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1- Estudar a epidemiologia, fatores de risco, ↠ O VHA está classificado na família Picornaviridae como
etiologia, fisiopatologia, manifestações clínicas e representante único do gênero Hepatovirus. Como os
diagnóstico das hepatites virais. demais membros dessa família, o VHA não tem envelope
lipídico e seu genoma é revestido por um capsídeo
Hepatites virais proteico composto por 60 cópias de cada uma de suas
proteínas estruturais, VP1, VP2 e VP3 (VEROSENI-
↠ O termo “hepatite viral” é mais comumente utilizado
FOCACCIA, 2015).
no contexto do comprometimento hepático por vírus
hepatotrópicos, que incluem os vírus das hepatites A, B, ↠ Tem a forma icosaédrica, com 28 nm de diâmetro
C, D e E (KUMAR et. al., 2023). (DANI; PASSOS, 2011).
Outros vírus podem infectar o fígado, mas este órgão não é ↠ O genoma do VHA é constituído por uma molécula
nem o local primário de suas replicações, nem o seu alvo principal.
Nessa condição, incluem-se o citomegalovírus, o herpes simples, o
de RNA de fita simples com polaridade positiva que
Epstein-Barr, o vírus da febre amarela e da dengue, assim como funciona, também, como RNA mensageiro (VEROSENI-
outros flavivírus (DANI; PASSOS, 2011). FOCACCIA, 2015).
↠ As hepatites agudas são processos inflamatórios que ↠ Além do hepatotropismo e da inabilidade em suprimir
acometem de maneira difusa o parênquima hepático e a síntese de macromoléculas da célula hospedeira, outras
que têm duração, em geral, inferior a seis meses características distinguem o VHA dos demais membros
(ZATERKA; EISIG., 2016). da família Picornaviridae, como a notável estabilidade da
partícula viral e o ciclo replicativo lento, não citopático, do
↠ As hepatites agudas virais podem ser causadas por
VHA selvagem (VEROSENI-FOCACCIA, 2015).
cinco diferentes tipos de vírus: A, B, C, Delta e E,
denominados vírus hepatotrópicos. Conforme a via de
transmissão, os vírus hepatotrópicos podem ser
classificados em dois grupos: enterais, cuja transmissão se
faz por via fecal-oral, e parenterais, nos quais a
transmissão ocorre através do sangue ou outras
secreções (ZATERKA; EISIG., 2016).
MODO DE TRANSMISSÃO
↠ O HAV é transmitido principalmente por via fecal-oral,
sendo rara a via parenteral, dado o curto período de
viremia. A transmissão pessoa a pessoa é a forma mais
frequente de disseminação da doença, ocorrendo em
situações de contato íntimo e prolongado, como nos domicílios, nas
creches, em escolas, instituições e acampamentos militares
(ZATERKA; EISIG., 2016).
Surtos epidêmicos por contaminação dos suprimentos de água
de abastecimento têm sido descritos em algumas regiões, mas são
uma forma menos frequente de disseminação da doença. Alimentos
HEPATITE A crus ou mal cozidos que estiveram em contato com água
contaminada, como frutos do mar, podem gerar surtos epidêmicos da
↠ A infecção pelo vírus da hepatite A (HAV) é uma doença (ZATERKA; EISIG., 2016).
doença autolimitada que não leva à hepatite crônica
(KUMAR et. al., 2023).
↠ A viremia não ultrapassa 7 dias, daí porque a doença. Por questões culturais, a subnotificação de HVA é marcante.
transmissão parenteral é rara. Não evolui para hepatite As maiores taxas de casos notificados de hepatite A ocorrem nas
Regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil. Apesar das flutuações vistas
crônica, embora raríssimos casos com essa evolução de ano a ano, as taxas nessas regiões permanecem sempre acima da
tenham sido descritos (DANI; PASSOS, 2011). média nacional (VEROSENI-FOCACCIA, 2015).
EPIDEMIOLOGIA
↠ Nos países em desenvolvimento atinge principalmente
crianças de 6 a 15 anos de idade, e sua prevalência varia
de região para região, na dependência das condições de
As partículas de Dane são constituídas por um envoltório lipídico
higiene e padrão socioeconômico; quanto mais precárias
externo que contém o antígeno de superfície do VHB (AgHBs) e uma
forem as condições de saúde de determinada região, região nuclear densa (core). Esse núcleo central tem uma proteína
mais baixa é a faixa etária em que incide a doença interna (AgHBc) que induz a formação de anticorpos específicos (anti-
(ZATERKA; EISIG., 2016). HBc) pelos indivíduos infectados (VEROSENI-FOCACCIA, 2015).
A hepatite A é de notificação compulsória no país, sendo os O antígeno do core (AgHBc) não é secretado, por isso é muito difícil
dados do sistema de vigilância baseados na notificação passiva dessa sua detecção no sangue circulante, diferentemente do que ocorre no
fígado doente, onde é abundante. O AgHBc pode ser encontrado nos O gene P codifica a DNA-polimerase, uma enzima es pecífica
hepatócitos de doentes aguda ou cronicamente infectados pela técnica fundamental para a duplicação do DNA, que também tem atividade de
da imunoperoxidase (VEROSENI-FOCACCIA, 2015). transcriptase reversa (VEROSENI-FOCACCIA, 2015).
GENOMA
indivíduos infectados. Esse vírus é resistente ao calor, pode sobreviver profissionais de saúde (acidentes perfurocortantes) e destes para
fora do corpo e é facilmente transmitido pelo contato com líquidos pacientes (cirurgias) (VEROSENI-FOCACCIA, 2015).
corporais infectados (VEROSENI-FOCACCIA, 2015).
CARACTERÍSTICAS DO VÍRUS
↠ O vírus C da hepatite (HCV) é do tipo RNA, semelhante
aos flavivírus e classificado atualmente como um
hepacivírus (ZATERKA; EISIG., 2016). Composto de
genoma de fita única (DANI; PASSOS, 2011).
transaminases. Os anticorpos anti-HCV surgem 3 a 6 ↠ A replicação do vírus ocorre por meio de síntese de
semanas após a infecção. A eliminação espontânea do RNA dirigida por RNA pela RNA polimerase do hospedeiro.
vírus após 4 a 6 meses é rara, de modo que a detecção A base dos surtos de doença associados à superinfecção
persistente do RNA do HCV depois desse período pelo HDV não está bem elucidada; foram sugeridos
fornece um indicador de infecção crônica pelo HCV efeitos citopáticos e aumento das respostas citotóxicas
(KUMAR et. al., 2023). do hospedeiro (KUMAR et. al., 2023).
(ativações de células sinusoidais, células de Kupffer e inflamação das ↠ Ocorre desenvolvimento de septos fibrosos, que
células mononucleares lobulares e portais, e endoflebites das vênulas levam à fibrose em ponte portoportal e, por fim, à cirrose
centrais) e regenerações hepatocelulares (mitoses e hepatócitos
multinucleados). As hepatites virais crônicas são definidas
(KUMAR et. al., 2023).
morfologicamente como doenças hepáticas necroinflamatórias, difusas
e fibrosantes, e que duram mais de seis meses (VEROSENI-
↠ Algumas características morfológicas estão presentes
FOCACCIA, 2015). em determinados subtipos de hepatite viral crônica:
(KUMAR et. al., 2023).
HEPATITE VIRAL AGUDA
• Na hepatite B crônica, o retículo endoplasmático dos
↠ A hepatite viral aguda, o tamanho do fígado pode ser hepatócitos está intumescido e preenchido por HBsAg,
normal, aumentado (devido à inflamação) ou diminuído levando a uma aparência de “vidro fosco”. A imuno-
histoquímica para os antígenos de superfície e do cerne da
(retraído) nos casos associados à insuficiência hepática
hepatite B pode confirmar a infecção por HBV.
aguda e à necrose hepática maciça (KUMAR et. al., 2023). • Em geral, a hepatite C crônica exibe agregados linfoides
proeminentes ou folículos linfoides totalmente formados
↠ No exame microscópico, há um infiltrado inflamatório nos tratos portais. A esteatose é comum na hepatite C
portal e lobular, constituído predominantemente de crônica e pode ser significativa nos casos de infecção pelo
linfócitos e uma mistura variável de plasmócitos e genótipo. Pode-se observar a presença de lesão dos ductos
eosinófilos. A lesão dos hepatócitos pode resultar em biliares na hepatite C, simulando uma doença biliar, porém
isso normalmente é um achado focal.
necrose ou apoptose, geralmente com macrófagos
pigmentados, que removem os restos celulares mortos. Com frequência, a biopsia de fígado é realizada para
Nos casos graves, pode-se observar a necrose de grupos confirmar o diagnóstico de hepatite crônica e para avaliar a atividade
inflamatória (grau) e a fibrose (estágio). O estágio da doença é utilizado
de hepatócitos (i. e., necrose confluente), que pode
em associação a outros parâmetros clínicos para determinar a
progredir para a necrose do lóbulo inteiro (i. e., necrose abordagem terapêutica (KUMAR et. al., 2023).
panlobular ou panacinar) ou conectar estruturas
vasculares (i. e., necrose em ponte). Além disso, pode
haver o desenvolvimento de insuficiência hepática com
necrose hepática maciça (KUMAR et. al., 2023).
Hepatócitos com aspecto de vidro fosco na hepatite B crônica, causados pelo acúmulo do
antígeno de superfície do vírus da hepatite B no retículo endoplasmático. As inclusões
citoplasmáticas são de coloração rosa-claro e finamente granulares na coloração pela
hematoxilina e pela eosina; a imuno-histoquímica (detalhe) confirma que elas contêm o antígeno
de superfície da hepatite B (em marrom).
↠ O HBsAg é o primeiro marcador a aparecer no soro, ↠ Na coinfecção, além dos marcadores de hepatite
e já pode ser detectado no período de incubação, 2 a 6 aguda Delta, detectam-se os marcadores de infecção
semanas antes do início do quadro clínico. Nos casos que pelo HBV, ou seja, o HBsAg e o anti-HBc IgM (ZATERKA;
evoluem para a cura, o HBsAg torna-se negativo antes EISIG., 2016).
do sexto mês (ZATERKA; EISIG., 2016).
↠ Já na superinfecção estão presentes os marcadores
A cicatriz sorológica da hepatite B será de infecção crônica pelo HBV: HBsAg, anti-HBc IgG e, em
caracterizada pela presença de anticorpos anti-HBc IgG e geral, está positivo o anti-HBe, indicando a inibição da
aparecimento dos anticorpos anti-HBs (ZATERKA; EISIG., replicação do HBV ocasionada pela superinfecção Delta
2016). (ZATERKA; EISIG., 2016).
HEPATITE E
↠ A infecção aguda pelo HEV pode ser detectada pela
presença no soro de anticorpos anti-HEV IgM, que
permanecem positivos por cerca de 4 a 6 meses após
o episódio agudo, dando lugar a anticorpos da classe IgG,
conferindo imunidade definitiva (ZATERKA; EISIG., 2016).
HEPATITE C
É importante ressaltar que o anticorpo anti-HCV é um anticorpo DANI, Renato; PASSOS, Maria do Carmo
de aparecimento tardio, tornando-se positivo cerca de 8 a 12 semanas F. Gastroenterologia Essencial, 4ª edição. Grupo GEN, 2011
após a contaminação (ZATERKA; EISIG., 2016).
ZATERKA; EISIG. Tratado de Gatroenterologia da
↠ O diagnóstico poderá ser feito mais precocemente graduação à pós-graduação, 2ª edição. Atheneu, 2016.
pela pesquisa no soro do HCV RNA, por técnica de PCR
(ZATERKA; EISIG., 2016). KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K.; ASTER, Jon C. Robbins &
Cotran Patologia: Bases Patológicas das Doenças. Grupo
HEPATITE D GEN, 2023.
↠ Na infecção pelo vírus Delta, o diagnóstico pode ser SILVA et. al. Hepatites virais: B, C e D: atualização. Revista
feito no soro, pela presença de antígeno Delta e anticorpo Brasileira de Clínica Médica, São Paulo, 2012.
anti-Delta IgM (ZATERKA; EISIG., 2016).