449
Câncer de endométrio Ginecologia
Câncer de
Idade avançada endométrio Anovulação crônica / SOP
Fatores de risco
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Irradiação pélvica prévia
450
Câncer de endométrio Cap. 16
4. Q UADRO CLÍNICO
BASES DA MEDICINA
Se você chegou até este momento e ainda não aprendeu Agora que você leu ou se você que já tinha gravado,
o acrônimo PALM-COEIN ou ainda tem dificuldade: pare fale em voz alta as causas que representam cada letra
o que você está fazendo e releia o capítulo “Sangramento do acrônimo. Lembrando: PALM = causas estruturais /
Uterino Anormal”. COEIN = causas não estruturais.
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Fonte: Munro.4
A grande maioria das pacientes que têm câncer Em associação, também podem ocorrer: dor pélvica,
de endométrio apresentam sintomatologia em sensação de peso em baixo-ventre, hematométrio
estágios iniciais da doença. Somente em 5% dos (principalmente em pacientes mais idosas que
casos diagnosticados a paciente encontrava-se apresentam estenose cervical); e, em casos mais
assintomática, tendo sido descoberto em exames avançados, pode haver alterações urinárias e intes-
ultrassonográficos de rotina, apresentando espes- tinais, além de perda de peso ponderal.
samento endometrial, ou colpocitologia oncótica,
O exame físico ginecológico pode ser normal em
apresentando células glandulares com atipia (AGC).
tumores iniciais, apresentando somente sangra-
O principal sintoma referido consiste no sangra- mento oriundo do orifício externo do colo uterino.
mento uterino anormal, podendo, às vezes, também Mas, em casos mais avançados, pode-se observar
ocorrer corrimento vaginal serossanguinolento. tumorações exofíticas pelo canal endocervical,
acometimento tumoral vaginal, percepção de endu-
recimento parametrial (ao exame de toque retal) e/
ou nodulações em fundo de saco posterior.
451
Câncer de endométrio Ginecologia
O sangramento pós-menopausa consiste em qualquer Sempre que houver um quadro de sangramento uterino
episódio de sangramento vaginal (mesmo que em pequeno pós-menopausa, tenha como diagnóstico diferencial
volume e duração mínima) após 12 meses (1 ano) de o câncer de endométrio (raro haver um cenário clínico
amenorreia durante o período perimenopausal. desta patologia sem este elemento). Mas lembre-se de
que não é a principal causa (atrofia endometrial). Em
O câncer de endométrio consiste em uma das causas pacientes na pré-menopausa, o câncer de endométrio
de sangramento pós-menopausa, mas não é a causa não é um diagnóstico diferencial prevalente (2 a 5% dos
principal. As principais causas são: atrofia endometrial, casos de câncer), mas ele passa a ser mais suspeito em
pólipo endometrial, uso de estrogênio exógeno, hiperplasia pacientes com quadro de sangramento uterino prolongado
endometrial, câncer de endométrio, endometrite, entre e persistente, que se demonstram refratários à terapêutica
outras causas. medicamentosa habitual para controle do sangramento
uterino anormal, principalmente quando apresentam fato-
Mas, apesar de não ser a principal causa de sangramento
res de risco importantes, como obesidade, anovulação
pós-menopausa, o diagnóstico de neoplasia endometrial
crônica, uso de tamoxifeno, histórico familiar sugestivo.
sempre deve ser investigado e descartado, principalmente
em pacientes que possuem fatores de risco.
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452
Câncer de endométrio Cap. 16
Interciclo
⬆ Sangramento
Sangramento
uterino anormal
Sensação de peso
Piometra
em baixo ventre
Quadro
clínico Exame colpocitológico
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Fase mais tardia
Alterações urinárias
Fonte: SanarFlix.
453
Câncer de endométrio Ginecologia
Sem terapia hormonal ≥ 4-5 mm* Na prática médica do dia a dia, o aspirado endometrial tem
sido uma prática de coleta de material endometrial de fácil
Com terapia hormonal ≥ 8-10 mm* execução, rápida, disponível e barata em qualquer ambula-
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tório. Assim, deve ser realizada já na 1ª consulta em toda
* valores variam conforme a referência bibliográfica.
paciente, que apresente queixa de sangramento uterino
Fonte: Braun et al.5
pós-menopausa, mesmo não havendo realizado ainda o
USGTV. É importante lembrar que o aspirado endometrial
Nas pacientes pré-menopausa sintomáticas, não possui bom valor preditivo positivo (ou seja, se ele resul-
há um parâmetro ou valor limite para medida de tar em coleta de material com células cancerígenas, sua
espessura endometrial, devendo a biópsia ser indi- suspeita diagnóstica está confirmada, sem necessidade
de outros exames), mas possui péssimo valor preditivo
cada conforme o nível de suspeição do examinador.
negativo (seu resultado negativo não quer dizer que sua
Outros sinais ultrassonográficos podem reforçar a paciente não tem câncer de endométrio). Logo, um resultado
suspeita de neoplasia endometrial, como: coleções negativo ou insatisfatório do aspirado endometrial demanda
continuidade da investigação/exclusão diagnóstica. Mas
liquidas intrauterinas, massa endometrial polipoide
por que realizar o aspirado endometrial, se há maior chance
e endométrio hiperecogênico e irregular. de vir negativo e necessitar continuar com a investigação?
Havendo resultado de imagem ultrassonográfica Como já falado, a simplicidade do exame e a possibilidade
de diagnóstico em curto tempo justificam a sua realização.
com espessura endometrial suspeita, a paciente
Estudos demonstram que, mesmo no Serviço Suplementar,
obrigatoriamente deve ter sua cavidade uterina o tempo de intervalo entre a 1ª consulta e o diagnóstico
avaliada e biopsiada. A biópsia endometrial pode ocorre em média entre 4-6 semanas. Quando no Sistema
ser realizada através de aspirado endometrial (com Público de Saúde, este intervalo passa a ser de 6-12 meses,
sonda uretral nº 8-10 ou cânula de biópsia endome- o que pode impactar no prognóstico da paciente.
trial – Pipelle®), curetagem uterina ou guiada por
histeroscopia (método padrão-ouro). Em caso de resultado negativo no aspirado endo-
metrial e/ou na curetagem uterina, a histeroscopia
com biópsia guiada é mandatória, pois neste método
pode-se observar diretamente toda a cavidade ute-
rina e biopsiar diretamente a região mais suspeita.
454
Câncer de endométrio Cap. 16
Figura 6. De cima para baixo: histeroscopia cavidade Não há necessidade e nem estudos que demonstrem
uterina normal; imagem histeroscópica de lesão efetividade para rastreio de câncer de endométrio,
endometrial suspeita; imagem macroscópica
exceto em pacientes com histórico pessoal ou fami-
da biópsia de lesão endometrial suspeita.
liar de Síndrome de Lynch. Na maioria dos casos, o
câncer de endométrio produz sintomatologia pre-
coce, levando ao diagnóstico nos estágios iniciais
e tendo, assim, bom prognóstico.
6. H IPERPLASIA ENDOMETRIAL
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A hiperplasia endometrial possui fatores de risco
idênticos aos fatores de risco observados para o
câncer de endométrio, além de apresentarem sinto-
matologia idêntica. Assim, quadros de hiperplasia
endometrial devem ser investigados e a possibili-
dade de neoplasia endometrial em estágio inicial,
descartada.
Ainda é muito comum ver em livros-texto e questões
de prova a terminologia e a cobrança da classifica-
ção das hiperplasias endometriais realizadas pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1994,
que levava em consideração a presença de atipias
nucleares (sem atipias x com atipias) e o padrão
arquitetural glândula/estroma (simples x complexa).
Mas, com a evolução dos métodos diagnósticos,
observou-se que as atipias nucleares eram o princi-
pal fator envolvido na progressão de determinadas
lesões para a neoplasia endometrial; assim, houve
a necessidade de mudança da classificação em
2000, referendada em 2014 pela OMS: hiperplasia
endometrial benigna e a hiperplasia endometrial
Fonte: Arquivo pessoal do Dr. Mauricio Kitamura.
atipica (ou neoplasia intraepitelial endometrial).
455
Câncer de endométrio Ginecologia
Progressão
Risco de para
OMS 1994 OMS 2014 Topografia Categoria Alterações genéticas
malignidade carcinoma
invasivo
Hiperplasia
Baixo nível de mutações
simples sem
somáticas em glândulas
atipias Hiperplasia
dispersas com
endometrial Difuso Benigno 0,6% RR: 1,01‑1,03
morfologia na coloração
Hiperplasia benigna
com HE mostrando
complexa
nenhuma alteração
sem atipias
Fonte: Armstrong.6
A hiperplasia endometrial benigna, na maioria dos biópsia endometrial em 3 meses. Na maioria desses
casos, é tratada de maneira clínica com o uso de casos, as pacientes encontram-se na perimenopausa ou
pós-menopausa e já possuem prole constituída, sendo
progestágenos com o intuito de atrofia do endomé-
mais frequente a indicação cirúrgica de pan-histerectomia
trio, podendo ser realizado por via oral, intramus- total (cirurgia não oncológica, podendo ser realizada pela
cular ou intrauterina. Mas o seguimento clínico e a via de preferência do cirurgião e da paciente).
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reavaliação devem ser realizados em 3-6 meses, e,
em caso de persistência do quadro clínico ou apa-
recimento de atipia celular, o tratamento cirúrgico
(histerectomia total) deve ser oferecido. 7. C LASSIFICAÇÕES E SUBTIPOS
DA NEOPLASIA ENDOMETRIAL
Nos casos de hiperplasia endometrial com atipia ou
neoplasia intraepitelial endometrial, já havendo prole
constituída e não havendo contraindicações cirúrgi- Diversas classificações são utilizadas para carac-
cas, o tratamento cirúrgico com pan-histerectomia terização do câncer de endométrio. Uma delas que
consiste na 1ª escolha. Nos casos em que ainda ainda é bastante cobrada em questões de prova,
há desejo reprodutivo ou risco cirúrgico elevado, o mas em desuso na prática gineco-oncológica, é a
tratamento hormonal com progestágenos deve ser divisão dos tumores endometriais em dois tipos:
realizado, com reavaliação a cada 3 meses. Nesses tipo I x tipo II.
casos, a reavaliação com histeroscopia associada
Os tumores do tipo I são mais frequentes (80% dos
à biópsia endometrial deve ser realizada.
casos) e ocorrem em mulheres na perimenopausa
ou pós-menopausa recente (6ª década de vida);
são, em sua maioria, do tipo histológico endome-
DIA A DIA MÉDICO
trióide, com comportamento mais indolente; além
de serem bastante associados a mulheres obesas
Na prática clínica, na suspeita de hiperplasia endome-
trial, inicia-se tratamento oral com desogestrel diário
e sedentárias.
contínuo oral ou acetato de medroxiprogesteronal tri- Já os do tipo II são menos frequentes, atingem
mestral intramuscular ou ainda a colocação do sistema
mulheres em idade mais avançada (7ª década de
intrauterino liberador de levonorgestrel, devendo ser
reavaliado o endométrio não só com imagem, mas com
vida), não estando relacionados com obesidade e
456
Câncer de endométrio Cap. 16
nem com quadros/situações clínicas de hiperes- são mais indiferenciados e, assim, possuem pior
trogenismo, ocorrendo em pacientes magras e prognóstico, além de diagnóstico em estágios mais
tabagistas. Estes tumores não se originam da NIE, avançados da doença.
Em relação aos subtipos histológicos, os tumores ritoneal, sendo muitas vezes difícil determinar
de endométrio podem ser classificados em: o sítio primário quando há acometimento de
u Adenocarcinoma endometrióide: útero e ovários.
W 80% dos casos. W Associado à mutação do gen p53.
W Tem como lesão precursora a neoplasia in- u Adenocarcinoma mucinoso:
traepitelial endometrial. W Raro, bom prognóstico e de comportamento
W Bastante associado aos quadros de hiperestro- semelhante ao adenocarcinoma endometrióide.
genismo sem contraposição da progesterona. u Carcinoma indiferenciado
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W Apresentam-se de modo mais indolente, com u Carcinossarcoma
graus histológicos mais brandos, tendo assim u Tumores neuroendócrinos do endométrio
melhor prognóstico (mas podem se apresen- u Tumores mistos
tar em graus mais avançados, principalmente
quando há demora em seu diagnóstico, tendo Também é importante saber e classificar o grau
então pior prognóstico). nuclear histológico do câncer de endométrio, visto
u Carcinoma seroso e de células claras: que é uma das principais características que deter-
W 10-15% dos casos. minará o prognóstico da doença. Assim, podem ser
W Não estão associados aos quadros de obesi- classificados desde o padrão diferenciado (G1) até
dade e hiperestrogenismo. o padrão indiferenciado (G3).
W Ocorrem em pacientes mais idosas e, por se-
Tabela 4. Grau nuclear histológico.
rem menos sintomáticos em seus estágios
iniciais, habitualmente são diagnosticados em Graus de diferenciação
estágios mais avançados. 5% ou menos do padrão de crescimento não
G1
W Normalmente apresentam graus histológicos escamoso
mais indiferenciados (G3 ou indiferenciado), 6% a 50% do padrão de crescimento não esca-
G2
apresentando assim pior prognóstico, com moso
aspecto tumoral mais invasivo. Mais de 50% do padrão de crescimento não
G3
W Possuem padrão biológico e de disseminação escamoso
similar ao carcinoma seroso de tuba e ovários, Fonte: Amant et al.8
com predileção pela via de disseminação pe-
457
Câncer de endométrio Ginecologia
u Linfadenectomia paraórtica.
DIA A DIA MÉDICO
W Nível III: linfonodos ao redor da aorta e veia
cava inferior no espaço entre a bifurcação da
Outra classificação que vem ganhando bastante uso desde
aorta e a saída da artéria mesentéria inferior.
2015, com a ampliação dos estudos genômicos e imuno-
-histoquímicos, é a classificação realizada pelo Cancer W Nível IV: linfonodos ao redor da aorta e veia
Genome Atlas, que divide os tumores endometriais em cava inferior no espaço entre a saída da artéria
4 subtipos moleculares: grupo POLE ultramutado, grupo mesentérica inferior e o cruzamento da veia
com deficiência das enzimas de reparo/instabilidade renal esquerda sobre a aorta.
microssatélite (“mismatch repair”), ou MSI hipermu-
tado, grupo mutação p53 com alto número de cópias e u Omentectomia infracólica (nos casos de tipo
grupo com baixo número de cópias ou perfil molecular histológico não endometrióide).
não específico; tendo cada um deles um prognóstico u Citologia oncótica de líquido ascítico pélvico ou
diferente, sendo que atualmente alguns deles possuem
de lavado peritoneal.
melhora do prognóstico com o advento da imunoterapia
e a terapia-alvo. O grupo MSI hipermutado encontra-se
relacionado à Sindrome de Lynch e, junto com o grupo Mas, apesar do estadiamento ser cirúrgico, a rea-
POLE, apresenta melhor prognóstico (sobrevida e tempo lização de exame físico ginecológico completo e
livre de doença) do que o grupo p53 com alto número de exames de imagem pré-operatórios já apresentam
cópias e o grupo com baixo número de cópias. informações importantes para o estadiamento. Por
exemplo, o toque vaginal pode demonstrar lesão
no colo uterino ou no fundo de saco e vagina; ou o
toque retal pode indicar invasão tumoral parametrial,
8. E STADIAMENTO
demonstrando que o tumor já não está confinado
ao útero; ou até mesmo a palpação de linfonodos
O estadiamento dos tumores ginecológicos pode supraclaviculares (nódulo de Virchow – linfonodo-
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ser classificado por meio do sistema TNM ou sis- megalia supraclavicular esquerda), demonstrando
tema da FIGO, sendo este último o mais utilizado doença metastática avançada.
na prática médica dos ginecologistas e o que mais Os exames de imagem mais indicados para o esta-
se encontra nas questões de prova. Assim, para diamento pré-cirúrgico compreendem a ressonân-
os tumores ginecológicos (exceto o de mama), cia nuclear magnética da pelve (pode informar o
apresentaremos somente a classificação FIGO de tamanho da lesão intrauterina e a proporção de
estadiamento. invasão miometrial, além de avaliar se há linfonodos
No caso dos tumores endometriais, o estadiamento pélvicos suspeitos ou acometimento ovariano), a
da doença é cirúrgico-patológico. Compreende a tomografia computadorizada de abdome e tórax
realização de: (para avaliação de metástases hepática, pulmonar
ou linfonodal extrapélvica) e, quando disponível, o
u Histerectomia Total.
PET-SCAN (para melhor avaliação linfonodal e de
u Salpingooforectomia bilateral.
metástases extrapelve).
u Linfadenectomia pélvica bilateral.
Mas é importante reforçar que, apesar de o exame
W Nível I: linfonodos da fossa obturatória, abaixo
físico e de imagem ajudarem no estadiamento da
da bifurcação dos vasos ilíacos comuns em
neoplasia endometrial, o estadiamento final e defi-
ilíacos interno e externo.
nitivo continua sendo CIRÚRGICO (após avaliação
W Nível II: linfonodos ao redor dos vasos ilíacos histopatológica das peças cirúrgicas)!
comuns entre a bifurcação da artéria aorta e
a bifurcação da artéria ilíaca comum.
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Câncer de endométrio Cap. 16
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intra-abdominais e/ou linfonodos inguinais.
459
Câncer de endométrio Ginecologia
Os tumores endometriais possuem via de dissemina- Nas pacientes de risco intermediário (G2/G3, inva-
ção linfática (exceto o subtipo seroso/células claras, são linfovascular, estágio IB – > 50% de invasão
que possui como principal via de disseminação a do miométrio), a radioterapia pélvica com ou sem
peritoneal), sendo mais comum o acometimento braquiterapia está indicada.
linfonodal pélvico e depois a cadeia paraórtica.
Nas pacientes de alto risco de recidiva (subtipo
Mas em 3-5% dos casos pode haver acometimento
não endometrióide, G3, superior ao estágio II), a
linfonodal paraórtico, sem acometimento linfonodal
quimioterapia adjuvante também é indicada em
pélvico, devido à disseminação pelo infundíbulo
associação à radioterapia.
pélvico ou pelas vias sacrais (mais comum em
tumores fúndicos e posteriores). A terapia hormonal com progesterona está indi-
cada nas pacientes com metástase ou alto risco de
Nos casos em que o exame físico e as imagens
metástase com tumores que possuem receptores
pré-operatórias demonstrem estágios avançados
hormonais positivos (tumores tipo I).
da doença, como acometimento de bexiga ou retos-
sigmoide, ou metástase à distância (desde que
comprovada por biópsia o sítio primário uterino), o
DIA A DIA MÉDICO
estadiamento cirúrgico é dispensado e a paciente,
encaminhada para tratamento neoadjuvante ou
A linfadenectomia pélvica e paraórtica como papel tera-
paliativo (quimioterapia ± terapia progestagênica pêutico é controverso, não demonstrando melhora na
± imunoterapia-alvo). sobrevida global ou na redução da taxa de recorrência
(principalmente em estágios da doença restrita ao útero),
O prognóstico dos tumores endometriais está rela-
tendo assim maior papel de estadiamento, avaliação
cionado principalmente ao seu grau de invasão terapêutica e prognóstica. Atualmente, em estágios mais
miometrial, tipo histológico, grau de diferenciação iniciais, tem-se conduzido estudos para realização da
nuclear, subtipo molecular e estadiamento cirúrgico técnica de estudo linfonodal através da pesquisa do
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(comprometimento cervical e linfonodal). linfonodo-sentinela para avaliação do acometimento
linfonodal (ainda realizado somente em protocolo de
pesquisa quando relacionado aos tumores endometriais,
diferentemente do câncer de mama, em que esta técnica
DIA A DIA MÉDICO
já é validada).
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Câncer de endométrio Cap. 16
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461
Câncer de endométrio Ginecologia
Câncer de endométrio
Tratamento Sangramento
Fatores de risco Biópsia endometrial cirúrgico pós‑menopausa
(estadiamento
é cirúrgico)
Pós menopausa USG pélvica com
espessamento
endometrial < 5 mm
praticamente
Obesidade exclui o câncer
Ciclos anovulatórios
Menopausa precoce/
Menopausa tardia
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Nuliparidade
Tamoxifeno
Diabetes
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Câncer de endométrio Cap. 16
REFERÊNCIAS
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of the corpus uteri. Int J Gynaecol Obstet. 2018 Oct;143
Suppl 2:37-50. doi: 10.1002/ijgo.12612. PMID: 30306580.
8. Amant F, Mirza MR, Koskas M, Creutzberg CL. Cancer
of the corpus uteri. Int J Gynaecol Obstet. 2018 Oct;143
Suppl 2:37-50. doi: 10.1002/ijgo.12612. PMID: 30306580.
463
Câncer de endométrio Ginecologia
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1 Questão 2
(COMISSÃO ESTADUAL DE RESIDÊNCIA MÉDICA – CEREM – BA (COMISSÃO ESTADUAL DE RESIDÊNCIA MÉDICA – CEREM – BA –
– 2021) Situação-Problema: Questões de 1 a 3. Mu- 2021) Enunciado da Questão 1
lher branca, 60 anos de idade, desde os 45 anos de
Diante do resultado da ultrassonografia transvaginal
idade entrou na menopausa. A primeira menstrua-
é correto afirmar:
ção ocorreu aos 9 anos. Teve 3 gestações e todas
evoluíram para parto normal. Refere hipertensão ⮦ A ultrassonografia transvaginal está normal e a
bem controlada com medicação. IMC: 30Kg/m2. conduta deve ser expectante.
Vem ao pronto atendimento pois apresentou san- ⮧ A paciente deverá ser submetida à histeroscopia
gramento vaginal, de pouca quantidade, há 3 dias, com biópsia endometrial, mesmo com a ultras-
com melhora espontânea após 2 dias do início do sonografia sem alterações.
evento. Hoje apresenta sangramento tipo borra de
⮨ A ultrassonografia evidencia um endométrio es-
café. Nega cólica ou outros sintomas associados.
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pessado e a conduta deverá ser realização de
Nega uso de medicações no momento ou histórico
biópsia endometrial.
de reposição hormonal. Ao exame físico: corada e
hidratada. Abdome flácido, indolor à palpação e sem ⮩ A ultrassonografia transvaginal está normal e,
visceromegalias. Exame especular: presença de san- provavelmente, a paciente apresenta um san-
gramento não ativo de pouca quantidade coletado gramento uterino anormal de causa ovariana e
em fundo vaginal.TV: ausência de dor à mobiliza- devem ser solicitados exames laboratoriais para
ção do colo uterino. Ultrassonografia Transvaginal melhor avaliação.
realizada evidencia útero em retroversoflexão com
dimensões, morfologia e contornos preservados.
Questão 3
Medida total: 40 cm3, miométrio com ecotextura
homogênea, eco endometrial centrado homogêneo (COMISSÃO ESTADUAL DE RESIDÊNCIA MÉDICA – CEREM – BA –
de 6 mm. Ovários não visualizados. Ausência de 2021) Enunciado da Questão 1
líquido livre na cavidade. Identifique a causa mais
São fatores de risco para câncer de endométrio
frequente de sangramento pós menopausa:
nessa paciente, exceto:
⮦ Pólipo endometrial.
⮦ Apresentar IMC: 30Kg/m2.
⮧ Mioma submucoso. ⮧ Ter tido menarca aos 9 anos.
⮨ Câncer de endométrio. ⮨ Ter tido três gestações.
⮩ Atrofia endometrial. ⮩ Ser hipertensa.
464
Câncer de endométrio Cap. 16
Questão 4 Questão 7
(FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP – SP – 2019) (HOSPITAL NACIONAL DO CÂNCER – 2019) Assinale a alter-
Paciente de 63 anos comparece em consulta de nativa que apresenta a síndrome genética MAIS
retorno após biópsia de endométrio ambulatorial comum associada ao carcinoma endometrial.
com cânula de Pipelle e é informada do resultado:
“carcinoma endometrial tipo I”. É característica a ⮦ Síndrome Li-Fraumeni.
ocorrência desta lesão em pacientes: ⮧ Câncer colo retal não poliposo hereditário.
⮨ Mutação BRCA1/BRCA2 (síndrome câncer de
⮦ Com menor índice de massa corporal. ovário/mama).
⮧ Com idade mais avançada. ⮩ Síndrome de ovário policístico.
⮨ Portadoras de mutação p53.
⮩ Com antecedente de hiperplasia endometrial
Questão 8
como lesão precursora.
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO MÜLLER – 2019) Paciente
C.A.S., 55 anos, vem ao ambulatório de ginecologia
Questão 5
com queixa de sangramento irregular em pequena
(INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO intensidade há 3 meses. Relata menopausa aos 48
ESTADUAL – 2019) São conhecidos vários fatores de ris- anos, nega TH (Terapia Hormonal). Paciente GIII, PIII,
co para o câncer do endométrio: menarca precoce, AO 3PN refere ser diabética e hipertensa em trata-
menopausa tardia, diabetes, ciclos anovulatórios, mento. Ao exame IMC: 34,5, especular: colo uterino
obesidade, nuliparidade etc. Em relação à obesida- sem ectopias, toque: útero móvel sem aumento de
de, este risco provavelmente é maior devido: volume, indolor à mobilização. Solicitados exames
de rotina, apresenta ultrassonografia transvaginal
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⮦ ao fator genético. com endométrio de 12 mm. Realizada Histeroscopia
⮧ à conversão periférica da androstenediona, pro- com biópsia endometrial apresentando hiperplasia
duzida em suprarrenais e ovários, em estrona. atípica de endométrio. A conduta recomendada é:
⮨ à elevação exagerada da fração LDL do colesterol. ⮦ Progestágenos contínuos medroxiprogesterona
⮩ ao efeito proliferativo endometrial da lecitina- ou norestisterona.
-endometrial. ⮧ SIU (Sistema Intrauterino) liberador de levonor-
gestrel.
Questão 6
⮨ Histerectomia total minimamente invasiva.
⮩ Histerectomia total com salpingo-oforectomia
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UFSC – SC – 2019) Uma pa- bilateral e esvaziamento ganglionar.
ciente de 57 anos, G2 PN2, apresenta um sangra-
mento vaginal após quatro anos de amenorreia.
O exame especular e toque vaginal estão normais. Questão 9
Considerando custo-efetividade, qual o exame ini-
(UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – SP – 2019) Mulher,
cial indicado?
65 anos de idade, hipertensa, obesa e diabética, re-
⮦ Histeroscopia. fere sangramento vaginal há 7 meses. Identificou-se
espessamento endometrial de 9 mm à ultrassono-
⮧ Dilatação e curetagem.
grafia. O resultado da biópsia do endométrio evi-
⮨ Citologia de lavado endometrial. denciou adenocarcinoma endometrioide G1. Qual
⮩ Biópsia endometrial. a conduta a seguir?
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Câncer de endométrio Ginecologia
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(SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE RIBEIRÃO PRETO – SP – 2018) tratada pela curetagem uterina.
Mulher de 32 anos de idade, 1gop, relata ter ciclos
⮩ Indicar histerectomia total em função do risco
menstruais irregulares desde a menarca. Tem di-
de malignidade associada.
ficuldade para conseguir engravidar. Fez uso de
indutor de ovulação, porém teve um abortamento
espontâneo no 2º mês de gestação há 1 ano. Há um Questão 14
mês começou a ter sangramento contínuo, após ter
ficado 3 meses sem menstruar. Observou-se espes- (UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – RJ
samento do endométrio à ultrassonografia (USG) – 2014) Em relação ao câncer de endométrio, é COR-
e optou-se por fazer curetagem uterina. O exame RETO afirmar que:
anatomopatológico mostrou hiperplasia endome-
⮦ O carcinoma de endométrio tipo II está relacio-
trial complexa com atipia citológica mínima. O tra-
nado ao excesso de estímulo estrogênico.
tamento indicado é:
⮧ A terapia de reposição hormonal com progeste-
⮦ Progesterona contínua. rona aumenta em 4 a 8 vezes o risco de câncer
⮧ Indução da ovulação com GnRH. de endométrio.
⮨ Estrogênio cíclico. ⮨ A hiperplasia simples sem atipia do endométrio
⮩ Histerectomia. tem risco de transformação maligna em 29%
dos casos.
⮩ O melhor exame para rastreamento do câncer de
Questão 12
endométrio é o Papanicolaou de rotina.
(ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO RIO GRANDE DO SUL – RS – 2017) São ⮪ O carcinoma de endométrio tipo endometrioide
fatores de risco para câncer de endométrio, EXCETO: corresponde a 80% dos casos.
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Câncer de endométrio Cap. 16
GABARITO E COMENTÁRIOS
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do endométrio. se isolada com estrógeno), SOP, uso de tamoxifeno
(utilizado no tratamento do CA de mama, inibindo
✔ resposta: D
receptores estrogênicos na mama, mas estimulando
receptores no endométrio). A hipertensão não é um
Questão 2 dificuldade: fator de risco direto bem estabelecido, entretanto,
mulheres obesas correm maior risco de se torna-
Comentário: A questão nos traz uma paciente na pós- rem hipertensas e por esse motivo, muitas vezes se
-menopausa, com sangramento uterino anormal e associa a hipertensão ao risco de câncer de endo-
uma USG transvaginal evidenciando uma espessura métrio. Como fatores de proteção, podemos citar o
endometrial de 6 mm. O ideal para uma paciente uso de anticoncepcionais combinados (pela ação
nessas condições seria um eco endometrial menor opositora da progesterona), paridade e tabagismo
que 5 mm, o que indicaria chances muito baixas de (diminui os níveis de estrógeno circulantes, no en-
câncer de endométrio. No entanto, no caso apre- tanto, NÃO deve ser indicado para essa finalidade).
sentado, temos um endométrio espessado que deve
✔ resposta: C
ser biopsiado para guiar a conduta mais adequada.
Alternativa A: INCORRETA. A USG transvaginal mos-
tra espessamento endometrial, que deve ser in- Questão 4 dificuldade:
vestigado.
Comentário: O carcinoma do endométrio é classifica-
Alternativa B: INCORRETA. A histeroscopia com biópsia do em dois tipos histológicos. O tipo I corresponde
endometrial é uma excelente alternativa (padrão- ao carcinoma endometrióide, acomete geralmente
-ouro), no entanto, a USG tem alterações. mulheres na perimenopausa, tendo a hiperplasia
Alternativa C: CORRETA. endometrial como lesão precursora na maioria dos
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Câncer de endométrio Ginecologia
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exame anatomopatológico do endométrio, passível denectomia não é necessária.
de obtenção idealmente por histeroscopia (caro, ✔ resposta: A
menos disponível), sendo uma opção acessível a
biópsia endometrial. Vale ressaltar que aspiração
endometrial não significa o mesmo que o lavado Questão 10 dificuldade:
endometrial.
Comentário: Apesar de o USGTV fornecer boa avalia-
✔ resposta: D ção estrutural uterina, a RNM tem maior acurácia na
avaliação da transição endométrio-miométrio. Mas
deve-se lembrar que, para o estadiamento final, a
Questão 7 dificuldade:
avaliação histopatológica da peça cirúrgica é o pa-
Comentário: Síndrome de Lynch = CCRNP. A Sín- drão-ouro para determinação da invasão miometrial.
drome de Li-Fraumeni compreende uma síndrome ✔ resposta: C
familiar rara que leva à mutação do gene p53, pre-
dispondo o paciente a diversos tumores primários
em idade precoce, mas, além de ser rara, não há Questão 11 dificuldade:
elevação substancial do risco de carcinoma endo- Comentário: A hiperplasia endometrial (HE) é definida
metrial. A Mutação BRCA1 e a BRCA2 estão mais como o aumento anormal (volume e espessura) do
associadas principalmente ao câncer de mama e endométrio proliferativo que mostra desorganização
ao câncer de ovário epitelial em pacientes abaixo estrutural, estratificação epitelial e atipia citológica.
de 50 anos de idade. Resulta de um estímulo estrogênico persistente, en-
✔ resposta: B dógeno ou exógeno, em um endométrio proliferativo,
468
Câncer de endométrio Cap. 16
não necessariamente excessivo; porém, não anta- do tratamento clínico. Se houver atipia, deverá ser
gonizado pela progesterona. A questão apresenta realizada a histerectomia. Como exceção, deverá
uma exceção, uma paciente jovem, nulípara (GIP0), ser usada a progesterona, quando houver desejo
com dificuldade para engravidar, apresentando hiper- de gestar. A paciente da questão já tem 62 anos
plasia endometrial complexa com atipia citológica de idade e apresenta atipia; portanto, não restam
mínima. Nesse tipo de hiperplasia, há baixo risco de dúvidas sobre a conduta.
evolução para câncer (3%), que aumenta de acordo ✔ resposta: D
com o grau de atipia da paciente. Levando em con-
sideração que a mulher apresentada ainda deseja
engravidar, a histerectomia não será o tratamento Questão 14 dificuldade:
de escolha, podendo ser feito com progestágeno
cíclico ou contínuo, com controle histológico 6 me- Comentário: Os tumores de endométrio são clas-
ses após início da terapêutica. A histerectomia fica sificados em tipos I e II. Os tumores tipo I são os
reservada para os casos refratários ao tratamento mais frequentes, correspondendo a 75 a 85% dos
medicamentoso ou mulheres na pós-menopausa. casos, acometendo mulheres mais jovens na peri-
Portanto, a resposta correta é a alternativa A. menopausa, com história de exposição estrogênica
sem a oposição da progesterona, originando-se, na
✔ resposta: A maioria das vezes, de um endométrio hiperplásico
que evolui para carcinoma. Já o tipo II não possui
Questão 12 dificuldade:
associação com hiperestrogenismo e hiperplasia
endometrial, originando-se de um endométrio atró-
Comentário: Essa questão foi anulada pelo fato de fico, sendo mais comum em mulheres mais velhas,
a banca por duas alternativas corretas: A e E. Os magras e na pós-menopausa. Dos tumores tipo I,
fatores de risco para o câncer de endométrio es- predomina o adenocarcinoma endometrióide, o tipo
tão associados ao efeito proliferativo da exposição histológico mais frequente; e, do tipo II, são mais
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prolongada ao estrógeno, principalmente quando comuns o seroso-papilar e o de células claras.
contínua e sem oposição à progesterona. A alter- Alternativa A: INCORRETA. O tipo II relaciona-se com
nativa A está correta, pois o uso de ACO é um fator um endométrio atrófico.
protetor para o câncer de endométrio, uma vez que
Alternativa B: INCORRETA. A terapia de reposição hor-
o efeito da progesterona é decidualizar o endomé-
monal com progesterona é fator protetor, uma vez
trio. A alternativa E é polêmica, pois alguns autores
que se opõe ao efeito estrogênico que estimula a
consideram a HAS fator de risco independente, mas
hiperplasia endometrial.
as referências adotadas pela banca não trazem essa
informação. No entanto, a questão foi anulada por Alternativa C: INCORRETA. A hiperplasia simples sem
possuir duas respostas corretas. atipia tem risco de transformação maligna apenas
de 1%.
✔ resposta: A ou E
Alternativa D: INCORRETA. Atualmente não é preco-
nizado o rastreamento para o câncer de endomé-
Questão 13 dificuldade: trio, uma vez que não existe um exame apropriado,
econômico e aceitável que reduza a mortalidade.
Comentário: Na hiperplasia endometrial simples ou
complexa, quem MANDA É A ATIPIA! Se não houver Alternativa E: CORRETA. O adenocarcinoma endome-
atipia, o tratamento será conservador: progesterona trióide descreve 80% dos cânceres de endométrio,
(oral, sistema intrauterino [SIU] ou injetável) para assemelhando-se histologicamente às glândulas
proteger o útero. Como exceção, a histerectomia endometriais normais.
deverá ser realizada na pós-menopausa ou na falha ✔ resposta: E
469
Fixe seus conhecimentos!
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470
EMBRIOLOGIA, DESENVOLVIMENTO Capítulo
E ANATOMIA MAMÁRIA E
ALTERAÇÕES BENIGNAS DA MAMA 17
importância/prevalência
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BASES DA MEDICINA
Fonte: https://emedicine.medscape.com/ar-
ticle/1275146-overview#a3.
471
Embriologia, desenvolvimento e anatomia mamária e
alterações benignas da mama
Ginecologia
2. D ESENVOLVIMENTO MAMÁRIO
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BASES DA MEDICINA
472
Embriologia, desenvolvimento e anatomia mamária e alterações benignas da mama Cap. 17
ocorre a pubarca (crescimento dos pelos pubia- u SIMASTIA: confluência medial das mamas, ca-
nos). A menarca ocorre em média dois a três racterizada por presença de tecido mamário pré-
anos após a telarca. -esternal ligando as duas mamas.
u M3: aumento do tecido glandular palpável e do u HIPERTROFIA/GIGANTOMASTIA: mamas muito
diâmetro e da pigmentação da aréola, manten- volumosas. Quando implica impacto na qualida-
do-se os contornos da aréola e da mama. Con- de de vida da paciente, tanto por queixa estética
comitante ao estirão puberal. quanto por problemas posturais, cervicalgia e
u M4: aumento da aréola e de sua pigmentação. dorsalgia, o tratamento é cirúrgico, com técnicas
O complexo areolopapilar (CAP) projeta-se e se- de mamoplastia redutora.
para-se do contorno da mama. Essa fase é con- u HIPOMASTIA OU HIPOPLASIA MAMÁRIA: de-
comitante à menarca. senvolvimento incompleto da glândula mamária.
u M5: fase de desenvolvimento final, em que há o Pode ser causada por deficiência estrogênica,
nivelamento do CAP ao contorno da mama, com como nos distúrbios do desenvolvimento sexual,
projeção exclusiva do mamilo. ou, na maioria dos casos, devido a uma menor
sensibilidade da resposta tecidual mamária aos
estrogênios circulantes. Não deixar de excluir
2.2. ANOMALIAS DO DESENVOLVIMENTO
causa iatrogênica ou traumática na avaliação,
sobretudo em casos unilaterais: a exérese iatro-
u POLITELIA: presença de mais de duas papilas gênica de broto mamário na infância, traumas
mamárias, considerada o defeito congênito mais locais e queimaduras torácicas. O tratamento
comum em ambos os sexos (2% a 6%). Também geralmente é cirúrgico, com técnicas de mamo-
conhecido como mamilo supranumerário. Fre- plastia de aumento, como o uso de implantes
quentemente sem diagnóstico, pois pode ser mamários de silicone.
confundido com um nevo ou outra lesão cutânea
MAMA TUBEROSA: é um conjunto de deformidades
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u
simples. Pode ocorrer em qualquer ponto da li-
mamárias, de diferentes graus de anormalidade,
nha mamária, sendo mais comum logo abaixo
que resultam na protusão excessiva da aréola na
da mama normal (> 90% dos casos). Não tem
presença de mamas geralmente hipoplásicas.
impacto funcional, podendo ser removido se
Nos quadros mais extremos, a mama tem forma
houver incômodo estético.
tubular em vez de cônica. O tratamento envolve
u POLIMASTIA: presença de mais de duas mamas. diferentes técnicas de cirurgia plástica.
Ocorre em 1-2% da população feminina. Pode u AMASTIA/AGENESIA MAMÁRIA: ausência con-
ocorrer em qualquer ponto ao longo da linha lác-
gênita total da mama. É uma situação muito rara,
tea, da axila até a região vulvar, mas a situação
decorrente de alteração no desenvolvimento da
mais frequente é a mama acessória axilar. Pode
crista mamária. Geralmente é unilateral, porém é
ser uni ou bilateral, com ou sem papila acessória
possível que ocorra bilateralmente. Nesse caso,
associada (mais comum sem a papila associa-
está frequentemente associado a outras malfor-
da). Responde hormonalmente como o tecido
mações relacionadas à herança autossômica.
mamário tópico e, por essa razão, algumas mu-
A correção cirúrgica inclui implantes, expansores
lheres se queixam de incômodo significativo no
ou retalhos miocutâneos.
período pré-menstrual, na gestação e, sobretudo,
na lactação. O tecido mamário ectópico não tem
u AMAZIA: ausência do parênquima mamário na
predisposição aumentada à carcinogênese, mas presença do complexo areolopapilar. É rara e a
como qualquer tecido mamário pode apresen- correção cirúrgica envolve diferentes técnicas
tar essa transformação. Podem ser removidas de cirurgia plástica.
cirurgicamente se houver incômodo estético ou u SÍNDROME DE POLAND: é uma anomalia congê-
funcional. nita rara caracterizada por hipoplasia ou aplasia
da musculatura torácica unilateral e alterações
473
Embriologia, desenvolvimento e anatomia mamária e
alterações benignas da mama
Ginecologia
Figura 3. Politelia.
Fonte: https://www.claudiolemos.com/cirurgia-plastica/ci-
rurgia-plastica-feminina/cirurgia-de-gigantomastia/.
Figura 6. Hipomastia.
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Fonte: https://www.anatomia-papel-e-ca-
neta.com/sistema-tegumentar/. Fonte: http://www.rbcp.org.br/details/568/estudo-descri-
tivo-e-grau-de-satisfacao-de-pacientes-submetidos-a-im-
plantes-mamarios-de-menor-projecao-em-polo-superior.
Figura 4. Polimastia.
Fonte: https://www.anatomia-papel-e-ca-
neta.com/sistema-tegumentar/.
Fonte: https://andresfreschi.com/es/cor-
reccion-mamas-tuberosas/.
474
Embriologia, desenvolvimento e anatomia mamária e alterações benignas da mama Cap. 17
BASES DA MEDICINA
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A mama é envolta pela fáscia superficial da parede torácica
anterior, constituída por um folheto anterior e um posterior.
Os ligamentos de Cooper (ou ligamentos suspensores da
mama) são espessamentos de tecido conjuntivo que se
projetam do folheto posterior ao anterior dessa fáscia,
contribuindo para a suspensão da mama.
475
Embriologia, desenvolvimento e anatomia mamária e
alterações benignas da mama
Ginecologia
Didaticamente, dividimos a mama em quatro qua- A irrigação arterial da mama deriva, principalmente,
drantes: da artéria torácica interna (ou mamária interna) –
ramo da artéria torácica interna responsável por
u Quadrante superolateral (QSL) ou superior exter-
cerca de 60% da irrigação da mama –, assim como
no (QSE) – quadrante com maior quantidade de
da artéria torácica lateral (ou mamária externa)
tecido fibrogladular;
– ramo da artéria axilar responsável por 30% da
u Quadrante superomedial (QSM) ou superior in- irrigação da mama.
terno (QSI);
As artérias intercostais posteriores, ramos da sub-
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u Quadrante inferomedial (QIM) ou inferior inter-
clávia e da aorta contribuem com a irrigação da face
no (QII);
profunda da mama.
u Quadrante inferolateral (QIL) ou inferior externo
(QIE). Outras artérias que também irrigam a mama, mas de
menor importância, são as artérias toracoacromial,
toracodorsal e subescapular.
Fonte: Juarez.4
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Embriologia, desenvolvimento e anatomia mamária e alterações benignas da mama Cap. 17
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Fonte: Pró.11
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Fonte: Netter.12
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Embriologia, desenvolvimento e anatomia mamária e alterações benignas da mama Cap. 17
As queixas mamárias mais frequentes estão rela- A orientação verbal, esclarecendo a benignidade
cionadas com afecções benignas das mamas. No do quadro e medidas de sustentação da mama,
entanto, é fundamental sempre estar atento ao é fundamental. Cerca de 85% das mulheres, após
diagnóstico correto, uma vez que a neoplasia de adequadamente orientadas, não necessitam de
mama é também um diagnóstico comum – o risco qualquer terapia medicamentosa. Cremes à base
de uma mulher desenvolver câncer de mama ao de progesterona e anti-inflamatórios tópicos são
longo da vida é de 8-10%. alternativas para o tratamento da mastalgia locali-
Vamos utilizar uma divisão didática para as afecções zada. O tratamento hormonal deve ser exceção, mas
benignas da mama, considerando os principais pode ser considerado se houver queixa de mastalgia
tópicos abordados em prova, embora exista grande intensa e persistente, mesmo após orientações e
sobreposição entre elas: alterações funcionais medidas para adequada sustentação das mamas.
benignas da mama, mastalgia, nódulos, fluxo papilar,
mastites e lesões descamativas. 4.2. M ASTALGIA
4.1. ALTERAÇÕES FUNCIONAIS BENIGNAS Por definição, mastalgia significa dor nas mamas,
ou seja, um sintoma mamário e não uma entidade
A queixa de dor associada a nódulo/espessamento clínica em si. Quase SEMPRE é BENIGNA (princi-
das mamas é condição extremamente frequente, palmente nas questões de prova!) e, na maioria
denominada alteração funcional benigna da mama. das vezes, corresponde a uma alteração funcional
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Consiste em condição fisiológica, com grande benigna da mama. Mas, diante do quadro de mas-
influência hormonal (sendo mais frequente na mena- talgia, é importante a caracterização da dor para
cme, principalmente no período pré-menstrual). diagnóstico diferencial.
Consiste em quadro de dor mamária, em geral, É fundamental diferenciar caráter CÍCLICO ou ACÍ-
cíclica, formação de cistos e nódulos benignos. CLICO:
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4.3.3. Exame citológico ou histológico
DIA A DIA MÉDICO
PAAF ou Core biopsy.
Aproximadamente 65-70% das mulheres apresentarão u Punção Aspirativa por Agulha Fina (PAAF):
quadro de mastalgia em alguma fase da vida, sendo uma W Diferencia lesões sólidas das císticas.
queixa extremamente comum no consultório. Vitamina
E apresenta eficácia semelhante à dos placebos nos
W Avaliação da cor do conteúdo.
estudos. W Citologia do aspirado (citologia negativa para
células neoplásicas não exclui câncer e citolo-
gia positiva não exclui a necessidade de bióp-
4.3. NÓDULOS sia com agulha grossa).
W Casos de alta suspeição de lesão maligna não
Nódulo de mama é toda tumoração presente na devem ser avaliados por PAAF devido à baixa
glândula mamária. Pode apresentar conteúdo sólido representatividade da amostra, além de baixa
ou cístico – quando então é mais comumente cha- sensibilidade e especificidade.
mado de cisto. Queixa muito frequente e a maioria
u Biópsia por Agulha Grossa: biópsia de fragmentos
tem causas benignas.
(core biopsy) e biópsia assistida a vácuo:
A avaliação adequada dos nódulos palpáveis, con- W Permite diagnóstico histológico da lesão.
forme recomendação da FEBRASGO, envolve três
W Consegue diferenciar carcinoma in situ do
pilares diagnósticos (tríplice diagnóstico):
invasivo.
u Exame clínico.
W Permite avaliação imuno-histoquímica.
u Exame radiológico.
u Exame cito/histológico.
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Embriologia, desenvolvimento e anatomia mamária e alterações benignas da mama Cap. 17
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das. Provocam dor quando crescem rapidamente. (e nem da introdução) de medicações hormonais no
tamanho dos fibroadenomas. É uma lesão benigna que
u Diagnóstico: Na ultrassonografia se apresentam não requer tratamento, exceto no caso de crescimento
como nódulo delimitado, bordas regulares e con- excessivo, quando o tratamento será cirúrgico. Devem-se
teúdo anecogênico. Não requerem avaliação cito usar outros critérios para escolha de contraceptivos,
ou histológica adicional. independentemente do antecedente de fibroadenomas.
u Tratamento: nenhum. Não requerem tratamento
cirúrgico. Faz-se punção de alívio quando cisto 4.3.4.3. Tumor phyllodes (filoides)
grande associado à dor ou incômodo. O líquido
tem coloração translúcida amarelo citrino e não u Tumor bifásico, assim como fibroadenoma, mas
requer avaliação citológica de rotina. apresenta componente mesenquimal mais hiper-
celular e componente epitelial com arranjos em
4.3.4.2. Fibroadenoma fendas, de aspecto foliáceo.
u Usualmente benignos, mas existem as variantes
u Lesão sólida mais comum da mama, bifásica: tem
borderline e maligna, com comportamento de
componente epitelial e componente mesenquimal.
neoplasias sarcomatosas.
u Quadro clínico: assintomáticos ou nódulos pa- u Lesão sólida com crescimento geralmente ace-
páveis.
lerado. Pode ter tamanho muito aumentado, dis-
W Faixa etária mais comum: mulheres jovens. torcendo a mama.
W Crescimento, em geral, autolimitado (até 2-3 cm). u Quadro clínico: lesões em geral únicas, indolo-
W Involuem na pós-menopausa (hialinização e res, de crescimento rápido, de tamanho variando
calcificação). entre 1 e 20 cm.
u Diagnóstico: na ultrassonografia, se apresentam u Diagnóstico: ultrassonografia com nódulo ar-
como nódulos delimitados, ovais, paralelos à redondado, em geral, com margens definidas,
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u Diagnóstico: ultrassonografia com lesão geral- u Quadro clínico: Hiperemia, calor, edema, sintomas
mente única e mal definida. Mamografia pode
sistêmicos como febre, prostração, hipotensão.
apresentar calcificações típicas. Se quadro muito
Pode estar associada ou não a abscesso.
típico com alterações patognomônicas na mamo-
u Tratamento: antibioticoterapia (cefalexina como
grafia, não é necessária biópsia; caso contrário,
1ª escolha para processos não complicados),
fazer core biopsy.
manter amamentação, esvaziamento mamário
u Tratamento: não requer nenhum. Exérese, se ti-
adequado, correção da pega. Mesmo em caso de
ver impacto estético.
abscesso, a amamentação deve ser continuada.
Reserva-se a suspensão se houver descarga pa-
4.3.4.5. Câncer de mama
pilar de pus (raro). Nos casos de coleção, geral-
Nódulos em geral irregulares, endurecidos, podem mente deve ser drenada cirurgicamente, manten-
estar fixos a planos profundos ou à pele, e causar do o tratamento com antibiótico. Nesses casos,
retrações de pele. Capítulo à parte. ajustar antibioticoterapia ao resultado de cultura.
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inespecíficos. Importante descartar tuberculose Consiste em secreção da papila mamária fora do
como etiologia (quadro clínico e histopatológico ciclo gravídico-puerperal. Também chamado de
semelhante). Tratamento: controverso. Cortico- descarga ou derrame papilar. Apesar de não ser uma
terapia em doses altas ou metotrexate. queixa tão frequente na prática clínica, cai muito
u Mastite tuberculosa: acometimento da tubercu- em prova. Cerca de 90% a 95% tem origem benigna,
lose na mama. Em geral, se manifesta por múl- mas é importante atentar a algumas característi-
tiplos abscessos ou fístulas, de evolução lenta. cas. São características que sugerem benignidade:
Diagnóstico confirmatório com granulomas ca- bilateralidade, fluxo multiductal, coloração leitosa/
seosos na biópsia e presença de bacilo álcool-áci- amarelada/esverdeada, fluxo que aparece à expres-
do resistente no material, mas a sensibilidade de são. São características suspeitas: unilateral, uni-
ambos os testes é baixa. Avaliar outros sítios de ductal, espontâneo, sanguinolento ou transparente
tuberculose. Tratamento com tubercolostáticos. (“água-de-rocha”). Apesar de o fluxo sanguinolento
levantar suspeita, a causa mais comum é o papiloma
u Mastite por sífilis: em geral, testes cutâneos no
intraductal, uma condição benigna.
complexo aréolo-papilar (cancro duro). Diagnós-
tico com teste sorológico e presença do trepo- No exame físico, é importante confirmar os dados
nema no campo escuro. Tratamento com peni- da anamnese quanto à característica do fluxo. A pal-
cilina benzatina. pação e expressão devem ser orientadas no sentido
de localizar o segmento que está dando origem ao
derrame quando for o caso, o chamado ponto de
Exercite os conhecimentos sobre esse assunto na questão
2, ao final do capítulo. gatilho. É importante visualizar o líquido sobre uma
gaze branca.
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Fluxo papilar é um assunto que cai bastante em provas!
Exercite os conhecimentos sobre esse assunto nas ques-
tões 3 a 5 ao final do capítulo.
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Embriologia, desenvolvimento e anatomia mamária e alterações benignas da mama Cap. 17
continua…
+ Comum Colorido
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Livres Pós...
Leitoso
Hiperprolactinemia
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alterações benignas da mama
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continuação…
Descamação pruriginosa
Cíclica Puerperal
bilateral
Fissura mamária +
Bilateral Não...
Ingurgitamento
Tratamento-Corticóide
Difusa Staphylococcus Aureus
Tópico
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2ª fase do ciclo Sinais flogísticos
Orientações Cefalexina
Avaliar diagnósticos
Crônico Recidivante
diferenciais
Clindamicina Diabetes
Tabagismo Obesidade
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Embriologia, desenvolvimento e anatomia mamária e alterações benignas da mama Cap. 17
REFERÊNCIAS
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25(1):168-78.
8. Moreira M, Silva LC, Fagundes DJ. Mastopexy periareolar
with mammary subfascial implantation in the treatment
of the association of mammary hypotrophy and ptosis.
Rev Bras Cir Plást. 2006; 21(3): 149-54.
9. Silva E. Fotos – Síndrome de Polland. Síndrome de Pol-
land. [Internet]; 2011. [acesso em 09/2020]. Disponível
em: http://sindromedepoland.blogspot.com/p/fotos.html.
10. Super material sanar flix – Doenças da mama, página
4 figura 1.
11. Pró E. Anatomia clínica. Buenos Aires: PanAmericana;
2016.
12. Frank H. Netter Atlas de Anatomia Humana. 2. ed. Porto
Alegre: Artmed; 2000.
487
Embriologia, desenvolvimento e anatomia mamária e
alterações benignas da mama
Ginecologia
QUESTÕES COMENTADAS
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ressonância magnética das mamas. (HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE GOIÁS – GO) A mastite pode ter
apresentação na forma aguda ou crônica. A mastite:
⮩ prescrever óleo de prímula e vitamina D, medidas
comprovadamente eficazes ⮦ Aguda é causada por Staphycoccus aureus em
aproximadamente 50% dos casos.
Questão 2 ⮧ Lactacional apresenta alta frequência de asso-
ciação de bactérias e fungos.
(REVALIDA NACIONAL – INEP – 2020) Uma mulher com 25
anos de idade é atendida na Unidade Básica de ⮨ Por fungos está comumente associada a flebite
Saúde após palpar um nódulo em sua mama direi- superficial.
ta. Na avaliação médica, identifica-se um nódulo de ⮩ Crônica, associada ao abscesso retroareolar,
1 cm, no maior diâmetro, móvel, com consistência é a apresentação mais comum da tuberculose
fibroelástica, regular e indolor. Nesse caso, qual mamária.
deve ser a conduta médica inicial?
488
Embriologia, desenvolvimento e anatomia mamária e alterações benignas da mama Cap. 17
(UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE – SE) MAS, 38 anos ⮨ Nada a fazer, não há indicação de punção.
de idade, apresenta fluxo papilar esverdeado, es- ⮩ Indicar controle ultrassonográfico do cisto em 6
pontâneo, multiductal, bilateral. Sem antecedentes meses, devido ao antecedente familiar.
de neoplasia de mama. Exame clínico não revela
nódulos ou espessamentos mamários. Qual é a
Questão 9
conduta mais adequada?
(UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – SP – 2018) Quais
⮦ Realizar citologia do fluxo.
das seguintes medicações são eficazes para o tra-
⮧ Realizar biópsia cirúrgica. tamento da dor mamária?
⮨ Solicitar ultrassonografia.
⮦ Anti-inflamatório não hormonal, diurético e ta-
⮩ Rotina habitual, sem nenhuma investigação adi- moxifeno.
cional.
⮧ Lisurida, piridoxina e isoflavona.
⮨ Danazol, gestrinona e análogo de hormônio libe-
Questão 7 rador de gonadotrofina (GnRH).
(SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DE SÃO PAULO – SP) Mulher de ⮩ Ácido gamalinoleico, cabergolina e antibiótico.
40 anos de idade, nuligesta, queixa-se de saída de ⮪ Progestagênio, vitamina E e bromocriptina.
secreção esbranquiçada pelos mamilos há 1 mês.
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Ao exame, não há nódulos palpáveis na mama e a
Questão 10
expressão mostra saída de líquido branco de vários
ductos, bilateralmente. A mamografia mostra cal- (HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE RP
cificação grosseira no quadrante lateral da mama DA USP – SP – 2018) Mulher de 20 anos de idade, nuli-
esquerda. Nesse caso, gesta, sem doenças conhecidas, relata peso e dor
mamária bilateral em ardor significativos, que atra-
⮦ é fundamental a ultrassonografia complementar
palham suas atividades cotidianas. Esse incômodo
da mama à procura de lesões suspeitas.
localiza-se principalmente nos quadrantes externos
⮧ é indispensável a realização da citologia onco- das mamas e antecede o fluxo menstrual. Nega
lógica do líquido secretado. qualquer outra queixa e história de câncer na famí-
⮨ é necessário realizar biópsia cirúrgica da área lia. O exame clínico das mamas apresenta espes-
de calcificação da mama. samento glandular difuso bilateral. Qual a melhor
⮩ trata-se de possível papiloma intraductal, deven- opção terapêutica para esta paciente?
do-se repetir a mamografia em 6 meses.
⮦ Vitamina E.
⮪ trata-se de galatorreia, devendo-se pesquisar o
⮧ Bromocriptina.
uso de psicotrópicos e dosar prolactina.
⮨ Progestagênio.
⮩ Tamoxifeno.
Questão 8
489
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Questão 12
⮦ Cistoadenoma.
⮧ Carcinoma ductal.
⮨ Fibroadenoma
⮩ Tumor Philloides.
⮪ Esteatonecrose.
Questão 13
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GABARITO E COMENTÁRIOS
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Alternativa B: CORRETA ✔ resposta: D
Alternativa C: INCORRETA. Segundo o Ministério da
Saúde, o rastreamento para câncer de mama é re-
Questão 4 dificuldade:
comendado para mulheres entre 50 e 69 anos com
mamografia numa frequência bienal. Nos casos de Comentário: Questão que aborda diferentes tipos
pacientes de alto risco, considerar rastreamento de mastite.
com RM e mamografia anuais, a partir dos 30 anos Alternativa A: CORRETA. Os patógenos habitualmente
ou 10 anos antes do caso índex. Fatores de alto envolvidos na mastite aguda são: Staphylococcus
risco: parente de 1º grau com CA de mama antes (aureus, epidermidis, albus), Streptococcus (hemo-
dos 50 anos ou CA de mama bilateral em qualquer lítico, não hemolítico) e Escherichia coli, sendo o
idade; história familiar de CA de mama em homem Staphylococcus aureus responsável por cerca de
de qualquer parentesco; história familiar de CA de 50% a 60% dos casos.
ovário em qualquer idade; portadoras de mutação
Alternativa B: INCORRETA. A mastite lactacional tra-
dos genes BRCA, PTEN ou p53.
ta-se de um processo inicialmente inflamatório,
Alternativa D: INCORRETA. Medidas que não possuem que resulta da estase láctea, distensão alveolar e
eficácia comprovada na mastalgia cíclica. obstrução ao fluxo do leite, ou seja, ingurgitamen-
✔ resposta: B to mamário. Posteriormente ocorre proliferação
bacteriana, especialmente na presença de traumas
mamilares, tornando o processo infeccioso.
Questão 2 dificuldade:
Alternativa C: INCORRETA. As infecções fúngicas da
Comentário: Paciente jovem com nódulo mamário. mama, como a candidíase cutânea, provoca uma
Quais as características de benignidade? nódulo alteração na pele pruriginosa e pode ter um odor
móvel, pequeno (1 cm), fibroelástico, forma regular característico. É mais comum em mulheres que
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Embriologia, desenvolvimento e anatomia mamária e
alterações benignas da mama
Ginecologia
são diabéticas, com mamas volumosas e que usam Citologia pouco útil mesmo que o fluxo fosse sus-
medicamentos imunossupressores, não havendo peito.
muita associação à flebite superficial. ✔ resposta: E
Alternativa D: INCORRETA. A mastite crônica é uma
complicação tardia que se instala meses após
episódio de mastite ou abscesso. Apresenta te- Questão 8 dificuldade:
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Alternativa A: INCORRETA. Além de não haver indica- Questão 9 dificuldade:
ção neste caso, é importante lembrar que citologia
do fluxo negativa não exclui neoplasias. Comentário: O tratamento da mastalgia tem como
princípio o menor uso de medicamentos possível.
Alternativa B: INCORRETA. Onde vai biopsiar?
Deve-se esclarecer à paciente que a dor mamária
Alternativa C: INCORRETA. Vide alternativa D. ocorre em menos de 1% dos casos de câncer de
Alternativa D: CORRETA. As características desta mama e a administração de medicamentos res-
descarga são inocentes. Ficaríamos muito mais tringe-se ao necessário. Na dor mamária, os requi-
preocupados com descarga espontânea uniductal sitos para uso de medicamentos são: duração dos
em “água de rocha”. sintomas superior a seis meses, com alteração das
✔ resposta: D atividades diárias e da qualidade de vida. Os trata-
mentos medicamentosos considerados eficazes
para a mastalgia são o tamoxifeno, a gestrinona e
Questão 7 dificuldade: o danazol. O tamoxifeno é o mais eficaz dentre os
tratamentos.
Comentário: A descrição de secreção esbranquiçada
multiductal sugere galactorreia; hiperprolactinemia ✔ resposta: C
pode trazer este quadro. A dopamina inibe produ-
ção de prolactina; psicotrópicos antagonistas do-
Questão 10 dificuldade:
paminérgicos podem retirar este feedback negativo,
elevando os níveis de prolactina. Comentário: Não é comum indicar tratamento me-
Calcificação grosseira é tipicamente benigna, ao dicamentoso em casos de mastalgia; no entanto, a
contrário do que o nome sugere. Vide capítulo de paciente relata prejuízo importante em suas ativida-
radiologia mamária. des cotidianas e, por isso, deve ser tratada. Nesse
492
Embriologia, desenvolvimento e anatomia mamária e alterações benignas da mama Cap. 17
Questão 11 dificuldade:
Questão 12 dificuldade:
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nódulo mais definido e regular; e tumor philloides
cresceria rapidamente.
✔ resposta: E
Questão 13 dificuldade:
493
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494
IMAGENOLOGIA MAMÁRIA Capítulo
E NEOPLASIAS DE MAMA 18
importância/prevalência
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1. C LASSIFICAÇÃO DE BI-RADS SISTEMA BI-RADS – PADRONIZAÇÃO DE EXA-
MES RADIOLÓGICOS DA MAMA PELO AMERI-
CAN COLLEGE OF RADIOLOGY:
A classificação de BI-RADS visa padronizar a inter-
pretação e a descrição do laudo. É um léxico con- • BI-RADS 0: inconclusivo. Conduta: comple‑
sagrado e amplamente utilizado, já está na sua mentar com outro exame ou incidência ou
5ª edição e sua aplicabilidade inspirou, inclusive, magnificação.
a criação de outras classificações radiológicas,
• BI-RADS 1: achados negativos. Conduta: ras‑
como TI-RADS para tireoide, PI-RADS pra próstata,
treamento de rotina.
entre outras.
• BI-RADS 2: achados benignos (ex.: cisto sim‑
Categoriza achados de mamografia, ultrassono-
ples/calcificações grosseiras “em pipoca”/nó‑
grafia e ressonância nuclear magnética, que são
dulo sólido, características benignas). Conduta:
os principais exames imagenológicos de mama.
rastreamento de rotina.
Devem estar presentes no laudo:
• BI-RADS 3: achados provavelmente benignos
u Indicação do exame.
(risco < 2%). Conduta: repetir mamografia em
u Composição da mama. seis meses. Após dois controles semestrais
u Principais achados – é a descrição do exame em si. normais, o seguimento é anual, até completar
u Comparação com exames prévios. três anos.
u Categoria final do exame – aqui entra a classi- • BI-RADS 4: achados suspeitos de malignidade
ficação. (grande variação do grau de suspeita. Pode ser
u Recomendação. subdivida nas categorias 4A, 4B e 4C). Conduta:
biópsia.
495
Imagenologia mamária e neoplasias de mama Ginecologia
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2.2. ULTRASSONOGRAFIA (USG)
lateral oblíqua, podendo ser acrescentadas inci-
dências complementares, conforme achados do Primeira escolha como exame complementar para
exame habitual. nódulos evidenciados em mamografia.
Pode ser: Alta sensibilidade para avaliação de nódulos, prin-
u Diagnóstica: em pacientes com sintomas, para cipalmente na diferenciação entre nódulos císticos
diagnosticar ou complementar diagnóstico. e sólidos.
u De rastreamento: realização periódica para diag- Melhora a acurácia do rastreamento quando asso-
nóstico precoce de câncer de mama ou lesões ciado à mamografia no caso de mulheres com mamas
precursoras ou in situ. densas e risco aumentado para câncer de mama,
mas não é preconizado pelo Ministério da Saúde.
2.1.1. Exemplos de achados mamográficos
suspeitos ou altamente Características suspeitas ao USG: margens irre-
suspeitos (BI-RADS 4 e 5) gulares ou indistintas ou microlobuladas, sombra
acústica, diâmetro anteroposterior maior que late-
u Nódulo ESPICULADO. rolateral (mais “alto” do que “largo”).
u Microcalcificações pleomórficas, segmentares
ou lineares. 2.2.1. Exemplos de achados
ultrassonográficos suspeitos ou
u Assimetria focal em desenvolvimento.
altamente suspeitos (BI-RADS 4 e 5)
2.1.2. Exemplos de achados mamográficos u Nódulo irregular.
provavelmente benignos (BI-RADS 3)
u Cisto com componente solido/vegetação no
u Grupo solitário de microcalcificações puntiformes. interior.
496
Imagenologia mamária e neoplasias de mama Cap. 18
2.2.2. Exemplos de achados second look para avaliar se há correlação com achado
ultrassonográficos provavelmente da RM. A biópsia só é realizada por RM quando não há
benignos (BI-RADS 3) correlação com USG ou MMG, pois é um procedimento
complexo.
u Microcistos agrupados.
u nódulo oval ou macrolobulado.
Exercite seus conhecimentos sobre exames de imagem
2.2.3. Exemplos de achados nas questões 1 a 3.
ultrassonográficos
benignos (BI-RADS 2)
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u Rastreamento de pacientes de alto risco (espe- ladas/fibrosadas e lesões vegetantes intracísti-
cificado em sessão a seguir), associada à MMG. cas, altas taxas de falso-negativo, também pode
u Casos não conclusivos após USG, MMG e exa- apresentar falso-positivo para atipias, necessita
me clínico. de citopatologista experiente.
u Carcinoma oculto (linfonodo comprometido por u Indicada preferencialmente para avaliações de lin-
câncer de mama e lesão original não identificada fonodo e lesões com baixo grau de suspeição de
em MMG e USG). malignidade, esperando-se um resultado benigno.
u Avaliação de resposta à quimioterapia neoad-
juvante. 3.2. CORE BIOPSY
u Suspeita de complicações de implante mamário
(nesse caso, RM sem contraste). u Trata-se de biópsia por agulha grossa que per-
mite análise histológica do espécime retirado.
Contraindicações de RM: marca-passo, clipe em Geralmente guiado por USG ou palpação.
aneurisma cerebral, implante coclear, objeto metá- u Vantagens: diagnóstico histológico da lesão, rara-
lico ferromagnético na córnea, alergia ao gadolínio. mente o material é insuficiente, diferencial entre
carcinoma in situ e invasivo, permite avaliação
imuno-histoquímica.
DIA A DIA MÉDICO
u Desvantagens/limitações: ruim para lesões muito
próximas à parede torácica, lesões profundas em
Na presença de lesões com realce suspeito na RM
mamas muito densas, lesões muito superficiais
(BI-RADS 4 ou 5), deve-se dar preferência para realização
de biópsia guiada por USG; portanto, está indicada USG
e móveis, mamas com fina espessura.
497
Imagenologia mamária e neoplasias de mama Ginecologia
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método de imagem mais simples que identificar
a lesão. Preferência para USG, depois MMG e, se
Fonte: Unifesp.4
não for possível guiar por nenhum dos dois mé-
todos, a RM é a última escolha.
498
Imagenologia mamária e neoplasias de mama Cap. 18
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PROLIFERATIVAS
499
Imagenologia mamária e neoplasias de mama Ginecologia
CÂNCER DE MAMA
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Câncer mais incidente (com exceção do câncer de u Lesões benignas com risco aumentado para cân-
pele não melanoma) e principal causa de morte cer: hiperplasia ductal atípica, hiperplasia lobular
por câncer entre as mulheres. Risco de desenvol- atípica e carcinoma lobular in situ.
vimento de câncer de mama ao longo da vida: 8 a u Carcinoma ductal in situ (CDIS).
12%, dependendo da população estudada.
Fatores de risco (neoplasia hormônio-dependente Obs.: Tabagismo NÃO é fator de risco no CA de
– semelhante ao câncer de endométrio e ovário): mama, diferentemente do de ovário.
u Mulher.
u Idade > 40 anos (PRINCIPAL).
1. D IAGNÓSTICO E CLASSIFICAÇÃO
u História familiar de primeiro grau (pai, mãe, filho
HISTOPATOLÓGICA
e irmão).
u Dieta rica em gorduras.
u Obesidade na pós-menopausa.
BASES DA MEDICINA
u Etilismo.
u Nuliparidade. Na presença de lesões clinicamente suspeitas ou eviden-
u Menacme longo (menarca precoce/menopausa ciadas em exame de rastreamento, procede-se à biópsia
tardia). por agulha grossa para avaliação histopatológica. A clas-
sificação histológica segue os critérios da classificação
u Mutação dos genes BRCA. dos tumores da Organização Mundial da Saúde, que inclui
u Terapia de reposição hormonal combinada. mais de 20 tipos diferentes de carcinoma. O carcinoma
500
Imagenologia mamária e neoplasias de mama Cap. 18
invasivo de tipo não especial ou sem outras especificações O carcinoma mamário invasivo pode ser classificado
(“carcinoma ductal invasivo” na antiga denominação) é em subtipos moleculares intrínsecos através da aná-
o tipo mais frequente, correspondendo a quase 80% dos
lise de expressão de múltiplos genes. Esses subtipos
carcinomas de mama. Dentre os subtipos considerados
“especiais”, está o lobular, que corresponde a cerca de
tendem a apresentar perfis de expressão proteica
15% dos carcinomas, enquanto os demais são menos diferentes entre si; portanto, podemos INFERIR o
frequentes. A maioria dos subtipos especiais tem prognós- subtipo molecular pelo perfil imuno-histoquímico,
tico favorável (ex.: carcinomas de tipo tubular, cribriforme, que é muito utilizado na prática clínica.
mucinoso, medular, adenoide-cístico e secretor), mas há
os que se associam a pior prognóstico, classicamente o Os subtipos são classificados de acordo com o sta-
carcinoma metaplásico e o micropapilar. tus dos receptores de estrogênio (RE), progesterona
(RP), HER2 e Ki-67. Essa informação é relevante para
o planejamento da adjuvância, já que sabemos que
os diferentes perfis apresentam comportamentos
biológicos e prognósticos distintos.
Tabela 1. Associação entre subtipos intrínsecos e perfil imuno-histoquímico segundo critérios de St. Gallen, 2013.
RE +++ ++/+++ — — —
RP + +/– — — —
HER2 — +/– + — —
ki67* < 15 ou < 20%* > 15% ou > 20%* > 20% > 20%
cf 5/6 — — — + +/–
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EGFR — — — + +/–
RE: receptor de estrogênio; RP: receptor de progesterona; ck 5/6: citoqueratinas 5 e 6; EGFR: receptor do fator de crescimento epitelial.
* não há consenso em relação ao ponto de corte para definição entre os tipos luminais. A maior acurácia encontra-se quando o valor de
ki67 é > 30% ou < 10%.
Fonte: Coelho.5
501
Imagenologia mamária e neoplasias de mama Ginecologia
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W
infra ou supraclaviculares; M0 – sem evidência dos dos níveis 1, 2 e 3 de Berg. Preserva o
de metástases à distância. peitoral maior.
u Doença metastática: M1 – com evidência de W Madden (1965): mama, linfonodos dos níveis
metástases à distância. Sítios mais comuns de 1, 2 e 3 de Berg. Preserva o peitoral maior e
metástase: pulmão, fígado e ossos. menor.
Nos casos de tumores iniciais, a pesquisa de metás- u Conservadora (segmentectomia/quadrantectomia):
tase à distância com exames de estadiamento
Pode ser realizada quando a relação do volume
sistêmico só é feita na presença de sintomas. Nos
tumoral com o volume da mama permite a res-
localmente avançados, preconiza-se a solicitação de
secção da lesão com margens livres e resultado
tomografia de tórax, abdômen e cintilografia óssea.
estético satisfatório. Desde que associada à ra-
dioterapia, a cirurgia conservadora (CC) não al-
tera mortalidade e apresenta excelente controle
3. TRATAMENTO
local, sendo o padrão-ouro para tratamento de
câncer de mama inicial.
Para as pacientes em estágios iniciais, classica-
mente inicia-se o tratamento por cirurgia. Atual- 3.2. CIRURGIA DA AXILA
mente, a imuno-histoquímica tem um impacto impor-
tante na decisão do tratamento inicial: os tumores As cadeias linfonodais representam a principal via
triplo-negativos e HER2 superexpressos, mesmo de drenagem linfática dos tumores da mama. Sem-
quando iniciais, são candidatos a quimioterapia pre que o tumor for invasivo, independentemente
neoadjuvante – tratamento preferido, inclusive, na do tamanho, deve-se avaliar cirurgicamente a axila.
maioria dos casos.
502
Imagenologia mamária e neoplasias de mama Cap. 18
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conduta clássica de esvaziamento. Assunto mente nos casos duvidosos e/ou risco intermediário.
pouco provável em uma prova que não seja
de especialista. 3.3.1. Quando realizar QT neoadjuvante
V Biópsia de linfonodo sentinela (BLS) positiva (antes da cirurgia)?
após terapias neoadjuvantes.
Quais os objetivos da QT Neoadjuvante?
V Carcinoma inflamatório.
u Redução do tumor, permitindo cirurgias mais
b) Morbidade: linfedema do membro superior ip-
conservadoras.
silateral, risco de lesão de estruturas nobres,
como o nervo torácico longo (nervo de Bell),
u Avaliação da resposta in vivo: é possível avaliar a
causando a “escápula alada”. sensibilidade do tumor aos agentes quimioterá-
picos utilizados por meio da resposta do tumor.
u Avaliação do prognóstico e terapias adicionais:
3.3. QUIMIOTERAPIA (QT)
tumores que apresentam resposta completa, em
geral, têm melhor prognóstico; tumores que não
Indicação de QT – esquema muito simplificado
tiveram resposta completa frequentemente se
com fins didáticos:
beneficiam de novo tratamento sistêmico após
u Tumores triplo-negativos: praticamente sempre a cirurgia (casos triplo-negativos e HER2).
(exceto tumor muito pequeno).
u Tumores HER2 superexpressos: praticamente Indicações?
sempre (exceto tumor muito pequeno), associa- u Qualquer caso que, pelas características iniciais,
do à terapia-alvo antiHER (trastuzumabe, per- já tenha indicação de quimioterapia pode fazer
tuzumabe etc.). esquema neoadjuvante.
503
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receptor do estrogênio”, promovendo antagonis- (FILOIDE MALIGNO)
mo competitivo nos receptores de estrógeno do
tecido mamário. Habitualmente, utiliza-se por cin- u Tumor bifásico, com componente epitelial benig-
co anos. Há estudos que corroboram estender o no e mesenquimal anômalo.
tempo de tratamento para pacientes de alto risco. u Em geral, lesão única, de crescimento rápido.
O tamoxifeno é a única opção para mulheres na
pré-menopausa sem supressão ovariana.
u Faz parte do espectro dos tumores Phyllodes;
velocidade de crescimento não indica maior ou
DESVANTAGEM? É agonista do estrogênio no
menor suspeita. Phyllodes benigno ou borderline
endométrio, aumentando o risco de CA de endo-
também crescem rapidamente.
métrio. Também aumenta o risco de tromboem-
bolismo venoso.
u Idade média: 40-50 anos.
u Características semelhantes a lesões sarcomato-
u INIBIDORES DE AROMATASE (IA): inibem a con- sas, com potencial de metástase hematogênica.
versão periférica do androgênio em estrogênio u Tratamento: ressecção com margens amplas;
nos tecidos periféricos, que são a fonte principal radioterapia é controversa.
de estrogênios da mulher na pós-menopausa.
Principais exemplos: anastrozol e letrozol. São
4.2. SARCOMAS
contraindicados na pré-menopausa. Quando há
a necessidade de se introduzir em pacientes na
menacme, deve-se suprimir a função ovariana.
u Muito raros.
DESVANTAGEM? Perda de massa óssea. Risco
u Massa de crescimento rápido.
de tromboembolismo arterial. u Segue estadiamento de sarcoma de partes moles.
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Imagenologia mamária e neoplasias de mama Cap. 18
4.3. LINFOMA
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das lesões suspeitas. A avaliação por exames de
imagem mamária é obrigatória, pois é frequen-
te a associação à carcinoma in situ ou invasor.
u Tratamento: classicamente envolve a mastecto-
mia, mas atualmente a cirurgia conservadora, com
retirada do CAP, tem sido considerada adequa-
da para alguns casos, como doença limitada ao
complexo areolopapilar. A cirurgia conservadora
implica indicação de radioterapia adjuvante. As
demais modalidades de tratamento adjuvante
podem ser indicadas, a depender das caracte-
rísticas do tumor adjacente.
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Imagenologia mamária e neoplasias de mama Ginecologia
BI-RADS
0 1 2
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3 4 5 6
Risco de malignidade
Biópsia Biópsia
< 2%
Repetir em
6 meses
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REFERÊNCIAS
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QUESTÕES COMENTADAS
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tar dos achados por outro método de imagem
ou por incidências especiais na mamografia. ⮩ Encaminhar ao centro de referência.
⮩ “Achados benignos”: nenhuma característica
sugestiva de malignidade. Questão 3
⮪ “Altamente sugestivo de malignidade”: a proba-
(UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE – SE) SEM, 58 anos de
bilidade de malignidade é superior à 95%, e a
idade, com quadro de nódulo mamário bem delimi-
indicação é de estudo anatomopatológico.
tado, circunscrito, ovalado, localizado em quadrante
súperolateral da mama esquerda, descoberto em
Questão 2 mamografia de rastreamento. Exame clínico normal.
Pela mamografia, qual a classificação BI-RADS?
(FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP – SP) Mulher,
36a, G3P2C0A1, procura Unidade Básica de Saúde ⮦0
por nódulo indolor em mama direita percebido há ⮧1
quatro meses, retorna com exames solicitados. Re-
⮨2
fere que não menstrua há 3 anos, em uso trimestral
de acetato de medroxiprogesterona de depósito. ⮩3
Antecedentes oncológicos familiares: tia materna
com câncer de mama tratado na pré-menopausa
Questão 4
(viva) e avó paterna com câncer de mama tratado
pós-menopausa (falecida). Mamografia: BIRADS®= (HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FAMEMA) Mulher com 29 anos,
0 e ultrassonografia de mamas: lesão 15 mm hipoe- I gesta I para, procurou a UBS com queixa de nódu-
coide, microlobulada e irregular em mama esquerda, lo na mama esquerda percebido há 9 dias. Encon-
BIRADS®= 4. Exame das mamas: pequeno volume, trava-se muito preocupada, pois sua mãe acabara
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Imagenologia mamária e neoplasias de mama Cap. 18
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Questão 8
neoplasias, realiza mamografias periódicas desde
os 50 anos e busca informações sobre até quando (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – SP) Paciente de 44
deve realizar rastreamento, ou seja, realizar a sua anos de idade, eumenorreica, assintomática, reali-
última mamografia. De acordo com as recomenda- zou mamografia e ultrassonografia de mamas que
ções do Ministério da Saúde, a orientação será de: identificaram cistos simples bilaterais menores que
5 mm e calcificações redondas isoladas bilaterais.
⮦ Fazer rastreamento até os 69 anos de idade. Exame físico normal. Procedeu à mamoplastia re-
⮧ Fazer rastreamento até os 75 anos de idade. dutora (cirurgia estética), cujo resultado patológico
⮨ O Ministério da Saúde não se manifestou sobre identificou, em mama direita, neoplasia lobular in situ
o tema. grau 3, com a margem cirúrgica lateral coincidente.
⮩ Fazer rastreamento até os 79 anos. Dentre as alternativas a seguir, a melhor conduta é:
509
Imagenologia mamária e neoplasias de mama Ginecologia
Questão 9 Questão 11
(FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP – SP – 2018) (FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP – SP) Mulher
Mulher de 72 anos de idade, com adenocarcinoma 58 anos, G2 P2 C0 A0, menopausa aos 49 anos, an-
mamário tipo não especial Ec IIb diagnosticado por tecedente de trombose venosa superficial em mem-
mamotomia, é encaminhada a centro oncológico bro inferior direito na última gestação. Submetida
de serviço universitário para tratamento. Foram a quadrantectomia da mama esquerda com bióp-
solicitados revisão do estudo anatomopatológico e sia de linfonodo sentinela por carcinoma mamário
imuno-histoquímica dos blocos e lâminas da biópsia tipo não especial Ecp IIa, tumor 22 mm e margens
prévia. O principal fator prognóstico independente livres, subtipo luminal B não-Her2. Em regime de
no câncer de mama em suas fases inicias é(são): adjuvância, é CORRETO afirmar:
⮦ As características dos linfonodos axilares após ⮦ A hormonioterapia para este tumor luminal po-
avaliação cirúrgica por biópsia de linfonodo senti- derá ser realizada com tamoxifeno ou com ini-
nela ou por dissecção linfonodal axilar completa. bidores de aromatase.
⮧ O tamanho tumoral (considerar o maior tama- ⮧ Haverá indicação de trastuzumab pela hiperex-
nho observado entre a mamografia e o estudo pressão de Her-2.
anatomopatológico). ⮨ Como se trata de um tumor triplo-negativo, será
⮨ A determinação do Ki-67 por estudo imuno-his- necessário solicitar o estudo genético para mu-
toquímico. tação de BRCA 1 e 2.
⮩ A determinação do HER-2 por hibridização in situ ⮩ A paciente receberá radioterapia, pois fez cirur-
por fluorescência (FISH). gia conservadora.
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Questão 10
510
Imagenologia mamária e neoplasias de mama Cap. 18
GABARITO E COMENTÁRIOS
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Alternativa B: CORRETA.
Alternativa C: INCORRETA. Definição de BI-RADS 0. Comentário: A classificação BI-RADS™ foi desenvolvi-
da para promover uma uniformização dos relatórios
Alternativa D: INCORRETA. Definição de BI-RADS 2.
mamográficos e padronização das condutas diante
Alternativa E: INCORRETA. Definição de BI-RADS 5. dos achados. Alguns achados na mamografia não
✔ resposta: B são completamente esclarecidos só com esse mé-
todo, como é o caso de nódulos, pois nesse exame
não se consegue determinar se são císticos ou só-
Questão 2 dificuldade: lidos. Dessa forma, são classificados na categoria
0, que é indeterminada e necessita de avaliação
Comentário: O modelo BI-RADS permite a padroni-
complementar.
zação dos laudos e a conduta diante dos achados
mamográficos. No caso da questão, a paciente ✔ resposta: A
realizou uma mamografia devido à presença de
um nódulo palpável, que não foi esclarecido pelo
método, tendo sido classificada como BI-RADS 0, Questão 4 dificuldade:
que indica complementação com outro método, ge-
ralmente ultrassonografia. Neste exame, o nódulo Comentário: Paciente jovem, sem fatores de risco
foi classificado na categoria BI-RADS 4, que indica alarmantes, com achado de características be-
uma lesão suspeita para malignidade, sendo reco- nignas, fibroelástico, móvel, indolor à palpação:
mendada a biópsia para análise histopatológica. é fibroadenoma, o tumor mamário mais comum
nesta faixa etária. Não requer nada além de acom-
Alternativa A: INCORRETA. O BI-RADS 4 é uma cate-
panhamento clínico.
goria suspeita para malignidade, devendo-se pros-
seguir a investigação com biópsia. ✔ resposta: A
511
Imagenologia mamária e neoplasias de mama Ginecologia
Comentário: O rastreamento com MMG é bianual a Comentário: Qual o principal fator isolado de mau
partir dos 50 até os 69 anos para mulheres de risco prognóstico no câncer de mama? Linfonodos axi-
habitual para câncer de mama. lares comprometidos.
✔ resposta: A ✔ resposta: A
Comentário: O autoexame das mamas NÃO é méto- Comentário: Lembrar que o câncer de mama é hor-
do de rastreio! Toda a propaganda em torno do Ou- mônio-dependente, quando formos raciocinar sobre
tubro Rosa não visa estimular o autoexame como seus fatores de risco.
método de rastreio (pois é ineficaz) e sim elevar o Alternativa A: INCORRETA. O tecido adiposo é sítio de
awareness sobre a condição. aromatização com aumento de estrógeno circulante.
✔ resposta: A Alternativa B: CORRETA. Tabagismo pode reduzir a per-
fusão ovariana, diminuindo sua produção hormonal.
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situ apresentam-se com formações nodulares; já o
carcinoma ductal infiltrante caracteriza-se por nó- Questão 11 dificuldade:
dulos densos de bordas irregulares na mamografia.
Comentário: Classificação luminal B indica recep-
✔ resposta: B
tores hormonais presentes e não há expressão da
proteína Her2.
Questão 8 dificuldade: Alternativa A: INCORRETA. A paciente já é menopau-
sada.
Comentário: A neoplasia lobular in situ não deve ser
considerada uma neoplasia maligna verdadeira, mas Alternativa B: INCORRETA. O enunciado diz que o tu-
um fator de risco para o desenvolvimento subse- mor é não Her2.
quente de carcinoma ductal ou lobular infiltrantes da Alternativa C: INCORRETA. Luminal B expressa recep-
mama e costuma ser tratada por biópsia excisional tores hormonais, não sendo triplo-negativo.
seguida por acompanhamento rigoroso com exames Alternativa D: CORRETA. Se for realizada qualquer ci-
clínicos da mama e mamografia. Eventualmente, rurgia conservadora (em que sobre tecido mamário),
uma paciente pode realizar mastectomia profilática é mandatória a radioterapia adjuvante.
bilateral ou usar tamoxifeno para quimioprofilaxia.
✔ resposta: D
Assim, dentre as alternativas, como foi colocado
pelo enunciado, a melhor opção realmente seria o
tamoxifeno.
✔ resposta: D
512
Capítulo
INCONTINÊNCIA URINÁRIA
19
importância/prevalência
INCONTINÊNCIA URINÁRIA
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Para a incontinência, muitas vezes, temos um diag-
nóstico clínico, mas os exames complementares 1. A NATOMIA
auxiliam bastante. Além do quadro clínico, é preciso
saber interpretar um estudo urodinâmico.
Incontinência urinária (IU) é definida como qualquer
BASES DA MEDICINA
perda de urina e prejudica grandemente a qualidade
de vida das pessoas, gerando constrangimento,
A bexiga é um órgão muscular oco, que é revestido inter-
limitação da interação social, problemas cutâneos, namente por epitélio transicional denominado urotélio.
internações e distúrbios psicológicos. Deve ser Externamente a ele, encontram-se a lâmina própria, que
ativamente investigada e tratada. na bexiga é uma camada rica em tecido conectivo com
abundância de fibras elásticas, e as camadas muscular
lisa e adventícia. A camada muscular é chamada de mús-
culo detrusor, constituído por fibras, que se organizam
BASES DA MEDICINA na forma de uma malha complexa, conferindo à bexiga
complacência, ou seja, a capacidade de aumentar de
Para entender melhor as incontinências urinárias, preci- volume, sem apresentar aumento de pressão importante
samos recordar a fisiologia da micção e a anatomia do durante o enchimento vesical, mas que também permite
assoalho pélvico que está envolvida nos mecanismos que a contração da bexiga seja harmônica, para o esva-
de continência. ziamento adequado.
513
Incontinência urinária Ginecologia
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u
lisa da bexiga.
lombar da medula, de T10 a L2, e direcionam-se
através da cadeia simpática ao plexo hipogástrico A noradrenalina também ativa receptores alfa-1-adrenér-
gicos no colo vesical e uretra, promovendo contração da
superior (pré-aórtico). A subdivisão caudal desse
musculatura lisa e aumento da resistência uretral.
plexo forma o nervo hipogástrico, que contém
os eferentes pós-ganglionares simpáticos para Os neurônios somáticos partem de S2 a S4, formam os
nervos pudendos, de controle voluntário, liberam ace-
a bexiga e a uretra.
tilcolina, que age sobre receptores nicotínicos na mus-
u Parassimpáticas: originam-se de neurônios loca- culatura estriada da uretra, principalmente no seu terço
lizados nos segmentos S2 a S4 da medula, sendo médio, contribuindo com aumento da resistência uretral.
conduzidas através de fibras pré-ganglionares pelo Enquanto ocorre o enchimento vesical, os neurônios
parassimpáticos estão inibidos.
nervo pélvico até os gânglios no plexo pélvico.
Este localiza-se lateralmente ao reto e dá origem
às fibras parassimpáticas pós-ganglionares, que
2.2. MICÇÃO
se dirigem à bexiga.
u Somáticas: originam-se no núcleo de Onuf, loca-
lizado no corno anterior de um ou mais segmen- BASES DA MEDICINA
tos da medula espinhal sacral (S2-S4) e inervam
o esfíncter uretral através dos nervos pudendos,
No momento da micção, após o relaxamento esfincteriano
sem conexão com gânglios periféricos. uretral, os neurônios parassimpáticos são estimulados e
liberam acetilcolina na placa neuromuscular das fibras
Sobre as vias aferentes, estas partem de receptores do músculo detrusor, provocando sua contração através
na bexiga e na uretra, dirigem-se ao plexo pélvico, dos receptores muscarínicos M2 e M3 (o M2 ocorre em
maior número, mas a ação é predominante através do M3).
514
Incontinência urinária Cap. 19
3. M ECANISMOS DA DICA
Nas questões que envolvem fístulas
CONTINÊNCIA URINÁRIA urinárias, sempre há o antecedente de algu-
ma cirurgia prévia como a histerectomia.
BASES DA MEDICINA
As perdas uretrais são divididas em dois tipos prin-
À medida que a bexiga enche, as fibras aferentes paras- cipais: Incontinência urinária de esforço (IUE) e
simpáticas levam impulsos por vias dos nervos pélvicos Incontinência urinária de urgência (IUU), mas podem
até as raízes sacrais S2-S4, chegando ao centro da micção ocorrer simultaneamente, quando chamamos de
sacral. Aqui, os impulsos sobem e são enviados até a Incontinência urinária mista.
ponte, onde existem áreas capazes de inibir ou excitar o
centro da micção sacral. Durante as primeiras fases do
enchimento da bexiga, a contração do detrusor é inibida
pela descida de impulsos inibitórios até o centro sacral. 5. I NCONTINÊNCIA URINÁRIA
Quando ocorre o aumento do volume, a descarga dos
DE ESFORÇO
receptores da parede da bexiga aumenta, transmitindo
seus impulsos ao córtex cerebral, de modo que o desejo
seja percebido conscientemente. Assim, o córtex é tam-
Também chamada de incontinência urinária de
bém incluído na inibição do detrusor. estresse, genuína ou anatômica. Sua definição é
muito simples: extravasamento de urina precipitado
Além disso, a eferência simpática por meio dos nervos
hipogástricos, T10-L2, reduz a contratilidade da bexiga
por esforço, que pode ser desde um espirro até um
e aumenta a pressão uretral. A contração voluntária dos exercício físico.
músculos do assoalho pélvico associa-se a esse meca-
Afeta de 4% a 35% da população feminina e costuma
nismo retentor.
ocorrer em mulheres mais jovens, entre 45 e 50
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Quando a decisão de urinar é tomada, impulsos eferentes anos, quando comparado à incontinência urinária
descendentes são liberados, causando inibição do nervo
de urgência.
pudendo, de modo que o assoalho pélvico e o esfíncter
externo relaxem. Esse relaxamento provoca a inibição É dividida de acordo com suas etiologias em IUE
dos impulsos simpáticos, permitindo a contração do por hipermobilidade do colo vesical e por deficiência
detrusor (reduz o estímulo beta-adrenérgico) e diminuindo
esfincteriana intrínseca.
a pressão de fechamento do colo da bexiga e da uretra
(encerra o estímulo alfa-adrenérgico). Imediatamente, o
córtex e o centro pontino estimulam o centro sacral e,
por meio da ação dos nervos parassimpáticos eferentes BASES DA MEDICINA
(S2 a S4), provocam a contração do detrusor. A pressão
vesical supera a uretral e a micção é realizada.
Há estruturas anatômicas da pelve que apoiam o colo
vesical e uretral e, assim, auxiliam na continência urinária:
W Ligamentos pubouretrais;
4. E TIOLOGIA W Vagina e sua fáscia lateral;
W Arco tendinoso da fáscia pélvica;
As perdas urinárias podem ocorrer via uretral ou W Músculos levantadores do ânus.
extrauretral, sendo as primeiras muito mais fre-
quentes.
As perdas extrauretrais ocorrem por fístulas uriná- Durante os momentos em que há aumento da pres-
rias; por exemplo, vesicovaginais, ureterovaginais são intra-abdominal, como tosse, espirro, atividade
e uretrovaginais. física, além dos mecanismos de continência já
515
Incontinência urinária Ginecologia
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cedida de sensação de forte desejo de urinar, com quantidade. Pela clínica, pacientes que apresentam
necessidade de esvaziar a bexiga imediatamente perda urinária apenas aos grandes esforços, como
no momento da urgência. correr, saltar, levantar peso ou até ao tossir e espirrar
(que cursam com aumento abrupto e importante
A principal causa é a Síndrome da Bexiga Hiperativa, da pressão intra-abdominal), costumam ter como
caracterizada pelos sintomas de urgência urinária etiologia a hipermobilidade do colo vesical. Enquanto
com ou sem incontinência de urgência, geralmente isso, pacientes com perdas aos mínimos esforços,
acompanhada de aumento na frequência miccional como mudar de decúbito, tendem a ter deficiência
e noctúria, sem causa local ou metabólica. Outras esfincteriana intrínseca.
causas são a baixa complacência, atonia, a bexiga
neurogênica e a polaciúria associada a quadros
de cistite.
516
Incontinência urinária Cap. 19
Quadro 1. Classificação.
Classificação
Ausência de Inatividade do
Noctúria
urgência miccional músculo detrusor
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Perda urinária
Perda urinária de
precedida de
pouca quantidade
urgência miccional
Ausência de
perda urinária
durante o esforço
517
Incontinência urinária Ginecologia
Além disso, deve ser realizado exame neuro-uroló- de desconfortável para a paciente, apresenta
gico básico, que inclui avaliação da sensibilidade grande variação inter e intraobservador, apesar
perineal e anal, do reflexo bulbocavernoso e do tônus de ser um teste classicamente usado em provas.
do esfíncter anal, que nos permite ter uma ideia da
integridade das vias neurológicas responsáveis
pela inervação dos órgãos e do assoalho pélvicos. DIA A DIA MÉDICO
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no suporte anatômico da uretra. Esse teste tem
preferencialmente por 48h-72h e é tão importante no
caído em desuso na prática clínica, pois, além
diagnóstico quanto no seguimento das pacientes.
Fonte: shorturl.at/vyN17.
518
Incontinência urinária Cap. 19
Quadro 2. Diagnóstico.
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Anamnese Exame Físico
Diagnóstico
BASES DA MEDICINA
O estudo urodinâmico contém 3 etapas: W Um fluxo em curva tipo sino é considerado normal,
já picos intermitentes ou ausência de pico podem
W Fluxometria: paciente urina espontaneamente, sem
representar alguma obstrução.
uso de sonda. É a medida do fluxo urinário expressa
em mL/s. Possibilita a construção de gráficos que
retratam o ato miccional da paciente.
519
Incontinência urinária Ginecologia
Após urinar espontaneamente, a paciente é sondada V perda urinária logo após o esforço, volumosa e
com dificuldade de parar a perda.
para avaliação do resíduo miccional e cistometria.
u Cistometria: paciente é sondada via vesical e via
retal/vaginal. Dessa maneira, são avaliadas a Na urodinâmica é possível diferenciar a hipermobi-
pressão intra-abdominal e a pressão intravesical lidade do colo vesical da deficiência esfincteriana
durante o enchimento vesical. intrínseca. Quando a paciente só apresenta perdas
W A pressão do detrusor é calculada como a dife- urinárias após atingir níveis de pressão abdominal
rença entre a pressão intravesical e a pressão acima de 90 cmH2O, o mecanismo etiológico mais
abdominal (avaliada pela sonda retal/vaginal): provável da IUE é a hipermobilidade do colo vesical;
Pdetrusor = Pvesical – Pabdominal se as perdas acontecem com níveis de pressão
menores que 60 cmH2O, o mecanismo mais pro-
É infundido soro fisiológico, preferencialmente vável é a deficiência esfincteriana. Perdas urinárias
aquecido e em velocidade de 20-30 mL/min, até com valores entre 60 e 90 cmH2O não permitem
200-250 mL, quando se solicita que a paciente faça um diagnóstico de certeza e o tratamento deve ser
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manobra de Valsalva e tussa, para avaliar perda baseado nas queixas clínicas da paciente.
urinária e as pressões em que ocorreram. Caso
No estudo urodinâmico, também podem ser vis-
não haja perda nesse momento, o enchimento é
tas contrações involuntárias do músculo detrusor
retomado até a capacidade cistométrica máxima
(antigamente chamadas de não inibidas) na fase
(momento em que a paciente refere forte desejo de
de cistometria (enchimento). A presença dessas
urinar) e as manobras provocativas são repetidas.
contrações chama-se hiperatividade do detrusor e
Nessa fase, o normal é que não sejam observadas pode ajudar no diagnóstico da Síndrome da bexiga
contrações vesicais ou perdas urinárias. hiperativa, que é clínico. A hiperatividade do detru-
u Estudo miccional: nesse momento, permitimos sor pode estar presente em mulheres sem queixas
que a paciente inicie a micção e é possível avaliar compatíveis com incontinência urinária de urgência
a fase de esvaziamento vesical e contratilidade e as contrações involuntárias podem acontecer caso
do músculo detrusor. o soro infundido na bexiga durante o exame esteja
frio ou a velocidade de infusão seja alta.
A urodinâmica é mais utilizada em pacientes com
DIA A DIA MÉDICO
incontinência urinária mista; em pacientes que
não conseguem caracterizar as perdas, mesmo
O estudo urodinâmico é útil para avaliação do esvazia- com diário miccional; em pacientes que estão em
mento vesical, bem como da pressão de perda e da pre-
programação de cirurgia para incontinência de
sença de contrações involuntárias. Não é recomendado
como avaliação inicial, mas tem indicação em casos de esforço; em pacientes com suspeita de disfunção
incontinência urinária de esforço complicada, que, por miccional; ou nas que não responderam ao tra-
definição, acontece em pacientes com: tamento habitual. Não deve ser solicitada como
W cirurgia prévia para incontinência.
investigação inicial.
520
Incontinência urinária Cap. 19
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u
evitar que a bexiga atinja volume muito grande e noradrenalina. Seu uso está contraindicado de-
de urina, propiciando perdas por esforço. vido ao risco de suicídio.
u Estrogenioterapia tópica para pacientes pós ou u Alfa-agonistas adrenérgicos (fenilpropanolamina):
perimenopausa, com sinais e sintomas de hi- aumentam o risco de AVC; por isso, obviamente,
poestrogenismo. estão contraindicados.
u Pessários: aumentam o suporte uretral e são
particularmente úteis em incontinência desenca- O tratamento cirúrgico está indicado para todas
deada por atividades específicas, como exercício as pacientes que não respondem ao tratamento
físico. Não devem ser prescritos para qualquer conservador.
paciente com incontinência urinária. Diversas já foram as abordagens para esse tipo de
problema e todas buscam reajustar o colo vesical
à posição anatômica, aumentando a sustentação
DIA A DIA MÉDICO da transição uretrovesical.
A maioria das pacientes tem alguma consciência corporal 9.1.1. Slings de uretra média
sobre a musculatura do assoalho pélvico, então muitas
são capazes de realizar exercícios de Kegel, caso recebam Abordagem padrão-ouro, pois apresenta grande efi-
orientação. Para orientá-las, peça para imaginarem que cácia, entre 80% e 90% de sucesso, com morbidade
estão tentando evitar a perda de gases e urina ao mesmo baixa e baixo risco de disfunção de esvaziamento
tempo, mantendo a musculatura interna da coxa, do
vesical. Consiste na passagem de faixas de tela
abdome e dos glúteos relaxada. A paciente deve tentar
fazer contrações rápidas da musculatura do assoalho inabsorvível (polipropileno) sob a uretra média,
pélvico com duração de, no máximo, 10 segundos, com colocadas sem tensão. Existem duas técnicas para
8-12 contrações, repetindo a série 3 vezes ao dia. realizar esse procedimento:
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Incontinência urinária Ginecologia
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Figura 3. SLING TVT x TVTO.
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Incontinência urinária Cap. 19
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Fonte: Bayrak.3
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Incontinência urinária Ginecologia
Figura 6. Figura A: Cirurgia de Burch. Legenda: Cooper’s (Pectineal) Ligament (Ligamento Pectíneo
Cooper), Pubic Symphysis (Sínfise Púbica), Bladder Neck (Colo Vesical), Bladder (Bexiga), Uterus
(Útero); Figura B: Sling Pubovaginal (Sling Fáscia Retoabdominal) Legenda: Rectus Abdominus
Muscle (Músculo Retoabdominal), Sling Rectus Sheath (Sling Fáscia Retoabdominal).
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Fonte: Norton.5
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Incontinência urinária Cap. 19
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u Modificações de estilo de vida: perda de peso
em pacientes com sobrepeso ou obesidade;
Fonte: IUGA.6
cessação de tabagismo e mudanças dietéticas:
diminuição de ingesta hídrica 2 horas antes de
dormir (para diminuição da noctúria), redução
u Tratamento Medicamentoso: A principal classe
de alimentos ricos em cafeína (café, chá verde, de medicamentos utilizados são os anticolinérgi-
chá preto), redução de alimentos ácidos (frutas cos (antimuscarínicos), mas recentemente estão
ácidas, tomate, molho de tomate, vinagre), redu- também disponíveis agonistas β3-adrenérgicos.
ção de alimentos condimentados (pimentas) e W Anticolinérgicos: exemplos são a oxibutinina,
de bebidas carbonatadas e alcoólicas. tolterodina, darifenacina e solifenacina. Todos
Os alimentos citados são considerados irritantes esses são igualmente eficazes no tratamento
vesicais e podem aumentar o número de contra- da bexiga hiperativa. No entanto, a inibição de
ções involuntárias do detrusor. receptores muscarínicos não está limitada à
bexiga, o que faz com que os efeitos colaterais
u Fisioterapia: também auxilia o tratamento da be- sejam o principal fator limitante desses méto-
xiga hiperativa e todas as pacientes deveriam ser dos (boca seca e constipação, por exemplo).
encaminhadas após o diagnóstico, juntamente Quanto menos específicos para os receptores
às orientações de mudança do estilo de vida. vesicais (como a oxibutinina), maiores os efei-
Podem ser realizados treinamento vesical, exer- tos colaterais. Deve-se prestar atenção tam-
cícios do assoalho pélvico, uso de cones vaginais bém a contraindicações, como glaucoma de
e eletroestimulação. ângulo estreito e bloqueios cardíacos. São o
tratamento medicamentoso de primeira linha.
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Incontinência urinária Ginecologia
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gem vesical de alívio.
526
Incontinência urinária Cap. 19
Quadro 3. Tratamento.
Tratamento
Abordar queixas
Evitar líquidos que mais
Fisioterapia do irritantes vesicais incomodam
Terapia cirúrgica o paciente
assoalho pélvico
Fármacos
Terapia com Sling de uretra anticolinérgicos
biofeedback média
Toxina botulínica
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Uretropexia
Exercícios de Kegel
retropúbica
Estimulação
elétrico dos
músculos
elevadores do ânus
527
Incontinência urinária Ginecologia
Incontinência urinária
+ Comuns: Medidas
Polaciúria vesico-vaginal e Idade > 40 anos
comportamentais
uretero-vaginal
Fisioterapia do
Nictúria Complicacoes de Gestações e partos
assoalho pélvico
procedimentos
(ex.: histerectomia)
Bexiga Hiperativa é
Obesidade Cirurgia
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diagnóstico clínico
Constipação
Tratamento Clínico
Perdas às manobras
Mudanças de esforço (tosse/
comportamentais espirro; risada)
Deficiência de
Fisioterapia Diagnóstico
esfíncter
Agonista B3
Estudo urodinâmico VLPP > 90 cm H2O
adrenérgico
Hipermobilidade
do colo vesical
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Incontinência urinária Cap. 19
REFERÊNCIAS
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Incontinência urinária Ginecologia
QUESTÕES COMENTADAS
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⮪ Síndrome da bexiga hiperativa. da micção, quando sente a bexiga cheia, e inabili-
dade de cessá-la, com perda irregular de grande ou
pequena quantidade de urina. O estudo urodinâmico
Questão 2 demonstrou contrações involuntárias da muscula-
tura detrusora, durante a fase de enchimento. Qual
(UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ – PI – 2018) Paciente a provável classificação da incontinência urinária?
de 56 anos de idade busca atendimento médico
queixando-se de perda urinária aos pequenos es- ⮦ De esforço.
forços, como andar, correr, tossir, espirrar, além de ⮧ De urgência.
urgeincontinência. Relata seis partos normais e ter
⮨ Por desvio.
sido submetida à perineoplastia em 2 ocasiões. Ao
exame físico, apresentou perda urinária visível à ⮩ Por transbordamento.
manobra de Valsalva, vagina atrófica e ausência de ⮪ Funcional secundária.
distopias. Urocultura negativa. Estudo urodinâmico
revelou incontinência urinária mista, com pressão de
Questão 4
perda urinária de 45 cm3 de H2O. Assinale a melhor
alternativa terapêutica para esta paciente: (CENTRO MÉDICO DE CAMPINAS – SP – 2015) Paciente de
78 anos de idade relata perda de urina ao tossir e
⮦ Tratamento clínico com promestrieno tópico e bola na vagina há 10 anos, que estão piorando pro-
anticolinérgicos. gressivamente. Ao exame ginecológico, observa-se
⮧ Tratamento clínico com anticolinérgicos e pro- prolapso uterovaginal estágio 3. Não foi observada
mestrieno tópico, seguido de tratamento cirúrgico perda de urina. Para avaliação da queixa urinária,
com perineoplastia (técnica de Kelly-Kennedy). indica-se:
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Incontinência urinária Cap. 19
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Questão 6
drome da bexiga hiperativa.
(UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS – 2018) Pa-
⮩ Fibromialgia, doença inflamatória intestinal e
ciente de 53 anos de idade, obesa e portadora de
infecção do trato urinário inferior.
diabetes mellitus, queixa-se de perda urinária, qua-
tro a cinco vezes por dia, geralmente após tossir,
espirrar ou levantar peso. Relata também alguns Questão 8
episódios de urgência miccional. Ao exame físico,
foram identificadas perda urinária à manobra de (HOSPITAL DAS CLÍNICAS DO PARANÁ – PR – 2017) Paciente
Valsalva e ausência de distopia genital. Pressão com 60 anos de idade vai à consulta no ambulató-
arterial (PA) de 130 × 90 mmHg, frequência cardía- rio de ginecologia e relata perda urinária ao tossir;
ca (FC) de 92 bpm, glicemia capilar de 188. Possui a perda é em pequena quantidade. Gesta 4, para 4.
urocultura negativa realizada há 1 mês. Nesse caso, A última menstruação foi há 10 anos. Histerectomia
qual o diagnóstico mais provável e o exame mais há 5 anos. Não utilizou terapia na pós-menopausa.
indicado para elucidação diagnóstica? Urina parcial e urocultura sem alterações. Estudo
urodinâmico evidencia incontinência urinária ao es-
⮦ Incontinência urinária mista e estudo urodinâ- forço. Exame ginecológico mostrou cistocele grau
mico. I e retocele grau II. Pela manobra de Valsalva, foi
⮧ Infecção urinária e urocultura. constatada pequena perda de urina. Com base no
exposto, qual a melhor conduta?
⮨ Incontinência urinária mista e urocultura.
⮩ Infecção urinária e cistoscopia. ⮦ Estrogênio 1 mg/dia por via oral.
⮪ Incontinência urinária de esforço genuína e es- ⮧ Oxibutinina 5 mg ao dia.
tudo urodinâmico. ⮨ Injeção periuretral de colágeno.
531
Incontinência urinária Ginecologia
⮦ Dissinergia detrusor-esfíncter.
⮧ Deficiência do esfíncter uretral.
⮨ Bexiga neurogênica.
⮦ Drogas anticolinérgicas.
⮩ Hipermobilidade do colo vesical.
⮧ Sling retropúbico.
⮨ Sling transobturador.
Questão 10
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⮩ Drogas alfa-adrenérgicas.
(UNIEVANGÉLICA DE ANÁPOLIS – 2018) Paciente de 52 anos ⮪ Drogas colinérgicas.
de idade, GIII PNIII, com perda de urina aos míni-
mos esforços, nega sintomas de urgência e noc-
túria. Realizou estudo urodinâmico apresentando Questão 12
pressão de perda de 50 mmHg, sem contrações
involuntárias. A melhor opção de tratamento para (SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO – SP – 2020) Uma
essa paciente é a indicação de: paciente de 45 anos de ida⁄de queixa-se de urgên-
cia miccional, associada à incontinência urinária e
⮦ Cirurgia de sling. à noctúria, com episódios esporádicos de enurese
⮧ Uso de oxibutinina. noturna. Nega disúria, polaciúria ou sensação de
esvaziamento incompleto. Realizou estudo urodinâ-
⮨ Cirurgia de Marshall-Marchetti-Krantz.
mico, que revelou pressão de perda de 140 mmHg e
⮩ Uso de toxina botulínica em músculo detrusor. presença de contrações involuntárias do detrusor.
Com base nesse caso hipotético, assinale a alter-
Questão 11 nativa que apresenta o diagnóstico mais provável.
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Incontinência urinária Cap. 19
GABARITO E COMENTÁRIOS
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Questão 3 dificuldade:
estudo urodinâmico.
Comentário: Paciente com quadro clássico de incon-
Alternativa A: INCORRETA. Apenas o uso de estro-
tinência de Urgência. Atenção que o Diagnóstico de
gênio tópico e de anticolinérgicos não trataria a
bexiga hiperativa é clínico! Não precisaríamos do
incontinência urinária de esforço (IUE) por defeito
estudo urodinâmico.
esfincteriano intrínseco (pressão de perda menor
que 60 cmH2O) da paciente. Alternativa A: INCORRETA. Na incontinência urinária
de esforço (IUE), não há contrações involuntárias
Alternativa B: INCORRETA. A colporrafia anterior (ou
do músculo detrusor, mas pressão de perda maior
cirurgia de Kelly-Kennedy) apresenta alta taxa de
que 90 cmH2O, caso seja IUE por hipermobilidade
recidiva (em torno de 40%) e, por isso, vem sendo
do colo vesical, ou menor que 60 cmH2O, se por
cada vez menos utilizada.
defeito esfincteriano intrínseco.
Alternativa C: CORRETA. Nesse caso, a melhor con-
Alternativa B: CORRETA. Paciente com queixa de perda
duta é o tratamento clínico, inicialmente. A primeira
urinária involuntária e quadro de urgeincontinência.
conduta são as medidas gerais para o componente
Ao estudo urodinâmico, evidenciaram-se contrações
hiperativo (redução de peso, redução da ingesta hí-
involuntárias da musculatura detrusora. Com esses
drica, redução do consumo de cafeína, suspensão
dados, já se pode suspeitar de incontinência uriná-
do tabagismo, melhora da função intestinal) asso-
ria (IU) de urgência (sinônimo: bexiga hiperativa).
ciadas ao tratamento farmacológico para a mes-
ma patologia (anticolinérgicos) e, como a paciente Alternativa C: INCORRETA. Não há essa classificação
apresenta atrofia vaginal, é necessária a reposição para as IU.
estrogênica tópica (promestrieno), pois aumenta- Alternativa D: INCORRETA. A incontinência urinária
rá o fluxo sanguíneo uretral e a sensibilidade dos por transbordamento acontece quando a pres-
receptores alfa-adrenérgicos, elevando, assim, a são intravesical excede a pressão uretral, estando,
coaptação uretral e a pressão de fechamento da portanto, associada à distensão com ausência de
533
Incontinência urinária Ginecologia
Questão 7 dificuldade:
Comentário: Antes do estudo urodinâmico para ava-
liação de incontinência urinária, é ideal a redução Comentário: O aluno deve prestar atenção ao anun-
do prolapso, uma vez que um prolapso importante ciado e analisar por partes.
representa uma pressão externa sobre a uretra e Alternativa A: INCORRETA. Para confirmarmos o diag-
isso pode mascarar a perda urinária. Logo, a conduta nóstico de síndrome do intestino irritável, de acordo
seria a utilização do pessário antes da cistometria. com o critério de Roma IV, deve haver dor abdominal
Nessa questão, a paciente relata perda urinária de relacionada com 2 dos critérios citados (dor relacio-
esforço e o estudo urodinâmico, com avaliação da nada com defecação, mudança na frequência das
cistometria, é necessário para descartar hipótese fezes e na forma), o que a paciente não apresenta.
de síndrome da bexiga hiperativa.
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Alternativa B: CORRETA. Constipação crônica é de-
Alternativa A: CORRETA. A conduta é reduzir o pro- finida quando a paciente apresenta fezes duras,
lapso antes do exame. fragmentadas ou ressecadas e/ou evacuações ≥
Alternativa B: INCORRETA. A USG não será um exame há três dias com dor ou desconforto, ou seja, a pa-
útil para fazer essa avaliação. ciente apresenta; cistite intersticial é compatível,
pois a paciente apresenta dor pélvica que piora
Alternativa C: INCORRETA. A posição ortostática pio- com o enchimento da bexiga, sintomas de urgência
ra o prolapso e pode mascarar ainda mais a perda e apresenta também síndrome miofascial, a qual
urinária. é caracterizada por dor à palpação do músculo,
Alternativa D: INCORRETA. Avalia a mobilidade do colo com nódulo ou ponto de gatilho, relacionada com
vesical e isso não ajudará nessa situação. estresse excessivo sobre a musculatura, condicio-
namento físico inadequado, postura inadequada,
✔ resposta: A entre outros sintomas.
Alternativa C: INCORRETA. Lembrar que a dismenor-
Questão 5 dificuldade: reia da endometriose é secundária e a dispareunia
é profunda e não superficial.
Comentário: Após histerectomias abdominais, uma Alternativa D: INCORRETA. Na doença inflamatória
complicação importante é formação de fistulas uri- intestinal, a paciente só apresenta a dor e não ou-
nárias! A diminuição de micção espontânea pode tros sinais ou sintomas, como fezes com sangue ou
significar fistula vesicovaginal (perda contínua sem muco, perda de peso, fraqueza, não sendo, assim,
o esfíncter interposto). suficiente para o diagnóstico.
✔ resposta: E ✔ resposta: B
534
Incontinência urinária Cap. 19
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Questão 12 dificuldade:
saber que a pressão de perda < 60 cmH2O caracteriza
um defeito esfincteriano intrínseco e > 90 cmH2O Comentário: Paciente com quadro clássico de incon-
caracteriza uma hipermobilidade do colo vesical; tinência de Urgência. Atenção que o Diagnóstico de
logo, respondemos à questão. bexiga hiperativa é clínico! Não precisaríamos do
estudo urodinâmico.
Alternativa A: INCORRETA. Mais comum em doenças
de cunho neurológico, como esclerose múltipla e Alternativa A: CORRETA. A presença de contrações
traumatismos raquimedulares. não inibidas da musculatura detrusora vesical, as-
sociada a queixas de urgência, sugere a hipótese
Alternativa B: INCORRETA. Não há deficiência do
de bexiga hiperativa, cujo tratamento se dá com
esfíncter da uretra, pois a pressão de perda é de
fármacos anticolinérgicos.
100 cmH2O.
Alternativa B: INCORRETA. Não há histórico de mal-
Alternativa C: INCORRETA. Não se trata de bexiga
formações ou lesões medulares para embasar este
neurogênica.
diagnóstico.
Alternativa D: CORRETA. No estudo urodinâmico,
Alternativa C: INCORRETA. Haveria quadro de perda
apresenta pressão de perda > 90 cmH 2O, o que
aos esforços, sem contrações não inibidas!
caracteriza uma hipermobilidade do colo vesical.
Alternativa D: INCORRETA. Vide alternativa C.
✔ resposta: D
✔ resposta: A
Questão 10 dificuldade:
535
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536
Capítulo
PROLAPSO DE ÓRGÃOS PÉLVICOS
20
importância/prevalência
u Realmente, não é um dos temas mais simples em Ginecologia. Mas ainda bem que também não cai tanto
em provas.
u Importante lembrar dos fatores de risco (e saber que são praticamente os mesmos da Incontinência
Urinária de Esforço).
u O que torna ainda mais difícil é o tão temido POP-Q. Lembre-se do # e faça sempre a correlação com a
imagem da anatomia.
u Sobre tratamento, lembrar do tratamento clínico e dos cirúrgicos (principalmente os reconstrutivos).
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O Prolapso de Órgão Pélvico (POP) é um descenso posterior do colo uterino até o sacro.
do útero e/ou diferentes compartimentos vaginais
W Ligamentos cardinais: estendem-se da porção lateral
e órgãos adjacentes, como bexiga, reto e intestino. do colo uterino até a parede pélvica.
Os tipos mais comuns de POPs são: prolapso de
W Septo vesicovaginal: localizado entre parede vaginal
compartimento anterior, compartimento posterior
anterior e bexiga, ancorada superiormente ao arco
e compartimento apical. A nomenclatura retocele, tendíneo.
cistocele e enterocele está em desuso.
W Septo retovaginal: localizado entre a parede vaginal
posterior e a parede do reto, desde o corpo perineal
até ligamentos uterossacros.
2. A NATOMIA DO
W Anel pericervical: localizado ao redor do colo uterino,
ASSOALHO PÉLVICO servindo de ancoragem para as estruturas supraci-
tadas.
W Arco tendíneo: é um espessamento da fáscia do
BASES DA MEDICINA músculo obturador interno e prolonga-se das espi-
nhas isquiáticas até a face posterior do ramo púbico
ipsilateral. É desse arco que se origina o complexo
O suporte dos órgãos pélvicos depende do diafragma elevador do ânus.
pélvico, formado pelo músculo elevador do ânus (ramos
iliococcígeo, puborretal e pubococcígeo) e músculo coc- W Diafragma urogenital: também chamado espaço peri-
cígeo, e da fáscia endopélvica, e suas relações com neal profundo, é formado pelo músculo transverso
a pelve óssea. A fáscia endopélvica apresenta alguns profundo do períneo.
537
Prolapso de órgãos pélvicos Ginecologia
Fonte: UPTODATE.1
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A inervação na pelve deriva de segmentos espinhais e paredes pélvicas laterais. Defeito no nível
de S2, S3 e S4 que, após se unirem perifericamente, 1 (ou defeito apical) contribui para prolapso
formam o nervo pudendo. Este inerva o esfíncter uterino ou de cúpula vaginal.
anal externo, enquanto os diafragmas pélvico e W Nível 2: Arco tendíneo da fáscia endopélvica no
urogenital são inervados por ramos diretos de S2, terço médio da vagina, dividindo-se em septo
S3 e S4. vesicovaginal e retovaginal. Defeito no nível
2 contribui para prolapso de compartimento
u Níveis de Sustentação de Delancey anterior e posterior (porção vaginal média).
Suporte vaginal em três níveis subdivididos di- W Nível 3: O corpo perineal, a membrana peri-
daticamente, e unidos pela fáscia endopélvica. neal e os músculos transversos superficial e
São eles: profundo do períneo unem-se para dar supor-
W Nível 1: Ligamentos cardinais e uterossacros, te ao terço distal da vagina. Defeito no nível
conhecidos como paramétrios, que dão a sus- 3 contribui para prolapso do compartimento
tentação do útero e ápice da vagina até o sacro posterior distal (retocele) e descenso perineal.
538
Prolapso de órgãos pélvicos Cap. 20
Fonte: UPTODATE.1
O prolapso de órgãos pélvicos afeta milhões de u Obesidade: mulheres com sobrepeso ou obesas
mulheres, porém a prevalência exata é difícil de têm maior risco (40 a 50%) de desenvolver POP,
determinar, por diferença quanto à definição e por quando comparadas às de peso normal.
muitas mulheres apresentarem o POP, mas serem u Histerectomia: a relação de risco é controversa,
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assintomáticas, o que faz a procura por atendimento dependendo da abordagem cirúrgica, da idade
médico não ser regular. Apesar disso, a prevalência da paciente, da existência ou não de prolapso
de POP aumenta conforme o avanço da idade. no momento da cirurgia. Alguns procedimentos
A etiologia do prolapso de órgãos pélvicos é multi- de suspensão podem desviar a parede vaginal
fatorial, podendo se desenvolver ao longo de anos. anterior, alterando a distribuição de força no res-
Existem alguns fatores predisponentes para POP tante da parede vaginal, podendo ocorrer enterro
já estudados: ou retocele.
u Paridade: o aumento do risco está relacionado ao u Raça e etnia: mulheres latinas e brancas têm
aumento da paridade, possivelmente por lesões risco 4 a 5 vezes maior do que afro-americanas.
no músculo levantador do ânus ou nervos locais u Aumento da pressão intra-abdominal: cronica-
(principalmente o nervo pudendo), durante o parto. mente, desempenha um papel importante na
u Outros fatores relacionados ao parto: alto peso patogênese do POP; ocorre em situações como
do bebê ao nascer; período expulsivo prolonga- constipação crônica, tosse crônica (DPOC) e le-
do; uso de fórceps; e idade materna menor que vantamento repetitivo de peso.
25 anos no primeiro parto. u Doença do tecido conectivo: mulheres com dis-
u Idade avançada: a cada 10 anos adicionais de túrbios do tecido conectivo apresentam redução
idade, o risco de prolapso aumenta em 40%; pro- relativa no colágeno denso e organizado, contri-
vavelmente está associado a processos fisioló- buindo para o enfraquecimento da força de ten-
gicos do envelhecimento, com perda do tônus e são da parede vaginal. São exemplos de doenças
função da musculatura esquelética. Isso leva a do colágeno: Sd. Ehlers-Danlos, extrofia vesical,
alterações no músculo levantador do ânus, con- hipermobilidade articular
tribuindo para a insuficiência no suporte dos u História familiar: aumenta em 2,5 vezes o risco
órgãos pélvicos. de acometimento.
539
Prolapso de órgãos pélvicos Ginecologia
Lesões no m.
Controversa
levantador do ânus
Fatores
predisponentes
História familiar Idade avançada
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Aumento da Doença do tecido A cada 10 anos,
pressão abdominal conectivo + 40% de risco
Constipação
crônica, DPOC,
levantamento de peso
540
Prolapso de órgãos pélvicos Cap. 20
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aplicar pressão na vagina para conseguir evacuar ria de –3 cm a +3 cm.
completamente. Os sintomas defecatórios não u Ba: Ponto de maior prolapso na parede vaginal
apresentam relação clara com a severidade do anterior. Na ausência de prolapso, encontra-se
prolapso, dependendo, portanto, de outros fatores. em –3 cm, e coincide com o ponto Aa.
u Função sexual em pacientes com POP: A função u Ap: está também localizado três centímetros
sexual tende a piorar de acordo com a severidade para dentro do hímen na linha média, mas na
do prolapso. Os principais domínios afetados são parede posterior da vagina. Sua posição varia
excitação, dor e orgasmo. Muitas pacientes evi- de –3 cm a +3 cm.
tam relações sexuais por medo do desconforto
u Bp: Ponto de maior prolapso na parede vaginal
e constrangimento, principalmente se o prolapso
posterior, como o ponto Ba. Quando não há pro-
está associado à incontinência urinária ou fecal
lapso, está em –3 cm e coincide com o ponto Ap.
durante a atividade sexual.
u C: Ponto mais proeminente do colo uterino (em
pacientes histerectomizadas, corresponde ao
DIA A DIA MÉDICO ponto mais proeminente da cúpula vaginal).
u D: Ponto do fundo de saco posterior (esse pon-
Os fatores de risco de POP são basicamente os mesmos to desaparece em pacientes sem colo uterino).
de incontinência urinária de esforço; por isso, a asso- u Hg (Hiato genital): Distância, em centímetros,
ciação tão comum entre os dois, apesar de poderem se
entre meato uretral externo e carúncula hime-
apresentar separadamente.
nal posterior.
u Pb (Corpo perineal): Distância, em centímetros,
entre carúncula himenal posterior e o centro do
ânus.
541
Prolapso de órgãos pélvicos Ginecologia
u TVL (Comprimento vaginal total): Distância, em W Imagine, para os pontos A, tanto anterior quanto pos-
centímetros, entre carúncula himenal e fundo de terior, que desenhamos um ponto com uma caneta na
mucosa vaginal, distando 3 cm da carúncula himenal.
saco posterior com prolapso reduzido (ou cúpula
Durante a valsalva, medimos o deslocamento desses
vaginal em pacientes histerectomizadas). pontos, que podem ir de –3 cm até +3 cm.
As medidas podem ser realizadas com espátula W Os pontos Ba e Bp são o máximo prolapso das paredes
anterior e posterior, e suas maiores medidas corres-
de madeira graduada em centímetros ou até com
pondem ao comprimento vaginal total.
histerômetro. Todas as medidas dinâmicas que
estiverem para dentro da carúncula himenal são
consideradas negativas, enquanto as medidas que A tabela com as medidas do POP-Q corresponde
se exteriorizam são positivas. à uma visão anatômica. Por isso, as medidas ante-
riores ficam na linha de cima, as posteriores na de
baixo e as medidas apicais (C e D) ficam à direita.
DIA A DIA MÉDICO
Figura 3. POP-Q.
Vamos padronizar o exame físico no POP?
W Começamos pela inspeção estática, com a paciente
em posição ginecológica. Devemos observar o trofismo
das mucosas e a presença de ulcerações, caso o pro-
lapso ultrapasse o hímen. Então, podemos provocar
os reflexos anocutâneo e bulbocavernoso.
W Depois, partimos para a inspeção dinâmica, com
a manobra de Valsalva, para visualização do grau
máximo de prolapso. Nesse momento, podemos per-
guntar à paciente se aquele é o máximo que o prolapso
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se desloca no seu cotidiano, pois, como a descida do
prolapso é dinâmica e piora com a gravidade, pode
não ser completamente observado com a paciente
deitada ou nas consultas matinais. Algumas vezes,
podemos observar o prolapso com a paciente em pé.
W Em seguida, reduzimos o prolapso e começamos as
medidas para o POP-Q. É mais fácil fazer as medidas Parede anterior Parede anterior Cervix
estáticas primeiro, ou seja, medir o hiato genital e o Aa Ba C
corpo perineal. Em seguida, introduzir o espéculo e
medir o comprimento vaginal total. Lembre-se de que Comp. vaginal
Hiato genital Corpo perineal
o ponto 0 é o hímen. total
HG CP
CVT
W Então, com a espátula encostada no colo, pedimos
para a paciente realizar manobra de valsalva, e vamos Parede posterior Parede posterior Fornix posterior
retirando o espéculo vagarosamente (manter o espé- Ap Bp D
culo impede a descida do prolapso), e assim medimos
o ponto C. Repetimos essa manobra, com a espátula Fonte: Acervo do autor.
no fundo de saco, para medir o ponto D.
W Para pacientes com histerectomia prévia, não há o Depois das medidas do POP-Q, ainda devemos
ponto D; então, medimos o ponto C, que corresponde realizar o exame de toque vaginal bimanual, como
à cúpula vaginal. de costume no exame ginecológico geral.
W Depois, desarticulamos o espéculo, para que esse Por último, avaliamos o tônus e a força da muscula-
fique com uma lâmina única, assim conseguimos
tura do assoalho pélvico, colocando o dedo indicador
afastar apenas uma das paredes vaginais e observar
o prolapso da outra, durante a Valsalva.
1 a 3 cm do hímen e pedindo que a paciente faça
542
Prolapso de órgãos pélvicos Cap. 20
força para contrair a vagina, e palpamos o corpo Para pacientes sintomáticas que não desejem ou
perineal, observando sua integridade. não possam ser submetidas a tratamento cirúrgico,
o uso de pessários revelou grande melhora. O pessá-
Quanto à classificação do prolapso, foram definidos
rio é um dispositivo de silicone colocado dentro da
estádios. Cada compartimento (anterior, posterior
vagina, com o objetivo de aumentar o suporte dos
ou apical) pode apresentar estádios diferentes de
órgãos pélvicos. Há diversos modelos e tamanhos
prolapso na mesma paciente. Considera-se o com-
de pessários, sendo os mais utilizados no Brasil: em
partimento de maior estádio para classificação do
anel, anel com membrana e donut.
prolapso. Abaixo estão os estádios de POPs:
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5. TRATAMENTO DOS PROLAPSOS
543
Prolapso de órgãos pélvicos Ginecologia
Fonte: IUGA.4
Mulheres com atrofia vaginal devem ser tratadas
antes ou concomitantemente ao início do uso do
pessário. Pode-se utilizar creme de estrogênio, apli- 5.4. RECONSTRUTIVOS
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cado todas as noites, durante 2 semanas; depois,
2 vezes por semana.
Dependem muito da localização do defeito que
levou ao prolapso, pois têm o objetivo de restaurar
5.2. T
RATAMENTO CIRÚRGICO a anatomia e são realizados com maior frequência.
Podem ser feitos por via vaginal ou abdominal e
O tratamento cirúrgico depende do tipo do prolapso minimamente invasiva.
e pode ser dividido em procedimentos obliterativos u Prolapso apical: para fixação do ápice há diversas
e reconstrutivos. técnicas possíveis, com ou sem histerectomia:
W Sacrocolpopexia ou sacrocervicopexia: téc-
5.3. OBLITERATIVOS nica que fixa o ápice (vagina ou colo uterino,
após histerectomia subtotal) ao sacro, com
Incluem a colpocleise de Lefort e a colpocleise tela inabsorvível de polipropileno. Pode ser
completa. Ambas consistem na remoção do epi- realizada por laparotomia ou laparoscopia e
télio vaginal, sutura das paredes vaginais anterior é o padrão-ouro para fixação do ápice.
544
Prolapso de órgãos pélvicos Cap. 20
Fonte: IUGA.5
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Figura 8. Ligamento sacroespinhal.
545
Prolapso de órgãos pélvicos Ginecologia
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546
Prolapso de órgãos pélvicos Cap. 20
Pessários: base do
tratamento clínico
Expectante Clínico
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Tratamento
Cirúrgico
Objetivo: restaurar
Compromete a vida sexual
a anatomia
Realizada com
Maior taxa de sucesso
maior frequência
547
Prolapso de órgãos pélvicos Ginecologia
Obesidade Sintomáticas
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Mudança de
Reconstrutiva
estilo de vida
Fisioterapia do Obliterativo –
assoalho pélvico Colpocleise
Pessário
548
Prolapso de órgãos pélvicos Cap. 20
REFERÊNCIAS
1. Uptodate
2. Hoffman BL, Schorge JO, Schaffer JI, Bradshaw KD,
Cunningham FG. Ginecologia de Williams. 2. ed. AMGH.
São Paulo: ARTMED; 2014.
3. IUGA. Vaginal Pessary por Pelvic Organ Prolapse. IUGA
leaflets – Your Pelvic Floor. [Internet]. [acesso em 09/2020].
Disponível: https://www.yourpelvicfloor.org/conditions/
vaginal-pessary-for-pelvic-organ-prolapse/.
4. IUGA. Colpocleisis. IUGA leaflets – Your Pelvic Floor.
[Internet]. [acesso em 09/2020]. Disponível: https://www.
yourpelvicfloor.org/conditions/colpocleisis/.
5. IUGA. Sacrocolpopexy. IUGA leaflets – Your Pelvic Floor.
[Internet]. [acesso em 09/2020]. Disponível: https://www.
yourpelvicfloor.org/conditions/sacrocolpopexy/.
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549
Prolapso de órgãos pélvicos Ginecologia
QUESTÕES COMENTADAS
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⮩ obesidade, hipertensão arterial e recém-nasci- ⮪ Colporrafia anterior + colpoperineoplastia.
dos com mais de 4 kg
⮪ lúpus eritematoso, multiparidade e diabetes Questão 4
550
Prolapso de órgãos pélvicos Cap. 20
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–3 –3 –9
⮩ Teste do cotonete para pesquisa de uretra rígida. 5 4 10
–1 +1 –10
Questão 6
(CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIRG – 2015) Paciente de 40 De acordo com a avaliação do POP-Q, qual o esta-
anos de idade, assintomática, procura atendimento diamento dessa paciente?
ginecológico de rotina. Ao exame físico, pela mano- ⮦ PPA E I
bra de Valsalva, observa-se pequeno prolapso das
⮧ PPP E III
paredes vaginais anterior e posterior. Nesse caso:
⮨ PPP E II
⮦ O acompanhamento clínico é a melhor opção.
⮩ PPA E IV
⮧ O estudo urodinâmico é obrigatório.
⮪ PPP E I
⮨ A cirurgia de sling e a perineoplastia posterior
são indicadas.
⮩ A perineoplastia posterior é a opção indicada. Questão 9
551
Prolapso de órgãos pélvicos Ginecologia
Questão 10
–3 –3 –2
4 3 10
–3 –3 –8
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⮧ Prolapso de parede posterior estádio III
⮨ Prolapso apical estádio II
⮩ Prolapso anterior e posterior estádio II
⮪ Hipertrofia de colo uterino ⮦ Músculo pubococcígeo.
⮧ Músculo transverso superficial do períneo.
⮨ Músculo isquiocavernoso.
⮩ Músculo esfíncter anal externo.
552
Prolapso de órgãos pélvicos Cap. 20
GABARITO E COMENTÁRIOS
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Alternativa B: CORRETA. Comentário: Paciente com quadro de infecção uri-
Alternativa C: INCORRETA. Diabetes e ELA não são nária de esforço. O tratamento de escolha é o sling
fatores de risco. de uretra média, pois tem menores morbidade ci-
rúrgica e índice de complicações pós-operatórias.
Alternativa D: INCORRETA.
Nesse caso, a cistocele e a retocele não requerem
Alternativa E: INCORRETA. Lúpus e diabetes não são tratamento cirúrgico, pois não são graves.
fatores de risco.
✔ resposta: D
✔ resposta: B
Questão 4 dificuldade:
Questão 2 dificuldade:
Comentário: Não se assuste com questão sobre pro-
Comentário: UNIFESP/ EPM adora questões de Uro- lapso uterino. Paciente de 53 anos com queixa de
ginecologia (incontinência e prolapso). Aqui foi bem “bexiga caída”, além de incontinência urinária (IU)
direta: queria saber qual procedimento NÂO reali- aos esforços. LETRA NEGATIVA = dentro da vagi-
zamos para o tratamento do prolapso. na; POSITIVA = além do HÍMEN; ZERO = no nível do
Alternativa A: CORRETA. A colpossuspensão retro- HÍMEN. A questão mostra um POP-Q em que a pa-
púbica inclui tanto a cirurgia de Burch como a de ciente apresenta prolapso de parede vaginal anterior
Marshall-Marchetti-Krantz (que já não é realizada). (Aa = +1; Ba = +2) estágio III, além de prolapso de
Principalmente a primeira era utilizada para corre- parede vaginal posterior (Ap = – 2; Bp = 0), estágio
ção de incontinência urinária de esforço (IUE) por 2. Note que não há prolapso uterino, uma vez que o
hipermobilidade do colo vesical, quando a perda ponto C (colo do útero ou cúpula) está no ponto –
urinária demonstrada no estudo urodinâmico era 6 (alternativas B e D estão incorretas). Além disso,
acima de 90 cmH2O. Portanto, ela não é indicada não há alongamento hipertrófico de colo do útero,
553
Prolapso de órgãos pélvicos Ginecologia
já que a diferença entre o ponto D (fundo de saco Alternativa B: INCORRETA. Indicado para avaliação da
de Douglas) e o ponto C é de apenas 2 cm, e não incontinência urinária, e não das distopias genitais.
> 4 cm. Em relação à IU, a questão informou que Alternativa C: INCORRETA. A cirurgia de sling é pre-
é de esforço, nos restando saber se por “hipermo- conizada para incontinência urinária, e não para
bilidade vesical” ou por “defeito esfincteriano da distopia genital.
uretra”. No caso das IUE, quando na cistometria,
Alternativa D: INCORRETA. O prolapso em questão
a “pressão de perda uretral” (PPU) é causada por
não tem indicação cirúrgica.
pequenos esforços, < 60 cmH2O, dizemos que é
por defeito esfincteriano intrínseco (DEI). Quando ✔ resposta: A
ocorre por grandes esforços, > 90 cmH2O, é por hi-
permobilidade do colo vesical (HV) e significa que
Questão 7 dificuldade:
o esfíncter está íntegro.
✔ resposta: E Comentário: O prolapso genital dessa paciente está
acima de +1, portanto, é definido como estágio III,
e a cirurgia indicada é a histerectomia vaginal com
Questão 5 dificuldade: correção sítio-específica do prolapso.
Comentário: Antes do estudo urodinâmico para ava- ✔ resposta: B
liação de incontinência urinária, é ideal a redução
do prolapso, uma vez que um prolapso importante
Questão 8 dificuldade:
representa uma pressão externa sobre a uretra e
isso pode mascarar a perda urinária. Logo, a conduta Comentário: Vamos avaliar cada parede! Parede an-
seria a utilização do pessário antes da cistometria. terior: Aa = – 3 e Ba = – 3 (ou seja, não há prolapso
Nessa questão, a paciente relata perda urinária de de parede anterior). Parede posterior: Ba = – 1, Bp =
esforço, e o estudo urodinâmico, com avaliação da
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= +1 (ou seja, há avanço aos esforços). O colo está
cistometria, é necessário para descartar hipótese em – 9, sem prolapso, tendo em vista o comprimen-
de síndrome da bexiga hiperativa. to vaginal total de 10 cm. Prolapsos entre – 1 e +1
Alternativa A: CORRETA. A conduta é reduzir o pro- classificam-se como de estádio II. Temos então um
lapso antes do exame. prolapso de parede posterior estádio II.
Alternativa B: INCORRETA. A USG não será um exame ✔ resposta: C
útil para fazer essa avaliação.
Alternativa C: INCORRETA. A posição ortostática pio-
Questão 9 dificuldade:
ra o prolapso e pode mascarar ainda mais a perda
urinária. Comentário: Questão direta e bastante abordada nas
Alternativa D: INCORRETA. Avalia a mobilidade do colo provas de residência! O músculo elevador do ânus
vesical, e isso não ajudará nessa situação. é composto por 3 partes: músculos puborretal, pu-
bococcígeo e iliococcígeo.
✔ resposta: A
✔ resposta: A
Questão 6 dificuldade:
Questão 10 dificuldade:
Comentário: Em mulheres assintomáticas com pro-
lapso vaginal discreto, a melhor conduta será o Comentário: Muitas vezes esquecemos que dá para
acompanhamento clínico. A questão descreve um estimar o tamanho do colo uterino subtraindo C de
prolapso pequeno, que foi um achado no exame D no POP-Q!
físico de mulher assintomática; logo, não há indi- Alternativa A: INCORRETA. A parede anterior não
cação cirúrgica de imediato. possui prolapso algum, estando Ba em – 3, em seu
Alternativa A: CORRETA. devido lugar.
554
Prolapso de órgãos pélvicos Cap. 20
Questão 11 dificuldade:
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vico, sendo responsável pelo fechamento da uretra,
vagina e ânus. Esse músculo fecha a porção mais
estirada do levantador do ânus no parto vaginal
normal e, por esse motivo, apresenta maior risco
de ser danificado durante o segundo estágio do tra-
balho de parto. Na correção da rotura perineal, ele
é, portanto, o músculo que sempre está envolvido.
Alternativa B: INCORRETA. O músculo transverso su-
perficial do períneo não está sempre envolvido na
cirurgia de correção da rotura perineal.
Alternativa C: INCORRETA. O músculo isquiocavernoso
não está sempre envolvido na cirurgia de correção
da rotura perineal.
Alternativa D: INCORRETA. O músculo esfíncter anel
externo não está sempre envolvido na cirurgia de
correção da rotura perineal.
✔ resposta: A
555
Fixe seus conhecimentos!
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556
VIOLÊNCIA SEXUAL E Capítulo
ABORTAMENTO LEGAL 21
importância/prevalência
u Tema que todo médico deve saber. Além disso, vem ganhando cada vez mais importância nas últimas provas.
u Como existem protocolos governamentais que devem ser seguidos, torna-se mais fácil a aplicação do
tema em questões.
u Lembrar da abordagem multidisciplinar.
u Para a prova, focar-se em acolhimento, notificação compulsória, profilaxia de ISTs virais e não virais,
hepatite B e tétano, contracepção de emergência e avaliação de lesões que precisem ser tratadas, além
do acompanhamento psicológico.
u Saber também as situações em que o abortamento é previsto em lei.
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VIOLÊNCIA SEXUAL
557
Violência sexual e abortamento legal Ginecologia
serviços demanda um ambiente acolhedor e de respeito a paciente deve ser orientada sobre o encaminha-
à diversidade, livres de quaisquer julgamentos morais. mento às unidades de referência.
Isso presume receber as vítimas e escutá-las, com res-
peito e solidariedade, buscando formas de compreender Uma mudança ocorreu através da PORTARIA Nº
suas demandas e expectativas. Durante o acolhimento, 2.561, DE 23 DE SETEMBRO DE 2020, que dispõe
deve-se informar a vítima, sempre que possível, sobre sobre o Procedimento de Justificação e Autorização
tudo o que será realizado em cada etapa do atendimento
da Interrupção da Gravidez nos casos previstos
e a importância de cada medida. Sua autonomia deve
ser respeitada, acatando-se a eventual recusa de algum em lei, no âmbito do Sistema Único de Saúde-SUS.
procedimento. Deve-se também oferecer atendimento
Segue o que se diz no artigo 7º:
psicológico e medidas de fortalecimento, a fim de ajudar
no enfrentamento dos conflitos e problemas intrínsecos Art. 7º Em razão da Lei nº 13.718, de 24 de
à situação vivida. setembro de 2018, que alterou o artigo 225
do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro
de 1940 (Código Penal), para tornar pública
DIA A DIA MÉDICO incondicionada a natureza da ação penal
dos crimes contra a liberdade sexual e dos
Vale ressaltar que qualquer suspeita ou confirmação de crimes sexuais contra vulnerável, o médico
violência sexual é de notificação compulsória pela equipe e os demais profissionais de saúde ou res-
de atendimento através do Sistema de Informação de ponsáveis pelo estabelecimento de saúde
Agravos de Notificação (SINAN) e deve ser realizada nas
que acolherem a paciente dos casos em que
primeiras 24 horas. A notificação imediata visa agilizar
o atendimento à pessoa que foi vítima, seu acesso à houver indícios ou confirmação do crime
contracepção de emergência e às medidas profiláticas de estupro, deverão observar as seguintes
de doenças sexualmente transmissíveis, além de fins medidas:
epidemiológicos. Isso não significa que há uma quebra
I – Comunicar o fato à autoridade policial
de sigilo médico e nem que deve ser feito um boletim de
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ocorrência. responsável;
II – Preservar possíveis evidências mate-
riais do crime de estupro a serem entregues
imediatamente à autoridade policial ou aos
BASES DA MEDICINA
peritos oficiais, tais como fragmentos de
embrião ou feto com vistas à realização de
Essa ficha deve ser utilizada para a notificação compulsó-
confrontos genéticos que poderão levar à
ria de qualquer caso suspeito ou confirmado de violência
doméstica, sexual e/ou outras violências contra mulheres, identificação do respectivo autor do crime,
independentemente da faixa etária, de acordo com Lei nº nos termos da Lei Federal nº 12.654, de 2012.
10.778/2003, o Decreto-Lei nº 5.099/2004 e a Portaria
MS/GM nº 2.406/2004 Mas atente-se de que não diz que o boletim de ocor-
rência é obrigatório para o atendimento à vítima.
E não deixa claro como o fato deve ser comunicado
DIA A DIA MÉDICO
à autoridade policial.
Se a vítima for menor de idade, o Conselho Tutelar
Todo caso de violência sexual deve ser notificado? Sim. (ou a Vara da Infância e Juventude) deve ser comu-
nicado(a).
A realização do Boletim de Ocorrência pela vítima é Nos casos de violência contra pessoas idosas, é
uma possibilidade, porém não uma obrigatoriedade. obrigatório comunicar a quaisquer dos seguintes
No entanto, o atendimento à vítima de violência órgãos: autoridade policial, Ministério Público, Con-
sexual deve seguir adiante independentemente selho Municipal, Estadual ou Nacional do Idoso (Lei
da realização do BO. Após o atendimento inicial, nº 10.741/2003).
558
Violência sexual e abortamento legal Cap. 21
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2) tipo (s) de violência sexual sofrido (s)
3) forma (s) de constrangimento utilizada (s) O exame físico deve ser precedido da explicação à
vítima sobre a necessidade de sua realização, sobre
5) órgão que realizou o encaminhamento
os locais do corpo a serem tocados, esclarecendo os
Providências instituídas
procedimentos que serão realizados e os materiais
Verificar eventuais medidas prévias: que serão coletados. Havendo recusa, a decisão
1) atendimento de emergência em outro serviço de saúde e autonomia da pessoa devem ser respeitadas.
e medidas realizadas O exame deverá ser realizado pelo médico com a
2) realização de Boletim de Ocorrência Policial presença de outro profissional de saúde, também
habilitado, para o atendimento integral às pessoas
3) realização do exame pericial de Corpo de Delito e
Conjunção Carnal
em situação de violência sexual.
559
Violência sexual e abortamento legal Ginecologia
Tabela 2.
Equimose, escoriação e
Orelhas
edema traumático
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escoriação, edema traumático e fraturas
* A existência dessas lesões não caracteriza por si a violência sexual, uma vez que podem ser resultante de prática
sexual consentida.
A coleta de material biológico (vestígios) é extrema- A coleta deve ser realizada o mais rapidamente
mente importante para a identificação do agressor possível a partir do momento da agressão sexual.
por meio de exames de DNA. A pessoa em situação A possibilidade de se coletarem vestígios biológicos,
de violência, ou seu familiar ou responsável legal, em quantidade e qualidade suficientes, diminui com
quando for o caso, deverá consentir e assinar um o passar do tempo, reduzindo significativamente
termo de consentimento informado antes da coleta. após 72 horas da agressão.
560
Violência sexual e abortamento legal Cap. 21
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u
tável, sem a presença de materiais lubrificantes.
A coleta deverá ser realizada utilizando-se, pelo relato de luta corporal entre a vítima e o agres-
menos, quatro swabs esterilizados. Se possível, sor, deverá ser coletado material subungueal dos
os swabs deverão ser passados simultaneamen- dedos da vítima a fim de se buscar detectar ma-
te, de dois em dois, lado a lado, a fim de que as terial biológico do agressor. A coleta deverá ser
amostras tenham maior similaridade entre si. Os realizada utilizando-se, pelo menos, dois swabs
swabs deverão ser numerados pela ordem de esterilizados. Para facilitar o procedimento, ume-
coleta, sendo que o 1º e o 2º deverão ser desti- decer levemente os swabs com água destilada e,
nados para exame de DNA e o 3º e o 4º deverão em seguida, proceder à coleta, passando o swab
ser destinados para teste de triagem para a de- na região subungueal de cada dedo. Deve-se
tecção de sêmen e pesquisa de espermatozoides. utilizar um swab para cada mão, com respecti-
va identificação de mão direita e esquerda. Em
u Secreção anal: A coleta de secreção anal pode
caso de utilização de mais de um swab por mão,
ser feita tanto em posição genopeitoral quanto
numerar os swabs por ordem de coleta.
ginecológica. Deve-se atentar para a possibili-
dade de haver secreção não apenas na região
u Cabelo e pelo: Se durante o exame físico for
anal, mas também na região perianal e no perí- constatada a presença de cabelos e/ou pelos,
neo. Para a coleta de material da cavidade anal, com características diferentes às da vítima, o
deve-se introduzir um ou, se possível, dois swabs médico deverá coletá-los com a utilização de
umedecidos com soro fisiológico 0,9%, por vez, pinça esterilizada.
no canal anal, preferencialmente em movimen- u Vestes e objetos com possível presença de sê-
tos rotatórios. Os swabs deverão ser numera- men e/ou fluidos biológicos: Se for constatada,
dos pela ordem de coleta, sendo que o 1º e o 2º ou houver relato de presença de sêmen e/ou ou-
deverão ser destinados para exame de DNA e o tros fluídos biológicos com vestes e/ou objetos
3º e o 4º deverão ser destinados para teste de trazidos pela vítima, estes deverão ser coletados.
561
Violência sexual e abortamento legal Ginecologia
u Células de mucosa oral: O material coletado da itens coletados em lista pormenorizada nos prontuários
mucosa oral da vítima servirá como padrão ge- ou registros médicos dos pacientes, bem como detalhes
de quando, para quem e como o material foi transferido.
nético de comparação com o vestígio encontra-
do no seu corpo. A coleta deverá ser realizada
utilizando-se, pelo menos, dois swabs esteriliza-
dos, de haste longa e flexível. O procedimento DIA A DIA MÉDICO
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grantes da equipe de saúde que tiveram contato com o
material coletado. Já a profilaxia para a hepatite B deve ser adminis-
trada idealmente nas primeiras 48 horas, embora
O armazenamento dos swabs deverá ser sob congela-
a imunoglobulina possa ser aplicada até 14 dias
mento, em embalagens plásticas apropriadas às condições
de temperatura e umidade que impeçam extravasamen-
após a agressão.
tos. Caso não seja possível o congelamento imediato, o Por fim, a contracepção de emergência está indicada
armazenamento deverá ser feito sob refrigeração (média
até cinco dias após o ato de violência (quanto mais
de 4º C) por, no máximo, 48 horas, e, após esse período,
deverão ser congelados. precoce, maior a eficiência – idealmente deve ser
administrada antes de 72 horas).
O armazenamento do material coletado exige mecanismos
de segurança, como controle rigoroso do acesso à sala A decisão da vítima deverá sempre ser respeitada!
de armazenamento, que deverá ser mantida trancada.
Ainda é importante garantir que todos os materiais sejam
embalados e que estejam seguros e à prova de adultera-
ção. Apenas pessoal autorizado deve ser encarregado do 3. PROFILAXIA DAS ISTS
material. Como ainda não existem normas legais para o
prazo de descarte do material, recomenda-se seu arma-
zenamento por tempo indeterminado até que o descarte
possa ser feito mediante autorização judicial. BASES DA MEDICINA
562
Violência sexual e abortamento legal Cap. 21
Posologia
IST Medicação Adultos e adolescentes com mais Crianças e adolescentes
de 45 kg, incluindo gestantes com menos de 45 kg
Penicilina G 2,4 milhões UI, IM (1,2 milhão UI 50 mil UI/kg, IM, dose única (dose
Sífilis
benzatina em cada glúteo), dose única máxima total: 2,4 milhões UI)
Gonorreia Ceftriaxona 500 mg, 1 ampola, IM, dose única 125 mg, IM, dose única
Infecção por 500 mg, 2 comprimidos, VO, 20 mg/kg peso, VO, dose única
Azitromicina
clamídia dose única (dose total 1 g) (dose máxima total 1 g)
15 mg/kg/dia, divididos em
500 mg, 4 comprimidos, VO,
Tricomoníase Metronidazol* 3 doses/dia, por 7 dias (dose
dose única (dose total 2 g)
diária máxima 2 g)
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prescrição de contracepção de emergência e de
Via de
profilaxia antirretroviral. Imunobiológico
administração
Posologia
563
Violência sexual e abortamento legal Ginecologia
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Não está recomendada a profilaxia para o HIV no caso de o uso de dois comprimidos, via oral, em dose única.
violência sexual em que a mulher, a criança ou a adoles- Nas apresentações de um comprimido de 1,5 mg de
cente apresente exposição crônica e repetida ao mesmo levonorgestrel, recomenda-se o uso de um compri-
agressor devido à possibilidade de a contaminação já ter mido, via oral, em dose única. É importante salientar
ocorrido no passado. Entretanto, é importante interromper que a AE deve ser realizada o quanto antes, dentro
o ciclo de violência. Nestes casos, independentemente da
de um limite de cinco dias da violência sexual.
indicação da profilaxia, a investigação sorológica deverá
ser feita por seis meses, considerando o último episódio Em situações excepcionais em que o levonorgestrel
conhecido de exposição anal, vaginal ou oral, e a decisão se encontre indisponível, o método de Yuzpe cons-
de profilaxia deve ser individualizada.
titui a segunda escolha. Esse outro método de AE
Os principais efeitos adversos da profilaxia são, em geral, hormonal consiste na utilização de anticonceptivos
sintomas inespecíficos e autolimitados, como efeitos hormonais orais combinados (AHOC) de uso roti-
gastrintestinais, cefaleias e fadiga. Na maioria das vezes,
neiro em planejamento familiar, conhecidos como
não é necessária a interrupção da profilaxia devido a
esses sintomas, pois podem ser utilizados medicamentos pílulas anticoncepcionais. O esquema compõe-se
sintomáticos, como antieméticos e antidiarreicos, para da administração de um estrogênio associado a
minimizá-los. um progestágeno sintético, utilizados até 5 dias
após a violência. Existem no mercado AHOC com
0,05 mg de etinil-estradiol e 0,25 mg de levonor-
3.3. ANTICONCEPÇÃO DE EMERGÊNCIA gestrel por comprimido. Nesse caso, utilizam-se
dois comprimidos, via oral, a cada 12 horas, em
Deve ser sempre OFERECIDA às mulheres e adoles- um total de quatro comprimidos. Nas apresenta-
centes expostas à gravidez, através de contato certo ções comerciais com 0,03 mg de etinil-estradiol e
ou duvidoso com sêmen, independentemente do 0,15 mg de levonorgestrel por comprimido, devem
período do ciclo menstrual em que se encontrem. ser administrados quatro comprimidos, via oral, a
cada 12 horas, em um total de oito comprimidos.
564
Violência sexual e abortamento legal Cap. 21
Tabela 6.
0,75 mg de levonorgestrel
Oral 2 comprimidos Dose única
Levonorgestrel por comprimido
Primeira escolha 1,5 mg de levonorgestrel
Oral 1 comprimido Dose única
por comprimido
Os efeitos secundários mais frequentes da AE são Em pacientes com antecedentes de AVE, trom-
náuseas e vômitos, podendo ser minimizados com boembolismo, enxaqueca severa ou diabetes com
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o uso de antieméticos cerca de uma hora antes da complicações vasculares, é recomendado realizar
tomada da AE. AE com levonorgestrel.
Em caso de vômitos nas primeiras 1 a 2 horas após a É importante salientar que de acordo com a POR-
administração da AE, recomenda-se que a dose seja TARIA Nº 2.561, DE 23 DE SETEMBRO DE 2020,
repetida. Se vômitos ocorrerem novamente, dentro em casos de abortamento de vítimas de violência
do mesmo prazo, recomenda-se a administração sexual, deve haver notificação da autoridade poli-
da AE por via vaginal. Mulheres inconscientes, nas cial por parte da equipe, devendo esses preservar
quais a via oral não possa ser utilizada, também se possíveis evidências materiais do crime de estupro
recomenda a administração da AE por via vaginal. a serem entregues imediatamente à autoridade
policial ou aos peritos oficiais, tais como fragmen-
O método de Yuzpe não deve ser empregado quando
tos de embrião ou feto com vistas à realização de
se utiliza o ritonavir, presente na profilaxia da infec-
confrontos genéticos que poderão levar à identifi-
ção pelo HIV, pela significativa redução dos níveis
cação do agressor.
séricos de etinil-estradiol no sistema microssomal
hepático. Caso ocorra gravidez decorrente de violência sexual,
há permissão legal para o abortamento, sem neces-
A única contraindicação absolta da AE é a gravidez
sidade de qualquer documento comprovando a vio-
confirmada.
lência, boletim de ocorrência ou autorização judicial.
565
Violência sexual e abortamento legal Ginecologia
(*) 5.000 unidades de SAT (soro antitetânico) via IM após realização do teste de sensibilidade. Aos alérgicos ao SAT, indicar imunoglobulina
humana dose única de 250 unidades.
Fonte: Brasil.2
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ginecológico, associados aos testes complemen-
da vítima, é necessária para estabelecer a eventual tares. As instituições de referência devem oferecer
presença de IST, HIV ou hepatite prévias à violência suporte laboratorial para a execução dos exames
sexual. Entretanto, a coleta não deve retardar o início recomendados e de outros que, a critério clínico,
da profilaxia. Para o diagnóstico rápido da infecção possam ser necessários.
pelo HIV são feitos testes rápidos validados pelo
departamento IST/Aids que são distribuídos pelo
Ministério da Saúde. Deve-se realizar a testagem
BASES DA MEDICINA
inicialmente com um único teste rápido. Caso o
resultado seja negativo, o diagnóstico estará defi-
nido. Caso seja positivo, deverá ser realizado um A realização de hemograma e dosagem de transamina-
ses é necessária somente para mulheres que iniciem a
segundo teste rápido para a conclusão do diagnós-
profilaxia com antirretrovirais, devendo ser solicitados no
tico. É importante destacar que a realização de um primeiro atendimento, repetidos após duas semanas de
teste anti-HIV nos serviços de emergência deve ser uso da profilaxia antirretroviral e a critério clínico.
feita após aconselhamento e consentimento verbal
da mulher ou do responsável, nos casos em que as
vítimas forem crianças.
566
Violência sexual e abortamento legal Cap. 21
Violência sexual
Acolhimento Seguimento
Referenciamento à
Profilaxia para HIV
saúde física e mental
Oferecer
Avaliação Profilaxia para Profilaxia para
contracepção
Inicial Hepatite B ISTs não virais
de emergência
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Levonorgestrel Anamnese Imunoglobulina Tricomoníase
Notificação
Compulsória Coleta de
Clamídia
vestígios
Exames
Sinan em até 24h Azitromicina
laboratoriais
Gonorreia
Portaria 2561
de 2020 Ceftriaxona
Comunicação o
Sífilis
pon à autoridade
policial
Penicilina G
Benzatina
567
Violência sexual e abortamento legal Ginecologia
ABORTAMENTO LEGAL
O Abortamento Legal (previsto em lei), também crimes de falsidade ideológica (art. 299 do Código
chamado de sentimental ou humanitário, é permitido Penal) e de aborto (art. 124 do Código Penal), caso
pela legislação brasileira em caso de estupro, de não tenha sido vítima de violência sexual.
risco à vida materna (por exemplo, cardiopata cuja
A quarta fase se encerra com o Termo de Consen-
gestação potencialmente causaria descompensação
timento Livre e Esclarecido, que obedecerá aos
clínica grave) e de gestantes portadoras de fetos
seguintes requisitos:
com anencefalia.
I. o esclarecimento à mulher deve ser rea-
lizado em linguagem acessível, especial-
1. V IOLÊNCIA SEXUAL mente sobre:
a) desconfortos e riscos possíveis à sua saúde;
b) procedimentos que serão adotados no mo-
Para os casos de violência, são necessárias quatro
mento da realização da intervenção médica;
fases.
c) forma de acompanhamento e assistência,
A primeira é o Termo de Relato Circunstanciado: assim como os profissionais responsáveis; e
deverá ser assinado pela gestante ou, quando inca-
d) garantia do sigilo que assegure sua pri-
paz, também por seu representante legal, bem como
vacidade quanto aos dados confidenciais
por dois profissionais de saúde do serviço, e conterá:
envolvidos, exceto quanto aos documentos
I. local, dia e hora aproximada do fato;
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subscritos por ela em caso de requisição
II. tipo e forma de violência; judicial;
III. descrição dos agentes da conduta, se II. deverá ser assinado ou identificado por
possível; e impressão datiloscópica pela gestante ou,
IV. identificação de testemunhas, se houver. se incapaz, também por seu representante
legal; e
A segunda fase dá-se com a intervenção do médico, III. deverá conter declaração expressa sobre
que emitirá parecer técnico após detalhada anam- a decisão voluntária e consciente de inter-
nese, exame físico geral, exame ginecológico, ava- romper a gravidez.
liação do laudo ultrassonográfico e dos demais
exames complementares, que porventura houver. Para fixar, retomo o texto da Portaria nº 2.561, de 23
de setembro de 2020, que dispõe sobre o Procedi-
Três integrantes, no mínimo, da equipe de saúde
mento de Justificação e Autorização da Interrupção
multiprofissional subscreverão o Termo de Apro-
da Gravidez, nos casos previstos em lei, no âmbito
vação de Procedimento de Interrupção da Gravi-
do Sistema Único de Saúde-SUS.
dez, não podendo haver desconformidade com a
conclusão do parecer técnico. A equipe de saúde Art. 7º Em razão da Lei nº 13.718, de 24 de
multiprofissional deve ser composta, no mínimo, setembro de 2018, que alterou o artigo 225
por obstetra, anestesista, enfermeiro, assistente do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro
social e/ou psicólogo. de 1940 (Código Penal), para tornar pública
incondicionada a natureza da ação penal
A terceira fase verifica-se com a assinatura da ges-
dos crimes contra a liberdade sexual e dos
tante no Termo de Responsabilidade ou, se for inca-
crimes sexuais contra vulnerável, o médico
paz, também de seu representante legal. Esse Termo
e os demais profissionais de saúde ou res-
conterá advertência expressa sobre a previsão dos
ponsáveis pelo estabelecimento de saúde
568
Violência sexual e abortamento legal Cap. 21
que acolherem a paciente dos casos em que de consciência não será admitida em “situações
houver indícios ou confirmação do crime de ausência de outro médico, em caso de urgência
de estupro, deverão observar as seguintes ou emergência, ou quando sua recusa possa tra-
medidas: zer danos à saúde do paciente” (capítulos I e VII).
I – Comunicar o fato à autoridade policial O médico deverá ainda indicar outro profissional
responsável; que preste a assistência necessária.
II – Preservar possíveis evidências mate- Não cabe alegação de objeção de consciência nos
riais do crime de estupro a serem entregues seguintes casos: a) em caso de necessidade de
imediatamente à autoridade policial ou aos abortamento por risco de vida para a mulher; b) em
peritos oficiais, tais como fragmentos de qualquer situação de abortamento juridicamente
embrião ou feto com vistas à realização de permitido, na ausência de outro médico que o faça
confrontos genéticos que poderão levar à e quando houver risco de a mulher sofrer danos ou
identificação do respectivo autor do crime, agravos à saúde, em razão da omissão do médico;
nos termos da Lei Federal nº 12.654, de 2012. c) no atendimento de complicações derivadas de
abortamento inseguro, por se tratarem de casos de
urgência. Em caso de omissão, o(a) médico(a) pode
ser responsabilizado(a) civil e criminalmente pela
2. A NENCEFALIA morte da mulher ou pelos danos físicos e mentais
que ela venha a sofrer, pois poderia e deveria ter
Em 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu agido para evitar tais resultados (Código Penal,
que a mulher com gestação de anencéfalo poderá art. 13, § 2º).
interromper a gestação, se assim o desejar, na rede Não cabe objeção de consciência para o pessoal de
pública ou no serviço privado de saúde. Portanto, apoio, administrativo, da enfermagem e da equipe
não é mais necessária qualquer autorização judicial
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médica que realiza atividades preparatórias ou
para a realização do procedimento. participa do procedimento para interrupção da ges-
Essa decisão do STF tem efeito em todo o territó- tação ou antecipação terapêutica do parto, antes ou
rio nacional: a mulher que desejar interromper a depois de sua realização, como acolhimento inicial
gestação de anencéfalo e o/a(s) médico/a(s) que e atendimento na fase de recuperação da paciente.
realizar(em) o procedimento não praticará(ão) aborto
e, portanto, não estará(ão) praticando crime. Se as
mulheres optarem pela interrupção da gestação ou
REFERÊNCIAS
antecipação terapêutica do parto nesses casos, os
hospitais têm o dever de realizar o procedimento,
dando toda a assistência à mulher. 1. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.561, de 23 de
setembro de 2020. Diário Oficial da União, 24 set. 2020.
Edição 184, seção 1, p. 89. Brasília: Ministério da Saúde;
2020.
3. O BJEÇÃO DE CONSCIÊNCIA
2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em
Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais.
De acordo com o artigo 5º, VI da CF/1988, “é inviolá- Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção
Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Trans-
vel a liberdade de consciência e de crença”. Segundo
missíveis. Brasília: Ministério da Saúde; 2020.
o Código de Ética Médica (CEM), o médico tem o
3. Brasil. Ministério da Saúde. Norma Técnica: Atenção Huma-
direito de “recusar a realização de atos médicos
nizada às Pessoas em Situação de Violência Sexual com
que, embora permitidos por lei, sejam contrários aos Registro de Informações e Coleta de Vestígios. Brasília:
ditames de sua consciência” Contudo, essa objeção Ministério da Saúde; 2015.
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Violência sexual e abortamento legal Ginecologia
QUESTÕES COMENTADAS
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Questão 4
Questão 2
(HOSPITAL FELÍCIO ROCHO – 2019) Uma paciente vítima de (FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP – SP – 2019)
violência sexual é atendida em um plantão de um Mulher, 25a, chega ao serviço de emergência 5 ho-
serviço de urgência. Em relação ao quadro clínico ras depois de sofrer violência sexual. Houve ejacu-
descrito acima, assinale a conduta CORRETA: lação vaginal. Os antibióticos a serem prescritos
como parte do protocolo de atenção das vítimas
⮦ Administrar imunoglobulina humana anti-hepatite de violência sexual são:
B, se a mulher não for imunizada ou que apresente
esquema vacinal incompleto ou desconhecido. ⮦ Metronidazol, azitromicina e doxiciclina.
⮧ Fazer de imediato uma ocorrência policial do fato, ⮧ Ampicilina, metronidazol e doxiciclina.
notificação obrigatória, e só atender a paciente ⮨ Ampicilina, gentamicina e metronidazol.
após apresentação de laudo do IML. ⮩ Ceftriaxona, metronidazol e azitromicina.
⮨ Utilizar contracepção de emergência com de-
sogestrel 150 mg, em dose única, dentro das
primeiras 72 horas. Questão 5
⮩ Administrar antirretroviral nas primeiras 72 ho- (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ – PA – 2019) Renata, 18
ras, devendo ser mantido por 7 dias o esquema anos, vai ao pronto-atendimento com boletim de
de tratamento. ocorrência por violência sexual. Relata que já teve
relação sexual, porém estava em abstinência há 6
meses. Refere ter sido violentada por um desco-
Questão 3
nhecido, há aproximadamente 8 horas. Já realizou
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE TAUBATÉ – SP – 2019) Mulher exame físico com médico perito do IML e foi enca-
com 23 semanas de gestação sofreu abuso sexual minhada ao pronto-atendimento para prosseguir seu
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Violência sexual e abortamento legal Cap. 21
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que foi encontrada desacordada em sua residên- assinado por 3 profissionais de saúde.
cia, algumas horas após sofrer agressão física e
sexual pelo seu ex-parceiro. Você é o médico gi-
necologista da unidade de emergência e sua con- Questão 8
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Violência sexual e abortamento legal Ginecologia
Questão 9
Questão 10
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namorado. Assinale a alternativa CORRETA:
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Violência sexual e abortamento legal Cap. 21
GABARITO E COMENTÁRIOS
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crobianos, lembrar-se da TARV devido à agressão,
Comentário: Questão que aborda vários tópicos do nas últimas 72 horas.
atendimento à vítima de violência sexual.
✔ resposta: D
Alternativa A: CORRETA.
Alternativa B: INCORRETA. Não é, de forma alguma,
Questão 5 dificuldade:
obrigatório o Boletim de Ocorrência ou laudo de IML
para iniciar o atendimento à paciente. Houve mudan- Comentário: Questão que aborda vários tópicos do
ça recente na Portaria Nº 2.561, de 23 de setembro atendimento à vítima de violência sexual.
de 2020, que estabelece que a autoridade policial Alternativa A: INCORRETA. É necessária a profilaxia
deve ser comunicada pelo médico e pelos demais tanto para as ISTs virais quanto para as bacterianas.
profissionais de saúde ou responsáveis pelo esta-
Alternativa B: INCORRETA. É necessário estabelecer
belecimento de saúde que acolherem a paciente
painel de sorologias prévias para avaliar viragem
nos casos em que houver indícios ou confirmação
durante o seguimento.
do crime de estupro (mas não diz quando e nem de
que forma essa comunicação deve ser realizada). Alternativa C: INCORRETA. Não apenas para HIV, mas
também para sífilis, gonococo e clamídia.
Alternativa C: INCORRETA. A dose é de 1,5 mg, não
Alternativa D: CORRETA. Deve-se realizar a coletar
0,15 mg.
de exames sorológicos, oferecer a contracepção
Alternativa D: INCORRETA. A TARV é mantida por 28 de emergência e iniciar a profilaxia para as ISTs
dias. virais e não virais.
✔ resposta: A ✔ resposta: D
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Violência sexual e abortamento legal Ginecologia
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zação judicial em caso de aborto.
Alternativa D: CORRETA. Não precisa realizar o BO
Questão 7 dificuldade:
para prosseguir com o abortamento. Houve mudan-
Comentário: Não se deve “judicializar” o atendimento ça recente na Portaria nº 2.561, de 23 de setembro
dessas vítimas. Caso a paciente esteja mentindo, ela de 2020, que determina que a autoridade policial
arcará com as consequências legais, não a equipe deve ser comunicada pelo médico e pelos demais
de saúde. O aborto legal no Brasil é permitido em profissionais de saúde ou responsáveis pelo esta-
três situações: gestação decorrente de violência belecimento de saúde que acolherem a paciente,
sexual, feto anencéfalo e gestação que coloque em nos casos em que houver indícios ou confirmação
risco a vida da gestante. Houve mudança recente do crime de estupro (mas não diz quando e nem a
na Portaria nº 2.561, de 23 de setembro de 2020: forma que deve ser realizada).
a autoridade policial deve ser comunicada pelo ✔ resposta: D
médico e pelos demais profissionais de saúde ou
responsáveis pelo estabelecimento de saúde que
acolherem a paciente, nos casos em que houver in- Questão 10 dificuldade:
dificuldade:
Houve mudança recente na Portaria nº 2.561, de 23
Questão 8
de setembro de 2020, que determina que a autori-
Comentário: Em que situações é permitido provocar dade policial deve ser comunicada pelo médico e
aborto no Brasil? Estupro (“aborto sentimental”) até pelos demais profissionais de saúde ou responsáveis
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Violência sexual e abortamento legal Cap. 21
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Fixe seus conhecimentos!
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FIXE SEU CONHECIMENTO COM MAPAS MENTAIS
Use esse espaço para construir mapas mentais e fixar seu conhecimento!
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