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UNIVERSIDADE PÚNGUÈ

Faculdade de Letras, Ciências Sociais e Humanidades

Códigos Sociolinguísticos

Curso de Licenciatura em Ensino de Português

Ezequiel Mário Luís

Helena Paulo Jordão Andissene

Izete Maria Carlos

Premelencia Shepard Karewa

Rita Juvêncio Guambe

Zinha Romão Guambe

Tete

Abril, 2024
Ezequiel Mário Luís

Helena Paulo Jordão Andissene

Izete Maria Carlos

Premelencia Shepard Karewa

Rita Juvêncio Guambe

Zinha Romão Guambe

Códigos Sociolinguísticos

Trabalho de referência bibliográfica a ser


submetido no departamento de Letras, Ciências
Sociais e Humanidades, no Curso de
Licenciatura em ensino de Português, cadeira de
Sociolinguística como requisito para avaliação
parcial.

Docente: Prof. Doutor Rufino Alfredo

Tete

Abril, 2024
Índice

1 Introdução ........................................................................................................................... 4

1.1 Objectivos .................................................................................................................... 4

1.1.1 Objectivo geral ..................................................................................................... 4

1.1.2 Objectivos específicos .......................................................................................... 4

1.2 Metodologia ................................................................................................................. 4

2 Códigos Sociolinguísticos .................................................................................................. 5

2.1 Tipos de códigos .......................................................................................................... 5

2.2 Principal diferença ....................................................................................................... 6

2.3 Características .............................................................................................................. 7

2.4 Posição de Bernstein em relação à escola .................................................................... 8

Conclusão ................................................................................................................................... 9

Referências Bibliográficas ....................................................................................................... 10


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1 Introdução

Com o objectivo de explorar a comunicação na família e a transição família-escola,


Bernstein cria o conceito de código. Fundamental para a análise da socialização primária da
criança. Este código era anteriormente definido unicamente em função dos processos de
planeamento verbal, numa perspectiva que não tornava explícita a sua relação com a classe
social. Com Bernstein, esta ligação torna-se agora evidente com a reformulação do conceito
de código linguístico pelo de código sociolinguístico. Portanto, esta mudança constitui uma
viragem na análise dos códigos, de código desligado da classe para código ligado à classe.
Os códigos constituem o elemento fundamental da comunicação nas classes sociais.

1.1 Objectivos

1.1.1 Objectivo geral


 Conhecer os códigos sociolinguísticos.

1.1.2 Objectivos específicos


 Conceitualizar o código linguístico;
 Identificar os códigos sociolinguísticos;
 Diferenciar os códigos linguísticos;
 Caracterizar os diferentes códigos linguísticos;

1.2 Metodologia

Para a efectivação do trabalho e o cumprimento dos objectivos ora definidos usamos usou-se
como metodologia a pesquisa bibliográfica que consiste na leitura de varias obras e a
introspecção.
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2 Códigos Sociolinguísticos
Para Bernstein (1996, p.143), um código pode ser definido como “um princípio regulador,
tacitamente adquirido, que selecciona e integra os significados relevantes, à forma da sua
realização e os conceitos evocadores”.
Para Morais e Neves (2007, p. 116), O código funciona como “um regulador da relação entre
contextos e gerador de princípios orientadores da produção dos textos adequados a cada
contexto”.
Os Códigos sociolinguísticos constituem diferentes produtos sociais, isto é, diferentes grupos
sociais produzem diferentes códigos linguísticos.
2.1 Tipos de códigos
A posição que a pessoa ocupa na divisão social determina o tipo de código apreendido.
Para Silva (2010, p.74), “O tipo de código determina, por sua vez, a consciência da pessoa, o
que ela pensa e, portanto, os significados que ela realiza ou produz na interacção social”.
Bernstein distinguiu dois tipos de códigos: o restrito e o elaborado.
Em seus primeiros estudos, ele falava em linguagem pública e linguagem formal, partindo da
pressuposição. Linguagem pública seria aquela em que predominassem as implicações
emotivas sobre as lógicas. Nela, o falante faria uso de frases curtas e perguntas em que o
simbolismo seria concreto e com um baixo grau de generalização. Por outro lado, a linguagem
formal seria aquela relativamente complexa e que propiciaria ao falante uma percepção mais
aguda dos objectos e da realidade.
Mais tarde Bemstein passa a chamar essas duas linguagens Código Restrito e Código
Elaborado que são definidos como funções do relacionamento social ou como qualidades da
estruturação social.
O código restrito é uma forma de linguagem oral, em que determinados significados são
restritos, é uma linguagem presa ao contexto, contendo significados particularistas. Bernstein
(1982).
Segundo Bernstein (1986) numa forma de linguagem regulada por um código restrito, é muito
mais fácil predizer as opções ou alternativas sintácticas, pois que estas são seleccionadas pelo
falante, de uma gama menos vasta e há uma certa rigidez na sua organização. Como
caracteriza Saraceno e Naldini (2003) aqueles cuja experiência quotidiana e de vida se
circunscreve geralmente a relações de tipo coloquial- familiar, em trocas verbais pouco
articuladas, ainda que cheias de significados, são imediatamente compreensíveis pelos
interessados. Afirma Bernstein, é um código básico, que privilegia intimidade, é o código do
"aqui e do agora", que modela e que modifica a natureza profunda da experiência subjectiva
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na família e nas relações pessoais íntimas. Pinto (1995) salienta que em certas famílias (de
classes sociais desfavorecidas) as relações dos códigos são mais directas, mais autoritárias,
explicam-se menos as razões das decisões, exigindo que as crianças obedeçam às regras sem
que lhes expliquem os motivos que lhes são aplicáveis. O discurso entre pais e filhos é mais
simples no sentido de ser menos elaborado, usando-se mais frequentemente o recurso a
sanções físicas.
Por outro lado, o código elaborado é igualmente um código básico. Numa forma de
linguagem regulada por este código, é difícil predizer as opções ou alternativas sintácticas
adoptadas para a organização da fala, porque o falante dispõe de uma ampla gama de
alternativas e organiza-as flexivelmente.
Segundo Bernstein,1986,p.138) Código elaborado é aquele no qual as possibilidades formais
e a sintaxe são muito menos previsíveis e as possibilidades formais de organização da
sentença são usadas para esclarecer o significado e torna-lo explícito.
2.2 Principal diferença
Segundo Bernstein(1996).A principal diferença entre eles é que o restrito depende do contexto
e pode ser aprendido na família, na escola, entre outras instituições sociais, e o elaborado,
não. O código elaborado usa uma estrutura gramatical mais completa, ao passo que o código
restrito se utiliza de uma estrutura gramatical mais simples.
Nesse sentido, a linguagem da classe trabalhadora (código restrito) é presa ao contexto, possui
sentenças curtas e gramaticalmente simples, sinteticamente são pobres e na voz activa com
aplicações simples e repetidas das conjunções, uso restrito de orações subordinadas contendo
significados particularistas. A linguagem da classe média (código elaborado) é liberada do
contexto, apresentando sentenças gramaticalmente mais complexas contendo significados
universalistas (Narzetti; Nobre, 2016).
Para as autoras, na tese de Bernstein o factor determinante para o desenvolvimento dos
códigos seria as formas diferentes de socialização que a criança recebe no ambiente familiar.
A classe média domina os dois códigos e a classe operária somente o código restrito. O
sucesso escolar requer um código elaborado que os filhos de pais da classe trabalhadora não
obtiveram em sua formação e esses estão em desigualdade de condição, tratando-se do código
dominante da escola. A diferença se converte em déficit no contexto das relações de macro
poder (Bernstein, 1996).
Para Bernstein (1986, p. 138).O código restrito não é o mesmo que variedade popular e o
código elaborado não é o mesmo que variedade culta da língua. No código restrito encontram-
se sentenças curtas, gramaticalmente simples, quase sempre incompletas, sintaticamente
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pobres e na voz activa; aplicação simples e repetitiva das conjunções (assim, então, porque);
uso restrito de orações subordinadas; incapacidade para manter um assunto formal em uma
sequência oral, facilitando o surgimento de um conteúdo informativo desorganizado; uso
rígido e limitado de adjectivos e advérbios. A passo que no código elaborado é aquele no qual
"as possibilidades formais e a sintaxe são muito menos previsíveis e as possibilidades formais
de organização da sentença são usadas para esclarecer o significado e torná-lo explícito".
Apresenta, ainda, estes traços: sentenças gramaticalmente complexas, com ordem gramatical e
sintaxe precisas; uso variado de conjunções e orações subordinadas; uso frequente de
preposições que indicam relações lógicas, bem como de preposições que indicam
contiguidade temporal e espacial; uso variado de adjectivos e advérbios; uso variado de
pronomes. (Bernstein, 1986, p. 138).
2.3 Características
As características do código restrito são: estruturas gramaticalmente simples e/ou
incompletas, frases curtas; demasiados recursos não-verbais, pouco uso de orações
subordinadas e de verbos na voz passiva, repetição de pronomes pessoais e também de
conjunções, uso limitado de adjectivos.
O código elaborado, caracteriza-se por uma linguagem mais formal e uma complexidade
sintáctica. A linguagem da classe média (código elaborado) é independente do contexto,
contendo significados universalistas.( Bernstein, 1982).
O código elaborado distingue-se pelas características lexicais e sintácticas como: construções
gramaticalmente precisas e complexas, uso frequente de preposições, uso diferenciado de
pronomes, conjunções e orações subordinadas, uso diferenciado de adjectivos e advérbios.
Os dados de relacionamento social dos indivíduos processam-se dentro desses códigos. Com
base no uso de um ou de outro código é possível prever as atitudes dos indivíduos nos grupos
ou entre grupos. O usuário do código restrito demonstra tendência à submissão e à lealdade ao
grupo em termos de aspirações e normas sociais. O indivíduo é acomodado e perfeitamente
adapto ao grupo, já que sua linguagem é percebida como meio de produzir símbolos sociais
que são de todos e não como uma
forma de verbalizar as próprias experiências e vivências, ao contrário do indivíduo que utiliza
o código elaborado.
Segundo Soares (1986, p.25), in Bernstein, mais tarde, na caracterização dos dois códigos
passa a enfatizar mais os aspectos semânticos em vez dos aspectos lexicais e
morfossintácticos, ou seja, os aspectos semânticos passam a determinar os demais: "a forma
de relação social actua selectivamente sobre os significados a serem transmitidos, e estes, por
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sua vez, determinam escolhas gramaticais e lexicais específicas". Haveria, então, os


significados universalistas, que são linguisticamente explicitados e independentes do contexto
e, portanto, acessíveis a qualquer pessoa.
2.4 Posição de Bernstein em relação à escola
O trabalho de Bernstein gerou intensa discussão e muito interesse, pois coincidiu com um
período em que era grande a preocupação com o fracasso escolar de crianças de classes
sociais desfavorecidas. A interpretação que ganhou notoriedade para a explicação do fracasso
escolar baseou-se em preconceitos deterministas e foi influenciada pela tese dos dois códigos
nomeados por Bernstein, concluindo que a linguagem de crianças das classes baixas é pobre,
sem imaginação, sem coesão, imprópria para abstracções e classificações. As crianças que
utilizam o código restrito seriam portadoras de uma "deficiência linguística", o que implicaria
uma deficiência cognoscitiva e daí, o fracasso escolar
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Conclusão

Concluímos que:

a) segundo a tese de Bernstein, a estrutura social gera códigos linguísticos diferentes


que transmitem a cultura do grupo, e dessa forma, acaba, por determinar
comportamentos e modos de pensar e interpretar a realidade. Bernstein em seus
primeiros estudos falava em linguagem pública e linguagem formal, partindo da
pressuposição e mais tarde ele passa a chamar essas duas linguagens de código
restrito e elaborado.
a) Os códigos sociolinguísticos desempenham um papel crucial na comunicação
humana, reflectindo as nuances da sociedade e das relações interpessoais.
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Referências Bibliográficas

Bernstein.(1996).Pedagogy,Symbolic,Control and identity:theory,research,critique. Londres:


Taylor and Francis.

BERNSTEIN, B.A(1996).Estruturação do discurso pedagógico: classe, código, controle.


Petrópolis: Vozes.

Morais, A.M et al(2007).Estava investigação usando uma abordagem metodológica mista.


Revista Portuguesa de Educação, n.20,vol.2.

Siiva,T.T.(2010).Documentos de identidade, uma introdução as do currículo. Belo Horizonte:


Autentica.

Narzetti,C. et al.(2016).A teoria dos códigos linguísticos de Basil Bernstein e a questão da


modalidade oral da língua. Domínio de linguagem . Uberlândia, vol.

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