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INTERVENÇÃO
AVALIAÇÃO, DIAGNÓSTICO E INTERVENÇÃO
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individualização que a criança tem com relação Como diz Paín (1992) ter uma pessoa só para
à mãe e a conservação de sua história nela. ela nas sessões diagnósticas já é “terapêutico”.
É interessante notar a estreita relação Por essas razões, quando não se vai
dos problemas de aprendizagem, definidos continuar a atender o paciente em tratamento
muitas vezes como “de memória”, com a posterior, é preciso que haja um limite no
impossibilidade da mãe para rememorar fatos e número de sessões diagnósticas, para não se
anedotas sobre a criança, que só pode aprofundar ainda mais a relação terapeuta-
recuperar parte de sua vida através dela. paciente e, de repente, cortá-la, frustrando as
Apesar de que nesta entrevista
expectativas do paciente ao se fazer um
necessitamos uma série de dados bem
encaminhamento para outro profissional.
estabelecidos, deverá ser tão livre como for Por outro lado, qualquer entrevista
possível, dando-se à mãe como instrução o tema com os pais já está, de algum modo, fazendo-os
geral, deixando que as especificações surjam da pensar sobre suas vidas com esse filho, refletir
espontaneidade do diálogo. Ao fazer a pergunta sobre questões antes afastadas do foco, sobre
procura-se incluir o nome do paciente para definir acontecimentos que consideravam irrelevantes
melhor o objetivo. Como por exemplo. “O que você e que agora ficam reposicionados nessas
pode me dizer sobre o nascimento de Alberto?". entrevistas.
Caso a mãe se mostre muito lacônica, confusa ou
A maior qualidade e validade do
retiscente, fecham-se um pouco as perguntas ou
diagnóstico dependerá da relação estabelecida
então inclui-se afetuosamente a mãe no relato,
entre terapeuta e paciente: empática, de
interessando-se pelas suas próprias experiências
confiabilidade, respeito, engajamento. A relação
nos momentos em que deseje revivê-Ias; por
de confiança estabelecida cria condições para o
exemplo. “Você tinha em quem confiar? Quem a
início de quer atendimento posterior.
ajudava?”; muitas vezes a mãe entende em tal
frase um convite para corrigir certas experiências e
recuperar delas níveis de satisfação sepultadas
pelo rancor da carência, neste momento em que A utilização de provas
lhe oferecemos a garantia da compreensão.
Noutro extremo poderemos encontrar uma mãe O uso de testes e provas não é
verborreica que nos inunda com circunstâncias e indispensável em um diagnóstico
anedotas, tecendo uma cortina de confusão que psicopedagógico. Ele representa um recurso a
não nos permite aproximarmos do sujeito de nosso mais a ser explorado pelo terapeuta em alguns
estudo. Às vezes as mães respeitam os limites de casos.
um questionário mais fechado, mas quase sempre É uma complementação que funciona
nos obrigam a denunciar que algo está oculto. com situações estimuladoras que provocam
reações variadas, às vezes intensas, em pouco
espaço de tempo. Por esta razão, considera-se
No caso de um paciente que consulta que não existe nenhuma bateria ideal de testes.
por problemas de aprendizagem, serão as Os testes e provas são selecionados
seguintes as áreas de indagação de acordo com a necessidade surgida em
predominantes: antecedentes natais, doenças, função de hipóteses levantadas nas sessões
desenvolvimento, aprendizagem (PAÍN, 1992). familiares, nas atividades lúdicas etc., quando
alguns aspectos não ficam claros e exigem um
aprofundamento por outros caminhos, em pouco
Relação terapeuta paciente tempo. Por ser apenas um meio auxiliar, é
fundamental a observação acurada, a escuta
A simples atenção da família ao se durante o processo de execução e a leitura
preocupar em levar uma criança a um psicopedagógica possível a ser feita do produto
profissional já é para ela o indicador de que os realizado.
pais passaram a se interessar mais por ela.
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fundamentais do seu psiquismo. É possível, desse para esquerda) e o tempo empregado; depois
modo, buscar relações com a apreensão do realiza-se a mesma observação sobre a outra
conhecimento como procurar, evitar, distorcer, mão comparando-se os rendimentos. A
omitir, esquecer, algo que lhe é apresentado. adequação olho mão, que interessa
Podem-se detectar, assim, obstáculos afetivos principalmente a lecto-escrita, comprova-se
existentes nesse processo de aprendizagem de medindo os tempos e a direção na execução da
nível geral e especificamente escolar. instrução "une os pontos o mais rápido que
puderes".
Como coloca Anastasi (1967), “espera-
se que os materiais do teste sirvam como uma Convém deixar um intervalo entre um
espécie de “tela” na qual o sujeito “proteja” suas e outro exercício (ANASTASI, 1967).
agressões, seus conflitos, seus medos, seus
• De lecto-escrita: Interessa determinar
esforços, suas ideias características. Assim, os
que tipo de dificuldade é a que
aspectos do processo simbólico aparecem, nas
predomina no fracasso da criança na
produções gráficas, nos relatos de histórias
aquisição da escrita e da leitura. Um
criadas, no uso do gesto e do próprio corpo nas
exame do caderno nos permitirá saber
dramatizações.
se se trata de um problema ortográfico,
As dificuldades, as falhas, e os rodeios se há queda de letras, ligações entre
que os sujeitos com problemas de palavras, inversões, substituições
aprendizagem apresentam nesta prova indicam sistemáticas de fonemas, etc.
sua dificuldade para recuperar intelectualmente
Aqui também a bibliografia é generosa
objetos perdidos e reprimidos.
quanto a exercícios que discriminam a índole da
Interessam especialmente para o perturbação; para uma revisão muito rápida,
diagnóstico do problema de aprendizagem os podemos aconselhar a administração dos
seguintes aspectos derivados das provas seguintes itens:
projetivas:
• Reconhecimento de letras e fonemas:
• Recursos simbólicos para a usam-se duas lâminas, uma escrita com
representação; letras de imprensa e outra com cursiva.
• Modalidade do inventário, organização e Em ambas diz: “ao passar pela casa eu
integração na fantasia; disse para ele até amanhã. O sujeito
• Perturbações da identidade e a negação. deve indicar onde diz ma, pa, sa, as, Ia,
ao.
• Geração de palavras (função analítico-
As provas específicas podem ser: sistemática). Com cartões para montar
constrói-se mamãe e papai, e solicita-se
• De lateralidade: Tem por objeto ao sujeito compor mapa. Constrói-se
determinar o predomínio de um casa e mamãe: solicita-se maca, cama,
hemisfério cerebral sobre o outro na e saca, etc.
coordenação das ações, o que se • Compara-se o rendimento, na cópia, no
estabelece verificando qual a mão, o pé, ditado, na escrita espontânea e na
o olho preferido para a execução de leitura. Começa-se com a escrita
uma atividade, e comparando o espontânea e repete-se esta frase em
rendimento obtido quanto à habilidade, outras circunstâncias.
rapidez e força com a extremidade
direita e com a esquerda.
Existe numerosa bibliografia que Dentro deste esquema convém adaptar o
apresenta pequenos exercícios que confirmam a material segundo as dificuldades do paciente, com
predisposição lateral, como, por exemplo, o o objetivo de ir verificando se se trata de um
predomínio da mão: solicita-se à criança distribuir problema de organização espacial, temporal, de
trinta cartas em três montinhos. Anota-se a mão coordenação fonoaudiológica, de alterações no
preferida, o sentido da atividade (se esta é reconhecimento simbólico e as diferentes formas
realizada de esquerda para direita ou de direita de paralexia e paragrafia. Frequentemente é
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REFERÊNCIAS CONSULTADAS E
UTILIZADAS
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