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INSTITUTO SUPERIOR DE GESTÃO, COMÉRCIO E FINANÇAS

LICENCIATURA EM CURSO DE DIREITO

Cadeira:

MIJ

Trabalho individual 4º Ano Pós-laboral

Tema: OS PROBLEMAS DE INTEGRAÇÃO JURÍDICA DA SADC

Discente: Docente:

Alberto Pedro Dr. Génito Rafael

Lichinga, Novembro de 2023


INSTITUTO SUPERIOR DE GESTÃO, COMÉRCIO E FINANÇAS

Licenciatura em Direito

Discentes:

Alberto Pedro

Trabalho de cadeira de Direito da MIJ,


a ser submetido ao Docente da cadeira,
Dr. Génito Rafael para efeitos de
avaliação.

Lichinga, Novembro de 2023


Índice
Contextualização..............................................................................................................................5

Delimitação da pesquisa..................................................................................................................5

Problema de estudo na presente dissertação....................................................................................5

Objectivos:...................................................................................................................................6

Objectivo Geral............................................................................................................................6

Objectivos específicos:................................................................................................................6

Hipótese de pesquisa........................................................................................................................6

CAPITÓLIO I: PROBLEMAS DE INTEGRAÇÃO JURÍDICA DA SADC.................................7

Integração jurídica........................................................................................................................7

Porque é que esta dimensão da integração é necessária?.............................................................8

O estabelecimento da segurança jurídica e judicial.....................................................................8

A heterogeneidade dos sistemas jurídicos favorece a criação de obstáculos não tarifários.........9

A heterogeneidade jurídica como fonte de perturbação das escolhas económicas......................9

A prevenção «do dumping social» ou «ecológico».....................................................................9

A SADC está juridicamente integrada?.....................................................................................10

A ausência de técnicas jurídicas integrativas.............................................................................10

Com efeito, o que é necessário para se integrar?.......................................................................10

Quais são estas técnicas?............................................................................................................11

Como realizar a integração jurídica da SADC?.........................................................................12

A eliminação dos obstáculos políticos.......................................................................................12

Os obstáculos políticos...............................................................................................................12

CAPITULO II O SURGIMENTO DE UMA «LIDERANÇA» COMUNITÁRIA E A


INTEGRAÇÃO NAS «AGENDAS» OU PLANOS POLÍTICOS NACIONAIS DA AGENDA
DA SADC......................................................................................................................................13

O aparecimento de uma «liderança» equilibrada.......................................................................13


A integração nas «<agendas» ou planos políticos nacionais da agenda da SADC....................14

Para uma reforma institucional..................................................................................................15

A luta pela supranacionalidade..................................................................................................15

Os principais obstáculos à supranacionalidade da SADC.........................................................15

A supranacionalidade como condição necessária......................................................................16

A reforma das estruturas existentes...........................................................................................16

A superação dos obstáculos jurídicos........................................................................................17

As experiências das organizações internacionais na criação dos instrumentos de


acompanhamento do processo de integração jurídico................................................................18

As opções da SADC...................................................................................................................19

A realização de uma auditoria jurídica estratégica....................................................................22

Escolha política: a opção para um direito comum à SADC ou a opção para a OHADA..........23

A opção por um Direito Comunitário próprio...........................................................................23

Escolha política: a opção para um direito comum à SADC ou a opção para a OHADA..........24

A opção por um Direito Comunitário próprio...........................................................................24

A opção OHADA.......................................................................................................................25

A elaboração de um calendário credível de acções....................................................................26

A formação dos juristas para o sucesso da execução do Direito Comunitário..........................27

Limitações da Pesquisa..................................................................................................................27

CRONOGRAMA..........................................................................................................................28

Quadro 1. Cronograma de Execução das Actividades...................................................................28

Referência bibliográfica.............................................................................................................29
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

Contextualização
O presente trabalho com o seguinte tema os problemas de integração jurídica da SADC, definido
nestes termos, o conceito de integração articula-se em torno da ideia de supranacionalidade que o
distingue claramente do processo de cooperação no qual os Estados mantêm a sua
individualidade e procura apenas a sua valorização através de relações com outros Estados. A
supranacionalidade é, por conseguinte, o corolário da integração; como ensinam alguns autores:
«As funções de integração pressupõem que uma entidade não estatal concorra com ou em
paralelo com Estados-Membros das suas actividades tradicionais de monopólio (funções quase
legislativas, executivas e jurisdicionais)».

Delimitação da pesquisa
Segundo LAKATOS e MARCONI (1992), a delimitação do tema especifica os limites da
extensão tanto do sujeito, tanto do objecto, o tempo e o espaço. Por sua vez, GIL (2002) defende
que a delimitação do tema se assenta em dois critérios fundamentais: O critério espacial e o
critério Temporal.

Como o próprio tema sugere, apesar de ter vários pontos de acesso a justiça face as nomeações
oficiosas em julgamento no ordenamento jurídico moçambicano, que é um direito de todo o
cidadão, o nosso estudo incide sobre o acesso a justiça face as nomeações oficiosas em
julgamento no ordenamento jurídico moçambicano, numa perspectiva de laboralização dos
tribunais, que é um fenómeno cada vez mais crescente em muitos ordenamentos jurídicos, tal é o
caso de Moçambique. Portanto, o nosso estudo concentra-se nas limitações do acesso a justiça
face as nomeações oficiosas em julgamento.

Problema de estudo na presente dissertação


Para Felipa Lopes dos Reis, o problema é qualquer questão não resolvida e que é objecto de
discussão, em qualquer domínio do conhecimento. Ele focaliza o que vai ser investigado dentro
do tema da pesquisa. Assim, qualquer investigação tem por ponto de partida uma situação
problemática e que, por consequência, exige uma melhor compreensão do fenómeno observado
ou a respectiva explicação. o problema central desta pesquisa é: como entregar outros países da
africa autral.

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Objectivos:
Objectivo Geral: compreender quais são os problemas de integração jurídica na SADC.

Objectivos específicos:
 Identificar as reais causas da integração jurídica na SADC;
 Abordar as opções da SADC;
 Falar dos aspectos relacionados a integração jurídica na SADC.

Hipótese de pesquisa
Citando Gil (1996, p.35), António Henriques Medeiros afirma que a hipótese é uma “proposição
testável que pode vir a ser a solução do problema”. Define a hipótese como solução tentativa,
que consiste numa suposta resposta destinada a explicar provisoriamente um problema até que os
factos venham a contradizê-la ou confirmá-la. Assim, cabe formular a nossa hipótese de pesquisa
nos termos seguintes:

 Falta de interação dos países.


 Conflitos entre os estados;
 Guerras internas nos estados não membros da SADC.

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CAPITÓLIO I: PROBLEMAS DE INTEGRAÇÃO JURÍDICA DA SADC
Integração jurídica
Em direito, entende-se por «integração», «um processo constituinte através do qual novo pedido
internacional e / ou municipal com base na união de dois ou mais estados e seus assuntos por
arranjo associativo em conformidade para definir a forma e o estado de união conseguido ou
desejado a ser conseguido na base de tempo longo». Por outras palavras, entende-se por esta
palavra o <<... Processo pelo qual dois ou mais estados podem se unir em uma união de natureza
estabelecida, estabelecendo um estado ou autoridade supra nacional» ou «<Transferência de
competências étnicas de um Estado ou de uma organização internacional dotada de poderes de
decisão e poderes supranacionais».

Definido nestes termos, o conceito de integração articula-se em torno da ideia de


supranacionalidade que o distingue claramente do processo de cooperação no qual os Estados
mantêm a sua individualidade e procura apenas a sua valorização através de relações com outros
Estados.

A supranacionalidade é, por conseguinte, o corolário da integração; como ensinam alguns


autores: «As funções de integração pressupõem que uma entidade não estatal concorra com ou
em paralelo com Estados-Membros das suas actividades tradicionais de monopólio (funções
quase legislativas, executivas e jurisdicionais)».

Os poderes supracionais são poderes atribuídos à organização internacional pelo seu próprio
estatuto que conferem aos órgãos competentes o poder de tomar decisões que obrigam os
Estados-Membros da organização e os sujeitos de direito interno, directamente, sem o
consentimento destes mesmos Estados membros. É isto que confere, verdadeiramente, à este tipo
de organizações internacionais, um carácter «<supranacional» e uma certa primazia em relação
aos Estados-Membros.

Nestas formas mais acabadas, «o regionalismo de integração» como o chamaram DOMINIQUE


CARREAU e PATRICK JUILLARD, implica a limitação da soberania dos Estados membros,
instituindo nas suas relações mútuas autênticos elementos de federalismo económica. «A lógica
da integração económica "é, portanto, correta", é, portanto, o federalismo económico, para o qual

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a criação de um mercado único entre os Estados Membros exige uma genuína harmonização de
todas as condições de produção e movimentação de pessoas, bens e serviços>>.

Porque é que esta dimensão da integração é necessária?


Não se pode pensar num processo de integração sem a sua dimensão juridica. A conclusão de um
estudo comparativo que avalia a situação do direito comercial em oito Estados da SADC
(Botswana, Malawi, Namíbia, África da Sul, Suazilândia, Tanzânia e Zimbabué), realizada, em
1999, pelo Conselho Consultivo para a Promoção da pequena empresa (SEPAC) concluiu que:
«A criação de um ambiente regulatório mais unificado também é um precursor essencial da
integração económica regional».

Contudo estes fundamentos são apenas exemplos que sustentam a necessidade da dimensão
jurídica da integração, outros podem ser avançados, como o estabelecimento de um espaço
seguro juridicamente e judicialmente, a luta contra a heterogeneidade dos sistemas jurídicos que
favorecem a criação de obstáculos não tarifários que é, em si, uma fonte de perturbação das
escolhas económicas que fundamentam o ciclo do investimento, e a prevenção do <«<dumping
social» ou «<ecológico».

O estabelecimento da segurança jurídica e judicial


A integração implica uma abordagem global que inclui não somente estratégias económicas e
políticas, e regras de ética (nomeadamente, o combate a corrupção), mas também a
modernização e a adaptação do direito económico e comercial e a reabilitação da justiça e a
segurança dos justiciáves, em outros termos, «uma estratégia jurídica e judicial».

Nesta perspectiva, a segurança jurídica e a previsibilidade são apresentadas como valores


essenciais a fim de favorecer o desenvolvimento das actividades económicas e promover os
investimentos. O imperativo de segurança aparece também a nível da justiça. Com efeito, a
melhoria do clima de investimento é largamente tributária do bom andamento da justiça, ou seja,
«Justiça credível e equitativa, capaz de dizer a lei com competência e garantir os direitos dos
indivíduos ».

Por exemplo, a atracção do sistema OHADA procede largamente da confiança numa instância
judicial supranacional, ao abrigo da incompetência, corrupção, pressões políticas e tráfico de

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influência. Assim, a criação de uma jurisdição supranacional contribui para promover à
segurança judicial.

A heterogeneidade dos sistemas jurídicos favorece a criação de obstáculos não tarifários


A heterogeneidade dos sistemas jurídicos favorece a criação dos obstáculos não tarifários. Com
efeito, os obstáculos não tarifários podem dissimular-se na heterogeneidade das ordens jurídicas
internas e facilmente constituir um travão à circulação regional de bens e serviços. Assim, a
convergência dos direitos nacionais constitui um limite estrutural à criação de barreiras não
tarifárias na medida em que o facto de não respeitar a proibição do recurso às barreiras não
tarifárias a título da restrição das trocas comerciais - proibição colocada pelo GATT de 1947-
será muito mais difícil numa organização integrada em que, no pior das hipóteses, pelo menos
alguns membros da organização afirmarão a sua intenção de respeitar a regra estabelecida pelo
GATT de 1947.

A heterogeneidade jurídica como fonte de perturbação das escolhas económicas


A heterogeneidade introduz distorções na distribuição, a organização e o uso dos factores de
produção. Com efeito, a escolha do investidor, por exemplo, numa organização regional ainda
não integrada juridicamente, não é mais apenas motivada por critérios de rentabilidade
económica mas deve tomar igualmente em conta aspectos jurídicos. Assim, a falta de
uniformidade jurídica constitui um factor de perturbação das escolhas e decisões dos operadores
económicos no que concerne a organização das capacidades produtivas à escala de um espaço
económico. Nesta perspectiva, a convergência dos direitos nacionais permite uma gestão mais
eficaz da tomada de decisão, por um lado, esta última depende sobretudo de critérios económicos
centrados na rentabilidade, a redução dos custos, a qualidade e a produtividade dos factores de
produção, e por outro lado, não é ou mais influenciada pelas vantagens ou inconvenientes de
uma norma jurídica em relação a outra.

A prevenção «do dumping social» ou «ecológico»


A harmonização ou a uniformização dos direitos constitui, igualmente, um meio de combate
contra quadros jurídicos laxistas. Com efeito, a instituição de normas jurídicas comuns permite
lutar eficazmente contra os fenómenos de dumping social» e de «dumping ecológico». Pode-se

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dificilmente admitir que numa mesma organização regional as escolhas dos operadores
económicas sejam ditadas pelas normas sociais menos avançadas no do progresso social ou os
padrões de defesa do ambiente mais baixos quando o objectivo desta mesma organização é
construir uma «<Comunidade>>.

A SADC está juridicamente integrada?


Apesar da palavra «integração» que aparece no corpo mesmo do Tratado constitutivo da SADC
ou em alguns protocolos, deve-se razoavelmente concluir que o processo de integração desta
organização é de jure (direito) e de facto (destino) UMA «pseudo-integração» que peca,
principalmente, por uma dupla ausência de técnicas jurídicas integrativas e de uma visão global
da integração.

A ausência de técnicas jurídicas integrativas


A SADC foi criada para prosseguir um conjunto de objectivos que podem ser agrupados,
principalmente, em dois: a promoção do crescimento e o desenvolvimento socioeconómico
animada pelo objectivo de erradicar a pobreza, por um lado, e a promoção e a manutenção da
paz, segurança e democracia através da integração e cooperação regional, por outro lado.

A SADC é uma vasta organização de coordenação e harmonização de políticas, planos,


programas e estratégias. Coordena-se políticas nacionais (alínea a) do n.º 2 do Artigo 5 do
Tratado da SADC). O protocolo de cooperação na área da Energia da SADC de 24 de Agosto de
1996 materializa claramente esta opção. Harmoniza-se programas e estratégias. O Protocolo
sobre o Sector Mineiro na SADC de 8 de Setembro de 1997 é um bom exemplo (n.º 2 do Artigo
2); troca-se informações; promove-se políticas ou a harmonização de medidas administrativas e
legislativas em matéria penal e civil ou aduaneiros, mas não se integrava verdadeiramente
juridicamente. E não se pode integrar-se juridicamente porque a SADC não dispões de
instrumentos para isso. Por outras palavras, a SADC não criou verdadeiros instrumentos
jurídicos que permitiriam substituir à disparidade das legislações dos Estados-Membros um
regime jurídico harmonizado ou uniformizado.

Com efeito, o que é necessário para se integrar?


Um processo de integração pressupõe instrumentos jurídicos para concretizar esta escolha. Não
se deve negar a dificuldade do exercício como recorda ETIENNE CEREXHE: «É extremamente

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difícil especificar a priori, em quais casos é necessário recorrer a uma ou outra dessas técnicas.
Como a integração jurídica é apenas um meio, a escolha de técnicas, que não são excluídas, está
directamente relacionada aos objectivos buscados».

Quais são estas técnicas?


Antes de as apresentar, é necessário contudo insistir sobre o facto de que uma harmonização das
regras de conflitos de leis não saberia ser considerada como suficiente. Não é suficiente, com
efeito, determinar se esta ou aquela legislação é aplicável, «para que as relações económicas
sejam mais ou menos iguais, as leis nacionais devem ser mais ou menos idênticas em conteúdo.
O objectivo deve ser um regime relativamente uniforme que permita dispensar o método normal
de regras de conflitos de leis, sem necessariamente harmonizar as regras de conflitos de leis»>.

Nesta perspectiva, pelo menos três técnicas podem ser combinadas para obter uniformidade: a
harmonização dos direitos nacionais, a elaboração de um direito comum ou convenções
internacionais que favorecem a integração jurídica. A integração jurídica através de convenções
internacionais não deve ser negligenciado mas induz, por natureza, certos limites,
nomeadamente, as de submeter estes últimos ao direito internacional público. O que é que a
SADC oferece, em termos de instrumentos de integração jurídica?

O Tratado da SADC não consagra nenhum instrumento que permite razoavelmente concluir à
existência de um processo real de uniformização das legislações dos Estados-Membros. Neste
sentido conclui claramente o estudo promovido pelo SEPAC, em 1999: «... A SADC ainda não
realizou um programa de harmonização do direito empresarial... Pelo contrário, o objectivo é
«cooperar», ou seja, coordenar a acção dos Estados-Membros numa determinada área. O
instrumento privilegiado desta opção é «o Protocolo». Assim, estes acordos entre Estados
membros aparecem como instrumentos particularmente indicados para a promoção de uma
cooperação entre Estados.

Contudo, estes instrumentos não são concebidos realmente para lutar contra a disparidade das
legislações que constitui um obstáculo para a realização de um espaço económico e social
integrado. Com efeito, apesar da sua aprovação pela cimeira dos Chefes de Estados (n.º 3 do
Artigo 10), os protocolos estão abertos à assinatura e ratificação dos Estados e não existe
nenhum mecanismo que garante e assegura que todos os Estados membros procederão

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uniformemente ao cumprimento destas formalidades. Na prática, pode-se medir os efeitos
perversos ou inadaptados destes instrumentos para levar a empregue que se resume numa
equação a duas incógnitas: «eliminar» e «<não fazer». Visivelmente, não se constrói nada
conjuntamente ou melhor, o que se trata de produzir não é a integração stricto sensu (sentido
limitado) mas apenas um «<quadro jurídico para a cooperação entre os Estados-Membros>>
através da aprovação de protocolos em áreas escolhidas em comum acordo entre os Estados
membros.

Em resumo, coopera-se, mas não se integra. Assim, o processo de integração no Tratado SADC
não é pensado globalmente dado que as visões jurídicas e políticas são ausentes e o uso mesmo
do termo «integração» está muito próximo de se tornar um verdadeiro abuso de linguagem se
não o for já.

Como realizar a integração jurídica da SADC?


O andamento de um processo de integração jurídico na SADC passa inevitavelmente pela
identificação dos obstáculos a superar a fim de propor soluções realistas e adaptadas de modo
que este processo se torne uma realidade. Assim, convém estender esta metodologia nas áreas:
política, institucional e jurídica. Em todos os casos, uma metodologia realista da integração
jurídica deverá ser elaborada.

A eliminação dos obstáculos políticos


Quais são os principais obstáculos políticos? Como remediar?

Os obstáculos políticos
O principal obstáculo ao processo de integração no seu conjunto e da integração jurídica, em
especial, na SADC é a inércia política ao qual se pode acrescentar a defesa exacerbada da
soberania. A doutrina sublinhou, a justo título este aspecto, que se manifesta, principalmente,
pelo facto que as administrações nacionais não consideram, na sua imensa maioria, o processo de
integração regional como uma prioridade mas como uma «tarefa»> sem particularidade nenhuma
em relação às outras tarefas que exerce ou realiza uma Administração.

O segundo obstáculo aparece como um combate de defesa. A vontade dos Estados-Membros de


não alienar uma parcela, tão pequena que seja, da sua soberania é patente e manifesta na SADC o
que provoca, regra geral, um fenómeno de sobre politização dos debates técnicos. A escolha do

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instrumento jurídico do «<Protocolo» para proceder à integração é, designadamente, uma destas
manifestações mais incontestáveis. A arquitectura complexa da estrutura institucional é uma
outra.

Em todos os casos, a realização de um processo de harmonização e uniformização das normas


jurídicas dos Estados membros da SADC, na área, principalmente, do direito económico e
comercial poderá apenas ver o dia se estes mesmos Estados-Membros consentirem as necessárias
transferências de competências, ou seja, os necessários abandonos de soberania em benefício dos
órgãos da organização.

CAPITULO II O SURGIMENTO DE UMA «LIDERANÇA» COMUNITÁRIA E A


INTEGRAÇÃO NAS «AGENDAS» OU PLANOS POLÍTICOS NACIONAIS DA
AGENDA DA SADC
Logicamente, a luta contra a «inércia política» começa pela dinamização desta situação de apatia
através do surgimento de uma verdadeira liderança comunitária. Numa outra fase, é pela
densificação interna da agenda da SADC que as políticas, decididas ao nível dos órgãos
comunitários competentes, verão a sua materialização efectiva nos respectivos Estados-
Membros.

O aparecimento de uma «liderança» equilibrada


A experiência europeia mostra que o processo de integração regional têm mais possibilidades de
ter êxito quando um dos países desempenha o papel de cabeça de fila institucional «de tesoureiro
regional», ou seja, uma liderança forte é necessária para alcançar um alto nível de integração. A
França e a Alemanha desempenharam este papel na Comunidade Europeia e depois na União
Europeia. A Alemanha, em particular, conseguiu fazê-lo porque tinha uma potente economia
com uma produtividade mais forte do que os outros países europeus. Além disso, a Alemanha é o
maior contribuinte do orçamento da União Europeia, o que reduziu os problemas de repartição.
Quando uma Comunidade Económica Regional não dispõe desta «locomotiva», encontra-se uma
situação em que os Estados membros da organização não estão dispostos a fazer concessões ou a
convencer os outros de o fazer. Infelizmente, é a situação que se encontra na SADC, ou seja, não
há nenhuma liderança e nenhum Estado quer assumi-la.

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Contudo, não se pode ligar o sucesso da SADC com o sucesso de um Estado líder. Isto
conduziria a construir uma SADC totalmente dependente das iniciativas individuais de apenas
um Estado membro, o que teria por finalidade desresponsabilizar todos os outros. O que é
necessário é um melhor equilíbrio entre a liderança de um Estado (por exemplo, a África do Sul)
e a existência de mecanismos e processos colectivos comunitários, o que um autor designou por
«Commuity-ship (Agência da comunidade)». Olhando de forma realista para a cultura, a
economia e a história da SADC, pode-se perceber melhor a complexidade desta organização
regional A liderança do processo de integração regional têm dificuldades a surgir porque, por um
lado, tudo foi feito para impedir, estruturalmente, o seu nascimento (a multiplicação dos órgãos e
a brevidade dos mandatos desses constituem verdadeiros impedimentos para a constituição de
uma liderança duradoura), e, por outro lado, a rivalidade existente entre alguns Estados membros
(Angola e África do Sul) não favorece a sua existência. Assim, a SADC confrontada a uma
«crise de liderança, por um lado, e à ausência de «Community-ship (loja da comunidade)», por
outro lado.

A liderança deve adquirir uma certa legitimidade para surgir do espaço político da Comunidade,
ou seja, os Estados membros devem virar-se <<naturalmente>> para um deles a fim de procurar
assessoria e aconselhamentos, é pois a existência de uma confiança partilhada em relação a um
Estado- Membro que reclama a constituição de uma liderança capaz de congregar o trabalho de
todos Estados que compõem a organização à favor do processo de integração.

No que diz respeito à «Community-ship (loja da comunidade)», é tempo de reflectir sobre a


criação de processos comunitários colectivos capazes de favorecer o processo de integração em
que o pressuposto é a participação e contribuição de todos Estados membros porque são apenas
eles que serão capazes de procurar as soluções aos problemas (políticos, económicos e sociais)
que arrasam hoje a Comunidade.

A integração nas «<agendas» ou planos políticos nacionais da agenda da SADC


Os planos nacionais de desenvolvimento e os seus orçamentos podem jogar um papel
determinante no processo de integração dos objectivos da SADC a nível nacional. Regra geral,
os Estados membros pecam pelas deficiências dos seus mecanismos nacionais de integração das
obrigações e compromissos assumidos a nível da SADC. Assim, na maior parte dos Estados

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membros, os objectivos dos protocolos não são integrados em tempo útil nos planos nacionais de
desenvolvimento ou nos programas sectoriais dos ministérios técnicos interessados.

Contudo, parece existir um consenso sobre uma metodologia idónea para realizar a integração
nas «agendas» ou planos políticos nacionais da agenda da SADC. Um estudo realizado em Maio
de 2009 pela UNECA e o CEDIR desenhou um quadro lógico para proceder à integração dos
objectivos da integração regional (Agenda da SADC) nos planos desenvolvimento nacional. Em
particular, para uma integração sistemática dos objectivos da integração regional nos planos de
desenvolvimento nacional, o referido estudo realça a importância dos aspectos institucionais e
processuais do processo de integração regional; como referem os autores deste trabalho: «A
integração da Agenda de Integração Regional da SADC nos Planos Nacionais de
Desenvolvimento não inclui apenas as questões da SADC nos documentos para cumprir um
mandato, mas na verdade considera quais são as questões da agenda de integração regional da
SADC, priorizando-as, formulando, implementando e monitorando políticas adequadas e
reformas estruturais necessárias, e estabelecimento de responsabilidades institucionais
essenciais>>.

Para uma reforma institucional


Uma reforma institucional é inevitável se se quiser prosseguir sobre a via supranacionalidade,
melhor garantia da integração juridica, o que implicara, inevitavelmente, uma reforma das
estruturas existentes.

A luta pela supranacionalidade


A «supranacionalização» da SADC implicará a superação dos obstáculos potentes no seu
estabelecimento.

Os principais obstáculos à supranacionalidade da SADC


Ainda que se admite, como ponto de partida razoável, que Em uma área económica, a existência
de instituições centrais com poder normativo que pode ser aplicado a todo esse espaço contribui
para a integração económica», a concretização desta «axioma», na prática, é de uma extrema
complexidade porque a criação de instituições supranacionais deve enfrentar duas potentes
barreiras: a soberania e o proteccionismo. A primeira foi evocada anteriormente, limitar-se-á por
conseguinte, à análise da segunda.

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O proteccionismo tem uma relação estrutural estreita com a protecção da soberania dos Estados.
Manifesta-se na SADC no que diz respeito, mais particularmente, a implementação do Protocolo
sobre as Trocas Comerciais pelos Estados-Membros. A este respeito, RASUL SHAMS escreve:
«Essa falta de progresso na implementação do Protocolo deve-se provavelmente ao
proteccionismo predominante na região».

A supranacionalidade como condição necessária


O Tribunal Internacional de Justiça define a supranacionalidade <<... como a capacidade de uma
organização internacional de agir e/ou tomar decisões vinculativas s para seus membros e alguns
casos vinculativos para não membros».

Nesta perspectiva, a integração é concebida como um processo jurídico- político constitutivo de


uma nova entidade jurídica com o objectivo de criar uma nova ordem jurídica com a sua própria
«Constituição», o seu próprio. Governo e o seu próprio «Juiz». Por outras palavras, isto significa
uma limitação de soberania dos Estados-Membros, que resulta de uma transferência de poderes
destes mesmos Estados aos órgãos da SADC. Esta transferência de poderes soberanos é essencial
para garantir o processo de uniformização do direito; como o recordou muito bem JOSEPH
ISSA-SAYEGH: «A inserção da lei uniforme pressupõe o princípio da supranacionalidade...».

A recente declaração do Ministro sul-africano da Indústria e o Comércio que faz directamente


referência a este problema, deve ser interpretada como uma mudança radical de política nesta
matéria e o prelúdio para um processo global de transferência de competências soberanas dos
Estados membros para os órgãos da SADC?

Em todos os casos, o Tratado da Comunidade Económica dos Estados da África do Oeste


(CEDEAO) constitui um exemplo concreto de tomada de consciência dos Estados membros
desta organização regional da necessidade de transferir poderes soberanos, com o objectivo de
consolidar o processo de integração. Com efeito, como estabelece o Preambulo deste tratado:
«CONVAINCUS que a integração dos Estados-Membros numa comunidade regional viável
pode exigir a implementação parcial e gradual da sua soberania nacional em beneficio da
Comunidade, como parte de uma vontade política colectiva».

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A reforma das estruturas existentes
A estrutura institucional complexa, hoje existente na SADC, reflecte a vontade dos Estados de
afastar a criação de um processo destinado a estabelecer a supranacionalidade da organização.
Pode-se mesmo considerar que constitui uma das causas dos atrasos sucessivos na concretização
dos objectivos devidamente aprovados e a lentidão na implementação da Zona de Comércio livre
e da União Aduaneira. Por outras palavras, uma estrutura institucional e um processo de tomada
de decisão complexos constituem fraquezas reconhecidas do próprio processo de integração.
Uma simplificação das estruturas existentes conjugada com um redimensionamento dos poderes
atribuídos a cada órgão, ao qual deveria se acrescentar um crescimento dos poderes atribuídos a
cada órgão, ao qual deveria se acrescentar crescimento dos poderes do Secretariado parecem
urgentes necessárias. Um Com efeito, a estrutura institucional da SADC, hoje existente, inibe a
eficiência e a eficácia da organização. É a clara manifestação daquilo que os Estados-Membros
não estão prontos e dispostos em comprometer-se e obrigar- se plenamente no processo de
integração. A complexidade da estrutura (Cimeira, Órgão de cooperação nas áreas da Política,
Defesa e Segurança, Conselho de Ministros, Comité Integrado de Ministros, Comité Permanente
dos Altos Funcionários, Secretariado, Tribunal, Comissões Nacionais da SADC e a Tróica)
constitui uma fonte de multiplicação de riscos de conflitos e de desacordos sobre as
competências atribuídas à cada um deles e, sobretudo, um antidoto contra um processo de
decisão célere. Assim, um autor chegou a conclusão segundo a qual: «Formular objectivos e criar
instituições que não sejam adequadas para realizá-los, é uma indicação de que outras razões,
além das mencionadas no tratado, possam existir para explicar a existência e o modo de operação
da organização».

Em todos os casos, uma reforma de arquitectura institucional impõe-se no sentido de se fazer


prevalecer uma lógica de integração sobre uma lógica de cooperação que implica, entre outras
coisas, a formulação e a iniciativa dos projectos e as propostas políticas da organização devem
emanar dos órgãos que têm vocação em defender objectivamente a primeira lógica e não o
contrário.

A superação dos obstáculos jurídicos


Viu-se previamente, que a SADC não dispunha, verdadeiramente, de instrumentos jurídicos
próprios para implementar a dimensão jurídica da sua integração. Nesta perspectiva, a questão

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resume-se em saber: quais os instrumentos jurídicos que permitiriam harmonizar e uniformizar
as normas juridicas dos Estados membros da SADC com efeito de avançar para uma verdadeira
organização regional integrada?

A elaboração de normas comuns para regulamentar os subsídios dos Estados que impedem o
comércio livre, o regime das compras públicas, o direito do trabalho, o direito da concorrência,
as formas das sociedades comerciais, os instrumentos de paramento e de crédito, o direito fiscal,
o direito dos contractos, o direito dos transportes e telecomunicações, o direito do ambiente,
dentre outros, parece inevitável para assegurar e garantir um processo de integração sólido e
duradouro; como ensina JOSEPH ISSA-SAYEGH: «A integração económica (um espaço
económico único) deve corresponder idealmente, à integração jurídica (um espaço jurídico seu),
ou seja, à harmonização ou à padronização do direito comercial)».

Para atingir estes objectivos, «o legislador material» da SADC deverá aproveitar-se na


experiência desenvolvida por algumas organizações regionais de integração para observar os
instrumentos jurídicos que estas mesmas organizações criaram com sucesso para acompanhar o
seu processo de integração, antes de apreciar e avaliar aqueles cuja introdução seria oportuna na
ordem jurídica da SADC.

As experiências das organizações internacionais na criação dos instrumentos de


acompanhamento do processo de integração jurídico
O CAPÍTULO III do TITULO II do Tratado da UEMOA estabelece o regime. jurídico dos actos
aprovados pelos órgãos da União. Três tipos de actos podem ser aprovados por estes órgãos: os
regulamentos (Conselho e Comissão), as directivas (Conselho), as decisões (Conselho e
Comissão) e as recomendações e pareceres (Conselho e Comissão). Os regulamentos têm um
domínio de aplicação geral e são obrigatórios e directamente aplicáveis na ordem jurídica dos
Estados membros. As directivas impõem resultados por atingir, as decisões são obrigatórias para
os seus destinatários e as recomendações e pareceres são desprovidos de força executória (Artigo
43 do Trat ado).

O Tratado do OHADA previu, quanto a ele, a aprovação «de actos uniformes>> para atingir o
objectivo de uniformização jurídico através da instauração de normas comuns para todos os
Estados membros da organização (Artigo 5). Estes actos uniformes são directamente aplicáveis e

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obrigatórios para os Estados. Assim, os Estados da África do Oeste, entre outros, perceberam
muito bem que «não existe uma política real de integração económica sem um mínimo de
supranacionalidade» o que se manifestou, à nível dos instrumentos juridicos a adoptar, pelas
experiências supra mencionadas.

As opções da SADC
A questão das opções deve tomar em conta a natureza dos instrumentos a aprovar e os seus
respectivos efeitos.

Os instrumentos juridicos da harmonização e uniformização do direito


Dois instrumentos devem ser analisados com propriedade: os instrumentos juridicos que
permitem a harmonização do direito e os que favorecem a uniformização do direito.

Os instrumentos de harmonização do direito


A harmonização do direito é um processo destinado à aproximar as disposições jurídicas que
emanam de ordem juridicas destinadas, alterando-os de forma a dá-los coerência e construir «um
todo jurídico» relativamente homogéneo. Assim, a harmonização consiste em reduzir as
diferenças e as divergências entre normas jurídicas que emanam de sistemas jurídicos diferentes.

O objectivo não é necessariamente conduzir a um mesmo direito, em todos estes elementos ou


normas juridicas, em qualquer ponto idêntico, dentro de um mesmo conjunto de sistemas
jurídicos, mas reduzir grandes disparidades existentes entre eles, de forma a tornar o campo no
qual o processo vai operar, juridicamente mais homogéneo. Assim, as relações entre os sistemas
jurídicos são mais legíveis e mais seguras para os operadores económicos que sem chegar à uma
identidade jurídica, Têm, pelo menos, uma certeza sobre os princípios que terão de ser aplicados
neste mesmo espaço.

Como fazer na SADC? Geralmente, a harmonização juridica reveste-se de técnicas específicas,


tais como as «directivas» ou «recomendações>> que uma organização regional aprova de dirige
para os Estados membros. Estas <<<directivas»> e <<recomendações» indicam, geralmente, os
resultados a atingir os seus objectivos. Por outras palavras, é a norma jurídica interna que devera
concretizar estas formas e meios. É evidente que, esta técnica «soft» de integração juridica
respeita a soberania legislativa e regulamentar dos Estados membros.

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Uma interpretação extensiva da alínea j) do n.º 2 do Artigo 5 do Tratado da SADC poderia servir
de fundamento para a implementação deste processo. Contudo, a forma dos instrumentos
prevista pelo Tratado para esse efeito << O processo>> - não é plenamente satisfatória para ter
êxito na realização efectiva de um processo de harmonização que compreende numerosos riscos.

Em todos os casos, a entrada num processo de harmonização do direito, com ajuda destes
instrumentos deveria passar, inevitavelmente, por uma alteração do Tratado com efeito de criar
estes instrumentos que também ainda não existem, talvez, deve-se para outros instrumentos, tais
como a lei-modelo ou leis-tipo elaborados pelos órgãos da SADC ou por entidades externas à
organização (peritos ou consultores externos) e propostas, quer, aos órgãos da SADC que
poderiam, sem estar a inspirar para elaborar normas a submeter aos parlamentos ou autoridades
regulamentares nacionais, quer, directamente submetidos aos parlamentos da SADC para
aprovação por entidades externas à organização.

Os instrumentos de uniformidade do direito


A uniformização do direito é um método mais radical porque consiste em eliminar as diferenças
entre legislações dos Estados membros da organização, substituindo-lhes um texto único
redigido em termos idênticos para todos os Estados membros.

Nesta perspectiva, duas vias podem ser exploradas. A estreia consiste em propor aos parlamentos
nacionais, um texto único elaborado por um orgao da organização. Este procedimento acomoda
as soberanias nacionais mas não é plenamente satisfatório pelo facto de que alguns parlamentos
podem, ou rejeitar a proposta, ou altera-la, dando-lhe um sentido diferente ou, ainda altera-la
posteriormente à sua aprovação, o que constitui um sério risco de não atingir o objectivo inicial.
Este procedimento pode ser seguido, em termos comparáveis, na SADC, contudo, o resultado
final pode ser garantido com um elevado grau de certeza pelas razões previamente expostas.

A segunda via é a uniformização através do exercício de mecanismos ou de técnicas


supranacionais que permitem introduzir, directamente, normas nas ordens jurídicas internas dos
Estados membros. As experiências que emanam do Tratado da UEMOA e da OHADA são muito
bons exemplos no continente africano.

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Não há nenhuma duvida sobre o facto de que se a SADC decidir seguir esta ultima via, para a
uniformizar o direito dos seus Estados membros que constitui incontestavelmente a via mais
eficaz para prosseguir o objectivo da integração jurídica uma reforma do tratado será necessária
para introduzir a supranacionalidade na organização.

Os efeitos das normas jurídicas aprovadas


Os sistemas normativos que instituíram uma dose se supranacionalidade (por exemplo, a
UEMOA e a OHADA) viram nascer consequências substancias ligadas as condições de inserção
do direito comunitário na ordem jurídica dos Estados membros, bem como dos efeitos juridicos
que podem produzir essas normas. Esta consequência é a aplicabilidade directa dessas normas no
ordenamento jurídico dos Estados membros, sem que seja necessário para efeito da aprovação de
um qualquer instrumento jurídico nacional. Isto significa que, a partir do momento em que o
Conselho aprova uma norma de direito uniforme, esta será aplicada em todos os Estados
membros, sem necessidade de ratificação ou aprovação de uma norma de execução nos direitos
dos Estados membros.

De facto, a aplicabilidade directa integra duas realidades. Primeira, um aspecto formal no que
concerne a introdução do Direito comunitário nas ordens jurídicas nacionais. Neste sentido, a
aplicabilidade directa implica a proibição de qualquer transformação das normas comunitárias
bem como a aprovação de qualquer acto nacional de recepção. Segundo, um aspecto material que
se relaciona com a capacidade do Direito Comunitário de criar ao beneficio ou a cargo dos
particulares, direitos e obrigações que eles podem reivindicar, directamente, sem que seja
necessário uma medida nacional de execução. Trata-se do efeito directo da norma, comunitária
que implica a imediata aplicação da norma bem como sua execução integral.

Por uma metodologia da integração jurídica


O método é uma sequência ordenada de meios com vista a atingir um objectivo, «<uma maneira
ordenada de fazer as coisas». Não há dúvida sobre o facto de que um processo de integração
jurídica deve ter um método. Todavia, do Tratado da UEMOA e da OHADA são muito bons
exemplos no continente africano.

Não há nenhuma duvida sobre o facto de que se a SADC decidir seguir esta ultima via, para a
uniformizar o direito dos seus Estados membros que constitui incontestavelmente a via mais

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eficaz para prosseguir o objectivo da integração jurídica uma reforma do tratado será necessária
para introduzir a supranacionalidade na organização.

Os efeitos das normas jurídicas aprovadas


Os sistemas normativos que instituíram uma dose se supranacionalidade (por exemplo, a
UEMOA e a OHADA) viram nascer consequências substancias ligadas as condições de inserção
do direito comunitário na ordem jurídica dos Estados membros, bem como dos efeitos juridicos
que podem produzir essas normas. Esta consequência é a aplicabilidade directa dessas normas no
ordenamento jurídico dos Estados membros, sem que seja necessário para efeito da aprovação de
um qualquer instrumento jurídico nacional. Isto significa que, a partir do momento em que o
Conselho aprova uma norma de direito uniforme, esta será aplicada em todos os Estados
membros, sem necessidade de ratificação ou aprovação de uma norma de execução nos direitos
dos Estados membros.

De facto, a aplicabilidade directa integra duas realidades. Primeira, um aspecto formal no que
concerne a introdução do Direito comunitário nas ordens jurídicas nacionais. Neste sentido, a
aplicabilidade directa implica a proibição de qualquer transformação das normas comunitárias
bem como a aprovação de qualquer acto nacional de recepção. Segundo, um aspecto material que
se relaciona com a capacidade do Direito Comunitário de criar ao beneficio ou a cargo dos
particulares, direitos e obrigações que eles podem reivindicar, directamente, sem que seja
necessário uma medida nacional de execução. Trata-se do efeito directo da norma, comunitária
que implica a imediata aplicação da norma bem como sua execução integral.

Por uma metodologia da integração jurídica


O método é uma sequência ordenada de meios com vista a atingir um objectivo, «<uma maneira
ordenada de fazer as coisas». Não há dúvida sobre o facto de que um processo de integração
jurídica deve ter um método. Todavia, sem ter a pretensão de expor uma sequência perfeitamente
ordenada e acabada de tarefas ou operações a realizar para alcançar este objectivo, é pelo menos,
útil esboçar o conteúdo de algumas destas sequências que, pela sua pertinência no processo de
integração, merecem ser sumariamente apresentadas.

Assim, serão expostos as seguintes sequências: a realização de uma auditoria jurídica estratégica,
a escolha política, a elaboração de um calendário credível de acções a promover, a formação dos

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juristas para o sucesso de execução do Direito Comunitário e a procura de uma parceria com a
sociedade civil.

A realização de uma auditoria jurídica estratégica


Um primeiro passo, consistiria em realizar uma auditoria jurídica estratégica à nível da SADC
para avaliar o custo real da não harmonização e uniformização do Direito Comercial e do Direito
Económico nos Estados membros, por um lado, e as medidas a implementar, no caso em que,
uma decisão política de iniciar um processo de integração jurídica em todas as suas vertentes
(harmonização e uniformização) - seria aprovada pelos Estados membros, por outro lado. Por
outras palavras, o que custa conviver com catorze direitos empresariais diferentes, catorze
direitos dos contractos diferentes, catorze regimes de garantias diferentes, catorze direitos da
concorrência diferentes, etc....

Olhando para as experiências realizadas fora da SADC, alguns Estados, em particular, realizaram
este tipo de estudo, antes de iniciar um processo de adesão à uma organização de integração. Foi
o caso, por exemplo da República Democrática do Congo, na ocasião do início do seu processo
de adesão à OHADA.

Nesta perspectiva, porque não adoptar a mesma sequência à nível dos Estados membros da
SADC no seu conjunto? Este estudo preliminar não constituíra um compromisso dos Estados
membros, mas teria o mérito de trazer uma informação objectiva e argumentada sobre uma
temática determinante para o futuro da organização.

Escolha política: a opção para um direito comum à SADC ou a opção para a OHADA

A escolha do direito substantivo ou adjectivo, que deverá constituir o Direito Comunitário é


meramente política. Todavia, esta escolha pode ser circunscrita a duas: ou os Estados membros
optam por um Direito comunitário próprio ou escolher uma organização internacional que
oferece já um direito uniformizado como, por exemplo, a OHADA.

A opção por um Direito Comunitário próprio


Tomando em conta a agenda da SADC- Zona de livre comércio em 2008, União Aduaneira em
2010, Mercado Comum em 2015, União Monetária em 2016 e Moeda Única em 2018-, é

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necessário entender que a progressão neste processo necessita de instrumentos jurídicos capazes
de acompanhá-lo em boas condições e sobretudo consolidá-lo em cada uma das suas fases.
Assim, existe domínios ou sectores de actividades onde a coordenação não será suficiente para
realizar uma verdadeira integração.

Nesta perspectiva, a harmonização dos direitos dos países membros constitui um dos meios ao
qual pode se recorrer, em alguns casos, para garantir, de uma forma efectiva, a integração
económica. A intensidade desta aproximação é variável segundo as matérias e, sobretudo,
segundo o estado dos direitos dos Estados membros. Contudo, há dominios em que a integração
económica é perfeitamente conciliavel com uma disparidade de legislações; existe outras, pelo
contrário, onde é preciso ultrapassar a coordenação e a harmonização para conseguir realizar
uma verdadeira unificação. Como realizar uma União Monetária sem uma União Política, se a
primeira depende da segunda e que esta última pressupõe a existência de uma organização
supranacional?

Se se pretender atingir e realizar com sucesso o objectivo de um espaço verdadeiramente


integrado e não apenas coordenado, será necessário a implementação de métodos de produção de
normas jurídicas articuladas em torno de técnicas de uniformização do direito. Nesta perspectiva,
a criação de um Direito Comunitário faz plenamente sentido.

Escolha política: a opção para um direito comum à SADC ou a opção para a OHADA
A escolha do direito substantivo ou adjectivo, que deverá constituir o Direito Comunitário é
meramente política. Todavia, esta escolha pode ser circunscrita a duas: ou os Estados membros
optam por um Direito comunitário próprio ou escolher uma organização internacional que
oferece já um direito uniformizado como, por exemplo, a OHADA.

A opção por um Direito Comunitário próprio


Tomando em conta a agenda da SADC- Zona de livre comércio em 2008, União Aduaneira em
2010, Mercado Comum em 2015, União Monetária em 2016 e Moeda Única em 2018-, é
necessário entender que a progressão neste processo necessita de instrumentos jurídicos capazes
de acompanhá-lo em boas condições e sobretudo consolidá-lo em cada uma das suas fases.
Assim, existe domínios ou sectores de actividades onde a coordenação não será suficiente para
realizar uma verdadeira integração.

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Nesta perspectiva, a harmonização dos direitos dos países membros constitui um dos meios ao
qual pode se recorrer, em alguns casos, para garantir, de uma forma efectiva, a integração
económica. A intensidade desta aproximação é variável segundo as matérias e, sobretudo,
segundo o estado dos direitos dos Estados membros. Contudo, há dominios em que a integração
económica é perfeitamente conciliavel com uma disparidade de legislações; existe outras, pelo
contrário, onde é preciso ultrapassar a coordenação e a harmonização para conseguir realizar
uma verdadeira unificação. Como realizar uma União Monetária sem uma União Política, se a
primeira depende da segunda e que esta última pressupõe a existência de uma organização
supranacional?

Se se pretender atingir e realizar com sucesso o objectivo de um espaço verdadeiramente


integrado e não apenas coordenado, será necessário a implementação de métodos de produção de
normas jurídicas articuladas em torno de técnicas de uniformização do direito. Nesta perspectiva,
a criação de um Direito Comunitário faz plenamente sentido.

A primeira questão a resolver é a das matérias a uniformizar com a finalidade de criar um


ambiente jurídico favorável para as empresas e os investidores. Pertencerá ao (s) órgão (s) da
SADC, encarregado de aprovar as normas apropriadas numa SADC "supranacionalizada" definir
essas matérias tomando em conta mais particularmente, o Direito Comercial e o Direito
Económico.

A segunda questão é relativa ao procedimento a seguir para proceder à uniformização das


matérias jurídicas identificadas como essenciais. Neste caso, o ponto de partida poderia vir do
Secretariado que poderia submeter ao Conselho um programa de harmonização/uniformização
das matérias jurídicas consideradas como necessárias para atingir um grau razoável de integração
jurídica. O Secretariado poderia elaborar as propostas de normas a aprovar em concertação com
os governos dos Estados membros.

A seguir, os projectos, com as observações dos Estados membros, poderiam ser acaminhados
para o Tribunal para dar o seu parecer. Depois, desta fase, o Secretariado poderia elaborar a
proposta definitiva de norma uniforme a submeter para aprovação do Conselho.

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Em todo caso, na zona da SADC, caracterizada por uma assimetria em termos políticos,
económicos e culturais dos Estados membros, deve se tomar em conta o facto de que o processo
de harmonização e uniformização do direito não deve-se tornar um processo de assimilação
jurídica padronizado no direito do país mais influente.

A opção OHADA
Em primeiro lugar, afirmar que, teoricamente, nada impede um Estado membro da SADC de
aderir ao Tratado da OHADA que tem, como ensina JOSEPH-ISSA-SAYEGH," ... uma vocação
a uma expansão sem limite no plano territorial ...", e "... uma ambição de integração jurídica à
escala continental e em todos os domínios do direito económico". Com efeito, no plano
territorial, a adesão está aberta sem condição aos Estados membros da União Africana. Nos
termos do Artigo 53, do Tratado OHADA: "O presente Tratado é, desde a sua entrada em vigor,
aberto à adesão de todos os membros da OUA e não signatários do Tratado...".

O exemplo recente do comprometimento da República Democrática do Congo (RDC), Estado


membro da SADC desde 1998, em aderir ao Tratado da OHADA - processo que iniciou em
2006, e que se consolidou recentemente com a carta enviada pelo Presidente da República
Democrática do Congo ao seu homólogo do Senegal na qual o Presidente JOSEPH KABILA
manifestou a intenção do seu país de aderir ao Tratado OHADA corrobora plenamente esta
afirmação.

Este evento terá certamente consequências do ponto de vista dos debates que poderiam ter lugar,
numa fase posterior de harmonização ou de unificação do Direito Económico, no espaço da
SADC. Com efeito, os direitos comerciais e económicos unificados da OHADA, através do
vector da RDC, constituirá um facto incontornável de debate em qualquer negociação e
estratégia de harmonização e uniformização do Direito Económico que ainda não começou nesta
organização.

Nesta perspectiva, todas as hipóteses podem ser exploradas. Em primeiro lugar, o direito da
OHADA pode constituir uma simples informação pelos Estados membros da SADC como
modelo de normas jurídicas uniformizadas e das suas vantagens práticas. Em segundo lugar, o
modelo da OHADA pode, também, servir de método para a elaboração de uma estratégia futura
para a implementação de um processo de harmonização ou de uniformização do Direito

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Económico. Finalmente, o modelo OHADA pode suscitar uma adesão parcial ou total dos
Estados membros da SADC a este Tratado

A OHADA tem uma vocação africana. Por outras palavras, "A promoção da União Africana,
mais exactamente da organização de um mercado comum africano, constitui um dos objectivos
da OHADA". A adesão a esta visão pelos Estados membros da SADC contribuiria para a
harmonização do direito ao escalão continental, bem como facilitaria os objectivos perfilhados
pelo Tratado de Abuja, nomeadamente, o da criação de um Mercado Comum Africano.

A elaboração de um calendário credível de acções


Na hipótese em que a decisão de iniciar um verdadeiro processo de integração jurídica parece
objectivamente fundamentado, será conveniente prevenir e limitar as imperfeições ligadas ao
poder discricionário dos Estados membros sobre a programação e a amplitude da implementação
do Direito Comunitário, mas particularmente, no que concerne a conformação das regras da
OHADA, na hipótese em que os Estados membros da SADC tiverem optado para esta escolha e
tiverem afastado, consequentemente, a opção de um Direito Comum próprio à SADC.

Por outras palavras, os Estados devem determinar um cronograma obrigatório e credível com a
finalidade de transpor eficazmente as referidas normas. Os riscos de sobrevivência de
especificidades nacionais podem dificultar a sua atractividade e o seu impacto para o
investimento. Não se pode negar as dificuldades da operação; como afirma ANNA F.
PERSSON: o direito privado, ao qual pertencem os interesses de segurança, costuma ser visto
"como uma espécie de símbolo da identidade jurídica nacional e uma forte expressão da cultura
jurídica nacional". Por esse motivo, muitos estados tendem a resistir à harmonização do direito
privado".

A formação dos juristas para o sucesso da execução do Direito Comunitário


O Direito Comunitário deve ser claro, simples, moderno, coerente e acessível para garantir a
segurança jurídica e, consequentemente, um bom ambiente de negócio. A formação dos juristas,
em geral, e dos advogados, em particular, será uma etapa decisiva para garantir a aculturação
desses novos instrumentos jurídicos nos sistemas jurídicos dos Estados membros.

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Limitações da Pesquisa
As limitações de pesquisa são as barreiras que vão enfrentar o pesquisador no campo no
momento de recolha de informações a concretização do seu trabalho de forma sustentável. São as
limitações dum estudo, as dificuldades encaradas no decurso da pesquisa, por exemplo, assuntos
culturais, económicas, políticas, que por ventura possam inviabilizar a materialização do estudo
pretendido (Sampieri, 2006).

Deste modo, para a realização deste estudo, terão algumas limitações tais como: a falta de
material, manuais, artigos para a obtenção de informações, as dificuldades para a aceder aos
dados da Instituição devido aos constrangimentos sigilosos ou seja, não fornecimento de
informações achadas confidenciais para as pessoas entrevistadas e as limitações financeiras

elevadas as despesas de internet, transporte, impressão, telefone celular, computador entre


outros para a realização do trabalho.

CRONOGRAMA
Quadro 1. Cronograma de Execução das Actividades
No ACTIVIDADES PERIODOS DE TRABALHOS (MESES)

Maio Junho Julho Agost Setem Outubr Novembr Dezembro


o bro o o

01 Levantamento de Dados

02 Análise e interpretação
de doados

03 Pesquisa bibliográfica

04 Entrega do Trabalho
Final

09 Defesa

Orçamento da Pesquisa

28
10 Internet 3.000,00

11 Papel A4 2.500,00

12 Impressão 1.000,00

13 Encadernação 2.000,00

14 Deslocações 9.000,00

15 Alojamento 0,00

16 Alimentação 0,00

Total………………..………………………………………………...……….. 18.500.00

Referência bibliográfica
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