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#metodologia
queempodera
2023
© Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos à Editora Sanar Ltda. pela Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de
1998. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume ou qualquer parte deste livro, no todo ou em parte, sob quaisquer formas
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como às suas características gráficas, sem permissão expressa da Editora.
FICHA CATALOGRÁFICA
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Tuxped Serviços Editoriais (São Paulo-SP)
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Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Pedro Anizio Gomes – CRB-8 8846
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-5462-367-8.
1. Clínica Médica. 2. Endocrinologia. 3. Medicina. 3. Residência. I. Título. II. Assunto. III. Coordenador. IV. Autor.
CDD 611.4
CDU 611.4
Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2013). Clínica Médica e
Endocrinologia pela Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP). Fellowship em pesquisa clínica – Harvard
T.H. CHAN (Principles and Practice of Clinical Research). Pós-graduação em Medicina Esportiva (CEFIT).
Cofundador do aplicativo InsulinAPP.
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COMO GARANTIR UMA APRENDIZAGEM
EFICAZ E UMA RETENÇÃO DURADOURA?
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1. MAPAS MENTAIS
u Como fazer: A partir do Título e da sua lista de palavras, comece a criar o seu Mapa:
a) Enquanto estuda um assunto, comece a escrever uma lista de palavras importantes que
você não pode deixar de entender e reter na sua memória. Enquanto faz isso, pense em
como essas palavras se conectam entre si.
b) Coloque o título no centro da folha. A partir dele, puxe linhas que conectem as informações
associadas ao título, que serão algumas das palavras da sua lista.
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Como garantir uma aprendizagem eficaz e uma retenção duradoura?
d) Utilize formas geométricas para distinguir as palavras do seu mapa por categorias, por
exemplo, use retângulos para todas as palavras que se encaixam na categoria Causas, use
eclipses para as palavras que você encaixa em Efeitos.
e) Use cores diferentes para deixar o seu mapa mental ainda mais claro e conectado. Defina
as cores que você irá utilizar para cada categoria ou cada tipo de conexão.
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Essa tarefa pode até demorar um pouco mais no começo, mas, com um pouco
de prática, você não vai gastar mais do que 10 minutos para garantir um enten-
dimento aprofundado e uma aprendizagem mais eficaz e duradoura.
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Como garantir uma aprendizagem eficaz e uma retenção duradoura?
2. FLUXOGRAMAS
u Quando fazer: Os Fluxogramas são ideais para consolidar processos e passo a passos! Por
exemplo, você pode começar o seu Fluxograma com uma suspeita diagnóstica, para depois
passar pela classificação e chegar até o tratamento.
u Como fazer: A partir do seu objetivo, defina o título e os assuntos que irão entrar no seu
Fluxograma:
a) Depois de ter estudado um assunto mais amplo, pense no quadro completo que você
precisa entender e saber. A partir disso, crie a lista de palavras, conceitos e frases mais
importantes que você precisa incluir para atingir o seu objetivo.
b) Coloque o Título no centro da folha. A partir do título, puxe linhas que conectem as infor-
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mações associadas ao título, que serão algumas das palavras ou frases da sua lista.
e) Utilize formas geométricas para distinguir as palavras do seu mapa por categorias, por
exemplo, use retângulos para todas as palavras que se encaixam na categoria Causas, use
eclipses para as palavras que você encaixa em Efeitos.
f) Use cores diferentes para deixar o seu mapa mental ainda mais claro e conectado. Defina
as cores que você irá utilizar para cada categoria ou cada tipo de conexão.
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Como garantir uma aprendizagem eficaz e uma retenção duradoura?
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No final, você terá um grande Fluxograma que não só vai garantir o seu entendi-
mento, mas facilitará a revisão dos assuntos mais amplos e ajudará o seu cérebro
a aprender, reter e saber usar as informações estudadas.
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Como garantir uma aprendizagem eficaz e uma retenção duradoura?
3. RESUMOS
u Quando fazer: Sempre que estudar! Resumos de fechamento são essenciais para a apren-
dizagem.
u Como fazer: Para executar essa estratégia você irá precisar só de alguns minutos, mas tam-
bém de concentração e reflexão.
b) Marque ou grife as palavras chave no texto ou as anote no seu caderno caso você esteja
assistindo uma videoaula.
c) Assim que terminar de estudar informações novas, olhe para as suas palavras chave e
reflita sobre 2 perguntas:
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• O que acabei de aprender sobre o assunto?
• Como isso se conecta ou se relaciona com o que eu já sabia?
d) Começa a escrever breves respostas, de no máximo 10 linhas para cada uma dessas per-
guntas.
e) Garanta que o seu texto seja sucinto, sem repetições e descrições desnecessárias, mas
que responda bem às perguntas acima.
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CONHEÇA A APOSTILA
Importância/prevalência
do capítulo: Frequência do
conteúdo em questões de
provas de residência.
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o que realmente cai na prova.
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Conheça a apostila
Número do capítulo.
Subcapítulos em destaque.
Indicação da especialidade
ou área do capítulo.
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Sumário nas aberturas dos módulos,
com indicação dos níveis de
importância de cada capítulo.
importância/prevalência
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Conheça a apostila
Indicação da especialidade
Título do capítulo. ou área do capítulo.
Título do capítulo.
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Gabarito e comentário das questões,
com explicação do professor tanto
da resposta correta quanto do motivo
de as outras estarem incorretas.
dificuldade: Fácil
dificuldade: Intermediário
dificuldade: Difícil
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Conheça a apostila
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Ao final da apostila e de alguns capítulos você
encontrará espaços para construir mapas mentais,
fluxogramas ou fazer resumos e, assim, fixar seu conhecimento!
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SUMÁRIO
ENDOCRINOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2. Obesidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
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2.1. Avaliação do excesso de peso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.2. Etilogias da obesidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3. Síndrome metabólica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3.1. Fisiopatologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.2. Critérios diagnósticos de síndrome metabólica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.3. Manejo da síndrome metabólica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Questões comentadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
capítulo 2. D
IABETES MELLITUS: DIAGNÓSTICO,
FISIOPATOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
2. Conceito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3. Metabolismo intermediário vs. Hiperglicemia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.1. Insulina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.2. Incretinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
3.3. Hormônios contrarreguladores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4. Diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
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Sumário
4.1. HbA1c . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
4.2. P
roteínas glicadas (frutosamina e albumina) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
4.3. 1,5 anidroglucitol (1,5AG) sérico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
5. Classificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
6. Diabetes tipo 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
6.1. Patogênese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
7. Diabetes tipo 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
7.1. Epidemiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
7.2. Fisiopatologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
7.3. Fatores de risco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
7.4. Rastreio de DM2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
9. Tipos específicos de DM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
9.1. Síndromes de diabetes monogênicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
9.2. Insuficiência pancreática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
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capítulo 3. DIABETES MELLITUS: COMPLICAÇÕES CRÔNICAS . . . . . . . . . . . 79
1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
2. Fisiopatologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
2.1. Microvasculares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
2.2. Macrovascular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
4. Retinopatia diabética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
4.1. Conceitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
4.2. Rastreamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
4.3. Classificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
4.4. Como avaliar o fundo de olho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
4.5. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
16
Sumário
6. Pé diabético . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
6.1. Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
6.2. Etiologias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
6.3. Avaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
6.4. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
6.5. Artropatia de Charcot . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
6.6. Medidas de prevenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
7. C
omplicações macrovasculares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
2. Alvos do tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
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2.1. Perfil glicêmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
2.2. Imunização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
2.3. Dieta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
6. Incretinomiméticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
6.1. Agonista do receptor de GLP-1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
6.2. Mecanismo de ação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
6.3. Modo de prescrever . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
6.4. C
ontraindicações e efeitos colaterais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
6.5. Gliptinas (iDPP4) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
17
Sumário
9. E
stratégia para o plano terapêutico no DM2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
10. Tratamento do pré-diabetes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
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3.4. Aplicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
18
Sumário
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3.1. Monitorização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 178
3.2. Insulinoterapia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 178
4. Pacientes críticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 180
4.1. Critérios de desligamento da bomba de infusão endovenosa de insulina . . . . . . . . . . . . . . 180
5. Perioperatório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181
HIPOGLICEMIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183
1. Conceito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183
2. Manifestações clínicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183
3. Abordagem da hipoglicemia no paciente com DM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184
3.1. A
valiação do risco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184
3.2. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184
4. Hipoglicemia em não diabéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184
4.1. Classificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 184
4.2. Investigação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185
4.3. Hipoglicemia reativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187
4.4. Abordagem sistemática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 189
Questões comentadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 190
19
Sumário
1. Anatomia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 197
2. Histologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 198
3. Fisiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199
3.1. C
aptação do iodo (Figura 2A) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199
3.2. O xidação do iodo (Figura 2B) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199
3.3. O rganificação (Figura 2C) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199
3.4. A coplamento (Figura 2D) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199
redquestmed@gmail.com | 60d3657c-f369-4d3c-8935-698196cddef0
1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215
2. Manifestações clínicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 216
3. Diagnóstico sindrômico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217
4. Etiologias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 218
5. D
oença de Graves . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 220
5.1. Conceito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 220
5.2. Fisiopatologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 220
5.3. M anifestações clínicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 220
5.4. D iagnóstico da doença de Graves . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 223
5.5. Tratamento medicamentoso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 223
5.6. R adiodoterapia (Iodoterapia) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 226
5.7. Cirurgia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 227
7. B
ócio multinodular tóxico (BMT) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 230
7.1. Conceitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 230
7.2. Diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 230
7.3. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231
8. A
denoma tóxico (doença de Plummer) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231
8.1. Conceitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231
8.2. Diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231
8.3. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231
20
Sumário
9. H
ipertireoidismo central (secundário/terciário) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 232
9.1. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 232
10. H
ipertireoidismo subclínico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 232
11. Abordagem sindrômica na tireotox icose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 232
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 234
Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 234
Questões comentadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 235
1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 245
2. Manifestações clínicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 246
3. Alterações laboratoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 248
4. Diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 248
5. Etiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 249
6. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 251
6.1. Hipotireoidismo clínico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 251
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6.2. Hipotireoidismo na gestação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 252
6.3. Hipotireoidismo subclínico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 253
6.4. Seguimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 253
6.5. F atores interferentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 253
7. C
oma/estado mixedematoso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 254
8. P
eculiaridades na pediatria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 255
8.1. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 256
1. Conceitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 267
2. Tireoidites dolorosas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 267
2.1. Tireoidite aguda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 267
2.2. T ireoidite granulomatosa (De Quervain) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 268
21
Sumário
5. R
esumindo as tireoidites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 274
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 275
Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 275
redquestmed@gmail.com | 60d3657c-f369-4d3c-8935-698196cddef0
NÓDULOS DE TIREOIDE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 289
1. Avaliação clínica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 290
1.1. Anamnese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 290
1.2. E xame físico (Mapa mental 1) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 290
5. Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 298
22
Sumário
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 311
Questões comentadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 312
redquestmed@gmail.com | 60d3657c-f369-4d3c-8935-698196cddef0
4.1. PTH . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 321
4.2. V itamina D . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 322
HIPERPARATIREOIDISMO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 325
1. Conceitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 325
2. Manifestações clínico-radiológicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 326
2.1. A
lterações relacionadas à hipercalcemia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 326
2.2. A lterações relacionadas à ação óssea do PTH . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 327
2.3. A lterações relacionadas à ação renal do PTH . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 329
5. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 333
5.1. C
rise hipercalcêmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 333
5.2. Tratamento cirúrgico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 335
5.3. T ratamento clínico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 337
HIPOPARATIREOIDISMO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 338
1. Conceitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 338
23
Sumário
4. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 342
4.1. Pacientes estáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 342
4.2. P acientes graves . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 343
5. M
apa mental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 344
redquestmed@gmail.com | 60d3657c-f369-4d3c-8935-698196cddef0
HIPOPITUITARISMO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 356
1. Conceito de hipopituitarismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 356
2. Fisiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 356
3. Manifestações clínicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 358
4. Manifestações laboratoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 359
5. Etiologias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 360
6. Diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 362
6.1. Deficiência de GH (DGH) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 362
6.2. Deficiência gonadotrófico (LH e FSH) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 362
6.3. Deficiência de prolactina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 362
7. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 363
7.1. E
ixo somatotrófico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 363
7.2. E ixo gonadotrófico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 363
HIPERPROLACTINEMIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 364
1. Conceitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 364
2. Fisiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 364
3. Manifestações clínicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 365
4. Etiologias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 365
24
Sumário
6. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 371
6.1. Agonistas dopaminérgicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 371
6.2. Cirurgia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 372
ACROMEGALIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 372
1. Conceito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 372
2. Etiologias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 372
3. Manifestações clínicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 373
4. Diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 374
5. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 375
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3. Manejo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 376
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 377
25
Sumário
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1. Conceitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 409
2. Fisiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 409
3. Manifestações clínicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 410
4. Etiologias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 411
5. R
egra dos 10 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 411
26
Sumário
6. Etiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 421
6.1. Central (secundária) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 422
6.2. Primária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 423
8. C
rise adrenal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 429
9. M
apa mental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 430
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ENDOCRINOLOGIA
Endocrinologia
Sumário
Prevalência/importância
1. Obesidade e síndrome metabólica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2. Diabetes mellitus: diagnóstico,
fisiopatologia e classificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3. Diabetes mellitus: complicações crônicas . . . . . . . . . . . . . .
4. Diabetes mellitus: antidiabéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
5. Diabetes mellitus: insulinoterapia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
6. Diabetes mellitus: complicações agudas . . . . . . . . . . . . . .
7. Tireoide: conceitos básicos aplicados na clínica . . . . . . . .
8. Tireoide: tireotoxicose e hipertireoidismo . . . . . . . . . . . . .
9. Tireoide: hipotireoidismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
10. Tireoidites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
11. Bócio, nódulos e câncer de tireoide . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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12. Paratireoide . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
13. Hipófise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
14. Adrenal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
30
OBESIDADE E SÍNDROME Capítulo
METABÓLICA 1
importância/prevalência
u Os critérios diagnósticos da síndrome metabólica variam conforme a diretriz, mas, em geral, os seguintes
parâmetros são levados em conta:
u Aumento da gordura abdominal/visceral avaliada por meio da medida da cintura.
u Redução do HDL-colesterol.
u Aumento do triglicerídeos.
u Aumento da pressão arterial e/ou uso de anti-hipertensivos.
u Aumento da glicemia (pré-diabetes/diabetes mellitus tipo 2 e/ou uso de antidiabéticos).
u Atenção: os critérios não levam em conta os níveis de colesterol total, colesterol LDL, assim como outros
marcadores de resistência insulínica, ácido úrico, insulina, esteatose hepática e peso.
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1. FISIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA A grelina é o único hormônio produzido fora do sis-
DO GANHO DE PESO tema nervoso central que tem a função de sinalizar
o aumento do apetite.
31
Obesidade e síndrome metabólica Endocrinologia
[ BASES DA MEDICINA
1.2. ESTÍMULO ANOREXÍGENO
Agora que a periferia sinalizou a presença de alimento,
Depois de tantos hormônios pedindo para você essas mensagens serão somadas e integradas no hipo-
comer, não tem jeito, você compra aquela “nutritiva tálamo com as informações dos centros cerebrais cor-
coxinha + chocolate pós-plantão” e torce para que a ticais, como visão, olfato, paladar, memória e sistema
sinalização anorexígena funcione e não tenha que de recompensa, para definir como ficará a fome (isso
explica o “espaço” para a sobremesa que sempre surge
repetir a dose… agora, vamos entender o que vai
depois da refeição, mesmo que você já esteja satisfeito).
acontecer com seus hormônios.
DICA
Os principais estímulos anorexígenos são: Você não leu errado — CART sig-
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u Intestinal (produzidos pelas células L do íleo e nifica “transcrito regulado pela cocaína e
anfetamina”, esse é o motivo que um dos
do cólon, a partir da chegada de alimentos nes-
efeitos do abuso dessas drogas é a perda
sa porção do intestino): peptídeo semelhante ao de peso, o problema é que existem vários
glucagon 1 (GLP1), peptídeo YY, colecistoquinina outros problemas, além do potencial de
e oxintomodulina. dependência...
u Pancreático: insulina, amilina e polipeptídeo
pancreático.
Além disso, temos ação termogênica por meio do
u Adiposo: leptina — esse hormônio é proporcional
CART (não é à toa que é regulado pela cocaína e
à quantidade de tecido adiposo do indivíduo. Por
anfetamina…) e dos neurônios de segunda ordem,
isso é maior em mulheres do que em homens,
que sintetizam e liberam hormônios catabólicos,
maior em obesos e é reduzido em situações de
como a ocitocina e o hormônio liberador de tireo-
anorexia ou privação energética. Ele representa
trofina (TRH), aumentando a termogênese e o gasto
o estoque de gordura, sendo o principal sinaliza-
metabólico após as refeições.
dor periférico de adiposidade, responsável por
informar ao hipotálamo os estoques energéti-
DICA
cos corporais. Quer dizer que os estados pós-ali-
mentares aumentam a termogênese?! En-
É muito comum que, ao acabar de ler essa infor- tão o ideal é comer de 3/3 horas para ati-
mação, você se questione: “Se obesos têm maio- var o metabolismo e perder peso? Errado!
res níveis de leptina e insulina, por que eles não Esse incremento não compensa a caloria
possuem maior nível de saciedade?". Apesar dos ingerida do alimento.
níveis elevados dos hormônios anorexígenos, ocorre
resistência central à leptina e à insulina, ou seja,
elas não agem adequadamente. A partir da POMC, formam-se:
32
Obesidade e síndrome metabólica Cap. 1
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– Neuropeptídeo YY; H – Hipocretina;
e O – Orexina. Sabendo que esses hor-
mônios são orexígenos, pode marcar DIA A DIA MÉDICO
que todos os outros que eventualmen-
te podem aparecer na sua prova são Algumas situações clínicas podem cursar com resistên-
ANOREXÍGENOS. cia insulínica e SM, sem obesidade. As principais são as
lipodistrofias (perda da gordura subcutânea), que podem
ser totais (Berardinelli Seip) ou parciais (relacionadas
ao uso de antirretrovirais, principalmente inibidores de
1.3. S
INALIZADORES DE ESTOQUE protease e da transcriptase reversa). Nessas situações,
a resistência insulínica dá-se pela diminuição do tecido
DE GORDURA PERIFÉRICA
adiposo subcutâneo periférico.
1.3.1. ADIPONECTINA
33
Obesidade e síndrome metabólica Endocrinologia
peso ( kg )
gem de ser simples e bastante reprodutível, uma
vez que utiliza somente o peso e a altura (fórmula
mostrada na Figura 1). A partir disso, classificamos IMC =
altura ( metros )
o estado nutricional do paciente (Tabela 1). Apesar
2
de ser o método mais difundido, sendo, inclusive,
recomendado pela OMS como parte da avaliação Fonte: Elaborada pelo autor.
Tabela 1. Classificação do estado nutricional, segundo valores do índice de massa corporal (IMC).
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Obesidade grau II 35 a 39,9 37,1 a 41,9 35 a 39,9 32,5 a 37,4*
Maior ou Maior ou
Obesidade grau III (mórbida/grave) Maior ou igual a 40 Maior ou igual a 37,5*
igual a 42 igual a 40
*Algumas referências utilizam intervalos diferentes para asiáticos, utilizando o intervalo de 23 a 24,9 como sobrepeso; 25 a 29,9 como
obesidade grau I; 30 a 34,9 como obesidade grau II; ≥ 35 como obesidade grau III.
Fonte: Adaptada de Fauci et al.1
DICA
Na prova, fique de olho na idade e 2.1.2. Cintura abdominal
na etnia do paciente.
W Em pacientes idosos, consideramos A circunferência abdominal (CA) é um dos métodos
como IMC ideal entre 22 e 27 kg/m². mais utilizados para definir a obesidade visceral
e tem boa correlação com risco cardiovascular.
W Em pacientes asiáticos, classificamos
como sobrepeso o IMC acima de 23. Pessoas com mesmo IMC, mas que tenham maior
Isso porque essa população tem maior cintura abdominal, têm maior resistência insulínica
acúmulo de gordura abdominal (visce- e maior risco de HAS, DM2 e dislipidemia.
ral).
No entanto, existem algumas desvantagens, pois
esse método tem maior variabilidade entre avalia-
dores e referências (Tabela 2).
34
Obesidade e síndrome metabólica Cap. 1
Masculino >94 cm
Europeus
Feminino >80 cm
Masculino >90 cm
Sul asiáticos, chineses e japoneses
Feminino >80 cm
*Desconsidera a população americana, para a qual os consensos utilizam o valor da OMS como padrão.
Fonte: World Health Organization2.
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DICA
Resumindo: para homens — muito subcutânea (quadril), sendo um bom marcador da
aumentada é >102 cm (critério mais utili- distribuição de gordura corporal. Consideramos
zado); >94 cm (aumentada pela OMS/au-
como medida alterada se acima de 0,9 em homens
mentada em europeus pela IDF); e >90 cm
e 0,85 em mulheres (Tabela 2).
(aumentada nas demais populações pela
IDF). Já os valores de corte para mulheres
são mais simples: >88 cm (muito aumen- DICA
Há críticas quanto à sua utiliza-
tado pela OMS); e >80 cm (aumentada pela ção para seguimento, já que mesmo
OMS e IDF). pacientes que perdem grande quantida-
de de peso podem manter a RCQ inal-
terada. Além disso, são aferidas duas
variáveis, o que torna mais trabalhosa
a obtenção de um índice, cuja propos-
DIA A DIA MÉDICO ta principal é ser uma ferramenta de
triagem.
A aferição da cintura abdominal deve ser feita ao final
da expiração profunda, na linha média horizontal, entre
a crista ilíaca e o último rebordo costal.
2.1.4. Relação cintura-altura
35
Obesidade e síndrome metabólica Endocrinologia
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A desvantagem é a falta de trabalhos correlacionando os no tratamento da obesidade.
dados dessas medidas com o risco cardiovascular a longo
prazo. Além disso, são mais trabalhosos/dispendiosos
DICA
para serem obtidos. Muita atenção quando se depa-
rar com questões sobre os fármacos
relacionados com ganho de peso. Es-
2.2. ETILOGIAS DA OBESIDADE sas questões costumam jogar uma pe-
gadinha “semântica”, falando que “obe-
sidade pode ser secundária ao uso de
Em qualquer idade e população, a principal causa corticoide...”, daí induz você a marcar
para obesidade é exógena, representando mais de que os medicamentos são causas de
95% dos casos (basicamente: alimentação e seden- obesidade secundária, o que é FALSO,
tarismo). Mas quem nunca escutou a célebre frase: pois, como dito anteriormente, são con-
“deve ser culpa da tireoide, doutor!" Mesmo com sideradas etiologias exógenas/PRIMÁ-
toda a “fama”, as causas endógenas são minoria, RIAS. Só seria endógena/SECUNDÁRIA
representando menos de 5% dos casos. se estivéssemos diante de uma doença
de Cushing. Concordo com vocês, esse
DICA
tipo de conhecimento é sem noção e
Mesmo em crianças, as causas não muda a conduta, mas sabe-se lá o
exógenas são as principais etiologias que se passa na cabeça da banca, mas
para obesidade. temos que nos preparar para qualquer
situação.
36
Obesidade e síndrome metabólica Cap. 1
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pulmonar, trombose venosa e baixa capacidade
doença de Cushing, deficiência de hormônio de funcional, que predispõem à evolução desfavorável
crescimento, craniofaringeoma (tumor hipotalâmico da covid-19, como a de quaisquer outras infecções.
que causa obesidade e deficiências hormonais, pelo
envolvimento hipotalâmico e hipofisário). O excesso de peso também ser associado a pro-
blemas do sistema respiratório, como a redução da
capacidade residual funcional, atelectasias e shunts
3. SÍNDROME METABÓLICA pulmonares, que resultam em risco de dessaturação
rápida diante de situações de elevada taxa meta-
Desculpe decepcioná-los, mas não existe a doença bólica basal e demanda de oxigênio (infecções e
“síndrome metabólica (SM)”! Essa “entidade” é cirurgias).
utilizada para denominar a disfunção metabólica Pacientes com obesidade terem maior risco de apre-
associada à obesidade visceral e à resistência sentar via aérea difícil, pois os tecidos redundantes
insulínica, sendo causa/consequência de doenças das vias aéreas superiores, o peso da parede torácica
cardiovasculares (CV), intolerância à glicose ou e a resistência da massa abdominal dificultam o
Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2), hipertensão arterial procedimento.
sistêmica (HAS) e dislipidemia.
Indivíduos com SM também são mais suscetíveis a
DIA A DIA MÉDICO
mais de 180 outras complicações (Quadro 1), como
síndrome dos ovários policísticos; esteatose hepá-
tica e sobrecarga hepática de ferro; apneia do sono, A obesidade tem um grande impacto nos sistemas de
saúde, devido a altíssima prevalência na população —
síndrome de hipoventilação da obesidade (síndrome
existem mais de 2 bilhões de pessoas obesas no mundo,
de Pickwick), asma; cálculos biliares; hiperuricemia e no Brasil não é diferente: 60% da população brasileira
e gota; distúrbios do sono; e algumas formas de têm excesso de peso e > 25% é obesa! Para você ter uma
37
Obesidade e síndrome metabólica Endocrinologia
Doenças osteomusculares
Quadro 1. Complicações relacionadas à obesidade.
• Osteoartrose de joelhos
Sistema cardiovascular • Osteoartrose de coluna
• Esporão de calcâneo
• Doença arterial coronariana
• Agravo de defeitos posturais
• Hipertrofia ventricular esquerda
• Angina pectoris Neoplasia
• Fibrilação atrial
• Endométrio
• Arritmia ventricular
• Vesícula
• Insuficiência cardíaca congestiva
• Mama
• Hipertensão arterial sistêmica
• Cólon
• Edema de membros inferiores
• Veias varicosas Função sexual e reprodutiva
• Doença hemorroidária • Risco de pré-eclâmpsia
• Doença tromboembólica • Risco de diabetes mellitus gestacional
Sistema respiratório • Parto prolongado
• Cesárea mais frequente
• Apneia obstrutiva do sono
• Irregularidade menstrual
• Asma
• Ciclos anovulatórios e infertilidade na mulher
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• Policitemia secundária
• Hipogonadismo e infertilidade no homem
• Síndrome de hipoventilação da obesidade (síndrome
de Pickwick)
Função psicossocial
Sistema digestório
• Autoimagem
• Refluxo gastroesofágico e esofagite
• Sentimento inferioridade
• Colelitíase
• Isolamento social
• Esteatose e cirrose hepática
• Bullying
• Pancreatite
• Suscetibilidade a neuroses
Rins • Perda de mobilidade
• Mais faltas ao emprego
• Insuficiência renal crônica
• Aposentadoria precoce
Doenças metabólicas/hormonais • Aumento de licenças médicas
• Diabetes mellitus tipo 2 Outras comorbidades
• Gota (hiperuricemia)
• Aumento do risco cirúrgico e anestésico
• Hiperlipidemias
• Hérnias
• Síndrome do ovário policístico
• Propensão a acidentes
Sistema nervoso • Subdiagnóstico de outras patologias
• Demência vascular Fonte: Adaptado de Sales et al.3
• Doença de Alzheimer
• Acidente vascular cerebral 3.1. FISIOPATOLOGIA
• Pseudotumor cerebral
38
Obesidade e síndrome metabólica Cap. 1
metabólica. Podemos identificar a resistência insu- for necessária, maior a resistência. Percebeu como é
línica até mesmo no exame físico, por meio do complicada?! Por isso, só é realizada em laboratórios de
aumento da cintura abdominal, e ainda alterações pesquisa, sendo inviável na prática clínica. Alguns autores
dermatológicas, como acantose nigricans (Figura até propõem o uso do cálculo do Homeostasis Model of
Assessment (HOMA) ou a medida da insulinemia de jejum;
2) ou acrocórdons (Figura 3).
no entanto, essa recomendação é refutada pela maior
parte da comunidade científica, tendo utilidade somente
DICA
Essas alterações ocorrem por- em pesquisas populacionais.
que os melanócitos não sofrem resis-
tência insulínica; portanto, o excesso
de insulina estimula a hiperprolifera- 3.2. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DE
ção dessas células, principalmente em SÍNDROME METABÓLICA
áreas de dobras, levando ao espessa-
mento de pele (acantose) e ao surgi-
mento de nódulos (acrocórdons). Existem vários critérios diferentes para a síndrome
metabólica, e listamos as principais na Tabela 3.
Perceba que todas utilizam alguma medida de
obesidade central, dislipidemia, pressão arterial e
Figura 2. Acantose nigricans em região cervical e axilar. avaliação do perfil glicêmico.
A definição mais utilizada para síndrome metabólica
é o da NCEP-ATPIII, que utiliza como critério o valor
de cintura para homens ≥102 cm e para mulheres
≥88 cm. Inclusive, esse é o critério descrito na
diretriz brasileira..
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DICA
Fonte: Acervo Sanar. Geralmente, a questão dirá a você
que critério ela quer que você considere,
mas, caso não especifique, na dúvida pode
usar o da NCEP-ATP III.
Figura 3. Acrocórdons + acantose
nigricans em região cervical.
39
Obesidade e síndrome metabólica Endocrinologia
Triglicérides ou
≥150 mg/dL ≥150 mg/dL ≥150 mg/dL
tratamento
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DICA
Não escorregue nas definições. NE- que estimulem a melhora dos hábitos, como
NHUMA das entidades utiliza o LDL como a que obriga a redução em 50% na quantida-
critério diagnóstico. Além disso, somente de de açúcar em refrigerantes e similares,
a OMS utiliza o IMC. campanhas para não associar brindes para
crianças em alimentos industrializados e
colocar nas embalagens o perigo do açúcar,
assim como é feito com o cigarro.Di
40
Obesidade e síndrome metabólica Cap. 1
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maior, mas isso não é verdade! Inclusive, 3.3.2. Terapia farmacológica para obesidade
alguns estudos mostram que pessoas que
perdem mais peso no início da dieta, ten- As indicações de tratamento medicamentoso no
dem a manter o peso a longo prazo. tratamento da obesidade são IMC ≥30 kg/m² sem
comorbidades, ou ≥25 kg/m² com comorbida-
des (algumas referências colocam 27, em vez de
A dieta deve ser equilibrada no consumo dos macro- 25 kg/m²), considerando que a abordagem tradi-
nutrientes: baixa em gorduras saturadas e colesterol, cional com dieta, aumento de atividade física e
restrição salina e de açúcares simples e aumento modificações no comportamento não tenham sido
da ingestão de frutas, vegetais e cereais. eficazes.
A cirurgia bariátrica deve ser avaliada em caso
DIA A DIA MÉDICO
de obesidade grave (IMC ≥40) ou ≥35 kg/m² com
comorbidades, instalada há mais de cinco anos
Algumas pessoas podem se adaptar a protocolos mais ou falha no tratamento clínico após dois anos de
restritos, como:
seguimento. Ela será explicada com mais detalhes
W Dieta de Atkins, com base hiperproteica e restrição no módulo de cirurgia.
extrema de carboidratos (20-50 g/dia).
W Dieta Ornish, vegetariana, com restrição extrema de DICA
A cirurgia metabólica (cirurgia bariá-
gorduras (10% das colorias totais).
trica para pacientes com IMC ≥30 kg/m²)
W Dietas de muito baixas calorias (800 a 400 kcal/dia). pode ser utilizada no tratamento do DM2
refratário, desde que o paciente esteja em
Essas dietas podem levar a outras complicações, como
arritmia cardíaca e déficit nutricional, devido à falta de acompanhamento regular por, pelo menos,
alguns componentes na dieta, e devem ser orientadas dois anos e com tratamento otimizado,
por profissionais especializados. além de diagnóstico de DM2 realizado há
<10 anos.
41
Obesidade e síndrome metabólica Endocrinologia
Em nosso país, os principais medicamentos apro- Em 2020, a Anvisa também retirou do mer-
vados pela ANVISA para o tratamento da obesidade cado o medicamento lorcasserina, após o
são: sibutramina, liraglutida, orlistate e a associação estudo CAMELLIA-TIMI 61, que mostrou
um discreto aumento na incidência de cân-
do bupropiona com naltrexona.
cer (7,7% no grupo lorcasserina e 7,1% no
É possível o uso de medicações off-label em casos grupo placebo) nos pacientes que fizeram
de refratariedade, efeitos colaterais ou contrain- uso dessa medicação por tempo prolon-
dicações às medicações aprovadas, desde que gado (5 anos).
prescritas por um profissional com experiência na Enfatizamos que o uso de fórmulas para
área. Nesse caso, há respaldo da literatura para emagrecer, que misturam vários compo-
prescrição de topiramato, outros agonistas de GLP1 nentes, como hormônio tireoidiano (T4/
T3), diuréticos, fitoterápicos, ansiolíticos
e lisdexanfetamina (útil para compusão alimentar).
e outros, não é off-label, e sim antiético e
prejudicial
DICA
As anfetaminas, como anfepramona,
mazindol e femproporex, foram retiradas
do mercado pela Anvisa em 2011 e, ape- As doses, o modo de ação e os efeitos colaterais
sar da tentativa do Congresso Nacional de estão resumidos no Quadro 2.
retornar a venda dessas medicações em
2018, a Anvisa reforçou a proibição e sua
utilização não é permitida no Brasil, apesar
de liberadas no USA.
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Aumento da pressão
arterial e frequência
Sibutramina 10 a 15 mg VO pela manhã Redução do apetite cardíaca
Insônia e constipação
120 mg VO de 1 até
Reduz absorção da gordura
Orlistate 3 vezes por dia com Diarreia
no trato gastrointestinal
as refeições
Dimesilato de
50 a 70 mg VO Redução da compulsão
lisdexanfetamina Insônia
pela manhã alimentar
(Venvanse®)
90/8 mg VO 1 vez ao
Bupropiona + Naltrexona dia até 180/16 mg Redução do apetite Efeito antabuse
2 vezes ao dia
Fonte: Adaptado de Mancini4.
42
Obesidade e síndrome metabólica Cap. 1
3.3.4. Liraglutida
DICA
Os inibidores seletivos de receptação
da serotonina (ISRS) podem ser úteis para Para obesidade, observou-se que há eficácia com
perda de peso em portadores de transtornos doses até 3 mg, enquanto para o controle glicêmico
ansiosos ou depressivos com algum grau a dose terapêutica é até 1,8 mg/dia. Uma grande
de compulsão alimentar, sendo algumas vantagem é a redução da mortalidade cardiovas-
das opções mais utilizadas a fluoxetina e cular encontrada em pacientes de alto risco (como
a sertralina. Mas, não apresentam eficácia documentado no estudo LEADER), diferentemente da
para perda de peso em pacientes que não
sibutramina. Discutiremos mais sobre essa classe
tenham as condições supracitadas
no capítulo de tratamento de diabetes.
3.3.3. Sibutramina
DIA A DIA MÉDICO
Inibidor de receptação de noradrenalina e serotonina,
é um medicamento com efeito sacietógeno e tem As grandes desvantagens são o preço (o tratamento com
discreto efeito termogênico. Por isso, pode elevar a a dose de 3 mg fica em torno de R$ 900,00/mês!) e as
pressão arterial e a frequência cardíaca (3-5 mmHg náuseas, que podem ser limitantes. Por isso, no início do
tratamento, é realizada titulação progressiva da dose, que
na pressão arterial diastólica e de 2 a 4 bpm na FC).
reduz a frequência e a intensidade das náuseas. Em geral,
Suas principais contraindicações são: iniciamos com 0,6 mg/dia e aumentamos 0,6 mg a cada
três a sete dias, conforme tolerabilidade.
u Pacientes com alto risco cardiovascular, incluindo
insuficiência renal, insuficiência cardíaca, doença
arterial coronariana, HAS mal controlada. 3.3.5. Orlistate
u Transtornos alimentares (como bulimia e ano-
rexia) e transtornos psiquiátricos não controlados. É um inibidor das lipases pancreáticas. Essas enzi-
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mas catalisam a quebra dos triglicérides em ácidos
u Extremos de idade.
graxos livres e glicerol, assim, ao ligar-se na lipase,
u Não respondedores à medicação. impedem a absorção de 30% da gordura da refeição.
O principal efeito colateral é justamente esse meca-
DIA A DIA MÉDICO nismo disabsortivo, pois se o paciente comer ali-
mentos com gordura em excesso, 30% a mais de
Apesar da contraindicação em bula, buscou-se avaliar
lipídeos no trato gastrointestinal podem levar à
se a perda de peso, nos pacientes de risco, conseguiria diarreia e até à incontinência fecal.
suplantar os possíveis malefícios, sendo realizado o estudo
Sibutramine Cardiovascular Outcome Trial (SCOUT), que DICA
Outra questão é a possibilidade de
mostrou o que já era esperado: houve um discreto aumento
má absorção de vitaminas lipossolúveis (A,
de eventos cardiovasculares no grupo sibutramina (11,4%
D, E e K); por isso, pacientes que utilizam
no grupo sibutramina vs. 10% no placebo). Por esses
essa medicação por longo prazo deveriam
resultados, alguns países proibiram sua comercialização
repor essas vitaminas.
(apesar de sempre ter estado na bula que havia contrain-
dicação para pacientes de alto risco cardiovascular).
Aqui no Brasil, chegou a ser proibida por alguns meses,
mas a Anvisa acatou o pedido da Associação Brasileira
para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica
(Abeso) e voltou atrás, sendo novamente liberada, mas
com a mudança da classificação de C1 (“outras substân-
cias sujeitas a controle especial”) para B2 (“psicotrópico
anorexígeno”), exigindo um termo de responsabilidade
preenchido pelo médico e pelo paciente.
43
Obesidade e síndrome metabólica Endocrinologia
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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Obesidade
Imagem
e síndrome
do Tórax
metabólica Cap. 1
DCV
Orlistate Resistência
>30 kg/m2
insulínica
Redução na Off-label e DM tipo 2
absorção Método mais
de gordura Sibutramina aplicado
Doenças
pulmonares
Liraglutida PESO/ALTURA2
IMC 25 (27) kg/m2
c/ terapia Doenças
dietética e hepatobiliares
Inibidores de IMC
atv. física sem êxito
apetite
Distúrbios
reprodutivos Estado
IMC 25 (27) kg/m 2
de excesso
com comorbidades
Câncer de peso
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Hábitos
alimentares Hipotire- Síndrome
CIRURGIA FISIOPATOLOGIA oidismo de Cushing
GLP-1
Único
LEGENDA:
orexogênico
DCV Doença cardiovascular
liberado
IL Interleucina
pelo trato
IMC Índice de massa corporal
gastrointestinal
DM Diabetes Mellitus
45
Obesidade e síndrome metabólica Endocrinologia
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1 Questão 3
(HOSPITAL ESTADUAL DR. JAYME SANTOS NEVES - ES – 2021) Em (HOSPITAL MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – SP – 2021)
relação às comorbidades relacionadas à obesidade, Os medicamentos orlistat, sibutramina e liraglu-
considere as seguintes assertivas: tida são utilizados para o tratamento de qual das
I. A esteatose hepática é uma alteração comum em doenças abaixo?
indivíduos obesos, sendo causada pela deposição
de triglicerídeos nos hepatócitos. ⮦ Obesidade.
II. A asma é o problema respiratório mais importan- ⮧ Diabetes mellitus tipo 2.
te ligado à obesidade. ⮨ Dislipidemia.
III. Certas formas de câncer ocorrem com maior fre- ⮩ Esteatose hepática.
quência em obesos, incluindo os de esôfago, cólon
e reto, fígado, vesícula biliar, pâncreas, rim, linfoma
não Hodgkin e mieloma múltiplo. Questão 4
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Quais estão corretas?
(HOSPITAL OFTALMOLÓGICO DE SOROCABA – SP – 2021) Mulher,
⮦ Apenas I. 65 anos, refere desconforto em hipocôndrio direito
há 2 meses. Relata aumento de 12 kg nos últimos
⮧ Apenas I e II.
5 anos. É pré-diabética e hipertensa, mas não tem
⮨ Apenas I e III. medido a pressão de maneira rotineira e não faz
⮩ Apenas II e III. uso de medicamentos. Bebe uma lata de cerveja
⮪ I, II e III. nos finais de semana e usou anticoncepcional até
os 40 anos. Exame físico: bom estado geral, peso
= 92 kg, altura = 1,65 m, PA = 160 x 100 mmHg, FC
Questão 2 = 92 bpm, circunferência abdominal = 104 cm, sem
edemas; fígado palpável a 5 cm do rebordo costal
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO REGIONAL DE MARINGÁ – PR – 2020)
direito, tenso, rombo, sensível ao toque. Realizada
A obesidade está associada a um nível elevado de
ultrassonografia do abdome que revelou a presença
todos os itens abaixo, EXCETO:
de esteatose hepática. Assinale a alternativa que
⮦ Adiponectina. apresenta a conduta correta para esse caso.
⮧ Leptina. ⮦ Iniciar tratamento farmacológico com vitamina
⮨ Ácidos graxos livres. E em altas doses, para diminuir a progressão
⮩ Insulina. para fibrose ou cirrose hepática.
⮪ Interleucina-6. ⮧ Indicar a realização de fibroscan hepático.
⮨ Rastrear síndrome metabólica e iniciar mudan-
ças do estilo de vida.
46
Obesidade e síndrome metabólica Cap. 1
⮩ Realizar biópsia hepática para confirmar a etio- estimada = 80 mL/min/1,73 m2. Assinale a alterna-
logia e gravidade da lesão. tiva CORRETA:
⮪ Realizar controle da pressão arterial e acalmar
a paciente em relação às alterações hepáticas, ⮦ A cirurgia bariátrica deve ser considerada entre
já que raramente trazem complicações a longo as opções terapêuticas devido ao impacto po-
prazo. sitivo no peso, controle do diabetes e hiperten-
são arterial.
⮧ Liraglutida não deve ser oferecida para controle
Questão 5 do peso e melhora do controle glicêmico, pois
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UFSC – SC – 2021) Assinale a não há estudos que comprovem impacto positivo.
alternativa correta com relação à obesidade e ao ⮨ Inibidor do receptor de SGLT-2 só pode ser ofe-
sobrepeso. recido se comprovada insuficiência cardíaca,
com fração de ejeção preservada.
⮦ Deve-se informar aos adultos com sobrepeso
⮩ Caso o paciente desenvolvesse insuficiência
e obesidade que quanto maior o IMC, maior o
cardíaca com fração de ejeção reduzida, a me-
risco de doenças cardiovasculares, diabetes
dicação de eleição para tratamento do diabetes
mellitus tipo 2 e menor é a mortalidade por to-
mellitus seria a pioglitazona devido ao perfil de
das as causas.
segurança nesse tipo de condição.
⮧ Uma meta de perda de 5 a 10% do peso em 30
dias é factível e deve ser orientada aos pacien-
tes independentemente do desfecho de melho- Questão 7
ra da saúde.
(SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – SP
⮨ Deve-se usar o ponto de corte de excesso de – 2021) Homem de 46 anos de idade, branco, procu-
peso (índice de massa corpórea [IMC] superior a
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rou um ambulatório de clínica médica com queixa
25 kg/m²) para identificar adultos com aumento de excesso de peso. No interrogatório, negou ter
de risco cardiovascular. outros problemas, exceto o seu peso, negando tam-
⮩ O tratamento com sibutramina deve ser recomen- bém qualquer antecedente mórbido importante. No
dado aos pacientes obesos com doença arterial exame físico apresentava um peso de 98 quilos e
coronariana ou doença cerebrovascular uma vez uma altura de 171 cm, estando em bom estado geral,
que seu uso é seguro nesse perfil de pacientes. com pressão arterial de 150 x 100 mmHg, ausculta
⮪ O uso de liraglutida é útil e eficaz em induzir pulmonar e cardíaca normais, abdômen globoso,
perda de peso e seu uso é dependente do status sem visceromegalias, circunferência abdominal de
glicêmico, induzindo hipoglicemia em obesos 110 cm. Trazia consigo alguns exames realizados
normoglicêmicos. recentemente: glicemia de jejum de 108 mg%, gli-
cemia 2 horas após 75g de glicose via oral de 136
mg%, ácido úrico de 9,4 mg%, colesterol de 220 mg/
Questão 6 dl e triglicérides de 230 mg/dl. Somente baseado
nos dados acima, no tocante ao estado nutricional
(PUC-SOROCABA – SP – 2021) Paciente de 56 anos, apresen-
do paciente, poderíamos dizer que:
ta diabetes mellitus tipo 2 há 3 anos. Peso 103 kg,
estatura 1,65 m. Hipertenso bem controlado com ⮦ Se trata de um paciente com obesidade grau 1,
losartana 50 mg duas vezes ao dia e anlodipino de acordo com os critérios da OMS para o IMC
5 mg uma vez ao dia. Em uso de metformina 850 (índice de massa corpórea), e a sua circunfe-
mg três vezes ao dia, desde o diagnóstico, mas rência abdominal permite afirmar que ele tem
não reduziu o peso de modo efetivo desde então, resistência insulínica.
apesar dos esforços e da ausência de problemas
⮧ Se trata de um paciente com sobrepeso e a sua
psicológicos. Pai faleceu de IAM aos 45 anos. Gli-
secreção insulínica é normal.
cemia jejum = 136 mg/dL; HbA1c 7,5% (HPLC); TFG
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Obesidade e síndrome metabólica Endocrinologia
Questão 8
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julgue o item a seguir. Essa paciente tem acantose
nigricans, que é comum em pacientes diabéticos
e obesos. Essas lesões de pele nunca melhoram
com o tratamento.
⮦ Certo.
⮧ Errado.
Questão 9
⮦ Aumento de leptina.
⮧ Redução neuropeptídeo Y.
⮨ Aumento de grelina.
⮩ Aumento da POMC (pró-ópiomelanocortina).
48
Obesidade e síndrome metabólica Cap. 1
GABARITO E COMENTÁRIOS
Y Dica do professor: O acúmulo da gordura visceral Y Dica do professor: Orlistate é um inibidor das lipa-
é o motivo central do desenvolvimento da resistên- ses pancreáticas, enzimas que catalisam a quebra
cia à ação da insulina, fisiopatologia da síndrome dos triglicérides em ácidos graxos livres e monogli-
metabólica e suas complicações. cerídes. Ao se ligar de maneira irreversível ao sítio
Assertiva I: CORRETA. A esteatose hepática ocorre ativo da lipase, o orlistate faz com que cerca de um
pela deposição de triglicérides nos hepatócitos, terço dos triglicerídeos ingeridos permaneça não
sendo um agravo comum em pacientes obesos, digerido e, portanto, não absorvido.
principalmente aqueles com maior acúmulo de ✔ resposta: A
gordura visceral.
Assertiva II: INCORRETA. A asma pode ser ligada à
Questão 4 dificuldade:
obesidade, mas o principal problema respiratório
em pacientes obesos é a apneia do sono. Dica do professor: Na avaliação inicial dessa pacien-
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Y
Assertiva III: CORRETA. Pacientes obesos têm pro- te, é evidente que há comportamento de risco para
dução anormal de citocinas pró-inflamatórias, não desenvolvimento de doenças crônicas, bem como
tendo um controle oxidativo adequado, por isso es- complicações das já existentes pelo seu estilo de
tão mais sujeitos a alguns tipos de câncer. vida. Inicialmente, a abordagem consiste na inves-
tigação de síndrome metabólica devido aos fatores
✔ resposta: C
de risco, como circunferência abdominal elevada, ser
pré-diabética e hipertensa. Tal rastreio ocorre com
Questão 2 dificuldade: a solicitação de exames laboratoriais que possam
evidenciar a dislipidemia, como HDL baixo e eleva-
Y Dica do professor: A obesidade é uma afecção ção de triglicerídeos. A etapa de orientação deve
multifatorial com caracteres genéticos, ambientais ser iniciada já nessa consulta, informando sobre
e hormonais, apresentando diversos hormônios re- a importância da realização de atividades físicas
lacionados a sua génese; porém, o único citado que regulares e reeducação alimentar para redução do
não configura um hormônio relacionado a gênese peso e da circunferência abdominal. O tratamento
da obesidade é a adiponectina. A concentração farmacológico poderá ser indicado após confirma-
da adiponectina é inversamente associada com a ção da síndrome metabólica e se houver dificuldade
quantidade de tecido adiposo, mesmo ela tendo um de adesão às medidas não farmacológicas.
efeito anorexígeno.
✔ resposta: C
✔ resposta: A
Questão 5 dificuldade:
49
Obesidade e síndrome metabólica Endocrinologia
acúmulo excessivo de gordura corporal. Seu diag- arterial, caso ele não consiga controle melhor com
nóstico é realizado a partir do cálculo do índice de reeducação alimentar e atividades esportivas.
massa corporal (IMC) e da medição da massa gor- Alternativa A: CORRETA. A cirurgia bariátrica deve ser
durosa e sua distribuição corporal. A obesidade é avaliada em caso de obesidade grave (IMC maior
deletéria ao organismo, tornando-o mais suscetível que 40) ou ≥ 35 kg/m² com comorbidades instala-
a doenças cardiovasculares, diabetes mellitus, dis- da há mais de cinco anos ou falha no tratamento
lipidemia, câncer, apneia do sono, entre outros. Seu clínico após dois anos de seguimento, como é o
tratamento inclui mudança de hábitos de vida, como caso da paciente em questão, que apesar de ter
adequação da quantidade e qualidade da alimenta- diagnóstico de DM2 há menos de 5 anos (3 anos),
ção e realização de exercícios físicos; tratamento estava em seguimento clínico desde então, ou seja,
cognitivo-comportamental, terapia farmacológica já tinha mais de 2 anos de acompamento sem su-
com diversas drogas, como sibutramina, orlistate, cesso na perdad de peso.
liraglutida, e uso off-label de outros medicamentos
Alternativa B: INCORRETA. A liraglutida pode ser ofe-
(topiramato, bupropiona e naltrexona) e a realização
recida para controle do peso e/ou melhora do con-
da cirurgia bariátrica.
trole glicêmico.
Alternativa A: INCORRETA. A mortalidade de indiví-
Alternativa C: INCORRETA. Essa classe tem compro-
duos obesos e com sobrepeso é maior em todas
vado benefício nesses pacientes, porém pode ser
as causas.
utilizado para DM2, independente de ter IC.
Alternativa B: INCORRETA. As diretrizes brasileiras de
Alternativa D: INCORRETA. Por seu efeito edemato-
obesidade trazem que essa meta de perda ponderal
gênico e de ganho de peso, a pioglitazona deve ser
é factível em seis meses.
evitadas em pacientes com ICC.
Alternativa C: CORRETA. Adultos com sobrepeso, ou
✔ resposta: A
seja, IMC acima de 25 kg/m², já apresentam consi-
derável aumento do risco cardiovascular.
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Alternativa D: INCORRETA. Portadores de alto risco Questão 7 dificuldade:
cardiovascular não devem fazer uso desse medi-
Y Dica do professor: O índice de massa corporal é
camento, pois o estudo SCOUT mostrou que espe-
uma forma rápida de avaliar a quantidade de gor-
cialmente indivíduos com doença cardiovascular
dura corporal, funcionando como um preditor de
estabelecida (DAC ou doença cerebrovascular) apre-
obesidade. Seus valores de referência são: abai-
sentam maior risco de infarto agudo do miocárdio.
xo de 18,5 — baixo peso; entre 18,5 e 24,9 — peso
Alternativa E: INCORRETA. A liraglutida é um medi- normal; entre 25,0 e 29,9 — sobrepeso; entre 30,0 e
camento que pode ser utilizado em pacientes nor- 34,9 — obesidade I; entre 35,0 e 39,9 — obesidade
moglicêmicos, apesar de seu uso em diabéticos II; acima de 40,0 — obesidade III. O cálculo é feito
resultar em melhora dos parâmetros glicêmicos. pela fórmula peso/altura2.
✔ resposta: C ALTERNATIVA A: CORRETA. O paciente referido apre-
senta IMC de 33,5, indicando obesidade I.
Questão 6 dificuldade: ALTERNATIVA B: INCORRETA. A definição de sobrepe-
so é IMC entre 25,0 e 29,9 kg/m2. Além disso, prova-
Y Dica do professor: Paciente com importantes an- velmente a secreção de insulina está aumentada.
tecedentes pessoais, em vigência de síndrome
ALTERNATIVA C: INCORRETA. O nível de triglicérides
metabólica em descontrole de parâmetros, mesmo
aumentado indica falta de ação da insulina, mas não
com terapia otimizada, sendo nesse caso uma boa
necessariamente falência, já que em situações de
opção terapêutica a cirurgia bariátrica que deve ser
resistência também há hipertrigliceridemia.
considerada entre as opções devido ao impacto po-
sitivo no peso, controle do diabetes e da hipertensão ALTERNATIVA D: INCORRETA. O exame de bioimpedân-
cia é uma excelente ferramenta, mas pouco aces-
sível, não estando entre os exames padronizados
50
Obesidade e síndrome metabólica Cap. 1
Questão 8 dificuldade:
Questão 9 dificuldade:
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Alternativa A: INCORRETA. Apesar de obesos terem
aumento dos níveis de leptina, ele é considerado o
hormônio da saciedade, no entanto há resistência
à leptina em situações de obesidade primária.
Alternativa B: INCORRETA. Não confunda o peptídeo
YY com o NEURO peptídeo YY: NEURO peptídeo YY
é um hormônio hipotalâmico e orexígeno (portanto
seu aumento está relacionado ao ganho de peso),
já o primeiro é um anorexígeno. Mas, nem precisa-
va se estressar em memorizar isso; era só lembrar
que “Grande Nho Nho” não tem a letra “P”, e sim “N”.
Alternativa C: CORRETA. A grelina é o único hormônio
produzido fora do sistema nervoso central que tem
a função de sinalizar o aumento do apetite.
Alternativa D: INCORRETA. POMC faz parte da via
ANOREXIGÊNICA.
✔ resposta: C
51
Fixe seus conhecimentos!
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DIABETES MELLITUS: Capítulo
DIAGNÓSTICO, FISIOPATOLOGIA 2
E CLASSIFICAÇÃO
importância/prevalência
u O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença metabólica, decorrente da incapacidade da insulina de exercer
adequadamente seus efeitos, seja por diminuição dos níveis séricos, ou por resistência à sua ação.
u Classificamos o DM em 4 tipos: DM1 (autoimune), DM2, DM gestacional e outros tipos de DM.
u O DM tipo 1 e o DM tipo 2 são os mais frequentes: — o DM1 é mediado por autoanticorpos, com redução
absoluta dos níveis de insulina, enquanto o DM2 está relacionado à resistência à ação da insulina.
u Os critérios diagnósticos são:
• Hemoglobina glicada maior ou igual a 6,5%.
• Glicemia de jejum maior ou igual a 126 mg/dL.
• Glicemia 2 horas após a sobrecarga com 75 g de glicose, no teste oral de tolerância à glicose, maior ou
igual a 200 mg/dL.
• Glicemia ao acaso ≥200 mg/dL em pacientes com sintomas clássicos de hiperglicemia (poliúria, polidipsia,
perda de peso, polifagia e turvação visual) ou diante de uma complicação aguda do DM já é suficiente para
o diagnóstico. Exceto nesse contexto, todos os outros critérios precisam ser repetidos e confirmados.
Para caracterizar um paciente pré-diabético, precisamos de apenas um dos critérios abaixo:
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u
1. INTRODUÇÃO 2. CONCEITO
O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença que tem Uma das definições fisiopatológicas mais utiliza-
repercussão em todos os sistemas do nosso orga- das para o DM, é: grupo de doenças metabólicas
nismo e, querendo ou não, qualquer especialidade caracterizadas por hiperglicemia crônica associada
que você atue, deparar-se com o diabetes. Portanto, a defeitos no metabolismo intermediário.
vamos reforçar os pilares que facilitarão bastante o
Mas o que é esse tal de “metabolismo intermediá-
entendimento das complicações e dos tratamentos.
rio”?! É o conjunto de reações responsáveis pelo
anabolismo (síntese) e catabolismo (quebra) de
proteínas, lipídeos e carboidratos. Portanto, basi-
camente, o DM dá-se diante de um desequilíbrio
53
Diabetes mellitus: diagnóstico, fisiopatologia e classificação Endocrinologia
DICA
Você pode encontrar em alguns
livros antigos que o DM é caracterizado BASES DA MEDICINA
por complicações da hiperglicemia crô-
nica, mas nem todo diabético evolui com
O balanço entre anabolismo e catabolismo na regula-
complicações, e nem por isso deixa de ter
ção da glicemia se traduz na disputa entre insulina vs.
o diagnóstico. hormônios contrarregulatórios (glucagon, adrenalina,
cortisol e GH/IGF-1).
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54
Diabetes mellitus: diagnóstico, fisiopatologia e classificação
Cap. 2
A regulação da liberação da insulina é feita pelo GLUT-2 W D: ativação das proteínas dos grânulos secretórios de
— transportador de glicose que “ajuda” o pâncreas a insulina, com sua secreção de forma “racional” pelas
detectar a variação glicêmica —, quando a glicose entra no células beta pancreáticas (Figura 2D). Na circulação
pâncreas, ocorre uma cascata de reações. Veja a seguir: periférica, a insulina é responsável pela ativação do
GLUT-4, canal transportador de glicose na maior parte
W A: fosforilação da glicose em glicose-6-fosfato (por dos órgãos (Quadro 1).
ação da glucoquinase), permitindo entrar no ciclo de
Krebs e formar ATP.
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Fonte: Acervo Sanar.
55
Diabetes mellitus: diagnóstico, fisiopatologia e classificação Endocrinologia
A insulina estimula o anabolismo em todas as vias: primeira porção do jejuno. A importância do efeito
u Proteínas: síntese proteica. da incretina para a manutenção da homeostase da
glicose está claramente estabelecida: esses hormô-
nios “conversam” com o pâncreas, estimulando a
DIA A DIA MÉDICO produção da insulina e têm efeitos sacietógenos no
hipotâlamo (redução da ingestão alimentar).
A insulina é um dos hormônios mais anabólicos do corpo! O portador de DM2 tem menor efeito incretínico e
Tanto que, alguns “loucos”, utilizam desse artifício para esta via é alvo de duas classes de medicamentos -
ganho de massa muscular, ou seja, mesmo sem DM, fazem
inibidores de DPP4 e agonistas do receptor de GLP1
uso desse hormônio para hipertrofia — até funciona… mas
-, as quais serão discutidas em capítulo específico.
é altíssimo o risco de hipoglicemia, convulsões e até óbito!
Outro hormônio importante para o controle glicêmico
é a amilina, secretada pelas células beta, junto à
u Lipídeos: lipogênese, por meio da conversão do insulina. Ela “informa” ao intestino que o pâncreas
acetil-CoA em malonil-CoA, para a síntese de entendeu que existe alimento no trato gastrointes-
ácidos graxos. tinal e “reforça” que não é necessário mais comida;
como resposta, ocorre a redução do esvaziamento
gástrico, além de aumento da saciedade, com dimi-
DICA
A falta de insulina faz com que o nuição da liberação do glucagon (evitando aumentos
acetil-CoA não seja convertido em malonil- excessivos de glicemia).
-CoA, e sim em corpos cetônicos: acetoace-
Em situações de resistência insulínica, o pâncreas
tato, beta-hidroxibutirato e acetona — resul-
tando na cetoacidose diabética (CAD)! Essa secreta mais insulina e, consequentemente, mais
via não sofre resistência insulínica, por isso amilina. O excesso de amilina deposita-se sob forma
é tão raro um DM2 com essa complicação. de depósitos de substâncias amiloides no pân-
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creas e sistema nervoso central, levando à falência
pancreática e aumentando o risco de doença de
u Carboidratos: glicogenogênese = síntese de gli- Alzheimer, respectivamente.
cogênio hepático e muscular.
3.3. HORMÔNIOS CONTRARREGULADORES
3.2. INCRETINAS
Os hormônios contrarreguladores (glucagon, adre-
nalina, cortisol, GH/IGF1) têm efeitos opostos ao da
BASES DA MEDICINA insulina sobre a glicemia, ou seja, são hiperglice-
miantes. Eles estimulam as reações de aumento de
Imagine você, há mais de um século observando o seguinte glicose, tendo a via final comum no fígado, por meio
fenômeno: após administrar a mesma quantidade de da gliconeogênese — síntese hepática de glicose
glicose por via oral e intravenosa, a primeira provoca a partir de moléculas não glicídicas (lactato dos
maior secreção de insulina que a glicose administrada
músculos, glicerol do tecido adiposo e aminoáci-
por via endovenosa. Como explicar?! Na época, os pes-
quisadores postularam que seria devida a: “INtestinal dos da proteólise celular). Para isso acontecer, os
seCRETion INsulin” e chamaram de efeito “incretínico”. principais processos são:
Anos mais tarde, descobriu-se que eram outros hormônios u Catabolismo dos lipídios: lipólise — quebra dos
produzidos pelo intestino que causavam esse fenômeno,
triglicérides, liberando ácidos graxos livres.
esses hormônios, então, foram chamados de incretinas.
u Catabolismo das proteínas: proteólise — quebra
de proteínas em aminoácidos. Essa é uma das
As principais incretinas são os hormônios GLP-1, razões da perda de peso na falta de insulina.
produzidos pelas células L, no íleo e no cólon, e o
GIP, sintetizado pelas células K, no duodeno e na
56
Diabetes mellitus: diagnóstico, fisiopatologia e classificação
Cap. 2
DICA 4. DIAGNÓSTICO
Endocrinopatias que cursam com
excesso de hormônios contrarreguladores,
como feocromocitomas (adrenalina), gluca-
Os critérios utilizados para o diagnóstico de diabetes
gonoma (glucagon), Síndrome de Cushing
(cortisol) e acromegalia (GH), podem levar são mostrados na Tabela 1.
ao DM (classificado como “outros tipos de
DM”) e até precipitar emergências hipergli-
cêmicas, como cetoacidose e estado hipe-
rosmolar hiperglicêmico.
Glicemia (mg/dL)
Categorias Jejum 2 h após HbA1c
Casual
(8 h) 75 g glicose
100–125 140–199
5,7-6,4%
Pré-diabetes Glicemia de Tolerância à
Risco de diabetes
jejum alterada glicose diminuída
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É preciso que ao menos 2 dos valores com asteriscos dL e em outra coleta o paciente tem hemo-
mostrados na Tabela 1 estejam presentes para o globina glicada (HbA1c) 7,7%, está feito o
diagnóstico, mesmo que eventualmente o
diagnóstico. A única situação que não precisamos
terceiro teste — glicemia 2 horas pós 75 g
de confirmação é se glicemia ≥200 mg/dL com
de glicose — esteja normal.
sintomas. As principais manifestações clínicas da
hiperglicemia são: E, caso o paciente tenha dois testes altera-
dos na mesma amostra (por exemplo, GJ
u poliúria;
142 mg/dL e HbA1c 7,1%), também já está
u polidipsia; feito o diagnóstico, não precisando coletar
u polifagia; novo exame.
u perda de peso;
u turvação visual; Muito cuidado para não escorregar nos testes diag-
u complicação aguda (cetoacidose ou estado hi- nósticos! A glicemia capilar (dextro/HGT/ponta de
perosmolar hiperglicêmico); e dedo) não vale como diagnóstico; portanto, se a
u tendência a infecções: candidíase vaginal, bala- questão colocar que um dos exames foi a glicemia
nopostite, infecções cutâneas; e/ou dificuldade capilar, o correto seria desconsiderar esse valor.
de cicatrização. Pré-diabetes é definido como: presença de glicemia
de jejum (GJ) alterada (GJ entre 100 e 125 mg/dL)
e/ou intolerância à glicose (teste oral de tolerância
DICA
Você pode confirmar a medida al- à glicose entre 140 e 199 mg/dL) e/ou HbA1c entre
terada com outra modalidade de exame. 5,7 e 6,4%.
Por exemplo, se glicemia de jejum 155 mg/
57
Diabetes mellitus: diagnóstico, fisiopatologia e classificação Endocrinologia
• Hemoglobinopatia*
4.1. HBA1C • Anemias carenciais (B12, ferro, folato)
• Esplenectomia
Aumento
• Doença renal
A hemoglobina glicada é uma estimativa da média de HbA1c
• Aumento de triglicérides
glicêmica dos últimos 90 dias (sendo 50% do último • Bilirrubinas
mês). Ela reflete o controle glicêmico, pois a HbA1c • Ureia
é a parte da hemoglobina que reage de forma não
*Hemoglobinopatias podem tanto reduzir como elevar a HbA1c,
enzimática com a glicose, ou seja, quanto maior o dependendo se aumentam ou baixam o turnover das hemácias,
percentual de HbA1c, maior a glicemia nesse período. respectivamente.
Fonte: Adaptado de Diabetes Care 2 .
DICA
A hemoglobina glicada reflete uma
média glicêmica, o valor de “cut-off” para 4.2. PROTEÍNAS GLICADAS
DM de 6,5%, significa uma média de 140 (FRUTOSAMINA E ALBUMINA)
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mg/dL nos últimos 3 meses, mas se quiser
“traduzir” o valor exato da HbA1c em glice-
mia média, pode utilizar a fórmula: glicemia BASES DA MEDICINA
média = 28,7 x A1C – 46,7.
58
Diabetes mellitus: diagnóstico, fisiopatologia e classificação
Cap. 2
6. DIABETES TIPO 1
5. CLASSIFICAÇÃO
A forma autoimune do DM inclui o tipo 1A (decorrente
da destruição seletiva autoimune das células beta
O DM é dividido em quatro grupos, de acordo com das ilhotas de Langerhans pancreáticas), tipo 1B
sua base fisiopatológica: (idiopático) e o LADA (Diabetes Autoimune Latente
do Adulto).
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u Diabetes autoimune – tipo 1 ou LADA (Diabetes
Autoimune Latente do Adulto): destruição au-
toimune de células beta, levando à deficiência
absoluta de insulina. DICA
Como o DM1 é o principal subtipo
u Diabetes tipo 2: relacionado à síndrome meta- do DM autoimune, é comum usar a nomen-
clatura DM1 para referir-se a todo o grupo
bólica e à resistência à ação da insulina. Evolu-
de DM autoimune.
tivamente, ocorre também perda progressiva da
secreção de insulina.
u Diabetes Mellitus gestacional: diabetes identifica- O DM1 acomete principalmente crianças e adoles-
do no segundo ou terceiro trimestre de gravidez centes, sendo responsável por 85-90% dos casos
na mulher, sem que haja evidência do diagnósti- de diabetes na infância.
co antes da gestação (será discutido no módulo
de obstetrícia).
u “Outros tipos” específicos de diabetes por diver- DICA
Antigamente, o DM1 também era
sas causas: síndrome de diabetes monogênica denominado de “diabetes juvenil”, mas
(como diabetes neonatal e diabetes de início na essa nomenclatura não é mais aceita pelas
maturidade dos jovens — MODY), doenças de principais referências na área, pois, com
pâncreas exócrino (como fibrose cística e pan- o aumento da obesidade infantil, o DM2
creatite crônica) e medicamentos (como o uso chega a 10-15% dos diagnósticos. Inclusi-
ve, estima-se que 3,3% dos adolescentes
de glicocorticoides, tratamento de HIV/AIDS, ou
brasileiros tenham Diabetes Mellitus tipo
após transplante de órgão).
2 e 22% pré-diabetes.
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Diabetes mellitus: diagnóstico, fisiopatologia e classificação Endocrinologia
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Positivo em 26% dos
O DM1 é marcado pela insulite linfocitária autoimune Antitransportador
60% pacientes com todos os
mediada por linfócitos T, com invasão de células de Zinco 8 (Zbt8)
outros AC negativos
mononucleares nas ilhotas pancreáticas e produção
Fonte: Adaptada de Vilar et al.3
de autoanticorpos contra antígenos pancreáticos,
como:
Os principais marcadores de autoimunidade são o
u anticorpo anti-ilhotas (ICA);
anti-ilhota, o anti-GAD65, e o anti-IA2. O anti-ICA e
u anti-insulina (IAA); o IAA costumam aparecer antes mesmo do diag-
u antidescarboxilase do ácido glutâmico (anti- nóstico, sendo o ICA o mais prevalente na aber-
-GAD65); tura do quadro. Pessoas que usam insulina podem
u antitirosina fosfatase (anti-IA2); e apresentar anticorpo anti-insulina (IAA) positivo,
u antitransportador de zinco 8 (ant-ZnT8). embora esse anticorpo não seja “funcional”, sendo
apenas um marcador. No LADA, quase 100% dos
casos terão o anticorpo anti-GAD65 positivo, e sua
ausência praticamente exclui essa possibilidade.
DICA
Até 4% dos indivíduos sem DM1
podem apresentar algum autoanticorpo DICA
Apesar de o anti-ilhota ser o mais
contra antígenos pancreáticos, mas, des-
comum na abertura do quadro de DM, seus
ses, apenas 1 em cada 20 evolui para a
títulos reduzem rapidamente e, após 2-3
doença manifesta. Já a presença de 2 ou anos, é comum desaparecer em muitos
mais autoanticorpos aumenta para 40% o pacientes. Já o decaimento dos títulos do
risco de DM1A; no entanto, pela falta de anti-GAD é bem menor, sendo considerado
intervenções terapêuticas aprovadas, não o de melhor sensibilidade após o período
há recomendação de triagem de pacientes de abertura do quadro.
assintomáticos de baixo risco.
60
Diabetes mellitus: diagnóstico, fisiopatologia e classificação
Cap. 2
Pessoas com DM1 têm maior risco de outras doen- Como o HLA tem forte componente de hereditarie-
ças autoimunes, como tireoidite de Hashimoto, dade, existe uma chance maior de alguém desenvol-
doença de Graves, doença de Addison, miastenia ver DM1 se houver história familiar positiva, sendo
gravis, doença celíaca, anemia perniciosa, entre variável conforme o parentesco:
outras. Por isso, se a questão apresentarpaciente u Mãe: 4%;
com alguma doença autoimune, obrigatoriamente u Pai: 8%;
você deve pensar que ele pode ter outra(s).
u Irmão: 10%;
u Ambos os pais: 30%; e
DICA
A associação de outras autoimu-
u Irmãos gêmeos: 25-50%.
nidades é tão importante que alguns con-
sensos indicam fazer rastreamento para
tireoidite de Hashimoto (anti-TPO e TSH) DICA
Apesar de haver maior chance de
e doença celíaca (antitransglutaminase
abrir DM1 se houver antecedente familiar,
IgA e medida sérica de IgA) no diagnósti-
contrariando a cultura popular, a aglome-
co de DM1.
ração familiar no DM1 é menos frequente
que o DM2: 5 % vs. 75%, respectivamente.
Traduzindo, a cada 100 pacientes com DM1,
somente 5 têm alguém na família com o
mesmo diagnóstico (embora, na popula-
DIA A DIA MÉDICO ção geral, a prevalência seja menor que
0,5%), enquanto no DM2, a cada 100 pes-
Na verdade, anticorpo anti-ilhota não é “O anticorpo”, soas com esse diagnóstico, 75 têm alguém
mas, sim, vários anticorpos… Como assim?! O ensaio na família com DM2 (na população geral é
laboratorial que avalia os ICAs é uma mensuração da cerca de 7,5%).
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autoimunidade contra a célula beta. Os anticorpos “de
verdade” são: anti-insulina (IAA), antidescarboxilase do
ácido glutâmico (GAD), antitirosina fosfatase da ilhota
(IA2) e o antitransportador de zinco (ZnT8); por isso, esses
quatro anticorpos podem ser descritos como anticorpos DIA A DIA MÉDICO
anti-ilhotas.
Outra questão prática importante de observar é que pode Pequena parte das pessoas com DM1 tem ausência de
haver discordância laboratorial entre o anti-ICA e o restante anticorpos na abertura do quadro e não possuem o "HLA
dos anticorpos, isso ocorre porque o ensaio laboratorial de risco". Esse “tipo” de diabetes é classificado de DM1b.
do anti - ICA é mais antigo, sendo menos acurado do que Assim, mesmo não havendo evidência de autoimunidade
os que são realizados para análise dos anticorpos indi- contra células beta, a evolução é semelhante ao DM
vidualmente, ou seja, não é incomum paciente anti-ICA autoimune e, inclusive, são mais propensos à CAD. Esse
negativo e algum dos outros anticorpos positivos. perfil é mais comum de ocorrer em pessoas com des-
cendência africana ou asiática. E, mesmo não estando
associada ao HLA, essa forma de diabetes tem um forte
6.1.2. Suscetibilidade genética componente hereditário.
61
Diabetes mellitus: diagnóstico, fisiopatologia e classificação Endocrinologia
u Fatores psicossociais.
Existem vários fatores que influenciam o desenvolvimento
do DM2. O octeto de DeFronzo resume bem essas vias
fisiopatológicas (Figura 1), mas, sem dúvidas, a resistência
DIA A DIA MÉDICO insulínica é umas das principais vias fisiopatológicas.
Mas o que é resistência insulínica? É o mau funcionamento
Outra situação em que observamos com clareza a impor- de enzimas relacionadas à transdução do sinal da insu-
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tância dos fatores ambientais ocorre em países nórdicos, lina; assim, o receptor de insulina, em vez de fosforilar
onde a população tem alta incidência de DM1, e apesar a tirosina, ativa a serina, diminuindo a translocação do
de ser mais frequente na população nativa, as famílias GLUT4 para a membrana celular e, portanto, prejudica a
imigrantes têm maior incidência do que a população de
eficácia da captação de glicose pelos tecidos periféricos.
seu país de origem, sendo sugerido que a baixa exposi-
ção solar e consequente deficiência da vitamina D possa
contribuir. Além disso, é sugerido que a hipótese higiênica
possa contribuir - as crianças são pouco expostas a infe-
ções no início da vida e o sistema imune não "aprende"
como modular sua resposta. (Está vendo?! Nem sempre
é vantajoso morar em países de primeiro mundo...).
Outra teoria é a relação com a “não aplicação” da vacina
BCG, que também auxiliaria na modulação do sistema
autoimune.
7. DIABETES TIPO 2
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Diabetes mellitus: diagnóstico, fisiopatologia e classificação
Cap. 2
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captação e utilização da glicose por tecidos perifé-
ricos (ex.: músculo esquelético), faz com que haja Situações relacionadas à síndrome metabólica,
menor inibição da lipólise e da gliconeogênese como obesidade (principalmente a visceral), seden-
hepática, ou seja, o fígado não percebe a glicose tarismo e dieta hipercalórica, estão muito associadas
e, com isso, aumenta a produção desta - a norma- ao DM2, mas fatores genéticos também têm forte
lização dessa via patogênica é um dos principais impacto na gênese da hiperglicemia, tanto que
mecanismos da metformina. 20% dos DM2 não têm obesidade. Não é à toa que
A RI é a primeira parte do processo, mas com sua alguns autores colocam que o DM2, assim como o
progressão há também a perda progressiva de DM1, é uma doença genética, mas precipitada por
secreção de grande parte das ilhotas pancreáticas fatores ambientais.
mediada por:
u Depósito pancreático de amilina: polipeptídeo
DICA
amiloide armazenado com a insulina nos grânu- Uma situação exemplo de como o
los de secreção das células beta. Seu acúmulo fator genético se relaciona com o ambiente
leva à apoptose celular. no desenvolvimento do DM2 é a que ocor-
reu com as tribos Pima e Ianomâmi. Estu-
u Hiperglicemia crônica: glicotoxicidade. dos observacionais mostraram que 50%
u Hiperlipidemia: lipotoxicidade (a RI leva ao au- dos índios que passaram a ter hábitos de
mento de ácidos graxos circulantes devido ao vida ocidentais evoluíram com alterações
glicêmicas. Nos que mantiveram os hábi-
aumento da lipólise, que por sua vez aumenta a
tos tradicionais, a prevalência é menor que
RI – ou seja, esse mecanismo é uma verdadeira a população geral.
“bola de neve”).
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u
<10% 75%
com DM
ricanos, ásio-americanos…;
u sedentarismo; Abertura do
diagnóstico 90% <10%
u presença de condições associadas à resistência em jovens (%)
à insulina (acantose nigricans, uso de antipsicóti-
Baixo nível
cos e corticoides, causas relacionadas a outros sérico (assim
tipos de DM - câncer de pâncreas, infecção por Peptídeo C como na Elevado
HIV, hepatite C...). insuficiência
pancreática)
Frequente –
Geralmente
Cetoacidose 30-40% no
DICA ausente
Se normal, repetir o rastreio a cada diagnóstico
três anos.
Positivo
Anticorpos Negativos
(70-95%)
64
Diabetes mellitus: diagnóstico, fisiopatologia e classificação
Cap. 2
DICA
A glicosúria também é causa de a b
uma outra manifestação associada à des-
Fonte: Acervo Sanar.
compensação da glicemia: candidíase e
infecção urinária de repetição.
8.2. LABORATÓRIO
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Principalmente no DM1, a cetoacidose pode ser a A questão mais “batida” do tema é sobre a avaliação
apresentação inicial em aproximadamente 25% dos da secreção pancreática de insulina, que está muito
adultos e em até 30-40% das crianças. baixa ou “zero” no DM1; e aumentada, normal ou
Já no portador de DM2, chama atenção as mani- discretamente baixa no DM2.
festações associadas à resistência insulínica, com Essa avaliação não é feita através da dosagem da
acantose nigricans em áreas de dobra cutânea insulina, e sim, utilizando o peptídeo C! Ele é secre-
(pescoço, axilas, virilha – Figura 4), obesidade e tado pelas células beta, junto à insulina, após a cli-
aumento da cintura abdominal. vagem da pró-insulina (Figura 5); no entanto, quase
toda a insulina é depurada na circulação portal;
portanto, a dosagem periférica é pouco fidedigna!
Figura 5. Liberação do peptídeo C.
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Diabetes mellitus: diagnóstico, fisiopatologia e classificação Endocrinologia
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DICA O MODY tem mais de 10 subtipos, definidos de
Você também pode estar se per-
acordo com a mutação apresentada, mas, na prá-
guntando: se DM1 e o DM2 têm associa-
ção genética, o que diferencia das formas
tica e para a prova, é importante conhecer os 3
monogênicas (MODY...)?! Não confundam: primeiros (Tabela 4). No Brasil, os subtipos mais
os tipos de DM monogênicas caracterizam- comuns de MODY são o MODY-GCK e MODYHNF1A,
-se por herança autossômica; o DM1 tem respectivamente.
herança complexa relacionada ao HLA e a
hereditariedade do DM2 é poligênica, asso-
ciada a inúmeros polimorfismos.
66
Diabetes mellitus: diagnóstico, fisiopatologia e classificação
Cap. 2
Subtipo de
MODY
Frequência Características clínicas Tratamento
Cromossomo
(gene)
MODY 3 52-65% dos • Glicosúria renal (precedendo a hiperglicemia) • Boa resposta a doses baixas de sul-
Cromos. 12 casos • Defeito progressivo na secreção de insulina fonilureias
(gene HNF1A) Mais comum • TOTG é útil para um diagnóstico precoce • MTF e AGLP-1 são opções adicionais
DICA DICA
Não se esqueça daqueles subtipos Via de regra, a insuficiência pan-
que “mudam conduta”, dentre eles o MODY creática inicia-se pela falência exócrina;
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2, que não requer tratamento, o DM neo- portanto, para investigar se o DM é por insu-
natal e o MODY 1 e 3, os quais têm a boa ficiência endócrina, um passo importante
resposta ao uso de sulfonilureias, já que o da investigação é avaliar a função exócrina
estímulo secretagogo faz um by-pass ao do pâncreas, que pode ser feita por meio
defeito que as células beta possuem. do balanço de gordura nas fezes e quanti-
ficação da elastase fecal.
67
68
Baixo peso História Resistência insulínica
Deficiência na Hiperfosforilação
ao nascer familiar + de receptores de
efetividade ou ↑ Lipólise
quantidade Etilismo insulina falha
de insulina Obesidade ↑ Glucagon na responsividade
elevado
Definição ↓ Incretinas
>45 anos
Doença
metabólica Pré- Fatores Mecanismos ↑ Reabsorção tubular glicose
crônica diabetes ou de risco patológicos
↑ Neoglicogênese hepática
multifatorial do diabetes
metabolismo gestacional
da glicose anterior DM2 Produção de
HLA de risco
autoanticorpos
OU UMA hiperglicemia
Dois testes alterados em inequívoca (>200 mg/
momentos diferentes dL) com sinais clássicos Patogênese DM1
de hiperglicemia (Ps)
Glicemia fisiopatologia
de jejum 100 a Poliúria/polidipsia
alterada e classificação Clínica
125 mg/dL Confirma-se:
Polifagia
Diabetes do DM
≥126 mg/dL Excesso e/ou
Mellitus Critérios Sintomas
diagnósticos clássicos (Ps) perda de peso
Normal <140 mg/dL
Tolerância TOTG Diagnóstico
140 a Complicações
à glicose (glicemia
200 mg/dL Retinopatia
diminuída pós-2 horas
Diabetes de 75 g de Microvasculares Neuropatia
≥200 mg/dL dextrose)
Mellitus*
Rastrear ao diagnóstico Nefropatia
Endocrinologia
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Diabetes mellitus: diagnóstico, fisiopatologia e classificação
Cap. 2
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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Melmed S, Polonsky KS, Larsen PR, Kronenberg H. Williams
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Diabetes Investig. 2014;5(2):121-33.
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Diabetes mellitus: diagnóstico, fisiopatologia e classificação Endocrinologia
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1 ⮨ F - F - V - V - F.
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40; TSH: 3,5; Creatinina: 0,7 e peso: 62 kg.
2) Hipertensão arterial sistêmica.
Considerando as características clínicas da paciente,
3) História familiar (1º grau) de DM.
analise cada afirmativa se é verdadeira (V) ou falsa
(F). 4) Hipotireoidismo.
I. Para confirmar ou afastar o diagnóstico de Dia- 5) Síndrome do Ovário Policístico.
betes Mellitus, é necessário solicitar o exame de
Hemoglobina Glicosilada. Estão corretas:
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Diabetes mellitus: diagnóstico, fisiopatologia e classificação
Cap. 2
( ) O DM2 é causado por uma combinação de vários ⮩ Solicitar avaliação de fundo de olho e lipidograma
graus de resistência à insulina e de deficiência para melhor caracterizar resistência à insulina.
relativa de insulina e sua ocorrência provavelmente
representa uma interação complexa entre muitos
Questão 5
genes e fatores ambientais.
( ) A busca por genes candidatos plausíveis na (FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE ALA-
fisiopatologia do DM2 envolve os que codificam GOAS - AL – 2021) Com relação ao diabetes mellitus
proteínas que possam estar envolvidas no desen- podemos afirmar que:
volvimento pancreático e na síntese, secreção ou ⮦ O tipo I e II são causadas por fatores autoimunes.
ação da insulina.
⮧ A diferenciação entre os dois tipos é apenas tem-
( ) Os fatores de risco ambientais mais marcantes na poral, ou seja, surgem em fases distintas da vida.
maioria dos pacientes que desenvolvem DM2 são o ⮨ Em ambas a hiperglicemia está relacionada à
aumento de peso e a diminuição da atividade física. resistência periférica à insulina.
( ) Um grande número de medicamentos pode preju- ⮩ O tipo I é de caráter autoimune e no tipo II há
dicar a tolerância à glicose, atuando na diminuição resistência periférica à insulina.
da secreção de insulina, no aumento da produção ⮪ Nenhuma das alternativas anteriores.
hepática de glicose ou na indução de resistência à
ação da insulina.
Questão 6
Assinale a alternativa que indica a sequência correta,
de cima para baixo. (FACULDADE DE MEDICINA DE CAMPOS - RJ – 2020) Um ho-
mem de 51 anos relata história de diabetes melito
⮦ V - F - V - F - V. tipo 2 há 6 anos. A história patológica pregressa é
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⮧ F - V - V - V - V. significativa para a infecção crônica por hepatite C,
doença renal crônica estágio 3 e uma hospitalização
⮨ F - V - F - V - F.
recente por um sangramento gastrointestinal supe-
⮩ F - V - F - F - F. rior. Ele utiliza sulfonilureia para controle glicêmico
⮪ F - F - V - V - V. e raramente verifica sua glicemia. A concentração
de glicose plasmática em jejum no consultório é de
195 mg/dL e a HbA1c é de 6,8%. O que você conclui
Questão 4
sobre o controle glicêmico?
(HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FAMEMA - SP – 2021) Uma pa-
⮦ A concentração média de glicose no sangue
ciente com 40 anos de idade procurou a UBS para
durante os últimos 3 meses é de aproximada-
a realização de exame de controle de sua saúde.
mente 140 mg/dL.
Estava assintomática e o exame físico nada mostrou
de alterado. Como estava em jejum, foi submetida ⮧ HbA1c pode estar falsamente elevada por causa
a realização de exames complementares, tendo-se da doença renal crônica.
observado apresentar uma glicemia de 120 mg/dL. ⮨ HbA1c pode estar falsamente baixa devido a
Com base nesse caso clínico, assinale a opção que doença hepática.
apresenta a conduta clínica a ser adotada. ⮩ Os níveis de HbA1c aumentam após uma perda
sanguínea aguda.
⮦ Diagnosticar diabetes melito e iniciar hipogli-
cemiante. ⮪ Os níveis de HbA1c refletem melhor a concentra-
ção de glicose pós-prandial do que a de jejum.
⮧ Solicitar teste de tolerância à glicose para me-
lhor definir o diagnóstico.
⮨ Diagnosticar pré-diabetes e orientar mudança
de hábitos de vida.
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Diabetes mellitus: diagnóstico, fisiopatologia e classificação Endocrinologia
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frequente, diabetes tipo MODY [Maturity Onset
Diabetes of the Young = Diabetes do Adulto Jo- é dependente do controle glicêmico e sim de fa-
vem], ainda é usualmente confundida com DM1. tores genéticos.
⮩ A abordagem diagnóstica das formas poligêni- ⮨ A dieta deve ser orientada logo após o diagnóstico
cas é mais complexa e não é preciso difundir o e deve abolir açúcares, doces, frutas e massas.
conhecimento havido nos últimos anos, pois a ⮩ O tratamento medicamentoso é a principal inter-
mais frequente, diabetes tipo MODY [Maturity venção terapêutica e deve sempre ser iniciado
Onset Diabetes of the Young = Diabetes do Adulto logo após o diagnóstico.
Jovem], não é usualmente confundida com DM1. ⮪ A incidência tem diminuído graças às campa-
nhas educativas, ao contrário da obesidade que
tem aumentado.
Questão 8
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Diabetes mellitus: diagnóstico, fisiopatologia e classificação
Cap. 2
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HCO3 – 9,0 BE – 14,0; ânion gap 24; Gli 438 mg/Dl,
⮧ Paciente apresenta diagnóstico provável de LADA
RX Abdome: Foi aventada a hipótese de cetoaci-
(Diabetes Autoimune Latente do Adulto) e into-
dose diabética, a qual foi tratada com hidratação
lerância gastrointestinal à metformina; deve-se
e insulinoterapia. O paciente apresentou resolução
solicitar peptídeo C para elucidação diagnóstica,
da cetoacidose em 12 horas de tratamento, e in-
suspender os antidiabéticos orais e introduzir
ternado para compensação clínica em Enfermaria
insulina.
Geral de Adultos, onde foi solicitada a Hb glicada,
cujo resultado foi de 10,5%. Com relação ao diag- ⮨ Paciente apresenta provável insuficiência pan-
nóstico de DM, investigação e tratamento, assinale creática endócrina; deve-se solicitar peptídeo
a alternativa correta: C, suspender antidiabéticos orais e introduzir
insulinoterapia. Solicitar balanço de gordura nas
fezes para investigar diarreia.
⮩ Paciente apresenta provável DM tipo 1; deve-se
solicitar peptídeo C, suspender antidiabéticos
orais e introduzir insulinoterapia.
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Diabetes mellitus: diagnóstico, fisiopatologia e classificação Endocrinologia
GABARITO E COMENTÁRIOS
Y Dica do professor: A confirmação do diagnósti- Y Dica do professor: O rastreio é indicado para to-
co de DM requer repetição dos exames alterados, dos os indivíduos após os 45 anos, mulheres que
podendo ser na mesma amostra de sangue. Mas, apresentaram diabetes gestacional e em pessoas
se presentes sinais e sintomas de hiperglicemia com sobrepeso/obesidade [Índice de Massa Cor-
e glicemia ao acaso maior ou igual a 200 mg/dL, poral (IMC) ≥25 kg/m2 ou ≥23 kg/m2 em asiáticos]
o diagnóstico está fechado. Vamos analisar cada + pelo menos um fator adicional:
assertiva: u Parente primeiro grau com DM.
Assertiva I: FALSA. O que está errado nesta alternativa u História de doença cardiovascular.
é quando coloca que “é necessária” a hemoglobina u Hipertensão arterial (≥140 x 90 mmHg ou em uso
glicosilada. Na verdade, repetir a glicemia de jejum
de anti-hipertensivos).
ou realizar o teste oral de tolerância a glicose tam-
bém poderiam conformar o diagnóstico.
u HDL <35 mg/dL e/ou triglicerídeos >250 mg/dL.
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Assertiva II: VERDADEIRA. Os antipsicóticos atípicos
u Síndrome dos ovários policísticos.
estão relacionados ao pior controle glicêmico por u Sedentarismo.
aumento da resistência à insulina causada tanto u Presença de condições associadas à resistência
pelo aumento da adiposidade, como interferência à insulina (acantose nigricans, uso de antipsicóti-
direta da droga nas proteínas transportadoras de cos e corticoides, causas relacionadas a outros
glicose. A glicosamina, por sua vez, interfere no me- tipos de DM – câncer de pâncreas, infecção por
tabolismo da glicose, mas apenas em doses muito HIV, hepatite C…).
superiores àquelas usadas para o tratamento da Das alternativas da questão, a única alternativa
osteoartrose, mas está descrita hiperglicemia nos que não está dentre os critérios de rastreio é o
efeitos adversos raros da medicação. hipotireoidismo.
Assertiva III: VERDADEIRA. Já temos o diagnóstico de ✔ resposta: C
pré-diabetes e a abordagem medicamentosa com a
MTF é possível. Podemos reavaliar a eficácia atra-
vés da glicemia de jejum precocemente. Questão 3 dificuldade:
Assertiva IV: FALSA. Recomenda-se a cessação do Afirmativa I: FALSA. O mecanismo pelo qual a obe-
exercício físico e dieta com objetivo de otimizar a sidade induz resistência à insulina é bem com-
perda ponderal, e não para evitar. preendido. Em indivíduos com síndrome metabó-
Assertiva V: FALSA. A dislipidemia não se associa à lica, maiores quantidades de ácidos graxos não
queixa do cansaço. esterificados, glicerol, hormônios e citocinas pró-
✔ resposta: B -inflamatórias, que poderiam participar do desen-
volvimento da resistência à insulina, são liberadas
pelo tecido adiposo visceral. Tendo o tecido adi-
poso um importante papel endócrino e a tríade
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Diabetes mellitus: diagnóstico, fisiopatologia e classificação
Cap. 2
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pré-diabetes para glicemia em jejum, necessita de Alternativa E: FALSA. Ela reflete os valores médios
mais um exame na faixa para definir o diagnóstico. da glicemia.
Alternativa D: FALSA. O paciente ainda não tem diag- ✔ resposta: C
nóstico definido para buscar lesão microvascular
em fundoscopia.
Questão 7 dificuldade:
✔ resposta: B
Y Dica do professor: O Maturity-onset diabetes of the
young (MODY) tem herança autossômica dominante
Questão 5 dificuldade:
e é caracterizado por:
Y Dica do professor: Sabe-se que o Diabetes Melli- u Hereditariedade (diagnóstico em duas ou mais
tus do tipo 1 se dá por destruição autoimune das gerações do mesmo lado da família);
células beta pancreáticas, levando à insulinopenia. u Presença de abertura do quadro de diabetes com
Já a DM2 está relacionado ao estado de aumento menos que 25 anos; e
da resistência insulínica. O diagnóstico da DM1 u Ausência de anticorpos.
tipicamente dá-se na infância e adolescência e o
paciente costuma apresentar-se com a sintomato- Por ocorrer em jovens que geralmente não estão
logia clássica da deficiência de insulina: polifagia, acima do peso, acaba sendo confundido com o DM1.
poliúria, polidipsia e perda ponderal. Já a DM2 clas- ✔ resposta: B
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Diabetes mellitus: diagnóstico, fisiopatologia e classificação Endocrinologia
dos níveis definidores de diabetes. Apesar de a avançar da idade, obesidade, sedentarismo, diag-
evolução do pré-diabetes variar entre os indivíduos, nóstico prévio de pré-diabetes ou Diabetes Mellitus
aproximadamente 25% das pessoas com pré-diabe- gestacional (DMG) e presença de componentes da
tes desenvolverão diabetes em três a cinco anos. síndrome metabólica, tais como hipertensão arterial
É frequente a presença de outras comorbidades e e dislipidemia. Portanto, o rastreamento periódico
fatores de risco, tais como: obesidade, hipertensão, para a doença é de extrema importância na presen-
dislipidemia e, consequentemente, risco aumenta- ça dessas condições.
do para eventos cardiovasculares. Portanto, uma Alternativa B: FALSA. A frequência das complicações
vigilância aumentada se justifica para identificar e crônicas é relacionada com o controle glicêmico. Há
tratar esses e outros fatores de risco. uma relação direta e independente entre os níveis
Alternativa A: CORRETA. Como descrito acima, indiví- sanguíneos de glicose e a doença cardiovascular.
duos com pré-diabetes frequentemente apresentam Alternativa C: FALSA. Recomenda-se uma nutrição
outros fatores que aumentam o risco de eventos equilibrada estabelecida a partir de concentrações
cardiovasculares, como hipertensão, obesidade e adequadas de macronutrientes e micronutrientes,
dislipidemia. prescritos de forma individualizada. Em geral, as
Alternativa B: INCORRETA. Indivíduos com pré-diabe- estratégias nutricionais incluem redução energética
tes FREQUENTEMENTE apresentam outros fatores e de gorduras e recomenda-se ingestão de fibras,
de risco cardiovascular. mediante oferta de grãos integrais, leguminosas,
Alternativa C: INCORRETA. Indivíduos com pré-diabe- hortaliças e frutas.
tes frequentemente apresentam outros fatores que Alternativa D: FALSA. Indica-se o início de uso dos
AUMENTAM o risco de eventos cardiovasculares, agentes antidiabéticos quando os valores glicê-
como hipertensão, obesidade e dislipidemia. micos encontrados em jejum e/ou pós-prandiais
Alternativa D: INCORRETA. Indivíduos com pré-diabe- estão acima dos requeridos para o diagnóstico de
diabetes, devendo-se então associar modificações
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tes frequentemente apresentam outros de fatores
risco cardiovascular, INCLUINDO A DISLIPIDEMIA. do estilo de vida nas recomendações iniciais asso-
ciadas ao uso de metformina.
✔ resposta: A
Alternativa E: FALSA. A incidência de Diabetes Mel-
litus tem aumentado a despeito das campanhas
Questão 9 dificuldade: educativas.
Y Dica do professor: Segundo a Sociedade Brasilei- ✔ resposta: A
ra de Diabetes, o Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) é
um importante e crescente problema de saúde pú- dificuldade:
Questão 10
blica, corresponde à grande maioria dos casos de
DM e acomete indivíduos, principalmente a partir da Y Dica do professor: A imagem de pâncreas com
quarta década de vida. Possui etiologia complexa e calcificação é compatível com pancreatite crônica,
multifatorial, envolvendo componentes genético e o que nos faz pensar que essa é a etiologia do DM.
ambiental. Suas complicações são categorizadas Alternativa A: FALSA. Os dados apresentados não
como distúrbios microvasculares, tais como nefro- excluem completamente o diagnóstico de DM2, já
patia, retinopatia e neuropatia, e macrovasculares, que, embora raro, poderia haver cetoacidose nessa
como infarto agudo do miocárdio e acidente vas- forma, mas certamente não é a principal hipótese.
cular cerebral. Quanto às manifestações cínicas,
Alternativa B: FALSA. O LADA é um tipo de diabetes
na maioria dos casos, a condição é assintomática
autoimune, que abre geralmente após os 30-35
e o diagnóstico é feito com base em exames labo-
anos e, inicialmente, o paciente permanece com
ratoriais.
bom controle glicêmico por no mínimo 6 meses,
Alternativa A: VERDADEIRA. Os principais fatores de o que até bate com o paciente, que tem 8 meses
risco para DM2 são história familiar da doença, do diagnóstico, e nada impede que ele estivesse
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Diabetes mellitus: diagnóstico, fisiopatologia e classificação
Cap. 2
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DIABETES MELLITUS: Capítulo
COMPLICAÇÕES CRÔNICAS 3
importância/prevalência
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1. INTRODUÇÃO gestacional não é indicado o rastreamento
de complicações crônicas (não confunda
com o DM1 ou DM2 que engravida — as
As principais complicações do Diabetes Mellitus quais devem ter a avaliação de retinopatia
(DM) são: intensificada).
u Microvasculares:
W Retinopatia: edema macular, retinopatia não u Macrovasculares:
proliferativa e proliferativa. W infarto agudo do miocárdio (IAM).
W Neuropatia: difusa (polineuropatia sensitiva W acidente vascular encefálico (AVE).
distal simétrica [principal] e neuropatia au-
tonômica); mononeuropatia e radiculopatia
W doença arterial obstrutiva periférica (DAOP).
(amiotrofia).
W Doença renal diabética: glomerulopatia (prin-
DICA
cipal); tubulopatias e infecções do trato geni- As complicações macrovascula-
turinário. res são as principais causas de óbitos de
pessoas com DM, que tem 2-6 vezes mais
risco de eventos cardiovasculares. Essas
DICA
Em outros tipos de DM, como LADA, complicações serão detalhadas no módulo
MODY, relacionados a causas específicas de cardiologia.
etc., geralmente, indicamos seguir a mes-
ma orientação do DM2. Já no diabetes
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Diabetes mellitus: complicações crônicas Endocrinologia
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u Tabagismo: CV, nefropatia, retinopatia e neuropatia. u Via dos polióis: a glicose intracelular é reduzida
u Álcool: neuropatia. em sorbitol pela aldose redutase que, em altas
concentrações, aumenta a osmolalidade celular,
danificando o funcionamento.
2. FISIOPATOLOGIA
u Ativação da PKC: a hiperglicemia aumenta a sín-
tese do diacilglicerol, um ativador da proteína Ki-
2.1. MICROVASCULARES naseC (PKC), enzima que tem efeitos protrombó-
ticos e promove o espessamento da membrana
Alguns subtipos celulares (endotélio da retina e dos basal capilar e proliferação endotelial (essa via
glomérulos renais e vasa nervorum) são incapazes está mais ativa em glomérulos e retina).
de regular a entrada de glicose no meio intrace-
lular. Desse modo, a hiperglicemia desencadeia 2.2. MACROVASCULAR
uma cascata de reações dentro dessas células que
estreitam a luz dos vasos, havendo redução do fluxo Diversos fatores influenciam a patogênese das com-
sanguíneo e apoptose celular, levando a alterações plicações macrovasculares. Os principais elementos
estruturais e funcionais. Essa fisiopatologia ocorre estão relacionados à hiperglicemia e à resistência
principalmente em: insulínica (DM2):
u Endotélio da retina: retinopatia. u A hiperglicemia ativa diretamente a formação de
u Endotélio dos glomérulos renais: nefropatia. citocinas pró-inflamatórias, moléculas de adesão,
u Vasa nervorum: neuropatia. além de aumentar a atividade plaquetária, contri-
buindo para o estado pró-coagulante.
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Diabetes mellitus: complicações crônicas Cap. 3
u A resistência à insulina leva à dislipidemia (as al- W Expansão da membrana basal glomerular e espessa-
terações típicas são hipertrigliceridemia, queda mento mesangial: caso seja mantida a hiperglicemia
crônica, haverá ativação daquelas vias patológicas
de colesterol HDL e molécula de LDL pequena e
responsáveis pelas complicações microvascula-
densa). Também age diretamente no endotélio res, com diminuição da produção de óxido nítrico
vascular, ativando vias que promovem o aumento e formação elevada de AGE, fator de crescimento
de fatores protrombóticos. transformador beta (TGF-beta), fator de crescimento
endotelial vascular (VEGF) e várias outras citocinas
DICA pro-inflamatórias, aumentando o estresse oxidativo.
Além das vias patológicas clássi-
E, mediada por esse ambiente inflamatório, ocorre a
cas, fatores como inflamação, liberação vasoconstricção e começam a surgir as marcas da
de neuropeptídios (substância P, calcitonin glomeruloesclerose diabética — hipertrofia das célu-
gene-related peptide/CGRP, peptídeo rela- las mesangiais e acúmulo de matriz, caracterizado
cionado com o gene da calcitonina e fator histopatologicamente por:
de necrose tumoral alfa/TNF – α), estresse
oxidativo, desequilíbrio energético, deses- V Espessamento da membrana basal dos capilares
truturação proteica, efeitos mediados por e alterações em podócitos (só visível com micros-
cortisol e diferenças na expressão genética copia eletrônica).
relacionadas a polimorfismos associam-se V Glomeruloesclerose (intercapilar) difusa (achado
a um risco aumentado de complicações, mais comum).
tanto micro como macrovasculares.
V Glomeruloesclerose (intercapilar) nodular ou lesão
de Kimmelstiel-Wilson (lesão mais característica).
W Microalbuminúria, seguido de proteinúria manifesta: as
lesões glomerulares da fase anterior fazem o glomérulo
3. DOENÇA RENAL DIABÉTICA perder sua capacidade de filtração, havendo passagem
de proteína por ele, o que acaba sustentando um círculo
vicioso de alterações hemodinâmicas glomerulares.
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3.1. CONCEITOS
W Rins em fase terminal/uremia: à medida em que a
doença renal diabética progride, há aumento no grau
de fibrose intersticial/atrofia tubular, o que leva ao
BASES DA MEDICINA declínio na TFG.
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Diabetes mellitus: complicações crônicas Endocrinologia
Hiperfiltração
Normoalbuminúria/albuminúria
A1 (<30 mg/g Cr)
Microalbuminúria/albuminúria
A2 (30-300 mg/g Cr)
Macroalbuminúria/albuminúria
A3 (>300 mg/g Cr)
Atualmente, no entanto, sabemos que pessoas queles com HAS, independentemente do tempo
com diabetes podem evoluir com declínio na TFG, de doença.
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mesmo não apresentando albuminúria — atenção u Após iniciar o rastreamento, este deve ser reali-
à esse novo conceito, mas sempre desconfie se um zado pelo menos uma vez por ano.
portador de DM evoluir de forma não clássica, pois
Os exames laboratoriais para rastreamento são:
“não é porque alguém é portador de DM, que não
pode ter outras causas de doença renal!”
u Dosagem da creatinina sérica para o cálculo da
filtração glomerular estimada (TFGe), pelas equa-
Além da glomerulopatia, o DM aumenta o risco ções Cockroft-Gault, MDRD ou CKD-EPI (prefe-
de outras complicações renais, como tubulopa- rida por maior parte das sociedades médicas).
tias e infecções do trato geniturinário. A principal u Medida da excreção urinária de albumina (EUA)
tubulopatia relacionada ao diabetes é a acidose
e creatinina, realizada em amostra de urina iso-
tubular renal (ATR) tipo IV. Nela ocorre um HIPOal-
lada, com a determinação da relação albumina:
dosteronismo HIPOreninêmico. É caracterizada por
creatinina.
hipercalemia e acidose (o contrário do que ocorre
no hiperaldosteronismo), sendo a única ATR que Considera-se que excreção urinária de albumina
cursa com potássio alto. está alterada se relação ≥30 mg albumina/grama
de creatinina, também chamada de fase de microal-
buminúria, ou albuminúria A2. Mas, com uma só
3.2. RASTREAMENTO E CLASSIFICAÇÃO medida alterada ainda não é possível estabelecer o
diagnóstico, é preciso ter 2 de 3 amostras de urina
O rastreio é indicado em todos os indivíduos com: alteradas em um intervalo de 3 a 6 meses após a
u DM2: logo ao diagnóstico; e primeira alteração. Além disso, para uma avaliação
u DM1: após 5 anos de doença, desde que após adequada, o paciente não pode estar apresentando
início da puberdade ou >10 anos de idade, e na- condições que possam elevar a proteinúria transi-
toriamente, como:
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Diabetes mellitus: complicações crônicas Cap. 3
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É definida como doença renal do diabetes a partir Também é fundamental ter sempre em mente que
de microalbuminúria A2 e/ou DRC grau 3 ou maior, não é porque o paciente é diabético que todas as
na ausência de sinais e sintomas de outras causas alterações da função renal serão culpa do diabetes.
de doença renal. Ele também pode ter alguma doença glomerular
primária sem relação com o DM! Referencie para o
DICA
Apesar de a hiperfiltração ser a pri- nefrologista caso o paciente apresente alguns dos
meira etapa fisiopatológica, ela não é con- sinais de alarme mostrados no Quadro 1.
siderada “doença”.
DICA
Atenção: a DRD pode evoluir com
proteinúria nefrótica (>3,5 g/24h), inclu-
sive com repercussão clínica (síndrome
nefrótica).
83
Diabetes mellitus: complicações crônicas Endocrinologia
Hipertensão refratária
> Redução de 30% na TFG em 2-3 meses após o início de um inibidor da ECA ou BRA
DICA DICA
O achado em exames de imagens Parece “repetitivo” listar aqui me-
de rins de tamanho normal ou aumentado, didas que já deveríamos realizar indepen-
em um paciente com DRC G4/G5, favorece dentemente de ter DRD, como tratar disli-
a hipótese de que a disfunção renal esteja pidemia, controle da glicemia e da pressão
relacionada ao DM, mas lembre-se de que arterial, mas a microalbuminúria é fator
esse achado também pode ser encontrado de risco independente para cardiopatia is-
em outras condições, tais como rins policís- quêmica; por isso, as medidas de proteção
ticos, nefropatia falciforme, esclerodermia cardiovasculares precisam ser redobradas.
renal, nefropatia obstrutiva crônica, nefro-
patia pelo HIV e miloidose renal.
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DIA A DIA MÉDICO
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Diabetes mellitus: complicações crônicas Cap. 3
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Fonte: Elaborada pelo autor(a).
Essas classes têm ação antiproteinúrica e renopro- de perfusão renal “limítrofe”, a redução da pressão
tetora, isto é, reduzem a progressão para estágios intraglomerular pode precipitar insuficiência renal
mais avançados da DRC e, com isso, a mortalidade. aguda pré-renal e a elevação de potássio.
Por isso devem estar na maior dose possível, a fim
de reduzir a albuminúria e atingir a meta pressórica. DICA
O controle da pressão por si tam-
Apesar dos benefícios, alguns cuidados são impor- bém reduz os desfechos renais. Sendo
assim, caso não seja atingida a meta da
tantes:
PA com o uso do IECA ou BRA, pode haver
u NUNCA fazer o bloqueio duplo do sistema reni- associação com quaisquer outras classes,
na angiotensina-aldosterona com IECA + BRA, preferencialmente os diuréticos tiazídicos e
devido ao risco aumentado de hipercalemia e os bloqueadores dos canais de cálcio não
da piora aguda da função renal. diidropiridínicos (verapamil, diltiazem…),
que conseguem potencializar o efeito an-
u Contraindicar se estenose bilateral de artéria re- tiproteinúrico. Para cada redução de 10
nal OU creatinina >3,0 mg/dL. mmHg na PAS, há redução significativa
u Suspender/não iniciar em situações de insufi- de 13% do risco de complicações micro-
ciência renal aguda. vasculares.
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Diabetes mellitus: complicações crônicas Endocrinologia
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sorção da glicose tubular renal, diminuem: peso,
pressão arterial sistêmica e intraglomerular e, DICA
Atenção: outro pilar importante é
com isso, conseguem melhorar de maneira sig- evitar novas injúrias renais; portanto, em
nificativa os desfechos renais desfavoráveis, tais pacientes com TFG <60 mL/min e/ou al-
como: redução da TFGe, aumento da albuminúria buminúria A3, deve-se ponderar o uso de
em progressão para diálise e até mesmo morte anti-inflamatórios e exames contrasta-
dos, além de ajustar as doses das medi-
de causas cardiovasculares.
cações, quando indicado (por exemplo:
antibióticos).
DICA
Mesmo em “não-diabéticos” esse
mecanismo é benéfico — sendo demons-
trada redução da mortalidade tanto em pa-
cientes não diabéticos com doença renal 4. RETINOPATIA DIABÉTICA
crônica e proteinúria, como também naque-
les com insuficiência cardíaca.
4.1. CONCEITOS
86
Diabetes mellitus: complicações crônicas Cap. 3
levar à perda visual ou até à cegueira (primeira causa frequente, sendo realizada a cada trimestre e um
mundial de cegueira adquirida). ano após o parto.
4.2. RASTREAMENTO
4.3. CLASSIFICAÇÃO
O rastreio anual por meio da fundoscopia indireta
inicia-se a partir do diagnóstico no DM2 e, no DM1, A retinopatia é classificada em retinopatia diabética
a partir de cinco anos de doença ou antes, se ges- não proliferativa (RDNP) e proliferativa (Figura 2).
tação e puberdade. Na gestação, a avaliação é mais Quando ocorre lesões especificamente na mácula,
é chamada de edema macular.
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Figura 2. Achados da retinopatia diabética.
B
E
A G
F
C
D
A: Microaneurismas; B: Exudatos duros; C: Hemorragias em chama de vela; D: Exudatos algodonosos; E: Anormalidades vasculares intrar-
retinianas; F: Neovasos; G: Hemorragia vítrea.
Fontes: Acervo Sanar.
87
Diabetes mellitus: complicações crônicas Endocrinologia
DICA
Para a prova, leu “neovasos”, “des- Outra complicação oftalmológica é o edema macular
colamento ou hemorragia vítrea” = retino- (Figura 3C), uma complicação muito grave que pode
patia diabética proliferativa. aparecer em qualquer um desses estágios, mesmo
nos mais leves, caso os exsudatos duros atinjam a
fóvea, podendo levar à perda de visão.
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Figura 3. Achados no fundo de olho.
4.4. COMO AVALIAR O FUNDO DE OLHO Na Figura 3B observamos o edema do nervo óptico
(edema de papila), que caracteriza a retinopatia
Por mais que pareça “assunto de especialista”, o hipertensiva estágio 4. Fique atento a esse achado
fundo de olho adora aparecer nas provas de con- se a questão colocar um paciente hipertenso e dia-
cursos em geral; portanto, precisamos entender os bético; lembre-se de que a alteração do fundo de
achados mais básicos! olho pode não ser relacionada ao DM, e sim ao HAS.
No fundo de olho normal (Figura 3A), temos o nervo Quando temos alteração dos vasos (observe a Figura
óptico (círculo brilhante) e a mácula (círculo opaco). 2), visualizamos: o microaneurisma (A), um ponto
vermelho bem pequeno, que é o primeiro estágio; a
88
Diabetes mellitus: complicações crônicas Cap. 3
evolução desse achado é a hemorragia em chama Exercícios aeróbicos de moderada a alta intensidade
de vela (C), ponto bem maior e um pouco borrado. e exercícios de resistência estão contraindicados
Os pontos brilhantes são os exsudatos duros (B), que nos pacientes com RD não proliferativa grave e
progridem para os algodonosos (D). A seguir vamos RD proliferativa pelo risco de hemorragia vítrea e
lhe mostrar essa classificação com mais detalhes. descolamento de retina.
DICA
4.5. TRATAMENTO Uma dúvida comum é sobre o uso
de ácido acetilsalicílico: ele não é contrain-
dicado e pode ser utilizado como proteção
Assim como qualquer complicação microvascular,
cardiovascular em pacientes com RD, inclu-
o tratamento das comorbidades e do diabetes é sive na forma proliferativa.
fundamental, sendo alguns dos pilares:
u Controle pressórico rigoroso.
u Controle lipídico. Alguns tratamentos específicos (Quadro 3) são uti-
lizados principalmente para as formas proliferativas
u Cessação do tabagismo.
da retinopatia e do edema macular. O principal é a
u Tratamento da anemia (se existente, pode piorar panfotocoagulação a laser, que tem o objetivo de
a retinopatia). regredir os neovasos, evitando a progressão da
u Tratamento da nefropatia e da proteinúria (com- complicação, mas não reverte a acuidade visual
plicações bastante associadas). que foi perdida (Figura 4).
u Otimização do controle glicêmico.
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Tratamento Forma Indicação
Corticoides*
Aplicação intravítrea de triancinolona
*Podem aumentar o risco de Edema macular
acetonida ou a fluocinolona acetonida
glaucoma
Hemorragia vítrea ou
Vitrectomia cirúrgica
descolamento de retina
89
Imagem do
Diabetes mellitus:
Tórax complicações crônicas Endocrinologia
RADIOLOGIA
Sensorial aguda
Polineuropatia
sensitiva distal
simétrica
Sensitiva (sensitivo-
motora) crônica -->
mais comum
Difusa
Cardiovascular
Gastrointestinal
Não reconhecimento
de hipoglicemia
Autonômica
Disfunção sudomotora
Neuropatia
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diabética Urogenital
Tóraco-lombar
Radiculopatia ou
polirradiculopatia
Motora proximal
(amiotrofia)
Mononeuropatia
Mediano (síndrome
do túnel do carpo),
Nervo periférico ulnar, fibular comum e
isolado cutâneo femoral lateral
90
Diabetes mellitus: complicações crônicas Cap. 3
DICA
Como acabamos de ver, a neuropa-
tia diabética é um diagnóstico de exclusão!
Até 10% das neuropatias em portadores de
DM não são por consequência do diabe-
tes, sendo fundamental, na história e nos
exames laboratoriais, avaliar os principais
diagnósticos diferenciais, como: neuropatia
alcoólica, mieloma múltiplo, deficiência de
Fonte: Acervo Sanar.
B12, vasculite, hipotireoidismo, hanseníase,
hepatites e HIV.
DIA A DIA MÉDICO
Por mais que o bom controle do DM seja um dos objetivos 5.2. FIBRAS NERVOSAS
nesse caso, a melhora muito rápida da glicemia pode
precipitar o descolamento de retina devido à mudança Para que você compreenda com mais facilidade os
brusca da osmolalidade — e nem precisa ser com insu-
achados da neuropatia diabética, é preciso conhe-
linoterapia para que isso ocorra. O estudo SUSTAIN-6
mostrou que o controle glicêmico rápido e de grande
cer as fibras nervosas que são afetadas por essa
complicação.
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magnitude obtido por meio da semaglutida levou à piora
da retinopatia. Portanto, em pacientes com fatores de risco
para desenvolver retinopatia, a otimização do tratamento DICA
Alguns macetes para facilitar a me-
deve ser feita mais lentamente.
morização: perceba que as fibras C e D (del-
A Clorpropamida também deve ser evitada em pacientes ta) são as fibras relacionadas ao Calor e à
com retinopatia. Alguns estudos demonstraram que essa Dor, sendo que a Delta é mielínica, ou seja,
sulfonilureia, mesmo reduzindo glicemia, não protegia é mais rápida e, por isso, também é respon-
contra retinopatia. sável pela dor AGUDA. Perdoe o português,
mas para decorar vale tudo… Lembre-se:
fibra C = Cem(sem) mielina…
5. NEUROPATIA
5.3. CLASSIFICAÇÃO
91
Diabetes mellitus: complicações crônicas Endocrinologia
A amiotrofia diabética cursa com dor e perda de é percebido clinicamente, sendo fundamental o
sensibilidade na parte proximal dos membros infe- rastreamento por meio do monofilamento de 10
riores, associada à fraqueza e atrofia uni ou bilateral. gramas e com diapasão de 128 Hz, para testar a
sensibilidade vibratória.
Parece estar associada a fatores autoimunes e
inflamatórios, motivo pelo qual são utilizados no DIA A DIA MÉDICO
tratamento corticosteroides e imunoglobulina.
5.4. NEUROPATIA SENSORIAL AGUDA Com a progressão da doença, há acometimento de fun-
ções motoras e podemos observar fraqueza muscular.
Caso as primeiras manifestações sejam motoras, chama
Forma rara de neuropatia, com sintomas dolorosos
atenção a possibilidade de outras causas de neuropatia.
e de difícil controle. Pode ser desencadeada por
grande variabilidade glicêmica (como no início de
insulina ou descompensação aguda). É autolimi-
5.6. NEUROPATIA DIFUSA AUTONÔMICA
tada, mas pode permanecer de 6 a 12 meses após
a estabilização dos níveis da glicemia.
5.5. POLINEUROPATIA DIFUSA SENSITIVA BASES DA MEDICINA
CRÔNICA (DISTAL E SIMÉTRICA)
A neuropatia autonômica caracteriza-se pelo envolvimento
É a forma mais comum da ND, em especial a polineu- de fibras finas amielínicas (fibras C) do sistema nervoso
ropatia sensitiva distal (PSD), representando cerca periférico. O vago é o principal nervo acometido (pois é
de 80% das ND, e já está presente no diagnóstico o mais longo).
em até 20% dos pacientes com DM2. Geralmente, é assintomática e subdiagnosticada. Esti-
ma-se que aproximadamente 50% dos pacientes com
Desenvolve-se de maneira lenta, progressiva e simé- DM1 e 70% dos pacientes com DM2 apresentem algum
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trica, tem progressão comprimento-dependente; por envolvimento autonômico, embora apenas 14% apresen-
isso, geralmente, inicia-se em membros inferiores, tem formas moderadas a graves da doença.
mas pode evoluir para os membros superiores,
padrão esse conhecido como “botas e luvas”.
As principais manifestações clínicas da neuropatia
DICA autonômica diabética são: hipoglicemia assintomá-
Quanto maior o nervo, maior a chan-
ce de apresentarem complicações. Por isso, tica, taquicardia em repouso, hipotensão ortostática,
os membros inferiores são mais acometi- gastroparesia, constipação, diarreia, incontinência
dos que os superiores. Além disso, a alta fecal, disfunção erétil, bexiga neurogênica e dis-
estatura é um fator de risco! função sudomotora com aumento ou diminuição
da sudorese. Mais detalhes em relação às mani-
festações e os tratamentos específicos estão na
Inicialmente, os sintomas mais comuns são rela- Quadro 4.
cionados com a lesão de fibras finas (tipo C e tipo
A delta), manifestando-se com dor e disestesia
(queimação, parestesias, hiperestesia, dor com
piora noturna e formigamento). A associação da
disautonomia é frequente e podemos encontrar
também desidrose e pele ressecada.
Isso não quer dizer que o envolvimento de fibras
grossas (fibras A alfa e beta) sempre vem depois.
Eles podem ser até mais precoces, mas suas mani-
festações incluem dormência e perda da sensi-
bilidade tátil (protetora), o que muitas vezes não
92
Diabetes mellitus: complicações crônicas Cap. 3
• Esvaziamento vesical
• Antibioticoterapia terapêutica e profilática, se
• Bexiga neurogênica
Geniturinário indicado
• Betanecol, se resíduo pós-miccional >100 mL
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• Diminuição da resposta reflexa pupilar de
Pupilar • Contraindicar dirigir à noite
adaptação ao escuro
DICA
Dentre as disfunções autonômicas, 5.8. MONONEUROPATIA CRANIANA
muita atenção à disautonomia cardiovas-
cular, pois está associada à mortalidade,
Das formas de neuropatia focal, é a mais comum.
independentemente de outros fatores, do-
brando o risco cardiovascular, pois pode O par craniano mais acometido é o oculomotor (III
apresentar isquemia miocárdica silenciosa. par), seguido pelo troclear (VI) e facial (IV).
O quadro clínico é de início abrupto e inclui diplopia e
ptose (queda da pálpebra superior). A progressão do
5.7. AMIOTROFIA (RADICULOPATIA défice dá-se em 1 ou 2 dias. Metade dos pacientes
MOTORA PROXIMAL) tem dor associada e ocorre recuperação espontânea
em 2 a 3 meses.
Essa forma de neuropatia é associada a alterações
O diagnóstico diferencial é com doenças que compri-
microvasculares que levam à isquemia das fibras
mem o oculomotor (III), mas, no caso da neuropatia
nervosas; por isso, é mais frequente em idosos.
focal do DM, não há midríase (Figura 5).
Assim como na neuropatia aguda, está relacionada
a grande variabilidade glicêmica (hiper e hipogli-
cemias).
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Diabetes mellitus: complicações crônicas Endocrinologia
Figura 5. Paralisia do terceiro par craniano direito por complicação do DM (A) e por herpes zóster (B).
A B
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Como o acometimento mais comum é a polineu- “frio” e outro “quente”.
ropatia sensitiva simétrica distal dos membros V Função de fibra grossa:
inferiores, o rastreamento deve englobar o exame
t Sensibilidade vibratória: usando um dia-
geral do pé, com o objetivo de identificar a neuropatia
pasão de 128 Hz (Figura 7).
e evitar a progressão para o “pé diabético”, que já
seria uma complicação grave, como vamos discutir t Reflexo aquileu.
logo mais, e está relacionada à infeção, ulceração e/ t O próprio monofilamento de 10 g.
ou destruição dos tecidos profundos do pé. Assim, A principal etapa é o monofilamento de 10 gramas,
os checklists incluem: pois identifica o pé insensível, em risco de ulceração
e, consequentemente, de amputação. No entanto,
u Inspeção: procurar alterações dermatológicas sensibilidade preservada com essa ferramenta não
e musculoesqueléticas, locais de hiperemia, ul- afasta o diagnóstico de ND.
cerações, rachaduras, calosidades e pontos de
infecção, incluindo a região interdigital. O bioestesiômetro e o neuroestesiômetro são equi-
pamentos que conseguem quantificar o limiar de
u Palpação: avaliar dor e calor, além de palpação sensibilidade; no entanto, é pouco útil na prática,
dos pulsos pediosos e tibiais posteriores, bila- além de caro.
teralmente.
u Avaliação neurológica, buscando identificar não
apenas a presença da disfunção, mas também o
risco futuro de complicações. Dessa forma, deve
incluir a avaliação da:
94
Diabetes mellitus: complicações crônicas Cap. 3
Figura 6. Pontos para avaliação da sistólica maior que 20 mmHg ou diastólica >10
sensibilidade protetora (monofilamento). mmHg, está feito o diagnóstico.
Outro teste que deve ser incluído durante o exame
do pé em todos os pacientes com DM maiores que
50 anos ou naqueles com um fator de risco car-
diovascular adicional é o índice tornozelo-braquial
(ITB), método de rastreamento da doença arterial
obstrutiva periférica (complicação macrovascular).
DICA
O ITB é calculado utilizando as me-
didas da pressão arterial sistólica (PAS)
braquial e do tornozelo bilateralmente por
meio da seguinte razão: PAS do tornozelo
(pulso pedioso ou tibial posterior)/PAS bra-
quial, sendo interpretado como:
W ≥1,4 – sugere calcificação de Moncke-
berg
W 0,9 a 1,3 – normal.
Algumas diretrizes não colocam os locais pontilhados como W 0,71 a 0,9 – alteração discreta.
obrigatórios.
Fonte: Acervo Sanar. W 0,41 a 0,7 – alteração moderada.
W ≤0,4 – alteração importante.
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pé com diapasão de 128 Hz.
5.10. TRATAMENTO
95
Diabetes mellitus: complicações crônicas Endocrinologia
DICA
Deve ser evitado o uso de opioides,
BASES DA MEDICINA
uma vez que podem levar à dependência e
predispor outras complicações, como as
disautonomias gastrointestinais e genitu- O PD é um misto das complicações e tanto pode ter
componente neuropático como isquêmico, com graus
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rinárias. São reservados para os casos de
refratariedade. variados de doença arterial periférica.
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Diabetes mellitus: complicações crônicas Cap. 3
u Isquêmicas (10% dos casos): localizam-se geral- u Neuroisquêmicas (30% dos casos): são úlceras
mente nas extremidades dos dedos, costumam com características mistas, neuropáticas e isquê-
ser dolorosas e associadas à pele cianótica, micas. A clínica depende de qual é o mecanismo
unhas atrofiadas e micóticas, pulsos diminuídos fisiopatológico predominante.
e palidez do membro. As úlceras têm margens
6.3. AVALIAÇÃO
irregulares, não têm exsudato (por isso, quando
infectadas, chamamos de gangrena seca) e po-
dem apresentar tecido necrótico (Figura 9). Em Para classificar a lesão, devemos levar em consi-
geral, calos e deformidades estão ausentes (di- deração profundidade, presença de isquemia ou de
ferentemente das neuropáticas). infecção, entre outros fatores associados à úlcera
(Quadro 5).
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Figura 9. Lesão vascular em pé diabético.
GRAU
ESTÁGIO
0 I II III
A
Lesão pré ou pós-ulcerati- Ferida superficial não
(ausência de Ferida com exposição Ferida com exposição
va completamente epite- envolvendo tendão,
infecção ou isque- de tendão ou cápsula de osso ou articulação
lializada cápsula ou osso
mia)
97
Diabetes mellitus: complicações crônicas Endocrinologia
6.4. TRATAMENTO
DICA
Algumas opções de esquemas an-
As principais abordagens em casos de úlceras são: tibióticos para cobertura da flora provável:
u Cuidados locais: limpeza com soro fisiológico e W Casos leves:
curativos periódicos, desbridar as áreas necróti- V amoxicilina com clavulonato;
cas de forma manual ou química e retirar calosi- V cefalexina; e
dades adjacentes preventivamente. Nunca usar
antibiótico tópico (proscrito).
V ciprofloxacino + clindamicina.
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casos de osteomielite, deve ser realizada biopsia óssea
Em infecções leves, as bactérias Gram-positivas (estrep- para tratamento guiado e estender o tempo de antibioti-
tococo e estafilococo) costumam ser os únicos agentes. coterapia por pelo menos oito semanas.
Casos graves estão associados à infecção por Gram-ne-
gativos (E. coli, Klebsiella, Enterobacter) e aos anaeróbios,
sendo, portanto, POLIMICROBIANAS.
6.5. ARTROPATIA DE CHARCOT
98
Diabetes mellitus: complicações crônicas Cap. 3
7. COMPLICAÇÕES
MACROVASCULARES
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fálico (AVC) e doença arterial obstrutiva periférica
6.6. MEDIDAS DE PREVENÇÃO (DAOP), as quais são as principais causas de óbitos
no DM, que tem 2-6 vezes maior risco de eventos
cardiovasculares (CV). Essas complicações serão
Boa parte dos casos pode ser prevenida, evitando
detalhadas em módulos de outras disciplinas, mas
a amputação, se houver melhor cuidado. Dentre as
é fundamental já definir aqui alguns pilares da sua
principais recomendações, sugere-se:
abordagem.
u Inspeção diária pelo próprio paciente.
u Cortar unhas retas (Figura 11). DICA
A recomendação da Associação
u Em caso de neuropatia, usar calçados apropria- Americana de Diabetes (ADA) é estratificar
dos (Figura 11). o risco CV dos pacientes com DM de 40-79
anos, por meio da calculadora da Socieda-
u Não andar descalço. de Americana de Cardiologia (que está dis-
u Cuidar de calos e alterações ungueais (podologia). ponível no aplicativo do Yellowbook). Este
escore avalia o risco de apresentar, nos
u Enxugar bem os pés, inclusive entre os dedos. próximos 10 anos, eventos cardiovascula-
u Procurar auxílio médico, caso úlcera. res importantes (doença cardíaca coronária
[IAM ou angina], doença cerebrovascular
u Usar meias brancas (mais fácil para identificar [AVC] ou doença arterial periférica), clas-
feridas). sificando o paciente como de:
u Hidratar o pé (exceto entre os dedos). W Baixo risco: chance <5%.
W Risco limítrofe: chance 5% a 7,4%.
W Risco intermediário: chance entre 7,5%
a 19,9%.
W Alto risco: chance ≥20%.
99
Diabetes mellitus: complicações crônicas Endocrinologia
Atorvastatina 10 – 20 mg
Rosuvastatina 5 – 10 mg Sinvastatina 10 mg
Sinvastatina 20 – 40 mg Pravastatina 10 – 20 mg
Atorvastatina 40 – 80 mg
Pravastatina 20 – 80 mg Lovastatina 20 mg
Rosuvastatina 20 – 40 mg
Lovastatina 40 mg Fluvastatina 20 – 40 mg
Fluvastatina 40 mg 2xd Pitavastatina 1 mg
Pitavastatina 2 – 4 mg
Na prática: DM acima de 40 anos + quaisquer outros exemplo, idade >70 anos, anemia, doença renal
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fatores de risco = alto risco = estatina de alta potên- dialítica).
cia. Temos duas exceções que fogem à essa regra:
Nesse contexto de cuidados relacionados à redução
u Pacientes com <40 anos, mas que têm DM2 e do risco CV, também é fundamental estimular a
alto risco cardiovascular, que têm indicação de mudança do estilo de vida, incluindo cessação do
receber estatina de moderada intensidade. tabagismo, dieta e atividade física. E, caso o paciente
u Pacientes que já tiveram algum evento cardiovas- deseje iniciar uma atividade física de moderada a
cular, e esses sim, independentemente da idade alta intensidade, é importante a avaliação clínica
e do nível de colesterol, devem receber estatina com eletrocardiograma, além de ficar atento para
de alta intensidade. as indicações de solicitação de teste ergométrico
Outra utilidade da estratificação do risco CV é na (Quadro 6).
definição da meta pressórica, sendo os alvos para:
u Maior risco cardiovascular (risco calculado em Quadro 6. Indicações para solicitação de teste
ergométrico em diabéticos para avaliação
10 anos ≥15%): pressão arterial <130/80 mmHg.
antes do início da atividade física.
u Menor risco de doença cardiovascular (risco
<15%): pressão arterial de 140/90 mmHg. Idade >40 anos ou >30 anos + presença de
pelo menos uma das características:
Uma outra discussão é em relação ao uso de antia-
gregantes plaquetários para prevenção primária DM2 há mais de 10 anos
de doença CV. O que as diretrizes têm sugerido é DM1 há mais de 15 anos
considerar AAS (75-162 mg/dia) em diabéticos com
mais de 50 anos e pelo menos um fator de risco Complicação crônica importante (retinopatia
proliferativa, nefropatia [inclusive microalbuminúria],
principal adicional (história familiar de doença CV
doença vascular periférica, neuropatia autonômica)
prematura, hipertensão, dislipidemia, tabagismo
ou doença renal crônica/albuminúria) e que não Fator de risco CV adicional (HAS, dislipidemia ou
apresentam risco aumentado de sangramento (por tabagismo)
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101
Imagem do
Diabetes mellitus:
Tórax complicações crônicas Endocrinologia
RADIOLOGIA
Produção Produção
de sorbitol de EROs
Mitocondriopatia Indução de
e dano ao DNA apoptose Produção de fatores
Desvio das vias
metabólicas inflamatórios
Ativação de
receptores AGEs
PATOGÊNESE
Alteração da
expressão gênica
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Complicações
crônicas do diabetes
Macrovasculares Microvasculares
Retinopatia
AVC Rastrear ao diagnóstico
do DM2 e após 5 anos
no DM1 (exceto na
IAM Neuropatia
puberdade e gravidez,
quando o rastreio
DAOP é antecipado)
Doença renal
do DM
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Diabetes mellitus: complicações crônicas Cap. 3
QUESTÕES COMENTADAS
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Faz uso de insulina NPH 18Ul pela manhã. Questão 3
Sobre esse caso, assinale a alternativa CORRETA.
MODIFICADA – (HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UEL - PR – 2021)
⮦ A hematúria não ocorre na nefropatia diabética Em relação à neuropatia diabética, atribua V (ver-
e indica outra causa de glomerulopatia. dadeiro) ou F (falso) às afirmativas a seguir.
⮧ O controle glicêmico deve ser otimizado por meio ( ) Os sintomas mais precoces estão relacionados
da prescrição da metformina. às lesões de fibras grossas dos nervos periféricos.
⮨ O diagnóstico de nefropatia diabética pode ser ( ) Geralmente, produz sintomas sensitivos, na sua
excluído uma vez que não há evidência de lesão apresentação clínica mais comum.
microvascular ao exame fundoscópico. ( ) Pode afetar a marcha.
⮩ Os pacientes portadores de diabetes melito apre-
( ) Há predomínio nos membros inferiores.
sentam maior incidência de catarata.
( ) Há perda precoce da propriocepção na neuro-
patia diabética.
Questão 2
Assinale a alternativa que contém, de cima para
(HOSPITAL MUNICIPAL DR. MÁRIO GATTI - SP – 2021) Doença baixo, a sequência correta.
cardiovascular é a principal causa de óbito entre
⮦ V-V-F-F-V
as pessoas com diabetes, sendo responsável por
aproximadamente metade dos óbitos por diabetes ⮧ V-F-V-V-F
na maioria dos países. Sendo correto que: ⮨ V-F-F-V-V
⮩ F-V-V-V-F
⮪ F-V-F-F-V
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Diabetes mellitus: complicações crônicas Endocrinologia
Questão 4 Questão 6
(SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SP - 2020) Considere os pa- (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – SP - 2020) Dentre as alterna-
cientes I e II: tivas abaixo, quais são as alterações mais precoces
encontrados na retinopatia diabética?
I. Homem que, ao completar 18 anos, deu entrada
no pronto-socorro em primo descompensação ⮦ Ingurgitamento venoso.
diabética com quadro típico de cetoacidose. ⮧ Exsudatos duros.
II. Homem de 40 anos, sem acompanhamento ⮨ Micro-hemorragias.
médico, que, no pré-operatório de cirurgia eletiva, ⮩ Microaneurismas
descobre que sua glicemia de jejum vale 220 mg/dL.
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Saúde e deve ser realizado sempre que possível
(HOSPITAL MUNICIPAL DR. MÁRIO GATTI - SP – 2021) Diabetes
em uma população definida. Sobre o assunto, as-
e suas complicações constituem as principais cau- sinale a alternativa que apresenta incapacidades
sas de mortalidade precoce na maioria dos países, e afecções que o descontrole dessa doença pode
indique o item correto: causar diretamente, tanto microangiopáticas quanto
macroangiopáticas.
⮦ Na maioria das vezes, a doença é assintomática
ou oligossintomáticos por longo período, sendo ⮦ Insuficiência renal crônica, retinopatia diabéti-
o diagnóstico realizado por dosagens laborato- ca, neuropatia sensitiva periférica, eventos car-
riais de rotina ou manifestações das complica- diovasculares (isquemia miocárdica e acidente
ções crônicas. vascular cerebral).
⮧ Na maioria das vezes, a doença é sintomática ⮧ Neuropatia sensitiva periférica, retinopatia dia-
por longo período, sendo o diagnóstico realizado bética, Alzheimer, insuficiência renal crônica,
por dosagens laboratoriais de rotina ou manifes- eventos cardiovasculares (isquemia miocárdica
tações das complicações crônicas. e acidente vascular cerebral).
⮨ Na maioria das vezes, a doença é assintomática ⮨ Retinopatia diabética, insuficiência renal crônica,
ou oligossintomáticos por longo período, sen- eventos cardiovasculares (isquemia miocárdica e
do o diagnóstico nunca realizado por dosagens acidente vascular cerebral), neuropatia sensitiva
laboratoriais de rotina ou manifestações das periférica, insuficiência hepática e pancreática.
complicações crônicas.
⮩ Insuficiência renal crônica, neuropatia sensitiva
⮩ Raramente a doença é assintomática ou oligos- periférica, retinopatia diabética, doenças gas-
sintomáticos por longo período, sendo o diagnós- trointestinais (refluxo gastroesofágico e gastrite),
tico realizado por dosagens laboratoriais de rotina eventos cardiovasculares (isquemia miocárdica
ou manifestações das complicações crônicas. e acidente vascular cerebral).
104
Diabetes mellitus: complicações crônicas Cap. 3
Questão 8 Questão 10
(UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO – RJ - 2019) Para (SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE CUIABÁ – MT – 2020) A
o rastreamento de doença renal diabética em todos perda dessa sensibilidade indica a presença de
os pacientes com diabetes mellitus (DM) tipo 2 e polineuropatia distal simétrica (PNDS) e é fator de
para pacientes com DM tipo 1 com 5 ou mais anos risco para a ulceração nos pés em pessoas com
de duração, a periodicidade da solicitação de albu- diabetes. O item correto é:
minúria e medida de creatinina urinária é:
⮦ O envolvimento de fibras finas pode causar dor-
⮦ Anual. mência, formigamento e perda da sensibilidade
⮧ A cada dois anos. protetora.
⮨ A cada três anos. ⮧ O envolvimento de fibras grossas não pode cau-
sar dormência, formigamento e perda da sensi-
⮩ A cada cinco anos.
bilidade protetora.
⮨ O envolvimento de fibras grossas pode causar
Questão 9 dormência, formigamento e nunca a perda da
sensibilidade protetora.
(UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO - RJ – 2019) Paciente de 66
anos, portadora de diabetes há 10 anos, se recusa ⮩ O envolvimento de fibras grossas pode causar
a fazer a medicação de forma correta. O médico dormência, formigamento e perda da sensibili-
informa que a doença pode evoluir com nefropatia dade protetora.
diabética, sendo que, em alguns casos, a diálise
poderá ser indicada. Com relação à nefropatia dia-
bética, é correto afirmar que:
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⮦ A microalbuminúria é um marcador precoce e o
uso de inibidores da ECA é eficaz para retardar
a progressão da nefropatia.
⮧ É indicação absoluta para utilização de bloquea-
dores do canal de cálcio e hipoglicemiante oral.
⮨ No diabetes mellitus tipo ll a nefropatia costuma
surgir somente após 25 a 30 anos na doença.
⮩ A diálise só deve ser introduzida quando a filtra-
ção glomerular for abaixo de 5 mL/min.
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Diabetes mellitus: complicações crônicas Endocrinologia
GABARITO E COMENTÁRIOS
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mais comum do DM é a glomeruloesclerose, que
Alternativa A: INCORRETA. De acordo com as diretri-
leva à proteinúria e à redução da taxa de filtração
zes mais atuais, devemos fazer o rastreio de DM
glomerular. A hematúria realmente não é um achado
apenas em pacientes que tenham ao menos um
comum e deve levar à pesquisa de outras causas
desses dois critérios, sendo eles, idade ≥45 anos
de nefropatia; entretanto, não exclui o diagnóstico
ou obesidade +1 fator de risco (mínimo).
de nefropatia diabética, podendo ocorrer nesses
pacientes. Alternativa B: INCORRETA. A presença de fatores
de risco impõe rastreio para diagnóstico precoce,
Alternativa B: INCORRETA. O clearence de creatini-
principalmente no DM2. Entre os fatores podem
na <30 mL/min contraindica o uso da metformina.
ter genéticos e ambientais, como obesidade e se-
Alternativa C: INCORRETA. Embora seja incomum, dentarismo.
a ausência de retinopatia não exclui a nefropatia
Alternativa C: CORRETA. Como vimos, o rastreio
no DM2.
de DM deve ser feito em pacientes que tenham ao
Alternativa D: CORRETA. O risco de pacientes diabé- menos um desses dois critérios: idade ≥45 anos
ticos terem catarata é cerca de duas vezes maior ou obesidade +1 fator de risco (mínimo). Com isso,
que na população sadia, além de aparecer mais fazemos o diagnóstico precoce nesses pacientes.
precocemente e ter evolução mais rápida nesses
Alternativa D: INCORRETA. Não precisa apresentar
pacientes.
sintomatologia para o rastreio de DM, se o pacien-
✔ resposta: D te tiver mais que 45 anos já se encaixa no rastreio.
✔ resposta: C
Questão 2 dificuldade:
106
Diabetes mellitus: complicações crônicas Cap. 3
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e após 5 anos de doença no DM1 (exceção na pu-
face plantar do pé durante o contato com o solo e berdade e gravidez, casos em que antecipamos o
elevação do risco de desenvolvimento de úlceras rastreio para oftalmopatia, e se o paciente for por-
cutâneas nessas topografias. tador de HAS, quando antecipamos a avaliação da
Afirmativa 4: VERDADEIRA. A neuropatia sensitivo- doença renal do DM).
-motora crônica desenvolve-se de maneira lenta, Alternativa A: CORRETA. No DM1, os pacientes ge-
progressiva e simétrica, tem progressão compri- ralmente desenvolverão quadro agudo e clássico,
mento-dependente; por isso, geralmente, inicia-se apresentando os típicos 4 Ps do diabetes, que são:
em membros inferiores, mas pode evoluir para poliúria, polidipsia, polifagia e perda ponderal. Já no
os membros superiores, padrão este conhecido DM2, a sintomatologia costuma ocorrer de forma
como “botas e luvas”. Quanto maior o nervo, maior mais progressiva e assintomática. Então, o quadro
a chance de apresentarem complicações. Por isso, clínico pode variar dependendo do tipo de diabetes.
os membros inferiores são mais acometidos que Como vimos, a sintomatologia é variada, então o
os superiores. Além disso, a alta estatura é um fa- diagnóstico pode ser feito por meio de exames de
tor de risco! rotina ou quando houver manifestações das com-
Afirmativa 5: FALSA. A maior parte dos pacientes são plicações crônicas.
assintomáticos, e muitos destes tem redução da Alternativa B: INCORRETA. Apesar do quadro clínico
sensibilidade ao exame neurológico, inicialmente do DM2 ser progressivo e mais prolongado que o
nas modalidades termoalgésicas da sensibilidade. DM1, ele geralmente é assintomático no início.
Pode evoluir com lesão motora com alteração na
Alternativa C e D: INCORRETAS. O diabetes é uma
proprioceptiva.
doença silenciosa e para fechar o diagnóstico são
✔ resposta: D necessários exames laboratoriais: glicemia de je-
jum, teste oral de tolerância à glicose e hemoglobina
107
Diabetes mellitus: complicações crônicas Endocrinologia
glicada. Embora em casos o diagnóstico seja feito já ao declínio cognitivo e ao risco aumentado de de-
na presença de complicações, não devemos aguar- senvolver todos os tipos de demência, inclusive com
dar o surgimento de sintomas para investigação. risco 65% maior de desenvolver Alzheimer.
✔ resposta: A Alternativa C: INCORRETA. Insuficiência hepática e
pancreática poderiam ser até causas de “outros
tipos de DM”, mas não são consideradas compli-
Questão 6 dificuldade: cações crônicas.
Y Dica do professor: Existe uma “dica” meio tosca Alternativa D: INCORRETA. “Forçando a barra”, o refluxo
que ajuda a decorar a sequência de achados na gastroesofágico poderia até ser relacionado à gas-
retinopatia diabética. Essa dica consiste na frase troparesia diabética, que é uma forma de neuropatia
“micro duro chama algodão de rosa”, cujas pala- autonomiza, mas, de toda forma, a gastrite não é
vras “aleatórias” que a compõem são, justamente, complicação do DM, invalidando esta alternativa.
a sequência de progressão da retinopatia diabética ✔ resposta: A
não proliferativa (RDNP):
u Leve: Micro = microaneurisma
Questão 8 dificuldade:
u Moderada: Duro = Exsudatos duros
u Grave: Chama algodão de rosa = Hemorragia em Resolução: Após iniciar o rastreio, deve ser feito
chama de vela; Exudados algodonosos; Veias em anualmente para todas as complicações microvas-
rosário / Anormalidades vasculares intrarretiniana. culares. Só complementando a informação, caso
o paciente apresente alguma alteração, é preciso
Sabendo da “dica”, vamos resolver a questão:
individualizar o seguimento. No caso da DRD, após
Alternativa A: INCORRETA. Ocorre na retinopatia hi-
o diagnóstico, é indicado monitorar a TFGe e a EUA
pertensiva.
ao menos 2 vezes ao ano. No entanto, em relação
Alternativa B: INCORRETA. Os exsudatos duros não
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ao rastreio com solicitação de creatinina sérica e
estão presentes na forma mais leve da retinopatia albuminúria, a medida de creatinina urinária é feita
diabética, e sim na fase moderada. anualmente.
Alternativa C: INCORRETA. As hemorragias são lesões
✔ resposta: A
características da retinopatia grave em progressão.
Alternativa D: CORRETA. Os microaneurismas são as
alterações mais precoces. Questão 9 dificuldade:
✔ resposta: D Y Dica do professor: O diabetes mellitus afeta o glo-
mérulo, principalmente devido à hiperfiltração/hiper-
tensão glomerular induzida pela hiperglicemia. Isso
Questão 7 dificuldade:
acaba provocando um espessamento da membrana
Y Dica do professor: Tradicionalmente, as compli- basal, hipertrofia glomerular e expansão mesangial
cações do diabetes são categorizadas como dis- (com liberação de um material amorfo eosinofílico
túrbios microvasculares: retinopatia, nefropatia e PAS positivo). Duas formas clássicas de nefropatia
neuropatia; e macrovasculares: doença coronaria- podem ser encontradas, a glomeruloesclerose difu-
na, doença cerebrovascular e doença arterial obs- sa (mais comum) e a glomeruloesclerose focal, ou
trutiva periférica. lesão de Kimmelstiel-Wilson (considerada a mais
Alternativa A: CORRETA. Perfeita! Essas são as com- específica forma de nefropatia diabética).
plicações crônicas mais relacionadas ao DM. Alternativa A: CORRETA. A microalbuminúria é consi-
Alternativa B: INCORRETA. O DM não está relacionado derada um marcador precoce da nefropatia diabé-
à fisiopatologia tradicional da doença de Alzheimer tica. Devemos iniciar o seu rastreio após a data do
(DA) e, portanto, a DA não é uma complicação clássi- diagnóstico do DM2, e 5 anos após o diagnóstico do
ca do DM. No entanto, o DM é fortemente associado DM1, mantendo uma dosagem anual. Consideramos
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Diabetes mellitus: complicações crônicas Cap. 3
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Questão 10 dificuldade:
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Fixe seus conhecimentos!
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Capítulo
DIABETES MELLITUS:
ANTIDIABÉTICOS 4
importância/prevalência
u Em geral, é sugerida a meta terapêutica de HbA1C ≤7% em adultos, mas deve ser individualizada de acordo
com: duração do diabetes; idade e expectativa de vida; comorbidades; doença cardiovascular; complica-
ções microvasculares; e risco de hipoglicemia. Sugere-se até entre 7,5 e 8,5% em idosos, dependendo do
estado de saúde.
u O tratamento padrão inicial para o DM2 é a combinação de mudança do estilo de vida com metformina,
salvo contraindicações ou pacientes muito descompensados, nos quais seria indicado insulinoterapia.
u Os antidiabéticos que auxiliam na perda de peso são: metformina, agonistas do receptor de GLP-1 e ini-
bidores de SGLT-2.
u As classes de antidiabéticos orais que podem levar ao ganho de peso são: sulfonilureias, glinidas e
tiazolidinedionas.
u As classes de antidiabéticos que estão relacionadas à redução da mortalidade cardiovascular são agonistas
do receptor de GLP-1 e inibidores de SGLT-2.
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1. INTRODUÇÃO 2. ALVOS DO TRATAMENTO
111
Diabetes mellitus: antidiabéticos Endocrinologia
de hipoglicemia, a qual pode precipitar arritmias e u Impossibilidade pessoal ou social de exercer to-
eventos isquêmicos. dos os requisitos para o cuidado com o diabetes.
Portanto, os alvos para cada paciente devem ser u Falta de recursos.
individualizados. Alguns critérios permitem que o u Risco de hipoglicemia (principal).
tratamento seja menos rigoroso (Figura 1):
u Presença de doença macrovascular estabeleci-
da (IAM ou AVC). DICA
Uma ferramenta prática que o ajuda-
u Baixa expectativa de vida. rá a avaliar seus pacientes é a GlucoGoal.
u Baixa motivação para realizar o tratamento. Ela é uma calculadora de metas glicêmicas
e está disponível no site:
https://www.insulinapp-uti.com.br/GlucoGoal.
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Para a maior parte dos adultos com DM, o alvo é de naqueles com mais complicações, metas menos
HbA1c ≤7%. Para pacientes recém-diagnosticados e estritas são permitidas (HbA1c <8,0 ) . Inclusive, alguns
sem comorbidades são definidas metas mais “aper- autores sugerem HbA1c <8,5% para pacientes com
tadas” (HbA1c <6,5%); enquanto, nos mais idosos ou limitações para as atividades básicas de vida diária,
112
Diabetes mellitus: antidiabéticos Cap. 4
American Diabetes
80 a 130 mg/dL <180 mg/dL
Association (ADA) 2.3. DIETA
Fonte: Elaborado pelo autor(a).
A Associação Americana de Diabetes (ADA) reforça
alguns pilares no tratamento nutricional:
u Reduzir a ingestão calórica.
DIA A DIA MÉDICO u Manter uma alimentação balanceada: 15% de pro-
teínas, 25% de gorduras e 60% de carboidratos.
Nas crianças e nos adolescentes é MUITO importante u Restringir para menos de 7% as calorias do dia
evitar hipoglicemia, já que o sistema nervoso central ainda
compostas por gorduras saturadas e zero de
está em formação; portanto, recomenda-se que a HbA1c
se mantenha menor que <7,5%, em especial em crianças gordura trans na alimentação cotidiana.
com menos de 6 anos — faixa em que alguns autores Trocar açúcar por adoçante e evitar bebidas
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u
2.2. IMUNIZAÇÃO
3. A NTIDIABÉTICOS NÃO
Um outro alvo no tratamento do DM é a imunização INSULÍNICOS
adequada. O Ministério da Saúde recomenda que
crianças e adultos com diabetes realizem todas
Os agentes hipoglicemiantes não insulínicos englo-
as doses das vacinas, de acordo com o calendário
bam diversas classes de substâncias. Eles podem
vigente, além de ser indicada:
ser utilizados isoladamente, combinados entre si
u Vacina contra influenza: a partir 6 meses de idade, ou mesmo com insulina, a fim de que se alcance
devendo ser administrada anualmente. a meta glicêmica preconizada para cada paciente.
u Vacina contra herpes-zoster: adultos com mais Como nos últimos anos houve o surgimento de
de 60 anos, independentemente de história pré- dezenas de novas medicações para diabetes, vem
via da doença. sendo um tema quente em provas, e conhecer seus
u Vacina contra hepatite B. mecanismos de ação, efeitos adversos, além dos
u Vacina contra pneumonia pneumocócica. benefícios, indicações e contraindicações de cada
classe é essencial (Quadro 2).
113
Diabetes mellitus: antidiabéticos Endocrinologia
Impacto
médio na
Classe (mecanismo Efeito
Efeito metabólico HbA1c / Efeitos colaterais Efeito CV
de ação) no peso
glicemia
de jejum
Tiazolinediona / Potencial
Fraturas e retenção
glitazonas Sensibilizador da 0,5-1,4% benefício
hídrica;
(ativador dos ação da insulina (ação 35-65 Ganho (redução
Aumento do LDL;
receptores nucleares mais periférica) mg/dL do risco
Descompensação de IC
PPAR-gama) de AVC)
1,5-2,0%
Sulfonilureia Secretagogos – 60-70
Aumento de secreção mg/dL
Hipoglicemia Ganho Neutro
de insulina pelas 1-1,5%
Glinidas células ß pancreáticas 20-30
mg/dL
Gliptinas
(inibição da 0,6-0,8% Artrite;
Neutro Neutro
dipeptidilpeptidase 20 mg/dL Pancreatite aguda
[DPP] IV) Incretinomiméticos –
Estimulam a secreção
de insulina e inibem a 0,8-1,2% Gastrointestinais
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de glucagon de modo (até 1,8% (náuseas, vômitos
glicose-dependente com e diarreia); Perda Benefício
Agonista do GLP-1
semaglutida) Pancreatite aguda; importante comprovado
Risco potencial de tumor
30 mg/dL medular de tireoide
Espoliador de
0,5-0,8%
Inibidores da alfa glicose – Reduz a Perda
20-30 Gastrointestinais Neutro
glicosidase absorção intestinal discreta
mg/dL
de carboidratos
Glifozinas (Inibem
Infecções urogenitais;
os SGLT-2, co- Espoliador de
0,5-1,0% Fraturas; Risco de Benefício
transportadores glicose – Promove Perda
30 mg/dL cetoacidose; comprovado
de sódio e a glicosúria
Aumento do LDL
glicose no rim)
Fonte: Adaptado de Zanini et al.1
114
Canaglifozina Empaglifozina Dapaglifozina Acarbose
Metformina
Inibidor de SGLT-2 Inibidor da
(glifozinas) glucosidase
Biguanidas
”Espoliadores “Sensibilizadores
de glicose” de insulina”
Glipizida
Tiazolidinedionas
Clorpropamida
Gliclazida Sulfonilureias
Hipoglicemiantes
Pioglitazona
Diabetes mellitus: antidiabéticos
não insulínicos
Glibenclamida
Secretagogos Incretínicos
Linagliptina
Alogliptina
Sitagliptina
Agonistas Inibidor de DPP
Metaglinidas Sitagliptina
Mapa mental. Antidiabéticos não insulínicos
de GLP1 IV (gliptinas)
Repaglinida
Saxagliptina
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Cap. 4
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Diabetes mellitus: antidiabéticos Endocrinologia
BASES DA MEDICINA
DICA
Não se estresse em decorar tudo, o
A metformina reduz a resistência hepática à insulina por
que você precisa saber são:
meio da ativação do AMP-quinase (AMPK). Assim, o fígado
W Aqueles que podem ser usados na DRC
começa a “perceber” melhor a glicose e:
grave: tiazolidinediona, iDPP4 e aGLP-1.
W Reduz a produção hepática de glicose.
W Os que não deveriam ser prescritos em
W Aumenta oxidação de ácidos graxos (reduzindo ácidos pacientes com TGF menor que 30 mL/
graxos livres na circulação).
min: metformina, glifozinas, acarbose e
W Aumenta a captação de glicose. maioria das sulfonilureias.
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W E nas células intestinais, a MTF bloqueia a oxidação W E não esqueça dos ajustes da metfor-
da glicose, desviando o metabolismo celular para via
mina conforme a função renal, já que é
anaeróbia, com produção de lactato. O lactato intes-
a droga de escolha para iniciar o trata-
tinal entra na circulação portal e será convertido de
mento na maioria dos diabéticos.
Metformina 1000 mg
Biguanida 2550 mg 2000 mg Contraindicado
(Glifage) *não iniciar
Pioglitazona
Tiazolinediona 45 mg
(Stanglit)
Glibenclamida
20 mg Contraindicado
(Daonil)
Gliclazida
Sulfonilureia 120 mg Contraindicado
(Diamicron MR)
Glipizida
40 mg
(Minidiab)
116
Diabetes mellitus: antidiabéticos Cap. 4
Nateglinida
540 mg 180 mg
(Starlix)
Glinidas
Repaglinida
16 mg 8 mg 2 mg
(Prandin)
Sitagliptina
100 mg 50 mg 25 mg
(Januvia)
Saxagliptina
5 mg 2,5 mg
(Onglyza)
Vildagliptina
Gliptinas 100 mg 50 mg
(Galvus)
Alogliptina
25 mg 12,5 mg 6,25 mg
(Nesina)
Linagliptina
5 mg
(Trayenta)
Evogliptina
5 mg
(Suganon)
Exenatida
20 mcg (10 mcg 2 x dia) Contraindicado
(Byetta)
Lixisenatida
20 mcg/dia Contraindicado
(Lyxumia)
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Liraglutida
(Victoza/ 1,8 mg Evitar/Usar com cautela
Agonista Saxenda)
do GLP-1
Dulaglutida
1,5 mg/semana Evitar/Usar com cautela
(Trulicity)
Inibidores da Acarbose
300 mg Contraindicado
alfa glicosidase (Glucobay)
Canaglifozina
300 mg 100 mg Contraindicado
(Invokana)
Dapaglifozina
Glifozina 10 mg Contraindicado
(Forxiga)
Empaglifozina
25 mg 10 mg Contraindicado
(Jardiance)
Fonte: Adaptado de Zanini et al.1
117
Diabetes mellitus: antidiabéticos Endocrinologia
O efeito mais grave da MTF é a acidose láctea, que, 4.2.3. Contraindicações e efeitos colaterais
apesar de ser bastante citada, é muito rara. De toda
forma, alguns cuidados são preconizados a fim de O efeito colateral mais comum é o ganho de peso,
evitar essa complicação: é contraindicada na doença em torno de 4 a 5 kg. Já o mais grave é o aumento
renal crônica grave (taxa de filtração glomerular <30 do risco de insuficiência cardíaca, causada por
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mL/ minuto/1,73 m²), doença hepática avançada ou retenção hídrica.
qualquer condição que predisponha à hipóxia ou
redução da perfusão tecidual. Além disso, deve ser
suspensa em casos de insuficiência renal aguda ou DICA
A retenção hídrica ocorre porque
em situações de risco para piora da função renal, há aumento da expressão de canais de
como antes de procedimentos cirúrgicos ou uso de sódio nos túbulos renais que estimula a
contrastes iodados, e reiniciada dois dias após, se reabsorção de sódio, sendo contraindica-
da em pacientes com insuficiência cardía-
a creatinina sérica estiver normal.
ca sistólica.
4.2. TIAZOLIDINEDIONAS
Outro efeito colateral relevante é a redução da massa
A única medicação comercialmente disponível óssea com aumento do risco de fratura, que ocorre
dessa classe é a pioglitazona. Maior parte das dro- pela ação de classe no PPAR – γ do osso, estimu-
gas dessa classe teve seu uso descontinuado por lando a diferenciação de células-tronco mesenqui-
hepatotoxicidade (troglitazona) e possível aumento mais em adipócitos, em vez de osteoblastos.
do risco cardiovascular (rosiglitazona).
118
Diabetes mellitus: antidiabéticos Cap. 4
DICA
Alguns estudos têm associado essa
classe com a falência mais precoce do
pâncreas, necessitando, assim, do uso de
insulina mais precocemente. De tanto ser
“forçado” a trabalhar por essas medica-
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ções, o pâncreas pode cansar mais rápido.
119
Diabetes mellitus: antidiabéticos Endocrinologia
As sulfonilureias foram os primeiros antidiabéticos As meglitinidas têm ação mais rápida e já começam
orais usados na prática clínica. São classificadas a agir após 5 a 10 minutos de sua administração,
em primeira geração: tolbutamida e clorpropamida; com pico de ação mais curto (uma hora) e menor
e em segunda geração, que tem menor risco de duração — 1,5 a 5 horas (repaglinida e nateglinida,
hipoglicemia: glibenclamida (gliburida), gliclazida, respectivamente).
glipizida e glimepirida. Com esse perfil, são úteis para cobrir o incremento
da glicemia após as refeições. Portanto, são adminis-
tradas 1-30 minutos antes das principais refeições.
DICA As doses máximas dos medicamentos mais usados
As doses máximas dos medicamen-
e os ajustes para situações de insuficiência renal
tos mais usados e os ajustes para situa-
ções de insuficiência renal crônica estão crônica estão no Quadro 3.
no Quadro 3.
5.3.1. Contraindicações e efeitos colaterais
Semelhantes às sulfonilureias.
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5.2.1. Contraindicações e efeitos colaterais
120
Diabetes mellitus: antidiabéticos Cap. 4
glucagon. Além disso, agem até no hipotálamo, ativando u Pâncreas: potencializa a secreção de insulina
a via anorexigênica. em resposta à alimentação e reduz secreção
Note que todo esse mecanismo é glicose-dependente, de glucagon.
o que é ótimo, pois o estímulo farmacológico possibilita u Fígado: aumenta estoques de glicogênio.
um bom controle glicêmico, com baixo risco de hipogli-
cemia e sem ganho de peso, diferente das sulfonilureias
u Cérebro: aumenta saciedade, auxiliando no con-
e glinidas, que também aumentam secreção de insulina, trole de peso.
mas independente do nível de glicose. u Estômago: reduz o esvaziamento gástrico, atuan-
do nos mecanismos da saciedade, também con-
Existem duas classes de medicações que atuam tribuindo para a perda de peso.
nessa via: u Tecido adiposo: aumenta termogênese, lipólise
1. Os agonistas do receptor de GLP-1 (aGLP-1), e, com isso, o gasto energético.
que estimulam diretamente essa via de modo u Músculo: aumenta a captação de glicose.
extremamente potente. Além das ações glicêmicas, há redução da pressão
2. Os inibidores da dipeptidil peptidase tipo IV arterial — no rim, aumenta a eliminação de sódio
(iDPP4), que aumentam a atividade do GLP1 (inibe bomba Na+/H+ no túbulo proximal) e tem
endógeno, por impedir sua degradação pela efeito vasodilatador.
dipeptidil peptidase. Por todos esses mecanismos, essa é uma das clas-
ses mais potentes em relação à queda de HbA1c,
6.1. AGONISTA DO RECEPTOR DE GLP-1 pois, além do efeito glicêmico que faz reduzir até
1,8% na HbA1c, há o efeito “comportamental” — já
que sua ação anorexigênica facilita a adesão à dieta,
BASES DA MEDICINA
o que possibilita perda de peso e, INDIRETAMENTE,
a redução da resistência insulínica, podendo até
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dobrar seu impacto na queda da HbA1c.
Uma curiosidade é que o primeiro aGLP-1, a exenatida,
foi desenvolvido a partir da saliva venenosa do monstro-
-de-gila. Isso porque foi descoberto que a saliva desse
lagarto possui o “exendina-4”, que tem 50% de homologia DICA
MUITA atenção na afirmação em
com o GLP-1 humano, agindo de maneira similar ao nosso
destaque: “age INDIRETAMENTE na re-
hormônio.
dução da resistência insulínica”. Não con-
funda com os sensibilizadores, que atuam
É uma das classes que mais vem ganhando destaque diretamente nessa via. Pode parecer um
entre os antidiabéticos não insulínicos, pois, além detalhe, mas esse conceito é muito explo-
de melhorar o controle glicêmico, promove uma rado em provas. Portanto, se perguntarem
importante perda de peso, reduz a progressão da que medicações reduzem resistência insu-
línica, não pense duas vezes, para prova a
nefropatia e diminui o risco de doença cardiovascular
resposta deverá ser: metformina (biguani-
(CV). Em relação ao risco CV, vamos abordá-lo logo da) e pioglitazona (tiazolidinediona).
mais, em um tópico à parte.
As medicações dessa classe terminam em gluTIDA
– liraGLUTIDA, semaGLUTIDA, dulaGLUTIDA, exe-
naTIDA e lixisenaTIDA. 6.3. MODO DE PRESCREVER
121
Diabetes mellitus: antidiabéticos Endocrinologia
A maior parte dos medicamentos dessa classe são 6.5. GLIPTINAS (IDPP4)
aplicados por via subcutânea (SC), com exceção da
semaglutida oral (Rybelsus), que, além da via de As gliptinas (sitagliptina, linagliptina, alogliptina, vil-
administração a dose também é diferente, sendo dagliptina e saxagliptina) são inibidores da dipeptidil
utilizada nas doses de 3, 7 e 14 mg por dia, além da peptidase tipo IV.
necessidade de aplicação diária, é necessário tomar
O DPP4 degrada o GLP-1, por isso, ao inibi-los, os
em jejum e ao menos 30 minutos antes da refeição.
níveis séricos GLP-1 aumentam, melhorando o
controle glicêmico, mas sem impacto no peso.
6.4. CONTRAINDICAÇÕES E
As doses máximas dos medicamentos dessa classe
EFEITOS COLATERAIS
e os ajustes para situações de insuficiência renal
crônica estão no Quadro 3.
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Em geral, são bem tolerados, mas, inicialmente, pode
haver sintomas gastrointestinais, como náuseas 6.5.1. Contraindicações e efeitos colaterais
(relacionadas à redução do esvaziamento gástrico),
que melhoram com a redução/progressão mais Os inibidores de DPP4 são bem tolerados, embora
lenta das doses. estejam associados a um discreto aumento do
Reações nos locais de aplicação podem ocorrer e risco de infecções de vias aéreas superiores, além
são mais comuns nas formulações semanais. de cefaleia, mialgia e artralgia. Geralmente, esses
sintomas melhoram espontaneamente, mas, caso
Mesmo havendo certa preocupação em relação às
persistam, desaparecem após descontinuação da
possíveis associações com pancreatite e câncer de
droga.
pâncreas, no entanto, as metanálises não demons-
traram uma relação de causalidade bem definida. Alguns estudos mostraram aumento de pancreatite,
Apesar de laboratorialmente aumentar amilase e mas sem alterar risco de câncer de pâncreas. Tam-
lipase, a incidência desses problemas não parece bém pode haver reações cutâneas, mas raramente
ser maior que em portadores de DM2 que não uti- são graves.
lizam essas medicações, e não é recomendado a Outro ponto importante é em relação ao efeito car-
avaliação de rotina desses exames. diovascular — de forma geral, essas medicações são
Além disso, há receio de hiperplasia de células neutras em relação ao risco de desfechos cardio-
C da tireoide/carcinoma medular, observada em vasculares. No entanto, foi observado aumento de
animais, mas não documentada no uso clínico. De hospitalização por insuficiência cardíaca congestiva
toda forma, é contraindicado em portadores de (ICC) com uso da saxagliptina (estudo SAVOR-TIMI) e
neoplasia endócrina múltipla do tipo 2 ou pacientes com alogliptina (estudo EXAMINE), mas esta última
com história familiar de carcinoma medular. só nos pacientes que já tinham previamente ICC.
122
Diabetes mellitus: antidiabéticos Cap. 4
Por isso, não é recomendado o uso dessas duas Apesar da pequena quantidade absorvida, é con-
últimas em pacientes com insuficiência cardíaca. traindicada em pacientes com disfunção renal grave
(Quadro 3).
7. ESPOLIADORES DE GLICOSE
DICA
Hipoglicemia é incomum, mas, caso
Essa classificação não existe em livros, mas nós ocorra, não deve ser tratada com sacaro-
se, e sim com glicose, já que essa classe
criamos essa gaveta para facilitar seu processo de
dificultará a absorção de dissacarídeos e
aprendizagem. Nela estão incluídos os inibidores da
carboidratos complexos.
enzima alfa-glicosidase, que “espoliam” a glicose por
meio do intestino; e os inibidores do canal SGLT-2,
os quais “espoliam” a glicose por via renal, ou seja,
perdem pela urina.
7.2. INIBIDORES DE SGLT-2
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dextrina e dissacarídeos, em monossacarídeos, por isso
reduzem sua absorção. Quadro 3.
A principal limitação da classe são os efeitos gas- A perda de glicose pela urina (até 80 g) leva a um
trointestinais (diarreia, flatulência e desconforto déficit calórico (320 kcal), inclusive com redução de
abdominal) relacionados à passagem de carboi- peso (2 a 4 kg). Além disso, aumento da excreção
dratos não digeridos pelo cólon, no qual vão ser urinária de sódio e água reduz os níveis de pressão
metabolizados pela flora local, com produção de arterial (4-6 mmHg).
gás metano. Discutiremos logo mais a relação do impacto car-
diovascular dos antidiabéticos não insulínicos, mas,
123
Diabetes mellitus: antidiabéticos Endocrinologia
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Inclusive, o impacto na insuficiência cardíaca gerou grande
surpresa na comunidade científica, já que outros diuréticos,
como furosemida, não mudaram mortalidade.
DIA A DIA MÉDICO
7.2.3. Contraindicações e efeitos colaterais No início do tratamento, também pode haver redução da
função glomerular, mas, em geral, leve e transitória, tanto
O efeito colateral mais comum é o aumento de que essas medicações reduzem a progressão da doença
infecções do trato gênito urinário, pelo aumento da renal do DM a longo prazo.
glicose na região genital, com maior proliferação de
bactérias e fungos, mas geralmente as infecções
são leves.
Apesar de raro, a cetoacidose (CAD) euglicêmica é 8. A NTIDIABÉTICOS VS. RISCO
o efeito colateral mais cobrado em provas, e apesar CARDIOVASCULAR
de parecer estranho um antidiabético relacionado
com CAD, esse efeito colateral ocorre pois os iSGLT2
Pasme, mas, até poucos anos atrás, não existia
reduzem glicemia, sem aumentar o nível ou a ação
associação de nenhuma medicação especificamente
da insulina; portanto, pode promover a síntese de
com a melhora dos desfechos cardiovasculares,
cetoácidos em pacientes insulinopênicos: DM-1,
até que, a partir de 2007, após uma metanálise
DM-2 descompensado e/ou durante internação
sugerir maior risco de infarto agudo do miocárdio
hospitalar, sendo contraindicado nesses grupos.
e mortalidade com a rosiglitazona, as agências
Essa classe tem baixo risco de hipoglicemia, mas reguladoras começaram a exigir ensaios clínicos
deve haver cautela na prescrição para idosos, uma para avaliar não inferioridade em relação ao “3-point
vez que o aumento da diurese osmótica e a queda MACE”, que inclui o composto de morte por causas
124
Diabetes mellitus: antidiabéticos Cap. 4
cardiovasculares, infarto do miocárdio e AVC não os iSGLT-2 e os aGLP-1, algumas medicações des-
fatal. sas classes mostraram que reduziam o MACE de
Os primeiros antidiabéticos avaliados de forma sis- forma independente do controle glicêmico (iSGLT-2:
temática para o risco cardiovascular foram os iDPP4, empaglifozina, canaglifozina; aGLP-1: liraglutida;
que, como esperado, mostraram não inferioridade, semaglutida e dulaglutida) – Quadro 4 e Quadro 5.
ou seja, não aumentavam risco cardiovascular. Mas, Além disso, reduzem a progressão da insuficiência
supreendentemente, quando se começou a analisar renal crônica, como iremos discutir no capítulo de
complicações crônicas do DM.
MACE
(IAM; AVC; ✓ ✓ ✗ ✓ ✗ ✗
morte CV)
AVC ✗ ✓ ✗ ✓ ✗ ✗
Morte CV ✓ ✗ ✓ ✗ ✗ ✗
Morte todas
✓ ✗ ✓ ✗ ✓ ✗
as causas
Proteção
✓ ✓ ✓ ✓ ✗ ✗
renal
ICC
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✗ ✗ ✗ ✗ ✗ ✗
Morte CV ✓ ✓ ✓
Proteção renal ✓ ✓ ✓
ICC - hospitalização ✓ ✓ ✓
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Diabetes mellitus: antidiabéticos Endocrinologia
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TERAPÊUTICO NO DM2 u Hiperglicemia importante (glicemia de jejum >250
mg/dL ou ao acaso >300 mg/dL ou HbA1c >10%
Tudo se inicia com mudanças no estilo de vida ou >9% com medicamentos otimizados).
(plano alimentar e atividade física regular) e uso da u Pacientes muito sintomáticos (polis), com pre-
metformina, medicação de primeira escolha devido sença de cetonúria e/ou cetonemia ou estado
ao seu baixo custo, efetividade e ausência de ganho catabólico intenso.
de peso (até com discreta redução). Lembre-se de
checar a tolerabilidade dentro do primeiro mês e
HbA1c de 3-6 meses, além da função renal e vita-
DICA
mina B12 esporadicamente. Alguns autores orientam iniciar in-
sulinoterapia com HbA1c >9%, caso a dose
da metformina já esteja otimizada. Nessa
DICA situação, os agonistas de GLP-1 seriam
Muito cuidado na interpretação dos uma alternativa à insulina.
estudos. Num primeiro momento, a vonta-
de que temos seria iniciar o tratamento do
DM2, com doença renal moderada, obeso
e/ou alto risco cardiovascular, utilizando Mesmo nas situações “extremas”, algumas drogas
aGLP-1 ou iSGLT-2, no entanto, mesmo não insulínicas podem ser mantidas, como sensi-
diante dessas situações, a recomendação bilizadores da insulina (metformina e pioglitazona)
é iniciar com a “boa e velha” metformina, já e drogas que reduzem risco cardiovascular, como
que os trials para avaliar impacto no risco
de CV de todas as novas (e caras) medica-
agonistas de GLP-1. Mas, deve ser evitadas as sul-
ções foram feitos em associação com a fonilureias, glinidas e inibidores de DPP-4, pois
MTF; portanto, a princípio, não podemos nesse estágio sua ação será pouco relevante para
garantir os benefícios do uso isolado das o controle glicêmico, já que as células beta, nesse
novas classes. momento, não respondem a essas medicações.
126
Diabetes mellitus: antidiabéticos Cap. 4
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DICA
Em termos de potência, a maioria
das referências considera a seguinte ordem
(do mais forte ao mais fraco): insulina >
MTF =aGLP-1= SU > glinida > iSGLT-2 = TZD
> acarbose = iDPP4. Você pode encontrar
algumas divergências, pois alguns autores
consideram o impacto na HbA1c em pacien-
tes virgens de tratamento e outros conside-
ram em pacientes já em uso de MTF.
127
128
Metformina + mudança do estilo de vida (redução de peso)
SIM NÃO
Doença Insuficiência
Minimizar hipoglicemia Reduzir peso Custo
aterosclerótica cardíaca ou renal
aGLP-1 iSGLT-2 iSGLT-2 iDPP-4 aGLP-1 iSGLT-2 TZD aGLP-1 iSGLT-2 SU TZD
HbA1c > alvo HbA1c > alvo HbA1c > alvo HbA1c > alvo HbA1c > alvo
em uso de aGLP-1);
não estiver em uso de Continuar adicionando os outros também
insulina basal; HbA1c > alvo
aGLP-1); insulina basal; agentes mencionados no quadro insulina ISGLT
TZD; e SU
e SU; Evitar TZD se IC U100 e iDPP-4
HbA1c > alvo Titular
cuidadosamente
iDPP-4: inibidor da enzima dipeptidil peptidase 4; aGLP-1: peptídeo Adicionar cuidadosamente a SU ou TZD ou
semelhante a glucagon 1; iSGLT-2: inibidor do cotransportador de sódio/
glicose 2; SU: sulfonilureia; TZD: tiazolinediana; e IC: insuficiência cardíaca. a SU ou insulina basal insulina basal
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Diabetes mellitus: antidiabéticos Cap. 4
REFERÊNCIAS
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Diabetes mellitus: antidiabéticos Endocrinologia
QUESTÕES COMENTADAS
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ção renal em pacientes com nefropatia diabética. to afirmar:
⮩ Redução da mortalidade em pacientes não dia-
⮦ A acarbose tem ação intestinal e reduz, em níveis
béticos com doença renal crônica e proteinúria.
absolutos, até 3 pontos percentuais a hemoglo-
⮪ Redução da taxa de hospitalização em pacientes bina glicada.
diabéticos com insuficiência cardíaca de fração
⮧ A metformina tem ação no fígado diminuindo a
de ejeção reduzida.
gliconeogênese.
⮨ Os inibidores da dipeptidil peptidase 4 inibem
Questão 2 a reabsorção renal de glicose e podem causar
distúrbios eletrolíticos.
(HOSPITAL PEQUENO PRÍNCIPE - PR - 2021) Duas condições
clínicas comumente sobrepostas são a obesidade ⮩ As meglitinidas atuam em receptores nuclea-
e o diabetes. Qual dos antiabéticos abaixo possui res aumentando a síntese de transportadores
efeito também na redução de peso? de glicose.
⮪ EOs análogos das glitazonas são especialmente
⮦ Saxagliptina. úteis no paciente obeso, uma vez que se asso-
⮧ Gliclazida. ciam à redução de peso.
⮨ Rosiglitasona.
⮩ Semaglutida. Questão 5
130
Diabetes mellitus: antidiabéticos Cap. 4
Questão 8
Questão 6
(FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP - SP – 2020)
(AUTARQUIA MUNICIPAL DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE LONDRINA -
Homem, 57a, procura atendimento médico com
PR – 2021) Nos últimos anos tivemos muitas novidades
episódios de vômitos e sonolência.
e atualizações sobre o tratamento do diabetes tipo
Antecedentes pessoais: diabetes mellitus tipo 2
II. Sobre os antidiabéticos é INCORRETO afirmar:
com diagnóstico há uma semana.
⮦ Os agonistas do GLP-1 demonstraram redução Glicemia= 220 mg/dL, bicarbonato= 18 mEq/L, anion
de eventos cardiovasculares, e, além do trata- gap= 20 mEq/L, pH= 7,21.
mento do diabetes, podem ser indicados para o A classe farmacológica com potencial para desen-
tratamento da obesidade (alguns deles). cadear o quadro clínico é:
⮧ Os inibidores da SGLT-2 têm baixo risco de hi- ⮦ Inibidores de SGLT2.
poglicemia, auxiliam na diminuição da pressão
⮧ Análogos do GLP-1.
arterial sistólica e estão sendo estudados para
compor o tratamento da insuficiência cardíaca ⮨ Inibidores das alfaglicosidases.
com fração de ejeção reduzida. ⮩ Inibidores da dipeptidilpeptidase 4.
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⮨ As sulfoniureias são drogas potentes para bai-
xar a hemoglobina glicada, porém, podem fazer
Questão 9
hipoglicemia e ocasionar ganho de peso.
⮩ A pioglitazona deve ser a droga de primeira es- (HOSPITAL DAS CLÍNICAS DO PARANÁ – PR – 2020) Numere
colha em todo paciente diabético com insufi- a coluna da direita, relacionando os casos clínicos
ciência cardíaca, pois melhora o edema e evita com os respectivos tratamentos para o diabetes
remodelamento cardíaco. mellitus.
1. Paciente de 71 anos, sexo masculino, glicemia
⮪ A metformina melhora a sensibilidade à insuli-
de jejum 145 mg/dL, refere que teve de aumentar
na e diminui risco cardiovascular. Seu uso pode
a dose do medicamento furosemida utilizado para
ocasionar deficiência de vitamina B12.
o tratamento da insuficiência cárdica com fração
de ejeção reduzida após o início.
Questão 7 2. Paciente de 60 anos, sexo masculino, glicemia
de jejum 160 mg/dL, refere que seu médico orien-
(AUTARQUIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE APUCARANA - PR – 2021) tou a suspensão do medicamento em uso para o
Quanto aos medicamentos utilizados no tratamento tratamento do diabetes, pois a sua taxa de filtração
da diabetes mellitus tipo 2 é correto afirmar que: glomerular estava inferior a 30 mL/min.
⮦ A insulina e as sulfonilureias podem promover 3. Paciente de 79 anos, sexo feminino, hemoglobina
aumento de peso, o que deve ser considerado glicosilada 7,1%, é admitida no serviço de emer-
para iniciar terapia para o DM tipo 2. gência devido à alteração do nível de consciência
secundária a uma hipoglicemia.
⮧ O principal efeito colateral da acarbose (inibidor
Coluna da direita:
da α-glicosidase) quando usada de forma isolada
( ) Metformina.
é a hipoglicemia.
( ) Gliclazida.
131
Diabetes mellitus: antidiabéticos Endocrinologia
( ) Pioglitazona.
( ) Insulina glargina.
⮦ 1 – 1 – 3 – 2.
⮧ 3 – 2 – 1 – 3.
⮨ 2 – 3 – 1 – 3.
⮩ 1 – 3 – 2 – 2.
⮪ 2 – 2 – 3 – 1.
Questão 10
⮦ Empagliflozina e metformina.
⮧ Metformina e gliclazida.
⮨ Sitagliptina e gliclazida.
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⮩ Liraglutida e sitagliptina.
⮪ Liraglutida e pioglitazona.
132
Diabetes mellitus: antidiabéticos Cap. 4
GABARITO E COMENTÁRIOS
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insulinopenia). Não deve ser usado em pacientes pacientes.
insulinopênicos – DM1 e DM2 de longa data. Alternativa B: FALSA. A insulina é o principal hormônio
Alternativa B: VERDADEIRA. Os inibidores SGLT-2, ini- anabólico, estimulando síntese e armazenamento
cialmente criados para tratar DM2, mostraram re- de glicogênio e lipídios e produção proteica. Des-
centemente seu valor no tratamento da insuficiência se modo, insulina e sulfonilureias (e.g. gliclazida),
cardíaca, reduzindo a mortalidade cardiovascular e classe que age aumentando a secreção de insulina,
os eventos cardiovasculares, mesmo em pacientes levam ao ganho de peso.
não diabéticos. Alternativa C: FALSA. As glitazonas ativam recepto-
Alternativa C: VERDADEIRA. Comparados com pla- res de PPAR gama e aumentam a transcrição de
cebo, os inibidores do SGLT-2 reduziram o risco de genes que aumentam o armazenamento de gordura
diálise, transplante ou morte devido à nefropatia em no subcutâneo, também levando a ganho de peso.
33%, o risco de nefropatia em estágio terminal em Alternativa D: VERDADEIRA. A semaglutida é um ago-
35% e o desfecho composto de perda substancial nista do receptor de GLP-1, peptídeo secretado após
da função renal, nefropatia em estágio terminal ou a alimentação que estimula a secreção de insulina,
morte por nefropatia em 42%. ou seja, liberação de insulina na presença de glico-
Alternativa D: VERDADEIRA. Os iSGLT2 têm efeito se. O GLP-1 é um mediador de saciedade e que tem
benéfico até mesmo no tratamento de proteinúria vários efeitos na microbiota intestinal, de modo que
não relacionada ao DM. a semaglutida tem, além do efeito hipoglicemiante,
Alternativa E: VERDADEIRA. Em ensaios clínicos ran- efeito na redução de peso.
domizados e controlados por placebo, o risco de ✔ resposta: D
hospitalização por IC foi 30 a 35% menor entre os
pacientes que receberam inibidores da SGLT-2,
quando comparados com aqueles que receberam
133
Diabetes mellitus: antidiabéticos Endocrinologia
Y Dica do professor: Questão muito tranquila! Basta Y Dica do professor: As drogas antidiabéticas têm
recordar o fluxograma de tratamento do DM2. Após um papel fundamental no tratamento dos pacientes
a orientação de mudanças no estilo de vida (plano portadores de diabetes. Sendo assim, é de caráter
alimentar e atividade física regular), a metformina fundamental sabermos o mecanismo de ação de
é a droga de primeira escolha, devido ao seu baixo tais drogas. A questão deseja saber qual é a al-
custo, efetividade e ausência de ganho de peso (até ternativa que não corresponde ao mecanismo de
com discreta redução). ação da droga citada. O erro está na alternativa B,
✔ resposta: A uma vez que as biguanidas atuam reduzindo a re-
sistência insulínica periférica e reduzindo a síntese
de glicose hepática. A acarbose é a droga que atua
Questão 4 dificuldade: retardando a absorção de carboidratos.
Y Dica do professor: Os antidiabéticos orais formam ✔ resposta: B
a base da terapêutica medicamentosa do DM tipo
2 e exercem seu efeito estimulando a secreção de dificuldade:
Questão 6
insulina pelas células beta (sulfonilureias e glinidas),
aumentando o efeito periférico da insulina (metfor- Y Dica do professor: Uma das maiores preocupa-
mina e glitazonas), retardando a absorção de car- ções do tratamento do DM é o ganho de peso e a
boidratos (acarbose) ou agindo simultaneamente hipoglicemia. Não esqueça:
na célula beta, que é um estímulo para síntese de u Classes que favorecem ganho de peso: tiazo-
insulina, — e alfa — reduzindo a produção de glu- lidinedionas, insulina, sulfonilureias e glinidas.
cagon (inibidores da DPP-4). u Classes que aumentam risco de hipoglicemia:
Alternativa A: FALSA. A acarbose reduz a absorção
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insulina, sulfonilureias e glinidas.
intestinal de glicose, age no tubo digestivo, mas é
Alternativa A: VERDADEIRA. Os agonistas do receptor
uma das drogas menos potentes para redução da
de GLP-1, além de melhorarem o controle glicêmi-
glicemia: reduz de 40 a 60 mg/dL a glicemia pós-
co, reduzem o peso, a progressão da nefropatia e
-prandial, diminui discretamente a glicemia de jejum
o risco cardiovascular.
(20 a 30 mg/dL) e leva à queda de 0,5 a 0,8% na A1c.
Alternativa B: VERDADEIRA. Dentre os benefícios dos
Alternativa B: VERDADEIRA. O mecanismo de ação
inibidores de SGLT-2, estão: baixo risco de hipogli-
da metformina é inibir a produção hepática de gli-
cemia, redução de peso, redução na absorção de
cose e aumentar a sensibilidade celular à insulina.
sódio que promove redução dos níveis de pressão
Alternativa C: FALSA. Os inibidores da dipeptidil pep- arterial entre 3-5 mmHg.
tidase IV aumentam a secreção de insulina depen-
Alternativa C: VERDADEIRA. O efeito colateral mais
dente de glicose e reduzem a secreção de glucagon
preocupante das sulfonilureias é a hipoglicemia
no período pós-prandial (efeito “incretina”).
e suas complicações, tais como queda, arritmias,
Alternativa D: FALSA. Meglitinidas é um secretagogo, demência e eventos cardiovasculares. Além disso,
como as sulfonilureias, pois estimulam as células o efeito anabólico leva ao ganho de peso.
beta do pâncreas a liberar insulina.
Alternativa D: FALSA. O efeito colateral mais comum
Alternativa E: FALSA. Um dos efeitos colaterais das da pioglitazona é o ganho de peso e o efeito colateral
glitazonas é o edema. Outra queixa frequente é o mais importante é o aumento do risco de insuficiên-
ganho de peso, da ordem de 2 a 3 kg, à custa do cia cardíaca, causada por retenção hídrica. A reten-
aumento da gordura subcutânea e da diminuição ção hídrica ocorre porque há aumento de expressão
da gordura visceral. de canais de sódio nos túbulos renais que estimula
✔ resposta: B a reabsorção de sódio, sendo contraindicado em
pacientes com insuficiência cardíaca sistólica.
134
Diabetes mellitus: antidiabéticos Cap. 4
Alternativa E: VERDADEIRA. A metformina é uma bi- bicarbonato baixo (acidose metabólica) com ânion
guanida que reduz a resistência hepática à insulina, gap elevado (>12). Em casos como esses, sempre
sensibilizando a ação da insulina. temos que lembrar de acidose lática, intoxicações e
✔ resposta: D uremia, além, claro, da cetoacidose diabética (CAD),
mesmo paciente sendo DM2. Existe um grupo de
antidiabéticos orais que podem levar à “cetoacidose
Questão 7 dificuldade: diabética euglicêmica”, um diagnóstico difícil que
necessita de alto grau de suspeição. Mas se a glice-
Y Dica do professor: o tratamento do DM envolve o
mia está normal, como tratar? O tratamento é igual
controle glicêmico e dos demais fatores de risco
à cetoacidose diabética usual, com uma diferença:
associados (HAS, dislipidemia, obesidade etc.).
a bomba de insulina deve ser simultânea à bomba
Devemos conhecer as vantagens e as desvanta-
de soro glicosado, ou seja, pula a fase inicial de re-
gens das diferentes alternativas comportamentais
por insulina sozinha.
e medicamentosas disponíveis para esse manejo.
Alternativa A: CORRETA. Os inibidores de SGLT2 como
Alternativa A: VERDADEIRA. As sulfonilureias são se-
empaglifozina, canaglifozina e dapaglifozina são
cretagogos de insulina de ação longa, potentes e de
medicações que agem no túbulo proximal, levando
baixo custo, porém associam-se a ganho ponderal
à excreção renal de glicose. Seu efeito na redução
e risco de hipoglicemia. A insulina também está
da glicose independe de insulina e, além disso, po-
associada a ganho ponderal, pois é um hormônio
dem aumentar secreção de glucagon, criando um
de ação anabólica e anticatabólica.
ambiente hormonal propício para a formação de
Alternativa B: FALSA. A acarbose (inibidora da alfa- corpos cetônicos em pacientes insulinopênicos.
-glicosidase) promove retardo na absorção de car-
Alternativa B: INCORRETA. Os análogos de GLP-1,
boidratos da dieta pela inibição das dissacaridases
como liraglutida e exenatida, são medicações inje-
intestinais. Sua principal característica é a redução
táveis que promovem um aumento da insulina de-
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da glicemia pós-prandial. Se usada de forma isola-
pendente da glicemia, além de reduzir o glucagon.
da, não causa hipoglicemia. Seus mais importantes
efeitos adversos são gastrintestinais (flatulência, Alternativa C: INCORRETA. Os inibidores das alfagli-
meteorismo, cólicas, diarreia, distensão abdominal). cosidases, como acarbose, são medicações que
inibem a digestão de carboidratos e, por isso, re-
Alternativa C: FALSA. A metformina (biguanida) age
tardam sua reabsorção intestinal. Não apresentam
inibindo a produção hepática de glicose (gliconeo-
risco aumentado de CAD normoglicêmica.
gênese) e aumentando a sensibilidade celular à
insulina. Como não é um secretagogo de insulina, Alternativa D: INCORRETA. Os inibidores de DPP-IV
não reduz os níveis glicêmicos em pacientes não (gliptinas), como vildagliptina e linagliptina, são me-
diabéticos. dicações que agem inibindo a enzima DPP-IV, que
inativaria o GLP-1, aumentam a insulina dependen-
Alternativa D: FALSA. A NPH é uma insulina de ação
te da glicemia e reduzem a liberação do glucagon.
intermediária, enquanto a glargina possui ação pro-
longada e a liSpro é considerada de ação ultrarrápi- ✔ resposta: A
da (bastava lembrar da dica das insulinas “S”uper
rápidas que já excluía essa alternativa). dificuldade:
Questão 9
✔ resposta: A
Y Dica do professor: Para responder essa questão
vamos primeiro entender qual pergunta cada caso
Questão 8 dificuldade: sugere em relação aos hipoglicemiantes. Em se-
guida, falaremos um pouco sobre cada fármaco
Y Dica do professor: A questão relata um paciente
apontado.
diabético com quadro abdominal e alteração do
nível de consciência. Nos exames laboratoriais, Caso 1: Qual antidiabético pode causar a exacerba-
observamos a presença de pH baixo às custas de ção de uma insuficiência cardíaca?
135
Diabetes mellitus: antidiabéticos Endocrinologia
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sintomática (principalmente naqueles com classe
funcional III ou IV). (1)
Insulina glargina – A insulinoterapia tem como efeito
colateral clássico a hipoglicemia, devendo sempre
o paciente ser orientado quanto a este risco. Em
pacientes com insuficiência renal, a insulinotera-
pia é a medida de escolha. Entretanto, há um risco
maior de hipoglicemia grave e duradoura quando
usamos análogos de ação prolongada (como a
insulina glargina). (3)
✔ resposta: C
136
DIABETES MELLITUS: Capítulo
INSULINOTERAPIA 5
importância/prevalência
u Para o DM1, a insulinoterapia deve ser prescrita utilizando o esquema basal-bolus (basal + prandial).
u A dose total de insulina do esquema basal-bolus é 0,4 a 1,0 UI/kg/dia, dividida em: 50% para insulina pré-
-prandial (ação rápida ou ultrarrápida) e 50% para insulina basal (ação intermediária ou longa).
u No DM2, geralmente utilizamos insulina se hiperglicemia importante, complicações agudas, gravidez ou
quando há falha ou contraindicação ao uso de medicamentos não insulínicos para atingir o alvo.
u Quando iniciamos a insulinoterapia para o DM2, é frequente prescrever o esquema bed time, com insulina
basal antes de dormir, na dose de 0,1 a 0,2 unidades/kg/dia.
u Atenção aos cuidados e à técnica de utilização da insulina.
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O tratamento no DM1 deve mimetizar a fisiologia
pancreática, a qual tem dois momentos de liberação
BASES DA MEDICINA
da insulina: a secreção basal e a pós-prandial (Figura
1). Para replicar essa ação, utilizamos:
O desenvolvimento da insulina por Frederick G. Ban-
u Ação prandial: insulinas rápidas ou ultrarrápidas
ting, em 1921, foi um dos maiores feitos da medicina de (prandiais) para “queimar” o carboidrato ingerido
todos os tempos! Inicialmente, era extraída de animais nas refeições.
(porco e boi), mas atualmente é produzida a partir de DNA u Ação basal: insulinas de ação intermediária, lon-
recombinante, e podem ser classificadas como humanas
(exatamente iguais às produzidas pelo nosso pâncreas, e ga ou ultralonga, visando controlar o débito he-
disponíveis no SUS) ou análogas (sintetizadas com alguma pático de glicose.
modificação em relação à secretada pelas células beta do As doses iniciais variam de 0,4 a 1,0 UI/kg/dia —
pâncreas); mas também podem ser divididas conforme
40-50% da dose de insulina basal e 50-60% da dose
sua velocidade de ação (ultrarrápida, rápida, intermediária,
lenta e ultralenta)
de insulina prandial/bolus.
DICA
Para facilitar a memorização,
A principal marca do diabetes tipo 1 é a ausência, arredonde os números: dose total de
ou quase ausência, da função das células beta, insulina = 0,5 UI/Kg, sendo 50% basal
o que, além de levar à hiperglicemia, pode levar e 50% prandial
a intenso catabolismo, o que vai contribuir para
outros distúrbios metabólicos, como hipertriglice-
ridemia e cetoacidose, que pode ser fatal. Portanto, Em algumas situações, pode ser necessário alterar
o tratamento com insulina é essencial para esses a dose:
137
Diabetes mellitus: insulinoterapia Endocrinologia
Duração do efeito
Insulina Início de ação Pico (horas)
terapêutico (horas)
Ultrarrápida
Rápida
Intermediária
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NPH 2-4 horas 8-12 10-18
Longa duração
DICA
Todos esses tempos de ação são
DIA A DIA MÉDICO
variáveis conforme a quantidade de insuli-
na aplicada — se dose maior, é mais alto o
tempo para iniciar a ação, chegar ao pico e Além das formas mostradas na Tabela 1, as insulinas
sua duração; e quanto menor a dose, todos também podem ser apresentadas na forma de pré-mis-
os tempos reduzem. Por isso é comum de-
turas. Há vários tipos de pré-misturas: insulina NPH +
parar-se com tempos diferentes, conforme a
insulina regular, na proporção de 70/30, análogos de
literatura consultada.
ação prolongada + análogos de ação rápida (Humalog®
mix 25 e 50, Novomix®30). A desvantagem dessas apre-
sentações é que tornam mais difícil o ajuste “fino”, já que
não é possível modificar uma delas isoladamente e, na
prática, utilizamos para aqueles pacientes que têm metas
glicêmicas menos restritas.
138
Diabetes mellitus: insulinoterapia Cap. 5
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antes de cada refeição). Quando optamos por dose fixa de insulina, a dieta deverá
conter as mesmas quantidades de carboidratos por refei-
A dose de insulina pré-refeição corresponde a aproxi- ção todos os dias.
madamente 50-60% da dose total diária e é dividida
A relação insulina-carboidrato, que reflete o quanto a
em três doses (antes do café, do almoço e do jantar), insulina “queima” de carboidrato para aquele paciente
fixas pré-refeições ou com base na metodologia de (por exemplo: 1:15 g significa que cada unidade de insu-
contagem de carboidratos. lina queima 15 g de carboidrato), pode ser calculada pela
fórmula:
DICA
Que insulina escolher para cobertu- W Relação insulina/carboidrato = 500 a 350 (depende da
ra prandial? A lógica do risco de hipoglice- referência) ÷ dose total diária de insulina.
mia para insulinas prandiais é a seguinte:
Antes das refeições, o paciente deve contar quanto de
quanto menor a duração, menor o risco de carboidrato vai consumir e dividir pela sua relação insu-
hipoglicemia, pois aqui todas têm pico de lina-carboidrato:
ação, mas, nas mais rápidas, o pico tem
menor duração. W Dose bolus-prandial = total de carboidratos ÷ relação
insulina/carboidrato.
Além da dose de insulina calculada para cobrir a refeição,
Um erro comum, na prova e na vida, é não aplicar podemos aproveitar para corrigir eventuais hiperglicemias.
a insulina no DM1 com glicemia normal. Nunca se A quantidade de insulina necessária para essa correção
esqueça que, mesmo que a glicemia esteja nor- é calculada com base no fator de correção (FC) ou fator
de sensibilidade à insulina (ex.: 1:50 mg/dL significa que
mal, deve-se aplicar insulina rápida ou ultrarrápida
cada unidade de insulina reduz 50 mg/dL de glicose). O
antes da refeição! O paciente não secreta insulina, fator de correção é calculado da seguinte maneira:
então, diante de uma glicemia normal, se o paciente
W Fator de correção = 1.800 a 1.500 ÷ DTD (depende
comer e não aplicar, invariavelmente a glicemia
da referência).
vai subir! A proposta do tratamento de DM é evitar
139
Diabetes mellitus: insulinoterapia Endocrinologia
O paciente calcula o quanto a glicemia está acima do alvo 1.1.2. Insulinas ultrarrápidas
e acha a dose de insulina de correção:
W Dose de correção = (glicemia atual – alvo glicêmico)
Os análogos de insulina de ação têm início mais
÷ fator de correção. rápido e duração de ação mais curta do que a
insulina regular para cobertura pré-refeição, por
Assim, para paciente que faz a contagem de carboidratos
e o cálculo da correção, a dose total a ser aplicada será:
isso têm menor risco de hipoglicemia.
dose de correção + dose bolus-prandial.duração.
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A dica é tão boa que vale também para a
A insulina regular também é usada por via intrave- inalatória; lembre-se de que o nome da mo-
nosa em ambientes hospitalares (por exemplo, para lécula é “tecnoSfera”. Não se esqueça essa
tratar a cetoacidose diabética). dica exclusiva da Sanar!
DICA
A grande novidade é a insulina re-
gular em pó seco para inalação oral, bati-
zada de Afrezza® e aprovada pela Anvisa 1.2. COBERTURA BASAL (AÇÃO
em 2019. É vendida em cartuchos para INTERMEDIÁRIA, LENTA
administração de 4, 8 ou 12 UI, e seu uso OU ULTRALENTA)
possibilita a redução no número de picadas
de agulha, o que representa um enorme
As insulinas basais podem ser aplicadas uma vez
ganho na qualidade de vida do paciente. A
questão é o preço… o custo de 100 UI da ao dia (Glargina U100, Glargina U300 e Degludeca),
insulina é mais de R$1.500,00, enquanto duas vezes ao dia (Glargina U100, Detemir e NPH)
a insulina regular é vendida em farmácias ou em três ou quatro aplicações (NPH). O texto
por R$30,00 e até fornecida pelo SUS. Além não está errado, a Glargina U100 pode ser usada
do custo, outro limitante são os problemas uma (uso mais frequente) ou duas vezes por dia,
pulmonares, sendo contraindicada em pa- e são possíveis esquemas com NPH até quatro
cientes com asma, doença pulmonar obs-
vezes por dia.
trutiva crônica (DPOC) e fibrose pulmonar,
além de fumantes. O uso requer teste de
função pulmonar inicial, com testes repeti-
dos após seis meses de uso e anualmente
a partir de então.
140
Diabetes mellitus: insulinoterapia Cap. 5
1.2.1. Insulina NPH (intermediária) insulina Glargina U100 é geralmente de 24 horas, per-
mitindo a dosagem de uma vez ao dia. Já a Detemir
raramente chega a 24 horas de ação, necessitando
BASES DA MEDICINA ser administrada 2 vezes ao dia. Outra desvantagem
é que tem um pico perceptível entre 6 e 8 horas, o
A insulina NPH (insulina de ação intermediária) é uma sus- que aumenta o risco de hipoglicemia, em compa-
pensão cristalizada de insulina regular, protamina e zinco. ração com a Glargina. Por sua vez, a Detemir está
Essa suspenção lhe dá um aspecto leitoso característico, relacionada a menor ganho de peso e há maior
o que, inclusive, ajuda alguns pacientes a diferenciá-la da respaldo da literatura para utilização em grávidas.
insulina regular, que possui aspecto visual transparente.
A NPH tem duração de 10 a 18 horas. Desse modo, para 1.3.1. Insulinas ultralentas (lentas
fornecer cobertura para as 24 horas, precisa ser admi- de segunda geração)
nistrada de duas a três vezes ao dia.
Nesse grupo, temos as insulinas Degludeca e Glar-
gina U300:
Outro problema da NPH é que tem pico de ação, o u Degludeca: é quase idêntica à insulina humana,
que não é bom para insulinas usadas para mime- exceto pela deleção da treonina na posição B30
tizar secreção basal, pois é como se “do nada” e a adição de uma ligação glutamil de LysB29 a
aumentasse a produção de insulina, havendo um um ácido graxo, facilitando a ligação à albumina
risco aumentado de hipoglicemia se o alimento não (conhecimento totalmente desnecessário, mas
for consumido durante o período de pico de ação. que, pasmem, já foi questão de prova…). Essa
propriedade confere uma longa duração de ação
1.3. INSULINAS LENTAS
(chega a mais de 42 horas) e reduz a variabilida-
de na concentração plasmática.
u Glargina U300: a formulação mais concentrada
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de insulina Glargina contém 300 UI/mL em vez
de 100 UI/mL. Essa mudança torna sua ação
BASES DA MEDICINA
ainda mais plana e prolongada do que a insulina
Glargina U100, durando até 36 horas.
As insulinas lentas e ultralentas são análogas da insulina,
ou seja, não são exatamente iguais as secretadas pelo DICA
nosso pâncreas, são sintetizadas, com algumas mudan- Há bancas desatualizadas que nem
ças por meio de DNA recombinante, para produzir perfis conhecem a Glargina U300... portanto, na
de insulina com ação mais fisiológica e reduzir o risco prova, caso a questão não especifique qual
de hipoglicemia. a “glargina” — se é U100 ou U300 —, suben-
tenda que está falando da mais antiga, a
U100, mas não se esqueça desse detalhe
Os análogos de ação lenta têm um perfil diário, com em questões discursivas, pois a falta do
complemento (U100 ou U300) pode cus-
maior duração, plano e previsível do que o NPH;
tar-lhe pontos preciosos.
portanto, com menor risco de hipoglicemia, sendo
melhores para a cobertura basal.
Quanto mais lenta a ação, menor o pico sérico da
insulina e menor o risco de hipoglicemia; portanto,
DICA
Quanto mais lenta a ação da in- em relação ao risco de hipoglicemia, podemos
sulina basal, menor o pico sérico da in- ordená-las assim:
sulina e menor o risco de hipoglicemia. u NPH > Detemir > Glargina U100 > Glargina U300
= Degludeca (dá para imaginar que o preço é por
ordem inversa…).
As duas principais representantes do grupo são a A Figura 2 auxiliará você na escolha da insulina
Glargina U100 e a Detemir. A duração da ação da prandial.
141
Diabetes mellitus: insulinoterapia Endocrinologia
DICA
Como duram mais de 24 horas, 1.4.2. 2o passo — Calcular a dose basal
essas insulinas são aplicadas uma vez
ao dia, e para atingir uma concentração u 50% da dose total diária.
sérica estável são necessários de 3 a 15 UI de insulina basal:
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u
5 dias. Isso é importante na prática,
W Insulina Glargina/Degludeca/Glargina U300,
pois não se deve ajustar as doses des-
sa insulina antes de 3 dias da última 15 UI, SC, uma vez ao dia; ou
mudança. W Insulina Detemir 8 UI, SC, duas vezes por dia; ou
W Insulina NPH 5 UI, SC, antes do café, almoço
e antes de dormir; ou
W Insulina NPH 10 UI pela manhã e 5 UI antes
1.4. PRESCRIÇÃO INICIAL —
de dormir, SC.
PASSO A PASSO
1.4.3. 3o passo — Calcular a dose prandial
Para fixar melhor o conhecimento, vamos fazer um
exemplo. Considere um paciente de 15 anos com u 50% da dose total diária → 15 UI de insulina pran-
60 kg, sem nenhuma outra comorbidade associada, dial → 5 UI (Lispro, Glulisina, Asparte ou Regular),
que acabou de receber o diagnóstico de DM1, após SC, antes de cada refeição; OU
quadro de cetoacidose diabética. Vamos fazer a u Relação insulina/carboidrato = 450 ÷ dose total
prescrição de alta: diária de insulina (poderia ser 350-500) → 450
÷ 30 = 15 → 1 UI de insulina (Lispro, Glulisina,
1.4.1. 1o passo — Calcular a Asparte ou Regular) para cada 15 gramas de
dose total diária (DTD) carboidrato, SC.
u DTD = peso x 0,5 (poderia ser 0,4 a 1,0). u Fator de correção → adicionar a dose prandial,
caso glicemia alta:
u DTD = 30 UI.
W Fator de correção = 1.500 ÷ DTD (poderia ser
1.500-1.800) → 1500 ÷ 30 = 50 → 1 UI de insu-
142
Diabetes mellitus: insulinoterapia Cap. 5
lina reduz 50 mg/dL de glicose. Assim, caso as glicemias em todos esses horários e é solicitado
use dose fixa, podemos deixar a tabela, adicio- que seja ajustada a insulina, como iremos discutir
nando 1 UI para cada 50 mg/dL que a glicose no próximo tópico.
estiver acima do alvo:
V 70 – 130 mg/dL (consideramos essa faixa 1.6. AJUSTES
como o alvo): 5 UI.
V 131 – 180 mg/dL: 6 UI. O primeiro passo é identificar os erros de percurso
V 181 – 230 mg/dL: 7 UI. que estão fazendo a glicemia ficar fora da meta
V 231 – 280 mg/dL: 8 UI… (para cima ou para baixo).
u Se a glicemia apresentar grande incremento ou
1.5. MONITORIZAÇÃO
queda após as refeições, temos que ajustar a
insulina prandial (rápida ou ultrarrápida).
A monitoração da glicemia capilar deve documentar u Se a glicemia de jejum ou pré-prandial estiver
a glicemia pelo menos antes das refeições. Fica a
alta, avalie se houve incremento ou “não decai-
critério do médico acrescentar a monitorização 2
mento” em relação à glicemia pós-refeição an-
horas após as refeições e ocasionalmente às 3h da
terior. Caso caia menos que 30-60 mg/dl ou até
madrugada; esse horário é útil, principalmente, para
aumente, está faltando insulina basal naquele
diagnosticar hipoglicemias assintomáticas durante
horário (ou o paciente fez um “lanchinho” não
o sono. Nas questões de prova, geralmente colocam
contabilizado) - Figura 3.
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<160-180 mg/dL
Pré-refeição Pré-refeição
<80-130 mg/dL <80-130 mg/dL
Exemplo: paciente utilizando insulina NPH (5 UI (5 UI antes do café, almoço e jantar), nos controles
antes do café, almoço e antes de dormir) + regular você observa as seguintes médias (Tabela 2):
Glicemia capilar
122 155 110 140 252 150
média (mg/dL)
Fonte: Elaborada pelo autor.
Na Tabela 2, chama atenção o incremento do pós- decaimento. Duas hipóteses poderiam explicar essa
-almoço (140 mg/dL) para o pré-jantar (252 mg/ situação: o paciente está fazendo um lanche e não
dL), situação em que, inclusive, deveria haver um aplica insulina para cobrir o carboidrato ingerido, ou
143
Diabetes mellitus: insulinoterapia Endocrinologia
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mesma dose de insulina regular, assim, é importante a usar insulina nessa fase.
reduzi-la no pré-jantar.
Como a via final comum de qualquer
mecanismo fisiopatológico do diabetes
DICA é a redução na ação da insulina, seja
Vamos dar outro exemplo para
você entender melhor: se a glicemia por insulinopenia (DM-1, LADA, insufi-
de jejum é normal, mas após o café vai ciência endócrina pancreática ou DM-2
para 300 mg/dL e antes do almoço cai avançado) ou por resistência insulínica
para 200 mg/dL, o decaimento foi exa- (maior parte dos DM-2), a insulinotera-
gerado no período sem refeição! Por- pia é a opção para o tratamento em to-
tanto, teremos que aumentar a insulina das as fases da doença em quaisquer
prandial do café (a rápida ou ultrarrápi- tipos de DM.
da) e reduzir a basal, que está agindo do
“pós-café” para o “pós-almoço”.
2.1. GLICOTOXICIDADE
Se, no mesmo caso, estivesse 200 mg/
dL antes do almoço, mas a glicemia 2
horas do café estava 120 mg/dL, preci-
saríamos aumentar a basal, pois, além
de não ter ocorrido o decaimento es- BASES DA MEDICINA
perado, a glicose ainda aumentaria 80
mg/dL!!! A glicotoxicidade ocorre devido ao aumento do estresse
oxidativo no pâncreas, relacionado a altas concentrações
de glicose sérica. Essa situação “atordoa” as células
beta, reduzindo a secreção de insulina e aumentando a
resistência à própria ação da insulina.
144
Diabetes mellitus: insulinoterapia Cap. 5
Clinicamente, podemos identificar essa situação se: que as células beta, nesse momento, não respon-
u Hiperglicemia importante: glicemia de jejum dem a essas medicações. Mas é possível manter
>250 mg/dL; glicemia ao acaso >300 mg/dL ou algumas drogas não insulínicas também, como
HbA1c >10 %; paciente muito sintomático (polis) sensibilizadores da insulina (metformina e pioglita-
e/ou com evidência de catabolismo significativo zona) e drogas que reduzem risco cardiovascular,
(Síndrome Consumptiva). como agonistas de GLP-1.
DICA
DICA
Alguns autores orientam iniciar É importante ressaltar que a gli-
insulinoterapia com HbA1c >9%, caso cotoxicidade pode ser transitória e,
a dose da metformina já esteja otimi- quando a glicemia retorna aos níveis
zada. Nessa situação, os agonistas de normais, o paciente pode voltar a res-
GLP-1 seriam uma alternativa à insulina. ponder bem ao tratamento com medi-
cações não insulínicas, sendo possível
até suspender a insulinoterapia.
u Pacientes em recuperação de complicações
agudas (situações que vamos ver em módulo
específico), como estado hiperglicêmico hipe-
rosmolar e situações de estresse: infarto agudo 2.2. REFRATARIEDADE AOS
do miocárdio, infecções, cirurgias etc. ANTIDIABÉTICOS NÃO INSULÍNICOS
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na prescrição são:
insulina (metformina e pioglitazona) e drogas que
reduzem risco cardiovascular, como agonistas de u Prescrição já está totalmente otimizada;
GLP-1. Mas devem ser evitadas as sulfonilureias, u Contraindicações clínicas; e/ou
glinidas e inibidores de DPP-4, pois nesse estágio u Limitações financeiras às associações que ainda
sua ação será pouco relevante para o controle seriam possíveis.
glicêmico, já que as células beta, nesse momento,
Por mais estranho que seja, é mais comum os
não respondem a essas medicações.
“escapes” no perfil glicêmico ocorrerem em perío-
dos de jejum, pois durante a noite há aumento dos
hormônios contrarreguladores (GH, cortisol etc.),
DICA aumentando a produção hepática de glicose, que
São plausíveis formas de trata-
mento menos intensivas, como a intro- já é alta no DM2. Esse incremento desproporcional
dução de aGLP1 (caso o paciente não no início da manhã é chamado de fenômeno do
faça uso). alvorecer.
Nesses casos, uma aplicação diária de insulina
Os inibidores de SGLT-2 são contraindicados nessa basal (de ação intermediária ou análogos de longa
fase, pois proporcionam a redução da glicemia sem ou ultralonga ação), antes de dormir, costuma ser
aumento da ação da insulina e podem aumentar suficiente. Os análogos de insulina de ação pro-
glucagon, o que leva a um risco aumentado de longada são preferidos, pois estão associados a
cetoacidose diabética, mesmo no DM2. Também menos episódios de hipoglicemia noturna quando
devem ser evitadas as sulfonilureias, glinidas e comparados à NPH. A dose inicial sugerida é de 10
inibidores de DPP-4, pois nesse estágio sua ação unidades ou 0,1 a 0,2 unidades/kg/dia, mantendo
será pouco relevante para o controle glicêmico, já concomitantemente a medicação oral utilizada.
145
Diabetes mellitus: insulinoterapia Endocrinologia
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dias, sendo orientado:
(GH, cortisol, glucagon etc.) no início da manhã,
W Se glicemia >130 mg/dL: aumentar de 2-4 unidades.
na ausência de hipoglicemia noturna.
W Se qualquer valor de glicemia <70 mg/dL: reduzir a
dose.
Após acerto da dose, monitorizamos a HbA1C. Se estiver
dentro da meta, mantemos o tratamento. Se HbA1c alta,
orientamos a monitorização pré e pós-prandial e inicia-
mos a insulina de ação rápida ou ultrarrápida antes da(s)
refeição(es) que tiver(em) incremento maior que 50 mg/dL.
146
Diabetes mellitus: insulinoterapia Cap. 5
É muito importante diferenciar essas 2 situações, já mostramos anteriormente, também está disponível
que a abordagem terapêutica é diferente. Enquanto, a versão inalatória. Uma outra forma de administra-
para o fenômeno do alvorecer temos que aumen- ção de insulina é por meio da bomba de insulina.
tar a dose da insulina ou iniciar bomba de insulina
com programação de infusão maior no fim da, Figura 5. Seringas de insulina.
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para a melhora do efeito Somogyi, pode ser neces-
sário alterar o tipo de insulina, para uma de ação
mais lenta/plana que faça pico menor; ou mesmo
mudar o horário de aplicação da insulina NPH para
mais tarde, com o objetivo de tirar pico da NPH da
madrugada. Dessa forma, ao evitar hipoglicemia,
reduziríamos o aumento dos contrarreguladores
(já fisiologicamente mais altos no final do sono) e
jogaríamos o pico de sua ação para o período do
início da manhã e, assim, conseguiríamos tratar a
hiperglicemia sem mudar a dose.
3. CUIDADOS PARA
INSULINOTERAPIA
147
Diabetes mellitus: insulinoterapia Endocrinologia
Alguns detalhes da insulinoterapia subcutânea são tilizar muitas vezes a mesma agulha, para evitar
muito importantes para vida e para as provas confira a lipohipertrofia (Figura 7).
nas próximas seções.
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u Após aberta, a insulina pode ser mantida em
temperatura ambiente (até 30°C), sem calor
excessivo ou exposição à luz. Pode manter em
geladeira, mas o ideal é retirar no mínimo 30 mi-
nutos antes de aplicar, a fim de minimizar dor no
local da injeção.
Fonte: Acervo Sanar.
u Após um mês do início do uso, a insulina perde
sua potência e deve ser descartada.
u Existem três modelos de seringa, com diferentes
u Em viagens, ela deve ser carregada em isopor ou
capacidades — 30, 50 ou 100 UI — de insulina (Fi-
caixa térmica sem gelo ou com gelo seco. Pode
gura 5). Nas duas primeiras, cada marcação da
também ser levada em bolsa comum, desde que
seringa equivale a 1 UI, enquanto na de 100 UI
a insulina não seja exposta à luz solar ou calor
cada ponto equivale a 2 UI; portanto, não é possí-
excessivo (se viajar para o Piauí, pode preparar
vel a prescrição de doses ímpares se o paciente
o gelo…).
usa seringa de 100 UI.
u As agulhas das seringas variam de 12,7 a 6 mm,
3.2. SERINGAS, CANETAS E AGULHAS já as canetas têm disponibilidade de agulha até
4 mm, o que gera menor incômodo ao paciente.
u Idealmente, as seringas devem ser de uso único, u Não se recomenda higienização da agulha com
mas é possível a reutilização pela própria pes- álcool.
soa, desde que a agulha e a capa protetora não
u O descarte da seringa deve ser realizado em re-
tenham sido contaminadas. Deve-se evitar reu-
cipiente próprio.
148
Diabetes mellitus: insulinoterapia Cap. 5
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mina, presente na NPH, entre em contato com CUIDADO DO DM
as outras insulinas (lembre-se da dica: quem é
rápido, sempre vem antes). Já os análogos de
longa ação e a Glargina U300 não podem ser Vamos apresentar aqui alguns dispositivos para
associados na mesma seringa com as insulinas vocês saberem que existe – afinal, não sabemos
prandiais. o que se passa na cabeça da banca –, mas não se
estresse com maiores detalhes.
3.4. APLICAÇÃO
149
Diabetes mellitus: insulinoterapia Endocrinologia
Figura 9. Dispositivo de monitorização contínua de insulina (Figura 10), que imita o padrão
contínua de glicose. fisiológico de secreção de insulina, com dose basal
programada ao longo do dia, associada à dose de
bolus de insulina especificada pelo paciente no
momento das refeições.
Algumas bombas têm associado um dispositivo
de monitorização glicêmica contínua (Figura 10).
Essas bombas funcionam com sistema em “alça
semifechada”, enviando as glicemias para bomba,
e, se o paciente estiver evoluindo em hipoglicemia,
a bomba desliga sozinha.
Fonte: Acervo Sanar.
DICA
O próximo passo das bombas
4.2. BOMBA DE INSULINA será o pâncreas artificial. O projeto con-
siste em uma bomba com glucagon,
que será liberado quando a glicemia
Não vamos entrar em maiores detalhes, pois esse estiver baixando, e insulina, liberada
tratamento é pouco frequente em provas, e boa quando a glicemia subir. Desse modo,
parte dos endocrinologistas não dominam o tema... fechamos a alça e, em tese, teremos
Mas para te dar uma noção do que se trata: é uma um controle glicêmico perfeito.
terapia que utiliza um sistema de infusão subcutânea
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Figura 10. Bombas de insulina.
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Diabetes mellitus: insulinoterapia Cap. 5
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tando a sensação de saciedade. Sua produção está
reduzida tanto no DM1 como no DM2.
151
Diabetes mellitus: insulinoterapia Endocrinologia
Jovens sem
comorbidades
<6,5%
Adulto ≤7%
Idoso com
<180 mg/dL 80-130 mg/dL comorbidades
<8%
Insulinoterapia
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METAS DE CONTROLE
GLICÊMICO (parte 1)
CUIDADOS
Não aplicar
2 cm
periumbilical
152
Diabetes mellitus: insulinoterapia Cap. 5
Duração: Aplicar 2
Duração: 3 Duração: 5 10 a 18 a 3x/dia
a 5 horas a 8 horas horas
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Glicemia jejum Prejudica
>250/ acaso TRATAMENTO absorção
>300 mg/dL da insulina
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Diabetes mellitus: insulinoterapia Endocrinologia
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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Gentile S, Guarino G, Giancaterini A, Guida P, Strollo F, AMD-
-OSDI Italian Injection Technique Study Group. A suitable
palpation technique allows to identify skin lipohypertrophic
lesions in insulin-treated people with diabetes. Springerplus.
2016;5:63.
McAdams BH, Rizvi AA. An overview of insulin pumps and
glucose sensors for the generalist. J Clin Med. 2016;5(1):5.
Montini. Seringas para insulina: cuidados na aplicação.
Almanaque de Metrologia – IPEM [Internet]; 2010 [acesso
em 10 set 2020]. Disponível em: https://ipemsp.wordpress.
com/2010/06/08/seringas-para-insulina-cuidados-na-apli-
cacao/.
Pozzilli P, Battelino T, Danne T, Hovorka R, Jarosz-Chobot
P, Renard E. Continuous subcutaneous insulin infusion in
diabetes: patient populations, safety, efficacy, and pharma-
coeconomics. Diabetes Metab Res Rev. 2016;32(1):21-39.
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Diabetes mellitus: insulinoterapia Cap. 5
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1 Questão 2
(UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ – PA – 2020) O adequado (HOSPITAL DAS FORÇAS ARMADAS - DF - 2021) A or-
controle glicêmico é ponto fundamental no mane- ganização Mundial de Saúde (OMS) estima que a
jo de pacientes diabéticos, visando a proteção de hiperglicemia é o terceiro fator mais importante de
órgãos alvo, bem como a prevenção de complica- mortalidade precoce no mundo. Conforme as dire-
ções precoces e tardias da doença. No seguimento trizes da Sociedade Brasileira de Diabetes de 2019
do paciente com diabetes é extremamente impor- e 2020, julgue o item a seguir. No caso de preparo
tante a mensuração periódica deste controle, para de duas insulinas na mesma seringa, é recomenda-
que se consigam atingir e manter alvos glicêmicos da, primeiramente, a aspiração da insulina regular
bem definidos, possibilitando ajustes terapêuticos e, depois, a aspiração da insulina NPH.
quando estes forem necessários. No contexto do
controle de resultados terapêuticos em diabéticos, ⮦ CERTO.
assinale a alternativa correta. ⮧ ERRADO.
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⮦ O exame mais fidedigno para essa finalidade é a
hemoglobina glicada (A1C), que deve ser mensu- Questão 3
rada a cada 3 meses até que o paciente mostre
4 medidas menores ou iguais a 8%. (FACULDADE DE MEDICINA DO ABC - SP – 2021) Mulher,
64 anos de idade, diabética, em uso de metformina
⮧ A medida da glicemia de jejum digital em ambien-
850 mg/dia de liberação lenta e gliclazida 120 mg/
te domiciliar é fundamental para que se consiga
dia, precisou iniciar, há um mês, 20 UI de insulina
ajustar as medicações nos primeiros 6 meses
NPH ao deitar-se. Sem intercorrências, compare-
de seguimento.
ce um mês depois para reavaliação. Informa estar
⮨ Diversos estudos mostram evidências de que em seguindo todas as orientações oferecidas na con-
um paciente com baixa expectativa de vida um sulta prévia. Ao verificar os exames laboratoriais
controle mais intensivo da glicemia (hemoglo- de controle, foi constatado hemoglobina glicada
bina glicada <7%) está relacionada ao aumento (HbA1c): 9,4%. Ao exame clínico: nódulos subcutâ-
da sobrevida. neos indolores em região do abdome, restante sem
⮩ Hemoglobina glicada <7% é considerada um alvo alterações. Baseando-se no caso acima, assinale a
glicêmico razoável para a maioria dos pacientes alternativa correta:
com diabetes mellitus.
⮪ Em pacientes de difícil controle terapêutico são ⮦ Está indicada dose de insulina NPH pela manhã,
indicadas reavaliações mensais com mensuração com o objetivo de otimizar o controle glicêmico
da hemoglobina glicada para ajustes imediatos e reduzir HbA1c para <7,0%.
de terapêutica. ⮧ A paciente apresenta sinais de hipersensibilidade
à insulina, devendo ser solicitada aferição da gli-
cemia capilar de madrugada (3 horas da manhã).
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Diabetes mellitus: insulinoterapia Endocrinologia
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cada 5 a 7 dias.
⮩ O ajuste das insulinas de ação rápida ou ultrar-
rápida é realizado com base no resultado das Questão 7
glicemias 2 horas pré-prandiais apenas. (ESCOLA MULTICAMPI DE CIÊNCIAS MÉDICAS - RN –
2021) Maria, 64 anos, branca, é diabética há muitos
Questão 5
anos e vem trazer seus exames de rotina. Ela faz uso
de glibenclamida 5 mg ao dia, metformina 850 mg 3
(ASSOCIAÇÃO DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE vezes ao dia, losartana 50 mg ao dia e sinvastatina
OURINHOS - SP – 2021) Um aspecto que deve ser 20 mg ao dia. Tem evitado açúcar e doces na dieta,
considerado ao utilizar a insulina regular é a demo- mas não está praticando atividade física. Apresenta
ra, em torno de 30 minutos, de seu início de ação, boca seca, polidipsia, poliúria e diz ter emagrecido,
sendo comum aplicar no horário errado. Somente pois percebe pelas roupas. Exames laboratoriais:
está ERRADO nesse contexto: Glicose 321 mg/dL, hemoglobina glicosilada 12,1%,
creatinina 1,2 mg/dL, taxa de filtração glomerular
⮦ É necessário proceder à sua aplicação pelo me- CKD-EPI 47,72 mL/min/1,73 m2, exame qualitativo
nos 30 minutos após das refeições. de urina (parcial de urina) com glicosúria. O trata-
mento farmacológico mais adequado para Maria,
⮧ No entanto, alguns pacientes tendem a aplicá-la no momento, é:
na hora da refeição.
⮨ Contribui para hiperglicemias pós-prandiais a ⮦ Aumentar a dose diária de glibenclamida.
aplicação nas refeições. ⮧ Suspender metformina e iniciar insulina regular.
⮩ Ocorrem hipoglicemias no período entre as refei- ⮨ Adicionar insulina NPH antes de deitar.
ções, pois a insulina regular atingirá seu pico no ⮩ Devido à disfunção renal, suspender metformina
horário em que a alimentação já foi metabolizada. e trocar glibenclamida por gliclazida.
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Diabetes mellitus: insulinoterapia Cap. 5
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insulina NPH (10 unidades ao acordar e 10 unida-
de da família, desde que ele deixou de ter plano de
des ao deitar) e insulina regular (6 unidades antes
saúde. Diabético de 58 anos, na primeira consulta
do café da manhã, 6 unidades antes do almoço e
Nilton lhe disse que não era adepto de dietas e que
6 unidades antes do jantar).
a rotina de trabalhador autônomo (biscates) o im-
pedia de ter uma alimentação adequada. Naquela Traz controle glicêmico do último mês com médias
ocasião você buscou convencê-lo da importância conforme tabela abaixo:
da dieta e conferiu a adesão ao tratamento medi-
camentoso, que consistia em metformina 850 mg Jejum
2h Pós- Pré- 2h Pós- Pré- 2h Pós-
3h
café almoço almoço jantar jantar
3x ao dia e glibenclamida 5 mg 4x dia há mais de
1 ano. Chegou à conclusão de que Nilton tomava 110 276 100 150 122 147 120
os remédios, pois ele soube relatar doses e horá-
rios de tomada, bem como estratégias para não A conduta quanto ao manejo da insulina deve ser:
esquecer os comprimidos no dia a dia. No retorno,
hoje, Nilton trouxe exames feitos recentemente ⮦ Aumentar NPH da manhã e aumentar regular
para avaliação: glicemia de jejum de 263 mg/dL e da manhã.
hemoglobina glicada de 9,8%. Sua consulta foi en- ⮧ Diminuir NPH da manhã e aumentar regular da
tão direcionada para:
manhã.
⮦ Organizar a mudança da medicação oral, com di- ⮨ Aumentar regular da manhã, apenas.
minuição das doses dos hipoglicemiantes atuais ⮩ Diminuir NPH da manhã, apenas.
e adição de uma glitazona para adiar o uso da ⮪ Aumentar NPH da manhã e diminuir regular da
insulina, tendo em vista a baixa adesão geral à
manhã.
medicação subcutânea.
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Diabetes mellitus: insulinoterapia Endocrinologia
GABARITO E COMENTÁRIOS
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cada 3 meses) para pacientes que se submeterem altas doses, e iniciou em associação insulinotera-
a alterações do esquema terapêutico ou que não pia há 1 mês, provavelmente devido à dificuldade
estejam atingindo os objetivos recomendados com de controle glicêmico. Comparece à consulta atual
o tratamento vigente. com valor de HbA1c (9,4), ainda elevado para a
meta de uma paciente idosa (abaixo de 7,5-8). Em
Alternativa B: INCORRETA. Medidas laboratoriais, além
parte, esse valor pode ser justificado pelo tempo
de serem mais fidedignas, oferecem o controle su-
do uso de insulina (<1 mês), visto que é um exame
ficiente na maioria dos casos.
que reflete o consumo de glicose nos últimos 2 a
Alternativa C: INCORRETA. O controle glicêmico não
3 meses. Durante o exame, outro achado pode jus-
influenciará nesses casos.
tificar um valor ainda elevado, que é a presença de
Alternativa D: CORRETA. nódulos subcutâneos indolores em abdome, que
Alternativa E: INCORRETA. Esse intervalo, às vezes é indicam depósitos extras de gordura normalmente
semanal, em boa parte dos casos são refratários causados nessas pacientes pela aplicação repeti-
às medidas. da da insulina na mesma região. Esses depósitos,
também chamados de lipohipertrofia, podem afetar
✔ resposta: D
o modo como a insulina é absorvida, dificultando
o controle glicêmico. Dessa forma, nossa conduta
Questão 2 dificuldade: vai basear-se nesses dois pontos, levando a orien-
tar a paciente sobre a prática de rodízio dos locais
Y Dica do professor: A associação de dois tipos de de aplicação, não alterando a quantidade de insuli-
insulina na mesma seringa (mistura) requer conhe- na no momento para avaliação posterior se houve
cimento da técnica e atenção especial. As insulinas melhora com correção da técnica.
que podem ser associadas são: insulina de ação
intermediária (NPH) com insulina rápida (R) para ✔ resposta: D
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-prandiais, podendo ser ajustadas a cada 3 ou 4 dias já foi metabolizada.
para avaliar melhor sua ação, já que necessita des- ✔ resposta: A
se período para entrar em equilíbrio na circulação.
Alternativa C: VERDADEIRA. Os ajustes da insulina dificuldade:
Questão 6
glargina ou detemir devem ser realizados por meio
do resultado da glicemia de jejum e pelo menos a Y Dica do professor: O uso de insulina é imprescin-
cada 5 a 7 dias. dível no tratamento do DM1 e deve ser instituído
Alternativa D: FALSA. O ajuste das insulinas de ação assim que o diagnóstico for feito. Estudos demons-
rápida ou ultrarrápida é realizado por meio do INCRE- traram que o tratamento intensivo do DM1, com 3
MENTO da glicemia pré para 2 horas pós-prandial. ou mais doses diárias de insulina (de diferentes ti-
pos de ação) ou com sistema de infusão contínua
✔ resposta: D
de insulina (SICI, bomba de insulina), é eficaz na
redução das complicações crônicas advindas do
Questão 5 dificuldade: mau controle.
Alternativa A: FALSA. Durante a fase de remissão
Y Dica do professor: O Diabetes Mellitus (DM) é um
parcial, a dose diária total de insulina administrada
distúrbio metabólico que acomete todas as faixas
é <0,5 U/kg/dia; posteriormente, com a evolução da
etárias, caracterizado por um estado de hiperglice-
doença e passada essa fase, a necessidade diária
mia persistente, decorrente da deficiência na pro-
de insulina aumenta para 0,7 a 1 U/kg/dia em crian-
dução de insulina, na sua ação, ou por ambos os
ças pré-púberes, podendo alcançar 1 a 2 U/kg/dia
mecanismos. O tratamento do diabetes consiste na
durante a puberdade ou, em situações de estresse
terapia medicamentosa e não medicamentosa. Em
(físico ou emocional), 1,2 a 1,5 U/kg/dia.
casos selecionados, podemos instituir o tratamento
intensivo com o uso de múltiplas doses e tipos de
159
Diabetes mellitus: insulinoterapia Endocrinologia
Alternativa B: VERDADEIRA. A dose diária depende o uso da insulina inicialmente é um “reforço” à atua-
de idade, peso corporal, estágio puberal, duração ção dos antidiabéticos. Por isso, uma das formas
e fase do diabetes, estado do local de aplicação da mais comuns de iniciar-se a insulinoterapia no DM
insulina (presença de lipodistrofias), ingestão de tipo 2 é administrar uma dose única de insulina ao
alimentos e sua distribuição, automonitoramento deitar (bed time).
e HbA1c, rotina diária, prática e intensidade da ati- Alternativa A: FALSA. A glibenclamida é um antidia-
vidade física, bem como intercorrências (infecções bético com grande risco de levar à hipoglicemia e
e dias de doença). ao ganho de peso, devendo ser usado com certa
Alternativa C: VERDADEIRA. Recomenda-se que a dose cautela. Além disso, note que a paciente apresenta
de insulina basal diária varie de 40 a 60%, a fim de grande descompensação da hemoglobina glicada,
tentar mimetizar a secreção endógena de insulina sendo impossível apenas com o aumento da gliben-
e que o restante da dose diária seja em forma de clamida trazer a glicada para meta.
bolus de correção (quantidade de insulina rápida Alternativa B: FALSA. A princípio, essa paciente pode
ou análogo ultrarrápido para alcançar a glicemia se beneficiar da associação das medicações antidia-
na meta terapêutica desejada) e de refeição (quan- béticas com a insulina, visto que a insulina ao deitar
tidade de insulina necessária para metabolizar n pode prolongar um pouco a duração de um contro-
gramas de carboidrato). le glicêmico adequado com os hipoglicemiantes.
Alternativa D: VERDADEIRA. O objetivo do tratamento Alternativa C: VERDADEIRA. A insulina ao deitar, ou
do DM1 é manter as metas glicêmicas nos limites bed time, é uma das práticas mais comuns na si-
da normalidade. Diferentes esquemas terapêuticos tuação da paciente do enunciado.
podem ser utilizados no tratamento de indivíduos
Alternativa D: FALSA. Apenas nos pacientes com taxa
com DM1. Na prática, a reposição insulínica é feita
de filtração glomerular (TFG) menor que 30 ml/min
com uma insulina basal (cuja função é evitar a li-
devemos suspender a metformina, devendo a dose
pólise e a liberação hepática de glicose no período
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ser reduzida à metade diante de TFG <45 mL/min.
interalimentar), uma insulina durante as refeições
Portanto, não há problema no uso da metformina.
(bolus de refeição) e doses de insulina necessárias
A glibenclamida e a glicazida fazem parte da mes-
para corrigir hiperglicemias pré-prandiais ou de pe-
ma classe de antidiabéticos, não fazendo sentido
ríodo interalimentar (bolus de correção).
trocar uma pela outra.
resposta: A
resposta: C
✔
✔
Questão 7 dificuldade:
Questão 8 dificuldade:
Y Dica do professor: Questões sobre Diabetes Mel- Y Dica do professor: Efeito Somogyi é mais comum
litus (DM) são um tema bastante frequente nas
no DM2, mas pode ocorrer no DM, em resposta à
provas de Residência. O Diabetes Mellitus é um
hipoglicemia na madrugada. A reação do organis-
distúrbio metabólico caracterizado por hipergli-
mo à hipoglicemia com aumento dos hormônios
cemia persistente, decorrente da deficiência na
contrainsulínicos – adrenalina, cortisol, glucagon
produção de insulina, na sua ação, ou por ambos
e GH (já fisiologicamente mais altos no final do
os mecanismos. Note que a paciente descrita no
sono) – precipita a hiperglicemia matinal. Está
enunciado apresenta emagrecimento, poliuria, po-
muito associada à aplicação da insulina NPH em
lidipsia, hiperglicemia, glicosúria e hemoglobina
horário inadequado (muito tempo antes de dormir),
glicada alta, mesmo com o uso regular das medi-
mas este não é o caso da questão.
cações e dieta adequada. Nos casos em que os
pacientes não obtêm resposta satisfatória com os Alternativa A: INCORRETA. Aumentar a dose noturna
hipoglicemiantes e/ou hiperglicemia sintomática, iria piorar a hipoglicemia, e pelo efeito Somogyi é
podemos iniciar o uso da insulina. Uma vez que provável que melhorasse a hiperglicemia no jejum,
essa paciente não está totalmente insulinopênica,
160
Diabetes mellitus: insulinoterapia Cap. 5
já que aumentaria a resposta dos hormônios con- no DM2 fora do contexto de glicotoxicidade. Além
trainsulínicos neste horário. disso, nesta situação, podemos manter os antidia-
Alternativa B: CORRETA. Quando lhe pedirem para béticos que já vem usando.
ajustar qualquer esquema de insulinoterapia, a pri- Alternativa D: INCORRETA. Esta alternativa é um exem-
meira conduta é corrigir a hipoglicemia, que pode plo claro de inércia terapêutica! A introdução de
levar a complicações agudas (arritmias, convulsão, insulina no tratamento do DM2 é frequentemente
AVC, IAM...). Além disso, diante da possibilidade de protelada por muitos anos além do ponto em que
efeito Somogyi, é fundamental reduzir o pico da NPH sua indicação já estaria estabelecida, expondo os
durante a madrugada. Portanto, devemos reduzir a pacientes às consequências decorrentes do mau
dose da NPH noturna, e outra opção seria trocar a controle metabólico por tempo prolongado.
insulina por uma lenta ou ultralenta. ✔ resposta: B
Alternativa C: INCORRETA. Mudar a insulina NPH do
almoço teria pouco efeito na glicemia de jejum do
dia seguinte. Questão 10 dificuldade:
Alternativa D: INCORRETA. A insulina humalog admi- Y Dica do professor: Apesar de algumas pessoas
nistrada à noite tem pouco efeito na glicemia da terem tentado anular a questão, ela está totalmen-
manhã do dia seguinte. te correta. Vamos entender: nos controles, chama
✔ resposta: B atenção o incremento de 166 mg/dL na glicemia
do pré para o pós-café (110-276 mg/dL), situação
em que seria esperado aumento de até 40 mg/dL.
Questão 9 dificuldade: Assim, podemos deduzir que falta insulina de co-
Y Dica do professor: Com a progressão da perda de
bertura prandial; neste caso, a rápida. Mas, sempre
que aumentamos a dose de insulina, outro cuidado
secreção da insulina, geralmente após uma déca-
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importante é avaliar se não há nenhum decaimento
da de evolução do DM2, e já com perda de peso e/
significativo durante o dia, que com o aumento da
ou comorbidades presentes, pode ser necessário
dose de insulina poderia culminar com hipoglice-
associar insulina aos agentes orais, para melhorar
mia. Nesse exemplo mesmo, temos do “pós-café”
a cobertura basal (insulinização oportuna).
para o “pré-almoço” queda de 176 mg/dL (276 →
Alternativa A: INCORRETA. O impacto na HbA1c da 100), sendo a redução esperada de até 40 mg/dL;
glitazona é em torno de 0,5 a 1,5%. Desta forma, o portanto, há uma ação excessiva da insulina “res-
paciente continuaria descompensado, ainda mais ponsável” pela cobertura basal da manhã, que é a
reduzindo as doses dos outros hipoglicemiantes... NPH pré-café. Assim, a melhor conduta é diminuir
A única medicação que poderia “livrar” o pacien- NPH da manhã e aumentar regular da manhã.
te da insulina são os análogos de GLP1, os quais,
além do impacto glicêmico, facilitariam adesão à ✔ resposta: B
dieta e perda de peso. No entanto, é uma medica-
ção cara e infelizmente ainda fora da realidade da
maior parte dos pacientes atendidos pelo sistema
único de saúde.
Alternativa B: CORRETA. Paciente com doses ade-
quadas de metformina e secretagogo, mantendo
glicemias fora do alvo terapêutico. No contexto do
SUS, o próximo passo é a introdução de insulina NPH
antes de dormir na dose de 0,1 a 0,2 UI/kg ou 10 UI.
Alternativa C: INCORRETA. A introdução de uma única
dose diária de insulina basal é a estratégia prefe-
rencial para iniciar, quando indicada, a insulinização
161
Fixe seus conhecimentos!
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162
DIABETES MELLITUS: Capítulo
COMPLICAÇÕES AGUDAS 6
importância/prevalência
u Emergências hiperglicêmicas:
• Cetoacidose diabética (CAD) → glicemia >250 mg/dL; cetonemia (≥3,0 mmol/L) ou cetonúria significativa
(≥2+); e acidose metabólica (pH ≤7,3 e/ou bicarbonato ≤18 mEq/L);
• Recentemente, a Sociedade Brasileira de Diabetes tem sugerido a mudança da definição para : glicemia
sérica > 200 mg/dL; acidose metabólica – pH < 7,3 e/ou ou bicarbonato sérico < 15 mmol/L; cetonemia
e/ou cetonúria.
• Estado hiperglicêmico hiperosmolar (EHH ou EHO) → glicemia >600 mg/dL; hiperosmolalidade sérica
(>320 mOsm/kg); e ausência de cetoacidose.
• Os 2 fatores precipitantes mais comuns para CAD e EHH são má aderência e infecção. É a apresentação
inicial em 25-40% dos DM1.
• Quadro clínico: poliúria, polidipsia, perda de peso e polifagia (os famosos 4 “Ps”), sintomas de excesso
de cetoácidos (hálito cetônico, cefaleia, náuseas e dor abdominal) e Respiração de Kussmaul.
• Avaliação laboratorial: glicemia, gasometria, sódio, potássio, pesquisa de cetonúria (urina 1) ou cetonemia.
• Busca por um fator precipitante em todos os quadros de CAD/EHH: hemograma, culturas, eletrocardio-
grama, marcadores de necrose miocárdica e radiografia de tórax.
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• O tratamento é VIP: volume, insulina e potássio. Mas não se esqueça de SEMPRE checar o potássio
antes de iniciar a insulina.
u Hiperglicemia hospitalar:
• Todo paciente deve ter a glicemia avaliada na admissão hospitalar, independentemente do status glicê-
mico prévio.
• Hiperglicemia hospitalar é definida como glicemia >140 mg/dL (jejum ou pré-prandial).
• É indicada insulinização para glicemia persistentemente ≥180 mg/dL.
u Hipoglicemias:
• Em pacientes diabéticos, a hipoglicemia é um sinal de alerta e, além de instituir sua correção, é funda-
mental ajustar o tratamento para evitar novos episódios.
• É necessário investigar as hipoglicemias em não diabéticos — o primeiro passo é sempre confirmar a
Tríade de Whipple: sinais e sintomas consistentes com hipoglicemia + avaliação laboratorial confirmando
glicemia sérica <55 mg/dL + resolução dos sintomas após a correção da glicemia.
163
Diabetes mellitus: complicações agudas Endocrinologia
EMERGÊNCIAS HIPERGLICÊMICAS
O Diabetes Mellitus (DM) pode descompensar gravemente, Figura 1. Fórmula da osmolalidade sérica.
levando a alterações metabólicas graves. As principais são mg
glicemia
a Cetoacidose Diabética (CAD) e o Estado Hiperglicêmico mEq dL
Osmolalidade sérica = 2 x sódio medido +
Hiperosmolar (EHH ou EHO). L 18
Na CAD, a mortalidade geral é menor que 1%, mas chega Fonte: Elaborada pelo autor.
a 10 % em pacientes idosos e com comorbidades graves,
e pode ser até maior em sistemas de saúde precários
devido à falta de reconhecimento e o não cumprimento
dos protocolos. Já o EHH é considerado mais grave, e DIA A DIA MÉDICO
sua mortalidade pode chegar a 20%.
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u Glicemia >250 mg/dL * é padronizada em mOsmol/kg, "quimicamente" o correto
é chamarmos de hiperosmolalidade.
u Cetonemia (≥3,0 mmol/L) ou cetonúria signifi-
cativa (≥2+).
u Acidose metabólica (pH ≤7,3 e/ou bicarbonato
sérico ≤18 mEq/L). 2. FISIOPATOLOGIA
*A sociedade Brasileira de Diabetes, em concordân-
cia com os critérios bioquímicos atuais revisados
para o manejo da CAD em crianças e em adoles- A hiperglicemia é frequente entre os diabéticos,
centes da International Diabetes Federation (IDF), concorda? Mas por que uns entram em CAD/EHH
tem sugerido considerar critério de CAD pacientes e outros não?
com glicemia ≥ 200 mg/dL. Essa definição ainda A CAD e o EHH são síndromes associadas à defi-
não é unânime, mas atenção a essa possibilidade. ciência insulínica; portanto, situações onde há a
incapacidade de “colocar a glicose para dentro da
célula”. Quando as outras glândulas percebem que
DICA
Lembre-se do nome da doença — não têm insulina, chegam à seguinte conclusão:
CETO (cetonemia ou cetonúria) ACIDOSE “se nosso colega pâncreas não está produzindo
(acidose metabólica) DIABÉTICA (hiper- insulina, é porque não deve ter glicose no sangue,
glicemia). então vamos aumentar a glicemia!”. Dessa forma há
aumento de hormônios contrarreguladores: gluca-
gon, cortisol, catecolaminas e hormônio do cresci-
O Estado Hiperosmolar Hiperglicêmico (EHH ou mento. Resumindo, a combinação dessas alterações
EHO) é definido por: hormonais piora ainda mais a hiperglicemia, pois:
164
Diabetes mellitus: complicações agudas Cap. 6
u reduzem a captação de glicose nos tecidos pe- Diante da dificiência absoluta de insulina, o fígado
riféricos (deficiência de insulina). transforma os ácidos graxos em corpos cetônicos
u aumentam da gliconeogênese, a partir do estí- (Fluxograma 1): ácido acetoacético, beta-hidroxibu-
mulo à glicogenólise e à lipólise (aumento dos tirato (produzida em maior quantidade) e acetona.
contrarreguladores).
↑ Glucagon
↑ GH, cortisol e catecolaminas
↓ Ação da insulina
FÍGADO
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Diurese osmótica Vômitos Acidose
Desidratação Vasodilatação
Dis. hidroeletrolítico
Hipotensão
Por “depender” da insulinopenia para ocorrer, aco- Curiosamente, existem casos de CAD com níveis
mete principalmente adultos jovens com DM1, sendo glicêmicos pouco alterados ou até mesmo nor-
a primeira manifestação em 25-40% dos pacientes! mais, sendo denominada de “CAD euglicêmica” e
Mas também pode ocorrer no DM2 se o paciente já definida com base nos mesmos critérios da CAD,
estiver com insuficiência pancreática por doença mas glicemia < 200 mg/dL. Essa situação pode ser
de longa data ou extremamente descompensado, relacionada ao uso de inibidores de SGLT2 (glifo-
como em situações de estresse metabólico com zinas); álcool, ao àlcool, à gestação, à hepatopatia
hiperglicemia significativa. Neste último caso, a crônica e a dietas hipocalóricas.
hiperglicemia impede a produção pancreática de
insulina, devido sua ação tóxica sobre o pâncreas
(glicotoxicidade).
165
Diabetes mellitus: complicações agudas Endocrinologia
↑ Glucagon
↑ GH, cortisol e catecolaminas
↓ Ação da insulina
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FÍGADO
↑ Prod. hepática
de glicose
↑ Hiperglicemia
Diurese osmótica
Desidratação
166
Diabetes mellitus: complicações agudas Cap. 6
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do apetite). atenção aos diagnósticos diferenciais, pois não
u Taquicardia e graus variados de desidratação é porque o paciente é diabético que tudo que ele
(sinais físicos, como mucosa bucal seca, olho apresentar vai ser causado por descompensação
fundo, redução do turgor da pele). do DM. (Quadro 1).
Manifestação Diferencial
167
Diabetes mellitus: complicações agudas Endocrinologia
Os 2 principais fatores desencadeantes para CAD e Os exames para avaliar as emergências hipergli-
EHH são má adesão terapêutica e infecção (quase cêmicas e investigar o fator precipitante estão no
50% dos casos). Mas, várias outras doenças podem Quadro 3.
descompensar o DM — as causas mais importantes
estão listadas no Quadro 2. Inclusive, até 30-40% Quadro 3. Avaliação laboratorial inicial na CAD e no EHH.
dos diagnósticos em crianças são realizados durante
Glicemia
episódio de CAD.
Eletrólitos: sódio (Na), potássio (K), cloreto
(Cl), fósforo (P) e magnésio (Mg)
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Deficiência insulínica conforme suspeição clínica da condição
precipitante e possíveis diagnósticos dife-
Primodescompensação do DM1
ou má adesão terapêutica renciais, podemos solicitar também mar-
cadores de necrose miocárdica, radiografia
Causas infecciosas e inflamatórias de tórax, culturas (hemo e uro), tomografia
Pneumonia, infecção do trato urinário, pancreatite de crânio, punção liquórica, BHCG, enzimas
aguda, colecistite aguda, apendicite hepáticas, toxicológico e outros exames
de imagem.
Causas isquêmicas
Infarto agudo do miocárdio, acidente vascular
encefálico, tromboembolismo pulmonar
A partir do início do tratamento, até sair da emer-
Causas iatrogênicas
gência hiperglicêmica, é recomendado:
Glicocorticoides, antipsicóticos
atípicos, inibidores do SGLT-2 u monitorização de glicemia capilar de 1/1h;
Endocrinopatias
u gasometria venosa e potássio a cada 2-4 horas;
Acromegalia, glucagonoma, cushing, hipertireoidismo u sódio e cloreto para cálculo do ânion gap a cada
6 horas;
Fonte: Martins1.
u função renal, magnésio e fósforo a cada 12 horas
até sair da emergência hiperglicêmica.
DICA
Perceba que muitas condições pre-
cipitantes (Quadro 2) também são diagnós- 5.1. SÓDIO
ticos diferenciais (Quadro 1).
168
Diabetes mellitus: complicações agudas Cap. 6
CAD haver natriurese relacionada à excreção renal intracelular para o extracelular. Quando corrigimos
de corpos cetônicos, na maior parte dos casos a esses fatores, o potássio volta para dentro da célula,
redução da concentração de sódio sérico é "FAKE". levando à hipocalemia caso não haja reposição de
potássio durante o tratamento.
Isto ocorre pois a hiperglicemia determina um fluxo
de água do intra para o extracelular e "empurra" o
sódio do extra para o intracelular, ou seja, o pool
DICA
corporal está normal, mas o exame não reflete a Atenção! Devido a toda essa altera-
realidade, havendo uma pseudo-hiponatremia. ção dinâmica do potássio é indicado ava-
liação eletrocardiográfica. São comuns na
O valor real deve ser corrigido pela fórmula mostrada fase mais precoce as ondas T apiculadas (já
que, nesses casos, o potássio sérico está
na Figura 2.
alto devido à redução da concentração in-
tracelular) e, com o tratamento, pode haver
Figura 2. Fórmula do sódio corrigido. depressão do segmento ST, achatamento
glicemia −100 da onda T e elevação da onda U (pela hipo-
Sódio corrigido = Sódio medido + 1, 6 x calemia devido ao retorno do potássio para
100 o intracelular).
Fonte: Elaborada pelo autor.
DICA
5.3. CLORETO
Existe outra situação que pode estar
presente na CAD e é causa de pseudo-hi-
ponatremia: a hipertrigliceridemia grave. A dosagem de cloreto é utilizada para o cálculo do
ânion gap, cujo valor >10 mmol/L sugere a acidose
por ânions não medidos na fórmula (que neste caso
são os cetoácidos).
DICA
Atenção: a fórmula da osmolalida-
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de sérica utiliza o sódio MEDIDO, e não o
corrigido. DICA
Cálculo do ânion gap: AG = Na – (Cl
+ HCO3)
169
Diabetes mellitus: complicações agudas Endocrinologia
Os 3 cetoácidos produzidos durante a CAD são: Pode ocorrer leucocitose com desvio à esquerda
u Beta-hidroxibutirato: principal cetoânion produzido não relacionada ao processo infeccioso. O próprio
na CAD, ideal para avaliar gravidade e prognóstico, processo inflamatório com aumento de hormônios
além de monitorar o tratamento e a resolução do contrarreguladores explica este achado.
quadro. No entanto, o exame é pouco disponível.
Atenção para valores acima de 25.000 céls/mm3 ,
u Acetona: na verdade, nem é um ácido, mas é o pois sugerem infecção.
responsável pelo hálito adocicado que lembra o
cheiro de removedor de esmalte...
u Acetoacetato: o mais utilizado para diagnóstico DICA
na prática, já que os exames tradicionais (“tiras”) Perceba como a abordagem das
emergências hiperglicêmicas pode ser uma
para avaliar cetonúria e cetonemia, detectam
verdadeira armadilha na prática clínica! Os
somente acetoacetato. No entanto, quanto mais
diagnósticos diferenciais misturam-se com
grave a acidose, maior a produção do betahidroxi- os fatores de risco. Pode haver febre e leu-
butirato em detrimento do acetoacetato. Portan- cocitose, mesmo na ausência de infecção;
to, pacientes muito graves podem ter a pesquisa assim como aumento de amilase e lipase,
de cetonúria e/ou cetonemia falsamente negati- sem pancreatite aguda. Portanto, diante
vas. Por isso, apesar de considerarmos valores de qualquer paciente crítico na vida ou na
≥ 2 ++ de cetonúria como diagnósticos, não são prova, lembre-se de pedir a glicemia capilar
parâmetros confiáveis para excluir a hipótese e ficar atento aos critérios diagnósticos!
de CAD nem para monitoramento ou resolução.
Inclusive, conforme haja melhora clínica, pode
haver até aumento da cetonúria.
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6. C LASSIFICAÇÃO
DIA A DIA MÉDICO
CAD
EHH
Leve Moderada Grave
Osmolalidade
Variável Variável Variável >320
(mOsm/kg)
170
Diabetes mellitus: complicações agudas Cap. 6
DICA 7. TRATAMENTO
Para você entender melhor, vamos
exemplificar: se paciente com CAD apre-
senta bicarbonato 8 mmol/L, pH de 7,2 e
O tratamento baseia-se em 3 pilares “VIP”: Volume,
está consciente e orientado, qual será a
classificação? Ele terá CAD grave devido Insulina e Potássio (VIP). No entanto, as doses e a
ao bicarbonato baixo, mesmo que os outros infusão de cada um desses componentes devem
critérios não sejam graves. ser ajustadas criteriosamente, pois, se fizer insulina
com potássio baixo, vai induzir a ARRITMIAS que
MATAM o paciente. Do mesmo modo, se fizer muito
volume e/ou muito bicarbonato, pode ocasionar
EDEMA CEREBRAL e levar à MORTE do paciente.
Por isso, atenção aos próximos tópicos e ao resumo
da abordagem no Mapa mental 1.
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Diabetes mellitus: complicações agudas Endocrinologia
Expansão volêmica
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Sódio corrigido
Mudar para SG5% com NaCl 0,45%. Reduzir a infusão de insulina pela metade (150-250 mL/h). Objetivo de
manter glicemia entre 140-200 (CAD) e em torno de 200 mg/dL(EHH) até controle metabólico.
SF: soro fisiológico – NaCl 0,9%; CAD: cetoacidose; SG: soro glicosado; HCO 3: bicarbonato de sódio 8,4%; Gaso: gasometria; UI: urina tipo
1; e EV: endovenosa.
SC: subcutâneo; AG: ânion gap; Cr: creatinina; Ur: ureia; Na: sódio; Mg: magnésio; PO 4: fosfato; ECG: eletrocardiograma; RX: radiografia de
tórax; e SN: se necessário.
172
Diabetes mellitus: complicações agudas Cap. 6
Checar gasometria
venosa e K+ a CAD (pH ≤7,3; glicemia >250 mg/dL + cetonúria moderada a intensa) ou
cada 2-4 h; EHH (glicemia >600mg/dL; osmolalidade sérica
Na+, Cl- e ânion
>320mOsm/kg e ausência de cetonúria)
gap a cada 6 h;
Mg e PO4 a cada 12
Colher: gasometria ; K+; PO4; CL-; Ur; Cr; Na; UI; ///
h — até estáveis Troponina; ECG; Rx e culturas SN
0,14 a 0,1* UI/Kg/h (*considerar Somente se pH<6,9 (considerar <3,3 3,3 a 5,2 >5,2
bolus de 0,1UI/Kg) não fazerem em crianças)
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Critérios para resolução:
Checar gaso venosa
+ K a cada 2-4 horas; CAD: glicemia <200mg/dL + 2 dos 3
Na, Cl e ânion gap (HCO3 ≥15 mEq/L; AG <12 e pH >7,3 )
a cada 6 horas; Cr, EHH: glicemia <300 mg/dL; osm. sérica <315 mOsm/
Ur, Mg e PO4 a cada kg e recuperação do nível de consciência
12 horas até atingir
critérios de resolução Após resolução, iniciar insulinoterapia subcutânea, mas
manter insulina EV ao menos 30 minutos da aplicação
173
Diabetes mellitus: complicações agudas Endocrinologia
Com a implementação correta das medidas para u Para pacientes com níveis séricos de potássio
correção das alterações metabólicas, a melhora da entre 3,3 e 5,2 mEq/L, a adição de 20 a 30 mEq
acidose se dá por 2 mecanismos: de potássio a cada litro de solução de hidratação.
u Produção de bicarbonato pelo fígado a partir dos u Em caso de hipercalemia (K ≥5,3 mEq/L): iniciar
cetoânions circulantes. insulina sem necessidade de associar infusão
u Eliminação renal dos corpos cetônicos por diu- de potássio.
rese osmótica.
7.3. INSULINA
DICA
Além das medidas específicas para
CAD, é importante corrigir a condição pre-
cipitante. [ BASES DA MEDICINA
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u
u bolus de 0,1 UI/kg, seguida de infusão de 0,1 UI/Kg/h.
≥135 mEq/L, pelo risco de acidose hiperclorêmi-
ca); ou Quando a glicemia atingir 200-250 mg/dL (CAD) ou
250-300 mg/dL (EHH), a infusão deve ser reduzida
u NaCl 0,9% 250 a 500 mL/h (se o sódio corrigido
pela metade, e deve-se associar soro glicosado.
<135 mEq/L).
DICA
Atualmente, a tendência é utilizar
DICA doses mais baixas na terapia insulínica
Diante de um paciente instável, a
(infusão de 0,1 UI/kg/h) com objetivo de
etapa inicial é sempre SF 0,9%, indepen-
redução da glicemia entre 50 e 70 mg/dL/h,
dentemente do nível do sódio.
devendo ser ajustada para atingir esse alvo.
7.2. POTÁSSIO
DICA
Na CAD leve é possível o tratamen-
Deve-se iniciar a reposição de potássio sempre to subcutâneo com análogos rápidos de
que K <5,3 mEq/L, desde que paciente não esteja insulina também conhecidas como ultrar-
apresentando uma forma oligúrica de insuficiência rápidas: lispro, glulisina e asparte. Neste
protocolo, recomenda-se a dose inicial de
renal (débito urinário <50 mL/hora): 0,2 a 0,3 UI/Kg, seguida da aplicação de
u Caso o potássio inicial <3,3 mEq/L: não iniciar 0,1 a 0,2 UI/Kg a cada 1 a 2 horas. Após a
insulina ou suspendê-la; fazer reposição em 1 glicemia atingir 200-250 mg/dL, as doses
deveriam ser reduzidas pela metade. A
hora com 20 a 40 mEq de potássio (1 ampola monitorização e a reposição de eletrólitos
de KCl 19,1%:25 mEq). devem seguir o mesmo protocolo da CAD
moderada ou grave.
174
Diabetes mellitus: complicações agudas Cap. 6
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u fazer 100 mmol de HCO3 (100 mL de bicarbona- W Dose empírica de 10 UI.
to de sódio 8,4%) em 400 mL de água e 20 mEq W Calcular 0,1 a 0,2 UI/kg.
de potássio, EV, em 2 horas, repetir até que o pH W Ou fazer o cálculo de acordo com a
esteja >7,0. bomba de insulina [utilizamos o total de
insulina que foi infundida nas últimas 6
horas, multiplicamos por 4 (regra de 3
para estimar o total de insulina nas 24
DICA horas), mas administramos somente
Não há evidências que sustentem a
50-80% da dose calculada (para reduzir
administração de HCO3– para o tratamento
risco de hipoglicemia), sendo metade de
de CAD em crianças com CAD e em adul- insulina basal e metade prandial aplica-
tos com pH > 6,9. Além de não demonstrar
da antes de desligar a bomba].
qualquer benefício, pode aumentar o risco
de hipocalemia e de edema cerebral. Inclu-
sive os últimos consensos sugerem que
não deveria ser feito em crianças, indepen- DICA
Exemplo: imagine que um paciente
dentemente do valor do pH.
havia recebido 30 UI de insulina nas últimas
6 horas (estava com 5 UI/h). Fazendo a regra
de 3, teríamos 120 UI em 24 horas, então,
A reposição de fosfato pode ser indicada em pacien- por segurança, administramos 50% da dose
tes com hipofosfatemia e insuficiência cardíaca, calculada — 60 UI —, e dividimos em metade
de NPH (10 + 10 + 0 + 10 UI) e metade de
anemia ou depressão respiratória ou fósforo <1,0 regular (10 + 10 + 10 UI).
mg/dL; nesses casos, adiciona-se 20-30 mEq/L de
fosfato de potássio nos fluidos infundidos.
175
Diabetes mellitus: complicações agudas Endocrinologia
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e edema osmótico (em consequência da reposição de anfotericina B e desbridamento cirúrgico.
fluidos).
176
Diabetes mellitus: complicações agudas Cap. 6
A pancreatite resulta da hipoperfusão (pela desi- que pode ocorrer durante ou após o tratamento e
dratação), irritação peritoneal e elevação dos tri- está relacionado à hiperidratação e à redução da
glicérides. Geralmente, os quadros são leves e pressão osmótica.
não exigem nenhum tratamento adicional, além da
abordagem à CAD. 9.5. FENÔMENOS TROMBOEMBÓLICOS
DICA
Pacientes com indicação de inter-
9.4. EDEMA PULMONAR nação também devem receber heparina
para profilaxia de tromboembolismo ve-
Embora os sintomas pulmonares possam indicar noso até a alta.
pneumonia, deve-se ficar atento ao edema pulmonar,
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HIPERGLICEMIA HOSPITALAR
DICA
1. CONCEITOS HbA1c ≥6,5% (repetida e confirma-
da) é critério de DM.
[ BASES DA MEDICINA
177
Diabetes mellitus: complicações agudas Endocrinologia
DICA
Eventualmente, em pacientes não 3.1. MONITORIZAÇÃO
críticos, de baixo risco para hipoglicemia
e sem maiores comorbidades, pode ser
aceito o alvo entre 100 e 140 mg/dL (ou A monitorização deve ser feita conforme o plano
110 – 140 mg/dL, de acordo com algumas alimentar do paciente (Tabela 2).
referências). Por sua vez, níveis mais eleva-
dos podem ser considerados nos pacientes Tabela 2. Monitorização glicêmica intra-hospitalar.
terminais ou naqueles muito idosos.
Dieta Monitorização de GC
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O tratamento para hiperglicemia hospitalar em
pacientes estáveis, deve incluir: DICA
A realização de “insulina conforme
u monitorização feita conforme o plano alimentar glicemia capilar de horário (6/6h)”, também
do paciente; conhecida como “escala móvel”, deve ser
u insulinoterapia; reservada para pacientes em jejum; o uso
em pacientes com dieta oral é uma prática
u protocolo de hipoglicemia: com um plano de cor- muito antiga e inadequada. Não há registro,
reção via oral com 15 gramas de carboidrato (se desde 1963, de estudos demonstrando sua
paciente se alimentando) ou 15-20 g de glicose eficácia, devendo, portanto, ser abolida.
EV (se paciente em jejum ou com rebaixamento
do nível de consciência); e
u suspensão dos demais fármacos antidiabéticos
pelo risco de insuficiência renal e hipoglicemia. 3.2. INSULINOTERAPIA
178
Diabetes mellitus: complicações agudas Cap. 6
Sim Insulinização
Glicemia capilar (GC)
>180 mg/dL
pré-prandial ou jejum
Reavaliar se novo fator de risco: corticoide,
Não
nutrição parenteral, drogas vasoativas…
Quando indicada insulinização, deve ser prescrita 3.2.1. Reforçando conceitos práticos
insulina basal (glargina U100 ou U300, degludeca,
detemir ou NPH), com 0,1 – 0,25 UI/Kg, para cobrir Em geral, a dose calculada para insulinização pran-
a liberação hepática de glicose, associando: dial é administrada se o paciente estiver com GC
no alvo: 140-180 mg/dL (ou 100-140 mg/dL para
u bolus prandial 0,1 – 0,25 UI/Kg (regular, asparte,
pacientes com baixo risco de hipoglicemia).
lispro ou glulisina), sendo dividida a dose total nas
3 refeições; esse tipo de protocolo é chamado Caso esteja acima desse alvo, deve-se aumentar a
de basal-bolus; ou dose (insulina prandial + correção). E, se glicemia
u somente dose de correção ou suplementação menor que o alvo, é necessário reduzir. Lembrando
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quando glicemia acima do alvo; chamado de que a insulinização basal precisa ser administrada
protocolo basal-plus. independentemente da glicemia ou do aporte nutri-
cional, já que tem o objetivo de manter a glicemia
estável ao cobrir a liberação hepática de glicose.
DICA
Para pacientes em jejum, a escolha
é sempre o protocolo basal-plus. Já para
pacientes recebendo dieta (oral, enteral ou
parenteral), principalmente se descompen-
sados (glicemias acima de 240 mg/dL) ou
que já recebiam insulina, o mais adequado
seria iniciar o basal-bolus.
179
Diabetes mellitus: complicações agudas Endocrinologia
DICA DICA
Como exemplo, vamos fazer a pres- Por que não utilizar insulinoterapia
crição de um paciente de 60 kg com gli- SC para tratar a hiperglicemia hospitalar em
cemia inicial de 300 mg/dL (indicação de pacientes críticos? Por definição, pacientes
basal-bolus). Nesse caso, calculamos 60 x críticos estão com má perfusão periféri-
0,2 UI/Kg = 12 UI → 12 UI de basal + 12 UI ca, o que dificulta a absorção da insulina
de prandial, divididas em 3 doses da insuli- subcutânea e o controle da hiperglicemia.
na = 4 UI [se a glicemia na meta (140-180), Além disso, como a hipoglicemia é muito
aumentando ou reduzindo a dose conforme deletéria nesses pacientes (risco de arrit-
a glicemia capilar]. mias e eventos cardiovasculares), o uso da
infusão EV torna-se mais seguro também,
W Glicemia capilar antes do café, almoço,
já que tem meia-vida curta (ao redor de 4-5
jantar e às 22 horas.
min). Portanto, diante de um evento hipo-
W Insulina NPH 4 UI, SC, antes do café, al- glicêmico, a suspensão da insulina EV re-
moço e às 22 horas. verteria rapidamente a situação, enquanto
W Insulina regular antes do café, almoço e a mesma insulina administrada por via SC
antes de dormir: iria durar de 5-8 horas.
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reção se glicemia acima do alvo:
W Glicemia capilar 6/6 horas.
DICA
W Insulina NPH 4 UI, SC, de 8/8 horas. Algumas questões têm explorado
a relação da hiperglicemia vs. desfechos
W Insulina Regular de 6/6 horas.
da covid-19. Como em quaisquer outras
V <70 mg/dL: protocolo de hipoglice- situações graves, a justificativa para tra-
mia. tar é a mesma: a hiperglicemia aumenta a
V 70-180 mg/dL: 0 UI. chance de infecção hospitalar, internação
prolongada, arritmias, insuficiência renal e
V 181-220 mg/dL: 2UI… mortalidade. A questão é que na covid-19 o
corticoide potencializa o risco de hipergli-
cemia, e, infelizmente, por falta de recursos,
alguns serviços não realizam o controle
glicêmico como deveriam (monitorização
4. PACIENTES CRÍTICOS de 1/1h e insulina regular EV).
180
Diabetes mellitus: complicações agudas Cap. 6
u Glicemia controlada e sem edema periférico portanto, é fundamental conhecer os ajustes neces-
importante. sários no esquema de controle glicêmico no pré-
-operatório.
Os consensos sugerem que, caso o paciente esteja
DICA
Após o desligamento da bomba, descompensado com HbA1c >9,0% ou glicemia de
o paciente deve ser manejado conforme jejum >180 mg/dL, caso possível, é razoável ajustar o
o protocolo de pacientes não críticos, e a controle antes da cirurgia. Mas não deve ser adiada
transição da insulinoterapia endovenosa
uma cirurgia de urgência/emergência ou mesmo
para subcutânea deve ser feita da mesma
quaisquer procedimentos para controle oncológico.
forma que na resolução da CAD. Não deixe
de revisar o tema! A conduta no intraoperatório de cirurgias de grande
porte é a mesma do paciente crítico, e, no pós-
-operatório, o protocolo escolhido vai depender da
gravidade do paciente. Os antidiabéticos devem
ser suspensos conforme a orientação da Quadro
5. PERIOPERATÓRIO 4. Só chamamos atenção para a clopropramida
(diabinese), uma medicação que ninguém usa, mas
Além dos problemas clínicos, os pacientes diabéti- sempre aparece nas provas — fique atento(a), pois
cos também têm mais risco de patologias cirúrgicas; deve ser suspensa 3 dias antes da cirurgia!
Pós-operatório
1 dia antes da
Medicações 3 dias antes Dia da cirurgia (Dieta oral
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cirurgia
liberada)
Manter, exceto
Metformina Manter Manter Reconciliar
contraindicação (a)
Manter
Sulfonilureias *suspender se Manter Suspender Reconciliar
clorpropamida
Reconciliar, se
Análogos do GLP-1 Manter (c) Manter Suspender
ausência de náuseas
(a) Cirurgias com pós-operatório em UTI ou duração acima de 4 horas; procedimento com administração de contraste endovenoso; pacientes
com taxa de filtração glomerular <60mL.
(b) Quando o paciente estiver em preparo intestinal ou apenas dieta líquida 12-24 antes da cirurgia, deverá ser suspensa 24 horas antes.
(c) Suspender 3 dias antes caso cirurgia com necessidade de IOT ou procedimento endoscópio gastrointestinal. Se análogo semanal,
deve-se suspender 10 dias antes.
Fonte: Pontes4.
181
Diabetes mellitus: complicações agudas Endocrinologia
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1/3 da dose e
Sim e/ou de média
basais para 80%
complexidade
(se NPH 70%)
Procedimentos longos
e complexos Insulinoterapia IV
Fonte: Pontes4.
182
Diabetes mellitus: complicações agudas Cap. 6
HIPOGLICEMIA
Sintomas neuroglicopênicos
Sintomas autonômicos
(causados pela concentração
(causados pela resposta autonômica)
reduzida de glicose no SNC)
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• Pele pegajosa
• Ataxia
• Boca seca
• Parestesias
• Fome
• Cefaleia
• Palidez
• Convulsão
• Dilatação da pupila
• Coma
• Morte
Fonte: Adaptado de Mendonça5.
Glicemia Nível
183
Diabetes mellitus: complicações agudas Endocrinologia
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(idosos e crianças muito pequenas com é a queda na taxa de filtração glomerular, com
capacidade limitada de percepção dos sin-
isso as medicações (incluindo a insulina) vão ter
tomas), alimentação errática e com peque-
no conteúdo de carboidratos, hipoglicemia duração e, portanto, maior risco de hipoglicemia.
prévia, prática de exercícios, ingestão de
álcool, doença renal crônica e desnutrição.
4. H IPOGLICEMIA EM
NÃO DIABÉTICOS
3.2. TRATAMENTO
Apesar de ser um módulo sobre complicações
agudas do diabetes, vamos aproveitar que estamos
Mesmo que o paciente utilize medicações que justi-
discutindo hipoglicemias e comentar rapidamente
fiquem a hipoglicemia, sempre é necessário avaliar
a abordagem da hipoglicemia nos não diabéticos.
a glicemia capilar. Se confirmada, o paciente deve:
u Para tratar os primeiros sintomas de hipoglice-
mia, seguir as regras de 15: ingerir 15 gramas 4.1. CLASSIFICAÇÃO
de carboidratos simples, aguardar 15 minutos e
repetir o procedimento se o alvo glicêmico não As etiologias das hipoglicemias em não diabéticos
for atingido. são divididas em 2 grupos: hipoinsulinêmicas e hipe-
u Se estiver confuso ou comatoso, ou internado rinsulinêmicas. No Quadro 6, listamos as principais
com recomendação de jejum, deve-se administrar etiologias de cada um dos grupos.
20 a 40 mL de glicose 50% por via endovenosa.
Nesse caso, a glicemia capilar deve ser realizada
após 5-15 minutos.
184
Diabetes mellitus: complicações agudas Cap. 6
Hipoinsulinêmicas Hiperinsulinêmicas
HIPOGLICEMIA DE JEJUM:
• Insulinoma
• Hipoglicemia autoimune
Falência hepática/renal • Anticorpo anti-insulina
Deficiência hormonal (GH, cortisol, TSH) • Anticorpo antirreceptor de insulina
Álcool • Factícia (administração de insulina ou secretagogo)
Doença grave (sepse) • Tumor produtor de IGF-2
Inanição (neoplasias) HIPOGLICEMIAS PÓS PRANDIAIS:
• Hipoglicemia hiperinsulinêmica pancreatogênica não insulinoma
(NIPHS)
• Pós-cirurgia gástrica
DICA
Outro modo de classificar as hi- 4.1.2. Hiperinsulinêmicas
poglicemias é dividir no momento mais
comum em que ocorrem jejum vs. pós- As hiperinsulinêmicas ocorrem por excesso de
-prandial, sendo a última relativamente fre- insulina ou algo que mimetize sua ação.
quente após cirurgias bariátricas em Y de
Roux, pois a glicose “cai” direto no jejuno,
4.2. INVESTIGAÇÃO
estimulando os hormônios incretínicos que
levam aos picos de secreção de insulina.
A primeira etapa na abordagem na suspeita de
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hipoglicemia é definir se existe realmente uma hipo-
4.1.1. Hipoinsulinêmicas glicemia verdadeira, ou seja, se Tríade de Whipple
está presente.
As hipoinsulinêmicas também são conhecidas
Confirmada a hipoglicemia, avaliamos se é hipoin-
como hipoglicemia do paciente doente, quando a
sulinêmica ou hiperinsulinêmica. Mas, para esta
queda da glicose é relacionada à falta de reserva
avaliação, é necessário que os seguintes exames
nutricional (Quadro 6).
sejam coletados no momento da hipoglicemia:
glicemia, insulina, peptídeo-C (pró-insulina e β-hidro-
xibutirato/cetonemia se disponibilidade) e realizar
teste do glucagon 1 mg (Tabela 4).
Insulina ↑ ↑ ↑ ↑ ↓ ↓
Peptídeo-C ↑ ↑ ↓ ↓↑ ↓ ↓
Pró-insulina ↑ ↑ ↓ ↓↑ ↓ ↓
Cetose ↓ ↓ ↓ ↓ ↓ ↑
Glucagon ↑ ↑ ↑ ↑ ↓↑ ↓
4.2.1. Teste do jejum prolongado prolongado. Nesse teste, o paciente fica de jejum
por até 72 h, ou até que apresente e hipoglicemia
Caso não seja flagrada a hipoglicemia espontanea- bioquímica (< 55 mg/dL), ou aumento da cetonemia
mente, e o padrão da hipoglicemia for principalmente (>1 mmol/L) – (Tabela 5 ).
durante o jejum, pode ser realizado o teste do jejum
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tabólica (lembre-se de que jejum faz cetose),
ou seja, devemos investigar mais detalhada- gação de insulinoma, com imagem pancreática por
mente as hipoglicemias hipoinsulinêmicas: meio da ressonância de pâncreas, USG endoscó-
falência hepática e renal, abuso de álcool e pico e até mesmo cateterismo arterial pancreático
hipofunções hormonais. seletivo com infusão de cálcio, para diferenciar de
nesidioblastose (hiperplasia difusa das células beta).
W Se insulina/peptídeo-C baixos e β-hidroxibu-
tirato/cetonemia baixos, devemos pensar em
4.2.2. Teste da refeição mista
tumor produtor de IGF-2 (síndrome paraneo-
plásica); esse hormônio mimetiza a ação da Se o paciente apresentar padrão de hipoglicemia
insulina, assim há bloqueio da cetose, apesar pós-prandial (Tabela 5), é realizado o teste da refei-
de a insulina estar baixa. ção mista, que consiste em o paciente fazer refei-
u Nos casos da insulina alta (Tabela 5), devemos: ção com 400 kcal, sendo 60-65% carboidrato, 10%
W Descartar uso exógeno de insulina com dosa- proteína e 25-30% gordura durante 10-15 minutos,
gem de peptídeo-C e próinsulina, que estarão e durante 5 horas mensuramos glicemia, insulina
baixos. e peptídeo-C a cada 30 minutos.
W Afastar o uso de secretagogos por meio da Os critérios laboratoriais são os mesmos do insuli-
dosagem sérica de glinidas e sulfonilureias. noma (Quadro 7), sendo que os critérios são obser-
vados somente no teste de refeição mista, sendo o
teste de jejum prolongado negativo.
186
Diabetes mellitus: complicações agudas Cap. 6
Quadro 7. Diferenças entre as causas de hipoglicemia que podem ocorrer no período pós-prandial.
DICA
4.3. HIPOGLICEMIA REATIVA Não se deve realizar teste oral de to-
lerância à glicose/TOTG (75 g de dextrose)
para investigação, pois esse é um estímulo
Atenção para a hipoglicemia reativa! Trata-se de
suprafisiológico que pode levar à hiperes-
situações onde, os pacientes (em geral, mulheres ponsividade pancreática, e até 10% dos
jovens) têm sintomas de hipoglicemia, no entanto indivíduos podem ter o nadir da glicemia
não apresentam hipoglicemia bioquímica, apresen- abaixo de 50 mg/dL no TOTG, sem nenhum
tando valores limítrofes (entre 60-70 mg/dL), mas significado clínico.
raramente abaixo de 55 mg/dL.
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É preciso ser diferenciada das causas de hipogli-
cemia pós-prandial, e o teste da refeição mista é
4.4. ABORDAGEM SISTEMÁTICA
útil em caso de dúvida diagnóstica, mas em geral
a hipoglicemia reativa responde bem ao tratamento
nutricional descrito mais adiante. Resumimos no Mapa mental 2 a abordagem na
hipoglicemia em não diabéticos.
187
Diabetes mellitus: complicações agudas Endocrinologia
Suspeita de hipoglicemia
Tríade de Whipple?
- +
Pseudo-hipoglicemia Disfunção orgânica/hormonal
- +
Padrão da hipoglicemia Hipoinsulinêmica
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- + Hiperinsulinêmica
Hiperglicemia NIPHS /
+
reativa pós‑bariátrica
Dosagem Imagem
Anticorpos
Pep C. baixo secretagogo c/ tumor
positivos
+ pâncreas
Sulfonilureia
Uso insulina Auto imune Insulinoma
ou glinida
188
Diabetes mellitus: complicações agudas Cap. 6
4.5. TRATAMENTO
REFERÊNCIAS
4.5.1. Insulinoma 1. Martins HS, Brandão Neto RA, Scalabrini Neto A, Velasco
IT, Cançado SJB, Corrêa R. Emergências clínicas: abor-
Primeira opção: ressecção cirúrgica do insulinoma. dagem prática. 10. ed. Barueri: Manole; 2015.
2. Sales P, Halpern A, Cercato C. O essencial em endocrino-
logia. 1. ed. Rio de Janeiro: Roca; 2016.
DIA A DIA MÉDICO
3. Toyoshima MT, de Souza AB, Admoni SN, Cukier P, Lot-
tenberg SA, Latronico AC. New digital tool to facilitate
Tratamentos alternativos: subcutaneous insulin therapy orders: an inpatient insulin
dose calculator. Diabetol Metab Syndr. 2015; 7: 114.
W Diazóxido.
4. Pontes JPJ, Mendes FF, Vasconcelos MM, Batista NR.
W Análogos da somatostatina. Evaluation and perioperative management of patients with
W Bloqueadores de canais de cálcio. diabetes mellitus. A challenge for the anesthesiologist.
Rev Bras Anestesiol. 2018; 68(1): 75-86.
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DICA
Para casos refratários:
W Acarbose.
W Diazóxido.
W Análogos da somatostatina.
W Bloqueadores de canais de cálcio.
189
Diabetes mellitus: complicações agudas Endocrinologia
QUESTÕES COMENTADAS
Questão 1 Questão 3
(SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DO ESTADO DE PERNAMBUCO (HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE RP DA
- PE – 2021) Na condução de um paciente com compli- USP - SP – 2021) Menino, 13 anos, apresenta dor ab-
cações agudas do Diabetes mellitus, é importante dominal, náuseas e vômitos há 6 horas. Tem poliú-
diferenciar cetoacidose diabética e coma hiperos- ria, polidipsia e perda ponderal há 3 semanas. Ao
molar não cetótico. Qual das características abaixo exame: regular estado geral, desidratado, afebril,
é menos comum no coma hiperosmolar? agitado, frequência respiratória 22 ipm, frequên-
cia cardíaca 102 bpm, pressão arterial 108 x 62
⮦ Níveis glicêmicos mais elevados. mmHg (adequada para idade e estatura), tempo de
⮧ Osmolaridade plasmática acima de 320 mOsm/ enchimento capilar de 2 segundos, pulsos amplos,
kg. sem alterações na ausculta pulmonar e cardíaca
⮨ Sintomas neurológicos mais proeminentes. ou no exame do abdome e da genitália. Exames
⮩ Pacientes mais idosos. laboratoriais: Hemoglobina 15 g/dL; hematócrito
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45%; leucócitos 13.000/µL; plaquetas 250.000/µL
⮪ Dor abdominal.
pH venoso: 7,29; pO2 38; pCO2 29; HCO3 14; base
excess 6; Sat O2 68% Sódio: 136 mmol/L Potássio:
Questão 2 3,6 mmol/L Cloro: 102 mmol/L Glicemia: 495 mg/
dL Cetonemia: 4,8 mmol/L (valor normal < 3) Ureia:
(SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE BELO HORIZONTE - MG – 2021) 37 mg/dL Creatinina: 0,72 mg/dL Qual é a conduta
Paciente feminina, de 17 anos de idade, procura inicial mais adequada para esse paciente?
atendimento no serviço de urgência com quadro de
perda ponderal de 5 kg associada a nictúria, poliúria e ⮦ Reposição de bicarbonato.
polidipsia nas últimas duas semanas. Encontrava-se ⮧ Aplicação de insulina.
desidratada e taquipneica, com glicemia capilar de ⮨ Administração de antibiótico.
489 mg/dL na avaliação inicial. Sobre esse quadro
⮩ Hidratação endovenosa.
clínico, assinale a alternativa incorreta.
190
Diabetes mellitus: complicações agudas Cap. 6
abdome flácido, sem sinais de peritonite. O restante ⮨ Deve ser realizado um exame de imagem para
do exame clínico é normal. O exame de urina reve- se excluir insulinoma, causa comum em indiví-
lou glicosúria 4+/4 e cetonúria 4+/4. A gasometria duos sabidamente diabéticos e já medicados.
arterial em ar ambiente evidenciou: pH 7,02; pO295 ⮩ Deve ser suspensa a insulinoterapia e iniciado
mmHg; pCO226 mmHg; bicarbonato 6 mEq/L; Base um hipoglicemiante oral.
excess (B-10; SatO2 em ar ambiente 99%. K+3,8
⮪ O paciente apresentou a tríade de Whipple: si-
mEq/L, Na+132 mEq/L Cl-93 mEq/L; Glicemia 400
nais e sintomas de hipoglicemia; níveis glicêmi-
mg/dL. Considerando a principal hipótese diagnós-
cos baixos (< 55 mg/dL); e resolução do quadro
tica, assinale a alternativa que indica condutas que
quando a normoglicemia foi estabelecida.
compõem as primeiras duas horas de atendimento:
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adulto, jovem, aguardando atendimento na sala de (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – SP - 2019) Homem, 57 anos
espera, evoluiu com palidez, diaforese e torpor. Re- de idade, hipertenso e diabético há 12 anos em
fere ser diabético insulinodependente e relata que acompanhamento clínico regular, faz uso de cap-
saiu atrasado de casa e, por isso, não se alimentou topril, metformina e glibenclamida, todos em dose
pela manhã, tendo aplicado normalmente suas doses máxima. Não tem outros antecedentes mórbidos
habituais de insulina NPH humana na noite anterior relevantes. Há três dias apresenta náuseas, diarriia
e nesta manhã. Foi realizada a dosagem de glicemia e inapetência, com vômitos. Refere febre até 38,3°C
capilar, com resultado de 50 mg/dL. O paciente foi, no período. Há 30 minutos, queixou-se de mal-estar
então, encaminhado para o atendimento urgente, Inespecífico e há 15 minutos apresentou convulsão
administrando-se solução de glicose 50% endove- tônico-clônica generalizada, quando foi trazido ao
nosa e revertendo-se o quadro hipoglicêmico, com pronto-socorro. Qual é a principal hipótese etioló-
normalização dos níveis glicêmicos e melhora do gica para o quadro convulsivo?
estado geral. Com base nesse caso hipotético, as-
⮦ Acidose metabólica.
sinale a alternativa correta.
⮧ Acidente vascular encefálico.
⮦ Devem ser investigadas no paciente outras cau- ⮨ Hipopotassemia.
sas de hipoglicemia, pois medicamentos hipo-
⮩ Hipoglicemia.
glicemiantes são as causas menos comuns em
adultos.
⮧ No jovem, a hipoglicemia autoimune é a causa Questão 8
mais comum de hipoglicemia.
(SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE - PB - 2020) Paciente ido-
so de 92 anos, diabético em recuperação de corre-
ção de fratura de fêmur, evolui com rebaixamento
191
Diabetes mellitus: complicações agudas Endocrinologia
de consciência, hipoatividade, hipotensão (PA Ao exame físico ela possui uma aparência doente,
90/60mmHg), eupneico, aparentemente confortável sonolenta, suas membranas e mucosas muito res-
no aspecto respiratório. Desidratado +3/+4, pupilas secadas. Ela está afebril. As respirações são profun-
fotorreagentes, com Gasometria demonstrando pH das e rápidas. ACV sem alterações. Abdome está
7,42, Bicarbonato 16 mEq/L, Lactato normal, Hiper- difusamente doloroso com peristalse diminuída o
natremia (165 mEq/L) e glicemia 658 mg/dL. Qual diagnóstico mais provável é:
sua hipótese diagnóstica mais provável?
⮦ Apendicite.
⮦ De estado hiperosmolar hiperglicêmico. ⮧ Gastroenterite.
⮧ Acidose lática. ⮨ Asma.
⮨ Cetoacidose diabética ⮩ Cetoaciadose diabética.
⮩ Intoxicação por lítio. ⮪ Sepse.
⮪ Acidente Vascular Encefálico de ponte.
Questão 9
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cetonúria positiva mas com débito urinário normal.
Em relação ao manejo inicial dessa paciente, assi-
nale a alternativa correta.
Questão 10
192
Diabetes mellitus: complicações agudas Cap. 6
GABARITO E COMENTÁRIOS
Y Dica do professor: A cetoacidose diabética é ca- Y Dica do professor: Paciente jovem com sinais e
racterizada por uma tríade bioquímica de hipergli- sintomas de hiperglicemia; evolui com quadro de
cemia, cetonemia e acidemia, com rápido início dos dor abdominal, desidratação e taquipneia. O quadro
sintomas. Já o estado hiperosmolar hiperglicêmico é muito sugestivo de cetoacidose diabética.
(EHH ou EHO) é definido por glicemia > 600 mg/ Vamos avaliar as assertivas.
dL, hiperosmolalidade sérica (> 320 mOsm/kg) e Alternativa A: INCORRETA. Alguns casos de Diabetes
ausência de cetoacidose. tipo 1 são diagnosticados apenas na gestação por
Alternativa A: INCORRETA. Por definição, na CAD a fisiologicamente ocorrer aumento dos hormônios
glicemia é > 250 mg/dL, enquanto no EHH é tipi- contrarreguladores da insulina, culminando no qua-
camente > 600 mg/dL, podendo realmente atingir dro de cetoacidose diabética.
valores acima de 1000 mg/dL. Alternativa B: CORRETA. A cetoacidose caracteriza-se
Alternativa B: INCORRETA. Como não há formação por acidose metabólica com ânion gap aumentado.
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de corpos cetônicos, os sintomas são mais arras- Alternativa C: INCORRETA. O tratamento baseia-se
tados, resultando em um quadro mais grave, com no mnemônico VIP — Volume, Insulina e Potássio,
osmolalidade sérica muito elevada. sendo que, antes de iniciar a insulinoterapia endo-
Alternativa C: INCORRETA. O EHO cursa tipicamente venosa, se deve fazer a correção dos distúrbios de
com alteração do nível de consciência e sintomas potássio.
neurológicos, desde a presença de sinais focais, Alternativa D: INCORRETA. Como dito anteriormente,
mas até coma (inclusive alguns autores denominam o tratamento baseia-se no mnemônico VIP – Volu-
essa entidade de coma hiperosmolar), devendo ser me, Insulina e Potássio.
um diagnóstico diferencial de AVC.
✔ resposta: B
Alternativa D: INCORRETA. Nesta síndrome, além da
diurese osmótica, outro fator precisa estar con-
tribuindo para a desidratação, seja alteração no Questão 3 dificuldade:
centro da sede (comum no idoso), comorbidades
Y Dica do professor: É fundamental ter paciência
associadas (pneumonia, IAM, AVC etc.) ou mesmo
durante o tratamento da CAD, aguardar o potássio
por acesso restrito à água.
antes de iniciar a insulina e, quando iniciada, ajus-
Alternativa E: CORRETA. Na CAD pode inclusive simu- tar a infusão para uma queda da glicemia entre 50
lar um quadro de abdome agudo. Os cetoácidos e e 70 mg/dL/h. A correção rápida da hiperglicemia
a desidratação levam à irritação peritoneal. aumenta o risco de edema cerebral.
✔ resposta: E Alternativa A: INCORRETA. Bicarbonato na CAD está
indicado somente em casos extremos, quando o
pH é <6,9. E inclusive alguns autores contraindicam
em crianças.
193
Diabetes mellitus: complicações agudas Endocrinologia
Alternativa B: INCORRETA. Com potássio de 3,6 até KCl 19,1% por via venosa concomitante à reposição
poderia ser iniciada a insulina, mas não é a con- de insulina e monitorar o potássio sérico.
duta INICIAL. O primeiro passo no tratamento das Alternativa A: INCORRETA. Não faz sentido oferecer
emergências hiperglicêmicas — (CAD) e do Estado salina 0,45%. A insulina NPH tem início de ação
Hiperglicêmico Hiperosmolar (EHH) é a infusão de lento, não devendo ser usada para corrigir a cetoa-
solução salina isotônica para expandir o volume cidose diabética.
extracelular e estabilizar o estado cardiovascular.
Alternativa B: INCORRETA. O bicarbonato de sódio só
Isso também aumenta a sensibilidade à insulina,
é recomendado na cetoacidose diabética quando
reduzindo a osmolalidade plasmática (pOsm) e a
o pH estiver <6,90.
vasoconstrição, com isso melhorando a perfusão.
Alternativa C: INCORRETA. Insulina NPH não é reco-
Alternativa C: INCORRETA. Valores de leucócitos aci-
mendada para tratar cetoacidose diabética, e o bi-
ma de 25.000 céls/mm3 sugerem infecção.
carbonato de sódio não está indicado nesse caso.
Alternativa D: CORRETA. A reposição volêmica com
Alternativa D: CORRETA.
cristaloide é a medida inicial mais importante no
tratamento da CAD. ✔ resposta: D
✔ resposta: D
Questão 5 dificuldade:
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gap (AG). AG = Na - (Cl + Bic) = 132 - (93 + 6) = 132
hipoglicemia grave, ou seja, com necessidade de
- 99 = 33 (valor normal 8 a 10). Então, temos uma
auxílio de terceiros para tratar.
acidose metabólica com AG elevado em um jovem
com hiperglicemia grave e cetonúria. O diagnóstico Alternativa A, B e C: INCORRETAS. No paciente com
só pode ser cetoacidose diabética. A desidratação DM em uso de insulina, sulfonilureias ou glinidas,
é muito comum na cetoacidose diabética devido à até que se prove o contrário, a causa é medicamen-
diurese osmótica pela glicosúria e pelos vômitos. tosa, não sendo indicado investigações adicionais
Note que o paciente perdeu 8 Kg em 2 semanas (só de causas raras como hipoglicemia autoimune e
pode ser de líquido), está hipotenso e desidratado. insulinoma.
A primeira medida é a reposição volêmica vigorosa Alternativa D: INCORRETA.. Paciente provavelmente
com soro fisiológico. A gênese da cetoacidose dia- tem DM1, que cursa com destruição autoimune das
bética é a ausência de insulina, portanto devemos células beta produtoras de insulina; portanto, deve
iniciar insulina regular por via venosa em bomba de ser realizado controle com insulina SC basal bolus.
infusão até a resolução da cetoacidose. O problema Alternativa E: CORRETA. Paciente com hipoglicemia
é que esses pacientes estão depletados de potássio bioquímica (50 mg/dL), sintomas compatíveis e
corporal por perda urinária e de vômitos. Essa deple- resolução do quadro quando a normoglicemia foi
ção fica mascarada frequentemente (K no sangue estabelecida – portanto, apresentou a Tríade de
normal) devido à grave acidose que desloca o K do Whipple.
intracelular para o extracelular. Ao iniciar insulina,
✔ resposta: E
que ativa a bomba Na/K ATPase, o potássio além
de voltar para dentro da célula, é acelerada a corre-
ção da acidose metabólica, podendo ocorrer hipo-
calemia aguda grave. Por isso, quando o potássio
estiver normal, é necessário iniciar a reposição de
194
Diabetes mellitus: complicações agudas Cap. 6
Y Dica do professor: A cetociadose diabética é uma Y Dica do professor: Paciente portador de diabetes
complicação do diabetes mellitus e é definida pela evolui após cirurgia com rebaixamento de nível de
presença de hiperglicemia com valores maiores ou consciência, hipotenso e bastante desidratado (+++/
iguais a 250 mg/dL, associada à acidose metabó- IV). Na gasometria vemos um pH normal, porém
lica pH<7,2, desidratação e presença de cetonúria, com uma redução do bicarbonato indicando uma
que ocorrem na depleção da insulina. São fatores acidose metabólica, com possível compensação
causais principalmente os processos infecciosos respiratória. Além disso, existe a informação de
e o uso incorreto ou omissão da administração da lactato normal e um dos fatos muito importantes:
insulina. Como complicações desse processo de hipernatremia importante (165mEq/L) e glicemia
descompensação metabólica, podem ocorrer: hi- de 658mg/dL
poglicemia pelo excesso de insulina administrada, Alternativa A: CORRETA. Paciente com altíssimos va-
hipocalemia, acidose hipocloremica, necrose tubular lores de glicose (> 600 mg/dL), apresentando hiper-
aguda, choque, e edema cerebral. Este último, ape- natremia e desidratação (causando as alterações
sar de ocorrer raramente, é potencialmente fatal. mentais). Além disso, com aumento da osmolalidade
Por isso, a correção do déficit de sódio e de água calculada [osm = (2x sódio) + (glicemia/18) = 366],
deve ser gradativa para prevenção dessa mudança fechando assim critério para estado hiperosmolar
de osmolaridade à nível de SNC. hiperglicêmico.
✔ resposta: E Alternativa B: INCORRETA. Paciente com lactato nor-
mal.
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sulfonilureia ou glinida tem alto risco de hipogli- ocorrer no DM2 de longa data, o que inviabiliza a
cemia; portanto, diante de um quadro neurológico alternativa é que a questão não informou o valor
importante, como uma crise convulsiva, deve ser da cetonemia ou cetonuria. Além disso, o quadro
realizada rapidamente a avaliação da glicemia ca- clínico parece desproporcionalmente grave para o
pilar e a correção da hipoglicemia. grau de acidose.
Alternativa A: INCORRETA. Nada impede que, devido Alternativa D: INCORRETA. Paciente sem histórico
à infecção, o paciente evolua com sepse grave e re- de alterações do humor e uso de lítio. Além disso,
baixamento do nível de consciência, mas o quadro a intoxicação por lítio cursa principalmente com
foi muito súbito, questão de minutos evoluiu com sintomas gastrointestinais e alterações de motri-
convulsão, falando contra a acidose. cidade, como ataxia.
Alternativa B: INCORRETA. AVC pode cursar com con- Alternativa E: INCORRETA. AVC de ponte geralmente
vulsão tônico-clônica generalizada, mas os outros cursa com marcha atáxica e alteração na motrici-
comemorativos – uso de glibenclamida + diarreia dade ocular, incluindo nistagmo horizontal bilateral.
+ inapetência + vômitos – falam contra o AVC. ✔ resposta: A
Alternativa C: INCORRETA. O paciente até pode estar
com hipopotassemia devido à diarreia, mas essa
não é uma causa clássica de rebaixamento do nível Questão 9 dificuldade:
195
Diabetes mellitus: complicações agudas Endocrinologia
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Questão 10 dificuldade:
196
TIREOIDE: CONCEITOS BÁSICOS Capítulo
APLICADOS NA CLÍNICA 7
importância/prevalência
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u Os principais exames para investigação de hipotireoidismo são o TSH e o T4 livre, o TSH é o mais sensível
para distúrbios primários. Para avaliação de hiperfunção tireoidiana, é sugerido acrescentar a medida de T3.
197
Tireoide: conceitos básicos aplicados na clínica Endocrinologia
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Existem milhões de folículos na tireoide, como folículo, há um material denominado “coloide”, rico
os representados na Figura 2. No interior de cada em hormônio tireoidiano. Entre os folículos também
198
Tireoide: conceitos básicos aplicados na clínica Cap. 7
3. FISIOLOGIA
4. A RMAZENAMENTO,
TRANSPORTE E AÇÃO
A produção dos hormônios tireoidianos passa por
4 etapas (Figura 2).
Após sua síntese, os hormônios tireoidianos ficam
3.1. C
APTAÇÃO DO IODO (FIGURA 2A) armazenados no coloide e permanecem incorpo-
rados à tireoglobulina até que haja endocitose na
membrana apical das células foliculares, com libe-
O iodo é proveniente da alimentação. Ele entra na
ração de tireoglobulina, T3 e T4 para a circulação.
circulação após ser absorvido no intestino delgado
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e é captado pela tireoide por meio do cotranspor-
tador sódio/iodeto (NIS), presente na porção basal
DICA
das células foliculares. A avaliação da tireoglobulina (TG)
sérica pode auxiliar a descobrir a origem
do hormônio tireoidiano em situações de
DIA A DIA MÉDICO
tireotoxicose, pois se a TG estiver baixa ou
indetectável, provavelmente a origem do
hormônio é exógena (ingestão inapropriada
A recomendação de ingestão diária de iodo é de aproxi- do hormônio), pois a TG é secretados jun-
madamente 150 μg/dia em adultos. Caso seja necessário to com o T3 e T4, assim, se o excesso do
avaliar se a ingestão está adequada, é recomendado rea- hormônio tem origem da própria tireoide,
lizar a dosagem da iodúria de 24 horas, cujo valor normal seria esperado que a TG também fosse alta.
deve estar entre 150 e 250 μg/L. O iodo sérico não reflete
adequadamente a ingestão.
199
Tireoide: conceitos básicos aplicados na clínica Endocrinologia
DICA DICA
Situações que aumentam a TBG, A deficiência de certos nutrientes,
tais como: hepatite, porfiria, drogas (es- como ferro, zinco e principalmente o selê-
trogênio/ anticoncepcionais, tamoxifeno, nio podem reduzir a conversão de T4 em
raloxifeno), aumentam o total do T4 do or- T3, pois interferem na atividade das deio-
ganismo, mas não alteram a fração livre, dinases, tanto que são classificadas como
por isso essa deve ser a fração avaliada selenoproteínas.
laboratorialmente.
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Quadro 1. Ação das deiodinases.
Deiodinase Função
• Conversão sistêmica de T4 em T3
1
• Presente na tireoide, rim e fígado
• Conversão central de T4 em T3
2 • Responsável pelo feedback negativo
• Presente na tireoide e hipófise
200
Tireoide: conceitos básicos aplicados na clínica Cap. 7
DICA
Valores altíssimos de HCG, como
na mola hidatiforme/doença trofoblástica
gestacional, podem cursar com hipertireoi-
dismo clínico.
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T3 e T4 ser o iodo, diante de situações de sobre-
carga de iodo, a tireoide consegue se autorregular,
não permitindo a síntese excessiva de hormônios,
mas em determinadas circunstâncias o aumento da
oferta de iodo pode precipitar alterações patológicas:
Fonte: Acervo Sanar.
u Efeito Wolff-Chaikoff – quando já existe uma
lesão prévia tireoidiana, ela não suporta a alta
A regulação da função tireoidiana é orquestrada pelo carga do substrato (iodo) e bloqueia a sua orga-
eixo hipotálamo-hipófise-tireoide, tendo o processo nificação, levando ao hipotireoidismo.
iniciado do hipotálamo, que produz o TRH (hormô-
nio liberador da tireotrofina), o qual age na hipófise
anterior (adenohipófise), estimulando a secreção
DICA
de hormônio tireoestimulante (TSH). Esse último Lembre -se de que no Wolf f-
ativa todas as etapas de síntese dos hormônios -Chaik“OFF” a tireoide não aguenta a so-
brecarga de iodo e fica OFF.
tireoidianos.
Os hormônios tireoidianos, por sua vez, fazem o fee-
dback negativo (retroalimentação) com o hipotálamo u Efeito Jod-Basedow – se o indivíduo já possui
e a hipófise. Essa ação é mediada pela deiodinase propensão ao desenvolvimento de tireotoxico-
tipo 2, que converte T4 em T3 no sistema nervoso se, na presença de “matéria-prima” (iodo) abun-
central. dante, pode aumentar a produção, levando ao
hipertireoidismo secundário ao excesso de iodo.
Alguns fatores podem suprimir do TSH, e também
É comum ocorrer em pessoas com Doença de
influenciar esse eixo. Os principais são:
Graves ou bócio multinodular, mas que moram
201
Tireoide: conceitos básicos aplicados na clínica Endocrinologia
T4 livre
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subclínico • Hipotireoidismo central
Por que dosar o T4 livre ao invés de dosar o T4 As principais situações que alteram a TBG estão
total? Mesmo a maior parte do hormônio circulante no Quadro 3.
estando ligada às proteínas plasmáticas, é recomen-
dado dosar as formas livres, pois são biologicamente DICA
Por uma questão de metodologia
ativos, e por ter menor influência de variações das
laboratorial, preferimos o T4 livre em vez
proteínas ligadoras. Inclusive portadores de defi- do T3 livre, e mesmo em situações onde é
ciência de proteína carreadora de T4 geralmente indicado avaliar o T3, como na suspeita de
prescindem de reposição de hormônio tireoidiano, hipertireoidismo, preferimos a forma total
mesmo que apresentem níveis baixos de T4 total. (ligada a proteínas).
202
Tireoide: conceitos básicos aplicados na clínica Cap. 7
Quadro 3. Situações que alteram a concentração das formas totais dos hormônios tireoidianos no paciente eutireoideo.
Hipertiroxinemia
Mecanismo Causas
Hipotiroxinemia
Mecanismo Causas
Anticonvulsivantes e rifampicina
Aumento do metabolismo do T4
(situação cobrada em provas)
Um outro fator interferente que tem tido bastante Tabela 1. Valores de referência para
evidência nos últimos anos é a biotina (vitamina B7 avaliação da função da tireoide.
ou H), utilizada em algumas fórmulas para melhora Hormônio Referência
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do cabelo e da unha, que altera o ensaio laboratorial,
TSH 0,4-4,5 mcU/mL
fazendo com que o resultado do exame apresente,
mesmo no paciente sem alterações da função T4 livre 0,7-1,5 ng/dL
tireoidiana, TSH baixo, T4 livre alto e até anti-TRAb T4 total 5-12 ng/dL
positivo. Recomenda-se suspender essa medicação
T3 livre 0,2-0,5 ng/dL
3 ou mais dias antes dos exames laboratoriais.
T3 total 80-200 ng/dL
Fonte: Modificado de Vilar4 .
DICA
Não só a função tireoidiana é “víti-
ma” da biotina. Outros ensaios que podem
sofrer interferência são: FSH, LH, testos-
terona, ferritina e marcadores tumorais, 7. SÍNDROME DO
entre outros. EUTIREOIDEO DOENTE
203
Tireoide: conceitos básicos aplicados na clínica Endocrinologia
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Fonte: Elaborada pelo autor.
7.1. PRIMEIRA FASE (DOENÇA AGUDA) de peso devido à restrição calórica, seu efeito pode ser
menor que o esperado, já que há redução na conversão
periférica de T4 em T3 (nosso organismo realmente não
u Inibição da deiodinase 1 pelas citocinas → Re- ajuda quem quer perder peso).
dução da conversão de T4 em T3) → Queda do
T3. A deficiência nutricional, principalmente de
selênio, pode reduzir o funcionamente da deio-
dinase tipo 1 também. 7.2. SEGUNDA FASE (AGRAVAMENTO E/
u Ativação da deiodinase tipo 3 → aumento do rT3. OU CRONIFICAÇÃO DA DOENÇA)
204
Tireoide: conceitos básicos aplicados na clínica Cap. 7
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205
Tireoide: conceitos básicos aplicados na clínica Endocrinologia
Mapa mental
HIPOTÁLAMO
(TRH)
HIPÓFISE (TSH)
TIREOIDE
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Oxidação Organificação
Captação de iodo Acoplamento →
→ coloide/enzima → TPO- ligação LIBERAÇÃO DO T3 E
→ cotransportador MIT+DIT = T3/
tireoperoxidase c/ tireoglobulina T4 NA CIRCULAÇÃO
sódio/iodeto (NIS) DIT + DIT = T4
(TPO) → MIT e DIT
206
Tireoide: conceitos básicos aplicados na clínica Cap. 7
REFERÊNCIAS
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Tireoide: conceitos básicos aplicados na clínica Endocrinologia
QUESTÕES COMENTADAS
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com valores normais é suficiente.
⮨ T3 é a forma biologicamente ativa dos hormô- ⮦ Doença de Graves.
nios tireoidianos, sendo sua dosagem fundamen- ⮧ Uso de contraceptivo oral.
tal para o diagnóstico tanto de hipotireoidismo
⮨ Hashitoxicose.
quanto de hipertireoidismo.
⮩ Uso de glicocorticoide.
⮩ Dosagem de TSH é o principal exame para ava-
liação da suspeita de hipotireoidismo, pois sua
técnica laboratorial é mais acurada do que a dos Questão 3
hormônios periféricos; pequenas mudanças na
secreção de T3/T4 são acompanhadas de varia- (SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE – RJ - 2021) Em relação
ções de maior magnitude no TSH. ao metabolismo da glândula tireoide, é correto afir-
mar que a:
⮪ Dosagem de TSH é exame de grande utilidade
para o rastreio e diagnóstico de hipotireoidismo, ⮦ Calcitonina é secretada pelas células parafoli-
pois com apenas um teste laboratorial é possível culares da tireoide quando a calcemia diminui.
diagnosticar e diferenciar distúrbios primários (ti- ⮧ Tireoglobulina facilita a conversão da monoio-
reoidianos) de secundários/terciários (centrais). dotirosina e diiodotirosina em T3 e T4.
⮨ Hipófise secreta a maior parte da monoiodoti-
Questão 2 rosina MIT e a diiodotirosina DIT.
⮩ Tireoide libera mais T3 em relação ao T4 em
(HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE GOIÁS – GO - 2019) Leia o caso
condições normais.
clínico a seguir. Mulher de 42 anos procura assi-
tência médica por causa de alteração de função
tireoidiana. Refere atividade física intensa e que,
208
Tireoide: conceitos básicos aplicados na clínica Cap. 7
Questão 4 Questão 7
(HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE TERESÓPOLIS COSTANTINO OTTA- (HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE GOIÁS – GO – 2019) Leia o caso
VIANO – 2018) Assinale o item INCORRETO: clínico a seguir. Mulher de 42 anos procura assis-
tência médica por causa de alteração de função
⮦ rT3 é um metabólito desprovido de qualquer ati- tireoidiana. Refere atividade física intensa e que,
vidade biológica. após um treino, apresentou dor lombar de grande
⮧ rT3 é um inibidor da conversão periférica de T4 intesidade com irradiação para parte posterior de
em T3. membro inferior esquerdo, sendo prescritos fisio-
⮨ rT3 em sua ação de inibir a transformação de T4 terapia e glicocorticoide injetável intramuscular de
em T3 é mais potente do que o propiltiouracil que depósito há uma semana (três ampolas). Ciclos
é um fármaco utilizado no hipertireoidismo, em menstruais regulares, em uso de contraceptivos
torno de cem vezes. orais. PA 120 x 80 mmHg, FC = 70 BPM, com ritmo
⮩ A relação entre T3 e rt3 é o marcador mais útil cardíaco regular. Tireoide normopalpável. Traz os
para o hipotireoidismo tissular e como marcador exames: TSH = 0,3 mUI/L (VR 0,4 a 4,0); T4 livre =
do funcionamento celular diminuído. 1,4 ng/dL (VR 0,8 a 1,9); T3 = 1,4 ng/mL (VR 0,7 a
1,8); TRAb = 0,1 UI/L (VR < 1,75); ATPO = 30 UI/mL
⮪ A deficiência de certos nutrientes, como ferro,
(VR < 35); Antitireoglobulina = 15 UI/mL (VR < 20).
selênio e zinco interferem na conversão de T4
Qual é a provável causa da alteração no TSH desta
em T3.
paciente?
⮦ Doença de Graves.
Questão 5
⮧ Uso de contraceptivo oral.
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA – DF - 2017) Acerca ⮨ Hashitoxicose.
do período neonatal, julgue o item subsequente. As
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⮩ Uso de glicocorticoide.
crianças com deficiência de proteína carreadora de
T4 prescindem, usualmente, de reposição de hor-
mônio tireoidiano, mesmo que apresentem baixas Questão 8
dosagens séricas de T4 total.
( ) CERTO ( ) ERRADO (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE – SE – 2017) Sobre a ana-
tomia da glândula tireoide, responda o item correto:
209
Tireoide: conceitos básicos aplicados na clínica Endocrinologia
Questão 9 Questão 10
(FACULDADE DE MEDICINA DO ABC – SP – 2018) Um paciente (HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE PORTO – RS – 2020) Assinale a
foi admitido em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) assertiva correta sobre o diagnóstico laboratorial
por quadro de sepse. Na admissão apresenta a se- de distúrbios tireoidianos.
guinte função tireoidiana: TSH = 0,35 (VR 0,4-4,0
mUI/L), T4 livre = 1,2 (VR 0,7-1,7 ng/dL), T3 = 50 (VR ⮦ Por definição, para o diagnóstico de hipotireoi-
70-180 ng/dL). Três semanas depois, o paciente dismo subclínico, o paciente deve apresentar al-
estava bem melhor, e a sua função tireoidiana era: teração nos exames de função tireoidiana (TSH
TSH = 11,0 (VR 0,4- 4,0 mUI/L); T4 livre = 1,0 (VR elevado e T4 livre reduzido) e ausência completa
0,7-1,7 ng/dL); T3 = 65 (VR 70-180 ng/dL). Qual das de sintomas da doença.
seguintes considerações está correta? ⮧ Para o diagnóstico de hipotireoidismo subclínico,
uma única dosagem de TSH com valor mode-
⮦ Na fase de recuperação, o TSH elevado indica radamente elevado e de hormônios periféricos
que o paciente fez uma tireoidite e ficou com com valores normais é suficiente.
hipotireoidismo definitivo, devendo ser iniciado
⮨ T3 é a forma biologicamente ativa dos hormô-
levotiroxina.
nios tireoidianos, sendo sua dosagem fundamen-
⮧ No paciente grave, há menor conversão perifé- tal para o diagnóstico tanto de hipotireoidismo
rica de T4 para T3 reverso por provável menor quanto de hipertireoidismo.
atividade da Deiodinase 1 (D1).
⮩ Dosagem de TSH é o principal exame para ava-
⮨ No paciente grave, há maior conversão de T4 liação da suspeita de hipotireoidismo, pois sua
para T3 por provável maior atividade da Deio- técnica laboratorial é mais acurada do que a dos
dinase 3 (D3). hormônios periféricos; pequenas mudanças na
⮩ No paciente grave, há redução da secreção pul- secreção de T3/T4 são acompanhadas de varia-
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sátil de TSH pela maior conversão de T4 em T3 ções de maior magnitude no TSH.
pela Deiodinase 2 (D2) central o que justifica o ⮪ Dosagem de TSH é exame de grande utilidade
TSH reduzido apesar do T3 sérico baixo. para o rastreio e diagnóstico de hipotireoidismo,
pois com apenas um teste laboratorial é possível
diagnosticar e diferenciar distúrbios primários
(tireoidianos) de secundários/terciários (hipo-
tálamohipofisários).
210
Tireoide: conceitos básicos aplicados na clínica Cap. 7
GABARITO E COMENTÁRIOS
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laboratorial. Y Dica do professor: Alguns fatores, além do TSH, po-
dem influenciar o eixo hipotálamo-hipófise-tireoide:
Alternativa B: INCORRETA. Tem sido proposto que,
na suspeita de HSC, a determinação do TSH seja u Supressão da secreção do TSH:
repetida em período de 4 a 12 semanas para excluir
erro laboratorial ou causas transitórias de elevação
W Glicocorticoides (também inibem conversão
do TSH. periférica de T4 em T3).
Alternativa C: INCORRETA. Apesar do T3 ser a forma
W Dopamina e agonistas dopaminérgicos;.
biologicamente ativa, por uma questão de metodo- W Fenitoína.
logia laboratorial, preferimos o T4 livre em vez do T3 u Redução da conversão.
livre, e mesmo em situações em que seja indicado u Aumenta síntese de TBG.
avaliar o T3, como na suspeita de hipertireoidismo,
W Estrógeno.
preferimos a forma total (ligada a proteínas).
u Conversão periférica de T4 em T3.
Alternativa D: CORRETA. A dosagem do hormônio ti-
reoestimulante (TSH) é o teste mais confiável para W Jejum prolongado (nosso organismo realmente
diagnosticar as formas primárias de hipotireoidis- não ajuda quem quer perder peso).
mo e hipertireoidismo, principalmente em regime Portanto, das alternativas da questão, a única que
ambulatorial. A secreção hipofisária de TSH regu- pode suprimir o TSH sem alterar o T4 livre e T3 é o
la a secreção de T4 (tiroxina) e T3 (triiodotironina), uso de glicocorticoide.
que, por sua vez, exercem feedback negativo na ✔ resposta: D
hipófise. Dessa forma, é possível detectar através
do TSH mesmo alterações subclínicas.
Alternativa E: INCORRETA. O TSH sérico confirma
ou exclui o diagnóstico em todos os casos de
211
Tireoide: conceitos básicos aplicados na clínica Endocrinologia
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Y
glândula tireoide e possuem regulação pelo eixo monal da tireoide não é a fração ligada à proteína,
hipotálamo-hipófise-tireoide por retroalimentação. e sim a fração livre do T4, que será convertida em
Alternativa D: INCORRETA. Em condições normais, eles T3 pelas deiodinases. Dessa forma, situações de
são liberados na mesma proporção. Sobre a ligação deficiência de proteína carreadora de T4 prescin-
proteica, a tireoglubilina possui maior afinidade por dem de reposição.
T4, sendo que aproximadamente 0,3% da T3 sérica ✔ resposta: CERTO
total e 0,03% da T4 sérica total se encontram na for-
ma livre, em equilíbrio com os hormônios ligados.
Questão 6 dificuldade:
✔ resposta: B
Y Dica do professor: O exame mais sensível para
avaliar alterações primárias (da própria glândula)
Questão 4 dificuldade:
da função tireoidiana é o TSH, já que ele está alte-
Y Dica do professor: O T4 funciona como um pré- rado mesmo em alterações subclínicas. Já quando
-hormônio, uma reserva hormonal circulante, e a avaliamos os distúrbios secundários (muito mais
conversão periférica de T4 em T3 é um mecanismo raros), o valor do T4 livre é mais importante.
fisiológico que regula a ação hormonal. Alternativa A: INCORRETA. Causa provável: hipotireoi-
Alternativa A: INCORRETA. O T3 reverso não tem dismo subclínico.
atividade genômica de hormônio tireoidiano, mas Alternativa B: INCORRETA. Causa provável: hipertireoi-
bloqueia os receptores de hormônios da tireoide dismo central (tumor produtor de TSH).
e é um inibidor da conversão periférica de T4 em Alternativa C: CORRETA. Em situações de hipertireoi-
T3. Por isso, apesar do T3 reverso não ter ação de dismo primário, a primeira resposta do organismo é
reduzir a produção de TSH para tentar compensar.
212
Tireoide: conceitos básicos aplicados na clínica Cap. 7
dificuldade:
Alternativa A: INCORRETA. Na fase de recuperação,
Questão 7
pode ocorrer aumento do TSH (até 20 mUI/L), mas
Y Dica do professor: Alguns fatores, além do TSH, po- por normalização da deiodinase tipo 2, que faz com
dem influenciar no eixo hipotálamo-hipófise-tireoide: que seja reduzido o feedback negativo, iniciando-se
u Supressão da secreção do TSH: a recuperação do eixo.
W Glicocorticoides (também inibem conversão Alternativas B e C: INCORRETAS. No paciente grave,
periférica de T4 em T3). ocorre redução da conversão de T4 em T3 (inibição
W Dopamina e agonistas dopaminérgicos. da deiodinase 1 pelas citocinas) e aumento do T3
W Fenitoína. reverso.
u Redução da conversão. Alternativa D: CORRETA. Ocorre redução do TSH de-
vido ativação da deiodinase tipo 2. Esse é mais um
u Aumento da síntese de TBG:
mecanismo para reduzir função tireoidiana.
W Estrógeno.
✔ resposta: D
u Conversão periférica de T4 em T3:
Jejum prolongado (nosso organismo realmente
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W
213
Tireoide: conceitos básicos aplicados na clínica Endocrinologia
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ções discretas da produção tireoidiana
Alternativa E: INCORRETA. O TSH sérico confirma ou
exclui o diagnóstico em todos os casos de hipoti-
reoidismo primário, mas não é um teste confiável
nos casos de hipotireoidismo secundário (central),
já que nestes a dosagem do TSH pode estar baixa,
normal ou até discretamente elevada. Quando há
suspeita de doença hipofisária ou hipotalâmica, o
diagnóstico e o controle da reposição com levoti-
roxina devem ser realizados pela medida do T4L e
não pela dosagem do TSH sérico.
✔ resposta: D
214
TIREOIDE: TIREOTOXICOSE Capítulo
E HIPERTIREOIDISMO 8
importância/prevalência
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principalmente em sistemas cardiovascular, hepático e neurológico. O tratamento baseia-se em bloquear
a produção hormonal com as tionamidas, associado à betabloqueador (principalmente o propranolol);
Iodeto (após iniciar a tionamida) e corticoterapia em dose imunossupressora.
215
Tireoide: tireotoxicose e hipertireoidismo Endocrinologia
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216
Tireoide: tireotoxicose e hipertireoidismo Cap. 8
• Desmineralização óssea
• Fraqueza muscular por aumento do metabolismo proteico
Musculo-esquelético
• Paralisia periódica hipocalêmica, causada pela ativação dos receptores β2-adrenérgi-
cos + hiperinsulinemia, resultando no influxo intracelular de potássio
• Hiperglicemia
Metabolismo
• Lipólise aumentada
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• Perda da libido
Gônada
• Disfunção erétil e ginecomastia — aumento do estrógeno devido a maior ativação da
aromatase (enzima que converte a testosterona em estrógeno)
Fonte: Melmed2.
DICA
Idosos podem apresentar um qua- As possibilidades de diagnóstico são mostradas
dro de tireotoxicose “apatética” ou “apáti- no Quadro 3, e sua relação com o eixo hormonal,
ca” — predominando queixas de astenia,
na Figura 2.
emagrecimento, depressão e ausência de
sinais simpaticomiméticos. No entanto, se
não tratados adequadamente, podem apre- Quadro 3. Diagnósticos sindrômicos.
sentar sintomas cardiopulmonares, tais Hipertireoidismo
como taquiarritmias (ex.: fibrilação atrial), TSH suprimido/T4 livre
(tireotoxicose)
dispneia e congestão pulmonar. E/OU T3 total altos
clínico primário
Hipertireoidismo
TSH suprimido/T4 livre
(tireotoxicose)
e T3 total normais
subclínico primário
3. D IAGNÓSTICO SINDRÔMICO Hipertireoidismo TSH normal ou alto/
secundário T4 livre e T3 total altos
217
Tireoide: tireotoxicose e hipertireoidismo Endocrinologia
4. E TIOLOGIAS
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Tireotoxicose primária do carcinoma da tireoide e Struma ovarii
As etiologias primárias são mais comuns. Causas receber uma dose baixa do radiomarcador (iodo
secundárias são raríssimas e necessitam ser inves- 123, iodo 131 ou tecnécio).
tigadas por meio de RM de sela túrcica.
Além de saber se o “defeito” é primário ou secundá-
DICA
rio, na investigação etiológica é importante definir Uma exceção a essa regra é nos
se a tireotoxicose é COM ou SEM hipertireoidismo. casos de excesso de iodo (Fenômeno de
Para isso, um dos exames mais utilizados é a cinti- Jod-Basedow), em que a glândula está re-
pleta de iodo e, apesar de estar muito fun-
lografia, que serve tanto para avaliação anatômica e
cionante, não capta o radiofármaco.
principalmente funcional. Ela fornece a imagem e a
captação de iodo da tireoide (RAIU) após o paciente
218
Tireoide: tireotoxicose e hipertireoidismo Cap. 8
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Tabela 1.
Anti-TRAb +
Graves Alta (Fig. 3-B)
USG c/ aumento da vascularização
Adenoma hipofisário
Alta (Fig. 3-B) Ressonância de hipófise
produtor de TSH
219
Tireoide: tireotoxicose e hipertireoidismo Endocrinologia
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u
5.2. FISIOPATOLOGIA
u Exoftalmia: distância entre a rima orbitária lateral
e o ápice da córnea >18 mm em brancos ou >20
O anticorpo estimulador do receptor do hormônio
mm em negros avaliados pelo exoftalmômetro
tireoestimulante (anti-Trab), produzido pelos linfóci-
sugerem exoftalmia.
tos B, é o principal marcador da Doença de Graves.
O seu “alvo” (o receptor de TSH) está principalmente u Lagoftalmo: quando o olho não consegue se fe-
na tireoide, mas também pode haver expressão char completamente.
nos adipócitos, fibroblastos e células ósseas. Isso u Eritema e ressecamento conjuntival.
explica as manifestações extratireoidianas, que
inclusive, podem ocorrer independentemente da
alteração na função hormonal.
DICA
Há uma relação genética importan-
te — 15% dos pacientes apresentam algum
familiar com Doença de Graves.
220
Tireoide: tireotoxicose e hipertireoidismo Cap. 8
DICA DICA
A Oftalmopatia de Graves geralmen- Para todos os pacientes com Oftal-
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te é bilateral, mas pode haver acometimen- mopatia de Graves deve-se orientar colírios
to somente unilateral. Ela pode surgir antes lubrificantes com lágrimas artificiais, esti-
do início das manifestações da Doença de mular a cessação do tabagismo (importan-
Graves e até mesmo após seu controle. te fator de risco) e manter o eutireoidismo.
Nos casos de doença ativa, instituímos
prednisona 40 mg/dia (ou 0,5 a 1 mg/Kg/
A presença de 3 ou mais critérios do Quadro 5 dia) via oral (VO), uma vez ao dia, durante
30 dias, com desmame progressivo nos
determina a atividade da oftalmopatia, predizendo
próximos 2 meses. Nessa situação, é con-
necessidade de tratamento com corticoides e/ou traindicada a radioiodoterapia.
imunossupressores.
Quadro 5. Escore de atividade clínica da oftalmopatia.
Edema palpebral
Edema de carúncula
Fontes: Adaptado de Wajchenberg, Mendonça5,6.
221
Tireoide: tireotoxicose e hipertireoidismo Endocrinologia
Figura 5. Bócio.
DICA
No exame físico, além de observar- Figura 6. Dermopatia infiltrativa.
mos o bócio difuso e simétrico, podemos
auscultar frêmito sobre a glândula devido
ao aumento da vascularização local. Na
palpação a textura é de borracha. Apesar
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de incomum, o bócio também pode ser as-
simétrico e lobular.
222
Tireoide: tireotoxicose e hipertireoidismo Cap. 8
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5.5. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO
a oftalmopatia.
Figura 7. Alterações ungueais da Doença de Graves. Os pilares do tratamento são:
u Controle sintomático.
u Bloqueio da produção/ação hormonal.
DICA
u Atenolol 25 a 100 mg, dose única.
Outra alteração encontrada também
nos dedos são as unhas mais finas e frágeis
u Metoprolol 100 a 200 mg, dose única.
e as unhas de Plummer (separação da mar-
gem distal da unha do seu leito ungueal).
223
Tireoide: tireotoxicose e hipertireoidismo Endocrinologia
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W Primeiro trimestre da gestação: MMZ
culares tireoidianas.
está relacionada com aplasia cutis.
DICA
O principal mecanismo de ação
se dá através da inibição da peroxidase
tireoidiana (TPO), bloqueando a organifi- DICA
As tionamidas também são utili-
cação e a oxidação do iodo, bem como o
zadas para controle de outras etiologias
acoplamento das moléculas de MIT e DIT
de hipertireoidismo, além do Graves, no
para formar T3 e T4 (é como se fosse uma
entanto NÃO ocorre REMISSÃO, apenas o
dose de Hashimoto…).
CONTROLE hormonal.
Nas diretrizes brasileiras, as tionamidas entram A dose inicial varia de acordo com a gravidade:
como primeira escolha para tratar o Graves. No
u T4 livre 1 a 1,5 vezes o limite superior do normal:
entanto, mesmo quando é utilizada outra modali-
MMZ 5-10 mg/dia ou PTU 100-300 mg.
dade terapêutica (radioiodoterapia ou cirurgia), se
o paciente for muito sintomático, as tionamidas u T4 livre 1,5 a 2 vezes o limite superior do normal:
são utilizadas (associada aos betabloqueadores), MMZ 10-20 mg/dia ou PTU 200-400 mg.
a fim de atingir um estado eutireoideano em 3 a 8 u T4 livre 2 a 3 vezes o limite superior do normal:
semanas. 20-40 mg/dia de MMZ ou PTU 300-600 mg/dia
(dividido em 3x dia).
Além da ação direta na síntese hormonal, o metima-
zol tem efeito imunomodulador, capaz de reduzir a
expressão de antígenos tireoidianos e, portanto, a
224
Tireoide: tireotoxicose e hipertireoidismo Cap. 8
Psiquiátricos Psicose
DICA Fonte: Modificado de Vilar4.
TSH podem permanecer suprimi-
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dos por vários meses após a obtenção do
eutireoidismo, e tal situação pode ser veri- Os mais importantes são rash cutâneo (5%), prurido,
ficada mesmo quando há hipotireoidismo artralgia e sintomas gastrointestinais, os quais
bioquímico (T4 livre baixo). Assim, a utilida- podem ser tratados com medicações sintomáticas
de do TSH nos primeiros meses é limitada. ou mudando o medicamento.
Apesar de ser raro (0,5% dos pacientes), essas
Em geral, nos pacientes com bom controle hormonal, medicações podem induzir efeitos adversos mais
o tratamento é descontinuado após 12 a 18 meses. graves, como: hepatite medicamentosa com o PTU
(chegando à insuficiência hepática), colestase com
Apesar de, durante o tempo de uso, serem muito
o MMZ (alterações de enzimas canaliculares —
eficientes no controle da tireotoxicose, após sua
fosfatase alcalina, bilirrubinas e GGT) e alterações
suspensão, a taxa de remissão definitiva varia de
hematológicas do tipo leucopenia, trombocitopenia
20 a 50%. Sendo maior o índice de falha se: e agranulocitose.
u sexo masculino;
u crianças;
u tabagistas; DICA
As tionamidas são contraindica-
u hipertireoidismo grave (T3 >500 ng/dL); das se:
u altos níveis de TRAb; W Contagem de neutrófilos <500 neutrófi-
los/mm3 (neutropenia grave); e/ou
u vascularização aumentada ao Doppler;
W Transaminases acima de 5 vezes o limite
u cócios volumosos. superior da normalidade .
Após a suspensão das tionamidas, deve-se manter Pois nestas situações perderemos o pa-
o seguimento clínico e laboratorial periodicamente. râmetro diagnóstico das complicações
graves.
225
Tireoide: tireotoxicose e hipertireoidismo Endocrinologia
Pensamos em agranulocitose quando o paciente u Isolamento por 48 horas + evitar contato próxi-
apresentar 2 das 3 manifestações: mo com crianças e gestantes por uma semana.
u Pode haver piora inicial dos sintomas — pacientes
u Úlceras orais dolorosas; com hipertireoidismo muito sintomático devem
u Odinofagia; e/ou ter sintomas controlados antes do tratamento.
u Febre. u Após 5 dias, as medicações antitireoidianas
Na suspeita de agranulocitose, é recomendado são reiniciadas, com monitorização da função
suspender a tionamida e realizar hemograma. Após tireoidiana.
confirmação (neutrófilos <500/mm³), deve-se:
u Internar o paciente e, se febre, iniciar de antibió-
tico de amplo espectro. DICA
Após a RAI, a mulher deve ser orien-
u Avaliar o início de GM-CSF (Granulokine). tada a evitar gravidez por pelo menos 4 me-
ses, mas idealmente por 1 ano.
Após hepatotoxidade, pode-se tentar o uso de outra
tionamida. Mas, se agranulocitose, o paciente nunca
deverá receber outra tionamida.
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e hemograma) em caso de icterícia e/ou
acolia fecal (hepatite) ou úlceras orais dolo-
rosas, odinofagia e febre (agranulocitose).
5.6.1. Efeitos colaterais
226
Tireoide: tireotoxicose e hipertireoidismo Cap. 8
após a RAI é mais difícil a avaliação citológica, Alguns autores ainda defendem a tireoidectomia
sendo comum, mesmo em nódulos benignos, o subtotal como opção, mas atualmente a tireoidec-
resultado indeterminado, além do risco teórico tomia total ou quase total é consenso para a maioria
de promover-se a desdiferenciação (conferindo dos especialistas. Mais detalhes das técnicas no
maior agressividade). capítulo de “Bócio, nódulo e câncer de tireoide”.
u Oftalmopatia de Graves em atividade.
DICA
5.7. CIRURGIA A tireoide no Graves costuma ser
ricamente vascularizada, por isso é reco-
mendado administrar iodeto de potássio
5.7.1. Indicações ou lugol nos dias que precedem a cirurgia,
a fim de reduzir a vascularização da glân-
u Presença de câncer de tireoide ou nódulo suspeito. dula e o sangramento no intraoperatório.
Esta conduta não é recomendada quando
u Refratariedade a outros tipos de tratamento ou a cirurgia é utilizada para controle da tireo-
de contraindicação aos tratamentos menos in- toxicose por outras etiologias.
vasivos.
u Associação com hiperparatireoidismo primário
ou outras patologias que já tenham indicação de
5.7.3. Cuidados pós-operatório
cirurgia cervical.
u Bócios muito volumosos apresentando sintomas As tionamidas devem ser suspensas logo após a
compressivos. cirurgia, e iniciada a levotiroxina na dose de 1,6 μg/
u Gestantes ou mulheres que pretendem engravi- Kg/dia, até 7 dias após a cirurgia (tempo de meia-vida
dar no ano seguinte refratárias ou que tenham do T4 circulante).
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apresentado reação grave ao uso das tionamidas. Além do hipotireoidismo, é necessário monitorizar
as seguintes complicações:
5.7.2. Técnica e preparo pré-operatório
u Hipoparatireoidismo transitório (7 a 30% — com-
Antes de operar, idealmente, é preciso alcançar o plicação mais comum) ou permanente (1%).
estado eutireoideano no pré-operatório por meio u Paralisia do nervo laríngeo recorrente.
das tionamidas, iniciando seu uso pelo menos 4 a u Sangramentos, infecções e riscos inerentes à
6 semanas antes. anestesia.
Em relação à técnica cirúrgica, esse já foi um assunto
bastante controverso na abordagem do Graves, mas
atualmente a tireoidectomia total ou quase total DIA A DIA MÉDICO
227
Tireoide: tireotoxicose e hipertireoidismo Endocrinologia
u Radioiodoterapia.
6. C RISE TIREOTÓXICA u Exposição a grande quantidade de iodo.
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Frequência cardíaca (bpm) Efeitos no SNC
Avaliação do critério
<25 pontos: crise tireotóxica improvável.
25−44 pontos: crise tireotóxica sugestiva/iminente.
≥45 pontos: altamente sugestivo de crise tireotóxica.
Fonte: Modificada de Vilar4.
228
Tireoide: tireotoxicose e hipertireoidismo Cap. 8
6.1. TRATAMENTO
DICA
O iodeto produz efeitos mais rápi-
Além de bloquear a produção hormonal com as dos que as tionamidas para controle da
tionamidas, precisamos bloquear a conversão do tireotoxicose, pois nem o metimazol, nem
o PTU, impedem a liberação dos hormô-
T4, que já está formado, em T3 por meio da inibição
nios já sintetizados. No entanto, há risco
da deiodinase tipo 1.
de ir para o outro polo da sobrecarga de
u Tionamidas: preferência pelo PTU, que inibe iodo — Efeito Jod-Basedow — e o iodeto
deiodinase tipo 1. ser substrato para formar mais hormônios
tireoidianos, por isso só deve ser feito após
u Iodeto: após iniciar a tionamida.
a administração das tionamidas e mantido
u Corticoterapia dose alta (hidrocortisona 100-300 até 7-10 dias.
mg IV + 100 mg IV 8/8h ou dexametasona 8 mg/
dia): inibe a secreção dos hormônios tireoidianos
e a conversão periférica de T4 em T3 (age tam-
bém em deiodinase 1, mas por um mecanismo
diferente do PTU), além de ter efeito imunossu- DIA A DIA MÉDICO
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Apesar de ser útil para o controle da tireotoxicose, seu
do hipertireoidismo. Pode parecer estranho tentar efeito reduz rapidamente quando a terapia é desconti-
“apagar fogo com gasolina”, mas essa conduta além nuada, e pode trazer alguns problemas para o controle a
longo prazo, tais como:
de promover o bloqueio temporário da produção
dos hormônios tireoidianos (Efeito Wolff-Chaikoff), W Redução da resposta clínica às tionamidas, pois
o excesso de iodo leva à inibição da liberação dos aumenta o estoque de iodo.
hormônios tireoidianos e à redução da vasculariza- W Retarda a terapia com radioiodo (diminui a captação
ção da tireoide. Desse modo, quando administrado de iodo na cintilografia).
em doses altas (500 a 1000 mg/dia), em combinação
com tionamidas, pode induzir a uma melhora rápida
do hipertireoidismo grave e pode ser usados para 6.1.2. C
arbonato de lítio
preparar um paciente com hipertireoidismo para
cirurgia precoce. Inibe a secreção dos hormônios tireoidianos, sendo
Por esses efeitos, o uso é indicado nas seguintes útil para controle temporário da tireotoxicose em
situações: pacientes alérgicos às tionamidas e ao iodo.
u Controle de crise tireotóxica grave.
u Após radioablação – nesse caso, também com DICA
Também é usado para potencializar
o intuito de controle da tireotoxicose – enquanto
o efeito do radioiodo, já que também impe-
o iodo radioativo ainda não fez efeito.
de a saída do iodo radioativo na tireoide.
u Preparo pré-operatório – para reduzir tamanho O problema é a própria toxicidade do lítio;
e vascularização da tireoide (nesse caso, é indi- portanto, deve haver monitorização do ní-
cado iniciar de 7 a 10 dias antes). vel sérico.
229
Tireoide: tireotoxicose e hipertireoidismo Endocrinologia
DICA
A maior parte dos pacientes não
DIA A DIA MÉDICO tem sintomas relacionados ao bócio; no
entanto, a história natural é de crescimento
A dose de colestiramina para controle da tireotoxicose é progressivo, e evolutivamente pode haver
4 g /4 vezes ao dia. desconforto cervical (queixa mais comum).
À medida que o bócio progride, podemos
observar outros sintomas de compressão,
como dispneia e disfagia.
7. B ÓCIO MULTINODULAR
TÓXICO (BMT)
7.2. DIAGNÓSTICO
7.1. CONCEITOS
O ultrassom de tireoide pode mostrar o bócio multi-
nodular, mas a funcionalidade e, portanto, o diagnós-
tico de bócio multinodular tóxico são comprovados
[ BASES DA MEDICINA
por meio da cintilografia de tireoide (volte na Figura
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3-C e não deixe de revisar os padrões da cintilografia
Geralmente, o bócio inicia-se atóxico, e, após certo tempo,
— muito importante nas provas, inclusive na prática/
esses nódulos progressivamente adquirem autonomia e
começam a produzir hormônio tireoidiano em excesso. multimídia). Outros exames que podem ajudar na
programação cirúrgica são: a ressonância de pes-
coço e a tomografia computadorizada de pescoço
e tórax, que também auxiliam na identificação do
bócio mergulhante.
230
Tireoide: tireotoxicose e hipertireoidismo Cap. 8
DICA
Antes do RAI, deve-se excluir a pos- Para um nódulo conseguir produzir uma quantidade
sibilidade de neoplasia e avaliar manifes- de hormônio suficientemente alta que leve à tireo-
tações obstrutivas do bócio (que podem toxicose, geralmente precisa ter diâmetro maior
piorar num primeiro momento). que 2 cm, sendo identificado na palpação, embora
na prática clínica sempre se confirme por meio do
ultrassom de tireoide.
As tionamidas também podem ser usadas no trata-
mento crônico em pacientes com risco proibitivo para
cirurgia e que tenham alguma contraindicação para 8.3. TRATAMENTO
a RAI. Nesses casos, não são suspensas após 12 a
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18 meses, como é o caso de Graves, havendo sempre Existe muita controvérsia sobre qual deve ser a
o risco das complicações graves da medicação. primeira opção de tratamento para a doença de
Plummer, por isso vou colocar exatamente o que o
UpToDate orienta:
DICA “Não há estudos randomizados comparando RAI
As tionamidas não curam o bócio
multinodular, só controlam a produção hor- e cirurgia para o tratamento de adenoma tóxico.
monal, e, ao serem suspensas, invariavel- Ambos os tratamentos resolvem o hipertireoidismo
mente os nódulos voltam a funcionar. bioquímico na maioria dos pacientes.”
Embora qualquer uma das opções esteja correta, em
geral preferimos a cirurgia (lobectomia ipsilateral,
lobectomia total ou nodulectomia), pois o RAI tem
8. A DENOMA TÓXICO maior chance de recidiva; por isso, se a questão
(DOENÇA DE PLUMMER) enfatizar o tratamento “definitivo”, escolha tireoi-
dectomia como resposta.
8.1. CONCEITOS
DICA
A tireoidectomia, nesse caso, não
A patogênese do adenoma tóxico é relacionada a requer preparo com iodeto, já que o parên-
uma mutação somática ativadora do receptor do quima ao redor do nódulo está até pouco
TSH nas células foliculares, aumentando sua função, vascularizado.
independentemente do estímulo do TSH.
231
Tireoide: tireotoxicose e hipertireoidismo Endocrinologia
9.1. TRATAMENTO
9. H IPERTIREOIDISMO CENTRAL
(SECUNDÁRIO/TERCIÁRIO) A primeira opção é a retirada do tumor hipofisário.
Para pacientes não candidatos à cirurgia, são tra-
tados com análogos da somatostatina (octreotida,
A principal etiologia desse grupo são os raríssimos
lanreotida etc.).
tireotropinomas (TSHomas). Esses tumores costu-
mam ser macroadenomas e correspondem a menos
de 1% dos tumores hipofisários.
10. H IPERTIREOIDISMO
SUBCLÍNICO
DICA
O diagnóstico faz-se diante de um
TSH normal ou elevado em vigência de T4L
e/ou T3 total altos. A principal dificuldade O tratamento do hipertireoidismo subclínico é indi-
do diagnóstico é diferenciá-lo da resistên- cado a depender do nível do TSH e das caracterís-
cia ao hormônio tireoidiano, já que, nesse
ticas do paciente:
caso, o TSH também fica mais alto, com o
intuito de elevar os hormônios tireoidianos u Idade > 60 anos (idoso); ou
e vencer a resistência. Então, como dife- u Sintomáticos; ou
renciar essas 2 etiologias?! Alguns pontos
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podem ajudá-lo: u Com alto risco para complicações cardíacas (como
W Presença de macroadenoma de hipófise. a fibrilação atrial) e esqueléticas (osteoporose)
W Elevação da subunidade alfa do TSH
O algoritmo da Fluxograma 1 ajudará você nessa
(aumentado no tireotropinoma).
avaliação.
DICA
Quando indicado, a modalidade 11. A BORDAGEM SINDRÔMICA
terapêutica a ser realizada para o hiperti- NA TIREOTOX ICOSE
reoidismo subclínico é definida conforme
a etiologia.
232
Tireoide: tireotoxicose e hipertireoidismo Cap. 8
TSH normal/
TSH baixo alto + T4L alto
Hipertireoidismo primário Hipertireoidismo
secundário/resistência
aos hormônios
tireoidianos
Sinais de Graves
e/ou Trab+
SIM = estabelecido
diagnóstico de Não
Doença de Graves.
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USG / Cintilografia
de tireoide
233
Tireoide: tireotoxicose e hipertireoidismo Endocrinologia
O primeiro passo da abordagem é confirmar o estado 1. Gardner DG, Shoback D. Greenspan’s Basic & Clinical Endo-
de tireotoxicose. Para isso, é feita a avaliação de crinology. 9th ed. New York: McGraw-Hill; 2011.
TSH, T4 livre e T3 total (lembre-se de que existem 2. Melmed S, Polonsky KS, Larsen PR, Kronenberg H. Williams
textbook of endocrinology. 12th ed. Philadelphia: Saunders;
etiologias que aumentam mais T3 que T4). 2012.
3. Sales P, Halpern A, Cercato C. O essencial em endocrinologia.
11.2. ETAPA 2 – DOENÇA DE GRAVES 1. ed. Rio de Janeiro: Roca; 2016.
4. Vilar L, Kater CE, Naves LA, Freitas MC, Fleseriu M. Endocrino-
logia clínica. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2013.
A etiologia mais comum é a Doença de Graves; por
5. Wajchenberg BL, Lerario AC, Betti RTB. Tratado de endocri-
isso, diante da tireotoxicose, antes de pesquisar nologia clínica. 2. ed. São Paulo: AC Farmacêutica; 2014.
qualquer outra causa, devemos avaliar se o paciente 6. Mendonça BB. Endocrinologia: princípios e práticas. 2. ed.
já não tem sinais claros de Doença de Graves, como Rio de Janeiro: Atheneu, 2017.
bócio homogêneo e oftalmopatia. Se tiver dúvida, 7. Ross DS. Subclinical hyperthyroidism in nonpregnant adults.
solicite o anticorpo anti-TRAb. UpToDate [Internet]; 2020. [Acesso em out. 2019]. Disponível
em: https://www.uptodate.com/contents/subclinical-hyper-
thyroidism-in-nonpregnant-adults.
11.3. E
TAPA 3 – SEM OU COM
HIPERTIREOIDISMO
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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bastante. mol. 2011; 18(1): 42-7.
Khairy GA, Al-Saif AA, Alnassar SA, Hajjar WM. Surgical mana-
Se cintilografia com baixa captação, provavelmente gement of retrosternal goiter: Local experience at a university
estamos diante de uma tireoidite, sobrecarga de hospital. Ann Thorac Med. 2012 Apr-Jun; 7(2): 57-60.
iodo ou uso inadvertido do hormônio tireoidiano, Ogun OA, Adeleye JO. Severe Ophthalmological Complications
que serão discutidos no capítulo de tireoidites. of Thyroid Disease are Rare in Ibadan, Southwestern Nigeria:
Results of a Pilot Study. Ophthalmol Eye Dis. 2016; 8: 5-9.
Se alta captação em nódulos tireoidianos, estare- Papadatos SS, Mylonas S, Zissis C, Galani V. Neglected nontoxic
mos diante de um adenoma tóxico (nódulo único) multinodular goiter presented as a large neck mass. Clin Case
Rep. 2017; 5(3): 357-8.
ou BMT (múltiplos nódulos).
Perros P. Thyrotoxicosis and Pregnancy. PLoS Med. 2005; 2(12):
Caso não seja identificado nódulos “quentes” na e370.
cintilografia, algum outro fator está estimulando Puri N. A Study on Cutaneous Manifestations of Thyroid Disease.
Indian J Dermatol. 2012; 57(3): 247-8.
a tireoide, e o mais provável é o aumento do HCG
Ridal M, Alami MN. Pan Afr Med J. 2013; 14: 82.
(tumor, gravidez ou uso exógeno).
Singal A, Arora R. Nail as a window of systemic diseases. Indian
Dermatol Online J. 2015; 6(2): 67-74.
Testini M, Logoluso F, Lissidini G, Gurrado A, Campobasso G,
DIA A DIA MÉDICO Cortese R, et al. Emergency total thyroidectomy due to non
trau-matic disease. Experience of a surgical unit and literature
review. World Journal of Emergency Surgery. 2012; 7(9): 1-9.
Na prática deve estar sempre no radar o “erro laborato-
Tran HA, Reeves GEM. The influence of hepatitis C infection
rial” entre o diagnóstico diferencial, inclusive a uso de
and interferon-α therapy on thyrotropin blocking and stimula-
biotina pode induzir a alterações da analise bioquímica ting autoantibodies in Graves’ ophthalmopathy: a case report.
dos hormônios. Thyroid Res. 2009; 2: 12.
Zhao Q, Cheng Y, Yang M, Li X. Exophthalmos Myxedema Acro-
pachy Syndrome: A Case Report. Iran J Public Health. 2014 Jan;
43(1): 116-9.
234
Tireoide: tireotoxicose e hipertireoidismo Cap. 8
QUESTÕES COMENTADAS
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as alterações oculares estão mais, provavelmente, ⮨ Psicose
relacionadas a
⮩ Icterícia
⮦ Tireotoxicose. ⮪ Constipação intestinal.
⮧ Oftalmopatia de Graves.
⮨ Celulite periorbitária. Questão 4
⮩ Pseudotumor orbital.
(FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP – SP - 2019)
Homem, 71a, relata emagrecimento de 8 kg nos
Questão 2 últimos 2 meses, associado a fraqueza para subir
escadas e pentear o cabelo. Há 2 semanas com
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PEDRO ERNESTO - RJ – 2021) Mulher aumento da frequência das evacuações, cefaleia
de 30 anos apresenta queixas de emagrecimento e palpitações. Antecedentes pessoais: diabetes
com apetite preservado associado à intolerância ao mellitus em uso de insulina e metformina, além de
calor, diarreia, irritabilidade e sudorese há algumas tabagismo 80 maços/ano.
semanas. No exame físico, encontra-se agitada, Exame físico: PA= 162x104 mmHg, FC= 108bpm, FR=
taquicárdica e com tremor de extremidades. Os 21irpm, T= 37,3°C, oximetria de pulso (ar ambiente)
exames laboratoriais mostram TSH ultrassensível = 96%; Neurológico: hiper-reflexia global e fraqueza
baixo e T4 livre elevado. Pensando em hipertireoi- muscular proximal em membros superiores e infe-
dismo em sua causa mais comum, os achados es- riores grau IV.
pecíficos dessa patologia são:
235
Tireoide: tireotoxicose e hipertireoidismo Endocrinologia
Eletrocardiograma:
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⮦ Eletroneuromiografia e hemoglobina glicada. com drogas antitireoidianas e internar para be-
⮧ TSH, T4 livre, metoprolol e rivaroxabana. tabloqueio e planejamento cirúrgico da neopla-
⮨ Coprocultura e ciprofloxacino. sia adrenal.
⮩ Tomografia de crânio e coletar de líquor. ⮧ Crise de pânico precipitada por hipertireoidismo
por Doença de Graves e fibrilação atrial. Tratar
com iodeto de potássio, anticoagulação e ava-
Questão 5 liação psiquiátrica.
(UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – SP - 2020) Homem, ⮨ Surto psicótico precipitado por tempestade ti-
28 anos de idade, chega ao pronto-socorro com his- reoidiana. Estabilizar o quadro de agitação com
tória de agitação, perda de peso (10 kg), diarreia e antipsicóticos, terapia antiagregante plaquetária
palpitações, e passou a apresentar alucinações vi- com ácido acetilsalicílico e indicar tireoidecto-
suais. Ao exame físico, apresentava-se extremamen- mia de urgência.
te agitado, porém consciente. Pele quente e úmida. ⮩ Tempestade tireoidiana complicada com fibrila-
Temperatura axilar 38,9ºC. Pulso de 140 batimentos ção atrial. Internar preferencialmente em unidade
por minuto, arrítmico, PA = 160x60 mmHg. Tireoide de cuidados intensivos; iniciar antitireoidianos,
aumentada cerca de 2 vezes seu tamanho normal e betabloqueadores, corticoide e, se disponível,
proptose ocular bilateral. Eletrocardiograma revelou iodeto de potássio 1-2 horas após a primeira
fibrilação atrial. Exames laboratoriais mostraram: dose de antitireoidianos.
TSH < 0,05 mUI/L (referência: 0,45-4,5) e T4 livre > ⮪ Tireoidite aguda levando a tireotoxicose e sepse.
7,7 ng/dL (referência: 0,6-1,5). Qual a hipótese diag- Tratar com antibioticoterapia de amplo espectro
nóstica mais provável e a conduta imediata? e, caso identificado abscesso cervical, indicar
drenagem cirúrgica.
236
Tireoide: tireotoxicose e hipertireoidismo Cap. 8
Questão 6 Questão 9
(SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE VOTUPORANGA - SP – 2021) (HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE TAUBATÉ - SP – 2021) Mulher, 45
Paciente portador de doença de Graves apresenta anos, refere quadro de perda de peso, palpitação e
tremores, sudorese e taquicardia. O diagnóstico é insônia há 1 mês. Nega antecedentes patológicos.
de crise tireotóxica. Em relação as drogas usadas Nega uso de medicamentos. Ao exame físico: bom
no tratamento dessa afecção, assinale a alternati- estado geral, sem alterações oftalmológicas, nor-
va INCORRETA: motensa, taquicárdica, nódulo palpável em lobo
direito da tireoide, sem outras alterações. Assinale
⮦ O Propiltiouracil (PTU bloqueia a organificação a alternativa CORRETA quanto à conduta e à hipó-
do iodo, reduzindo a produção hormonal). tese diagnóstica.
⮧ O Propiltiouracil (PTU bloqueia a conversão pe-
riférica de T4 para T3). ⮦ Dosagens de TSH, T4 livre e cintilografia da ti-
reoide. Doença de Plummer.
⮨ O iodo pode inibir a liberação hormonal tireoi-
diana, mas só deve ser iniciado após 2 horas ⮧ Dosagens de TSH, T4 livre e anti TPO. Doença
da introdução das medicações antitireoidianas. de Graves.
⮩ O controle da hipertermia deve ser feito, prefe- ⮨ Dosagens de TSH, TRAb e ultrassonografia da
rencialmente, com aspirina, que tem efeito de tireoide. Tireoidite de Hashimoto.
aumentar a ligação dos hormônios tireoidianos ⮩ Dosagens de TSH, T4 livre e antiTPO. Tireoidite
às suas proteínas carreadoras. de Hashimoto.
⮪ Dosagens de TSH, TRAb e ultrassonografia da
tireoide. Doença de Graves.
Questão 7
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Questão 10
no primeiro trimestre de gravidez com hipertiroidis-
mo, qual deve ser o tratamento de escolha? (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - SP – 2021) Homem,
28 anos de idade, chega ao pronto socorro com his-
⮦ Propiltiouracil.
tória de agitação, perda de peso (10 kg), diarreia e
⮧ Metimazol. palpitações, e passou a apresentar alucinações vi-
⮨ Prednisona. suais. Ao exame físico, apresentava-se extremamen-
⮩ Betabloqueador. te agitado, porém consciente. Pele quente e úmida.
Temperatura axilar 38,9ºC. Pulso de 140 batimentos
por minuto, arrítmico, PA = 160x60 mmHg. Tireoide
Questão 8 aumentada cerca de 2 vezes seu tamanho normal e
(HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN - SP – 2020) Consi- proptose ocular bilateral. Eletrocardiograma revelou
dere 2 grupos de pacientes com hipertireoidismo: fibrilação atrial. Exames laboratoriais mostraram:
Grupo I: captação de radioiodo normal ou aumentada. TSH < 0,05 mUI/L (referência: 0,45-4,5) e T4 livre >
Grupo II: captação de radioiodo praticamente ausente. 7,7 ng/dL (referência: 0,6-1,5). Qual a hipótese diag-
São exemplos desses grupos, respectivamente: nóstica mais provável e a conduta imediata?
⮦ Adenoma hipofisário produtor de TSH e hiperti- ⮦ Crise adrenérgica por feocromocitoma associa-
reoidismo factício. da à tireotoxicose por Doença de Graves. Tratar
com drogas antitireoidianas e internar para be-
⮧ Adenoma tóxico e doença trofoblástica.
tabloqueio e planejamento cirúrgico da neopla-
⮨ Tireoidite pós-parto e tireoidite linfocítica. sia adrenal.
⮩ Tireoidite de De Quervain e amiodarona. ⮧ Crise de pânico precipitada por hipertireoidismo
⮪ Câncer folicular metastático e doença de Graves. por Doença de Graves e fibrilação atrial. Tratar
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Tireoide: tireotoxicose e hipertireoidismo Endocrinologia
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Tireoide: tireotoxicose e hipertireoidismo Cap. 8
GABARITO E COMENTÁRIOS
Y Dica do professor: Temos uma paciente jovem, Y Dica do professor: Além de todos os sinais e sin-
com queixa de palpitações sem relação a esfor- tomas da tireotoxicose já discutidos, existem sinais
ço físico, além de irritabilidade, insônia, sudorese específicos da Doença de Graves, que são relacio-
excessiva e perda de peso. Até este momento, po- nados à autoimunidade. Os 4 principais achados
demos pensar na hipótese de que a paciente apre- são: oftalmopatia, bócio, dermopatia e acropatia.
senta tireotoxicose, que é uma condição na qual
há excesso de hormônios tireoidianos. No exame u DERMOPATIA INFILTRATIVA (MIXEDEMA PRÉ-TI-
físico é notada a presença de olhar fixo com re- BIAL) – lesão na região pré tibial que cursa com
tração palpebral bilateral, com retardo na descida pápulas salientes, hiperpigmentadas, violáceas
da pálpebra superior ao olhar para baixo, o que é e com textura de casca de laranja.
característico da orbitopatia da doença de Graves, u BÓCIO - difuso e simétrico, podemos auscultar
doença autoimune na qual ocorre a produção de frêmito sobre a glândula, devido ao aumento da
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autoanticorpos TRAb que, por sua vez, estimulam vascularização local.
a tireoide a aumentar sua produção hormonal, além u EXOFTALMIA- inflamação da musculatura ocular
de desencadear uma reação cruzada com a gor- extrínseca e gordura orbital e tecido conjuntiva,
dura, musculatura e fibroblastos retro-orbitários, resultando em proptose).
levando à inflamação e à hipertrofia, explicando o
u ACROPATIA- baqueteamento digital por neofor-
quadro oftalmológico. A presença de bócio é outro
mação óssea periosteal nos ossos metacarpais/
fato que fortifica esta hipótese.
falanges.
Alternativa A: CORRETA. Conforme a dica.
Portanto, a única alternativa que contempla os
Alternativa B: INCORRETA. Apesar de fazer parte do achados específicos do Graves, é a alternativa D.
diagnóstico, a oftalmopatia de Graves (que na ver-
✔ resposta: D
dade é uma orbitopatia, visto que as alterações não
ocorrem no olho), não explica as demais queixas
da paciente. Questão 3 dificuldade:
239
Tireoide: tireotoxicose e hipertireoidismo Endocrinologia
ser observadas, inclusive, nos pacientes sem tireoidianos, enquanto a rivaroxabana reduz o risco
doenças cardíacas prévias. Em situações extre- de fenômeno cardioembólico secundário à fibrila-
mas, podem evoluir para insuficiência cardíaca, ção atrial.
edema agudo de pulmão e choque. Alternativa C: INCORRETA. A diarreia também é se-
u PULMONARES: mais comuns são a dispneia e cundária à tireotoxicose.
a taquipneia, podendo evoluir para disfunção Alternativa D: INCORRETA. Vide alternativa A.
diafragmática.
✔ resposta: B
u GASTROINTESTINAIS: as principais são diarreia,
vômitos e dor abdominal difusa. Quando ocorrem
alterações na FUNÇÃO HEPÁTICA, especialmen- Questão 5 dificuldade:
te icterícia, o prognóstico é desfavorável, já que
Y Dica de professor: Indivíduo jovem com história
pode cursar com insuficiência hepática aguda.
de agitação, perda ponderal, sensação de palpita-
u METABÓLICOS: glomeruloesclerose e proteinúria ção e alucinações visuais com febre, taquicardia,
marcada. Hipercalcemia, hiperglicemia e hemo- hipertensão DIVERGENTE e tireoide aumentada
concentração. ao exame físico e proptose ocular. E, associado às
Portanto, a única opção que não está relacionada manifestações clínicas, o laboratório mostra TSH
com o hipermetabolismo é a constipação. suprimido e aumento importante de T4L. Portanto,
✔ resposta: E um quadro clássico de tireotoxicose com hiperti-
reoidismo por Doença de Graves que complicou
com crise tireotóxica.
Questão 4 dificuldade:
Alternativa A: INCORRETA. Seria muito azar o paciente
Y Dica de professor: Em idosos, a tireotoxicose ge- apresentar feocromocitoma e Doença de Graves.
ralmente se manifesta por sintomas cardiopulmo- Além disso, a crise adrenérgica não cursa com hi-
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nares, tais como taquicardia (ou fibrilação atrial), pertensão divergente.
dispneia e edema. Alternativa B: INCORRETA. Por mais que uma crise de
Alternativa A: INCORRETA. A fraqueza está relacio- ansiedade generalizada curse com alterações clí-
nada ao hipertireoidismo, não sendo necessário nicas apresentadas pelo indivíduo, a febre e pulso
neste momento exames complementares como arrítmicos não se justificariam.
eletroneuromiografia, tomografia de crânio e líquor. Alternativa C: INCORRETA. O diagnóstico até pode
Antes de qualquer investigação adicional, é neces- estar correto, mas não é indicado tireoidectomia
sário compensar o quadro de tireotoxicose. de urgência, e sim medidas clínicas para compen-
Alternativa B: CORRETA. O quadro clínico é compa- sação da tireotoxicose.
tível com tireotoxicose. Observamos, ainda, sinais Alternativa D: CORRETA. Só complementando, damos
de disfunção orgânica, como disfunção termorregu- preferência à propiltiouracila pelo bloqueio associa-
ladora, cardiovascular e gastrointestinal, o que nos do da deiodinase.
faz pensar em uma complicação da tireotoxicose: a
Alternativa E: INCORRETA. A tireoidite aguda não cur-
tempestade tireoidiana. Laboratorialmente, obser-
sa com tireotoxicose.
vamos elevação de T3 e T4, com supressão de TSH.
Não há exames complementares confirmatórios ✔ resposta: D
para o diagnóstico de tempestade tireoidiana; por
isso, podemos usar o Índice de Burch e Wartofsky dificuldade:
Questão 6
que, neste caso, indica crise tireotóxica iminente.
Devemos iniciar o tratamento antes mesmo das Y Dica do professor: A Crise Tireotóxica (CT) é a
dosagens laboratoriais de hormônios tireóideos complicação mais grave do hipertireoidismo, ca-
e de TSH. Os betabloqueadores reduzem as ma- racterizada por um conjunto de sinais e sintomas
nifestações periféricas do excesso de hormônios secundários à hipersecreção aguda e inapropriada
240
Tireoide: tireotoxicose e hipertireoidismo Cap. 8
de hormônios tireoidianos. Apresenta altas taxas aos salicilatos, pois eles aumentam a biodisponi-
de mortalidade (até 30%), mesmo quando se institui bilidade de T3 e T4 livres, o que pode piorar a crise
a terapêutica adequada em tempo hábil. Trata-se tireotóxica.
de um quadro raro, secundário a uma exacerbação ✔ resposta: D
aguda de todos os sintomas de um estado hiperti-
reoidiano prévio, responsável por 1 a 2% das inter-
nações hospitalares por tireotoxicose. Estima-se Questão 7 dificuldade:
que apenas 1% dos casos de tireotoxicose evolui
Y Dica do professor: PTU só é primeira escolha nas
para CT. Acomete principalmente indivíduos do
seguintes situações:
sexo feminino, com idade entre 30 e 60 anos, que
apresentam Doença de Graves. Embora as ma- u Tempestade tireoidiana: tem efeito adicional no
nifestações clínicas da CT estejam associadas a bloqueio da deiodinase tipo 1.
um estado hipermetabólico grave e resposta adre- u Efeito colateral do MMZ: desde que não seja
nérgica excessiva, os mecanismos responsáveis agranulocitose, que contraindicaria qualquer
pela descompensação tireoidiana até o estado de tionamida.
CT ainda não estão bem estabelecidos. Pode ser u Primeiro trimestre da gestação: MMZ está rela-
desencadeado por processos infecciosos, proce-
cionada com aplasia cútis.
dimentos cirúrgicos, traumas, extrações dentárias,
hipoglicemias, cetoacidose diabética, suspensão da ✔ resposta: A
medicação anti-tireoidiana, parto, palpação vigo-
rosa da tireóide, Acidente Vascular Cerebral (AVC), Questão 8 dificuldade:
Tromboembolismo Pulmonar (TEP) e Insuficiência
Cardíaca Congestiva (ICC). Y Dica de professor: A captação de radioiodo pode
Alternativas A e B: VERDADEIRAS. Essa droga inibe a distinguir dois mecanismos diferentes de tireoto-
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síntese dos hormônios tireoidianos por interferência xicose:
na utilização do iodeto intratireoidiano e na reação
u COM hipertireoidismo com captação normal ou
de acoplamento, ambas as reações catalisadas pela
alta de radioiodo indica nova síntese hormonal
peroxidase tireoidiana. As tionamidas também têm
em andamento. Os principais exemplos são Gra-
efeito imunomodulador, embora o mecanismo ainda
ves, bócio multinodular tóxico, adenoma tóxico,
não tenha sido esclarecido. Doses elevadas de PTU
doença trofoblástica, adenoma de hipófise se-
inibem a conversão periférica de T4 em T3, ação
cretor de TSH.
adicional benéfica quando se deseja um controle
mais rápido do quadro de tireotoxicose. u SEM Hipertireoidismo: baixa captação (ou au-
sente) indica inflamação e destruição do tecido
Alternativa C: VERDADEIRA. O iodo inibe tempora-
tireoidiano, com liberação de hormônio pré-for-
riamente a liberação de hormônios tireoidianos.
mado, sem síntese de novo hormônio; em outros
Quando doses elevadas de iodo são administra-
casos, o excesso de hormônio tireoidiano vem
das a pacientes com tireotoxicose, os sintomas
de fontes extratireoidianas (struma ovari), ou
desaparecem em 1 ou 2 dias. Em geral, o iodo é
hormônio exógeno (factícia, iatrogênico, medi-
administrado por via oral em solução de iodeto de
camentoso – é o Efeito Jod-Basedow).
potássio, após 2 horas da introdução do início das
tionamidas. Alternativa A: CORRETA. O adenoma hipofisário secre-
tor de TSH gera estímulo anormal sobre a glându-
Alternativa D: FALSA. Nos pacientes que apresen-
la, levando-a a um estado de hiperfuncionamento;
tem hipertermia, sugere-se o resfriamento externo
essa síntese de novo hormônio aumenta a capta-
e uso de antitérmicos, sendo que a melhor opção
ção de iodo, gerando um padrão de alta captação
farmacológica é o acetaminofeno em comparação
de radiodiodo no exame. Portanto, grupo I. Já o
hipertireoidismo factício trata-se da ingestão ex-
cessiva de hormônio tireoidiano fazendo feedback
241
Tireoide: tireotoxicose e hipertireoidismo Endocrinologia
negativo no hipotálamo e hipófise, gerando queda esteja hipercaptante. Como a questão não definiu
no TSH e redução da síntese de novo hormônio; o que seria exclusivamente captação na tireoide, po-
resultado é um padrão de captação baixo ou ausen- deria gerar dúvidas, mas de toda forma a Doença
te. Portanto, grupo II. de Graves é a mais comum causa de hipertireois-
Alternativa B: INCORRETA. O adenoma tóxico, caracte- mo, tendo seu fundo autoimune, com a produção
rizado pela produção excessiva de hormônio tireoi- de autoanticorpos (TRAB/Anti-TSHr) que têm efeito
diano devido à hiperplasia e hipertrofia neoplásicas estimulatório na tireoide, aumentando a síntese de
de folículos tireoidianos, de fato gera padrão de alta novo hormônio; isso gera um padrão hipercaptante
captação de radioiodo. Portanto, grupo I. A doença de radioiodo. Portanto, grupo I.
trofoblástica gestacional, mais especificamente a ✔ resposta: A
famosa mola hidatiforme e o coriocarcinoma, cur-
sa com produção excessiva do hormônio placen-
tário HCG; este, por sua vez, possui uma estrutura Questão 9 dificuldade:
molecular semelhante à do TSH, de modo que uma Y Dica do professor: Paciente com quadro de hiper-
das subunidades do HCG liga-se aos receptores de tireoidismo somado à presença de nódulo palpá-
TSH, produzindo efeito estimulante à nova síntese vel em tireoide. Apesar da Doença de Graves ser a
hormonal; devido a esse mecanismo, temos uma principal causa desse quadro, na presença de um
alta captação de radioiodo no exame. Portanto, nódulo, devemos pensar que ele pode estar sendo
grupo I, e não grupo II. o grande produtor do excesso de hormônios, como
Alternativa C: INCORRETA. Ambas as patologias, ti- ocorre nesse caso, sendo a Doença de Plummer o
reoidites pós-parto e linfocítica, por consistirem em grande protótipo dessa situação. Ela é diagnosti-
destruição do tecido glandular tireoidiano e libera- cada pela dosagem dos hormônios tireoidianos
ção de hormônio pré-formado, produzem um hiper- somados à presença de nódulo único hipercaptante
tireoidismo com padrão hipocaptante de radioiodo pela cintilografia.
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ao exame. Portanto, ambas as opções pertencem Alternativa A: CORRETA.
ao grupo II.
Alternativas B, C, D e E: INCORRETAS. Podem existir
Alternativa D: INCORRETA. Tireoidite de De Quervain doenças autoimunes da tireoide que sejam respon-
ou subaguda dolorosa é resultado de um proces- sáveis pelo quadro, somadas a nódulo tireoidiano
so de destruição de folículos e liberação de tecido sem achados patológicos. Porém, nessa questão, a
pré-formado, gerando um padrão hipocaptante ao descrição de nódulo único pedia-nos mais atenção
exame; portanto, grupo II. A amiodarona, entretanto, ao diagnóstico de Plummer.
pode fazer, a depender do paciente, hipotireoidismo
(ao inibir os receptores de TSH – Efeito Wollf-Chai- ✔ resposta: A
koff – e reduzir a conversão periférica de T4 em T3)
ou hipertireoidismo (ao estimular os receptores de Questão 10 dificuldade:
TSH – Efeito Jod-Basedow –, ou ao gerar tireoidite,
com lesão direta do tecido glandular e liberação de Y Dica do professor: Indivíduo jovem com história
hormônio pré-formado). De toda forma, será hipo- de agitação, perda ponderal, sensação de palpita-
captante, já que o excesso de iodo da amiodarona ção e alucinações visuais com febre, taquicardia,
faz com que o iodo radioativo não seja absorvido. hipertensão DIVERGENTE e tireoide aumentada ao
Alternativa E: INCORRETA. O câncer folicular metas- exames físico e proptose ocular. E associado às
tático provoca lise de células tumorais nos diver- manifestações clínicas, o laboratório mostra TSH
sos focos de metástase, o que gera liberação de suprimido e aumento importante de T4L. Portanto
hormônio extratireoidiano; esse excesso de hor- um quadro clássico de tireotoxicose com hiperti-
mônio ectópico inibe a síntese de novo hormônio reoidismo por Doença de Graves que complicou
pela tireoide, tornando a tireoide hipocaptante ao com crise tireotóxica.
radioiodo, embora na pesquisa de corpo inteiro
242
Tireoide: tireotoxicose e hipertireoidismo Cap. 8
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243
Fixe seus conhecimentos!
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244
Capítulo
TIREOIDE: HIPOTIREOIDISMO
9
importância/prevalência
u O quadro clínico clássico do hipotireoidismo é marcado por sinais e sintomas relacionados à diminuição
do metabolismo basal e ao acúmulo de glicosaminoglicanos, tais como: bradicardia, pressão arterial
convergente, dislipidemia, edema, ganho de peso, anemia, intolerância ao frio, diminuição da temperatura
corporal, entre outros.
u A etiologia mais prevalente de hipotireoidismo é a Tireoidite de Hashimoto, cujo principal marcador é o
anti-TPO.
u O hipotireoidismo pode ser central (secundário ou terciário) ou primário, clínico ou subclínico, sendo este
último caracterizado pelo aumento do TSH, sem alteração do T4 livre. Já o hipotireoidismo clínico primário
é definido por TSH aumentado com redução do T4 livre.
u O hipotireoidismo central, em geral, cursa com diminuição do TSH e do T4 livre. Para a investigação etio-
lógica é indicado ressonância de hipófise e dosagem dos outros hormônios hipofisários.
u O tratamento é feito com levotiroxina. No hipotireoidismo subclínico, pode-se ou não tratar, mas nas
seguintes situações é indicado realizar o tratamento: paciente sintomático, TSH >10 mUI/L, gravidez ou
desejo de gestação.
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DICA
1. I NTRODUÇÃO O fator de risco mais explorado nas
prova é a maior prevalência em mulheres
(5 a 8 vezes mais que em homens) , além
Iniciaremos agora o capítulo de hipotireoidismo, da maior frequência em idosos, sendo em
mas, antes de começar, chamo atenção para a alta média o diagnóstico realizado aos 60 anos.
prevalência da temática nas provas, e geralmente,
com questões fáceis! Portanto, foco no capítulo,
pois não podemos perder esses pontos!
Hipotireoidismo é definido como: síndrome clínica
decorrente de redução da concentração ou da ação
dos hormônios tireoidianos em nosso corpo, resul-
tando em queda do metabolismo e prejuízo das
atividades biológicas que dependem do estímulo
dos hormônios tireoidianos para acontecerem.
A prevalência do hipotireoidismo subclínico (TSH
elevado com T4 livre normal) é de aproximadamente
4% a 8% da população, enquanto o hipotireoidismo
clínico (TSH elevado com T4 livre baixo) é de apro-
ximadamente 0,3 a 1% da população.
245
Tireoide: hipotireoidismo Endocrinologia
Hepatite C
Presença de bócio
Fonte: Adaptado de Ross1.
Redução do metabolismo
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Sinais Extremidades frias, alopecia difusa, bradicardia e redução dos reflexos
Acúmulo de glicosaminoglicanos
246
Tireoide: hipotireoidismo Cap. 9
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Fonte: Acervo Sanar.
Vamos nos aprofundar nas manifestações mais linfática. A maioria dos pacientes é assintomá-
comuns em provas: tico,pois se desenvolve lentamente ao longo de
u Todo paciente com demência deve ter avaliação vários anos, geralmente não necessitando ser
laboratorial da função tireoidiana. drenado. Os derrames pericárdico e pleural são
tipicamente exsudatos, mesmo não havendo in-
u O mixedema generalizado do HIPOtireoidismo é
fecção associada, a linfa acumulada nas serosas
o edema por depósito de glicosaminoglicanos na
pela lentidão da drenagem é rica em proteína.
derme, por isso não é depressível (sinal de cacifo
Mas, atenção em casos de insuficiência cardíaca
negativo). Esse mesmo depósito leva à madarose
associada, como ocorre em situações de estado
(perda do terço distal da sobrancelha) e favorece
mixedematoso grave, em que pode haver transu-
a redução de temperatura (assim como a queda
dato no derrame pleural (apesar de ser um de-
do metabolismo). Não confunda com o mixede-
talhe muito específico, já foi questão de prova).
ma PRÉ-TIBIAL, que é bem localizado e ocorre
no HIPERtireoidismo por Doença de Graves; além u O bócio pode ocorrer em até 80% dos pacientes,
disso está relacionado à autoimunidade. devido ao estímulo do TSH no tecido tireoidiano.
Mas uma parte dos pacientes tem atrofia da tireoi-
u Os derrames cavitários (pleural, ascite e pericár-
de, devido à destruição mediada por anticorpos.
dico) são causados pela redução da drenagem
247
Tireoide: hipotireoidismo Endocrinologia
Assim como o quadro clínico, as alterações labo- u Discreto aumento nos níveis de paratormônio e
ratoriais no hipotireoidismo são sistêmicas, e as vitamina D, podendo levar à hipercalcemia leve.
principais são:
u Hipocortisolismo.
u Hipoglicemia.
u Hipercapnia (hipercarbia) pela bradipneia.
u Anemia.
u Redução da taxa de filtração glomerular, com
aumento de creatinina e ácido úrico.
DICA
Anemia geralmente é normocítica
ou macrocítica: justificada tanto por redu-
4. D IAGNÓSTICO
ção da produção de eritropoietina como
por deficiência de vitamina B12 naqueles
pacientes com associação de perniciosa
O hipotireoidismo pode ser (Figura 2):
por gastrite atrófica.
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u Primário: alterações primárias da tireoide.
u Central:
u Dislipidemia mista, com hipercolesterolemia por W Secundário: lesão na hipófise.
aumento importante de LDL, discreto aumento W Terciário: alteração hipotalâmica.
de triglicérides e queda discreta do HDL.
u Aumento de transaminases e desidrogenase Figura 2. Alterações do eixo hipotálamo-hipófise-tireoide.
láctica (DHL).
u Aumento de enzimas musculares (creatinofos-
foquinase [CPK] e aldolase).
u Redução do sódio corporal total.
DICA
No hipotireoidismo primário, pode
haver aumento de hormônio antidiurético
(ADH), levando à hiponatremia.
u Aumento de prolactina.
248
Tireoide: hipotireoidismo Cap. 9
O diagnóstico laboratorial é mostrado no Quadro 3. o exame, junto com o T4 livre sérico, PARA FAZER
O DIAGNÓSTICO de hipotireoidismo e classificá-lo
Quadro 3. Diagnósticos sindrômicos. em clínico ou subclínico.
TSH T4L As formas centrais são muito raras. Podem ser clas-
Hipotireoidismo
sificadas em secundárias, decorrente de alterações
Alto Baixos hipofisárias; ou terciárias, quando o hipotireoidismo
clínico primário
é decorrente de alterações hipotalâmicas (Figura 2).
Hipotireoidismo
Alto Normais
subclínico primário
Hipotireoidismo
central Baixo ou DICA
Muito cuidado com a interpretação
(secundário/ inapropriadamente Baixos
dos hormônios tireoidianos no hipotireoi-
normal ou alto
terciário) dismo central, pois o padrão laboratorial
mais esperado é de TSH e T4 livre baixos,
Fonte: Adaptado de Ross3.
porém também pode cursar com TSH au-
mentado! Mas, por quê? O motivo é que a
lesão dos tireotrofos (células da hipófise
que secretam TSH) pode fazer com que
DICA eles secretem um TSH “truncado” disfun-
Para confirmar o diagnóstico de
cional, que, apesar de ser medido no ensaio
hipotireoidismo, é fundamental REPETIR a
laboratorial, não tem ação biológica; por
avaliação laboratorial (TSH e T4L) .
isso, o TSH pode estar normal ou até alto
(até 15 mU/L), mas não estimula a tireoide
a produzir T4 e T3.
Chamamos de primário quando ocorre redução
da liberação dos hormônios tireoidianos devido a
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alterações primárias da tireoide; nesses casos, há
aumento do TSH na tentativa de estimular mais a
tireoide e compensar o déficit hormonal. Se esse DIA A DIA MÉDICO
“estímulo adicional” do TSH for o suficiente para
normalizar o T4 livre, chamamos de hipotireoidismo Como diferenciar o hipotireoidismo central com TSH alto
subclínico; no entanto, se o T4 livre mantiver baixo, do hipotireoidismo clínico primário?! A questão aí é a
mesmo na vigência do aumento do TSH, classifi- desproporção entre o quão baixo está o T4L e a elevação
camos como hipotireoidismo clínico. Perceba que do TSH. Geralmente, no hipotireoidismo primário, ocorre
intensa resposta hipofisária pela falta do feedback nega-
o TSH está aumentando em ambas as situações,
tivo, na tentativa que a tireoide volte a funcionar; sendo
portanto é o exame com maior sensibilidade para assim, esperamos o TSH muito alto, no mínimo >10 e na
diagnósticos das formas primárias. maioria >15 mU/L.
W Outra conduta importante para avaliação do paciente
com hipotireoidismo central é solicitar a ressonância
DICA
O termo subclínico refere-se aos de hipófise para investigar o motivo da disfunção.
achados laboratoriais, independentemente
de sinais e sintomas (embora geralmente
seja menos sintomático).
5. E TIOLOGIA
249
Tireoide: hipotireoidismo Endocrinologia
tanto para confirmar o achado laboratorial, como também relacionada à destruição mediada por
para identificar a causa da deficiência hormonal. anticorpos.
A anamnese pode revelar dados sugestivos de determi- W Na fase inicial do Hashimoto, 5% dos pa-
nadas etiologias, como tratamento anterior de hipertireoi- cientes cursam com elevação transitória
dismo com radioiodo ou tireoidectomia, o uso de drogas dos hormônios tireoidianos. Embora na
que afetam a síntese do hormônio tireoidiano, história de maioria dos pacientes seja assintomáti-
deficiência ou excesso de iodo. ca, pode haver tireotoxicose manifesta
O exame físico pode, em alguns casos, revelar aumento da
(Hashtoxicose). Essa fase dura de se-
tireoide (bócio) ou uma cicatriz antiga de tireoidectomia. manas a meses e, após esse período,
a maior parte desses pacientes evolui
com hipotireoidismo.
No mundo, a primeira causa de hipotireoidismo ainda
é a deficiência de iodo, mas, no Brasil, destaca-se a
destruição da tireoide pelos autoanticorpos presen-
tes na Tireoidite de Hashimoto, também chamada
DICA
de tireoidite linfocítica crônica. O hipotireoidismo por resistência
aos hormônios tireoidianos pode cursar
O principal anticorpo marcador da Tireoidite de com aumento do TSH e T4 livre.
Hashimoto é o anticorpo antitireoperoxidase (anti-
-TPO), enquanto a antitireoglobulina (anti-Tg) é o
segundo marcador mais importante. Também pode Em relação ao hipotireoidismo central, os tumores
haver presença do anti-TRAb, mas o anti-TRAb hipofisários e o seu tratamento cirúrgico (cirurgia
bloqueador (diferente do antiTRAb da Doença de transesfenoidal) representam a causa mais comum.
Graves), que dificulta a ligação do TSH ao receptor. A necrose hipofisária pós-parto, ou Síndrome de
Em geral, o diagnóstico é confirmado na presença Sheehan, é outra causa importante nas provas.
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dos anticorpos. O achado histológico é o infiltrado
Resumimos as principais etiologias no Quadro 4
linfocítico folicular, mas raramente é necessária a
(mais adiante discutiremos a abordagem sistemática
biopsia.
para investigação etiológica e as peculiaridades da
infância).
DICA
No caso do hipotireoidismo por Ti-
reoidite de Hashimoto, também pode haver
manifestações específicas, geralmente re-
lacionadas à autoimunidade (marcada pelo
anticorpo anti-TPO):
W Encefalopatia de Hashimoto, que pode
ocorrer em portadores do anti-TPO mes-
mo sem alteração da função tireoidiana,
e leva à mioclonia, confusão mental e até
coma. O EEG com ondas lentas sugere o
diagnóstico e o tratamento é feito com
corticoterapia em doses altas.
W Linfoma de tireoide, que também é muito
raro, mas tem risco aumentado na Tireoi-
dite de Hashimoto.
W O bócio pode ocorrer em até 80% dos
pacientes devido ao estímulo do TSH
no tecido tireoidiano. Mas uma parte
dos pacientes tem atrofia da tireoide
250
Tireoide: hipotireoidismo Cap. 9
Hipotireoidismo primário
Agenesia congênita
Hipotireoidismo central
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Fonte: Adaptado de Ross3.
251
Tireoide: hipotireoidismo Endocrinologia
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Fluxograma 1. Algoritmo para decisão de tratamento no hipotireoidismo na gestação.
< 2,5mU/L
Não tratar
An�TPO -
2,6 a 4
mU/L
LT4 50
An� TPO +
mcg/dia
TSH
T4 total > 1,5 x o LT4 1
limite inferior mcg/kg/dia
> 4 mU/L
252
Tireoide: hipotireoidismo Cap. 9
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tratamento são: DICA
Um perfil laboratorial mostrando
u TSH >10 mUI/L; ou TSH muito alto com T4 livre normal sugere
u Gravidez ou o desejo de engravidar. início de uso recente da medicação. Isso
ocorre porque o T4 livre normaliza antes do
O hipotireoidismo, mesmo as formas subclínicas, TSH; assim, aqueles pacientes que só co-
reduz fertilidade, aumenta a probabilidade de aborto meçam a usar a medicação corretamente
precoce e pode prejudicar o desenvolvimento neu- alguns dias antes da consulta podem apre-
rológico do feto, por isso deve sempre ser tratado sentar esse perfil laboratorial.
na gravidez ou programação de gestação.
As demais situações devem ser individualizadas:
b) Hipotireoidismo central:
altos títulos de anti-TPO e/ou ultrassonografia suges-
tiva de autoimunidade tireoidiana – áreas hipoeco-
u Ajuste da dose de acordo com o T4 livre, a cada
gênicas heterogêneas mal definidas bilateralmente 2 a 4 semanas, buscando mantê-lo na mediana
(pseudonódulos), dislipidemia (ou fatores de risco superior do valor de referência para o método.
para doenças ateroscleróticas) e sintomáticos. u A partir de então, a cada 6 a 12 meses.
Nos últimos anos, todas as grandes instituições
cobraram o conhecimento a respeito do tratamento 6.5. FATORES INTERFERENTES
do hipotireoidismo subclínico no idoso; por isso,
atenção ao Fluxograma 2. Durante o seguimento é fundamental avaliar a pos-
sibilidade de fatores externos que podem influenciar
É de se imaginar que o paciente com hipotireoi-
nos níveis séricos da levotiroxina (Quadro 5).
dismo subclínico tenha uma reserva de função
tireoidiana bem maior que o grupo com a forma
253
Tireoide: hipotireoidismo Endocrinologia
• Gravidez
Aumento do metabolismo
• Drogas: rifampicina, fenobarbital, carbamazepina, estrogênio, fenitoína, sertralina
da tiroxina
• Síndrome nefrótica
DICA
Se a questão mostrar um paciente u Hipoglicemia.
pós-cirurgia bariátrica e/ou em uso de sul-
u Lactato elevado (redução do clearence do lactato
fato ferroso ou carbonato de cálcio fazendo
tratamento para hipotireoidismo, mas que + má perfusão tecidual).
não estiver compensado, desconfie de má u Aumento do CPK (pode haver, inclusive, rabdo-
absorção do hormônio tireoidiano. miólise).
Para iniciar o tratamento não se deve aguardar a
avaliação laboratorial, o tratamento deve ser imple-
mentado precocemente.
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7. COMA/ESTADO MIXEDEMATOSO u A abordagem padrão inclui corticoterapia em do-
ses altas (hidrocortisona 100 mg de 8/8 horas)
e, em seguida, iniciar a reposição de hormônios
O estado mixedematoso é forma mais grave do tireoidianos em altas doses.
hipotireoidismo, com mortalidade elevada (40 a u Doses de ataque: levotiroxina (LT4) 200 a 400
50%) se não for tratado adequadamente. mcg EV.
É mais comum em mulheres idosas nos meses de u Liotironina [Triiodotironina sintética (LT3)]: 25-
inverno. 50 mcg EV (reduzir 10-20 mcg se doença car-
A tríade clássica de apresentação inclui: diovascular).
u Evento precipitante (infecção, exposição ao frio,
u Manutenção até recuperação das disfunções:
síndrome coronariana aguda, medicamentos, ci- LT4 : 50 a 100 mcg EV/dia.
rurgias e traumas). W LT3: 2,5-10 mcg EV 8/8h.
u Hipotermia — diminuição da ativação da Na+ K+ u No entanto, no Brasil o T3 não é padronizado pela
ATPase, que ativa o consumo de oxigênio e se ANVISA, e não há disponibilidade de T4 endove-
relaciona com o metabolismo basal. noso; portanto, o padrão em nosso país, após a
u Alteração no nível de consciência (não necessa- corticoterapia, a reposição de hormônios tireoi-
riamente coma, apesar do nome). dianos é feita da seguinte maneira:
u Dose de ataque: LT4 VO: 500 μg (oral, retal ou
Os achados laboratoriais mais relacionados são: por SNG).
u Hiponatremia (redução da taxa de filtração glo- u Dose de manutenção:
merular + aumento da secreção do ADH + insu- W 1,6-1,8 μg/Kg/dia em dose de manutenção.
ficiência adrenal associada).
254
Tireoide: hipotireoidismo Cap. 9
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sintomas ou são assintomáticos. Uma “pegadinha”
u Tratamento do fator precipitante, incluindo an-
dessa síndrome é que os receptores cardíacos não
tibioticoterapia para todos os pacientes até ser
sofrem resistência; desse modo, o aumento hor-
descartada a presença de infecção.
monal acarretará aumento da frequência cardíaca.
u Aquecimento corporal gradual e passivo, com
cobertores e elevação da temperatura ambiente. Já quando o hipotireoidismo é adquirido na infân-
cia, também pode ser causado tanto por doença
tireoidiana (hipotireoidismo primário) quanto por
DICA
doença hipotálamo-hipofisária (hipotireoidismo
Não são recomendadas medidas central), mas a Tireoidite Autoimune de Hashimoto
agressivas de aquecimento periférico, pois
é a causa mais comum, como em adultos.
podem induzir vasodilatação e piora do es-
tado circulatório. Independente da etiologia, pode haver prejuízo no
desenvolvimento puberal e no desempenho esco-
lar. Além disso, uma das manifestações que mais
chamam atenção é a desaceleração do crescimento
com maturação óssea atrasada, havendo efeitos
8. PECULIARIDADES NA PEDIATRIA deletérios sobre o crescimento.
255
Tireoide: hipotireoidismo Endocrinologia
8.1. TRATAMENTO
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deve ser reavaliada por volta dos 3 anos de idade,
para determinar se o hipotireoidismo é permanente
ou transitório. Para isso, é descontinuada a terapia
com levotiroxina por 30 dias e dosado o TSH sérico
e o T4 livre.
Crianças que mantiverem com hipotireoidismo, ou
mesmo aquelas que desenvolveram a disfunção
durante a infância, ainda necessitam de doses
maiores que os adultos, em relação ao peso (Tabela
2), em média 100 mcg/m²/dia.
Idade Dose
1 a 3 anos 4 a 6 mcg/Kg/dia
3 a 10 anos 3 a 5 mcg/Kg/dia
10 a 16 anos 2 a 4 mcg/Kg/dia
256
Tireoide: hipotireoidismo Cap. 9
TSH
Alto Normal/baixo
T4 livre T4 livre
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Anti-TPO Corrigir
distúrbios
hormonais e
causa base
Positivo Negativo
Hipotireoidismo
Tireodite de
transitório? Tireoidite
Hashimoto
pós-viral?
257
Tireoide: hipotireoidismo Endocrinologia
REFERÊNCIAS
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Tireoide: hipotireoidismo Cap. 9
QUESTÕES COMENTADAS
(SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE BELO HORIZONTE - MG – 2021) ⮩ Prescrever Lugol a 5%; três gotas por dia durante
Mulher de 78 anos de idade, portadora de cardiopatia 30 dias e repetir função tireoidiana.
isquêmica, queixando-se de adinamia, sonolência
diurna, queda de cabelo e unhas quebradiças nos Questão 3
últimos meses. Exames laboratoriais evidenciam
TSH 11,6 mU/L (VR 0,4 – 4,5 mU/L) e T4 livre 0,36 (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – SP - 2019) Paciente
ng/dL (VR 0,7 – 1,8 ng/dL), repetidos e confirma- de 28 anos de idade em acompanhamento por hi-
dos em um segundo momento. Sobre esse quadro potireoidismo por tireoidite de Hashimoto, vem em
clínico, assinale a alternativa correta. consulta para reavaliação clínica. Refere sonolência
diurna e piora do hábito intestinal, com tendência
⮦ O tratamento com reposição de levotiroxina só- a constipação. Faz uso diário de levotiroxina 125
dica deve ser iniciado de forma cautelosa devido mcg, omeprazol 20 mg e carbonato de cálcio 500
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à cardiopatia isquêmica. mg pela manhã. Exame físico: peso = 55 kg, PA =
⮧ Trata-se de um quadro de hipotireoidismo sub- 120 x 80 mmHg, FC = 62 bpm, tireoide com volume
clínico e não necessita de tratamento. diminuído, sem outras alterações. Os exames labo-
⮨ A deficiência nutricional de iodo é a causa mais ratoriais mostram: TSH = 18,0 mUI/L (referência =
comum dessa condição em países desenvol- 0,45-4,5) e T4 livre = 0,5 ng/dL (referência = 0,6-1,5).
vidos. É CORRETO afirmar que:
⮩ A tireoidite de Hashimoto nunca é acompanhada ⮦ A paciente está em hipotireoidismo subclínico,
de outras doenças autoimunes. o que não justifica os sintomas. Outras causas
devem ser investigadas.
Questão 2 ⮧ É necessário verificar se a administração da levo-
tiroxina está sendo feita da forma preconizada.
(HOSPITAL DO CÂNCER DE GOIÁS – GO – 2021) Homem de 85
⮨ Os sintomas podem ser pelo hipotireoidismo,
anos, com hipertensão e dislipidemia, veio encami-
pois a paciente recebeu dose insuficiente de le-
nhado por apresentar TSH: 7,5 mUI/L (0,4-4,0). Re-
votiroxina para o seu peso, devendo-se aumen-
petiu exames: TSH: 6,4mUI/L (0,4-4,0), t4 livre: 1,2
tar a dose.
ng/dL (VR: 0,8-1,8), anticorpos antitireoperoxidase
e antitireoglobulina negativos. Nesse caso, qual é ⮩ Os sintomas podem ser pelo hipotireoidismo,
a conduta mais apropriada? devendo ser associada reposição de T3, pois é
possível que a paciente apresente defeito na de-
⮦ Observar sem reposição de levotiroxina e repetir siodase responsável pela conversão de T4 em T3.
os exames com intervalo de seis meses. ⮪ Suspeita-se de resistência ao hormônio tiroidiano
⮧ Iniciar levotiroxina em dose baixa com aumento e, se confirmada, deve ser feita a investigação
gradual até dose efetiva. dos familiares também.
259
Tireoide: hipotireoidismo Endocrinologia
Questão 4 Questão 6
(PUC-SOROCABA - SP – 2021) Mirena, 26 anos de idade, (SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE DE SÃO PAULO – SP - 2020)
está grávida de 8 semanas. Comparece ao pré-na- Mulher, 72 anos, comparece ao ambulatório de En-
tal sem queixas. Trouxe exames: glicemia em jejum docrinologia encaminhada pelo médico generalista
= 80mg/dL; T4 livre=1,2ng/dL (0,7 a 1,4ng/dL); TSH por alteração da dosagem do hormônio tireotrófi-
= 10mUI/mL (0,4 a 4mUI/mL); Anticorpo AntiTPO co (TSH: 8,5 mU/L, valor de referência: 0,45 – 4,8
(anti-peroxidase) = 652U/mL (até 60U/mL). Passa- um/L) feita em exames de rotina. Assintomática.
do familiar para diabetes mellitus negativo. Tia e Hipertensa, faz uso de atenolol. Assinale a alter-
mãe portadoras de hipotireoidismo. Não fuma e nativa correta.
não bebe. É CORRETO afirmar que:
⮦ Trata-se de hipotireoidismo clínico, devendo ser
⮦ Na gestação é comum a apresentação clínica de iniciada levotiroxina na dose de 25 mcg/dia.
hipotireodismo transitório, geralmente presente ⮧ Trata-se de um hipotireoidismo subclínico, mas
no primeiro trimestre da gravidez, com aumento deve ser iniciada levotiroxina pela idade e co-
do TSH e T4 livre normal. morbidade da paciente.
⮧ Deve-se iniciar imediatamente levotiroxina para ⮨ As alterações laboratoriais demonstradas no
Mirena, pois há risco materno-fetal. caso não poderiam ser justificadas por altera-
⮨ A produção de βHCG interfere com a dosagem ções fisiológicas próprias do envelhecimento.
de TSH, devido a grande homologia entre as ⮩ A ultrassonografia de tireoide é um exame indis-
moléculas e o exame deve ser repetido no se- pensável nesse caso, mesmo que não se palpe
gundo trimestre da gravidez para confirmação bócio ou nódulos tireoidianos ao exame físico.
diagnóstica.
⮪ A investigação adicional deve incluir a repeti-
⮩ Anti-TPO aumentado isoladamente não faz diag- ção da dosagem do TSH, adicionando-se ainda
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nóstico de tireoidite, mas os anticorpos antiti- T4 livre e Anti-TPO antes de se decidir sobre o
reoglobulinas (anti-TBG), se aumentados, são tratamento.
patognomônicos.
Questão 7
Questão 5
(ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO RIO GRANDE DO SUL - RS – 2021) So-
(HOSPITAL OFTALMOLÓGICO DE BRASÍLIA – DF – 2020) Duran- bre o tratamento do hipotireoidismo, assinale a al-
te o atendimento de um paciente com Síndrome ternativa correta.
de Down e obesidade, observa-se um resultado de
TSH de 6,5. Ele já apresentou, em outros momen- ⮦ O uso de levotiroxina em pacientes acima de
tos da vida, elevação do TSH, com normalização 65 anos provou ser capaz de diminuir eventos
dos resultados em exames subsequentes e sem- cardiovasculares.
pre com dosagem de T4 livre normal. Qual é a ME- ⮧ A biodisponibilidade da levotiroxina não é afe-
LHOR conduta em relação à avaliação tireoidiana tada pela ingestão concomitante de alimentos.
desse paciente? ⮨ Pacientes com hipotireoidismo e doença coro-
⮦ Encaminhar ao endocrinologista. nariana devem receber inicialmente doses me-
nores de levotiroxina.
⮧ Nova dosagem de TSH, T4 livre e pesquisa do
anticorpo Antitireoperoxidase (ATPO). ⮩ O diagnóstico de hipotireoidismo central é defi-
nido por valores altos de tsh e baixos de t4 livre.
⮨ Iniciar levotiroxina.
⮩ Parar de dosar o TSH desse paciente, já que se
encontra repetidamente elevado sem impacto
clínico e com dosagem do T4 normal.
260
Tireoide: hipotireoidismo Cap. 9
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Questão 9
⮦ Síndrome de Sheehan.
⮧ Utilização de lítio.
⮨ Pós tireoidectomia para doença de Graves.
⮩ Deficiência de iodo.
⮪ Sarcoidose.
Questão 10
261
Tireoide: hipotireoidismo Endocrinologia
GABARITO E COMENTÁRIOS
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valor de referência. E mesmo que fosse, trataríamos mentado e T4 livre reduzido, caracterizando hipoti-
o paciente, já que o TSH está acima de 10. reoidismo franco. A forma subclínica se manifes-
ta com TSH aumentado e T4 livre normal. De toda
Alternativa C: INCORRETA. A causa de hipotireoidismo
forma, não seria possível definir hipotireoidismo
mais comum em países desenvolvidos é a Tireoi-
subclínico num paciente que já está sendo tratado.
dite de Hashimoto.
Alternativa B: CORRETA. A absorção da levotiroxina
Alternativa D: INCORRETA. Todo portador de doença
pode ser alterada pela falta do ambiente ácido (aclo-
autoimune tem maior chance de apresentar outras
ridria, IBP, hidróxido de alumínio), uso associado com
doenças autoimunes. Como a Doença de Hashimoto
alimentos e medicações “quelantes” (colestiramina,
é uma doença autoimune, esta alternativa é falsa.
sulfato ferroso, carbonato de cálcio), além de alte-
✔ resposta: A rações em jejuno – local da absorção da medica-
ção (síndrome do intestino curto, bypass intestinal,
dificuldade:
doença celíaca, doença inflamatória intestinal).
Questão 2
Alternativa C: INCORRETA. A dose de levotiroxina é de
Y Dica do professor: O segredo do hipotireoidismo 1,6 mcg/kg/dia, ao multiplicar pelo peso. Vemos que
no idoso é o “7” , observe: este paciente está com uma dose inclusive acima
do recomendado.
u Se < 70 anos
Alternativa D: INCORRETA. O defeito da deiodinase é
W TSH ≥ 7 mU /L: Considerar tratamento, mes- raro, e laboratorialmente o paciente apresentaria
mo assintomático. T4 livre normal com T3 baixo.
W TSH < 7 mU /L : Considerar trata se sintomas Alternativa E: INCORRETA. Nesta síndrome geralmen-
u Se ≥ 70 anos. te o TSH e o T4 livre estão altos. Como forma de
W TSH ≥ 7 mU /L : Considerar trata se sintomas vencer a resistência, há o incremento da secreção
262
Tireoide: hipotireoidismo Cap. 9
hormonal. Isso acaba vencendo a resistência e, em os hormônios tireoidianos podem variar fisiologi-
geral, os pacientes têm pouco sintomas ou são as- camente, por isso, SEMPRE devemos confirmar o
sintomáticos. Uma “pegadinha” dessa síndrome é resultado com novos exames antes de firmar um
que os receptores cardíacos não sofrem resistên- diagnóstico.
cia; desse modo, o aumento hormonal acarretará Alternativa A: INCORRETA. Antes de encaminharmos
aumento da frequência cardíaca. o paciente ao endocrinologista, temos que ter cer-
✔ resposta: B teza do diagnóstico. Por isso, precisamos solicitar
novos exames e, se confirmado com a nova dosa-
gem, encaminharemos ao endocrinologista.
Questão 4 dificuldade:
Alternativa B: CORRETA. Precisamos confirmar o re-
Y Dica do professor: No hipotireoidismo subclínico sultado. Por isso, devemos solicitar nova dosagem
(TSH elevado e T4 livre normal), a recomendação é de TSH, T4 livre. Como a principal causa de hipo-
tratar se TSH >2,5 com anti-TPO positivo ou se TSH tireoidismo no Brasil é a Tireoidite de Hashimoto,
>4 (ou do valor de referência para população) com também devemos solicitar o anticorpo Antitireo-
anti-TPO negativo. peroxidase (ATPO), principal marcador desse tipo
Alternativa A: INCORRETA. Na gestação, é comum a de tireoidite.
tireotoxicose transitória gestacional que ocorre na Alternativa C: INCORRETA. Não podemos tratar um
1ª metade da gestação e é decorrente da elevação paciente sem um diagnóstico firmado. Além disso,
de HCG. nem sempre tratamos o hipotireoidismo subclínico,
Alternativa B: CORRETA. O hipotireoidismo subclínico existem indicações especificas para o tratamento
na gestação pode levar à perda gestacional, parto desses casos.
prematuro, doença hipertensiva específica da gra- Alternativa D: INCORRETA. Diante de níveis anormais
videz e impacto neurocognitivo negativo no feto. de hormônios, temos que continuar investigando,
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Alternativa C: INCORRETA. No primeiro trimestre da já que o tratamento, quando indicado, tem impacto
gestação, o incremento do beta-HCG, que é uma na qualidade de vida do paciente.
molécula com grande mimetismo molecular com ✔ resposta: B
o TSH devido à subunidade alfa semelhante entre
as 2 moléculas, causa um aumento na síntese dos
Questão 6 dificuldade:
hormônios tireoidianos, resultando em aumento de
T3 e T4 totais e leve supressão do TSH. Y Dica do professor: Não podemos tomar conduta
Alternativa D: INCORRETA. Além do anticorpo não fa- diante de um único exame alterado, pois mais da
zer diagnóstico de tireoidite, já que pessoas sem metade dos pacientes com TSH alto inicialmente
tireoidismo podem apresentar anticorpo +, a anti- normalizam na segunda medida. Isto ocorre por
tireoglobulina é Anti-Tg, Anti-TBG seria o anticorpo erro laboratorial, fase final da tireoidite subaguda
antiglobina ligadora da tiroxina. ou mesmo um eutireoideo doente; por isso, preci-
✔ resposta: B samos sempre REPETIR a medida. Essa orientação
de confirmar o exame alterado deve ser feita diante
de qualquer diagnóstico endocrinológico.
Questão 5 dificuldade: Alternativa A: INCORRETA. Hipotireoidismo clínico
Y Dica do professor: De acordo com os resultados de ou subclínico é confirmado com a dosagem de T4
exames apresentados, podemos suspeitar de hipo- livre, que estaria baixa na forma clínica.
tireoidismo subclínico. Esse tipo de hipotireoidismo Alternativa B: INCORRETA. Em pacientes acima de
ocorre quando o TSH se encontra elevado, mas o 70 anos, só deve ser considerado o tratamento de
T4 livre está normal. Lembre-se que nesses casos hipotireoidismo subclínico se TSH > 7,0 mU/L e for
o termo “subclínico” nada tem a ver com a presen- SINTOMÁTICO.
ça ou não de sintomas. Não caia em pegadinha,
263
Tireoide: hipotireoidismo Endocrinologia
Alternativa C: INCORRETA. Pode haver uma elevação normal ou até levemente elevado (até aproximada-
fisiológica do TSH durante a vida; portanto, TSH alto mente 10 mU/L).
no idoso não é obrigatoriamente doença. ✔ resposta: C
Alternativa D: INCORRETA. Os exames diagnósticos
essenciais no hipotireoisimo são sorológicos.
Questão 8 dificuldade:
Alternativa E: CORRETA. O anti-TPO é principal mar-
cador da Tireoidite de Hashimoto, a primeira causa Y Dica do professor: Em uma paciente no pós-opera-
de hipotireoidismo no Brasil. tório de cirurgia de tireoide apresentando sintomas,
✔ resposta: E como hipotermia, hipoxemia, bradicardia, rebaixa-
mento do nível de consciência, precisamos pensar
em coma mixedematoso. Trata-se de uma situação
Questão 7 dificuldade: mais grave relacionada ao hipotireoidismo, marcada
por redução significativa da taxa metabólica basal.
Y Dica do professor: Questão direta e simples sobre
O tratamento envolve altas doses de levotiroxina,
conceitos do tratamento do hipotireoidismo, esses
hidrocortisona intravenosa e medidas de suporte,
que são muito importantes e cobrados nas provas
como aquecimento e rastreio infecioso. Não estaria
de Residência Médica.
errado iniciar antibiótico, mas a principal conduta é
Alternativa A: INCORRETA. O hormônio tireoidiano administração do hormônio tireoidiano.
aumenta a demanda de oxigênio no miocárdio, o
que está associado a um pequeno risco de induzir ✔ resposta: A
arritmias cardíacas, angina de peito ou infarto do
miocárdio em pacientes idosos. Questão 9 dificuldade:
Alternativa B: INCORRETA. Tomar levotiroxina com
nutrição enteral pode causar biodisponibilidade Y Dica do professor: O hipotireoidismo central é raro
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reduzida e diminuir os níveis séricos de tiroxina, na prática clínica. Ele decorre de doenças hipofisá-
levando a sinais ou a sintomas de hipotireoidismo. rias ou hipotalâmicas. A principal causa na atualida-
Farinha de soja (fórmula infantil), soja, suco de to- de é a Síndrome de Sheehan, que é um hipopituita-
ranja, café expresso, farelo de algodão, nozes, cálcio, rismo resultante da necrose da glândula pituitária
ferro e fibra alimentar podem interferir na absorção em decorrência da intensa perda de sangue e con-
de levotiroxina do trato gastrointestinal. A levotiro- sequente choque hipovolêmico que ocorre durante
xina deve ser tomada de manhã com o estômago ou após o parto. Outras causas são radioterapia de
vazio, pelo menos 30 minutos antes das refeições. sela túrcica, cirurgia hipofisária, doenças de depósi-
Como alternativa, pode-se administrar à noite, 3 a to, doenças granulomatosas, metástases, doenças
4 horas após a última refeição. autoimunes ou inflamatórias, infecções ou medica-
mentos que causam inibição do TSH (corticoides
Alternativa C: CORRETA. A dose inicial pode ser a
em dose alta, análogos de somatostatina). A sar-
dose total prevista (1,6 mcg/Kg/dia) em pacientes
coidose é possível, mas MUITO raramente; sendo
jovens e saudáveis. Pacientes mais velhos ou por-
assim, a melhor resposta é Síndrome de Sheehan.
tadores de doença cardíaca coronária, nos quais
a duração do hipotireoidismo é desconhecida, de- ✔ resposta: A
vem ser iniciados com uma dose mais baixa (25 a
50 mcg por dia).
Questão 10 dificuldade:
Alternativa D: INCORRETA. O hipotireoidismo central
causado por doença hipotalâmica ou hipofisária é Dica do professor: O Teste do Pezinho deve ser reali-
caracterizado por uma baixa concentração sérica zado na primeira semana, após 48h de vida, prefe-
de T4 e uma concentração sérica de TSH que não rencialmente no 5º dia, podendo estender o prazo
está adequadamente elevada. O TSH pode ser baixo, até os primeiros 30 dias, e está disponível em todos
os postos de saúde da rede pública. Atualmente,
264
Tireoide: hipotireoidismo Cap. 9
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Alternativa C: CORRETA. O hipotireoidismo congêni-
to é causado por uma produção deficiente de hor-
mônios tireoidianos por defeito na formação da
tireoide ou por defeito na síntese hormonal. Cursa
com hipotonia muscular, dificuldade respiratória,
icterícia, constipação, bradicardia, anemia e atraso
no desenvolvimento neuropsicomotor.
Alternativa D: INCORRETA. A doença falciforme é uma
hemoglobinopatia decorrente da mutação no gene
que produz a hemoglobina A, originando a hemo-
globina S. O paciente apresenta-se com anemia e
pode ter episódios de oclusão de vasos, levando a
infartos teciduais.
✔ resposta: C
265
Fixe seus conhecimentos!
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266
Capítulo
TIREOIDITES
10
importância/prevalência
u Quando se refere às tireoidites, geralmente estamos falando sobre as formas subagudas. Que cursam com
tireotoxicose SEM hipertireoidismo e, dependendo da fisiopatologia podem ser DOLOROSAS ou INDOLORES.
u Dentre as tireoidites dolorosas, os principais tipos são: as formas agudas, a actínica e a de De Quervain.
As indolores incluem: a tireoidite induzida por drogas (em especial, a amiodarona), a factícia (ingestão de
hormônios tireoidianos) e as formas mediadas pelo anticorpo anti-TPO: hashitoxicose, linfocítica subaguda
e pós-parto.
u De forma geral, as tireoidites possuem quadro autolimitado, sendo o tratamento feito com sintomáticos,
salvo algumas particularidades. O mais importante deste capítulo é saber diferenciar cada tipo de tireoidite.
u A tireoidite aguda é um processo infeccioso (em geral, bacteriano ou fúngico), que gera dor em região
cervical, SEM alteração da função (o que difere da tireoidite de De Quervain). O tratamento é feito por meio
da antibioticoterapia e da drenagem do abscesso.
u Atenção especial à tireoidite de De Quervain, que é classicamente precedida por infecção das vias aéreas
superiores. O quadro evolui com uma fase tireotóxica, seguida por hipotireoidismo e recuperação. O tra-
tamento é feito com betabloqueador associado a anti-inflamatórios não hormonais ou corticoides.
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1. CONCEITOS 2. TIREOIDITES DOLOROSAS
267
Tireoidites Endocrinologia
2.1.3. M
anifestações clínicas e laboratoriais Está relacionada com infecções virais - mas NÃO é o vírus
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que inflama a tireoide, o antígeno viral ativa os linfócitos
As manifestações têm início agudo, com dor cervi- T que passam a atacar as células da tireoide -, além de
cal, formação de abscesso no local, febre, calafrios, uma predisposição genética, associada a antígenos
odinofagia e disfagia. Raramente há sintomas de de histocompatibilidade (HLA) B35 ou Bw35. A lesão é
tireotoxicose ou redução da função tireoidiana após mediada pelos linfócitos T citotóxicos que danificam as
o tratamento. células foliculares da tireoide devido a sua similaridade
estrutural parcial com o antígeno relacionado à infecção.
As principais alterações laboratoriais são leuco- É um quadro autolimitado.
citose e aumento dos marcadores de inflamação Apesar desse mecanismo, não podemos dizer que é de
(PCR, VHS...), enquanto a função tireoidiana é nor- etiologia autoimune, pois o processo seria definido como
mal (não há comprometimento do funcionamento autoimune quando é autoperpetuado, o que não ocorre
da glândula). neste caso.
268
Tireoidites Cap. 10
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Fonte: Elaborada pelo autor(a).
u Fase 1 (tireotóxica): destruição das células fo- mente apresentam sintomas importantes. Nessa
liculares com liberação dos hormônios pré-for- fase, observa-se queda do T3 e T4 com TSH alto,
mados e sintomas de tireotoxicose. Laboratorial- mas ainda pode está suprimido, dependendo da
mente, com elevação de T4L e T3 total e redução intensidade da fase tireotóxica.
do TSH. A cintilografia tem baixa captação, e o u Fase 3 (recuperação): após a cicatrização da
USG mostra aumento difuso da tireoide e glân- glândula, a maioria dos pacientes retorna ao
dula hipoecogênica (pela grande quantidade de eutireoidismo e normaliza as provas de função
células inflamatórias). Pode haver aumento da tireoidiana. No entanto, até 5% deles podem evo-
vascularização (fugaz), seguido de redução — o luir com hipotireoidismo.
que ajuda a diferenciar da doença de Graves, que
tem aumento da vascularização. Essa fase regri-
de espontaneamente após duas a seis semanas. DICA
A fase de hipotireoidismo é transitó-
u Fase 2 (hipotireoidismo): devido ao processo ria e não há necessidade de reposição com
inflamatório, a tireoide fica "atordoada" e perde levotiroxina, mas é fundamental repetir o
transitoriamente a capacidade de sintetizar no- exame na fase de recuperação, após doze
vos hormônios; assim, após a metabolização dos semanas, para checar se a função tireoi-
hormônios liberados, surge a fase de hipotireoi- diana voltou ao normal.
dismo, geralmente transitória e de duração va-
riável. Na maioria dos casos, esse período passa
desapercebido clinicamente e os pacientes rara-
269
Tireoidites Endocrinologia
A dor é tratada com anti-inflamatórios não esteroi- O tratamento baseia-se em sintomáticos, e como
dais (ex.: ibuprofeno, nimesulida, diclofenaco, ácido não há dor, não é necessário anti-inflamatórios não
acetilsalicílico...) ou prednisona por 4 a 8 semanas. hormonais ou corticoides. Se houver sintomas de
Os sintomas adrenérgicos intensos devem ser tra- tireotoxicose, são indicados os betabloqueadores. Se
tados com betabloqueadores. ocorrer cronificação do hipotireoidismo, é indicada
a reposição hormonal com levotiroxina.
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linfocítica subaguda.
3.1.1. Conceitos
270
Tireoidites Cap. 10
DICA
Mais de 1/3 da molécula de amiodarona é com-
A suplementação com selênio (50 a posta de iodo; portanto, um comprimido de 200 mg
200 µg/dia) em mulheres eutireoideas com
oferece 100 vezes a ingestão diária recomendada
anti-TPO positivo reduz o risco de tireoido-
patia na gestação. de iodo! Devido a essa sobrecarga, a amiodarona
causa doença tireoidiana em 20% dos seus usuá-
rios, incluindo hipotireoidismo, hipertireoidismo ou
tireoidite:
3.4. TIREOIDITES INDUZIDAS POR DROGAS u Hipotireoidismo: por efeito Wolff-Chaikoff e ini-
bição da conversão do T4 em T3.
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As quatro principais drogas relacionadas à tireoi- u Tireotoxicose: por efeito Jod-Basedow (tireoto-
dite são: xicose induzida por amiodarona do tipo 1) e por
u Interferon alfa (usado no tratamento das hepati- toxicidade tireoidiana (tireoidite induzida por
tes virais crônicas). amiodarona do tipo 2). Nesse caso, é importante
a diferenciação dos mecanismos, já que mudará
u Interleucina-2 (usada no tratamento de neopla-
a conduta.
sias linfoproliferativas).
Hipotireoidismo
Efeito Wolff-Chaikoff
Tireotoxicose tipo 1
Jod-Basedow
Tireotoxicose tipo 2
Destrutiva
271
Tireoidites Endocrinologia
Ocorre por efeito Jod-Basedow, cursando com hiper- Ocorre destruição da glândula (tireoidite destrutiva),
função da glândula e aumento da vascularização. A com grande aumento de proteínas inflamatórias
maior parte dos pacientes apresentam o anti-TRAb e de interleucina 6 (IL-6), liberação de hormônio
positivo, ou seja, já estariam predispostos ao hiper- pré-formado, captação baixíssima à cintilografia
tireoidismo, e a amiodarona foi dar uma “força” e e vascularização pobre ao Doppler. Nesse caso, o
precipitar a disfunção. O tratamento deve ser feito tratamento com tionamidas não é efetivo, pois a
com tionamidas ou tireoidectomia total. Apesar de produção hormonal já está baixa; o problema é a
causa de hipertireoidismo, a cintilografia tem capta- liberação de hormônios pré-formados.
ção reduzida, pois a glândula já está “contaminada”
O tratamento deve ser feito com betabloqueador (sin-
com iodo proveniente da amiodarona. Da mesma
tomático), prednisona 40 mg/dia (7 dias) e suporte
forma, a radioiodoterapia não é eficaz.
clínico. Geralmente, há melhora após alguns dias a
semanas, mesmo sem a suspensão da amiodarona.
O Quadro 1 ajudará você a diferenciar cada um
dos tipos:
Aumento da produção de
Mecanismos Tireoidite destrutiva
hormônios tireoidianos
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Bócio/antígenos Presentes Ausentes
DICA
Alguns pacientes têm tireotoxico-
se por amiodarona devido a uma mistura
desses mecanismos. Por isso, na prática
clínica, é comum não conseguirmos defi-
nir a etiologia exata, desse modo, não está
errado associar tionamidas, corticoterapia
e betabloqueadores, com reavaliação em
uma semana. Suspendemos as tionamidas
se o paciente evoluir para hipotireoidismo
rapidamente (padrão sugestivo de tireoidite
destrutiva), ou as mantemos se houver re-
cuperação clínica e laboratorial mais lenta
(compatível com tireotoxicose do tipo 1)
(Fluxograma 1).
272
Tireoidites Cap. 10
Fluxograma 1. Abordagem terapêutica sabe que está usando, uma vez que algumas “fór-
empírica na tireoidite por amiodarona. mulas mágicas” prescritas para emagrecimento têm
esses hormônios em sua composição. Também
Tapazol + Prednisona
há relatos de tireoidite factícia após ingestão de
tireoide bovina, houve inclusive um surto numa
lanchonete americana, que ficou conhecido como
Melhora da tireotoxicose <1 semana? “hamburguer toxicose”.
Para diferenciá-la de outras tireoidites, o exame mais
importante é a tireoglobulina, pois as tireoidites, em
NÃO SIM
geral, levam à tireotoxicose por liberação do con-
teúdo pré-formado da tireoide, contendo hormônio
tireoidiano e a tireoglobulina. Quando o paciente
faz uso de exógeno, a tireoglobulina estará baixa,
Tipo 1 Tipo 2 já que pelo feedback negativo haverá inibição da
produção de tudo que a tireoide sintetiza, incluindo
a tireoglobulina.
Suspender Suspender
Prednisona Tapazol
DICA
Fique atento diante de um quadro
Fonte: Adaptado de Ross .
2
laboratorial de “T3 toxicose” (T3 alto, TSH
suprimido e T4 baixo)! Até existem alguns
nódulos de plummer que produzem so-
mente T3, mas é muito mais frequente nos
depararmos com esta situação em um pa-
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DICA
Exceto em casos de tireotoxicose ciente que faz uso inadvertido de fórmulas
refratárias ao tratamento, não se recomen- com liotironina (T3 sintético).
da a suspensão da amiodarona em decor-
rência desses efeitos colaterais. Além de
existirem poucas opções de antiarrítmicos,
a amiodarona reduz a conversão de T4 em
T3 e possui efeito bloqueador da ação de
DIA A DIA MÉDICO
T3, o que leva a um menor estímulo dos re-
ceptores alfa do coração. Além disso, gran-
de parte é acumulada na gordura corporal; Apos a suspensão, o paciente melhora dos sintomas
portanto, sua suspensão não se acompa- no prazo de 1 dia, quando uso de T3, e até 1 semana, se
nharia de redução muito rápida dos níveis uso de T4.
séricos. Adicionalmente, sua retirada brus-
ca pode resultar em maior quantidade de
T3, aumentando, assim, as consequências
cardiovasculares deletérias do hipertireoi-
dismo. Devido a isso, tratamos a tireoido- 4. TIREOIDITE DE RIEDEL
patia em paralelo com a manutenção do
uso da amiodarona.
4.1. CONCEITOS
273
Tireoidites Endocrinologia
Dolorosa
Bacteriana/ Ausente ou
Supurativa Aguda ++ Normal Negativos
fúngica tireotoxicose
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Tireotoxicose
->
Inflamatória
De Quervain Subaguda hipotireoidismo ++++ Baixa Negativos
/viral
->
eutireoidismo
Indolor
Aguda ou Sem
Lítio Autoimune Hiper ou hipo Baixa Positivos
subaguda alterações
Fases:
Tireotoxicose
Linficítica Sem
->
subaguda/ Subaguda Autoimune Baixa Positivos
hipotireoidismo alterações
pós-parto
->
eutireoidismo
274
Tireoidites Cap. 10
Outro ponto importante é diferenciar as tireoidites em que não temos a cintilografia. O Quadro 3 tem
subagudas da doença de Graves numa situação as dicas que você precisa.
Linfocítica
Graves Granulomatosa Hashtoxicose Factícia
subaguda
DICA
As tireoidites subagudas têm maior BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
relação T4/T3 que a doença de Graves, já
que ocorre liberação do conteúdo que a ti-
reoide tem armazenado e, geralmente, no Burman KD. Subacute thyroiditis. UpToDate [Internet]; 2019
coloide há maior concentração de T4. Além [acesso em out. 2019]. Disponível em: https://www.uptodate.
disso, o T3 liberado é degradado mais ra- com/contents/subacute-thyroiditis.
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pidamente. Na doença de Graves, por sua Saad MJA. Doenças endocrinológicas. In: Goldman L, Schafer
vez, o anticorpo estimula a síntese de novos AI. Goldman Cecil Medicina. 24. ed. Rio de Janeiro: Elsevier;
hormônios, inclusive de novas moléculas 2014.
de T3. Ademais, o próprio anti-TRAb favo-
rece a conversão de T4 em T3.
REFERÊNCIAS
275
Tireoidites Endocrinologia
Mapa mental
TRATAMENTO DIAGNÓSTICO
TIREOIDITE LINFOCÍTICA
(SILENCIOSA, PÓS-PARTO,
INDOLOR)
AMIODARONA
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Liberação do hormônio Infiltrado inflamatório
pré-formado mediado por anticorpos 2-4 semanas pós-IVAS
SINAIS E SINTOMAS
Taquicardia Mal-estar
RESOLUÇÃO ESPONTÂNEA
DE 2 A 8 SEMANAS TRATAMENTO
1ª Escolha – SE DOR:
dose alta de AINE para controle da dor
276
Tireoidites Cap. 10
Autoimunidade transitória
FISIOPATOLOGIA
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Febre SINAIS E SINTOMAS Disfagia
Incremento proporcionalmente
maior de T4 que T3
Supressão do TSH
277
Tireoidites Endocrinologia
QUESTÕES COMENTADAS
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gativo. O tratamento desse paciente deverá incluir mU/L, T4 Livre = 2,5 mcg/dL (VN (valor normal) =
propranolol e 0,7 a 1,7 mcg/dL ), T3 = 35 ng/dL (VN (valor normal)
⮦ Metimazol. = 70 - 190 ng/dL) e cintilografia tiroidiana com baixa
captação de I¹³¹. Com base nesse caso, assinale a
⮧ Anti-inflamatório.
alternativa que apresenta, corretamente, a hipótese
⮨ Levotiroxina. diagnóstica mais provável.
⮩ Radioiodoterapia.
⮦ Doença de Graves.
⮧ Doença de Plummer.
Questão 2
⮨ Tireotoxicose factícia.
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JÚLIO MÜLLER - MT – 2021) Mu- ⮩ Tireoidite subaguda.
lher de 65 anos, com perda progressiva de peso ⮪ Bócio multinodular tóxico.
nos últimos dois meses e fadiga. Está em uso de
amiodarona há dez meses para tratamento de fi-
brilação atrial, que está controlada. Traz exames: Questão 4
TSH: 0,02mUI/L (VR: 0,5-5), T4 livre: 3,8ng/dL (VR:
(HOSPITAL DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE BENEFICÊNCIA – SP
0,7-1,8), T3: 3,8ng/dL (VR: 40-180), TRAb anticor-
– 2021) Mulher de 48 anos, com antecedente de HAS,
pos antiperoxidase e antitireoglobulina: negativos,
há 15 dias iniciou odinofagia e coriza, sem febre,
Cintilografia de tireoide: captação de 17% em 24
com cessação de sintomas há 10 dias, contudo há
horas (VR: 15-30%), Ultrassom de tireoide: glându-
2 dias iniciou dor em pescoço de forte intensidade,
la com volume diminuído e distribuição escassa de
acompanhada de febre baixa. Ao exame físico, em
vascularização no seu interior. O diagnóstico mais
bom estado geral, cortada, hidratada, temperatura
provável dessa paciente é:
axilar 37,5°C, FC 90 bpm, PA 142x82 mmHg, sem
278
Tireoidites Cap. 10
outras alterações ao exame cardiovascular, respi- tireoglobulina 367 ng/mL (VR: 1,5-50) e TRAb nega-
ratório, abdominal, com massa palpável em pes- tivo. A conduta correta inclui propranolol e
coço inferior que se eleva a deglutição, com dor à
palpação. Exames laboratoriais com hemograma ⮦ Anti-inflamatório.
com discreta leucocitose neutrofilica sem bastões, ⮧ Levotiroxina.
sem alterações em hemácias ou plaquetas, PCR e ⮨ Metimazol.
VHS elevados, TSH de 0,4mUI/L com T3 total de ⮩ Tireoidectomia.
2,8nmol/L (valor de referência: 1,2 a 2,7). Qual a
⮪ Radioiodoterapia.
hipótese diagnóstica mais provável?
⮦ Abscesso retrofaríngeo.
Questão 7
⮧ Tireoidite de Hashimoto.
⮨ Tireoidite de Quervain. (HOSPITAL OFTALMOLÓGICO DE SOROCABA - SP – 2021) Ho-
mem, 26 anos, procura atendimento médico por
⮩ Doença de Graves.
palpitações, sudorese, tremor de extremidades,
ansiedade e cefaleia. Relata, ainda, sensação de
Questão 5 dor no pescoço, dispneia, febre e dor pelo corpo há
5 dias. Perdeu 3 quilos desde o início do quadro.
(FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS – TO - 2018) Exame físico: FC = 118 bpm regular, FR = 18 ipm, PA
Paciente 42 anos, feminina, refere dor em região = 150 X 70 mmHg, T = 37,8°C; pescoço: dor intensa
cervical direita, há sete dias, sensação de febre, su- à palpação da região da tireoide. Assinale a alterna-
dorese, palpitações, cefaleia, insônia, irritabilidade tiva que apresenta a conduta terapêutica correta.
e perda ponderal de 2,5 kg neste período. Porta os
seguintes exames: TSH = 0,01 ng/dL (VR = 0,3 - 4,0); ⮦ Imunoglobulina.
T4 livre = 2,1 ng/dL (VR = 0,7 - 1,5) , VHS = 50 mm ⮧ Propiltiouracil ou metimazol.
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(VR = < 10, 0), tireoglobulina sérica = 128,0 (VR = ⮨ Captopril e digitálicos.
2 - 70), Ecografia da Tireoide: “Glândula de volume
⮩ Ceftriaxona e clindamicina.
aumentado, apresentando múltiplas áreas hipoeco-
gênicas dispersas pelo parênquima , sobretudo à ⮪ Betabloqueador e prednisona.
direita , com fluxo vascular baixo ao estudo Doppler-
-fluxométrico”. O caso se refere ao diagnóstico de:
Questão 8
⮦ Hashitoxicose. (HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PRESIDENTE DUTRA - MA – 2021)
⮧ Doença de Graves. Correlacione as tireoidites com as suas principais
⮨ Tireoidite Supurativa. características:
⮩ Tiroidite Subaguda. 1) Tireoidite aguda.
⮪ Tireoidite de Reidel. 2) Tireoidite de Hashimoto.
3) Tireoidite de Riedel.
Questão 6 4) Tireoidite subaguda de Quervain.
(HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN - SP – 2018) Homem, A) Indolor, etiologia auto-imune, hipotireoidismo,
40 anos, relata perda de aproximadamente 3 kg VHS normal, anticorpos positivos.
(4% do peso) em um mês. Sente-se agitado, com B) Indolor, eutiroidismo, patologia com fibrose, VHS
dor cervical, dificuldade para dormir, taquicardia e normal.
palpitações. Os sintomas foram precedidos de res- C) Dor cervical, evolução trifásica - hipertireoidismo,
friado. Volta em retorno com TSH: 0,1 uUI/mL (VR eutireoidismo, hipotitreoidismo - VHS elevada; cap-
0,5-4,5 uUI/mL), T4 livre de 7,77 ng/dL (VR 0,7-1,5), tação iodo <5%.
279
Tireoidites Endocrinologia
Questão 9
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Questão 10
280
Tireoidites Cap. 10
GABARITO E COMENTÁRIOS
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no alívio da dor e no tratamento dos sintomas de processos inflamatórios ou infecciosos da tireoide.
tireotoxicose. Os principais sintomas apresentados nesse caso
Alternativa A: FALSA. O metimazol é uma droga antiti- são: dor cervical anterior, febre, linfonodomegalia
reoidiana usada no tratamento do hipertireoidismo, cervical, astenia, entre outros. Portanto, o quadro
age bloqueando a produção de hormônios tireoidia- clínico apresentado não corresponde a essas ca-
nos. Não tem benefício na tireoidite, em que temos racterísticas.
destruição dos folículos e liberação dos estoques Alternativa B: FALSA. A tireotoxicose 1 ocorre em pa-
de T3 e T4, e não uma superprodução. cientes com doença tireoidiana adjacente, devido
Alternativa B: VERDADEIRA. O controle da dor é fei- ao fenômeno de Jod-Basedow, um hipertireoidismo
to com anti-inflamatórios não esteroidais, como iodo induzido.
o naproxeno e o ibuprofeno. A tireotoxicose pode Alternativa C: FALSA. Nos casos da doença de Gra-
ser tratada com betabloqueadores não seletivos, ves, há presença de anticorpos antitireoidianos, não
visando controlar os sintomas de palpitação, an- presentes no caso.
siedade e tremores.
Alternativa D: VERDADEIRA. A tireotoxicose 2 ocorre
Alternativa C: FALSA. Alguns pacientes podem de- em tecido tireoidiano previamente normal, que foi
senvolver uma fase de hipotireoidismo transitória atingido negativamente pela amiodarona, com libe-
no final do quadro. Essa fase, em raros casos, pode ração dos hormônios pré-formados. A ausência de
ser tratada com reposição de levotiroxina por até vascularização na região vista pela ultrassonografia
6-8 semanas. Entretanto, nosso paciente está na é típica desse tipo de tireotoxicose.
fase franca de tireotoxicose. Não vamos jogar mais
lenha na fogueira!
✔ resposta: D
281
Tireoidites Endocrinologia
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Alternativa C: VERDADEIRA. A tireotoxicose factícia mento do volume tireoidiano, com “múltiplas áreas
está relacionada a administração exógena de hor- hipoecogênicas dispersas pelo parênquima” (pela
mônio tireoidiano. Pacientes jovens costumam grande quantidade de células inflamatórias), des-
utilizar compostos com T4 e T3 em fórmulas para crevem a tireoidite subaguda.
emagrecer. Nela encontrados uma crise tireotóxica, ✔ resposta: D
associada a supressão de TSH, com uma ausência
de bócio e baixa captação de iodo na cintilografia.
Alternativa D: FALSA. A tireoidite subaguda cursa Questão 6 dificuldade:
com níveis aumentados de T3 e tireoglobulina, se- Y Dica do professor: Estamos diante de um homem
cundários à destruição dos folículos tireoidianos. com TIREOTOXICOSE. Porém, qual a provável etio-
Alternativa E: FALSA. A captação do bócio multino- logia nesse paciente? Tem dois dados que matam
dular tóxico é alta com padrão nodular difusa. o diagnóstico: “DOR CERVICAL” e “PRECEDIDO DE
✔ resposta: C RESFRIADO”. Qual é a tireoidite “que vem” depois da
infecção? É a “Tireoidite subaguda granulomatosa
DOLOROSA de Quervain". Além disso, VHS AUMEN-
Questão 4 dificuldade: TADO. Se é subagudo, há resolução espontânea, são
prescritos apenas anti-inflamatórios sintomáticos
Y Dica do professor: temos uma paciente que, após
para dor (AINEs ou prednisona), além do propranolol
um quadro de infecção de vias aéreas, desenvol-
para a tireotoxicose. Lembremos que as tionami-
veu dor cervical de forte intensidade, leucocitose
das (metimazol/propiltioracil) agem inibindo a TPO
de desvio, aumento de provas inflamatórias e hi-
e, consequentemente, diminuindo a produção de
potireoidismo, quadro clássico da tireoidite de De
hormônios tireoidianos; por isso, faremos apenas
Quervain, que é associada a infecções virais, que
quando estivermos diante de uma tireotoxicose por
282
Tireoidites Cap. 10
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Cursa com dor difusa em região cervical, com irra-
de AINES, podendo-se lançar mão da corticoterapia diação para ouvido e orofaringe, elevação de provas
em casos graves e refratários. O betabloqueador é inflamatórias, anemia e/ou leucocitose transitória
útil para as manifestações adrenérgicas, tais como discreta. Possui 3 fases clássicas: 1 – tireotóxica;
taquicardia e palpitações. 2 – hipotireóidea; e 3 – recuperação.
✔ resposta: E ✔ resposta: B
283
Tireoidites Endocrinologia
Alternativa D: FALSA. O hipotireoidismo induzido por Tireoidite viral ou pós viral não supurativa - Conhe-
amiodarona é mais comum e o paciente pode man- cida como Tireoidite de Quervain (II).
ter a medicação associando levotiroxina. Tireoidite autoimune - Tireoidite de Hashimoto (III).
✔ resposta: A Tireoidite aguda - Relacionada a infecções bacte-
rianas e fúngicas (I).
Tireoidite esclerosante - Tireoidite de Riedel (IV).
Questão 10 dificuldade: ✔ resposta: B
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acompanhada de febre, calafrios e outros sintomas
e sinais de infecção. Geralmente cursa com função
tireoidiana normal. Quando se trata de tireoidite in-
fecciosa crônica, costuma haver acometimento bi-
lateral, com dor menos proeminente e hipotireoidis-
mo. A tireoidite autoimune crônica (de Hashimoto)
se caracteriza por falência tireoidiana gradual, com
ou sem formação de bócio, devido principalmente
à destruição da glândula tireoide mediada por au-
toimunidade, envolvendo apoptose das células epi-
teliais da tireoide. A tireoidite de Riedel (tireoidite
fibrosa invasiva) é um processo fibrótico associado
a uma inflamação de células mononucleares que
se estende além da tireoide para o tecido mole pe-
ritireoidiano. Costuma ser assintomática, com hor-
mônio tireoidiano e TSH normais. Assim, a correta
correlação entre as colunas é:
284
BÓCIO, NÓDULOS E Capítulo
CÂNCER DE TIREOIDE 11
importância/prevalência
u Bócio tireoidiano
• Fique atento aos sinais semiológicos do bócio compressivo: Síndrome de Horner e Sinal de Pemberton.
• Somente em associação com hipotireoidismo é indicado repor hormônio tireoidiano. Não é mais indi-
cada a terapia com altas doses de hormônio para redução do bócio em pacientes sem hipotireoidismo.
• Para a prova: a tireoidectomia total ou quase total tem indicação absoluta em casos de: bócios grandes
(> 150 g), suspeita de malignidade e sintomas compressivos.
u Nódulos de tireoide
• É fator de risco para malignidade quando o nódulo está associado: ao sexo masculino; a extremos de
idade (< 20 anos ou > 70 anos); ao crescimento rápido da massa cervical; a sintomas compressivos:
dispneia, disfagia ou rouquidão.
• Foco na sequência da investigação: após a anamnese e o exame físico, devemos avaliar se o nódulo é
funcionante, para só depois avaliar o ultrassom e decidir é necessário a punção do nódulo.
u Câncer de tireoide
• Papilífero: o mais prevalente. Tem disseminação linfática no pescoço.
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• Folicular: a punção não consegue distinguir o adenoma do carcinoma. Tem disseminação hematogênica.
• Anaplásico: evolução catastrófica. Associado com o gene p53.
• Linfoma: sintomas lembram o anaplásico, mas tem boa resposta com quimioterapia.
• Medular: a maioria dos pacientes tem mutação no gene RET. Está relacionada à neoplasia endócrina
múltipla tipo 2A e 2B.
BÓCIO TIREOIDIANO
DICA
1. CONCEITO O volume da tireoide consiste na
medida de todas as suas partes: lobo di-
reito e esquerdo, istmo, e algumas pessoas
Bócio é qualquer aumento do tamanho da tireoide ainda têm um lobo acessório, chamado de
– o volume tireoidiano normal é de 6 a 20 cm³ (mL) piramidal.
dependendo do tamanho do indivíduo.
285
Bócio, nódulos e câncer de tireoide Endocrinologia
2. FISIOPATOLOGIA
DICA
A doença de Hashimoto pode levar
ao bócio tanto pelo aumento do TSH como
As principais causas do bócio tireoidiano estão pela inflamação relacionada ao anti-TPO.
relacionadas ao:
u Aumento do TSH:
W Aumento da secreção hipofisária de TSH (hi- u Fatores neoplásicos:
pertireoidismo central ou resistência central W Bócio uni ou multinodular.
ao hormônio tireoidiano). W Carcinomas de tireoide.
W Hipotireoidismo primário. W Metástases.
V Deficiência de iodo: bócio endêmico. u Fatores bociogênicos:
V Congênito: deficiência do transportador de W Soja, raiz de macaxeira (também conhecida
iodo; defeito da peroxidase na síntese da ti- como aipim ou mandioca, dependendo de
reoglobulina; Doença de Pendred e defeito onde você estiver).
na desalogenase. W Vegetais como o repolho e a couve-flor.
V Tireoidite crônica autoimune.
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V Defeito no feedback hormonal: resistência
ao hormônio tireoidiano; deficiências das DICA
A principal causa de bócio no mundo
desiodinases. é a endêmica, por deficiência de iodo (raro
no Brasil pela política de iodação do sal).
DICA
O TSH promove hipertrofia e hiper-
plasia do parênquima tireoidiano, além de
aumentar a sua vascularização. Por isso,
as causas de hipotireoidismo primário, as 3. C LASSIFICAÇÃO
quais cursam com TSH alto, podem levar
a bócio.
[ BASES DA MEDICINA
u Fatores semelhantes ao TSH:
W Anticorpo anti-TSH estimulante (Doença de A classificação baseia-se na avaliação clínica, conforme
o Quadro 1.
Graves).
286
Bócio, nódulos e câncer de tireoide Cap. 11
Ausência de tecido tireoidiano palpável, ou é menor que a falange distal do polegar do examinador
Grau 0
(muito subjetivo, concorda?).
Grau Ia Tireoide palpável + lobos maiores que a falange distal do polegar do examinador.
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A Síndrome de Horner (ou paralisia óculo-simpática) Um sinal bastante cobrado em provas é o Sinal de
se dá pelo bloqueio da inervação simpática do olho Pemberton (Figura 2): congestão e pletora facial
e da face, sendo caracterizada por: após a elevação dos braços acima da cabeça.
u Ptose palpebral. Durante o exame físico, o paciente também pode
apresentar dispneia e estridor, além de referir fra-
u Enoftalmia.
queza e tontura.
u Miose.
287
Bócio, nódulos e câncer de tireoide Endocrinologia
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Fonte: Acervo Sanar.
288
Bócio, nódulos e câncer de tireoide Cap. 11
6. TRATAMENTO DICA
O comprometimento estético, sem
os fatores supracitados, tem indicação re-
Para maior parte das etiologias a conduta é expec- lativa de tireoidectomia.
tante. O seguimento deve ser realizado através da
avaliação clínica e de exames de imagem.
Outras cirurgias podem ser realizadas:
O tratamento do bócio endêmico consiste na corre-
u Tireoidectomia parcial, também chamada de
ção do iodo na dieta ou na suplementação, ajustando
lobectomia total ‒ retirada de lobo, istmo e lobo
a dose através da iodúria de 24 horas.
piramidal (caso esteja presente): caso o bócio
seja assimétrico.
DICA
u Nodulectomia: retirada de 1 ou mais nódulos.
No passado, independentemente da
função tireoidiana, era indicada a terapia
supressiva com LT4 para reduzir TSH. Esta
conduta, além de ter eficácia variável, traz DICA
Antes da cirurgia devemos realizar
muitos efeitos colaterais relacionados ao imagem da região cervical e do componen-
excesso do hormônio tireoidiano (fibrilação te intratorácico, a fim de avaliar a melhor
atrial, osteoporose, ansiedade etc.) e ao alto via de acesso cirúrgica, que geralmente é
índice de recidiva mediante suspensão, por por via cervical, mas pode ser necessária
isso, não é mais recomendada. Somente a abordagem torácica associada. Também
quando há hipotireoidismo é indicada re- é fundamental o estudo da função da larin-
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posição hormonal com levotiroxina. ge para avaliar comprometimento prévio.
NÓDULOS DE TIREOIDE
Imagine a seguinte situação: seu grupo de internato, percebe um achado diferente no exame do seu
rodando pela radiologia, resolve treinar ultrassono- amigo e chama o preceptor, que confirma um nódulo
grafia (USG) de tireoide, quando de repente você na tireoide.
289
Bócio, nódulos e câncer de tireoide Endocrinologia
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físico da tireoide. É comum nos depararmos com
colegas que nem palparam o pescoço da paciente
e já solicitam exames complementares. Os tópicos
1. AVALIAÇÃO CLÍNICA importantes para o exame físico e achados que
chamam atenção para malignidade são:
1.1. ANAMNESE
u Inspeção: normalmente a tireoide não é visível,
exceto em pacientes muito emagrecidos. Deve
chamar atenção o surgimento de abaulamentos
Mesmo que você já tenha o resultado do USG de
que levam à assimetria cervical e desvios da tra-
tireoide mostrando o nódulo, não pule as etapas de
queia. Cuidado! Adiposidade cervical pode ser
avaliação e, assim como diante de qualquer sinal
confundida com bócio, mas ela não se desloca
ou sintoma, a primeira coisa que precisamos fazer
à deglutição.
é a anamnese.
u Palpação: A tireoide é palpável na maioria dos
Nela buscamos reconhecer os fatores que sugerem indivíduos, apresentando 2 lobos de 2-3 cm e o
que o nódulo tem maior risco de ser maligno: istmo com diâmetro de 0,5 cm. A palpação pode
u Extremos de idade (< 20 anos ou > 70 anos). ser feita pela técnica anterior ou posterior (Figura
u Nódulo achado incidentalmente no PET-FDG. 4), e em ambas é importante o examinador ve-
u Crescimento rápido da massa cervical. rificar a posição da cartilagem tireoidea (vulgo:
pomo-de-adão) e cricoide. O istmo da tireoide
está imediatamente abaixo da cartilagem cri-
coide, acima da traqueia. No exame, devemos
descrever a tireoide, assim como os nódulos que
eventualmente palpamos, enfatizando: tamanho,
290
Bócio, nódulos e câncer de tireoide Cap. 11
regularidade, consistência, mobilidade, aderência u Ausculta: pode ser positiva em caso de tireoto-
aos planos profundos e presença de linfadeno- xicose por Doença de Graves, devido ao fluxo
patia associada. sanguíneo aumentado, levando a sopros e até
a frêmito.
Configuram risco para malignidade os seguintes
achados no exame físico: Outras alterações no exame físico que devem cha-
mar atenção diante de um quadro de hipertireoi-
u Nódulos endurecidos (geralmente são fibroelás-
dismo é:
ticos).
u Aderidos a planos profundos. u Taquicardia.
u Pouco móveis. u Sarcopenia.
u Presença de linfonodomegalia cervical. u Hipertensão divergente.
u Exoftalmia (Graves).
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291
Bócio, nódulos e câncer de tireoide Endocrinologia
Rubor
Sinais flogísticos
Calor
Mulher: 6 a 12 cm
Homem: 10 a 20 mL Simetria
Localização Estática
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Procurar sopros Se bócio AUSCULTA
Peça ao paciente
para flexionar e
rotacionar a cabeça:
isso relaxa o DICAS
músculo
esternocleidomas-
tóideo
292
Bócio, nódulos e câncer de tireoide Cap. 11
Peça ao paciente
para engolir/oferecer
copo de água
DICA
Mobilidade
Dinâmica
Aderência
FÍSICO DA
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Demais dedos descansando nas
TIREOIDE
fossas supraclaviculares
Anterior
OU
Avaliar
Polegares sobre
Tamanho Regularidade Nódulos Forma a nuca do paciente
293
Bócio, nódulos e câncer de tireoide Endocrinologia
DICA
Os achados relacionados com hi-
pertireoidismo não se relacionam com
malignidade.
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2. AVALIAÇÃO DA Figura 5. Cintilografia mostrando nódulo quente/
hipercaptante (A) e nódulo frio/hipocaptante (B).
FUNCIONALIDADE
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Bócio, nódulos e câncer de tireoide Cap. 11
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Sólido: 2 Muito que largo: 3 Calcificações periféricas: 2
Extensão extra
hipoecogênico: 3 Microcalcificações: 3
tireoidiana: 3
Some os pontos de
cada categoria
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Bócio, nódulos e câncer de tireoide Endocrinologia
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Fonte: Acervo Sanar.
296
Bócio, nódulos e câncer de tireoide Cap. 11
Em caso de múltiplos nódulos maiores que 1 cm, a perguntarem qual tem maior chance de ser um câncer,
indicação de PAAF deve ser avaliada individualmente o que você responderia? Ambos tem mesmo risco!!!!
para cada nódulo, sendo indicada de acordo com
Na suspeita de acometimento metastático dos
suas características.
linfonodos cervicais, é indicado puncioná-los para
avaliação citológica e dosagem de tireoglobulina.
DICA
De forma geral, as questões não
deixam dúvidas do risco de malignidade 4. PUNÇÃO ASPIRATIVA
do nódulo, e normalmente colocam nódu-
COM AGULHA FINA
los com várias características do “mal”, os
quais devemos puncionar quando maiores
que 1 cm; ou nódulos sem nenhuma ca-
É o exame padrão-ouro para excluir carcinoma de
racterística de malignidade, os quais não
precisam ser puncionados. Mas infeliz- tireoide, principalmente o papilífero, que é o mais
mente muitas bancas são desatualizadas, comum. A Punção Aspirativa com Agulha Fina
e frequentemente você vai se deparar com (PAAF) deve ser feita guiada por USG; geralmente,
questões que não têm respostas corretas… não há necessidade de anestesia local ou sedação.
não brigue com as questões e tente avaliar As alterações celulares no aspirado da PAAF são
qual é a resposta “menos errada”. classificadas conforme o sistema Bethesda (Tabela
1), que, assim como o TI-RADS, nos fornece os
parâmetros que nos guiará para os próximos passos
IMPORTANTE: Se te mostrarem 02 nódulos com da investigação.
características iguais mas tamanhos diferentes, e
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Bethesda Achado Significado Conduta Malignidade
297
Bócio, nódulos e câncer de tireoide Endocrinologia
Atenção: não confunda Bethesda com BI-RADS! Na b) Paciente que realizou PAAF:
classificação da mamografia, o exame inconclusivo u Nódulo com suspeita baixa a intermediária: USG
é classificado como “0”, aqui é como “1”!
após 12 a 24 meses.
u Nódulos com suspeita alta: USG e PAAF com
12 meses.
DICA
O carcinoma é caracterizado por
invasão vascular da cápsula e invasão de Em caso de 2 PAAFs negativas, não precisa mais
tecidos adjacentes, o que não é possível de
seguir. Se não for feita a segunda PAAF, é reco-
ser avaliado na punção.
mendado manter o seguimento com USG, mas
aumentando o intervalo entre os exames.
Mas, caso surjam características “do mal” (Figura
6) ou ocorra aumento significativo de tamanho do
DIA A DIA MÉDICO
tumor (20 % em 2 dimensões ‒ de pelo menos 2
mm ‒ ou 50% no volume), deve ser realizada a PAAF,
A maioria dos nódulos são, na verdade, “pseudotumores”, independentemente se já realizou o procedimento.
ou seja, são bócios uninodulares esporádicos ou endêmi-
cos, classificados como Bethesda II na PAAF.
Alguns nódulos Bethesda III e os Bethesda IV são ade-
5. R ESUMO
nomas, e seu subtipo mais frequente é o folicular, que
tem origem epitelial. Para esses nódulos, a avaliação da
citologia não permite distinguir se é benigno (adenoma)
Na Fluxograma 2 descrevemos o passo a passo na
ou maligno (carcinoma), pois o carcinoma é caracterizado
por invasão vascular, da cápsula e tecidos adjacentes, o abordagem do nódulo.
que não é possível de ser avaliado na punção. Um recurso
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que pode ajudar na decisão clínica é a avaliação dos mar-
cadores moleculares no aspirado, mas ainda é um exame
pouco acessível; portanto, a maior parte dos pacientes
com essa classificação acaba sendo submetida à cirurgia
com exame de congelação do tumor no intraoperatório (se
disponível), uma vez que, nesses casos, se tumor benigno,
não seria necessário realizar a tireoidectomia total.
4.1. SEGUIMENTO
298
Bócio, nódulos e câncer de tireoide Cap. 11
Nódulo de tireoide
TSH
Seguimento Avaliar
Radioablação
características
ou cirurgia
da USG, se:
TI-RADS 3
TI-RADS 4 TI-RADS 5
Pouco suspeito
Suspeito Altamente suspeito
PAFF se ≥ 2,5 cm
PAFF se ≥ 1,5 cm PAFF se ≥ 1,0 cm
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Seguimento se ≥ 1,5 cm
CÂNCER DE TIREOIDE
Devido ao maior acesso aos exames de imagem, u Carcinomas Diferenciados da Tireoide (CDT), que
houve aumento significativo do diagnóstico de representam cerca de 90-95% dos carcinomas
câncer de tireoide nos últimos anos, mas sem incre- de tireoide, são provenientes das células folicu-
mento da mortalidade, pois, felizmente, a maior lares, que tem origem epitelial:
parte são carcinomas diferenciados da tireoide, W Papilífero: 85%.
tendo bom prognóstico. W Folicular: 10%.
É mais comum em mulheres do que em homens, W Oncocítico/Células de Hurthle: 5%.
ocorrendo na faixa etária entre 20 e 55 anos de u Medular: 5%.
idade e representando 1% de todas as neoplasias u Anaplásico: 1%.
do corpo. u Outros (linfoma, metástases): 1%.
Para facilitar o seu entendimento, vamos dividir Prepare-se para se deparar com câncer de tireoide
o capítulo conforme o tipo histológico do tumor na prova de concursos! Isso porque houve aumento
(Mapa mental 2): significativo da sua incidência nos últimos anos e
ele está entre os trending topics.
299
Bócio, nódulos e câncer de tireoide Endocrinologia
Massa dolorosa de
crescimento rápido no TRATAMENTO
pescoço anterior ou lateral
Sintomas compressivos
Disfonia
CARCINOMA ANAPLÁSICO
Disfagia DE TIREOIDE
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Biópsia por cirurgia aberta
pode ser necessário
CARCINOMAS DIFERENCIADOS
Responsivos ao TSH (PAPILAR E FOLICULAR)
LINFOMA DE
TIREOIDE
Bócio difuso de
crescimento rápido Quimioterapia
300
Bócio, nódulos e câncer de tireoide Cap. 11
CARCINOMA
MEDULAR DA TIREOIDE
NÓDULOS E NEM2b
NEMb NEM2a
NEMa
CÂNCER DA
TIREOIDE PAAF a depender
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das características e
tamanho no USG
DIAGNÓSTICO
DO NÓDULO
Suprimido
Nódulo quente
Adenoma tóxico
301
Bócio, nódulos e câncer de tireoide Endocrinologia
1.1.1. Patogênese
1. C ARCINOMA DIFERENCIADO
DE TIREOIDE u Seu desenvolvimento é relacionado a mutações
somáticas que alteram a sinalização da via da
MAPK. Principais genes envolvidos:
1.1. CARCINOMA PAPILÍFERO u BRAF (principal, com pior prognóstico).
u RAS (mais relacionada com exposição à radiação).
O carcinoma papilífero é o tipo histológico de câncer
u Translocação RET/PTC.
de tireoide mais comum, tanto em crianças como
em adultos. Acomete indivíduos jovens (terceira e
1.1.2. Patologia
quarta décadas de vida), tem baixa malignidade e
crescimento lento. Assim como maior parte dos u Células foliculares tumorais organizadas em
subtipos de tumores de tireoide, tem maior preva- papilas.
lência em mulheres. u Presença de corpos psamomatosos e núcleos
clivados com aparência de “olhos da órfã Annie”
– Orphan Annie’s eye (Figura 7).
DICA
Papilífero = Prevalente.
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Fonte: Acervo Sanar e spatuletail/Shutterstock.com7.
302
Bócio, nódulos e câncer de tireoide Cap. 11
1.2. CARCINOMA FOLICULAR que, com certeza, para chegar a esse diagnóstico
já deve ter sido feito):
Segundo tipo mais comum, como quase todas as u USG Doppler cervical: avaliação dos linfonodos.
doenças tireoidianas, tem maior prevalência em u Tomografia ou ressonância de pescoço: para
mulheres. tumores acima de 4 cm ou com invasão ma-
Incide em áreas com maior deficiência de iodo, croscópica.
e em geral os pacientes são mais velhos que os u Radiografia de tórax: avaliação de risco pré-ope-
acometidos pelo carcinoma papilífero embora o ratório e pesquisa de metástase.
carcinoma papilífero também seja o mais preva- u Cintilografia com pesquisa de corpo inteiro: é
lente nos idosos, maior parte dos pacientes com um tipo de cintilografia com iodo, que, em vez
carcinoma folicular está na faixa etária cima dos de checar a captação somente da tireoide, ava-
50 anos), além disso os tumores foliculares são lia no corpo todo. É utilizada principalmente na
maiores; fatores que acabam contribuindo para suspeita de metástases a distância.
também ter pior prognóstico que os papilíferos. u Avaliação da voz com complementação de la-
ringoscopia, se:
1.2.1. Patogênese
W Alterações na voz prévia.
a) Principais mutações: W Cirurgia cervical ou torácica alta prévia.
u Translocação PAX8-PPAR-γ (mais frequente). W Tumor com extensão extratireoidiana posterior
u RAS (a mesma do papilífero). ou metástase para linfonodos centrais.
u PTEN. As modalidades de tratamento cirúrgico mais uti-
lizadas são:
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1.2.2. Patologia u Tireoidectomia total (na maioria dos casos) ou
Os achados citológicos da PAAF não conseguem u Lobectomia unilateral com ou sem istimectomia
diferenciar adenoma de carcinoma. Para tal, pre- (quando realizada com istimectomia e retirada do
cisamos demonstrar invasão vascular/da cápsula, lobo piramidal também é chamada de tireoidec-
através de análise histopatológica. tomia parcial), pode ser ponderada, em casos de:
W Idade > 45 anos:
1.2.3. Disseminação V Microcarcinoma papilífero (Tu < 1cm) T1aN0:
u Via hematogênica, com metástases a distância. unifocal.
W Sítios mais comuns: pulmão e osso (assim
W Se < 45 anos: T1 ou T2 (< 4 cm) +
como o papilífero). V Baixo risco (variante histológica favorável).
V Sem invasão extratireoidiana.
V Sem metástases linfonodais ou a distância.
DICA
Papilífero = disseminação Perto =
linfonodos do Pescoço vs. Folicular = Fora
do pescoço. DICA
Na suspeita de carcinoma folicular,
em que não é possível definir se é adenoma
ou carcinoma pela PAAF, pode ser realiza-
do lobectomia com exame de congelação
1.3. TRATAMENTO do nódulo intraoperatório, e somente nos
casos que a patologia for compatível com
Antes da cirurgia, é necessário realizar alguns exa- carcinoma completaria o procedimento.
mes complementares (além de USG de tireoide
303
Bócio, nódulos e câncer de tireoide Endocrinologia
u O esvaziamento cervical central é indicado se istimectomia e lobo piramidal (se presente), também é
houver evidência de disseminação cervical e/ chamada de tireoidectomia parcial ou lobectomia total]:
são utilizadas em alguns serviços para o tratamento
ou na abordagem de tumores com mais de 4
de carcinomas papilíferos com muito baixo risco e,
cm ou invasão de estruturas adjacentes. Caso portanto, pode-se usar uma abordagem cirúrgica
haja evidência de acometimento lateral, além do mais econômica visando à redução do risco de com-
esvaziamento central (cadeia VI), é necessário plicações. Não é utilizada para tratar hipertireoidismo.
complementar com o lateral (cadeias II, III e IV).
DICA
Cuidado com a nomenclatura! Não
DICA
Caso a questão descreva um pa- confunda tireoidectomia subtotal com ti-
ciente com indicação de tireoidectomia reoidectomia parcial.
parcial, mas não houver está opção entre
as alternativas, não se estresse e marque
tireoidectomia total, já que esta modalidade
nunca será considerada errada. 1.3.1. Complicações
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W Tireoidectomia total: envolve a remoção de todo o
piratória, necessitando de exploração cervical
tecido tireoidiano. A tireoidectomia total apresenta
risco de recorrência de quase 0%; no entanto, esses de emergência.
pacientes requerem, obviamente, terapia de reposição u Hipotireoidismo: não é tanto uma complicação,
de tiroxina (T4) por toda a vida. mas um evento adverso esperado. A tiroxina
W Tireoidectomia quase total: envolve a retirada completa produzida pela tireoide dura em torno de 7 dias;
de um lado da tireoide, deixando remanescentes de portanto, até 1 semana após o procedimento é
tecido contralateral, incluindo 1 g de tecido próximo preciso começar a reposição hormonal com le-
ao nervo laríngeo recorrente no Ligamento de Berry, o votiroxina na dose de 1,6 a 1,8 mcg/kg/dia.
que, pelo menos em teoria, ajuda a garantir a reduzir as
complicações no pós-operatório. Não é utilizada para u Hipocalcemia: é a complicação mais comum de-
tratar o câncer, mas é uma boa opção na abordagem pois do hipotireoidismo pós-operatório (ocorre
do bócio e no tratamento cirúrgico do hipertireoidismo. em 7% a 30%). Pode ser definitivo ou transitório
W Tireoidectomia subtotal: deixa uma margem de tecido (maioria), e se dá tanto pela retirada inadvertida
tireóideo bilateralmente, assegurando a preservação das paratireoides, como por alteração na vas-
das paratireoides e evitando manipulação dos ner- cularização das paratireoides devido à manipu-
vos laríngeos recorrentes. Essa técnica reduz pela lação cirúrgica.
metade o risco de hipotireoidismo definitivo. É um
procedimento que vem caindo em desuso por maior
u Lesão do nervo laríngeo superior (NLS – Figu-
parte dos cirurgiões de cabeça e pescoço no Brasil, ra 9): O seu ramo externo inerva fibras motoras
pois não é útil para tratar câncer, e para tratamento dos músculos cricotireóideos e tenciona a cor-
do hipertireoidismo há recidiva/permanência em até da vocal, e sua lesão geralmente é relacionada
30%, dos pacientes. Portanto, se os pacientes têm à ligadura da artéria tireoide superior, sendo sua
fácil acesso ao hormônio tireoidiano, não é uma opção
principal manifestação a dificuldade em elevar
recomendada.
o tom da voz.
W Lobectomia unilateral com ou sem istimectomia
[importante pontuar que, quando realizada com
304
Bócio, nódulos e câncer de tireoide Cap. 11
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u
cirúrgica, pois ele está posterior à artéria
tireoidea inferior e lateral ao Ligamento de W T1: < 2 cm.
Berry (ligamento suspensor da tireoide que V T1A: < 1cm.
conecta a glândula, a cartilagem cricoide e
os dois primeiros anéis traqueais). V T1B: 1 – 2 cm.
W T2: 2 a 4 cm.
W T3: > 4 cm.
W T4: invasão macroscópica.
DIA A DIA MÉDICO u N
W N0: sem meta linfonodal.
É importante saber que até 1,8% da população pode ter W N1: com meta linfonodal.
origem aberrante da artéria subclávia direita; tal anorma-
lidade é associada com o nervo laríngeo não recorrente à V N1A: no compartimento central.
direita; nesses indivíduos, a lesão do nervo leva à disfagia V N1B: no compartimento lateral.
lusória – disfagia intermitente para alimento sólidos, nor-
malmente não progressiva e sem perda de peso associada.
u M
W M0: sem meta a distância.
W M1: com meta a distância.
Apesar TNM ser um dos escores mais utilizados na
avaliação da maioria dos tumores, para a tireoide sua
utilidade é limitada, já que a mortalidade relacionada
ao tumor não é uma “grande preocupação”, pois têm
baixa letalidade. O maior problema acaba sendo a
recorrência do tumor, que irá impactar na morbidade
305
Bócio, nódulos e câncer de tireoide Endocrinologia
do paciente. Por isso, na prática, as condutas do de Tireoide (ATA) ‒ Quadro 2 ‒ que estima a chance
pós-operatório são tomadas utilizando o sistema de recorrência.
de estratificação de risco da Associação Americana
DICA
Atenção: não precisa memorizar Para realizar a radioiodoterapia, as células preci-
essas características para a prova, ape- sam estar ávidas por iodo e, por isso, é indicado
nas entenda o racional: se o tumor invade
suspender a levotiroxina por 30 dias, até TSH > 30
mais, não foi ressecado completamente na
mUI/L, ou administrar o TSH recombinante antes
cirurgia, possui histologia mais agressiva,
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metástases ou linfonodos acometidos, é do procedimento.
lógico que será de pior prognóstico. Alguns
autores também consideram sexo masculi-
no e tamanho > 4 cm como fatores de mau DIA A DIA MÉDICO
prognóstico.
Os principais efeitos adversos da terapia ablativa são:
W Alterações transitórias da função gonadal.
306
Bócio, nódulos e câncer de tireoide Cap. 11
Primeiro ao
Risco de recidiva Primeiro ano Após 5 anos
quinto ano
Lobectomia 0,5-2,0
Baixo 0,5-2,0
Tireoidectomia total Tg<0,2 ng/mL: 0,5-2,0 Tg>0,2 ng/mL: 0,1-0,5
Tg = tireoglobulina
Fonte: Adapada de Haugen 6 .
Para pacientes com doença clinicamente evidente, deve- Um exame importante para validar o seguimento da tireo-
mos manter o TSH < 0,1 mUI/L, independentemente do globulina é o anticorpo antitireoglobulina (anti-Tg). Quando
tempo de doença. positivo, ele interfere no ensaio laboratorial para detecção
da tireoglobulina, o tornando falsamente negativo, e,
Nos pacientes que não forem submetidos ao tratamento
portanto, deixa de ser parâmetro de recidiva. Nesse caso,
cirúrgico por algum motivo (alto risco cirúrgico, doença
podemos avaliar os títulos do anticorpo no seguimento.
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muito avançada, ou gestantes que vão aguardar o segundo
trimestre ou término da gestação para serem operadas),
o TSH deve ser mantido suprimido (< 0,5 mUI/L) indefini-
damente ou até a realização da cirurgia.
1.6. CARCINOMA DE CÉLULAS DE HURTHLE
307
Bócio, nódulos e câncer de tireoide Endocrinologia
2.5. TRATAMENTO
2. C ARCINOMA ANAPLÁSICO
DE TIREOIDE Se metástase – tratamento paliativo (sobrevida que
varia de três a sete meses):
O carcinoma anaplásico tem evolução catastró- u Garantir a via aérea (traqueostomia).
fica – após o diagnóstico, a sobrevida varia de 3 u Acesso ao suporte nutricional (gastrostomia).
a 7 meses. Felizmente são muito raros (1% dos
carcinomas de tireoide). Ausência de metástases:
u Tireoidectomia total +.
2.1. EPIDEMIOLOGIA
u Radioterapia e quimioterapia.
O pico de incidência situa-se entre 50-60 anos, com
maior prevalência no sexo feminino (na proporção
DICA
de 1,5:1); 30% apresentam antecedente de bócio. Lembre-se: é um tumor totalmente
indiferenciado; portanto, não capta iodo.
Assim, não adianta radioiodoterapia.
2.2. S
INAIS E SINTOMAS
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u
[ BASES DA MEDICINA
u Dispneia.
A maioria é originário de células B, e histologicamente
2.3. DISSEMINAÇÃO os Linfomas Não Hodgkin de grandes células são os
mais comuns.
308
Bócio, nódulos e câncer de tireoide Cap. 11
4.1. GENÉTICA
4.2. DIAGNÓSTICO
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[ BASES DA MEDICINA
Um em cada 4 pacientes com CMT tem mutação
germinativa no proto-oncogene RET (rearranged
A histologia do CMT caracteriza-se por:
during transfection). Essa mutação é de herança
autossômica dominante e com alta penetrância, isso
quer dizer que os filhos dos indivíduos acometidos W Células fusiformes e pleomórficas, sem desenvolvi-
têm 50% de chance de ter o mesmo câncer. mento folicular (já que essas células se originam das
células C parafoliculares).
Uma ferramenta adicional é a calcitonina, que é produzida
DICA
Atenção: O que significa mutação pelas células C parafoliculares precursoras do CMT; por
isso, é um marcador tumoral útil principalmente na citologia,
somática? Quer dizer que ocorre apenas no
através da coloração imuno-histoquímica, que também
tecido tumoral, e não nas células germina-
pode ser medida no aspirado da PAAF.
tivas. Dessa forma, não são transmitidas
para a próxima geração.
309
Bócio, nódulos e câncer de tireoide Endocrinologia
4.3. TRATAMENTO
DIA A DIA MÉDICO
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tireoide, o medular é um tumor muito mais agres-
sivo. Ao diagnóstico, já são detectadas metástases
em linfonodos cervicais em metade dos pacientes,
e metástases distantes em 20%, geralmente para:
u Pulmão.
u Osso.
u Sistema nervoso central.
u Fígado.
u Pele.
Nesses casos, as taxas de sobrevida em 10 anos
são de apenas 21%.
DICA
Vamos forçar um pouco a barra,
mas é para o seu bem: perceba que, apesar
de o CMT não ser tão avassalador como o
anaplásico, ele não é tão “bonzinho” como
o papilífero, por isso tanta gente tem MEDU
da mutação LÁ no RET.
310
Bócio, nódulos e câncer de tireoide Cap. 11
REFERÊNCIAS
redquestmed@gmail.com | 60d3657c-f369-4d3c-8935-698196cddef0
Nodules and Differentiated Thyroid Cancer: The American
Thyroid Association Guidelines Task Force on Thyroid
Nodules and Differentiated Thyroid Cancer. Thyroid. 2016;
26(1):1-133.
7. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, dispo-
nível em: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/
milan-italy-september-1-2017-cartoon-719810314. Acesso
em: 25 out 2022.
311
Bócio, nódulos e câncer de tireoide Endocrinologia
QUESTÕES COMENTADAS
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diagnóstico costuma ter um bom prognóstico na diferenciação de nódulos tireoidianos uma
(mais de 90% das neoplasias são papilares ou vez que consegue confirmar pelas suas carac-
foliculares). terísticas se um nódulo é benigno ou maligno e
definir indicação cirúrgica.
III. Está indicado o rastreio de nódulos de tireoide ⮪ Se realizada punção aspirativa por agulha fina de
para todos os indivíduos acima de 35 anos, e, um nódulo de tireoide, utiliza-se a classificação
antes disso, se tiverem diagnóstico de hiper ou TI-RADS para estratificar o risco de malignidade
hipotireoidismo. a partir da citologia.
312
Bócio, nódulos e câncer de tireoide Cap. 11
laboratoriais que mostram função tireoidiana nor- esquerdo tireoidiano. Com relação à investigação
mal. Assinale a alternativa CORRETA. clínica, é correto afirmar:
⮦ Biópsia excisional do nódulo para exame his- ⮦ TSH suprimido com anticorpos tireoidianos posi-
tológico é o método recomendado para o diag- tivos indicam o início de reposição do hormônio
nóstico etiológico, sendo capaz de selecionar tireoidiano com levotiroxina.
os pacientes com lesões malignas ou suspeitas. ⮧ a presença de TSH suprimido e nódulo tireoidia-
⮧ Exame de cintilografia da tireoide com iodo ra- no indica a realização de cintilografia de tireoide.
dioativo ou tecnécio para afastar nódulo hiper- ⮨ se identificados TSH elevado, T4 livre baixo e
funcionante é desnecessário neste caso, uma anticorpos tireoidianos positivos, confirma-se
vez que a função tireoidiana é normal. o diagnóstico de hipertireoidismo por Doença
⮨ A ausência de sintomas sistêmicos, tais como de Graves.
febre, anorexia e perda de peso, torna pouco ⮩ a ultrassonografia de tireoide é um exame limita-
provável a possibilidade de neoplasia maligna do para a detecção de nódulos tireoidianos pela
da tireoide. sua baixa sensibilidade e não está indicada na
⮩ O risco de malignidade de nódulos tireoidianos investigação dessa paciente.
aumenta significativamente na presença de his- ⮪ caso seja identificada neoplasia (Bethesda VI)
tória de tabagismo e idade acima de 45 anos. na punção aspirativa por agulha fina do nódulo
⮪ A presença de linfonodomegalia cervical maior de tireoide, indica-se a ablação da tireoide com
que o nódulo tireoidiano sugere diagnóstico de iodo radioativo de imediato.
linfoma.
Questão 6
Questão 4
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(FACULDADE DE MEDICINA DE PETRÓPOLIS - RJ – 2021) Paciente
(UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – SP - 2020) Mulher, 32 feminina, de 53 anos, procura atendimento médico
anos de idade, apresenta US de tireoide com nódulo para check-up. Durante o exame físico, foi identifica-
sólido no terço médio do lobo direito com diâme- do nódulo móvel em lobo direito da tireoide. Foram
tro de 1,5 cm, hipoecogênico, bem delimitado, com solicitados exames laboratoriais e de imagem, cujos
macrocalcificações, fluxo periférico e presença de resultados foram: TSH=3,8 mU/L; T4=1,0 ng/dl; Anti
halo periférico completo. Qual das características TPO 200 U/ml. Ultrassonografia de tireoide mostrou
descritas acima indica maior risco de malignidade? glândula heterogênea, com presença de nódulo
misto em polo superior da tireoide, medindo 9 mm,
⮦ Hipoecogenicidade. TI-RADS 4A. Nesse caso, a melhor conduta será:
⮧ Diâmetro maior que 1 cm.
⮦ Afastar nódulo hiperfuncionante e pedir cintilo-
⮨ Macrocalcificação.
grafia de tireoide.
⮩ Fluxo periférico.
⮧ Pela suspeita de câncer de tireoide, encaminhar
⮪ Halo periférico completo. a paciente para realizar tireoidectomia.
⮨ Por ser nódulo com alta suspeição de maligni-
Questão 5 dade, deve ser solicitado PAAF.
⮩ Como o nódulo não suspeito, realizar ultrasso-
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UFSC – SC - 2019) Uma mulher,
nografia de tireoide periódica para acompanha-
45 anos, procura atendimento com histórico de
mento.
disfunção tireoidiana. Queixa-se de cansaço, alte-
ração menstrual, irritabilidade e queda de cabelo.
Ao exame físico foi identificado nódulo em lobo
313
Bócio, nódulos e câncer de tireoide Endocrinologia
⮨ Carcinoma anaplásico.
⮩ Carcinoma folicular. Questão 10
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de tireoide mostrou glândula heterogênea, com
presença de nódulo misto em polo superior da ti-
reoide, medindo 9 mm, TIRADS 4A. Nesse caso, a
melhor conduta será:
Questão 9
314
Bócio, nódulos e câncer de tireoide Cap. 11
GABARITO E COMENTÁRIOS
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tumores bem diferenciados e com bom prognóstico. tificar características sugestivas de malignidade,
Alternativa III está incorreta, pois não está indicado como aspecto sólido hipoecoico, margens irregu-
o rastreio de nódulos na tireoide na população em lares, microcalcificações, altura maior que largura
geral. A busca ativa por nódulos tireoidianos deve etc. A partir daí, indica-se ou não a punção aspira-
ser realizada em paciente com hipertireoidismo sem tiva por agulha fina, principal método utilizado para
evidência de Doença de Graves e em pacientes com diferenciar nódulos benignos e malignos.
nódulo palpável. Alternativa E: INCORRETA. O Thyroid Imaging Repor-
✔ resposta: C ting and Data System (TI-RADS) é um sistema pa-
dronizado para classificação de nódulos da tireoide
com base em aspectos ultrassonográficos. A cito-
Questão 2 dificuldade: logia da PAAF é classificada conforme os critérios
de Bethesda.
Y Dica do professor: A avaliação inicial de nódulos
de tireoide inclui história clínica detalhada, exame ✔ resposta: C
físico, ultrassonografia e dosagem de TSH sérico.
História e exame físico possuem baixa precisão
Questão 3 dificuldade:
para prever câncer, mas existem características
que sugerem malignidade e devemos estar atentos. Y Dica do professor: Achado muito comum em exa-
Alternativa A: INCORRETA. O exame físico, incluindo me de imagem de maneira incidental e fonte de
a palpação da tireoide, é etapa fundamental na sus- preocupação excessiva de alguns pacientes, nódu-
peita de câncer de tireoide. Características como los tireoidianos são normalmente benignos, mas é
nodulação > 4cm, endurecida e fixa a estruturas vi- preciso seguir de forma CORRETA o algoritmo de
zinhas, linfadenopatia cervical e paralisia de corda diagnóstico e manejo para afastar neoplasia tireoi-
vocal são sugestivas de malignidade. diana. Como medidas iniciais, além de uma boa
315
Bócio, nódulos e câncer de tireoide Endocrinologia
velha história clínica e exame físico, precisamos tireoidianos são a presença de hipoecogenicidade,
avaliar a função tireoidiana com TSH. Caso haja ti- microcalcificações, vascularização central, margens
reotoxicose, solicitamos a cintilografia para avaliar irregulares, halo periférico incompleto, nódulos que
a funcionalidade do nódulo. Excluindo-se nódulos têm “altura” maior que “largura” ou crescimento
tireoidianos funcionantes, ou seja, produtores de documentado em exames de imagem seriados. A
hormônios, o seguimento do nódulo se dará a partir presença de características consideradas suspeitas
do seu tamanho e suas características ao exame à US é maior preditor de malignidade do que avalia-
de USG, com o auxílio de escalas como o TI-RADS ção isolada do tamanho do nódulo. A combinação
para a classificação dos nódulos. entre tamanho e aspecto do nódulo definem a ne-
Alternativa A: INCORRETA. O método de escolha para cessidade de realização de biópsia através da PAAF.
diagnóstico citológico de nódulos tireoidianos, mes- Alternativa A: CORRETA. É a única das características
mo naqueles com maior nível de suspeição para listadas que é preditor de malignidade.
neoplasia, como no caso em questão, é a PAAF Alternativa B: INCORRETA. Nódulos menores que 1
(Punção Aspirativa por Agulha Fina). cm têm risco igual de ser câncer que os maiores
Alternativa B: CORRETA. Prosseguiremos à investi- que 1 cm, pois o risco de malignidade é definido pe-
gação com cintilografia de tireoide apenas nos pa- las características, e não pelo tamanho do nódulo!
cientes que apresentam nódulos tireoidianos asso- Sabe por que só puncionamos nódulos maiores que
ciados a um TSH suprimido, ou seja, naqueles que 1 cm? Esse cut-off é definido com base no risco de
possuem hipertireoidismo que pode ser explicado metástases. Nódulos pequenos, mesmo malignos,
pela presença de um nódulo funcionante, produtor têm baixíssimo risco de metástase, e os estudos
de hormônios tireoidianos. têm mostrado que a abordagem nos tumores sub-
Alternativa C: INCORRETA. As neoplasias tireoidia- centimétricos não tem impacto na sobrevida do pa-
nas geralmente são assintomáticas, muitas vezes ciente. Já os maiores que 1 cm têm maior risco de
“incidentalomas” em exames de imagem, sendo a metástase e devem ser abordados cirurgicamente,
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presença de sintomas sistêmicos rara ou bastante caso feito o diagnóstico de câncer.
tardia. A presença de nódulo de crescimento rápido, Alternativa C: INCORRETA. MICROcalcificação é a
fixo aos tecidos adjacentes, rouquidão ou paralisia característica mais relacionada com malignidade,
de cordas vocais, junto com presença de linfade- e não MACRO.
nomegalia adjacente, são sinais que sugerem ma- Alternativa D: INCORRETA. O tipo de vascularização
lignidade do nódulo tireoidiano. do nódulo também ajuda no raciocínio clínico (ape-
Alternativa D: INCORRETA. Os principais fatores de ris- sar de não estar comtemplado no TI-RADS). Do
co para o tipo histológico mais frequente de câncer menor para o maior risco: sem vascularização →
de tireoide – o papilífero – incluem exposição prévia vascularização periférica → vascularização central
à radiação em região cervical e história familiar de + periférica → vascularização central.
neoplasia de tireoide. Alternativa E: INCORRETA. Halo completo fala a favor
Alternativa E: INCORRETA. A presença de linfonodome- de benignidade.
galia cervical concomitante a um nódulo tireoidiano ✔ resposta: A
corrobora a hipótese de nódulo tireoidiano maligno,
já que a disseminação linfática é uma importante
forma de metastatização do carcinoma papilífero. Questão 5 dificuldade:
316
Bócio, nódulos e câncer de tireoide Cap. 11
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importante ferramenta na investigação de altera- tumorais em papilas, sendo o tipo mais comum e
ções anatômicas da glândula, sendo utilizada como menos maligno.
propedêutica inicial na grande maioria dos casos.
Alternativa B: INCORRETA. O carcinoma metaplásico
Alternativa E: INCORRETA. A classificação Bethesda é incomum na tireoide, estando mais presente no
VI (malignidadé indicativa de tireoidectomia). câncer de mama; entretanto, não é o que possui
✔ resposta: B maior gravidade.
Alternativa C: CORRETA. O tipo mais agressivo e gra-
dificuldade:
ve de câncer da tireoide é o carcinoma anaplásico.
Questão 6
Alternativa D: INCORRETA. O carcinoma folicular é
Y Dica do professor: Questão que aborda a investi- o segundo mais comum e está relacionado com
gação de nódulos da tireoide. Temos uma paciente a deficiência de iodo; apesar de ser grave, possui
com um nódulo de 0,9 cm, misto, com TSH e T4 livre altas taxas de cura.
normais. Iniciamos a avaliação pelo TSH: como ele
✔ resposta: C
não está baixo, não precisamos investigar se o nó-
dulo é hiperfuncionante através de cintilografia, e
analisamos os achados ultrassonográficos. A partir Questão 8 dificuldade:
dela, tomamos a decisão de puncionar o nódulo ou
não. Vamos às alternativas: Y Dica do professor: Questão que aborda a investi-
gação de nódulos da tireoide. Temos uma paciente
Alternativa A: INCORRETA. Não precisamos realizar
com um nódulo de 0,9 cm; misto; com TSH e T4 li-
a investigação de funcionalidade, já que o TSH é
vre normais. Iniciamos a avaliação pelo TSH: como
normal.
ele não está baixo, não precisamos investigar se o
nódulo é hiperfuncionante através de cintilografia
317
Bócio, nódulos e câncer de tireoide Endocrinologia
(ele provavelmente não o é), e realizamos avaliação ser um tumor neuroendócrino, pode secretar subs-
ultrassonográfica. A partir dela, tomamos a decisão tâncias bioativas, entre elas a calcitonina, (principal
de puncionar o nódulo ou não. Vamos às alternativas: marcador e produzida pelas células C), ACTH, VIP,
Alternativa A: INCORRETA. Não precisamos realizar CEA, serotonina…
essa investigação, devido à normalidade do TSH, ✔ resposta: D
que já indica que o nódulo não é hiperfuncionante.
Alternativa B: INCORRETA. Tireoidectomia sem uma
avaliação histológica prévia? Não parece razoável,
certo?
Alternativa C: INCORRETA. Aqui está a dificuldade
da questão: nódulo de 9 mm (0,9 cm) não requer
avaliação por PAAF, apenas acompanhamento. O
ponto de corte que utilizamos é de 1 cm.
Alternativa D: CORRETA. Acompanhamento é a me-
lhor conduta aqui.
✔ resposta: D
Questão 9 dificuldade:
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conhecer a categoria diagnóstica Bethesda para
laudos citopatológicos de tireoide. Vejamos a seguir:
I: Amostra não diagnóstica.
II: Benigno
III: Atipias de significado indeterminado
IV: Suspeito de neoplasia folicular
V: Suspeito de malignidade
VI: Maligno
O manejo clínico para a categoria Bethesda I e III é
repuncionar em 3 a 6 meses.
✔ resposta: A
Questão 10 dificuldade:
318
Capítulo
PARATIREOIDE
12
importância/prevalência
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u Hipoparatireoidismo
• Laboratorialmente, manifesta-se com redução de PTH + HIPOcalcemia + HIPERfosfatemia (inverso do
hiperparatireoidismo primário)
• As manifestações clínicas relacionadas à redução do cálcio envolvem a hiperexcitabilidade neuromuscular,
como: parestesias, espasmos musculares, cãibras, tetania e convulsões, além dos Sinais de Chvostek
e Trousseau.
• O tratamento é clínico. Nos pacientes estáveis, com reposição oral de cálcio e calcitriol (vitamina D ativa);
já nos casos graves, a reposição de cálcio é endovenosa.
u Doença de Paget
• Hiperativação dos osteoclastos, causando aumento do turnover ósseo de forma desorganizada e caótica.
• Pode ser monostótica (1/3 dos casos) ou poliostótica (2/3 dos casos).
• Se a questão mostrar alteração no cálcio, fósforo e/ou PTH – a resposta não será Doença de Paget!
319
Paratireoide Endocrinologia
2. COMPOSIÇÃO DO OSSO
[ BASES DA MEDICINA
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O osso é composto por uma parte orgânica de matriz (a): fêmur; (b): corte no colo femoral; (c): visualização radiográfica
de colágeno (35%) e outra inorgânica (65%) formada por de corte axial; (d): aspecto do osso trabecular; (e): aspecto do osso
cortical.
cálcio, fosfato e magnésio que se organizam em cris-
Fonte: Acervo Sanar.
tais de hidroxiapatita. Conforme a organização desses
componentes, classificamos 2 regiões ósseas (Figura 1):
W Cortical: região densa e compacta, constitui a parte
externa das estruturas esqueléticas. Sua principal fun- [ BASES DA MEDICINA
ção é fornecer resistência e proteção mecânica, mas
pode participar de respostas metabólicas, principal- Resumimos a distribuição dos minerais e suas funções
mente quando há déficit mineral grave ou prolongado. “extraósseas” na Tabela 1:
• Sinalização celular
Cálcio 99% 1% <1%
• Contração muscular
• Tampão
Fósforo 85% 15% <1% • Transporte e armazenamento de energia
• Reações de fosforilação enzimática
320
Paratireoide Cap. 12
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DICA
Não confunda os conceitos: quan-
do falamos que laboratorialmente o cálcio 4.1. PTH
total é suscetível ao valor da albumina, não
quer dizer que todo o cálcio esteja ligado
à albumina.
BASES DA MEDICINA
O pH sérico também altera a ligação do cálcio na O principal regulador do cálcio é o paratormônio (PTH),
que é proveniente de 4 pequenas estruturas localizadas
albumina, mudando os valores de Cai:
posteriormente a cada polo da tireoide, chamadas de
u A acidemia reduz a afinidade do cálcio pela al- paratireoides. Essas glândulas possuem sensores de
bumina, aumentando o Cai (uma dica é pensar cálcio e, portanto, têm a capacidade de “sentir” a calcemia
que a acidez está “dissolvendo” o cálcio que está e ajustá-la, quando necessário.
ligado às proteínas).
u A alcalose aumenta a afinidade do cálcio pela O paratormônio (PTH), produzido pelas paratireoi-
albumina, reduzindo o Cai. des, é o principal regulador da calcemia (Figura 2).
321
Paratireoide Endocrinologia
Figura 2. Ações do PTH. ele ativa o osteoblasto, que, através do RANK ligante,
ativa os osteoclastos. Com esse processo, o PTH
promove a remodelação óssea, ou seja, a formação
de osso novo (estímulo do osteoblasto) e o cata-
bolismo de osso “velho” (ativação de osteoclasto).
No entanto, como o osso novo tem menos cálcio e
fósforo que no osso “velho”, há um balanço negativo
ósseo dos minerais que irão para o sangue.
4.1.3. A
ções do PTH no intestino
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tão importante que, em situações de baixa ingesta
Na Figura 2, fica evidente que a principal ação do de cálcio, há elevação compensatória do PTH (uma
PTH é aumentar a calcemia. Ele ativa o turnover das causas de hiperparatireoidismo secundário).
ósseo, aumentando a reabsorção de cálcio renal
e, indiretamente, a absorção de cálcio intestinal
(através da ativação da vitamina D). DIA A DIA MÉDICO
322
Paratireoide Cap. 12
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Fonte: Acervo Sanar.
323
Paratireoide Endocrinologia
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vid-19, mas a dose terapêutica se aproxima
da dose tóxica.
DICA
As principais manifestações da
toxicidade de hipervitaminose D são hi-
percalcemia, hipercalciúria, nefrolitíase,
calcificações vasculares e desidratação
DIA A DIA MÉDICO com insuficiência renal aguda. Geralmente,
esse quadro ocorre com níveis de 25 (OH)
A deficiência grave da vitamina D pode levar até ao raqui- vitamina D acima de 100 ng/mL.
tismo, em que os principais achados são:
W Hipofosfatemia.
W Déficit ponderoestatural.
W Fraqueza muscular.
W Deformidades ósseas.
W Convulsões (discutiremos mais detalhes quan-
do explorarmos o diagnóstico diferencial das
hipocalcemias, em hipoparatireoidismo).
324
Paratireoide Cap. 12
HIPERPARATIREOIDISMO
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1. CONCEITOS W Insuficiência renal crônica.
W Baixa ingesta de cálcio.
O Hiperparatireoidismo (HP) é caracterizado pela W Uso de diuréticos.
secreção inapropriadamente elevada do parator-
mônio (PTH). A disfunção na paratireoide pode ser: Apesar de ser uma resposta fisiológica, o PTH
cronicamente elevado promove a reabsorção de
u Primária: o Hiperparatireoidismo Primário (HPP)
cálcio do osso e, portanto, deixa o osso mais frágil.
caracteriza-se pela secreção autônoma de PTH,
resultando em hipercalcemia. Nessa forma, os u Terciária: quando as paratireoides ficam tanto
níveis de PTH são altos ou inapropriadamente tempo em hiperparatireoidismo secundário que
normais (devido ao feedback negativo com o acabam ganhando autonomia, ou seja, mesmo
cálcio, fisiologicamente, a hipercalcemia iria su- que o fator causal seja corrigido, as paratireoides
primir o PTH, níveis normais indicam secreção mantêm hipersecreção de PTH. Ao se tornarem
inapropriada do hormônio). autônomas, as glândulas perdem a regulação
u Secundária: aumento do PTH em resposta a al- exercida pelo cálcio e acabam levando à hipercal-
gum fator que reduza a calcemia, ou seja, é uma cemia. A principal etiologia é a insuficiência renal
resposta fisiológica exacerbada para correção da crônica – mais detalhes no módulo de nefrologia.
calcemia. As principais causas são:
A partir de agora, vamos detalhar a forma primária
W Deficiência de vitamina D.
de hiperparatireoidismo.
325
Paratireoide Endocrinologia
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Fonte: Acervo Sanar.
DICA
Uma manifestação pouco comum, assunto também muito explorado em concursos
mas que vem aparecendo em provas, é a – vamos detalhá-lo melhor quando entrarmos na
ceratopatia em banda, um tipo de calcifi-
hipocalcemia, que leva ao aumento do intervalo QTc.
cação corneana.
Quadros mais graves podem complicar com crise
hipercalcêmica, caracterizada por alguns destes
A alteração eletrocardiográfica mais associada à 4 critérios:
hipercalcemia é o encurtamento do intervalo QTc,
326
Paratireoide Cap. 12
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NALMENTE o terço distal do rádio, que tem Figura 6. Osteíte fibrosa.
maior quantidade de osso cortical, sendo
mais sensível para detectar às alterações
ósseas do HPP!
DICA
Não confunda o cut-off diagnóstico
de baixa massa óssea para idade, que é ≤
– 2, com o de osteoporose, que é ≤ – 2,5.
327
Paratireoide Endocrinologia
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Figura 8. Reabsorção óssea.
Evidência radiológica de Reabsorção óssea na radiografia (A) e cintilografia (B). Radiografia com aparência típica de “sal e pimenta” (C) e
aspecto normal após tratamento (D).
Fonte: Jeoung4.
328
Paratireoide Cap. 12
DICA
Os mais apegados aos conceitos 4. A BORDAGEM DIAGNÓSTICA
fisiológicos devem estar se questionando:
se PTH aumenta a reabsorção do cálcio
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no rim, por que no hiperparatireoidismo há 4.1. AVALIAÇÃO DA CALCEMIA E DO PTH
HIPERcalciúria!? Simples: a calcemia é tão
alta que a reabsorção promovida pelo PTH O primeiro passo é avaliar se há aumento do cálcio
não é suficiente para compensar o excesso
total acima do limite superior da normalidade para
de cálcio que está passando pelo filtrado
o método, que geralmente é > 10,5 mg/dL, corrigido
glomerular. A combinação de HIPERcal-
ciúria e HIPERfosfatúria (PTH aumenta ex-
pela albumina.
creção do fósforo) transforma o rim numa Classificamos a hipercalcemia em:
verdadeira “pedreira”! u Leve: 10,6 a 12 mg/dL.
u Moderada: 12 a 14 mg/dL.
u Grave: > 14 mg/dL.
3. A LTERAÇÕES LABORATORIAIS
DICA
Não se esqueça de corrigir o valor
No hiperparatireoidismo primário, podemos encon- do cálcio total em situações de hipoalbu-
minemia. Relembrando a fórmula:
trar a fosfatemia baixa ou no limite inferior da nor-
malidade, com fosfatúria normal ou discretamente W Cálcio corrigido = Cálcio total mensura-
aumentada. do + 0,8 x (4 – albumina).
329
Paratireoide Endocrinologia
Hipercalcemia
PTH
Fração de excreção
de cálcio <1%
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Fonte: Elaborado pelo autor.
330
Paratireoide Cap. 12
DICA
Atenção a cada etapa do fluxogra-
ma de investigação. Para o diagnóstico
de HPP, é fundamental o cálcio alto. Mas
distúrbios como baixa ingestão de cálcio
ou deficiência de vitamina D podem estar
“compensando” o estímulo hipercalcêmico
do PTH; assim, para definir realmente se
estamos diante do hiperparatireoidismo
primário “compensado” ou secundário, a
própria baixa ingesta de cálcio ou deficiên-
cia de vitamina D, é necessário primeiro
corrigir esses distúrbios: a reposição com
o colecalciferol/cálcio, para redosar os pa-
râmetros metabólicos, e só depois definir
a investigação de hiperparatireoidismo.
Etiologia
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(PTH > 30 pg/mL) Hipercalcemia induzida por lítio
Doença granulomatosa
Hipertireoidismo
Feocromocitoma
Endocrinopatias
PTH independente VIPoma
(PTH ≤ 30 pg/mL)
Insuficiência adrenal
Imobilização
331
Paratireoide Endocrinologia
Caso seja identificado um padrão de hipercalcemia que é a principal etiologia nos pacientes internados
PTH-independente, deve-se investigar a possibilidade (identificada em até 30% dos pacientes oncológicos)
de neoplasia/hipercalcemia da malignidade (Quadro 2), e segunda maior causa de hipercalcemia.
Mecanismo
Cânceres associados Fisiopatologia
(prevalência)
Hipercalcemia
Mama, próstata, mieloma, leucemias Invasão óssea pelo tumor → Produção de citocinas inflama-
osteolítica
e linfomas tórias → Reabsorção óssea → Liberação de cálcio
local (15%)
Secreção
ectópica tumoral Muito raro Produção de PTH (não confunda com o PTHrp)
de PTH (<1%)
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DICA
Repare que o mecanismo de hiper- 4.2. ETIOLOGIAS PTH-DEPENDENTES
calcemia por “Secreção ectópica de PTH”
é, na verdade, PTH-dependente. No entan-
O adenoma único de paratireoide é a etiologia mais
to, é tão raro que a gente acaba generali-
zando que hipercalcemia da malignidade frequente de HPP. A segunda causa mais comum
= PTH-independente. Para ter uma ideia, de HPP é a hiperplasia das paratireoides, que geral-
se você encontrar o PTH e cálcio altos em mente está associada às neoplasias endócrinas
um paciente com câncer, é mais provável múltiplas (NEM) tipo 1 e 2A – Quadro 3.
o câncer estar associado a HPP do que o
tumor ser secretor de PTH!
DICA
Não há diferença no exame histo-
patológico entre hiperplasia e adenoma.
Hiperparatireoidismo Hiperparatireoidismo
Hábito marfanoide
(Hiperplasia de paratireoide) (Hiperplasia de paratireoide)
332
Paratireoide Cap. 12
DICA 5. TRATAMENTO
Repare que o NEM2B não tem aco-
metimento de paratireoide, estando aqui
somente para revisar com você as diferen-
ças de cada tipo de NEM. 5.1. CRISE HIPERCALCÊMICA
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cálcio, que é < 1% na HHF.
DICA
FECa = Ca urinário x Cr plasma/Ca
plasma x Cr urinária.
333
Paratireoide Endocrinologia
Furosemida
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Tabela 2. Medidas para crise hipercalcêmica.
Conduta Dose
Corticoides
*indicados para tratamento das etiologias Dexametasona 2-4 mg/dia; Prednisona 20-40 mg/dia
que cursem com produção de calcitriol, ou equivalente
como linfomas, mieloma e sarcoidose.
Fonte: Modificado de Matfin7.
334
Paratireoide Cap. 12
Alguns pontos importantes para levar para a prova u Os bifosfonatos são contraindicados para o tra-
(e para a vida): tamento de osteoporose se Taxa de Filtração
u NUNCA inicie furosemida antes de restaurar o Glomerular (TFG) < 30 mL/min, mas na crise hi-
volume intravascular do paciente; portanto, o percalcemia não há essa limitação e podem ser
soro fisiológico deve sempre vir antes. administrados independente da TFG.
u Os pacientes podem desenvolver taquifilaxia u Os bifosfonatos podem ser repetidos em caso
para calcitonina após 24 a 48 horas; por isso, a de refratariedade, mas é preciso aguardar alguns
terapia é limitada a esse período. dias; no caso do palmidronato, no mínimo 7 dias
(idealmente 15 dias), e o ácido zolendrônico já
pode ser feita uma nova dose após 3 dias.
DICA
Lembra o que é taquifilaxia? Não
confundam com “ANAfilaxia”. A TAQUIfila- 5.2. TRATAMENTO CIRÚRGICO
xia é o esgotamento do efeito terapêutico
de um medicamento pela repetição das Este é o tratamento de escolha para pacientes
doses. sintomáticos (crise hipercalcêmica; manifestações
ósseas e renais).
u As medidas com efeito mais rápido é o próprio
soro fisiológico e a calcitonina; apesar dessa úl-
DICA
tima não ser tão potente quanto os bifosfonatos, Importante: pacientes com achados
a administração de calcitonina e solução salina laboratoriais ou radiológicos, como nefroli-
tíase (assintomática) ou osteoporose, não
consegue reduzir as concentrações de cálcio
se enquadram como sintomáticos.
sérico em 12 a 48 horas, tirando o paciente da
emergência. O bisfosfonato só terá impacto
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significativo em reduzir a calcemia entre o 2º e
Se o paciente for assintomático, é indicado o tra-
o 4º dia, mantendo o controle atingido após as
tamento cirúrgico na presença de algum dos 5
primeiras medidas.
critérios da Quadro 4:
Se indicada a cirurgia, é sugerido localizar a parati- u SPECT com Tc99m-Sestamibi [técnica que as-
reoide doente no pré-operatório, a fim de “facilitar socia cintilografia à tomografia por emissão de
a vida do cirurgião”. fótons únicos (SPECT)].
Os principais exames localizatórios são:
u Ultrassonografia de paratireoide.
u Cintilografia com sestamibi (Figura 9).
335
Paratireoide Endocrinologia
DICA
Apesar dos exames auxiliarem no
intraoperatório, é importante ter em mente
que não fazem diagnóstico, e a indicação
cirúrgica não depende deles.
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Note a hipercaptação no polo inferior esquerdo do paciente.
Fonte: Denmeade et al.8
Através dos exames localizatórios, além de identifi- técnica minimamente invasiva se a glândula acometida
car a glândula acometida pelo adenoma, é possível pelo adenoma foi localizada no pré-operatório.
avaliar a possibilidade de hiperplasia das parati- Se não for possível a localização do adenoma (ou em
reoides. casos duvidosos), pode-se fazer a dosagem de PTH no
intraoperatório (tempos 0, 5, 10, 15 minutos após a reti-
rada da glândula suspeita). Deve-se garantir que houve
queda de pelo menos 50% do valor do PTH (com relação
DIA A DIA MÉDICO
ao nível mais alto, colhido antes da retirada da glândula),
pois esse achado tem boa acurácia para avaliar a efeti-
A cirurgia proposta na maioria dos casos é a retirada cirúr- vidade da cirurgia.
gica do adenoma hipersecretor (paratireoidectomia), com
336
Paratireoide Cap. 12
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mos acender o fogo para preparar a comi-
da; se FALTA fósforo, vou ter fome (óssea).
Além do tratamento das complicações, uma série de xivitamina D de pelo menos 20 ou 30 ng/mL. A
medidas deve ser recomendada aos pacientes que deficiência de vitamina D estimula a secreção de
não se submetem à cirurgia, incluindo as seguintes: PTH e a reabsorção óssea e, portanto, é deletéria
u Realizar atividade física para minimizar a reab- em pacientes com HPP.
sorção óssea. u Evitar fatores que podem agravar a hipercalce-
u Hidratação adequada (pelo menos 6 a 8 copos mia; se possível, evitar diurético tiazídico e car-
de água por dia) para minimizar o risco de ne- bonato de lítio, desidratação, repouso prolongado
frolitíase. ou inatividade na cama e dieta rica em cálcio (>
1000 mg/dia).
u Ingestão moderada de vitamina D (400 a 800
UI/dia) para manter um nível sérico de 25-hidro-
337
Paratireoide Endocrinologia
DICA
Cuidado com a recomendação de
cálcio na dieta – a ingestão não pode ser
baixa, pois uma dieta pobre em cálcio pode
levar a aumentos adicionais na secreção
de PTH e pode agravar a doença óssea.
No entanto, se crise hipercalcêmica ou a
etiologia da hipercalcemia for por intoxi-
cação por vitamina D ou calcitriol, mesmo
a ingestão moderada de cálcio pode exa-
cerbar a hipercalcemia ou hipercalciúria.
Nessa situação, é sugerida a restrição de
cálcio (<800 mg/dia).
HIPOPARATIREOIDISMO
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u
inapropriadamente baixa do paratormônio (PTH),
percussão do tronco do nervo facial (Figura 10).
que leva à hipocalcemia e hiperfosfatemia.
u Trousseau: contração espasmódica da muscula-
tura do membro superior após compressão por
manguito de tensiômetro, 20 mmHg acima da PA
2. M ANIFESTAÇÕES
sistólica, durante 3 minutos (Figura 10).
CLÍNICO-RADIOLÓGICAS
Figura 10. Sinais semiológicos de hipocalcemia.
As manifestações do hipoparatireoidismo tanto
podem ser relacionadas à hipocalcemia como tam-
bém pelo aumento do duplo produto cálcio e fósforo,
devido à elevação do fósforo sérico.
2.1. HIPOCALCEMIA
338
Paratireoide Cap. 12
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manifestações, tais como:
u Pele seca, cabelos grossos, unhas quebradiças.
u Hipoplasia dentária (instalação na infância).
u Papiledema/hipertensão intracraniana.
u Alterações de marcha/parkinsonismo.
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Paratireoide Endocrinologia
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Destruição Congênito
Hipocalcemia
Pós-op Imune
Pseudohipoparatireoidismo
Deficiência vitamina D e
PTH alto insuficiência renal
Hipomagnesemia
Fonte: Di Maio10.
340
Paratireoide Cap. 12
Hipoparatireoidismo
Paratireoide normal
Insuficiência renal.
Hipovitaminose D.
Redução da excreção renal Raquitismo hipocalcêmico dependente de vitamina D tipo 1.
Acromegalia (antigamente uma das maneiras de se fazer diagnóstico
de acromegalia era através de clearance reduzido de fósforo).
Depósitos de cálcio em
Lise tumoral e rabdomiólise (fase inicial); transfusões e drogas (foscanet).
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locais indevidos
Má absorção intestinal Cirurgia gastrointestinais; intestino curto; dieta muito restritiva; alcoolismo.
3.2.1. Causas de hipocalcemia com PTH alto u Resistência da ação da vitamina D: raquitismo
hipocalcêmico dependente de vitamina D tipo 2.
As causas de hipocalcemia deste grupo não têm
u Falha na ativação da vitamina D: insuficiência
relação com as paratireoides, ou seja, elas estão
renal e raquitismo hipocalcêmico dependente
preservadas, inclusive mais ativas, uma vez que,
de vitamina D tipo 1.
pela falta do feedback negativo do cálcio (já que
ele está baixo) as glândulas estão aumentando a
sua secreção do paratormônio.
DIA A DIA MÉDICO
Resumidamente, vamos encontrar neste grupo
situações que levem a: No raquitismo as manifestações ósseas (Figura 13) são
u Baixa absorção do cálcio intestinal. graves devido ao fósforo corporal baixo, já que ocorre
espoliação urinária mediada pelo aumento de PTH. Lem-
u Resistência na ação do PTH (pseudo-hipopara- bre-se de que a hidroxiapatita óssea é praticamente toda
tireoidismo e hipomagnesemia). formada por cálcio e fósforo; assim, se os 2 estão baixos,
u Deficiência de vitamina D a formação óssea fica bastante prejudicada!
341
Paratireoide Endocrinologia
Figura 13. Manifestação clínica e A hipocalcemia neonatal também pode ser relacio-
radiológica do raquitismo. nada ao hipoparatireoidismo. Nesses casos, as más
formações da paratireoide (agenesia, hipoplasia e
Síndrome de DiGeorge) devem ser avaliadas, embora
muitos casos sejam idiopáticos.
Já em crianças, devemos investigar desordens
autoimunes, com destaque para a síndrome poli-
glandular autoimune tipo 1.
4. TRATAMENTO
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reposição são:
mais comuns de hipoparatireoidismo. Felizmente,
a maioria dos casos são transitórios. u Carbonato de cálcio (CaCO3): necessita da acidez
gástrica para ser absorvido.
u Lactogliconato de cálcio + CaCO3 (Calcium San-
DICA
Geralmente, o hipoparatireoidismo doz): depende menos da acidez gástrica para
não é causado pela retirada inadvertida das ser absorvido.
paratireoides, e sim pelo “atordoamento”
das paratireoides em parte relacionada à
u Citrato de cálcio (Miocalven): independe da aci-
alteração na vascularização. dez gástrica para a absorção.
Também utilizamos o outro hormônio que aumenta
calcemia: a vitamina D.
Caso o paciente apresente hipoparatireoidismo fora
Mas como a vitamina D vai exercer os efeitos cal-
do contexto do pós-operatório, devemos avaliar a
cêmicos se não tenho o PTH para ativá-la? Nas
possibilidade de doenças infiltrativas e de hipo-
situações de hipoparatireoidismo, é necessário
magnesemia.
administrar a vitamina D ativada, ou seja, já “1-alfa-
-hidroxilada”. Para isso, temos 2 possibilidades:
0,25 a 2 µg/dia de calcitriol, VO → Vitamina D ativa,
DICA
O magnésio pode levar à hipocalce- u
mia por 2 mecanismos: redução da ação do já com as 2 hidroxilações: 1-alfa e 25-hidroxilase.
paratormônio, levando à sua resistência, o
que faria o PTH ficar alto e o cálcio baixo
u 0,5 a 5 µg/dia de alfacalcidol (1α hidroxivitamina
(mecanismo similar ao da resistência à D3) VO → Vitamina D com a 1-alfa-hidroxilação,
ação da insulina no DM2), mas em casos só faltando a ativação da 25-hidroxilase hepáti-
graves (Mg < 1 mg/dL) pode reduzir sua ca, que não é mediada pelo PTH.
secreção; PTH e o cálcio baixos.
342
Paratireoide Cap. 12
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Lab de admissão: Cálcio total e albumina; Cálcio iônico;
Ureia e creatinina; Magnésio e fósforo; T4 livre e TSH; PTH Sala de emergência/UTI
343
Paratireoide Endocrinologia
5. M APA MENTAL
Atenção ao pós-operatório de cirurgia na região
cervical, pois os pacientes podem complicar com
No Mapa mental 2, resumimos as principais infor-
crise hipocalcêmica mesmo em situações de
mações sobre o hipoparatireoidismo.
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Paratireoide Cap. 12
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Tratamento
(Hipocalemia Crônica)
Tratamento
(Crise Hipocalêmica) TRATAMENTO
Gluconato de Cálcio
EV/bolus
Cálcio corrigido
345
Paratireoide Endocrinologia
Diuréticos/ Neoplasias
Alcoolismo/
Aminoglicosídeos/
Desnutrição/ Infiltrativa/
Anfotericina B/
Diabetes Mellitus Destrutiva
Ciclosporina
Acumulo de metais
(Fe, Cu)
Farmacologica Doenças Crônicas
Síndrome Poliglandular Candidíase Mucocutânea
Autoimune
Autoimune (SPA 1) (1 a manifestação)
Hipomagnesia
Hipoxia periparto
Prematuros
Resistência à
ação do PTH Pseudo-hipoparatireoidismo Rara
Associados à calcificação
dos ganglios da base
Hipoparatireoidismo (HPT)
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Parksonismo
Coreia
Pele seca, cabelos Hipoplasia
grossos dentária
Disartria
Convulsões
Prolongamento
Hipocalemia Ondas
Segmento ST
aguda T anormais
e intervalo QT)
Broncoespasmo
Parestesias (Periférica
QT prolongado Cãimbras Tetania latente
e Perioral)
Tetania
Cãimbras Tetania latente
Laringoespasmo
346
Paratireoide Cap. 12
DOENÇA DE PAGET
[ BASES DA MEDICINA
DICA
Apesar de a doença ser primaria-
mente causada pela hiperativação dos os-
Apesar de pouco conhecida, essa doença tem alta pre-
teoclastos (ou seja: REABSORÇÃO ÓSSEA),
valência, sendo estimada em 2% da população branca
usamos os marcadores de formação para
acima de 55 anos e 8% dos idosos com mais de 80 anos!
acompanhamento, pois o principal marca-
dor de reabsorção é o CTX. No entanto, no
Paget, a fração alfa do CTX está elevada,
A Doença de Paget é causada pela hiperativação
mas o ensaio laboratorial disponível na prá-
dos osteoclastos, com aumento importante da reab- tica dosa a fração beta.
sorção e, consequentemente, da formação óssea. O
problema é que esse turnover ocorre muito rápido
e de forma desorganizada e caótica, resultando em Os principais achados dos pacientes sintomáticos
deformidades ósseas. estão listados no Quadro 7.
A Doença de Paget pode ser:
Quadro 7. Manifestações clínicas da Doença de Paget.
u Monostótica: acomete um osso específico (1/3
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dos casos). Dor óssea (sintoma mais comum)
u Poliostótica: acomete vários ossos do esqueleto Calor local (pela hipervascularização do osso)
(2/3 dos casos).
Insuficiência cardíaca de alto débito (também
O mecanismo ainda não está claro, mas as principais pela hipervascularização nos casos extensos)
teorias envolvem mecanismos genéticos e virais.
Deformidades ósseas (quadril, coluna,
crânio e ossos longos)
3. D IAGNÓSTICO
347
Paratireoide Endocrinologia
deformidades em ossos acometidos, pseudofra- estágios mais precoces, além de delimitar melhor
turas em locais de convexidade de ossos. quais são as regiões do esqueleto acometidas.
u Cintilografia: aumento de captação nos locais u Tomografia computadorizada de crânio: espes-
acometidos (Figura 14-B). É o melhor exame para samento da cortical (Figura 14-A).
identificar lesões ósseas da doença, mesmo em u Nos casos duvidosos, a biópsia óssea pode aju-
dar, mas raramente é necessária.
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Fontes: Ke, Kalawat13,14.
348
Paratireoide Cap. 12
REFERÊNCIAS
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3. Rai KM, Venkateswarlu S. Osteoclastoma. Indian J Radiol
Imaging. 2008 Feb;18(1):4–11. PMCID: PMC2766893.
4. Jeoung BN, Kim JM, Kang GE, Lim JH, Kim EH, Seo HA.
A First Case of Osteomesopyknosis in Korea. J Bone
Metab. 2015; 22(2): 83-6.
5. Melmed S, Polonsky KS, Larsen PR, Kronenberg H. Wil-
liams textbook of endocrinology. 12. ed. Philadelphia:
Saunders; 2012.
6. Vilar L, Kater CE, Naves LA, Freitas MC, Fleseriu M. Endo-
crinologia clínica. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koo-
gan; 2013.
7. Matfin G, MSc (Oxon), MB ChB, FACE, FACP, FRCP. Endo-
crine and Metabolic Medical Emergencies. Washington:
Endocrine Press; 2014.
8. Denmeade KA, Constable C, Reed WM. Use of (99m)Tc
2-methoxyisobutyl isonitrile in minimally invasive radiogui-
ded surgery in patients with primary hyperparathyroidism:
A narrative review of the current literature. J Med Radiat
Sci. 2013 Jun;60(2):58-66. doi: 10.1002/jmrs.14. Epub 2013
Jun 3. PMID: 26229609; PMCID: PMC4175803.
9. Calabrò RS, Spadaro L, Marra A, Bramanti P. Fahr's disease
presenting with dementia at onset: a case report and
literature review. Behav Neurol. 2014;2014:750975. doi:
10.1155/2014/750975. Epub 2014 Mar 12. PMID: 24803731;
PMCID: PMC4006620.
349
Paratireoide Endocrinologia
QUESTÕES COMENTADAS
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⮩ Hipercalemia. ⮧ Hipercalcemia.
⮨ Hipercalemia.
Questão 2 ⮩ Hipocalemia.
Questão 6
Questão 3
(FUNDAÇÃO DE BENEFICÊNCIA HOSPITAL DE CIRURGIA - SE – 2021)
(SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DA CAMPANHA - MS – 2021) Paciente do sexo masculino, 55 anos, é admitido na
São alterações laboratoriais mais frequentemente Urgência com quadro de confusão mental, emagreci-
encontradas em pacientes com hiperparatireoidis- do e bastante desidratado. Segundo acompanhante,
mo primário:
350
Paratireoide Cap. 12
ele vem evoluindo com perda de peso, inapetência, achados, assinale a alternativa que apresenta, cor-
náuseas e vômitos. Nos exames laboratoriais solici- retamente, o diagnóstico mais provável.
tados, constatou-se um cálcio sérico de 14 mg/dL
(VR 8,8 a 10,2 mg/dL), PTH de 280 pg/mL (VR 10 a ⮦ Hiperparatireoidismo primário normocalcêmico.
65 pg/mL), fósforo de 1,5 mg/dL (VR: 2,5 a 4,5 mg/ ⮧ Hiperparatireoidismo secundário à doença renal.
dL) e clearance de creatinina de 60 mL/min. Qual ⮨ Hiperparatireoidismo por deficiência de vitami-
é o diagnóstico mais provável? na D.
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e adrenal. Questão 10
⮩ Hipoparatireoidismo primário, gastrinoma e há-
(SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE – RJ – 2021) As paratireoi-
bito marfanoide.
des, os ossos, os rins e o intestino atuam no con-
trole da calcemia. Em relação ao metabolismo do
Questão 8 cálcio, é correto afirmar que o(a):
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UEL - PR - 2021) Paciente pro- ⮦ Hipercalcemia estimula a liberação do parator-
cura atendimento médico por nefrolitíase de repeti- mônio.
ção. Nega uso de qualquer medicação, bem como ⮧ Vitamina D estimula a reabsorção do cálcio nos
qualquer doença de base. Durante a investigação, rins.
os exames laboratoriais demonstraram PTH sérico ⮨ Vitamina D bloqueia o transporte de cálcio nos
discretamente elevado, com concentrações plas- ossos.
máticas de cálcio e fósforo normais, creatinina 0,9
⮩ Paratormônio estimula a reabsorção óssea de
mg/dL e vitamina D 34 ng/mL. Com base nesses
cálcio.
351
Paratireoide Endocrinologia
GABARITO E COMENTÁRIOS
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✔ resposta: A sa poliostótica, manchas cutâneas café-com-leite
e endocrinopatias hiperfuncionantes (puberdade
precoce, hipertireoidismo), o que também não se
Questão 2 dificuldade: adequa muito bem ao quadro da nossa paciente.
Y Dica do professor: Temos uma paciente que está ✔ resposta: B
internada para tireoidectomia devido a um carcino-
ma medular de tireoide, com história de hipertensão
Questão 3 dificuldade:
arterial de difícil controle, o que pode nos indicar
uma causa secundária, além de terem sido notados Y Dica do professor: A principal causa de hiperparati-
neuromas mucosos. Sempre que vemos achados reoidismo primário é o adenoma solitário esporádi-
muito diferentes no paciente, devemos tentar rela- co, em que apenas uma das paratireoides alberga a
cioná-los em um único problema. Aqui, podemos doença. A principal alteração laboratorial do hiper-
pensar na possibilidade de que a paciente tenha um paratireoidismo é a hipercalcemia. O fosfato sérico
quadro de neoplasia endócrina múltipla do tipo 2 está tipicamente reduzido no hiperparatireoidismo
(NEM2), na qual o indivíduo pode desenvolver o car- primário, pois o PTH estimula a excreção urinária
cinoma medular de tireoide, feocromocitoma (que de fosfato. Também pode haver hipomagnesemia,
explicaria a hipertensão arterial de difícil controle pois a hipercalcemia diminui a reabsorção tubular
ganglioneuromatose (que explicaria os neuromas renal de magnésio.
mucosos).
✔ resposta: A
Alternativa A: INCORRETA. A síndrome poliglandular au-
toimune tipo 1 apresenta como tríade clássica a can-
didíase mucocutânea crônica, o hipoparatiroidismo
352
Paratireoide Cap. 12
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(PTH), sem que haja um estímulo conhecido. A con- ✔ resposta: B
centração inapropriadamente alta do PTH leva ao
excesso de reabsorção renal de cálcio, aumento da dificuldade:
Questão 7
reabsorção intestinal de cálcio consequente à maior
produção de calcitriol, fosfatúria e ao aumento da Y Dica do professor: Também denominada de Síndro-
reabsorção óssea. Essas alterações produzem o me Wermer, a neoplasia endócrina múltipla tipo 1
perfil bioquímico de hipercalcemia e hipofosfate- consiste numa combinação de tumores a nível das
mia e levam às várias alterações características da paratiroides, do pâncreas endócrino e da hipófise
hipercalcemia crônica. Dentre as causas de HPP, anterior. Existem outras manifestações, não tão
o adenoma único de paratireoide é a mais comum comuns, mas podem fazer parte do quadro, tais
(75-85%), seguido pela hiperplasia de paratireoides como: tumores adrenocorticais, carcinoides, angio-
(10-20%), adenomas múltiplos (4-5%), e, raramente, fibromas faciais, colagenomas e lipomas.
o carcinoma de paratireoide. ✔ resposta: A
✔ resposta: D
Questão 8 dificuldade:
Questão 6 dificuldade:
Y Dica do professor: O hiperparatireoidismo primário
Y Dica do professor: Estamos diante de um paciente é caracterizado pela secreção aumentada de PTH
que apresenta um quadro de hipercalcemia, como pelas paratireoides anormais de maneira autônoma.
destacado no enunciado. Seu cálcio sérico é de A causa mais comum é o adenoma único das parati-
14mg/dL, e o PTH do paciente é de 280pg/mL, reoides, podendo ter o carcinoma das paratireoides
com hipofosfatemia e diminuição do cleareance como etiologia também, embora seja mais raro. O
de creatinina. quadro clínico pode se apresentar com sintomas de
353
Paratireoide Endocrinologia
hipercalcemia, como: letargia, fraqueza, confusão hiperparatireoidismo primário, já que este deveria
mental, anorexia, náuseas, vômitos, constipação, ter origem na própria glândula paratireoide.
poliúria, polidipsia. Há também o quadro caracte- Alternativa B: INCORRETA. A Osteodistrofia Hereditária
rístico de nefrolitíase de repetição por conta do au- de Albright é uma síndrome caracterizada pela pre-
mento da excreção urinária de cálcio. O laboratório, sença de baixa estatura, obesidade, calcificações
na maioria dos casos, apresenta cálcio elevado e subcutâneas, encurtamento dos metacarpos e me-
fósforo baixo, PHT elevado e função renal normal. tatarsos, entre outros. Está normalmente associada
Alternativa A: CORRETA. Paciente apresenta nefro- a alguns tipos de pseudo-hipoparatireoidismo, que
litíase de repetição com PTH elevado, o que leva se referem a desordens autossômicas dominantes
à principal suspeita: o diagnóstico ser hiperpara- caracterizadas pela resistência periférica ao para-
tireoidismo primário. Pode haver casos leves de tormônio.
hiperparatireoidismo normocalcêmico, embora Alternativa C: INCORRETA. A neurofibromatose do
ocorra hipercalcemia. tipo 1 é uma desordem autossômica dominante
Alternativa B: INCORRETA. Paciente apresenta valor caracterizada pela presença de neurofibromas,
de creatinina dentro dos valores de normalidade e manchas “café com leite” e associação com o feo-
sem sintomas adicionais que levem à suspeita de hi- cromocitoma.
perparatireoidismo secundário e insuficiência renal. Alternativa D: INCORRETA. A lesão iatrogênica das
Alternativa C: INCORRETA. Paciente não apresenta glândulas poderia ocasionar hipoparatireoidismo.
deficiência de vitamina D, sendo o ideal seu valor Alternativa E: CORRETA. A Neoplasia Endócrina Múl-
estar acima de 30. tipla tipo 2A (NEM 2A) é uma síndrome genética
Alternativa D: INCORRETA. É causado por mutações caracterizada pela presença de várias neoplasias
genéticas na via de sinalização do PTH. Se mani- endócrinas associadas ao paciente, manifestando-
festa clinicamente com hipocalcemia, altos níveis -se com hiperparatireoidismo primário, carcinoma
de PTH e hiperfosfatemia; além disso, pode se medular da tireoide e feocromocitoma.
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apresentar fenotipicamente com baixa estatura, ✔ resposta: E
obesidade, rosto redondo, hipoplasia dental, bra-
quimetacarpia, braquimetatarsia e calcificação/
ossificação de tecido mole. Questão 10 dificuldade:
Alternativa E: INCORRETA. Tipo de mutação genética
Y Dica do professor: A concentração de cálcio ex-
que não apresenta resistência hormonal ao PTH,
tracelular envolve vários mecanismos e hormônios,
mas que apresentam quadro clínico como obesi-
entre eles a absorção intestinal, excreção renal e a
dade, rosto redondo, hipoplasia dental, braquimeta-
captação ou liberação óssea, e são mediados por
carpia, braquimetatarsia e calcificação/ossificação
hormônios como PTH, vitamina D e calcitonina. O
de tecido mole.
objetivo desses hormônios é manter a calcemia em
✔ resposta: A torno de 8,5-10,5mg/dL.
Alternativa A: INCORRETA. O estímulo para a libera-
Questão 9 dificuldade:
ção de paratormônio é a hipocalcemia.
Alternativa B: INCORRETA. A vitamina D aumenta a
Y Dica do professor: O hiperparatireoidismo primá- absorção intestinal de cálcio, sendo ela um fator
rio é a principal forma de hiperparatireoidismo, re- importantíssimo na absorção do cálcio da dieta.
presentando uma causa comum de hipercalcemia.
Alternativa C: INCORRETA. Nos ossos, a vitamina D
Caracteriza-se pela secreção excessiva de para-
provoca a absorção óssea com liberação de cálcio
tormônio (PTH) e, em sua forma primária, indica
para a corrente sanguínea.
que a doença tem início na própria glândula. Para
resolução da questão, é importante conhecer as Alternativa D: CORRETA. O PTH estimula a reabsorção
principais etiologias associadas à doença. óssea através da ativação dos osteoclastos, levan-
do a liberação de cálcio para o líquido extracelular.
Alternativa A: INCORRETA. Por questão de prin-
cípio, a insuficiência renal não poderia causar ✔ resposta: D
354
Capítulo
HIPÓFISE
13
importância/prevalência
u Hipopituitarismo
• Conceito: deficiência de 1 ou mais hormônios da hipófise anterior e/ou posterior.
• A principal causa irreversível é tumoral. Outras causas: medicamentosa, traumas, radioterapias e Sín-
drome de Sheehan.
• Manifestações clínicas mais frequentes: hipogonadismo no adulto e déficit de crescimento na criança.
• Macroadenomas hipofisários podem apresentar sintomas compressivos: cefaleia, estrabismo e hemia-
nopsia bilateral.
• Tratamento: reposição hormonal. Se a causa for tumoral o tratamento inclui cirurgia e/ou radioterapia
dos tumores.
u Hiperprolactinemia
• A prolactina é o único hormônio da hipófise em que o principal mecanismo regulador é por inibição
hipotalâmica.
• Quadro clínico: galactorreia, irregularidade menstrual, infertilidade e osteoporose (devido ao hipogonadismo).
• Diagnóstico: hiperprolactinemia repetida e confirmada. Para fazer o diagnóstico de prolactinoma, é
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preciso excluir causas fisiológicas (gravidez, estresse, amamentação), farmacológicas, além de outras
condições clínicas associadas (hipotireoidismo e insuficiência renal).
• O tratamento padrão é medicamentoso, com agonistas dopaminérgicos (cabergolina ou bromocriptina).
A abordagem cirúrgica é de exceção.
u Acromegalia
• Conceito: hipersecreção autônoma do Hormônio do Crescimento (GH).
• Etiologia: adenoma hipofisário secretor de GH (somatotropinoma).
• Quadro clínico: alterações anatômicas, hemodinâmicas e metabólicas.
• Diagnóstico: IGF-1 alto; não supressão do GH durante teste com sobrecarga de glicose (75g de dextrose
= teste oral de tolerância à glicose).
• Tratamento: farmacológico (análogo da somatostatina) ou cirurgia (indicação absoluta se sintomas
compressivos).
355
Hipófise Endocrinologia
HIPOPITUITARISMO
Hipopituitarismo é a deficiência de 1 ou mais hor- A hipófise é composta por 2 regiões com funções
mônios da hipófise anterior ou posterior. Utilizamos e origem embrionária distintas:
o termo pan-hipopituitarismo quando há redução de u Anterior: local onde são produzidos os hormô-
todos ou, pelo menos, da maior parte dos hormônios. nios hipofisários regulados pelo hipotálamo – GH
(somatotrofina ou somatotropina); ACTH (corti-
cotrofina); LH; FSH; TSH e prolactina.
2. FISIOLOGIA u Posterior: porção que “armazena” ocitocina e
Hormônio Antidiurético (ADH), os quais já vêm
prontos do hipotálamo.
A fisiologia do eixo hipotálamo-hipófise (Figura 1) é
um dos assuntos mais fascinantes da medicina, e
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Fonte: Elaborada pelo autor.
DICA
Embora a hipófise seja conhecida e faz o “meio de campo” entre o sistema
como a “glândula maestrina”, o hipotálamo nervoso e o sistema endócrino através
quem “manda mesmo”. Ele está diretamen- dos seus neuro-hormônios, os quais geren-
te conectado ao sistema límbico, controle ciam o funcionamento hipofisário a partir
de temperatura, fome, sede e até a percep- de estímulos enviados pelo “sistema porta
ção do que é dia e noite (ciclo circadiano), hipofisário”, localizado na haste hipofisária.
356
Hipófise Cap. 13
Quadro 1. Principais ações de cada hormônio hipofisário e seu hormônio hipotalâmico regulador.
Hormônio hipotalâmico
Hormônio Ação
regulador
Hipófise anterior
Hipófise posterior
DICA
QUASE todos os hormônios hipo- entre hipófise e hipotálamo), não deixando
fisários (da parte anterior) têm seu prin- a dopamina chegar e bloquear a produção
cipal mecanismo regulatório através do de prolactina.
ESTÍMULO do hipotálamo (Quadro 1). A
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exceção é a prolactina, a qual a produção
nos lactotrofos (mamotrofos) hipofisários é u A ação de maior parte dos hormônios hipofisários
BLOQUEADA pela dopamina produzida pelo
ocorre de maneira indireta, através da produção
hipotálamo. Essa é a explicação para que
grandes tumores de hipófise (macroade-
hormonal de outras glândulas (Figura 2 e Figura
nomas), mesmo não sendo produtores de 3), com exceção da prolactina, que sai da hipó-
prolactina, podem aumentá-la, já que com- fise e age diretamente estimulando a lactação.
primem a haste hipofisária (comunicação
357
Hipófise Endocrinologia
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DICA
Um conhecimento “inútil”, mas co- têm maior mortalidade, principalmente devido ao aumento
brado em provas, é a coloração dos tipos do risco de doença cerebrovascular.
celulares da hipófise anterior. As células
com coloração acidófila são as produtoras
de prolactina e do hormônio do crescimen- u Os sintomas são decorrentes das deficiências de
to (GH), e as com coloração basófila são os LH-FSH/Testosterona-estrógeno, GH/IGF1, TSH/
tireotrofos, corticotrofos e gonadotrofos. T4, ACTH/cortisol e/ou prolactina (Figura 4). No
Uma maneira que utilizei para memorizar
adulto, o quadro clínico inicial mais frequente é o
foi associando células ácidas com “PH”
= Prolactina e Hormônio do crescimento hipogonadismo, enquanto na criança é o déficit
(não é a das melhores dicas, mas funciona). de crescimento.
u Pacientes com hipopituitarismo por macroade-
nomas hipofisários podem apresentar sintomas
compressivos:
W Cefaleia.
3. M ANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
W Hemianopsia bitemporal (perda da visão la-
teral) pela compressão do quiasma óptico).
W Estrabismo (compressão de NCIII, NCVI).
[ BASES DA MEDICINA
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Hipófise Cap. 13
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Fonte: Elaborada pelo autor.
359
Hipófise Endocrinologia
u Baixa massa óssea: deficiência gonadotrófica mecanismo é através das hipofisites, con-
e de GH. sideradas entidades raras de pan-hipopi-
tuitarismo; no entanto, com o advento da
imunoterapia como modalidade terapêu-
tica oncológica, o uso dos inibidores do
5. E TIOLOGIAS checkpoint tem sido cada vez mais frequen-
te, e uma das complicações mais importan-
tes é a hipofisite. As principais medicações
A principal causa do hipopituitarismo definitivo é relacionadas são:
tumoral, tanto por destruição da hipófise pelo tumor, W Anti-Receptor Programmed cell death
como também pelo seu tratamento (farmacológico, 1 (PD-1): pembrolizumabe, nivolumabe.
cirúrgico ou radioterapia). Existem outras deze-
W Anti-Receptor PD-1 ligand (PD-L1): ate-
nas de causas – dividimos nos Quadros 2 e 3, as
zolizumabe.
etiologias mais importantes de comprometimento
hipotalâmico e hipofisário, respectivamente. W Cytotoxic T-Lymphocyte-associated an-
tigen 4 (CTLA-4): ipilimumabe, tremeli-
mumabe.
Além da hipofisite, outra complicação en-
DICA
Entre as causas transitórias de hi- dócrina da imunoterapia é a tireoidite. Nes-
popituitarismo, destacam-se as etiologias ses casos, as manifestações e a aborda-
medicamentosas, principalmente os corti- gem são semelhantes à tireoidite subagu-
coides, que podem levar a bloqueio do eixo da, com a ressalva de evitar o uso de corti-
corticotrófico, tireotrófico e somatotrófico. coide em altas doses, pois pode prejudicar
Mas as medicações também podem levar a ação dessas medicações no tratamento
a lesões definitivas, e um dos principais oncológico.
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Quadro 2. Etiologias hipotalâmicas para hipopituitarismo.
DICA
Dentro do hipotálamo, ficam bem mica pode levar ao pan-hipopituitarismo,
próximas à regiões dos núcleos supraóp- com diabetes insipidus central e obesidade.
tico e paraventricular (que produzem ADH
e ocitocina) e a os núcleos médio basais
hipotalâmicos (neurônios do centro da sa-
ciedade); assim, uma única lesão hipotalâ-
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Hipófise Cap. 13
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Tuberculose, infecções fúngicas (pneumocistose,
Infecção Geralmente associada a imunodeficiências
aspergilose, histoplasmose), toxoplasmose
A prevalência dos adenomas hipofisários gira em tenha hipófise! Isso porque, se houvesse
tal situação, nunca poderia existir a forma
torno de 80 por 100.000 habitantes, sendo respon-
primária, pois haveria morte no período fe-
sáveis por até 10% de todas as neoplasias intracra- tal. Esta síndrome se refere a um defeito no
nianas. Por ordem de prevalência, temos: diafragma/assoalho da sela túrcica que per-
mite a herniação da membrana aracnoide
u Adenomas lactotróficos.
para a fossa hipofisária. Esse seria o local
u Adenomas clinicamente não funcionantes. em que a hipófise ficaria, mas, como surge
um “buraco”, literalmente a hipófise cai, fi-
u Adenomas somatotróficos – única linhagem em
cando suspensa pela haste que a comunica
que os macroadenomas são mais prevalentes (não ao hipotálamo (imagine a hipófise pulando
é à toa que fazem o “hormônio do crescimento”). de bungee jumping, tendo a corda presa ao
hipotálamo). O problema é que, devido a
u Adenomas corticotróficos.
essa distensão da haste, os hormônios re-
guladores hipotalâmicos têm dificuldade de
chegar à hipófise; portanto, ocorre pan-hipo-
DICA
Uma etiologia que geralmente cau- pituitarismo, mas com aumento da prolac-
sa confusão é a “síndrome da sela túrcica tina por falta da supressão dopaminérgica.
vazia”. Esse achado não significa que não
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Hipófise Endocrinologia
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feita avaliação anatômica da hipófise através da
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA de sela túrcica. 6.3. DEFICIÊNCIA DE PROLACTINA
6.1. D
EFICIÊNCIA DE GH (DGH)
DICA
Não esqueça da tríade clássica da
Geralmente, para fazer o diagnóstico é necessário Síndrome de Sheehan: agalactia + amenor-
fazer testes dinâmicos, pois o GH tem secreção reia + astenia (os 3 “As”). Em geral, uma das
queixas iniciais é justamente a incapacida-
pulsátil, e dependendo do momento em que for
de de amamentar, devido à deficiência da
avaliado, seu nível sérico pode se mostrar bastante prolactina.
reduzido, sem nenhum significado. Outra maneira
de fazer o diagnóstico é diante de um paciente que
apresente lesão hipofisária (ou no pós-operatório
de um tumor hipofisário), apresentando IGF1 e/ou
362
Hipófise Cap. 13
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A terapia de reposição dos hormônios sexuais é
indicada para:
0,05-0,07 μg/kg/d
17β estradiol Adesivo transdérmico 100-200 μg/d
0,08-0,12 μg/kg/d
Tópico – 1 a 4 aplicações em
Axeron® (testosterona 20 mg/mL) —
região axilar
HIPERPROLACTINEMIA
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1. CONCEITOS 2. FISIOLOGIA
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Hipófise Cap. 13
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gonadismo hipogonadotrófico são:
Dentre as causas patológicas, destaca-se o pro-
u Irregularidade menstrual: oligomenorreia, ame-
lactinoma e as doenças sistêmicas (insuficiência
norreia, ciclos anovulatórios.
renal e hipotireoidismo).
u Redução de libido, impotência, oligospermia.
u Infertilidade.
u Osteoporose. DICA
Algumas referências mais antigas
u Nas crianças, também pode ocorrer puberdade classificam em formas fisiológicas e pato-
central atrasada, pelo bloqueio do eixo gonado- lógicas (em vez de chamar de causas não fi-
trófico. siológicas). Nessa classificação, as formas
Os macroprolactinomas também podem gerar sin- farmacológicas estariam dentro do grupo
das fisiológicas, o que acaba confundindo
tomas compressivos:
bastante. Felizmente, essa classificação
u Alterações visuais. quase não é citada nos consensos atuais,
u Cefaleia mas fique de olho quando for treinar em
questões antigas.
u Hipopituitarismo.
365
Hipófise Endocrinologia
Causa Etiologia
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craniofaringeoma, meningioma, germinoma, metástases.
Lesões infiltrativas: sarcoidose, histiocitose, linfomas, hipofisites.
Radioterapia.
Aracnoidocele intrasselar (“sela vazia”).
Fonte: Adaptado de Melmed et al.5
366
Hipófise Cap. 13
5. I NVESTIGAÇÃO DE HIPERPROLACTINEMIA
Hiperprolactinemia
confirmada
Sinais clínicos de
hiperprolactinemia?
Não Sim
Pesquisa de
macroprolactina RM de sela túrcica
(pós PEG)
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Tratar
367
Hipófise Endocrinologia
Clorpromazina Moderado
Haloperidol Alto
Antipsicóticos, segunda geração
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Antidepressivos cíclicos
Nortriptilina Nenhum
Amitriptilina Baixo
Clomipramina Alto
Antidepressivos, SSRI
Verapamil Baixo
Metildopa Moderado
Analgésicos opioides Aumento transitório durante horas
Estrógenos Baixo
Fonte: Adaptado de Snyder6.
Caso o paciente esteja utilizando alguma das medi- u Suspender ou trocar a medicação e repetir a do-
cações do Quadro 5, a orientação deve ser: sagem, após 2 a 3 semanas.
368
Hipófise Cap. 13
5.4. 3
ª ETAPA - EXCLUIR OUTRAS Figura 5. Macroprolactina.
CAUSAS PATOLÓGICAS "NÃO
PROLACTINOMAS"
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u Doenças comprometendo hipotálamo e/ou has-
te hipofisária (perda do mecanismo inibitório da
dopamina):
u Tumores hipofisários não prolactinomas e tumores
não hipofisários: craniofaringeoma, meningioma,
Fonte: Acervo Sanar.
germinoma, metástases.
u Lesões infiltrativas: sarcoidose, histiocitose, lin- Outra causa de alteração laboratorial da prolactina
fomas, hipofisites. é o efeito gancho, o qual leva a um valor de PRO-
u Radioterapia. LACTINA FALSAMENTE BAIXA. Esse fenômeno
u Doenças sistêmicas: insuficiências renal e hepá- acontece quando há tanta prolactina que o anti-
tica (aumento do tônus dopaminérgico e redução corpo revelador não encontra o anticorpo de captura
da depuração). (Figura 6); assim, depois da etapa de lavagem da
amostra, o anticorpo revelador, por não estar aderido
u Aracnoidocele intrasselar (“sela vazia”).
ao anticorpo de captura, é perdido, e parece que não
tem nada de prolactina. Literalmente, o excesso
de prolactina “enGANCHA” na reação. Corrigimos
DICA
É fundamental, antes mesmo de a análise diluindo a amostra e, com isso, reduzi-
pedir os exames de imagem, avaliar a pos- mos a concentração da prolactina, possibilitando o
sibilidade de hipotireoidismo, insuficiência
encontro do revelador com o anticorpo de captura.
renal e hepática.
Pensamos em efeito gancho quando temos uma
dissociação radiológico/clínico-laboratorial, mas,
ao contrário do que ocorre na macroprolactina, aqui
369
Hipófise Endocrinologia
temos um paciente com macroadenoma associado Mais uma vez, para você não esquecer:
a sintomas relacionados à hiperprolactinemia; no u Macroprolactina = prolactina falsamente alta.
entanto, os valores de prolactina estão supreen- u Efeito gancho = prolactina falsamente baixa.
dentemente baixos.
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Fonte: Acervo Sanar.
5.6. 5ª ETAPA - INVESTIGAÇÃO Quase todos os prolactinomas são microadenomas (<1
DE PROLACTINOMA cm) e benignos (é muitíssimo raro ser maligno). Eles são
considerados os tumores hipofisários funcionantes mais
comuns, correspondendo a aproximadamente 30% a 40%
dos adenomas. É mais comum em mulheres, especial-
[ BASES DA MEDICINA mente entre as idades de 20 e 40 anos. São a segunda
principal causa de hiperprolactinemia não fisiológica, só
Os prolactinomas são tumores benignos originados dos perdendo para as causas farmacológicas.
lactotrofos hipofisários. A maioria são esporádicos e
surgem da expansão monoclonal de uma célula que
sofreu mutação somática; traduzindo, vieram “do nada”. Perceba que só na quinta etapa de investigação
Raramente podem ocorrer como parte da síndrome de chegamos no momento de definir se o excesso de
Neoplasia Endócrina Múltipla tipo 1 (NEM1), que tem prolactina é devido a um prolactinoma, e isso não é
herança autossômica dominante (no tópico acromegalia,
à toa. Alguns levantamentos mostram que até 10%
detalharemos mais sobre ela).
das pessoas têm tumor hipofisário sem repercussão
clínica; se pularmos etapas, corremos alto risco de
370
Hipófise Cap. 13
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tanto, aproximadamente 10% possuem também células e até reduzindo seu tamanho.
somatotróficas e, podem secretar GH. Não é coincidência
que essas duas células sejam acidófilas, ou seja, venham
da mesma linhagem histológica. 6.1. AGONISTAS DOPAMINÉRGICOS
371
Hipófise Endocrinologia
6.2. CIRURGIA
u Aumento do tamanho tumoral durante a gravidez,
sem resposta ao tratamento clínico.
Diferentemente dos outros tumores hipofisários,
a cirurgia é conduta de exceção, sendo indicada DICA
Quando indicada, a cirurgia tran-
somente em casos de: sesfenoidal é a modalidade cirúrgica de
escolha.
ACROMEGALIA
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DICA
1. CONCEITO É a única doença hipofisária em que
os MACROadenomas são maioria! Cushing,
prolactinoma e tumores não funcionantes
Síndrome decorrente da exposição crônica e exces- têm maior prevalência de MICROadenomas.
siva ao Hormônio de Crescimento (GH) e, conse-
quentemente, ao fator de crescimento semelhante
à insulina tipo 1 (IGF1). u Os adenomas geralmente são esporádicos (apa-
recem “do nada”), porém até 10% podem estar
associados a síndromes genéticas:
DIA A DIA MÉDICO
u NEM1: síndrome dos 3 “Ps”: pâncreas (tumores
neuroendócrinos), paratireoide (hiperparatireoi-
Por ser uma doença com aparecimento lento dos sintomas,
tem um atraso de quase 10 anos entre a apresentação dismo) e pituitária (tumores de hipófise).
e o diagnóstico. u McCune-Albright: mutação na proteína G esti-
mulatória que a torna constitutivamente ativa,
com aumento da secreção de diversos tipos de
hormônios, entre eles o GH.
2. E TIOLOGIAS
u Acromegalia familiar isolada: caracterizada por
mais de 2 casos de acromegalia na mesma famí-
Quase sempre (>95%) a acromegalia é causada por lia, é causada por mutação do gene AIP.
adenoma hipofisário secretor de GH (somatotropi-
noma), sendo mais de 70% macroadenomas.
372
Hipófise Cap. 13
u Complexo de Carney: caracterizado por lentigo, Figura 7. O “gigante” Golias – primeiro caso
nevos, Síndrome de Cushing por doença adreno- clínico publicado na história da medicina.
cortical nodular pigmentada primária (PPNAD),
mixomas cardíacos ou cutâneos.
DICA
Apesar de raro, o NEM1 foi o pri-
meiro caso clínico publicado na história de
medicina, sabia? Com certeza você já ouviu
falar, já que está publicado no livro mais lido
do mundo… A Bíblia – especificamente no
Velho Testamento, em Samuel, Capítulo 17,
versículo 12 ao 49. Como assim?! Foi o caso
do Golias, da história de “Davi e Golias”... O
Golias tinha NEM-1, na “publicação” está
claro: ele era gigante (acromegalia), tinha
comportamentos bizarros (hipoglicemia,
devido ao insulinoma no pâncreas), não
conseguiu ver quando Davi foi para o lado
dele jogar a pedra (hemianopsia bilateral
pelo macroadenoma – 70% das acrome-
galias são por tumores acima de 1 cm) e a
pedra conseguiu afundar o crânio dele (ob-
viamente, ele tinha hiperparatireoidismo).
Veja a Figura 7.
Fonte: Acervo Sanar.
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3. M ANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
[ BASES DA MEDICINA
373
Hipófise Endocrinologia
Mecanismo Manifestações
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Figura 8. Gigantismo.
[ BASES DA MEDICINA
374
Hipófise Cap. 13
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como cut-off para diagnóstico da acrome- realizaram a cirurgia, seja por chance de cura baixo,
galia durante o TTOG. Esse é um assunto adenomas irressecáveis sem comprometimento
controverso mesmo entre especialistas; neurológico/visual, risco cirúrgico elevado ou
portanto, valores intermediários (entre 0,4
mesmo recusa do paciente, o tratamento farma-
e 1 ng/mL) não serão cobrados nas provas.
cológico é a melhor opção. As principais classes e
seus mecanismos são apresentadas no na Tabela 3.
Após o diagnóstico hormonal, é solicitada a Resso-
nância Magnética (RM) de hipófise para avaliação
de tumor hipofisário.
Classe Medicamentos
Agonistas dopaminérgicos:
• Segunda linha. • Bromocriptina (Parlodel) 2,5 a 20 mg/dia VO.
• Agonista dos receptores D2. • Cabergolina (Dostinex) 0,5 a 3,5 mg/semana VO.
• Melhor resposta nos adenomas cossecretores de GH e
prolactina.
375
Hipófise Endocrinologia
Classe Medicamentos
INCIDENTALOMAS HIPOFISÁRIOS
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1. CONCEITO 3. M ANEJO
Incidentaloma hipofisário é a lesão detectada em A estratégia que utilizaremos para abordagem diag-
um estudo de imagem realizado por outras razões nóstica e terapêutica dependerá do tamanho da
que não uma investigação de doença na hipófise. lesão:
Será um capítulo muito curto, pois a maior parte u Incidentalomas hipofisários ≥ 10 mm:
dos conhecimentos necessários para manejar os W Avaliação de campo visual: clinicamente e por
incidentalomas já temos. Mas não deixe de conferir, meio de campimetria e testes de acuidade.
pois servirá, inclusive, para consolidar os conceitos. W Hipersecreção hormonal: prolactina; IGF-1;
ACTH e cortisol urinário de 24 horas; LH; FSH
e subunidade alfa (este último é um marcador
2. E TIOLOGIAS presente em qualquer adenoma hipofisário;
inclusive, pode estar aumentando mesmo no
tumor não funcionante). O tumor produtor de
Os adenomas hipofisários são os tumores mais
TSH é tão raro que nem é indicado para ras-
comuns da hipófise. Entre eles detacam-se o pro-
treá-lo.
lactonoma e o adenoma não funcionante. Contudo,
podemos nos deparar com outras lesões:
u Cistos de bolsa de Rathke. DICA
Assim como a subunidade alfa, o
u Hiperplasia da hipófise. LH e FSH estão elevados no adenoma hi-
u Apoplexia hipofisária (infarto e/ou hemorragia). pofisário não funcionante.
376
Hipófise Cap. 13
REFERÊNCIAS
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1. Bronstein MD, Glezer A, Duarte FHG, Machado MC, Jallad
R. Manual de neuroendocrinologia. São Paulo: Editora
Atheneu; 2015.
2. Sales P, Halpern A, Cercato C. O essencial em endocrino-
logia. 1. ed. Rio de Janeiro: Roca; 2016.
3. Martin KA, Barbieri RL. Treatment of menopausal symp-
toms with hormone therapy. UpToDate. [Internet]; 2019.
[acesso em 27 out 2022]. Disponível em: https://www.
uptodate.com/contents/treatment-of-menopausal-symp-
toms--with-hormone-therapy.
4. Snyder PJ. Testosterone treatment of male hypogonadism.
UpToDate. [Internet]; 2019. [acesso em 27 out 2022].
Disponível em: https://www.uptodate.com/contents/
testosterone-treatment-of-male-hypogonadism.
5. Melmed S, Polonsky KS, Larsen PR, Kronenberg H. Wil-
liams textbook of endocrinology. 12. ed. Philadelphia:
Saunders; 2012.
6. Snyder PJ. Causes of hyperprolactinemia. UpToDate
[Internet]; 2022 [acesso em 29 nov 2022]. Disponível em:
https://www.uptodate.com/contents/causes-of-hyper-
prolactinemia/
7. Gardner DG, Shoback D. Greenspan’s Basic & Clinical
Endocrinology. 9. ed. New York: McGraw-Hill; 2011.
377
Hipófise Endocrinologia
Mapa mental
Mulheres em
Redução da libido idade fértil
prolactinoma hiperprolactinemia
fisiológica
Compressão do
hipotálamo ou do pedículo DIFERENCIAIS Diagnóstico
hipofisário
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Hiperprolactinemia Prolactina acima do HIPERPROLACTINEMIA
farmacológica valor de referência
Hiperglicemia
AUMENTO NARIZ adenoma produtor de GH
E LÁBIOS
ARTRITE
PROGNATISMO
378
Hipófise Cap. 13
Síndrome de Sheehan
Medicamentoso
FSH/LH
TRATAMENTO REPOSIÇÃO HORMONAL
TSH
HIPOPITUITARISMO DIAGNÓSTICO Avaliação de cada eixo
ACTH
GH
DISTÚRBIOS
DA HIPÓFISE
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Mensuração do GH a cada
30 minutos por 2 horas
379
Hipófise Endocrinologia
QUESTÕES COMENTADAS
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⮩ Quimioterapia. gravidez que é negativo. No exame ginecológico,
não são identificadas alterações no útero, anexos
e vagina, mas há presença de galactorreia e sem
Questão 2 outros achados no exame das mamas. IMC 28kg/
m2. A hipótese mais provável a ser considerada na
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO REGIONAL DE MARINGÁ - PR – 2021)
sequência é:
Senhor de 48 anos, submetido a 2 cirurgias tran-
sesfenoidais por macroadenoma produtor de GH ⮦ Síndrome do ovário policístico.
e complementação com radioterapia, evoluiu para
⮧ Hiperprolactinemia.
hipopituitarismo em reposição diária de levotiroxina
75 ug, prednisona 7.5 mg e testosterona intramus- ⮨ Hipotireoidismo.
cular mensal. Queixa-se de muita astenia, episó- ⮩ Falência ovariana precoce.
dios de tonturas e sudorese fria que melhora com
ingestão de açúcar, com medida de glicemia capilar
Questão 4
de 50 mg/dl em um desses episódios. Exames la-
boratoriais recentes com TSH: 0,4uUI/mL (04- 4,5), (AUTARQUIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE APUCARANA - PR – 2021)
T4 livre : 1,1ng/dl (VR 0,8 a 1,8), Testosterona total: Mulher, 42 anos ao verificar fotos de seu casamento,
350ng/dl (VR: 200 a 800), Cortisol - 3 ug/dl (VR: 5 ocorrido há 20 anos, percebeu que seu rosto havia
a 18) e ACTH 10 pg/ml (VR < 46), IGF-I: 35 ng/mL mudado, com o aumento de seu queixo e fronte,
(VR para idade: 80 a 250). Qual seria a proposta assim como suas mãos haviam aumentado de ta-
para esse senhor: manho. Ao procurar a UBS, perguntou ao médico
se a rouquidão de sua voz, espessamento dos lá-
⮦ Reduzir a dose de levotiroxina.
bios e aumento da língua estavam associados às
⮧ Aumentar a dose de prednisona.
380
Hipófise Cap. 13
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32 anos de idade, em uso de anticoncepcional oral
⮦ Tratar com cabergolina. (ACO), apresenta cefaleia recorrente há 4 anos. Exa-
⮧ Realizar cirurgia transefenoidal para a retirada me físico: sem alterações. A ressonância magnética
da lesão. (RM) mostrou imagem nodular na hipófise de cerca
⮨ Programar ressonâncias magnéticas periódi- de 5 mm, compatível com microadenoma. Exames
cas para avaliar a massa e repetir as dosagens laboratoriais: prolactina = 35 ng/mL (3-25), GH =
hormonais. 4 ng/mL (< 2,5), IGF-1, T4L e TSH normais. Qual a
⮩ Indicar radioterapia convencional. conduta inicial?
⮪ Realizar radiocirurgia. ⮦ Suspender ACO e dosar novamente prolactina
e IGF-1.
Questão 6 ⮧ Suspender ACO e dosar novamente apenas a
prolactina.
(HOSPITAL DE CÂNCER DE BARRETOS - SP – 2021) Medica- ⮨ Solicitar teste de supressão do GH com sobre-
mento que não tem potencial de causar elevação carga oral de glicose.
nos níveis de prolactina sérica:
⮩ Acompanhar com dosagens de prolactina e RM
⮦ Metildopa. periodicamente.
⮧ Sulpirida. ⮪ Iniciar tratamento com agonista dopaminérgi-
⮨ Metoclopramida. co e avaliar efeito sobre a cefaleia e dosagens
hormonais.
⮩ Loratadina.
381
Hipófise Endocrinologia
Questão 9
⮦ Dosar a dopamina.
⮧ Fazer o teste do TRH.
⮨ Dosar a prolactina diluída 1 para 100.
⮩ Pesquisa de Macroprolactina.
⮪ Dosar LH e FSH.
Questão 10
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nopausa aos 48 anos. Exames laboratoriais: TSH
= 2,6 mUI/L (VR: 0,5-5,0); T4 livre = 1,0 ng/dL (VR:
0,7-1,5); cortisol livre urinário = 38 mcg/g/24h (VR:
3-43); estradiol = 13ng/mL; FSH = 78 UI/mL; IGF-1
normal; prolactina 15 ng/mL (VR: <20). Qual a me-
lhor estratégia na condução do caso:
382
Hipófise Cap. 13
GABARITO E COMENTÁRIOS
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funcionante, que tem como abordagem a cirurgia também é contrainsulínico, contribuindo para hipo-
transesfenoidal? Nesse caso a melhor abordagem glicemia, portanto, também explica os sintomas do
seria fazer um teste terapêutico com cabergolina, paciente. Como não está sendo reposto, e o IGF-1
caso for um tumor não funcionante, apesar de re- está baixo, seria a melhor opção neste momento.
duzir a prolactina sérica, é provável que o tumor
Alternativa E: INCORRETA. A fludrocortisona é utiliza-
mantenha o tamanho, já se for um prolactinoma, o
da na insuficiência adrenal primária.
tumor irá reduzir.
Outra maneira de fazer a questão é pensar: mulher ✔ resposta: D
jovem + alteração menstrual + prolactina alta =
prolactinoma, cujo tratamento é cabergolina. Questão 3 dificuldade:
✔ resposta: A
Y Dica do professor: A principal causa de amenorreia
secundária no mundo é gestação.
Questão 2 dificuldade:
Alternativas A e D: INCORRETAS. Não cursam com
Y Dica do professor: A única maneira de confirmar o galactorreia.
diagnóstico é por meio dos testes dinâmicos, pois Alternativa B: CORRETA. Na ausência de quaisquer
o GH tem secreção pulsátil, e, dependendo do mo- outros sintomas, é mais provável a hiperprolacti-
mento em que for avaliado, seu nível sérico pode se nemia primária.
mostrar bastante reduzido, sem nenhum significado. Alternativa C: INCORRETA. Até seria uma hipótese,
Outra maneira de fazer o diagnóstico é diante de um pois hipotireoidismo com elevação de TRH pode
paciente que apresente lesão hipofisária (ou no pós- cursar com hiperprolactinemia. Mas, de toda forma,
-operatório de um tumor hipofisário), apresentando
383
Hipófise Endocrinologia
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Alternativa A: INCORRETA. Menos de 20% dos pacien- como a prolactina) ou não funcionantes. O mane-
tes com hiperparatireoidismo apresentam sinto- jo de tumores pituitários diagnosticados de forma
mas, que podem ser causados por hipercalcemia, incidental depende do tamanho da lesão, presen-
particularmente quando o cálcio sérico é > 12 mg/ ça de sintomas no paciente e presença ou não de
dL e/ou se aumentou rapidamente. Os sintomas alterações hormonais.
incluem poliúria, polidipsia, constipação, anorexia, No caso da questão, foi descoberto na paciente
vômitos, desidratação, arritmias e alterações do um tumor hipofisário incidentalmente, medindo
estado mental. Além disso, sintomas podem in- <10mm, e a paciente encontra-se assintomática,
dicar lesão de órgãos-alvo, como o envolvimento sem alterações visuais, sintomas da Síndrome de
renal, cardiovascular e esquelético, pela perda de Cushing ou sinais de acromegalia (as alterações
massa óssea. mais associadas aos tumores da hipófise). Foi
Alternativa B: INCORRETA. As manifestações clínicas realizado o perfil hormonal, que indicou presença
do hipoparatireoidismo são decorrentes da hipocal- de T4L, TSH, estradiol, FSH, IGF-1 e prolactina sem
cemia. A presença de aumento da excitabilidade alterações. Dessa forma, trata-se de tumor hipo-
neuromuscular pode ser avaliada no exame clínico fisário assintomático, <10mm, em paciente sem
pela presença dos sinais de Trousseau e Chvostek. alterações hormonais.
As manifestações clínicas da hipocalcemia aguda Alternativa A: INCORRETA. A cabergolina é um ago-
incluem espasmos musculares, tetania, parestesias nista dopaminérgico. Entre diversas funções, a do-
e convulsões. O eletrocardiograma pode mostrar pamina inibe a secreção hipofisária de prolactina,
alterações da repolarização ventricular e aumen- sendo utilizada em prolactinomas, principalmente
to do intervalo QT. O hipoparatireoidismo crônico quando o paciente apresenta sintomas.
pode determinar catarata, calcificação em núcleos Alternativa B: INCORRETA. A cirurgia transesfenoidal
da base no sistema nervoso central, com conse- é indicada principalmente em adenomas funcionais
quentes sintomas extrapiramidais e retardo mental. refratários ao tratamento clínico ou nos casos em
384
Hipófise Cap. 13
Em pacientes assintomáticos, sem alterações hor- Y Dica do professor: A hipófise é dividida em 2 re-
monais, esses tumores devem ser seguidos através giões:
de ressonância magnética e novas dosagens do per-
A porção anterior: local onde são produzidos os
fil hormonal, sendo indicada a conduta expectante.
hormônios hipofisários regulados pelo hipotálamo
Alternativa D: INCORRETA. Não há indicação de ra- – GH; ACTH; LH; FSH; TSH e prolactina.
dioterapia para tratamento de incidentalomas hi- A hipófise posterior: não produz hormônios, apenas
pofisários. armazena os hormônios que já vêm prontos do
Alternativa E: INCORRETA. A radiocirurgia é uma mo- hipotálamo (ADH e ocitocina).
dalidade de tratamento de tumores hipofisários; no Alternativa A: CORRETA. Exatamente, a ocitocina não
entanto, o tratamento não está indicado em pacien- é produzida, apenas liberada pela hipófise. Além de
tes que apresentam tumor pequeno, não associado estimular as contrações uterinas, auxiliam também
a sintomas locais ou alterações hormonais. a ejeção láctea.
✔ resposta: C Alternativa B: INCORRETA. O que dificultou nesta al-
ternativa é que precisava saber que o Hormônio do
Crescimento (GH) também é chamado de somato-
Questão 6 dificuldade:
trofina ou somatotropina.
Y Dica do professor: Questões assim são compli- Alternativa C: INCORRETA. A insulina até diminui a
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cadas, porque nem sempre conhecemos todos concentração de glicose, mas é produzida e libe-
os medicamentos apresentados. No caso de uma rada pelo pâncreas.
pergunta como essa, que requer a exclusão de uma Alternativa D: INCORRETA. Adrenalina é uma cate-
alternativa, isso fica ainda mais desafiador. Temos colamina com ação sobre receptor alfa-1 e beta-1,
que raciocinar a partir das medicações que conhe- aumentando a pressão arterial.
cemos. Nesse caso, vamos lembrar da fisiopato-
Alternativa E: INCORRETA. O testículo até produz uma
logia da hiperprolactinemia induzida por drogas: a
quantidade mínima de estrógeno, mas definitiva-
dopamina age sobre a hipófise anterior, que reduz
mente não estimula o impulso sexual nos machos.
a produção de prolactina. Logo, antagonistas do-
paminérgicos aumentam a secreção de prolactina. ✔ resposta: A
Agonistas dopaminérgicos, como a cabergolina
(usada para inibir a lactação quando há indicação), dificuldade:
Questão 8
inibem a prolactina.
Alternativa A: CORRETA. A metildopa (anti-hipertensivo Y Dica do professor: A prolactina pode interferir no
de ação central, muito usado durante a gestação) eixo somatotrófico (GH) e lactotrófico/mamotrófi-
reduz a produção central de dopamina. co (prolactina), uma vez que estimula a produção
de prolactina e bloqueia a síntese de IGF-1 a partir
Alternativa B: CORRETA. A sulpirida é um antipsicótico
de GH, podendo deixar o IGF-1 mais baixo, e o GH
atípico, isto é, antagonista dopaminérgico.
mais alto, dificultando a avaliação de um paciente
Alternativa C: CORRETA. A metoclopramida é um an- com suspeita de acromegalia.Para investigar uma
tiemético, isto é, antagonista dopaminérgico. Age situação de dúvida nestes diagnósticos, é sugerido
no centro do vômito, no bulbo. suspender qualquer estrogênio por 2/3 semanas,
385
Hipófise Endocrinologia
e dosar novamente apenas a prolactina, a fim de sem alterações visuais, sintomas da Síndrome de
confirmar se está realmente alterada. Cushing ou sinais de acromegalia (as alterações
✔ resposta: A mais associadas aos tumores da hipófise). Foi
realizado o perfil hormonal, que indicou presença
de T4L, TSH, estradiol, FSH, IGF-1 e prolactina sem
Questão 9 dificuldade: alterações. Dessa forma, trata-se de tumor hipo-
fisário assintomático, <10mm, em paciente sem
Y Dica do professor: Estamos diante de uma disso-
alterações hormonais.
ciação clínico-laboratorial, sendo que os sintomas
Alternativa A: INCORRETA. A cabergolina é um ago-
não são justificados pela hiperprolactinemia. Sendo
nista dopaminérgico. Entre diversas funções, a do-
assim, é obrigatória a investigação de macroprolac-
pamina inibe a secreção hipofisária de prolactina,
tina, situação que temos uma prolactina falsamen-
sendo utilizada em prolactinomas, principalmente
te alta. Para corrigir esta falha, pode-se adicionar
quando o paciente apresenta sintomas.
o polietilenoglicol (PEG) à reação. Como vimos no
capítulo, o PEG é um “ímã” da parte inativa da pro- Alternativa B: INCORRETA. A cirurgia transesfenoidal
lactina, ligando-se à big prolactina e forçando sua é indicada principalmente em adenomas funcionais
precipitação; desse modo, sobrando no sobrena- refratários ao tratamento clínico ou nos casos em
dante da reação, só o que interessa para a análise. que há efeito de massa ou sintomas compressivos
associados ao tumor (como alterações visuais).
Se o que restar representar menos que 30% da
Não há indicação do tratamento cirúrgico no caso
amostra inicial, confirma macroprolactinemia. Outra
da paciente.
maneira de avaliar é por meio de estudos de cro-
matografia em colunas de gelfiltração, em que a Alternativa C: CORRETA. Tumores <10mm apresentam
eluição ocorre em função do peso molecular da pequeno risco de crescimento no decorrer dos anos.
prolactina; no entanto, é pouco disponível na maioria Em pacientes assintomáticos, sem alterações hor-
monais, estes tumores devem ser seguidos através
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dos laboratórios.
de ressonância magnética e novas dosagens do per-
✔ resposta: D
fil hormonal, sendo indicada a conduta expectante.
Alternativa D: INCORRETA. Não há indicação de ra-
Questão 10 dificuldade: dioterapia para tratamento de incidentalomas hi-
pofisários.
Y Dica do professor: Questão interessante, abordando
Alternativa E: INCORRETA. A radiocirurgia é uma mo-
um tema relativamente comum nos ambulatórios
dalidade de tratamento de tumores hipofisários, no
de endocrinologia, no entanto pouco conhecido
entanto o tratamento não está indicado em pacien-
por muitos médicos generalistas: a abordagem aos
tes que apresentam tumor pequeno não associado
pacientes com tumores hipofisários. Os adenomas
a sintomas locais ou alterações hormonais.
hipofisários são os tumores mais comuns da sela
túrcica, representando 10% de todas as neoplasias ✔ resposta: C
intracranianas, podendo ser divididos em adeno-
mas funcionantes (aqueles que secretam alguma
substância, usualmente hormônios hipofisários
como a prolactina) ou não funcionantes. O mane-
jo de tumores pituitários diagnosticados de forma
incidental depende do tamanho da lesão, presen-
ça de sintomas no paciente e presença ou não de
alterações hormonais.
No caso da questão, foi descoberto na paciente
um tumor hipofisário incidentalmente, medindo
<10mm, e a paciente encontra-se assintomática,
386
Capítulo
ADRENAL
14
importância/prevalência
u Não escorregue nos diagnósticos; lembre-se que os critérios diagnósticos das doenças da endocrinologia
quase sempre baseiam-se em parâmetros laboratoriais, nunca radiológicos.
u Lembre-se do link hipotensão + hipercalemia = insuficiência adrenal.
u Tenha sempre em mente a possibilidade de hiperaldosteronismo em pacientes hipertensos com potássio
baixo.
u Feocromocitoma, hiperaldosteronismo primário e Síndrome de Cushing são formas de "hipertensão endó-
crina" e entram no hall de diferenciais para hipertensão refratária. Mas se os sintomas forem paroxísticos,
a principal hipótese será feocromocitoma.
u Diante de um incidentaloma adrenal, é importante avaliar se o tumor produz hormônio ou é maligno; no
entanto, a maioria é adenoma não funcionante.
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CONCEITOS BÁSICOS APLICADOS NA CLÍNICA
387
Adrenal Endocrinologia
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2. FISIOLOGIA 2.1. R
EGULAÇÃO DOS GLICOCORTICOIDES
E ANDROGÊNIOS ADRENAIS
388
Adrenal Cap. 14
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Fonte: Acervo Sanar.
Tudo começa no hipotálamo, que produz o hormônio Fluxograma 1. Clivagem da POMC e formação do ACTH.
liberador de corticotrofina (CRH), o qual estimula
a secreção de pró-opiomelanocortina (POMC) pela Beta endorfina
hipófise. A POMC será clivada em beta-endorfina,
hormônio estimulador de melanócitos (MSH). E
ACTH (Figura 2), que irá agir na adrenal, com efeito CRH POMC
ACTH
trófico e ativando as enzimas da esteroidogênese,
levando, por fim, à síntese de cortisol e à formação
de andrógenos na suprarrenal (DHEA e a androste-
nediona). À medida que aumenta o cortisol, a síntese MSH
de ACTH hipofisário e de CRH hipotalâmico é inibida
Fonte: Elaborado pelo autor.
(feedback negativo). Isso também ocorre com o uso
crônico de doses altas de glicocorticoide.
389
Adrenal Endocrinologia
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Fonte: Acervo Sanar.
2.3. ESTEROIDOGENESE
390
Adrenal Cap. 14
COLESTEROL
Pregnenolona
Progesterona 17α-hidroxipregnenolana
17α-hidroxiprogesterona
11-desoxicorticosterona
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11-desoxicortisol Androstenediona
Corticosterona
Cortisol Testosterona
Aldosterona
Estradiol-17β
Mineralocorticoide
17α-hidroxiprogesterona
Desidroepiandrosterona
11-desoxicortisol
Cortisol
Glicocorticoide
391
Adrenal Endocrinologia
Concordo com você, a esteroidogênese é um assunto POR QUE O OBESO TEM MENORES NÍVEIS DE TESTOS-
complexo, mas saber alguns detalhes da síntese hormonal TERONA?
nos ajuda a entender melhor a fisiologia dos hormônios
Perceba, no canto inferior direito do Fluxograma 2, que
esteroides e a refutar “falsas verdades” que alguns cole-
a testosterona pode ser convertida em estradiol; quem
gas espalham por aí. Vamos aproveitar para discutir
é responsável por essa reação é a aromatase, e o tecido
questões práticas.
adiposo é rico nessa enzima. Assim, além de reduzir
INGESTÃO DE GORDURAS “BOAS” PODE REGULAR OS diretamente a testosterona, o aumento do estrógeno blo-
NÍVEIS DE CORTISOL? queará a produção hipotalâmica de FSH e LH, diminuindo
o estímulo da produção testicular. Isso também explica
Cada reação que acontece na adrenal tem uma proteína
por que mulheres obesas têm maior risco de câncer de
reguladora. No caso da entrada do colesterol na este-
mama, já que têm maiores níveis de estradiol.
roidogênese, quem limita é a StAR (P450scc); assim, o
indivíduo pode “morrer de comer” gorduras, que o limi-
tante não é a quantidade de colesterol, e sim a enzima
StAR. Além disso, para a esteroidogênese, o colesterol
DIA A DIA MÉDICO
é proveniente do LDL.
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LONA, PROGESTERONA ETC.) MELHORAM OS NÍVEIS de crescimento tumoral.
DE TESTOSTERONA?
Aqui entra a mesma explicação do primeiro tópico: não
adianta aumentar os precursores, se o limitante não é a 2.4. TRANSPORTE E AÇÃO
matéria-prima e sim a maquinaria da adrenal!
O cortisol circula ligado a proteínas plasmáticas
– globulina ligadora de glicocorticoides (CBG) e
albumina. Por isso, situações que podem elevar
CBG, como aumento de estrógeno (uso de anti-
DIA A DIA MÉDICO
concepcionais e gestação), podem elevar o valor
do cortisol, embora a fração biologicamente ativa
COMO A FINASTERIDA AUXILIA NO TRATAMENTO DE
(cortisol livre) esteja normal. Pacientes com hipoal-
CALVÍCIE?
buminemia, por sua vez, terão níveis reduzidos de
A Finasterida bloqueia a 5-alfarredutase, ou seja, evita que cortisol plasmático.
a testosterona converta em di-hidrotestosterona, que é um
hormônio com ação muito virilizante (embora tenha pouca Os andrógenos também circulam quase exclusi-
potência anabólica). Reduzindo a virilização, diminuirá a vamente ligados à globulina ligadora de hormô-
calvície androgenética. Mas, como efeito colateral, tam- nios sexuais (SHBG). Alguns anticoncepcionais
bém pode levar a redução da libido e impotência sexual.
podem aumentar o valor do SHBG, e isso é usado
até de modo “proposital” em mulheres com sinais
de virilização, pois quanto maior o SHBG, menor a
testosterona livre; portanto, menor sua ação. Pois
para exercerem sua função precisam se ligar aos
seus receptores intracelulares. Inclusive resumimos
as principais funções biológicas no Quadro 1.
392
Adrenal Cap. 14
SÍNDROME DE CUSHING
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Quadro 2. Manifestações clínicas da Síndrome de Cushing.
• Linfopenia e eosinopenia.
Inibição do sistema • Leucocitose por neutrofilia (desmarginação – desprendimento dessas células do en-
imune e inflamatório dotélio).
• Infecções fúngicas (tinea versicolor ou onicomicose) e de repetição.
393
Adrenal Endocrinologia
DICA
Para diferenciar se a obesidade
é por hipercortisolismo ou exógena, um
exame que pode auxiliar é a idade óssea,
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pois geralmente encontra-se avançada na
obesidade exógena e atrasada no cushing.
u Sintomas gastrointestinais:
W Úlcera péptica.
W Pancreatite.
u Trombofilia (maior risco de trombose venosa pro-
funda e tromboembolismo pulmonar).
DICA
Situações de hiperprodução de cor-
tisol podem ser acompanhadas de aumen- Fonte: Acervo Sanar.
to da secreção de outros esteroides adre-
nais também; por isso é comum que a Sín-
drome de Cushing venha acompanhada DICA
Se a questão colocar um pacien-
de manifestações de hiperandrogenismo,
te com síndrome metabólica (obesidade,
como acne e hirsutismo.
diabetes, HAS) + osteoporose, pense em
Síndrome de Cushing. A sobrecarga mecâ-
nica do excesso de peso deveria “proteger”
contra osteoporose; portanto, baixa massa
óssea deve chamar atenção para a possi-
bilidade de hipercortisolismo.
394
Adrenal Cap. 14
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de hipercortisolismo, já que são os hormônios mais DICA
Nas crianças, as etiologias mudam
prescritos na prática clínica.
bastante: até 70% dos casos de Síndrome
Já as causas endógenas dividimos em: de Cushing são ACTH-independentes, me-
tade delas por carcinoma adrenal.
u ACTH dependente (80-85%): quando o aumento
da produção de cortisol é devido a um tumor pro-
dutor de ACTH (na hipófise ou fora dela ). Neste
grupo, a etiologia mais comum é a DOENÇA de
Cushing (80-85%). Cuidado para não confundir
com a SÍNDROME de Cushing – a "DOENÇA" se
refere exclusivamente ao tumor hipofisário produ-
tor de ACTH. Quando o tumor produtor de ACTH
está fora da hipófise (15-20%), denominamos de
tumor "ectópico" .
W Doença de Cushing (80-85%).
W ACTH ectópico (15-20%).
W CRH ectópico (<1%).
395
Adrenal Endocrinologia
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DICA
Tenha sempre em mente as princi- 3.1.1. D
oença de Cushing (DC)
pais etiologias:
W Geral: exógena – uso crônico de glico- Vamos repetir mais uma vez porque é muito impor-
corticoide. tante para prova: não confunda a Doença de Cushing
com a Síndrome de Cushing! A “doença” se refere ao
W Endógena: Doença de Cushing.
corticotropinoma (adenoma hipofisário hipersecretor
W ACTH-independente endógena: adeno- de ACTH), que é a principal etiologia de Síndrome
ma adrenal produtor de cortisol.
de Cushing (excluída a causa exógena).
A DC predomina no sexo feminino (5:1). E, geral-
mente, os corticotropinomas são microadenomas.
3.1. C
AUSAS DEPENDENTES DE ACTH
3.1.2. Secreção Ectópica
Dentre as causas dependentes de ACTH, sempre Alguns tumores malignos ou benignos (Quadro
teremos um tumor neuroendócrino, que pode estar 3) podem secretar ACTH, ou por serem tumores
na hipófise (Doença de Cushing) ou em outro órgão; neuroendócrinos ou por síndrome paraneoplásica.
os chamados tumores com secreção ectópica de
ACTH. Ocorre em idades mais avançadas; aqui, os homens
são mais acometidos que as mulheres (2:1).
396
Adrenal Cap. 14
Quadro 3. Tumores com secreção ectópica de ACTH. produtor de cortisol, avaliar também a relação aldoste-
rona/renina, pois o diagnóstico de hiperaldosteronismo
Carcinoma de pequenas células do primário exigirá um preparo antes do tratamento cirúrgico,
pulmão (oat cell) – principal como veremos no próximo capítulo.
Carcinoides brônquicos e tímicos
Feocromocitomas
3.2.2. Carcinoma Adrenal
Melanoma
Carcinoma medular de tireoide Tumor muito raro, com incidência de aproximada-
mente 0,2 caso por 1 milhão de pessoas/ano.
Tumores pancreáticos
É mais comum em mulheres e tem distribuição etária
Fonte: Modificado de Vilar 3.
bimodal, com pico em crianças e idosos.
u Desconfie de secreção ectópica do ACTH, se Em geral, apresenta secreção mista, produzindo
houver: cortisol, andrógenos e estrógeno. Causa SC com
u Perda ponderal. quadro clínico mais grave e mais agressivo.
u Hipercortisolismo mais agressivo e abrupto.
u Valores maiores de cor tisol e de ACTH DICA
Quase sempre o adenoma produz
(> 200 pg/mL).
apenas cortisol. A secreção mista deve
u Hipocalemia – secundária ao efeito mineralocor- chamar atenção para possibilidade de car-
ticoide do excesso de cortisol. cinoma.
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DICA
Quadros clínicos e laboratoriais 3.2.3. Outras Causas Acth-Independente.
mais graves são mais associados à secre-
ção ectópica do que à DC. Se a síndrome de cushing endógena já é uma doença
rara, as outras causas ACTH independentes são
RARÍSSIMAS. Mas para não passar batido, vocês
precisam saber que existe a hiperplasia MICROnodu-
3.2. ACTH-INDEPENDENTE (PRODUÇÃO lar e MACROnodular. A MICROnodular é associado
AUTÔNOMA PELA ADRENAL) à mutação no gene PRKAR1A, e vem acompanhado
do Complexo de Carney, composto de várias mani-
festações sistêmicas: Lentiginose não solar (sar-
3.2.1. Adenoma Adrenal das); mixomas cutâneos, mamários e cardíacos;
acromegalia; tumores testiculares e de tireoide;
u São tumores benignos das adrenais produtores Schwannomas...
de cortisol. Cursam com quadro clínico mais
Já a hiperplasia MACROnodular são tumores que
brando e gradual que o carcinoma. Mais comum
expressam receptores anômalos na sua superfície
nas mulheres entre 30-40 anos.
(vasopressina, VIP, GLP-1, LH, FSH, GnRH etc.), por
isso as manifestações de Cushing são intermitentes
e precipitadas por determinados estímulos, como
DIA A DIA MÉDICO refeição (GLP-1), ciclo menstrual (LH e FSH) etc.
397
Adrenal Endocrinologia
Hipercortisolismo?
Cortisol salivar ou
sérico noturno
Cortisol pós-dexametasona
Cortisol urinário de
24 horas
Confirmado
Excluído Pseudocushing hipercortisolismo
(2 de 3 positivos)
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ACTH
ACTH>20 ACTH<5
Entre 5-20
(dependente) (independente)
Imagem inequívoca de
Imagem duvidosa Carcioma Adenoma
tumor na hipófise
Cateterismo de
Doença de Cushing
serio petroso
Positivo: Negativo:
Doença de Cushing ACTH ectópico
398
Adrenal Cap. 14
Fonte: Autor.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
OSTEOSPOROSE HIRSUTISMO
ESTRIAS VIOLÁCEAS
EM ABDOME
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DISTRIBUIÇÃO CENTRÍPETA
DA GORDURA
DEPOSIÇÃO NA ÁREA
SUPRACLAVICULAR
GIBA
399
Adrenal Endocrinologia
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do dia seguinte.
dias (0,5 mg de dexametasona de 6/6 horas,
por 48 horas), também conhecido como O racional do teste é interessante. Ao tomar um cor-
Teste de Liddle 1. No entanto, é mais com- ticoide de madrugada, ocorre inibição da secreção
plicado de ser feito e não adiciona acurácia. do ACTH e, consequentemente, do cortisol devido ao
feedback negativo. Assim, se após algumas horas
o cortisol não estiver suprimido, está evidente a
Consideramos o diagnóstico de SC quando temos hiperprodução autônoma.
2 ou mais testes alterados.
O valor de referência >1,8 μg/dL define hipercortiso-
lismo para a maioria das referências, mas não brigue
DICA
Não escorregue nas questões so- com a prova caso a questão te informar outro limite,
bre o diagnóstico de SC; o principal erro o importante é saber que deveria estar suprimido,
é avaliar o cortisol plasmático basal pela caso não esteja, tem algo de errado com a fisiologia.
manhã. Ele não tem valor na investigação
do hipercortisolismo, pois a secreção do
DICA
cortisol é pulsátil, sendo mais alta pela ma- O cortisol sérico nos revela a con-
nhã. Assim, por mais alto que esteja, pode centração TOTAL deste hormônio, ou seja,
tranquilamente ser considerado fisiológico; a parte LIVRE + ligada à globulina ligadora
por isso, a única utilidade do cortisol basal de cortisol (CBG); por isso, situações que
dosado entre 7 e 10 horas da manhã é para aumentam CBG, como uso de estrógenos
investigar insuficiência adrenal, pois nesse (anticoncepcionais) e gestação, podem
horário o cortisol deveria estar alto. levar a resultados falso- positivos com au-
mento do valor total, mas com fração livre
normal. Assim, o ideal é realizar exames
que dosem o cortisol livre, como o salivar
Uma outra “pegadinha” são as situações com mani-
e o urinário.
festações claras de hipercortisolismo, mas que os
400
Adrenal Cap. 14
4.1.2. Cortisol plasmático ou Assim, nada mais óbvio que dosar o ACTH! Podemos
salivar à meia-noite ter os seguintes quadros:
u ACTH < 5 pg/mL: ACTH-independente.
Esse exame também baseia-se no racional fisioló-
gico. Neste teste é coletado o cortisol próximo à u ACTH > 20 pg/mL: ACTH-dependente.
hora de dormir, período em que a secreção deveria u ACTH 5 a 20 pg/mL: Quando o ACTH está “isen-
ter seu valor mais baixo. Nos portadores de SC, há tão”, temos que tentar estimular e ver para onde
perda do nadir fisiológico; por isso, encontramos ele vai, buscando, assim, definir o diagnóstico.
valores mais elevados. Consideramos positivo se Daí lançamos mão dos testes dinâmicos com
ao menos 2 medidas alteradas. estímulo do CRH ou de DDAVP. Se houver respos-
ta após administração dessas medicações, ou
seja, se o ACTH aumentar, é ACTH dependente;
DIA A DIA MÉDICO caso se mantenha suprimido, vamos atrás das
etiologias sem relação com o ACTH (ACTH in-
O cortisol salivar tem sido cada vez mais utilizado no lugar dependentes).
do cortisol sérico à meia-noite, pois, além da vantagem
do paciente não precisar estar internado para coletar
exame de madrugada, avalia-se a fração livre do cortisol
4.3. T
ERCEIRA ETAPA: ETIOLOGIA
plasmático. Já o cortisol sérico avalia o pool total, e parte
está ligada à CBG (proteína de transporte do cortisol), que Depois de determinar se é ACTH-dependente ou
pode aumentar em situações de hiperestrogenismo (uso independente, fica mais fácil achar a causa espe-
de anticoncepcionais e gestação), levando a resultados
cífica.
falso-positivos.
u Se ACTH-independente, o próximo passo será a
tomografia computadorizada de adrenais, dian-
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4.1.3. C
ortisol urinário 24 horas te de um nódulo na adrenal, é fundamental di-
ferenciar o carcinoma do adenoma adrenal, ou
Avalia o cortisol livre, sendo considerados positivos mesmo alterações mais raras, como hiperplasia
valores > 3 a 4 vezes o limite superior da normalidade macro ou micronodular da adrenal. Se a adrenal
em pelo menos 2 amostras diferentes. não estiver alterada, vale a pena reavaliar o uso
de glicocorticoide exógeno.
u Se ACTH-dependente, a dúvida ficará entre Doença
DIA A DIA MÉDICO
de Cushing (DC) ou secreção ectópica. Como DC
é muito mais comum, a próxima conduta deverá
O cortisol urinário pode ser falso-negativo se a taxa de
ser a ressonância magnética de sela túrcica (hi-
filtração glomerular for < 60 mL/min ou a coleta inade-
quada. Uma dica para certificar que a amostra foi colhida pófise), mas, se não acharmos tumor na hipófise
corretamente (sem perda significativa de urina): avalie se ou se visualizarmos um tumor muito pequeno
a creatinina urinária é > 15 mg/kg em mulheres, e > 20 (menor que 6 mm), está indicado o cateterismo
mg/kg em homens. do seio petroso (cuidado com tumores muito pe-
quenos na hipófise — até 10% da população pode
ter um microincidentaloma hipofisário), que é o
padrão-ouro para diferenciar tumor hipofisário
4.2. SEGUNDA ETAPA: ACTH- de tumor ectópico.
DEPENDENTE X INDEPENDENTE
A princípio, só após o cateterismo deveria ser ini-
Após confirmação do hipercortisolismo, passamos ciado a busca por tumores ectópicos produtores de
para a segunda etapa da investigação: saber se é ACTH, mas como o cateterismo do seio petroso é
uma causa ACTH-dependente ou independente. um exame de difícil acesso, algumas diretrizes tem
sugerido que, caso a RM de hipófise não apresente
401
Adrenal Endocrinologia
evidência de Doença de Cushing, seja iniciado a pró- u Doença de Cushing: cirurgia via transesfenoidal.
xima etapa com a investigação de tumores ectópicos u Tumor ectópico: abordagem do tumor primário.
através de TC e/ou RM de pescoço, tórax e abdome, u Na impossibilidade de realizar o tratamento ci-
e até mesmo com SPECT, 18FDG-PET e/ou PET/CT
rúrgico curativo, outras opções são:
com Gálio 68. Caso haja evidência clara de tumor
neuroendócrino ectópico, não há necessidade de
u Tratamento medicamentoso específico para o
realizar o cateterismo, mas esta etapa não deve ser tumor: agonistas dopaminérgicos e análogos da
realizada antes da RM de hipófise, pois tumores somatostatina (octreatide, lanreotide e pasireotide).
ectópicos são raros, e existe a chance de acharmos u Radioterapia.
um incidentaloma que confundirá a investigação.
Em último caso, se não conseguirmos controlar o
tumor hipofisário, tentamos inibir a adrenal com os
DIA A DIA MÉDICO
inibidores da esteroidogênese ou mesmo a adrena-
lectomia total. Mas, ao fazer a adrenalectomia total
num paciente com DC, perde-se o feedback que o
Existem outros testes que podem auxiliar na investigação
da causa do hipercortisolismo ACTH dependente (ectópico
cortisol exercia no tumor hipofisário. Isso pode levar
vs. hipofisário), tais como Liddle 2 (supressão com 2 mg a uma complicação chamada Síndrome de Nelson
de dexametasona, 6/6h por 48 horas), teste com 8 mg de (Figura 7) – aumento do adenoma hipofisário –, tor-
dexametasona simplificado, DDAVP, CRH ovino etc. Mas nando-se um macroadenoma hipofisário localmente
nenhum tem boa acurácia; portanto, não é possível definir invasivo, podendo levar a: compressão quiasmática,
a causa utilizando somente eles. Só para você entender o
hiperpigmentação cutânea (pois aumenta síntese da
racional desses testes: se o tumor for da hipófise, apesar
da produção autônoma, ele ainda tem alguma regulação,
POMC/MSH) e níveis de ACTH extremamente altos.
assim o ACTH responderá aos estímulos nos testes (seja
para suprimir – Liddle 2; ou para elevar – CRH ovino,
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DDAVP). Já o tumor ectópico não mudará seu padrão de
secreção, independentemente do que fizermos.
4.4. Q
UARTA ETAPA: TRATAMENTO
4.4.1. C
ausas ACTH independentes
4.4.2. C
ausas ACTH dependentes
402
Adrenal Cap. 14
Fonte: Gundgurthi4.
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de glicocorticoide no intra e no pós-operatório, pois o
HIPERALDOSTERONISMO PRIMÁRIO
DICA
1. CONCEITOS Não confunda hiperaldosteronismo
primário com secundário! Situações que
aumentam a produção de renina, como
Hiperaldosteronismo Primário (HAP), também hipovolemia e/ou hipoperfusão renal (in-
conhecido como Síndrome de Conn, é definida suficiência cardíaca, cirrose, estenose de
artérias renais, desidratação), têm como
como produção excessiva e de forma autônoma
resposta fisiológica o aumento da renina
de aldosterona, ou seja, independentemente do (sintetizada nas células justaglomerula-
estímulo da renina. res), na tentativa de corrigir a má perfusão.
Tem sido cada vez mais frequente nos depararmos
com questões sobre HAP, isso porque tem sido
observado que a sua prevalência é muito maior que
o sugerido nos estudos mais antigos, até 10% dos
pacientes hipertensos têm HAP, mas a maioria não
tem diagnóstico.
403
Adrenal Endocrinologia
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célula tubular aumenta espoliação de H+ pelo
rim): associado à natriurese pressórica, leva à
perda de magnésio e calciúria, podendo causar As principais causas de aldosteronismo primário são
hipomagnesemia, hipocalcemia sintomática e o adenoma produtor de aldosterona (adenoma de
hiperparatireoidismo secundário. Conn) e o hiperaldosteronismo idiopático bilateral
(hiperplasia adrenal bilateral), sendo essa última a
u O excesso de mineralocorticoides também é as-
causa mais frequente.
sociado ao aumento da resistência à insulina/dia-
betes mellitus: hipocalemia reduz a secreção de
insulina, e a aldosterona aumenta a resistência à
DICA
insulina. Inclusive alguns levantamentos mostram Apesar de a hiperplasia ser mais
que o risco cardiovascular elevado está relacio- frequente, as questões cobram muito mais
nado também ao excesso de aldosterona, e não o adenoma! Isso ocorre porque o diagnós-
tico de adenoma modifica totalmente a
exclusivamente aos níveis pressóricos.
conduta, já que a abordagem é cirúrgica,
enquanto o tratamento da HAS por hiper-
plasia continua sendo clínico.
4. A BORDAGEM SISTEMÁTICA
404
Adrenal Cap. 14
SUSPEITA DE
HIPERALDOSTERONISMO
PRIMÁRIA
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Investigar hiper INVESTIGAR
aldosteronismo secundário: PROVÁVEL • Síndrome de Cushing.
• Hipertensão renovasculares. Hiperaldosteronismo • Hiperplasia adrenal
• Tumor secretor de renina. primário congênita.
• Coarctação da aorta. • Uso de mineralocorticoides.
Não Sim
405
Adrenal Endocrinologia
É indicado investigar HAP em pacientes com: O hiperaldosteronismo deve ser pensado sempre que
você estiver diante da tríade: hipertensão, hipocalemia
u HAS estágio II e III (PA ≥ 160 x 100 mmHg). (com ou sem uso de diurético) e alcalose metabólica.
u HAS resistente (PA ≥ 140 x 90 mmHg em pacien- No entanto, a maioria dos pacientes HAP tem potássio
te com o uso de pelo menos três medicamentos normal. Atualmente, tem-se estimado que apenas 1/3
dos pacientes com aldosteronismo primário tenham o
anti-hipertensivos, sendo pelo menos um deles
potássio baixo. Isso, provavelmente, está relacionado
obrigatoriamente um diurético). ao diagnóstico precoce, visto que mais pacientes com
u HAS associado: hipertensão estão sendo rastreados. Portanto, não espere
o paciente ter a tríade para investigar HAP.
W À idade < 40 anos.
W À hipopotassemia espontânea ou induzida
pelo uso de diuréticos.
W À incidentaloma adrenal. 4.2. SEGUNDA ETAPA: RASTREIO
W À história familiar de hipertensão ou de doença BIOQUÍMICO
cerebrovascular antes dos 40 anos.
W A um parente de primeiro grau com HAP. Entenda o critério diagnóstico que você não preci-
sará decorar: fisiologicamente, como mostrado na
No Fluxograma 3A, a renina ativa o angiotensinogê-
nio em angiotensina, que estimula a produção de
aldosterona na camada glomerulosa da adrenal.
Se a aldosterona está elevada por produção autô-
noma, há um consequente feedback negativo com
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supressão da renina (Fluxograma 3B).
406
Adrenal Cap. 14
O rastreio bioquímico é feito com dosagem sérica de Várias medicações anti-hipertensivas interferem
aldosterona e da renina ou da Atividade Plasmática no eixo da renina-aldosterona (Tabela 1). Por isso,
de Renina (APR). é necessário suspender aquelas que aumentam a
renina e a aldosterona (espironolactona e diuréticos
Diagnóstico: aldosterona ALTA (aldosterona > 10
espoliadores de potássio) por 4 semanas antes do
a 20 ng/dL – depende da referência) com renina
exame e orientar dieta SEM restrição de sódio (a
SUPRIMIDA (APR < 1 ng/mL/h ou renina abaixo do
restrição de sódio pode aumentar a aldosterona
limite inferior do normal). Essa relação é tão impor-
secundariamente).
tante que é o critério de triagem positiva:
u HAP = Aldosterona/atividade plasmática de re-
nina ≥ 20; ou
DICA
É sugerido trocar os anti-hipertensi-
u HAP = Aldosterona/renina ≥ 2.
vos por outros medicamentos que interfe-
rem menos nessa relação: verapamil, hidra-
lazina, prazosina, doxazosina, terazosina.
β-bloqueador ↓ ↓ ↑
Agonistas α2 ↓ ↓ ↑
Diurético →↑ ↑ ↓
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Bloqueador canal
→↑ ↑ ↓
de Ca+2 (DHPN)
IECA/BRA ↓ ↑ ↓
Fonte: Funder6.
4.3. T
ERCEIRA ETAPA: TESTE
DIA A DIA MÉDICO
CONFIRMATÓRIO
407
Adrenal Endocrinologia
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O tratamento clínico é indicado nos casos de acome-
A TC pode mostrar uma imagem inequívoca de adenoma, timento de ambas as adrenais ou se o paciente não
e praticamente “fechar” o diagnóstico de adenoma pro- for candidato à cirurgia. Nessas situações a primeira
dutor de aldosterona, mas pode também mostrar lesões opção são os antagonistas da aldosterona. Com a
bilaterais ou achados duvidosos. Nessas situações, caso
inibição da ação da aldosterona, a renina voltará a
o paciente seja candidato à cirurgia, é necessário um
cateterismo de veias adrenais, a fim de avaliar qual glân- subir, sendo esse o melhor parâmetro para saber
dula está acometida pelo gradiente de aldosterona. Se se o tratamento clínico está sendo efetivo.
não houver gradiente entre as adrenais, o diagnóstico é
adenoma duplo ou hiperplasia adrenal bilateral, causa
mais frequente de hiperaldosteronismo.
408
Adrenal Cap. 14
FEOCROMOCITOMA E PARAGANGLIOMA
1. CONCEITOS 2. FISIOLOGIA
DICA
Chamamos de feocromocitoma
quando o tumor está na medula adrenal;
e paragangliomas, os localizados nos pa-
ragânglios.
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Fluxograma 4. Produção de catecolaminas pelas células cromafins e metabolização sérica e renal.
409
Adrenal Endocrinologia
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Taquipneia +
Fonte: Adaptada de Vilar 3.
DICA
Para a prova você precisa lembrar
da tríade do feocromocitoma: sudorese +
cefaleia + palpitação! Tabela 3. Sintomas de feocromocitoma/paraganglioma.
Sintomas Frequência
410
Adrenal Cap. 14
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5. R EGRA DOS 10 das questões de feocromocitoma envolve a famosa
“regra dos 10”, mostrada na Tabela 4.
411
Adrenal Endocrinologia
Suspeita clínica de
feocromocitoma
Catecolaminas e
metanefrinas urinárias
e pasmá�cas
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Queda das Manutenção dos Preparo pré-
catecolaminas durante valores catecolaminas -operatódio
o teste alterados
Adrenalectomia
laparoscópica (<5cm)
ou aberta
412
Adrenal Cap. 14
6.1. P
RIMEIRA ETAPA: SUSPEITA
Paroxismos adrenérgicos.
HAS resistente ao tratamento.
História familiar de doenças genéticas relacionadas.
História familiar de feocromocitoma.
Hipertensão em pacientes jovem.
Incidentaloma de adrenal.
Choque ou picos hipertensivos graves durante cirurgia, indução anestésica e procedimentos invasivos.
Miocardiopatia dilatada idiopática.
Fonte: Adaptado de Mendonça7.
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6.2. SEGUNDA ETAPA: DIAGNÓSTICO Resumidamente, os principais exames para avaliar
BIOQUÍMICO a hipersecreção de catecolaminas são:
u Catecolaminas plasmáticas basais.
Flagrar a hipersecreção tumoral de catecolaminas u Metanefrinas fracionadas plasmáticas: exame
pode ser um desafio, pois sua liberação ocorre atra- mais sensível para o diagnóstico, pois fica mais
vés de picos esporádicos, e as catecolaminas têm tempo na circulação que as catecolaminas, que
uma meia-vida de poucos minutos na circulação. são liberadas em picos e rapidamente metabo-
Assim, uma boa opção é a dosagem das cateco- lizadas em metanefrinas.
laminas na urina de 24 horas, refletindo melhor a
u Catecolaminas urinárias de 24 horas.
produção tumoral (assim como fazemos para SC),
ou mesmo a dosagem dos seus metabólitos, as u Metanefrinas fracionadas urinárias de 24 horas.
metanefrinas, sendo o exame mais sensível para u Ácido vanilmandélico em urina de 24 horas: es-
o seu diagnóstico, já que ficam por mais tempo na pecífico, mas pouco sensível.
circulação e podem tanto ser avaliados no plasma
como na urina. 6.2.1. Fatores interferentes
Um outro metabólito que pode ser dosado é o Ácido Alguns medicamentos (Quadro 7) podem aumen-
Vanil Mandélico (VMA) na urina; no entanto, somente tar a secreção de catecolaminas, e o uso deles
pequena parte das metanefrinas é convertida em pode precipitar crises adrenérgicas em pacientes
VMA; assim, embora seja um teste com alta especi- com feocromocitoma. Eles também atrapalham na
ficidade, tem baixa sensibilidade (ruim para rastreio), investigação e precisam ser suspensos 2 semanas
por isso é pouco usado atualmente. antes do exame, já que mesmo em pessoas sem
esses tumores, ao fazerem uso destas medicações,
413
Adrenal Endocrinologia
6.3. T
ERCEIRA ETAPA: DIAGNÓSTICO ANATÔMICO
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Adrenal Cap. 14
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ficações. A RM (Figura 9-C) não adiciona acurácia na
investigação, mas pode ser usada em pacientes com u Prazosina 2-8 mg/dia fracionado em 2 doses
contraindicação à TC. O hipersinal em T2 é característico (primeira opção no Brasil); ou
nos tumores cromafins. u Fenoxibenzamina 20 a 100 mg/dia, fracionada
A cintilografia com metaiodobenzilguanidina com I131 ou em 2 doses (primeira opção nos USA); ou
I123 (MIBG) (Figura 9-B) tem alta especificidade (95% a u Doxazosina, até 16 mg por dia.
100%), mas a sensibilidade não é tão boa. Pode ser útil
para procurar paragangliomas extra-abdominais, que não
u Após o bloqueio alfa-adrenérgico (controle da
foram encontrados pela TC ou RM, e para verificar a pre- pressão arterial), pode ser feito também o blo-
sença de metástases. Dessa forma, deve ser solicitada se: queio beta-adrenérgico, caso o paciente estiver
taquicárdico. E todos os anti-hipertensivos são
W Lesões maiores que 10 cm.
suspensos 8 horas antes da cirurgia.
W Recorrência da doença.
W Lesões múltiplas.
Lesões extra adrenais. DICA
W Por que não podemos utilizar antes
os betabloqueadores? O que você imagi-
W TC e/ou RM negativas.
na que aconteceria se iniciássemos uma
Como alternativa para rastreio de lesões malignas, temos medicação que pode induzir a vasocons-
o PET FDG e o Pet/CT com Gálio 68 – 68GA-Dotatate tricção, em um paciente já hipertenso sob
(glicose marcada com dopamina). Esse último é o melhor forte estímulo alfa-adrenérgico? Ele iria
exame atualmente, com sensibilidade de quase 100% na piorar ainda mais o controle pressórico,
detecção de tumores neuroendócrinos. podendo apresentar picos hipertensivos
graves (mesma lógica de não fazer beta-
bloqueador para intoxicação por cocaína)!
Por isso, o betabloqueador não pode ser a
primeira medicação.
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Adrenal Endocrinologia
INCIDENTALOMAS ADRENAIS
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u
416
Adrenal Cap. 14
Raramente cistos
Adenoma <4 cm Bem delimitado <10 ++ Rápido
ou calcificações
Irregular,
Cistos e
Carcinoma > 4 cm margens mal >20 ++++ Lento
calcificações
definidas
Cistos e
Feocromocitoma > 3 cm Bem delimitado >10 +++ Lento
calcificações
Irregular,
Cistos e
Metástases Variável margens mal >10 +++ Lento
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calcificações
definidas
Fonte: Adaptada de Sales5.
DICA
Obviamente não deixaremos você u Lesões maiores que 4 cm de diâmetro.
decorar essa tabela! Basta entender que,
u Imagem irregular.
quanto maior a “solidez” do tumor (densi-
dade elevada com, menor perda de sinal), u Calcificações tumorais.
maior a chance de ser carcinoma. Já os u Atenuação > 20 HU na TC.
adenomas, geralmente, têm mais gordura
e água na sua composição. Além disso, não
u Washout lento.
esqueça que os carcinomas são maiores O seguimento radiológico é feito com TC de adrenal
e produzem mais hormônios “estranhos” após 3 a 6 meses e, depois, anualmente, durante 5
(você já se deparou com algum tumor pro- anos. Caso crescimento > 0,8 cm/ano, também é
dutor de sulfato de deidroepiandrostene-
indicado tratamento cirúrgico.
diona e estradiol?!).
417
Adrenal Endocrinologia
INSUFICIÊNCIA ADRENAL
4. CONCEITOS
DICA
Quando nos referimos à insuficiên- A insuficiência pode ser primária, quando há lesão
cia adrenal, estamos falando dos hormô- na própria glândula adrenal, ou secundária, quando
nios produzidos somente no córtex; não há
há alteração no hipotálamo (CRH) ou na hipófise
insuficiência de catecolaminas, pois exis-
(ACTH) – Fluxograma 5.
tem células cromafins produtoras de cate-
colaminas em outros locais do organismo!
Hipotálamo
CRH CRH CRH
Hipófise
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ACTH ACTH ACTH
Adrenal
Cortisol Cortisol Cortisol
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Adrenal Cap. 14
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de tireoide, mas não custa nada relembrar-
mos: o excesso de cortisol inibe TSH; logo, 5.3. M ANIFESTAÇÕES RELACIONADAS
na sua falta, levará à elevação discreta.
À FALTA DA ALDOSTERONA
419
Adrenal Endocrinologia
As manifestações clínicas mais enfatizadas nas Na insuficiência adrenal secundária, não há aumento
questões são: desidratação e hipotensão. Mas exis- da CRH/POMC; portanto, não ocorre hiperpigmenta-
tem outras que podem ser cobradas, como: ção. Inclusive, o paciente pode até ficar mais pálido
u Hiponatremia (88%) (cor de “alabastro”), embora seja um achado que
geralmente não chama atenção.
u Hipercalemia (64%).
u Avidez por sal (20%). Figura 10. Hiperpigmentação.
u Azotemia (55%).
u Hipotensão postural.
u Hipercalcemia.
u Acidose metabólica.
DICA
Situações de maior estresse, como
anestesia, hemorragias, traumas, ingesta
excessiva de etanol, infecções, grandes
queimaduras, cirurgias, desidratação, hipo-
glicemia, febre etc., podem precipitar crise
de insuficiência adrenal aguda, e mesmo as
formas secundárias manifestam hipoten-
são, hipercalemia e acidose. Portanto, se Fonte: Acervo Sanar.
a questão mostrar um paciente com esses
sintomas, não dá para dizer com absoluta
certeza que a causa é primária.
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5.4. HIPERPIGMENTAÇÃO CUTÂNEA
420
Adrenal Cap. 14
Beta endorfina
CRH POMC
ACTH
MSH
DICA
Perceba que a hiperPigmentação só 6. E TIOLOGIA
ocorrerá na insuficiência adrenal Primária,
auxiliando na diferenciação com a forma
secundária.
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Dividimos as causas em primárias, quando há
doença da própria glândula adrenal, ou secundárias,
quando há alteração da hipófise ou do hipotálamo.
No Quadro 8 resumimos as principais causas de
insuficiências adrenal:
421
Adrenal Endocrinologia
Addison (isolada)
Adrenalite Síndrome poliglandular tipo 1 Hipoparatireoidismo, candidíase mucocutânea, DM1
autoimune (80%)
Síndrome poliglandular tipo
Tireoidite autoimune, outras doenças autoimunes
2 (Síndrome de Schmidt)
Tuberculose TB prévio; nódulo calcificado em pulmão
SIDA Manifestações da SIDA
Infecciosa (20%)
Fúngica (criptococose,
Imunossupressão
histoplasmose, blastomicose)
Síndrome de Waterhouse-Friderichsen Uso de anticoagulante; sepse grave
Inibidor enzimático (metirapona e cetoconazol) e
Drogas
aumento da metabolização do cortisol (rifampicina)
Adrenoleucodistrofia Adrenoleucodistrofia cerebral, mieloneuropatia
Ambiguidade genital, virilização,
Hiperplasia suprarrenal congênita
HAS, puberdade precoce
Insuficiência adrenal secundária
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Supressão do e cremes tópicos e ginecológicos)
eixo hipotálamo-
-hipófise PO de tratamento de Adrenalectomia ou cirurgia transesfenoidal para
síndrome de Cushing retirada de adenoma produtor de cortisol
Congênito Baixa estatura
Hipopituitarismo Tumores hipotalâmicos e hipofisários; apoplexia
Adquirido
hipofisária; hipofisite linfocítica; Síndrome de Sheehan
Fonte: Adaptado de Melmed10.
422
Adrenal Cap. 14
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W
rança complexa ou autossômica dominante as- W Poliendocrinopatia.
sociada a um haplótipo de HLA. De toda forma,
qualquer mutação que leve a um quadro de insu-
W Enteropatia.
W Ligado ao X.
423
Adrenal Endocrinologia
DICA
No Brasil, estima-se prevalência
semelhante entre infecciosa e autoimune
em regiões mais afastadas dos grandes
centros urbanos.
6.2.3. Outras
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Síndrome de Waterhouse-Friderichsen, que, apesar
do nome estranho, nada mais é que uma adrena-
lite hemorrágica. O sangramento nas glândulas
suprarrenais em geral é causado por uma infecção
bacteriana grave – classicamente é associada a
meningococcemia (Neisseria meningitidis), mas a
causa mais comum é o choque séptico por Pseu-
domonas aeruginosa.
424
Adrenal Cap. 14
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425
Adrenal Endocrinologia
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cortisol sérico basal maior que 19 mg/dL dos casos de adrenalite autoimune.
como nível seguro para excluir o hipocor- W Dosagem de ácidos graxos de cadeia
tisolismo. Não se estresse se a referên- longa: investigar adrenoleucodistrofia.
cia não for exatamente igual à descrita; o
importante é entender que valores muito W TC de suprarrenal sem contraste: o acha-
baixos confirmam e valores muito altos do de calcificações sugere tuberculose
excluem. prévia; enquanto adrenais atrofiadas es-
tão relacionadas a Doença de Addison.
W Investigar doenças autoimunes: TSH,
T4L, vitamina B12, hemograma, glice-
7.2. SEGUNDA ETAPA: AVALIAR ETIOLOGIA mia, HbA1c.
426
Adrenal Cap. 14
7.3. TERCEIRA ETAPA: TRATAMENTO de hidrocortisona, sendo o padrão entre: 5-15 mg/
m2 /dia.
A reposição de glicocorticoide deve ser feita tanto Após calculada a dose diária de equivalente de
na forma primária como na secundária. A reposição hidrocortisona, se optarmos por usar a própria hidro-
de mineralocorticoide (fludrocortisona), por sua vez, cortisona, deve-se dividir a quantidade calculada em
só é necessária na forma primária. duas vezes ao dia, já que a duração de sua ação é
de até 12 horas, sendo distribuído 2/3 da dose pela
7.3.1. Reposição de glicocorticoide
manhã, horário em que fisiologicamente há maior
produção de cortisol, e 1/3 à tarde.
[ BASES DA MEDICINA Lembre-se de que o cortisol é um hormônio de
estresse, ou seja, em situações de febre, trauma,
Os glicocorticoides são classificados conforme: infecção ou cirurgias, nosso organismo fisiologica-
W Duração de ação – curta, média ou longa – de acordo mente produziria maior quantidade de hormônio, o
com o tempo de supressão do ACTH após uma única que não ocorre na insuficiência adrenal; por isso,
dose equivalente a 50 mg de prednisona (estimamos justo com a prescrição da dose “basal”, devemos
o tempo que suprime o ACTH como o período que orientar que nessas situações o paciente precisa
está sendo efetivo): dobrar a dose. E, caso apresente vômitos e/ou hipo-
V Ação curta: cortisona, hidrocortisona (suprimem tensão, precisa ir imediatamente a um pronto-aten-
o ACTH por 8 a 12 horas). dimento, para que seja feita a reposição endovenosa
V Ação média: prednisona, prednisolona, metilpred- e tomadas as condutas para crise adrenal aguda,
nisolona e triancinolona (suprimem o ACTH por discutidas mais adiante.
12 a 36 horas).
V Ação longa: dexametasona e betametasona (supri-
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mem ACTH por 36 a 72 horas). DICA
Caso seja optado em usar outro
W Potência glicocorticoide – função imunológica e em glicocorticoide, é preciso converter a dose
processos inflamatórios, que depende de sua afinidade calculada de hidrocortisona para o equi-
pelo receptor plasmático. valente do corticoide que se deseje usar.
Para isso, dividimos o valor encontrado
W Efeito mineralocorticoide – retenção de sódio e água.
anteriormente pela potência do corticoide
que será prescrito (Tabela 7). Ou, simples-
A posologia do glicocorticoide para insuficiência mente, usar app do YellowBook.
adrenal é calculada com base na dose equivalente
Potência
Duração da Prescrição
Fármaco Anti-
ação (horas) Mineralocorticoide habitual adulto
inflamatória
20 mg manhã e 10 mg
Hidrocortisona 8 – 12 1 1
tarde (30 mg total)
Prednisona 12 – 36 3,5 – 4,0 0,8 7,5 mg manhã
Prednisolona 12 – 36 4 0,8 7,5 mg manhã
Deflazacort 24 – 36 2,5 – 3,5 0,25 10 mg manhã
Metilprednisolona 12 – 36 5 0,5 6 mg manhã
427
Adrenal Endocrinologia
Potência
Duração da Prescrição
Fármaco Anti-
ação (horas) Mineralocorticoide habitual adulto
inflamatória
Triancinolona 12 – 36 5 0 6 mg manhã
Dexametasona 36 – 72 30 0 1 mg manhã
Betametasona 36 – 72 3 0 10 mg manhã
Fonte: Adaptada de Melmed .10
DICA
Na Tabela 7, deixamos alguns exem- u Nos dias de calor intenso com transpiração in-
plos de posologia e conversão – 30 mg de tensa, a dose da fludrocortisona deve ser aumen-
hidrocortisona/dia equivale a uma dose de
tada em 50 mcg e/ou aumentar a ingesta de sal.
prednisona 4 vezes menor, ou seja, 7,5 mg.
A vantagem de usar outros glicocorticoides
é que eles têm duração maior e, sendo as- A monitorização da dose de fludrocortisona é mais
sim, há melhor comodidade posológica, simples que a do corticoide, pois podemos nos guiar
já que podem ser administrados 1 vez ao em exames laboratoriais. O objetivo é normalizar
dia. A desvantagem é que, quanto maior a sódio e potássio, enquanto a renina deve ficar no
meia-vida biológica, maior a associação limite superior da normalidade. A pressão arterial
com síndrome metabólica. em pé e deitada também deve ser avaliada; o obje-
tivo é deixar o paciente sem hipotensão postural.
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DIA A DIA MÉDICO DIA A DIA MÉDICO
Uma dúvida frequente é: como monitorar a dose do cor- A Tabela 7 também mostra que glicocorticoides têm efeito
ticoide? Aqui, temos uma situação diferente de outras mineralocorticoide; inclusive, a depender da dose e do
endocrinopatias, tais como diabetes e hipotireoidismo, tipo de corticoide, o uso de um mineralocorticoide pode
nas quais perseguimos alguns números como alvos. O ser dispensado. Exemplificando, 20 mg de hidrocortisona
julgamento da dose do glicocorticoide é clínico, com têm uma ação equivalente a 50 µg de fludrocortisona, e
monitorização de: peso, sinais de hipercortisolismo (estrias pacientes usando doses maiores que 50 mg de hidro-
violáceas, pletora facial), pressão arterial, perfil metabólico cortisona (por exemplo, aqueles internados em que a
e densitometria óssea. E, nas crianças, checar o desen- dose foi aumentada) podem descontinuar a reposição
volvimento (velocidade de crescimento, puberdade…). de fludrocortisona. No entanto, há glicocorticoides sem
O ACTH, cortisol sérico, cortisol urinário etc., não são efeito mineralocorticoide, como a dexametasona; assim,
úteis para monitorar a dose, inclusive a normalização o paciente pode usar doses altíssimas de “dexa”, que não
do ACTH na insuficiência adrenal primária sugere que a haverá nenhum efeito mineralocorticoide.
dose esteja excessiva! E como fazemos em pacientes com HAS? Nesse caso, a
dose do glicocorticoide deve ser mantida e a da fludro-
cortisona reduzida até que o potássio esteja no limite
superior da normalidade (geralmente, é possível deixar
7.3.2. Reposição de mineralocorticoide com dose 25 a 50% menor que a usual).
428
Adrenal Cap. 14
7.3.3. R
eposição de Andrógenos Naqueles em que o desmame é sugerido, a primeira
pergunta a se fazer é se o motivo pelo qual o paciente
Tanto na forma primária como secundária, há redu- estava utilizando o corticoide está suficientemente
ção da produção dos andrógenos adrenais; no controlado. Caso haja bom controle da doença,
entanto, nem sempre é necessária a reposição, começamos então o desmame gradual da dose
pois outras glândulas do nosso corpo produzem do glicocorticoide.
esteroides sexuais (ovário na mulher; testículo no
homem) – analogia semelhante ao que ocorre com
as catecolaminas, as quais não têm impacto com DIA A DIA MÉDICO
a insuficiência adrenal.
No entanto, mulheres pós-menopausa (em que o Não existe uma forma padronizada para essa redução; não
ovário não está mais funcionante) e com sintomas temos ensaios clínicos controlados que mostrem a supe-
rioridade de nenhum esquema. Habitualmente, reduzimos
de redução da libido, fadiga, depressão, podem
de 10% a 20% da dose por semana, ajustando conforme
ter benefício com reposição de DHEA, na dose de a resposta clínica do paciente. Em geral, fazemos assim:
25-50 mg/dia.
W > 40 mg de prednisona ou equivalente/dia: reduz 5 a
10 mg/dia a cada 1 a 2 semanas.
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Quando a dose está ≤5 mg/dia de prednisona, deve-se
dosar o cortisol basal e, caso necessário, realizar algum
teste de estímulo para avaliar se ainda persiste a insu-
7.3.4. Desmame de glicocorticoide ficiência adrenal ou é possível suspender a reposição.
Caso a insuficiência adrenal seja secundária ao Existem 2 complicações que requerem a cessação ime-
diata dos glicocorticoides ou uma redução rápida signi-
uso crônico de glicocorticoide, o eixo hipotálamo-
ficativa, em vez de redução gradual:
-hipófise-adrenal pode voltar gradativamente e o
paciente “se livrar” da necessidade de reposição W Psicose aguda induzida por esteroides que não res-
ponde a medicamentos antipsicóticos.
do glicocorticoide (embora possa demorar até mais
de 1 ano). W Ulceração da córnea induzida por herpes vírus, que
pode levar rapidamente à perfuração da córnea e,
Para isso, é preciso fazer a redução gradual do glico- possivelmente, à cegueira permanente.
corticoide, até que o eixo hormonal volte a produzir
regularmente. Sendo indicado o desmame se:
u Uso de prednisona ≥ 20 mg, por mais que 3 se- 8. C RISE ADRENAL
manas.
u Uso de prednisona ≥ 7,5 mg, por mais de 1 mês.
Diante de quadros de estresse (infecção, pós-ope-
u Pacientes com sinais ou sintomas de Cushing.
ratório, desidratação etc.), os pacientes com insu-
ficiência adrenal não têm o aumento esperado do
Uso de qualquer dose de corticoide por menos de
cortisol, podendo desencadear um quadro conhecido
3 semanas não parece causar nenhuma supressão
como crise adrenal ou addisoniana.
no eixo, assim como doses menores que 5 mg/dia
de prednisona ou equivalente.
429
Adrenal Endocrinologia
DICA
Questão de prova prática e da vida:
Esta emergência é marcada por: em todas as consultas do paciente com in-
suficiência adrenal precisa, as orientações
u Hipotensão. da crise adrenal precisam ser reforçadas;
u Vômitos e dor abdominal. além de lembrá-los que precisam estar
u Desidratação. sempre com um cartão de identificação
que contenha as orientações para situa-
u Alteração do nível de consciência. ções de risco.
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430
Adrenal Cap. 14
Mapa mental 5
CRISE
ADDISONIA DHEA 25-50 mg
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Hidrocortisona: dose de ataque Se mulher com redução da libido TRATAMENTO
(100-300 mg, EV) FARMACOLÓGICO DE
Fludrocortisona 50 a 200 mcg MANUTENÇÃO
Hidrocortisona: manutenção
(50-100 mg, EV, 8/8h)
Equivalente hidrocortisona Glicocorticoides
5-15 m²
Corrigir hipoglicemia
3-18 ug/dL
Insuficiência adrenal
(IA) duvidosa >18ug/dL
Teste da cortrosina
(0,25 mg IV)
431
Adrenal Endocrinologia
Teste do pezinho
Waterhouse- Secundário a
ETIOLOGIA Friderichsen
Hemorragia adrenal
choque séptico
ADRENAL SINTOMAS
Náusea e vômitos
PRIMÁRIA
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Anorexia Avidez por sal
MANIFESTAÇÕES DE
Perda de peso Hipotensão e choque
CRISE ADDISONIANA
Febre
432
Adrenal Cap. 14
REFERÊNCIAS
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pheochromocytoma. UpToDate, 2022. Disponível em:
https://www.uptodate.com/contents/clinical-presentation-
-and-diagnosis-of-pheochromocytoma?search=feocromo-
citoma&source=search_result&selectedTitle=1~150&u-
sage_type=default&display_rank=1. Acesso em: 28 out
2022.
9. Hwang BH, Kim HY, Jung SE, Park KW. Extra-adrenal
pheochromocytoma after operation of congenital heart
disease: a case report of 18-year-old boy. J Korean Surg
Soc. 2012; 83(1): 65-8.
10. Melmed S, Polonsky KS, Larsen PR, Kronenberg H. Wil-
liams textbook of endocrinology. 12. ed. Philadelphia:
Saunders; 2012.
433
Adrenal Endocrinologia
QUESTÕES COMENTADAS
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sistêmica, de difícil controle, em uso de enalapril 40
central.
mg/dia, nifedipina 40 mg/dia e hidroclorotiazida 12,5
mg/dia. Antecedente pessoal: acromegalia em tra-
Questão 2 tamento com cabergolina. Exame físico: IMC = 28
kg/m2 , PA= 160x110 mmHg. Glicemia de jejum= 101
(SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE JOÃO PESSOA - PR – 2021) mg/dL; colesterol total= 190 mg/dL; triglicerídeos=
Paciente de 65 anos, HAS, DM e portador de DAC 152 mg/dL; creatinina= 0,9 mg/dL; sódio= 133 mE-
é internado por suspeita de SCA (angina estável), ql/L, potássio=2,6 mEq/L. DEVE-SE INVESTIGAR:
sendo percebidas, nos exames admissionais, hiper-
calemia, hipotensão e hiponatremia. Ao exame físi- ⮦ Hiperaldosteronismo.
co, não apresentava sinais de edema. Fazia uso de ⮧ Doença de Addison.
IECA, BRAs e sertralina, suspensos na internação,
⮨ Feocromocitoma.
sem melhora dos achados anteriores. Sobre esse
caso, marque a alternativa correta. ⮩ Macroadenoma de hipófise.
434
Adrenal Cap. 14
Questão 6
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(INSTITUTO NACIONAL DE TRAUMATOLOGIA E ORTOPEDIA - RJ –
2021) Em relação aos aspectos anatomopatológicos
no feocromocitoma, é correto afirmar:
435
Adrenal Endocrinologia
Os hormônios secretados pela medula adrenal são esquerdo de 1,7 cm descoberto em tomografia com-
chamados: putadorizada (Tde abdome realizada para avaliação
de litíase urinária. A lesão apresenta margens re-
⮦ Catecolaminas. gulares e coeficiente de atenuação de 3UH. Nega
⮧ Glicocorticoide. outras doenças ou uso crônico de medicações.
⮨ Esteroides sexuais. Exame físico inexpressivo. Sobre este caso, é cor-
reto afirmar que:
⮩ Mineralocorticoides.
⮦ Na ausência de sintomas característicos, é des-
necessária a avaliação para feocromocitoma.
Questão 8
⮧ Caso seja confirmado pelos exames laborato-
(HOSPITAL SANTA MARTA – 2018) Uma mulher de 22 anos riais que a lesão é não funcionante, deverá ser
de idade procura um ambulatório com queixa de realizada biópsia orientada por TC.
dificuldade de controle dos níveis pressóricos, des- ⮨ Caso a lesão adrenal seja não funcionante, o
de que recebeu o diagnóstico de pressão alta, há 6 paciente deverá ser submetido ao tratamento
meses. Ela informa que, desde o diagnóstico, tem cirúrgico.
seguido as recomendações dietéticas e as relacio-
⮩ Não é necessária a investigação de hiperaldos-
nadas aos hábitos de vida. Atualmente, ela está em
teronismo primário, visto que o paciente não é
uso de nifedipina, 20 mg, 3 vezes ao dia, associada
hipertenso.
a metoprolol 100 mg ao dia, e clonidina, 0,200 mg, 3
vezes ao dia. No último mês, ela foi admitida 2 vezes ⮪ A alteração hormonal mais comumente obser-
em um pronto-socorro, com crises hipertensivas, vada nos incidentalomas é o hiperaldosteronis-
tendo apresentado melhora após uso de captopril. mo primário.
Ao exame físico, ela apresenta níveis pressóricos
estimados em 176 x 98 mmHg e frequência cardíaca Questão 10
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de 62 bpm. Durante o citado exame, não se eviden-
(RS ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO RIO GRANDE DO SUL 2020) Na
cia edema ou sopros cardíacos. Não foi constatada
na paciente distribuição anormal de pelos na face. diferenciação da insuficiência adrenal primária da
Ela traz diversos exames; entre eles, o Mapa, com secundária, é correto afirmar que:
valores alterados, além de um ecocardiograma,
⮦ A hiperpigmentação da pele e das mucosas é
com resultado normal. Evidenciou-se, na pacien-
sugestiva de insuficiência adrenal secundária.
te, função renal normal, com creatina de 0,8 mg/
dL e redução de potássio, mantido em 2,8 mEq/ ⮧ Os níveis de hormônios mineralocorticoides
dL. O bicarbonato teve o valor medido em 30 mEq/ são geralmente normais na insuficiência adre-
dL. Já a glicemia de jejum era de 96 mg/dL. Com nal secundária.
base nas informações do hipotético caso clínico ⮨ Hipercalemia é usualmente severa na insuficiên-
mencionado, é correto afirmar que este se trata de cia adrenal secundária e leve na primária.
hipertensão secundária a:
⮩ Um valor de ACTH entre 10 a 20 pg/ml e de cor-
⮦ síndrome de Cushing. tisol sérico < 2 μg/dl sugere fortemente insufi-
ciência adrenal primária.
⮧ doença renovascular por displasia fibromuscular.
⮨ feocromocitoma.
⮩ hiperaldosteronismo primário.
⮪ hiperplasia suprarrenal congênita.
Questão 9
436
Adrenal Cap. 14
GABARITO E COMENTÁRIOS
Y Dica do professor: A Síndrome de Cushing é a re- Y Dica do professor: A falta crônica de glicocorticoide
sultante fenotípica da exposição crônica a concen- leva a sintomas inespecíficos, tais como mal-estar
trações elevadas de glicocorticoides, endógenos ou geral, fraqueza, inapetência, perda de peso, queixas
e nesse último caso, temos a Síndrome de Cushing gastrintestinais, como náusea, vômitos, dor abdo-
iatrogênica. Sobre a sintomatologia, a obesidade é minal e diarreia alternada ou não, com constipação
a manifestação mais comum e ocorre em 90% dos intestinal. São sintomas comuns em muitas outras
casos; a distribuição de gordura típica é a central, doenças; entretanto, a insuficiência adrenal deve
concentrando-se em face (em “lua cheia”), tronco ser sempre considerada no diagnóstico diferencial.
e pescoço (“giba”) e poupando extremidades. Al- Alternativa A: CORRETA. Hiponatremia e hipercalemia
guns pacientes com secreção ectópica de ACTH são alterações laboratoriais clássicas da insuficiên-
apresentam perda de peso e poucos estigmas de cia adrenal. A primeira independe da origem da
Cushing, devido à rapidez de instalação e à gravi- insuficiência adrenal, uma vez que o cortisol baixo
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dade do hipercortisolismo. aumenta a produção de ADH, com reabsorção de
Alternativa A: CORRETA. A pletora facial é comumente água livre renal. A hipercalemia acontece na insu-
observada na Síndrome de Cushing, qualquer que ficiência adrenal primária por deficiência de mine-
seja sua causa, aparecendo em cerca de 70% dos ralocorticoides.
pacientes. Decorre do afilamento da epiderme e do Alternativa B: INCORRETA. Qualquer que seja a doença
tecido conectivo subepidérmico, com visualização estudada, dificilmente você encontrará um achado
da vascularização da derme. Esse adelgaçamento clínico ou laboratorial em 100% dos pacientes. No
também é responsável pela fragilidade cutânea ob- caso da hiponatremia, ela ocorre em 88%.
servada, com tendência a equimoses após trauma
Alternativa C: INCORRETA. A dosagem do cortisol deve
mínimo e pelas estrias, que são largas e arroxeadas.
ser realizada entre 7 e 10 horas da manhã.
Alternativa B: INCORRETA. Geralmente ocorre ame-
Alternativa D: INCORRETA. Somente na crise adrenal é
norreia, e não hipermenorreia.
preciso repor hidrocortisona EV em doses alto. Além
Alternativa C: INCORRETA. Como consequência da disso, cortisol alto exclui a insuficiência adrenal.
ação do cortisol no receptor de mineralocorticoide
✔ resposta: A
localizado nos túbulos contorcidos distais, pode
haver retenção de sódio e água, e espoliação de
potássio. Questão 3 dificuldade:
Alternativa D: INCORRETA. O peso corporal é mais alto.
Y Dica do professor: Paciente jovem com quadro de
Alternativa E: INCORRETA. Ocorre HIPERtensão. hipertensão arterial sistêmica de difícil controle mes-
✔ resposta: A mo com medicamentos em dose otimizada, assim,
estamos diante de um possível caso de uma hiper-
tensão secundária, devendo ser avaliada a causa
dela. Ao nos atentarmos aos exames laboratoriais,
437
Adrenal Endocrinologia
notamos estar muito alterado, uma hipocalemia Alternativa D: CORRETA. O paciente com feocromoci-
importante e significativa, que nos leva a inferir es- toma está sob forte estímulo adrenérgico, o que leva
tar diante de um hiperaldosteronismo primário que ao feedback negativo dos receptores adrenérgicos!
pode ser confirmado pela dosagem de aldosterona Sendo assim, após retirada da adrenal, o paciente
sangue e exames de imagem subsidiário perde o imenso estímulo hormonal e continua com
Alternativa A: CORRETA. poucos receptores adrenérgicos. Consequentemen-
te, haverá queda na PA e, pela falta de receptores,
Alternativa B: INCORRETA. A Doença de Addison é
as drogas vasoativas serão inúteis, havendo hipo-
caracterizada com insuficiência adrenal primária,
tensão refratária.
não cursando com quadro hipertensão em geral.
Alternativa C: INCORRETA. Causa pouco comum de ✔ resposta: A
hipertensão secundária. Cursa com salvos de hiper-
tensão em geral associados à sudorese importante Questão 5 dificuldade:
e sendo mais comum em homens jovens.
Alternativa D: INCORRETO. Mesmo que paciente cur- Y Dica do professor: Pelo quadro clínico descrito, o
se com acromegalia, os tumores funcionantes da diagnóstico provável é Síndrome de Cushing. Ca-
hipófise em geral são microadenomas, e o curso racteriza-se pelo acúmulo de cortisol levando, por-
hipertensivo não é comum. tanto, ao desenvolvimento de pele fina e atrófica,
com má cicatrização de ferimentos e facilidade para
✔ resposta: D formar hematomas. Hipertensão, cálculos renais,
osteoporose, intolerância à glicose, diminuição da
Questão 4 dificuldade: resistência a infecções e distúrbios mentais, são
comuns. Podem ocorrer, também, redução de libi-
Y Dica do professor: Uma vez feito o diagnóstico de do, impotência sexual, amenorreia em mulheres,
feocromocitoma, devemos iniciar o preparo para hipercoagulabilidade; caso Doença de Cushing,
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o tratamento cirúrgico, a única forma de controle pode haver aumento da secreção de ACTH e, com
da doença. Lembre-se de que a questão pede a isso, do hormônio melanotrófico, mas esse achado
incorreta. é mais comum na insuficiência adrenal.
Alternativa A: INCORRETA. NUNCA deve ser feita ✔ resposta: C
a biópsia no feocromocitoma, pois correremos
o risco de jogar uma grande quantidade de cate-
colaminas na circulação, precipitando uma crise Questão 6 dificuldade:
adrenérgica grave.
Y Dica do professor: O feocromocitoma é um tumor
Alternativas B e C: CORRETAS. Perfeitas. Primeiro produtor de catecolaminas que acomete a medula
iniciamos os alfa-bloqueadores a fim de bloquear das glândulas adrenais. Geralmente, ele cursa com
a ação das catecolaminas nos receptores adrenér- a tríade do feocromocitoma: sudorese, cefaleia e
gicos, e aos poucos esses receptores vão aumen- palpitação. Quando esse tumor tem sítio extra-a-
tando. Somente após o bloqueio alfa-adrenérgico drenal, em torno de 10-15% dos casos, chamamos
(controle da PA) iniciamos o bloqueio beta-adre- de paraglânglioma. Sua origem pode ser tanto es-
nérgico, caso o paciente esteja taquicárdico. Não porádica, a maioria, quanto ligada a síndromes
podemos utilizar logo os betabloqueadores, pois genéticas, como a neoplasia endócrina múltipla.
podem induzir vasoconstricção em um paciente já
Alternativa A: INCORRETA. A maioria dos feocromoci-
hipertenso e sob forte estímulo alfa-adrenérgico.
tomas são esporádicos, e apenas cerca de 10-20%
Assim, o paciente poderia piorar ainda mais do con-
têm origem familiar.
trole pressórico, inclusive com picos hipertensivos
graves (mesmo racional de não fazer betabloquea- Alternativa B: INCORRETA. O tipo familiar comumente
dor para cocaína)! ocorre em pacientes com menos de 50 anos.
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Adrenal Cap. 14
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são quimicamente semelhantes, produzidos a partir provavelmente não é secundário à HAS renovascular,
de modificações bioquímicas no aminoácido tirosina o provável diagnóstico é um hiperaldosteronismo
e são chamados de catecolaminas. Os hormônios primário!
produzidos pelo córtex adrenal são esteroides, isto ✔ resposta: D
é, derivados do colesterol e conhecidos generica-
mente como corticosteroides. Os principais são os
glicocorticoides e os mineralocorticoides. No córtex Questão 9 dificuldade:
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Adrenal Endocrinologia
Questão 10 dificuldade:
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IA é que a deficiência de mineralocorticóide está
presente apenas na IA primária.
Alternativa A: INCORRETO. A hiperpigmentação esta
em geral associada com a insuficiência adrenal pri-
mária, mais ainda com uma forma mais rara que é
a deficiência familiar de glicocorticoide causa rara
de hipoadrenalismo autossômica recessiva, o eixo
renina-angiotensina-aldosterona permanece inalte-
rado ou com alterações discretas respondendo ao
estímulo postural e depleção de volume, crianças
apresentam-se comumente com hipoglicemia no
período neonatal ou posteriormente com hiperpig-
mentação
Alternativa B: CORRETO
Alternativa C: INCORRETO. NA IA secundária, como o
sistema renina-angiotensina-aldosterona está pre-
servado, a secreção de mineralocorticóide é normal
e não se observa hipercalemia severa
Alternativa D: INCORRETO. Níveis de ACTH acima de
100 pg/mL indicam IA primária, enquanto valores
baixos ou normais indicam IA secundária.
✔ resposta: B
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