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PSIQUIATRIA DA INFÂNCIA E DA ADOLESCÊNCIA

Semiologia em
psiquiatria infantil
Prof. Dr. Francisco Baptista Assumpção Junior
A criança

a)Ela é um ser heterônomo e, como tal, tem que ser pensado ( isso a difere fundamentalmente do adulto);

b)Os sistemas familiares e sociais de sustentação (representados pela escola) tem fundamental importância;

c)O tratamento deve (obrigatoriamente) levar em consideração todas essas variáveis que, dessa forma, vão
interferir de maneira significativa no prognóstico.

Assim pensar que “...tratar a doença é mais importante do que conhecer a criança”, na melhor das hipóteses, é
um absurdo tão grande que só é justificável quando proveniente de alguém que só conhece crianças através de
literatura. Por outro lado, achar que ela não tem nada e que tudo é só uma “construção social”,
é uma omissão imperdoável.
Diagnóstico

A hipótese diagnóstica é um operador eficaz que atualiza no espírito do clínico uma série de sinais diferenciados e
um conjunto de modelos psicopatológicos próprios que permitem-lhe perceber, fundamentado numa lógica, o
resultado de sua investigação.

A nosografia repousa assim sobre critérios de diferenciação de categorias definidas por


agrupamento ou por exclusão.

Assim, de maneira lógica, constituem-se entidades distintas entre si e diferentes da normalidade.


Entrevista com paciente HPMA Avaliação laboratorial
Saúde Mental Prévia
Informantes Background pessoal e social
História Familiar Dados Médicos I. Levantando
Testes Psicológicos Sintomas Físicos dados
Exame Mental

II.Síndrome
Sind. B Sind. C Sind. A Identificada

Transtorno A III.Criando um
Transtorno B Diagnóstico
Transtorno C Diferencial

IV. Escolhendo
um
Diagnóstico A
V.Identificando
Diagnóstico A Comorbidades
Diagnóstico B
Diagnóstico C
VI.Checando a
Formulação
Diagnóstico A!
VII. Reavaliação
dos novos
dados
Mais história testes Resposta ao tratamento
Papel do comportamento

Qualquer comportamento que implique numa vantagem evolutiva é reforçado pela seleção de determinantes
genéticos de tal comportamento (Efeito Baldwin).

“O comportamento é o marca-passo da evolução.”

SELEÇÃO PARA O SUCESSO REPRODUTIVO

Vantagem que certos indivíduos possuem em relação a outros do mesmo sexo e espécie unicamente no que diz
respeito à reprodução.

Dependente de vários fatores: conquistar e manter melhores territórios, rivalidade com irmãos, cuidado com a
prole, interações com a família e a população.
Comportamento humano

1. Mecanismos de controle ligados ao SNC;

2. Mecanismos cognitivos gerais programados através de aprendizado e ambiente;

3. Mecanismos de controle ligados a linguagem e processos simbólicos.


São envolvidas então, duas funções que, podemos considerar básicas para pensarmos o
desenvolvimento infantil:

Inteligência;

Afetividade.
Afetividade

O impacto de um determinado evento particular é determinado por:

1. Limiar e excitabilidade do sistema neural em pauta;

2. Experiências individuais de aprendizado associadas ao estímulo.

(Buck; 1987 apud Assumpção 2007)


SISTEMA I

envolve alterações corporais que ligam-se a homeostase e a adaptação do organismo às


mudanças externas ou internas visando um estado de equilíbrio.

SISTEMA II

envolve respostas que se processam através de mecanismos sensoriais correspondendo a trocas químicas
( algumas vezes perceptíveis olfativamente de maneira consciente ou inconsciente), expressões faciais
( que devem ser decodificadas simbolicamente), movimentos corporais, posturas, gestos, vocalizações e
comportamentos que podem ser vistos, cheirados, tocados e ouvidos.

SISTEMA III

envolve diretamente a questão do relacionamento entre a emoção e a cognição, com a presença de estados
subjetivos e esquemas motivacionais, identificados e analisados muitas vezes, a partir de estímulos
provenientes dos dois sistemas anteriores.

(Buck; 1987 apud Assumpção 2007)


Inteligência

Capacidade de realizar atividades caracterizadas por serem a) difíceis, b) complexas, c) abstratas, d)


econômicas, e) adaptáveis a um objetivo, f) de valor social, g) carente de modelos, e para mantê-las
em circunstâncias que requeiram concentração de energias e resistência às forças afetivas.

(Stoddar; 1943 apud Assumpção 2018)


Eixo I – Diagnóstico Sindrômico
1. QUEIXA E DURAÇÃO: Sintomas psiquiátricos reconhecidos ou não.

2. HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL: Início e da evolução dos sintomas observados.

3. ANTECEDENTES FAMILIARES.

4. ANTECEDENTES MORBIDOS.

5. CONDUTA EXPRESSA: alimentação, sono, controle esfincteriano, sociabilidade, sexualidade, higiene e


manipulações corporais, linguagem, atividades domésticas.

6- EXAME PSÍQUICO:

O exame psíquico é o ponto capital da exploração do paciente. Análise não é estática, levando em consideração os
sintomas apresentados no momento em que se realiza a avaliação, dentro de um ponto de vista
desenvolvimentista.
Dessa maneira leva em consideração toda a subjetividade permitindo que se adentre em seu mundo, de modo a
conhecê-lo e compreendê-lo.
a- Atitude do paciente
I. fisionomia: habitualmente rígida;
II. Cuidados e vestimenta;
III. Reação ao exame: indiferente.

b. Consciência – “organização da experiência sensível atual” (H.Ey apud Assumpção 2016) ou o “todo
momentâneo da vida psíquica” (Jaspers apud Assumpção 2016), com características de
luminosidade, profundidade de campo e sequencia de imagens observando.

c. Atenção – direcionamento, ativo ou passivo, da consciência para uma determinada experiência


( Harris, 1995 apud Assumpção 2016) caracterizando-se como Expontânea ou Voluntária.

d. Memória – Atividade psíquica de fixação, conservação e evocação, a nível consciente, das


percepções já experimentadas pelo indivíduo, sob a forma de imagens representativas ou mnêmicas,
caracterizando Memória de fixação, Memória de Trabalho e Memória de Evocação.
e. Sensopercepção – Impressão, Sensação e Percepção obedecendo leis como 1. “ O todo é mais que
a mera soma das partes”; 2. “ Tendência a estruturação”; 3. “ Tendência a generalização”; 4. “
Tendência a pregnância” com, Constância e Evolução a formas diferenciadas.

f. Pensamento – linguagem interiorizada ou “ sem sons” ( Watson apud Assumpção 2016) como um
Processo simbólico de integração conceitual e significativo de percepções, representações,
evocações e afetos constituídos sob a energização dos estímulos timo-afetivos e marcados pelo
caráter de intencionalidade.

g. Inteligência: “capacidade de realizar atividades caracterizadas por serem 1) difíceis, 2) complexas,


3) abstratas, 4) econômicas, 5) adaptáveis a um certo objetivo, 6) de valor social, 7) carentes de
modelos e para mantê-las nas circunstâncias que requeiram concentração de energia e resistência
às forças afetivas.” (Stoddar, 1943 apud Assumpção 2016).

h. Linguagem: conjunto de signos compreendendo o aspecto principal da comunicação inter-


humana, dependendo de Fatores Genéticos, Qualidade do Meio Social e Fatores Físicos.
i. Orientação no tempo e no espaço no que se refere a Percepção de Realidade e a Percepção de
Tempo Físico ( cronológico) seriação de acontecimentos, ajuntamento de intervalos e Vivido
(Temporalidade) com Desorientação têmporo-espacial.

j. Afetividade e humor enquanto “nossa atitude subjetiva, frente a realidade externa e interna,
mediante a qual, aceitamos ou rejeitamos alguma coisa, amamos ou odiamos, tememos ou
almejamos, etc..”. (Bleuler)

k. Vontade e Pragmatismo enquanto atividade consciente, deliberada, após conflito entre


tendências, submetida a crítica de propósitos e após isso partindo para a ação.
Referências

Assumpção Jr.,FB. Semiologia na Infância e na Adolescência. Rio de Janeiro; Atheneu; 2016

Assumpção Jr.;FB. Entrevista Clínica IN Assumpção Jr.,FB; Kuczynski,E. Tratado de Psiquiatria da Infância e da
Adolescência; RJ; Atheneu; 2018; p.161 – 168
INTRODUÇÃO À MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE

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