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COMPREENSÃO DE TEXTO VARIADORS, PERTENCENTES AOS
DIVERSOS GENEROS TEXTUAIS
Introdução
A compreensão da leitura na língua materna, segunda língua ou língua estrangeira, requer várias
habilidades linguísticas e metalinguísticas inter-relacionadas que permitem ao leitor a produção do
sentido do texto a partir de saberes nos níveis: léxico, morfossintático e semântico. Além disso,
habilidades socioculturais – como o conhecimento de mundo – agregam-se ao domínio do sistema de
escrita pelo leitor, possibilitando-lhe maior ou menor entendimento da leitura.
ROAZZI; DOWKER, 1989; TUNMER, 1990). No que se refere à consciência sintática, um dos
primeiros estudos focalizando essa habilidade foi realizado por Bowey (1986) com falantes do inglês
(língua materna). Os resultados do seu estudo mostraram que o uso de pistas gramaticais facilita o
reconhecimento de palavras e a compreensão, tanto de frases quanto de textos. Em outra
investigação, também realizada com falantes do inglês, Rego e Bryant (1993) verificaram a existência
de uma relação positiva entre a consciência sintática e a leitura de palavras com dificuldades
ortográficas.
Tunmer (1990) e Tunmer e Hoover (1992) explicam a relação entre consciência sintática e
competência em leitura, sugerindo que: a) uma estratégia de leitura possível de ser utilizada pelo
leitor sintática e semanticamente consciente é inferir o significado das palavras desconhecidas
encontradas no texto; b) a consciência sintática possibilita a monitoração eficiente do processo de
compreensão (BOWEY, 1986). Assim, outra estratégia que o leitor sintaticamente consciente é capaz
de empregar é checar se as palavras que ele está lendo combinam gramaticalmente com as outras
palavras do texto. Um estudo que deu suporte a essa ideia foi realizado por Weber (1970 apud
TUNMER; HOOVER, 1992), no qual ela analisou os erros cometidos por alunos da 1ª série na leitura
oral e verificou que os bons leitores tinham mais facilidade que os maus leitores para reconhecerem e
corrigirem seus erros relativos à leitura de palavras que não combinavam com o significado ou com a
sintaxe das sentenças. Tal resultado sugere que os bons leitores têm mais consciência da própria
compreensão ou incompreensão do texto.
No contexto da aprendizagem de uma língua estrangeira, Kato (1999), cuja língua materna é o
japonês, comenta que, em sua aprendizagem de leitura do português do Brasil, recorreu às
inferências para descobrir o significado de palavras desconhecidas. A autora afirma que um leitor
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proficiente em sua língua materna pode compartilhar entre as duas línguas as estratégias e os
procedimentos que utiliza para a leitura, compensando com vantagens o deficit no domínio linguístico
da língua estrangeira. Além disso, a autora sugere que conhecer o universo cultural da língua em que
o texto foi escrito, a utilização das pistas do próprio texto e de suas ilustrações pode facilitar o
processo de compreensão do leitor não proficiente na língua estrangeira.
Kleiman (2004), ao pesquisar como ocorrem as estratégias de inferências léxicas na leitura de inglês
por brasileiros, conclui que o conhecimento do vocabulário numa língua estrangeira é limitado e que a
eficácia das estratégias de inferência de significado do léxico através do contexto é determinante no
momento da compreensão. A capacidade do aluno de autorregular o processo de inferência léxica
vê-se refletida na compreensão e na ampliação do seu vocabulário.
Em síntese, juntamente com Braggio (1992), sugere-se que no ato de leitura várias habilidades são
requeridas, ou seja, o leitor precisa mobilizar não apenas seu conhecimento da língua, considerada
holisticamente, mas também seu conhecimento de mundo, suas experiências etc., e é o conjunto
dessas habilidades que possibilitará a compreensão integrada do texto.
É nesse contexto teórico que este estudo se insere, tendo como objetivo central pesquisar como se
dá a compreensão da leitura em espanhol por estudantes brasileiros. As hipóteses propostas foram
as seguintes:
c) os alunos que demonstram maior capacidade para utilizar as informações (pistas) do texto no
momento da leitura são mais capazes de identificar o significado das palavras dedutivamente;
d) o desempenho dos participantes nas tarefas de avaliação das habilidades metassintáticas mostra-
se significativamente relacionado ao desempenho na compreensão da leitura dos textos em
espanhol.
Método
Este estudo foi realizado em uma escola pública de Curitiba, Paraná, Brasil. Participaram desta
investigação duas turmas de alunos, uma do 8º e outra do 9º ano, num total de 67 alunos de ambos
os sexos, com idades variando de 12 a 18 anos. No momento da aplicação dos instrumentos de
coleta de dados, os alunos haviam completado, respectivamente, dois e três anos letivos de
aprendizagem do idioma espanhol como língua estrangeira.
b) quatro textos para avaliar a compreensão da leitura em espanhol: testes ECL-1 e ECL-2 (CRUZ,
2005a, b) e dois textos do teste diagnóstico psicopedagógico em leitura e escrita (DI SCALA; CANTÚ,
2003);
a) dois textos para avaliação da compreensão da leitura de textos expositivos em português, um para
o 8º e outro para o 9º ano, denominados texto de compreensão de leitura em português A e B
respectivamente: TCLP_A e TCLP_B, pertencentes ao teste “Avaliação da compreensão leitora de
textos expositivos: para fonoaudiólogos e psicopedagogos” de Saraiva, Moojen e Munarski (2009);
b) uma tarefa, criada pelas próprias pesquisadoras, para avaliar a compressão do significado de 23
palavras retiradas dos textos utilizados para a compreensão da leitura em espanhol, sendo dez falsos
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DIVERSOS GENEROS TEXTUAIS
O teste Evaluación de la Comprensión Lectora (ECL) apresenta dois níveis que abarcam todo o
âmbito da Educação Primária: ECL1, para os alunos de 2º e 3º ano (6 a 8 anos). Investiga a
capacidade para captar o sentido de textos escritos de uso habitual e para analisar alguns aspectos
simples próprios de diferentes tipos de textos. Avalia o conhecimento do significado das palavras, de
sinônimos e antônimos e, também, a compreensão do significado de frases e a capacidade para
integrar as informações contidas num texto. Já o ECL-2, para os alunos de 3º a 6º ano (de 9 a 11
anos), oferece textos de maior dificuldade que os do ECL-1, a fim de avaliar o conhecimento de
sinônimos e antônimos, do significado das palavras, e do significado de frases em sentido literal e em
sentido figurado.
Também para a compreensão de texto em espanhol se elegeram dois textos (denominados TCLE_A:
Texto A de compreensão leitora em espanhol e TCLE_B: Texto B de compreensão leitora em
espanhol) do teste DIP (le) diagnóstico psicopedagógico em leitura e escrita. Com relação a esses
textos, são requeridos dois níveis de compreensão, avaliados respectivamente por dois tipos de
perguntas: o primeiro (constituído de três perguntas) visa reconstruir a organização superestrutural e
macroestrutural do relato, enquanto o segundo (duas perguntas) indaga aspectos inferenciais em que
o aluno, mediante indícios que lhe oferece o próprio texto, deve concluir sobre conteúdos não
presentes explicitamente no texto, ainda que dedutíveis a partir de pistas.
Para manter o mesmo padrão de pontuação em todas as tarefas, os resultados obtidos pelos
participantes nas diferentes tarefas foram transformados em percentagens. Os dados coletados
passaram por diversos procedimentos de análises estatísticas. Quanto ao nível de significância,
adotou-se como parâmetro um alfa de 0,05 – valores de p inferiores a este foram considerados
estatisticamente significativos.
Resultados E Discussão
Em relação aos textos que avaliaram a compreensão da leitura em português, verificou-se situação
semelhante, ou seja, os participantes obtiveram um desempenho médio de 42,54% no texto TCLP_B.
Esse resultado, provavelmente, deve-se ao fato de que embora o conteúdo do texto fosse acessível,
as questões referentes à sua compreensão tinham nível mais elevado de complexidade quando
comparadas às questões do TCLP_A.
Quadro 1 Desempenho médio dos participantes nas tarefas de compreensão de leitura em espanhol
e em português
Média d.p.
Espanhol
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Português
A fim de apresentar os resultados de forma parcimoniosa, realizou-se uma análise fatorial exploratória
dos resultados das tarefas de compreensão de leitura em espanhol e português, para verificar se os
dois tipos de tarefas poderiam ser agrupados em fatores gerais.
A avaliação da consistência das tarefas de compreensão da leitura em espanhol realizou-se por meio
do cálculo de alfa de Cronbach, o qual revelou a possibilidade de agrupar a pontuação relativa aos
textos (TCLE_A; TCLE_B) numa única dimensão (TCL_Esp). Entretanto, os textos TCLE_C e
TCLE_D participarão das análises de forma independente.
A análise fatorial das tarefas de compreensão de leitura em português revelou que as duas tarefas
utilizadas poderiam ser agrupadas numa única dimensão. Assim, nas próximas análises será utilizada
uma única pontuação de compreensão da leitura em português (CLT_Por).
Destaca-se que o desempenho dos participantes nas tarefas de compreensão de leitura, tanto em
espanhol quanto em português, não mostrou diferenças significativas segundo o ano escolar (8º ou 9º
ano), motivo pelo qual nas análises seguintes envolvendo essas duas variáveis os participantes serão
considerados como um grupo único.
1 2 3 4
Espanhol
3 TCLE_D ― .33*
Português
4 CLT_Por ―
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DIVERSOS GENEROS TEXTUAIS
Além disso, verificou-se uma correlação significativa e positiva entre a compreensão da leitura em
português (CLT_Por) e os indicadores de compreensão da leitura em espanhol (CLT_Esp; TCLE_C;
TCLE_D), ou seja, esses dados mostram a existência de uma relação entre o desempenho na
compreensão da leitura em português (língua materna) e o desempenho na compreensão da leitura
em espanhol (língua estrangeira). O resultado é especialmente expressivo, considerando-se o
número de participantes e as características das tarefas (graus de dificuldade). No entanto, para que
esse resultado possa ser generalizado, devem-se realizar investigações com um número maior de
participantes.
É importante salientar, ainda, que os achados corroboram os estudos de Kato (1999) e Kleiman
(2004), quando afirmam que um leitor que tem maior compreensão da leitura em língua materna
também apresentará maior capacidade para compreender a língua estrangeira.
Os resultados do teste de vocabulário em Espanhol Peabody PPVT-III, cuja média global foi igual a
57,32 (d.p. = 8,55), não revelaram diferenças significativas entre as médias de desempenho dos dois
anos escolares incluídos no estudo (t = 0,54; p = 0,59). O desempenho médio foi superior a 50%
tanto no 8º (M = 56,75; d.p. = 7,45) quanto no 9º ano (M= 57,87; d.p. = 9,58), sugerindo que não
houve variações significativas entre os níveis de desempenho no teste.
Foi um resultado inesperado, tendo em vista que os alunos do 9º ano tinham um ano a mais de
participação no processo de ensino-
Com relação à tarefa de vocabulário PPVT-III, infere-se que o desempenho dos participantes não foi
produto de seu real conhecimento das palavras e seu significado, mas resultado das tentativas de
acerto (“chute”) de qual imagem correspondia à palavra anunciada. Por exemplo, em um dos itens da
prova, quando foi solicitado ao aluno que indicasse qual das quatro figuras representa melhor o
significado da palavra artefato: 1) ferro; 2) quadro com um peixe; 3) carteira e 4) frasco virado com
cápsulas espalhadas, a resposta dada por grande parte dos alunos foi a 2, quando a correta era a 1.
A partir da pergunta da aplicadora do teste sobre o motivo da resposta apresentada, descobriu-se
que os alunos relacionaram o quadro que tinha o peixe com arte, e esta, por sua vez, com artefato.
Respostas como essa parecem reforçar a conclusão de Almeida (2002), que, ao investigar as
estratégias utilizadas pelos alunos para compreensão do vocabulário em língua estrangeira,
identificou que eles demonstram fazer inferências utilizando tanto as pistas do contexto como os
conhecimentos linguísticos da língua materna.
III. Surpreendentemente, a análise não revelou uma relação estatisticamente significativa entre essas
variáveis.
PPVT-III
Pearson-r p
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Assim, ele não avaliou todas as dimensões relativas ao conhecimento de vocabulário em espanhol
dos alunos, pois não era um teste de vocabulário expressivo. Portanto, acredita-se que a ausência de
relação entre os dados obtidos pode ser explicada por limitação do teste utilizado, o que indica a
necessidade de outras avaliações, com outros instrumentos, para uma avaliação mais completa e
precisa do vocabulário.
Outra possível explicação para a ausência de uma relação significativa entre o desempenho no
vocabulário e a compreensão de textos em espanhol é a de que, em níveis elementares de
conhecimento da língua estrangeira, as estratégias utilizadas para compreensão da leitura estariam
menos dependentes do conhecimento do significado da totalidade das palavras, sendo o contexto do
texto e as pistas gramaticais os principais aliados na tarefa de compreensão (BOWEY, 1986;
KLEIMÁN, 2004; TUNMER, 1990; TUNMER; HOOVER, 1992).
Para identificar a capacidade dos participantes em utilizar o contexto do texto e inferir o significado
das palavras desconhecidas, avaliou-se a variação na compreensão do significado de 23 palavras,
pertencentes aos textos em espanhol, antes e depois da leitura (dentre elas, dez falsos cognatos),
utilizando o teste t de Student pareado, o que permitiu comparar a pontuação do grupo nos dois
momentos. O resultado mostrou um aumento significativo no desempenho médio dos participantes na
identificação de palavras depois de realizarem a leitura dos textos (t = -9,85; p < 0,05).
Pearson-r P
É importante salientar que a compreensão do texto TCLE_D que não apresentou relação significativa
com a variação de conhecimento do vocabulário foi também a que demonstrou o desempenho médio
mais baixo (Quadro 1), o que sugere que quanto maior é a compreensão de um texto, maior a
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DIVERSOS GENEROS TEXTUAIS
possibilidade de inferir o significado das palavras desconhecidas encontradas nele. Considera-se que
a relação positiva verificada pela análise de correlação apresentada indica que os participantes
conseguiram refletir sobre o sentido global dos textos menos complexos (TCLE_A, TCLE_B e
TCLE_C) e inferir o significado das palavras desconhecidas, estratégia que, embora extremamente
adequada, não foi suficientemente eficaz para a inferência do significado das palavras contidas no
texto mais complexo (TCLE_D). Em síntese, sugere-se que quando a compreensão de um texto
exige habilidades mais sofisticadas dos que as que o leitor domina (inclusive em termos lexicais) ele
não consegue criar um contexto significativo que sirva de base para a inferência do significado das
palavras desconhecidas.
Uma análise do desempenho dos participantes nas tarefas que avaliam as habilidades
metassintáticas por meio do teste t de Student não mostrou diferenças estatisticamente significativas
entre as médias dos alunos nas tarefas de julgamento gramatical (t = 0,92; p = 0,36); correção
gramatical (t = 0,21; p = 0,84) e categorização de palavras (t = -0,96; p = 0,34), motivo pelo qual as
análises estatísticas serão realizadas considerando-se todos os participantes em um único grupo.
Esperava-se que os estudantes do 9º ano tivessem maior facilidade para resolver essas tarefas,
especialmente as de julgamento e correção gramatical, tendo em vista que elas apresentavam frases
cuja estrutura sintática é diferente do português. Entretanto, como já foi dito, o desempenho médio
dos alunos dos dois anos escolares (8º e 9º) não foi significativamente diferente. Sugere-se que em
estudos posteriores seja adotada diferenciação maior entre os grupos, caso exista interesse em
examinar diferenças no desenvolvimento das habilidades metalinguísticas, o que pode realizar-se
idealmente com o uso de dados obtidos longitudinalmente.
Os níveis de desempenho dos participantes nas tarefas gramaticais (Quadro 5) revelaram habilidade
média tanto na tarefa de julgamento gramatical (64,63%) como na tarefa de categorização de
palavras (42,69%). Entretanto, verificou-se nível bastante básico na tarefa de correção gramatical
(18,10%). Comparando-se os resultados nas tarefas de julgamento gramatical e de correção
gramatical verifica-se que a tarefa de julgamento foi mais facilmente resolvida, enquanto que a tarefa
de correção apresentou maior dificuldade. Esse resultado confirma o esperado, pois a tarefa de
correção exige que o examinando demonstre explicitamente seu conhecimento da gramática da
língua estrangeira (o que entre esses participantes era incipiente).
Quadro 5 Desempenho médio nas tarefas de avaliação das habilidades metassintáticas em espanhol
Categorização de
palavras
42,69 14,07 13,33 73,33
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COMPREENSÃO DE TEXTO VARIADORS, PERTENCENTES AOS
DIVERSOS GENEROS TEXTUAIS
Habilidades metassintáticas
3 Categorização de ―
palavras
Compreensão da leitura
Enfim, dadas as relações encontradas entre o desempenho nas tarefas de compreensão da leitura
em espanhol e nas tarefas de avaliação da consciência sintática, infere-se que a compreensão da
leitura em espanhol dos participantes – embora relacionada às habilidades sintáticas – depende
também de outras habilidades cognitivas, dentre elas a capacidade de apreender o sentido do texto e
a utilização dos conhecimentos linguísticos da língua materna. Entretanto, para concluir de forma
mais precisa, são necessários outros estudos, com aprendizes de espanhol de níveis mais
avançados, para que se possa verificar a possível relação entre as habilidades metassintáticas dos
leitores e a compreensão de textos com estrutura complexa.
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SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS
Sinônimos e Antônimos
Sinônimos
Do grego, o termo sinônimo (synonymós) é formado pelas palavras “syn” (com); e “onymia” (nome), ou
seja, no modo literal significa aquele que está com o nome ou mesmo semelhante a ele. Não obstante,
a sinonímia é o ramo da semântica que estuda as palavras sinônimas, ou aquelas que possuem
significado ou sentido semelhante, sendo muito utilizadas nas produções dos textos, uma vez que a
repetição das palavras empobrece o conteúdo.
Tipos de Sinônimos
Embora, muito estudiosos da área advogam sobre a inexistência de palavras sinônimas (com valor
semântico idêntico), posto que para eles, cada palavra possui um significado distinto; de acordo com a
aproximação semântica entre as palavras sinônimas, elas são classificadas de duas maneiras:
• Sinônimos Perfeitos: são as palavras que compartilham significados idênticos, por exemplo: léxico
e vocabulário; morrer e falecer; após e depois.
Exemplos de Sinônimos
• Adversário e antagonista
• Adversidade e problema
• Alegria e felicidade
• Alfabeto e abecedário
• Ancião e idoso
• Apresentar e expor
• Belo e bonito
• Brado e grito
• Bruxa e feiticeira
• Calmo e tranquilo
• Carinho e afeto
• Carro e automóvel
• Cão e cachorro
• Casa e lar
• Contraveneno e antídoto
• Diálogo e colóquio
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SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS
• Encontrar e achar
• Enxergar e ver
• Extinguir e abolir
• Gostar e estimar
• Importante e relevante
• Longe e distante
• Moral e ética
• Oposição e antítese
• Percurso e trajeto
• Perguntar e questionar
• Saboroso e delicioso
• Transformação e metamorfose
• Translúcido e diáfano
Antônimos
Do grego, o termo antônimo corresponde a união das palavras “anti” (algo contrário ou oposto) e
“onymia” (nome). A antonímia é o ramo da semântica que se debruça nos estudos sobre as palavras
antônimas. Do mesmo modo que os sinônimos, os antônimos são utilizados como recursos estilísticos
na produção dos textos.
Exemplos de Antônimos
• Aberto e fechado
• Alto e baixo
• Amor e ódio
• Ativo e inativo
• Bendizer e maldizer
• Bem e mal
• Bom e mau
• Bonito e feio
• Certo e errado
• Doce e salgado
• Duro e mole
• Escuro e claro
• Forte e fraco
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SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS
• Gordo e magro
• Grosso e fino
• Grande e pequeno
• Inadequada e adequada
• Ordem e anarquia
• Pesado e leve
• Presente e ausente
• Progredir e regredir
• Quente e frio
• Rápido e lento
• Rico e pobre
• Rir e chorar
• Sair e entrar
• Seco e molhado
• Simpático e antipático
• Soberba e humildade
• Sozinho e acompanhado
A Semântica é a parte da linguística que estuda o significado das palavras, a parte significativa do
discurso. Cada palavra tem seu significado específico, porém podemos estabelecer relações entre os
significados das palavras, assemelhando-as umas às outras ou diferenciando-as segundo seus
significados.
SINONÍMIA: Sinonímia é a divisão na Semântica que estuda as palavras sinônimas, ou aquelas que
possuem significado ou sentido semelhante.
Algumas palavras mantêm relação de significado entre si e representam praticamente a mesma ideia.
Estas palavras são chamadas de sinônimos.
• adversário e antagonista;
• translúcido e diáfano;
• semicírculo e hemiciclo;
• contraveneno e antídoto;
• moral e ética;
• colóquio e diálogo;
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SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS
• transformação e metamorfose;
• oposição e antítese.
Outras palavras, ainda, possuem significados completamente divergentes, de forma que um se opõe
ao outro, ou nega-lhe o significado. Estas palavras são chamadas de antônimos.
• bendizer e maldizer;
• simpático e antipático;
• progredir e regredir;
• concórdia e discórdia;
• ativo e inativo;
• esperar e desesperar;
• comunista e anticomunista;
• simétrico e assimétrico.
Sinônimos
As palavras que possuem significados próximos são chamadas sinônimos. Veja alguns exemplos:
longe – distante
delicioso – saboroso
carro - automóvel
Observe que os sentidos dessas palavras são próximos, mas não são exatamente equivalentes.
Dificilmente encontraremos um sinônimo perfeito, uma palavra que signifique exatamente a mesma
coisa que outra.
Obs.: o uso de palavras sinônimas pode ser de grande utilidade nos processos de retomada de
elementos que inter-relacionam as partes dos textos.
Antônimos
mal / bem
ausência / presença
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SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS
fraco / forte
claro / escuro
subir / descer
cheio / vazio
possível / impossível
Sinônimos
Palavras sinônimas são palavras que apresentam um significado aproximado na representação de uma
ideia. Embora o sentido de palavras sinônimas seja próximo, não é exatamente equivalente, sendo rara
a existência de sinônimos perfeitos, ou seja, de palavras diferentes que signifiquem exatamente a
mesma coisa.
Isto ocorre porque, mesmo apresentando significados equivalentes, as palavras possuem conotações
diferentes. Os termos podem ser mais eruditos ou mais populares, apresentando uma carga cultural
diferente, podem ser mais concretos ou mais abstratos, podem transmitir intensidades diferentes,...
Além disso, a relação de sinonímia entre duas palavras não é recíproca, ou seja, a substituição de um
termo pelo outro não ocorre nos dois sentidos. É preciso ter em consideração o contexto em que se
insere a palavra. Assim, a escolha de um sinônimo deve ser feita de forma contextualizada, para que
não haja alteração semântica da mensagem.
Exemplos de sinônimos
Sinônimos de importante:
• significativo;
• considerável;
• prestigiado;
• indispensável;
• fundamental;
• ...
Sinônimos de necessário:
• essencial;
• fundamental;
• forçoso;
• obrigatório;
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SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS
• imprescindível;
• ...
Sinônimos de problema:
• dificuldade;
• adversidade;
• contratempo;
• defeito;
• dilema;
• enigma;
• ...
Sinônimos de conhecimento:
• sabedoria;
• estudo;
• compreensão;
• know-how;
• convívio;
• ...
Sinônimos de desenvolver:
• crescer;
• progredir;
• evoluir;
• melhorar;
• aprimorar;
• expor;
• ...
Sinônimos de realizar:
• fazer;
• efetuar;
• executar;
• acontecer;
• suceder;
• conseguir;
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SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS
• ...
Sinônimos de mostrar:
• expor;
• apresentar;
• manifestar;
• indicar;
• demonstrar;
• exibir-se;
• ...
Sinônimos de portanto:
• logo;
• assim;
• isto posto;
• à vista disso;
• por conseguinte;
• ...
Sinônimos de porém:
• mas;
• contudo;
• todavia;
• falha;
• senão;
• ...
Antônimos
Palavras antônimas são palavras que apresentam um significado contrário na representação de uma
ideia. Além de contrariedade e oposição, os antônimos podem também estabelecer correlação e
complementaridade.
A antonímia é habitualmente estabelecida entre palavras diferentes, com radicais diferentes, mas os
antônimos podem ser formados também por prefixos de negação, como: in-, des-, a-. Os antônimos
podem ainda ser representados por palavras que já apresentam prefixos cujos significados são
contraditórios.
• bom e mau;
• bonito e feio;
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SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS
• alto e baixo.
• feliz e infeliz;
• atento e desatento;
• típico e atípico.
• exteriorizar e interiorizar;
• progressão e regressão;
• ascendente e descendente.
Tal como os sinônimos, os antônimos são também utilizados como recursos estilísticos na produção
textual, devendo também ser analisados em contexto.
Exemplos de antônimos
Antônimos de dedicado:
• desinteressado;
• desapegado;
• faltoso;
• desaplicado;
• relapso;
• ...
Antônimos de pontual:
• atrasado;
• retardado;
• durável;
• genérico;
• irresponsável;
• ...
Antônimos de supérfluo:
• necessário;
• preciso;
• útil;
• importante;
• indispensável;
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SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS
• ...
Antônimos de progredir:
• regredir;
• retroceder;
• involuir;
• estagnar;
• permanecer;
• ...
Antônimos de essencial:
• desnecessário;
• supérfluo;
• inútil;
• secundário;
• acessório;
• ...
Antônimos de provisório:
• definitivo;
• permanente;
• duradouro;
• efetivo;
• estável;
• ...
Antônimos de acender:
• apagar;
• extinguir;
• desligar;
• esmorecer;
• acalmar;
• ...
Antônimos de mal:
• bem;
• corretamente;
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SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS
• adequadamente;
• benefício;
• favor;
• ...
Antônimos de subsequente:
• precedente;
• antecedente;
• anterior;
• prévio;
• primeiro;
• ...
É muito importante termos o hábito de ler bons livros, histórias em quadrinhos, jornais, e outros, para
que cada vez o nosso vocabulário se torne mais aperfeiçoado.
Porque como você sabe, não podemos escrever da mesma maneira como falamos, pois a escrita
precisa estar de acordo com as regras gramaticais da língua.
Então, quando falamos em sinônimos, lembramos de significado. E esse significado nos leva à ideia
do dicionário, porque ele deve ser nosso companheiro constante.
Podemos dizer garoto, assim como podemos também falar que caridade é o mesmo que bondade.
Apenas houve a mudança de palavra, mas o significado permaneceu o mesmo.
casa – residência
alegria – felicidade
percurso – trajeto
questionar – perguntar
brincadeira – diversão
carinho- afeto
calmo – tranquilo
claro – escuro
dia – noite
bondade – maldade
bonito – feio
limpo – sujo
correto – errado
largo – estreito
alto – baixo
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DIVISÃO SILÁBICA
Divisão Silábica
Você sabe como separar as sílabas corretamente? Para fazer isso é preciso saber algumas regras da
língua portuguesa. Confira!
Imagine que você está escrevendo uma redação na escola ou em algum processo avaliativo. Entre
tantas palavras, uma delas não coube inteiramente na linha que você escrevia. Então, o que se deve
fazer? Bom, nesses casos é indicado separar o vocábulo em duas partes, colocando um hífen (-)
entre elas.
E logo vem a dúvida: onde colocar? Não se deve separá-las de qualquer maneira. É preciso,
portanto, saber as regras de divisão silábica e assim conseguir escrever dentro da norma culta da
língua portuguesa. Veja a seguir essas normas e aplique-as em seu cotidiano.
Dividindo as sílabas
Para realizar uma divisão correta, é preciso ter em mente, a princípio, que em todas as sílabas deve
haver pelo menos uma vogal, sem exceções. Por essa razão, essa norma se torna geral. Conheça
agora as regras práticas.
Não se separam
Ditongos e tritongos
Palavras que possuem, respectivamente, duas e três vogais juntas. Na separação silábica elas
pertencem a uma mesma sílaba.
Exemplos: cau-le, ân-sia, di-nhei-ro, trei-no, des-mai-a-do, U-ru-guai, sa-guão, Pa-ra-guai, a-ve-ri-
guou, quais-quer, etc.
Dígrafos
São encontros consonantais, isto é, duas consoantes juntas, que possuem um mesmo som. Alguns
devem ser separados, mas outros não. Esse é o caso do: ch, lh, nh, gu e qu.
Exemplos: chu-va, fa-cha-da, es-ta-nho, fro-nha, a-que-la, co-lhei-ta, fi-lha, ni-nho, quei-jo, etc.
Quando duas consoantes estão juntas na palavra e a segunda é l ou r, não há a separação delas.
Observe:
Exemplos: fla-gran-te, gló-ria, pla-no, cla-va, a-pre-sen-tar, a-brir, re-tra-to, re-gra, a-bran-dar, dra-
gão, tra-ve, etc.
Se a palavra tiver duas sílabas juntas no início, elas não são separáveis. Entenda.
Em nenhuma hipótese uma palavra que termine com consoante terá uma divisão silábica em que a
consoante fique isolada no final. Nesse sentido, a última letra se une à anterior.
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DIVISÃO SILÁBICA
Separam-se
São palavras formadas por três vogais, mas não é a mesma coisa que o tritongo. Nessas palavras, a
formação é feita com uma vogal (a, e, o) + semivogal (i,u) + uma outra vogal (a,e,o). Preste atenção!
OBS: A formação do tritongo é diferente, sendo semivogal + vogal + semivogal: Paraguai (“u” e “i”
são semi e “a” é vogal).
Hiatos
Quando há um encontro de duas vogais. Diferem-se do ditongo pela forma que são pronunciadas.
Outros dígrafos
Como já dito, dígrafo ocorre quando duas consoantes juntas forma um único som. Nos casos
de: rr, ss, sc, sç, xs, e xc eles devem ser separados.
Encontros consonantais
Com exceção dos casos já citados, onde a segunda consoante é L ou R, nos outros casos a
separação ocorre.
Vogais idênticas
aa, ee, ii, oo, uu e os grupos consonantais cc, cç, também são separados.
Divisão Silábica
Como sabemos, as sílabas são fonemaspronunciados por meio de uma única emissão de voz e
também que a base das sílabas da língua portuguesa são as vogais: a - e - i - o - u. Assim,
todo fonemapronunciado em uma única emissão de voz tem, pelo menos, uma vogal.
É importante ressaltarmos que, em algumas palavras, os fonemas /i/ e /u/ não sãovogais, já que
aparecem apoiados a outra(s) vogal(is), formando uma só emissão de voz (uma sílaba). Essas vogais
que apoiam as outras são chamadas de semivogais. O que diferencia as vogais das semivogais é
o fato de que as últimas não desempenham o papel de núcleo silábico. A palavra “papai”, por
exemplo, é formada por duas sílabas (dissílaba), sendo a segunda formada por uma vogal (a) e por
uma semivogal (i).
A par dessas informações, podemos afirmar que, para saber o número de sílabas que compõem as
palavras, basta identificar quantas vogais há nessa palavra.
Vejamos os exemplos:
• aparelho – a – pa – re – lho (emissão de quatro fonemas sequenciais que estão ligados a vogais);
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DIVISÃO SILÁBICA
• Monossílabas: palavras que possuem apenas uma sílaba: pé, flor, mão.
• Dissílabas: palavras que possuem duas sílabas: balão (ba-lão); suco (su-co); santo (san-to).
• Trissílabas: palavras que possuem três sílabas: hóspede (hós-pe-de); lareira (la-rei-ra); sapato
(sa-pa-to).
• Polissílabas: palavras que possuem quatro ou mais sílabas: literatura (li-te-ra-tu-ra); amaciante (a-
ma-ci-an-te); sambódromo (sam-bó-dro-mo).
Divisão silábica
→ Os dígrafos “ch”, “lh”, “nh”, “gu” e “qu” devem pertencer a uma única sílaba:
chu – va
o – lho
fe - char
que – ri – do
vo - zi – nho
→ Os dígrafos “rr”, “ss”, “sc”, “sç”, “xs” e “xc” devem ser separados em sílabas diferentes.
car – ro - ça
as – sas – si – no
cres – cer
nas – ceu
ex – ce – ção
U – ru – guai
ba – lai – o
di – a
ca – de – a – do
ba – ú
→ Os encontros consonantais devem ser separados, exceto aqueles cuja segunda consoante é “l”
ou “r”.
bru – to
blu – sa
cla - ro
tra - go
→ Os encontros consonantais que iniciam palavras são mantidos juntos na divisão silábica.
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DIVISÃO SILÁBICA
pneu – má – ti – co
gno – mo
Na modalidade escrita, indicamos a divisão silábica com o hífen. Essa separação obedece às regras
de silabação.
Não se separam:
Exemplos:
• ca-cha-ça
• pa-lho-ça
• ama-nhe-cer
Exemplos:
• a-blu-ção
• a-cla-rar
• re-gra-do
• a-bran-dar
• sa-la-man-dra
• ca-tra-ca
Exemplos:
• gno-mo
• mne-mô-ni-co
• psi-có-ti-co
Exemplos:
• a-guen-tar
• sa-guão
• Pa-ra-guai
• ar-guiu
• en-xa-guam
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DIVISÃO SILÁBICA
Separam-se:
Exemplos:
• car-ro
• pás-sa-ro
• des-ci-da
• cres-ça
• ex-ce-len-te
Exemplos:
• sa-ú-de
• cru-el
• gra-ú-na
• re-cu-o
• vo-o
Exemplos:
• ab-di-car
• cis-mar
• ab-dó-men
• bis-ca-te
• sub-lo-car
• as-pec-to
OBSERVAÇÕES
A separação silábica representa um dos requisitos relacionados à linguagem escrita e, como tal,
compõe uma das tantas competências que precisamos dispor, em se tratando de tal circunstância
comunicativa. Assim dizendo, esse fato está submetido a regras predefinidas, e, portanto, precisa ser
incorporado o quanto antes ao nosso conhecimento.
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DIVISÃO SILÁBICA
* As letras que formam os dígrafos “rr”, “ss”, “sc”, “sç”, “xs”, e “xc” devem permanecer em sílabas
diferentes. Verifiquemos alguns casos:
ex – ce – ção
des – cer
ter – ra
pás – sa – ro...
* Os dígrafos “ch”, “nh”, “lh”, “gu” e “qu” pertencem a uma única sílaba. Vejamos:
guer – ra
ni – nho
chu – va
quei – jo...
ca – de – a – do
ju – í – za
La – ís...
Pa – ra – guai
a – ve – ri – guei
cai – xa
fei – xe
* Os encontros consonantais que ocorrem em sílabas internas não devem permanecer juntos, a não
ser aqueles em que a segunda consoante é “l” ou “r”. Vejamos alguns exemplos:
Alguns grupos consonantais iniciam palavras, por isso não devem ser separados. Observemos
alguns casos:
pneu – mo – ni – a
pneu – má – ti – co
psi – có – lo – go...
De forma geral, uma sílaba é um conjunto de fonemas (menores unidades sonoras que constroem
uma palavra) formados por vogais e consoantes que são pronunciados num só impulso de voz.
Podemos classificar uma palavra e sua sílaba de acordo com: sua tonicidade(se uma palavra possui
sílaba tônica ou átona) ou o número de sílabas (quantidade de sílabas que uma palavra possui).
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DIVISÃO SILÁBICA
Em uma palavra, uma sílaba sempre será pronunciada com mais força do que as outras. Essas
sílabas são chamadas de tônicas, enquanto todas as outras de menor intensidade são chamadas
de sílabas átonas, como podemos ver nos exemplos a seguir, onde as sílabas marcadas
correspondem às tônicas as não marcadas às átonas:
Exemplos
As palavras podem ser classificadas também quanto ao número de sílabas: palavras de uma sílaba
só são monossílabas, duas sílabas são chamadas de dissílabas, três sílabas são as trissílabas e
as palavras de quatro sílabas ou mais são chamadas de polissílabas.
Divisão silábica
A divisão silábica das palavras geralmente é baseada de acordo com a sua pronúncia, mas existem
algumas particularidades, como vemos na tabela abaixo:
Dígrafos ss, rr, sc, sç, Separar Carrossel – Car-ros-sel, Cresça – Cres-ça, Exceção
xc – Ex-ce-ção, Piscina – Pis-ci-na
Dígrafo
Confira o que é um dígrafo e quais são os dígrafos existentes visitando a nossa página: Dígrafo.
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ACENTUAÇÃO
Acentuação
Proparoxítonas
Paroxítonas
l fácil
n pólen
r cadáver
ps bíceps
x tórax
us vírus
i, is júri, lápis
Acentuação Gráfica
O português, assim como outras línguas neolatinas, apresenta acento gráfico. Sabemos que toda
palavra da Língua portuguesa de duas ou mais sílabas possui uma sílaba tônica. Observe as sílabas
tônicas das palavras arte, gentil, táxi e mocotó. Você constatou que a tonicidade recai sobre a sílaba
inicial em arte, a final em gentil, a inicial em táxi e a final em mocotó.
Além disso, você notou que a sílaba tônica nem sempre recebe acento gráfico. Portanto, todas as
palavras com duas ou mais sílabas terão acento tônico, mas nem sempre terão acento gráfico. A
tonicidade está para a oralidade (fala) assim como o acento gráfico está para a escrita (grafia). É
importante aprender as regras de acentuação pois, como vimos acima, independem da fonética.
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ACENTUAÇÃO
Abaixo estão descritas as regras de acentuação gráfica de forma descomplicada. Trata-se de assunto
relativamente simples, basta memorizar as regras. Entendemos que o conhecimento sobre separação
de sílabas é pré-requisito para melhor assimilação desse tema.
A Reforma Ortográfica veio descomplicar e simplificar a língua portuguesa notadamente nesta parte
de acentuação gráfica.
Ex: ali, caqui, rubi, bambu, rebu, urubu, sutil, clamor, fi-lo, puni-la, reduzi-los, feri-las.
Ex: dândi, júri, órfã, César, mártir, revólver, álbum, bênção, bíceps, espelho, famosa, medo, ontem,
socorro, polens, hifens, pires, tela, super-homem.
Ex: ótimo, incômoda, podíamos, abóbora, bússola, cântaro, dúvida, líquido, mérito, nórdico, política,
relâmpago, têmpora.
Atenção: Pela nova ortografia não se acentuam ditongos abertos ei, oi, eu, seguidos ou não de s em
palavras paroxítonas.
• 66Não se acentua, pela nova ortografia, palavras paroxítonas com hiato oo seguidos ou não de s.
• 88Acentuam-se sempre as palavras que contenham i , u: tônicas; formam hiatos; formam sílabas
sozinhas ou são seguidos de s; não seguidas de nh; não precedidas de ditongo em paroxítonas; nem
repetidas.
Ex: aí, balaústre, baú, egoísta, faísca, heroína, saída, saúde, viúvo, juízes, Piauí. Pela regra exposta
acima, não se acentuam: rainha, xiita, ruim, juiz, feiura.
• 99Pela nova ortografia, não se acentua com acento agudo u tônico dos grupos que, qui, gue, gui:
argui, arguis, averigue, averigues, oblique, obliques, apazigues.
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ACENTUAÇÃO
• 1010Da mesma forma não se usa mais o trema:aguento, frequente, tranquilo, linguiça, aguentar,
arguição, unguento, tranquilizante. Emprega-se o til para indicar a nasalização de vogais: afã,
coração, devoções, maçã, relação etc.
• 1111O acento diferencial foi excluído. Mantém-se apenas nestas quatro palavras, para distinguir
uma da outra que se grafa de igual maneira:
Ainda enfatizando acerca da importância do assunto em pauta, há outro detalhe pertinente: o fato de
ter havido algumas mudanças em decorrência da implantação da Nova Reforma Ortográfica.
Cabendo ressaltar, portanto, que os referidos postulados, abaixo descritos, encontram-se condizentes
a esta. Para tanto, analisemos:
Os vocábulos que possuem apenas uma sílaba - ora caracterizados como monossílabos - também
são proferidos de modo mais e/ou menos intenso. De modo a compreendermos como se efetiva tal
ocorrência, analisemos:
Atendo-nos a uma análise, percebemos que os monossílabos “que”, “ao”, “me”, “o”, “e” são átonos,
visto que são pronunciados tão fracamente que se apoiam na palavra subsequente. Já os
monossílabos representados por “deu” e “sei” demonstram ser dotados de autonomia fonética,
caracterizando-se, portanto, como tônicos.
Regras fundamentais:
Monossílabos tônicos
Entretanto, os monossílabos tu, noz, vez, par, quis, etc., não são acentuados.
* Os monossílabos tônicos formados por ditongos abertos -éis, -éu, -ói recebem o acento:
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ACENTUAÇÃO
* No caso dos verbos monossilábicos terminados em-ê, a terceira pessoa do plural termina em eem.
Essa regra se aplica à nova ortografia, perceba:
Forma verbal que antes era acentuada agora é grafada sem o sinal gráfico.
* Diferentemente ocorre com os verbos monossilábicos terminados em “-em”, haja vista que a terceira
pessoa termina em “-êm”, embora acentuada. Perceba:
* Oxítonas:
* Paroxítonas:
Observações importantes:
a) De acordo com a nova ortografia, os ditongos terminados em –ei e –oi, não são mais
acentuados. Perceba como eram antes e como agora são grafados:
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ACENTUAÇÃO
Entretanto, o acento ainda permanece nas oxítonas terminadas em –éu, -ói e éis:
b) Não serão mais acentuados o “i” e “u” tônicos quando, depois de ditongo, formarem hiato: Note:
No entanto, o acento permanece se a palavra for oxítona e o “i” ou “u” estiverem seguidos de “s” ou
no final da palavra. Confira:
O mesmo acontece com o “i” e o “u” tônicos dos hiatos, não antecedidos de ditongos:
* As formas verbais que possuem o acento na raiz com o “u” tônico precedido das letras “q” e “g” e
seguido de “e” ou “i” não serão mais acentuadas. Veja:
Atenção:
- Quando o verbo admitir duas pronúncias diferentes, usando “a” ou “i” tônicos, essas vogais serão
acentuadas:
Exemplos:
eu águo, eles águam, eles enxáguam (a tônico); eu delínquo, eles delínquem (í tônico).
tu apazíguas, que eles apazíguem.
Eu averiguo, eu aguo.
* Não será mais usado o acento agudo para diferenciar determinados vocábulos, tais como:
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ACENTUAÇÃO
pôr = verbo
por = preposição
Em razão das necessidades econômicas e sociais da industrialização, o ensino deixou de ter uma
preocupação essencialmente conceitual, enquanto a rapidez e a praticidade tornaram-se seu enfoque
e levaram os livros didáticos a uma posição de direcionamento e orientação do trabalho escolar. O
professor assumiu o "segundo plano" no processo ensino-aprendizagem e o livro passou a ocupar o
"primeiro plano". Em lugar do material didático, o professor se transformou em auxiliar das atividades
didáticas favorecendo a leitura e a realização de exercício dos livros didáticos cujo uso tornou-se
obrigatório no sistema educacional brasileiro.
A imagem do professor foi diretamente atingida, pois ser professor deixou de significar domínio de
conhecimento e passou a representar submissão às instruções do livro didático. Essa mudança
provocou a dependência do professor e até dos alunos em relação ao uso do material didático. De
acordo com Machado (1996), a dependência da escola em relação aos livros didáticos vem
acarretando o rebaixamento da qualidade dos conteúdos ministrados na disciplina de Língua
Portuguesa. Ao encontro dessa posição, os dados das avaliações oficiais (SAEB/INEP, 2002)
mostram que os alunos do ensino fundamental e médio vêm apresentando defasagem crescente,
cerca de dois a três anos de atraso entre a série em que se encontram e os conhecimentos que
deveriam dominar, na aprendizagem de língua portuguesa. Para Batista (1997) e Travaglia (1996), o
desempenho insatisfatório dos alunos pode ser explicado pela ineficiência das metodologias de
ensino de Língua Portuguesa que vêm sendo utilizadas pelas escolas. Particularmente em relação ao
ensino de gramática, os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998) assinalam a existência
de graves lacunas teóricas e práticas.
Cezar, Romualdo e Calsa (2006) observam que o desempenho insatisfatório dos alunos é decorrente
também da falta de compreensão sobre a necessidade de aprendizagem da língua portuguesa por
parte dos falantes nativos do português. É comum os alunos questionarem o porquê e para quê são
obrigados a frequentar esta disciplina com uma carga horária equivalente a outras, como a
matemática, considerada mais importante para sua formação escolar. Para muitos, a aprendizagem
formal da língua portuguesa não tem um significado concreto e útil, porque a linguagem formal é
utilizada apenas no ambiente escolar (escrito) ou em situações muito especiais (palestras,
apresentações, concursos, entre outros) com as quais não se identificam. Esse comportamento
sugere não compreenderem a função de cada uma das variedades e modalidades linguísticas, como
a oral e a escrita, tanto em seu registro coloquial como o culto ou padrão. Segundo a literatura
(TRAVAGLIA, 1996; CALSA, 2002; CAGLIARI, 2002), a escola tem ensinado conceitos gramaticais
incompletos, imprecisos e, às vezes, incorretos que não promovem reflexão sobre a importância
dessa aprendizagem para a formação ampla e diversificada desses indivíduos em relação à língua
portuguesa.
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ACENTUAÇÃO
Na década de 1960, como afirma Berger (1976), o sistema educacional brasileiro passou a ser
fortemente atrelado ao sistema político do país. Com a ascensão dos militares foi introduzida a
vertente pedagógica Tecnicista, de origem norte-americana. Esta modalidade de ensino foi ao
encontro da necessidade de escolarização rápida e técnica dos trabalhadores que precisavam
qualificar-se como mão-de-obra industrial.
Segundo Ghiraldelli (1991) e Munakata (1996 apud SILVA, 1998), os objetivos da Pedagogia
Tecnicista foram atingidos com maior precisão por meio do uso dos livros didáticos que, nesse
período, tiveram seu espaço escolar ampliado ao se tornarem obrigatórios. Em decorrência disso, em
pouco tempo os professores deixaram de ser considerados a principal fonte de saber e planejamento
e passaram a basear sua atuação didática nesses manuais. Com essa nova modalidade de ensino, o
professor deixou de ser um educador autônomo para tornar-se um mero instrutor.
Para Soares (2001), a maior demanda de alunos no ensino fundamental e médio, a qualificação
ligeira dos professores, e a redução salarial que levou muitos a buscarem métodos de ensino menos
exigentes em termos de dedicação profissional acabou por provocar o uso intensivo do livro didático.
Consolidou-se então uma tradição de uso do livro didático no sistema educacional brasileiro, e uma
crescente dependência do professor em relação a esses manuais. A fidelidade a esses materiais, de
acordo com Silva (1996, p. 12), vem provocando uma espécie de "anemia cognitiva" nos professores,
pois segui-los representa alimentar e cristalizar "um conjunto de rotinas altamente prejudiciais ao
processo educacional do professorado e do alunado". Essa dependência está diretamente
relacionada à má qualidade da formação do professor e sua superação exige políticas educacionais
que promovam a autonomia conceitual e didática desses profissionais. Para o autor, os livros
didáticos devem informar, orientar e instruir o processo de ensino-aprendizagem e não impor uma
forma de ensinar ao professor.
Em assentimento com o pensamento do autor, Lajolo (1996) lembra que os livros didáticos
desempenham um papel fundamental na educação escolar, pois, dentre os outros elementos que
compõem o processo ensino-aprendizagem, parece ser o de maior influência sobre as decisões e
ações do professor. De acordo com a autora, no Brasil, a adoção do livro didático continua tendo
como finalidade determinar os conteúdos e procedimentos de ensino tendo em vista as lacunas
existentes na formação do professor e na organização do sistema educacional. Como consequência,
para fugir do uso inadequado do livro didático, o professor deve avaliar sua qualidade e abordagem
conceitual, pois nem sempre o referencial teórico corresponde aos conteúdos e exercícios presentes
nesses manuais. Além disso, devem ser observadas suas incoerências, erros e conceitos
incompletos.
Lajolo (1996, p. 8) lembra, contudo, que a má qualidade conceitual e técnica do livro pode se
transformar em um material didático satisfatório a partir da identificação e discussão de seus erros
com os alunos. Para ela "não há livro que seja à prova de professor: o pior livro pode ficar bom na
sala de um bom professor e o melhor livro desanda na sala de um mau professor. Pois o melhor livro
[...], é apenas um livro, instrumento auxiliar da aprendizagem". Nenhum livro didático, por melhor que
seja, pode ser utilizado sem adaptações. Machado (1996) também chama a atenção para o fato de
que mais importante que a qualidade do material didático é a formação do professor, pois ele precisa
estar preparado para o desenvolvimento de um ensino qualificado, que inclui a análise dos livros
didáticos adotados pela instituição escolar.
Em um estudo sobre os livros didáticos utilizados no sistema educacional brasileiro, Machado (1996)
constatou que, além da falta de regularidade de sua atualização que tem provocado a baixa
qualidade de seus conteúdos, apresentam custo demasiadamente alto para o padrão de consumo da
maioria da população. O autor assinala que a melhoria da qualidade dos livros didáticos depende do
estímulo dos órgãos governamentais e de uma maior qualificação dos professores. Neste caso, é
imprescindível o desenvolvimento da capacidade crítica dos acadêmicos dos cursos de Pedagogia e
das Licenciaturas das diversas áreas de conhecimento em relação ao papel dos livros didáticos no
ensino escolar.
Para Pozo (1999), Arnay (1999) e Lacasa (1999), a fragmentação dos conceitos nos manuais
didáticos transmite aos alunos uma noção de "falsa ciência", e não os introduz na "cultura científica
escolar", função social específica dessa instituição. Segundo Machado (1996, p. 35), a "excessiva
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ACENTUAÇÃO
subdivisão dos temas" dos livros didáticos em doses correspondentes à duração de uma hora-aula
(50 min.) também corrobora para a fragmentação dos conceitos científicos a ponto de, em alguns
casos, tornarem-se irreconhecíveis.
A capacidade de se comunicar e se expressar por meio da fala é inerente ao ser humano e a esta
capacidade dá-se o nome de linguagem. Para realizá-la, utiliza-se o sistema denominado língua.
Sabe-se, pelos estudos realizados por Saussure (1990), que a língua é um fato social, é exterior ao
indivíduo, convencional, pertencente a uma comunidade linguística. Ao usá-la individualmente, o
falante concretiza, por exclusão, as possibilidades que ela oferece, no ato de fala. Ao se comunicar, o
falante faz uso da estrutura psíquica denominada pelo estudioso de signo linguístico, que é composto
de um conceito, o significado, e uma imagem acústica, o significante. Ambos ocorrem
simultaneamente no ato da fala.
Os sinais físicos que se produzem na fala são os sons - os fonemas - que podem realizar-se de
maneiras variadas. Para Câmara Jr. (2002, p. 118), o fonema é um "conjunto de articulações dos
órgãos fonadores cujo efeito acústico estrutura formas lingüísticas e constitui numa enunciação o
mínimo segmento distinto". Os fonemas são unidades abstratas mínimas, indivisíveis e distintivas da
língua. São abstratas por serem os tipos ideais de sons constantes do sistema língua, as
possibilidades dos falantes e não a sua concretização. São indivisíveis uma vez que não podem ser
separadas em unidades menores.
Além dos aspectos segmentais da fala (linearidade dos signos linguísticos), a comunicação envolve
elementos suprassegmentais: os acentos e tons da língua. Os acentos manifestam-se pela altura,
intensidade e duração de um vocábulo, consideradas suas propriedades acústicas. Os tons estão
relacionados à altura do som. Apesar da língua portuguesa não usar os tons como elementos
diferenciadores do léxico, em alguns casos os aspectos suprassegmentais são importantes para a
distinção e significação de um vocábulo.
Em língua portuguesa, a tonicidade está vinculada às suas origens greco-latinas. A língua latina teve
um enriquecimento gramatical ao entrar em contato com o alfabeto e as regras gramaticais gregas.
Contudo, não incorporou os acentos gráficos gregos como marca de tonicidade. A gramática latina
marca a acentuação das palavras pela intensidade da sílaba entre breve e longa. Em latim não há
palavras oxítonas, portanto, todos os dissílabos são paroxítonos. A sílaba tônica é sempre a
penúltima ou antepenúltima. De acordo com Câmara Jr. (2002), os latinos não seguiram os moldes
de acentuação gráfica grega em razão de, em língua latina, suas regras serem demasiadamente
simples. As línguas modernas de origem latina seguem, basicamente, as regras e nomenclaturas
herdadas pelos romanos dos gregos. Portanto, ao se estudar tais línguas, são encontrados termos já
usados pelos gregos, como acento agudo, acento circunflexo, prosódia, entre outros.
A definição de sílaba tem sido um dos problemas encontrados nos estudos fonéticos. Há, entre os
estudiosos, diversidade de critérios para a análise silábica. Drucksilbe (apud CÂMARA JR., 1970)
define sílaba como sendo a emissão do ar por impulso, em que cada um corresponde a uma sílaba,
dinâmica ou expiratória. Um segundo critério é o da energia de emissão que corresponde a maior
energia de emissão, ou acento silábico, durante a articulação de uma sílaba. Por fim, Brücke
(apud CÂMARA JR., 1970, p. 70) conceitua sílaba a partir de seu efeito auditivo, isto é, pela variação
da perceptibilidade em uma enunciação contínua. Denomina a sílaba de sonora por observar "que a
enunciação, sob o aspecto acústico, se decompõe espontaneamente em segmentos, ou sílabas,
assinalados por um ponto máximo de perceptibilidade [...]".
Independente do critério utilizado, a conceituação de sílaba sempre envolve o ápice silábico que,
pelos apontamentos de Borba (1975, p. 52), corresponde à tensão máxima a que se chega ao
pronunciá-la. Para o autor, a sílaba se compõe de "uma tensão crescente e uma tensão decrescente.
A primeira parte da sílaba é crescente até chegar à tensão máxima [...], a partir da qual começa a
tensão decrescente". O ápice silábico, normalmente, é uma vogal. Câmara Jr. (2002) destaca que a
vogal sempre é o ponto de maior tensão da sílaba. No caso dos ditongos haverá sempre uma vogal
como ápice, sendo a outra denominada semivogal.
Quando formados por mais de uma sílaba, os vocábulos sempre têm uma delas pronunciada de
forma mais intensa, contraponto à sílaba átona, que é pronunciada de forma mais branda. Identificar
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ACENTUAÇÃO
a sílaba tônica dos vocábulos formais é uma das grandes dificuldades encontradas no processo de
aprendizagem escolar, em especial, na fase de alfabetização.
Para Cagliari (2002), esse problema surge principalmente pelo fato de a escola não apresentar a
tonicidade das palavras como uma ocorrência da pronunciação e não da escrita. A tonicidade é
identificada nas palavras somente quando alguém busca verificar a posição em que se encontra a
sílaba tônica. O autor assinala que, durante o processo de alfabetização, a escola não deve abordar a
diferenciação das sílabas átonas e tônicas a partir de seu conceito. Ele acredita que elas devem ser
estudadas em conjunto com a tomada de consciência dos alunos sobre o ritmo da fala.
Desenvolvimento da pesquisa
O presente artigo teve por objetivo investigar os procedimentos utilizados pelos professores e livros
didáticos de língua portuguesa no ensino de gramática do ensino fundamental, em particular, em
relação ao conteúdo de acentuação gráfica e tonicidade. A amostra da pesquisa foi constituída por
dois professores do ensino fundamental - um de 4.ª e um de 5.ª série de uma escola pública de
Maringá-PR - selecionados a partir de seu aceite em participar da pesquisa.
Tomando como referência Lüdke e André (1986), para atingir os objetivos da pesquisa, optou-se por
uma abordagem qualitativa dos dados considerada a mais adequada para a compreensão da
dinâmica presente no ambiente escolar. Os dados foram coletados por meio de dois instrumentos:
observações de aulas de gramática e análises de livros didáticos. Foram observadas as aulas que
abordaram o tema tonicidade e acentuação gráfica, critério que definiu a quantidade de horas de
observação em cada série (4.ª série quatro horas e meia e 5.ª série, duas horas). As observações
contemplaram o desenvolvimento das atividades: apresentação do conteúdo, exercícios, uso do livro
didático e outros materiais, avaliação do conteúdo. Os livros didáticos foram analisados quanto aos
procedimentos subjacentes à apresentação e exercício do conteúdo.
Para a análise, foi utilizado o livro da coleção A Escola é Nossa, de Márcia Paganini Cavéquia (2004)
- 4.ª série. O volume é composto por sete unidades subdividas em oito tópicos entre eles Pensando
sobre a língua e Caderno de Ortografia, únicos em que são encontrados os conteúdos investigados -
acentuação gráfica e tonicidade.
Em relação à segunda etapa do ensino fundamental foi analisado o livro de 5. ª série da coleção Ler,
entender e criar, de Maria das Graças Vieira e Regina Figueiredo (2004). Nesta coleção cada volume
é composto por dez unidades subdividas em sete tópicos. Os conteúdos de acentuação gráfica e
tonicidade estão presentes no tópico Veja como se escreve.
O livro didático da 4.ª série apresenta o conceito de sílaba tônica, classificação das palavras e regras
de acentuação somente no Caderno de atividades de acentuação e ortografia, parte do Caderno de
Ortografia. As explicações e os exercícios propostos apresentam os dois conteúdos de forma
desvinculada. Para introduzir o conceito de sílaba tônica, o livro solicita que o aluno pronuncie várias
vezes a palavra menina e indique a sílaba mais forte. Logo após, apresenta o conceito gramatical e
exemplifica a classificação das palavras, conforme a posição da sílaba mais forte: oxítonas,
paroxítonas e proparoxítonas.
Em outro exercício, é solicitado ao aluno que justifique o porquê da presença ou ausência do acento
gráfico em um conjunto de palavras oxítonas. Segundo as orientações fornecidas ao professor, são
consideradas corretas somente as respostas que explicam a acentuação a partir de regras de
acentuação. Esse tipo de abordagem faz com que os alunos tomem como verdade a ideia de que o
acento gráfico aparece somente em vocábulos nos quais tem uma sílaba mais forte e, assim, deixa
de dar a ênfase necessária ao fato de que o acento solicitado é o gráfico. Com esse procedimento,
não fica claro para os alunos que independentemente de sua grafia toda palavra possui uma sílaba
tônica, com exceção dos monossílabos átonos.
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ACENTUAÇÃO
Com relação à acentuação das palavras paroxítonas e proparoxítonas, o livro apresenta somente um
quadro com palavras deste tipo acentuadas graficamente. Sobre esse tema são apresentados dois
exercícios: o primeiro solicita a acentuação gráfica de vocábulos e sua transcrição no caderno por
ordem alfabética; o segundo solicita a busca de palavras paroxítonas e proparoxítonas em jornais e
revistas. Somente dois exercícios do livro sugerem a relação entre os conceitos de tonicidade e
acentuação gráfica. Nesses exercícios, é solicitado aos alunos que indiquem ou pintem a sílaba
tônica e, por meio das tentativas auditivas exigidas, é favorecida a percepção dos alunos quanto a
tonicidade e sua relação com a acentuação gráfica (Figura 1)
O livro didático da 5.ª série aborda os conteúdos tonicidade e regras de acentuação gráfica no
tópico Veja como se escreve. Nas unidades anteriores, o direcionamento gramatical vinculou-se
diretamente à escrita de determinados vocábulos envolvendo aspectos relativos aos dígrafos. Nesta
unidade, quando apresentadas, as questões de acentuação são relacionadas à separação silábica
dos vocábulos. Para a realização do exercício, é necessário que os alunos retornem ao tópico Outra
leitura, pois a tarefa refere-se a um texto contido neste item no qual é solicitado que sejam grifadas as
sílabas mais fortes das duas palavras que compõem o seu título: Atrás do gato. Nessa atividade, é
desconsiderado o monossílabo "do" por meio do qual poderiam ser resgatados os conceitos
estudados anteriormente integrando-os à atividade presente.
Depois do primeiro exercício, o livro apresenta a diferença entre sílabas tônicas e átonas, bem como
a classificação das palavras conforme a posição da sílaba tônica. Apresenta como exemplos,
vocábulos com e sem acento gráfico, Bidu, gato e amigo. Tais exemplos podem ser considerados
importantes para o aprendizado, em favor da independência existente entre sílaba tônica e acento
gráfico. Isto facilita a percepção do aluno sobre as convenções da língua portuguesa, como o caso
dos acordos ortográficos.
Para a introdução da acentuação gráfica de palavras oxítonas são apresentados dezesseis vocábulos
com e sem acento gráfico, dos quais se solicita leitura em voz alta para identificação auditiva quanto
a sua sílaba tônica. Depois desta etapa, os alunos devem identificar a sílaba tônica e sua
classificação. O último exercício relaciona a acentuação gráfica à terminação dos vocábulos oxítonos
com o objetivo de que os alunos associem esses dois elementos e elaborem uma regra gramatical
apresentada em um quadro logo abaixo.
Depois de apresentadas as regras ortográficas, solicita-se que os alunos encontrem cinco palavras
oxítonas que recebam acento gráfico e, logo em seguida, elaborem frases. A elaboração de frases
permite aos alunos a percepção de que o vocábulo permanece com acento gráfico independente da
localização sonora que ele assume em uma frase. No último exercício é solicitada a busca em jornais
e revistas dos vocábulos ensinados, reproduzindo os exercícios apresentados nos livros didáticos do
primeiro ciclo.
Os vocábulos paroxítonos são abordados na sétima unidade do livro, os vocábulos oxítonos, sexta
unidade e proparoxítonos na oitava unidade. Essa fragmentação de conteúdos afins, segundo a
literatura, não permite que os alunos percebam as relações existentes entre os temas. Além disso,
nos três casos, a classificação é apresentada no item Veja como se escreve, embora o tema
relacionado à sílaba tônica se refira a um aspecto próprio da oralidade, enquanto a acentuação
gráfica trata de um aspecto da língua escrita. Neste exercício novamente é solicitada a separação de
sílabas antes da classificação dos vocábulos. A única mudança em relação às atividades propostas
para as palavras oxítonas é tão somente a posição das sílabas tônicas. Em outro exercício é
solicitada a decisão do aluno sobre a necessidade ou não de acentuação gráfica estabelecendo uma
relação direta entre tonicidade e acento gráfico.
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ACENTUAÇÃO
Quanto aos vocábulos proparoxítonos sua apresentação ocorre, como nas outras unidades, no
tópico Veja como se escreve da oitava unidade do livro. A classificação é abordada por meio de três
exercícios estruturalmente iguais: em um deles é apresentada a regra gramatical de acentuação das
palavras proparoxítonas sem justificar o porquê desta norma; no último exercício sobre classificação
e acentuação gráfica é sugerida uma atividade em grupo para a revisão do conteúdo gramatical das
unidades anteriores. Seu foco são os vocábulos acentuados graficamente e desconsidera as palavras
que não possuem acento gráfico, embora sejam submetidas às mesmas regras.
A comparação entre os dois livros didáticos mostra que no de 4.ª série o conteúdo é apresentado de
forma integrada e o de 5.ª série tende a sua fragmentação. No primeiro manual, primeiramente, é
abordado o conceito de sílaba tônica e, posteriormente, são apresentadas as regras de acentuação
gráfica para a resolução dos exercícios. Este tipo de procedimento parece ser mais adequado ao
desenvolvimento do tema, pois leva o aluno a compreender que quase todos os vocábulos possuem
uma sílaba tônica e que somente alguns são grafados devido à vigência ortográfica da norma. O livro
direcionado à segunda etapa do ensino fundamental aborda o conteúdo de acentuação em unidades
distintas, revisadas em conjunto somente no tópico final. Nessas situações são priorizados os
vocábulos acentuados graficamente e a estrutura dos exercícios mantém-se relacionada à
classificação das palavras quanto à sua tonicidade.
Apesar das diferenças, o modo como os dois livros didáticos apresentam o conteúdo sobre tonicidade
e regras de acentuação favorece o estabelecimento de confusão conceitual por parte de alunos e
professores, pois não mostra que a sílaba tônica é um aspecto presente na fala e as regras de
acentuação na escrita. Marcando a importância dessa distinção, assinala que não diferenciar esses
dois aspectos limita o processo de instrumentalização linguística dos alunos.
Comparando os dados das observações com as propostas dos Parâmetros Curriculares Nacionais
(BRASIL, 1997) sobre o ensino de ortografia, pode-se afirmar que a professora de 4.ª série manifesta
uma postura pedagógica distanciada desses documentos e similar aos pressupostos teórico-
metodológicos da Pedagogia Tecnicista, cujo foco é o livro didático. Do tempo total da aula, 43% (115
min.) foram dedicados à resolução de exercícios do livro didático e 49% (130 min.) à correção desses
exercícios no quadro de giz. Além disso, a professora de 4.ª série não fez uso do tempo das aulas
observadas para expor e explicar oralmente o conteúdo gramatical (Gráfico 1).
Nas aulas de 5.ª série para a exposição oral do conteúdo sem o livro didático, o professor fez uso de
23% (27 min.) do tempo de aula, 25% (30 min.) para retomada oral deste tema por parte dos alunos,
20% (25 min.) para a resolução de exercícios dos livros didáticos e 17% (20 min.) para retomada do
conteúdo por meio do livro didático. Nas aulas observadas, em média de 13% (13 min.) do tempo da
aula foram usados para recados, brincadeiras, enquanto a cópia de exercícios do quadro de giz, 2%
(3 min). Este professor não corrigiu exercícios no quadro de giz, utilizando-se de outros recursos para
o ensino do conteúdo em foco.
As observações de aula mostraram que os dois professores investigados - a professora da 4.ª série e
o professor da 5.ª série - utilizaram como recurso básico de ensino o livro didático. A conduta dos
entrevistados mostra-se consistente com as considerações de Silva (1996, p. 13), segundo as quais o
desempenho insatisfatório dos alunos pode estar vinculado ao uso do livro didático no direcionamento
da atuação pedagógica dos professores. Para o autor, esse comportamento pode levar os
professores a uma "anemia cognitiva" e ao rebaixamento da qualidade de seu trabalho.
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ACENTUAÇÃO
Além dos prejuízos causados pelo uso quase exclusivo do livro didático, é importante ressaltar que o
pouco tempo de exposição do conteúdo para os alunos, como constatado nas observações
realizadas na turma de 4.ª série, favorece uma aprendizagem insatisfatória dos conteúdos. Segundo
Dorneles (1987), a redução do tempo de aula para a realização desse tipo de atividade é considerada
um dos mecanismos seletivos da escola. Isto significa que aos sujeitos que têm menos condições de
saber ou aprender o conteúdo escolar em outras situações são privadas as oportunidades
necessárias à aprendizagem na instituição designada socialmente para tanto. Em outros termos,
pode-se dizer que a escola não está cumprindo seu papel de transmissor do saber escolar científico a
todos os cidadãos de forma equitativa.
Em contrapartida, o professor de 5.ª série parece ter mantido certa coerência na distribuição do
tempo de desenvolvimento das quatro categorias de atividades - exposição oral, resolução de
exercícios do livro didático, resolução de exercícios no quadro e leitura do conceito gramatical que o
livro didático apresenta (Gráfico 1). Observa-se que nenhum dos dois professores apresentou a
acentuação gráfica como uma norma convencionada pelo conjunto social. Segundo Morais (2002), se
abordado desta maneira, os alunos poderiam compreender que certos conteúdos são apenas
convenções temporárias e arbitrárias que precisam ser memorizadas e conscientizadas para
aquisição de uma melhor competência na linguagem oral, leitura e escrita.
Estudos anteriores como os de Cagliari (1986) e Morais (2002) enfatizam que é na 4.ª e 5.ª séries do
ensino fundamental o momento mais apropriado para a abordagem do conceito de sílaba tônica e
acentuação gráfica, pois às séries seguintes restaria o encargo de retomar esse conteúdo apenas
quando necessário, dedicando-se ao desenvolvimento de outros conceitos gramaticais.
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TIPOS DE FRASES
Tipos de Frases
Existem cinco tipos de frases que são: exclamativas, declarativas, imperativas, interrogativas e optati-
vas. Saiba mais detalhes e veja exemplos.
Chamamos de frase toda sentença com sentido completo, podendo ser constituída por uma ou mais
palavras, com ou sem a presença de verbos. Por meio da frase, seja ela dita ou escrita, expressamos
emoções, ideias, ordens, apelos e qualquer outro conteúdo cujo propósito seja o de comunicar alguma
coisa a alguém. Existem cinco tipos de frases, caracterizados com base em suas particularidades.
Frases exclamativas
Frases exclamativas são aquelas cujo objetivo é expressar algum tipo de emoção de forma intensa.
Quando o emissor produz esse tipo de frase, ele está revelando determinado sentimento (urgência,
medo, preocupação, pressa etc.) e, como sugere o próprio nome, essa revelação de emoções é se-
guida por um ponto de exclamação. Veja alguns exemplos:
Que medo!
Frases declarativas
As frases declarativas são aquelas que usamos para afirmar alguma coisa. Elas podem ser afirmativas
ou negativas e levam um ponto final. Veja:
Frases imperativas
Esse tipo de frase é utilizado quando o emissor precisa dar alguma ordem, fazer pedidos ou pedir
conselhos a alguém. Podem ser finalizadas com ponto final ou de exclamação e, como no exemplo
anterior, também se dividem em afirmativas ou negativas. Confira alguns exemplos:
Esqueça!
Vire à esquerda.
Siga o táxi!
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TIPOS DE FRASES
Não esqueça!
Frases interrogativas
Nesse tipo de frase, o emissor tem a intenção de fazer uma pergunta. A frase poderá ser terminada
com um ponto final, no caso de um questionamento indireto, ou por um ponto de interrogação, quando
a pergunta for direta. Veja a diferença:
Frases optativas
Nesse tipo de frase, a pontuação final também é uma exclamação, e seu intuito é o de expressar algum
tipo de desejo. Confira:
Outra classificação possível para as frases, além dos tipos citados acima, é dividi-las em verbais ou
nominais. As frases verbais são aquelas que são compostas também por verbos; e as frases nominais
são aquelas que não têm verbos em sua formação. Vejamos as diferenças entre esses dois tipos:
Frase nominal:
Cuidado!
Coisa esquisita…
Que triste!
Frase verbal:
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PONTUAÇÃO
Pontuação:
Como na fala temos o contato direto com nossos interlocutores, contamos também com nos-
sos gestos para tentar deixar claro aquilo que queremos dizer. Na escrita, porém, são os sinais de
pontuação que garantem a coesão e a coerência interna dos textos, bem como os efeitos de senti-
dos dos enunciados.
Vejamos, a seguir, quais são os sinais de pontuação que nos auxiliam nos processos de escrita:
Ponto ( . )
b) Separar períodos:
c) Abreviar palavras:
Av. (Avenida)
p. (página)
Dr. (doutor)
Dois-pontos ( : )
O aluno respondeu:
– Parta agora!
Esse é o problema dos caixas eletrônicos: não tem ninguém para auxiliar os mais idosos.
Como já dizia Vinícius de Morais: “Que o amor não seja eterno posto que é chama, mas que seja
infinito enquanto dure.”
Reticências ( ... )
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PONTUAÇÃO
“Sua tez, alva e pura como um foco de algodão, tingia-se nas faces duns longes cor-de-rosa...” (Cecí-
lia - José de Alencar)
Parênteses ( )
Isolar palavras, frases intercaladas de caráter explicativo, datas e também podem substituir a vír-
gula ou o travessão:
"Uma manhã lá no Cajapió (Joca lembrava-se como se fora na véspera), acordara depois duma
grande tormenta no fim do verão.” (O milagre das chuvas no Nordeste- Graça Aranha)
Ponto de Exclamação ( ! )
Após vocativo
Cale-se!
c) Após interjeição:
Que pena!
Ponto de Interrogação ( ? )
Em perguntas diretas:
Vírgula ( , )
De todos os sinais de pontuação, a vírgula é aquele que desempenha o maior número de funções.
Ela é utilizada para marcar uma pausa do enunciado e tem a finalidade de nos indicar que os ter-
mos por ela separados, apesar de participarem da mesma frase ou oração, não formam
uma unidade sintática. Por outro lado, quando há umarelação sintática entre termos da oração,
não se pode separá-los por meio de vírgula.
Antes de explicarmos quais são os casos em que devemos utilizar a vírgula, vamos explicar primeiro
os casos em que NÃO devemos usar a vírgula para separar os seguintes termos:
Sujeito de Predicado;
Objeto de Verbo;
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PONTUAÇÃO
Oração principal da Subordinada substantiva (desde que esta não seja apositiva nem apareça na
ordem inversa).
Os banqueiros estão cada vez mais ricos, e o povo, cada vez mais pobre.
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PONTUAÇÃO
2) Utilizamos a vírgula quando a conjunção “e” repete-se com o objetivo de enfatizaralguma ideia
(polissíndeto):
3) Utilizamos a vírgula quando a conjunção “e” assume valores distintos que não retratam sen-
tido de adição (adversidade, consequência, por exemplo):
b) Para separar as orações coordenadas sindéticas e assindéticas, com exceção das orações
iniciadas pela conjunção “e”:
"No momento em que o tigre se lançava, curvou-se ainda mais; e fugindo com o corpo apresentou o
gancho." (O selvagem - José de Alencar)
Ponto e vírgula ( ; )
Utilizamos ponto e vírgula para separar os itens de uma sequência de outros itens:
O que dizer;
A quem dizer;
Como dizer;
Utilizamos ponto e vírgula para separar orações coordenadas muito extensas ou orações coor-
denadas nas quais já se tenha utilizado a vírgula:
“O rosto de tez amarelenta e feições inexpressivas, numa quietude apática, era pronunciadamente
vultuoso, o que mais se acentuava no fim da vida, quando a bronquite crônica de que sofria desde
moço se foi transformando em opressora asma cardíaca; os lábios grossos, o inferior um tanto ten-
so."
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PONTUAÇÃO
Travessão ( — )
Aspas ( “ ” )
Isolar palavras ou expressões que fogem à norma culta, como gírias, estrangeirismos, palavrões,
neologismos, arcaísmos e expressões populares:
“Ia viajar! Viajei. Trinta e quatro vezes, às pressas, bufando, com todo o sangue na face, desfiz e refiz
a mala”. (O prazer de viajar - Eça de Queirós)
Fique Atento!
Caso haja necessidade de destacar um termo que já está inserido em uma sentença destacada por
aspas, esse termo deve ser destacado com marcação simples ('), não dupla (").
Dispensam o uso da vírgula os termos coordenados ligados pelas conjunções e, ou, nem.
Observe:
Caso os termos coordenados ligados pelas conjunções e, ou, nem aparecerem repetidos, com a fina-
lidade de enfatizar a expressão, o uso da vírgula é, nesse caso, obrigatório.
Observe:
Não gosto nem do pai, nem do filho, nem do cachorro, nem do gato dele.
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COACHING PARA CONCURSOS – ESTRATÉGIAS PARA SER APROVADO
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LEI COMPLEMENTAR Nº 13, DE 03 DE JANEIRO DE 19941
TÍTULO I
Capítulo Único
Das Disposições Preliminares
Art. 1º - Esta Lei Complementar institui o regime jurídico dos Servidores Públicos
Civis do Estado do Piauí, das autarquias e das fundações públicas estaduais, abrangendo os
Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.
TÍTULO II
Do Provimento e da Vacância
CAPÍTULO I
Do Provimento
SEÇÃO I
Das Disposições Gerais
1
Publicada no DOE nº 12, de 18.01.94.
2
Vide inciso I do art. 37, da Constituição Federal, com a redação da EC nº 19 de 04.06.98, in DOU nº 106-E, de 05.06.98,
verbis: “Art.37– A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte: I – os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos
em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei.”. Vide art. 95 da Lei nº 6.815, de 19.08.80 (Estatuto do estrangeiro),
verbis: “Art. 95–O estrangeiro residente no Brasil goza de todos os direitos reconhecidos aos brasileiros, nos termos da
Constituição e das leis.”
Art. 6º – São requisitos básicos para a investidura em cargo público:
I - a nacionalidade brasileira;
3
Vide § 3º do art. 39 da CF, com a redação da EC nº 19, de 04.06.98, in DOU 106-E, de 05.06.98, verbis: “Art. 39-A União,
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de política de administração e remuneração de pessoal,
integrado por servidores designados pelos respectivos Poderes. § 3º - Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o
disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer
requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exigir.”
4
Vide inciso VIII do art. 37 da Constituição Federal, a seguir, “Art. 37, inciso VIII – A lei reservará percentual dos cargos e
empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão.”
Vide “Lei nº 4.835, de 23 de maio de 1996, DOE nº 101, de 27.05.96, verbis:
Define o percentual de cargos e empregos públicos para pessoas portadoras de deficiências, os critérios de sua admissão
na Administração Pública e dá outras providências.
O GOVERNADOR DO ESTADO DO PIAUÍ
FAÇO saber que o Poder Legislativo decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º - A Administração Pública Estadual Direta, Indireta e Fundacional, quando da realização de concursos públicos para
provimento de vagas referentes a cargos e empregos públicos, fixará o percentual mínimo de 10% (dez por cento) das vagas a
serem providas, para destinação aos portadores de deficiências.
§ 1º- Os editais dos concursos públicos fixarão os tipos de deficiência que garantirão aos seus portadores as inscrições nos
respectivos processos seletivos.
§ 2º - Os mecanismos necessários para a avaliação e aferição de competência dos portadores de deficiências deverão ser
definidos nos editais dos concursos públicos.
Art. 2º - Os portadores de deficiências terão asseguradas suas inscrições nos concursos públicos a serem realizados pela
Administração Pública Estadual Direta, Indireta e Fundacional, isentos do pagamento de quaisquer taxas.
Art. 3º - Os editais de realização dos concursos públicos definirão, de forma objetiva, os critérios de admissão dos
portadores de deficiências que sejam aprovados e classificados no processo seletivo.
Art. 4º - Esta Lei entrará em vigor da data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
PALACIO DE KARNAK, em Teresina (PI), 23 de maio de 1996.
Francisco de Assis de Moraes Souza
Governador do Estado
Kleber Dantas Eulálio
Secretário de Governo
Carlos Alberto Teles de Sousa
Secretário de Administração
Parágrafo Único - Nos demais Poderes, o ato de provimento compete à autoridade
indicada na respectiva legislação.5
I - nomeação;
II - promoção;
III - transferência;
IV - readaptação;
V - reversão;
VI - aproveitamento;
VII - reintegração;
VIII - recondução.
SEÇÃO II
Da Nomeação
5
Vide Resolução nº 174/91, art. 17, IV (Legislação prevista para o Poder Legislativo); Vide Lei nº 3.716/79 (Lei de
Organização Judiciária do Estado do Piauí), art. 21, XXI, (Legislação prevista para o Poder Judiciário); Vide Lei
Complementar nº 12/93 (Legislação prevista para o Ministério Público), art. 12, VI; Vide Lei nº 4.721/94 (Cria o Fundo de
Modernização do Tribunal de Contas do Estado (FMTC) e dá outras providências), art. 76, III e parágrafo único do art. 77;
Vide a exceção prevista no § 6º do art. 88 da Constituição Estadual, atualmente com a seguinte redação: § 6º - Os auditores,
em número de cinco, com atribuições definidas em lei, serão nomeados pelo Governador do Estado, dentre bacharéis em
Ciências Jurídicas e Sociais, em Ciências Econômicas, em Ciências Contábeis e Administração Pública, mediante prévia
aprovação em concurso público.
6
Vide inciso V do art. 37 da Constituição Federal, com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04.06.98, in
DOU 106-E, de 05.06.98, verbis:
“Art. 37........................................................................................................................................
.....................................................................................................................................................
Art. 11 - A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado de provimento
efetivo depende de prévia habilitação em concurso público de provas ou de provas e títulos,
obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua validade.7
SEÇÃO III
Do Concurso Público
Art. 13 - O concurso público terá validade de até 2 (dois) anos, podendo ser
prorrogado uma única vez, por igual período.8
SEÇÃO IV
Da Posse e do Exercício
V – As funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em
comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei,
destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento.”
7
Vide inciso II do art. 37 da Constituição Federal, com nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 04.06.98, in
DOU 106-E, de 05.06.98, verbis:
“Art. 37.......................................................................................................................................
.....................................................................................................................................................
II – a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de
provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas
as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração.”
8
Vide inciso III do art. 37 da Constituição Federal, verbis:
“Art. 37........................................................................................................................................
.....................................................................................................................................................
III – O prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período.”
§ 1º - Do termo de posse, assinado pela autoridade competente e pelo servidor,
constará o compromisso do empossado de fiel cumprimento de seus deveres funcionais e de
suas atribuições no cargo.
§ 2º - Poderá haver posse mediante procuração com poderes específicos para tal
fim, inclusive o de assinar o termo e firmar o compromisso.
Parágrafo único – Só poderá ser empossado aquele que for julgado apto física e
mentalmente para o exercício do cargo.
9
Vide §§ 1º, 2º e 3º da Lei Federal nº 8.429, de 02 de junho de 1992.
Art. 19 - Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo de provimento
efetivo ficará sujeito a estágio probatório por período de 24 (vinte e quatro) meses,10 durante o
qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação para o desempenho do cargo,
observado, também, os seguintes fatores:
I - assiduidade;
II- disciplina;
III - produtividade;
IV - responsabilidade.
SEÇÃO V
Da Estabilidade
10
Vide art. 41 da Constituição Federal, com redação dada pela EC nº 19, de 04.06.98, DOU 106-E, de 05.06.98, verbis: “Art.
41 – São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de
concurso público.” Vide art. 28 da EC nº 19 de 14.06.98, verbis: “É assegurado o prazo de dois anos de efetivo exercício
para aquisição da estabilidade aos atuais servidores em estágio probatório, sem prejuízo da avaliação a que se refere o § 4º do
art. 41 da Constituição Federal.”
11
Vide súmulas 21 e 22 do Supremo Tribunal Federal: “Súmula nº 21 – funcionário em estágio probatório não pode ser
exonerado nem demitido sem inquérito ou sem as formalidades legais de apuração de sua capacidade” e “Súmula nº 22 – O
estágio probatório não protege o funcionário contra a extinção do cargo.”
12
Vide art. 41 e seu § 4º da Constituição Federal, com redação dada pela EC nº 19, de 04.06.98, in DOU 106-E, de 05.06.98,
verbis:
“Art. 41 – São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em
virtude de concurso público.
.....................................................................................................................................................
4º - Como condição para aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de desemprego por comissão
instituída para essa finalidade.”
13
Vide art. 41 e seus §§ e incisos da Constituição Federal, com redação dada pela EC nº 19, de 04.06.98, DOU 106-E, de
05.06.98, verbis:
“Art. 41 - São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em
virtude de concurso público.
§ 1º - O servidor público estável só perderá o cargo:
I – em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
§ 1º- Invalidada a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, na forma do
art. 31, desta Lei Complementar, e o eventual ocupante de seu cargo reconduzido ao cargo de
origem, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade, sem direito a indenização.14
SEÇÃO VI
Da Promoção
SEÇÃO VII
Da Transferência
SEÇÃO VIII
Da Reversão
SEÇÃO X
Da Reintegração
SEÇÃO XI
Da Recondução
17
Vide § 3º do art. 41 da Constituição Federal, com redação dada pela EC nº 19, de 04.06.98, in DOU 106-E, de 05.06.98,
verbis:
“Art. 41 - .........................................................................................................................................
§ 3º - Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração
proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro cargo.”
CAPÍTULO II
Da Vacância
I – exoneração;
II - demissão;
III - promoção;
IV- transferência;
V- readaptação;
VI - aposentadoria;
VIII – falecimento.
CAPÍTULO III
Da Remoção e da Substituição
SEÇÃO I
Da Remoção
18
Vide §§ 4º, 6º e 7º do art. 169 da Constituição Federal, com nova redação dada pela EC nº 19, de 04.06.98, in DOU 106-E,
de 05.06.98, verbis:
“Art. 169 – A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não
poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar.
..........................................................................................................................................................................
§ 4º - Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para assegurar o cumprimento da
determinação da lei complementar referida neste artigo, o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato
normativo motivado de cada um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto
da redução de pessoal;
§ 6º - O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anteriores será considerado extinto, vedada a criação de cargo,
emprego ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de quatro anos;
§ 7º - Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obedecidas na efetivação do disposto no § 4º.”
Art. 36 – Remoção é o deslocamento do servidor, a pedido, de ofício ou por
permuta, no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança de sede e sem que se modifique
a sua situação funcional.
SEÇÃO II
Da Substituição
TÍTULO III
Dos Direitos e Vantagens
CAPÍTULO I
Do Vencimento e da remuneração
CAPÍTULO II
Das Vantagens
I – indenizações;
II- gratificações;
III – adicionais.
§ 5º - Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a
menor remuneração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI;
....................................................................................................................................................
§ 8º - A remuneração dos servidores públicos organizados em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.
Art. 135 – Os servidores integrantes das carreiras disciplinadas nas Seções II e III deste Capítulo serão remunerados na
forma do art. 39, § 4º.”
Nota: As referidas seções II e III do Capítulo IV da Constituição Federal tratam da mesma matéria constante das seções II e
III do Capítulo III do Título IV (arts. 150 a 155 da Constituição do Estado do Piauí).
25
Vide inciso XV do art. 37 da Constituição Federal, com redação dada pela EC nº 19, de 04.06.98, in DOU 106-E, de
05.06.98, verbis:
“Art. 37 .......................................................................................................................................................
XV – O subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto
nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.”
26
Vide § 6º do art. 37 da Constituição Federal, verbis:
“Art. 37 - ...................................................................................................................................................................
...................................................................................................................................................................................
§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos
casos de dolo ou culpa.”
§ 2º - As gratificações e os adicionais incorporam-se aos vencimentos e aos
proventos, nos casos e condições indicados em lei.27
SEÇÃO I
Das Indenizações
I - ajuda de custo;
II - diárias;
SUBSEÇÃO I
Da Ajuda de Custo
Art. 47 - Será concedido ajuda de custo àquele que, não sendo servidor público,
for nomeado para cargo em comissão, com mudança de domicílio.
27
Vide o segundo rodapé constante do § 1º do art. 40 da Lei Complementar nº 13, de 03.01.94.
28
As disposições do parágrafo único do art. 44 encontram-se com aplicação suspensa, junto com o parágrafo único do art.
206, ambos da Lei Complementar nº 13, de 03.01.94, por decisão liminar do Exmo. Sr. Presidente do Supremo Tribunal
Federal, datada de 13.07.95, referendada, por maioria de votos, pelo Tribunal Pleno, em 16.08.95 – ADI nº 1331-9-Piauí
(vide segundo rodapé do § 1º, do art. 40 da Lei Complementar nº 13/94)
Art. 48 - Não será concedida ajuda de custo ao servidor que se afastar do cargo,
ou reassumi-lo, em virtude de mandato eletivo.
SUBSEÇÃO II
Das Diárias
§ 1º - A diária será concedida por dia de afastamento, sendo devida pela metade
quando o deslocamento não exigir pernoite fora da sede.
Art. 52 - O valor das diárias será fixado por ato do respectivo Poder, de acordo
com a natureza, o local e as condições do serviço.
Art. 53 - O servidor que receber diárias e não se afastar da sede, por qualquer
motivo, fica obrigado a restituí-las, integralmente, no prazo de 5 (cinco) dias.
SUBSEÇÃO III
Da Indenização de Transporte
SEÇÃO II
Das Gratificações e Adicionais
II – gratificação natalina;
X - adicional Noturno;
XI - adicional de Férias;
SUBSEÇÃO I
Da Participação pelo Exercício de Cargo ou Função de Direção,
Chefia e Assessoramento
29
Vide ADIN 1331-9 – Rel. Min. Francisco Resek. O STF, ao julgar a medida liminar, decidiu: “Desse modo, DEFIRO em
parte o pedido de liminar para, ad referendum do Plenário, suspender, até decisão desta ação direta, a vigência, no § 1º do art.
40, das expressões “previstas no parágrafo único do art. 206”, assim como da menção, nele contida, aos incisos 00I, VII e
XII, do art. 055, todos da LC nº 013, de 03.01.94, do Estado do Piauí. Por MAIORIA de votos, o Tribunal REFERENDOU a
decisão do presidente (Ministro Sepúlveda Pertence), que deferira, em parte, a medida liminar que suspendera, até a decisão
final da ação, a eficácia da expressão "previstas no parágrafo único do art. 206", contida no art. 040, assim como da menção,
nele contida, aos incisos 00I, VII e XII, do art. 055, todos da LC nº 013, de 03.01.94, do Estado do Piauí. Vencidos, em parte,
os Ministros Marco Auré1io e Octavio Gallotti, que deferiam integralmente a medida liminar. Votou o presidente.” Plenário,
16.08.95. Aguardando julgamento do mérito.
30
Vide ADIN 1331-9 – Rel. Min. Francisco Resek. O STF, ao julgar a medida liminar, decidiu: “Desse modo, DEFIRO em
parte o pedido de liminar para, ad referendum do Plenário, suspender, até decisão desta ação direta, a vigência, no art. 40, das
expressões “previstas no parágrafo único do art. 206”, assim como da menção, nele contida, aos incisos 00I, VII e XII, do art.
055, todos da Lei Complementar nº 013, de 03.01.94, do Estado do Piauí. Por MAIORIA de votos, o Tribunal
REFERENDOU a decisão do presidente (Ministro Sepúlveda Pertence), que deferira, em parte, a medida liminar que
suspendera, até a decisão final da ação, a eficácia da expressão "previstas no parágrafo único do art. 206", contida no art. 040,
assim como da menção, nele contida, aos incisos 00I, VII e XII, do art. 055, todos da Lei Complementar nº 013, de 03.01.94,
do Estado do Piauí. Vencidos, em parte, os Ministros Marco Auré1io e Octavio Gallotti, que deferiam integralmente a
medida liminar. Votou o presidente.” Plenário, 16.08.95. Aguardando julgamento do mérito.
31
Vide ADIN 1331-9 – Rel. Min. Francisco Resek. O STF, ao julgar a medida liminar, decidiu: “Desse modo, DEFIRO em
parte o pedido de liminar para, ad referendum do Plenário, suspender, até decisão desta ação direta, a vigência, no art. 40, das
expressões “previstas no parágrafo único do art. 206”, assim como da menção, nele contida, aos incisos 00I, VII e XII, do art.
055, todos da Lei Complementar nº 013, de 03.01.94, do Estado do Piauí. Por MAIORIA de votos, o Tribunal
REFERENDOU a decisão do presidente (Ministro Sepúlveda Pertence), que deferira, em parte, a medida liminar que
suspendera, até a decisão final da ação, a eficácia da expressão "previstas no parágrafo único do art. 206", contida no art. 040,
assim como da menção, nele contida, aos incisos 00I, VII e XII, do art. 055, todos da Lei Complementar nº 013, de 03.01.94,
do Estado do Piauí. Vencidos, em parte, os Ministros Marco Auré1io e Octavio Gallotti, que deferiam integralmente a
medida liminar. Votou o presidente.” Plenário, 16.08.95. Aguardando julgamento do mérito.
Art. 56 - Ao servidor investido em cargo em comissão ou função de direção,
chefia ou assessoramento é devida uma gratificação pelo seu exercício.
SUBSEÇÃO II
Da Gratificação Natalina
SUBSEÇÃO III
Da Gratificação pela Prestação de Serviço Extraordinário
SUBSEÇÃO IV
Da Gratificação pelo Exercício de Atividades Insalubres,
Perigosas e Penosas
§ 3º - O direito à gratificação de que trata este artigo cessa com a eliminação das
condições ou dos riscos que deram causa a sua concessão.
SUBSEÇÃO V
Da Gratificação pela Participação em Órgãos de Deliberação Coletiva
§ 1º - O servidor que, pela natureza das atribuições de seu cargo, for membro nato
de um Conselho, não fará jus à gratificação de que trata este artigo.
§ 3º - A gratificação de que trata este artigo será, paga por sessão a que
comparecerem os membros dos órgãos de deliberação coletiva e não poderá exceder a 04
(quatro) sessões ordinárias e, excepcionalmente, a 02 (duas) sessões extraordinárias, por mês.
SUBSEÇÃO VI
Da Gratificação de Representação de Gabinete
Art. 62 - A Gratificação de Representação de Gabinete será concedida aos
servidores requisitados para servirem junto à Governadoria do Estado, à Vice-Governadoria e
na estrutura básica do Serviço Social do Estado - SERSE.
SUBSEÇÃO VII
Da Gratificação de Controle Interno e Auditoria
SUBSEÇÃO VIII
Da Gratificação por Condições Especiais de Trabalho
Parágrafo Único - A Gratificação, de que trata este artigo, será fixada pelo Chefe
do Poder Executivo, após ouvido o Conselho Estadual de Política Salarial, no modo e forma e
nas circunstâncias definidas em Regulamentos.
Subseção IX
Do Adicional por Tempo de Serviço
Art. 65 - O adicional por tempo de serviço é devido à razão de 3% (três por cento)
por triênio de serviço público efetivo, incidente sobre o vencimento básico do cargo.
Parágrafo único - O servidor fará jus ao adicional, de que trata este artigo, a partir
do mês em que completar o triênio.
SUBSECÃO X
Do Adicional Noturno
SUBSEÇÃO XI
Do Adicional de Férias
SUBSEÇÃO XII
Do Adicional de Produtividade
SEÇÃO III
Do Salário-Família
32
Vide ADIN 1644-0 – Rel. Min. Sepúlveda Pertence. O STF, por maioria de votos, indeferiu o pedido de medida cautelar.
Aguardando julgamento do mérito. Plenário 18.09.97.
§ 1º - O salário-família será devido a partir do mês em que o servidor se habilitar
ao benefício.
CAPÍTULO III
Das Férias
Art. 72 - O servidor fará jus a 30 (trinta) dias consecutivos de férias, que podem
ser acumuladas, ate o máximo de 02 (dois) períodos, no caso de necessidade do serviço,
ressalvados os casos em que haja legislação específica.
CAPÍTULO IV
Das licenças
SEÇÃO I
Disposições Gerais
X - à gestante e à paternidade.
Art. 78 - Para licença até 15 (quinze) dias, a inspeção poderá ser feita por médico
do serviço social e, se por prazo superior, por junta médica.
SEÇÃO III
Da Licença por Motivo de Doença em Pessoa da Família
SEÇÃO IV
Da Licença por Acidente em Serviço
Art. 83 - Será licenciado, com remuneração integral, o servidor acidentado em
serviço ou acometido de moléstia profissional.
SEÇÃO V
Da Licença por Motivo de Afastamento de Cônjuge ou Companheiro
SEÇÃO VI
Da Licença para o Serviço Militar
Parágrafo Único - Concluído o serviço militar, o servidor terá até 30 (trinta) dias
sem remuneração para reassumir o exercício do cargo.
SEÇÃO VII
Da Licença para Atividade Política
Art. 89 - O servidor terá direito a licença, sem remuneração, durante o período que
mediar entre a sua escolha em convenção partidária, como candidato a cargo eletivo, e a
véspera do registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral.
SEÇÃO VIII
Da Licença-Prêmio por Assiduidade
§ 2º - VETADO.
SEÇÃO X
Da Licença para Desempenho de Mandato Classista
SEÇÃO XI
Da Licença à Gestante e à Paternidade
Art. 96 - Será concedida licença à servidora gestante por 120 (cento e vinte) dias
consecutivos, sem prejuízo da remuneração.
§ 1º - A licença, com início no primeiro dia do nono mês de gestação, poderá ser
antecipada por prescrição médica.
Art. 98 - À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial de criança até 1 (um)
ano de idade, serão concedidos 90 (noventa) dias de licença remunerada, e, se de mais de 1
(um) ano, a licença remunerada será de 30 (trinta) dias.
Art. 99 - Para amamentar o próprio filho, até a idade de seis meses, a servidora
lactante terá direito, durante a jornada de trabalho, a duas horas de descanso que poderá ser
parcelada em dois períodos de uma hora.
CAPÍTULO V
Do Afastamento para servir a outro Órgão ou Entidade
SEÇÃO I
Das Disposições Gerais
Art. 100 - O servidor poderá ser cedido para ter exercício em outro órgão ou
entidade da Administração Direta, Indireta ou fundacional, mediante pedido fundamentado
pela autoridade requisitante, sob pena de nulidade.
SEÇÃO II
Dos Afastamentos do Servidor Público
Art. 104 - O servidor não poderá ausentar-se do Estado para estudo ou missão
especial, sem autorização do Chefe do Poder a que está vinculado.
CAPÍTULO VI
Das Concessões
a) casamento;
CAPÍTULO VII
Do Tempo de Serviço
Parágrafo Único - Feita a conversão, os dias restantes, até 182 (cento e oitenta e
dois), não serão computados, arredondando-se para um ano quando excederem este número,
para efeito de aposentadoria.
VI - licença:
IX - disponibilidade;
CAPÍTULO VIII
Do Direito de Petição
Art. 114 - Cabe pedido de reconsideração a autoridade que houver expedido o ato
ou proferido a primeira decisão, não podendo ser renovado.
Art. 118 - A administração deverá rever seus atos, a qualquer tempo, quando
eivados de ilegalidades.
II - em 180 (cento e oitenta) dias, nos demais casos, salvo quando outro prazo for
fixado em lei.
CAPÍTULO IX
Da Pensão e da Aposentadoria
SEÇÃO I
Da Pensão
Art. 121 - Por morte do servidor, os dependentes fazem jus a uma pensão mensal
de valor correspondente ao da respectiva remuneração ou provento, a partir da data do óbito,
observadas as normas da entidade previdenciária.
I - vitalícia:
a) o cônjuge;
II - temporária:
c) a irmã ou irmão órfão, até 21 (vinte e um) anos, e o inválido, enquanto durar a
invalidez, que comprovem dependência econômica do servidor;
Art. 125 - A pensão poderá ser requerida a qualquer tempo, prescrevendo tão
somente as prestações exigíveis há mais de 5 (cinco) anos.
Art. 126 - Não faz jus à pensão o beneficiário condenado pela prática de crime
doloso de que tenha resultado a morte do servidor.
Art. 127 - Será concedida pensão provisória por morte presumida do servidor,
quando declarada a ausência pela autoridade judiciária competente.
I - o seu falecimento;
VI - a renúncia expressa.
SEÇÃO II
Da Aposentadoria
Art. 133 - A aposentadoria compulsória será automática, e declarada por ato, com
vigência a partir do dia imediato àquele em que o servidor atingir a idade-limite de
permanência no serviço ativo.
TÍ'TULO IV
Do Regime Disciplinar
CAPÍTULO I
Dos Deveres do Servidor
CAPÍTULO II
Das Proibições
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge,
companheiro ou parente até o segundo grau civil;
CAPÍTULO III
Da Acumulação
CAPÍTULO IV
Das Responsabilidades
Art. 142 - Pelo exercício irregular de suas atribuições, o servidor responde civil,
penal e administrativamente.
I - advertência;
II - suspensão;
III - demissão;
Art. 150 - A advertência será aplicada por escrito, nos casos de violação de
proibição constante do art. 138 incisos I, II, III, V, VI, VII e VIII e de inobservância de dever
funcional previsto em lei, regulamentação ou norma interna, que não justifique imposição de
penalidade mais grave.
Art. 151 - A suspensão será aplicada em caso de reincidência das faltas punidas
com advertência e de violação das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita a
penalidade de demissão, não podendo exceder de 90 (noventa) dias.
II - abandono de cargo;
XI - corrupção;
XIII - transgressão dos incisos IV, IX, X, XI, XII, XV e XVII do art. 138, desta
Lei Complementar.
Parágrafo único - Não poderá retornar ao serviço público estadual o servidor que
for demitido ou destituído do cargo em comissão por infringência do art. 153 incisos I, IV,
VIII, X e XI.
Art. 159 - Configura abandono de cargo a ausência intencional do servidor ao
serviço por mais de 30 (trinta) dias consecutivos.
Art. 160 - Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao serviço, sem causa
justificada, por 60 (sessenta) dias, interpoladamente, durante o período de 12 (doze) meses.
TÍTULO V
Do Processo Administrativo Disciplinar
CAPÍTULO I
Das Disposições Gerais
I - arquivamento do processo;
Art. 167 - Sempre que o ilícito praticado pelo servidor ensejar a imposição de
penalidade de suspensão por mais de 30 (trinta) dias, será obrigatória a instauração de
processo disciplinar.
CAPÍTULO II
Do Afastamento Preventivo
Art. 168 - Como medida cautelar e a fim de que o servidor não venha a influir na
apuração da irregularidade, a autoridade instauradora do processo disciplinar poderá
determinar o afastamento do exercício do cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, será
prejuízo da remuneração.
Parágrafo Único - O afastamento poderá ser prorrogado por igual prazo, findo o
qual cessarão os seus efeitos, ainda que não concluído o processo.
CAPÍTULO III
Do Processo Disciplinar
III - julgamento.
SEÇÃO I
Do Inquérito
Art. 179 – O depoimento será prestado oralmente e reduzido a termo, não sendo
lícito à testemunha trazê-lo por escrito.
Art. 181 - Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do acusado, a comissão
proporá à autoridade competente que seja submetido a exame por junta médica oficial, da qual
participe, pelo menos, um médico psiquiatra.
Art. 184 - Achando-se o indiciado em lugar incerto e não sabido, será citado por
edital, publicado no Diário Oficial do Estado e em jornal de grande circulação na localidade
do último domicílio conhecido, para apresentar defesa.
Parágrafo único - Na hipótese deste artigo, o prazo para defesa será de 15 (quinze)
dias a partir da última publicação do edital.
SEÇÃO II
Do Julgamento
Art. 191 - Quando a infração estiver capitulada como crime, o processo disciplinar
será remetido ao Ministério Público para a instauração da ação penal, ficando traslado na
repartição.
SEÇÃO III
Da Revisão do processo
Art. 194 - O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer tempo, a pedido
ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a
inocência do punido ou a inadequação da penalidade aplicada.
Art. 198 - Na petição inicial, o requerente pedirá dia e hora para a produção de
provas e inquirição das testemunhas que arrolar.
Art. 199 - A comissão revisora terá o prazo de 60 (sessenta) dias para a conclusão
dos trabalhos e o prazo para julgamento será de 20 (vinte) dias, contados do recebimento do
processo, no curso do qual a autoridade julgadora poderá determinar diligências.
Art. 200 - Julgada procedente a revisão, será declarada sem efeito a penalidade
aplicada, restabelecendo-se todos os direitos do servidor, exceto em relação à destituição de
cargo em comissão, que será convertida em exoneração.
TÍTULO VI
CAPÍTULO ÚNICO
Das Disposições Gerais e Transitórias
SEÇÃO I
Das Disposições Gerais
SEÇÃO II
Das Disposições Finais e Transitórias
Art. 207 - O regime jurídico desta Lei Complementar é extensivo aos servidores
públicos do Tribunal de Contas do Estado, Ministério Público, Advocacia Geral do Estado,
Defensoria Pública e Serventuários da Justiça remunerados com recursos do Estado.
33
Vide ADIN 1331-9 – Rel. Min. Francisco Resek. O STF, ao julgar a medida liminar, decidiu: “Desse modo, DEFIRO em parte o
pedido de liminar para, ad referendum do Plenário, suspender, até decisão desta ação direta, a vigência, no art. 40, das expressões
“previstas no parágrafo único do art. 206”, assim como da menção, nele contida, aos incisos 00I, VII e XII, do art. 055, todos da Lei
Complementar nº 013, de 03.01.94, do Estado do Piauí. Por MAIORIA de votos, o Tribunal REFERENDOU a decisão do presidente
(Ministro Sepúlveda Pertence), que deferira, em parte, a medida liminar que suspendera, até a decisão final da ação, a eficácia da
expressão "previstas no parágrafo único do art. 206", contida no art. 040, assim como da menção, nele contida, aos incisos 00I, VII e
XII, do art. 055, todos da Lei Complementar nº 013, de 03.01.94, do Estado do Piauí. Vencidos, em parte, os Ministros Marco
Auré1io e Octavio Gallotti, que deferiam integralmente a medida liminar. Votou o presidente.” Plenário, 16.08.95. Aguardando
julgamento do mérito.
Art. 210 - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas a Lei nº
2.854, de 09 de março de 1968 e demais disposições em contrário.
Governador do Estado
Secretário de Governo
Lei nº 5.078, de 26 de julho de 1999
I – as diárias para viagens, desde que não excedam a cinquenta por cento da
remuneração;
IV – o salário-família.
REGIMENTO INTERNO
Março/2017
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PIAUÍ
DISPOSIÇÃO INICIAL
Disposição Inicial………………………………………………………………………………………………….5
PARTE I
DA ORGANIZAÇÃO E DA COMPETÊNCIA
DISPOSIÇÕES FINAIS
Disposições finais……………………………………………………………………………………………….101
RESOLUÇÃO Nº 02, DE 12 DE NOVEMBRO DE 1987
REGIMENTO INTERNO
DISPOSIÇÃO INICIAL
PARTE I
(A expressão “Parte I” consta do Regimento Interno editado pelo Tribunal em 2000,
mas não no texto publicado no Diário de Justiça.)
DA ORGANIZAÇÃO E DA COMPETÊNCIA
Art. 5º O Tribunal de Justiça é dirigido por um dos seus membros como Presidente, dois
outros desempenham as funções de Vice-Presidente e Corregedor Geral da Justiça.
Art. 6º O Presidente, o Vice-Presidente e o Corregedor Geral serão eleitos pela maioria
dos membros efetivos do Tribunal de Justiça, mediante votação secreta, dentre seus
juízes mais antigos e desimpedidos, com mandato por dois anos, proibida a reeleição.
Art. 7º É obrigatória a aceitação do cargo, salvo recusa manifestada e aceita antes da
eleição.
Art. 8º Cada um dos três Desembargadores mais antigos desimpedidos poderá
manifestar a sua recusa até a sessão ordinária imediatamente anterior à sessão em que se
tiver de proceder à escolha dos dirigentes.
Art. 9º Na hipótese de um dos três Desembargadores mais antigos desimpedidos
manifestar recusa quanto à aceitação de algum dos cargos de direção, ou de todos eles,
integrará a lista o nome do Desembargador que se seguir em ordem de antiguidade e
também
estiver desimpedido.
§ 1º O Desembargador, cujo nome, em vista de recusa de qualquer dos mais antigos,
venha a compor a lista de votação, poderá manifestar a recusa até quarenta e oito horas
antes da eleição.
§ 2º Em caso de recusa prevista no parágrafo anterior, o Desembargador cujo nome
venha a integrar a lista de votação, poderá expressar a recusa até o momento da eleição.
Art. 10. Não havendo recusa quanto à totalidade dos cargos de direção, pelo
Desembargador mais antigo, aquele que vier a integrar a lista, como substituto, será
elegível apenas para o cargo ou os cargos em relação aos quais tenha havido
manifestação de recusa do mais antigo, figurando este como elegível para os demais
cargos.
Art. 43. Os Desembargadores terão direito a licença para tratamento de sua saúde e,
bem assim, por motivo de doença em pessoa da família.
Art. 44. A licença para tratamento de saúde por prazo superior a trinta dias bem como as
prorrogações que importem em licença por período ininterrupto, também superior a
trinta dias, dependem de inspeção por junta médica.
Art. 45. Os requerimentos, assinados pelo próprio Desembargador ou, na
impossibilidade, por pessoa de sua família, devem especificar a razão e o prazo do
licenciamento solicitado e a data a partir da qual se pretende o afastamento, fazendo-se
acompanhar da competente atestação médica, quando não for o caso de inspeção por
junta.
Art. 46. Será dispensável requerimento de licença para ausências que não excedam a
três dias durante o mês, aplicando-se a legislação pertinente ao funcionalismo estadual.
Art. 47. Os períodos de licença concedidos aos Desembargadores não terão limites
inferiores reconhecidos por lei ao funcionalismo estadual.
Art. 48. O Desembargador licenciado na conformidade do art. 43, deste Regimento, não
pode exercer qualquer das funções jurisdicionais ou administrativas, ressalvado o direito
de voto nas deliberações de ordem administrativa, nem pode exercitar qualquer função
pública ou administrativa.
Parágrafo único - Salvo contra-indicação médica, o Desembargador licenciado poderá
proferir decisões ou participar de julgamento em processo que, antes da licença, tenha
recebido o seu visto como relator ou revisor.
Art. 49. Sem prejuízo do vencimento, remuneração ou de qualquer direito ou vantagem
legal, o Desembargador poderá afastar-se de suas funções até oito dias consecutivos por
motivo de:
I – casamento
II – falecimento de cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
Parágrafo único. Será concedido afastamento ao Desembargador, sem prejuízo de seus
vencimentos e vantagens:
I – para frequência a curso ou seminários de aperfeiçoamento e estudo, a critério do
Tribunal, pelo prazo máximo de um ano, podendo, a critério do Tribunal, ser-lhe
atribuída ajuda de custo correspondente a até cem por cento dos seus vencimentos.
II – para a prestação de serviços exclusivamente à Justiça Eleitoral, por período não
excedente a dois anos.
Art. 82. Às Câmaras Reunidas Cíveis e às Câmaras Reunidas Criminais, sem prejuízo
dos cometimentos específicos definidos expressamente neste Regimento Interno, ou
nele implícitos, compete: (Redação dada pelo art. 2º Resolução nº 03/1999, de
10/06/1999)
I – executar o que for decidido nos feitos de suas respectivas competências;
II – delegar poderes, quando conveniente e oportuno, a juízes de direito e a juízes de
direito substituto, para a prática de atos que não envolvam decisão;
III – impor penas disciplinares aos seus funcionários ou representar para idêntico fim ao
Procurador Geral da Justiça e à Ordem dos Advogados, consoante se trate de membro
do Ministério Público ou advogado;
IV – uniformizar jurisprudência, editando súmulas, quando possível;
V – resolver as dúvidas em matéria de suas competências e das respectivas câmaras
especializadas, na forma deste regimento;
VI – declarar extinto o processo, nos casos previstos em lei.
Art. 83. Compete especificamente às Câmaras Reunidas Cíveis: (Redação dada pelo art.
2º Resolução nº 03/1999, de 10/06/1999)
I – processar e julgar:
a) os embargos infringentes dos julgados das Câmaras Especializadas e de suas
decisões;
b) as ações rescisórias de seus acórdãos, das Câmaras Especializadas e das decisões dos
Juízes singulares.
c) a restauração dos autos extraviados ou destruídos, em feitos de sua competência;
d) as habilitações nas causas sujeitas a seu julgamento.
II – julgar:
a) os embargos de declaração opostos a seus acórdãos;
b) o recurso denegatório de embargos infringentes de sua competência;
c) os recursos, quando cabíveis, das decisões do seu Presidente;
d) as suspeições e impedimentos, nos casos em que lhe competirem;
e) os recursos das decisões do Relator, em feitos de sua competência, nos casos
previstos neste regimento.
Art. 84. Compete especificamente às Câmaras Reunidas Criminais: (Redação dada pelo
art. 2º Resolução nº 03/1999, de 10/06/1999)
I – processar e julgar:
a) os recursos das decisões do seu Presidente, na forma deste regimento;
b) os pedidos de desaforamento;
c) os conflitos de competência entre as Câmaras e o Conselho de Justiça Militar do
Estado;
II – julgar:
a) os embargos de declaração opostos aos seus acórdãos;
b) os recursos de decisão do Relator, quando este indeferir, liminarmente, a interposição
de embargos infringentes;
c) as suspeições e impedimentos, nos feitos de sua competência, dos membros das
Câmaras e do Procurador Geral de Justiça;
d) os pedidos de habeas corpus, nos feitos submetidos ao seu julgamento,
concedendo-os de ofício nos casos previstos em lei.
III – executar o que for decidido nos feitos de sua competência.
Seção III - Das Atribuições das Câmaras Especializadas Cíveis
Art. 87. Sem prejuízo de outras atribuições expressas ou implícitas neste regimento, ao
Presidente do Tribunal compete: (Redação dada pelo art. 4º da Resolução nº 03/1999, de
10/06/1999)
I – dirigir os trabalhos do Colegiado e presidir-lhe as sessões plenárias, fazendo cumprir
este Regimento;
II – promover o cumprimento imediato das decisões do Tribunal;
III – corresponder-se com as autoridades públicas sobre assuntos relacionados com a
administração da Justiça;
IV – representar o Tribunal nas solenidades e atos oficiais podendo, quando
conveniente, delegar a incumbência a um ou mais Desembargadores;
V – presidir o Conselho da Magistratura;
VI – dar posse aos Desembargadores, Juízes e aos Servidores do Poder Judiciário;
VII – convocar, na hipótese de falta ou impedimento de Desembargadores, os
respectivos substitutos dentre os juízes da Capital, mediante sorteio público.
VIII – conhecer do pedido de recurso extraordinário e de recurso especial, e se o julgar
relativamente amparado, mandar processá-lo, resolvendo os incidentes suscitados.
IX – funcionar como Relator privativo, com direito a voto, nos seguintes feitos:
a) habeas corpus de julgamento da competência originária do Tribunal Pleno;
b) suspeição de Desembargador, inclusive no caso do art. 135, do Código de Processo
Civil;
c) reclamação sobre antiguidade dos magistrados, apurada pelo Conselho da
Magistratura;
d) os conflitos de competência entre as Câmaras Especializadas ou entre as Câmaras
Reunidas e o Tribunal Pleno;
e) remoção, disponibilidade, aposentadoria compulsória de magistrados, serventuários e
funcionários do Poder Judiciário;
f) reversão ou aproveitamento de magistrados e demais servidores referidos na letra
anterior;
g) nos pedidos de licença e férias dos magistrados;
X – conceder prorrogação de prazo para que magistrados e demais servidores da Justiça
tomem posse e entrem em exercício dos cargos;
XI – ordenar a suspensão de liminar e a execução da sentença concessiva de mandado
de segurança no juízo a quo (art. 4º da Lei nº 4.348, de 26.06.64);
(No texto publicado, por equívoco, foi feito referência ao “art. 4º, da Lei 4.384, de
26.06.54”)
XII – assinar os acórdãos do Tribunal Pleno e do Conselho da Magistratura com os
Juízes-Relatores e com os que expressamente tenham requerido declaração de voto;
XIII – expedir ordens que não dependam de acórdãos ou não sejam da privativa
competência dos Relatores.
XIV – ordenar o pagamento dos precatórios em virtude de sentença proferida contra a
Fazenda Pública, estadual ou municipal, nos termos do art. 100 da Constituição do
Brasil e dos arts. 730, inciso I e 731, do Código de Processo Civil;
XV – determinar a restauração dos feitos perdidos nas Secretarias do Tribunal;
XVI – julgar os recursos das decisões que incluam jurados na lista geral ou dela
excluam;
XVII – conceder licença para casamento nos casos do art. 183, XVI, do Código Civil;
XVIII – encaminhar ao Governador do Estado, depois de aprovados pelo Tribunal, os
pedidos de permuta de Juiz.
XIX – comunicar à Ordem dos Advogados as faltas cometidas por advogados,
provisionados e estagiários;
XX – conhecer e julgar as suspeições opostas aos serventuários e demais Funcionários
do Poder Judiciário;
XXI – nomear, demitir, exonerar, admitir, dispensar, transferir e aposentar os
funcionários do Poder Judiciário, inclusive preenchimento de função gratificada;
XXII – mandar anunciar a abertura de vaga de Juiz de Direito, bem como a abertura de
concurso para Juízes de Direito Substituto, funcionários, servidores e serventuários da
Justiça;
XXIII – encaminhar ao Juiz competente as cartas rogatórias, bem assim a carta de
sentença estrangeira, homologada pelo Supremo Tribunal Federal, para o devido
cumprimento;
XXIV – superintender os serviços das Secretarias do Tribunal e fiscalizar o
andamento e a regularidade de seus trabalhos;
XXV – abrir, rubricar e encerrar os livros destinados ao serviço do Tribunal;
XXVI – vedar o acesso ao recinto das sessões e às Secretarias a pessoas reconhecidas
como intermediárias de negócios ilícitos ou reprováveis ou que, pela sua conduta,
possam comprometer o decoro da Justiça;
XXVII – apostilar os títulos dos Desembargadores, Juízes e funcionários do
Tribunal, ainda que em disponibilidade ou aposentados, com referência a acréscimo de
vencimentos ou vantagens e alterações de situação funcional, e conceder, a esses
servidores, salário-família e gratificações adicionais e, bem assim apostilar os títulos
dos pensionistas de magistrados falecidos, cujos cálculos, das respectivas pensões,
sejam feitos pelo setor competente do Tribunal;
XXVIII – substituir o Governador do Estado, nos casos previstos na Constituição;
XXIX – conhecer das reclamações contra a exigência de custas indevidas ou excessivas,
ordenando as restituições e impondo penalidades cabíveis, providências que poderão ser
tomadas independentemente de reclamação, sempre que tais ocorrências constarem dos
autos ou papéis que lhe forem presentes;
XXX – prestar as informações solicitadas por outros Tribunais;
XXXI – processar e julgar pedidos de concessão de Justiça gratuita, quando o feito não
estiver ainda distribuído, ou depois de cessadas as atribuições do Relator;
XXXII – exercer qualquer outra atribuição mencionada em lei ou prevista no Regimento
Interno.
Art. 89. Aos Presidentes das Câmaras Reunidas compete: (Artigo correspondente ao art.
87 da redação originária, renumerado por força do art. 3º da Resolução nº 03/1999, de
10/06/1999, publicada no DJE nº 4.059, de 11/06/1999, pp. 1/11)
I – dirigir e manter a regularidade dos trabalhos e a polícia das sessões pela forma
determinada neste Regimento;
II – sustar a decisão de qualquer processo, remetendo este ao Presidente do Tribunal,
para que seja julgado pelo Plenário, quando da competência do Tribunal Pleno;
III – marcar dia para julgamento dos feitos e organizar a pauta da sessão imediata;
IV – exigir dos funcionários das Secretarias o cumprimento dos atos necessários ao
regular funcionamento das sessões e execução de suas determinações, sem ofensa das
prerrogativas do Presidente;
V – providenciar para a organização e publicação trimestral do ementário dos acórdãos
e da estatística dos julgamentos das Câmaras Reunidas;
VI – ordenar a exclusão, do recinto de julgamento, de advogado ou pessoas outras que
faltarem ao devido decoro;
Parágrafo único. As Câmaras Reunidas Cíveis ou as Criminais serão presididas, uma
pelo Vice-Presidente do Tribunal, conforme disposto no art. 88, I, e a outra pelo
Presidente da Primeira Câmara Especializada Cível ou Criminal não presidida por
aquele. (Parágrafo único correspondente ao art. 88 da redação originária, transformado
em parágrafo único do art. 89 por força do art. 5º da Resolução nº 03/1999, de
10/06/1999, que também lhe deu nova redação)
Art. 90. Aos presidentes das Câmaras Especializadas compete: (Artigo correspondente
ao art. 89 da redação originária, renumerado por força do art. 3º da Resolução nº
03/1999, de 10/06/1999)
I – dirigir e manter a regularidade dos trabalhos e a ordem das sessões, pela forma
determinada neste Regimento.
II – sustar decisão em que juiz concluir pela inconstitucionalidade de lei ou de ato do
poder público, encaminhando o processo ao Presidente do Tribunal de Justiça para
julgamento pelo Colegiado;
III – redigir os resumos de julgamento e assinar os acórdãos com os relatores e com os
juízes que tenham feito declaração de voto;
IV – marcar dia para julgamento das causas e organizar a pauta das sessões;
V – exigir dos funcionários das secretarias o cumprimento dos atos necessários ao
regular funcionamento das sessões e a execução de suas determinações, sem ofensa das
prerrogativas do Presidente;
VI – providenciar para a organização e publicação trimestral do ementário dos acórdãos
e da estatística dos julgamentos da Câmara;
VII – ordenar a exclusão, do recinto de julgamento, de advogado ou pessoas outras que
faltarem ao devido decoro.
Parágrafo único. As Câmaras Especializadas Cíveis, e as Criminais, serão presididas,
uma pelo Vice-Presidente do Tribunal, na forma do art. 88, I, e as demais por
Desembargadores eleitos dentre seus membros. (Parágrafo único correspondente ao art.
90 da redação originária, transformado em parágrafo único do art. 89 por força do art. 5º
da Resolução nº 03/1999, de 10/06/1999, que também lhe deu nova redação)
Art. 91. Compete ao Relator, nos feitos que lhe forem distribuídos, além de outros
deveres legais e deste Regimento:
I – processar os feitos e relatá-los;
II – resolver os incidentes relativos à ordem e regularidade do processo, quando
independam de acórdão, e executar as diligências necessárias ao julgamento;
III – fazer cumprir as decisões administrativas de sua competência;
IV – lavrar o acórdão, quando não for voto vencido e assiná-lo juntamente com o
Desembargador que houver presidido a decisão;
V – proceder ao interrogatório do acusado, reinquirir testemunhas ou determinar outras
diligências, na hipótese do art. 616 do Código de Processo Penal;
VI - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado
especificamente os fundamentos da decisão recorrida; (Redação dada pelo art. 1º da
Resolução nº 21/2016, de 15/09/2016)
VI-A - negar provimento a recurso que for contrário a súmula ou acórdão proferido pelo
Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de
recursos repetitivos; (Redação dada pelo art. 1º da Resolução nº 21/2016, de
15/09/2016)
VI-B - negar provimento a recurso que for contrário a súmula deste Tribunal ou
entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência; (Incluído pelo art. 1º da Resolução nº 21/2016, de
15/09/2016)
VI-C - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso
se a decisão recorrida for contrária a súmula ou acórdão proferido pelo Supremo
Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos
repetitivos; (Incluído pelo art. 1º da Resolução nº 21/2016, de 15/09/2016)
VI-D - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso
se a decisão recorrida for contrária a súmula deste Tribunal ou entendimento firmado
em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
(Incluído pelo art. 1º da Resolução nº 21/2016, de 15/09/2016)
VII – assinar as cartas ou títulos executivos de sentença;
VIII – expedir alvará de soltura, dando imediato conhecimento ao Juiz de primeira
instância no caso de decisão absolutória ou proferida em grau de recurso;
IX – denegar ou decretar prisão preventiva nos processos criminais;
X – conceder ou recusar fiança nos processos-crime;
XI – apresentar em mesa para julgamento os feitos que independam de pauta; (Redação
dada pelo art. 6º da Resolução nº 03/1999, de 10/06/1999)
XII – lançar da acusação o queixoso que deixar de comparecer (art. 516, inciso II do
Código de Processo Penal) nos crimes de competência originária do Tribunal;
XIII – processar as habilitações requeridas e outros incidentes;
XIV – homologar por despacho o pedido de desistência dos recursos que lhe sejam
distribuídos;
XV – homologar desistência nas ações rescisórias;
XVI – promover as diligências e atos que não dependam de julgamento, nos feitos que
lhe sejam distribuídos;
XVII – decidir os pedidos originários de benefícios de justiça gratuita, nos feitos que lhe
couberem por distribuição;
XVIII – encaminhar os pedidos de mandado de segurança à autoridade legítima para
julgamento, quando for incompetente o Tribunal de Justiça, nos termos da legislação
processual civil;
XIX – negar, liminarmente, os pedidos de revisão criminal, quando se verificar a
incompetência do Tribunal ou de Câmara Criminal, ou não estiver instruído o processo
e for desaconselhável aos interesses da Justiça que se apensem aos autos originais;
XX – lavrar, em forma de acórdão, as decisões tomadas nos processos
administrativos;
XXI – requisitar os autos originais, quando necessário;
XXII – delegar atribuições a outras autoridades judiciárias, nos casos previstos em lei e
neste Regimento;
XXIII – mandar riscar injúrias escritas, em autos, pelos advogados;
XXIV -requerer a instauração do incidente de resolução de demandas repetitivas ou do
incidente de assunção de competência; (Redação dada pelo art. 1º da Resolução nº
21/2016)
XXV – fazer as ementas dos acórdãos que lavrar;
XXVI – denegar ou conceder a ordem de mandado de segurança, desde que a matéria
versada no writ em questão constitua objeto de jurisprudência consolidada no tribunal.
(Incluído pelo art. 1º da Resolução nº 28/2014, 27/11/14)
§ 1º O disposto no inciso VI não se aplica ao recurso extraordinário e ao recurso
especial. (Incluído pelo art. 6º da Resolução nº 03/1999, de 10/06/1999)
§ 2º Ao pedir dia para julgamento, ou apresentar o feito em mesa, indicará o relator, nos
autos, se o submete ao Plenário ou à Câmara, salvo se pela simples designação da classe
estiver fixado o órgão competente. (Incluído pelo art. 6º da Resolução nº 03/1999, de
10/06/1999)
§ 3º. Nos casos do inciso II deste artigo, constatada a ocorrência de vício sanável,
inclusive aquele que possa ser conhecido de ofício, o relator determinará a realização ou
a renovação do ato processual, no próprio Tribunal ou em primeiro grau de jurisdição,
intimadas as partes. (Redação dada pelo art. 2º da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
§ 4º. Cumprida a diligência de que trata o § 3º, o relator, sempre que possível,
prosseguirá no julgamento do recurso. (Redação dada pelo art. 2º da Resolução nº
06/2016, de 04/04/2016)
§ 5º. Reconhecida a necessidade de produção de prova, o relator converterá o
julgamento em diligência, que se realizará no Tribunal ou em primeiro grau de
jurisdição, decidindo-se o recurso após a conclusão da instrução. (Redação dada pelo
art. 2º da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
Art. 96. A Corregedoria Geral da Justiça, que funciona na sede do Tribunal, órgão de
fiscalização, orientação, controle e instrução dos serviços forenses e administrativos da
justiça de primeiro grau, tem competência em todo o Estado e é exercido por
Desembargador eleito
por dois anos, juntamente com os demais titulares de cargos de direção do Poder
Judiciário, na forma da lei.
Art. 98. Cabe ao Tribunal de Justiça o poder de polícia no recinto e nas dependências do
prédio em que funciona e em que tem a respectiva sede.
Art. 99. No exercício da atribuição a que se refere o artigo anterior, poderá ser
requisitado o auxílio de outras autoridades, quando necessário.
Art. 100. Ocorrendo infração à lei penal na sede ou dependência do Tribunal, o
Presidente instaurará inquérito, se envolver autoridade ou pessoa sujeita à sua
jurisdição, ou delegará esta atribuição a outro Desembargador.
§ 1º Nos demais casos, o Presidente poderá proceder na forma deste artigo ou requisitar
a instauração de inquérito à autoridade competente.
§ 2º O Desembargador incumbido do inquérito designará escrivão um dos servidores do
Tribunal.
Art. 101. A polícia das sessões e das audiências compete ao respectivo Presidente.
Art. 102. Os inquéritos administrativos serão realizados consoante as normas próprias.
Art. 105. A atividade jurisdicional no Tribunal de Justiça será ininterrupta, sendo vedado
férias coletivas nos juízos e tribunais de 2º grau, funcionando, nos dias em que não
houver expediente forense normal, juízes em plantão permanente.
Art. 106. (Revogado) (Redação dada pelo art. 5º da Resolução nº 13, de 29/09/2005)
Art. 107. (Revogado) (Redação dada pelo art. 5º da Resolução nº 13, de 29/09/2005)
Art. 108. (Revogado) (Redação dada pelo art. 5º da Resolução nº 13, de 29/09/2005)
Art. 109. Suspendem-se os trabalhos do Tribunal nos sábados, domingos, feriados e nos
dias em que o Tribunal o determinar, observado o disposto no art. 105, deste Regimento
Interno. (Redação dada pelo art. 2º da Resolução nº 013, de 29/09/2005)
Art. 110. Os atos processuais serão autenticados, conforme o caso, mediante a
assinatura ou a rubrica do Presidente, dos Desembargadores ou dos servidores para tal
fim qualificados.
§ 1º É exigida a assinatura usual nos acórdãos, na correspondência oficial, no fecho das
cartas de sentença e nas certidões.
§ 2º Os livros necessários ao expediente serão rubricados pelo presidente ou por
funcionário designado.
§ 3º As rubricas e assinaturas usuais dos servidores serão registradas em livro próprio,
para identificação do signatário.
Art. 111. As peças que devam integrar ato ordinatório ou executório poderão ser-lhe
anexadas em cópia autenticada.
Art. 112. As intimações efetuam-se de ofício, em processos pendentes, e consideram-se
feitas pela só publicação dos atos no órgão oficial, sendo, todavia, a intimação do
Ministério Público feita pessoalmente.
Parágrafo único. Da publicação do expediente de cada processo constarão os nomes das
partes e de seus advogados, suficientes para sua identificação.
Art. 113. A retificação de publicação no Diário da Justiça, com efeito de intimação,
decorrente de incorreções ou omissões, será providenciada pela Secretaria, de ofício ou
mediante despacho do Presidente do Tribunal, das Câmaras Reunidas, das Câmaras
Especializadas Cíveis ou Criminais, ou do Relator.
Art. 114. A publicação da pauta deverá ser feita no prazo de, pelo menos, 05 (cinco) dias
úteis antes da sessão de julgamento, ressalvados os processos criminais, cujo prazo será
de 48 (quarenta e oito) horas. (Redação pelo art. 1º dada pela Resolução nº 35/2016), de
29/09/2016)
§ 1º. Na contagem desse prazo, computar-se-ão somente os dias úteis. (Redação dada
pelo art. 3º da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
§ 2º. O cômputo desse prazo se iniciará regressivamente a partir do primeiro dia útil
anterior à data da sessão e, terminando em dia não útil, retrocederá a contagem do prazo
para julgamento para o primeiro dia útil anterior. (Redação dada pelo art. 3º da
Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
§ 3º. À contagem desse prazo, não se aplicam as regras do art. 180 e 183 da Lei n.
13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (Redação dada pelo art. 3º
da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
§ 4º. É obrigatória a inclusão na pauta de julgamento de todos os recursos e demais
processos de competência originária, ressalvados os casos de habeas corpus e dos
embargos de declaração julgados na primeira sessão subsequente à sua oposição, assim
como os processos cujos julgamentos tiverem sido expressamente adiados para a sessão
seguinte. (Redação dada pelo art. 3º da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
Art. 115. Qualquer matéria de natureza administrativa, sobre a qual tenha de deliberar o
Tribunal, deverá ser cientificada aos Desembargadores com antecedência mínima de
quarenta e oito horas, ressalvadas as hipóteses de manifesta e evidente urgência que não
permitam tal anterioridade.
Parágrafo único. Presumem-se feitas as cientificações pela entrega da respectiva “pauta”
nas residências ou endereços indicados pelos Desembargadores, os quais, todavia,
poderão renunciar ao prazo de anterioridade.
Art. 116. A pauta de julgamento será afixada na entrada da sala em que se realizar a
sessão de julgamento.
Art. 117. As partes poderão ter acesso aos autos em secretaria após a publicação da
pauta de julgamento. (Redação dada pelo art. 4º da Resolução nº 06/2016, de
04/04/2016)
Parágrafo único. Se os autos estiverem conclusos ao relator ou a qualquer outro
integrante do Tribunal, deverá ser garantido acesso imediato aos autos do processo ao
procurador da parte em gabinete. (Redação dada pelo art. 4º da Resolução nº 06/2016,
de 04/04/2016)
Art. 118. Aos Desembargadores que hajam de participar do julgamento será distribuída
antecipadamente, cópia do relatório, nos embargos infringentes, na ação rescisória e em
casos outros, quando a lei o determinar.
Parágrafo único. Nas arguições de inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do
poder público e nos casos de pronunciamento prévio do Tribunal acerca de interpretação
do direito (CPC, art. 476), a Secretaria distribuirá a todos os Desembargadores cópia do
acórdão que, nas Câmaras Reunidas Cíveis ou nas Câmaras Especializadas Cíveis,
houver acolhido a alegação de inconstitucionalidade ou reconhecido a divergência de
interpretação.
Art. 125. Sem o respectivo preparo, exceto em caso de isenção legal, nenhum processo
será distribuído, nem serão praticados nele atos processuais, salvo os que forem
ordenados de ofício pelo Relator, pelo Plenário, pelas Câmaras Reunidas, pelas Câmaras
Especializadas, ou pelos respectivos Presidentes.
Art. 126. O preparo compreende todos os atos do processo, inclusive a baixa dos autos,
se for o caso, mas não dispensa o pagamento das despesas de remessa e de retorno,
salvo os casos de remessa e de retorno no processo de autos eletrônicos, nos quais estas
últimas parcelas não serão devidas. (Redação dada pelo art. 5º da Resolução nº 06/2016,
de 04/04/2016)
Art. 127. Quando o autor e o réu recorrerem, cada recurso estará sujeito a preparo
integral.
§ 1º Tratando-se de litisconsortes necessários, bastará que um dos recursos seja
preparado, para que todos sejam julgados, ainda que não coincidam suas pretensões.
§ 2º O disposto no parágrafo anterior é extensivo ao assistente.
§ 3º O terceiro prejudicado que recorrer fará o preparo do seu recurso,
independentemente do preparo dos recursos que, porventura, tenham sido interpostos
pelo autor ou pelo réu.
Art. 128. O preparo será feito no prazo previsto na lei processual, mediante guia à
repartição ou estabelecimento bancário competente, juntando-se aos autos o
comprovante.
§ 1º. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela
legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob
pena de deserção. (Redação dada pelo art. 6º da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
§ 2º. A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno,
implicará deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a
supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias. (Redação dada pelo art. 6º da Resolução nº 06/2016,
de 04/04/2016)
§ 3º. O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento
do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu
advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção. (Redação dada
pelo art. 6º da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
§ 4º. É vedada a complementação se houver insuficiência parcial do preparo, inclusive
porte de remessa e de retorno, no recolhimento realizado na forma do § 3º. (Redação
dada pelo art. 6º da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
§ 5º. Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de deserção,
por decisão irrecorrível, fixando o prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo.
(Redação dada pelo art. 6º da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
§ 6º. O equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena
de deserção, cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar
o recorrente para sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias. (Redação dada pelo art. 6º da
Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
Art. 129. Cabe às partes prover o pagamento antecipado das despesas dos atos que
realizem ou requeiram no processo, ficando o vencido, afinal, responsável pelas custas e
despesas pagas pelo vencedor:
Art. 130. Haverá isenção do preparo:
I – nos conflitos de jurisdição ou competência, nos conflitos de atribuições, nos habeas-
corpus e nos demais processos criminais, salvo a ação penal privada;
II – nos procedimentos instaurados e nos pedidos e recursos formulados ou interpostos
pelo Ministério Público, pela Fazenda Pública em geral ou por beneficiário de
assistência judiciária.
Art. 131. A assistência judiciária, perante o Tribunal, será requerida ao Presidente, antes
da distribuição, e, nos demais casos, ao Relator.
Art. 132. Sem prejuízo da nomeação, quando couber, de defensor ou curador dativo, o
pedido de assistência judiciária será deferido ou não, de acordo com a legislação em
vigor.
Parágrafo único. Prevalecerá no Tribunal a assistência judiciária já concedida em outra
instância.
Art. 133. O pagamento dos preços cobrados pelo fornecimento de cópias, autenticadas
ou não, ou de certidões por fotocópia ou por meio equivalente será antecipado ou
garantido com depósito na Secretaria, consoante tabela aprovada pelo Presidente.
Art. 134. A deserção do recurso por falta de preparo será declarada:
I – pelo Presidente, antes da distribuição;
II – pelo Relator;
III – pelo Plenário, pelas Câmaras Reunidas ou pelas Câmaras Especializadas, ao
conhecerem do feito.
Seção IV - Da Distribuição
Art. 135. Verificado o preparo, sua isenção ou dispensa, serão os autos distribuídos
diariamente, ao final do expediente, em audiência pública, com emissão do respectivo
relatório. (Redação dada pelo art. 1º da Resolução nº 01, de 07/03/1996)
Art. 135-A. Far-se-á a distribuição de acordo com este Regimento Interno, observando-
se a alternatividade, o sorteio eletrônico e a publicidade. (Redação dada pelo art. 7º da
Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
Parágrafo único. O primeiro recurso protocolado no Tribunal tornará prevento o relator
para eventual recurso subsequente interposto no mesmo processo ou em processo
conexo, ainda que aquele recurso já tenha sido julgado quando da interposição do
segundo. (Redação dada pelo art. 7º da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
Art. 136. (Revogado) (Redação dada pelo art. 3º da Resolução nº 01, de 07/03/1996)
Art. 137. A distribuição disciplinada nesta seção, far-se-á pelo sistema de
computação eletrônica, mantidos o equilíbrio de pesos em cada classe de processo,
ressalvadas as exceções previstas neste regimento. (Redações dadas pelo art. 1º da
Resolução nº 01, de 07/03/1996)
Parágrafo único. Ocorrendo a impossibilidade de realização da distribuição pelo sistema
eletrônico ficará a critério do Presidente realizá-la mediante sorteio. (Redação dada pelo
art. 1º da Resolução nº 01, de 07/03/1996)
Art. 138. Não estão sujeitos à distribuição os pedidos originários de habeas-corpus da
competência do Tribunal Pleno e as arguições de suspeição ou impedimento de
Desembargador, que serão relatados pelo Presidente.
Parágrafo único. Nos demais casos de habeas corpus haverá imediata distribuição aos
membros de Câmara Criminal.
Art. 139. Far-se-á a distribuição entre todos os Desembargadores competentes em razão
da matéria, com exceção do Presidente do Tribunal de Justiça, do Corregedor Geral da
Justiça e dos Desembargadores afastados, a qualquer título, por período superior a trinta
dias, ou em gozo de férias, operando-se, nos dois últimos casos, compensação posterior.
(Redação dada pelo art. 1º da Resolução nº 42, de 24/11/2011)
§1º Não será distribuído a desembargador afastado por período igual ou inferior a trinta
dias, compensando-se posteriormente a distribuição, o mandado de segurança, o habeas
corpus, o habeas data, o mandado de injunção, o agravo de instrumento, a medida
cautelar preparatória e a incidental, a reclamação e o processo criminal com réu preso.
(Incluído pelo art. 1º da Resolução nº 42, de 24/11/2011)
§1º-A Nos 3 (três) dias úteis que antecedem os afastamentos por mais de 30 (trinta) dias
e as férias de Desembargador, não lhe serão distribuídos autos de processos com pedido
de tutela de urgência (tutela antecipada e cautela). (Redação dada pelo art. 1º da
Resolução nº 22/2015, de 24/09/15)
§2º Não serão distribuídos processos a desembargador no período de noventa dias que
antecede a aposentadoria compulsória ou voluntária, neste último caso, desde que
previamente comunicada, por escrito, ao Tribunal. (Incluído pelo art. 1º da Resolução nº
42, de 24/11/2011)
Art. 139-A. Distribuídos, os autos serão imediatamente conclusos ao relator, que, em 30
(trinta) dias, depois de elaborar o voto, restituí-los-á, com relatório, à secretaria.
(Redação dada pelo art. 8º da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
Art. 140. (Revogado) (Redação dada pelo art. 3º da Resolução nº 01, de 07/03/1996)
Art. 141. Ressalvados os processos de competência do Tribunal Pleno ou das Câmaras
Reunidas, os feitos criminais serão distribuídos pelos desembargadores das Câmaras
Criminais, e, os Cíveis, pelos desembargadores das Câmaras Cíveis. (Redação dada pelo
art. 6º da Resolução nº 01/1999, de 10/02/1999)
Art. 142. Distribuído um feito cível a determinado Desembargador, ficará
automaticamente firmada a competência da Câmara Especializada Cível a que integre,
inclusive para os processos acessórios, ressalvada as competências das Câmaras
Reunidas ou do Tribunal Pleno.
Art. 143. Ficará sem efeito a distribuição, tanto ao Desembargador quanto à
correspondente Câmara, segundo dispõe o artigo anterior, quando, conclusos os autos ao
Relator, este declinar impedimento ou suspeição.
Art. 144. Em caso de impedimento ou suspeição do Relator, a quem o feito houver sido
distribuído, será feita nova distribuição, operando-se, oportunamente, a compensação.
Art. 145. A distribuição de ação originária e de recurso cível ou criminal torna o órgão e
o relator preventos, observada a legislação processual respectiva, para todos os feitos
posteriores, referentes ao mesmo processo ou procedimento, tanto na ação de
conhecimento quanto na de execução, ressalvadas as hipóteses de suspeição ou de
impedimento supervenientes, procedendo-se à devida compensação. (Redação dada
pelo art. 2º da Resolução nº 42/2011, de 24/11/2011)
§1º Vencido o Relator, a prevenção referir-se-á ao Magistrado designado para lavrar o
acórdão. (Incluído pelo art. 2º da Resolução nº 42/2011, de 24/11/2011)
§2º A prevenção, se não for concedida de ofício, poderá ser arguida por qualquer das
partes ou pelo órgão do Ministério Público até o início do julgamento. (Incluído pelo
art. 2º da Resolução nº 42/2011, de 24/11/2011)
§3º A certidão de prevenção constará do termo de autuação e distribuição, cabendo ao
relator determinar nova distribuição, caso entenda não se tratar de prevenção. (Incluído
pelo art. 2º da Resolução nº 42/2011, de 24/11/2011)
Art. 146. Sempre que a prevenção for reconhecida após a distribuição do feito,
implicando mudança de competência, operar-se-á, oportunamente, a compensação.
(Redação dada pelo art. 3º da Resolução nº 42, de 24/11/2011)
Art. 147. Assim que recebida, a reclamação será autuada e distribuída ao relator do
processo principal, sempre que possível. (Redação dada pelo art. 9º da Resolução nº
06/2016, de 04/04/2016)
Art. 148. Os embargos declaratórios e as questões incidentes terão como Relator o
Desembargador que houver lavrado o Acórdão ou o do processo principal.
Art. 149. A ação penal será distribuída ao mesmo Relator do inquérito.
Art. 150. (Revogado) (Redação dada pelo art. 85 da Resolução nº 06/2016, de
04/04/2016)
Art. 151. Na ação rescisória e de revisão criminal, serão excluídos da distribuição,
sempre que possível, os julgadores que hajam participado do julgamento de que se
originou a decisão rescindenda ou objeto da revisão criminal. (Redação dada pelo art.
10 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
Art. 152. Se o Desembargador deixar o Tribunal, se for eleito Presidente ou Corregedor
da Justiça, ou se vier a transferir-se de Câmara, os processos de que era Relator serão
distribuídos ao Desembargador nomeado ou ao que passar a preencher sua vaga no
órgão judicante.
Art. 153. As atas consignarão de modo sucinto, o que se passar nas sessões, e serão
submetidas a aprovação na sessão seguinte, adiando-se a aprovação para outra
oportunidade, na hipótese de circunstância de ordem relevante.
Art. 154. Contra erro contido em ata, poderá o interessado reclamar, dentro de 48 horas,
em petição dirigida ao Presidente do Tribunal, das Câmaras Reunidas ou Especializadas,
conforme o caso.
Parágrafo único. Não se admitirá a reclamação a pretexto de modificar o julgado.
Art. 155. A petição será entregue ao protocolo, e daí, encaminhada ao encarregado da
ata, que a levará a despacho, no mesmo dia, com sua informação.
Art. 156. Se o pedido for julgado procedente, serão feitas retificação da ata e nova
publicação.
Art. 157. Na oportunidade de ser a ata submetida à aprovação, poderão os integrantes do
órgão judicante apresentar impugnações e propor retificação, as quais serão submetidas
à deliberação do colegiado.
Art. 158. Os termos mencionarão, em resumo, o essencial do que se passar nas
audiências, inclusive requerimentos e alegações das partes e despachos do Relator, e,
depois de lidos e achados conforme pelos presentes, serão subscritos pelo
Desembargador que presidir a audiência e pelos interessados.
Art. 159. O julgamento dos órgãos colegiados constarão de acórdãos, que serão
redigidos, datados e assinados. (Redação dada pelo art. 11 da Resolução nº 06/2016, de
04/04/2016)
Art. 160. As decisões proferidas verbalmente e gravadas ou taquigrafadas terão os seus
textos submetidos aos Desembargadores para a devida revisão.
Art. 161. Os textos submetidos à revisão e não devolvidos pelos Desembargadores no
prazo de vinte dias, contados da respectiva entrega, passarão a constar dos registros da
Secretaria, com observação de não terem sido revistos.
Art. 162. Os acórdãos serão lavrados pelo Relator do feito, ou, se este for vencido, pelo
autor do primeiro voto vencedor, designado para a lavratura pelo Presidente, e
apresentados à conferência dentro do prazo legal.
Parágrafo único. Os acórdãos, assim como os votos que os integram, além dos demais
atos processuais, podem ser redigidos em documento eletrônico inviolável e assinados
eletronicamente, na forma da lei, devendo ser impressos para juntada aos autos do
processo quando este não for eletrônico. (Redação dada pelo art. 12 da Resolução nº
06/2016, de 04/04/2016)
Art. 163. É facultado a qualquer Desembargador, que haja participado do julgamento,
exarar os fundamentos do seu voto, vencedor ou vencido.
Art. 164. Tanto o acórdão quanto os votos nele exarados deverão espelhar fielmente o
que tenha sido decidido, por ocasião do julgamento, e, bem assim, os fundamentos
invocados nessa oportunidade.
§ 1º. Não será considerado fundamentado o acórdão, ou qualquer outra decisão judicial,
de caráter monocrático, seja ela interlocutória ou extintiva do processo, que: (Redação
dada pelo art. 13 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
I – se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de atos normativos, sem explicar
sua relação com a causa ou a questão decidida; (Redação dada pelo art. 13 da Resolução
nº 06/2016, de 04/04/2016)
II – empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de
sua incidência no caso; (Redação dada pelo art. 13 da Resolução nº 06/2016, de
04/04/2016)
III – invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; (Redação
dada pelo art. 13 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
IV – não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese,
infirmar a conclusão adotada pelo julgador; (Redação dada pelo art. 13 da Resolução nº
06/2016, de 04/04/2016)
V – se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus
fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta
àqueles fundamentos; (Redação dada pelo art. 13 da Resolução nº 06/2016, de
04/04/2016)
VI – deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela
parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgado ou a superação do
entendimento; (Redação dada pelo art. 13 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
§ 2º. No caso de colisão entre normas, o julgador deve justificar o objeto e os critérios
gerais da ponderação efetuada, enunciando as razões que autorizam a interferência na
norma afastada e as premissas fáticas que fundamentam a conclusão. (Redação dada
pelo art. 13 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
§ 3º. A decisão judicial deve ser interpretada a partir da conjugação de todos os seus
elementos e em conformidade com o princípio da boa-fé. (Redação dada pelo art. 13 da
Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
Art. 165. Os acórdãos trarão, em seu todo uma ementa ou súmula do que nele se contém
e deverão consignar que a decisão haja sido tomada por unanimidade ou por maioria de
votos.
Art. 166. Serão assinados os acórdãos pelo Desembargador Relator, pelo Presidente e
pelo Procurador Geral da Justiça, bem como, se for o caso, pelo Desembargador que
fizer declaração de voto.
Parágrafo único. Não sendo possível colher-se a assinatura de alguns julgadores, serão
consignados, ao pé do acórdão, que o Desembargador participou do julgamento e votou,
na conformidade da conclusão do acórdão ou em sentido diverso.
Art. 167. Não havendo impugnação ao texto do acórdão e achando-se este assinado
pelos participantes do julgamento, o Presidente o subscreverá, dando-o por conferido.
Art. 168. Conferido o acórdão, a secretaria providenciará a publicação de sua ementa no
órgão oficial no prazo de 10 (dez) dias. (Redação dada pelo art. 14 da Resolução nº
06/2016, de 04/04/2016)
§ 1º. Não publicado o acórdão no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data da sessão
de julgamento, as notas taquigráficas ou as transcrições do áudio da respectiva sessão o
substituirão, para todos os fins legais, independentemente de revisão. (Redação dada
pelo art. 14 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
§ 2º. No caso do § 1º, o presidente do Tribunal lavrará, de imediato, as conclusões e a
ementa e mandará publicar o acórdão. (Redação dada pelo art. 14 da Resolução nº
06/2016, de 04/04/2016)
§ 3º. Os despachos e as decisões monocráticas, de natureza interlocutória ou extintiva
do processo, serão publicadas na íntegra no diário de justiça eletrônico. (Redação dada
pelo art. 14 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
Art. 183. Havendo quorum no Plenário, nas Câmaras Reunidas ou nas Câmaras
Especializadas, o Presidente declarará aberta a sessão e obedecerá, nos trabalhos, à
ordem seguinte:
I – leitura, discussão e aprovação da ata da sessão anterior;
II – conferência de acórdão;
III – relatórios, debates e decisões dos processos;
IV – decisões e deliberações administrativas;
V – indicações e propostas.
Art. 183-A. Os órgãos julgadores do Tribunal de Justiça atenderão, preferencialmente, à
ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão. (Redação dada pelo
art. 15 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
§ 1o A lista da ordem cronológica de conclusão de processos aptos para julgamento
deverá estar permanentemente à disposição para consulta pública em cartório e na rede
mundial de computadores. (Redação dada pelo art. 15 da Resolução nº 06/2016, de
04/04/2016)
§ 2o Estão excluídos da regra do caput: (Redação dada pelo art. 15 da Resolução nº
06/2016, de 04/04/2016)
I - as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de improcedência
liminar do pedido; (Redação dada pelo art. 15 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
II - o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica firmada em
julgamento de casos repetitivos; (Redação dada pelo art. 15 da Resolução nº 06/2016,
de 04/04/2016)
III - o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resolução de demandas
repetitivas; (Redação dada pelo art. 15 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
IV - as decisões proferidas com base nos arts. 485 e 932 da Lei n. 13.105, de 16 de
março de 2015 (Código de Processo Civil de 2015); (Redação dada pelo art. 15 da
Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
V - o julgamento de embargos de declaração; (Redação dada pelo art. 15 da Resolução
nº 06/2016, de 04/04/2016)
VI - o julgamento de agravo interno; (Redação dada pelo art. 15 da Resolução nº
06/2016, de 04/04/2016)
VII - as preferências legais e as metas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Justiça;
(Redação dada pelo art. 15 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
VIII - os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham competência penal;
(Redação dada pelo art. 15 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
IX - a causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida por decisão
fundamentada. (Redação dada pelo art. 15 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
§ 3o Após elaboração de lista própria, respeitar-se-á a ordem cronológica das
conclusões entre as preferências legais. (Redação dada pelo art. 15 da Resolução nº
06/2016, de 04/04/2016)
§ 4o Após a inclusão do processo na lista de que trata o § 1 o, o requerimento formulado
pela parte não altera a ordem cronológica para a decisão, exceto quando implicar a
reabertura da instrução ou a conversão do julgamento em diligência. (Redação dada
pelo art. 15 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
§ 5o Decidido o requerimento previsto no § 4o, o processo retornará à mesma posição
em que anteriormente se encontrava na lista. (Redação dada pelo art. 15 da Resolução nº
06/2016, de 04/04/2016)
§ 6o Ocupará o primeiro lugar na lista prevista no § 1 o ou, conforme o caso, no § 3o, o
processo que: (Redação dada pelo art. 15 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
I - tiver sua sentença ou acórdão anulado, salvo quando houver necessidade de
realização de diligência ou de complementação da instrução; (Redação dada pelo art. 15
da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
II - se enquadrar na hipótese do art. 1.040, inciso II, da Lei n. 13.105, de 16 de março de
2015 (Código de Processo Civil de 2015). (Redação dada pelo art. 15 da Resolução nº
06/2016, de 04/04/2016)
§ 7º. A lista da ordem cronológica de conclusão de processos aptos para julgamento será
elaborada pelo Chefe da Secretaria Cartorária Cível (SESCAR Cível) do Tribunal de
Justiça. (Redação dada pelo art. 15 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
183-B. O escrivão ou o chefe de secretaria atenderá, preferencialmente, à ordem
cronológica de recebimento para publicação e efetivação dos pronunciamentos judiciais.
(Redação dada pelo art. 15 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
§ 1o A lista de processos recebidos para publicação e efetivação dos pronunciamentos
judiciais deverá ser disponibilizada, de forma permanente, para consulta pública.
(Redação dada pelo art. 15 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
§ 2o Estão excluídos da regra do caput: (Redação dada pelo art. 15 da Resolução nº
06/2016, de 04/04/2016)
I - os atos urgentes, assim reconhecidos pelo juiz no pronunciamento judicial a ser
efetivado; (Redação dada pelo art. 15 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
II - as preferências legais. (Redação dada pelo art. 15 da Resolução nº 06/2016, de
04/04/2016)
§ 3o Após elaboração de lista própria, respeitar-se-ão a ordem cronológica de
recebimento entre os atos urgentes e as preferências legais. (Redação dada pelo art. 15
da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
§ 4o A parte que se considerar preterida na ordem cronológica poderá reclamar, nos
próprios autos, ao juiz do processo, que requisitará informações ao servidor, a serem
prestadas no prazo de 2 (dois) dias. (Redação dada pelo art. 15 da Resolução nº
06/2016, de 04/04/2016)
§ 5o Constatada a preterição, o juiz determinará o imediato cumprimento do ato e a
instauração de processo administrativo disciplinar contra o servidor. (Redação dada pelo
art. 15 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
§ 6º. A lista de processos recebidos para publicação e efetivação dos pronunciamentos
judiciais será elaborada pelo Chefe da Secretaria Cartorária Cível (SESCAR Cível) do
Tribunal de Justiça. (Redação dada pelo art. 15 da Resolução nº 06/2016, de
04/04/2016)
183-C. A primeira lista da ordem cronológica de conclusão de processos aptos para
julgamento (art. 183-A) observará a antiguidade da distribuição entre os já conclusos no
dia 17 de março de 2016. Os processos que forem conclusos para julgamento a partir do
dia 18 de março de 2016 serão incluídos na lista de acordo com a data de conclusão para
julgamento, nos termos do art. 183-A deste Regimento. (Redação dada pelo art. 15 da
Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
Art. 192. Concluído o debate oral, o Presidente dará a palavra ao Relator, para proferir
seu voto, e, em seguida, ao revisor, se houver, seguindo-se os votos dos demais
Desembargadores, na ordem decrescente de antiguidade.
§ 1º Os juízes de direito convocados votarão após os Desembargadores.
§ 2º Os desembargadores poderão antecipar o voto se o Presidente autorizar.
§ 3º. Proferidos os votos, o presidente anunciará o resultado do julgamento, designando
para redigir o acórdão o relator ou, se vencido este, o autor do primeiro voto vencedor.
(Redação dada pelo art. 20 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
§ 4º. O voto poderá ser alterado até o momento da proclamação do resultado pelo
presidente, salvo aquele já proferido por desembargador afastado ou substituído.
(Redação dada pelo art. 20 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
§ 5º. O voto vencido será necessariamente declarado e considerado parte integrante do
acórdão, para todos os fins legais, inclusive de prequestionamento. (Redação dada pelo
art. 20 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
Art. 193. O relator ou outro julgador que não se considerar habilitado a proferir
imediatamente o seu voto poderá solicitar vista pelo prazo máximo de 10 (dez) dias,
após o qual o recurso será reincluído em pauta para julgamento na sessão seguinte à
data da devolução, salvo se na sessão originariamente convocada o julgamento for
expressamente adiado para a primeira sessão seguinte. (Redação dada pelo art. 21 da
Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
§ 1º Nos julgamentos, o pedido de vista não impede votem os Desembargadores que se
tenham por habilitados a fazê-lo.
§ 2º Ao reencentar-se o julgamento, serão computados os votos já proferidos pelos
Desembargadores, ainda que não compareçam ou hajam deixado o exercício do cargo,
mesmo que seja o Relator.
3º. Se os autos não forem devolvidos tempestivamente ou se não for solicitada
prorrogação de prazo de no máximo mais 10 (dez) dias, o presidente do órgão os
requisitará para julgamento do recurso (Incluído pelo art. 21 da Resolução nº 06/2016,
de 04/04/2016).
§ 4º. Quando requisitar os autos, na forma do § 3º, se aquele que fez o pedido de vista
ainda não tiver habilitado a votar, o presidente convocará o substituto, na forma
estabelecida neste Regimento. (Incluído pelo art. 21 da Resolução nº 06/2016, de
04/04/2016)
Art. 194. Em caso de afastamento, a qualquer título, em período superior a trinta dias, o
julgamento que tiver sido iniciado prosseguirá, computando-se o voto que haja
proferido.
Art. 195. Não participarão do julgamento os Desembargadores que não tenham assistido
ao relatório ou aos debates, salvo quando, não tendo havido sustentação oral, se derem
por esclarecidos.
Art. 196. Cada Desembargador poderá falar duas vezes sobre o assunto em discussão e
mais uma vez, se for o caso, para explicar a modificação do voto.
Parágrafo único - Nenhum desembargador falará sem autorização do Presidente, nem
interromperá a quem estiver usando a palavra, salvo para apartes, quando solicitados e
concedidos.
Art. 197. Nos feitos de competência do Tribunal Pleno, salvo em arguição de
inconstitucionalidade, habeas corpus, matéria administrativa e questões de ordem, o
Presidente somente votará se houver empate na votação.
Parágrafo único. No julgamento de habeas corpus pelo Plenário, havendo empate na
votação, o Presidente proclamará a decisão mais favorável ao paciente.
Art. 198. Os Presidentes das Câmaras Reunidas, das Câmaras Especializadas Cíveis e
das Câmaras Especializadas Criminais terão sempre direito a voto.
Art. 199. Qualquer questão preliminar, suscitada no julgamento, será decidida antes do
mérito, deste não se conhecendo se incompatível com a decisão daquela.
§ 1º. O órgão colegiado competente para o julgamento do recurso, ou, se for o caso, da
ação originária, poderá determinar, em sede de preliminar, as providências indicadas
pelo art. 91, §§ 3º, 4º e 5º, deste Regimento, quando não tiverem sido tomadas pelo
próprio relator do processo, desde que se trate de vício sanável, inclusive daquele que
possa ser conhecido de ofício. (Redação dada pelo art. 22 da Resolução nº 06/2016, de
04/04/2016)
§ 2º. (Revogado) (Redação dada pelo art. 85 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
§ 3º Rejeitada a preliminar, ou se com ela for compatível a apreciação do mérito,
seguem-se a discussão e o julgamento da matéria principal, pronunciando-se sobre esta
os Desembargadores vencidos na preliminar.
Art. 200. Uma vez iniciado, o julgamento será ultimado na mesma sessão, ainda que
excedida a hora regimental.
Art. 201. O acórdão será apresentado, para conferência, na primeira sessão seguinte à do
julgamento, pelo Desembargador incumbido de lavrá-lo.
Art. 202. O Presidente da sessão manterá a disciplina no recinto, advertindo ou fazendo
retirar da sala quem perturbar os trabalhos, mandando prender ou autuar os que
cometerem crime ou contravenção penal.
Art. 203. Os Desembargadores usarão obrigatoriamente, nas audiências, nas sessões
solenes, nos atos e sessões de julgamento, vestes talares, de modelo aprovado pelo
Tribunal.
Art. 203-A. Os agravos internos e embargos de declaração poderão, a critério do relator,
ser submetidos a julgamento em ambiente eletrônico, por meio de sessões virtuais,
observadas as respectivas competências das Câmaras ou do Pleno. (Incluído pelo art. 1º
da Resolução nº 24/2016, de 15/09/2016).
Art. 203-B. As sessões virtuais serão realizadas semanalmente, com início às sextas-
feiras, respeitado o prazo de 5 (cinco) dias úteis exigido pelo art. 935 do Código de
Processo Civil entre a data da publicação da pauta no DJe, com divulgação das listas no
sítio eletrônico do Tribunal, e o início do julgamento. § 1º. O relator inserirá ementa,
relatório e voto no ambiente virtual e, com o início do julgamento, os demais
desembargadores terão até 7 (sete) dias corridos para manifestação. (Incluído pelo art.
1º da Resolução nº 24/2016, de 15/09/2016).
§ 2º. Considerar-se-á que acompanhou o relator o desembargador que não se pronunciar
no prazo previsto no § 1º. (Incluído pelo art. 1º da Resolução nº 24/2016, de
15/09/2016).
§ 3º. A ementa, o relatório e voto somente serão tornados públicos depois de concluído
seu julgamento. (Incluído pelo art. 1º da Resolução nº 24/2016, de 15/09/2016).
§ 4º. O início da sessão de julgamento definirá a composição do Plenário e das
Câmaras. (Incluído pelo art. 1º da Resolução nº 24/2016, de 15/09/2016).
§ 5º. Os votos serão computados na ordem cronológica de sua manifestação. (Incluído
pelo art. 1º da Resolução nº 24/2016, de 15/09/2016).
Art. 203-C. O relator poderá retirar do sistema qualquer lista ou processo antes de
iniciado o respectivo julgamento. (Incluído pelo art. 1º da Resolução nº 24/2016, de
15/09/2016).
Art. 203-D. Não serão julgados em ambiente virtual a lista ou o processo com pedido
de: I. destaque ou vista por um ou mais desembargadores; II. destaque por qualquer das
partes, desde que requerido em até 24 (vinte e quatro) horas antes do início da sessão e
deferido o pedido pelo relator.
(Incluído pelo art. 1º da Resolução nº 24/2016, de 15/09/2016).
Parágrafo único. Também não serão julgados por meio virtual os agravos em que houver
pedido de sustentação oral, quando cabível (§ 3º. art. 937, do CPC). (Incluído pelo art.
1º da Resolução nº 24/2016, de 15/09/2016).
Art. 203-E. A lista ou processo objeto de pedido de vista ou de destaque serão
encaminhados ao órgão colegiado competente para julgamento presencial, oportunidade
em que os desembargadores poderão renovar ou modificar os seus votos. (Incluído pelo
art. 1º da Resolução nº 24/2016, de 15/09/2016).
Art. 203-F. Os desembargadores poderão votar nas listas como um todo ou em cada
processo separadamente. (Incluído pelo art. 1º da Resolução nº 24/2016, de
15/09/2016).
§ 1º. As opções de voto serão as seguintes: (Incluído pelo art. 1º da Resolução nº
24/2016, de 15/09/2016).
a - acompanho o Relator; (Incluído pelo art. 1º da Resolução nº 24/2016, de
15/09/2016).
b - acompanho o Relator com ressalva de entendimento; (Incluído pelo art. 1º da
Resolução nº 24/2016, de 15/09/2016).
c - divirjo do Relator; ou (Incluído pelo art. 1º da Resolução nº 24/2016, de
15/09/2016).
d - acompanho a divergência. (Incluído pelo art. 1º da Resolução nº 24/2016, de
15/09/2016).
§ 2º. Eleitas as opções "b" ou "c", o desembargador declarará o seu voto no próprio
sistema. (Incluído pelo art. 1º da Resolução nº 24/2016, de 15/09/2016).
Art. 206. O Tribunal de Justiça concederá habeas-corpus sempre que alguém sofrer ou
se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção:
I – quando o constrangimento partir de Secretário de Estado, do Corregedor Geral da
Justiça ou de Juiz de Direito;
II – quando se tratar de crime sujeito à jurisdição privativa do Tribunal;
III – quando houver iminente perigo de consumar-se a violência antes que o Juiz de
Direito dela possa tomar conhecimento.
Art. 207. O habeas-corpus pode ser impetrado:
I – por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem;
II – pelo Ministério Público.
Art. 208. A petição de habeas corpus deverá conter:
I – o nome do impetrado, bem como o do paciente e do coator;
II – os motivos do pedido e, quando possível, a prova documental dos fatos alegados;
III – a assinatura do impetrante ou de alguém a seu rogo, se não souber ou não puder
escrever.
Art. 209. O Relator requisitará informações, do apontado coator e poderá:
I – ordenar diligências necessárias à instrução do pedido, no prazo que estabelecer, se a
deficiência deste não for imputável ao impetrante;
II – determinar a apresentação do paciente à sessão do julgamento se entender
conveniente;
III – expedir salvo-conduto, no habeas corpus preventivo, em favor do paciente, até
decisão do feito, se houver grave risco de consumar-se a violência.
Art. 210. Instruído o processo e ouvido o Procurador Geral de Justiça, em dois dias o
Relator o colocará em mesa para julgamento na primeira sessão do Tribunal Pleno.
Parágrafo único. Não se conhecerá do pedido de habeas-corpus desautorizado pelo
paciente.
Art. 211. O Tribunal poderá, de ofício:
I – usar da faculdade prevista no art. 206, II;
II – expedir ordem de habeas corpus quando, no curso de qualquer processo, verificar
que alguém sofre ou se acha ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade
de locomoção, por ilegabilidade ou abuso de poder.
Art. 212. A decisão concessiva de habeas corpus será imediatamente comunicada às
autoridades a quem couber cumpri-la, sem prejuízo da remessa de cópia autenticada do
acórdão.
Parágrafo único. A comunicação mediante ofício, telegrama ou radiograma, bem como o
salvo-conduto, em caso de ameaça de violência ou coação, serão firmados pelo
Presidente do Tribunal.
Art. 213. Ordenada a soltura do paciente, em virtude de habeas corpus, a autoridade
que, por má-fé ou evidente abuso de poder, tiver determinado a coação será condenada
nas custas, remetendo-se ao Ministério Público traslado das peças necessárias à
apuração de sua responsabilidade penal.
Art. 214. O carcereiro ou o diretor da prisão, o escrivão, o oficial de Justiça ou a
autoridade judiciária, po1icial ou militar que embaraçarem ou procrastinarem o
encaminhamento do pedido de habeas corpus, as informações sobre a causa da
violência, coação ou ameaça ou a condução e apresentação do paciente, serão multados
na forma da legislação processual vigente, sem prejuízo de outras sanções penais e
administrativas.
Art. 215. Havendo desobediência ou retardamento abusivo no cumprimento da ordem
de habeas corpus, por parte do detentor ou carcereiro, o Presidente do Tribunal expedirá
mandado de prisão contra o desobediente e oficiará ao Ministério Público, a fim de que
promova a ação penal.
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o Tribunal tomará as providências necessárias
ao cumprimento da decisão, com emprego dos meios legais cabíveis, e determinará, se
necessário, a apresentação do paciente ao Presidente ou a magistratura local por ele
designado.
Art. 216. As fianças que se tiverem de prestar perante o Tribunal, em virtude de habeas
corpus, serão processadas pelo Presidente, a menos que este delegue essa atribuição a
outro magistrado.
Art. 217. Se, pendente o processo de habeas corpus, cessar a violência ou a coação, será
julgado prejudicado o pedido, podendo, porém, o Tribunal declarar a ilegalidade do ato
e tomar as providências cabíveis para punição do responsável.
Art. 225. Nos processos por delitos comuns e funcionais, de competência originária do
Tribunal de Justiça, a denúncia, nos crimes de ação pública, a queixa nos de ação
privada, bem como a representação quando indispensável ao exercício da primeira,
obedecerão ao que dispõe a lei processual.
Art. 226. O Relator, a quem o feito for distribuído, funcionará como juiz de instrução do
processo, com as atribuições que a lei processual confere aos juízes singulares.
Art. 227. Distribuído inquérito sobre crime de ação pública, da competência originária
do Tribunal, o Relator encaminhará os autos ao Procurador Geral de Justiça, que terá
quinze dias para oferecer a denúncia ou requerer o arquivamento. Esse prazo será de
cinco dias, se o indiciado estiver preso.
§ 1º O Procurador Geral poderá requerer, ao Relator, diligências complementares ao
inquérito, as quais não interromperão o prazo para oferecimento da denúncia, se o
indiciado estiver preso.
§ 2º Estando preso o indiciado, se as diligências requeridas forem indispensáveis ao
oferecimento da denúncia e implicarem em ser excedido o prazo do Ministério Público,
o Relator determinará o relaxamento da prisão; se não o forem, mandará que se realizem
em separado, depois de oferecida a denúncia e sem prejuízo da prisão e do processo.
Art. 228. Se o inquérito versar sobre a prática de crime de ação privada, o Relator
determinará a iniciativa do ofendido ou de quem, por lei, esteja autorizada a oferecer
queixa.
Parágrafo único - Verificando a extinção da punibilidade, ainda que não haja iniciativa
do ofendido o Relator após ouvir o Procurador Geral, pedirá dia para o julgamento,
independentemente de revisão.
Art. 229. Recebida a queixa ou a denúncia, será notificado o acusado para que, no prazo
improrrogável de quinze dias, apresente resposta escrita, excetuados os seguintes casos:
I – achar-se o acusado fora do território sujeito à jurisdição do Tribunal, ou em lugar
desconhecido ou incerto;
II – ser o delito inafiançável.
§ 1º A notificação acompanhada de cópia do ato de acusação e dos documentos que o
instruírem, será encaminhada ao acusado sob registro postal.
§ 2º A notificação poderá ser feita por intermédio da autoridade judiciária do lugar em
que se encontrar o acusado.
§ 3º O Tribunal enviará à autoridade referida no parágrafo anterior, para entrega ao
notificado, cópia autêntica da acusação, do despacho do Relator e dos documentos
apresentados, peças que devem ser conferidas pela Secretaria e fornecidas pelo autor.
Art. 230. A notificação de deputado estadual não será determinada sem prévia licença da
Assembleia Legislativa, na conformidade da Constituição vigente.
Art. 231. Se a resposta ou defesa prévia do acusado convencer da improcedência da
acusação, o Relator proporá ao Tribunal o arquivamento do processo.
Art. 232. Não sendo vencedora a opinião do relator, ou se ele não se utilizar da
faculdade que lhe confere o artigo antecedente, se procederá à instrução do processo,
que obedecerá, no que couber, ao procedimento comum do Código de Processo Penal.
Art. 233. Não comparecendo o acusado, ou não constituindo advogado, o Relator lhe
nomeará defensor.
Art. 234. O Relator poderá delegar o interrogatório do réu e qualquer dos atos de
instrução a juiz ou a outro Tribunal, que tenha competência territorial no local onde
devam ser produzidos.
Art. 235. Terminada a inquirição de testemunhas, o Relator dará vista sucessiva à
acusação e à defesa, pelo prazo de cinco dias, para requererem diligências, em razão de
circunstâncias ou fatos apurados na instrução.
Art. 236. Concluídas as diligências acaso deferidas, mandará o Relator dar vista às
partes para alegações, pelo prazo de quinze dias, sendo comum o prazo do acusador e
do assistente, bem como o dos corréus.
Art. 237. Findos os prazos do artigo anterior e após ouvir o Procurador Geral na ação
penal privada, pelo prazo de quinze dias, o Relator poderá ordenar diligências para
sanar nulidade ou suprir falta que prejudique apuração da verdade.
Art. 238. Observando o disposto no artigo anterior, o Relator lançará o relatório e
passará os autos ao Revisor que pedirá dia para julgamento.
Art. 239. Designados dia e hora para o julgamento, da designação serão intimados as
partes, as testemunhas e o Ministério Público.
Parágrafo único. A Secretaria remeterá cópia do relatório aos Desembargadores logo
após o pedido de dia formulado pelo Revisor.
Art. 240. A requerimento das partes ou do Procurador Geral, o Relator poderá admitir
que deponham, na sessão de julgamento, testemunhas previamente arroladas, as quais
serão intimadas na forma da lei.
Subseção II - Do julgamento
(A Subseção II consta do Regimento Interno editado pelo Tribunal em 2000, mas não no
texto publicado no Diário de Justiça)
Art. 261. Ressalvada a competência do Supremo Tribunal Federal, cabe, nos casos e
pela forma prevista na lei processual:
I – ao Plenário do Tribunal de Justiça, processar e julgar as ações rescisórias de seus
acórdãos;
II – às Câmaras Reunidas processar e julgar as ações rescisórias dos seus acórdãos, das
Câmaras Especializadas e das decisões dos juízes singulares.
Art. 262. A petição inicial, elaborada com os requisitos a que se refere o art. 968 da Lei
n. 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil) e com o comprovante de
recolhimento do depósito de que trata o inciso II do mencionado dispositivo processual,
salvo na hipótese de não obrigatoriedade de depósito, será distribuída ao relator, que
mandará citar o réu, assinando-lhe prazo nunca inferior a 15 (quinze) dias nem superior
a 30 (trinta) dias, para, querendo, apresentar resposta. (Redação dada pelo art. 23 da
Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
§ 1º. A escolha do relator recairá, sempre que possível, em quem não haja participado do
julgamento rescindendo. (Redação dada pelo art. 23 da Resolução nº 06/2016, de
04/04/2016)
§ 2º. A propositura de ação rescisória não impede o cumprimento da decisão
rescindenda, ressalvada a concessão de tutela provisória. (Redação dada pelo art. 23 da
Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
Art. 263. Findo o prazo a que alude o caput do artigo anterior, com ou sem resposta,
observar-se-á, no que couber, o procedimento comum. (Redação dada pelo art. 24 da
Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
Parágrafo único. Nas hipóteses do artigo 178 do Código de Processo Civil, o Ministério
Público será intimado para intervir como fiscal da ordem jurídica, quando não for parte.
(Redação dada pelo art. 24 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
Art. 264. Se os fatos alegados pelas partes dependerem de prova, o relator delegará a
competência ao Juiz de Direito da comarca onde deva ser produzido, fixando o prazo de
quarenta e cinco a noventa dias para a devolução dos autos.
Art. 265. Concluída a instrução, o Relator abrirá vista sucessiva às partes, por dez dias,
para o oferecimento de razões e, após ouvido o Procurador Geral, lançará o relatório e
passará os autos ao Revisor, que pedirá dia para julgamento.
Art. 266. Julgada procedente a ação, o Tribunal rescindirá a decisão, proferirá, se for o
caso, novo julgamento e determinará a restituição do depósito a que se refere o inciso II
do art. 968 do Código de Processo Civil. (Redação dada pelo art. 25 da Resolução nº
06/2016, de 04/04/2016)
§ 1º. Considerada, por unanimidade, inadmissível ou improcedente a ação, o Tribunal
determinará a reversão, em favor do réu, da importância do depósito, sem prejuízo do
disposto no § 2º do art. 82 do Código de Processo Civil. (Redação dada pelo art. 25 da
Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
§ 2º. No caso de julgamento não unânime pela procedência da ação rescisória, o
prosseguimento do julgamento deverá ocorrer pelo Tribunal Pleno, colhendo-se, na
oportunidade, os votos dos julgadores que compõe este colegiado. (Redação dada pelo
art. 25 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
§ 3º. Os julgadores que já tiverem votado, poderão rever os seus votos por ocasião do
prosseguimento do julgamento pelo Tribunal Pleno. (Redação dada pelo art. 25 da
Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
§ 4º. Na oportunidade desse julgamento pelo Tribunal Pleno, será assegurado às partes e
eventuais terceiros o direito de sustentar novamente suas razões perante os novos
julgadores. (Redação dada pelo art. 25 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
§ 5º. A improcedência da ação rescisória, ainda que em julgamento não unânime, não
ensejará a oportunidade de complementação do julgamento pelo Tribunal Pleno.
(Redação dada pelo art. 25 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
Subseção I - Do procedimento
(A Subseção I consta do Regimento Interno editado pelo Tribunal em 2000, mas não no
texto publicado no Diário de Justiça).
Art. 279. O procedimento para a decretação da perda de cargo de magistrado,
subordinado ao Tribunal de Justiça ou a ele pertencente terá início por determinação do
mesmo Tribunal.
Art. 280. A determinação do Tribunal poderá ser tomada de ofício ou à vista de
representação fundamentada do Poder Executivo ou Legislativo, do Chefe do Ministério
Público ou do Conselho Federal ou Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil.
Art. 281. Em qualquer hipótese, a instauração do processo será precedida da defesa
prévia do magistrado, no prazo de quinze dias, contado da entrega da cópia do teor da
acusação e das provas existentes, que lhe remeterá o Presidente do Tribunal, mediante
ofício nas quarenta e oito horas imediatamente seguintes à apresentação da acusação.
Art. 282. Findo o prazo da defesa prévia, haja ou não sido apresentada, o Presidente, no
dia útil imediato, convocará o Tribunal para que, em sessão reservada, decida sobre a
instauração do processo, e, caso determinada esta, no mesmo dia distribuirá o feito e
fará entrega ao Relator.
Subseção II - Do processo
(A Subseção II consta do Regimento Interno editado pelo Tribunal em 2000, mas não no
texto publicado no Diário de Justiça).
Art. 290. O Tribunal poderá determinar, por motivo de interesse público, em escrutínio
secreto e pelo voto de dois terços de seus efetivos:
I – a remoção de juiz de instância inferior;
II – a disponibilidade de membro do próprio Tribunal ou de instância inferior, com
vencimentos proporcionais ao tempo de serviço.
Parágrafo único. Na determinação do "quorum" de decisão será aplicado o disposto no
parágrafo único do art. 24, da Lei Orgânica da Magistratura Nacional.
Art. 291. O procedimento para a decretação da remoção ou disponibilidade de
magistrado obedecerá ao prescrito nos arts. 279 a 285, deste Regimento.
Art. 292. As penas de advertência e de censura somente são aplicáveis aos juízes de
primeira instância.
Art. 293. A pena de censura será aplicada reservadamente, por escrito, no caso de
reiterada negligência no cumprimento dos deveres do cargo ou no de procedimento
incorreto, se a infração não justificar punição mais grave.
Parágrafo único. O juiz punido com a pena de censura não poderá figurar em lista de
promoção por merecimento pelo prazo de um ano, contado da imposição da pena.
Art. 294. A pena de advertência será aplicada reservadamente, por escrito, no caso de
negligência no cumprimento dos deveres do cargo.
Art. 295. Sem prejuízo da competência do Conselho da Magistratura e da Corregedoria
Geral de Justiça, as penas de advertência e de censura poderão ser aplicadas, quando
verificada a hipótese do respectivo cabimento, em face do que constar de autos e papéis
em curso no Tribunal ou submetidos a julgamento:
I – pelo Plenário do Tribunal ou por seu Presidente;
II – pelas Câmaras Reunidas ou por seus Presidentes;
III – pelas Câmaras Especializadas ou por seus Presidentes;
IV – pelos Relatores dos feitos.
Art. 296 - Quando as faltas disciplinares, imputáveis a juízes de Direito e passíveis das
penalidades de advertência e de censura, não se apresentarem manifestas, na sua
autoridade ou sua configuração, a apuração respectiva será feita pelo Conselho da
Magistratura ou pela Corregedoria Geral da Justiça, cabendo ao órgão apurador a
aplicação originária da penalidade.
Art. 305. Ocorrendo o falecimento de alguma das partes e estando a causa em curso no
Tribunal de Justiça, a habilitação dos interessados que houverem de lhe suceder será
processada perante o respectivo Relator.
Art. 306. Proceder-se-á à habilitação no processo principal, suspendendo-se, a partir de
então, o processo. (Redação dada pelo art. 40 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016).
Art. 307. Em caso de morte de alguma das partes:
I – o cônjuge, herdeiro ou legatário requererá sua habilitação, bem como a citação da
outra parte para contestá-la;
II – a parte poderá requerer a habilitação dos sucessores do falecido;
III – qualquer interessado poderá requerer a citação do cônjuge, herdeiro ou legatário
para providenciar sua habilitação em quinze dias.
§ 1º Recebida a petição inicial, ordenará o Relator a citação dos requeridos para
contestar a ação no prazo de cinco dias.
§ 2º No caso de inciso III deste artigo, se a parte não providenciar a habilitação, o
processo correrá à revelia.
§ 3º Na hipótese do parágrafo anterior, será nomeado curador ao revel, oficiando
também o Procurador Geral da Justiça.
Art. 308. A citação será feita na pessoa do Procurador constituído nos autos, mediante
publicação no órgão oficial, ou à parte, pessoalmente, se não estiver representada no
processo.
Art. 309. Quando incertos os sucessores, a citação será feita por edital.
Art. 310. O cessionário ou sub-rogado poderá habilitar-se, apresentando o documento da
cessão ou sub-rogação e pedindo a citação dos interessados.
Parágrafo único. O cessionário de herdeiro somente após a habilitação deste poderá se
apresentar.
Art. 311. O relator decidirá o pedido de habilitação imediatamente nos autos do
processo principal, salvo se este for impugnado e houver necessidade de dilação
probatória diversa da documental, caso em que determinará que o pedido seja autuado
em apartado e disporá sobre a instrução. (Redação dada pelo art. 41 da Resolução nº
06/2016, de 04/04/2016).
§ 1º. No primeiro caso, a habilitação será julgada por decisão interlocutória, e, no
segundo, por sentença, finda a instrução do incidente. (Redação dada pelo art. 41 da
Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016).
§ 2º. Mesmo na ausência de impugnação, caberá ao relator, de ofício, determinar a
produção das provas necessárias ao julgamento da habilitação, se não estiver
convencido do preenchimento dos requisitos da habilitação. (Redação dada pelo art. 41
da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016).
Art. 312. Dependerá de decisão do relator, mesmo quando processado nos autos da
causa principal, o pedido de habilitação. (Redação dada pelo art. 42 da Resolução nº
06/2016, de 04/04/2016).
I – do cônjuge e herdeiros necessários que provem por documento sua qualidade e o
óbito do falecido:
II – fundado em sentença, com o trânsito em julgado, que atribuam ao requerente a
qualidade de herdeiro ou sucessor;
III – do herdeiro que for incluído sem qualquer oposição no inventário;
IV – quando estiver declarada a ausência ou determinada a arrecadação da herança
jacente;
V – quando, oferecidos os artigos de habilitação, a parte reconhecer a procedência do
pedido e não houver oposição de terceiro.
Art. 313. O cessionário ou o adquirente podem prosseguir na causa juntando aos autos o
respectivo título e provando a sua identidade, caso em que sucederão ao cedente ou ao
credor originário que houverem falecido.
Art. 314. Já havendo pedido de dia de julgamento, não se decidirá o requerimento de
pedido de habilitação de pessoa jurídica de direito público ou de direito privado que
notoriamente seja conhecida como sucessora de outra. (Redação dada pelo art. 43 da
Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016).
Art. 315. Proceder-se-á à habilitação na instância em que estiverem os autos do
processo principal. (Redação dada pelo art. 44 da Resolução nº 06/2016, de
04/04/2016).
Art. 316. Transitada em julgado a sentença de habilitação, cujo pedido foi autuado em
apartado, cópia da sentença será juntada aos autos da ação principal. (Redação dada
pelo art. 45 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016).
Parágrafo único. Em qualquer hipótese, o processo principal retornará ao seu curso
quando esgotados todos os prazos recursais, seja contra a sentença ou a decisão
interlocutória de habilitação. (Redação dada pelo art. 45 da Resolução nº 06/2016, de
04/04/2016).
Art. 334. Nas causas cíveis da competência originária do Tribunal de Justiça, o réu
poderá impugnar, em preliminar de contestação, o valor atribuído à causa pelo autor,
sob pena de preclusão, e o relator decidirá a respeito, impondo, se for o caso, a
complementação das custas, ou, ainda, a devolução delas se não forem devidas, ou se
forem pagas em excesso. (Redação dada pelo art. 52 da Resolução nº 06/2016, de
04/04/2016).
Art. 335. O autor será ouvido no prazo de 15 (quinze) dias e, em seguida, o relator, sem
suspender o processo, servindo-se, quando necessário, do auxílio de perito, determinará,
em igual prazo, o valor da causa. (Redação dada pelo art. 53 da Resolução nº 06/2016,
de 04/04/2016).
Parágrafo único. Da decisão do Relator caberá agravo regimental para as Câmaras
Especializadas Cíveis, para as respectivas Câmaras Reunidas ou para o Plenário
conforme o caso.
Art. 335-A. O relator corrigirá, de ofício, e por arbitramento, o valor da causa, quando
verificar que não corresponde ao conteúdo patrimonial em discussão ou ao proveito
econômico perseguido pelo autor, caso em que procederá ao recolhimento das custas
correspondentes. (Redação dada pelo art. 54 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016).
Parágrafo único. Antes da decisão, o relator ouvirá as partes, no prazo de 15 (quinze)
dias. (Redação dada pelo art. 54 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016).
Art. 335-B. Da decisão do relator caberá, em qualquer caso, agravo interno para o órgão
competente. (Redação dada pelo art. 54 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016).
Art. 336. Arguida, por escrito, a falsidade de documento constante dos autos de
processo penal, em curso no Tribunal de Justiça, o Relator observará o seguinte:
I – mandará autuar em apartado a impugnação e, em seguida, ouvirá a parte contrária,
que, no prazo de quarenta e oito horas, poderá oferecer resposta;
II – assinará o prazo de três dias, sucessivamente, a cada uma das partes para prova de
suas alegações;
III – conclusos os autos, poderá ordenar as diligências que entender necessárias;
IV – submeterá o incidente, para julgamento preliminar, quando apreciada a ação
originária ou o recurso, pelo órgão judicante competente.
§ 1º Reconhecida a falsidade por decisão irrecorrível, o Relator mandará
desentranhar o documento e remetê-lo, com os autos do processo incidente, ao
Ministério Público.
§ 2º A arguição de falsidade, feita por procurador, exige poderes especiais, ressalvada a
hipótese de procuração com a cláusula ad juditia.
§ 3º O Relator poderá, de ofício, proceder à verificação da falsidade.
Art. 337. No processo cível, a falsidade deve ser suscitada na contestação, na réplica ou
no prazo de 15 (quinze) dias, contado a partir da intimação da juntada do documento
aos autos. (Redação dada pelo art. 55 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016).
Parágrafo único. Uma vez arguida, a falsidade será resolvida como questão incidental,
salvo se a parte requerer que o juiz a decida como questão principal, nos termos do
inciso II do art. 19 do Código de Processo Civil. (Redação dada pelo art. 55 da
Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016).
Art. 337-A. Suscitado o incidente de falsidade, na forma do artigo anterior, o relator,
depois de ouvida a outra parte no prazo de 15 (quinze) dias, determinará a realização do
exame pericial, salvo se a parte que produziu o documento concordar em retirá-lo.
(Redação dada pelo art. 56 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016).
Parágrafo único. O Tribunal Pleno, as Câmaras Reunidas ou as Câmaras Especializadas,
conforme o caso, apreciando o incidente, declararão a falsidade ou a autenticidade do
documento. (Redação dada pelo art. 56 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016).
Art. 337-B. A declaração sobre a falsidade do documento, quando suscitada como
questão principal, constará da parte dispositiva do acórdão e sobre ela incidirá também a
autoridade da coisa julgada. (Redação dada pelo art. 56 da Resolução nº 06/2016, de
04/04/2016).
Art. 338. A restauração dos autos originais de processo penal extraviados ou destruídos
será feita na primeira instância, ainda que o extravio, ou a destruição, tenha ocorrido na
segunda instância.
Art. 339. Os autos originais de processo cível, desaparecidos no Tribunal de Justiça,
terão a respectiva restauração promovida na segunda instância.
§ 1º A ação será distribuída, sempre que possível, ao Relator do Processo.
§ 2º A restauração será feita no juízo de origem quanto aos autos que neste se tenham
realizado.
§ 3° Remetidos os autos ao Tribunal, aí se completará a restauração e se procederá ao
julgamento.
§ 4º Na restauração dos autos serão observados as disposições das leis processuais em
vigor.
Seção X - Da Reclamação
Art. 348. Os recursos criminais, voluntários ou de ofício serão interpostos nos casos,
pela forma e nos prazos estabelecidos na lei processual penal.
Art. 349. Não serão prejudicados os recursos que, por erro, falta ou omissão dos
funcionários, não tiverem seguimento ou não forem apresentados dentro do prazo.
Art. 350. Havendo impropriedade de recurso, reconhecida desde logo pelo juiz, será o
mesmo processado de acordo com o rito do recurso cabível; e, salvo a hipótese de má
fé, a parte não será prejudicada pela interposição de um recurso por outro.
Art. 351. Os recursos em sentido estrito, interpostos de decisão, despacho ou sentença
de juiz de Direito, serão distribuídos a Desembargadores de Câmara Criminal, salvo
tratando-se de inclusão de jurado na lista geral, ou de exclusão da mesma lista, os quais
serão de competência do Presidente do Tribunal.
Art. 352. As apelações, cabíveis de sentença definitivas de condenação ou de
absolvição, proferidas por juiz singular ou pelo Tribunal do Júri, e de decisões
definitivas ou com força de definitivas, que não comportam recurso em sentido estrito e
proferidas por juiz de Direito, serão distribuídas aos desembargadores de Câmara
Criminal.
Art. 353. Os recursos em sentido estrito serão apresentados à Secretaria do Tribunal de
Justiça dentro do prazo de cinco dias, contado da publicação da resposta do juiz a quo,
ou entregues ao Correio dentro do mesmo prazo.
Art. 354. Tratando-se de apelação, findos os prazos para razões, os autos serão
remetidos à instância superior com as razões ou sem elas, no prazo de cinco dias, salvo
no caso de ser necessária a extração de traslado (Cód. de Pr. Penal, art. 603, segunda
parte), hipótese em que o prazo será de trinta dias.
Art. 355. Nos recursos em sentido estrito e nas apelações das sentenças em processo de
contravenção, ou de crime em que a lei comine pena de detenção, os autos irão
imediatamente com vista ao Procurador Geral de Justiça, pelo prazo de cinco dias, e, em
seguida, passarão, por igual prazo, ao Relator, que pedirá designação de dia para o
julgamento.
§ 1º Anunciado o julgamento, pelo Presidente, e apregoadas as partes, com a presença
destas ou à sua revelia, o Relator fará a exposição do feito e, em seguida, o Presidente
concederá, pelo prazo de dez minutos, a palavra a advogados ou às partes que a
solicitarem e ao Procurador Geral de Justiça, quando o requerer, por igual prazo.
§ 2º Os recursos de habeas corpus serão julgados na primeira sessão.
Art. 356. As apelações interpostas das sentenças proferidas em processos por crime a
que a lei comine pena de reclusão, deverão ser processadas e julgadas pela forma
estabelecida no art. 352, deste Regimento, com as seguintes modificações:
I – exarado o relatório nos autos, passarão estes ao revisor, que terá igual prazo o exame
do processo e pedirá designação de dia para o julgamento;
II – os prazos serão ampliados ao dobro;
III – o tempo para os debates será de quinze minutos.
Art. 357. O Tribunal Pleno, as Câmaras Reunidas ou as Câmaras Especializadas
decidirão por maioria de votos.
§ 1º No Tribunal Pleno, havendo empate, no julgamento de recursos, se o Presidente
não houver tomado parte na votação proferirá voto de desempate; no caso contrário,
prevalecerá a decisão mais favorável ao réu.
§ 2º O acórdão será apresentado à conferência na primeira sessão seguinte à do
julgamento, ou no prazo de duas sessões, pelo juiz incumbido de lavrá-lo.
Art. 358. Se a sentença do Juiz Presidente do Tribunal do Júri for contrária à lei
expressa ou divergir das respostas dos jurados aos quesitos, a Câmara Criminal,
apreciando e julgando a apelação, fará a devida retificação.
Art. 359. Interposta apelação de decisão do Tribunal do Júri, com fundamento no art.
593, inciso III, letra "c", do Código de Processo Penal, a Câmara Criminal, se der
provimento ao recurso, retificará a aplicação da pena ou da medida de segurança.
Art. 360. Se a apelação de decisão do Tribunal do Júri se fundar no art. 593, inciso III,
letra "d", do Código de Processo Penal e a Câmara Criminal se convencer de que a
decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, lhe dará provimento
para sujeitar o réu a novo julgamento.
Parágrafo único. Não se admitirá, pelo mesmo motivo, segunda apelação.
Art. 361. No julgamento das apelações, poderá o Tribunal ou as Câmaras proceder a
novo interrogatório do acusado, requerer testemunhas ou determinar outras diligências.
Art. 362. Quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido estrito,
ainda que somente de parte da decisão se recorra.
Art. 363. O Tribunal Pleno, as Câmaras Reunidas ou as Câmaras Criminais
atenderão, nas suas decisões, ao disposto nos arts. 385, 386 e 387, do Código de
Processo
Penal, no que for aplicável não podendo, porém, ser agravada a pena, quando somente o
réu houver apelado da sentença.
Art. 364. Será dada carta testemunhável, em feitos criminais:
I – da decisão que denegar o recurso em sentido estrito ou proteste por novo júri;
II – daquela que, admitindo, embora, o recurso obstar à sua expedição e seguimento
para a instância ad quem.
Parágrafo único. A extração do instrumento de carta testemunhável, o respectivo
processamento e a apreciação pelo Tribunal de Justiça atenderão ao disposto na lei
processual vigente.
Art. 365. Os recursos cíveis, para o Tribunal de Justiça, serão interpostos nos casos, pela
forma e nos prazos estabelecidos na lei processual civil.
§ 1º. Distribuídos, os autos serão imediatamente remetidos ao relator.(Redação dada
pelo art. 62 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016).
§ 2º. Aplicados os arts. 932, parágrafo único, e 933 do Código de Processo Civil, o
Relator, no prazo de 30 (trinta) dias, depois de elaborar o voto, restituí-los-á, com
relatório, à secretaria. (Redação dada pelo art. 62 da Resolução nº 06/2016, de
04/04/2016).
§ 3º. (Revogado) (Redação dada pelo art. 85 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016).
§ 4º. Em seguida, os autos serão apresentados ao presidente, que designará dia para
julgamento, ordenando, em todas as hipóteses de recursos previstos no Código de
Processo Civil, a publicação da pauta no órgão oficial, devendo mediar entre a
publicação e a sessão de julgamento o prazo de 5 (cinco) dias úteis. (Redação dada pelo
art. 62 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016).
§ 5º. No julgamento dos recursos cíveis, será observado o disposto nos arts. 937 a 941 e
946 do Código de Processo Civil. (Redação dada pelo art. 62 da Resolução nº 06/2016,
de 04/04/2016).
§ 6º. O julgamento proferido pelo órgão colegiado do Tribunal de Justiça substituirá a
decisão impugnada no que tiver sido objeto de recurso. (Redação dada pelo art. 63 da
Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016).
Art. 366. A apelação devolverá ao Tribunal o conhecimento da matéria impugnada.
§ 1º. Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões
suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que
relativas ao capítulo impugnado. (Redação dada pelo art. 64 da Resolução nº 06/2016,
de 04/04/2016).
§ 2º Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas
um deles, a apelação devolverá ao Tribunal o conhecimento dos demais.
§ 3º. As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não
comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser
suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final,
sendo que o recorrente será intimado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito
delas, quando as referidas preliminares forem suscitadas nas contrarrazões do recurso.
(Redação dada pelo art. 64 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016).
§ 4º As questões de fato, não propostas no juízo inferior, poderão ser suscitadas na
apelação, se a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior.
§ 5º. O capítulo de sentença que confirma, concede ou revoga a tutela provisória, é
impugnável na apelação. (Redação dada pelo art. 65 da Resolução nº 06/2016, de
04/04/2016).
§ 6º. A apelação terá efeito suspensivo, salvo nos casos e formas legais. (Redação dada
pelo art. 65 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016).
§ 7º. Recebido o recurso de apelação no Tribunal e distribuído imediatamente, o relator
decidi-lo-á monocraticamente nas hipóteses do art. 932, III a V, do Código de Processo
Civil, ou, se não for o caso de decisão monocrática, elaborará seu voto para julgamento
do recurso pelo órgão colegiado. (Redação dada pelo art. 65 da Resolução nº 06/2016,
de 04/04/2016).
§ 8º. O Tribunal deve julgar desde logo o mérito da demanda se o processo estiver em
condições de imediato julgamento. (Redação dada pelo art. 65 da Resolução nº 06/2016,
de 04/04/2016).
§ 9º. Quando o resultado da apelação não for unânime, seja ele de mérito ou não, e
independentemente de a sentença apelada ser de mérito ou não, o presidente do órgão
julgador procederá à convocação de novos julgadores, para, na mesma sessão, ou em
outra a ser designada, proferirem votos para confirmar ou reverter o resultado do
julgamento já iniciado, com a inclusão em pauta da apelação neste último caso.
(Redação dada pelo art. 65 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016).
§ 10. A convocação dos novos julgadores deverá ser em número suficiente para
confirmar ou reverter o resultado do julgamento já iniciado, incluindo-se mais um para
funcionar como suplente, que apenas terá voto em substituição a julgador impedido,
suspeito, ausente ou, por qualquer outro motivo, impossibilitado de atuar no novo
julgamento. (Redação dada pelo art. 65 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016).
§ 11. Na hipótese de o novo julgamento, por deliberação do órgão colegiado, ficar
designado para outra sessão, a convocação de novos julgadores se dará mediante
sorteio, preferencialmente entre os integrantes das Câmaras Especializadas Cíveis.
(Redação dada pelo art. 65 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016).
§ 12. O sorteio a que se refere o parágrafo anterior será realizado ao final de cada sessão
em que houver divergência no julgamento de apelações cíveis, devendo os julgadores
sorteados participarem da continuação do julgamento de todas as apelações nas quais,
naquela sessão, houve a divergência. (Redação dada pelo art. 65 da Resolução nº
06/2016, de 04/04/2016).
§ 13. Será assegurado às partes e aos eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente
suas razões perante os novos julgadores. (Redação dada pelo art. 65 da Resolução nº
06/2016, de 04/04/2016).
§ 14. Os julgadores que já tiverem votado e aqueles que tenham sido convocados se
vinculam ao processo para a continuação do julgamento, o qual apenas poderá ocorrer
se todos os desembargadores votantes estiverem presentes, inclusive os julgadores
convocados. Na ausência de algum deles, o julgamento ficará adiado para a sessão
imediatamente subsequente. (Redação dada pelo art. 65 da Resolução nº 06/2016, de
04/04/2016).
§ 15. Na continuação do julgamento, os julgadores que já tiverem votado poderão rever
seus votos por ocasião do prosseguimento do julgamento. (Redação dada pelo art. 65 da
Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016).
§ 16. O disposto nos parágrafos 9º a 14 se aplicará igualmente à hipótese em que o
agravo de instrumento seja provido por maioria, para reformar a decisão de primeiro
grau que tiver julgado parcialmente o mérito da demanda. (Redação dada pelo art. 65 da
Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016).
Art. 367. Caberá agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias apenas nos
casos expressamente referidos em lei. (Redação dada pelo art. 66 da Resolução nº
06/2016, de 04/04/2016).
§ 1º. Recebido o agravo de instrumento no Tribunal e distribuído imediatamente, se não
for o caso de aplicação do art. 932, III e IV, do Código de Processo Civil, o relator, no
prazo de 5 (cinco) dias, procederá na forma do art. 1.019, I, II e III, do Código de
Processo Civil. (Redação dada pelo art. 66 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016).
§ 2º. O relator solicitará dia para julgamento em prazo não superior a 1 (um) mês da
intimação do agravado. (Redação dada pelo art. 66 da Resolução nº 06/2016, de
04/04/2016).
§ 3º. No julgamento do agravo de instrumento, quando houver reforma, por maioria, da
decisão que julgar parcialmente o mérito do recurso, proceder-se-á na forma dos §§ 9º,
10º e 12º do art. 366 deste Regimento. (Redação dada pelo art. 66 da Resolução nº
06/2016, de 04/04/2016).
§ 4º. Será assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente
suas razões perante os novos julgadores nos casos de julgamento de agravo de
instrumento contra decisões interlocutórias que versem sobre tutelas provisórias de
urgência e da evidência. (Redação dada pelo art. 66 da Resolução nº 06/2016,
de04/04/2016).
§ 5º. (Revogado) (Redação dada pelo art. 85 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016).
Art. 368. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial dos órgãos
colegiados, assim como contra decisão do relator ou de outro integrante do Tribunal,
nos feitos cíveis e criminais, que contenham quaisquer dos vícios ou defeitos previstos
em lei. (Redação dada pelo art. 67 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016).
§ 1º Os embargos declaratórios aos acórdãos proferidos em feitos cíveis deverão ser
opostos dentro em cinco dias da data da publicação do acórdão; e os apostos a acórdãos
proferidos em feitos criminais, no prazo de dois dias, também contado da publicação da
decisão.
§ 2º. Os embargos de declaração não estão sujeitos a preparo e serão deduzidos em
petição de que constem os vícios ou defeitos de que padeça a decisão embargada.
(Redação dada pelo art. 67 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016).
§ 3º. O relator apresentará os embargos em mesa para julgamento na sessão subsequente
à sua oposição, proferindo o voto, e, não havendo julgamento nessa sessão, o recurso
será incluído em pauta automaticamente. (Redação dada pelo art. 67 da Resolução nº
06/2016, de 04/04/2016).
§ 4º. O relator conhecerá dos embargos como agravo interno, quando não forem
preenchidos os requisitos do recurso interposto, devendo proceder à intimação do
recorrente, para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais de modo
a ajustá-la às exigências do art. 1.021, § 1º, do Código de Processo Civil. (Redação dada
pelo art. 67 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016).
§ 5º. No caso de conversão dos embargos em agravo interno, o relator deverá intimar o
agravado para manifestar-se sobre o recurso no prazo de 15 (quinze) dias. (Redação
dada pelo art. 68 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016).
§ 6º. Os embargos de declaração não possuem efeito suspensivo e interrompem o prazo
para interposição de recurso. (Redação dada pelo art. 68 da Resolução nº 06/2016, de
04/04/2016).
§ 7º. A eficácia da decisão embargada, seja monocrática ou colegiada, poderá ser
suspensa pelo relator, nas condições do art. 1.026, § 1º, do Código de Processo Civil.
(Redação dada pelo art. 68 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016).
Art. 369. Nos casos de embargos manifestamente protelatórios, o relator procederá, na
forma do art. 1.026, §§ 2º, 3º e 4º, do Código de Processo Civil. (Redação dada pelo art.
69 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016).
Art. 370. Quando, em feito criminal, não for unânime a decisão de segunda instância,
desfavorável ao réu, admitem-se embargos infringentes e de nulidade, que poderão ser
opostos no prazo de dez dias, a contar da publicação do acórdão, na forma do que
estabelece o art. 613, do Código de Processo Penal.
Parágrafo único. Se o desacordo for parcial, os embargos serão restritos à matéria objeto
de divergência.
Art. 371. Os embargos a que se refere o artigo anterior serão distribuídos a
Desembargador que não tenha funcionado como Relator ou Revisor do acórdão
embargado.
Parágrafo único. Serão observados no processamento dos embargos, as normas atinentes
ao processamento das apelações.
Art. 372. (Revogado) (Redação dada pelo art. 85 da Resolução nº 06/2016, de
04/04/2016).
Art. 382. Das decisões proferidas pelo Tribunal de Justiça caberá, nos casos previstos na
Constituição da República, recurso extraordinário para o Supremo Tribunal Federal e
recurso especial para o Superior Tribunal de Justiça. (Redação dada pelo art. 10 da
Resolução nº 03/1999, de 10/06/1999).
Art. 383. O recurso será interposto no prazo estabelecido na lei processual pertinente,
perante o Presidente do Tribunal de Justiça, mediante petição, com precisa indicação do
dispositivo que autorize, dentre os casos previstos nos arts. 102, III e 105, III, da
Constituição Federal. (Redação dada pelo art. 10 da Resolução nº 03/1999, de
10/06/1999).
Art. 384. Se na causa tiverem sido vencidos autor e réu, qualquer deles poderá aderir ao
recurso da outra parte, nos termos da lei processual civil. (Redação dada pelo art. 10 da
Resolução nº 03/1999, de 10/06/1999).
Art. 385. Recebida a petição pela Secretaria e aí protocolada, o recurso terá, no Tribunal
de Justiça, a tramitação prescrita na legislação processual e nas disposições normativas
aplicáveis à matéria. (Redação dada pelo art. 10 da Resolução nº 03/1999, de
10/06/1999).
Art. 386. Caberá ao Presidente do Tribunal de Justiça deferir ou negar o seguimento do
recurso.(Redação dada pelo art. 10 da Resolução nº 03/1999, de 10/06/1999).
Art. 387. Incumbe ao Presidente do Tribunal de Justiça, a fim de fundamentar a sua
decisão, examinar a ocorrência de arguição razoável de ofensa à Constituição e de
manifesta divergência com súmulas do Supremo Tribunal Federal e do Superior
Tribunal de Justiça, bem como, nos casos especificados nos respectivos regimentos
internos, as hipóteses ressalvadas de cabimento dos recursos. (Redação dada pelo art. 10
da Resolução nº 03/1999, de 10/06/1999).
Parágrafo único. Será sempre motivado o despacho pelo qual o Presidente do Tribunal
admitir o recurso ou denegar-lhe a interposição.
Art. 388. Denegada a interposição do recurso, caberá agravo de instrumento, no prazo
de cinco dias, cumprindo-se, no processamento do agravo, o que dispõe a legislação
processual. (Redação dada pelo art. 10 da Resolução nº 03/1999, de 10/06/1999).
Art. 389. O preparo do recurso extraordinário e do recurso especial será feito mediante
guia extraída pela Secretaria do Tribunal, para recolhimento no estabelecimento
bancário competente, observando-se as disposições da legislação processual civil.
(Redação dada pelo art. 10 da Resolução nº 03/1999, de 10/06/1999).
Art. 390. Devidamente preparado o recurso, serão os autos remetidos, dentro de quinze
dias, à Secretaria do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça,
observado, inclusive, quando for o caso, o que dispõe o art. 543, do Código de Processo
Civil. (Redação dada pelo art. 10 da Resolução nº 03/1999, de 10/06/1999).
Art. 397. No cumprimento de sentença que impuser à Fazenda Pública o dever de pagar
quantia certa, em ação de competência originária do Tribunal, se a devedora, intimada
pessoalmente pelos meios legais para impugnar o cumprimento de sentença, não o fizer
no prazo de lei, ou se forem rejeitadas as suas arguições, o presidente do Tribunal
expedirá precatório em favor do requerente, observando-se o disposto na Constituição
Federal. (Redação dada pelo art. 77 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
Art. 398. Salvo na hipótese do artigo anterior, o pagamento será requisitado pelo juiz de
direito competente ao presidente do Tribunal de Justiça, que expedirá o precatório em
favor do requerente, a não ser nos casos de pagamento de obrigação de pequeno valor,
quando, então, o juiz da causa procederá na forma do art. 535, § 3º, II, do Código de
Processo Civil. (Redação dada pelo art. 77 da Resolução nº 06/2016, de 04/04/2016)
Art. 399. Das requisições de pagamento constarão expressamente: (Redação dada pelo
art. 11 da Resolução nº 03/1999, de 10/06/1999).
I – a importância total da condenação;
II – a quem deve ser paga a quantia requisitada;
III – o inteiro teor do parecer proferido pelo representante judicial da Fazenda Pública,
favorável ao pagamento, ou, caso contrário, com as razões de impugnação;
IV – o reconhecimento da firma do Juiz requisitante;
Art. 400. A requisição será instruída, obrigatoriamente, com as cópias autenticadas, em
duas vias, das seguintes peças, além de outras que o Juiz entender necessárias ou que as
partes indicarem: (Redação dada pelo art. 11 da Resolução nº 03/1999, de 10/06/1999).
I – petição inicial da ação;
II – procuração e substabelecimento, se houver;
III – contestação;
IV – sentença de primeiro grau;
V – acórdão do Tribunal de Justiça;
VI – acórdão do Supremo Tribunal Federal, ou do Superior Tribunal de Justiça no caso
de ter havido recurso extraordinário, ou recurso especial;
VII – petição inicial de execução;
VIII – sentença que tenha julgado a liquidação;
IX – conta da liquidação;
X – manifestação do representante judicial da Fazenda Pública no sentido de estar a
requisição de pagamento conforme aos autos originais.
Parágrafo único. As peças juntas por cópia deverão ser devidamente autenticadas.
Art. 401. Protocolada e autuada a requisição de pagamento, será ouvida a
Procuradoria Geral de Justiça, após o que os autos serão conclusos ao Presidente, que
decidirá, podendo ordenar diligências que entenda indispensáveis ao esclarecimento da
matéria. (Redação dada pelo art. 11 da Resolução nº 03/1999, de 10/06/1999).
§ 1º Da decisão do Presidente caberá agravo regimental.
(Redação dada pelo art. 11 da Resolução nº 03/1999, de 10/06/1999).
§ 2º Deferido o pagamento, será feita a devida comunicação à autoridade fazendária
competente, para o cumprimento, na conformidade da lei. (Redação dada pelo art. 11 da
Resolução nº 03/1999, de 10/06/1999).
Art. 402. Os pagamentos devidos pela Fazenda Pública em virtude de sentença
judiciária serão feitos na ordem de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos
respectivos. (Redação dada pelo art. 11 da Resolução nº 03/1999, de 10/06/1999).
§ 1º Se o credor for preterido no seu direito de preferência, o Presidente do Tribunal de
Justiça poderá, depois de ouvido o Chefe do Ministério Público, ordenar o sequestro da
quantia necessária para satisfazer o débito. (Redação dada pelo art. 11 da Resolução nº
03/1999, de 10/06/1999).
§ 2º Além da publicação no Diário da Justiça da decisão do Presidente que houver
deferido a requisição do pagamento, inteiro teor da mesma decisão será remetida ao juiz
requisitante, para que a faça constar dos autos de que a requisição tenha sido extraída.
(Redação dada pelo art. 11 da Resolução nº 03/1999, de 10/06/1999).
Art. 403. Tratando-se de execução de sentença com origem em ação expropriatória,
movida pela Fazenda Pública, a requisição de pagamento deverá ser encaminhada pelo
juiz de Direito diretamente ao expropriante, para pagamento, acompanhada das peças
enumeradas no art. 400 e satisfeitos os requisitos do art. 399 deste Regimento. (Redação
dada pelo art. 11 da Resolução nº 03/1999, de 10/06/1999).
Parágrafo único. Ocorrendo pedido de seqüestro com base em alegada preterição de
credor na ordem de preferência, o Presidente do Tribunal de Justiça requisitará ao Juízo
de origem, para consulta, se necessário, cópia das peças que instruíram a requisição.
Art. 403-B. Na execução fundada em título extrajudicial, proceder-se-á na forma do art.
910 do Código de Processo Civil. (Redação dada pelo art. 78 da Resolução nº 06/2016,
de 04/04/2016).
Art. 407. A requisição de intervenção estadual, prevista no art. 36, IV, da Constituição
Estadual, será promovida mediante representação do Procurador Geral de Justiça, para
assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para
prover a execução de lei, ordem ou decisão judicial. (Redação dada pelo art. 11 da
Resolução nº 03/1999, de 10/06/1999, publicada no DJE nº 4.059, de 11/06/1999).
Art. 408. O Presidente, ao receber o pedido: (Redação dada pelo art. 11 da Resolução nº
03/1999, de 10/06/1999).
I – tomará as providências oficiais que lhe parecerem adequadas para remover,
administrativamente, a causa do pedido;
II – mandará arquivá-lo, se for manifestamente infundado, cabendo do seu despacho
agravo regimental.
Art. 409. Realizada a gestão prevista no inciso I do artigo precedente, solicitadas as
informações à autoridade municipal e ouvido o Procurador Geral de Justiça, o pedido
será relatado pelo Presidente, em sessão plenária. (Redação dada pelo art. 11 da
Resolução nº 03/1999, de 10/06/1999).
Parágrafo único. O julgamento, se não tiver sido público, será proclamado em sessão
pública.
Art. 410. Julgado procedente o pedido, o Presidente do Tribunal imediatamente
comunicará a decisão aos órgãos do Poder Público interessados e requisitará a
intervenção ao Governador do Estado, que decidirá na forma do inciso III e § 1º, do art.
37, da Constituição Estadual. (Redação dada pelo art. 11 da Resolução nº 03/1999, de
10/06/1999).
Art. 416. Para cada unidade dos Juizados Especiais, bem como para cada Turma
Recursal, funcionará uma secretaria, composta de: (Redação dada pelo art. 12 da
Resolução nº 03/1999, de 10/06/1999).
I – um Diretor de Secretaria; (Redação dada pelo art. 12 da Resolução nº 03/1999, de
10/06/1999).
II – um Escrevente Judiciário; (Redação dada pelo art. 12 da Resolução nº 03/1999, de
10/06/1999).
III – um Escrevente Auxiliar; (Redação dada pelo art. 12 da Resolução nº 03/1999, de
10/06/1999).
IV – outros servidores designados. (Redação dada pelo art. 12 da Resolução nº 03/1999,
de 10/06/1999).
Art. 417. O Diretor de Secretaria será recrutado preferencialmente dentre bacharéis em
Direito, integrantes do quadro permanente de pessoal do Poder Judiciário. (Redação
dada pelo art. 12 da Resolução nº 03/1999, de 10/06/1999).
§ 1º Para o recrutamento, o Tribunal poderá aplicar teste seletivo entre os candidatos,
que, aprovados, receberão treinamento específico, consoante programa definido pela
Corregedoria Geral da Justiça. (Redação dada pelo art. 12 da Resolução nº 03/1999, de
10/06/1999).
§ 2º A escolha dos candidatos a Diretor de Secretaria, para nomeação pelo Presidente do
Tribunal, será feita: (Redação dada pelo art. 12 da Resolução nº 03/1999, de
10/06/1999).
I – na comarca da capital, mediante indicação do Tribunal, em lista tríplice, observado o
disposto nos arts. 173, última parte, 174 e 180; (Redação dada pelo art. 12 da Resolução
nº 03/1999, de 10/06/1999).
II – nas comarcas do interior, mediante indicação do juiz de direito titular, ou daquele
que a este estiver substituindo. (Redação dada pelo art. 12 da Resolução nº 03/1999, de
10/06/1999).
Art. 418. As disposições do artigo anterior, ressalvadas as exigências específicas quanto
a profissão e formatura, são aplicáveis ao recrutamento de juízes leigos e de
conciliadores. (Redação dada pelo art. 12 da Resolução nº 03/1999, de 10/06/1999).
DISPOSIÇÕES FINAIS
• Lei recepcionada como lei complementar, por força do art. 77, parágrafo único, II, da
Constituição Estadual, de 05 de outubro de 1989.
• Na medida do possível, o texto encontra-se ajustado com as regras de redação
legislativa estabelecidas pela Lei Complementar n. 95, de 26 de fevereiro de 1998.
LIVRO I
DA ORGANIZAÇÃO E DA DIVISÃO JUDICIÁRIA
TÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
CAPÍTULO I
• Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei Complementar n. 96, de 10/01/2008,
publicada no DOE nº 08, de 11/01/2008, p. 1.
• Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei Complementar n. 96, de 10/01/2008,
publicada no DOE nº 08, de 11/01/2008, p. 1.
CAPÍTULO II
DA DIVISÃO JUDICIÁRIA
CAPÍTULO III
CRIAÇÃO, ELEVAÇÃO, REBAIXAMENTO E EXTINÇÃO DE COMARCA
Art. 8°A redução ou supressão dos requisitos exigidos para que se crie Comarca ou
se eleve entrância poderá ter como consequência que se extingua aquela e se rebaixe esta,
conforme for o caso.
Art. 9° Os Termos Judiciários devem ser instalados pelo Juiz de Direito da Comarca.
TÍTULO II
DOS ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO
CAPÍTULO I
CAPÍTULO II
DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DAS CÂMARAS
COMPOSIÇÃO E COMPETÊNCIA
Seção I
Disposições Preliminares
Art. 12. O Tribunal de Justiça, com sede na Capital e jurisdição em todo o território
do Estado, compõe-se de dez Dezembargadores e constitui-se em Tribunal Pleno, em
Câmaras Reunidas e em Câmaras Especializadas.
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Art. 14. O Regimento Interno do Tribunal e dos demais órgãos do Poder Judiciário
disporá sobre o funcionamento, processamento e julgamento dos feitos de sua competência,
das Câmaras Reunidas e Especializadas.
Seção II
Da Competência
XIV – eleger, na segunda quinta-feira de dezembro, dos anos ímpares, pela maioria
dos seus membros efetivos, por votação secreta, dentre seus Juízes mais antigos, em número
correspondente aos dos cargos de direção, os titulares destes, com mandato por dois anos,
proibida a reeleição. Quem tiver exercido quaisquer cargos de direção por quatro anos, ou o
de presidente, não figurará mais entre os elegíveis, até se esgotarem todos os nomes, na ordem
de antiguidade. É obrigatória a aceitação do cargo, salvo recusa manifestada e aceita antes da
eleição;
XV – eleger por maioria de seus membros em sessão e escrutínio secretos, mediante
solicitação do Tribunal Regional Eleitoral, os Desembargadores e Juízes de Direito, que
devem integrá-lo, bem como os respectivos suplentes, e indicar, no mesmo caso, as listas
tríplices de juristas e seus substitutos;
XVI – determinar, pelo voto de dois terços, no mínimo, de seus membros efetivos, a
remoção ou a disponibilidade de Juíz de Direito, quando assim exigir o interesse público, e
proceder da mesma forma relativamente a seus próprios membros, nos termos do art. 45 e
seus incisos da Lei Orgânica da Magistratura Nacional;
XVII – decidir sobre pedido de permuta de Juízes de Direito e Juízes de Direito
Adjunto;
XVIII – providenciar a aposentadoria compulsória de magistados ou servidor judicial
por implemento de idade ou invalidade compulsória;
XIX – licenciar, de ofício, magistrado ou servidor judicial em caso de invalidade ou
incapacidade comprovadas;
XX – declara, nos casos em que ocorrer o abandono ou a perda de cargo de
magistrado ou servidor da justiça;
XXI – afastar do exercício do cargo o Juiz de Direito que, submetido a processo
criminal ou administrastivo, esteja removido compulsoriamente nos termos do inciso XVI
deste artigo;
XXII – decidir as reclamações sobre antiguidade de Juiz de Direito contra a lista
respectiva, organizada e publicada de ordem do Presidente do Tribunal;
XXIII – propor, no interesse da Justiça, o aproveitamento de Juiz em disponibilidade;
XXIV – elaborar súmulas de jurisprudência do Tribunal e publicá-las no Diário da
Justiça;
XXV – regulamentar os concursos para ingresso na Magistratura, nos termos da lei
(art. 78 da Lei Orgânica da Magistratura Nacional);
XVI – representar à autoridade competente, quando, em autos ou documentos de que
conhecer, houver indícios de crime de ação pública;
XXVII – conceder licença e férias a seu Presidente e demais membros do Tribunal,
aos Juízes de Direito, Juízes de Direito Adjunto, aos servidores e serventuários que lhe são
imediatamente subordinados.
Art. 16. O Regimento Interno além dos casos ora previstos e respeitadas as leis
federais, estabelecerá:
a) a organização do Tribunal Pleno, do Conselho da Magistratura, das Câmaras
Reunidas e das Câmaras Especializadas, da Presidência e da Vice-Presidência do Tribunal e
da Corregedoria da Justiça;
b) a estrutura e funcinamento da Secretaria do Tribunal;
c) a ordem dos serviços do Tribunal;
d) os assunos administrativos e de ordem interna;
e) as alterações e aplicações do próprio Regimento.
d) as reclamações contra aplicação das penalidades previstas nos arts. 801 e 802 do
Código de Processo Penal.
II – conhecer, em grau de recurso, dos habeas-corpus julgados pelos Juízes de
primeira instância.
III – pronunciar-se e decidir sobre o despacho do Presidente da Câmara que indeferir
in limine o pedido de habeas-corpus.
IV – ordenar o exame a que se refere o art. 177 do Código de Processo Penal.
V – executar, no que couber, as suas decisões, podendo delegar a Juízes de Direito a
prática de atos não decisórios.
Art. 19. Adotam-se decisões das Câmaras Especializadas sempre pelo voto de três
Juízes, na forma do Regimento Interno.
Seção III
Do Presidente do Tribunal
• No texto publicado, por equívoco, está grafado “das precatórias” em vez de “dos
precatórios”.
Seção IV
Do Vice-Presidente do Tribunal
Seção V
Dos Presidentes das Câmaras Especializadas
Art. 23. A Câmara Especializada de que não faça parte o Vice-Presidente será
presidida pelo Desembargador eleito dentre os seus membros.
Seção VI
Do Desembargador Relator
Art. 25. Compete ao Relator, nos feitos que lhe forem distribuídos além de outros
deveres legais e do Regimento Interno:
I – processar os feitos e relatá-los;
II – resolver os incidentes relativos de acórdãos, e executar as diligências necessárias
ao julgamento;
III – fazer cumprir as decisões de sua competência;
IV – lavrar o acórdão, quando não for o voto vencido, e assiná-lo juntamente com o
Desembargador que houver presidido a decisão;
V – proceder ao interrogatório do acusado, reinquirir testemunhas ou determinar
outras diligências, na hipótese do art. 616 do Código do Processo Penal;
VI – admitir ou negar os recuros legais das decisões que lavrar, salvo os casos de
recurso extraordinário, ainda que seja voto vencido;
VII – assinar as cartas ou títulos executivos de sentença;
VIII – expedir alvará de soltura, dando imediato conhecimento ao Juiz de primeira
instância no caso de decisão absolutória ou proferida em grau de recurso;
IX – denegar ou decretar prisão preventiva nos processos criminais;
X – conceder ou recusar fiança nos processos-crime;
XI – apresentar em mesa e relatar, sem direito a voto, os agravos dos seus despachos,
levando os acórdãos, qualque que seja a decisão de recurso;
XII – lançar da acusação o queixoso que deixar de comparecer (art. 561, inciso II do
Código do Processo Penal) nos crimes de competência originária do Tribunal;
XIII – processar as habilitações requeridas e outros incidentes;
XIV – homologar por despacho o pedido de desistência dos recursos que lhe sejam
distribuídos;
XV – homologar desistência nas ações rescisórias;
XVI – promover as diligências de atos que não dependem de julgamento, nos feitos
que lhe sejam distribuídos;
XVII – decidir os pedidos originários de benefícios de justiça gratuíta, nos feitos que
lhe couberem por distribuição;
XVIII – encaminhar os pedidos de mandado de segurança à autoridade legítima para
julgamento, quando for incompetente o Tribunal de Justiça, nos termos da legislação
processual civil;
XIX – negar, liminarmente, os pedidos de revisão criminal, quando se verificar a
incompetência do Tribunal ou da Câmara Especializada, ou não estiver instruído o processo
se for desaconselhável aos interessados da justiça que se apensem os autos originais;
XX – lavrar, em forma de acórdãos, as decisões tomadas nos processos
administrativos.
Seção VII
Do Conselho da Magistratura
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Seção VIII
Da Corregedoria da Justiça
Art. 27. A Corregedoria Geral da Justiça, que funciona na sede do Tribunal, órgão de
fiscalização disciplinar, orientação, controle e instrução dos serviços forenses e
administrativos da justiça de primeiro grau, tem competência em todo o Estado e é exercido
por Desembargador.
§ 1º O Desembargador, no exercício do mandato de Corregedor Geral da Justiça, será
dispensado de sua função judicante normal, obrigando-se a comparecer às sessões plenárias
do Colegiado, para decidir sobre a nomeação, promoção, permuta, disponibilidade de juízes e
sobre matéria de natureza administrativa e constitucional.
§ 2º Faz-se a escolha do Corregedor Geral e do Vice-Corregedor Geral da Justiça
juntamente com as dos demais titulares de funções de direção do Poder Judiciário.
§ 3º O Vice-Corregedor Geral da Justiça só se afastará de suas funções ordinárias
pelo período que estiver substituindo o Corregedor Geral da Justiça.
§ 4º O Vice-Corregedor Geral da Justiça presidirá as sessões da Câmara que integrar
se dela não participar o Vice-Presidente do Tribunal de Justiça.
§ 5º Ocorrendo as vagas de Corregedor Geral e Vice-Corregedor Geral da Justiça,
far-se-á eleição dos novos titulares, completarão o período.
§ 6º Se o prazo que faltar para completar o mandato for inferior a um ano, o novo
Corregedor Geral ou o Vice-Corregedor Geral da Justiça poderão concorrer para o período
seguinte.
• Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei n. 5.243, de 12/06/2002, publicada no DOE
nº 123, de 28/06/2002, p. 3.
Art. 28. Sem prejuízo das correições ordinárias e anuais, que os Juízes se obrigam a
fazer nas comarcas, o Corregedor Geral da Justiça deve realizar uma de caráter geral,
anualmente, em pelo menos dez comarcas, sem que se contem as correições extraordinárias
determinadas pelo Conselho da Magistratura ou pelo Tribunal Pleno.
§ 1º As correições ordinárias e anuais, de realização obrigatória pelos Juízes, nas
respectivas comarcas ou varas, consistirão na inspeção assídua e severa dos cartórios,
delegacias de polícia, estabelecimentos penais e demais repartições que tenham relação direta
com os serviços judiciais e sobre a atividade dos auxiliares e funcionários da Justiça que lhes
sejam subordinados.
§ 2º Sujeitam-se à correição os atos dos Juízes, serventuários e funcionários da
Justiça, inclusive as escrivanias das Varas da Fazenda Pública.
• Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei n. 5.243, de 12/06/2002, publicada no DOE
nº 123, de 28/06/2002, p. 3.
• Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei n. 5.243, de 12/06/2002, publicada no DOE
nº 123, de 28/06/2002, p. 3.
• Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei n. 5.243, de 12/06/2002, publicada no DOE
nº 123, de 28/06/2002, p. 3.
Art. 31. Qualquer pessoa pode denunciar, por escrito, ao Corregedor Geral da Justiça,
excessos, irregularidades ou omissões das autoridades judiciárias, seus auxiliares,
serventuários e funcionários da Justiça, competindo-lhe encaminhar ao Conselho da
Magistratura os processos respectivos, quando estes não estiverem submetidos ao seu
julgamento.
§ 1º Se o ato, por sua gravidade, for praticado por membro ou funcionário do
Ministério Público ou da Polícia Civil, o Corregedor Geral da Justiça dele dará ciência ao
Procurador Geral de Justiça ou ao Secretário da Segurança Pública, conforme o caso, bem
assim ao Presidente do Tribunal.
§ 2º Após a apuração de denúncia, prevista no caput deste artigo, e sem prejuízo da
pena disciplinar que houver aplicado, o Corregedor Geral da Justiça encaminhará ao
Procurador Geral de Justiça as provas ou indícios que coligir sobre a existência de crime ou
contravenção, para que se positivem responsabilidades.
• Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei n. 5.243, de 12/06/2002, publicada no DOE
nº 123, de 28/06/2002, p. 3.
• Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei n. 5.243, de 12/06/2002, publicada no DOE
nº 123, de 28/06/2002, p. 3.
Art. 33. O Corregedor Geral da Justiça, nos exames que fizer, verificará se as
determinações dos Juízes locais foram cumpridas e aplicará, em caso negativo, as penas
disciplinares cabíveis ou promoverá a responsabilidade dos culpados.
Parágrafo único. Para esta verificação, o Corregedor Geral da Justiça solicitará
informações ao Juiz local.
• Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei n. 5.243, de 12/06/2002, publicada no DOE
nº 123, de 28/06/2002, p. 3.
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• Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei n. 5.243, de 12/06/2002, publicada no DOE
nº 123, de 28/06/2002, p. 3.
• Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei n. 5.243, de 12/06/2002, publicada no DOE
nº 123, de 28/06/2002, p. 3.
Art. 36. As cotas escritas, pelo Corregedor Geral da Justiça, nos livros, autos e
papéis, constituem advertência para as emendas e ressalvas feitas; e despachos que ordenarem
diligência e provimentos serão, dados para os casos futuros, tendo em vista evitar a prática
abusiva ou ilegal, com a cominação de pena se houver.
• Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei n. 5.243, de 12/06/2002, publicada no DOE
nº 123, de 28/06/2002, p. 3.
Seção IX
Dos Juízes de Direito
Art. 38. Nas Comarcas onde houver mais de um Juiz de Direito, eles se substituem,
em órdem numérica, nas suas faltas e impedimentos.
Art. 39. A competência dos Juízes na Comarca onde houver mais de um fixa-se em
cada processo pela distribuição, respeitadas as privatividades e a prevenção inscrita nos art.
106 e 219, do Código do Processo Civil.
XIII – conceder:
a) suprimento de idade a menor e licença para venda de bens imóveis que a ele
pertençam;
b) prorrogação de prazo para que se ultime inventário;
c) habeas-corpus contra auto de autoridade administrativa ou policial, salvo quando
coautora for qualque das mencionadas no artigo 15, desta lei;
d) fiança, julgando os recursos interpostos do respectivo arbitramento feito por
autoridade policial;
e) liberdade provisória, nos termos do art. 350, do Código de Processo Penal;
f) o benefício da Justiça gratuita, de plano no curso da lide, nomeando advogado para
o beneficiário;
g) - licença, salvo a especial, e férias aos Juízes de Paz, serventuários e funcionários
da sua jurisdição, passando a competência para o Diretor do Forum, onde houver.
XIV – determinar:
a) de ofício ou a pedido da parte ofendida, a supressão de injúria, calúnia e
difamação nos autos que lhe estejam sujeitos, adotando as providências punitivas contra o
autor ou comunicando o fato à Ordem dos Advogados, quando for o caso;
b) o fornecimento deste que requerido, de certidão de processo que deve correr ou
tenha corrido em segredo da justiça;
c) a entrega de bens de órgãos e ausentes;
d) a lavratura de auto de prisão em flagrante, e exame de corpo de delito e o
mandado de busca e apreensão;
e) o aditamento da denúncia, nos crimes de ação pública, quando for o caso;
f) a entrega ao membro do Ministéiro Público de certidões de documentos
necessários à promoção de responsabilidade, quando em autos ou papéis sujeitos à sua
competência, se positivar crime, inicio deste, ou ato ilegítimo, de que caiba ação pública.
XV – policiar o Forum, quando não houver Diretor, mandando prender em flagrante
qualquer pessoa, que falte com respeito à sua autoridade de magistrado no exercício do cargo,
ou que trave luta corporal com outrem, ou que desacate autoridade ou servidor da justiça, com
a lavratura de auto de flagrante respectivo, para o competente procedimento legal.
XVI – conhecer:
a) das reclamaçoes contra a cobrança de custas indevidas, mandando que se restituem
os ex cessos, sem prejuízo das penalidades conta o culpado;
b) das causas extintivas da punibilidade nos crimes que processar.
XVII – nomear:
a) tutor ou curador aos órgãos, ausentes e interditos, bem assim testamenteiros e
inventariantes, e removê-los nos termos da lei;
b) representante do Ministério Público, serventuário ou funcinário da Justiça ad hoc,
nas faltas ou impedimentos eventuais dos titulares, e no caso de vacância do ofício ou cargo
(competência do Diretor do Forum onde houver);
c) escreventes juramentados com cartórios, compromissando-os mediante indicação
do serventuário e atributos de indoneidade e habilitação;
d) curador à lide, nos casos expressos no Código de Processo Civil (competência do
Diretor do Forum, onde houver).
XVIII – decretar:
a) a suspenção e a perda do pátrio poder;
b) a prisão preventiva.
XIX – proferir sentença sobre fiança ou cauções prestadas pelas partes.
XX – celebrar os casamentos na sede da Comarca.
XXI – decidir:
16
Art. 41. As trinta e quatro Varas da Comarca de Teresina, de entrância final, cada
uma com um Juiz de Direito, repartem-se em:
• Caput com redação dada pelo art. 1º da Lei Complementar n. 96, de 10/01/2008,
publicada no DOE nº 08, de 11/01/2008, p. 1.
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• A mesma redação do caput foi repetida pelo art. 1º da Lei Complementar n. 97, de
10/01/2008, publicada no DOE nº 08, de 11/01/2008, pp. 1/2.
• Incisos I com redação dada pelo art. 1º da Lei Complementar n. 97, de 10/01/2008,
publicada no DOE nº 08, de 11/01/2008, pp. 1/2.
• Inciso II com redação dada pelo art. 1º da Lei Complementar n. 97, de 10/01/2008,
publicada no DOE nº 08, de 11/01/2008, pp. 1/2.
• Inciso III com redação dada pelo art. 1º da Lei Complementar n. 97, de 10/01/2008,
publicada no DOE nº 08, de 11/01/2008, pp. 1/2.
• Inciso IV com redação dada pelo art. 1º da Lei Complementar n. 97, de 10/01/2008,
publicada no DOE nº 08, de 11/01/2008, pp. 1/2.
• Inciso V com redação dada pelo art. 1º da Lei Complementar n. 97, de 10/01/2008,
publicada no DOE nº 08, de 11/01/2008, pp. 1/2.
• Inciso I com redação dada pelo art. 1º da Lei Complementar n. 97, de 10/01/2008,
publicada no DOE nº 08, de 11/01/2008, pp. 1/2.
• Inciso VII com redação dada pelo art. 1º da Lei Complementar n. 97, de 10/01/2008,
publicada no DOE nº 08, de 11/01/2008, pp. 1/2.
§ 2º Haverá, ainda, em Teresina, dois Juízes Corregedores que terão como titulares
Juízes de entrância final, convocados pela Douta Corregedoria Geral da Justiça e
homologados pelo Tribunal de Justiça do Estado do Piauí.
Art. 44. Nas Comarcas de Floriano, Picos e Campo Maior, a competência fixa-se por
distribuição, no cível e no crime, com estas indicações privativas; a 1ª., nos Registros
Públicos, Acidentes do Trabalho, processos de competência do Tribunal do Júri, Execuções
Criminais e Feitos da Fazenda Pública Municipal e de entidade autárquica respectivas a 2ª.,
nos casos de menores, casamento, interditos, ausentes, provedoria e resíduos e nos derivados
de tais matérias nas lides comerciais e precatórias em geral.
Art. 45. Nas Comarcas onde houver mais de uma vara excetuada a capital a
competência para aplicação de penas disciplinares aos serventuários e funcionários da Justiça
cabe ao Diretor do Forum, resalvados do os casos em que os outros Juízes possam exercê-la,
nos feitos correntes nas respectivas varas.
Art. 46. Os Juízes de Menores nas Comarcas da Capital, Parnaiba, Floriano, Picos e
Campo Maior, a lém das atribuições que lhe são conferidas pelo Código respectivo e leis de
amparo a menores, têm jurisdição privativa sobre os menores abandonados, desassistidos e de
conduto anti-social, com menos de 18 anos de idade, para a sua assistência, proteção e
segurança.
Seção X
Dos Juízes de Direito Adjunto
Art. 50. O Juiz de Direito Adjunto, como auxiliar, nos termos do artigo 144, § 1°,
letra b da Constituição da República Federativa do Brasil, tem competência para decidir as
questões de pequeno valor e as criminais em que não seja cominada pena de reclusão.
20
Seção XI
Do Tribunal do Júri
Art. 52. Os Juízes de Direito Adjunto não podem presidir o Tribunal do Júri,quando
estiverem como auxiliares.
Seção XII
Da Justiça Militar
Seção XIII
Dos Juízes de Paz
Art. 54. Os Termos Judiciários tem um Juiz de Paz com investidura limitada a quatro
anos e competência para habilitação e celebração de casamentos. Substituindo-o haverá
suplentes, nomeados por igual período.
§ 1° O Juiz de Paz deve residir na sede do Município, ou povoado e perdeberá a
remuneração que a lei fixar.
§ 2° Para oficiar nas habilitações de casamento há um representante do Ministério
Público e um escrivão do Registro Civil.
§ 3° O Juiz de Paz e seus suplentes serão nomeados pelo Governador do Estado,
dentre cidadãos de reconhecidas indoneidade, indicados em lista tríplice pelo Presidente do
Tribunal de Justiça, ouvido o Juiz de Direito da Comarca. Nomeado o Juiz, os demais
integrantes da lista passam a primeiro e segundo suplentes, na ordem de colocação.
Art. 55. São requisitados para provimento do cargo de Juiz de Paz e seus suplentes:
a) cidadania brasileira;
b) idade superior a 25 anos;
c) indoneidade moral comprovada;
d) aptidão intelectual;
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Art. 56. Findo o quadriênio de serventia, o Juiz de Paz e seus suplentes devem
considerar-se como reconduzido aos cargos por igual período, caso não tenha m sido
nomeados os substitutos, no prazo de trinta dias; em caso de substituição, aguardam, nas
funções, a posse dos sucessores.
Seção XIV
Do Conselho Penitenciário
LIVRO II
TÍTULO III
DISPOSIÇÕES COMPLEMENTARES
Seção XV
Das Nomeações e Promoções
Art. 61. O Juiz de Direito Adjunto, adquire vitaliciedade após dois anos de efetico
exercício, nos termos do artigo 22, inciso II, letra c da lei complementar n° 35 de 14.03.1979.
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Art. 63. O Juiz, no ato da posse, apresenta declaração pública de seus bens, e presta
compromisso de desempenhar com integridade as funções do cargo.
Art. 65. Para cada vaga destinada ao preenchimento por promoção abri-se-á inscrição
distinta, sucessivamente, com a indicação da Comarca ou Vara a ser provida.
Parágrafo único. Ultimando o preenchimento das vagas, se mais de uma dava ser
provida por merecimento, a lista conterá o número de Juízes igual ao das vagas mais dois.
Art. 66. Após a ocorrência da vaga no primeiro ou segundo grau do Poder Judiciário
será publicado edital para o seu preenchimento no prazo de 15 (quinze) dias.
• Caput e parágrafo único com redação dada pelo art. 1º da Lei Complementar n. 96, de
10/01/2008, publicada no DOE nº 08, de 11/01/2008, p. 1.
Art. 67. O acesso dos Juízes de Direito ao Tribunal de Justiça, faz-se alternadamente,
por antiguidade e por merecimento.
§ 1° Para a vaga de antiguidade, o Tribunal, em sessão e escrutínio secreto, decide
preliminarmente, se o Juiz mais antigo da última instância deve ser indicado e se houver
recurso, pelo voto da maioria absoluta dos Desembargadores, no mínimo, repete-se a votação
até se fixar o escolhido.
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Seção XVI
Do Concurso Para Magistratura
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Art. 71. O ingresso na carreira da Magistratura Estadual, cujo cargo inicial será o de
Juiz Substituto, se dará através de concurso público de provas e títulos, com a participação da
Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases, e obedecerá, nas nomeações, à ordem
de classificação.
Parágrafo único. O Tribunal de Justiça do Estado do Piauí regulamentará o concurso
através de Resolução.
• Artigo com redação dada pela Lei n. 5.211, de 04 de outubro de 2001, publicada no
DOE nº 196, de 10/10/2001, p. 2.
Seção XVII
Das Remoções
Art. 79. Faz-se a remoção mediante escolha pelo Poder Executivo, sempre que
possível, em lista tríplice organizada pelo Tribunal de Justiça, com os nomes dos candidatos
com mais de dois anos de efetivo exercício na entrância.
Art. 80. Para cada vaga destinada ao preenchimento por remoção, abre-se inscrição
distinta sucessivamente, indicando-se a comarcar ou vara a ser preenchida.
Art. 81. A vaga para preenchimento por remoão se noticia no Diário da Justiça.
Art. 82. O Tribunal de Justiça pode indeferir o pedido de remoção, mesmo que o
candidato preencha os requisitos legais, caso considere tal fato contrários aos interesses da
Magistratura.
Art. 83. Os Juízes que tenham sofrido qualquer punição, antres de decorrido um ano,
ficam impossibilitados de concorrer à vaga preenchível por remoção.
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Art. 85. A remoção, no caso § 3°, do art. 113, da Constituição Federal, verifica-se
quando a permanência do Juiz for prejudicial ao interesse público e houver pronunciamento,
em escrutínio secreto, de dois terços, no mínimo,dos membros efetivos do Tribunal.
§ 1° O processo de remoção compulsória inicia-se por proposta do Presidente do
Tribunal de Justiça; do Corrgedor da Justiça; por representante de um terço pelo menos, dos
Desembargadores; por representação do Chefe do Poder Executivo Estadual; do Procurador
Geral da Justiça; ou do Conselho Seccional da Órdem dos Advogados do Brasil.
§ 2° O prazo de defesa prévia do magistrado é de quinze dias, contados da data em
que receber a cópia do inteiro teor das acusações e das provas, a ele encaminhada por ofício
do Presidente do Tribunal de Justiça.
§ 3° Com defesa prévia ou sem ela, decorrido o prazo, o Presidente, no dia útil e
imediato, convoca o Tribunal para que, secretamente, decida sobre a instauração do inquérito;
em caso afirmativo, distribui-se o feito ao Relator respectivo, podendo-se, na mesma sessão,
afastar o magistrado de suas funções, sem prejuízo de vencimento ou vantagens, até decisão
final.
§ 4° Defere-se a produção de provas em vinte dias, com a participação do
representante do Ministério Público e do procurador do magistrado, se houver, com prazo de
vista de dez dias a cada parte, para razões, seguindo-se o julgamento em sessão secreta,
depois de relatório oral e da decisão publicando-se somente o que for escolhido.
Art. 86. Entre outros casos, reputa-se prejudicial ao interesse público a permanência
na Comarca do Juiz que:
a) se der ao vício de embriaguês ou de substância tóxicas;
b) comter atos atentatórios à moral e aos bons costumes, ainda que não hája
representação;
c) praticar atos de violência ou abuso de poder;
d) na imprensa falada, escrita ou televisionada, se empenhar em polêmica utilizando-
se de linguagem incompatível com a dignidade do cargo, ou por idênticos meios de
comunicação criticar, de modo desrespeitoso, decisões do Tribunal de Justiça ou dos seus
membros;
e) estiver, em razão de exercício do cargo, ameaçado em sua segurança pessoal ou de
sua família.
Parágrado único. O Corregedor da Justiça, ao ter conhecimento dos fatos
especificados neste artigo, deve apurá-los em sindicância, encaminhando o resultado ao
Tribunal.
Art. 87. A remoção por permuta, admissível entre Juízes de Direito da mesma
entrância é decidido pelo Tribunal de Justiça, por maioria simples de seus membros efetivos e
encaminhada ao Poder Executivo Estadual.
Art. 88. Em qualquer caso de remoção, o Poder Executivo dispõe de qunze dias para
lavratura do ato respectivo.
Seção XVIII
Dos Serviços Auxiliares da Justiça
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CAPÍTULO I
DA SECRETARIA DO TRIBUNAL
Art. 89. Os serviços auxiliares da Justiça são efetuados pela Secretaria do Tribunal,
pelos oficiais de Justiça de primeira e segunda entrâncias e pelos serventuários e funcionários
da Justiça.
Art. 90. A Secretaria do Tribunal funciona sob a responsabilidade de um Diretor
Geral, subordinado diretamente à Presidendia, sendo seus serviços executados na forma
prevista no Regimento Interno do Tribunal, com um quadro de servidores fixado em lei,
mediante proposta deste.
CAPÍTULO II
DOS TABELIÃES DE NOTAS
reciprocámente outorgantes e outotorgados, cada um daqueles ou cada uma destas tem direito
a um primeiro translado;
XVII – conservar em órdem os livros e papeis do cartório, facultada, em qualquer
tempo, a remessa, de tais livros e papéis ao Arquivo Público, desde que tenham antiguidade
superior a quinze anos e inferior a trinta;
XVIII – manter seus cartórios abertos das 8 (oito) às 11 (onze) horas e das 13 (treze)
às 18 (dezoito) horas dos dias úteis, salvo aos sábados, cujo expediente e facultativo;
XIX – exercer, no desempenho de suas funções, rigorosa fiscalização do pagamento
do imposto, taxas e emolumentos devidos por força dos atos jurídicos que lhe sejam
apresentados;
XX – residir na sede da comarca, não podendo ausentar-se sem licença do
Corregedor, na Capital, do Diretor do Forum onde houver, ou do Juíz nas demais Comarcas;
XXI – manter irrepreensível compostura e dignidade no execício do cargo, acatar as
determinações de seus superiores hierárquico e exercer, com absoluta probidade, o seu ofício;
XXII – cumprir as prescições legais concernentes às suas atribuições e à fiel
observância do Regime de Custas;
XXIII – tratar com urbanidade as partes e atendê-las com solicitude;
XXIV – assegurar a necessária disciplina em seus ofícios, solicitando, da autoridade
competente, as providências devidas contra qualque irregularidade funcional;
XXV – possuir, escriturados, todos os livros exigidos por lei e manter o cartório em
prédio seguro, instalado em asseio e ordem, em próprio do município ou do Estado;
XXVI – facilitar as correições;
XXVII – fazer constar, obrigatoriamente, do próprio instrumento,
independentemente da expedição do recibo, quando solicitado, o valor das custas de
escrituras, certidões, buscas, averbações, registros, emulomentos e despesas legais.
Art. 93. O tabelião poderá fazer lavrar escritura ou qualquer outro instrumento por
compromissado, contando que o subscreva e carregue com a responsabilidade do ato.
Parágrafo único. Excetuam-se os atos lavrados fora do cartório.
CAPÍTULO III
DOS OFICIAIS DE REGISTRO CIVIL
Art. 95. Nos Termos Judiciários incumbem aos oficiais as atribuições constantes do
artigo antecedentes sem que possam funcionar nas causas correm nos juizados de casamento.
Parágrafo único. Os processos ao registro civil dos Termos Judiciários, quando
dependam de despacho do Juiz togado, a este são remetidos pelo Oficial do Registro da sede
do Juizado.
Art. 96. Os Oficiais do Registro Civil das Pessoas Naturais exercem, por
distribuição, onde houver mais de um cartório, as funções de escrivania nas causas de
separação, divórcio, de nulidade e anulação de casamento.
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Art. 97. Os Oficiais do Registro Civil obrigam-se a remeter à Fundação IBGE, dentro
dos primeiros oito (8) dias dos meses de janeiro, abril, julho e outubro de cada ano, um mapa
dos nascimentos, casamentos e óbitos que houverem registrado no trimestre anterior,
observado o disposto na respectiva legislação.
Art. 100. No caso de ser injusta a recusa ou injustificável a demora, a autoridade que
tomar conhecimento do fato deve impor ao Oficial a multa do valor de um a três vezes o
maior valor de referência cobrada na forma da lei, ordenando que, no prazo improrrogável de
vinte e quantro hora, seja cumprida a obrigação.
CAPÍTULO IV
DOS OFICIAIS DO REGISTRO DE IMÓVEIS
4. dos julgados, nas ações divisórias, pelas quais se puser termo à indivisão;
5. das sentenças que, nos inventários e partilhas, adjudicarem de raiz em pagamento
das dívidas da herança;
6. dos atos de entrada de legado de imóveis dos formais de partilha e das sentenças
de adjudicação em inventário quando não houver partilha;
7. da arrecadação do que for adjudicado em hastas públicas;
8. da sentença declaratória da posse do imóvel, por vinte anos, sem interrupção ou
oposição, para servir de título ao adquirente por usucapião;
9. da sentença declaratória de posse incontestada e contínua de uma servidão
aparente por dez e vinte anos, nos termos do art. 551 do Código Civil;
10. para a perda de propriedade imóvel, dos títulos transmissíveis ou dos atos
renunciativos.
c) a averbação:
1. das convenções antenupciais, especialmente em relação aos imóveis existentes ou
posteriormente adquiridos que se atinjam pelas cláusulas exclusiva do regime legal;
2. da inscrição da sentença que separar o dote;
3. de sentença de restabelecimento da sociedade conjugal;
4. da cláusula de inalienabilidade, imposta a imóveis pelos testadores ou doadores;
5. por cancelamento, da extinção dos direitos reais;
6. dos constratos de promessa de compra e venda de terreno lotado, em conformidade
com as disposições do Decreto n°58, de 10/12/1937;
7. da circunstância da mudança de número da construção, da reconstrução, da
demolição e do desmembramento do imóvel;
8. da alteração de nome por casamento, separação judicial ou divórcio.
Art. 103. O registro de imóvel rege-se pelas disposições da lei n° 6.015, de 31.12.73,
e legislação federal subsequente, sendo os Oficiais obrigados a possuir os livros exigidos
pelos diplomas legais e escriturá-los de acordo com suas prescrições.
CAPÍTULO V
DOS OFICIAIS DO REGISTRO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS
CAPÍTULO VI
DOS ESCRIVÃES EM GERAL
Secção XIX
Preliminares
Art. 110. O escrivão tem fé pública nos atos pertencentes a seu ofício, mas esta pode
ser ilidida por prova em contrário.
Art. 111. Os erros e omissões do escrivão não prejudicam as partes que tenham
cumprido as disposições legais.
Art. 112. O escrivão deve ter um livro-tombo no cartório com a indicação dos nomes
das partes, pela ordem alfabética da natureza dos feitos e ordem cronológica das datas de
entrada e distribuição, e os livros destinados a protocolo de audiências, carga e descarga dos
autos e os demais determinados pela Corregedoria da Justiça, na capital, pelos Juízes, no
interior, ou Diretor do Forum, onde houver.
Art. 113. O escrivão que for chamado a servir junto às autoridades policiais do
interior faz jus às custas regimentais pelos atos que praticarem, pagas pelo Estado.
Seção XX
Dos Escrivães do Crime
Seção XXI
Dos Escrivães do Juri e Execuções Criminais
Seção XXII
Dos Escrivães do Cível
Seção XXIII
Dos Escrivães da Provedoria
Seção XXIV
Dos Escrivães de Órfãos e Ausentes
III – notificar o tutor ou curador de menor ou de interdito, logo que for assinado o
termo de tutela ou curatela, para que se faça a inscrição de hipoteca legal;
IV – certificar à margem do compromisso ou do termo, a notificação efetuada em
obediêndia ao disposto no número anterior.
Seção XXV
Dos Escrivães dos Feitos da Fazenda
Seção XXVI
Dos Escreventes
Art. 125. Nos Juízos ou ofícios em que haja mais de um escrevente, designa-se um
dos compromissados para as funçoes de substituto, indicado pelo respectivo titular.
Art. 127. O Escrevente substituto deve arquivar a sua firma e sinal público no
Tribunal de Justiça, por intermédio do Tabelião titular.
Art. 128. O Escrevente substituto dos Oficiais do Registro Civil, com mais de cinco
anos de exercício efetivo, pode, autorizado pelo Corregedor, pelo Diretor do Fórum, onde
houver, e pelos Juízes nas demais comarcas, e sob a responsabilidade do Escrivão, praticar
todos os atos do registro civil.
CAPÍTULO VIII
DOS DISTRIBUIDORES, CONTADORES E OUTROS SERVENTUÁRIOS
Seção XXVII
Dos Distribuidores
Art. 130. O Distribuidor efetua, com rigorosa igualdade, entre os Juízes e Escrivães,
quando for o caso, a distribuição alternada dos feitos assim classificados:
a) ações cíveis;
b) ações penais;
c) processos precatórios, preventivos ou assecuratórios de direito ou ação;
d) processos de falência;
e) os feitos diversos não compreendidos nas cláusulas referidas.
Art. 135. Cada feito é registrado pelo Distribuidor, com as seguintes indicações:
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a) número de ordem;
b) ano, mês, dia e hora em que se apresentar a petição inicial;
c) o nome do autor e do réu do requerente interessado;
d) o nome do advogado ou do procurador, quando a petição não for assinada pela
própria parte;
e) objeto do pedido;
f) designação do Juiz e do cartório a que couber, na distribuição.
Art. 136. Na petição inicial do Distribuidor anota o Juíz e o cartório a que couber o
feito, com a data e hora da apresentação e o número correspondente no livro de distribuição e
no tombamento geral.
Art. 137. Não se distribui o feito que não for instruído com o respectivo instrumento
de mandato, salvo:
a) nas ações em causa própria;
b) quando o autor gozar de benefício de gratuidade;
c) quando o feito for promovido pelo Ministéiro Público;
d) na hipótese do art. 37, do Código do Processo Civil.
Parágrafo único. Não se distribui o feito, sob pena de responsabilidade se a petição
incial não vier acompanhada da taxa judiciária devida na forma da lei, salvo se o autor gozar
de benefício de gratuidade ou de isenção.
Art. 138. A petição assinada pela própria parte, nos casos em que a lei o permite, só
deve ser distribuída depois que se reconhece a firma do signatário.
Parágrafo único. Se a petição for assinada a rogo, as firmas do signatário e das
testemunhas abonadoras são devidamente reconhecidas.
Art. 139. A distribuição, uma vez feita, só pode ser declarada sem efeito por
despacho do Juiz competente:
a) quando o feito tiver que ser remetido a outro Juiz em vitude de continência ou
conexão;
b) quando o Juiz se julgar incompetente.
Seção XXVIII
Dos Contadores
Seção XXIX
Dos Depositários Públicos
Seção XXX
Dos Avaliadores
Art. 147. Aos avaliadores compete avaliar os móveis e imóveis, rendimentos, direitos
e ações, descrevendo cada causa com a devida individuação e fixando-lhes, separadamente o
respectivo valor.
Art. 150. Quando tiver de ser feita nova avaliação, nada percebem os avaliadores,
podendo ainda ser compelidos a fazê-la sob pena de desobediência e perda dos emolumentos
da avaliação reformada.
Art. 151. Toda vez que houver despacho do Juíz mandando proceder à avaliação, as
autos respectivos devem encaminhar-se com vistas aos avaliadores, mendiante carga, e estes
lavrem, neles, no prazo estabelecido em lei,ou fixado pelo Juiz, o seu laudo, sendo-lhes
encaminhados pelo Escrivão os quesitos apresentados, se for o caso.
Art. 152. Aos avaliadores se concebe transporte, quando a avaliação se fizer fora do
perímetro da cidade.
Seção XXXI
Dos Partidores
Art. 153. Aos partidores compete fazer partilha dos inventários, de acordo com o
despacho de deliberação de partilha.
Seção XXXII
Dos Intérpretes e Tradutores
Art. 154. Os Intérpretes e Tradutores são nomeados, para cada causa, pelo respectivo
Juiz, observada a legislação federal em vigor.
Art. 155. Os Intérpretes e Tradutores têm as atribuições e vantagens que a lei lhes
conferir.
Seção XXXIII
Dos Porteiros dos Auditórios
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Art. 157. Incumbe, ainda, aos Porteiros dos Auditórios, a guarda, conservação e
asseio da causa das audiências e dos móveis nela existentes, que recebem, por inventário
escriturados com as rubricas das entradas e saídas.
Parágrafo único. A critério do Juíz, pode ser acumulada a função do Porteiro dos
Auditórios com a de Oficial de Justiça, com percepção cumulativa de emolumentos.
Seção XXXIV
Dos Oficiais de Justiça
Seção XXXV
Dos Comissários e Vigilantes de Menores
Art. 160. Incumbe aos Comissários de Menores, sem prejuízo das atribuições dos
órgãos de serviços:
a) efetuar as investigações relativas aos menores, seus pais, tutores ou encarregados
de sua guarda, com o fim de exclarecer a ação do Juiz;
b) exercer vigilância sobre os menores em geral, fiscalizanda a execução das leis de
assistência e proteção que digam respeito;
c) apreender menores abandonados ou que hajam praticado atos anti-sociais,
apresentando-os ao Juiz de Menores e procedendo a seu respeito às investigações referidas na
letra b;
d) realizar o serviço de fiscalização e vigilância de menores sujeitos a medidas de
segurança, ou entregues mediante termos de responsabilidade e guarda ou, ainda, dados à
soldada;
e) auxiliar, pelos órgãos de serviço, o preparo de processos relativos a menores,
sugerindo ou promovendo as medidas preliminares de instrução e levando-as ao
conhecimento do Juiz respecitvo;
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Seção XXXVI
Dos Outros Serventuários não especializados
• No texto publicado, por equívoco, parte do Art. 161 foi repetido nesta Seção XXXVI.
Art. 162. Os demais Serventuários e funcionários da Justiça não referidos nas seções
anteriores exercem as atribuições decorrentes de suas funções específicas, e na forma das leis,
processuais e regulamentos em vigor acatando as ordens e instruções das autoridades
superiores.
Seção XXXVII
Das Substituições
Art. 168. O Corregedor Geral da Justiça é substituído nas licenças, férias, faltas e
impedimentos pelo Vice-Corregedor Geral da Justiça.
• Artigo com redação dada pelo art. 2º da Lei n. 5.243, de 12/06/2002, publicada no DOE
nº 123, de 28/06/2002, p. 3.
Art. 171. Nas comarcas de Floriano, Picos e Campo Maior, os Juízes se substituem
reciprocante.
Parágrafo único. Afastados ou impedidos os dois assume o Juiz de Direito Adjunto
que o Tribunal designar.
Art. 172. Nenhum Juiz de Direito ou Juiz de Direito Adjunto pode ter exercício,
simultaneamente em mais de duas (2) varas ou comarcas.
Art. 173. Os demais Juízes de Direito são substituidos pelo Juiz de Direito Adjunto
da Zona e, no impedimento ou impossibilidade de serventia deste por Juiz que o Tribunal
designar.
Art. 174. Os Juízes de Paz são substituídos pelos seus respectivos suplentes na ordem
numérica.
Art. 175. Os Tabeliães, Escrivães, Oficiais de Registro Civil podem ser substituídos
por um dos seus Escreventes Juramentados que ao Juiz compete, no interior, designar. Na
Comarca da Capital essa designação cabe ao Corregedor da Justiça.
Parágrafo único. Onde houver dois Escrivães e não existirem Escreventes
Juramentados no Cartório, aqueles se substituem reciprocamente, se não for nomeado
substituto provisório.
Seção XXXVIII
Dos vencimentos e Vantagens
Art. 179. O vencimento básico dos Juízes de Direito é fixado com a diferença de 5%
(cinco por cento) de uma entrância para outra, feita a computação da mais alta para menos
elevada.
• Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei n. 5.360, de 18/12/2003, publicada no
DOE nº 244, de 22/12/2003, p. 2.
Art. 181. Aos Magistrados se atribuem gratificações adicionais por tempo de serviço,
não excedente a trinta e cinco (35%) dos vencimentos, computando-se a partir dos cinco (5)
anos de serviço público, cinco por cento (5%) por quinquênio.
Art. 183. As custas contadas por ato das autoridades judiciárias são pagas pelas
partes e revestem em favor do Estado, conforme lei específica.
Art. 184. Os Juízes de Direito que substituam outro Juiz, por falta, licença ou férias,
recebem uma gratificação correspondente ao período da substituição na base de dez por cento
dos próprios vencimentos.
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• Artigo com redação dada pelo art. 1º da Lei n. 4.481, de 1º/06/1992, publicada no
DOE nº 102, de 1º/06/1992, p. 10.
• Artigo com redação dada pelo art. 3º da Lei n. 5.243, de 12/06/2002, publicada no DOE
nº 123, de 28/06/2002, p. 3.
Art. 188. Alem dos casos previstos na legislação comum, as autoridades judiciárias
não podem sofrer qualquer desconto em seus vencimentos, quando chamadas pelo Presidente
do Tribunal, pelo Corregedor da Justiça e pelo Conselho de Magistratura, para o desempenho
de comissão especial.
Art. 189. O Estado construirá mais sedes das Comarcas prédios com que for
nomeado Desembargador, uma ajuda de custo de um mês de vencimento, a título de primeiro
estabelecimento.
• No texto publicado, por equívoco, este artigo e o seguinte aparecem como art. 190.
§ 1° Ao bacharel que for nomeado Juiz de Direito Adjunto e deferida uma ajuda de
custo correspondente a um mês de vencimento.
§ 2° Quando promovido à entrância imediata, ou o cargo de Desembargador, o Juíz
de Direito faz jus a uma ajuda de custo correspondente a um mês de vencimento do novo
cargo.
Art. 190. O Estado construirá nas sedes das Comarcas prédios condignos para o foro
e residência do Juiz e do Promotor.
Parágrafo único. O Município interessado na instalação funcionamento de comarca
recém-criada pode firmar convênio com o Estado para o cumprimento do presente artigo.
• Artigo com redação dada pela Lei n. 3.786, de 02 de abril de 1981, publicada no
DOE nº 68, de 10/04/1981, p. 3.
Seção XXXIX
Das Licenças e Férias
Art. 198. Os Magistrados têm direito a sessenta (60) dias de férias anualmente,
coletivas ou individuais.
§ 1° Os Desembargadores gozam férias coletivas, nos períodos de 2 a 31 de janeiro e
de 2 a 31 de julho.
§ 2° Aos Juízes de Direito se atribuem sessenta (60) dias de férias individuais,
anualmente de acordo com a escala organizada pelo Tribunal de Justiça, no mês de
Dezembro.
Art. 199. Se a necessidade do serviço não lhes permitir gozo de férias coletivas,
gozam-se individualmente, em período de trinta (30) dias, o Presidente, Vice-Presidente do
Tribunal e o Corregedor, bem assim os magistrados que servem no Tribunal Regional
Eleitoral, na forma que for estabelecida pelo Tribunal de Justiça.
§ 1° As férias individuais não podem fragmentar-se em períodos inferiores a trinta
(30) dias, e somente se acumulam por imperiosa necessidade do serviço e pelo prazo máximo
de dois (2) meses.
§ 2° É vedado o afastamento do Tribunal ou de qualquer de seus órgãos judiciantes,
em gozo de férias individuais no mesmo período, de membro em número que possa
comprometer o quorum para julgamento.
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Art. 202. Para efeito de protesto de títulos os Cartórios de Notas do Estado não
funcionam aos sábados.
Art. 203. No período de férias coletivas e nos dias de feriados não se praticam atos
judiciais.
§ 1° Excetuam-se.
I – as medidas cautelares;
II – as citações, protestos e interpelações, os quais, no entanto, para fluência dos
prazos deles decorrentes e para os efeitos de comparecimento do citado, em Juízo, se têm
como feitos no primeiro dia útil;
III – os arrestos, penhores, sequestros e arrecadações, buscas e apreensões, depósitos,
detenções pessoais, abertura de testamento, embargos de obra nova e atos análagos;
IV – habeas corpus, mandados de segurança, processos e recursos crimes, prisões,
fianças e soltura de presos.
§ 2° Além dos atos enumerados no parágrafo anterior, podem ser processados e
julgados no período de férias coletivas e não se suspendem pela superveniência destas:
I – as causas de alimentos provisionais, desapropriações, impedimentos
matrimoniais, separação judicial, divórcio, nulidade e anulação de casamento, acidentes do
trabalho, soldadas, ações possessórias de rito especial, inventários e partilhas, falências e
concordatas preventivas;
II – nomeação e remoção de tutores e curadores;
III – as ações prescritíveis em tempo não superior a um mês;
IV – os atos de jurisdição voluntária a todos aqueles necessários à conservação do
direitos, e possam prejudicar-se com o adiamento;
V – as sessões do Júri e seus atos preparatórios e os de polícia judiciária ou
adminstrativa;
VI – o processo de relevação e a execução das multas impostas aos jurados.
Seção XLI
Das Incompatibilidades e Suspeições
• No texto publicado, por equívoco, passa-se da Seção XXXIX diretamente à Seção XLI.
Art. 206. Na mesma Comarca não podem servir ao mesmo tempo como Juiz e
substituto os que sejam parentes ou afins em grau indicado no art. 204 bem assim marido e
mulher.
Parágrafo único. A mesma incompatibilidade existe quando o parentesco for entre o
Juiz ou o seu substituto e os serventuários da Justiça.
Art. 207. Não podem requerer nem funcionar como advogados os que forem
cônjuges, parentes e afins de Juiz nos graus indicados.
§ 1° Fica o Juiz impedido, se o trabalho do advogado se der em virtude de
distribuição obrigatória ou de ter sido antes da propositura da ação, constituída procurador do
réu, salvo se a indicação for procurada maliciosamente.
§ 2° A incompatibilidade se resolve contra o advogado, se este estiver de intervir no
curso da causa em primeiro ou segundo grau de jurisdição, ou em primeira ou segunda
instância.
Art. 208. São nulos os atos praticados pelo Juiz, depois de se tornar incompatível.
Art. 209. O Juíz deve dar-se de suspeito e, se não o fizer, pode como tal ser recusado,
por qualquer das partes, nos casos legais.
Art. 211. Pode o Juiz dar-se por suspeito, se afirmar a existência por motivo de
ordem íntima, sem necessidade de expopr o motivo, quando se tratar de questão civil.
Art. 212. A suspeição, sob pena de nulidade, será restrita aos casos enumerados e
sempre motivida, salvo o disposto no artigo anterior.
Art. 213. O Juiz deve declarar nos autos os motivos quando for incompatível, ou
tiver impedimento legal para funcionar.
Art. 214. Os promotores não podem advogar em causas em que seja obrigatório, em
primeira instância, a intervenção do Ministério Público, por qualquer de seus órgãos.
§ 1° Não podem também servir em juízo de cujo titular sejam cônjuges, ascendentes,
descendentes ou colaterais, até o terceiro grau inclusive, por consanguidade ou afinidade,
resolvendo-se a incompatibilidade por permuta ou transferência, conforme o caso.
§ 2° São nulos os atos praticados pelo Promotores depois que se tornam
incompatíveis.
Art. 218. O membro do Ministério Público deve declarar nos autos os motivos,
quando for incompatível ou tiver impedimento legal para funcionar.
Seção XLII
Da Aposentadoria e Disponibilidade
Art. 226. Em qualquer dos casos enumerados nos artigos precedentes as autoridades
judiciárias deixam o exercício das funções no dia em que apresentam o pedido de
aposentadoria, ou delas se afastam por ordem superior, ou quando completam setenta anos de
idade.
Parágrafo único. Continuam, porém, a perceber os seus vencimentos, na dotação por
meio da qual eram pagos, até que o Tribunal de Contas do Estado julgue a aposentadoria em
definitivo.
Art. 227. O tempo de serviço de advocacia computa-se até dez anos para efeito de
aposentadoria, disponibilidade e adicionais de magistrados, serventuários da Justiça, vedada a
contagem cumulativa.
Art. 231. Os proventos da inatividade serão revistos sempre que, por motivo de
alteração, do poder aquisitivo da moeda se modificarem os vencimentos dos funcionários
ativos.
Art. 232. Os proventos dos magistrados são iguais aos vencimentos dos em atividade,
compreendidas todas as vantagens da categoria correspondente,
Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo às aposentadorias com
vencinmentos não integrais, observada a proporção nela estabelecida.
TÍTULO III
DAS GARANTIAS E DIREITOS
CAPÍTULO I
DAS GARANTIAS
Art. 238. Salvo as restrições expressas nesta Lei, os Juízes gozam das seguintes
garantias:
I – vitaliciedade, não podendo perder o cargo senão por sentença judiciária;
II – inamovibilidade, exceto por interesse público;
III – irredutibilidade de vencimentos, sujeitos, entretanto, aos impostos gerais,
inclusive o de renda e os impostos extraordinários.
CAPÍTULO II
DOS DIREITOS
Art. 241. Os Juízes podem recusar as promoçoes, conservando-se nos seus cargos,
caso em que se promove o imediato, se a promoção for pelo critério de antiguidade; completa
a lista, se a vaga for por merecimento serão observadas as disposições legais.
CAPÍTULO III
DOS DEVERES E SANÇÕES
Art. 246. Os Juízes devem permanecer na sede dos seus Juizados durante o horário
do expediente e quando necessário.
Parágrafo único. Os Juízes só podem sair da sede da Comarca ou Zona, a objeto de
serviço ou a chamado do Presidente do Tribunal, ou do Corregedor da Justiça.
Art. 248. Incorre também em culpa grave o magistrado que não punir as faltas dos
seus subordinados ou não providenciar como de direito, para que se lhes imponha a sanção
disciplinar ou penal, pelos órgãos judiciários competentes.
Art. 249. A autoridade judiciária que exceder os prazos legais, para sentencias ou
despachar, incorre ainda em sanções estabelecidas na legislação processual civil e penal.
Art. 251. Pelas faltas cometidas no cumprimento dos deveres, os serventuários ficam
sujeitos às seguintes penas disciplinares, aplicadas de ofício ou em virtude de reclamação ou
representação das partes interessadas:
I – advertência particular ou pública;
II – representação;
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Art. 254. No processo de que trata o artigo precedente, observa-se o que, a respeito
de inquérito administrativo, esta disposto no Estatuto dos Funcionários Públicos Civil do
Estado.
Art. 256. Em todos os casos em que, alem da falta disciplinar, houve indício de prova
de crime a punir, depois de aplicada a pena diciplinar, os documentos, autos ou papéis devem
ser enviados à autoridade competente para promover a ação penal contra o responsável.
Art. 258. Da imposição de pena disciplinar cabe recurso voluntário, com efeito
devolutivo somente, no prazo de cinco dias de ciência de ato para:
I – o Tribunal de Justiça, quando a pena for imposta pelo Presidente, Câmaras
Reunidas ou Câmaras Especializadas e pelo Conselho da Magistratura;
II – o Conselho da Magistratura, quando a pena for imposta pelo Corregedor;
III – o Corregedor, quando a pena for imposta pelos Juízes de Direito ou pelos Juízes
de Direito Adjunto;
IV – o Juiz em exercício, quando a pena for imposta pelos Juízes de Paz;
§ 1° Em matéria de recurso disciplinar só são admitidas duas (2) instâncias
imponente da pena e aquela para a qual se recorre; nesta, o recurso se exaure completamente.
§ 2° Quando se tratar de pena disciplinar imposta em única instância pelo Tribunal
de Justiça, admite-se pedido de reconsideração dentro de cinco dias , a partir da ciência pelo
punido.
Art. 259. O recurso de pena disciplinar, apresentado à autoridade que a impõe, será,
se for tempestivo, emcaminhados a quem tenha competência para julgá-lo, com ou sem razões
de sustentação do ato de quem aplicou a penalidade.
TÍTULO IV
DISPOSIÇÕES GERAIS, FINAIS E TRANSITÓRIAS
Rio Poti, por este seguindo, à margem esquerda até encontrar, na sua montante, a Avenida
Industrial Gil Martins, por esta seguindo até o Rio Parnaíba;
c) a terceira circunscrição compreende toda a área urbana e rural não incluída nas
primeira, segunda e quarta circunscrições;
d) a quarta circunscrição compreende a área sul do município que partindo da
localidade Salobro, segue, a oeste, pelo Rio Parnaíba, até os limites de Palmeirais; por este
segue até os limites de Teresina com Monsenhor Gil e Demerval Lobão, até o ponto em que
se encontram com a BR-316. No Norte o limite é uma linha deste ponto ao lugar salobro, em
diagonal.
Parágrafo único. O povoado Nazária é a sede da quarta circunscrição enquanto as
demais têm sua sede na zona urbana de Teresina.
Art. 265. As varas, comarcas e zonas criadas por esta Lei devem instalar-se à medida
em que permita a situação econômica-financeira do Estado,em data acordada entre os Poderes
Judiciário e Executivo.
Art. 266. Enquando não forem instaladas as zonas, comarcas e varas criadas nesta
Lei, permanecem a atual jurisdição e competência de cada qual.
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Art. 267. As audiências dos Juízes verificam-se nos dias úteis, entre as nove e às
dezoito horas, na sede do Juízo ou, excepcionalmente, na local que o Juíz designar, e são
públicas, presentes o Escrivão, o Porteiro dos Auditórios e os Oficiais de Justiça.
Art. 269. À hora marcada, o Juiz determina que o Porteiro dos Auditórios, ou o
Oficial de Justiça declare aberta a audiência apregoando as partes, cujo comparecimento for
obrigatório, e, sendo o caso, o órgão do Ministério Público, os peritos, seguindo-se o
estabelecimento nos Códigos de Processo Civil e Penal.
Art. 272. A polícia da audiência ou sessão compete ao Juiz dela Presidente, que deve
exigir o que convier à ordem e ao respeito, podendo, se preciso for, requisitar a força policial,
que ficará a sua disposição.
Art. 275. Em cada Cartório há um livro próprio para registro das sentenças que
puserem termo ao feito, ainda que delas as interponha recurso.
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Art. 276 Rubrica-se todas as folhas do processo em que não houver assinatura do
escrivão, execeto-as em que estiver lançada a decisão do Juiz.
Parágrafo único. O Juiz rubrica as folhas dos autos em que intervier, salvo aquelas
onde haja sua assinatura; o advogado da parte pode rubricar qualquer folha de autos.
Art. 278. Em nenhum caso ficam prejudicados os recurso interpostos pelas partes,
quando por erro ou omissão do Ofícial de Justiça, ou de outros servidores, não tiverem
seguimento ou não forem apresentados em tempo ao Juiz ad quem.
Art. 279. Pela duplicata de autos do escrivão, para que se formem os suplementares,
as custas são devidas na proporção de um terço.
Art. 280. Nas comarcas onde houver mais de uma vara fica estabelecido plantão
judiciário para os habeas corpus e outras medidas de caráter urgente inadiável.
Parágrafo único. O plantão judiciário da Capital é organizado semanalmente pelo
Corregedor da Justiça com os Juízes das Varas Criminais; no interior, a escala compete ao
Diretor do Forum.
Art. 281. Aos sábados, o expediente forense se encerra às doze horas, salvo para
casamento e atos do registro civil que podem ser realizados depois desse horário e nos
domingos e feriados.
Art. 283. É removida ou designada para servir na sede onde residir o marido, a
funcionária pública estadual casada com magistrado, sem prejuízo de quaisquer direitos ou
vantagens do cargo.
Parágrafo único. Não havendo vaga nos quadros da repartição a que pertence, a
funcionária fica adida a qualquer serviço público estadual existentre na sede da comarca.
Art. 287. Cabe ao Tribunal de Justiça promover a reforma do seu Regimento Interno
e dos demais órgãos do Poder Judiciário, e elaborar o regulamento de sua Secretaria, para
adaptá-lo a presente Lei.
Art. 290. Os casos omissos serão resolvidos pelo Tribunal de Justiça no seu
Regimento Interno.
Art. 291. Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as
disposições em contrária.
Este texto não substitui o publicado no Diário Oficial do Estado nº 237, de 12/12/1979,
pp. 1/18.
Conhecimentos específicos
“Camuflar um erro seu é
anular a busca pelo
conhecimento. Aprenda
com eles e faça novamente
de forma correta.”
Nara Nubia Alencar
DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO
Desenvolvimento Psicológico
“ O Homem deseja ser confirmado em seu Ser pelo Homem, e anseia por ter uma presença no Ser
do outro... – secreta e timidamente, ele espera por um sim que lhe permita ser, e que só pode vir de
uma pessoa humana a outra”. Martim Buber
“ O desenvolvimento não se faz em linha reta e sim por crises. Não há desenvolvimento fora dos so-
frimentos e alegrias, sucessos e fracassos, satisfações e frustrações, progressões e regressões do
processo existencial”. Carlos Byington
Desenvolvimento
Segundo Houaiss, é tirar o que envolve ou cobre, fazer crescer, tornar-se maior, mais forte. Conduzir
ou caminhar para um estágio mais avançado ou eficaz.
Iniciaremos este tema falando, rapidamente, sobre a teoria psicanalítica. Segundo Freud o aparelho
psíquico está dividido em três planos ou sistemas – consciente , pré-consciente e inconsciente , com
a analogia de que o funcionamento mental ocorre “comparado” ao iceberg. Pontua que a porção aci-
ma da superfície corresponde ao consciente, a porção que se torna visível, conforme o movimento
das águas, corresponde ao pré-consciente e a parte sempre submersa, proporcionalmente muito
maior, corresponde ao inconsciente.
O conceito de desenvolvimento da personalidade, para Freud, ocorre em sete fases: oral, anal, fálica,
latência, adolescência, maturidade e velhice. Afirmando que em cada fase, a pessoa deve aprender a
resolver certos problemas específicos, originados do próprio crescimento físico e da interação com o
meio.
A solução dos diferentes problemas, que em grande parte depende do tipo de sociedade ou cultura,
resulta na passagem de uma fase para a outra e na formação do tipo peculiar de personalidade. No
decorrer das fases, o indivíduo expressa seus impulsos e suas necessidades básicas dentro de mol-
des que visam a continuação da cultura, seu próprio crescimento e busca do prazer pessoal.
Abordaremos o desenvolvimento psicológico em cada uma dessas fases, salientando os pontos onde
a sociabilização, a linguagem, a segurança no mundo, e em si, a vinculação, a independência, a auto-
estima, etc, poderão ser fortalecidos, e o que poderia causar problemas, uma vez que o ser humano,
tem por natureza, grande capacidade para a alegria.
Observando crianças concluímos que não apenas vêem graça nas coisas, como criam brincadeiras
para si, querendo compartilhar esse divertimento com quem está ao seu lado, funcionando como
forma de sociabilização, aproximação e de troca de afeto.
Fases do Desenvolvimento
Os estudos demonstram ser o bebê extremamente competente sob muitos aspectos – é sensível,
curioso, um aprendiz eficaz, manifestando grande percepção ao tom de voz, gestos, atitudes, expres-
sões e movimentos dos adultos que estão ao seu redor, principalmente àqueles que tem algum signi-
ficado emocional para ele.
A criança ao explorar seu meio em busca das descobertas, logo descobrirá que algumas restrições
serão impostas, e irá manifestar seu desagrado através de birras e choro, aprendendo, no entanto, a
lidar com as limitações que, saberá mais tarde, terá que conviver por toda a vida, mudando a cada
estágio de seu desenvolvimento.
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DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO
O ser humano aprende cedo e prontamente a lidar com as circunstâncias que influenciam, direta ou
indiretamente, a obtenção de seus desejos, o que lhe traz desconforto, o que interfere em suas espe-
ranças, bem como o que lhe traz medos e angustias, buscando formas compensatórias de evitação.
O nascimento é a primeira grande experiência vivida pelo ser humano e o primeiro obstáculo a ser
superado no processo de desenvolvimento. Sair da segurança e proteção do útero materno e enfren-
tar os estímulos do mundo externo requer grandes adaptações psicológicos.
De acordo com vários autores, não resta ao recém-nascido outra alternativa senão viver a “angustia
do desligamento”, a qual pode ser considerada como o protótipo de fenômenos psicológicos, que
aparecerão em outras fases do desenvolvimento, e que denominamos de angustia, ansiedade, ou
depressão.
O ser humano ao nascer, e durante bastante tempo, é totalmente dependente de outros seres huma-
nos para alimentá-lo, cuidar de sua higiene, protegê-lo e dar o apoio emocional, que como veremos a
seguir, é essencial para o seu desenvolvimento psicológico.
Desde os primeiros instantes de vida, o comportamento materno (ou seu substituto) exercerá influên-
cia na formação da personalidade da criança, mesmo que inexista a comunicação verbal. A maneira
como os problemas são solucionados, os gestos feitos na hora de segurar a criança e os sentimentos
em relação a ela, irão provocar respostas de prazer ou desprazer no bebê, que poderá trazer efeitos
duradouros na concepção de realidade.
Devemos dar atenção especial às mudanças que ocorrem na família com o nascimento de uma cri-
ança, pois novos papéis são exigidos e, além de manter os anteriores, aparecem os de pai, mãe, avô,
avó, tios, primos, etc., acarretando, inevitavelmente, uma redistribuição na energia emocional da fa-
mília, bem como alteração no status e nas exigências que serão feitas às pessoas para que cumpram
o correspondente ao “papel”, e que nem sempre será aceito, ou vivido, com tranqüilidade.
Fase Oral
Período de aproximadamente um ano que segue desde o nascimento. Os impulsos da criança são
satisfeitos principalmente na área da boca, esôfago e estômago, ou seja, a libido está intimamente
associada ao processo da alimentação e contato humano, que vem associado ao ato de mamar.
A percepção da criança, nos primeiros meses após o nascimento, é de totalidade, não distinguindo
ainda o “eu” do “não eu”. Se o seio (ou substituto) for gratificante, a imagem de aceitação será introje-
tada, e as expectativas futuras do mundo, em termos projetivos, serão otimistas, o que é conhecido
como o “objeto bom”, e o seu oposto irá gerar insegurança e desconfiança.
Por volta dos seis meses, já há uma percepção da mãe “como uma pessoa total”, integrada em seus
aspectos bons e maus, e a relação da criança com a mãe é mais realistas, aprendendo a controlar
sua ansiedade e seus impulsos frente às demandas do meio, preparando-se para enfrentar os novos
desafios da fase seguinte de seu desenvolvimento.
Para Erikson a primeira coisa que se aprende na vida é receber; e a criança recebe não só com a
boca mas com os sentidos, com os olhos, ouvidos e com o tato. A atitude psicossocial básica que se
aprende, neste estágio, é “saber” se pode confiar no mundo a sua volta, se será alimentada nos horá-
rios adequados e na quantidade correta, deixando-a confortável. Irá desenvolver, a Confiança X Des-
confiança.
É importante salientar que, de acordo com Erikson, desconfiança na dose certa é importante, pois
desenvolve a prontidão frente ao perigo, assim como a antecipação do desconforto desenvolverá o
instinto de proteção, que ajudará a criança a tornar-se mais autônoma.
Fase Anual
No final do primeiro ano de vida estão presentes habilidades como virar-se, sentar, engatinhar, ás
vezes andar, assim como o início da comunicação verbal, ora para pedir coisas, ora como forma de
sociabilização. Nessa fase inicia-se a capacidade de julgar a realidade e antecipar situações, possibi-
litando maior tolerância ás tensões do cotidiano, e normais no desenvolvimento.
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DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO
Durante o segundo e terceiro anos de vida a criança será estimulada a desenvolver a autonomia,
tornando-se mais independente, inclusive no que se refere ao controle dos esfíncteres, e cuidados
com a higiene pessoal, que estará de acordo com as exigências do meio em que vive e de sua cultu-
ra familiar.
Passa a viver outro conflito, pois embora tenha prazer em agradar os adultos que a elogia quando
acerta, não poderá esvaziar a bexiga e o intestino imediatamente para, então, obter o alívio da ten-
são, pois tem local próprio e “hora certa” para fazê-lo. Deve aprender a reter quando desejaria elimi-
ná-los, mas descobre que também pode ter prazer durante esse processo.
Os impulsos, nesta fase, levam a criança a vivenciar a busca do domínio do ambiente, e das pessoas
que estão a sua volta, para obter o máximo de prazer possível. É a fase das “birras”, crises de ner-
vos, parecendo necessitar de limites claros, para então se acalmar.
Erikson denominou esse conflito de Autonomia X Vergonha e Dúvida. Quando a criança consegue ter
a autonomia para realizar o que é solicitado pelo meio, sente-se gratificada, e quando não consegue
passa a sentir vergonha, podendo desenvolver o comportamentos obsessivos, tornando-se mal hu-
morada, fechada e com uma hostilidade encoberta. É a fase onde pode tornar-se muito ordeira e
meticulosa, sendo colaboradora e participativa.
Fase Fálica
O período que vai dos 3 aos 5/6 anos, a criança já tem maior consciência de si mesma, percebendo
com maior clareza o mundo que a rodeia, interessando-se pelo ambiente e indagando sobre o signifi-
cado e as causas dos fatos.
Aumenta o interesse pelo próprio corpo, principalmente pelos genitais, tornando-se mais exibicionista,
masturbando-se e buscando contato físico com outras crianças.
Aparece, nesta fase, o fenômeno conhecido como complexo de Édipo, e o conflito da ambivalência
entre o amor e o ódio, pois o seu “objeto de amor” também é a figura disciplinadora que coloca limites
e restrições, e o “objeto odiado” é provedor, lhe dá segurança e proteção.
Na chamada iniciativa existe a busca dos objetos que lhe dê a satisfação, e é o que move a criança a
ligar-se ao “objeto de amor”, tentando identificar-se como o modelo entendido como “adequado”. A
culpa surge como conseqüência dos sentimentos de onipotência, rivalidade, competição e ciúmes
que acompanham o desejo de obter os fins procurados.
A conduta social básica que pode manifestar-se nessa fase é a de tentar sempre “tirar vantagem”,
bem como o ataque frontal as pessoas que tentam colocar limites, tendo prazer na competição e na
conquista, insistência em alcançar uma meta e, embora, demonstre segurança e tenha atitude resolu-
ta, pode carregar traços de inferioridade. Por outro lado, nessa fase a criança torna-se amigável, co-
laboradora, amorosa, sendo capaz de proporcionar bem estar as outras pessoas uma vez que é ca-
paz de ter empatia, podendo se colocar no lugar do outro.
Período de Latência
Dos 5 aos 10 anos a criança utiliza sua energia psíquica para o fortalecimento do ego, o qual se tor-
nará melhor equipado para lidar com os impulsos que virão nos próximos anos, e para adaptar-se aos
novo ambientes. Volta-se para o mundo externo, como escola, jogos, amizades e outras atividades,
fora do ambiente familiar, passando a buscar novos ídolos e heróis, fora de casa.
Se ocorreram turbulências nas fases anteriores, poderá ser uma criança irritada, agressiva, exibicio-
nista, com excessiva curiosidade sexual, apresentando mau aproveitamento escolar, podendo ter
pavores noturno, enurese, ou dificuldades alimentares.
Nesse período da vida sua auto-estima já não depende exclusivamente da aprovação externa, tendo
a própria crítica ao proceder de forma “certa ou errada”. A sensação de acerto provoca sentimento de
segurança, prazer e auto valorização, e ao contrário, a sensação de erro traz culpa e remorso.
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DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO
Segundo Freud aparece neste momento o superego, herdado do complexo de Édipo, podendo, a
partir da auto crítica, surgir o medo excessivo de doenças, de acidentes, de perder o amor das pes-
soas, da morte e da solidão.
Passa a ter importância vestir-se como os de sua idade, o conhecimento intelectual, os valores soci-
ais, os bens materiais, bem como a imagem de perfeição que construiu para si mesma. O ego procu-
ra manter esta imagem evitando o sofrimento vindo dos sentimentos de inferioridade e da diminuição
da auto-estima que aparecerão sempre que os ideais forem frustrados.
Estabelecendo relações interpessoais fora da família, começa a empreender a difícil tarefa de ajustar-
se às outras pessoas e manejar seus impulso para conseguir viver socialmente. Tem necessidade de
pertencer a um grupo de iguais e de ser aceito pelos companheiros, bem como de sentir-se respon-
sável e capaz de realizar feitos que recebam aprovação e lhe dêem um status no grupo, desenvol-
vendo um conceito de “si mesmo”.
Meninos e meninas formam grupos separados, excluindo-se mutuamente, buscando jogos diferentes,
sendo que os meninos têm pavor de parecer-se com meninas, e se vigiam para denunciar quando
isso acontece.
Erikson descreve esta fase como Construtividade X Inferioridade, sendo que na construtividade busca
o aprendizado e a realização, utilizando-se de suas potencialidades e capacidades. Na inferioridade,
por não receber estímulo do meio considera-se incapaz em relação aos outros, sentindo-se a mar-
gem de seu grupo, desistindo de competir, como se estivesse destinado à mediocridade.
É a fase onde a transição está ocorrendo e não é mais criança, mas ainda não é jovem (fase infanto-
juvenil), desejando em alguns momentos permanecer num estado de despreocupação, liberdade e
aventura, e em outros total inércia.
Adolescência
A adolescência é uma fase cheia de questionamentos e instabilidade, que se caracteriza por uma
intensa busca de “si mesmo” e da própria identidade. Nessa fase todos os padrões estabelecidos são
questionados, bem como criticadas todas as escolhas de vida feita pelos pais, buscando assim a
liberdade e auto afirmação.
Os adolescentes são desajeitados em seus movimentos, sendo que a fala fica alterada, a voz vibran-
te, desafinada e alta. O humor fica extremamente lábil, com crises de raiva, choro e risos, alternados
e exagerados, além da insatisfação constante, e oposição a tudo o que o adulto sugere.
Erikson aponta com sendo a fase da Identidade X Confusão de Papéis, uma vez que há um grande
desejo de ser valorizado por possuir ou realizar algo que seja só seu, algo inédito, que lhe traga um
destaque no grupo; porém o medo de não ser capaz está sempre presente. É uma fase de muita
criatividade, com críticas ao que acontece ao seu redor, ou no planeta como um todo, tendo necessi-
dade de falar sobre o que pensa, mas só quando desejar, como se precisasse constantemente provar
sua liberdade de falar ou calar.
Maturidade
Poderíamos dividir esta fase em dois momentos: o Jovem adulto, período que vem logo após a ado-
lescência, e a Meia Idade.
Para Erikson o jovem adulto passa pela fase da Intimidade X Isolamento, onde deseja um relaciona-
mento afetivo íntimo, duradouro e continuo, através de relações profundas, buscando, também nessa
fase, a construção de uma carreira profissional que lhe dê estabilidade e boa condição financeira.
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DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO
Erikson descreve a Meia Idade como sendo a fase da Produtividade X Estagnação, onde se a carrei-
ra profissional e as questões emocionais estiverem “resolvidas”, tanto pode ocorrer uma estagnação,
como uma busca de novos desafios. Caso não tenha realizado seus ideais até este período da vida
também poderá acontecer uma das duas saídas, dependendo das mensagens que estão gravadas
em seu inconsciente, em função das fases anteriores do seu desenvolvimento, e as opções feitas no
passado.
A chamada crise dos 40 ocorre quando se avalia que não se tem mais todo o futuro pela frente, e que
o recomeço não é tão simples, pois sair do conhecido, e lançar-se no escuro amedronta, torna-se
mais preocupante do era que antes.
Jung, no entanto, vê esta fase como extremamente criativa dizendo ser o “inicio do libertar-se do
aprisionamento do ego” e em vez de representar a última chance, como pensam alguns, é sim um
período especial, com significativas possibilidades para a maturação saudável, e que o importante é
responder as seguintes perguntas :
Velhice
Erikson descreve esta fase como sendo aquela onde se desenvolve a Integridade X Desesperança,
onde ocorre naturalmente a avaliação do que foi vivido, com a percepção clara de que não é possível
mudar muitas das coisas que já passaram. É um fato real que a pele já não tem a mesma elasticida-
de, que os olhos enxergam diferente, que dentes e ossos são mais frágeis, e que se o idoso ficar
preso a essas perdas haverá muito inconformismo, revolta ou depressão.
Em contra partida, é fácil observar que pessoas de idade avançada realizam tarefas de grande impor-
tância em várias áreas de atividade humana, quer na política, ciência ou nas artes, e que muitos sá-
bios, músicos, escritores, pintores e escultores realizaram suas conquistas já bastante idosos.
Erikson entende que se o idoso conseguir manter a “integridade do ego” para adaptar-se às mudan-
ças pessoais e sociais, conseguirá satisfazer seus anseios, com maior tolerância para com as ocor-
rências da vida atingindo, como resultado de toda experiência vivida, o dom da sabedoria.
O adulto ensina falando e a criança descobre que o ato e a palavra vêem juntos, e vários autores
concordam que “aquilo que exatamente se diz” adquire enorme importância, passando a ter, desde
muito cedo, significado dentro de um “sistema de crenças”, altamente complexo, que irá regular mui-
tas atitudes futuras ou contribuir para a evitação de situações que, de acordo com os valores introje-
tados, poderiam constrangê-la. Essas crenças dizem respeito à imagem do próprio eu , ou seja, do
como se é : corajoso ou covarde, esperto ou “bobo”, muito amado ou tolerado, organizada ou desor-
ganizado, sadio ou doente, etc.
Na relação humana não existe a linguagem linear – aquela que tem por objetivo um significado está-
vel, sem distorções, ambigüidade, com separação clara entre significado real ou emocional. Como
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DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO
afirma Paul Watzlawick, no livro Pragmática da Comunicação Humana é “impossível para o ser hu-
mano não se comunicar de alguma forma, mesmo sem o uso da palavra ou da escrita”.
Gregory Bateson define a psicologia social como: “O estudo das relações dos indivíduos às reações
de outros indivíduos. Temos que considerar não só as reações de A ao comportamento de B, mas
também de que modo elas afetam o comportamento posterior de B e o efeito disso sobre A”
A família proporciona a primeira imagem de sociedade (e sociabilidade), no contexto de sua sub cul-
tura específica, apresentando os padrões de relação que a criança aprenderá e que servirá como um
primeiro, mas poderoso, vislumbre das possibilidades de interação entre pessoas. Todos os membros
de uma família são influenciados pelos costumes desse grupo (leis familiares), assim como ao sair
sofrerão a influencia das “agências de sociabilização” (escola, parque, creche, vizinhos, etc.), e con-
sequentemente, trarão esses padrões para dentro de casa, alterando o comportamento familiar, atra-
vés do desenvolvendo de novos papéis, modificando alguns valores aprendidos de seus antepassa-
dos, podendo ocorrer grandes choques nas relações, interferindo no desenvolvimento psicológico de
seus membros, e aparecimento dos famosos “bodes expiatórios”.
Gostaria de terminar deixando a frase do psicólogo e terapeuta de casal e família Salvador Minuchin:
“ Ser pai e educador é um processo difícil e ninguém o desempenha a seu inteiro contento e ninguém
o atravessa incólume”.
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DESENVOLVIMENTO FISICO PSICOLOGICO COGNITIVO
E SOCIAL DA INFANCIA A ADOLESCENCIA
Psicologia Do Desenvolvimento
A psicologia do desenvolvimento acompanha o ser humano desde a sua concepção até ao fim da sua
vida.
Psicologia Do Desenvolvimento
A psicologia do desenvolvimento acompanha o ser humano desde a sua concepção até ao fim da sua
vida. É por esse motivo necessário compreender como se constrói a identidade de cada um, de
acordo com factores biológicos, psicológicos, ambientais e de personalidade.
Desenvolvimento Da Criança
Papalia, Olds e Feldman (2001) referem que, em psicologia do desenvolvimento, a criança deve ser
compreendida dos pontos de vista físico, psicossocial e cognitivo em cada período do crescimento,
uma vez que todos estes aspectos formam um todo, articulando-se entre si. Por exemplo, um pro-
blema de ouvido pode afectar o desenvolvimento ao longo da linguagem, na infância e, durante a pu-
beredade, com as mudanças hormonais e fisiológicas, afectar também o seu auto conceito (Papalia,
Olds, & Feldman, 2001).
No que concerne à personalidade, diz respeito ao comportamento que adoptamos em cada situação,
que articulado com o desenvolvimento social, isto é, a forma como nos relacionamos com os outros,
formam o nosso desenvolvimento psicossocial e afectam os nossos processos físicos e cognitivos
(Papalia, Olds, & Feldman, 2001).
Influências
Segundo Papalia, Olds e Feldman (2001) embora haja características comuns a todas as crianças,
devido aos aspectos naturais das diferentes fases de desenvolvimento, elas não crescem todas ao
mesmo ritmo, não aprendem todas da mesma forma, não se relacionam da mesma maneira, por
questões sócio-culturais, de personalidade, de contexto ambiental e familiar, etc.
Questões hereditárias, de ambiente e de maturação, explicam estas diferenças (Papalia, Olds, &
Feldman, 2001).
A nossa genética é determinada biologicamente; o ambiente externo, que diz respeito ao mundo exte-
rior a nós, começa no útero e está ligado às diferenças individuais que crescem conosco; a nossa
maturação (corpo e cérebro) diz respeito às mudanças geneticamente construídas aos níveis físico e
comportamental (Papalia, Olds, & Feldman, 2001).
Todas estas características do ser humano, desenvolvidas desde o útero, irão, articuladas entre si,
formar o adolescente e posteriormente o adulto, mostrando a importância da relação entre as nossas
mudanças físicas e a nossa experiência de vida, para aquilo que vamos ser no futuro (Papalia, Olds,
& Feldman, 2001).
A Adolescência
Esta fase é característica por trazer novos elementos à vida do indivíduo e de toda a família, período
em que a criatividade entra em erupção, junto com a vontade de experimentar coisas novas com co-
ragem e paixão pelo desafio (Boisvert, 2006).
Para além disso, Pratta e Santos (2007) consideram o desenvolvimento de ordem corporal, matura-
tiva, biopsicossocial e de personalidade, que surtem uma grande influência nesta paixão pelo desafio,
pelo aproveitar de novas oportunidades e até mesmo pelo questionamento de alguns valores familia-
res incutidos ao longo da vida, por altura do encontro com os grupos de amigos.
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E SOCIAL DA INFANCIA A ADOLESCENCIA
É esperado que os pais compreendam que as mudanças são inerentes a esta fase do desenvolvi-
mento do ser humano e que, quando assim não acontece, pode ser um sinal patológico (Boisvert,
2006).
Mudanças no corpo, no pensamento, nas relações, e até no humor, são muito recorrentes e o indiví-
duo tende a adoptar comportamentos totalmente inesperados que nem sempre são fáceis de tolerar,
contudo, acompanhar as suas capacidades, estimular a sentir-se bem consigo mesmo e a ser capaz
de enfrentar a vida com determinação e coragem é fundamental (Boisvert, 2006).
Inseguranças, desiquilíbrios e instabilidade, que muitas vezes provocam angústia, surgem com bas-
tante frequência e é necessária a intervenção e o apoio dos pais nesta fase (Pratta, & Santos, 2007).
Contudo, por vezes, os pais sentem dificuldade em orientar os seus filhos, o que leva à necessidade
de criar programas de apoio às famílias, que ajudem as mesmas a encontrar respostas que ajudem
os filhos em situações que obriguem a uma grande capacidade de reflexão e necessidade de tomar
decisões importantes (Pratta, & Santos, 2007).
As autoras consideram o papel dos pais, nesta fase, como o mais importante de todos, uma vez que
se trata da fase de transição da infância para a idade adulta e onde começa, gradualmente, a cons-
truir-se a autonomia pessoal (Pratta, & Santos, 2007).
No entanto, devido a factores como Nível Sócio-Económico (NSE), etnia e cultura, as famílias não ac-
tuam todas da mesma forma, o que faz com que os adolescentes também não ajam todos da mesma
forma, o que resulta na necessidade de diferentes formas de intervir, de acordo com os contextos
(Papalia, Olds, & Feldman, 2001).
Verifica-se então que o ser humano é influenciado ao longo de todo o seu desenvolvimento, por ques-
tões biopsicossociais e que todas estas se articulam entre si no que diz respeito ao seu desenvolvi-
mento. Quando falamos de psicologia do desenvolvimento temos de saber que os indivíduos não
crescem nem adquirem competências a todos os níveis, de forma estanque, devido à sua genética,
ao seu grau de maturação, e até ao contexto em que se inserem. O envolvimento das famílias no pro-
cesso de maturação dos seus membros, é indispensável, já que são estas as primeiras e mais impor-
tantes orientadoras e influenciadoras de todo o seu processo de crescimento.
A palavra adolescência é derivada do verbo latino adolescere que significa crescer ou crescer até a
maturidade. Refletindo que a adolescência é um período de transição, Muuss (1976) a considera um
período no qual o indivíduo vive uma situação marginal, na qual novos ajustamentos devem ser feitos
entre o comportamento da criança e o comportamento de adulto. Muuss (1976) ainda afirma que, cro-
nologicamente, a adolescência é o tempo que se estende, aproximadamente, dos 12 ou 13 anos até
os 20/21/22 anos, com grandes variações individuais e culturais (MARTINS, 2003).
À primeira vista, a adolescência se mostra como uma categoria vinculada à idade, portanto refere-se
à biologia, ao estado e à capacidade do corpo; no entanto o desenvolvimento do adolescente não se
esgota nas diversas e importantes mudanças que acontecem no âmbito biológico e fisiológico, ele
também comporta várias significações superpostas, elaboradas socio-historicamente. Dessa forma,
além das mudanças biológicas, também ocorrem mudanças de papéis, de ideias e de atitudes. A Psi-
cologia procurou entender melhor essas mudanças por meio de estudos, de discussões e de teoriza-
ções (MUUSS, 1976).
Um dos primeiros estudiosos a respeito foi Stanley Hall. Seu primeiro livro sobre o assunto foi publi-
cado em 1904 sendo, por isso, considerado o pai da Psicologia da Adolescência. Hall caracterizou o
período da adolescência como uma época de tempestade e de tormenta devido à oscilação entre ten-
dências contraditórias: energia, exaltação, superatividade, indiferença, letargia e desprezo. Uma ale-
gria exuberante, gargalhadas, euforia cedem lugar à disforia, depressão e melancolia. O egoísmo, a
vaidade e a presunção são tão característicos desse período como o abatimento, humilhação e timi-
dez (MARTINS, 2003).
Anna Freud fez um estudo desse período a partir da conceituação psicanalítica e atribuiu à adoles-
cência uma grande importância na formação do caráter, partilhando da ideia de que a adolescência é
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E SOCIAL DA INFANCIA A ADOLESCENCIA
Erick Erikson (1972) utilizou as propostas da psicanálise e da Antropologia Cultural, propõe a Teoria
do Estabelecimento da Identidade do Ego, na qual sugere que o ambiente também participa na cons-
trução da personalidade do indivíduo. Essa mudança na visão do desenvolvimento é de grande im-
portância, posto que abre novas fronteiras para o entendimento do desenvolvimento e, mais especifi-
camente, da adolescência. De uma forma geral, antes de Erikson, os teóricos entendiam a adoles-
cência como um estágio do desenvolvimento, ou seja, um período universal, como a infância e a
idade adulta, com características específicas, firmando-se em um período necessário e naturalmente
conturbado (MARTINS, 2003).
Para Erickson (1972), na adolescência o indivíduo vive um momento de “crise”, mas no sentido posi-
tivo, ou seja, está adquirindo novos conhecimentos, se reestruturando, amadurecendo. Aponta ainda,
o autor, que esse período é necessário, podendo resultar em um ser mais saudável, maduro e prepa-
rado para enfrentar a vida adulta.
Segundo Stone (1969), a adolescência inicia no período de mais ou menos dois anos que precede à
puberdade e às mudanças físicas que ocorrem durante esta fase. Seu começo é marcado por uma
explosão no crescimento físico e continua com mudanças nas proporções corporais, maturação de
características sexuais primárias e secundárias e uma série de outras mudanças físicas. É neste perí-
odo que a criança perde o modo infantil e sente as primeiras modificações corporais.
Para trabalhar com o adolescente é importante que o educador, tanto o da escola como o da saúde o
conheça. À medida que ele é conhecido pelo educador, esse pode levá-lo a compreender com mais
facilidade as mudanças que se apresentam nessa fase e encontrar respostas para as bruscas altera-
ções que ocorrem com ele, assim como os sintomas de insegurança que aparecem sem que o ado-
lescente perceba.
Criar espaços de verbalização e de expressão sobre o que significa ser adolescente pode oportunizar
a compreensão e aceitação das mudanças físicas e psicológicas, estimulando a motivação interna na
busca de sua identidade. Esta busca é fortemente influenciada pela ruptura com os pais e a identifica-
ção com o grupo de amigos, educadores ou outros ídolos. Ao buscar no grupo a identidade amea-
çada pelas mudanças, e ao identificar-se com este, o adolescente sente-se mais protegido, com me-
nos dúvidas e menos conflitos. Consequentemente, quando é aceito e valorizado, passa a transferir a
sua dependência da família para os componentes do grupo, aceitando também os seus usos, costu-
mes e rituais (BOCK, 1995).
Daí, o perigo de o adolescente buscar um grupo onde o uso de drogas faça parte dos seus rituais. Di-
ante de tantas alterações, não sendo mais criança e sem os poderes dos adultos, ele pode sofrer e
fazer sofrer aqueles com os quais convive. Se for excluído do grupo onde não é aceito, também sofre
com a rejeição.
Quando um adolescente quer afirmar sua individualidade, ele tende a fazê-lo, levando a moda ao
exagero. Em parte porque o indivíduo quer manter-se e em parte para reassegurar-se da solidez de
sua nova cultura, ele está sempre procurando intensidade e extremos (STONE, 1969, p.272).
Dessa afirmação uma questão se impõe: O que significa individualidade? É o que a era da moderni-
dade preconizou, ou seja, a exacerbação no “eu” egocêntrico, isolado de tudo e de todos, autossufici-
ente? Ou é o que se vive na contemporaneidade, ou seja, a individualização proposta e defendida por
Jung: ir além de si mesmo, de um “eu” fraco e desenvolver um self rico pela compreensão e pela rea-
lização de suas potencialidades. Nesse sentido, um novo ser nasce a partir do conhecimento de si
mesmo (BENNET, 1985). O adolescente não está sozinho no mundo, ele se relaciona com outras
pessoas.
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Ele desenvolve relações afetivas, profissionais e sociais. O educador ou facilitador, assim como os
pais, os professores e profissionais de saúde, devem estar conscientes de que o adolescente, em to-
das as etapas, necessita de ajuda no seu processo de busca da sua individualização, para que possa
alcançar uma harmonia psíquica, tão importante na caminhada em direção à maturidade. Alcançar
esse fim depende da maneira como as pessoas que convivem com ele, compreendem e vivenciam o
seu próprio processo de viver. Na adolescência, muitas vezes, o adolescente toma a decisão de ex-
perimentar o álcool ou outra droga, pois o período que atravessa se caracteriza pelo desafio às auto-
ridades, às normas, às leis e às instituições em geral; pelo espírito de aventura, pela curiosidade, na
busca de novas sensações e descobertas; para mostrar-se crítico em relação a tudo e a todos, espe-
cialmente aos valores vivenciados pelos pais, escola, igreja e outros (STONE, 1969). Seu humor é
quase sempre instável: da tristeza à euforia; da solidão à sociabilidade. Age impulsivamente, não
pensa nas consequências de seus atos. Tem atitudes reivindicatórias e de justiça sociais, muitas ve-
zes exacerbadas. É capaz de passar da rebeldia ao crime, e, até a delinquência, caso não haja cla-
reza e orientação quanto aos seus limites. Considerando esses aspectos, é fundamental, instruí-lo
para os riscos decorrentes da curiosidade de experimentar a vida.
Assim sendo, autonomia pode ser compreendida no sentido de dar as leis a si mesmo e obedecer as
suas próprias leis, ou seja, é a liberdade do agir e do querer que capacita o indivíduo a determinar
sua própria vida tomando como base os recursos da razão (BOBBIO, 1996). Representa a capaci-
dade de o indivíduo determinar a sua vida perante as leis. Então, é um processo que vai possibilitar a
pessoa a agir e aprender racionalmente, tomando como base a harmonia da utilização da razão e da
emoção. Logo, a autonomia será adquirida, basicamente, por intermédio da educação, na família e na
escola, mas também em outros espaços onde a pessoa conviva.
É importante que o adolescente, perceba que os conhecimentos adquiridos ao longo da vida são ina-
cabados e que dele depende a capacidade reflexiva de cada um. Isso significa que a construção da
autonomia envolve a responsabilidade do livre-arbítrio, ou seja, o aprendizado, o conhecimento, a in-
formação. A autonomia é uma ferramenta que está em constante atualização e a utilização dessa fer-
ramenta envolve um comprometimento com as consequências, que se firmará à medida que o indiví-
duo tenha o discernimento de que é a sua ação, íntima e pessoal que determina significativamente o
rumo de sua própria vida e a sua contribuição no contexto global (MENEGHETTI, 1996).
Na teoria, observa-se que o professor idealiza formar indivíduos autônomos, críticos, construtivos, cri-
ativos, harmônicos entre a razão e emoção. Desenvolver o senso de humanidade em cada indivíduo
é o objetivo complexo que a família, a escola e a sociedade contemporânea devem ter em vista hoje.
Entretanto, não é o que se vê na prática.
A educação que busca a instrução e a formação de um cidadão verdadeiro, capaz de criar conheci-
mento, ir além do que é dito e implementar ações na sociedade, demanda, concomitantemente, a
atenção a aspectos de autonomia e de criatividade, uma vez que o ser construtivo é aquele que é o
agente de sua formação e instrução. Ele precisa estar apto para tal, consciente de seus próprios limi-
tes e organizado criativamente para agir com funcionalidade, exercitando a sua cidadania. E, tam-
bém, preservando sua saúde.
A adolescência é uma fase crítica do ser humano entre os 9 e os 20 anos, que ocorrem algumas alte-
rações no indivíduo quer a nível físico, quer a nível psicológico e a nível social.
A nível psicológico, a adolescência é a uma fase em que o jovem tenta essencialmente definir-se
perante os outros, concebendo a sua própria identidade que por vezes pode ter várias consequências
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quer para ele, quer para as pessoas em seu redor, outro aspecto é que o adolescente começa a defi-
nir o rumo da sua vida, é quando começa a realizar decisões sobre a sua vida, como o futuro que de-
seja. A nível social, o indivíduo mostra-se capaz a passar de estado de dependência a um estado de
independência não só a financeiramente mas também emocionalmente, o adolescente também co-
meça a preocupar-se com a sua imagem, querendo alterar por vezes a imagem que dava no pas-
sado. Por fim a nível físico é nesta fase que o organismo sofre mais alterações.
Esta fase é a puberdade, onde irão ocorrer as grandes mudanças biológicas e fisiológicas tanto no
corpo da mulher como do homem.
Em geral, no sexo feminino começa entre os 9 e os 13 anos, variando esse período de pessoa para
pessoa. Com ela vem a primeira menstruação ou menarca. Essa fase também coincide com várias
transformações, que se vinham manifestando na fase pré-puberal. As principais características são:
No sexo masculino as transformações iniciam-se um pouco mais tarde do que nas raparigas, por
volta dos 11 e 15 anos. Os primeiros sinais são o aumento do tamanho dos órgãos genitais, o apare-
cimento da barba, pêlos nas pernas, nos braços e no peito. A voz fica mais grave, os músculos come-
çam a enrijecer, os ombros e o tronco alargam-se, a pele torna-se mais gordurosa e com isso apare-
cem as espinhas. Nesta fase, é natural que os rapazes tenham a sua primeira ejaculação. As princi-
pais mudanças são:
· Crescimento da barba;
· Voz grossa;
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E SOCIAL DA INFANCIA A ADOLESCENCIA
Por vezes estas alterações não ocorrem no devido período e isso pode criar alguns problemas nos
jovens. Alguns problemas nas raparigas podem ter a ver com a menstruação, onde em algumas o
aparecimento da 1ª menstruação ocorre muito cedo e isso pode não ser bem aceite por elas, outro
problema é o desenvolvimento dos seios pois podem criar alguns preconceitos se possuírem seios
poucos desenvolvidos ou até mesmo muito desenvolvidos. Nos rapazes alguns dos problemas pode
ser o crescimento do pénis, onde adolescentes com pénis pequeno podem ser ridicularizados pelos
outros e um outro problema está relacionado com a maturação do organismo, onde rapazes com ma-
turação tardia podem ser mais fracos, baixos e piores atletas.
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O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO
O Processo De Envelhecimento
O processo natural do envelhecimento envolve inúmeras transformações biológicas inerentes aos or-
ganismos e que ocorrem de maneira gradativa e premida por necessidades evolutivas. Este artigo
aborda a forma como alterações anatômicas e fisiológicas próprias do envelhecimento estão estreita-
mente relacionadas ao risco de quedas nos idosos.
Iniciamos mostrando como essas modificações, que começam no início da vida adulta, só se tornam
importantes e funcionalmente significativas, devido à composição redundante dos sistemas orgâni-
cos, quando o declínio atinge uma extensão considerável ou se associa ao aparecimento de patolo-
gias.
A velocidade deste declínio depende de diversos fatores, genéticos e epigenéticos, que determinarão
a resposta do organismo aos estímulos. Procuramos analisar os sistemas orgânicos mais envolvidos
no risco de quedas no envelhecimento fisiológico, tais como: sistema visual e vestibular; sistema ner-
voso central (SNC) e cardiovascular; sistema musculoesquelético e ósseo.
Dessa forma, tratamos inicialmente dos fatores responsáveis pela diminuição da capacidade de man-
ter a estabilidade e a postura, a transposição de obstáculos, a acuidade visual e a função vestibular.
Foi dado destaque especial às alterações dos sistemas musculoesquelético e ósseo, responsáveis
pela locomoção e pela flexibilidade do corpo.
A atrofia e a fraqueza muscular próprias da idade podem levar à sarcopenia, uma síndrome com gra-
ves consequências para os idosos e responsável por um número substancial de quedas e fraturas.
Também discutimos como as modificações fisiológicas estruturais e funcionais do sistema cardiovas-
cular que ocorrem no envelhecimento atuam como mecanismos adaptativos compensatórios às situa-
ções de sobrecarga.
Por fim, analisamos as alterações neurológicas observadas ao longo da vida, enfatizando os aspec-
tos que se referem ao sistema mantenedor do equilíbrio humano. Quando associadas a distúrbios
motores, tais como os de força e equilíbrio, tais alterações muitas vezes são incapacitantes e apre-
sentam um maior risco de morbimortalidade na população idosa, sobretudo se forem decorrentes de
quedas.
As alterações fisiológicas intrínsecas ao envelhecimento são sutis, inaptas a gerar qualquer incapaci-
dade na fase inicial, embora, ao passar dos anos, venham a causar níveis crescentes de limitações
ao desempenho de atividades básicas da vida diária.
Com relação ao sistema vestibular, sua principal função é fornecer ao SNC informações sobre a posi-
ção e o movimento da cabeça em relação à gravidade, gerando movimentos compensatórios dos
olhos e respostas posturais.
Apesar de automático e rápido, o controle postural também é flexível, capaz de adaptar-se a ambien-
tes sensoriais diferentes e a limitações musculoesqueléticas. Além da cabeça, a postura do pescoço,
do tronco e dos músculos antigravitacionais dos membros inferiores é controlada pelo sistema vesti-
bular durante a movimentação e, ainda, na manutenção do alinhamento da massa corpórea sobre a
base de suporte, os pés.
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O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO
No caso de demanda muscular intensa, a hipertrofia de uso pode levar a um aumento ainda maior
das fibras musculares. Por outro lado, na atrofia pelo desuso, as fibras ficam delgadas. A natureza
plástica do tecido muscular é revelada pela multiplicidade de movimentos que o ser humano é capaz
de realizar.
Esses movimentos são controlados a partir do sistema nervoso e diferem de acordo com as caracte-
rísticas particulares dos vários tipos de fibras musculares. Um mesmo músculo, ou grupo muscular,
pode responder e adaptar-se a um movimento de elevada coordenação, a um esforço curto e intenso,
ou ainda a uma atividade prolongada.
Alterações fisiológicas próprias da idade podem levar a uma atrofia e fraqueza muscular maior, a sar-
copenia. Ademais, alterações endócrinas, nutricionais, mitocondriais, genéticas e comportamentais,
como o sedentarismo ou a reduzida atividade física, são determinantes para a distinção do grau de
sarcopenia, que varia muito entre os idosos, sendo mais acentuada nos membros inferiores.
O osso, fundamental por sua função de sustentação, é um tecido ativo continuamente remodelado
com o intuito de manter sua resistência, conservar seu conteúdo mineral e curar-se de microfraturas,
que ocorrem em consequência do contínuo deslocamento. Diversos fatores influenciam na constitui-
ção da massa óssea de um adulto.
O primeiro dentre estes fatores é a herança genética, poligênica e para a qual colaboram igualmente
genes oriundos de ambos os pais.5 Em seguida, enfileiram-se fatores ambientais dos quais partici-
pam alimentação e exercícios, de tal forma que a massa óssea presente no início do processo de en-
velhecimento será de capital importância para o idoso.
Com taxa de remodelamento maior do que a do osso cortical, o trabecular é mais dinâmico e respon-
sivo a fatores de crescimento, hormônios e minerais, sendo o que mais sofre com o envelheci-
mento.6 As alterações ósseas e musculares observadas com o aumento da idade são interdependen-
tes. Ossos mais frágeis são apoiados por músculos mais fracos, o que leva a quedas e à sua conse-
quência mais temida, as fraturas.
A hipertrofia da parede ventricular e a rigidez arterial são consequências desse processo, assim como
a estreita correlação entre disfunção diastólica e idade avançada.7 Aliadas ao uso habitual de medi-
camentos para controlá-las, essas alterações favorecem a ocorrência de quedas, tão comum em ido-
sos.
Com o avançar da idade, o indivíduo apresenta deficiências no controle genético da produção de pro-
teínas estruturais, de enzimas e dos fatores neurotróficos. Esse deficit, por sua vez, repercute de ma-
neira negativa na função das células nervosas e da glia, tornando mais difíceis a neurogênese, a
plasticidade, a condução e a transmissão dos impulsos nervosos. Com isso, são gerados deficit con-
sideráveis nos equilíbrios estático e dinâmico.
Abaixo, discutiremos mais detalhadamente como as alterações anatômicas e fisiológicas dos siste-
mas acima citados ocorrem no envelhecimento humano bem-sucedido e, ainda, como podem contri-
buir com a fisiopatologia relacionada à propensão de quedas em idosos.
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O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO
Alterações Visuais
Como a córnea torna-se menos sensível, suas lesões podem passar despercebidas no envelheci-
mento fisiológico. Entretanto, a atrofia do epitélio pigmentar da retina e a degeneração da porção cen-
tral da sua mácula, a fóvea, são as causas mais graves de perda visual em idosos. Além disso, o ta-
manho da pupila diminui e ela se torna mais lenta nas respostas à escuridão ou à luminosidade in-
tensa; o cristalino torna-se esbranquiçado, menos flexível e levemente opaco, resultado do agrupa-
mento de componentes proteicos da lente.
Relacionada com a idade, a catarata é uma causa de cegueira em uma escala global, envolvendo in-
fluências genéticas e ambientais. Nela, ocorrem modificações pós-translacionais e acúmulo de cro-
móforos fluorescentes, aumentando a susceptibilidade ao dano oxidativo, embora esse processo co-
mece a partir da quarta década de vida.
À medida que a área opaca aumenta, a visão torna-se cada vez mais comprometida.10 Anatomica-
mente, a perda de gordura em volta dos olhos provoca seu afundamento dentro da órbita e a redução
da força dos músculos extraoculares dificulta a rotação dos olhos e a movimentação nos planos verti-
cal e horizontal.
Vários estudos têm mostrado que o enfraquecimento da visão provocado pelo envelhecimento fisioló-
gico reduz a estabilidade postural e aumenta significativamente o risco de quedas e fraturas em ido-
sos.
A partir da quarta década de vida, são observadas alterações anatômicas e fisiológicas no sistema
vestibular que se acentuam com o passar do tempo. São processos degenerativos que levam à redu-
ção gradual na densidade dos receptores e no número de células receptoras de algumas estruturas
do sistema.
Esse risco aumenta consideravelmente com o avançar da idade (acima dos 80 anos), quando associ-
ado a outras doenças crônicas como o diabetes f, e ainda pela polifarmácia, comum na velhice. As
vestibulopatias em idosos costumam estar associadas a outros sistemas responsáveis pelo controle
postural, como a visão e as sensações proprioceptivas.
Estas se caracterizam por sinais enviados ao SNC por receptores sensoriais presentes nos músculos,
tendões e nas articulações, que aferem ao movimento e à estabilidade do corpo. Assim, a conduta
terapêutica, normalmente centrada em exercícios de reabilitação vestibular, é significativamente
abrangente.
No ser humano, o sistema muscular alcança sua maturação plena entre 20 e 30 anos de idade.
Os diferentes tipos de músculos são formados por grupamentos distintos de fibras musculares, cujo
diâmetro aumenta gradualmente durante o crescimento fisiológico, podendo variar entre 10 e 100
µm.15 A partir dos 30 anos de vida, a densidade muscular diminui, ocorre perda gradual e seletiva
das fibras esqueléticas que dão lugar a tecido adiposo e colágeno.
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O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO
Após os 35 anos, há alteração natural na cartilagem articular que, associada às alterações biomecâ-
nicas adquiridas ou não, provocam ao longo da vida degenerações diversas que podem levar à dimi-
nuição da função locomotora e da flexibilidade, acarretando maior risco de lesões. De fato, observam-
se alterações da estrutura do colágeno como redução do comprimento das cadeias de condroitina na
cartilagem articular.
Porém, é importante salientar que tais alterações não indicam que a pessoa tenha uma doença arti-
cular degenerativa ou venha a apresentá-la, e sim que existe uma possibilidade aumentada de que a
cartilagem articular possa sofrer lesões decorrentes de obesidade, trauma, doença metabólica, fato-
res hereditários e pelo desgaste próprio do tempo de vida.
Com o avanço da idade, a perda muscular é progressiva, porém, não apresenta um comportamento
linear em função do tempo, sendo mais pronunciada no sexo feminino do que no masculino, esti-
mando-se uma perda de aproximadamente 5% por década até os 50 anos, e a partir daí, 10% por dé-
cada até os 80 anos.15 Nos idosos, há uma importante diminuição na proporção de fibras musculares
anaeróbicas de contração rápida em comparação com as fibras aeróbicas de contração lenta.
Prejudicado pela fraqueza muscular progressiva, o idoso tende a posturas viciosas irregulares e com-
pensatórias, mas que impõem um agravamento crescente às estruturas do aparelho locomotor, le-
vando à lentificação da marcha e perda de equilíbrio, fatores esses que induzem a uma maior tendên-
cia a quedas e fraturas.
Quanto aos mecanismos hormonais associados à sarcopenia, podemos citar a ativação do sistema
renina-angiotensina e o consequente aumento dos níveis de angiotensina II, implicados na atrofia
muscular por levarem ao aumento dos níveis da E3 ligase atrogina e, assim, à proteólise.
Se levarmos em conta a prevalência da hipertensão arterial no idoso, este pode ser um mecanismo
relevante, contribuindo para a sarcopenia. Hormônios que levam ao anabolismo muscular, como a
insulina, o fator de crescimento semelhante à insulina 1 (IGF-1), hormônios tireoidianos e a testoste-
rona promovem acúmulo de proteína e a hipertrofia muscular e decaem com a idade, favorecendo o
decréscimo da massa muscular.18 A resistência à insulina, que aumenta com o envelhecimento, é
mais um dos fatores de propensão à sarcopenia, sendo esta diretamente proporcional ao conteúdo
de gordura intracelular.
As mitocôndrias, a "usina de força" dos músculos, decaem em número e capacidade funcional com o
envelhecimento.20 Mecanismos possíveis para a perda progressiva destas organelas são a lesão do
DNA mitocondrial e o deficit das células na remoção das mitocôndrias danificadas.
O DNA mitocondrial é mais susceptível a lesões do que o nuclear, devido à proximidade com as es-
pécies reativas de oxigênio geradas na mitocôndria, por ser um DNA não enovelado como o DNA nu-
clear (assim mais exposto a danos químicos) e porque os mecanismos de reparo do DNA mitocon-
drial não são tão eficazes quanto os do DNA nuclear.21 Para o descarte de mitocôndrias disfuncio-
nais, é fundamental a autofagia, processo de degradação intracelular, o qual decresce com o enve-
lhecimento.
Novamente, o processo de autofagia degradando depósitos de proteínas intracelulares, além das mi-
tocôndrias disfuncionais, parece ser fundamental para retardar o envelhecimento, prevenindo o es-
tresse do retículo endoplasmático e um estímulo à apoptose e liberação excessiva de espécies reati-
vas de oxigênio, oriundas das mitocôndrias disfuncionais.
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O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO
Além disso, a autofagia degrada gotículas lipídicas intracelulares, um dos mais precoces marcadores
da resistência à insulina e da perda muscular com o envelhecimento.
A restrição calórica sem desnutrição, que parece ser até o momento o único mecanismo comprovado
como capaz de retardar o envelhecimento em várias espécies e não apenas no homem, é um indutor
da autofagia, tornando a célula mais capaz de livrar-se de seu "lixo".
O estímulo gerado pela restrição calórica à autofagia e à degradação proteica via proteassomos deve
ser enfatizado como um possível mecanismo para a sua ação. Ademais, o exercício aeróbico diminui
o dano mitocondrial associado ao envelhecimento, o que corrobora a noção de que os efeitos antien-
velhecimento da restrição calórica e do exercício físico passam pelo "bem-estar" das mitocôndrias.
Ao lado dos tecidos muscular e cartilaginoso, o tecido ósseo, em constante processo de remodelação
(formação pelos osteoblastos e reabsorção pelos osteoclastos), sofre alterações consideráveis ao
longo do envelhecimento, levando à osteopenia fisiológica.
O esqueleto tem três funções importantes: sustentação para o sistema musculoesquelético; proteção
de órgãos internos vitais e reservatório metabólico para a hematopoiese e a homeostase do cálcio.
Cerca de 90% da massa óssea é alcançada na segunda década de vida e o pico de massa óssea
ocorre em torno dos 35 anos de idade.
Sem dúvida, a osteopenia é um fator de risco para fraturas em idosos, mas não é patognomônica da
osteoporose.28 Nos homens, o osso trabecular se torna progressivamente mais fino com a idade,
não havendo a perda de contato entre as porções de osso trabecular, como ocorre nas mulheres
após a menopausa.28,29
A estabilidade dos segmentos móveis e a sustentação da coluna vertebral também apresentam alte-
rações no idoso, pois a função dos ligamentos anteriores e posteriores da coluna vertebral sofre redu-
ção com o avanço da idade.
Isto afeta diretamente a diminuição da capacidade de realizar tensão de "repouso" sobre a coluna
vertebral e a ausência da força de tensão dos ligamentos, que contribuem para a adoção da postura
flexionada para frente comum nos idosos.
A consequente doença degenerativa articular do idoso provoca alterações ósseas e da superfície arti-
cular, como os osteófitos resultantes da osteoartrite, a radiculopatia pela compressão dos nervos e
redução na atividade da miosina adenosino-trifosfase (ATPase) das fibras musculares, levando à fra-
queza muscular e ao desequilíbrio, proporcionando um aumento na incidência de quedas.
Dessa forma, pode-se concluir que, nos idosos, a redução do comprimento da coluna vertebral, as
alterações degenerativas das estruturas vertebrais que são forçadas a suportar a carga dos discos e
a ausência da força de tensão dos ligamentos irão contribuir para a adoção da postura flexionada
para frente e propiciar as quedas.
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O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO
destacando-se o colágeno e células intersticiais cardíacas, tais como fibroblastos e células endoteli-
ais. Por tratar-se de células terminalmente diferenciadas, a identificação recente de células-tronco re-
sidentes no coração revelou que os cardiomiócitos são repostos, mas não na proporção ideal para
recuperação de função alterada consequente a eventuais perdas.
O metabolismo mitocondrial das espécies reativas de oxigênio altera-se, contribuindo para maior se-
creção de colágeno e indução de apoptose das células musculares lisas da parede arterial, o que
leva ao aumento da rigidez aórtica.32 A alteração da elasticidade aórtica colabora para hipertrofia do
ventrículo esquerdo, disfunção diastólica e insuficiência cardíaca congestiva. A maior massa ventricu-
lar esquerda faz com que o peso do coração aumente de 1 a 1,5 g por ano.
Apesar das conhecidas alterações na função diastólica que normalmente acompanham o envelheci-
mento, existe controvérsia em relação à função sistólica. A maioria dos estudos, feitos com indivíduos
saudáveis, aponta para manutenção da função sistólica e estreita correlação entre disfunção diastó-
lica e idade avançada.
As células intersticiais cardíacas também sofrem alterações com o envelhecimento, tendo participa-
ção importante na patogênese das doenças cardiovasculares, como a aterosclerose. As espécies re-
ativas de oxigênio derivadas das mitocôndrias contribuem para a manutenção de pequeno grau de
inflamação crônica no leito vascular, ativando as vias de sinalização redox.
Recentes estudos apontam para o importante papel das espécies reativas de oxigênio na indução de
apoptose das células endoteliais e no desenvolvimento do fenótipo senescente destas células, po-
dendo levar ao comprometimento da integridade dos vasos e da angiogênese.
Por exemplo, embora seja recomendável para idosos com fibrilação atrial o uso de anticoagulantes, o
risco de quedas nessa população restringe sua aplicação.37 Segundo o Ministério da Saúde do Bra-
sil, cerca da metade dos idosos que fazem uso de anti-hipertensivos e diuréticos sofre uma ou mais
quedas no prazo de um ano.
Alterações Neurológicas
Diversas modificações fisiológicas e estruturais ocorrem no cérebro ao longo da vida. São alterações
multifatoriais, muitas das quais contribuem para a perda da força e desequilíbrio em pessoas idosas e
são potencializadas quando associadas a processos patológicos. Desde o nascimento, a totalidade
de neurônios necessários ao funcionamento do organismo já estão presentes.
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O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO
Aos dois anos de idade, o cérebro atinge 80% do seu tamanho adulto. O amadurecimento cerebral
decorre da multiplicação de células da glia, gerando aumento no depósito de mielina nas fibras nervo-
sas, assim como novas conexões. O volume e o peso do cérebro declinam com a idade, a uma taxa
aproximada de 5% por década após os 40 anos, observando-se uma acentuação no declínio a partir
da sétima década de vida.
O córtex cerebral é uma complexa região formada por bilhões de células nervosas relacionadas a
funções complexas como motricidade, sensibilidade e mecanismos cognitivos. Dessa forma, o córtex
é uma das regiões mais importantes do SNC.
O sistema nervoso periférico (SNP) também desempenha uma importante função sensóriomotora so-
bre o sistema mantenedor do equilíbrio por meio de impulsos nervosos para a periferia, especial-
mente para os músculos esqueléticos. As constituições histológicas, anatômicas e morfofuncionais
dos SNC e SNP diferem de forma significativa. Porém, tais estruturas compartilham um processo fisi-
ológico comum: o envelhecimento neuronal.
Nos distúrbios neurodegenerativos progressivos, como nas doenças de Parkinson (DP) e Alzheimer
(DA), a lesão neuronal pode ser causada por pequenas alterações da homeostase do cálcio mantidas
durante longos períodos de tempo.
Há alguns anos, surgiu uma "hipótese do cálcio" para explicar o avanço do envelhecimento cerebral,
sugerindo que os mecanismos celulares responsáveis pela manutenção dos níveis de cálcio citoplas-
mático têm um papel fundamental no envelhecimento. Além disso, as alterações sustentadas da ho-
meostase do cálcio podem fornecer uma via comum para as alterações patológicas observadas nas
doenças neurodegenerativas.
Ao lado das alterações da homeostase do cálcio, a disfunção mitocondrial tem estreita relação com a
morte neuronal. As mitocôndrias são de suma importância na geração de adenosina-5'-trifosfato
(ATP), no sequestro do excesso de cálcio citoplasmático e na "desintoxicação" dos neurônios causa-
das por espécies reativas de oxigênio.
Mutações gênicas provocam alterações nas proteínas e enzimas que deveriam sequestrar os radicais
livres (superóxido dismutase, glutato peroxidase) e regular a homeostase do cálcio (calmodulina). A
degradação proteica intracelular daí decorrente parece ser realizada por várias vias, desde a via de-
pendente dos lisossomos até a via dependente do cálcio.
Além disso, cada via "trata" as proteínas de maneira diferente, dependendo de sua sequência de ami-
noácidos.44 Ainda, a disfunção mitocondrial dependente de cálcio provoca defeitos morfológicos e no
tráfego dos neurônios, sendo crítica para a degeneração neuronal observada na DP, na DA e na do-
ença de Huntington.
Diferente da DP, que consiste em um distúrbio, sobretudo motor, a DA é caracterizada por alterações
cognitivas inerentes à atrofia cerebral e à formação de placas amiloides e emaranhados neurofibrila-
res. Alterações nas reações de equilíbrio e mesmo a ocorrência de quedas são comuns nos estágios
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O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO
Paradoxalmente, os danos nas células são causados por produtos biológicos tóxicos. Esses fatos
constituem-se na ponta do iceberg que permeia as incapacidades do indivíduo idoso em todos os sis-
temas orgânicos. Dentre essas incapacidades, a perda da integração ósteo-muscular-cerebral é a
maior responsável pelas quedas e suas deletérias consequências.
Erminda (1999) complementa que o envelhecimento pode ser dividido em três dimensões: biológica,
cronológica e social.
A dimensão cronológica é mensurada pelo calendário católico romano. A pessoa idosa é aquela com
idade de 60 anos ou mais, nos países em desenvolvimento, entre eles o Brasil, conforme o critério da
Organização das Nações Unidas (ONU). Tal critério foi definido em 1982, na 1ª Assembléia Mundial
do Envelhecimento. Os países desenvolvidos consideram a pessoa idosa com idade de 65 anos ou
mais. (VERAS, 1994; ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD, 2000).
A dimensão biológica se expressa pela alteração estrutural e funcional, a qual nem sempre coincide
com o avanço cronológico e a perda social. O envelhecimento é regulado por mecanismos celulares
intrínsecos e modulado por numerosas influências do meio ambiente.
Porém, as alterações biológicas tornam o idoso menos capaz de manter a homeostase quando sub-
metido ao estresse fisiológico. Tais alterações quando associadas, principalmente, à idade cronoló-
gica avançada, determinam maior suscetibilidade ao aparecimento de doenças, à instalação de inca-
pacidades físicas, mentais e funcionais, assim como a maior probabilidade de morte. (ANDREOLI et
al., 1998; ERMIDA, 1999).
Para Karsch e Leal (1998) a Terceira Idade considera-se o período que as pessoas estejam em boas
condições físicas e mentais, mas, algumas vezes, instalam-se limitações que podem tornar a vida diá-
ria complicada, sobretudo, pela restrição funcional para algumas ou todas as atividades básicas e ins-
trumentais da vida diária.
Estudos apontam que o maior temor da velhice está relacionado com a perda da saúde. As possibili-
dades para desenvolver as doenças e as incapacidades aumentam quando associadas ao estilo de
vida, tais como: tabagismo, sedentarismo, obesidade e etilismo (LITVOC e DERNTL, 2002; VOSER e
VARGAS NETO, 2002).
Portanto, a dimensão social refere-se aos papéis e hábitos que a pessoa, ao longo do seu ciclo vital,
assume na sociedade e na família, a partir de um padrão culturalmente estabelecido. O envelheci-
mento agregado à vulnerabilidade social pode, muitas vezes, manifestar-se pela diminuição ou perda
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O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO
do papel desempenhado por longos anos, na esfera familiar, na social e na profissional (ERMIDA,
1999).
Considera-se que a inatividade acarreta uma profunda alteração ao estilo e ritmo de vida, devido à
perda do papel profissional e pessoal junto da família e da sociedade, por sentir-se em desigualdade
diante dos que trabalham.
Entende-se que a Gerontologia propõe a articulação das áreas de conhecimento por meio de discus-
sões e investigações de equipes multi ou interdisciplinares no intuito da construção e da consolidação
de políticas e dos programas de saúde na área do idoso. Enfim, é um campo vasto aos profissionais
para que possam atuar de maneira multi, inter e transdisciplinar nas questões que cercam o processo
de envelhecimento humano.
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RELACIONAMENTO INTERPESSOAL COM A EQUIPE DE
TRABALHO PACIENTE E SEUS FAMILIARES
O artigo de hoje traz um dos temas pedidos pelos leitores, na pesquisa que fizemos por email. Trata-
se de um assunto difícil, mas que faz parte do cotidiano dos profissionais de saúde: relacionamento
interpessoal no trabalho.
Como a jornada das instituições de saúde é de no mínimo seis horas, e no máximo de doze horas
consecutivas de trabalho, pode-se afirmar que são longos os períodos de interação entre
profissionais, sem levar em conta o desgaste adicional daqueles que tem duplo vínculo empregatício.
No entanto, as maiores queixas dos profissionais de enfermagem estão relacionadas à própria equipe
de enfermagem, e à equipe médica.
▪ Falta de ética profissional – competição entre pares, egoísmo e individualismo. Tudo isso deve
ser substituído pela verdadeira ética profissional, que não deve ser interpretada como conivência e
ou corporativismo;
Talvez isso ocorra porque o enfermeiro realmente não mostra o seu conhecimento e a importância do
que faz.
Acredito que uma forma de melhorar o conflito enfermeiro x médico seja investir na obtenção de
comunicação clara e eficaz, e compreensão de cada um acerca do seu papel no atendimento ao
paciente, além da importância da boa relação para a qualidade da assistência.
A insatisfação no trabalho também interfere nas relações e pode ser decorrente de vários fatores,
entre eles a estrutura física inadequada, recursos materiais insuficientes, falta de autonomia,
sobrecarga de trabalho, baixa remuneração, falta de reconhecimento profissional e recursos humanos
mal dimensionados.
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RELACIONAMENTO INTERPESSOAL COM A EQUIPE DE
TRABALHO PACIENTE E SEUS FAMILIARES
Além desses fatores, sou da opinião que o relacionamento interpessoal da equipe de enfermagem
está intimamente ligado ao tipo de liderança do seu supervisor ou gestor.
Acredito que a liderança democrática seja a mais apropriada, pois busca atingir seus objetivos por
meio de atitudes que se aproximam do modelo participativo, valorizando as relações interpessoais e o
desenvolvimento profissional.
Entretanto, nem todas as lideranças são democráticas e, às vezes, os enfermeiros têm que lidar com
chefes autoritários, centralizadores, coercitivos, tornando a relação um sofrimento psíquico.
▪ Tenha boa comunicação – aperfeiçoe sua comunicação para que o seu superior note que você é
bom naquilo que faz;
▪ Tenha autoconfiança – não deixe que o supervisor duvide das suas capacidades e habilidades.
Dê o seu melhor, trabalhe da melhor maneira possível. Assim, será capaz de vencer os obstáculos do
dia-a-dia;
▪ Seja um bom ouvinte – demonstre ao seu superior que está ouvindo atentamente o que lhe foi
solicitado, pois isso revela preocupação em desempenhar bem as suas funções, revelando
responsabilidade;
▪ Construa relações – tenha boas relações com os colegas de trabalho, com os pacientes e
familiares. Isso contribuirá para uma imagem positiva sobre você;
▪ Conheça bem seu superior – descubra as atitudes que ele não gosta e tente evitá-las;
▪ Antecipe-se – com o decorrer do tempo você conhecerá bem o seu superior, o que ele tem hábito
de pedir, ou como aprecia a execução de uma atividade. Isso lhe permitirá antecipar as necessidades
e surpreendê-lo com eficiência;
▪ Aceite novas formas de trabalho – se lhe for solicitado alguma atividade nova, não rejeite.
Aperfeiçoe seus conhecimentos para poder realizá-la. Isso vai fazer muita diferença, pois mostra o
quanto você está aberto a novas opções;
▪ Seja flexível – esteja aberto a mudanças e reconheça seus erros. A flexibilidade é vista como
competência e, atualmente, exigida nos ambientes de trabalho;
▪ Empenhe-se – demonstre sua opinião a respeito do que lhe é proposto. Não concorde com tudo.
Dedique-se ao que está fazendo e faça com esmero. Siga seus objetivos até concluí-los.
Ao refletir sobre o questionamento levantado sobre pacientes que se encontram fora da possibilidade
terapêutica me faz compreender que o relacionamento e a postura diferenciada dos profissionais
entre pacientes e familiares possibilita uma assistência de cuidado com qualidade e proporciona
momentos de segurança e dignidade, para ambos que aguarda o seu momento final respeitando
seus limites e suas necessidades.
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RELACIONAMENTO INTERPESSOAL COM A EQUIPE DE
TRABALHO PACIENTE E SEUS FAMILIARES
e o paciente com perspectivas de cura é sempre arbitrário no sentido de não existir uma linha
divisória, bem definida, entre ambos. A resistência em diagnosticar um paciente como terminal
concerne também ao fato de se tratar de um diagnóstico definitivo que, no entanto, pode não se
confirmar com a evolução do caso.
Assim, acredita-se que após este diagnóstico definido, o profissional de saúde fica em uma situação
paradoxal, em que a eventual melhora do paciente, assinalaria falha sua na realização do
prognóstico. Com efeito, seu diagnóstico de paciente sem perspectivas de cura terapêutica, é o que o
torna a situação angustiante para tal profissional. Desta forma, a decisão de não mais investir no
paciente, no sentido de intervenções visando cura, nunca é tomada por um profissional isolado:
sempre é feita pela equipe de saúde, incluindo também o posicionamento da família. (QUINTANA,
2006).
“Desde o primeiro ano, eu já compreendi que não somos onipotentes e, graças a uma aula sobre
morte que tive no segundo ano, percebi que nosso dever é cuidar sempre, independentemente do
quadro clinico e do sucesso ou insucesso do tratamento” (SILVA, 2006, p.23).
É observado no trabalho de Quintana, Kegler, Santos, Lima (2005) nos casos com prognóstico
desfavorável, é comum que se estabeleça uma aliança entre a família e o profissional de saúde no
que se refere à restrição da informação ao paciente. Sendo que o compromisso de comunicar o
diagnóstico cabe ao profissional, a negativa da família de repassar essa notícia ao doente constitui-se
num alívio para aquele que passa a ser dispensado de uma tarefa para a qual não se sente
capacitado. A aliança com a família é apontada como o primeiro passo no trabalho com o paciente.
De fato, ela é de grande relevância para o tratamento ao permitir que a equipe e familiares trabalhem
juntos objetivando, cada um em seu lugar, o melhor para o enfermo, mas muitas vezes essa aliança
adquire um viés em que o paciente fica excluído das decisões. A equipe de saúde e o familiar tornam-
se cúmplices de um mesmo segredo em relação a ele. É nesse sentido que se crê que a escolha de
se comunicar com o familiar seja motivada pela dificuldade da equipe em lidar com a morte e,
portanto, com o paciente terminal. Assim, é passada uma informação filtrada através da qual se
espera que ele pense aquilo que a equipe avalia como benefício. Esse deslocamento da problemática
faz com que o profissional sinta-se liberado de sua responsabilidade de se deparar com o paciente,
durante este difícil momento. (QUINTANA, 2006).
Durante o processo do morrer, podem brotar emoções até então reprimidas. Ajudar o paciente a não
reprimi-las, ficando com ele, aceitando-o e compreendendo-o, faz com que atinja uma base mais
profunda e verdadeira de calma e serenidade. (SILVA, 2006, p.83).
Para Simonotte (2004), do ponto de vista psicológico, o estímulo para mecanismos de enfrentamento,
que o paciente pode ter desenvolvido e utilizado em outras situações difíceis em sua vida, são
fundamentais para manter a autoestima e certa estabilidade emocional. Respeitar e estimular a
relação que este e seus familiares têm com religião e espiritualidades podem ser essenciais para a
experiência paliativa. Não existe um projeto da psicologia hospitalar para que o paciente “morra feliz”,
porém existe uma priorização para a promoção, através de cuidados fornecidos pela equipe, para que
haja uma morte digna, que pode se traduzir em morrer sem muita dor e com níveis de angústia
suportáveis.
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Cabe ao enfermeiro e demais profissionais da saúde estarem atentos à linguagem não verbal dos
pacientes e familiares, durante sua assistência, bem como se mantiver atentos ao contexto em volta
das pessoas que são observadas, para poder identificar e intervir nas situações causadoras de
ansiedade. Devem, ainda, não se descuidar do que lhes transmitem, de forma sutil, através de suas
próprias expressões verbais e não verbais (TAKEI, 2000).
Somente pela comunicação efetiva é que o profissional poderá ajudar o paciente a conceituar seus
problemas, enfrenta-los, visualizar sua participação na experiência e alternativas de solução dos
mesmos, além de auxiliá-lo a encontrar novos padrões de comportamento. (SILVA, 2010, p.14).
Os familiares, quando bem orientados, demonstram suas inseguranças e fragilidades, o que, sem
dúvida, repercute de forma favorável em uma relação com a equipe e seu familiar internado em
estado crítica mais harmônica, manifestando um comportamento tranquilo e um cuidado humanizado
(CASSEM, 2001).
A comunicação adequada é aquela que tenta diminuir conflitos, mal-entendidos e atingir objetivos
definidos para a solução de problemas e detectados na interação com os pacientes. (SILVA, 2010,
p.14)
A enfermagem preza pelo não abandono, pelo acolhimento espiritual do doente e de sua família,
além do respeito à verdade e à autonomia do doente, parece favorecer a participação do enfermo no
tratamento, não esquecendo de que o tratamento não pertence aos profissionais de saúde, mas sim
ao próprio enfermo. A não possibilidade de cura parece romper com os limites terapêuticos, mas de
forma alguma com as possibilidades de cuidar e proporcionar dignidade e respeito aos limites de
quem não quer viver sofrendo (OLIVEIRA; SÁ, 2007).
O familiar é muito importante para que possamos entender o paciente e, por essa razão, pode nos
ajudar muito na tarefa de reequilibrar e rearmonizar o doente... Cabe o enfermeiro permitir que os
familiares fiquem próximos do paciente e que toda família participe daquele momento de hospital,
daquele momento critico... Todos precisam de atenção e de cuidados para poder crescer e aprender
com aquela experiência. (SILVA, 2006, p.51).
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Os enfermos valorizam a alegria, tanto em si mesmos quanto nos profissionais de saúde e nas
pessoas com as quais convivem. O humor parece uma forma de comunicação espontânea e
contextual, caracterizada por expressões verbais, faciais e risadas. O bom humor e a alegria,
representados pela risada, se mostraram capazes de aliviar a tensão em um contexto de dor e
sofrimento.
Estudos apontaram que o bom humor e a risada proporcionaram um modo de aliviar a ansiedade,
tensão e insegurança, mediante a morte que acompanha questões opressivas de estresse,
sentimentos que geralmente são difíceis de expressar e lidar (ARAÚJO; SILVA, 2007).
A enfermagem, ao cuidar de uma pessoa no final de vida, precisaria conhecer a pessoa e a sua
família, saber das suas necessidades e limitações, e simultaneamente ter consciência das próprias
capacidades e limitações enquanto enfermeiros, de modo a direcionar as ações para ajudar o doente
nesta etapa do seu continuam vida-morte e a sua família no processo de adaptação - desadaptação.
O ato de cuidar não se resume ao doente, uma vez que consiste essencialmente numa relação de
ajuda, na arte de assistir a pessoa e a sua família (GUEDES; BORENSTEIN; SARDO, 2007).
A proximidade da equipe de enfermagem com o doente e sua família permite a formação de vínculos
que lhe confere poderes através dos quais pode conduzir o cliente ao exercício de sua autonomia. Os
profissionais de saúde estão empenhados em salvar e possibilitar uma chance de vida aos pacientes,
considerando os grandes conhecimentos técnicos científicos (a beneficência) e esquecendo que
estes têm valores que pertencem ao seu tempo vivido, à sua história e, que isso poderá influenciar no
tipo de tratamento (autonomia) (THOMPSON; MCCLEMENT; DAENINCK, 2006)
Uma das mais duras realidades que os profissionais e familiares se confrontam é que, apesar de
seus melhores esforços, alguns de seus pacientes e entes queridos morrem. O conhecimento sobre a
decisão de fase terminal e sobre os princípios dos cuidados e comunicação é essencial para apoiar
os pacientes durante a tomada de decisão e no fechamento do termino de vida. (D’ ÁVILA, 2005).
O moribundo também pode ajudar seus familiares... Se o paciente for capaz de enfrentar a dor e
mostrar com seu próprio exemplo como é possível morrer tranquilamente, os familiares se lembrarão
de sua força e suportarão com mais dignidade a sua própria tristeza (KUBLER-ROSS, p.55 1996).
O enfermeiro frente o paciente fora de possibilidade terapêutica deve ter habilidade e conhecimento
em compreender a comunicação não verbal, porque em algumas situações são interpretadas através
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de sinais, gestos, atitudes e comportamentos que poderá influenciar na melhora ou piora do quadro
clinico do paciente. Fornecer o cuidado para pacientes e familiares que estão próximo à morte é estar
presente no momento que eles mais precisam, é uma das experiências mais recompensadora para o
profissional devido à confiança do paciente e orgulho de um cuidado prestado de modo respeitoso e
humanizado. (D’ ÁVILA, 2005).
A relação enfermeiro paciente é uma das questões mais importantes no tratamento de uma pessoa
que se encontra hospitalizada, que muitas vezes está fragilizada e com medo do tratamento.
Uma equipe de enfermagem humana, atenciosa trará confiança ao paciente e com isso a relação
enfermeiro paciente será potencializada. Por outro lado, se o paciente percebe um descaso por parte
deste profissional, a relação enfermeiro paciente estará abalada e com certeza esse paciente terá
dificuldades de aceitar ou até mesmo continuar o seu tratamento.
Para que a relação enfermeiro paciente seja construída é preciso muito mais do que carisma do
profissional. Este deve desempenhar sua função assistencial e ao mesmo tempo buscar entender o
que se passa com o paciente para poder auxiliá-lo no momento da internação.
A relação enfermeiro paciente não é apenas importante quando o paciente encontra-se internado. Na
Estratégia da Saúde da Família essa relação torna-se uma arma importante, pois o enfermeiro
acompanha essa família na sua intimidade.
A relação enfermeiro paciente é construída com atenção, carinho, dedicação aliada com o saber e a
intenção em se fazer o melhor para prevenção ou tratamento das doenças.
Reflexões Teóricas
A temática dos cuidados paliativos tem sido abordada pela Organização Mundial de Saúde desde a
década de 1990. Atualmente compreendese que se deve agir em direção à prevenção e ao alívio do
sofrimento, principalmente da dor de outros problemas biopsicossociais e espirituais. A morte não
deve ser adiada ou antecipada. Espera-se que os profissionais tenham um olhar em direção à família,
favorecendo a vivência da doença, da morte e do luto (OMS, 2008). A família, enquanto um sistema,
é composta por inter-relações entre seus membros. Desse modo, quando a doença acomete um
membro da família, os efeitos atingem todo o sistema (Silva, 2000); quando a doença é prolongada,
como ocorre frequentemente entre os pacientes que se encontram em regime de cuidados paliativos,
pode levar a mudanças profundas no padrão de interação, regras e responsabilidades no contexto
familiar (Dura & KiecoltGlaser, 1991).
A realidade cada vez mais frequente de pacientes que vivem longos períodos sem possibilidades
terapêuticas no âmbito da biomedicina tem tido consequências não somente na dinâmica familiar,
mas também nas equipes de saúde. Carter e Mc Goldrik (1995) relacionam fatores que têm
implicações para a adaptação da família e do paciente ao adoecer: a complexidade da doença, a
eficácia ou ineficácia do tratamento, a exigência de cuidados no domicílio/hospital e a frequência e
intensidade dos sintomas. Podem-se acrescentar a esses fatores as equipes de cuidadores
profissionais que prestam cuidados paliativos.
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TRABALHO PACIENTE E SEUS FAMILIARES
A constituição da área dos cuidados paliativos subsidia essa realidade dos pacientes com prognóstico
reservado. De algum modo pode-se dizer que a realidade dos cuidados paliativos promove uma
necessidade e uma mudança na sociedade. As pessoas leigas, familiares, vão se construindo como
cuidadoras e com isso vão se familiarizando com a morte ou sua proximidade. Tal situação produz o
movimento em busca da boa morte, o que atualmente já é motivo de atenção às idealizações, que
podem afastar o familiar ou o profissional da tarefa do cuidado. Esse contexto é desafiador para todos
os envolvidos e exige ações bem fundamentadas, o que vem a ser uma nova demanda para
produção de conhecimento (Kovács, 1992).
Ao visitar o tema das representações de morte, observa-se que, a depender da época e da cultura,
uma infinidade de sentimentos e atitudes caracteriza a experiência individual e social. Atualmente a
grande maioria das mortes ocorre dentro dos hospitais, nas UTIs. O paciente passa seus últimos
momentos sob cuidados profissionais, institucionalizado, isolado, já que a morte é vista como um tabu
(Ariès, 1990). Isso acarreta um maior isolamento da pessoa que morre, como também traz aos que
ficam marcas profundas e difíceis de resolver (Elias, 2001).
De acordo com Foucault (2008), é a partir do ano de 1780 que o hospital passa por uma reavaliação.
As elites iluministas desejam melhorar a ventilação e a temperatura; separam os doentes que têm
febre das mulheres grávidas à beira do parto; estabelecem a roupa branca como sinal de limpeza;
separam panos e lençóis; enfim, buscam disciplinar a instituição médica. A partir daí o hospital se
transforma em uma máquina de curar. Antes do século XVIII, era o lugar do pobre que estava à beira
da morte e que precisava dos últimos cuidados e do sacramento.
Funcionava também como depósito de loucos, leprosos e prostitutas, ou seja, era um espaço de
segregação social. Os religiosos do hospital ofereciam a possibilidade da salvação espiritual mais do
que a cura física. A partir de então o hospital se tornou a marca da ciência e da tecnologia. Não é um
lugar para a morte. Porém, quando ocorre, dentro das UTIS ou nos centros cirúrgicos, é prevista e
silenciosa. No entanto, quando é anunciada, como nos casos dos pacientes fora de possibilidades
terapêuticas ou terminais, pacientes e cuidadores ficam deslocados.
A família deve ser atendida desde o momento do diagnóstico de uma doença grave. A comunicação
aberta entre família, doente e equipe médica facilita o processo de adaptação à morte próxima. A
fase que precede a morte pode servir para a família como um período de preparação e
reorganização, porém para algumas famílias essa se torna uma fase de ilusão, sinal da dificuldade
em aceitar a realidade da morte presente (Bromberg, 1997). Algumas famílias vivenciam um luto
antecipatório, processo que ocorre antes da morte e inclui sintomas de luto normal: choque, negação,
ambivalência, revolta, barganha, depressão, aceitação e adaptação. O luto antecipatório constitui um
processo adaptativo e de preparação para a família diante da perda (Franco, 2002).
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Ayres (2007), em um artigo sobre a concepção hermenêutica da saúde, afirma que o trinômio saúde-
doença-cuidado deve ser visto em termos das experiências anteriores vividas pelas pessoas e propõe
que a estratégia conceitual das ciências biomédicas possa ser revista por meio de práticas
humanizadoras em saúde. Dessa forma, todos os envolvidos seriam mais sensíveis, críticos e
responsivos aos sucessos práticos, e não apenas ao êxito técnico.
Outro estudo com familiares e cuidadores de idosos dependentes por doença crônica e degenerativa
foi feito por Karsh (2003) e chama atenção para o papel do cuidador no domicílio. A autora questiona
a recomendação para que os cuidados aos idosos dependentes sejam feitos no domicílio, como tem
sido frequentemente proposto pelos profissionais de saúde. Ela afirma que delegar à família a função
de cuidar necessita de clareza sobre a estrutura familiar, o tipo de cuidado a ser executado, o tempo
necessário, as características da doença e o acompanhamento profissional.
Ela compara ainda o Brasil com outros países onde o envelhecimento populacional se deu mais
lentamente e nos quais os cuidados e os cuidadores familiares são objeto de atenção de políticas de
saúde pública. O estudo feito por Silveira, Caldas e Carneiro (2006) buscou compreender o cuidador
familiar de idosos altamente dependentes. Foram realizadas entrevistas e 14 sessões de grupo com
24 cuidadores de idosos com diagnóstico de demência.
Foram construíram categorias e chegou-se à conclusão que existem três dimensões na questão
estudada: (I) as implicações dos legados, das transmissões multigeracionais, das repetições dos
padrões, dos mitos e crenças característicos de cada sistema familiar; (II) o idoso como participante
ativo na decisão de quem vai cuidar dele; e (III) o grupo de suporte como um recurso importante para
os familiares. O cuidador principal foi objeto de discussão com relação a sua natureza, função e
pertinência na dinâmica familiar.
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TRABALHO PACIENTE E SEUS FAMILIARES
O terceiro estudo foi uma pesquisa qualitativa realizada por Silva e Acker (2007), cujo objetivo foi
conhecer como o familiar vivencia o cuidado paliativo domiciliar dispensado ao seu parente com
câncer. A partir de entrevista semiestruturada com oito sujeitos, verificou-se que as vivências são
permeadas por dificuldades econômicas e por sentimentos de gratidão e amor, além de medos,
culpas e conflitos. Muitas das necessidades e dificuldades encontradas nesses estudos se
assemelham às encontradas em estudos anteriores, assim como no presente trabalho.
Diante dessas discussões téoricas e empíricas, pode-se afirmar que os interesses em torno do tema
dos cuidados paliativos e dos envolvidos com a prestação desses cuidados têm sido objeto de estudo
principalmente de profissionais da enfermagem, e autores da saúde coletiva fortalecem a discussão
com a estruturação de elementos teóricos pertinentes, principalmente a partir da hermenêutica.
Assim, observa-se um espaço para a contribuição da psicologia, que pode aprofundar aspectos
individuais, subjetivos e relacionais. Este artigo pretende contribuir, nessa área, para a compreensão
da experiência de cuidadores, profissionais e familiares de pacientes com câncer, em regime de
cuidados paliativos.
Percurso Metodológico
A partir da abordagem hermenêutica (Minayo, 2010), foi realizada uma investigação qualitativa, tendo
como participantes familiares e profissionais envolvidos com o cuidado de pacientes oncológicos
em fase terminal, em regime de cuidados paliativos domiciliares ou hospitalares. Para a construção
dos dados com os familiares, foram feitas entrevistas semiestruturadas com dez familiares; os
pacientes encontravam-se presos ao leito, não deambulavam devido ao estado da doença. Os
familiares foram convidados a comparecer ao Serviço de Psicologia de um hospital de natureza
filantrópica e conveniado ao SUS.
Aos profissionais foi feito um convite individual para participação de um grupo focal no qual estavam
outros profissionais, que integravam o Programa de Atendimento Domiciliar (PAD). O grupo focal
contou com a adesão de todos os convidados: uma assistente social, uma enfermeira, uma técnica
de enfermagem, duas médicas, uma psicóloga e uma secretária. Foi realizado no hospital, com
duração aproximada de uma hora e meia e orientado pelas seguintes questões: Profissão de cada
um; Como você foi trabalhar nesta área de Cuidados Paliativos (com pacientes graves ou terminais)?;
O que é ser um cuidador de um paciente terminal para você?; Existe formação para ser cuidador?;
Quais são os maiores desafios do cotidiano?; Quais suas crenças acerca da morte?; Conte uma
história sobre a sua prática com esses pacientes.
De acordo com o Quadro 1, os familiares participantes têm um perfil diverso. São vários os vínculos
familiares, como também o estado civil e a amplitude da faixa etária: entre 29 e 62 anos. No que diz
respeito à religião, os familiares se declararam católicos ou protestantes; quanto à profissão, vários
se dedicam às tarefas domésticas; e quanto à escolaridade, disseram ter o primeiro ou o segundo
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grau. Esse perfil reproduz a população atendida no hospital, de natureza filantrópica e conveniado ao
SUS.
Para a realização da análise, as gravações das entrevistas e do grupo focal foram transcritas
integralmente e submetidas a uma revisão, para garantir maior fidedignidade ao texto. Em seguida,
todos os nomes foram substituídos por pseudônimos, mantendose a primeira letra do nome original,
tendo em vista o sigilo necessário. Foram realizadas três análises: das entrevistas com os familiares,
do grupo focal com os profissionais e uma análise comparativa entre os dois grupos de participantes.
A partir do grupo focal foram identificadas categorias de análise, de natureza êmica, e estas
também foram utilizadas para análise das entrevistas (Minayo, 2010). As categorias
foram: concepções de cuidador, formação do cuidador, desafios do trabalho e crenças e
atitudes sobre a morte. Após essas análises, foi feita uma comparação entre os dois grupos,
visando identificar semelhanças e diferenças possivelmente associadas à condição do cuidador
familiar e do cuidador profissional na prestação de cuidados paliativos.
Os familiares apontaram nas entrevistas diversos temas considerados difíceis de lidar: o impacto do
diagnóstico/prognóstico, a terminalidade, as dificuldades financeiras e o distanciamento das rotinas
cotidianas. A maioria dos familiares cuidadores demonstrou estar priorizando a atenção ao doente,
em detrimento de sua própria vida. É o que se vê refletido na fala da cuidadora Mônica, que
acompanha seu pai: "[...] que eu fico, assim, pedindo a Deus para me dar uma força porque é tanto
pique junto dele que já tô sem força nesse braço. Minha vida parou! Não faço mais nada. Nem minha
casa eu dou mais conta [...]".
Quanto aos resultados encontrados na categoria concepções de cuidador, pôde-se observar que os
familiares apresentam, inicialmente, uma concepção idealizada de bom cuidador: alguém que "ama",
com "doação", "carinho", "acolhimento". Porém, eles trazem também o lado mais realista, como a
necessidade de dar limites, inclusive ao doente, e a necessidade de conciliar as tarefas do cuidado
com as do cotidiano. Seguem os relatos de duas cuidadoras, uma filha e uma companheira:
[...] Eu disse: "mãe, nós não podemos responder à altura de meu pai, porque o enfermo aqui é ele, o
doente aqui é meu pai, toda a prioridade é pra ele". (Vilma) [...] porque, quando a gente gosta do
outro de verdade, eu acho que é na doença que é a hora da gente mostrar, né? (Zélia)
As crenças e atitudes sobre a morte abordadas pelos familiares refletem as crenças religiosas como
fonte de suporte importante para lidar com a realidade que se aproxima. Os familiares entrevistados
eram católicos e protestantes. Uma familiar trouxe indícios de luto antecipatório e outra
de mecanismo de negação frente à morte. Tanto um caso como outro são mecanismos discutidos
na literatura (Bromberg, 1997; Franco, 2002) sobre familiares que lidam com uma perda ou com a
iminência de uma perda. Alguns deles relataram o medo de como seria sua a reação quando a morte
acontecesse:
No caso, nosso enterro é evangélico, já estou preparando as músicas que vai cantar no velório, é [...]
fazendo tudo naturalmente. (Maria) ... minha mãe [...] eu tô perdendo ela ainda. Eu não sei se eu
quero assistir isto acontecer ou que aconteça sem eu ver, porque eu não sei minha reação [...]
(Celina).
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Os cuidadores profissionais referiram como desafios do trabalho lidar com a morte do outro e com a
própria percepção da finitude. Elias (2001) trata dessa dificuldade em que a morte do outro seria um
vislumbre da própria morte de quem cuida. Outro desafio apontado foi o da escuta atenta às
necessidades do paciente e da família, escuta como sinônimo de sintonia, que exige uma atuação
pró-ativa em busca do conforto dos pacientes e familiares. Esses desafios atingem todos os
profissionais, como explicitado pela secretária e pela psicóloga:
[...] Assim, quando a gente fala ou cuida do outro que tá trabalhando o processo de morte com o
outro, a gente pensa na nossa morte também. (Secretária) Eu tenho visto e vivenciado a morte como
tabu muito grande, que transforma a situação toda cheia de ruído, cheia de confusão. Para mim, o
maior desafio é no meio deste ruído, desta confusão, nisso que é de medicamento, que é de cuidado,
escutar qual é a necessidade que tá ali pungente [...] (Psicóloga)
Sobre a formação do cuidador, os profissionais abordam o saber prático aliado ao saber técnico.
Ayres (2004a) argumenta que a dimensão instrumental não esgota as possibilidades do cuidado.
Para isso apresenta uma distinção filosófica entre o saber científico (epistéme, techné) e o saber
voltado à práxis, que na filosofia aristotélica se chama phrónesis. A diferença entre a sabedoria
técnica e a sabedoria prática é que a primeira requer apenas o domínio de uma habilidade e a
segunda atenta para a qualidade das ações (Ayres, 2004a). Isso fica observável na fala de uma
técnica de enfermagem: "Para mim, não é necessário ter um curso e ser formado em cuidador,
porque o cuidado vem do momento que a pessoa tem coragem de lidar com a situação".
Pôde-se verificar que, na categoria crenças e atitudes sobre a morte, essa equipe de profissionais,
provavelmente por lidar com a morte em sua rotina de trabalho, fala sobre o tema, conta histórias
significativas, compartilha o sofrimento com os familiares. Essa facilidade em tratar do tema da morte
diverge do que foi encontrado na literatura (Ariès, 1990; Elias, 2001) sobre a morte reprimida, não
dita. Observa-se que entre esses profissionais o tema da morte não só é falado como é vivenciado,
experienciado, o que parece contribuir para uma visão da morte como parte da vida. Essa experiência
é produto do diálogo, como aponta a teoria hermenêutica (Gadamer, 1997; Ayres, 2007).
Os Familiares e os Profissionais
A análise comparativa entre os grupos de cuidadores inicia-se com a categoria desafios do trabalho.
Tanto os familiares quanto os profissionais falaram em desafios, como: "lidar com a morte", "vivência
de sentimentos que prejudicam os cuidados", "culpa por nem sempre saber o que é melhor para o
paciente", "lidar com o limite do outro", consequências da doença como "o aspecto simples do odor",
"lidar com a família" e "a negação da família". Seguem algumas falas:
Ele tá muito, ele tá muito, sofrendo demais, sabe? [...] tem hora que nem eu aguento fazer o curativo
do mau cheiro. [...] (Mônica, filha) [...] Tem alguns pacientes que você, pelas condições sociais dele,
precaríssimas, que falta higiene e que tem um odor muito grande, você fica constrangida porque você
está sentindo e você não consegue ficar junto dele. [...] (Médica 2)
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TRABALHO PACIENTE E SEUS FAMILIARES
Já outros desafios foram trazidos apenas pelos profissionais: remuneração, escuta atenta, própria
percepção de finitude. A remuneração pelos cuidados não faz parte da realidade do cuidador familiar.
Entre os profissionais, a remuneração é objeto de questionamento, como também o
comprometimento pessoal é justificativa para desenvolver essa atividade "sem preço", e a escuta
atenta foi alvo de preocupação da psicóloga. A percepção de finitude foi citada somente pelos
profissionais, talvez pelas características do próprio trabalho. Para os familiares, trata-se de uma
experiência única, individualizada.
Franco (2008), ao discutir o enfrentamento da doença pela família, analisa fatores facilitadores e
complicadores. Dentre os facilitadores estaria a estrutura familiar flexível, uma boa comunicação com
a equipe e entre os membros da família, o conhecimento dos sintomas e dos ciclos da doença, a
participação nas diferentes fases e a presença de redes de apoio disponíveis. Os fatores
complicadores seriam os padrões disfuncionais de relacionamento, as redes de suporte precárias ou
inexistentes, outras crises na família, como a falta de recursos sociais e financeiros, dificuldade de
comunicação com a equipe, doenças estigmatizantes e pouca assistência (Franco, 2008, p. 359).
Muitos desses fatores foram citados pelos cuidadores familiares, tanto os facilitadores quanto os
complicadores, que aqui foram categorizados como desafios. Os cuidadores familiares, apesar da
sobrecarga física e do cansaço, não reconhecem essa sobrecarga como o principal desafio. Outros
desafios de natureza subjetiva foram mais enfatizados, como o relacionamento familiar, o sofrimento,
a culpa.
Foi também interessante observar na presente pesquisa que, para os familiares que estavam com os
pacientes internados, a relação com a equipe foi citada como um desafio. Já para os cuidadores que
tinham familiares cuidados em domicílio, a relação com a equipe foi considerada um dos fatores
facilitadores. Pode-se supor, a partir dessa observação, que entrar na casa do paciente gera um
vínculo diferenciado e maior abertura na comunicação. Além disso, nos cuidados domiciliares a
família se torna coparticipante, o que parece equilibrar melhor a relação profissional/família. No
hospital, a relação é mais verticalizada e a família frequentemente depende do cuidado profissional
ou se subordina a ele.
Os fatores que ajudaram esses familiares frente aos desafios foram o apoio de amigos e da família,
recordar bons momentos que viveram junto com o paciente, o acompanhamento da equipe, sinais de
força de vontade, o prazer em cuidar, atribuir à doença um significado de transformação para melhor,
o apoio de Deus. Esses fatores se assemelham aos encontrados na literatura, principalmente a rede
de apoio do cuidador (Bromberg, 1997; Carter & Mcgoldrik,1995; Dura & Kiecoltglasser, 1991). A
diversidade de significados atribuídos à experiência de cuidador, como também o reconhecimento do
crescimento pessoal, confirmam as proposições da hermenêutica, ao reconhecer o valor do
significado, da interpretação e o aprendizado a partir da experiência (Gadamer, 1997; Ayres, 2007).
Outra semelhança com a literatura é a concentração dos cuidadores do sexo feminino e no lugar de
filhas dos pacientes, como no resultado do estudo feito por Rezende e Botega (2005), em que a
maioria dos cuidadores era constituída por mulheres jovens, geralmente a filhas. No presente estudo
houve um cuidador familiar do sexo masculino, que era pai de um paciente jovem. A literatura aponta
que os cuidados com a saúde normalmente ficam a cargo das mulheres, apesar de essa realidade vir
mudando (Bastos & Trad, 1998).
Na área dos cuidados paliativos e na atenção ao paciente terminal, existe a realidade de que
cuidadores, familiares ou não, normalmente estão à frente das tarefas do cuidado. Isso implica
pensar sobre um significado formativo da experiência. Apesar de não haver uma formação para a
morte, a experiência e o desempenho são pedagógicos para o cuidador. Através da sabedoria prática
e das orientações técnicas, como destacam Ayres (2004b) e Gadamer (1997), os cuidadores
vivenciam a dimensão afetiva emocional e se preparam para a perda.
O que está em discussão é que os cuidados paliativos buscam orientar e delinear ações para uma
melhoria nos cuidados, ou seja, instrumentalizar o cuidador. É importante refletir, no entanto, que o
cuidado instrumental em geral não é contextualizado, sai dos livros para servir de guia, porém é a
experiência do cuidador em contextos específicos que possibilita uma melhoria nos cuidados. Os
cuidadores familiares nem sempre leem os manuais dos cuidados paliativos, mas a prática capacita e
a equipe de saúde pode ajudar nessa capacitação. Na análise dos dados sobre formação do
cuidador, pôde-se observar que tanto os cuidadores profissionais quanto os familiares reconhecem
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TRABALHO PACIENTE E SEUS FAMILIARES
que a prática produz conhecimento. Os cuidadores familiares sentem-se capacitados, e isso se torna
evidente com a disposição de uma filha cuidadora em tornar-se voluntária do hospital. Além da
capacitação, pode-se reconhecer que alguns familiares não citam a experiência de prestador de
cuidados como motivo de desgaste e sofrimento, mas ressaltam a solidariedade que pode ser
exercida na prestação de serviços voluntários como meio de crescimento pessoal.
[...] Então no começo que houve essa dificuldade, porque eu achava que não sabia como fazer, não
tinha como, não tinha aptidão, entendeu? Então, de como pegar, de como fazer, de como limpar, e às
vezes ficava meio brabinha até [...] se posso colocar assim, na questão do jeito [...] eu tô até me
surpreendendo agora que a gente tá entrando no clima, entendeu? (Denise, filha) [...] Esta parte
técnica já tem. Só que o cuidador tem uma coisa do nato, da experiência que vai adquirindo com o
tempo, e a pessoa vai aprendendo [...] Aprendendo muito em relação a si próprio, se conhecendo
melhor e lidando melhor com estas questões todas relacionadas à morte, com a religiosidade e com a
espiritualidade. Eu acho que o teórico já existe, então tem que ter o prático também. E a experiência
de cada um nesta questão. (Médica 2)
Na categoria concepções de cuidador foram encontradas similaridades entre os dois grupos sobre o
que seria necessário para ser um cuidador: "doação", "amor", "carinho" e "acolhimento". Esses
achados em comum refletem pensamentos gerais de bons sentimentos e atitudes do cuidador e
combinam com as proposições de Ayres (2004b). Esse autor valoriza o encontro terapêutico como
desencadeador de reconstruções de identidades, concepções, valores e projetos positivos de
felicidade e saúde.
Para ele, é a ideia do cuidado que melhor permite compreender o significado da existência humana e
é pelo cuidado que se reconstroem e se autocompreendem os projetos humanos. Reflete sobre essa
dimensão verdadeiramente formativa do encontro terapêutico e traz uma definição de cuidado: "[...] a
citada natureza compreensiva e construtiva do diálogo mediado pela técnica e pela ciência nas
práticas de saúde, em quaisquer de suas aplicações e escalas, é que as fará ser designadas, deste
ponto em diante, como 'cuidado'" (Ayres, 2004b, p. 20).
Os dois grupos falaram sobre o sentimento de "impotência" do cuidador quando o assunto é o limite
final, a morte. Nas palavras de uma médica e uma filha, o cuidado, como experiência de diálogo
verbal e não verbal, diz respeito a uma competência técnica relativa:
[...] Até que ponto aquilo que eu digo e acho que é o melhor é realmente o melhor ou não? (Médica 1)
[...] Às vezes me sinto muito inútil porque eu vejo ela sentir dor às vezes e eu não posso fazer nada,
já dei a medicação e a gente sabe que é o desenrolar do negócio, a gente sabe que é a morte
anunciando a sua chegada, e a sensação de inutilidade machuca tanto que a gente fala: queria
desaparecer neste momento. (Leide, filha)
Muitas das concepções desses profissionais refletem o exercício da humanização na saúde, como a
capacidade de se colocar no lugar do outro, a abordagem integral do paciente, uma relação que não
é unidirecional, e sim bidirecional, na qual o paciente e a família recebem, mas o profissional também
é beneficiado e aprende com a experiência. Ayres (2004a) diz que, quanto mais o cuidado se torna
uma experiência de encontro, de trocas dialógicas verdadeiras, quanto mais se afasta de uma
exclusiva aplicação de saberes instrumentais, mais a intersubjetividade ali experimentada por todos
os envolvidos retroalimenta seus participantes de novos saberes tecnocientíficos e práticos.
O grupo dos cuidadores familiares trouxe suas experiências em seus relatos, assim como os
profissionais falaram abertamente de seus sentimentos e emoções frente à dor e sofrimento da
família e do paciente e do quanto isso mobiliza a própria equipe:
[...] Mas foi também este paciente que nos momentos finais, ele tinha uma situação com a esposa e a
esposa no instante final, ela pôde dar a garantia daquilo que estava preocupando ele. E quando ela
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conseguiu concluir e dar as garantias para ele, concluir com uma declaração de amor, e eu fui junto
na emoção. Ele faleceu e fechou. Para mim é um caso que eu, sempre que acompanho um paciente
falecendo, retorna para mim. (psicóloga)
Este estudo partiu de uma atividade profissional que despertou o interesse em conhecer a
experiência de cuidadores familiares e profissionais de forma sistematizada. Esse interesse foi
transformado em objeto de estudo e fundamentado com teorias referidas à psicologia hospitalar,
como as da teoria familiar sistêmica e da hermenêutica. Assim, pôde-se afirmar de modo construtivo
a existência de um saber adquirido a partir da experiência de cuidador de pacientes em cuidados
paliativos. Esse saber vem constituir o crescimento pessoal e profissional, e entre profissionais e
familiares observamse aspectos semelhantes advindos dessa situação.
Este estudo foi construído a partir de um desenho metodológico que poderá ser aperfeiçoado se
desenvolvido processualmente, e de forma integrada entre familiares e profissionais cuidando dos
mesmos pacientes. Os participantes familiares eram pessoas, em sua maioria, de condição humilde,
em termos socioeconômicos e em escolaridade, o que pode representar uma limitação para a
generalização dos resultados obtidos. Assim, uma proposta para estudos futuros é a realização de
estudos com participantes de diversas condições socioeconômicas e de escolaridade.
Sobre o produto do estudo propriamente, são muitos os questionamentos que surgem diante da
terminalidade. Cumpre-nos refletir sobre isso, pois, apesar de existirem propostas para o "morrer
melhor", especialmente os cuidados paliativos, essa via se enfraquecerá se as realidades não forem
contextualizadas, se os pacientes e cuidadores familiares que reconhecem um saber prático não
forem legitimados ou não se permitirem dialogar com a equipe técnica, que, por outro lado, deve estar
aberta para ouvir e partilhar com o paciente e a família. Os cuidados paliativos estabelecem um novo
lugar para o familiar, que podemos considerar como localizado entre o profissional e familiar: aquele
da experiência do cuidado e da humanização como reconhecimento do exercício da autonomia e do
diálogo.
A despeito dessas tantas marcas, que levam a uma devastação físico-emocional na vida das famílias,
mas também a aprendizados para os dois grupos, evidencia-se o imperativo da morte, que conduz os
personagens/autores desses relatos a persistirem na realização dos cuidados. Para os profissionais,
isso faz parte de uma escolha profissional que segue adiante; para as famílias, faz parte de uma
circunstância penosa da vida, que geralmente acaba com a morte do paciente. Alguns cuidadores
pensam, a partir da experiência, em trabalhar como voluntários oferecendo cuidados, o que reflete
uma assimilação ou mesmo um efeito não esperado dessa vivência de proximidade com o
sofrimento.
Os relatos desses cuidadores dão margem a muitas reflexões, como a que se refere à atenção da
equipe profissional às necessidades das famílias. As famílias podem ter, independentemente da
sobrecarga física, fontes de auxílio no cuidado, como bom apoio sociofamiliar, bons relacionamentos,
condições materiais mínimas. Na perspectiva dos profissionais, estes devem também estar atentos às
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TRABALHO PACIENTE E SEUS FAMILIARES
suas próprias necessidades, limites, desafios e à abertura da comunicação dentro da equipe como
um grande facilitador do trabalho.
Faz-se urgente capacitar os profissionais de saúde para lidar com questões relativas à pessoa
humana integral, com uma visão das perdas por morte que abarque não somente os aspectos
biológicos, mas também sua dimensão socioafetiva. Igualmente, para a prestação de um atendimento
cuidadoso, humanizado e menos preconceituoso, no que tange ao câncer e à morte, que reconheça o
sofrimento vivenciado pelos pacientes e suas famílias. Vale ressaltar, porém, que a humanização do
atendimento encontra-se relacionada com a condição de autenticidade de todas as partes envolvidas:
o paciente, sua família e a equipe, que são autores dessa história. O saber, a experiência e o
desenvolvimento estão presentes nos profissionais de saúde e nos pacientes e suas famílias, que
têm muito a dizer. É preciso assegurar esse lugar, dar espaço e importância à voz do doente e dos
familiares, fazendo valer sua autonomia com relação a sua história e projetos de vida, incluindo a
morte.
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VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Violência Doméstica
Violência doméstica é todo tipo de violência que é praticada entre os membros que habitam um ambi-
ente familiar em comum. Pode acontecer entre pessoas com laços de sangue (como pais e filhos), ou
unidas de forma civil (como marido e esposa ou genro e sogra).
A violência doméstica pode ser subdividida em violência física, psicológica, sexual, patrimonial e mo-
ral. Também é considerada violência doméstica o abuso sexual de uma criança e maus tratos em re-
lação a idosos. Toda violência doméstica é repudiável, mas os casos mais sensíveis são a violência
doméstica infantil, porque as crianças são mais vulneráveis e não têm meios de defesa. Mesmo
quando a violência doméstica não é dirigida diretamente à criança, esta pode ficar com traumas psi-
cológicos.
Muitos casos de violência doméstica ocorrem devido ao consumo de álcool e drogas, mas também
podem ser motivados por ataques de ciúmes.
A maioria dos casos verificados são de violência doméstica contra a mulher, mas também há ca-
sos de violência doméstica contra o homem. Todos os dias, a polícia recebe aproximadamente 2 mil
queixas de pessoas que alegam ter sofrido violência doméstica.
Como em muitos problemas na nossa sociedade, a prevenção é muitas vezes a melhor solução. Mui-
tos especialistas indicam que no caso da violência doméstica, o acompanhamento dos casais antes
que o problema aconteça é crucial. Além disso, é importante que haja uma atuação imediata por
parte de várias entidades quando aparecem os primeiros sinais de violência doméstica.
Em 2015, uma pesquisa feita através do DataSenado revelou que uma em cada cinco mulheres bra-
sileiras já sofreram agressões físicas, seja pelo marido, namorado, companheiro ou ex-companheiro.
Neste mesmo ano, o tema foi amplamente discutido no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM),
que instigou os alunos a construirem uma redação sobre “A persistência a violência contra a mulher
na sociedade brasileira”.
A lei nº 11.340 de 7 de Agosto de 2006, também conhecida como Lei Maria da Penha, tem como ob-
jetivo lidar de forma adequada com a problemática da violência doméstica.
Segundo o artigo 5º da lei "configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou
omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e
dano moral ou patrimonial".
Apesar da criação desta lei, o número de vítimas da violência doméstica no Brasil não desceu. Se-
gundo dados de uma pesquisa de Agosto de 2013 do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Apli-
cada), em alguns casos até houve um aumento.
De acordo com a SSP (Secretaria de Segurança Pública) em São Paulo houve um crescimento de
10% comparando os primeiros semestres de 2012 e 2013.
Cerca de 54% das vítimas mortais foram mulheres entre 20 e 39 anos, e aproximadamente 31% dos
casos ocorreram em via pública, sendo que metade dos homicídios foram concretizados com armas
de fogo.
Com a Lei Maria da Penha, o agressor pode ser punido com 1 a 3 anos de reclusão, além de ser obri-
gado a participar de programas de reeducação.
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TRATAMENTO E PREVENÇÃO DA DEPENDENCIA QUIMICA
A dependência química é definida pela 10ª edição da Classificação Internacional de Doenças (CID-
10), da Organização Mundial da Saúde (OMS), como um conjunto de fenômenos comportamentais,
cognitivos e fisiológicos que se desenvolvem após o uso repetido de determinada substância. A de-
pendência pode dizer respeito a uma substância psicoativa específica (por exemplo, o fumo, o álcool
ou a cocaína), a uma categoria de substâncias psicoativas (por exemplo, substâncias opiáceas) ou a
um conjunto mais vasto de substâncias farmacologicamente diferentes.
Causas
A dependência química é uma doença crônica e multifatorial, isso significa que diversos fatores con-
tribuem para o seu desenvolvimento, incluindo a quantidade e frequência de uso da substância, a
condição de saúde do indivíduo e fatores genéticos, psicossociais e ambientais.
Muitos estudos buscam identificar características que predispõe um indivíduo a um maior risco de
desenvolver abuso ou dependência. Em relação ao álcool, por exemplo, estima-se que os fatores
genéticos expliquem cerca de 50% das vulnerabilidades que levam o indivíduo a fazer uso pesado de
álcool - principalmente genes que estariam envolvidos no metabolismo do álcool e/ou na sensibilida-
de aos efeitos dessa substância, sendo que filhos de alcoolistas possuem quatro vezes mais riscos
de desenvolverem alcoolismo, mesmo se forem criados por indivíduos não-alcoolistas. Além disso,
fatores individuais e aspectos do beber fazem com que mulheres, jovens e idosos sejam mais vulne-
ráveis aos efeitos das bebidas alcoólicas, o que o colocam em maior risco de desenvolvimento de
problemas.
Fatores de risco
No entanto, os fatores de risco não são necessariamente iguais a todos os indivíduos e podem variar
conforme a personalidade, a fase do desenvolvimento e o ambiente em que estão inseridos. Entre
eles, pode-se destacar:
• Fatores de risco: genética, transtornos psiquiátricos (ex: transtornos de conduta), falta de monito-
ramento dos pais, disponibilidade do álcool
• Fatores protetores: religião, controle da impulsividade, supervisão dos pais, bom desempenho
acadêmico, políticas sobre drogas.
• Aumento da tolerância (necessidade de doses maiores para atingir o mesmo efeito obtido com
doses anteriormente inferiores ou efeito cada vez menor com uma mesma dose da substância)
Sintomas de abstinência:
• Sudorese
• Tremores
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É importante que o indivíduo com dependência química procure ajuda com profissionais da saúde
quando ocorrem situações nas quais a substância está influenciando negativamente a saúde física
e/ou rotina, funções acadêmicas e/ou profissionais e as relações pessoais.
Os critérios do “Manual Estatístico e Mental de Transtornos Mentais” (4ª edição; DSM-IV), da Associ-
ação Americana de Psiquiatria, e “Classificação Internacional de Doenças” (10ª edição; CID-10), da
Organização Mundial da Saúde (OMS) são os mais comumente empregados para o diagnóstico dos
transtornos relacionados ao uso de substâncias.
Variados questionários de autopreenchimento (tais como ASSIST, CAGE, AUDIT) e testes sanguí-
neos também têm sido empregados, em contexto clínico, com tais fins, mas não podem ser conside-
rados como substitutos de uma cuidadosa entrevista clínica. Existem ainda alguns exames (marcado-
res biológicos) que são indicadores fisiológicos da exposição ou ingestão de drogas, e podem auxiliar
no diagnóstico e no tratamento.
No caso do álcool, por exemplo, é possível citar o alanina aminotransferase (ALT), volume corpuscu-
lar médio (VCM) e o gama-glutamiltransferase (GGT). É importante também realizar um exame físico
e atentar-se a sinais e sintomas que podem auxiliar na identificação do problema, como por exemplo
sintomas de abstinência, hipertensão leve e flutuante, infecções de repetição, arritmias cardíacas não
explicadas, cirrose, hepatite sem causa definida, pancreatite, entre outras.
Quando o paciente é diagnosticado, é importante que além do tratamento para a dependência quími-
ca, o indivíduo também tenha acompanhamento clínico para garantir a melhora de sua saúde como
um todo.
O tipo de ajuda mais adequado para cada pessoa depende de suas características pessoais, da
quantidade e padrão de uso de substâncias e se já apresenta problemas de ordem emocional, física
ou interpessoal decorrentes desse uso.
A avaliação do paciente pode envolver diversos profissionais da saúde, como médicos clínicos e psi-
quiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais, educadores físicos, assistentes sociais e enfermeiros.
Quando diagnosticada, a dependência química deve contar com acompanhamento a médio-longo
prazo para assegurar o sucesso do tratamento, que varia de acordo com a progressão e gravidade da
doença.
Convivendo/ Prognóstico
Para manter-se livre das drogas, o indivíduo terá que realizar uma série de mudanças em seu estilo
de vida. Por exemplo, evitar locais e situações que sejam associados ao uso, (re)aprender “fontes de
prazer” que não as que estejam relacionadas ao consumo – geralmente, pessoas com problemas
com drogas afastam-se todas as formas de lazer, hobbies, relacionamentos, etc, e retomar a uma
vida “careta” pode ser uma das tarefas mais difíceis no processo de recuperação.
Não podemos afirmar que há uma cura para a dependência química. Ela é uma doença crônica, as-
sim como diabetes e hipertensão, porém, totalmente passível de tratamento. Vale ressaltar que além
de cessar o consumo, um tratamento eficaz é aquele que consegue auxiliar o indivíduo a retomar o
funcionamento produtivo na família, no trabalho, na sociedade e no trabalho.
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De acordo com o National Institute on Drug Abuse (NIDA), estima-se que cerca de 40 a 60% dos
pacientes tem recaídas – números bem próximos de outras doenças crônicas, como a hipertensão
(50 a 70%) e a asma (50 a 70%). Ainda, é importante frisar que a recaída é parte do processo tera-
pêutico e indica que o tratamento deve ser revisto e ajustado.
A história da dependência química acontece desde o início da humanidade, embora a atenção à essa
condição só tenha ocorrido no último século. Dependência química é o uso freqüente e exagerado da
droga, com ruptura dos vínculos afetivos e sociais, é a perda da liberdade de dizer não à droga à qual
o organismo se adaptou, seja droga lícita ou ilícita.
Segundo o dicionário Aurélio, droga é “qualquer substância capaz de modificar a função dos orga-
nismos vivos, resultando em mudanças fisiológicas ou de comportamento”. Na definição da OMS é
“qualquer produto, lícito ou ilícito que afeta o funcionamento mental e corporal do indivíduo e que
pode causar intoxicação ou dependência”.
As drogas são classificadas em três categorias, de acordo com a sua ação no sistema nervoso: De-
pressores do Sistema Nervoso Central, englobando o álcool, benzodiazepínicos, inalantes, opiáceos
naturais, sintéticos e semi-sintéticos; Estimulantes do Sistema Nervoso Central, englobando anfeta-
minas, cocaína e seus derivados; e ainda os Perturbadores do Sistema Nervoso Central, onde encon-
tra-se vegetais (mescalina, maconha, psilocibina, trombeteira) e sintéticos (LSD, ecstasy).
Precede a Dependência, o fenômeno conhecido como tolerância, no qual o organismo sempre pede
uma quantidade maior da droga para obter o efeito de prazer antes obtido com menor quantidade. Tal
fenômeno é devido a sobrecarga dos sistemas enzimáticos do fígado, principalmente o citocromo
P450 que desempenha uma função adaptativa, transformando produtos estranhos ao organismo em
substâncias menos ativas.
No Brasil, segundo estatísticas, 10% da população adulta é acometida pelo alcoolismo e 2% é de-
pendente de outras drogas. Não incluindo o tabagismo, pois se assim fosse, teríamos o número as-
sustador de um dependente para cada dois habitantes (Busnello). Temos portanto um quadro preo-
cupante e merecedor de atenção na Saúde Mental.
Nos últimos anos, devido ao aumento da incidência da enfermidade, muito se tem explorado para
tentar compreender a gênese da dependência química, assim como criar mecanismos eficazes de
prevenção.
O sujeito propenso ao uso de drogas, segundo a OMS, é uma pessoa sem informação adequada
sobre os efeitos da droga; com saúde deficiente; insatisfeito com sua qualidade de vida (falta ou ex-
cesso); com personalidade deficientemente integrada; com fácil acesso às drogas. Segundo Zaitter, o
vício tem início sob quatro aspectos principais:
Segundo Hawkins, quatro elementos têm se mostrado protetores contra a adicção: forte ligação com
os pais; compromisso escolar; envolvimento regular em atividades religiosas; crença em normas e
valores da sociedade.
É uma patologia que atinge todas as classes sociais e todo tipo de família. Porque algumas famílias
são bem-sucedidas na criação de seus filhos, evitando assim a adicção e outras não? Segundo Bau-
rind (1968), os pais são classificados em quatro categorias: pais competentes, pais autoritários, pais
negligentes e pais ausentes. Os pais competentes demonstram confiança em si próprios, como pais e
como pessoas. São confortadores e afetuosos, mas estabelecem limites e padrões de conduta. Dis-
ciplinam os filhos quando esses padrões são rompidos, explicando a lógica da disciplina e tendem a
não utilizar força física como punição. Exercem a autoridade sem serem autoritários.
Seus filhos tendem a ser maduros, independentes, auto-confiantes e com auto estima elevada. Os
pais autoritários são os que dizem aos filhos o que fazer sem explicar as razões, estabelecem pa-
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drões de conduta rígidos sem levar em conta a necessidade dos filhos, consideram a obediência uma
virtude absoluta, quando os padrões são rompidos a punição é insensata e sem explicação, não en-
corajam discussões. Seus filhos tendem a apresentar baixa auto-estima e dependência. Os pais ne-
gligentes são inseguros como educadores, geralmente são afetivos e calorosos mas exercem pouco
controle, como se tivessem medo de serem autoritários, organizam a familia como uma pseudo-
democracia abdicando do poder de decisão e responsabilidade. Seus filhos tendem a ser inseguros,
imaturos e dependentes. Já os pais ausentes manifestam rejeição através da ausência de atenção e
afeto, privando a criança de limites definidos e do alimento afetivo necessário para o reconhecimento
de sua própria existência. Seus filhos têm dificuldades no convívio social e é comum encontrar esse
tipo de característica nos adolescentes usuários de drogas.
Várias abordagens psicológicas tentam explicar a dependência química por diversos fatores. Nenhu-
ma delas consegue explicar tal fenômeno na sua totalidade. Talvez, a forma mais compreensível seja
a complementação que uma teoria pode ser à outra. Deve-se compreender a Dependência Química
considerando as teorias como includentes e complementares e não excludentes.
A Psicanálise contribui para a compreensão da gênese dessa condição com algumas hipóteses. São
elas: teoria das gratificações narcísicas, teoria da oralidade, teoria das perversões, e teoria das rela-
ções maníacas.
Não pretendo explorar profundamente cada uma das teorias, mas superficialmente informá-las.
Teoria da Gratificação Narcísica: -Freud, em 1897 escreveu "... comecei a compreender que a mas-
turbação é o grande hábito, o vício primário, e que é somente como seu sucedâneo e substituto dela
que outros vícios - álcool, morfina, tabaco, etc. - adquirem existência.“ -Enfatizava a possibilidade de,
através das substâncias psicoativas, alguém conseguir prazer, sem a necessidade da colaboração de
outra pessoa. Simmel (1930) endossa tal pensamento ao afirmar que " as mães dos toxicômanos,
não raro, são sedutoras e superindulgentes enquanto mãe nutrícia, retirando, elas mesmas, um pra-
zer auto-erótico do amamentar", concorda Knight(1937) acrescentando que: "elas procuram aplacar o
bebê satisfazendo-o constantemente, de modo que o desmame eventual da criança só poderá signifi-
car traição da mãe”. Desta forma a etapa da separação com posterior individuação ( Mahler,1975)
seria comprometida, favorecendo-lhes o envolvimento futuro com as drogas.
Para Rosenfeld (1960) os bebês seriam portadores de inveja primária do seio materno, o que leva o
indivíduo, a precocemente preterir o seio em favor de seu próprio polegar. A droga, nesta perspectiva,
seria um substituto deste polegar.
Em 1987, Olievenstein e seus colaboradores, concentraram seus estudos na questão da falta. Se-
gundo estes autores, há a possibilidade do sentimento da falta propiciado pela maternagem inade-
quada se sobrepor ao prazer narcísico associado às drogas. As mães insuficientemente boas gerari-
am um estado de crônica falta. Uma falta descomunal e jamais saciável. Nessa perspectiva, o depen-
der de drogas seria o resultado do deslocamento deste sentimento de falta para um objeto, com a
vantagem de este ser alcançável em qualquer esquina do mundo.
Teoria da Oralidade: Freud (1905) destacou a presença de fixações orais em dependentes químicos.
Escreveu em seus três ensaios sobre a teoria da sexualidade: "...da importância erógena da região
labial, constitucionalmente determinada. Se esta importância persistir, estas crianças quando cresce-
rem, torna-se-ão epicuros do beijo, inclinar-se-ão ao beijo pervertido, ou, se do sexo masculino, terão
poderoso motivo para beber e fumar."
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Teoria das Relações Maníacas: Sob o efeito das substâncias psicoativas, o indivíduo experimenta
sensações de enaltecimento pessoal, com conseqüente reforço da onipotência, fato que sempre
chamou a atenção dos vários psicanalistas, que tentaram melhor entender a psicodinâmica dos de-
pendentes químicos. Assim é que Freud (1917,1927) destacou a relação entre a elação alcóolica e a
mania.
Para Rosenfeld (1960) "a toxicomania intimamente se relaciona à doença maníaco-depressiva, con-
quanto não lhe seja idêntica... o ego dos toxicômanos é fraco e não dispõe de força para suportar o
peso da depressão e, por isso, recorre, com facilidade, aos mecanismos maníacos, mas só alcança a
reação maníaca com o auxilio das drogas ...Caracteristicamente defendem-se com idealizações,
identificações com o objeto ideal e o controle onipotente dos objetos".
Clark (1919) direcionou sua atenção para a importância do exame da relação entre depressão e de-
pendência química. Nisto foi seguido por uma infinidade de outros pesquisadores que tiveram sempre
o desafio de tentar separar qual condição determinaria a outra.
Seja, no entanto, mania ou depressão, do ponto de vista destas contribuições, estas seriam condi-
ções prévias, onde o uso de substâncias psicoativas apareceria como subproduto.
Teoria das Perversões: Desde 1912, (Freud) a psicanálise estuda a relação da dependência química
de uma forma geral, e do alcoolismo em especial, com fantasias homossexuais. Para Freud o álcool
seria capaz de levantar as inibições e desfazer o trabalho da sublimação. Em conseqüência disto a
libido homossexual se liberaria.
Abraham (1908) concorda com isso, sustentando que o comportamento, muitas vezes criminoso, de
alcoolistas se daria devido a liberação, pelo álcool, de perversões como o sadismo e o masoquismo.
A Dependência química é uma doença crônica com danos lentos e irreversíveis física e psicologica-
mente. No DSM-IV-TR (Diagnostic and Statistical manual of mental disorders) aparece como transtor-
nos relacionados a substâncias.
Cada classe de drogas conduzirá, no decorrer do tempo, a diferentes danos pois afetará diferentes
sistemas de neurotransmissores.
Robinson e Berridge (1993) estudaram os diversos efeitos das drogas no organismo e concluíram
que substancias psicoestimulantes levam a uma concentração maior de dopamina no núcleo accum-
bens resultando em um comportamento psicótico com alucinações e delírios.
Ernest Simmel (1947) afirma que o supereu é solúvel em álcool, ou seja, o superego do alcoolista,
sob o abuso da substância, se torna menos permeável à censura, perdendo referências morais e
éticas.
Em áreas legais nota-se maior incidência de acidentes/ multas de trânsito, amigos com história crimi-
nal, atividades criminais. Na atuação familiar: conflitos pais/filhos, afastamento das atividades da fa-
milia, desaparecimento de dinheiro ou objetos da casa. E ainda é possível constatação através de
evidências laboratoriais, como a exemplo, pode-se dosar na urina até um certo tempo após o uso,
que varia de acordo com a droga. Assim: cocaína – presente na urina de 8 a 48h. Opiáceos – presen-
tes até 84h. Maconha – de 7 a 34 dias depois do consumo.
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Dependendo do tempo de uso e da instalação da dependência química, muitas vezes o único trata-
mento possível é a internação clínica, a qual, na maior parte das vezes é involuntária num primeiro
momento.
Escolher uma instituição que ofereça uma proposta terapêutica eficaz, que tenha instalações ade-
quadas com profissionais devidamente treinados e ofereça uma estrutura real de trabalho terapêutico
e reinserção social é, para os familiares leigos do tema e surpresos pelo acometimento da doença,
um desafio que muitas vezes premedita o fracasso do objetivo a que se propõe uma internação para
reabilitação.
Há, entretanto, alguns critérios que devem ser levados em conta, na escolha de uma instituição ade-
quada. Os familiares devem preceder uma visita antes de uma escolha definitiva, quando se observa
itens básicos como instalações e acomodações para o interno, higiene, estrutura de lazer, presença
de profissionais diversos da área de saúde tais como psicólogos, psicanalistas, terapeutas, assistente
social, monitores, professor de educação física, médico psiquiatra e médico clínico geral, possibilida-
des e recursos de atendimento a emergências clínicas, plano e rotina diária de atividades, cardápio
diferenciado para dietas hipocalóricas ou hipoglicêmicas, programas de ressocialização na etapa final
da internação, programa de assistência familiar e acompanhamento pós-internação. São critérios que
determinam ou não o sucesso do tratamento.
A maioria das instituições fundamentam seus projetos terapêuticos nos passos das Irmandades
Anômimas, o que tem se mostrado muito eficiente e eficaz para o sucesso do tratamento.
As instituições terapêuticas para dependentes químicos têm uma ampla gama de atividades que po-
dem ser psicoterapia individual e grupal, psicanálise individual e grupoanálise, grupos de reflexão,
grupos de AA e NA, grupos de partilha de sentimentos, palestras, videoterapia, educação física, artes
marciais, laborterapia, grupos de práticas espirituais, etc.
O objetivo da internação é a priori, a quebra de padrão de abuso da substância, mas também uma
preparação para a reinserção do indivíduo na sociedade, no exercício da sua cidadania e do seu pa-
pel familiar, conscientizando o de sua enfermidade e de sua cronicidade e colocando-o na posição de
responsável pela manutenção constante da sua recuperação.
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A terapia medicamentosa poderá ser eficaz durante e pós-internação. Poderá ser o uso de neurolép-
ticos para contenção dos impulsos e da compulsão ou também o uso de drogas aversivas específicas
para o alcoolismo. Embora o Dissulfiram tenha sido, no passado, usado por muitos profissionais no
combate ao alcoolismo, mostrou-se com o tempo, perigosa e obsoleta. Hoje, a industria farmacêutica
oferece a naltrexona e o acamprosato no tratamento de alcoolismo. Não se tem uma evidência con-
creta da eficácia dessas drogas, os dados até então encontrados são inconsistentes.
A manutenção da recuperação tende a ser bem sucedida quando orientada por profissionais experi-
entes, mas outros fatores têm se mostrado relevantes nesse processo, tais como o apoio e o acolhi-
mento familiar; a criação de um ambiente propício à expressão de sentimentos e à pedidos de ajuda,
quando necessários; a valorização do indivíduo e o respeito pelos seus direitos e liberdade e a esti-
mulação à responsabilidade do indivíduo pelos seus atos.
A dependência química é uma doença crônica que leva o caos à estrutura familiar e que pode ser
destrutiva e auto-destrutiva, portanto requer tratamento especializado e participação de todos os
membros cuidadores.
Alcoolismo
A dependência de álcool, droga mais popular, atinge 12% dos adultos brasileiros e responde por 90%
das mortes associadas ao uso de outras drogas. Ou seja, o álcool mata muito mais do que as drogas
ilícitas.
Apesar de ser uma doença sem cura, o alcoolismo pode ser totalmente controlado. O Brasil tem mi-
lhares de instituições de ajuda ao usuário de álcool com problemas. Elas atuam com prevenção, tra-
tamento e ações de redução de danos.
O modelo de prevenção mais comum é a educação afetiva. Nessa abordagem, valorizar a autoestima
do paciente, ensiná-lo a controlar sua ansiedade e ajudá-lo a recuperar a capacidade de decidir e se
relacionar é mais útil do que enfatizar as consequências negativas do abuso de álcool. Nesse sentido,
as palestras são ferramentas educativas importantes, pois trazem informações e funcionam como um
espaço reservado à reflexão.
Quando o abuso de álcool se torna um problema que interfere na dinâmica familiar, na participação
social e nas atividades de trabalho, o tratamento indicado ainda é o voluntário. Ou seja, somente com
a concordância do paciente. Segundo os Alcoólicos Anônimos, a decisão de optar por se tratar pode
demorar, mas só pode ser tomada pelo próprio alcoólatra. A psicoterapia, individual, familiar ou em
grupo, é a forma de tratamento mais comum.
No método dos 12 passos, por exemplo, usado pelos Alcoólicos Anônimos, os veteranos que já para-
ram de beber dão conselhos a quem quer interromper o vício. Em reuniões abertas ou fechadas, ca-
da um relata como foi parar ali e descobre como sua história é parecida com a de todos os outros. O
sucesso do tratamento é atribuído a essa franca troca de experiências.
Em geral, espera-se que a família participe e apoie o tratamento. Em alguns lugares, há também as-
sistência religiosa. Para os casos mais graves, algumas instituições fazem internações terapêuticas,
outras fazem apenas atendimento ambulatorial.
A Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) tem cadastrados Centros de Atenção Psi-
cossocial de Álcool e Drogas (CAPSad), clínicas particulares, hospitais, universidades, comunidades
terapêuticas, residências terapêuticas, grupos de auto-ajuda, entre outras instituições de assistência
ao dependente de álcool.
Drogas
As drogas psicoativas fazem parte da história da humanidade. Apenas reprimir o uso não resolve o
problema. Por isso, as políticas públicas estão mais orientadas à redução de danos. A ideia é infor-
mar e orientar o dependente químico para evitar as consequências ruins do mau uso dessas drogas.
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Cerca de 22% dos brasileiros acima de 18 anos já usaram drogas psicoativas além do álcool e do
cigarro alguma vez na vida. Entre os estudantes, o uso frequente de drogas (20 ou mais doses por
mês) é de 3,6%. A maconha é a mais usada das drogas ilícitas. Veja quais são as outras:
• Alucinógenos
• Anticolinérgicos (medicamentos e chás com plantas que possuem atropina e a escopolamina)
• Barbitúricos (sedativos)
• Benzodiazepínicos (medicamentos que induzem o sono)
• Cocaína
• Crack
• Esteroides anabolizantes
• Estimulantes (inclusive remédios para emagrecer)
• Heroína
• Merla (pasta-base da cocaína)
• Opiáceos (à base de ópio)
• Orexígenos (medicamentos estimuladores de apetite)
• Solventes (cola de sapateiro, lança-perfume, loló)
• Xaropes (codeína)
Embora muitas pessoas consigam viver bem usando essas substâncias, todas apresentam riscos
potenciais de danos à saúde. O uso contínuo pode levar à tolerância (a pessoa fica acostumada à
droga e precisa aumentar a dose para obter o efeito inicial) e dependência.
Milhares de instituições, muitas não-médicas, formam uma rede nacional de assistência com ações
de promoção, prevenção e proteção à saúde dos usuários. A maioria (70%) são instituições de autoa-
juda, como os Alcoólicos Anônimos (AA). O SUS tem os Centros de Atenção Psicossocial para álcool
e drogas (CAPSad), de atendimento diário, com atividades laborais, de lazer e de cidadania.
As ações de redução de danos à saúde, desenvolvidas em mais de 600 instituições pelo Brasil, já
reduziram o número de casos notificados de Aids entre usuários de drogas injetáveis, sem aumentar
o consumo de drogas injetáveis.
Tabagismo
O tabagismo é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a principal causa de morte
evitável no mundo. A organização estima que um terço da população mundial adulta, isto é, cerca de
1 bilhão e 200 milhões de pessoas, sejam fumantes. Pesquisas comprovam que aproximadamente
47% de toda a população masculina mundial e 12% da feminina fumam.
A fumaça do cigarro tem mais de 4,7 mil substâncias tóxicas. O alcatrão, por exemplo, é composto de
mais de 40 compostos cancerígenos. Já o monóxido de carbono (CO) em contato com a hemoglobina
do sangue dificulta a oxigenação e, consequentemente, ao privar alguns órgãos do oxigênio causa
doenças como a aterosclerose (que obstrui os vasos sanguíneos). A nicotina é considerada pela Or-
ganização Mundial da Saúde (OMS) droga psicoativa que causa dependência. Ela também aumenta
a liberação de catecolaminas, que contraem os vasos sanguíneos, aceleram a freqüência cardíaca,
causando hipertensão arterial.
O tabagismo está relacionado a mais de 50 doenças sendo responsável por 30% das mortes por
câncer de boca, 90% das mortes por câncer de pulmão, 25% das mortes por doença do coração,
85% das mortes por bronquite e enfisema, 25% das mortes por derrame cerebral. Segundo a Organi-
zação Mundial da Saúde (OMS), todo ano cinco milhões de pessoas morrem no mundo por causa do
cigarro. E, em 20 anos, esse número chegará a 10 milhões se o consumo de produtos como cigarros,
charutos e cachimbos continuar aumentando.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o tabaco também tem relação com a impotência se-
xual e infertilidade masculina pois, segundo estudos, prejudica a mobilidade do espermatozóide. Os
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mesmos prejuízos também são atribuídos ao cachimbo e ao charuto. Apesar de não serem tragáveis,
possuem uma concentração de nicotina maior, que é absorvida pela mucosa oral.
Não só o fumo ativo, mas o passivo também aumenta os riscos de doença. Sete não fumantes mor-
rem por dia em consequência do fumo passivo. O tabagismo passivo aumenta em 30% o risco para
câncer de pulmão e 24% o risco para infarto.
Tratamentos e benefícios
Os tratamentos mais eficazes unem apoio medicamentoso com mudanças de hábitos. A combinação
é importante porque o tabaco causa dependência física, psicológica e comportamental, veja os deta-
lhes:
Física: Cada tragada tem 4.730 substâncias e, com o tempo, o corpo do fumante passa a precisar do
cigarro para funcionar. Quando se tira essas substâncias, particularmente a nicotina, o corpo vive
uma espécie de curto-circuito e entra em síndrome de abstinência. Os principais sintomas são ansie-
dade, inquietação, sonolência ou insônia, e prisão de ventre.
Psicológica: O cigarro torna-se uma “bengala” para o dependente, que passa a fumar mais quando
está estressado, triste e se sentindo sozinho.
Comportamental: O fumante tem uma rotina com o cigarro. Há momentos em que o fumar é um hábi-
to automático. Depois da refeição, com o cafezinho, após ir ao banheiro, etc.
Especialistas aconselham as pessoas a marcar uma data para largar o vício. Há dois métodos para
parar de fumar: imediatamente ou gradualmente. O método mais adequado é a parada imediata, no
qual você marca uma data e, a partir desse dia, não fuma mais nenhum cigarro. Esta deve ser sem-
pre sua primeira opção. Outra alternativa é parar gradualmente, reduzindo o número de cigarros ou
retardando a hora do primeiro cigarro do dia. Mas você não deve gastar mais de duas semanas, pois
pode se tornar uma forma de adiar, e não de parar de fumar.
Para reduzir o número de cigarros, diminua um pouco a cada dia. Por exemplo, uma pessoa que fu-
ma 30 cigarros por dia, no primeiro dia fuma os 30 cigarros usuais, no segundo dia 25, no terceiro 20,
no quarto 15, no quinto 10 e no sexto fuma apenas 5 cigarros. O sétimo dia é a data para deixar de
fumar e o primeiro dia sem cigarros.
Ao retardar a hora do primeiro cigarro, o fumante deve proceder com o mesmo método gradual. Por
exemplo, no primeiro dia você começa a fumar às 9h, no segundo às 11h, no terceiro às 13h, no
quarto às 15h, no quinto às 17h e no sexto às 19 h. O sétimo dia é a data para deixar de fumar e o
primeiro dia sem cigarros.
Lembre-se também que fumar cigarros de baixos teores não é uma boa alternativa. Todos os tipos de
derivados do tabaco (cigarros, charutos, cachimbos, cigarros de Bali, etc.) fazem mal à saúde. Cuida-
do com os métodos milagrosos para deixar de fumar. Caso não consiga parar de fumar sozinho, pro-
cure orientação médica.
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ABORDAGEM SISTÊMICA
Abordagem Sistêmica
A fim de tratar dos antecessores históricos da Teoria Sistêmica5, a presente sessão estará baseada na
obra de Capra (2006), a qual remonta os momentos, ao longo da história, que influenciaram a formula-
ção de movimentos que serviram como pilares de sustentação para o desenvolvimento do Pensamento
Sistêmico. O autor inicia sua jornada na Idade Antiga resgatando as ideias do filósofo grego Aristóteles,
o qual acreditava que a matéria continha a natureza essencial de todas as coisas, de forma que a
essência somente poderia se tornar real através da forma. A visão de mundo como espiritual, orgânico,
característica da filosofia aristotélica, dominou o pensamento ocidental durante toda a Idade Média.
Foi apenas nos séculos XVI e XVII, devido à revolução científica proporcionada pelas descobertas da
Física, Astronomia e Matemática, que a visão medieval cedeu lugar ao entendimento de que o mundo
seria como uma máquina, regido por leis matemáticas exatas. Este momento, chamado de Mecani-
cismo Cartesiano, teve como seus representantes mais notáveis Galileu Galilei, Copérnico, René Des-
cartes, Francis Bacon e Isaac Newton. O método analítico, um dos símbolos dessa revolução, foi criado
por Descartes e consistia no pressuposto de que, quebrando os fenômenos complexos em partes, se
poderia compreender o comportamento do todo a partir das propriedades das partes.
O Modelo Mecanicista teve sucesso em alguns experimentos, tais como o de William Harvey, por meio
do qual foi possível explicar o fenômeno da circulação sanguínea. Outros fisiologistas buscaram, sem
sucesso, aplicar o mesmo modelo para compreender funções somáticas como a digestão e o metabo-
lismo, pois tais fenômenos envolviam processos químicos desconhecidos na época. Somente no século
XVIII, Antoine Lavoisier, precursor da Química Moderna, confirma a importância dos processos quími-
cos para o funcionamento dos organismos vivos por meio da descoberta de que a respiração é uma
forma especial de oxidação. A partir de então, modelos mecanicistas simplistas foram sendo abando-
nados, embora a essência da ideia cartesiana perdurasse.
Opondo-se ao mecanicismo cartesiano surge o Movimento Romântico, que se estende desde o final
do século XVIII até o término do XIX. O retorno às ideais aristotélicas ocorreu em função das produções
de poetas e filósofos românticos alemães como Immanuel Kant, que voltaram a se concentrar na natu-
reza da forma orgânica. A figura central desse movimento foi Johann Wolfgang Von Goethe, um dos
primeiros a usar o termo morfologia para explicar o estudo da forma biológica a partir de um ponto de
vista dinâmico. A natureza teria uma forma móvel e seguiria um padrão de relações dentro de um
grande todo organizado e harmonioso. A preocupação básica dos biólogos tornou-se o problema da
forma biológica, de modo que as questões referentes às composições materiais tornaram-se secundá-
rias.
Tal compreensão se tornou possível apenas no século XX, no qual surge a Biologia Organísmica ou
Organicismo como um movimento de oposição ao Mecanicismo e que se delineia como forte influência
na construção do Pensamento Sistêmico. As ideias de Aristóteles, Goethe, Kant e Cuvier são aprimo-
radas e causam grande impacto negando pensamentos estruturais do Mecanicismo Cartesiano, tais
como o método analítico. Segundo a concepção Organísmica, as propriedades essenciais de um orga-
nismo pertencem ao todo, de maneira que nenhuma das partes as possuem, pois tais propriedades
surgem justamente das interações entre as partes. Portanto, as propriedades das partes podem ser
entendidas apenas a partir da organização do todo. O Organicismo coloca o foco no entendimento das
relações organizadoras sendo que a concepção de organização foi aperfeiçoada posteriormente com
o conceito de auto-organização.
A Ecologia, uma das vertentes do Pensamento Sistêmico, emerge da Escola Organísmica da Biologia
quando biólogos começaram a estudar comunidades de organismos. O foco estava colocado no estudo
das relações que interligam os organismos. A concepção de ecossistema moldou todo o pensamento
ecológico a partir de então e promoveu uma abordagem sistêmica da ecologia. A compreensão dos
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sistemas vivos como redes oferece uma nova perspectiva acerca das chamadas hierarquias da natu-
reza. Neste sentido, de acordo com Capra (2006), não existe hierarquia na natureza e sim, redes que
se formam dentro de outras redes.
Ainda na década de 1920, durante a República de Weimar na Alemanha, quando a tendência intelectual
era negar a fragmentação e o mecanicismo, buscando a totalidade, surge a Psicologia da Gestalt.
Psicólogos liderados por Max Wertheimer e Wolfgang Köhler reconhecem a existência de totalidades
irredutíveis como aspecto chave da percepção afirmando que totalidades exibem qualidades que estão
ausentes em suas partes. O filósofo Christian Von Ehrenfels afirma que o todo é maior do que a soma
das partes, princípio este que se tornou central na Teoria Sistêmica.
Uma década mais tarde, o biólogo austríaco Ludwig Von Bertalanffy apresenta a Teoria Geral dos
Sistemas e, em 1940, e o matemático norte-americano Norbert Wiener inicia a elaboração da Ciberné-
tica. Ambas as teorias tiveram desenvolvimento paralelo no século XX e configuram os limites paradig-
máticos para a Teoria Sistêmica, em conjunto com a influência da Teoria da Comunicação Humana,
criada por Gregory Bateson e Paul Watzlawick. A seguir, tratar-se-á de cada uma das teorias supraci-
tadas.
Desde a década de 1920, quando inicia sua carreira como biólogo em Viena, Ludwig Von Bertalanffy
critica a predominância do enfoque mecanicista tanto na teoria quanto na pesquisa científica. Em 1925,
ele publica suas ideias em alemão e, em 1930, lança alguns artigos na Inglaterra. Na década seguinte,
o autor apresenta sua teoria do organismo considerado como sistema aberto. Em meio ao contexto da
Segunda Guerra Mundial, as ideias de Bertalanffy não foram bem aceitas em um primeiro momento. O
biólogo conhece então, a Teoria da Cibernética que florescia nos Estados Unidos e passa a ser influ-
enciado por ela. Em 1960, Bertalanffy começa a ministrar conferências nos Estados Unidos e em 1967
e 1968 publica a Teoria Geral dos Sistemas por meio de uma editora canadense e, em função da maior
propagação de suas ideias, que passam a estar disponíveis em língua inglesa, a Teoria ganha visibili-
dade (Vasconcellos, 2010).
A Teoria Geral dos Sistemas também é conhecida por Teoria Sistêmica. Contudo, elas são diferentes,
visto que a Teoria Geral dos Sistemas é mais ampla e abarca todas as áreas do conhecimento (Física,
Química, entre outras). Já a Teoria Sistêmica está mais voltada para a área da Psicologia. Para fins
práticos, elas serão utilizadas como sinônimos, o que não se mostra errôneo, mas faz-se essa ressalva
para fins didáticos e de esclarecimento (Costa, 2010).
Assinala-se que, em 1912, o pesquisador, médico, filósofo e economista russo Alexander Bogdanov,
também desenvolveu uma teoria, que se assemelha à Teoria Geral dos Sistemas, a qual deu o nome
de Tectologia. O principal objetivo era esclarecer e generalizar os princípios de organização de todas
as estruturas vivas e não vivas e formular uma ciência universal da organização. Mesmo que tal teoria
seja anterior a Teoria Geral dos Sistemas e que, em 1928, tenha sido publicada uma segunda edição
elaborada em alemão, Bertalanffy não faz referências a Bogdanov em seus livros (Capra, 2006).
Bertalanffy confere importância ao Pensamento Sistêmico como um movimento científico por meio de
suas concepções de sistema aberto e de sua Teoria Geral dos Sistemas. De acordo com o autor,
organismos vivos são sistemas abertos que não podem ser descritos pela termodinâmica clássica, que
trata de sistemas fechados em estado de equilíbrio térmico ou próximo dele. Os sistemas abertos po-
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dem se alimentar de um contínuo fluxo de matéria e de energia extraídas e devolvidas ao meio ambi-
ente. Mantêm-se, portanto, afastados do equilíbrio em um estado quase estacionário ou em equilíbrio
dinâmico (Capra, 2006).
O objetivo da Teoria Geral dos Sistemas se constituía em estudar os princípios universais aplicáveis
aos sistemas em geral, sejam eles de natureza física, biológica ou sociológica. Bertalanffy conceitua
sistema como um complexo de elementos em estado de interação. A interação ou a relação entre os
componentes torna os elementos mutuamente interdependentes e caracteriza o sistema, diferenci-
ando-o do aglomerado de partes independentes (Vasconcellos, 2010). A Teoria Geral dos Sistemas
combina conceitos do Pensamento Sistêmico e da Biologia (Costa, 2010), incidindo na generalização
do Modelo Organicista, ou seja, na noção de que o universo pode ser pensado como um grande orga-
nismo vivo (Pinheiro, Crepaldi, & Cruz, 2012). Assim, pressupõem-se que os fenômenos não podem
ser considerados isoladamente, e sim, como parte de um todo.
Sendo assim, o todo emerge além da existência das partes e "as relações são o que dá coesão ao
sistema todo, conferindo-lhe um caráter de totalidade ou globalidade, uma das características definido-
ras do sistema" (Vasconcellos, 2008, p.199). Os conceitos básicos de sua teoria são: globalidade, não-
somatividade, homeostase, morfogênese, circularidade e equifinalidade (Vasconcellos, 2010). Segue
abaixo uma breve descrição de cada um desses conceitos.
De acordo com a globalidade, todos os sistemas funcionam como um todo coeso e mudanças em uma
das partes provocam mudanças no todo. O conceito de não-somatividade afirma que o sistema não é
a soma das partes, devendo-se considerar o todo em sua complexidade e organização; assim, embora
o indivíduo faça parte da família, ele mantém sua individualidade. A homeostase é o processo de au-
torregulação que mantém a estabilidade do sistema preservando seu funcionamento. A morfogênese é
o processo oposto a homeostase, ou seja, é a característica dos sistemas abertos de absorver os as-
pectos externos do meio e mudar sua organização. A circularidade, também chamada de causalidade
circular, bilateralidade ou não-unilateralidade, diz respeito à relação bilateral entre elementos, sendo
que esta relação é não linear e obedece a uma sequência circular. O último conceito, equifinalidade,
refere que em um sistema aberto, o resultado de seu funcionamento independe do ponto de partida,
ou seja, o equilíbrio é determinado pelos parâmetros do sistema; diferentes condições iniciais geram
igualdade de resultados e diferentes resultados podem ser gerados por diferentes condições iniciais.
Desta forma, nos sistemas fechados o estado de equilíbrio é dado pelas condições iniciais (Barcellos
& Moré, 2007; Osorio, 2002; Vasconcellos, 2010).
A Teoria Geral dos Sistemas também fez uso do conceito de retroalimentação ou feedback que emer-
giu na cibernética (como será ressaltado adiante), o qual garante a circulação de informações entre
elementos do sistema. A retroalimentação pode ser negativa, o que acontece quando esse mantém a
homeostase, ou positiva, ocorre quando o sistema responde pela mudança sistêmica (morfogênese)
(Vasconcellos, 2010).
Além desses conceitos, Bertalanffy dedicou-se a investigar os princípios básicos interdisciplinares que
pudessem constituir uma teoria interdisciplinar. Apontou para a necessidade de categorias mais amplas
de pensamento científico, de forma que a Sociologia e a Biologia também pudessem ser abarcadas por
uma ciência mais rigorosa, além da Física e da Química. O autor não queria se afastar do referencial
da ciência tradicional e por isso manteve-se preso ao pressuposto de objetividade. Ele acreditava em
um mundo hierarquicamente organizado, em uma realidade independente do observador (Capra,
2006).
De acordo com Bertalanffy, uma Teoria Geral dos Sistemas ofereceria um arcabouço conceitual abran-
gente capaz de unificar várias disciplinas científicas que, naquele momento, estavam isoladas e frag-
mentadas. Propõe, portanto, uma ciência da totalidade, da integridade ou de entidades totalitárias. O
autor busca uma síntese do conhecimento sem eliminar as diferenças por meio de um esquema claro
e consistente de conceitos, uma teoria unitária em torno de conceitos de sistema e organização. O foco
é deslocado da constituição das entidades para a organização dos sistemas e para o conceito de inte-
ração (Grandesso, 2000).
A interação gera realimentações (feedbacks) que podem ser positivas ou negativas, criando assim uma
autorregulação regenerativa, que, por sua vez, cria novas propriedades, as quais podem ser benéficas
ou maléficas para o todo independente das partes. A interação dos elementos do sistema é chamada
de sinergia. Por outro lado, a entropia é a desordem ou ausência de sinergia. Um sistema pára de
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funcionar adequadamente quando ocorre entropia interna. Os sistemas orgânicos em que as alterações
benéficas são absorvidas e aproveitadas sobrevivem, e os sistemas onde as qualidades maléficas ao
todo resultam em dificuldade de sobrevivência tendem a desaparecer caso não haja outra alteração de
contrabalanço que neutralize aquela primeira mutação. Assim, de acordo com Bertalanffy, a mudança
permanece ininterrupta enquanto os sistemas se autorregulam e se retroalimentam (Vasconcellos,
2010).
Um sistema realimentado é necessariamente um sistema dinâmico, já que deve haver uma causalidade
implícita. Em um ciclo de retroação, uma saída é capaz de alterar a entrada que a gerou, e consequen-
temente, a si própria. Se o sistema fosse instantâneo, essa alteração implicaria uma desigualdade.
Portanto, em uma malha de realimentação deve haver certo retardo na resposta dinâmica. Esse retardo
ocorre devido a uma tendência do sistema de manter o estado atual mesmo com variações bruscas na
entrada, isto é, ele deve possuir uma tendência de resistência a mudanças. Assim, uma organização
realimentada e autogerenciada gera um sistema cujo funcionamento é independente da substância
concreta dos elementos que a formam. Dessa forma, elementos podem ser substituídos sem dano ao
todo, o que caracteriza o processo de autorregulação, no qual o todo assume as tarefas da parte que
falhou (Vasconcellos, 2010).
Na década de 1940, aportes teóricos se articularam à Teoria Geral dos Sistemas, quais sejam, a Ci-
bernética e a Teoria da Comunicação. Embora Osório (2002) afirme que a Teoria dos Jogos também
influenciou a Teoria Geral dos Sistemas, optou-se aqui por tratar exclusivamente da Cibernética e da
Teoria da Comunicação, visto apenas estas são referenciadas nas obras como fundantes da Teoria
Geral dos Sistemas.
A Cibernética
Naquela época, o mundo vivia a Segunda Guerra Mundial e os Estados Unidos começou a financiar
pesquisas que pudessem contribuir para a melhoria das máquinas de guerra. Com isso, Wiener, em
parceria com Rosenblueth e com o engenheiro eletrônico Julian Bigelow, criou um projeto que aprimo-
rou a artilharia antiaérea. Wierner desenvolveu programas e "máquinas computadoras" que tinham co-
nexão com o sistema nervoso humano. A ideia de Wierner e dos pesquisadores com quem trabalhava
era de projetar máquinas que tivessem performance de funções humanas. Nas pesquisas realizadas
para a execução do projeto, Wiener e Bigelow criaram o conceito de feedback, também chamado de re-
alimentação ou retroação (como já mencionado anteriormente), o qual foi desenvolvido para explicar
de que forma pode-se corrigir desvios a máquinas computadorizadas, os quais eram essenciais para a
guerra e se fazia analogia entre o funcionamento do sistema nervoso e o funcionamento das máquinas
de computação (Vasconcellos, 2010).
Em 1944, houve um encontro em Princenton para discutir "Cibernética", do qual participaram engenhei-
ros, projetistas de máquinas computadorizadas, fisiologistas, neurocientistas e matemáticos.
Em 1946, acontece a 1ª Conferência Macy em Nova Iorque, a qual teve como tema "Feedback" e que
contou com a presença dos pesquisadores acima citados e de psicólogos, antropólogos, economistas
e especialistas na Teoria dos Jogos. O encontro pretendia reunir cientistas que pudessem ajudar na
compreensão do sistema nervoso, comunidades sociais e meios de comunicação.
Nos anos subsequentes, houve várias conferências Macy e pode-se afirmar que o arcabouço teórico
da Cibernética foi construído nestes encontros. A partir dessas reuniões, a área foi reconhecida por
inúmeras realizações tecnológicas, tais como: aparelho que permite aos cegos a leitura auditiva de um
texto impresso, computadores ultrarrápidos, próteses para membros perdidos, máquinas artificiais com
performances altamente elaboradas, pulmão artificial, máquina de jogar xadrez, aparelho auditivo para
deficientes auditivos, máquinas para atuarem em situações em que o trabalho implica risco para o
homem, dentre outras invenções (Vasconcellos, 2010).
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Desta forma, no final de década de 1940, Wierner escreveu sobre a Teoria da Cibernética, também
chamada de "Ciência da Correção". O termo Cibernética origina-se da palavra grega kybernetes que
significa piloto, condutor. Desta forma, tal teoria apresenta uma tendência mecanicista por sua associ-
ação com máquinas ou sistemas artificiais. A preocupação do autor era com a construção de sistemas
que reproduzissem os mecanismos de funcionamento de sistemas vivos, isto é, ele propôs a construção
dos chamados autômatos simuladores de vida ou máquinas Cibernéticas (Vasconcellos, 2010).
Para Wiener, o propósito da Cibernética era o de desenvolver uma linguagem e técnicas que permitis-
sem abordar o problema da comunicação e do controle em geral. Portanto, considerava que a mensa-
gem era o elemento central, tanto na comunicação quanto no controle, ou seja, quando nos comunica-
mos enviamos uma mensagem e, da mesma forma, quando comandamos. A mensagem pode ser
transmitida por meios elétricos, mecânicos ou nervosos e é considerada uma sequência de eventos
mensuráveis, distribuídos no tempo (Vasconcellos, 2010). Por esta razão, o antropólogo Gregory Ba-
teson, que também participava das conferências Macy, desenvolve a Teoria da Comunicação que con-
tribui de forma significativa para a melhoria das máquinas Cibernéticas. A Teoria da Cibernética divide-
se em Cibernética de 1ª ordem e de 2ª ordem. A Cibernética de 1ª ordem se subdivide em 1ª e 2ª
Cibernética.
Já a 2ª Cibernética trata dos processos morfogenéticos (gênese de novas formas), resultantes de re-
troalimentação positiva ou retroação amplificadora de desvios, amplificação que pode - caso não pro-
duza a destruição do sistema e se a estrutura do mesmo permitir - promover sua transformação, le-
vando-o a um novo regime de funcionamento. Trata da capacidade de auto-mudança do sistema (Vas-
concellos, 2010). Os conceitos de input e output persistem, mas aparece o conceito de feedback (cri-
ado por Wiener e Bigelow, como já mencionado anteriormente) e de causalidade circular retroativa e
recursiva. Assim, aqui tem origem o pressuposto da instabilidade, o qual baseia-se na noção do mundo
como em um processo de constante transformação, no qual há a indeterminação e, por isso, alguns
fenômenos são imprevisíveis e irreversíveis, e, portanto, incontroláveis (Vasconcellos, 2010).
A Cibernética de 2ª ordem também é chamada de Si-Cibernética porque Edgar Morin propôs um mo-
vimento que ultrapassasse a Cibernética: a Si-Cibernética. O prefixo si é o elemento da preposição
grega sun que significa "estar junto", o que marca a obrigação recíproca entre as partes. O físico Heinz
Von Foster é considerado uma figura central para o desenvolvimento da Si-Cibernética. Ele é respon-
sável pela noção de sistemas observantes, de acordo com o qual o observador, incluindo-se no sistema
que observa, se observa observando (Vasconcellos, 2010). A partir da noção de sistemas observantes,
a Cibernética tomou a si mesma como objeto de estudo e surgiu, então, a Cibernética de 2ª ordem,
também chamada de construtivismo ou visão construtivista, pois pressupõe o observador como parte
do sistema observado (Osorio, 2002; Vasconcellos, 2010).
A articulação dos desenvolvimentos da Cibernética que fazem emergir a Si-Cibernética mudou os pres-
supostos epistemológicos da ciência tradicional (simplicidade, instabilidade e objetividade), exigindo
uma reorganização dos conceitos anteriormente elaborados (Barcellos & Moré, 2007). Fala-se então
em Pensamento Sistêmico, o qual também é chamado de epistemologia sistêmica, de novo paradigma
da ciência (ou paradigma da ciência contemporânea), ou ainda, de epistemologia da ciência novo-
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paradigmática (Vasconcellos, 2010). Todavia, nem tudo o que é sistêmico e nem tudo o que se apre-
senta como Teoria Sistêmica ou Pensamento Sistêmico, pode ser reconhecido como sendo da episte-
mologia da ciência novo-paradigmática; para que seja novo-paradigmático, é necessário que tenha os
três pressupostos mencionados acima, quais sejam, complexidade, instabilidade e intersubjetividade.
A Teoria da Comunicação
Gregory Bateson (1904-1980), antropólogo inglês, se utilizou das teorias acima citadas para desenvol-
ver a Teoria da Comunicação. O autor, junto com seus colaboradores de Palo Alto (Califórnia), descre-
veu a comunicação patogênica na família do esquizofrênico e apresentou a hipótese do duplo vínculo,
ou seja, uma forma de comunicação paradoxal que tem profundas implicações nas relações interpes-
soais. Bateson fazia uso de analogias, metáforas e histórias por acreditar que esses recursos eram um
caminho para o estudo das relações (Osório, 2002).
O processo de comunicação humana abrange uma complexidade de fatores, tais como conteúdo, forma
e linguagem, os quais estão sempre presentes nos processos interrelacionais. A Teoria da Comunica-
ção humana, na sua origem, engloba três dimensões: a sintaxe, a semântica e a pragmática. A sintaxe
se refere à transmissão da informação; a semântica está relacionada ao significado dos símbolos; e a
pragmática diz respeito aos aspectos comportamentais da comunicação. A teoria também apresenta o
conceito da metacomunicação (comunicação sobre a comunicação) e o uso de mensagens congruen-
tes ou incongruentes (Watzlawick, Beavin, & Jackson, 1973).
Segundo Watzlawick et al. (1973), invariavelmente as pessoas enviam e recebem uma diversidade de
mensagens, sejam elas pelos canais verbais ou não verbais, e as mesmas necessariamente modificam
ou afetam umas às outras. Quando duas pessoas interagem constantemente, reforçam e estimulam o
que está sendo dito ou feito, de tal forma que o padrão de comunicação entre os participantes de uma
interação define o relacionamento entre eles. Percebe-se, assim, que a importância das mensagens
não está vinculada somente à questão de comunicar algo, mas também, e especialmente, à influência
que ela exerce no comportamento e nas atitudes das pessoas em interação (Nieweglowski & More,
2008).
Além disso, Bateson e Watzlawick preconizaram que a teoria também abarca os cinco axiomas que
são: 1) É impossível não comunicar; 2) Toda comunicação tem aspecto de relato (conteúdo) e de ordem
(relação); 3) A natureza de uma relação está na contingência da pontuação das sequências comunica-
cionais entre os comunicantes (cada comportamento é causa e efeito do outro); 4) Os seres humanos
se comunicam de maneira digital (comunicação verbal) e analógica (comunicação não-verbal); e 5)
Todas as permutas comunicacionais ou são simétricas ou complementares, e estão baseadas na igual-
dade ou na diferença (Watzlawick et al. 1973).
Bateson concebeu um conceito novo e radical de mente, capaz de superar a visão cartesiana. Mente
é um fenômeno sistêmico característico dos seres vivos, uma característica relacional. A mente não
está no cérebro e sim nas relações. Também nega a objetividade da realidade quando afirma que o
observador traz a marca de quem observa. Não existe, portanto, uma realidade objetiva, independente
do observador (Vasconcellos, 2010), conforme já explicitado no pressuposto da intersubjetividade. A
compreensão dos padrões comunicacionais que possibilitam ou dificultam as relações são de suma
importância para aqueles que trabalham dentro do paradigma sistêmico. A seguir, serão destacados
os principais requisitos para a formulação do Pensamento Sistêmico.
A palavra "sistema" deriva do grego synhistanai que significa colocar junto. O entendimento sistêmico
requer uma compreensão dentro de um contexto, de forma a estabelecer a natureza das relações. A
principal característica da organização dos organismos vivos é a natureza hierárquica, ou seja, a ten-
dência para formar estruturas multiniveladas de sistemas dentro de sistemas. Cada um dos sistemas
forma um todo com relação as suas partes e também é parte de um todo. A existência de diferentes
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níveis de complexidade com diferentes tipos de leis operando em cada nível forma a concepção de
"complexidade organizada" (Vasconcellos, 2010).
O primeiro dos critérios fundamentais do Pensamento Sistêmico se refere à mudança das partes para
o todo, a partir do entendimento de que as propriedades essenciais são do todo de forma que nenhuma
das partes as possui, pois estas surgem justamente das relações de organização entre as partes para
formar o todo. Outro critério diz respeito à capacidade de deslocar a atenção de um lado para o outro
entre níveis sistêmicos (Vasconcellos, 2010).
O pensamento é contextual, pois a análise das propriedades das partes não explica o todo. É ambien-
talista porque considera o contexto. A ênfase está nas relações e não nos objetos, ou seja, os próprios
objetos são redes de relações, embutidas em redes maiores. O mundo vivo é entendido como uma
rede de relações. O conhecimento científico é tido como uma rede de concepções e de modelos sem
fundamentos firmes e sem que um deles seja mais importante do que outros. O mundo material é visto
como uma teia dinâmica de eventos interrelacionados (Vasconcellos, 2010).
Por fim, o último critério se refere à mudança da ciência objetiva para a epistêmica; o método de ques-
tionamento torna-se parte integral das teorias científicas. A compreensão do processo de conhecimento
precisa ser explicitamente incluída na descrição dos fenômenos naturais, de forma que tais descrições
não são objetivas (Capra, 2006; Grandesso, 2000; Vasconcellos, 2010).
Fundamentada na Teoria Geral dos Sistemas proposta por Bertalanffy, na Cibernética de Wiener e na
Teoria da Comunicação, formulada por Bateson e Watzlawick, surge a prática sistêmica. Capra destaca
que "com o forte apoio subsequente vindo da Cibernética, as concepções de Pensamento Sistêmico e
de Teoria Sistêmica tornaram-se partes integrais da linguagem científica estabelecida, e levaram a
numerosas metodologias e aplicações novas" (1996, p. 53). Atualmente, as áreas de aplicação do Pen-
samento Sistêmico são planejamento e avaliação, educação, negócios e administração, saúde pública,
sociologia, ciências da terra, desenvolvimento humano, ciências cognitivas, dentre outras (Cabrera,
Colosi & Lobdell, 2008).
No campo da Psicologia Clínica, até a década de 1940, a prática terapêutica era orientada pela Psica-
nálise e a ideia hegemônica era a de que o comportamento humano era regido por forças intrapsíqui-
cas. Como consequência da Segunda Guerra Mundial, houve um movimento de união das famílias e
tornaram-se mais fortes as críticas à Psicanálise por não dar a ênfase necessária aos contextos ambi-
entais. A Teoria Sistêmica passa a ganhar força trazendo a proposta de mudança no foco das teorias
clínicas do indivíduo para os sistemas humanos, ou seja, do intrapsíquico para o interrelacional. Dessa
forma, nas décadas de 50 e 60, ocorre um movimento de combinação entre abordagens já consolida-
das, tais como a psicanalítica, e novos conceitos baseados na Teoria dos Sistemas, na Cibernética e
na Teoria da Comunicação. Desta combinação nasce uma "nova perspectiva sobre a complexidade e
reciprocidade do comportamento humano e seu desenvolvimento dentro da rede de relações e da cul-
tura da comunicação dentro da família" (Kreppner, 2003, p. 202).
De acordo com a Perspectiva Sistêmica, os sistemas devem ser vistos como estruturas organizadas
hierarquicamente que precisam ser analisadas em sua totalidade: desde os aspectos macro, como a
ordem social, passando por níveis intermediários, como as culturas das comunidades locais, até atingir
um nível mais proximal (ou de microanálise), como as escolas e a família (Sifuentes, Dessen & Oliveira,
2007). Conforme Grandesso (2000), a mudança de foco do intrapsíquico para o interrelacional repre-
sentou uma transformação paradigmática à medida que passou a configurar outro sistema de pressu-
postos para informar a concepção dos problemas humanos e das práticas da Psicologia. A ênfase
passa a ser dada aos contextos e formula-se a postulação de uma causalidade circular retroativa e
recursiva para os fenômenos, o que favoreceu a abertura do campo da psicoterapia para a interdisci-
plinaridade e ampliou as fronteiras para a compreensão da pessoa humana para além do psicológico.
O Pensamento Sistêmico passa a ser o substrato de propostas de intervenção para a clínica de família.
Dessen (2010) ressalta a relevante contribuição da Teoria Sistêmica da família, a partir da segunda
metade do século XX, visto que trouxe um novo olhar para o contexto familiar. A adoção da Perspectiva
Sistêmica implica em entender a família como um sistema complexo, composto por vários subsistemas
que se influenciam mutuamente, tais como o conjugal e o parental (Kreppner, 2000). O estudo de Costa
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Böing, Crepaldi e Moré (2009) abordam os benefícios da adoção da epistemologia sistêmica pelos
profissionais de saúde, pois a compreensão da complexidade do processo saúde-doença leva-os a
reconhecer a necessidade da atuação interdisciplinar para a construção efetiva de atenção integral à
saúde, em conformidade com os princípios fundamentais do Sistema Único de Saúde. De acordo com
as autoras, o Pensamento Sistêmico pode funcionar como uma base para o profissional refletir, flexibi-
lizar e contextualizar suas práticas, possibilitando que as mesmas respondam de forma eficiente às
demandas da atenção básica. Nesse sentido, pensar sistemicamente transcende a atuação profissio-
nal, enriquece e amplia a visão e a atuação como cidadãos, o que possibilita a reflexão e o diálogo em
torno dos problemas sociais e comunitários de modo mais abrangente e contextualizado (Moré & Ma-
cedo, 2006).
Böing et al. (2009) ressaltam que, na área da saúde, a escuta psicológica, de acordo com a Perspectiva
Sistêmica, é considerada uma estratégia para considerar seres humanos em contextos de forma que
as ações sempre partam do contexto e sejam dirigidas para o contexto. O profissional de Psicologia,
nesse cenário, desempenha um papel de mediador e catalisador das potencialidades e dos recursos,
tanto das pessoas em si como da comunidade, na satisfação das necessidades e na melhora da qua-
lidade de vida. O psicólogo, juntamente aos demais profissionais da equipe de saúde, coordena ações
que levem à ampliação da situação apresentada, criem contextos de autonomia e favoreçam a mu-
dança (Moré & Macedo, 2006; Vasconcellos, 2008).
O Pensamento Sistêmico pode ser utilizado em qualquer contexto, como em situações de mediação
familiar em ambiente jurídico (Bueno, Leal, & Souza, 2012). Nesse contexto, o embasamento sistêmico
se mostra útil para pensar as famílias e os casais cujo processo de separação conjugal litigioso foi o
motivo do encaminhamento. Ao compreender essas famílias como sistemas, amplia-se o olhar sobre
as mesmas, corresponsabiliza-se os membros da família pelo modo de relacionamento estabelecido e
questiona-se a problemática apresentada, explorando o que está por trás do conflito. Realizar interven-
ções de modo a modificar os padrões de interação disfuncionais tem se mostrado benéfico, pois ao
desenvolver formas de relacionamento mais funcionais, o sistema se mostra mais saudável.
O Modelo Sistêmico
Princípios básicos: A idéia central dessa escola é ser o “doente”, ou membro sintomático, apenas um
representante circunstancial de alguma disfunção no sistema familiar. Enfatiza o distúrbio mental como
a expressão de padrões inadequados de interação no interior da família. A terapia Familiar Sistêmica
é fundamentada basicamente na Teoria Geral dos Sistemas desenvolvida inicialmente por Von Bertal-
lanfy nos anos 40, segundo ele a família pode ser considerada um sistema aberto, que tende a funcio-
nar como um sistema total. As ações e comportamentos de um membro influenciam e são influenciados
pelos comportamentos dos outros.
Destaca primeiramente a idéia de globalidade, ou seja, toda e qualquer parte de um sistema está rela-
cionada de tal modo com as demais partes, que a mudança em numa delas provocará mudanças nas
demais, e consequentemente no sistema total. A Segunda propriedade dos sistemas é o conceito de
Retroalimentação, a família pode ser encarada como um circuito, dado que o comportamento de cada
pessoa afeta e é afetado pelo comportamento da cada uma das outras pessoas.
A família pode, ser vista como um sistema que se autogoverna através, que define quem o que é
permitido. Cada família possui organização e estrutura específica dependendo da forma como seus
subsistemas interagem entre si e com os outros sistemas. Uma família funcional conta com forte aliança
entre os pais, que lidam com seus conflitos através de colaboração e satisfação mútua de suas neces-
sidades. Freqüentemente, em famílias disfuncionais o envolvimento de uma ou mais crianças no con-
flito marital, serve para distrair a atenção dos pais de um conflito não resolvido.
Teoria da Comunicação elaborada com base em pesquisas por Batson, Jackson foi fundamental para
a abordagem Sistêmica. Comunicação tanto simétrica como complementar podem ser encontradas em
interações saudáveis, mas podem se tornar rígidas e produzir distúrbios.
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Pode-se dizer que Batson e Jackson foram os primeiros a desenvolver conceitos sistêmicos. Jackson
em 1959, fundou o Mental Research Institute (MRI), outras importantes figuras fizeram parte do Insti-
tute, como Virginia Satir e Haley. Com a morte de Jackson e a saída de Virginia e Haley o Institute teve
um declínio no mundo da Terapia Familiar e só voltou a ser reconhecido recentemente na direção de
Watzlawick e seus colaboradores. Em 1968, as idéias de Batson e a insatisfação com os resultados de
seu trabalho com crianças anoréxicas levaram a Mara Silvini Pallazolli a descartar o pensamento psi-
canálitico e adotar uma orientação sistêmica. O livro aborda a Escola Estrutural , Estratégica Breve e
Grupo de Milão, por acreditar serem as que mais significativamente representaram o pensamento Sis-
têmico aplicado a família.
Sob o ponto de vista estrutural, a terapia consiste em reesquematizar o organização da família com
base no modelo normativo proposto por Minuchin. Então a suposição de que o sintoma é um produto
de um sistema familiar disfuncional, e que se a organização da família se torna mais normal, o sintoma
desaparece automaticamente. O terapeuta estrutural não se preocupa com as peculiaridades do sin-
toma, sua história e qualquer outro detalhe, está interessado em esmiuçar a maneira pela qual a família
se organiza (o pai dessa família é tratado como criança?) e em alterar essa organização para estados
mais normativos.
Esta mobilidade terapêutica representa uma orientação familiar que enfatiza as fronteiras que delimitam
a família e seus subsistemas e essa qualidade é determinada pelo padrão de interação entre seus
membros. É uma seqüência de comportamentos padronizados, de caráter repetitivo, governado por
regras que definem quem participa em cada subsistemas e de que maneira ser dá essa participação.
Ao passo que nas famílias desenganjadas, caracteriza-se por fronteiras excessivamente rígidas, não
há conexões fortes entre os membros, que pouco se relacionam entre si. Os membros da família pos-
suem inclinação para ausência de sentimentos e dificuldade de solicitar ajuda de um dos membros da
família. Somente um nível de estresse bastante alto pode reverbera suficientemente forte, para ativar
o sistema de ajuda da família.
Essa abordagem, formulada por Watzlawick e seus colaboradores (1974) do Mental Research Institute
de Palo Alto, fundamenta-se na premissa de que vários tipos de problemas trazidos pelo paciente ao
terapeuta só persistem se forem mantidos pelo comportamento atual das pessoas que interagem com
o paciente. Se a cadeia de interação que mantém o problema for eliminada, o problema desaparecerá.
Esse grupo apresenta alguns princípios gerais como fundamento do corpo teórico e prático: Orientação
franca para o sintoma; Os problemas são vistos como dificuldades de interação; Os problemas são
vistos como sendo resultado de dificuldades quotidianas não resolvidas; As transições de vida e o ciclo
de vida familiar requerem grandes mudanças nos relacionamentos; Os problemas desenvolvem-se
através da subênfase nas dificuldades de viver.
O processo terapêutico abrange 4 etapas: Formulação de uma imagem concreta e específica do pro-
blema; Estimar qual é o padrão de comportamento que está mantendo o problema; Estimar qual o
comportamento levaria à mudança almejada e Intervenção. O enfoque estratégico breve, enfatiza a
alteração dos padrões de interação através da prescrição paradoxal.
O que envolve designar uma tarefa, contendo instruções paradoxais para promover tal mudança, que
consiste em prescrever comportamentos que aparentemente estão em oposição aos objetivos estabe-
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ABORDAGEM SISTÊMICA
lecidos, mas visam à mudança em direção a eles. A instrução paradoxal é mais freqüentemente utili-
zada sob a forma de “prescrição de sintoma”, através do aparente encorajamento do comportamento
sintomático.
Realça o sintoma como sendo a unidade a ser focada e não a família, não se preocupam em ver toda
a família. Para ele a chave da mudança é a arte através do qual poderão reformular a percepção de
seus clientes quanto ao contexto de seus comportamentos. A abordagem estratégica breve, trabalha
sistematicamente e espera que uma pequena mudança num relacionamento importante na família re-
verberará no resto do sistema.
O Grupo De Milão
Influenciados pelos pesquisadores e clínicos do Mental Research Intitute e baseando-se na teoria Geral
dos Sistemas, Pallazolli e seus colegas enfatizam o paradoxo básico existente nas famílias. Para eles
o distanciamento e intimidade entre os membros de uma família dependem de relacionamentos íntimos
uns com os outros e de padrões através de interação. Mas esses relacionamentos estão sempre se
modificando devido ao desenvolvimento biológico de cada um deles e às influências externas exercidas
sobre a família.
Algumas famílias lidam apropriadamente com esses dilemas, outras apresentam-se incertas quanto a
mudanças, que são percebidas como uma ameaça aos padrões estáveis de relacionamento. Como
resultado da incapacidade de lidar com mudanças, os membros da família se comportam de maneira
a limitar crescimento e alterações nos padrões estáveis de interação.
Para o grupo de Milão, o membro sintomático de uma família pode ser ajudado, quando a percepção
restrita de seu problema, de si mesmo e dos outros membros é ampliada.
O primeiro contato com a família é feito através do telefone, onde vários dados importantes da família
são observados. Antes de cada entrevista, a equipe terapêutica organiza informações existentes sobre
a família e formula hipóteses sobre o problema apresentado. A entrevista é utilizada com a finalidade
de; obter informações que irão confirmar ou não as hipóteses formuladas; envolver toda a família; e
questionar seus membros e os sistemas de valores da família.
O conteúdo das novas informações geralmente tem como objetivo definir claramente os aspectos vagos
e obscuros dos relacionamentos entre os membros, ao mesmo tempo, suporta a crença de que o con-
texto de seus relacionamentos não pode mudar. A intervenção envolve portanto, uma mensagem pa-
radoxal, dirigida a todos os membros da família. Um outro princípio importante é a conotação positiva
do comportamento sintomático.
Este capítulo consiste em demonstrar através de um quadro comparativo os conceitos básicos das três
principias escolas da terapia familiar sistêmica, tais como: Agente terapêutico, Comunicação, Mudança,
Sistemas. Prática, aborda o tempo de intervalo das sessões dentro do ponto de vista das três principais
escolas; Estrutura da sessão e a Colheita de dados; Postura do terapeuta e Propiciando mudanças.
Embora cada uma das abordagens enfatize diferentes aspectos de um mesmo material, elas funda-
mentam-se num mesmo princípio básico, ou seja, na teoria geral dos sistemas. Encontramos muitos
pontos em comum entres elas. Assim, o terapeuta familiar estrutural, ao enfatizar a organização fami-
liar, não deixa de levar em consideração os padrões de comunicação estabelecidos pelo sistema, tão
relevados pelos estratégicos breve. Por sua vez, o Grupo de Milão, apesar de trabalhar mais fortemente
com o dilema da família em relação a mudar/não mudar, necessariamente apoia-se para tanto em
conceitos formulados pelas duas outras abordagem.
A Abordagem Psicanalítica
Ao mesmo tempo em que Gregory Batson nos anos 50, na Califórnia inicia a pesquisa em comunicação,
no outro na Inglaterra, a teoria psicanalítica freudiana vinha aumentando seu prestígio e passando por
algumas modificações. O indivíduo começa a ser estudado não isoladamente, mas como parte de uma
unidade. Inicia-se, a Escola Psicanalítica Britânica, que fundamenta seu corpo teórico nos estudos das
relações com o objeto.
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ABORDAGEM SISTÊMICA
Noções Básicas: O estudo da dinâmica familiar envolve duas unidades sociais primarias. A família de
origem, através do qual cada um dos cônjuges construi seus padrões de relacionamento, e a família
nuclear, através do qual os padrões de relacionamento aprendidos, pelos cônjuges durante a infância
e adolescência são repetidos e continuamente desenvolvidos.
Os estudos psicanalíticos distinguem três fases importantes nos primeiros anos de vida do indivíduo,
denominadas de fase oral, fase anal e fase fálica. Primeira fase , primeiro ano de vida do bebê, é
marcado pelo seu contato com a mãe, que é o primeiro e mais importante relacionamento com o mundo
externo. Segunda fase, se estende do primeiro ao terceiro ano de vida, aumenta as habilidades motoras
da criança e aumenta a sua capacidade de separação de seus pais, e as funções do terminal intestinal
passam a ser prazeroso. Terceira fase, dos três aos seis anos, a capacidade intelectual da criança se
desenvolve consideravelmente, seu rol de relacionamentos torna-se maior.
Inversamente à escola sistêmica, essa abordagem enfatiza essencialmente o significado latente dos
comportamentos manifestos dos membros da família, os quais podem ser entendidos através do pro-
cesso de transferência. Terapeutas adeptos dessa escola acreditam que mudanças ocorrem quando,
no processo de transferência, o terapeuta tolera as frustrações, medos e necessidades do grupo fami-
liar, assim como as próprias, e ajuda a família a compreender, elaborar e transcender tais sentimentos
ao invés de se evadirem dos mesmos.
As abordagens Psicodinâmicas
A autora denomina abordagens psicodinâmicas aqueles que associam princípios psicanalíticos aos
conceitos sistêmicos. Vários autores podem ser considerados psicodinâmicos, dentre os quais destaco
Nathan Ackermann, Murray Bowen, Ivan Bozormenyi-Nagi, James Framo e Carl Whitaker.
Ackermann funda em 1965, o instituto em Nova York, após a sua morte, passa a ser denominado
Ackermann Instituto de Terapia Familiar, considerado hoje um dos maiores centros de ensino e pes-
quisa em terapia familiar. Consegui integrar os conceitos de terapia familiar e os da terapia analítica,
tal como formulados por Freud, pois não considerava esses dois métodos como distintos, mas essen-
cialmente complementares.
Murray Bowen foi também um dos primeiros a trabalhar em terapia familiar em 1951. Alguns dos prin-
cipias postulados propostos por ele são: Escala de diferenciação do Eu, conceito que enfatiza o desen-
volvimento emocional do indivíduo. Triangulação, no sistema emocional da família, as tensões se alte-
ram dentro de uma série ordenada de alianças emocionais e rejeições. Massa egóica familiar não dife-
renciada, é um aglomerado emocional que é estabelecido através do processo contínuo de triangula-
ção, em vários níveis.
Carl Whitaker formulou o que denominou de terapia experiencial, que enfatiza que o terapeuta é pessoa
envolvida emocionalmente no processo de terapia e investe em seu próprio crescimento pessoal atra-
vés desse processo.
A terapia familiar contextual, proposta por Ivan Bozormenyi-Nagi, representa uma tentativa de integra-
ção das noções psicanalíticas, existenciais, fenomenológicas e sistêmica. Leva em consideração a luta
básica do ser humano para alcançar justiça e integridade.
A abordagem formulada por James Framo, baseia-se nos conceitos da teoria das relações objetais .
Para ele, quando o indivíduo retorna no passado, junto com sua família de origem, ele pode lidar com
o presente, com seu cônjuge e filhos de modo mais apropriado, tendo em vista que o significado da
transferência foi alterada.
O Modelo Psicanalítico
O modelo “psicanalítico” fundamenta-se basicamente na teoria das relações objetais, na qual a neces-
sidade do sujeito de se relacionar com o objeto ocupa uma posição central. Com base nestes conceitos,
a abordagem psicanalítica com casais envolve dois princípios fundamentais: que as motivações que
impulsionam os indivíduos a se casarem, estão relacionadas a fatores inconscientes. O segundo prin-
cípio é a noção de criatividade e destrutividade no casamento.
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ABORDAGEM SISTÊMICA
Esta abordagem enfatiza que, no casamento, os conflitos intrapsíquicos de cada um dos cônjuges são
externalizados. O casamento é considerado um recipiente das duas parte de um todo, dentro do qual
cada um dos cônjuges pode interagir tanto criativa como destrutivamente.
O modelo sistêmico considera o casal como um sistema, ou melhor um subsistema no interior da famí-
lia. Para esta abordagem, conflitos maritais aparecem quando as regaras implícitas que governam a
interação não estão em concordância para ambos os cônjuges.
Terapeutas de casal objetivam melhorar a capacidade dos cônjuges de enviar e receber mensagens,
e tendem a prestar atenção às discrepância nas comunicações verbais e não verbais. A abordagem
estratégica breve enfatiza a qualidade da comunicação entre os cônjuges, acreditando que os conflitos
aparecem quando existe uma comunicação rigidamente simétrica ou complementar e/ou quando o
cônjuge está preso em uma vinculação dupla.
Para terapeutas que utilizam técnicas estruturais, em geral a terapia de casal ocorre na fase final da
terapia familiar, no caso de ficar claro que o sintoma de um filho, servia para manter conflitos conjugais
não resolvidos. O terapeuta pode sugerir que somente os pais compareçam à terapia, quando técnicas
estruturais são utilizadas para fortalecer subsistema conjugal e a individualidade dos cônjuges.
Dentre os terapeutas sistêmicos, Virginia Satir (1980) foi, quem mais se deteve na interação marital,
enfatizando as capacidades de auto-estima e diferenciação. As técnicas utilizadas por ela visam, clari-
ficar a comunicação entre os cônjuges. Todas as maneiras de abordar terapeuticamente com o casal,
possuem um ponto nodal, é sempre parte ativa de um espiral de interação na qual sua conduta é ao
mesmo tempo causa e conseqüência das condutas do outro.
Podemos dizer que a adolescência envolve profundas e únicas modificações no indivíduo. É uma fase
de dessimbiotização para toda família. Fase na qual a família, como um todo, experimenta o conflito de
dependência e independência. Os processos de separação e indiferenciação, característicos da ado-
lescência, a ruptura de vínculos simbióticos que desorganizam e desestruturam o sistema familiar.
A doença do adolescente deve ser fonte de mudança em toda a família, mas para que isto ocorra
precisamos ficar atentos aos sinais de distúrbios do grupo familiar, emitidos muitas vezes através do
seu membro sintomático.
Este capítulo tenta expor o ponto de vista em relação a aplicação das diversas abordagens descritas
neste livro. O processo terapêutico em pauta pode ser representado por uma linha contínua entre duas
escolas principais: a psicanalítica e a sistêmica.
Ambas as teorias se desenvolvem a partir da insatisfação com a teoria freudiana clássica e com o
modelo de reforço descrito pela teoria comportamental. Tantos os postulados sistêmicos como os da
teoria das relações objetais possuem concordância mútua à medida que enfatizam padrões de intera-
ção e progressiva diferenciação e autonomia.
O processo de terapia envolve, um relacionamento real entre a família e o terapeuta. E é esse relacio-
namento que fornece uma oportunidade para a família ou casal reconstruir a autonomia e individuali-
dade de seus membros.
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O TRABALHO COM GRUPOS
O trabalho em grupo é essencial no mundo profissional, mas também pode ser importantíssimo em
outras áreas da sua vida.
O ser humano é uma criatura extremamente social. A colaboração entre indivíduos tem, há muito
tempo, sido considerada a responsável pela evolução de nossa espécie por muitos estudiosos da an-
tropologia.
Hoje, o trabalho em grupo é uma parte fundamental do nosso dia a dia. Começamos a conviver com
ele desde cedo – na família, escola e, futuramente, no ambiente de trabalho. Mas o que é trabalho
em grupo, e porque ele é tão importante?
Se você quer saber mais sobre a importância de valorizar uma equipe, leia também esse outro conte-
údo que preparamos para você.
A seguir, você descobrirá tudo sobre o trabalho em grupo. Esse artigo explica o significado dessa ex-
pressão, a importância dessa prática e até mesmo aborda algumas estratégias para tornar seu de-
sempenho em trabalhos em grupo ainda melhor. Continue lendo e confira:
O trabalho em grupo acontece quando várias pessoas trabalham em conjunto, buscando um único
objetivo. Ao ouvir esse termo, muitas pessoas se lembram imediatamente dos tempos de escola. E as
tarefas em grupo dadas pelos professores, na verdade, são um ótimo exemplo para entender esse
conceito.
Em um trabalho em grupo, cada integrante possui uma tarefa para desempenhar. Apesar de distintas,
todas elas visam um objetivo em comum.
Por exemplo, nas tarefas escolares, é comum que cada um dos integrantes fique com um capítulo
para resumir ou um tema para entender. No final, os trabalhos individuais são unidos, formando uma
apresentação única.
Em uma empresa, também podemos encontrar diversos exemplos de trabalhos em grupo. É o caso
com equipes multiprofissionais. Veja esse exemplo:
Para elaborar uma campanha de marketing para o Natal, uma loja varejista contou com a colabora-
ção de uma equipe, formada por:
Como você pode ver, existem muitas pessoas envolvidas em cada processo dentro de uma empresa.
Nem sempre, elas trabalham com a mesma tarefa ou a mesma etapa, mas o objetivo é sempre o
mesmo.
O trabalho em grupo não deve ser confundido com o trabalho em equipe. Embora ambos sejam im-
portantíssimos, eles possuem características únicas e não se referem ao mesmo conceito.
O trabalho em grupo, como vimos, trata-se de indivíduos realizando tarefas diferentes. Juntos, esses
esforços atingirão um único objetivo.
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O TRABALHO COM GRUPOS
tarefa ou etapa. No exemplo do tópico anterior, cada uma das etapas pode contar com uma equipe,
ao oposto de um único profissional:
Como mencionamos na introdução deste artigo, o ser humano depende profundamente da sua convi-
vência em sociedade para sobreviver. Uma pessoa, apenas, não pode fazer todas as coisas.
Já imaginou se você precisasse plantar tudo que consome, tecer e costurar suas roupas e fazer tudo
que precisa do zero? Certamente, nossa sociedade não seria tão avançada quanto é.
O trabalho em grupo é importante justamente porque cada indivíduo pode contribuir de maneira dis-
tinta para um objetivo. Com a diversidade que esse método proporciona, é possível aproveitar dife-
rentes talentos e habilidades para tornar um projeto verdadeiramente incrível.
o Indivíduos se especializem.
E esses são apenas alguns exemplos. Além de fundamental para nossa sobrevivência, o trabalho em
grupo também é o responsável pela evolução da nossa sociedade!
Em um grupo funcional, cada um tem o seu papel. Um dos principais requisitos para que o trabalho
em grupo apresente um bom desempenho é que seus membros operem em harmonia, sem ultrapas-
sar seu lugar no grupo.
Vamos voltar ao exemplo do trabalho escolar: imagine que um texto foi dividido em cinco temáticas.
Cada um dos membros do grupo precisará falar sobre uma delas. No entanto, um dos membros de-
cide abordar sua parte e uma parte à mais, para que seu discurso se torne mais completo.
Embora a intenção desse integrante fosse boa – melhorar o conteúdo apresentado – muito provavel-
mente essa ação prejudicou a apresentação final. Dois membros falaram sobre o mesmo tema, tor-
nando-a repetitiva. O mesmo acontece no ambiente de trabalho, quando um colaborador tenta reali-
zar trabalhos além do seu escopo. Nesse caso, os resultados podem ser ainda mais graves, já que
cada profissional é especialista em sua área.
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O TRABALHO COM GRUPOS
A discussão sobre o que deve ser esperado de cada membro do grupo nos leva a um papel importan-
tíssimo: o do líder. Sem uma liderança adequada, é praticamente impossível realizar um bom trabalho
em grupo. Entenda por que:
É papel do líder delegar, harmonizar e planejar a execução do trabalho como um todo. Sem alguém
para planejar as etapas, determinar como cada indivíduo pode contribuir e como melhor unir as par-
tes do trabalho, seria extremamente difícil coordenar esse tipo de tarefa.
No exemplo do trabalho escolar, sem que um dos integrantes dividisse as temáticas no texto e as de-
legasse para cada um, a ocorrência de informações repetidas ou faltantes na apresentação final seria
muito maior.
Da mesma forma, uma empresa precisa de líderes para cuidar do planejamento estratégico de seus
processos. É de responsabilidade de um líder no trabalho em grupo:
o Certificar-se de que todas as partes estão sendo executadas corretamente, garantindo a qualidade
do resultado final.
É claro, quando lidamos com indivíduos distintos, é inevitável que surjam conflitos. Um bom líder
deve estar preparado para gerir os relacionamentos e solucionar esse tipo de situação. Para isso, é
essencial contar com habilidades específicas, como assertividade, boa comunicação e empatia.
Confira os maiores desafios para líderes quando falamos de conflitos no trabalho em grupo:
o Delegação inadequada: infelizmente, é muito comum que líderes tenham dificuldades em delegar
tarefas corretamente. Normalmente, esse problema está relacionado com a falta de conhecimento so-
bre as habilidades e responsabilidades de cada colaborador. Um profissional que sente que são exigi-
das dele tarefas fora do escopo de sua especialização pode sentir-se desmotivado e desrespeitado.
o Clareza de requisitos: como se está trabalhando com diferentes setores, é fundamental que um es-
pecialista defina os requisitos para que cada um deles execute sua parte do trabalho. É muito co-
mum, por exemplo, que o briefing esteja incompleto ou que faltem características ou funções vitais
para a continuidade do projeto.
o Dificuldades de relacionamento: gerir diferentes indivíduos e personalidades pode ser um dos maio-
res desafios de um líder. Muitas vezes, os colaboradores entram em conflito por motivos pessoais,
não relacionados com a empresa. Possuir empatia e boas habilidades de comunicação é essencial
para solucionar esses problemas.
Agora que você já entende melhor o que é o trabalho em grupo e sua importância para os processos,
é hora de aprender como otimizar sua performance!
Essas dicas podem ser aplicadas tanto para o ambiente escolar quanto em empresas. Confira:
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O TRABALHO COM GRUPOS
O tamanho do grupo ou quais setores estarão envolvidos no projeto nunca deve ser uma decisão ar-
bitrária. Pelo contrário, essa é uma das partes mais importantes do planejamento estratégico de um
trabalho em grupo.
Como regra geral, o tamanho do grupo deve ser definido com o objetivo do processo em mente.
Por exemplo, se um grupo de alunos deve apresentar um seminário, montar um grupo com poucos
membros pode sobrecarregar cada indivíduo. Já o oposto pode fazer com que os alunos tenham
pouco a dizer e apresentem dificuldades para dividir o conteúdo.
Da mesma maneira, em uma empresa, é fundamental pensar cuidadosamente quais são os setores
que precisam estar envolvidos.
Quando tratam-se de diferentes setores, é simples dividir as responsabilidades: cada um lida com sua
especialidade. No entanto, nem sempre as coisas são tão pretas e brancas.
É comum que algumas especialidades se sobreponham. Nesse caso, é papel do gerente levantar as
capacidades e requisitos de cada uma das equipes.
Dentro das equipes, também deve existir delegação. O mesmo é verdade para grupos de alunos. O
ideal é identificar os perfis de cada indivíduo e distribuir responsabilidades de acordo. Veja o exemplo
de alguns papéis:
o Mediador: faz a gestão de relacionamentos e garante que todas as informações estão claras para
os membros do grupo.
o Monitor de recursos: garante que todos os membros do grupo possuam o que precisam para con-
cluir suas tarefas.
o Harmonizador: garante que todos estão em acordo e que os relacionamentos funcionem bem. É um
motivador nato.
No entanto, para que funcionem bem, as metas devem se situar em um delicado equilíbrio entre o
que é plausível e o que é desafiador.
Sem desafios, as equipes se acomodam. O desempenho nunca irá aumentar se os gerentes e gesto-
res não trabalharem para incentivar suas equipes a ir sempre além.
No entanto, estabelecer metas não realistas pode ser um golpe enorme na motivação. Quando perce-
bem que nunca conseguirão cumprir as metas, os colaboradores acabam por desistir.
4: Facilite a comunicação
É essencial que a comunicação entre equipes e indivíduos seja muito eficiente. Deve estar claro para
todos os integrantes do grupo quais são suas responsabilidades, o que esperar e o que eles precisam
dos outros.
É papel do líder agir como facilitador dessa comunicação. Como em um grupo, o trabalho é composto
de diferentes partes individuais, é fundamental que elas estejam em harmonia.
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O TRABALHO COM GRUPOS
Nenhum grupo de mantém motivado – e portanto, produtivo – se seu valor não é reconhecido. Um
bom líder deve celebrar vitórias, confiar na capacidade de seus liderados e incentivá-los a tomar inici-
ativas e fazer sugestões.
6: Defina limites
Parte de uma delegação eficiente é garantir que os termos sejam cumpridos. Mesmo quando um líder
distribui as tarefas adequadamente, é muito comum que alguns indivíduos ultrapassem os limites es-
tabelecidos – para mais, ou para menos.
É papel do líder reforçar os limites e garantir que todos estão cumprindo com suas responsabilida-
des e respeitando o espaço dos outros membros.
7: Esteja disponível
Para garantir que todos os seus liderados sempre se sintam à vontade para esclarecer esses pontos
com você, siga essas dicas:
o Não puna sugestões e iniciativa. Mesmo que algo não seja viável ou tenha dado errado, prefira elo-
giar a proatividade e buscar uma solução em conjunto.
o Dê feedback, tanto positivo quanto negativo. Faça isso de maneira empática e sensível, de prefe-
rência de maneira particular.
o Reforce que os membros do grupo podem te procurar a qualquer momento caso tenham dúvidas ou
problemas.
o Não puna problemas. Às vezes, os erros são inevitáveis. Ajude seus liderados a entendê-los como
uma oportunidade de aprendizado.
o Seja explicativo e claro. Explicar a mesma coisa diversas vezes pode ser frustrante, mas é essencial
que você esteja sempre disposto a fazer esclarecimentos.
o Não apareça apenas para solucionar problemas ou dar feedback. Sua presença deve ser uma cons-
tante para o grupo, que deve sentir que vocês estão resolvendo os problemas juntos.
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VULNERABILIDADE SOCIAL
Vulnerabilidade Social
O conceito de vulnerabilidade começou a ser trabalhado na área dos direitos humanos e mais tarde
foi incorporado ao campo da saúde com os trabalhos realizados sobre AIDS na Escola de Saúde Pú-
blica de Harvard por Mann et al(1993). As primeiras discussões articulavam dois estratos de visibili-
dade: pessoas que eram discriminadas socialmente, tais como homossexuais e usuários de drogas; e
a doença – AIDS –, associada ao medo e à moral. Essa composição inicial – grupos específicos que
remetiam a questões de medo e moral – levou à ampla disseminação do conceito de “grupo de risco”.
O modo como pretendemos abordar aqui o conceito de vulnerabilidade social vai no sentido de con-
trapor a noção de grupo de/em risco4. Entendemos que, ao trabalhar com o conceito de vulnerabili-
dade social, não estamos remetendo ao indivíduo a condição de vulnerável. A vulnerabilidade, con-
forme é vista por Ayres (1999), está na falta ou na não-condição de acesso a bens materiais e bens
de serviço que possam suprir aquilo que pode tornar o indivíduo vulnerável.
Para Abramovay (2002), a vulnerabilidade social é definida como situação em que os recursos e habi-
lidades de um dado grupo social são insuficientes e inadequados para lidar com as oportunidades
oferecidas pela sociedade. Essas oportunidades constituem uma forma de ascender a maiores níveis
de bem-estar ou diminuir probabilidades de deterioração das condições de vida de determinados ato-
res sociais. Assim, o conceito de vulnerabilidade social está indiretamente vinculado com o de mobili-
dade social, posto que as possibilidades que indivíduos em vulnerabilidade social possuem de se mo-
vimentarem nas estruturas sociais e econômicas são restritas em termos de modificação de inscrição
social.
Todavia, essa dificuldade de mover-se socialmente não pode ser reduzida às questões de pobreza ou
de populações carenciadas. Vulnerabilidade não se restringe à categoria econômica, passando por
organizações políticas de raça, orientação sexual, gênero, etnia. Do ponto de vista, por exemplo, da
raça negra, os indivíduos tendem a ter restrita sua mobilidade social em função de sua cor, sem ne-
cessariamente apresentarem uma situação econômica de desvantagem. Dessa forma, as organiza-
ções simbólicas também estão intimamente ligadas ao conceito de vulnerabilidade social.
Ayres (1999) considera que a conformação da vulnerabilidade social acaba sendo constituída em
torno de conjunturas básicas: a primeira diz respeito à posse ou controle de recursos materiais ou
simbólicos que permitem aos indivíduos se desenvolverem, se aperfeiçoarem ou se locomoverem na
tessitura social; a segunda remete à organização das Políticas de Estado e bem-estar social, que
configuram os componentes de oportunidades que provêm do Estado, do mercado e da sociedade
como um todo – ligeiramente associado à capacidade de inserção no mercado de trabalho e acesso
às políticas; e, por fim, a forma como os indivíduos, grupos, segmentos ou famílias organizam seus
repertórios simbólicos ou materiais para responder aos desafios e adversidades provenientes das
modificações dinâmicas, políticas e estruturais que ocorrem na sociedade, de forma a realizarem ade-
quações e ocupações de determinadas posições de enunciação nos jogos de poder da organização
simbólica e política.
É importante ressaltar que o conceito de vulnerabilidade social é discutido aqui não como um mapea-
mento linear das condições do sujeito ou do grupo, mas como um conceito que procura analisar e/ou
entender, em termos de inscrição social, como pessoas ou populações são tidas como vulneráveis.
Isso leva a uma análise do conceito de vulnerabilidade social de forma complexa e multifacetada,
pela análise da organização de diferentes vetores que dificultam o acesso aos bens e serviços, inclu-
indo os de saúde e educação, conforme é ilustrado, por exemplo, pela ausência de acesso à educa-
ção formal (CASTRO et al, 2001).
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VULNERABILIDADE SOCIAL
Portanto, quando realizamos uma discussão sobre vulnerabilidade, é preciso considerar os fatores
específicos da comunidade, o que desloca a questão da vulnerabilidade enquanto fator inerente ao
indivíduo (plano individual) para as configurações do contexto social (plano social). É nesse sentido
que tomamos o conceito de vulnerabilidade proposto por Ayres (1999), ao discutir a epidemia da
AIDS, transpondo-o para uma situação social mais abrangente. Assim, observa-se que a vulnerabili-
dade cresce quando aparecem algumas das situações a seguir: falta de acesso à informação, aos
serviços básicos de educação e falta de confiança ou credibilidade na sustentação de estratégias de
ação. Evidencia-se, a partir desses aspectos, um deslocamento na atribuição da condição de vulnera-
bilidade, que já não se constitui como característica própria do indivíduo, mas como resultado da
combinação de determinados arranjos sociais e políticos que vão incidir sobre os sujeitos.
Em nosso sistema social e econômico, diferentes dispositivos de marginalização são produzidos, con-
templando, dentre esses, as condições de produção para o mercado de trabalho. Distanciando-se
das condições de acesso a um emprego formal, muitos adolescentes passam a ser visibilizados a pri-
ori como vulneráveis por programas de políticas públicas. Como dispositivo de marginalização, isso
pode ter como decorrência a inserção em processos de exclusão. Embora ocorram em certos espa-
ços da sociedade onde a pobreza é mais visível, essas práticas não podem deixar de ser questiona-
das para se refletir sobre os modos de subjetivação que estão sendo produzidos por determinados
discursos hegemônicos de exclusão social.
Uma leitura provocadora possível é a de que, quando os jovens fazem parte de populações carentes,
políticas públicas podem enquadrá-los, naturalmente, como o grupo de excluídos que precisa ser
ocupado para poder formar sujeitos úteis, que saiam das ruas e frequentem escolas, pois o contrário
se relaciona à possibilidade de infringir regras. Podemos indicar uma série de pressupostos que dão
sustentação a essa lógica de ação: a vinculação da pobreza com a inutilidade social; a necessidade
de enquadramento no modelo de produção capitalista; a marginalização da pobreza. A utilidade do
indivíduo para o sistema vincula-se ao seu potencial produtivo e à preocupação que suscita enquanto
ameaçador da ordem social em questão.
Neste artigo, apresentamos parte da discussão decorrente da pesquisa realizada com adolescentes
de 14 a 18 anos que participam de um programa de política pública em educação da rede municipal
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VULNERABILIDADE SOCIAL
O programa busca uma forma diferenciada do aprendizado da escola formal, tanto para crianças
quanto para adolescentes, pois propõe uma maneira de ensino voltada ao desenvolvimento total, com
atividades planejadas de maneira integrada, a fim de que esteja garantida uma visão completa do
processo de aprendizagem. Nesse sentido, com a realização de dois módulos, o módulo profissionali-
zante e o módulo básico, preconiza-se uma constante articulação entre eles, propondo-se as aborda-
gens interdisciplinar e interinstitucional e sugerindo-se um diálogo entre os saberes da comunidade e
da entidade.
Concomitantemente aos dois módulos, atividades de lazer são realizadas: idas a cinemas, parques,
museus, restaurantes. Esses passeios são mensais e integram as atribuições da entidade responsá-
vel pelo programa. Contudo, para os jovens participarem dessas atividades, um acordo é feito entre
os adolescentes e a instituição: não lhes é permitido faltar mais que três vezes nos módulos durante o
mês. Existe também, dentre as atividades do programa, um momento em que é concedida voz aos
adolescentes, para que se sintam exercendo a cidadania. É uma assembleia que ocorre uma vez por
mês e se destina à discussão e à avaliação das tarefas propostas nos módulos para realização de
acordos com o grupo, construção e reflexão de regras e normas de convivência, assim como autoa-
valiação.
Além disso, os jovens ainda participam de atividades de dança semanais. Embora a dança não seja
reconhecida pelo programa por não ser entendida como uma prática educativa, é um dos momentos
mais valorizados pelos jovens, e o número de faltas é reduzido. Durante a dança, são eles os respon-
sáveis pela organização do grupo, criação dos passos, escolha das músicas, sendo que para isso
não há a presença formal de um professor.
Todas essas atividades descritas têm como objetivo último educar e preparar esses jovens para o
mercado de trabalho na sociedade. Fazem parte das oficinas de trabalho educativo e da pesquisa em
questão, divididos nos dois módulos, 24 jovens entre 14 e 18 anos.
Notas Metodológicas
O sentido é uma construção social, um empreendimento, mais precisamente interativo, por meio do
qual as pessoas – na dinâmica das relações sociais historicamente datadas e culturalmente localiza-
das – constroem os termos a partir dos quais compreendem e lidam com as situações e fenômenos a
sua volta (SPINK, 1999, p.41).
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VULNERABILIDADE SOCIAL
A produção de sentido e as práticas discursivas são relevantes na medida em que visibilizam a impor-
tância da linguagem no processo de interação social, visto que é por meio dela que as pessoas signi-
ficam suas práticas.
Segundo Spink (1999, p.107), os mapas têm o objetivo de sistematizar o processo de análise das
práticas discursivas em busca da construção linguística e dos repertórios utilizados nessa construção
para subsidiar a discussão, dando visibilidade ao processo de análise e compreensão dos materiais
utilizados na pesquisa5.
Logo, a partir da produção de sentidos, visualizamos como os jovens significam e situam as práticas
cotidianas em relação a determinados discursos hegemônicos, como, por exemplo, o da vila como
um lugar perigoso, das drogas, da marginalização, da violência. A produção de sentidos sobre as si-
tuações de vulnerabilidade social se dá pelas práticas de significação das experiências do cotidiano.
Essas críticas remetem a discursos que tomam os adolescentes da vila como o “outro”, o que está
situado como fora do padrão, que deve ser normalizado.
A vila como um lugar perigoso está colocada em determinados discursos, o que pudemos observar
ao longo deste estudo, pois essa questão tem sido enunciada pelos adolescentes. No entanto, esse
entendimento da periferia é construído em um dado momento. Cecília Coimbra (2001), ao estudar
essa construção, afirma que, com o passar dos anos, o centro das grandes cidades, que era antes o
lugar onde ficava os pobres e desabrigados, passa a ser apenas um lugar de circulação dos que vão
trabalhar e consumir, e não mais dos pobres.
O centro passa a ser cada vez mais valorizado pelo mercado imobiliário, e as casas mais pobres co-
meçam a ser “jogadas” para as periferias. Logo, surgem outros “centros”, de onde “a miséria, a insalu-
bridade, os pardieiros, as ruas mal traçadas e pavimentadas fazem parte” (COIMBRA, 2001, p.98).
Nesse momento, dá-se o surgimento da periferia, da vila, da favela, daquilo que vai de encontro aos
padrões. Por ser contra os padrões, a periferia passa a ser vista como ameaçadora da ordem e, por-
tanto, perigosa. Assim, esse discurso acaba por discriminar os jovens que habitam essas localidades.
Nos “territórios pobres e violentos” que surgem ao longo dos anos, vivem os ditos pobres, doentes,
sujos, indisciplinados, vagabundos. As pessoas que vivem na vila passam a ser vistas como podendo
ser perigosas. Faz-se, logo, uma construção desses sujeitos que vivem em lugar propenso ao crime e
à desordem. Constroem-se o perigo e os sujeitos da transgressão. Esquece-se da história e inter-
preta-se o diferente como natural. As naturalizações sobre as diferenças passam a ser corriqueiras
ou até banalizadas: “Se é preto, vai preso, como ele é branco e tem dinheiro, tá solto!” 6. Entretanto,
alguns assuntos, como o racismo, remetem a preconceitos e são explicitados, por vezes, com senti-
mento de injustiça em relação a jovens que moram em vilas. “Eu acho que a maioria do pessoal que
mora na vila é assim meio revoltado, sabe? A gente é muito discriminado, principalmente pela classe
alta, entendeu”.
Diante dessa significação do contexto é que se organiza toda uma estratégia de ordenação dos espa-
ços urbanos, caracterizada, ao longo dos tempos, pela segregação, exclusão e isolamento das “clas-
ses pobres”, corroborando a crença de que nelas estão as doenças, os perigos, as ameaças, a vio-
lência ou os incapazes. Coimbra (2001) destaca que as discriminações a respeito da periferia surgem
a partir das concepções de que, na vila, não há regras, não há leis, não há pavimentação, água, es-
goto, asfalto, calçada, portanto, não existem também famílias corretas e saudáveis. Logo, na vila, não
há controle. Se não há controle, há perigo.
Os jovens fazem referência a discursos que os colocam como desprezados e discriminados. “Tudo é
a vila! Assalto? É na vila! Mataram? Foi na vila! Roubaram? Foi na vila...”. Por vezes, sentem-se pre-
judicados, como quando se referem à possibilidade de conseguir um emprego. Nesse momento, re-
metem ao outro/diferente: “Ele não trabalha porque é filhinho de papai. Eu não trabalho porque não
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VULNERABILIDADE SOCIAL
tenho oportunidade” (comparando-se com um rapaz dito rico). “Se tu falas que mora em vila, já estão
te olhando assim... Quando vou falar onde eu moro, já nem digo na vila, digo no bairro”.
O trabalho é uma das mais nobres virtudes enaltecidas pelo capitalismo; por esse motivo, dão-se ên-
fase e prestígio para quem tem a oportunidade de tê-lo. Tudo gira em torno do mercado profissional.
Desde o ensino médio e fundamental até o ensino superior, a educação dos jovens é voltada para o
mundo do trabalho, a busca por controle, disciplina e produtividade – “o trabalho dignifica o homem”.
Dessa forma, denota produção e consumo, carregando em seu significado o sinônimo de honesti-
dade. Consequentemente, também o reconhecimento da cidadania.
O jovem morador da vila tem dificuldade para conseguir emprego. Passa por situações constrangedo-
ras quando sai à procura. “Quando vou fazer uma entrevista de emprego, eles sempre perguntam
onde eu moro”. Com pouca possibilidade de ingresso no ensino superior, torna-se cada vez mais
complicado estabelecer-se em algum tipo de afazer reconhecido pela sociedade vigente. “Esses dias,
fui procurar emprego, e era difícil achar algum que não precisasse de 2º grau”. “Uma vez, eu fui traba-
lhar na casa de uma mulher. Sabe o que ela me falou? (…) ‘Sabe, essas tuas roupas que tu usas pra
trabalhar na minha casa? É roupa de vagabunda (…), de gente que deve trabalhar na rua, mas não
em casa de família. Essas roupas não são adequadas, tem que comprar uniforme (…)”.
Sendo assim, se, por um lado, falamos que através desses programas de políticas públicas podemos
produzir jovens com identidades trabalhadoras, tidas como corretas e aceitas pela sociedade, por ou-
tro, afirmamos que alguns não se produzem assim e, portanto, são tidos como possuidores de identi-
dades consideradas desviantes, de risco ou vulneráveis e não aceitas pela sociedade. Tanto as iden-
tidades tidas como corretas quanto as tidas como desviantes passam a ser naturalizadas, a constituir
segmentos de populações da sociedade que são tomados ora como marginalizados, ora como prós-
peros.
Aqui podemos entender que as identidades são constituídas em redes discursivas, e não em essên-
cias. Isto é, não se trata de algo do sujeito, mas algo construído a partir das diferenças. Assim, a
identidade se expressa na forma como nos tornamos alguém, em determinada composição de grupo,
etnia, raça, gênero, família ou profissão. Produz diferentes modos de os sujeitos se posicionarem di-
ante desses discursos. Portanto, entendemos que a identidade é fluída, intercambiante, inscrevendo-
se em zonas de fronteiras, nas quais os encontros com a diferença fazem com que se constituam,
permanentemente, novas combinações. Em virtude disso, interessa-nos saber como essas identida-
des são construídas, os efeitos produzidos por essas construções sobre os modos de vida e as for-
mas de se reconhecer e se posicionar enquanto sujeitos em redes discursivas (ZIZEK; BUTLER;
LACLAU, 2000).
Ao entendermos as identidades como um modo de inscrição em uma rede discursiva, torna-se impor-
tante ressaltar que essas redes criam aparatos técnicos para capturar as diferenças, não para apagá-
las, mas justamente para experimentá-las como uma diferença problemática que deve ser regulada,
controlada e administrada como um modo de reforma política dos corpos e das almas, a fim de bus-
car o que Zizek, Butler e Laclau (2000, p. 12) sugerem como “uma estrutura do sujeito universal mo-
derno”.
Destarte, quando jovens são inscritos como vulneráveis por programas de Políticas Públicas, aceitam
essa inscrição devido às marcas identitárias. Consequentemente, a partir delas os programas bus-
cam capturar os jovens, passando a instituir como devem conduzir ou pensar suas vidas e a melhor
maneira de viverem. Os objetivos desses programas são, portanto, legitimados por campos de saber
“especializados” que se apóiam em categorizações e classificações responsáveis por ordenar e regu-
lar a vida social (GUARESCHI, 2003).
Os discursos que circulam em diferentes instâncias sociais referentes ao cotidiano dos jovens mora-
dores da vila, como a vila vista como um lugar perigoso, a criminalização do adolescente morador de
vila e a moralização do sujeito através do trabalho, muitas vezes passam a ser tomados como verda-
des inquestionáveis, produzindo marcadores identitários únicos ou centrais desses sujeitos, o que
pode limitar as possibilidades de que ocupem diferentes posições sociais e culturais. É nesse sentido
que entendemos ser necessária a problematização dos programas empreendidos pelas políticas pú-
blicas de atendimento às populações vulneráveis.
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VULNERABILIDADE SOCIAL
Temos acompanhado e participado de uma série de debates e reflexões que tomam como mote a
discussão acerca de determinadas condições nas quais se inscrevem crianças, adolescentes e famí-
lias constituintes de categorias de sujeitos em situação de risco social ou, como recentemente deno-
minou-se, indivíduos em condição de vulnerabilidade social. Neste trabalho, evidenciamos os modos
pelos quais conceitos como o de vulnerabilidade social têm ganhado repercussão e legitimidade na
medida em que se tornam, como sugere Hacking (2001) acerca do abuso infantil, metáforas contem-
pladoras de uma série de outras enunciações. Pulverizado em discursos de especialistas e no senso
comum ao mesmo tempo, o conceito de vulnerabilidade social adquiriu relevância e objetividade a
ponto de constituir uma categoria de pessoas, tornando a objetividade dispensável: o que mesmo
está sendo contemplado ao enunciar-se uma situação de vulnerabilidade social? O que define um
adolescente em condição de vulnerabilidade social? Quais as implicações de se nomearem sujeitos
como em condição de vulnerabilidade?
Em virtude disso, para que haja efetividade dos programas na produção de alternativas de vida e “su-
peração” das condições de vulnerabilidade (entendidas aqui como condições de desigualdade desses
sujeitos frente à sociedade, e não como mera produção de sujeitos padrões), é necessário que se
questionem constantemente os conceitos acabados que definem e engessam pessoas em determina-
das posições sociais. Mesmo com a importância da objetivação em termos conceituais do que se está
dizendo ao falar em vulnerabilidade, é importante que se analisem os efeitos produzidos por essa
enunciação, o fato de a cada tempo e lugar produzirmos novas populações vulneráveis e de, muitas
vezes, com a intenção de ajudá-las, impedirmos que deixem de sê-lo. Questionar os conceitos e bus-
car seus efeitos junto aos que por esses são definidos pode ser uma importante ferramenta de inter-
venção potencializadora das políticas públicas voltadas aos adolescentes ditos em condição de vul-
nerabilidade.
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EXCLUSÃO SOCIAL
Exclusão Social
O brasil tem tentado nas últimas décadas, passar por mudanças, expandiu a economia ao comércio e
investidores internacionais, fez várias privatizações de empresas públicas, controlou a infração, apos-
tou em estratégias no desenvolvimento tecnológico e inovação, fez diminuir um porcentual de po-
breza e desigualdade de renda.
Esta série de acontecimentos muda à história e o posicionamento do país entre as maiores econo-
mias mundial. Mais, mesmo com estas evoluções, o brasil possui um longo caminho a serem percorri-
dos e grandes desafios que precisam ser trabalhados e vencidos, sendo uma delas, a desigualdade
social.
A exclusão social são dificuldades ou problemas sociais que levam ao isolamento e até mesmo à dis-
criminação de um determinado grupo ou de uma determinada sociedade. Estes grupos excluídos pre-
cisam ser reintegrados na sociedade, dependendo assim de uma política preocupada e voltado para
a integração desses indivíduos.
É importante destacar que não basta às estratégias de reintegração ser direcionadas somente para
os grupos em exclusão se a outra parte da sociedade que os exclui não é trabalhada de maneira à
aceitá-los de volta. Neste caso, seria como se preparássemos uma pessoa para retornar a sua casa,
criando várias perspectivas de vida e de esperança e quando esta retorna o que encontra é a porta
fechada para não o receber.
Um estudo que relata bem este assunto relacionado à exclusão social é de ferreira (1998), cuja pes-
quisa era direcionada aos homicídios na periferia de santo amaro, que tinha como objetivo investigar
as histórias destes crimes e como as pessoas interpretava esta violência da região.
A pesquisadora descreveu que o local onde esses moradores habitavam, refletia nas cenas de violên-
cia devido às condições precárias que viviam como, condições precárias de moradia, de trabalho, de
educação, sendo esta comunidade obrigada buscar estratégias para sua sobrevivência.
A exclusão social designa um processo de afastamento e privação de determinados indivíduos ou de
grupos sociais em diversos âmbitos da estrutura da sociedade.
Trata-se de uma condição inerente ao capitalismo contemporâneo, ou seja, esse problema social foi
impulsionado pela estrutura desse sistema econômico e político.
Assim, as pessoas que possuem essa condição social sofrem diversos preconceitos. Elas são margi-
nalizadas pela sociedade e impedidas de exercer livremente seus direitos de cidadãos.
Podemos salientar as condições financeiras, religião, cultura, sexualidade, escolhas de vida, dentre
outros.
Os excluídos sociais, geralmente são minorias étnicas, culturais e religiosas. Como exemplos, temos
os negros, índios, idosos, pobres, homossexuais, toxicodependentes, desempregados, pessoas por-
tadoras de deficiência, dentre outros.
Observe que essas pessoas ou grupos sociais sofrem muitos preconceitos. Isso afeta diretamente
aspectos da vida, e, em muitos casos, gera outro problema chamado de “isolamento social”.
No brasil, a exclusão social está longe de ser um problema resolvido. Com tantas desigualdades e
comportamentos intolerantes, nosso país tem apresentado diversos casos de exclusão. Destacam-se
as escolhas relacionadas com a sexualidade, religião e culturas.
Por outro lado, podemos comemorar alguns progressos nessa área. Como exemplos, temos o desen-
volvimento de projetos sociais e ainda, a inclusão de disciplinas com temas transversais nas escolas:
pluralidade cultural, orientação sexual e ética.
Temas como estes, estão intimamente relacionados com a cidadania e visam uma construção social
menos desigual e mais tolerante na nossa sociedade.
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EXCLUSÃO SOCIAL
Além disso, o reconhecimento de culturas minoritárias segue aliadas com o objetivo de criar cidadãos
mais tolerantes e conscientes de suas ações.
Nesse ínterim, diversos projetos e programas sociais surgem com o intuito de oferecer suporte para a
visibilidade desses grupos minoritários.
Um exemplo disso, são as cotas raciais desenvolvidas pelas universidades para incluir alunos de ori-
gem negra ou indígena.
Com isso, essas pessoas somam suas vozes às outras, tendo, portanto, a oportunidade de mostrar
sua história e opiniões sobre determinados temas.
Para os toxicodependentes, podemos citar a cracolândia, situada no centro da cidade de são paulo.
Nesse local, diversos dependentes de crack andam pelas ruas em busca de droga. Eles vivem em
condições precárias de higiene.
Nesse caso, podemos citar o descaso do sistema público para lidar com essas pessoas. Assim, elas
são completamente excluídas da sociedade e tratadas de maneira hostil.
Diversas tentativas da prefeitura da cidade estão relacionadas com a requalificação da área. Mas, o
intuito é retirar aquelas pessoas dali, sem que haja projetos sociais associados com a recuperação
dos toxicodependentes.
Embora existem propostas recentes de programas sociais destinadas à esses grupos, essa triste rea-
lidade de exclusão social na cracolândia ainda está longe de ser resolvida.
Desses programas implementados pelo governo do estado de são paulo destacam-se: "recomeço"
(2013), "braços abertos" (2014-2017) e "redenção" (2017).
Inclusão social
A inclusão social é um conceito contrário à exclusão social. Ou seja, ele trata das diversas maneiras
de incluir os seres humanos que, por algum motivo, estão excluídos da sociedade.
Em resumo, a inclusão social é um conjunto de ações e medidas que priorizam a igualdade de direi-
tos. Ela busca oportunidades de acesso para todos com o intuito de acabar com o problema da exclu-
são social.
Projetos e programas de inclusão de diversas instituições pelo mundo têm diminuído cada vez mais o
problema da exclusão.
A desigualdade social e econômica gerada pela miséria, injustiça e exploração econômica, tem sido
um grande problema social enfrentado por diversos países no mundo.
Para muitos, a desigualdade social no mundo começa com a introdução do sistema capitalista, onde
há os produtores e trabalhadores, ou exploradores e explorados.
Nesse sentido, o conceito de exclusão social está intimamente relacionado com o de desigualdade.
Isso porque ela potencializa o processo de exclusão social. Gera pobreza, miséria, mortalidade, au-
mento do desemprego, aumento da violência e marginalização de parte da sociedade.
Ainda que a desigualdade social no brasil tenha diminuído nos últimos anos, o problema da exclusão
social é notório em diversos locais do país.
Exclusão cultural e étnica: conceito atribuído as minorias étnicas e culturais, por exemplo, a exclusão
dos índios.
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EXCLUSÃO SOCIAL
Exclusão econômica: determina a exclusão de pessoas que possuam rendas inferiores, por exemplo,
os pobres.
Exclusão etária: designa a exclusão por idades, por exemplo, crianças e idosos.
Exclusão sexual: tipo de exclusão que é determinada pelas diferentes preferências sexuais, por
exemplo, a exclusão dos transexuais.
Exclusão de gênero: relativo ao gênero masculino e feminino, por exemplo, a exclusão das mulheres.
Exclusão comportamental: aborda sobre os comportamentos destrutivos, por exemplo, dos indivíduos
toxicodependentes.
Exclusão social passou a ser usado para denominar o fenômeno integrante de uma “nova questão
social” (rosanvallon, 1995; castel, 1991, 1998), problemática específica do final de século xx, cujo nú-
cleo duro foi identificado na crise do assalariamento como mecanismo de inserção social.
Essa crise, por sua vez, era oriunda de mudanças no processo produtivo e na dinâmica de acumula-
ção capitalista gerando a diminuição de empregos, inviabilizando essa via de constituição de solidari-
edades e de inserção social, constituindo os ’inválidos pela conjuntura’ e provocando fraturas na coe-
são social. A exclusão foi então percebida como uma marca profunda de disfunção societal que as-
sume uma multiplicidade de formas. O conceito expressa a existência de um fenômeno diferente de
uma ’nova pobreza’, e ao mesmo tempo, tem a capacidade de vocalizar a indignação com esse
mundo partido em dois.
No brasil, na década de 1990, estudiosos também identificam uma nova problemática social a exigir
uma conceituação própria. No entanto, as análises tendem a considerar a emergência do fenômeno
contemporâneo como expressão de um processo com raízes históricas ancestrais na sociedade bra-
sileira, ao longo do qual ocorreram situações de exclusão que deixaram marcas profundas em nossa
sociabilidade como a escravidão.
A partir dessa marca estrutural a sociedade apresentou, nos diversos períodos históricos, faces dife-
renciadas, expressões de processos sociais presididos por uma mesma ‘lógica’ econômica e/ou de
cidadania excludente. Na década de 80, a transição do regime político e os ciclos econômicos reces-
sivos aumentaram a visibilidade da ’questão social’. Na década de 90, e não antes, surgiram os sinais
evidentes de uma piora das condições de vida. A exclusão social tornou-se visível e contundente a
partir da população de rua e da violência urbana (nascimento, 1993).
No processo de construção do conceito de exclusão social este tem sido contraposto e diferenciado
de uma série relativamente abrangente de outros termos e categorias, que acabam por integrar o ‘vo-
cabulário’ da exclusão: desvinculação, desfiliação, desqualificação, precariedade, vulnerabilidade,
marginalização, discriminação e segregação social. Pelo lado positivo do fenômeno há também distin-
ções a fazer entre inclusão social e justiça social, capital social, integração, emancipação, autonomia
e empoderamento.
A exclusão social integra o campo da pobreza e das desigualdades embora seja diferente destes dois
conceitos e contenha em si situações e processos que podem se desenvolver fora do âmbito da po-
breza e das desigualdades sociais, como por exemplo, a impossibilidade dos homossexuais constituí-
rem uniões estáveis e terem direito à herança de seus companheiros ou companheiras. Entretanto, a
maior parte dos processos de exclusão social está relacionada e tem consequências diretas nas con-
dições econômicas dos grupos populacionais, e se fazem mais presentes em situações de intensa
pobreza e desigualdades sociais.
A pobreza absoluta significa não ter acesso aos bens e serviços essenciais, é a impossibilidade de
suprir as necessidades básicas, alimentares e não-alimentares (lopes, 1992). A indigência ou miséria
é o afastamento de um mínimo necessário à manutenção da sobrevivência física de um indivíduo
posto que não consegue “adquirir a cesta básica de alimentos que lhe proporcione nutrição suficiente
para uma vida ativa e produtiva” (gershman & irwin, 2000, p. 15).
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EXCLUSÃO SOCIAL
As três dimensões essenciais do processo de estratificação são a riqueza, o prestígio e o poder (ca-
valli, 1991). Nas sociedades ocidentais e modernas, ou melhor, no modo de produção capitalista, o
fato fundamental que orienta a estratificação é a propriedade dos meios de produção e a divisão so-
cial do trabalho, conformando um sistema de classes sociais.
Amartya sen (2000) aponta os limites da abordagem das desigualdades pelo critério de renda. No seu
entender, o mais importante é verificar como a renda e outros bens e serviços contribuem para as ca-
pacidades das pessoas de atingir seus objetivos de viver uma vida digna e satisfatória. Nesse sen-
tido, outro conceito importante é o de vulnerabilidade, pois permite analisar a exposição de determi-
nados grupos a riscos externos e avaliar suas capacidades em responder a estes desafios (gershman
& irwin, 2000).
A noção de exclusão social designa ao mesmo tempo um processo e um estado. Uma trajetória ao
longo de um eixo inserção/exclusão, um movimento que exclui, processos potencialmente excluden-
tes, vetores de exclusão ou vulnerabilidades e, ao mesmo tempo, um estado, a condição de exclusão,
o resultado do movimento. Nessa condição (estado) costuma-se verificar a sobreposição das situa-
ções de exclusão num mesmo grupo social. Há uma somatória, uma concentração dos critérios soci-
ais de discriminação, estigmatização e exclusão em certos grupos a um ponto tal que a exclusão so-
cialcaracteriza o contexto de sociabilidade.
Nem todos concordam que exclusão social seja uma categoria explicativa de fenômenos sociais con-
temporâneos. A maior crítica que é feita ao conceito é que, assim como underclass e marginalidade,
traz implícita uma visão dicotômica, que divide o todo em duas partes, perdendo a complexidade das
relações sociais envolvidas no fenômeno. Não existiria um dentro (inclusão) e um fora (exclusão) da
sociedade. Todas as relações constituiriam uma mesma tessitura social, mais ou menos esgarçada,
porém sempre tecida.
No campo da saúde, a exclusão social foi abordada em trabalho conjunto realizado pela organização
internacional do trabalho (oit) e pela organização pan-americana da saúde (ops), relativo à extensão
da proteção social em saúde (epss,1999), posteriormente desenvolvido pela ops (2001, 2003) com a
agência sueca para o desenvolvimento internacional.
A ops define exclusão social como um processo estrutural, multidimensional, que envolve a falta de
recursos e oportunidades e a falta de pertencimento como um produto da ruptura dos laços sociais
que permitem que os indivíduos integrem uma rede social (ops, 2003). A exclusão em saúde, fenô-
meno integrante, mas independente da exclusão social, constitui a negação do direito de uma pessoa
ou um grupo de satisfazer suas necessidades em saúde e pode adotar diferentes formas em função
de fatores geográficos, culturais, econômicos e sociais (oit & ops, 1999).
A exclusão em saúde tem em sua origem três dimensões: falta de acesso; problemas de financia-
mento; e baixa dignidade da atenção (qualidade e oportunidade dos serviços). Portanto, a proteção
social em saúde (epss), direito dos cidadãos e dever do estado, deve garantir: o acesso aos serviços
eliminando qualquer tipo de barreira; a segurança financeira dos domicílios; e a atenção com quali-
dade e dignidade.
A exclusão social em saúde tende a ser maior em sistemas de saúde que apresentam uma ou mais
de quatro características: segmentação ou coexistência de subsistemas com diferentes arranjos de
financiamento, filiação e prestações que segmentam a população segundo seu nível de renda ou ca-
pacidade de contribuição; fragmentação ou existência de múltiplas entidades não integradas dentro
de um mesmo subsistema que aumentam a ineficiência dos recursos; predomínio do pagamento di-
reto dos serviços ou um alto gasto individual; e a frágil reitoria manifesta na ausência de regras justas
nas relações entre usuários e prestadores (ops, 2002 apudhernández et al, 2008).
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EXCLUSÃO SOCIAL
Pesquisas realizadas pela ops (2003) identificaram, na região das américas, que a exclusão em sa-
úde está fortemente associada com a pobreza, a marginalidade, a discriminação racial e outras for-
mas de exclusão relacionadas a: características culturais, precariedade do emprego, subemprego e
desemprego, isolamento geográfico, falta de acesso aos serviços públicos e baixo nível educacional
das pessoas. O perfil dos grupos e indivíduos vulneráveis a processos de exclusão nos sistemas de
saúde é, em sua maioria, de pobres, idosos, mulheres, crianças, grupos étnicos, trabalhadores infor-
mais, desempregados e subempregados e população rural, indicando que a exclusão em saúde rei-
tera os processos excludentes que estão vigentes na sociedade.
Um enfoque diferenciado das relações entre exclusão social e iniquidades em saúde veio à luz com a
constituição da comissão de determinantes sociais em saúde da organização mundial de saúde
(oms), que estimulou a composição de nove redes de conhecimento entre as quais a rede de conhe-
cimentos sobre exclusão social. Em seu relatório final, o grupo de pesquisadores (popay et al, 2008)
ressalta a importância da abordagem processual da exclusão socialem contraposição ao que vem
sendo feito correntemente por órgãos e unidades de combate à exclusão social que concentram suas
preocupações e ações em grupos excluídos, em situações extremas, desconsiderando os processos
causais e, preconizando políticas focalizadas minoram as consequências mas não atingem as causas
dos processos excludentes que continuam a produzir grupos de excluídos.
A estratificação social produzida nas quatro dimensões – social, política, econômica e cultural – em
que indivíduos, grupos, comunidades ou países estão posicionados em situações de maior ou menor
inserção, experimentando processos mais ou menos excludentes, está relacionada com a exposição
diferenciada a circunstâncias prejudiciais para a saúde. E, ao mesmo tempo, essa posição social es-
tabelece as capacidades (de ordem biológica, social, psicológica e econômica) das pessoas de se
protegerem (ou não) dessas circunstâncias, assim como possibilita ou restringe seu acesso aos servi-
ços de saúde e a outros serviços essenciais para a proteção e promoção da saúde. Esses processos
criam desigualdades em saúde que retroalimentam e aumentam as iniquidades em relação à exposi-
ção de fatores de vulnerabilidade e nas capacidades de proteção, aprofundando a diferenciação e es-
tratificação social (popay et al, 2008).
Embora seja pequeno o número de pesquisas adotando o conceito de exclusão social como alavanca
analítica para compreender as causas das desigualdades em saúde, é possível identificar tanto no
plano teórico quanto no empírico as relações entre exclusão social e desigualdades em saúde. Essas
relações são de ordem constitucional e instrumental. Constitucional, pois a participação restrita nas
relações econômicas, sociais, políticas e culturais tem impacto negativo na saúde e no bem-estar.
Instrumental, na medida em que essas restrições resultam em outras privações que contribuem para
o adoecimento e piores condições de saúde. O modelo elaborado pela rede de conhecimento so-
bre exclusão social fornece um guia útil para o desenvolvimento de políticas e ações direcionadas
para reverter os processos excludentes, e um marco de avaliação para examinar a adequação e o
impacto de tais políticas e ações.
Invisibilidade social
A invisibilidade social é um conceito aplicado a seres socialmente invisíveis, seja pela indiferença ou
pelo preconceito. No livro “homens invisíveis: relatos de uma humilhação social”, o psicólogo fer-
nando braga da costa conseguiu comprovar a existência da invisibilidade pública, por meio de uma
mudança de personalidade. Costa vestiu uniforme e trabalhou oito anos como gari na universidade de
são paulo. Segundo ele, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são “seres invisíveis, sem
nome”.
Há vários fatores que podem contribuir para que essa invisibilidade ocorra: sociais, culturais, econô-
micos e estéticos.
De acordo com psicólogo samuel gachet a invisibilidade pode levar a processos depressivos, de
abandono e de aceitação da condição de “ninguém”, mas também pode levar a mobilização e organi-
zação da minoria discriminada.
Massa invisível
um dos principais causadores da invisibilidade é a questão econômica. “o sistema capitalista sobre-
vive sob a lei do mais valia, na qual para que um ganhe é imediatamente necessário que outro perca.
Desse modo a população de baixa renda é vista como um vasto mercado consumidor, e essa é sua
única forma de visibilidade”, explica gachet.
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EXCLUSÃO SOCIAL
Para a universitária sabrina ribeiro rodrigues a invisibilidade não só é provocada pelo fator econô-
mico. “a educação familiar é determinante para a maneira como as pessoas tratam o outro”, com-
pleta.
A bibliotecária marlene araújo acrescenta ainda que existe preconceito com as pessoas que não es-
tão adequadas aos padrões de beleza. “se fosse loira, alta e de olhos claros, com certeza me trata-
riam de outra maneira”, ressalta.
“para mim o fator econômico não é o principal causador da invisibilidade social, e sim o status que ad-
quirimos diante da sociedade. Se um professor de uma faculdade particular aqui do brasil estiver em
uma faculdade renomada como a de harvard também se sentirá invisível”, explica a universitária va-
nessa evangelista.
Segundo gachet o preconceito que gera invisibilidade se estende a tudo o que está fora dos padrões
de vida das classes hierarquicamente superiores. Muitos são os indivíduos que sofrem com a invisibi-
lidade social, como por exemplo, profissionais do sexo, pedintes, usuários de drogas, trabalhadores
rurais, portadores de necessidades especiais e homossexuais.
Consequências
a invisibilidade social provoca sentimentos de desprezo e humilhação em indivíduos que com ela con-
vivem. De acordo com gachet ser invisível pode levar as pessoas a processos depressivos. “‘apare-
cer’ é ser importante para a espécie humana, ser valorizado de alguma forma é parte integrante de
nossa passagem pela vida, temos que ser alguém, um bom profissional, um bom estudante, um bom
pai, uma boa mãe, enfim, desempenhar com louvor algum papel social”, diz.
Outra consequência dessa invisibilidade é a mobilização dos “invisíveis”, grupos de pessoas que se
juntam para conseguir “aparecer” perante a sociedade. Muitos são os exemplos desses grupos: mst
(movimento dos trabalhadores rurais sem-terra), a central única de favelas (cufa), fóruns nacionais,
estaduais e municipais de defesa dos direitos da criança e do adolescente. Esses grupos também po-
dem ser encontrados no crime organizado, o pcc (primeiro comando da capital) e o cv (comando ver-
melho).
Um tema delicado, que nem sempre me parece abordado com a profundidade que merece e que
acaba, por vezes, sendo avaliado de maneira parcial e criando estereótipos que dificultam ainda mais
a realidade de enxergar a problemática.
A invisibilidade social é o cenário em que se encontram alguns cidadãos, denominados pela socie-
dade contemporânea como inferiores pelo fato de exercerem determinada profissão. O termo invisibi-
lidade é utilizado no sentido denotativo, pois esses indivíduos não são vistos pela sociedade – ou en-
tão são ignorados, como se fossem invisíveis.
A invisibilidade social é uma forma de exclusão social e já é debatida há algum tempo, porém ela
ainda não se consolidou como um tema relevante – principalmente no contexto empresarial. Neste
artigo, estabeleço o foco em colaboradores da limpeza, o que não isenta outros profissionais de esta-
rem inseridos nessa árdua realidade, como por exemplo: garis, frentistas, operadores de caixa, portei-
ros, motoristas e cobradores de ônibus e lixeiros.
Um dos fatores que perpetua a invisibilidade social, é a pressa do dia a dia agregada ao estereótipo
de que uma zeladora ou faxineira não é digna de receber um bom dia. O motivo? Ela não possuir
uma formação, ou seja, pertencer à classe dos que tem baixa escolaridade (por opção ou falta dela) o
que justifica estar exercendo sua atual profissão – que é composta por tarefas que são erroneamente
consideradas degradantes. Não obstante, observa-se ainda o fato de a invisibilidade social ter se tor-
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EXCLUSÃO SOCIAL
nado tão forte a ponto de eliminar automaticamente do campo visão um gari ou colaborador da lim-
peza, por conta de este estar vestindo seu uniforme profissional e consequentemente ser rotulado
como inferior e invisível.
Vale lembrar que esse estereótipo se tornou comum, porém não é normal. Comum é aquilo que a
grande maioria está acostumado a fazer e pensar, normal é aquilo que está congruente com normas:
uma forma acordada de se fazer algo se baseando no bem e respeito mútuos.
Por que limpar, zelar e cuidar de um ambiente é considerado degradante por algumas pessoas,
sendo que é fundamental para o ambiente ficar confortável e além de tudo propício para se trabalhar?
Tirar o lixo das lixeiras, tirar a poeira de móveis, limpar a sujeira que as pessoas trazem da rua atra-
vés de seus calçados, limpar as janelas, passar aspirador.
Tarefas que não são raras de fazer em nossas próprias casas certo? Além dos cuidados de higiene e
limpeza com roupas, calçados, toalhas, tapetes, almofadas, edredons, lençóis e demais objetos pre-
sentes em nossas residências e até mesmo nos veículos. Então, por que rotular alguém que tem sua
profissão composta por tais atribuições como inferior? Algumas pessoas dispõem de uma empregada
doméstica full time para realizar essas atividades, outros preferem uma diarista semanal, quinzenal
ou mensal, o que distribui melhor o tempo para com os cuidados domésticos. Talvez, por esse motivo
não reconheçam o valor dessas tarefas, não tenham dimensão de sua importância e de como a au-
sência delas impactariam suas vidas – no sentido negativo, é claro.
Ao concluir que nossa sociedade sofre um retrocesso com relação à essa questão – pois fere a hu-
manização de um indivíduo, ao ser menosprezado pelo trabalho que executa - ainda surge outro
ponto importante: o não reconhecimento desses profissionais acarreta em consequências sérias e em
alguns casos irreversíveis para eles. Justifico essa afirmação utilizando a hierarquia das necessida-
des de maslow.
Abraham harold maslow – norte americano, doutor em psicologia pela universidade de wisconsin –
propôs uma teoria sobre a motivação humana, na qual as necessidades humanas obedecem a uma
hierarquia conforme a sua importância para os indivíduos.
A teoria da motivação de maslow classifica as necessidades humanas de acordo com uma escala
que varia de necessidades primárias até necessidades secundárias. As primárias são as necessida-
des fisiológicas e as de segurança; as secundárias são as necessidades sociais, as de estima e as de
auto- realização. O ser humano passa a ter necessidades secundárias somente depois que as primá-
rias estiverem saciadas.
Essa escala de valores nos faz refletir em que grau de necessidades estão os (as) colaboradores da
limpeza e demais profissionais que estão na atmosfera da invisibilidade social. É preciso considerar
também que as pessoas são diferentes e a manifestação e a intensidade de suas necessidades tam-
bém. A teoria de maslow é uma ferramenta útil para os próprios colaboradores orientarem-se em rela-
ção às suas motivações.
1- as necessidades sociais não são sanadas pois há ausência de compreensão, integração e aceita-
ção;
As necessidades de estima não são atendidas pois orgulho, reconhecimento e progresso estão dis-
tante da realidade de quem sofre com a invisibilidade social;
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EXCLUSÃO SOCIAL
As necessidades de auto realização já se explicam pelo título, ou seja, a ausência de auto realização
é a que mais impacta na vida dos invisíveis socialmente. Lendo a respeito do auto realização, tam-
bém constatei que sua necessidade nunca é saciada, ou seja, quanto mais se sacia, mais a necessi-
dade aumenta. E quem nunca nem chegou perto de estar auto realizado?
Consequências como as descritas acima podem levar à depressão e isolamento, devido à sensação
de exclusão, discriminação e de ser irrelevante que são causadas em quem pertence à classe dos
invisíveis. Para compreendermos um pouco do que acontece, podemos nos colocar no lugar dessas
pessoas. E se nós mesmos lidássemos diariamente com uma realidade igual a escrita acima, como
nos sentiríamos? Como iríamos agir com os que estão a nossa volta? E no nosso interior como seria?
Muitos irão pensar que é besteira, que cada um colhe o que planta e que não somos obrigados a gos-
tar de ninguém. Tudo bem, porém existe uma coisa chamada respeito e quando este acaba ou nem
começa a existir, a possibilidade de relacionar-se e confiar em alguém é falha. Portanto, além de res-
peitar podemos passar a refletir sobre os profissionais inclusos na invisibilidade social e dar a eles
bom dia ou até mesmo um sorriso – atitudes que podem mudar o dia deles e fazerem se sentir enxer-
gados.
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O TRABALHO COM GRUPOS
O trabalho em grupo é essencial no mundo profissional, mas também pode ser importantíssimo em
outras áreas da sua vida. O ser humano é uma criatura extremamente social. A colaboração entre in-
divíduos tem, há muito tempo, sido considerada a responsável pela evolução de nossa espécie por
muitos estudiosos da antropologia.
Hoje, o trabalho em grupo é uma parte fundamental do nosso dia a dia. Começamos a conviver com
ele desde cedo – na família, escola e, futuramente, no ambiente de trabalho. Mas o que é trabalho
em grupo, e porque ele é tão importante?
Se você quer saber mais sobre a importância de valorizar uma equipe, leia também esse outro conte-
údo que preparamos para você. A seguir, você descobrirá tudo sobre o trabalho em grupo. Esse ar-
tigo explica o significado dessa expressão, a importância dessa prática e até mesmo aborda algumas
estratégias para tornar seu desempenho em trabalhos em grupo ainda melhor. Continue lendo e con-
fira:
O trabalho em grupo acontece quando várias pessoas trabalham em conjunto, buscando um único
objetivo. Ao ouvir esse termo, muitas pessoas se lembram imediatamente dos tempos de escola. E as
tarefas em grupo dadas pelos professores, na verdade, são um ótimo exemplo para entender esse
conceito.
Em um trabalho em grupo, cada integrante possui uma tarefa para desempenhar. Apesar de distintas,
todas elas visam um objetivo em comum.
Por exemplo, nas tarefas escolares, é comum que cada um dos integrantes fique com um capítulo
para resumir ou um tema para entender. No final, os trabalhos individuais são unidos, formando uma
apresentação única.
Em uma empresa, também podemos encontrar diversos exemplos de trabalhos em grupo. É o caso
com equipes multiprofissionais. Veja esse exemplo:
Para elaborar uma campanha de marketing para o Natal, uma loja varejista contou com a colabora-
ção de uma equipe, formada por:
Como você pode ver, existem muitas pessoas envolvidas em cada processo dentro de uma empresa.
Nem sempre, elas trabalham com a mesma tarefa ou a mesma etapa, mas o objetivo é sempre o
mesmo.
O trabalho em grupo não deve ser confundido com o trabalho em equipe. Embora ambos sejam im-
portantíssimos, eles possuem características únicas e não se referem ao mesmo conceito.
O trabalho em grupo, como vimos, trata-se de indivíduos realizando tarefas diferentes. Juntos, esses
esforços atingirão um único objetivo.
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O TRABALHO COM GRUPOS
Como mencionamos na introdução deste artigo, o ser humano depende profundamente da sua convi-
vência em sociedade para sobreviver. Uma pessoa, apenas, não pode fazer todas as coisas.
Já imaginou se você precisasse plantar tudo que consome, tecer e costurar suas roupas e fazer tudo
que precisa do zero? Certamente, nossa sociedade não seria tão avançada quanto é.
O trabalho em grupo é importante justamente porque cada indivíduo pode contribuir de maneira dis-
tinta para um objetivo. Com a diversidade que esse método proporciona, é possível aproveitar dife-
rentes talentos e habilidades para tornar um projeto verdadeiramente incrível.
o Indivíduos se especializem.
E esses são apenas alguns exemplos. Além de fundamental para nossa sobrevivência, o trabalho em
grupo também é o responsável pela evolução da nossa sociedade!
Em um grupo funcional, cada um tem o seu papel. Um dos principais requisitos para que o trabalho
em grupo apresente um bom desempenho é que seus membros operem em harmonia, sem ultrapas-
sar seu lugar no grupo.
Vamos voltar ao exemplo do trabalho escolar: imagine que um texto foi dividido em cinco temáticas.
Cada um dos membros do grupo precisará falar sobre uma delas. No entanto, um dos membros de-
cide abordar sua parte e uma parte à mais, para que seu discurso se torne mais completo.
Embora a intenção desse integrante fosse boa – melhorar o conteúdo apresentado – muito provavel-
mente essa ação prejudicou a apresentação final. Dois membros falaram sobre o mesmo tema, tor-
nando-a repetitiva.
O mesmo acontece no ambiente de trabalho, quando um colaborador tenta realizar trabalhos além do
seu escopo. Nesse caso, os resultados podem ser ainda mais graves, já que cada profissional é es-
pecialista em sua área.
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O TRABALHO COM GRUPOS
A discussão sobre o que deve ser esperado de cada membro do grupo nos leva a um papel importan-
tíssimo: o do líder. Sem uma liderança adequada, é praticamente impossível realizar um bom trabalho
em grupo. Entenda por que:
É papel do líder delegar, harmonizar e planejar a execução do trabalho como um todo. Sem alguém
para planejar as etapas, determinar como cada indivíduo pode contribuir e como melhor unir as par-
tes do trabalho, seria extremamente difícil coordenar esse tipo de tarefa.
No exemplo do trabalho escolar, sem que um dos integrantes dividisse as temáticas no texto e as de-
legasse para cada um, a ocorrência de informações repetidas ou faltantes na apresentação final seria
muito maior.
Da mesma forma, uma empresa precisa de líderes para cuidar do planejamento estratégico de seus
processos. É de responsabilidade de um líder no trabalho em grupo:
o Certificar-se de que todas as partes estão sendo executadas corretamente, garantindo a qualidade
do resultado final.
É claro, quando lidamos com indivíduos distintos, é inevitável que surjam conflitos. Um bom líder
deve estar preparado para gerir os relacionamentos e solucionar esse tipo de situação. Para isso, é
essencial contar com habilidades específicas, como assertividade, boa comunicação e empatia.
Confira os maiores desafios para líderes quando falamos de conflitos no trabalho em grupo:
o Delegação inadequada: infelizmente, é muito comum que líderes tenham dificuldades em delegar
tarefas corretamente. Normalmente, esse problema está relacionado com a falta de conhecimento so-
bre as habilidades e responsabilidades de cada colaborador. Um profissional que sente que são exigi-
das dele tarefas fora do escopo de sua especialização pode sentir-se desmotivado e desrespeitado.
o Clareza de requisitos: como se está trabalhando com diferentes setores, é fundamental que um es-
pecialista defina os requisitos para que cada um deles execute sua parte do trabalho. É muito co-
mum, por exemplo, que o briefing esteja incompleto ou que faltem características ou funções vitais
para a continuidade do projeto.
o Dificuldades de relacionamento: gerir diferentes indivíduos e personalidades pode ser um dos maio-
res desafios de um líder. Muitas vezes, os colaboradores entram em conflito por motivos pessoais,
não relacionados com a empresa. Possuir empatia e boas habilidades de comunicação é essencial
para solucionar esses problemas.
Agora que você já entende melhor o que é o trabalho em grupo e sua importância para os processos,
é hora de aprender como otimizar sua performance!
Essas dicas podem ser aplicadas tanto para o ambiente escolar quanto em empresas. Confira:
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O TRABALHO COM GRUPOS
O tamanho do grupo ou quais setores estarão envolvidos no projeto nunca deve ser uma decisão ar-
bitrária. Pelo contrário, essa é uma das partes mais importantes do planejamento estratégico de um
trabalho em grupo.
Como regra geral, o tamanho do grupo deve ser definido com o objetivo do processo em mente.
Por exemplo, se um grupo de alunos deve apresentar um seminário, montar um grupo com poucos
membros pode sobrecarregar cada indivíduo. Já o oposto pode fazer com que os alunos tenham
pouco a dizer e apresentem dificuldades para dividir o conteúdo.
Da mesma maneira, em uma empresa, é fundamental pensar cuidadosamente quais são os setores
que precisam estar envolvidos.
Quando tratam-se de diferentes setores, é simples dividir as responsabilidades: cada um lida com sua
especialidade. No entanto, nem sempre as coisas são tão pretas e brancas.
É comum que algumas especialidades se sobreponham. Nesse caso, é papel do gerente levantar as
capacidades e requisitos de cada uma das equipes.
Dentro das equipes, também deve existir delegação. O mesmo é verdade para grupos de alunos. O
ideal é identificar os perfis de cada indivíduo e distribuir responsabilidades de acordo. Veja o exemplo
de alguns papéis:
o Mediador: faz a gestão de relacionamentos e garante que todas as informações estão claras para
os membros do grupo.
o Monitor de recursos: garante que todos os membros do grupo possuam o que precisam para con-
cluir suas tarefas.
o Harmonizador: garante que todos estão em acordo e que os relacionamentos funcionem bem. É um
motivador nato.
No entanto, para que funcionem bem, as metas devem se situar em um delicado equilíbrio entre o
que é plausível e o que é desafiador.
Sem desafios, as equipes se acomodam. O desempenho nunca irá aumentar se os gerentes e gesto-
res não trabalharem para incentivar suas equipes a ir sempre além.
No entanto, estabelecer metas não realistas pode ser um golpe enorme na motivação. Quando perce-
bem que nunca conseguirão cumprir as metas, os colaboradores acabam por desistir.
4: Facilite a comunicação
É essencial que a comunicação entre equipes e indivíduos seja muito eficiente. Deve estar claro para
todos os integrantes do grupo quais são suas responsabilidades, o que esperar e o que eles precisam
dos outros.
É papel do líder agir como facilitador dessa comunicação. Como em um grupo, o trabalho é composto
de diferentes partes individuais, é fundamental que elas estejam em harmonia.
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O TRABALHO COM GRUPOS
Nenhum grupo de mantém motivado – e portanto, produtivo – se seu valor não é reconhecido. Um
bom líder deve celebrar vitórias, confiar na capacidade de seus liderados e incentivá-los a tomar inici-
ativas e fazer sugestões.
6: Defina limites
Parte de uma delegação eficiente é garantir que os termos sejam cumpridos. Mesmo quando um líder
distribui as tarefas adequadamente, é muito comum que alguns indivíduos ultrapassem os limites es-
tabelecidos – para mais, ou para menos.
É papel do líder reforçar os limites e garantir que todos estão cumprindo com suas responsabilida-
des e respeitando o espaço dos outros membros.
7: Esteja disponível
Para garantir que todos os seus liderados sempre se sintam à vontade para esclarecer esses pontos
com você, siga essas dicas:
o Não puna sugestões e iniciativa. Mesmo que algo não seja viável ou tenha dado errado, prefira elo-
giar a proatividade e buscar uma solução em conjunto.
o Dê feedback, tanto positivo quanto negativo. Faça isso de maneira empática e sensível, de prefe-
rência de maneira particular.
o Reforce que os membros do grupo podem te procurar a qualquer momento caso tenham dúvidas ou
problemas.
o Não puna problemas. Às vezes, os erros são inevitáveis. Ajude seus liderados a entendê-los como
uma oportunidade de aprendizado.
o Seja explicativo e claro. Explicar a mesma coisa diversas vezes pode ser frustrante, mas é essencial
que você esteja sempre disposto a fazer esclarecimentos.
o Não apareça apenas para solucionar problemas ou dar feedback. Sua presença deve ser uma cons-
tante para o grupo, que deve sentir que vocês estão resolvendo os problemas juntos.
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DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
A proteção integral às crianças e adolescentes está consagrada nos direitos fundamentais inscritos
no artigo 227 da Constituição Federal de 1988 e nos artigos 3 e 4 do Estatuto da Criança e do Ado-
lescente (Lei Federal nº 8.069, de 13 de julho de 1990). A promulgação destes direitos fundamentais
tem amparo no status de prioridade absoluta dado à criança e ao adolescente, uma vez que estão em
peculiar condição de pessoas humanas em desenvolvimento.
Os direitos fundamentais sugerem a idéia de limitação e controle dos abusos do próprio Estado e de
suas autoridades constituídas, valendo, por outro lado, como prestações positivas a fim de efetivar na
prática a dignidade da pessoa humana.
Neste viés, torna-se relevante desenvolver um estudo acerca dos direitos fundamentais de crianças e
adolescentes, buscando esclarecer em que condutas e iniciativas de proteção está sustentada a cida-
dania que emana dos direitos fundamentais especiais próprios destas pessoas em desenvolvimento,
uma vez que, até para reivindicar direitos é necessário conhecê-los.
A estrutura do trabalho inicia pela proteção à infância e à adolescência prevista na Constituição Fede-
ral e no Estatuto da Criança e do Adolescente, descrevendo os principais elementos da Doutrina da
Proteção Integral, tendo nos direitos fundamentais especiais a garantia da proteção integral.
A metodologia utilizada para a realização do presente estudo foi a pesquisa do tipo teórica, utilizando-
se do método dedutivo e da técnica de pesquisa bibliográfica.
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 foi inovadora ao adotar a Doutrina da Pro-
teção Integral na questão da infância e adolescência no Brasil.
Exige a Convenção, com força de lei internacional[3], que os países signatários adaptem as legisla-
ções às suas disposições e os compromete a não violarem seus preceitos, instituindo, para isto, me-
canismos de controle e fiscalização. (VERONESE; OLIVEIRA, 2008).
O Brasil, com base nas discussões sobre a Convenção, adota no texto constitucional de 1988 a Dou-
trina da Proteção Integral, consagrando-a em seu art. 227[4].
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DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Segundo Saraiva (2002), pela primeira vez na história brasileira, a questão da criança e do adoles-
cente é abordada como prioridade absoluta e a sua proteção passa a ser dever da família, da socie-
dade e do Estado.
Contudo, a interferência prática desta opção constitucional coube à legislação especial, aprovada em
13 de julho de 1990, através da promulgação da Lei Federal Nº 8.069/90 – o Estatuto da Criança e do
Adolescente.
“A gama de direitos elencados basicamente no art. 227 da Constituição Federal, os quais constituem
direitos fundamentais, de extrema relevância, não só pelo seu conteúdo como pela sua titularidade,
devem, obrigatoriamente, ser garantidos pelo Estatuto, e uma forma de tornar concreta essa garantia
deu-se, justamente, por meio do Estatuto da Criança e do Adolescente, o qual tem a nobre e difícil
tarefa de materializar o preceito constitucional.” (VERONESE, 1996, p. 94).
Deste modo, para Veronese (1996) o surgimento de uma legislação que tratasse crianças e adoles-
centes como sujeitos de direitos era imprescindível, evitando que os preceitos constitucionais fossem
reduzidos a meras intenções. Sendo crianças e adolescentes titulares de direitos próprios e especi-
ais, em razão de sua condição específica de pessoas em desenvolvimento, tornou-se necessária a
existência de uma proteção especializada, diferenciada, integral.
Complementa Paula (2002) ser da própria essência do Direito da Criança e do Adolescente a pre-
sença da proteção integral:
“[...] me parece que a locução proteção integral seja auto-explicativa [...] Proteção Integral exprime
finalidades básicas relacionadas às garantias do desenvolvimento saudável e da integridade, materia-
lizadas em normas subordinantes que propiciam a apropriação e manutenção dos bens da vida ne-
cessários para atingir destes objetivos.” (PAULA, 2002, p. 31).
A Doutrina da Proteção Integral veio contrapor a Doutrina da Situação Irregular então vigente institu-
ída pelo Código de Menores de 1979, “[...] onde a criança era vista como problema social, um risco à
estabilidade, às vezes até uma ameaça à ordem social [...] a infância era um mero objeto de interven-
ção do Estado regulador da propriedade [...]”.
Assim, a doutrina da situação irregular não atingia a totalidade de crianças e adolescentes, mas so-
mente destinava-se àqueles que representavam um obstáculo à ordem, considerados como tais, os
abandonados, expostos, transviados, delinquentes, infratores, vadios, pobres, que recebiam todos do
Estado a mesma resposta assistencialista, repressiva e institucionalizante. (CUSTÓDIO; VERONESE,
2009, p. 68).
Pela nova ordem estabelecida, criança e adolescente são sujeitos de direitos e não simplesmente ob-
jetos de intervenção no mundo adulto, portadores não só de uma proteção jurídica comum que é re-
conhecida para todas as pessoas, mas detém ainda uma “supraproteção ou proteção complementar
de seus direitos”. (BRUNÕL, 2001, p.92). A proteção é dirigida ao conjunto de todas as crianças e
adolescentes, não cabendo exceção.
“Art.3° A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa hu-
mana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por ou-
tros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, men-
tal, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.”
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DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Lembra Machado (2003) que sistema especial de proteção tem por base a vulnerabilidade peculiar de
crianças e adolescentes, que por sua vez influencia na aparente quebra do princípio da igualdade,
isto por que:
“a) distingue crianças e adolescentes de outros grupos de seres humanos simplesmente diversos da
noção do homo médio;
b) autoriza e opera a aparente quebra do princípio da igualdade – porque são portadores de uma de-
sigualdade inerente, intrínseca, o ordenamento confere-lhes tratamento mais abrangente como forma
de equilibrar a desigualdade de fato e atingir a igualdade jurídica material e não meramente formal.”
(MACHADO, 2003, p. 123).
Assim, com base na supremacia que o valor da dignidade da pessoa humana recebeu na Constitui-
ção da República Federativa do Brasil de 1988, foi inaugurado um sistema especial de proteção à in-
fância, expressamente referido no parágrafo 3º do artigo 227, também no artigo 228, artigo 226, caput
§§ 3º, 4º, 5º e 8º e 229, primeira parte da CF/88. Ainda, XXX e XXXIII do artigo 7º, e § 3º do artigo
208.
Extrai-se do art. 227 da Constituição Federal e art. 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente que o
dever de assegurar este sistema especial de proteção cabe à família, comunidade, sociedade em ge-
ral, poder público, que o farão com absoluta prioridade.
Liberati (2003) entende prioridade absoluta como estar a criança e o adolescente em primeiro lugar
na escala de preocupações dos governantes, que em primeiro lugar devem ser atendidas as necessi-
dades das crianças e adolescentes. Exemplifica:
“Por absoluta prioridade, entende-se que, na área administrativa, enquanto não existirem creches, es-
colas, postos de saúde, atendimento preventivo e emergencial às gestantes, dignas moradias e traba-
lho, não se deverão asfaltar ruas, construir praças, sambódromos, monumentos artísticos etc, porque
a vida, a saúde, o lar, a prevenção de doenças são mais importantes que as obras de concreto, que
ficam para demonstrar o poder do governante.” (LIBERATI, 2003. p. 47).
A lei ordinária nº 8.069/90, no parágrafo único do artigo 4º, detalhou a garantia da prioridade absoluta
como sendo:
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à
juventude.
Outra base que sustenta a nova doutrina é a compreensão de que crianças e adolescentes estão em
peculiar condição de pessoas humanas em desenvolvimento, encontram-se em situação especial e
de maior vulnerabilidade, ainda não desenvolveram completamente sua personalidade, o que enseja
um regime especial de salvaguarda, o que lhes permite construir suas potencialidades humanas em
plenitude.
Neste sentido, afirma Machado (2003) que o direito peculiar de crianças e adolescentes desenvolver
sua personalidade humana adulta integra os direitos da personalidade e é relevante tal noção por es-
tar ligada estruturalmente a distinção que os direitos da crianças e adolescentes recebem do texto
constitucional.
“[...] sustento, pode-se afirmar, ao menos sob uma ótica principiológica ou conceitual, que a possibili-
dade de formar a personalidade humana adulta – que é exatamente o que estão “fazendo” crianças e
adolescentes pelo simples fato de crescerem até a condição adulta – há de ser reconhecida como di-
reito fundamental do ser humano, porque sem ela nem poderiam ser os demais direitos da personali-
dade adulta, ou a própria personalidade adulta.” (MACHADO, 2003, p. 110).
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DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Entretanto, frisa a autora, que a personalidade infanto-juvenil não é valorizada somente como meio
de o ser humano atingir a personalidade adulta, isto seria um equívoco, uma vez que a vida humana
tem dignidade em si mesma, em todos os momentos da vida, seja no mais frágil, como no momento
em que o recém-nascido respira, seja no momento de ápice do potencial de criação intelectual de um
ser humano.
Assim, o que gera e justifica a positivação da proteção especial às crianças e adolescentes não é me-
ramente a sua condição de seres diversos dos adultos, mas soma-se a isto a maior vulnerabilidade
destes em relação aos seres humanos adultos, bem como a força potencial que a infância e juven-
tude representam à sociedade. (MACHADO, 2003).
Ocorre que a efetivação dos direitos fundamentais de cidadania pressupõe a criação de um Sistema
de Garantia de Direitos, que atue na perspectiva da promoção, da defesa e do controle. Este direito
deve ser produzido na sociedade, onde se experimenta um intenso processo de correlações de for-
ças, considerando a histórica postura de negligência e arbitrariedade com crianças e adolescentes no
Brasil.
A Doutrina da Proteção Integral instaurou um sistema especial de proteção, delineando direitos nos
artigos 227 e 228 da Constituição brasileira, tornando crianças e adolescentes sujeitos dos direitos
fundamentais atribuídos a todos os cidadãos e ainda titulares de direitos especiais, com base na sua
peculiar condição de pessoa em desenvolvimento.
Machado (2003) afirma serem os direitos elencados no caput do artigo 227 e 228 da CF/88 também
direitos fundamentais da pessoa humana, pois o direito à vida, à liberdade, à igualdade mencionados
no caput do artigo 5º da CF referem-se a mesma vida, liberdade, igualdade descritas no artigo 227 e
§ 3º do artigo 228, ou seja, tratam-se de direitos da mesma natureza, sendo todos direitos fundamen-
tais.
Porém, os direitos fundamentais de que trata o artigo 227 são direitos fundamentais de uma pessoa
humana de condições especiais, qual seja pessoa humana em fase de desenvolvimento. Neste sen-
tido, Bobbio (2002, p.35) aponta como sendo singular a proteção destinada às crianças e adolescen-
tes:
“Se se diz que “criança, por causa de sua imaturidade física e intelectual, necessita de uma prote-
ção particular e de cuidados especiais”, deixa-se assim claro que os direitos da criança são conside-
rados como um ius singularecom relação a um ius commne; o destaque que se dá a essa especifici-
dade do genérico, no qual se realiza o respeito à máxima suum cuique tribuere.” (grifo do autor).
O próprio ECA preceitua várias medidas de caráter preventivo, além de políticas públicas que permi-
tam o nascimento sadio, configurando-se, segundo Elias (2005) o direito de nascer.
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DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Assegura-se à gestante o atendimento pré e perinatal, pelo Sistema Único de Saúde (art. 8). Às mães
é assegurado o aleitamento materno, mesmo se estiverem submetidas a medida privativa de liber-
dade (art.9).
Aos hospitais e demais estabelecimentos são impostas obrigações, tais como a manutenção de regis-
tros (prontuários) pelo período de 18 anos, identificação do recém-nascido, proceder a exames
acerca de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, prestar orientação aos pais, fornecer
declaração de nascimento onde constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neo-
nato (art. 10).
Observa-se, desta forma, que o direito à vida, incutido no direito à saúde, é considerado o mais ele-
mentar e absoluto dos direitos fundamentais, pois é indispensável ao exercício de todos os outros di-
reitos. Não pode ser confundido com sobrevivência, pois o direito à vida implica o reconhecimento do
direito de viver com dignidade, direito de viver bem, desde o momento da formação do ser humano.
(AMIN, 2007).
Neste sentido, Lenza (2007) afirma que o direito à vida abrange tanto o direito de não ser morto, pri-
vado da vida, portanto o direito de continuar vivo, como também o direito de ter uma vida digna, ga-
rantindo-se as necessidades vitais básicas do ser humano, e proibindo qualquer tratamento indigno,
como a tortura, penas de caráter perpétuo, trabalhos forçados, cruéis, entre outros.
Amim (2007) ilustra a efetivação do direito à vida e à saúde, apontando para a hipótese de adoles-
cente que estando à beira da morte, deve ser assegurado a ele, minimamente, os recursos para ten-
tar mantê-lo vivo, ou se for inevitável a sua morte precoce, que ao menos haja tratamento digno.
Ainda, na hipótese de uma criança ou adolescente sem as duas pernas, seria indigno que se arras-
tasse no intuito de se locomover, neste caso caberia providenciar uma cadeira de rodas, eventual ci-
rurgia para colocação de prótese, enfim todos os meios para assegurar dignidade na forma de viver.
Direito a Alimentação
O art. 227 da Constituição Federal inclui, logo após o direito à vida e à saúde, o direito à alimentação
no rol dos direitos fundamentais de crianças e adolescentes.
Conforme determina o art. 1.696 do Código Civil de 2002, “o direito à prestação de alimentos é recí-
proco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próxi-
mos em grau, uns na falta de outros”, assim na falta dos genitores poderá a criança e o adolescente
pleitear os alimentos dos outros parentes, respeitando a ordem de sucessão. Define o art. 2° da Lei
de Alimentos, n. 5.478/68, que o credor, ao postular pela concessão dos alimentos, exporá suas ne-
cessidades e provará apenas o parentesco ou a obrigação de alimentar do devedor.
Direito a Educação
A educação figura na Constituição Federal de 1988 como direito fundamental do ser humano, bus-
cando conferir suporte ao desenvolvimento de crianças e adolescentes. Este direito está expresso
nos art. 205 a 214 da Constituição Federal de 1988, na Lei 9.394/90 (Lei de Diretrizes da Educação)
e na Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
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DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
A Lei de Diretrizes da Educação Nacional, conhecida como Lei Darcy Ribeiro, reafirma a obrigação
solidária do Poder Público, da família e da comunidade na busca de garantir a educação.
“Art. 2º. A educação é direito de todos e dever da família e do Estado, terá como bases os princípios
de liberdade e os ideais de solidariedade humana e, como fim, a formação integral da pessoa do edu-
cando, a sua preparação para o exercício da cidadania e a sua qualificação para o trabalho.”
Fazendo alusão ao § 3º do artigo 54 do ECA, Machado (2003) ressalta a prestação positiva imposta
ao Estado em assegurar o direito à educação, não bastando a oferta de vagas, a Constituição exige
do Estado o recenseamento de crianças e adolescentes em idade escolar, que proceda a chamada
deles e que zele, junto com os pais ou responsáveis, pela frequência à escola.
“[...] o aluno fora da sala de aula afronta a juridicidade. Mas um aluno na sala de aula, sem espaço
para o erro, e por causa dele, desautorizado a reconstruir concepções, afronta a proteção integral de
pessoa em desenvolvimento. Ainda o aluno na sala de aula, porque assim determina a lei, que não
respeita a convivência com o educador e com os outros alunos, liquida com a qualidade da relação
[...].” (MENESES, 2008, p.28).
Veronese e Oliveira (2008, p. 67) esclarecem ser o direito de aprender, explícito no direito ao acesso
à educação regular, um dos direitos humanos fundamentais. Isto se deve a relação existente entre
educação e cidadania. Cidadania entendida como “[...] um exercício contínuo de reivindicação de di-
reitos.
Como reivindicar o que não se conhece? Daí decorre a necessidade de investimento em educação
[...]”. Ainda, sendo crianças e adolescentes sujeitos de direitos em processo de desenvolvimento, a
educação se tornou um direito indisponível, um requisito indispensável para garantir o crescimento
sadio, nos aspectos físico, cognitivo, afetivo e emocional.
As crianças e adolescente necessitam de vários estímulos na sua formação: emocionais, sociais, cul-
turais, educativos, motores, entre outros. Assim, a cultura estimula o pensamento de maneira diversa
da educação formal.
Cabe aos Municípios, com o apoio dos Estados e da União, estimular e destinar recursos e espaços
para programações culturais, esportivas e de lazer, voltadas para a infância e a juventude, conforme
art. 59 do ECA.
Elias (2005) ressalta a importância da cultura, do esporte e lazer no processo de formação dos indiví-
duos, sob o ponto de vista físico e mental.
Desta forma, a municipalização facilita o atendimento nestas áreas, contribuindo para afastar crianças
e adolescentes dos perigos das drogas e de outros vícios que prejudicam o desenvolvimento de uma
personalidade saudável, o que, no futuro, poderá levá-los a uma vida sem qualidade e à criminali-
dade.
Para Amin (2007) estes direitos devem ser assegurados pelo Estado através da construção de pra-
ças, instalação de teatros populares, promoção de shows abertos ao público, construção de comple-
xos ou simples ginásios poliesportivos. A família deve buscar proporcionar o acesso a estes direitos,
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DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
e a escola tem papel importante na promoção destes, quando realiza passeios ou forma grupos de
teatro com os próprios alunos.
Aponta Machado (2003) que um direito que se desprenderia do direito ao lazer, à convivência familiar
e comunitária, do direito ao não-trabalho, seria o direito de brincar. A garantia deste direito auxiliaria
no desenvolvimento cognitivo, psicológico e social da criança e do adolescente.
Assegurar o direito de brincar encontra seu significado quando inserido numa sociedade influenciada
pela mídia que passou a exigir um comportamento adulto daqueles que ainda não o são.
Assim, crianças e adolescentes assumem uma agenda de horários similar a dos adultos, a outros
ainda é imposta a responsabilidade pelo cuidado de irmãos menores, correndo o risco de lhes faltar
tempo para brincar, conversar, se divertir. (AMIN, 2007).
O direito ao trabalho “repousa basicamente na proteção do interesse individual de ter liberdade para
exercer as potencialidades que todo trabalho humano comporta e na proteção o interesse individual
de prover as próprias necessidades”. (MACHADO, 2003, p. 176).
Observa, contudo, Machado (2003) que, quando a criança ou o adolescente exercitam o trabalho não
mais como impulso de experimentação das suas potencialidades, mas, sim, como necessidade de
prover seu próprio sustento, o trabalho conflitua com outros interesses necessários ao seu pleno de-
senvolvimento.
O trabalho poderá retirar as forças imprescindíveis para o acompanhamento das aulas regulares, limi-
tando a capacidade de aprendizado e prejudicando sua qualificação teórico-profissional. Ainda, o tra-
balho poderá representar um esforço superior ao seu estágio de crescimento, comprometendo a sa-
úde e o seu desenvolvimento cognitivo.
Por estas razões, visando proteger crianças e adolescentes e, ao mesmo tempo, assegurar-lhes o
direito fundamental à profissionalização, o ordenamento estabeleceu um regime especial de trabalho,
com direitos e restrições.
A Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98 alterou o inciso XXXIII do art. 7º restringindo o trabalho
adolescente a partir dos 16 anos, salvo na condição de aprendiz a partir dos 14 anos, conforme art.
403 da CLT e art. 60 da Lei 8.069/90.
Além da limitação etária, é proibido o trabalho noturno, entre às 22 e 5 horas, o trabalho perigoso, in-
salubre ou penoso, realizado em locais prejudiciais à formação e desenvolvimento físico, psíquico,
moral e social do adolescente, bem como em horários que prejudiquem a sua frequência à escola
(art. 67 do ECA e arts. 403, 404, 405 da CLT). Também lhe são assegurados os direitos trabalhistas e
previdenciários (art. 65 do ECA).
O direito ao trabalho protegido, exercido por adolescente entre 14 a 18 anos, não pode ser confun-
dido com o direito à profissionalização, existindo na essência antagonismos entre eles. De acordo
com Machado (2003, p.188):
Diante do mundo contemporâneo que exige qualificação elevada, da qual a educação é requisito ne-
cessário, a qualificação profissional dos adolescentes é garantidora de um mínimo de igualdade entre
os cidadãos quando da inserção no mercado de trabalho.
Entretanto, quando o adolescente passa a exercer o trabalho regular precocemente, mais se limitam
suas chances de desenvolver adequadamente sua profissionalização, para que possa, na idade
adulta, competir no mercado de trabalho, mantendo, desta forma, sua desigualdade na inserção so-
cial, pois a aprendizagem é limitada e precária, basicamente laboral e não educativa, que se norteia
pelos princípios da produtividade do trabalho e lucro do empregador. (MACHADO, 2003).
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DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade, por serem pessoas em
desenvolvimento e sujeitos de direitos civis, humanos e sociais. (art. 15 da Lei 8.069/90).
O direito à liberdade é mais amplo do que o direito de ir e vir. O art. 16 do ECA compreende a liber-
dade também como liberdade de opinião, expressão, crença e culto religioso, liberdade de brincar,
praticar esportes e divertir-se, participar da vida em família, na sociedade e vida política, assim como
buscar refúgio, auxílio e proteção.
Porém, conforme verificado no inciso I, do art. 16 são impostas restrições legais ao direito à liberdade
de crianças e adolescentes. Para Elias (2005), as limitações à liberdade são impostas devido a pró-
pria condição de pessoas em desenvolvimento, para o seu bem-estar.
Neste sentido, Machado (2003) justifica que as restrições à liberdade da pessoa física em fase de de-
senvolvimento têm suas especificidades ligadas à questão da imaturidade de crianças e adolescen-
tes, o que auxilia que estas se protejam contra agressões aos seus direitos.
Por seu turno, o direito ao respeito é descrito no art. 17 do ECA como a “inviolabilidade da integridade
física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da iden-
tidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.
“[...] Toda criança nasce com o direito de ser. É um erro muito grave, que ofende o direito de ser, con-
ceber a criança como apenas um projeto de pessoa, como alguma coisa que no futuro poderá adqui-
rir a dignidade de um ser humano. É preciso reconhecer e não esquecer em momento algum, que,
pelo simples fato de existir, a criança já é uma pessoa e por essa razão merecedora do respeito que
é devido exatamente na mesma medida a todas as pessoas.” (DALLARI; KORCZACK, 1986, p. 21).
Reafirma o art. 18 do ECA, ser dever de todos zelar pela suprema dignidade de crianças e adoles-
centes, colocando-os a salvo de qualquer forma de tratamento desumano, aterrorizante, constrange-
dor, bem como qualquer espécie de violência, seja a violência física, a psicológica ou a violência mo-
ral.
O art. 19 da Lei n. 8.069/90, assegura a toda criança e adolescente o direito de ser criado e educado
no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurando a convivência familiar
e comunitária, zelando por um ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias
entorpecentes.
Este direito tem por base a capacidade protetora da criança e do adolescente na relação parental.
Conforme Gueiros e Oliveira (2005, p.118), o direito à convivência familiar deve ser garantido tanto
aos filhos, como também aos pais:
“É fundamental defender o princípio de que o lugar da criança é na família, mas é necessário pensar
que essa é uma via de mão dupla – direito dos filhos, mas também de seus pais- e, assim, sendo,
deve ser assegurado à criança o direito de convivência familiar, preferencialmente na família na qual
nasceu, e aos pais o direito de poder criar e educar os filhos que tiveram do casamento ou de vivên-
cias amorosas que não chegaram a se constituir como parcerias conjugais.”
Como fatores que dificultam a manutenção de crianças e adolescentes em suas famílias, são aponta-
das as desigualdades sociais presentes na sociedade e a crescente exclusão social do mercado for-
mal de trabalho que incidem diretamente sobre a situação econômica das famílias, inviabilizando o
provimento de condições mínimas necessárias a sua sobrevivência, desta forma, vivem na negligên-
cia e abandono, tanto pais quanto filhos.
No caso presente, faz-se urgente que as famílias contem com políticas públicas sociais que garantam
o acesso a bens e serviços indispensáveis à cidadania. (GUEIROS; OLIVEIRA, 2008).
É bem verdade que a pobreza dos genitores não constitui fator de perda ou suspensão do poder fa-
miliar, podendo somente serem decretadas judicialmente (art. 23 e 24 da Lei 8.069/90). O Poder Fa-
miliar é conceituado por Maciel (2007, p. 72) como um “complexo de direitos e deveres pessoais e
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DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
patrimoniais com relação ao filho menor, [...] que deve ser exercido no melhor interesse deste último
[...]”.
A par disso, esclarece Ishida (2001), que nos procedimentos da infância e juventude, a preferência é
sempre de mantença da criança e do adolescente junto aos genitores biológicos. Somente após
acompanhamento técnico-jurídico que verifique a inexistência de condições dos genitores, havendo
direitos fundamentais ameaçados ou violados, inicia-se a colocação em lar substituto.
Conforme art. 100 da Lei n. 8.069/90, a manutenção e o fortalecimento dos vínculos devem ser ob-
servados também na aplicação de medidas socioeducativas, preferindo aquelas medidas que favore-
çam as relações afetivas que o adolescente já tem construído em sua família e comunidade.
As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconheci-
dos por Lei forem ameaçados ou violados:
As medidas previstas poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a
qualquer tempo.
· Condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos: crianças e adolescentes são os ti-
tulares dos direitos previstos no Estatuto da Criança e Adolescente - Lei nº 8.069/1990 e em outras
Leis, bem como na Constituição Federal;
· Proteção integral e prioritária: a interpretação e aplicação de toda e qualquer norma contida no Esta-
tuto da Criança e Adolescente - Lei nº 8.069/1990 deve ser voltada à proteção integral e prioritária
dos direitos de que crianças e adolescentes são titulares;
· Responsabilidade primária e solidária do poder público: a plena efetivação dos direitos assegurados
a crianças e a adolescentes pelo Estatuto da Criança e Adolescente - Lei nº 8.069/1990 e pela Cons-
tituição Federal, salvo nos casos por esta expressamente ressalvados, é de responsabilidade primá-
ria e solidária das 3 (três) esferas de governo, sem prejuízo da municipalização do atendimento e da
possibilidade da execução de programas por entidades não governamentais;
· Interesse superior da criança e do adolescente: a intervenção deve atender prioritariamente aos in-
teresses e direitos da criança e do adolescente, sem prejuízo da consideração que for devida a outros
interesses legítimos no âmbito da pluralidade dos interesses presentes no caso concreto;
· Privacidade: a promoção dos direitos e proteção da criança e do adolescente deve ser efetuada no
respeito pela intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida privada;
· Intervenção precoce: a intervenção das autoridades competentes deve ser efetuada logo que a situ-
ação de perigo seja conhecida;
· Intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida exclusivamente pelas autoridades e institui-
ções cuja ação seja indispensável à efetiva promoção dos direitos e à proteção da criança e do ado-
lescente;
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DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
· Responsabilidade parental: a intervenção deve ser efetuada de modo que os pais assumam os seus
deveres para com a criança e o adolescente;
Medidas
Verificada qualquer das hipóteses previstas, a autoridade competente poderá determinar, dentre ou-
tras, as seguintes medidas:
· Acolhimento institucional;
Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais para proteção de vítimas de violência ou abuso
sexual; o afastamento da criança ou adolescente do convívio familiar é de competência exclusiva da
autoridade judiciária e importará na deflagração, a pedido do Ministério Público ou de quem tenha le-
gítimo interesse, de procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável
legal o exercício do contraditório e da ampla defesa.
Crianças e adolescentes somente poderão ser encaminhados às instituições que executam progra-
mas de acolhimento institucional, governamentais ou não, por meio de uma Guia de Acolhimento, ex-
pedida pela autoridade judiciária, na qual obrigatoriamente constará, dentre outros:
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DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
O plano individual será elaborado sob a responsabilidade da equipe técnica do respectivo programa
de atendimento e levará em consideração a opinião da criança ou do adolescente e a oitiva dos pais
ou do responsável.
· A previsão das atividades a serem desenvolvidas com a criança ou com o adolescente acolhido e
seus pais ou responsável, com vista na reintegração familiar ou, caso seja esta vedada por expressa
e fundamentada determinação judicial, as providências a serem tomadas para sua colocação em fa-
mília substituta, sob direta supervisão da autoridade judiciária.
O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no local mais próximo à residência dos pais ou do
responsável e, como parte do processo de reintegração familiar, sempre que identificada a necessi-
dade, a família de origem será incluída em programas oficiais de orientação, de apoio e de promoção
social, sendo facilitado e estimulado o contato com a criança ou com o adolescente acolhido.
Reintegração a Família
Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo de 30 (trinta) dias para o ingresso com a ação
de destituição do poder familiar, salvo se entender necessária a realização de estudos complementa-
res ou outras providências que entender indispensáveis ao ajuizamento da demanda.
A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, um cadastro contendo informa-
ções atualizadas sobre as crianças e adolescentes em regime de acolhimento familiar e institucional
sob sua responsabilidade, com informações pormenorizadas sobre a situação jurídica de cada um,
bem como as providências tomadas para sua reintegração familiar ou colocação em família substi-
tuta.
Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência So-
cial e os Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e da Assistência Social, aos
quais incumbe deliberar sobre a implementação de políticas públicas que permitam reduzir o número
de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar e abreviar o período de permanência em
programa de acolhimento.
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DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Para expor o tema, e entendê-lo, necessário será que se trace algumas considerações iniciais, para
posteriormente, apresentar o conceito, a aplicabilidade, em seguida estudar-se-á as medidas preven-
tivas uma a uma, bem como as sanções a elas inerentes.
Ao final traça-se uma conclusão sobre o tema abordando as conclusões de ordem jurídica e dentro
do próprio contexto da sociedade atual, com uma análise final da efetividade dessas medidas dentro
da sociedade em que se vive, onde, apesar do ordenamento de vanguarda, ainda temos uma reali-
dade sociais aquém das necessidades das crianças.
Dito isso, há de ser necessário se iniciar aos estudos sob a ótica jurídica, inserta no Estatuto da Cri-
ança e do Adolescente, que inegavelmente é de extrema qualidade mesmo dentre os ordenamentos
mais importantes do mundo.
Assim elas objetivam evitar que os menores sejam postos em situação de ameaça dos direitos a ele
inerentes, ou seja, aqueles já insertos no próprio dispositivo Constitucional da prioridade absoluta, ou
a doutrina da proteção integral, adotada pelo ECA, com base na Constituição Federal e Normativa
Internacional.
Como já visto, dentre os direitos fundamentais dos tutelados pelo Estatuto da Criança e do Adoles-
cente, tem-se a prioridade absoluta, significando esta, por imposição do mesmo, preferência na for-
mulação e execução de políticas sociais pública e destinação privilegiada de recursos públicos nas
áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude (artigo 227, caput da Constituição Fede-
ral[2] e artigo 4º, caput e parágrafo único, alíneas "c" e "d" do Estatuto da Criança e do Adolescente).
No artigo 4º, § único, o ECA procura explicitar o que se deve envolver na garantia de prioridade pre-
conizada pelo caput do mesmo dispositivo (que por sua vez, praticamente reprodução do artigo 227,
caput inserto na Constituição Federal, com o acréscimo de que também é dever da comunidade em
que vive a criança ou adolescente a garantia de seus direitos fundamentais, harmonizando-se assim
com outros dispositivos estatutários que a ela se referem), a saber:
- Preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas. Nos termos do disposto no
artigo 87[4], inciso I do ECA, que ao relacionar as linhas de ação da política de atendimento à criança
e ao adolescente, estabeleceu que deve a preocupação do administrador público para com a área co-
meçar já através do direcionamento das políticas sociais básicas para o atendimento prioritário de cri-
anças e adolescentes, através da previsão da criação de programas específicos de atendimento, nos
moldes do previsto nos arts.90, 101], 112 do Estatuto da Criança e Adolescente, como também o ar-
tigo 129, o que afinal se constitui numa das diretrizes dessa mesma política de atendimento, nos mol-
des do disposto no artigo 88, inciso III[9] do ECA);
- Destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e ju-
ventude. Tal prioridade resta agora normatizada face ao disposto na Lei Complementar n.º 101/2000,
apelidada de "Lei de Responsabilidade Fiscal".
Vê-se claramente pela simples integração dos artigos do ECA que o princípio da prioridade absoluta
preconizado pela norma constitucional deve ser ampliado a outros setores, como por exemplo na atu-
ação do Ministério Público e do próprio Poder Judiciário.
Assim é inquestionável que o Poder Judiciário deve destinar à área da infância e juventude um trata-
mento privilegiado, com preferência no próprio trâmite das ações de forma a evitar os efeitos maléfi-
cos da morosidade da Justiça atinja também as crianças e os adolescentes.
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DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Medidas de Prevenção
Como já verificado no item retro, não há como se estudar as medidas de prevenção sem, ao menos
um rápida passagens pelo princípio da prioridade absoluta, que certamente é a base para que se dis-
cuta os outros direitos dos tutelados pelo Estatuto, bem como as responsabilidades das pessoas físi-
cas e jurídicas, de assegurarem medidas cujo objetivo serão, como se verificará, salvaguardar o me-
nor de situações de riscos.
Considerações Gerais
As medidas de prevenção especial vêm inserta no Estatuto da Criança e do Adolescente nos artigos
74 a 85 e visão estabelecer direitos, assegurando a todas as crianças e adolescentes direito a infor-
mação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e serviços que respeitem sua con-
dição peculiar de pessoa em desenvolvimento - artigo 71 do ECA.
Há que se verificar que a própria lei estabeleceu uma restrição a esses direitos que passariam a res-
peitar condições peculiares.
Assim admite-se que o Poder Público, através de órgão responsável, regule as diversões e os espe-
táculos. Todavia tal atribuição não será exclusiva do Poder Público que a exercerá em concorrência
com a própria autoridade judiciaria, que nos termos do disposto no artigo e artigo 149[10].
Há de se considerar que a decisão do juiz nos termos do disposto no artigo 93, IX da Constituição Fe-
deral deverá ser fundamentada e levará em conta os critérios, a saber:
- As peculiaridades locais;
- A natureza do espetáculo.
Verificada o cumprimento das restrições asseveradas poderá a criança e adolescente o direito de li-
vremente assistir a espetáculos e diversões pública, sendo certo, outrossim, que o menor de 10 anos,
sempre exigirá o acompanhamento de um responsável.
As medidas de prevenção em caráter genérico ainda abordarão a restrição advinda da venda de fitas
e revistas, sem a observância da proibição adstrita a idade, ou melhor dizendo, a faixa etária da cri-
ança ou do adolescente.
Conceito
De Plácito e Silva em seu vocabulário jurídico, define medida preventiva, como sendo:
Diz-se justamente preventiva, porque, não sendo ainda caso de sua concessão (medida), vem para
prevenir ou evitar que possa a parte ser privada de ver cumprido seu objetivo, exarado no pedido, por
embaraço decorrente de ato da outra parte, ou vem para prevenir ou evitar gravame de maior monta,
em consequência de violência praticada contra sua pessoa ou contra seus direitos. ”
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DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Assim pode-se concluir que a medidas de prevenção, prevista no Estatuto da Criança e do Adoles-
cente, nada mais são do que prevenir a ocorrência de atos violadores dos direitos e integridade dos
tutelados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
Aplicabilidade
Essas restrições a que se refere o artigo 74 do Estatuto da Criança e do Adolescente deverão ser es-
tabelecidas através, como já vimos do Poder Público, todavia a mesma não é restrita a União, sendo
facultado ao Ministério da Justiça, a quem se lega legitimidade para publicar Portaria de Restrição de
horário, como exemplo, a Portaria 773, de 19 de outubro de 1990, que regulamentava a “classificação
, para efeitos indicativos, de diversões públicas e de programas de rádio e de televisão”, que aliás foi
objeto de uma ação direta de inconstitucionalidade, que levou o n.º 392-5, e que foi julgada carente
ao final.
Há que se admitir essa inclusive que é possível que a autoridade judiciária, mediante portaria ou al-
vará, discipline a entrada e permanência de crianças e adolescentes, quando estiverem desacompa-
nhadas de seus pais ou responsáveis, em (art.149, inciso I do ECA):
c) boate ou congênere;
O mesmo se podendo dizer em relação à participação de criança ou adolescente, esteja ela ou não
autorizada ou acompanhada dos pais ou responsável, em (art.149, inciso II do ECA):
b) certames de beleza.
Entendo importante estabelecer aqui que "responsável" não é, como querem estabelecer alguns,
"qualquer pessoa maior", ainda que expressamente autorizada pelos pais da criança ou adolescente,
mas sim deve ser entendido apenas como o tutor ou guardião, razão pela qual não basta estar a cri-
ança ou adolescente, para fins de evitar a incidência da portaria judicial disciplinadora, estar acompa-
nhado de seu "irmão", "primo" ou qualquer outra pessoa capaz.
Importante também observar que, caso não haja a expedição de portaria, a entrada nos locais relaci-
onados no art.149, inciso I será livre, pois como vimos, a criança e o adolescente têm o direito de "ir,
vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais" (art.16,
inciso I do ECA).
Pelo conceito apresentado essas medidas visam a evitar situação de risco à criança ou adolescente,
assim o legislador dividiu essas medidas em três seções.
A primeira dela visa proteger o adolescente quando esse frequentar locais de cultura, lazer, esportes,
diversões e espetáculos; a segunda são proibições quanto a produtos e serviços; e a terceira se re-
fere a autorização para viagem.
A primeira das medidas já foi estudada no item anterior quando se estudou a aplicabilidade das medi-
das preventivas.
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DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
a) armas, munições e explosivos (art.81, inciso I do ECA), inclusive sob pena de caracterização do
crime previsto no art.242 do ECA, na parte referente à venda de arma de fogo e explosivos foi tacita-
mente revogado pela lei n.º 9.437, de 20/02/97, que instituiu o sistema nacional de armas (SINARM) e
previu, em seu art.10, penas mais rigorosas para tais condutas;
b) bebidas alcoólicas e produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica,
ainda que por utilização indevida (art.81, incisos II. e III do ECA), sob pena da prática do crime pre-
visto no art.243 do ECA.
c) fogos de estampido e artifício, exceto os que por seu reduzido potencial não possam causar dano
físico no caso de utilização indevida (art.81, inciso IV do ECA), sob pena da caracterização do crime
previsto no art.244 do ECA;
e) bilhetes lotéricos e equivalentes (art.81, inciso vi do ECA), valendo lembrar que a entrada de cri-
ança e adolescente em casas que realizam apostas é vedada (art.80 do ECA), sob pena da prática
da infração administrativa prevista no art.258 do ECA.
Veda-se também:
O Estatuto da Criança e do Adolescente, nos artigos 83 a 85 do ECA, apresenta como terceira forma
de prevenção a exigência de autorização para viajar, da forma a seguir:
a) viagem dentro do território nacional: nenhuma criança (não há, portanto, qualquer restrição para
viagem de adolescente) poderá viajar para fora da comarca onde reside desacompanhada dos pais
ou responsável, sem expressa autorização judicial (art.83 do ECA), sendo dispensada tal autorização
apenas em se tratando de comarca contígua à da residência da criança, se na mesma unidade da fe-
deração (no mesmo estado), ou incluída na mesma região metropolitana ou, se estiver acompanhada
de ascendente ou colateral maior, até o 3º grau, comprovado documentalmente o parentesco ou de
pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável (art.83, §1º do ECA).
A pedido dos pais ou responsável poderá ser fornecida autorização de viagem válida por até dois
anos.
b) viagem ao exterior: a regra é a necessidade da autorização judicial tanto para a viagem da criança
quanto para a viagem do adolescente, que somente será dispensada caso estejam eles acompanha-
dos de ambos os pais ou responsável ou, quando na companhia de apenas um dos pais, houver au-
torização expressa do outro, através de documento com firma reconhecida. esta regra visa impedir
que, quando da separação de um casal, um dos pais "fuja" com seus filhos para o exterior.
Todas as medidas preventivas que visam assegurar os direitos das criança e adolescentes, trazem
em seu bojo uma sanção para cada hipótese de descumprimento, assim cumpre-se estabelecer que:
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DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
b) venda de bebidas alcoólicas e produtos cujos componentes possam causar dependência física ou
psíquica, implica na prática do crime previsto no art.243 [13] do ECA.
c) venda de fogos de estampido e artifício, implica na pratica de crime previsto no art.244[14] do ECA;
d) venda de revistas e publicações a que alude o art.78 do ECA (art.81, inciso V do ECA);
Há ainda a proibição de hospedagem de crianças, que podem significar que o local está sendo utili-
zado para a exploração sexual de crianças e/ou adolescentes, interessante observar o disposto nos
§§1º e 2º do art.244 do ECA (acrescido pela lei n.º 9.975, de 23/06/2000), segundo os quais os propri-
etários, gerentes, e/ou responsáveis pelos estabelecimentos onde ocorre a prostituição ou exploração
sexual de crianças e adolescentes estão sujeitos a uma pena de quatro a dez anos de reclusão e
multa, sendo que, na forma da lei, "constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença
de localização e de funcionamento do estabelecimento"
Medidas De Proteção
Tem-se agora que estudar, ainda que de forma sucinta, as medidas de proteção as crianças e ado-
lescente.
Para tanto parece ser necessário que se conceitue, primeiramente o próprio instituto.
Posteriormente será necessário verificar-se as medidas de proteção que visam evitar que a criança e
o adolescente sejam atingidos por atitudes do próprio Estado ou dos pais ou responsáveis.
As medidas de proteção estão inserta no Estatuto da Criança e do Adolescente, no Título III, artigos
98 a 102.
Conceito
“Do latim protectio, de protegere (cobrir, amparar, abrigar), entende-se toda espécie de assistência ou
de auxílio, prestado às coisas ou às pessoas, a fim de que se resguardem contra os males que lhes
possam advir.
Com base no conceito retro poder-se-á concluir que as medidas de proteção previstas no ECA são
aquelas aplicadas pela autoridade competente (juiz, promotor, conselheiro tutelar) a crianças e ado-
lescentes que tiverem seus direitos fundamentais violados ou ameaçados.
Assim sempre que as crianças e adolescentes se encontrarem em situação de risco pessoal ou social
na forma do disposto no art.98[18] do Estatuto da Criança e do Adolescente, serão passíveis de pro-
teção.
Aplicabilidade
O artigo 98 do ECA estabelece que as medidas de proteção à criança e ao adolescente serão aplicá-
veis sempre que os direitos reconhecidos, a elas, pelo Estatuto forem ameaçados ou violados, quer
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DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; ou ainda na hipótese de falta, omissão ou abuso
dos pais ou responsável; bem compele sua própria conduta infracional.
Assim sempre que verificada quaisquer dessas condições poderá a autoridade competente determi-
nar, nos termos do artigo 101 do Estatuto da Criança e do Adolescente, dentre outras, as seguintes
medidas:
Há de se considerar que o abrigo é medida provisória e excepcional, utilizável como forma de transi-
ção para a colocação em família substituta, não implicando privação de liberdade.
Competência
As medidas de proteção especificadas no artigo 101 serão aplicadas pelo Conselho Tutelar, conforme
disposto nos artigos 136, I[19]; 98[20] e 105[21] do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Há de esclarecer que as Varas de Infância e Juventude será competente para administrar as medi-
das, além de aplicá-las, enquanto não instituído os Conselhos Tutelares, nos termos do disposto no
artigo 262 [22]do ECA.
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DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
medida deve ser precedida de laudo técnico idôneo que assevere sua necessidade, devendo ser apli-
cada em conjunto com a medida destinada aos pais ou responsável prevista no art.129, inciso VI do
ECA, de modo a obrigar estes a providenciar que a criança ou adolescente se submeta ao tratamento
que se revele necessário.
Em qualquer caso, tendo em vista que as medidas de proteção não são coercitivas, nem importam na
privação da liberdade de seu destinatário, é imprescindível que seja este convencido da necessidade
de se submeter ao tratamento, ainda que antes tenham de ser aplicadas as medidas previstas no
art.101, incisos II e V do ECA, sem perder de vista a necessidade de, também aqui, aplicar a medida
prevista no art.129, inciso VI do ECA;
8. Colocação em família substituta, nas três modalidades, sendo sua aplicação, como dito anterior-
mente, medida de competência EXCLUSIVA da AUTORIDADE JUDICIÁRIA (em razão do contido no
art.136, inciso I do ECA, o CT somente pode aplicar a crianças e adolescentes as medidas de prote-
ção que vão do art.101, incisos I ao VII, valendo a respeito do tema ainda observar o contido no
art.30 do ECA);
Regularização Registral
Todas as medidas de proteção serão acompanhadas da devida regularização do registro civil da cri-
ança e do adolescente, exatamente nos termos do disposto no artigo 102 do Estatuto da Criança e do
Adolescente.
Assim conjuntamente com as medidas de proteção deve-se, também, providenciar o devido registro
do menor, posto que, enquanto não registrado ele não existe dentre da ótica do universo jurídico.
No caso da inexistência de registro, há de se fazer uma pesquisa, expedindo-se ofício à Vara de Re-
gistros Públicos, devendo a mesma expedir edital que será respondido pelos Cartórios de Registros
Públicos, assim não havendo, ou suspeitando-se que não há, imediatamente se ordenará a lavratura
de registro, fundamentado nos dados do menor.
A importância do registro ou averbação previstas no ECA, serão isentas de custo, conforme previsto
no Provimento CG n.º 26/96.
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MEDIDAS DE PROTEÇÃO A CRIANÇA E AO ADOLESCENTE
As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconheci-
dos por Lei forem ameaçados ou violados:
As medidas previstas poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a
qualquer tempo.
· Condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos: crianças e adolescentes são os ti-
tulares dos direitos previstos no Estatuto da Criança e Adolescente - Lei nº 8.069/1990 e em outras
Leis, bem como na Constituição Federal;
· Proteção integral e prioritária: a interpretação e aplicação de toda e qualquer norma contida no Es-
tatuto da Criança e Adolescente - Lei nº 8.069/1990 deve ser voltada à proteção integral e prioritária
dos direitos de que crianças e adolescentes são titulares;
· Responsabilidade primária e solidária do poder público: a plena efetivação dos direitos assegurados
a crianças e a adolescentes pelo Estatuto da Criança e Adolescente - Lei nº 8.069/1990 e pela Cons-
tituição Federal, salvo nos casos por esta expressamente ressalvados, é de responsabilidade primá-
ria e solidária das 3 (três) esferas de governo, sem prejuízo da municipalização do atendimento e da
possibilidade da execução de programas por entidades não governamentais;
· Interesse superior da criança e do adolescente: a intervenção deve atender prioritariamente aos in-
teresses e direitos da criança e do adolescente, sem prejuízo da consideração que for devida a outros
interesses legítimos no âmbito da pluralidade dos interesses presentes no caso concreto;
· Privacidade: a promoção dos direitos e proteção da criança e do adolescente deve ser efetuada no
respeito pela intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida privada;
· Intervenção precoce: a intervenção das autoridades competentes deve ser efetuada logo que a situ-
ação de perigo seja conhecida;
· Intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida exclusivamente pelas autoridades e institui-
ções cuja ação seja indispensável à efetiva promoção dos direitos e à proteção da criança e do ado-
lescente;
· Responsabilidade parental: a intervenção deve ser efetuada de modo que os pais assumam os seus
deveres para com a criança e o adolescente;
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MEDIDAS DE PROTEÇÃO A CRIANÇA E AO ADOLESCENTE
Medidas
Verificada qualquer das hipóteses previstas, a autoridade competente poderá determinar, dentre ou-
tras, as seguintes medidas:
· Acolhimento institucional;
Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais para proteção de vítimas de violência ou abuso
sexual; o afastamento da criança ou adolescente do convívio familiar é de competência exclusiva da
autoridade judiciária e importará na deflagração, a pedido do Ministério Público ou de quem tenha le-
gítimo interesse, de procedimento judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável
legal o exercício do contraditório e da ampla defesa.
Crianças e adolescentes somente poderão ser encaminhados às instituições que executam progra-
mas de acolhimento institucional, governamentais ou não, por meio de uma Guia de Acolhimento, ex-
pedida pela autoridade judiciária, na qual obrigatoriamente constará, dentre outros:
O plano individual será elaborado sob a responsabilidade da equipe técnica do respectivo programa
de atendimento e levará em consideração a opinião da criança ou do adolescente e a oitiva dos pais
ou do responsável.
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MEDIDAS DE PROTEÇÃO A CRIANÇA E AO ADOLESCENTE
· A previsão das atividades a serem desenvolvidas com a criança ou com o adolescente acolhido e
seus pais ou responsável, com vista na reintegração familiar ou, caso seja esta vedada por expressa
e fundamentada determinação judicial, as providências a serem tomadas para sua colocação em fa-
mília substituta, sob direta supervisão da autoridade judiciária.
O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no local mais próximo à residência dos pais ou do
responsável e, como parte do processo de reintegração familiar, sempre que identificada a necessi-
dade, a família de origem será incluída em programas oficiais de orientação, de apoio e de promoção
social, sendo facilitado e estimulado o contato com a criança ou com o adolescente acolhido.
Reintegração à família
Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo de 30 (trinta) dias para o ingresso com a ação
de destituição do poder familiar, salvo se entender necessária a realização de estudos complementa-
res ou outras providências que entender indispensáveis ao ajuizamento da demanda.
A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro regional, um cadastro contendo informa-
ções atualizadas sobre as crianças e adolescentes em regime de acolhimento familiar e institucional
sob sua responsabilidade, com informações pormenorizadas sobre a situação jurídica de cada um,
bem como as providências tomadas para sua reintegração familiar ou colocação em família substi-
tuta.
Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o Conselho Tutelar, o órgão gestor da Assistência So-
cial e os Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e da Assistência Social, aos
quais incumbe deliberar sobre a implementação de políticas públicas que permitam reduzir o número
de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar e abreviar o período de permanência em
programa de acolhimento.
Registros e certidões
Caso ainda não definida a paternidade, será deflagrado procedimento específico destinado à sua
averiguação.
É dispensável o ajuizamento de ação de investigação de paternidade pelo Ministério Público se, após
o não comparecimento ou a recusa do suposto pai em assumir a paternidade a ele atribuída, a cri-
ança for encaminhada para adoção.
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MEDIDAS DE PROTEÇÃO A CRIANÇA E AO ADOLESCENTE
Nos termos da Constituição Federal, carta balizadora das peculiaridades do Estatuto da Criança e
Adolescente, cumpre destacar que é assegurado à criança e adolescente um julgamento por meio
de um tribunal especial e submetido a uma legislação especial. À criança (de 0 a 12 anos incomple-
tos) que praticar um ato infracional poderão ser aplicadas as chamadas medidas de proteção (ar-
tigo 101 do ECA). Ao adolescente serão aplicadas as medidas socioeducativas e/ou as medidas
protetivas (artigos 101 e 112 do ECA).
De acordo com o ECA as medidas de proteção sempre serão aplicadas quando os direitos das cri-
anças e adolescentes forem ameaçados ou violados por ação ou omissão da sociedade ou do Es-
tado, ou ainda por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável. Vale ressaltar que tais medi-
das também poderão ser aplicadas, isoladas ou cumulativamente, bem como substituídas a qual-
quer tempo. Cabe aqui chamar a atenção para o fato de que o Estatuto impõe que seja sempre ob-
servado, na aplicação das medidas, o caráter pedagógico, visando fortalecer os vínculos familiares
e comunitários. Mais do que a simples aplicação das medidas nas situações de riscos e/ou quando
da prática infracional, o Estatuto da Criança e Adolescente elenca diversos princípios que devem
ser observados quando da aplicação das referidas medidas – artigo 100, Parágrafo Único:
(...)
“I - condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos: crianças e adolescentes são os
titulares dos direitos previstos nesta e em outras Leis, bem como na Constituição Federal;
III - responsabilidade primária e solidária do poder público: a plena efetivação dos direitos assegu-
rados a crianças e a adolescentes por esta Lei e pela Constituição Federal, salvo nos casos por
esta expressamente ressalvados, é de responsabilidade primária e solidária das 3 (três) esferas de
governo, sem prejuízo da municipalização do atendimento e da possibilidade da execução de pro-
gramas por entidades não governamentais;
V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da criança e do adolescente deve ser efetuada
no respeito pela intimidade, direito à imagem e reserva da sua vida privada;
VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades competentes deve ser efetuada logo que a
situação de perigo seja conhecida;
VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida exclusivamente pelas autoridades e insti-
tuições cuja ação seja indispensável à efetiva promoção dos direitos e à proteção da criança e do
adolescente;
IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser efetuada de modo que os pais assumam os
seus deveres para com a criança e o adolescente;
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MEDIDAS DE PROTEÇÃO A CRIANÇA E AO ADOLESCENTE
Os princípios elencados pelo ECA reforçam a importância da análise do fato de forma ampla e con-
creta, buscando sempre o que for mais adequado à criança e ao adolescente, colocando-os sob o
manto de proteção absoluta. Reforçar a observância de tais princípios tem por objetivo incutir e
obrigar o Poder Público, sociedade, família, pais e responsáveis a respeitarem a condição peculiar
da criança e adolescente como pessoas em desenvolvimento, quer seja quando de situações de
risco, quer seja quando da prática de ato infracional.
Foi assim, dentro de todos os parâmetros adotados pelo ECA, que tais princípios, basilares para
aplicação das regras universais, foram inseridos recentemente pela Lei 12.010 de 2009. A inserção
destes princípios surge, como já dito, para reforçar os já consolidados princípios da proteção inte-
gral e da prioridade absoluta da criança e adolescente, que, apesar de suficientes, muitas vezes
deixam de ser aplicados em virtude de sua complexidade e amplitude.
Portanto, ao ser aplicada a medida de proteção e/ou medida socioeducativa à criança ou adoles-
cente que estiverem em situação de risco e/ou praticado ato infracional deve-se observar os inúme-
ros princípios que regem a matéria. Assim, repisamos que o ECA não tem a sua aplicação e utiliza-
ção apenas baseados na letra fria da lei, mas também nos princípios aqui já destacados.
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A CRIANÇA E O ADOLESCENTE
A Criança e o Adolescente
A educação é muito importante, tanto para cada pessoa, quanto para a sociedade, sendo através
dela que construímos o nosso desenvolvimento social, cultural e econômico. E ainda, ajuda no
combate a pobreza, diminui a violência, faz com que a economia cresça, entre outros benefícios
sociais. Sendo ainda, um instrumento para diminuir a desigualdade social e ajudar a população a
exercer melhor os seus direitos políticos e da cidadania em geral, fazendo com que o avanço social
e econômico do pais melhore.
É um direito fundamental que está previsto na Constituição Federal no art. 6º “São direitos sociais a
educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a pre-
vidência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma
desta Constituição.” (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015); e também é ci-
tado no Art. 209 da Constituição Federal: “O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguin-
tes condições: I - cumprimento das normas gerais da educação nacional; II - autorização e avalia-
ção de qualidade pelo Poder Público.”.
Previsto também a partir do art. 53 do Estatuto da Criança e do Adolescente e nos seguintes arti-
gos, do capítulo IV.
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores;
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como
participar da definição das propostas educacionais.
O ensino para as crianças começam pela creche e terminam no ensino fundamental, sendo alguns
facultativos e outros obrigatórios, porém, muito importantes para a formação de cada uma delas.
No Brasil, a criança pode ter acesso a creche a partir de 0 anos e continuar os estudos até o ensino
superior, funcionando, teoricamente assim:
Creche: Se a criança tiver mais do que essa faixa etária, ela não pode reivindicar vaga numa cre-
che. A creche tem as seguintes características: A creche é facultativa (para os pais, para o estado
é obrigatório disponibilizar vagas em creches para quem precisar). Todos os outros ciclos tem o
viés educacional, mas a creche tem um viés mais forte, o assistencial. Esse é o traço determinante
da creche, a sua razão de ser.. A creche deve ser perto de casa e gratuita.
Porém, existe um problema (os pais têm 30 dias de férias, geralmente tiram 15 dias e depois mais
15 dias, difícil tirarem 1 mês inteiro e a creche entra de férias em dezembro/janeiro e julho, aumen-
tando o número de crianças pedintes, porque não estão nas creches); a defensoria pública pediu
que as creches ficassem abertas e o estado “disse” que não são todos os alunos que precisam ficar
na creche nesse períodos e que eles precisam dar férias para os funcionários. Essa ação foi pra
frente para que a creche ficasse aberta continuamente, porém, o judiciário não pode dizer como
prestar o serviço, o que ele pode obrigar é prestar o serviço, sendo assim, ele propõe que em uma
região fiquem abertas algumas creches e quem precisar deve se dirigir a esses pontos abertos,
quem criou isso foi o poder público e não o judiciário.
O responsável principal pela creche é o município, ele que tem a obrigação de fornecer esse ser-
viço.
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A CRIANÇA E O ADOLESCENTE
Pré Escola: (3 a 5 anos) A pré escola mantém todas as características da creche, menos a parte
assistencial, aqui é educacional.
Tem como primeira característica que ele é obrigatório, enquanto a educação infantil é facultativo
para os pais. Os responsáveis que não tiverem suas crianças matriculadas perdem benefícios soci-
ais e o conselho tutelar é quem verifica porque a criança não está na escola. O controle pode ser
feito via procedimento administrativo (ECA, 249) e no campo penal, pelo crime de abandono inte-
lectual, no campo civil pode ocorrer revogarão da guarda ou da tutela e suspensão ou perda do po-
der familiar.
Esse “obrigatório” não se limita a matrícula, os pais devem fiscalizar o rendimento escolar e a fre-
quência. Quando o rendimento ou a frequência é baixa, a escola tem obrigação de informar o con-
selho tutelar e o conselho tutelar vai até a casa da criança para saber o que está acontecendo.
O ensino fundamental continua com a característica de “perto de casa”, gratuito e continua sendo
obrigação prioritária do município. Em SP do 1 ao 5 ano o município tem fornecido o serviço e do 6
ao 9 ano o Estado (acordo entre eles).
Hoje, para entrar no ensino fundamental, a criança precisa ter seis anos completos até 31/03.
Obrigatório, gratuito, perto de casa e o estado tem como dever fornecer a educação. Perde a carac-
terística de perto de casa e o ensino superior é prioridade da união.
- Graduação
É facultativo, perde a característica de ter que ser gratuito e perito de casa. O ensino superior, é
prioridade da união. A iniciativa privada pode prestar esse serviço, que é de competência do poder
público. Ex: O MEC permite que o Mackenzie forneça o ensino superior.
Todas essas fases de estudo são importantes, mas apenas uma minoria consegue completar
desde o ensino básico até o ensino superior, devido a grande desigualdade social existente no Bra-
sil o que reflete no crescimento do país, porque quanto mais escolarizado um trabalhador, melhor
será a facilidade de aprendizagem, de absorção de inovações, ajudando no desenvolvimento de
toda a sociedade.
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AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
Avaliação Psicológica
A avaliação psicológica é um procedimento que visa avaliar, através de instrumentos previamente va-
lidados para a determinada função, os diversos processos psicológicos que compõe o indivíduo,
sendo o psicólogo o único profissional habilitado por lei para exercer esta função. A avaliação e des-
crição da realidade psicológica de alguém fornece ao psicólogo um conjunto de informações, as quais
este deve saber interpretar, selecionar e sobretudo transmitir e devolver.
Esta responsabilidade traz consigo uma série de considerações éticas que visam não somente a im-
parcialidade do processo em si, mas principalmente a humanização deste, tendo como foco, em úl-
tima instância a preservação da integridade do sujeito avaliado. Partindo deste princípio muitas ques-
tões vem a tona, como a influência do diagnóstico no contexto social do avaliado; o posicionamento
do psicólogo em relação à avaliação; além do sigilo profissional na confecção de laudos, além de vá-
rias outras que cercam a responsabilidade ética na avaliação psicológica. O psicólogo deve ter cons-
ciência da influência que um diagnóstico pode trazer para a realidade do avaliado. Uma das críticas
feitas a avaliação diz respeito a esta questão, que a avaliação muitas vezes pode ser facilitadora dos
processos de exclusão.
A idéia que surge neste contexto refere-se a importância que este diagnóstico pode adquirir na vida
do sujeito, falando-se tanto em uma relação pessoal (“o teste diz que eu não sou apto para o em-
prego X”) como para uma relação mais social, onde a avaliação psicológica pode ser motivo de exclu-
são dos sujeitos nos mais diversos ambientes, desde o familiar até em suas relações sociais dentro
da comunidade.
O posicionamento do psicólogo em relação à realidade do paciente é outro ponto que deve ser levado
em consideração ao realizar a avaliação, sendo que o curso de uma entrevista, por exemplo, é bas-
tante influenciado por variáveis pessoais como sexo, raça, situação sociocultural entre outras. A aten-
ção do psicólogo nestas situações em relação a estas variáveis é de extrema importância, apropri-
ando-se das influências que estas causam ao avaliado sem, no entanto, abandonar a imparcialidade
que a avaliação psicológica existe para comprovar sua validade.
Cabe ao psicólogo então, manter em mente estas noções ao realizar o processo, buscando uma rela-
tivização dos efeitos desta avaliação que, embora sustentada em bases teóricas, possui uma grande
carga de elementos pessoais do mesmo. Passando para uma perspectiva histórica, os testes psicoló-
gicos surgiram no início do século XIX, sendo seu uso fortalecido no período das guerras, principal-
mente nos EUA. No Brasil começaram a ser usados principalmente para seleção e orientação profis-
sional. Entre os anos 60 aos 80 não havia muito investimento em avaliação psicológica e elaboração
de testes ou adaptação dos testes já existentes à população brasileira. Nos anos 90 inicia-se uma
mudança deste quadro, com o surgimento de laboratórios em universidades focando esta área até
então pouco explorada no pais.
A regulamentação dos testes em 2003 (Resolução n° 2/2003) foi uma reposta do Conselho Federal
de Psicologia a uma demanda da categoria profissional e da própria sociedade, que muitas vezes
acabava prejudicada pelo uso indevido. Atualmente, existe o Sistema de Avaliação de Testes Psicoló-
gicos (SATEPSI), onde encontra-se documentos sobre a avaliação de testes psicológicos feitas pelo
CFP, lista de testes com parecer favorável e desfavorável, além de uma série de outros informativos
relacionados ao assunto.
Atualmente, o papel da avaliação psicológica já assume um papel de maior destaque dentre as fun-
ções exercidas pelo psicólogo, com a abertura de novos campos para a prática, destacando-se entre
estes a psicologia no Âmbito Penal e a psicologia do trânsito.
Muitas vezes a avaliação psicológica é confundida como uma simples aplicação de um único teste,
porém, para realizá-la existem diversos métodos e técnicas, como por exemplo: testes psicológicos,
dinâmicas de grupo, entrevistas, observação, testes situacionais, anamneses, entre outros.
De acordo com a lei 4. 119/62, o profissional da área de psicologia tem a liberdade para escolher
quais serão as técnicas a serem utilizadas, desde que essa escolha seja pautada no objetivo das ca-
racterísticas psicológicas a serem investigadas. Por exemplo, as técnicas utilizadas para fazer uma
seleção de um funcionário que está ingressando em uma empresa serão diferentes das técnicas utili-
zadas para se fazer um diagnóstico ou realizar orientação profissional.
A avaliação psicológica é amplamente utilizada em diversos contextos, dentro de empresa, por exem-
plo, ela desempenha uma função essencial não apenas na área de seleção, mas também na área de
desenvolvimento pessoal e mesmo de avaliação de potencial.
Muitas organizações constatam que a avaliação psicológica é uma ferramenta poderosa de tomada
de decisão que traz benefícios indubitáveis para os indivíduos e para a organização. No âmbito de
seleção de pessoal é possível detectar perfis mais adequados e os que não são compatíveis com o
cargo, evitando assim consequências prejudiciais, como o adoecimento, prejuízos financeiros e a
desmotivação do funcionário com o cargo exercido (Ferreira & Santos, 2010).
Pode-se citar ainda a contribuição da avaliação psicológica nas situações em que se faz necessário
avaliar pessoas que podem ser expostas a situações de risco como por exemplo se determinada pes-
soa está apta a conduzir veículos ou portar armas de fogo, tal resultado pode evitar possíveis trans-
tornos tanto para o indivíduo como para sociedade. O uso dessa técnica também é uma importante
ferramenta para a tomada de decisões seja ele no âmbito jurídico, na área neuropsicológica, orienta-
ção vocacional, entre outros.
Nota-se a importância de se realizar uma adequada avaliação psicológica, mas também é importante
ressaltar que o conhecimento do psicólogo é fundamental para conduzir tal prática, pois cabe a esse
profissional a escolhas de métodos e técnicas mais adequadas para conduzir todo o processo, que
deverá ser pautado sempre em padrões éticos de conduta, neste contexto ressalta-se também a im-
portância da formação do profissional.
Em síntese, a análise e compreensão das técnicas de avaliação psicológica estão cada vez mais de-
senvolvidas e com maior qualidade de seus resultados. Quando bem utilizada contribui não apenas
para melhorar a vida de uma pessoa, mas principalmente para melhoria de uma sociedade como um
todo.
Avaliação Neuropsicológica
A avaliação neuropsicológica é um procedimento que tem por objetivo investigar as funções cogniti-
vas (conhecimentos complexos) e práxicas (atividade motora fina) dos pacientes, buscando elucidar
os distúrbios de atenção, memória e sensopercepção, além de alterações cognitivas específicas
como gnosias, abstração, capacidade de raciocínio, cálculo e planejamento, bem como seus diagnós-
ticos diferenciais.
Esta complexa avaliação é realizada por psicólogos e neurologistas treinados na avaliação das “fun-
ções nervosas superiores” e utiliza de testes neurológicos e psicológicos específicos, padronizados e
validados, sendo realizados em etapas sucessivas, baseados em dados comparativos, segundo o es-
perado para cada faixa etária, nível socioeconômico e escolaridade.
Esta extensa e minuciosa testagem, são solicitadas por médicos geriatras, neurologistas, psiquiatras
e psicólogos, além de outros profissionais envolvidos com a área de reabilitação em geral, sendo
usada para nortear indicações terapêuticas medicamentosas e de reabilitação, com técnicas específi-
cas aplicadas a distúrbios por déficit de atenção, com ou sem hiperatividade associada, diagnóstico
diferencial dos déficits cognitivos e avaliação de distúrbios mentais, assim como, as demências (is-
quêmica por multi-infartos, Alzheimer e outras) sendo, também, útil para o diagnóstico diferencial de
depressão.
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade é bastante comum e se caracteriza por dificul-
dade em manter a atenção, inquietude acentuada (por vezes hiperatividade) e impulsividade. Ele tam-
bém é chamado de Distúrbio do Déficit de Atenção.
É mais comum na infância, embora, em muitos casos, o transtorno acompanhe o indivíduo na vida
adulta. Nestes casos, os sintomas são mais brandos, quando comparados aos de crianças. A avalia-
ção neuropsicológica permite, além do diagnóstico, a diferenciação de um distúrbio de atenção se-
cundário apenas a ansiedade, nervosismo e preocupações, além de estimar a intensidade do pro-
blema e permitir, em exames sucessivos, o resultado do tratamento.
A Epilepsia é uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro, que não tenha sido
causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos. Durante alguns segundos ou minutos, uma
parte do cérebro emite sinais elétricos incorretos, que podem ficar restritos a esse local ou espalhar-
se. Por isso, algumas pessoas podem ter sintomas menos evidentes de epilepsia. Mas isso não signi-
fica que o problema tenha menos importância.
É comum que os pacientes epilépticos tenham queixa de episódios de “desligamentos” os quais não
são necessariamente de natureza epiléptica. Nesses casos, tais desligamentos estar associado a an-
siedade, o que pode ser identificado numa avaliação neuropsicológica. Os distúrbios da memória em
pacientes epilépticos podem relacionar com alterações anatômicas ou funcionais de regiões do cére-
bro associadas à memória ou, então, serem decorrentes de distúrbio de atenção ou ansiedade. Isto é
diferenciado pela avaliação neuropsicológica.
A Depressão é um distúrbio complexo do humor e não um quadro simples de tristeza. É uma doença
do corpo como um todo, físico e mental, com alteração do humor e do pensamento.
Uma doença depressiva não é uma "fossa" ou "um baixo astral" passageiro. Na Depressão observa-
se perda de memória, desatenção, lentidão, incapacidade de tomar decisões, extrema irritabilidade,
fadiga crônica, falta de apetite e dores sem explicação. A avaliação da memória, da atenção, da ansi-
edade e da depressão com aplicação na neurologia, psiquiatria e psicologia é feita com a avaliação
neuropsicológica. A avaliação neuropsicológica na Doença de Alzheimer (DA) é o principal instru-
mento para diagnosticar o tipo e a intensidade dos distúrbios de atenção, memória e desempenho in-
telectual, permitindo acompanhar, em exames sucessivos, a progressão mais rápida ou lenta da DA,
oferecendo, nas fases iniciais, a possibilidade de diferenciar os sintomas da DA da depressão.
Tipos de Psicodiagnóstico
Para que entendamos melhor o que significa o Psicodiagnóstico precisamos saber um pouco sobre o
diagnóstico e avaliação diagnóstica.
De acordo com a Wikipédia (ANO), a palavra diagnóstico origina-se do grego diagõstikós e significa
conhecimento (efetivo ou em confirmação) sobre algo, ao momento do seu exame; ou descrição mi-
nuciosa de algo, feita pelo examinador, classificador ou pesquisador; ou ainda juízo declarado ou pro-
ferido sobre a característica, a composição, o comportamento, a natureza etc. de algo, com base nos
dados e/ou informações deste obtidos por meio de exame, ou seja, discernimento, faculdade de co-
nhecer.
Utiliza-se este termo para referir-se à possibilidade de conhecimento que vai além daquela que o
senso comum pode dar, ou seja, a possibilidade de significar a realidade fazendo uso de conceitos,
noções e teorias científicas.
Um processo de intervenção;
Intervir é meter-se de permeio, estar presente, assistir, interpor os seus bons ofícios;
Meter-se de permeio indica a atuação, posição ativa de alguém que interfere, que se coloca entre
pessoas, que de algum modo estabelece um elo, uma ligação;
Estar presente parece indicar uma posição, alguém a quem se pode recorrer e que está inteiro na si-
tuação;
Interpolar os seus bons ofícios indica ação de quem tem algum preparo em determinada área e põe
seus conhecimentos à disposição de quem dele necessita ou ação de quem acredita no que faz.
Quanto à avaliação diagnóstica, podemos dizer que ela é mais ampla que o psicodiagnóstico, e seus
objetos de estudo podem ser um sujeito, um grupo, uma instituição, uma comunidade; daí a importân-
cia dos trabalhos interdisciplinares já que o objeto a avaliar é sempre um sistema complexo, integrado
por subsistemas diversos: como o biológico, psicológico, social, cultural, em interação permanente.
Percebemos que o Psicodiagnóstico é apenas uma parte da avaliação diagnóstica.
O Psicodiagnóstico derivou da Psicologia Clínica, introduzida, segundo Cunha (2003) por Lighter Wit-
mer em 1896, e criada sobre a tradição da psicologia acadêmica e da tradição médica. Mas de
acordo com Fernández-Ballesteros (1986), a paternidade do psicodiagnóstico também é atribuída a
três autores, que deram os primeiros passos nos estudos sobre Psicodiagnóstico lançados no final do
século XIX e no início do século XX:
O Psicodiagnóstico surgiu como consequência do advento da psicanálise, que ofereceu novo enfoque
para o entendimento e a classificação dos transtornos mentais; anteriormente, o modelo para o es-
tudo das doenças mentais remontava ao trabalho de Kraepelin e outros, e as suas tentativas para es-
tabelecer critérios de diagnóstico diferencial para a esquizofrenia.
Como discutiremos logo adiante, no período anterior a Freud, o enfoque do transtorno mental era niti-
damente médico, onde os pacientes de interesse para ciência médica apresentavam quadros graves,
estavam hospitalizados, e eram identificados apenas sinais e sintomas que compunham as síndro-
mes. Mas já no período Freudiano, os pacientes atendidos não apresentavam quadros tão severos,
não estavam internados, e embora fossem levados em conta os seus sintomas, estes eram percebi-
dos de maneira compreensiva e dinâmica.
Percebe-se que as origens da avaliação psicológica e do Psicodiagnóstico se deram sob uma tradi-
ção da medicina e da psicologia acadêmica, de orientações tanto comportamentalistas ou psicanalis-
tas, predominantemente, que seguiam estratégias de avaliação comportamental, ou seja, identifica-
ção de comportamentos-alvo, ou por uma orientação conceitual buscando uma visão de homem es-
pecífica, segundo as diretrizes de uma comunidade acadêmica. Assim, percebemos a ênfase dada ao
aspecto do sujeito em sofrimento, disfuncional ou em desajuste com um ideal de saúde e normali-
dade.
Além do que citamos anteriormente, a avaliação psicológica perpassaria também a psicometria, que
tinha como métodos principais a aplicação de testes psicológicos estruturados ou de testes projetivos.
Não esquecendo também no percurso dessas origens o uso de entrevistas psicológicas, herdada
pela psiquiatria.
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Medidas Socioeducativas
A medida socioeducativa é a resposta do estado a uma infração penal cometida por um inimputável
(menor de 18 anos), que por fatores internos e externos, cometeu atos infracionais, tais fatores vão
desde a convivência familiar, paternalista, até a convivência social na escola e na rua, nela percebe-se
o cunho aflitivo imposto ao destinatário e ao mesmo tempo a incidência de técnicas pedagógicas com
objetivo de recuperar o infrator juvenil e o colocar de volta no seio da família e da sociedade. Destarte
que a medida socioeducativa tem em sua substância a punição penal, mas sua finalidade deve ser
pedagógica.
As medidas advêm de ordem legal e seu conceito é elaborado pela doutrina. Para compreendermos o
significado das medidas temos que desvendar o ser do objeto, seu elemento instrumental, sua justifi-
cativa e seu dever ser.
Quanto ao sentido da medida perante a sociedade temos de nos ater ao objeto na sua concepção
ontológica (dirigida a todos e a cada um) e a compreensão em si mesmo, em razão de seus efeitos.
Para justificar a existência das medidas busca-se a sua serventia e finalidade no âmbito das justifica-
ções e na analise material devemos vislumbrar em que consiste a medida, sua essência, seu caráter.
As medidas são aplicadas ao seu destinatário após uma análise de sua conduta por uma autoridade
judiciária em razão de uma relação de poder com foco em sua reinserção social e familiar, além é claro,
do cunho aflitivo da medida pelo mal causado.
A compreensão de sua sustância só se dará de forma efetiva com a análise dos efeitos produzidos pela
medida em seu destinatário não importando o conforto reparador da vítima ou a restauração da ordem
pública.
A medida socioeducativa se decompõe em diversas modalidades que são aplicadas de acordo com o
grau da infração praticada, cada uma com sua razão de ser. O estatuto da criança e do adolescente
prevê desde a advertência até a privação de liberdade ao menor infrator. Assim trata em seu artigo
112:
Art. 112 – verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente
as seguintes medidas: I – advertência; II - obrigação de reparar o dano; III – prestação de serviços à
comunidade; IV - liberdade assistida; v – inserção em regime de semi-liberdade; VI -internação em
estabelecimento educacional; VII – qualquer uma das previstas no art. 101, I a vi. § 1º a medida aplicada
ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da
infração. § 2º em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado.
§ 3º os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento individual e
especializado, em local adequado às suas condições [...].
Pelo exarado nesse artigo, se aplicará aos adolescentes uma das medidas citadas, verificada a prática
do ato infracional. Além do que, há de se ter um compromisso com a justiça e garantir que seus direitos
sejam mantidos, sendo vedada a aplicação de medidas diversas das enunciadas no artigo 112 do es-
tatuto. Tais medidas destinam-se à formação do tratamento tutelar com o objetivo de reestruturar o
adolescente para atingir a normalidade da integração social.
É uma das medidas da ECA a ser aplicada e está disposta no artigo 115 da lei 8069 de 1990. O infrator
juvenil será advertido e receberá conselhos e orientações da autoridade judiciária na presença de seus
pais ou de seu responsável legalmente habilitado, devendo sempre ser levado em conta que o adoles-
cente advertido é titular de direito e dignidade, e deve ser respeitado; é ainda, pessoa na condição
peculiar de desenvolvimento e não poderá ser exposto ou submetido a constrangimento.
Na linguagem natural advertir quer dizer: censurar, repreender, reparar, aconselhar, lembrar. A medida
de advertência não deve ser tida como simples admoestação verbal que será reduzida a termo, mas
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MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
como forma de reprovação pela conduta praticada e de aviso ao adolescente infrator de que tal conduta
não deve se repetir.
Como a advertência deriva da prática de infração, seu significado pode ter vez na linguagem natural,
isso irá depender de como ela será aplicada e como é recebida pelo infrator, mas não se pode mascarar
o sentido do ato de advertir, pois, sempre terá cunho repressivo/opressivo materializando o poder do
estado sobre o indivíduo. Assim nos ensina liberati: “a medida será aplicada em audiência judicial e
consubstanciada em termo próprio, onde constarão as exigências e orientações que deverão ser cum-
pridas pelo adolescente. (liberati, 1991, p. 57)”
Advertência é sempre forma de controle social, ainda que a admoestação seja feita de forma serena,
em baixo tom de voz e com gestos brandos. No momento da admoestação, o adolescente deve mostrar
respeito e não poderá se esquivar, mesmo em seu olhar, do representante do judiciário que tem poder
discricionário para utilizar as palavras; a percepção dessas palavras pelo adolescente dependerá de
sua estrutura psicossocial, o que também determinará os efeitos de acordo com sua fragilidade emoci-
onal. A advertência é um instante de intensa aflição e ainda que seja confundida com repreensão fami-
liar ou escolar; no campo jurídico, tem relevante importância para o adolescente, pois passará a constar
no seu registro e poderá influenciar na decisão no caso de o autor voltar a praticar ato infracional.
Certamente após ser advertido o infrator refletirá sobre seus atos e, constrangido, fará a promessa de
não repetir o feito.
A obrigação de reparar o dano é medida que poderá ser aplicada ao infrator conforme exara o artigo
116 e parágrafo único do estatuto da criança e do adolescente, pelo qual, o infrator poderá ser obrigado
a reparar os prejuízos causados pela prática do ato infracional. Na visão de afonso armando konzen, a
obrigação de reparar o dano é:
A obrigação de reparar o dano é medida socioeducativa com caráter imperativo de reposição ou resti-
tuição do bem lesado como forma de implicar o adolescente infrator de forma econômica tendo ainda,
reflexo pedagógico.
O infrator juvenil passa a reconhecer que o estado não aprovou sua conduta e de forma unilateral impôs
tal medida, sendo também discricionário ao representante do judiciário a forma de ressarcimento ao
ofendido. Dessa forma podemos vislumbrar que a medida, ainda que pretenda meramente a reparação
do dano, tem conteúdo aflitivo para o infrator.
Essa medida socioeducativa está estabelecida pelo estatuto da criança e do adolescente disposta em
seu artigo 117 e parágrafo único, possui caráter educativo e se reveste de um grande e intenso signifi-
cado pessoal e social para o adolescente infrator. O artigo 117 assemelha-se ao enunciado do artigo
46 do código penal brasileiro, que pretende a ressocialização do condenado através de um conjunto
de ações, medidas e atitudes, com a intenção de reintegrá-lo na sociedade. Em relação à prestação de
serviços, konzen (2005, p. 47) diz que: “ela importa na realização de tarefas gratuitas de interesse de
terceiros, pesando sobre o destinatário da medida o estigma do cumprimento de uma determinação
originada do descumprimento da norma.”
A prestação de serviços à comunidade configura-se como uma ação alternativa da internação, permi-
tindo assim que o infrator cumpra tais imposições junto à sua família, com a sua comunidade e sem ter
que sair do seu emprego. Ela representa uma das medidas com maior eficácia, pois permite ao infrator,
de acordo com as suas capacidades laborativas, a realização de tarefas junto a sua própria comuni-
dade.
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MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
Tal medida necessita da participação da sociedade como um todo, pois prescinde da fiscalização da
própria comunidade que, em conjunto com os educadores sociais, irá proporcionar ao adolescente uma
nova modalidade de tratamento tutelar em regime aberto.
É necessário que o adolescente seja submetido ao devido processo legal para que seja condenado à
prestação de serviços assim como às outras medidas estabelecidas pelo ECA, além disso, a medida
não deve ser imposta contra a vontade do adolescente, pois corresponderia a trabalho forçado e obri-
gatório. Assim, pode ocorrer a eventual substituição da medida, se descumprida pelo adolescente. O
trabalho deve ser não oneroso, interagindo com a comunidade e desenvolvendo a cidadania. O infrator
juvenil, tendo descumprido a norma positivada e se provado a sua culpabilidade, pode ter sua sentença
declarada unilateralmente pela autoridade judiciária.
O que se tenta mascarar novamente, por parte de algumas autoridades, é a condição aflitiva da medida
que, ainda que prestada em local isolado e longe dos olhares do público ou por mais singelo que possa
ser o trabalho, não deixa de ter caráter de sanção, pois o infrator se vê obrigado a cumprir determinação
judicial. É discricionário ao juiz a duração e local da medida.
Condenado, devendo ser cumpridas à razão de 1 (uma) hora de tarefa por dia de
Lep, art.(s):
Art. 147: transitada em julgado a sentença que aplicou a pena restritiva de direito, o juiz de execução,
de ofício ou a requerimento do ministério público, promoverá a execução, podendo, para tanto, requi-
sitar, quando necessário, a colaboração de entidades públicas ou solicitá-la a particulares.
Art. 148: em qualquer fase da execução, poderá o juiz, motivadamente, alterar a forma de cumprimento
das penas de prestação de serviços à comunidade e de limitação de fim de semana, ajustando-as às
condições pessoais do condenado e às características do estabelecimento, da entidade ou do pro-
grama comunitário ou estatal.
Iii - alterar a forma de execução, a fim de ajustá-la às modificações ocorridas na jornada de trabalho
Art. 150: a entidade beneficiada com a prestação de serviços encaminhará mensalmente, ao juiz da
execução, relatório circunstanciado das atividades do condenado, bem como, a qualquer tempo, co-
municação sobre ausência ou falta disciplinar.
Exemplificando o que foi dito, no campo do imaginário, se dois infratores são sentenciados a prestação
de serviços sendo um de 18(dezoito anos) e um de 15(quinze anos) temos que: ao inimputável aplica-
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MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
se a pena socioeducativa prevista no ECA (8069/90) e ao imputável o código penal artigo 78 do cp que
prevê em seu § 1º a obrigação de prestação de serviços no 1º ano do sursis.
Dizem os menoristas que o cumpridor de sentença penal está ali para pagar de forma aflitiva pelo
descumprimento da norma e que o imputável socioeducativo ali está presente para ser tutelado ou
protegido e para os neomenoristas, geração mais recente, será produto da retórica sem qualquer con-
sequência real de distinção para os dois legítimos e maiores interessados a suportar os deveres de
cumprir as tarefas, ambos terão restrito o direito de ir e vir.
Da liberdade assistida
O melhor resultado dessa medida será conseguido pela especialização e valor do pessoal ou entidade
que desenvolverá o tratamento tutelar com o jovem. Deverão os técnicos ou as entidades desempenhar
sua missão através de estudo do caso, de métodos de abordagem, organização técnica da aplicação
da medida e designação de agente capaz, sempre sob a supervisão de juiz. (liberati, 1991, p. 61).
Se o infrator descumpre o que lhe foi imposto na l.a, por exemplo: não frequenta os cursos a que é
obrigado a comparecer e a demonstrar bons rendimentos, poderá o jovem ter sua medida substituída
por outra, podendo perder sua liberdade cumprindo internação sanção por até três meses. Assim como
as outras medidas, a la também gera desconforto e sensação aflitiva no cumprimento de pena imposta.
Da semiliberdade e da internação
Assim como as outras medidas, a semiliberdade e a internação também geram desconforto e sensação
aflitiva no cumprimento de pena imposta. São elas, medidas de privação da liberdade em que há a
institucionalização do adolescente infrator e a ruptura com os laços familiares e sociais, assegurados
os requisitos da brevidade e excepcionalidade. A partir daí o infrator tem que cumprir as normas esta-
belecidas pelos dirigentes das instituições e por seus comandados, é a medida que mais se assemelha
ao sistema prisional, apesar de algumas correntes preferirem ver os centros de internação como insti-
tuições de ensino maquiando a medida no seu caráter de restituição de direito. O estado se reveste de
prerrogativas para proteger a sociedade desses indivíduos, que apesar de serem considerados sujeitos
de direito e em situação peculiar de desenvolvimento, possuem as mesmas características negativas
de um adulto quando se refere à criminalidade, podendo o estado, inclusive, utilizar de força física e
condução coercitiva.
O infrator juvenil que estava acostumado a ditar regras pela força, desacatar e infringir os mais diversos
tipos de norma, como por exemplo, o estupro e tráfico (crimes hediondos por analogia) se vê forçado a
seguir um regime de disciplina (em tese) e de manutenção da ordem.
A medida de semiliberdade está disposta no artigo 120 e parágrafos seguintes. É uma forma de transi-
ção para o meio aberto e possui uma providência de alto valor terapêutico para integração social do
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MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
infrator, oportunizando uma atividade útil e laborativa com o acompanhamento de técnicos especializa-
dos. “sua aplicação representa para o adolescente a institucionalização, com a ruptura da vida familiar
e dos laços com o ambiente da comunidade e com todos os agrupamentos sociais. Konzen (2005,
p.50).”
Essa medida é a mais restritiva de liberdade anterior à internação. É aplicada aos infratores que traba-
lham ou estudam durante o dia e à noite recolhem-se a uma entidade especializada, nela reside a
função de punir o adolescente pela prática do ato infracional cometido. Sobre o assunto, trata liberati:
Como o próprio nome indica, a semiliberdade é um dos tratamentos tutelares que é realizado, em
grande parte, em meio aberto, implicando, necessariamente, a possibilidade de realização de ativida-
des externas, como a frequência à escola, às relações de emprego etc. Se não houver esse tipo de
atividade, a medida socio-educativa perde sua finalidade. (liberati, 1991, p. 63).
É claro que toda a saída externa feita por infrator internado prescinde de autorização judicial feita atra-
vés de apreciação de laudo técnico expedido à autoridade judiciária pela equipe multidisciplinar da
instituição, no período noturno, em que o adolescente permanece na entidade especializada, os técni-
cos deverão complementar o trabalho de acompanhamento, auxílio e orientação, sempre verificando a
possibilidade de término do tratamento, pois a medida de internação não comporta fixação de tempo,
sendo aplicada com prazo não superior a 3 anos de regime fechado.
A medida de internação é a última estabelecida pelo estatuto disposta nos artigos 121 a 125. Ela priva
o infrator juvenil de seu bem jurídico mais precioso, sua liberdade, e só pode ser aplicada pela autori-
dade judiciária em decisão fundamentada.
A internação é medida excepcional e só será aplicada aos infratores que cometerem delitos considera-
dos graves ou no caso de o adolescente já ter cumprido outro tipo de medida e reincidiu. Sendo viável
a aplicação de outra medida, a internação não se justifica. A medida de internação deve obedecer a
três princípios básicos: princípio da brevidade, da excepcionalidade e o princípio do respeito à peculiar
condição de pessoa em desenvolvimento.
Ao analisarmos cada uma das medidas socioeducativas possíveis, perceberemos em cada uma o
mesmo e permanente sentido unilateral e obrigatório. O destinatário da medida se encontra na posição
unilateral de subordinação em relação à autoridade pública que cumpre seu papel na manutenção da
paz social, esta, justificadora da existência do direito e do poder estatal de fazê-lo cumprir.
Portanto, o estado faz suas determinações e se investe de poder para fazê-las cumprir, determinação
que se mostra unilateral por não depender da vontade do destinatário. A obrigatoriedade vem em res-
posta a um acontecimento antecedente e é faceta do poder coercitivo do estado. O significado material
da medida socioeducativa tem de levar em conta o resultado final na pessoa de seu destinatário.
Não se pode negar a semelhança de ato infracional e a prática de crime ou contravenção, destarte que,
alude o artigo 103 do estatuto da criança e do adolescente categoricamente que o ato infracional é
conduta expressamente vedada e de abstração jurídica, sendo sujeita a consequências, pouco impor-
tando o conceito formal do fato típico em suas desastrosas tentativas de definição seja formal, material
ou analítica. Em sua obra, konzen trata do significado material da medida socioeducativa:
Como as medidas existem como possibilidade de serem aplicadas por alguém, autoridade judiciária ao
adolescente autor de ato infracional, em consequência de uma relação de poder, o primeiro indicativo,
em busca de uma resposta à questão do que são as medida socioeducativas, só pode ser alavancada
a partir do sentimento do destinatário, da sensação pessoal daquele atingido por uma medida [...] Por
isso, somente o destinatário será capaz de avaliar as consequências da resposta à infração, na condi-
ção de sujeito direto e único do provimento judicial. (konzen, 2005, p. 43).
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MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
O conceito de ato infracional relacionado a fato típico é puro e aceitável pois advém de toda a principi-
ologia do direito penal sobre a matéria, podemos dizer sem receio que o direito socioeducativo tem
vínculo principiológico com o direito penal e que os dois sistemas produzem em suas medidas efeitos
idênticos, sendo também idêntico o significado, apesar de não ser esse o pensamento de toda a dou-
trina.
Os menoristas não aceitam essa ideia de vinculação com o direito penal e ainda se prendem na ideia
de que o ato infracional é tão somente um fenômeno sociológico, não aceitando que na medida socio-
educativa estão presentes fundamentos do direito penal, desde a aplicação de uma simples admoes-
tação verbal até a internação em instituição para menores.
Existem dois tipos de semeliberdade: o primeiro é aquele tratamento tutelar determinado desde o inicio
pela autoridade judiciária através do devido processo legal; o segundo caracteriza-se pela progressão
de regime: o adolescente internado é beneficiado com a mudança de regime, do internato para a se-
meliberdade (artigo 120). (liberati, 1991, p. 63)
O ato infracional é o que menos tem peso na hora do balizamento da medida a ser cumprida, o que
exime a relação autor-réu-juiz e nega ao mp a possibilidade de dedução de uma pretensão punitiva,
portanto, inexistente defesa advocatícia sendo o procedimento mero caminho para a elucidação de um
fato, o infrator é novamente visto como vítima e tem amenizado o seu castigo com intuito meramente
tutelar. Quando emergiu a doutrina da proteção integral, ela trouxe consigo um novo paradigma em que
o infrator, ainda que penalmente inimputável, responde de forma diferente, mas responde.ainda que
pessoa em desenvolvimento, o menor responde por seus atos através de medida socioeducativa car-
regada de cunho aflitivo, unilateralidade e obrigatoriedade, negar esse fato é negar a realidade.a me-
dida socioeducativa não produz por si só qualquer efeito protetivo do interesse do adolescente, essa
ideia foi superada e só insistem nela os que se recusam a aceitar a evolução da civilização.
Questiona-se muito o uso da palavra pena para configurar a medida socioeducativa, pois, para alguns,
isso levaria a medida a ser confundida com a prisional, para outros a medida socioeducativa tem caráter
de responsabilização e deve ser considerada sanção.
Não importa se pena ou sanção, ambas trazem ao destinatário, seja a restritiva de direitos, privativa de
liberdade ou admoestação verbal; o sinal de reprovação, sinônimo de angústia de quem teve suprimido
o seu bem natural de grande valor.
Já vimos que não há distinção jurídica entre pena e sanção e que a diferença existente é semântica,
logo, nesse raciocínio, a melhor expressão a ser usada é pena já que o sistema socioeducativo é direta
e simbolicamente entrelaçado aos princípios do direito penal.
O efeito penal da medida pede passagem com a aplicação e respeito ao conjunto de garantias jurídicas
capazes de diminuir o poder subjetivo e discricionário do aplicador do direito e assim alude o magistrado
joão batista costa saraiva: “é inegável que o estatuto da criança e do adolescente constrói um novo
modelo de responsabilização do adolescente infrator” (saraiva 2002).
Dessa forma, podemos ver nitidamente que a medida socioeducativa, imposta obrigatoriamente e uni-
lateralmente tendo como resultado uma condenação judicial é medida de efeito penal e esse é seu
significado material.
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MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
Ainda que chamada de sanção penal especial ou juvenil, a medida socioeducativa não deixa de ser
uma espécie de sanção penal, pois tem cunho aflitivo reservado a seu destinatário demandando dessa
forma todos os direitos legais e processuais do sistema penal. Estão exaradas no estatuto da criança
e do adolescente as garantias processuais e direitos individuais do adolescente infrator, com a vigência
do estatuto no ano de 1990, foram implementadas políticas para a infância e a juventude, surgindo
assim um caráter modernizador e libertador, sendo necessária relevante articulação do estado para
com a sociedade. Foram criados órgãos para que houvesse a efetivação proposta pelo estatuto, entre
eles o conselho tutelar, como sendo autoridade municipal com o dever de atender às situações de
cunho não judicial, que envolvam ameaça ou violação dos direitos do inimputável em razão de idade,
é através dele que as crianças e seus responsáveis chegam até a justiça e, muitas vezes, sem ao
menos recorrer ao poder judiciário. As funções do conselho tutelar estão previstas no artigo 136 do
ECA:
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas
previstas no art. 101, I a VII;
Ii - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII;
Requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e se-
gurança;
Representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injustificado de suas delibera-
ções.
Iv - encaminhar ao ministério público notícia de fato que constitua infração administrativa ou penal con-
tra os direitos da criança ou adolescente;
Vi - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as previstas no art. 101, I a
vi, para o adolescente autor de ato infracional;
Ix - assessorar o poder executivo local na elaboração da proposta orçamentária para planos e progra-
mas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente;
X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos previstos no art. 220,
§ 3º, inciso II, da constituição federal;
Xi - representar ao ministério público para efeito das ações de perda ou suspensão do poder familiar,
após esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente junto à família natural.
(alterado pelo l-012.010-2009)
Políticas estatais
Na tentativa de mudar a expectativa de vida do adolescente em conflito com a lei e encaminhá-lo para
um futuro digno, o estado tem adotado medidas no sentido de fazer cumprir o estatuto da criança e do
adolescente e as medidas socioeducativas aplicadas a infratores juvenis, contudo, não há como negar
que as providências esbarram nas interpretações variadas e às vezes equivocadas do estatuto dando
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MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
margem, ora a um entendimento excessivamente protetivo que vê o infrator como vítima da situação e
do meio em que vive, ora por dar a ele status de criminoso irrecuperável. Todos os equívocos praticados
em nome do ECA são frutos do poder discricionário que os diretores de centros através das secretarias
têm na execução das medidas. Já a população em geral, como de costume, se fixa no leigo posiciona-
mento de que todo o problema penal do país está na impunibilidade e que se resolveria com o aumento
das penas.
Há vários anos a questão do adolescente infrator vem sendo tratada, especialmente no estado de mi-
nas gerais, onde a secretaria de estado de interior e justiça que inicialmente desenvolvia os trabalhos
em 1970 na então doutrina de situação irregular onde os menores sofriam intervenção do estado ,in-
dependente do delito cometido, pela sua condição econômica e social.em 1990, com a chegada da lei
8069, houve uma quebra de paradigma e o infrator passou a ser visto como sujeito de direitos e não
como simples vítima da situação irregular em que vivia.as sanções eram dadas não mais em função
de sua pobreza mas sim em resposta ao delito praticado passando a ter também cunho educativo.como
nos demonstra ronaldo araújo pedron, subsecretário de atendimento às medidas socioeducativas
de minas gerais em seu artigo “a política estatal de atendimento às medidas socioeducativas de minas
gerais”
Em 1990, inicia-se uma mudança de paradigmas: entra em vigor o estatuto da criança e do adoles-
cente-ECA que, diferentemente do revogado código de menores, não mais adota a criminalização da
pobreza: as respostas sancionatórias educativas passam a estar focadas no ato cometido e não nas
características do sujeito. Ou seja, não mais se criminaliza alguém por ser pobre ou abandonado, mas
pelo ato que praticou. (campos jr,mauricio 2009.p. 13)
Em resumo, o estado vem liberando recursos e implantando políticas de atendimento para executar da
melhor maneira possível, apesar dos entraves e interpretações discricionárias, o que prevê o estatuto
e as convenções internacionais a respeito da criminalidade juvenil.
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ENTREVISTA PSICOLÓGICA
A Entrevista Psicológica
A entrevista psicológica sofreu algumas modificações no início do século XIX, quando predominava o
modelo médico.
Naquela época, Kraepelin usava a entrevista com o objetivo de detalhar o comportamento do paci-
ente, e, assim, poder identificar as síndromes e as doenças específicas que as classificavam segundo
a nosografia vigente.
Enquanto isso, Meyer, psiquiatra americano, se interessava pelo enfoque psicobiológico (aspectos
biológicos, históricos, psicológicos e sociais) do entrevistado. A partir de Hartman e Anna Freud o in-
teresse da entrevista se deslocou para as defesas do paciente. Isto é, a psicanálise teve sua influên-
cia na investigação dos processos psicológicos, sem enfatizar o aspecto diagnóstico, antes valori-
zado.
Nos anos cinquenta, Deutsch e Murphy apresentaram sua técnica denominada Análise Associativa
que considerava importante registrar não somente o que o paciente dizia, mas, também, em fornecer
informações sobre o mesmo.
Desse modo, desviou-se o foco sobre o comportamento psicopatológico para o comportamento dinâ-
mico. Ainda nesta década, Sullivan concebeu a entrevista como um fenômeno sociológico, uma díade
de interferência mútua.
Após este período, a entrevista e o Aconselhamento Psicológicos se deixaram influenciar, entre ou-
tros, por Carl Rogers, cuja abordagem consiste em centrar no paciente. Ou seja, em procurar compre-
ender, de acordo com o seu referencial, significados e componentes emocionais, tendo como base a
sua aceitação incondicional por parte do entrevistador.
A entrevista psicológica é um processo bidirecional de interação, entre duas ou mais pessoas com o
propósito previamente fixado no qual uma delas, o entrevistador, procura saber o que acontece com a
outra, o entrevistado, procurando agir conforme esse conhecimento (WIENS apud NUNES, In: CU-
NHA, 1993).
Enquanto técnica, a entrevista tem seus próprios procedimentos empíricos através dos quais não so-
mente se amplia e se verifica, mas, também, simultaneamente, absorve os conhecimentos científicos
disponíveis.
Nesse sentido, Bleger (1960) define a entrevista psicológica como sendo “um campo de trabalho no
qual se investiga a conduta e a personalidade de seres humanos” (p.21). Uma outra definição carac-
teriza a entrevista psicológica como sendo “uma forma especial de conversão, um método sistemático
para entrar na vida do outro, na sua intimidade” (RIBEIRO, 1988, p.154).
Enfim, Gil (1999) compreende a entrevista como uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das
partes busca coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informação (p.117).
A entrevista psicológica pode ser também um processo grupal, isto é, com um ou mais entrevistado-
res e/ou entrevistados. No entanto, esse instrumento é sempre em função da sua dinâmica, um fenô-
meno de grupo, mesmo que seja com a participação de um entrevistado e de um entrevistador.
Os Objetivos da Entrevista
Com base nos critérios que objetivaram a entrevista em saúde mental, pode-se classificar a entrevista
quanto aos seguintes objetivos:
Assim, faz-se necessário uma coleta de dados sobre a história do paciente e sua motivação para o
tratamento. Quase sempre, a entrevista diagnóstica é parte de um processo mais amplo de avaliação
clínica que inclui testagem psicológica;
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ENTREVISTA PSICOLÓGICA
Psicoterápica – Procura colocar em prática estratégia de intervenção psicológica nas diversas abor-
dagens - rogeriana (C. Rogers), jungiana (C. Jung), gestalt (F. Perls), bioenergética (A. Lowen), logo-
terapia (V. Frankl) e outras -, para acompanhar o paciente, esclarecer suas dificuldades, tentando
ajudá-lo à solucionar seus problemas;
De Encaminhamento – Logo no início da entrevista, deve ficar claro para o entrevistado, que a
mesma tem como objetivo indicar seu tratamento, e que este não será conduzido pelo entrevistador.
Devem-se obter informações suficientes para se fazer uma indicação e, ao mesmo tempo evitar que o
entrevistado desenvolva um vínculo forte, uma vez que pode dificultar o processo de encaminhar;
Essa entrevista também é utilizada com o funcionário que está deixando a empresa, e tem como o
objetivo obter um feedback sobre o ambiente de trabalho, para providenciais intervenções do psicó-
logo em caso, por exemplo, de alta rotatividade de demissão num determinado setor;
De Pesquisa – Investiga temas em áreas das mais diversas ciências, somente se realiza a partir da
assinatura do entrevistado ou paciente, do documento: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(Resolução CNS no 196/96), no qual estará explícita a garantia ao sigilo das suas informações e
identificação, e liberdade de continuar ou não no processo.
Essa sequência pode ser subdividida em: entrevista inicial; entrevistas subsequentes e entrevista de
devolução, caracterizadas de forma diferente, e mostrando objetivos distintos conforme o momento
em que elas ocorram (GOLDER, 2000).
Entrevista Inicial
O termo negociação se refere ao posicionamento definido como “um processo discursivo, através do
qual [...] são situados numa conversação como participantes observáveis, subjetivamente coerentes
em linhas de histórias conjuntamente produzidas”(DAVIES & HARRÉ apud PINHEIRO, 2004, p.186).
Essa entrevista, geralmente, inicia-se com a chamada telefônica de um outro técnico, encaminhando
o entrevistado para a avaliação psicodiagnóstica, ou com a chamada do próprio entrevistado.
Tem como objetivos discutir expectativas, clarear as metas do trabalho, e colher informações sobre o
entrevistado, que não poderiam ser obtidas de outras fontes.
As primeiras impressões sobre o entrevistado, sua aparência, comportamento durante a espera, são
dados que serão analisados pelo entrevistador, e que podem facilitar o processo de análise do caso.
Para Gilliéron (1996), a primeira entrevista deve permitir conhecer:
- O modo de chagada do paciente à consulta (por si mesmo, enviado por alguém ou a conselho de
alguém, etc.);
- O tipo de relação que o paciente procura estabelecer com o seu terapeuta;
- As queixas iniciais verbalizadas pelo paciente, em particular a maneira pela qual ele formula seu pe-
dido de ajuda (ou sua ausência de pedido).
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ENTREVISTA PSICOLÓGICA
Um clima de confiança proporcionado pelo entrevistador facilita que o entrevistando revele seus pen-
samentos e sentimentos sem tanta defesa, portanto, com menos distorções. No final dessa entrevista
devem ficar esclarecidos os seguintes pontos: horários, duração das sessões, honorários, formas de
pagamento (quando particular), condições para administrar instrumentos de testagem e para as con-
dições de consulta a terceiros.
Entrevistas Subsequentes
Após a entrevista inicial, em que é obtida uma primeira impressão sobre a pessoa do paciente, escla-
recimentos sobre os motivos da procura, e realização do contrato de trabalho de psicodiagnóstico, via
de regra são necessários mais alguns encontros.
O objetivo das entrevistas subsequentes é a obtenção de mais dados com riqueza de detalhes sobre
a história do entrevistado, tais como: fases do seu desenvolvimento, escolaridade, relações familia-
res, profissionais, sociais e outros.
No término do psicodiagnóstico, o técnico tem algo a dizer ao entrevistado em relação ao que funda-
menta a indicação. Em 1991, Cunha, Freitas e Raymundo (apud NUNES, In: CUNHA, 1993), elabora-
ram algumas recomendações sobre a entrevista de devolução:
- Após a interpretação dos dados, o entrevistador vai comunicar-lhe em que consiste o psicodiagnós-
tico, e indicar a terapêutica que julga mais adequada;
- O entrevistador retoma os motivos da consulta, e a maneira como o processo de avaliação foi con-
duzido;
- A devolução inicia com os aspectos menos comprometidos do paciente, ou seja, menos mobilizado-
res de ansiedade;
- Deve-se evitar o uso de jargão técnico (expressões própria da ciência circulante entre os profissio-
nais da área, em outras palavras “gíria profissional”), e iniciar por sintoma ligado diretamente à queixa
principal;
- A entrevista de devolução deve encerrar com a indicação terapêutica.
A técnica da entrevista procede do campo da medicina, e inclui procedimentos semelhantes que não
devem ser confundidos e nem superpostos à entrevista psicológica. Consulta não é sinônimo de en-
trevista. A consulta consiste numa assistência técnica ou profissional que pode ser realizada ou satis-
feita, entre as mais diversas modalidades, através da entrevista.
A entrevista não é uma anamnese. Esta implica numa compilação de dados preestabelecidos, que
permitem fazer uma síntese, seja da situação presente, ou da história de doença e de saúde do indi-
víduo. Embora, se faça a anamnese com base na utilização correta dos princípios que regem a entre-
vista, porém, são bem diferenciadas nas suas funções.
Na anamnese, o paciente é o mediador entre sua vida, sua enfermidade, e o médico. Quando por ra-
zões estatísticas ou para cumprir obrigações regulamentares de uma instituição, muitas vezes, ela é
feita pelo pessoal de apoio ou auxiliar.
A anamnese trabalha com a suposição de que o paciente conhece sua vida e está, portanto, capaci-
tado para fornecer dados sobre a mesma. Enquanto que, a hipótese da entrevista é de que cada ser
humano tem organizado a história de sua vida, e um esquema de seu presente, e destes temos que
deduzir o que ele não sabe.
Ou seja, “o que nos guia numa entrevista, do mesmo modo que em um tratamento, não é a fenome-
nologia reconhecível, mas o ignorado, a surpresa”(GOLDER, 2000, p.45). Nessa perspectiva, Bleger
(1980) compreende que, diferentemente da consulta e da anamnese, a entrevista psicológica tenta o
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ENTREVISTA PSICOLÓGICA
A entrevista psicológica funciona como uma situação onde se observa parte da vida do paciente.
Mas, nesse contexto não consegue emergir a totalidade do repertório de sua personalidade, uma vez
que não pode substituir, e nem excluir outros procedimentos de investigação mais extensos e profun-
dos, a exemplo de um tratamento psicoterápico ou psicanalítico, o qual demanda tempo, e favorece
para que possa emergir determinados núcleos da personalidade.
Este tipo de assistência, também não pode prescindir da entrevista. Esta que apresenta lacunas, dis-
sociações e contradições que levam alguns pesquisadores a considerá-la um instrumento pouco con-
fiável. Mas, com diz Bleger (1980), essas dissociações e contradições, são inerentes à condição hu-
mana, e a entrevista oferece condições para que as mesmas sejam refletidas e trabalhadas.
Tipos de Entrevista
Segundo Gil (1999), as entrevistas podem ser classificadas em: informal, focalizada, por pautas e es-
truturada.
Entrevista Focalizada (semi-estruturada ou semidirigida) – É tão livre quanto a informal, todavia, en-
foca um tema bem específico. Permite ao entrevistado falar livremente sobre o assunto, mas quando
este se desvia do tema original o entrevistador deve se esforçar para sua retomada;
As pautas devem ser ordenadas e guardar certa relação entre si. O entrevistador faz poucas pergun-
tas diretas e deixa o entrevistado falar livremente à medida que se refere às pautas assimiladas.
Quando este, por ventura, se afasta, o entrevistador intervém de maneira sutil, para preservar a es-
pontaneidade da entrevista;
Entrevista Estruturada (fechada) – Desenvolve-se a partir de uma relação fixa de perguntas, cuja or-
dem e redação permanecem invariável para todos os entrevistados, que geralmente são em grande
número. Por possibilitar o tratamento quantitativo dos dados, este tipo de entrevista torna-se o mais
adequado para o desenvolvimento de levantamentos sociais.
O processo de entrevista é orientado por seu referencial teórico. Aqui serão vistas, em síntese, algu-
mas das perspectivas:
Perspectiva Psicanalítica – Tem como base os pressupostos dos conteúdos inconscientes. O entre-
vistador busca avaliar a motivação inconsciente, o funcionamento psíquico e a organização da perso-
nalidade do entrevistado. A entrevista é orientada para a psicodinâmica da estrutura intrapsíquica ou
das relações objetais1 e funcionamento interpessoal;
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ENTREVISTA PSICOLÓGICA
Psicométrico – O entrevistador faz uso constante de uma série de instrumentos: testes, pesquisas,
controle estatístico, etc., predeterminados, enquanto dispositivos para a aquisição de conhecimentos
sobre o entrevistado.
Psicodinâmico – A relação poderá ser mais aprofundada devido ao fato do entrevistador contar com
maior disponibilidade de tempo para questionar o entrevistado, e conduzir a situação de maneira “me-
nos estruturada”. Sua atenção não está no aqui e no agora, ela atende a uma dinâmica de causa-
efeito na qual submensagens poderão dificultar a comunicação;
Técnicas de Entrevista
Um dos aspectos essenciais da entrevista está na investigação que se realiza durante o seu trans-
curso. As observações são registradas em função das hipóteses que o entrevistado emite. O entrevis-
tador ordena na seguinte disposição: observação, hipótese e verificação.
Uma boa observação consiste, de algum modo, em formular hipóteses que vão sendo reformuladas
durante a entrevista em função das observações subsequentes.
No entender de Bleger (1980), o trabalho do psicólogo somente adquire real envergadura e transcen-
dência quando coincidem a investigação e a tarefa profissional, porque estas são as unidades de
umas práxis que resguarda a tarefa mais humana: compreender e ajudar os outros. Assim, indagação
e atuação, teoria e prática, devem ser manejadas como momentos e aspectos inseparáveis do
mesmo processo.
Com exceção do primeiro tipo de entrevista, os demais exigem do entrevistador que desperte inte-
resse ou motive a participação do entrevistado.
Segundo Gil (1999), as entrevistas podem se dá em duas modalidades: Face a face e por Telefone. A
entrevista tradicional tem sido realizada face a face. No entanto, nas últimas décadas vem sendo de-
senvolvida a entrevista por telefone.
- Principais vantagens da entrevista por telefone, em relação à entrevista pessoal: custos mais bai-
xos; facilidade na seleção da amostra; rapidez; maior aceitação dos moradores das grandes cidades,
que temem abrir suas portas para estranhos; facilidade de agendar o momento mais apropriado para
a realização da entrevista;
- Limitações da entrevista por telefone: interrupção da entrevista pelo entrevistado; menor quantidade
de informações; impossibilidade de descrever as características do entrevistado ou as circunstâncias
em que se realizou a entrevista; parcela significativa da população que não dispõe de telefone ou não
tem seu nome na lista.
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ENTREVISTA PSICOLÓGICA
Segundo Erickson (apud SCHEEFFER, 1977), algumas recomendações devem ser aplicáveis ao pro-
cesso de entrevista psicológica:
- O entrevistador deve ter o cuidado para não transformar a entrevista numa conversa social. “Como
posso ajudá-lo?”, é uma boa maneira de se iniciar uma entrevista;
- O entrevistador não deve completar as frases do entrevistado. Devem-se evitar perguntas que indu-
zam respostas do tipo “sim” ou “não”. Não interromper o fluxo do pensamento do entrevistado, a não
ser que ele se perca em ideias que fogem dos tópicos da entrevista;
- A atitude do entrevistador deve ser de aceitação completa das vivências do entrevistado. Não deve
haver discussão de pontos de vista;
- As pausas e silêncios são, quase sempre, embaraçosos para o entrevistador. Nesses momentos,
possivelmente, o entrevistado está revivendo experiências que não consegue expressar verbalmente.
Quando as pausas forem longas, o entrevistador poderá retomar um tópico anterior que estava sendo
discutido;
- O tempo de entrevista deve ser marcado, e o entrevistado será comunicado de quanto tempo dis-
põe. Se necessário, marca-se outra (s) entrevista (s). Deve-se limitar o número de assuntos em cada
sessão para não confundir o entrevistado;
- É necessário trocar o pronome pessoal “eu”, pelo uso de expressões2 mais vagas, tais como: “pa-
rece que ...”; “parece melhor ...”; etc.;
- Recomenda-se fazer o resumo do que fora discutido em cada final de entrevista. E que o entrevista-
dor faça uma síntese para o entrevistado do que foi abordado na sessão;
- O término da entrevista não deve transformar-se numa conversa social, sem nenhuma relação com
os problemas discutidos. Isto pode prejudicar o resultado da entrevista.
- Adotar uma atitude comum e casual. Ex. “Por acaso você ...”;
- Empregar a técnica “Kinsey” de olhar os inquiridos bem nos olhos, e colocar a pergunta sem rodeios
de modo a que eles tenham dificuldade em mentir;
- Adotar uma aproximação indireta de modo a que os inquiridos forneçam a informação desejada sem
terem consciência disso, a exemplo das técnicas projetivas;
- A anamnese do sujeito que permite a observação dos comportamentos repetitivos que dão uma
ideia exata da sua personalidade: trata-se do ponto de vista histórico;
Dinâmica da Entrevista
O entrevistador, no seu papel de técnico, não deve expor suas reações e nem sua história de vida.
Não deve permitir em ser considerado como um amigo pelo entrevistado e, nem entrar em relação
comercial, de amizade ou de qualquer outro benefício que não seja o pagamento dos seus honorá-
rios. Para Gilliéron (1996), a investigação repousará:
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O entrevistado deve ser recebido com cordialidade, e não de forma efusiva. Diante de informações
prévias fornecidas por outra pessoa, se deixa claro que essas não serão mantidas em reserva. Em
função de não abalar a confiança do entrevistado, estas lhe serão comunicadas. A reação contra-
transferencial deve ser encarada com um dado de análise da entrevista, não se deve atuar diante da
rejeição, inveja ou qualquer outro sentimento do entrevistado.
As atitudes deste não devem ser “domadas” ou subjugadas, não se trata de querer triunfar e nem se
impor perante o mesmo. Compete ao entrevistador averiguar como essas atitudes funcionam e como
o afetam. O grau de repressão do entrevistado, de um certo modo, tem uma relação direta com o ní-
vel de repressão do entrevistador.
Necessariamente, o entrevistado que fala muito não traz à tona aspectos relevantes das suas dificul-
dades. A linguagem que é um meio de transmitir informação, mas poderá ser também uma maneira
poderosa de se evitar uma verdadeira comunicação (BLEGER, 1980). Nem sempre, uma carga emo-
cional intensa significa uma evolução no processo. O silêncio é uma expressão não-verbal que muitas
vezes comunica bem mais que as palavras.
O silêncio é, geralmente, o fantasma do entrevistador iniciante. Ele pode ser também uma tentativa
de encobrir a faceta de um momento o qual o sujeito não consegue enfrentar. Castilho (1995) cita
uma série de tipos de silêncio que são comuns nas dinâmicas de grupo, mas que também ocorrem,
com bastante frequência, no processo de entrevista, etc. Para ilustrar foram destacados alguns tipos
de silêncio:
- Silêncio de Medo – Deixa o entrevistado petrificado, na sua tentativa de fugir de uma situação psico-
logicamente ameaçadora. Esse silêncio suscita muita tensão e, como consequência, forte descarga
psicossomática;
A Ansiedade na Entrevista
A ansiedade é parte da existência humana, todas as pessoas a sentem em grau variado, por vezes
consiste em uma resposta adaptativa do organismo (SIERRA, 2003). Para Bion (apud ALMEIDA &
WETZEL, 2001), se duas pessoas estão numa sala de análise sem angústia, não está havendo aná-
lise (p.272).
Calligaris (apud GOLDER, 2000), percebe que em todo encontro, o outro está imediatamente impli-
cado enquanto “semelhante imaginário”, o que se busca primeiro é uma tela, uma espécie de cumpli-
cidade que supõe um sentido comum ao que estamos dizendo (p.151).
Desse modo, a ansiedade é um indicativo do desenvolvimento de uma entrevista, e deve ser contro-
lada pelo entrevistador, a sua própria, e a que aparece no entrevistado.
O contato direto com seres humanos, coloca o técnico diante da sua própria vida, saúde ou doença,
conflitos e frustrações. Considerando que o entrevistador é um agente ativo na investigação, sua an-
siedade torna-se um dos fatores mais difíceis de lidar. Em sua tarefa, o psicólogo pode oscilar facil-
mente entre a ansiedade e o bloqueio, sem que isto o perturbe, desde que possa resolver na medida
em que surja.
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ENTREVISTA PSICOLÓGICA
Toda investigação implica a presença de ansiedade frente ao desconhecido, e o investigador deve ter
a capacidade para tolerá-la, assim, poderá manter o controle da situação.
Há casos em que o investigador, devido aos seus bloqueios e limitações, se vê oprimido pela ansie-
dade, e recorre a mecanismos de defesa para se sentir seguro, e assim, elimina a possibilidade de
uma investigação eficaz, uma vez que conduz a entrevista de maneira estereotipada.
Um outro problema frequente diz respeito a uma certa compulsão do entrevistador focalizar seu inte-
resse ou encontrar perturbações exatamente na esfera que ele nega os seus próprios conflitos.
A manipulação técnica, de toda ansiedade, deve ser realizada com referência a personalidade do en-
trevistado, e o nível de timing (sincronização e ajustamento) que se tenha estabelecido na relação.
Toda interpretação fora desse contexto implica em agressão ao paciente ou entrevistado. Cabe ao
psicólogo saber calar, na proporção inversa da sua vontade compulsiva de interferir.
Nessa ótica, Almeida & Wetzel (2001, p.271) dizem que a interpretação algumas vezes vem de um
desejo de intervenção com a finalidade de eliminar angústias (perda de continência), instados pela
situação e autorizados pelo setting (grifo dos autores).
Segundo Piaget (apud GIL, 1999), o bom entrevistador deve reunir duas qualidades: saber observar
(não desviar nada, não esgotar nada); saber buscar (algo de preciso, ter a cada instante uma hipó-
tese de trabalho, uma teoria, verdadeira ou falsa, para controlar) (grifo do autor). Douglas (apud FO-
DDY, 2002) corrobora com essa ideia quando afirma que entrevistar criativamente é ter determinação
atendendo ao contexto, em vez de negar, ou não conseguir compreender.
O que se passa numa situação de entrevista é determinado pelo processo de perguntas e respostas,
a entrevista criativa agarra o imediato, a situação concreta, tenta perceber de que modo esta afetação
vai sendo comunicada e, ao compreender esses efeitos, modifica a recepção do entrevistador, au-
mentando, assim, a descoberta das verdades3.
Transferência e Contratransferência
Transferência
Freud (1914-1969) entende que a transferência é (...) apenas um fragmento da repetição e que a re-
petição é uma transferência do passado esquecido (...) para todos os aspectos da situação atual
(p.166). A transferência é designada pela psicanálise como um processo através do qual os desejos
inconscientes se atualizam sobre determinados objetos, num certo tipo de relação estabelecida, emi-
nentemente, no quadro da relação analítica.
A transferência e a contratransferência são fenômenos que estão presentes em toda relação interpes-
soal, inclusive na entrevista. Na transferência o entrevistado atribui papéis ao entrevistador, e se com-
porta em função dos mesmos, transfere situações e modelos para a realidade presente e desconhe-
cida, e tende a configurar esta última como situação já conhecida, repetitiva.
No entender de Gori (2002), repetindo transferencial mente, evoca-se a lembrança e é somente por
meio da lembrança que temos acesso á história [...] por meio da transferência é forjado num lugar in-
termediário entre a vida real e um ensaio de vida, para que o drama humano possa ter um desfecho
(p.78).
A articulação do conceito de “momento sensível” (grifo da autora) passa pelo posicionamento do tera-
peuta. Esse instante preciso determina os mecanismos que instalam a transferência. Com efeito, é o
momento em que uma relação de trabalho se torna possível.
A abertura ao outro, a espera de ajuda vinda do exterior é forte e expõe o paciente tanto ao melhor
quanto ao pior dessa interação (GOLDER, 2000).
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ENTREVISTA PSICOLÓGICA
Nessa perspectiva, Gilliéron (1996) diz que todo paciente procura obter alguma coisa do terapeuta.
Ele não busca apenas a cura de um sintoma, mas também certa qualidade de relação (p.14). O entre-
vistado revela aspectos irracionais ou imaturos de sua personalidade, seu grau de dependência, sua
onipotência e seu pensamento mágico.
As transferências negativas e positivas podem coexistir num mesmo processo, embora, quase sem-
pre com predomínio relativo, estável ou alterado, de uma delas. Segundo Sang (2001), é a situação
analítica e não a sua pessoa o que levou a paciente a se apaixonar por ele, isto é, que o amor de
transferência é essencialmente impessoal. [...] o analista não deve nem reprimir nem satisfazer as
pretensões amorosas da paciente.
Deve sim, tratá-las como algo irreal (pp.319-20). No que é confirmado por Yalom (2006), quando diz
que os sentimentos que surgem na situação terapêutica geralmente pertencem mais ao papel que à
pessoa, é um equívoco tomar a adoração transferencial como um sinal de sua atratividade ou charme
pessoal irresistível (p.175).
Contratransferência
Na contratransferência, salienta Gilliéron (1996), as emoções vividas pelo analista são consideradas
reativas às do paciente, vinculando-se, portanto, ao passado deste último, e não dizendo respeito di-
retamente à pessoa do analista.
Manfredi (apud ZASLAVSKY & SANTOS, 2005, p.296), distingue cinco tendências de abordagens
desta questão:
1 - A contratransferência não é mais considerada como uma criação unicamente do paciente, por ig-
norar a transferência do analista;
4 - Devia-se, mais sábia e humildemente, fazer também a rota inversa: procurar no paciente, e não só
procurar no analista;
Para que o instrumento Entrevista Psicológica, de fato, se efetive como auxiliar no trabalho do psicó-
logo, não é o bastante a sua compreensão ou domínio teórico e técnico que fundamenta e norteia sua
prática, mas também de experiências que são adquiridas em rollyplays através de estágio, supervi-
são; laboratório ou oficinas de sensibilidade.
É preciso desenvolver a sensibilidade para entrevistar, aprender ser empático, saber lidar com a pró-
pria subjetividade e com a subjetividade do outro (entrevistando), facilitando assim que seu universo,
um tanto livre das “ameaças”, se descortine.
E agora, de posse de sua bagagem técnica tecer suas observações, ponderações e considerações,
de modo axiomático, considerado que a utópica da neutralidade sempre deverá ser perseguida. Os
princípios éticos serão avivados em cada encontro, e nenhum instrumento poderá adquirir uma aura
de prevalência sobre a pessoa do entrevistado, que é mais importante e assim deve ser respeitado. O
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ENTREVISTA PSICOLÓGICA
que não significa ser “meloso”, por demais solicito, muito menos autoritário. O entrevistador deve ha-
bilitar-se em se inscrever na virtualidade da distância e proximidades ótimas que o trabalho possa
fluir. Ser a pessoa na figura do profissional imbuído da intenção singular de realizar uma atividade
sem perder sua essência humana.
Nessa investida, é fundamental que o profissional se “conheça”, e que faça de rotineiras as reflexões
sobre suas atitudes, postura e comportamento, bem como de que tenha também flexibilidade em os
reformular, quando a necessidade aponte. Muito do trabalho do psicólogo certamente vem em conse-
quência do auto “mergulho” que lhe dará a base na qual se apoiam à sua atuação e intervenção com
toda transparência.
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TEORIAS DA PERSONALIDADE
Teorias da Personalidade
A personalidade ainda é um tema instigante para aqueles buscam sua compreensão. Isso porque não
há uma definição exata de como ela construída e quais os principais fatores que a influênciam. A
única base que temos são os princípios do ponto de vista de estudiosos — as teorias da
personalidade.
A palavra personalidade vem do latim persona, máscara teatral que artistas usavam para interpretar
diferentes papéis e identidades nos palcos. O que define a personalidade de um indivíduo é a sua
construção pessoal, baseada nas características de seu temperamento.
As características da personalidade
Organizada e consistente
Comportamental
Nós reagimos a pessoas e objetos em nosso ambiente de acordo com nossa personalidade. A
escolha de nosso parceiro, nossa carreira, enfim, cada aspecto de nossa vida é afetado pela nossa
personalidade.
Biológica e psicológica
Embora a personalidade seja psicológica, ela também é influênciada pelas necessidades biológicas
e, dependendo da situação, podemos ter comportamentos diferenciados.
Freud (1856/1939)
O famosíssimo “Pai da Psicanálise” possui teorias controversas, porém a teoria mais importante de
Freud é a subdivisão da personalidade em três sistemas: O id, o ego e o superego. O id é guiado pelo
instinto e busca a satisfação das necessidades; o superego é o conjunto de valores morais e sociais
que aprendemos, ou seja, o id é todo impulso, enquanto o superego é o que freia os impulsos e nos
acusa se fazemos algo que consideramos errado, o que chamamos de consciência. O ego é o
mediador entre o id e o superego. É o componente de nossa personalidade que toma as decisões.
Allport (1897/1967)
Adorno (1903/1969)
Adorno propôs que o preconceito é resultado do tipo de personalidade de um indivíduo. Ele elaborou
um questionário que denominou de Escala F (de Fascismo). Segundo Adorno, traços de
personalidade profundos predispõem alguns indivíduos a terem ideias totalitárias e altamente
antidemocráticas, sendo, portanto, altamente preconceituosos. As evidências que deram suporte a
sua tese são estudos de casos, testes psicométricos e entrevistas em clínicas com pessoas que
possuíam pais muito rígidos.
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TEORIAS DA PERSONALIDADE
De acordo com Adorno, pessoas com personalidades preconceituosas têm obsessão por status,
respeitam e são submissos a figuras autoritárias e se preocupam com poder e firmeza. Entretanto,
sua tese foi altamente contestada, pois nem sempre filhos de pais rígidos são preconceituosos e
algumas pessoas preconceituosas não toleram autoritarismo, além do que, não se sabe porque
determinadas pessoas têm preconceito com relação a certos grupos e não a outros.
Eysenck (1916/1997)
Através das respostas de questionários que entregou a 700 soldados com perturbações neuróticas,
ele chegou à conclusão de que o comportamento poderia ser representado por duas dimensões de
comportamento: introvertido-extrovertido e instável-estável. Ele denominou-as de traços de
personalidade.
Introvertido / Extrovertido
Os introvertidos são reservados, planejam as ações e controlam as emoções. Eles tendem a ser
sérios, confiáveis e pessimistas.
Já os extrovertidos são sociáveis, gostam de excitação e desafios. Tendem a ser livres, otimistas e
impulsivos.
Os neuróticos são ansiosos, preocupados e mudam constantemente de humor. São muito emotivos e
têm dificuldade para se acalmar.
Os estáveis são calmos e despreocupados. Não reagem com intensidade aos problemas.
Cattell (1905/1998)
Cattell discordou de Eysenck afirmando que não era possível compreendera a personalidade
observando apenas 3 dimensões de comportamento. Ele fez uma pesquisa de fontes diferentes,
utilizando dados de vidas de pessoas, questionários e testes objetivos e chegou à conclusão de que
haviam dezesseis traços de personalidade comuns a todas as pessoas. Segundo Cattell, todos temos
traços de temperamento e traços dinâmicos. Os traços dinâmicos são superficiais, são muito óbvios e
facilmente identificados por outras pessoas, ao passo que os traços de temperamento são mais
importantes, porém menos visíveis e ocultos em aspectos diferentes do comportamento.
Processos da personalidade
Outras teorias, pelo contrário, partem do princípio de que o ser humano busca sobretudo
sua autorrealização, ou seja, seu desenvolvimento pleno enquanto pessoa. Segundo tais teóricos, o
desenvolvimento de si-mesmo possui um valor tão importante para o ser humano, que ele estaria
disposto aceitar um aumento de tensão e estresse para atingi-lo. Outras teorias dão ainda maior
ênfase aos processos cognitivos, ao esforço do indivíduo de compreender a si mesmo e ao mundo
que o cerca. Para tais autores o maior esforço do ser humano não está tanto direcionado ao
hedonismo ou à autorrealização, mas à busca de consistência interna e compreensão do mundo. Isso
significa aqui, que o ser humano está empenhado a construir (cognitivamente) uma autoimagem e
uma imagem do mundo que os cerca consistentes, mesmo que à custa de dores e desprazeres. No
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TEORIAS DA PERSONALIDADE
correr do desenvolvimento da psicologia da personalidade a pesquisa deu ênfase maior ora a um tipo
de motivação ora a outro. No entanto a pesquisa recente parece apontar para um quadro mais
complexo, em que os diferentes tipos de motivação desempenham um papel de importância variada,
mas sempre em interação.
Galeno definiu quatro tipos de temperamentos primários: sanguíneo, no qual o humor corporal é
predominante do sangue; colérico, caracterizado por ser facilmente irritável; melancólico, mais
sensível e introvertido; e fleumático, mais calmo e conciliador.
Essas teorias incentivaram o surgimento de outros estudos que resultariam, séculos mais tarde,
nas teorias da personalidade — mais precisamente no século XX, quando efetivamente psicólogos e
psiquiatras, a fim de tratar transtornos mentais, mergulharam fundo nas pesquisas buscando
embasamento teórico sobre a personalidade.
Dentre as teorias da personalidade mais conhecidas hoje estão a de Sigmund Freud e Carl Gustav
Jung, que serão apresentadas neste conteúdo.
Para Freud, toda ação é movida por forças internas, que estão diretamente ligadas ao prazer, ou
seja, para ele o desenvolvimento da personalidade é regido pela libido.
id: seria o sistema original da personalidade, ligado às ações primárias e às pulsões inconscientes, ou
seja, as satisfações e prazeres corporais.
ego: lado racional, que obedece aos princípios da realidade, controlando os impulsos do id.
superego: lado da personalidade responsável pelos valores sociais e morais. É o superego que dá a
noção de certo e errado ao indivíduo.
Segundo Duane e Sydney Schultz, autores do livro Theories of Personality, a subdivisão do ponto de
vista de Freud explica os processos psicológicos trabalhando juntos, funcionando como um todo na
personalidade, onde o id desempenha o fator biológico, o ego o psicológico e superego o social.
Para Carl Gustav Jung, a personalidade — ou psique, como ele a chamava — é formada por
sistemas isolados que atuam de forma dinâmica uns sobre os outros.
O psiquiatra e psicoterapeuta era um estudioso assíduo, bebeu de várias fontes e por muito tempo foi
um dos discípulos de Freud. Embora viesse a usar suas referências sobre consciente e
subconsciente, Jung não concordava com a visão de Freud sobre os fatores de motivação da
personalidade.
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TEORIAS DA PERSONALIDADE
Na visão junguiana, existem quatros funções psicológicas básicas (sentir, pensar, perceber e intuir) e
dois tipos de caráter (introvertido e extrovertido). Cada indivíduo desperta em si uma função básica e
um tipo de caráter, originando assim a sua personalidade.
Reflexivo extrovertido
Reflexivo introvertido
Pessoas com essa personalidade são definidas pelo lado intelectual e um forte apego à filosofia.
Embora sejam muito interessantes, possuem dificuldade de relacionamento e são bastante teimosas.
Sentimental extrovertido
Sentimental introvertido
Geralmente são pessoas solitárias, possuem dificuldade de relacionamento, gostam de silêncio, são
melancólicas, pouco sociáveis e fazem o possível para não chamar a atenção, mas são sensíveis às
necessidades alheias.
Perceptivo extrovertido
Essa personalidade possui um lado místico, forte percepção e identificação com objetos. Indivíduos
perceptivos extrovertidos são muito bons com detalhes e costumam colocar o seu prazer como
prioridade.
Perceptivo introvertido
A maior característica dessa personalidade é a ênfase sensorial. É caracterizada por valorizar cores,
texturas e formas como uma maneira de exteriorizar suas emoções. Geralmente são indivíduos
relacionados à arte e à música.
Intuitivo extrovertido
Pessoas aventureiras fazem parte dessa personalidade. São ativas, inquietas, determinadas e
corajosas, mas em geral egoístas e não ligam muito para o bem-estar coletivo.
Intuitivo introvertido
Personalidade característica de indivíduos extremamente sensíveis, com alto senso intuitivo. É muito
comum pessoas assim estarem ligadas à religião. Os intuitivos introvertidos também são
idealizadores, muito criativos e sonham alto.
Tanto a teoria de Freud quanto a de Jung são questionáveis, incertas e limitadas, que se diferem por
fatores associados ao embasamento de cada um. Por um lado temos o determinismo da teoria
freudiana, por outro a ideia do exercício de livre arbítrio defendida pela teoria de Jung.
Contudo, ambos os estudos sobre teorias da personalidade são de extrema importância hoje ao
campo da psicologia e psiquiatria, ainda que não sejam efetivas em seu propósito. Freud e Jung
colaboraram significativamente com suas ideias para a evolução da psicanálise, e ainda orientam
novos pesquisadores.
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TEORIAS DA PERSONALIDADE
A definição de personalidade é para a grande maioria dos autores que remeteram à base do presente
trabalho o conjunto peculiar de aspectos que diferenciam a grande maioria das pessoas naturais, no
meio de uma gama de pessoas tanto de culturas iguais quanto de diferentes. Porquanto o conceito de
personalidade é o perfil apresentado por um determinado indivíduo, onde a sua conjuntura civil,
ideológica, moral, pessoal, seu modo de agir, seu comportamento no entorno da sociedade é
emitidos extrinsecamente. A personalidade de certo indivíduo é a reflexão de um complexo de fatores
desde o fisiológico ao psicológico, ela é a combinação da constituição temporal e fruto da construção
do caráter e temperamento individual, estes latentes em cada um de nós.
Vale ressaltar que cada pessoa possui uma espécie diferente de personalidade, pois seria impossível
haver pessoas com iguais pensamentos e personalidades. A personalidade é condicionada por duas
variáveis: às inatas e aquelas que adquirimos com o nosso desenvolvimento fisiológico e social. As
primeiras remetem a compreensão de fatores fisiológicos, químicos, físicos, não vem ao caso no
presente artigo, entretanto é importante frisar que a segunda variável compreende o fator caráter é a
consistência de princípios e valores adquiridos com o passar cronológica em cada indivíduo.
Os direitos da personalidade são dotados de caracteres especiais, à medida que são destinados à
proteção eficaz da pessoa humana em todos os seus atributos de forma a proteger e assegurar sua
dignidade como valor fundamental. Constituem, segundo Bittar, "direitos inatos (originários),
absolutos, extra-patrimoniais, intransmissíveis, imprescritíveis, impenhoráveis, vitalícios, necessários
e oponíveis erga omnes."
Muitas pessoas buscam uma explicação do que vem a ser personalidade e como ela surgiu.
Desde as civilizações mais remotas a humanidade se preocupava em tentar achar uma explicação
para a distinção de comportamentos e personalidades humanas, no entanto sempre se deparava com
um grande porquê, ou seja, inúmeras dúvidas. tal assunto ainda continua ocasionando duvidas,
algumas delas inexplicáveis do ponto de vista psicológico, enquanto outras são compreendidas até
no entorno do estudo biológico. Para melhor entender, localizar um significado a personalidade é tão
difícil quanto responder a estas três perguntas, a seguir: de onde eu vim, quem eu sou e para onde
eu irei? Por tal fato alguns autores, os quais ocorrerão o detalhamento suas contribuições pelo
intermédio de teorias explicativas sobre a origem da personalidade. Como o fez Freud, Adler, Jung,
Perls entre outros. Por isso há o surgimento de diversas teorias da personalidade, estas são
divergentes quanto à forma com que é explicada a dinâmica da personalidade, ou seja, o processo
motivacional e outros aspectos etiológicos.
Sigmund Freud
Biografia
Sigmund Freud (1856 – 1939) era judeu, estudou medicina em Viena. Estudou psiquiatria,
desenvolveu e aprimorou o estudo psicanalítico. Ele é considerado por muitos como o pai da
psicanálise. Freud sofreu bastante críticas, na medida em que seus trabalhos tornavam-se cada vez
mais acessíveis a população em geral, ele sabia que seus trabalhos eram predominantemente
empíricos, ou seja, consistiam em descrições por meio de processos observatórios e que um dia iriam
ser superados por pesquisas aperfeiçoadas em neurologia.
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TEORIAS DA PERSONALIDADE
Freud inicia seu pensamento com a ideia de que nada existe aço acaso, há uma causa para todo tipo
de pensamento, ideia similar à da ação e da reação, todo pensamento é fruto de uma ação anterior,
nenhum pensamento surge sem houver um processo motivacional. Tanto o consciente quanto o
inconsciente podem levar a elaboração e desenvolvimento de um determinado processo mental.
O determinismo psicológico era uma grande marca presente no pensamento de Freud, para ele todos
os pensamentos, emoções, ações, ideias tem uma causa, nada vem ao acaso e de modo
indeterminado. Os impulsos insatisfeitos e os provenientes do inconsciente causam a maioria dos
determinados eventos psicológicos. Daí a personalidade ser uma força resultante de diversos vetores
psicossociais sexuais.
Sigmund acreditava que havia durante os primeiros cinco anos de vida, o fato de o indivíduo ficar
sujeito a diferentes estágios de desenvolvimentos fisiológicos, os quais influem na dinâmica do
desenvolvimento da personalidade humana. A partir daí ele fundamentou uma ampla definição de
sexualidade e a existência de períodos de desenvolvimento psicossexual. Essas fases são
determinadas, pelo fato de os impulsos provenientes do Id, os quais se encontram em processo de
busca do prazer sexual, acabam por se concentrarem em determinadas áreas do corpo humano e em
continua atividade.
O primeiro ano de vida do homem, Freud o denominou de fase oral do desenvolvimento psicossocial.
Nela os bebês obtêm prazer no entorno de suas bocas, situação principalmente observável durante a
sensação de prazer deles durante os atos de amamentação e sucção, assim eles começam a colocar
tudo o que veem em suas bocas, a fim de obterem prazer. No segundo ano de vida, ocorre uma fase
denominada fase anal, nela acreditava-se que o prazer é verificado na região anal, principalmente no
instante em que as crianças retêm e/ou expelem fezes, no entanto nessa fase ocorre um conflito, em
que os agentes são os pais, estes buscam impor aos filhos ou tutelados uma educação sanitária
adequada.
Na próxima fase, denominada por Freud como fálica é a em que as crianças começam a acariciar
seus genitais, com o objetivo de sentirem prazer. Elas começam a observar as diferenças entre o
sexo masculino e o feminino, ao ponto de dirigir seus impulsos sexuais ao genitor de sexo oposto,
entretanto quando tal impulso extravasa seus limites, ocorre um problema conceituado por Freud
como complexo de Édipo. Nele ocorre um conflito de interesses entre a criança e o genitor se seu
mesmo sexo, ou até mesmo ao de sexo oposto. Posteriormente ocorre um período denominado de
latência, o qual vai dos 7 aos 12 anos, nele as crianças ficam cada vez mais preocupadas com o
meio externo e com os seus corpos. A partir da adolescência, no início do período denominado
puberdade vem à tona uma fase conhecida como genital, esta é a última fase, a da maturação
sexual.
Freud acreditava que qualquer problema em alguma dessas fases ocasionaria o surgimento de um
posterior problema de personalidade em alguma pessoa, durante sua fase adulta. Por tal motivo, as
ocorrências adequadas de fatos ao longo das fases do desenvolvimento sexual ser primordiais para
determinar uma boa relação na personalidade de um dado individuam. v.g. uma pessoa que tem o
desenvolvimento da fase oral prejudicada por algum fato, no futuro será uma pessoa que tem prazer
oral.
Carl Gustav Jung (1875-1961) morou, em sua vida toda, na Suíça. Estudou psiquiatria em zurique.
Foi o mais famoso estudioso que rompeu com Freud, inicialmente ele foi um dos seguidores mais
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TEORIAS DA PERSONALIDADE
dedicados do ultimo, porem com o passar dos tempos, Jung passou a discordar das ideias e algumas
teorias Freudianas, assim fundou sua própria escola de psicologia. Esta denominada de psicologia
analítica. Ele defendia que a introspecção ativa seria um meio para haver uma mudança psíquica no
indivíduo. Ele estava preocupado era com a parte imersa do grande iceberg, que compreendia a
mente humana, ou seja, o inconsciente.
Jung desenvolveu uma metapsicologia bastante aprimorada e elaborada. Ele acreditava que, além de
haver o inconsciente pessoal descrito por Freud, existe inclusive um inconsciente coletivo, ou melhor,
dizendo uma parte que compreende uma considerável parte da mente que é comum a todos os seres
humanos. Tal inconsciente consiste de imagens fundamentais e peculiares herdadas de nossos
antepassados. Jung examinou algumas pessoas que relataram em seus sonhos, coisas comuns a
maioria das pessoas como, por exemplo, sonho com imagens de abutres, estas aparecem em
escritos religiosos, mitologias mesmo desconhecidos pela pessoa que sonhou.
Como Isaac Newton já afirmara anteriormente, toda ação possui uma reação de igual intensidade,
tudo com o objetivo de haver um equilíbrio de forças. De maneira similar, Jung afirmava que para
qualquer atitude consciente, há uma compensação inconsciente sempre igual a primeira. Daí, Jung
ao buscar a interpretação de sonhos ocorridos no inconsciente, entendeu que estes serviam para
compensar alguma coisa ocorrida no consciente, tudo para manter o equilíbrio e a harmonia.
Em sua teoria da personalidade, assim como a de Freud a parte do aparelho psíquico chamado ego é
também um complexo, possui a mesma função que o ego freudiano, o qual tem como função
proporcionar o fator necessário para ocorrer a adaptação psicológica do indivíduo com a realidade.
Assim o mesmo poder interagir perfeitamente o seu microcosmo intrapsíquico com o mundo externo e
poder manter uma harmonia adequada com o id e o superego em seu complexo psíquico.
Algumas coisas em que as pessoas acreditam ser possessões, imagens que aparecem em sonhos,
personalidade separada como nos casos de personalidades múltiplas, alucinações; conforme Carl
Jung tais fatos consistem em manifestações provenientes da luta entre o Ego e alguns complexos
emocionais sobrecarregados. Estes da mesma maneira que algum liquido no interior de uma garrafa
agitada estar a pressionando para escapar do referido recipiente, assim estar tais complexos em
conflito com a parte racional. Por isso quando eles extravasam o recipiente mental, ocorrem algumas
anomalias psíquicas.
O referido autor estabeleceu alguns conceitos como anima e ânimos, o primeiro corresponde à
deposição das experiências femininas na herança psíquica de um homem; porquanto a segunda
corresponde ao inverso da anterior. Ambos possuem a capacidade de conectar o ego ao mundo
introspectivo e, assim ser o mesmo projetado sobre as relações sociais. Quando algum daqueles está
conectado a sombra, a mulher, por exemplo, pode ver os atributos interiores de homem como
indesejáveis a si e quando encontra esses atributos em si, sente-se culpada e com grande remoço.
Para Jung para que o nosso complexo psíquico se desenvolva é necessário haver o conflito entre o
consciente e o inconsciente, tudo com o objetivo de fazer com que nossa personalidade se
desenvolver completamente. Ocorrendo, assim um processo denominado individuação. "é o velho
jogo do martelo e da bigorna: entre os dois, o homem, como o ferro, é forjado num todo indestrutível,
num indivíduo. Isso, em termos toscos, é o que eu entendo por processo de individuação" (Jung). Tal
processo consiste na criação de um novo centro psíquico, o qual se chama self, este será o centro da
personalidade total, assim como o ego é o centro do consciente.
Alfred Adler.
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TEORIAS DA PERSONALIDADE
Alfred Adler (1870-1937), filho de um comerciante judeu de classe media nasceu no suburbio de
Viena e passou lá grande parte de sua vida. Ele passou por inúmeras dificuldades medicas em sua
vida. Um clínico geral, ele em 1902 tornou-se um dos quatro membros originais do círculo de Freud.
Adler divergia com as idéias de Freud em alguns pontos de vista sobre neurose e infantossexuais,
motivo que o levou a posteriormente romper seus vínculos com uma sociedade, o qual ele presidia.
Sua teoria da personalidade postulou um empenho por auto-estima e tentativa de superar um
sentimento de inferioridade.
Adler em sua teoria sobre a personalidade igualava saúde psicológica à consciência social
construtiva, dessa maneira ele desenvolveu um sistema de analise psicológica, o qual denominou de
psicologia individual, este ainda continua ainda sendo utilizado em clinicas localizadas em diversos
países. Sua principal contribuição para a sociedade mundial foi o estabelecimento de centros de
orientação psicológica na área infantil em Viena, os quais serviram como base para a criação de
outros centros orientadores em toda parte do mundo.
É fundamental, lembrar que Adler foi enormemente influênciado pelas idéias darwinistas em relação
ao processo evolutivo humano. Ele observava as pessoas como seres em plena união, apesar de
serem entidades biológicas distintas. Ela acreditava que havia um darwinismo social, o qual
enfatizava o fato de haver a sobrevivência das pessoas mais fortes e adequadas ao meio social,
dessa forma os indivíduos que não estiverem devidamente adaptados não sobreviveriam no interior
da sociedade. Em fim o mundo é dos mais fortes e adaptados, viver na sociedade é um privilegio dos
melhores.
“O objetivo da superioridade de cada indivíduo é pessoal e único. Depende do significado que ele dá
a vida. esse significado não é uma questão de palavras. É construído sobre seu estilo de vida e nela
se introduz (Adler, 1956, p. 167).” “sentimentos de inferioridade não são, em si, anormais. São a
causa de todo progresso na situação da espécie humana (Adler, 1956, p. 117).” A psicologia
individual baseia-se firmemente no terreno da evolução e sob este prisma encara toda luta humana
como uma luta pela perfeição Adler, 1964ª, pp. 36-37).”
O homem individualista para Adler era aquele que estar apto ao lema conhece-te a ti mesmo e
conheceras o universo e os deuses, no entanto este não deveria privar-se da coletividade
cooperativa, visto que esta é um aspecto muito importante do comportamento social. Somente a partir
da cooperação com outros e do perfeito funcionamento cognitivo, podemos superar nossos
sentimentos de inferioridade. As três maiores tarefas que um ser humano defronta-se são o trabalho,
amizade e o amor. Todas elas são inerentes a condição humana, não importa de qual pessoa análise
e observe. O ambiente social molda a sociedade em si.
É imprescindível, frisar que Adler considera o ambiente social possui considerável importância para o
desenvolvimento da personalidade de um indivíduo, dessa maneira ele diverge de Freud, o qual
acredita que há um determinismo no desenvolvimento da personalidade humana. Adler busca
compreender o comportamento humano por seus objetivos e finalidades, mais do que através de
suas causalidades. Ele acaba por interpretar que o meio social influência muito mais do que o meio
interior, no que condiz ao desenvolvimento ou organização do fator psíquico.
Fato é que Adler foi bastante influênciado pela teoria psicanalítica de Freud, especialmente quanto à
importância das relações maternas, ao desenvolvimento psicológico nos primeiros anos de vida entre
outros setores. Adler menciona em sua teoria da personalidade que há um princípio dinâmico, este
direciona cada um de nós ao futuro sempre direcionando a uma meta especifica. Uma vê, que a meta
passa a tornar-se foco geral nosso aparelho psíquico modifica-se rumo à concretização dele, v.g.
quando uma pessoa deseja escrever um livro, a sua mente molda-se e a direciona para essa pessoa
realizar tal tarefa. Outro fato é que o mundo real deve agir sobre o mundo das idéias, de modo que as
fantasias tornem-se meros objetos acessórios e não principais.
Para Adler o sentimento de inferioridade deve ser superado pelo de domínio, assim um homem que
domina suas fraquezas torna-se cada vez mais forte, ele aprende com seus erros, a fraqueza nada é
mais do que um resultado da comparação entre uma pessoa e o homem médio. O ser perfeito é
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TEORIAS DA PERSONALIDADE
aquele que busca a sua superação, não acreditando que estar inferior aos demais, sendo assim ele
adota o sentimento motivador como a chave de sua vida, dessa maneira ele sobrevive e prospera
num mundo onde há uma seleção natural dos seres existentes. Valem lembrar que muitos obstáculos
irão bater de frente contra os homens, no entanto o forte derruba todos eles.
“Em quase todas as pessoas ilustres encontramos alguma imperfeição orgânica, e ficamos com a
impressão de que elas foram dolorosamente testadas no início da vida, mas lutarm e superaram suas
dificuldades (Adler, 1931, p. 248).”
Outro fator primordial para o desenvolvimento da personalidade observado por Adler é o fato de as
crianças que são primogênitas quando deixam de possuir tal característica em virtude de ter nascido
outra criança mais nova, tornam-se conservadoras, deixam de lado a pastilha, ficam inseguros.
Willian James.
Willian James nasceu numa família rica da nova Inglaterra em 1842, estudou inicialmente pintura,
porem interessou-se por ciência. Ingressou em Havord, posteriormente ficou depressivo, contudo em
1870, Willian James conseguiu se recuperar de tal mal. A partir de sua recuperação, ele assumiu um
cargo de professor em Harvard, em seguida em Stanford. Ele foi o terceiro presidente da associação
Norte-Americana de psicologia (1894-1895). Ele definia a psicologia como uma explanação sobre
estados de consciência como tais; tal definição está estimulando nos dias atuais, muitos estudantes e
pesquisadores. James não se limitou, em seus estudos, apenas a um ramo da psicologia, mas sim
procurou escrever, estudar e compreender sobre todos.
A personalidade, para James, surge através da interação entre o instinto e hábitos da consciência e
os aspectos pessoais volitivos. O pensamento é parte de uma consciência pessoal, porém não existe
independentemente da pessoa, o seu processo existe da mesma forma em que pode ser
experimentado ou percebido tanto do ambiente interno quanto do externo. O pensamento nunca pode
ser igual, o que pensamos uma vez nunca mais pode ser pensado outra vez e o que pensamos ser
um pensamento repetido é na realidade uma simples modificação de um outro pensamento anterior,
assim afirmava James. Dentro de cada uma das diversas consciências há pensamentos contínuos, a
consciência já parte articulada e não desarticulada.
Entender que a consciência faz gerar algumas distinções, daí acreditamos que a nossa percepção
como seres próprios, distintos uns dos outros, tal fato possa ser apenas um simples artifício
empregado como uma porta em nossa consciência interna. A maioria do mundo acredita que o
transcendental determina nossa consciência, porquanto tal afirmação remete a idéia de no fundo da
consciência o homem ser uma peça condicionada e não livre. Por tal motivo James rejeita a idéia de
um deus condicionador, a verdadeira verdade, acreditando a evolução pessoal é o fator que importa
realmente ao desenvolvimento humano e ao crescimento psicológico liberto de idéias aprisionadoras.
Alguns fatos como os sentimentos, o homem deve evitar ou abraça-los de vez.
Carl Rogers.
Carl Rogers (1902 – 1987) nasceu em Oak Park, Illinois, numa família, cuja pratica religiosa era
altamente fundamentalista, daí sua infância e educação terem sidas limitadas pela ideologia de seus
pais. Viveu sua infância em meio ao isolamento social. Ele tornou-se um pastor e começou a se
interessar pelo estudo no ramo da psicologia, iniciando com analises empíricas sociais,
desenvolvendo posteriormente suas teorias sobre a personalidade. Rogers buscou um novo plano de
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TEORIAS DA PERSONALIDADE
ação da psicologia, de modo que esta deveria se desenvolver através da interação entre pacientes no
interior de grupos reabilitadores.
A teoria de Carl Rogers foi desenvolvida a partir do delineamento de suas experiências clinicas, e a
partir da assimilação de diversas fontes e sistemas intelectuais. Ele lançou como uma de suas
premissas fundamentais, a de que as pessoas utilizam suas experiências pessoais para se definirem
por completo. Rogers busca a definição de diversos conceitos relativos ao estudo psicológico, a partir
dos quais buscam a elaboração de teorias da personalidade e modelos terapêuticos, formas de
mudanças na personalidade. A sua corrente ideológica ficou conhecida como humanista, visto que
ele observa e delineia o homem de uma maneira otimista em suas qualidades pessoais e reis, ao
ponto de propor que o homem é um ser mutável para melhor.
Ele acreditava que o homem, da mesma forma que outros sistemas complexos vivos apresentam
tendências à adaptação, evolução e atualização em seus fundamentos fisiológicos e psicológicos. Em
fim, com o transcorrer cronológico, os homens absorvem cada vez mais experiências, vivenciam
novos fatos, aprendem novas coisas, ficam cada vez mais fortes e se adaptam melhor ao ambiente
externo e interno, dessa forma adquire cada vez mais capacidade de possuir autoconfiança,
liberdade, criatividade e responsabilidade em suas ações.
O self ideal é o conjunto de características que o indivíduo aprecia em sua conjuntura psicossocial, de
modo que não embasa a noção de igualdade com a pessoa media, ele simplesmente idealiza a si
como algo maior e impenetrável de problemas, ou seja, seu self é seu deus pessoal. A auto-imagem
ideal de um indivíduo o leva em muitos casos ao desenvolvimento de um narcisismo pessoal, ao
ponto de fazer com que o indivíduo auto valorizas-se infinitamente.
“Isto é o que, em nossa opinião, constitui o estado de alienação de si. O indivíduo faltou com a
sinceridade consigo mesmo, para com a significação “organismica” de sua experiência, a fim de
conservar a consciência positiva do outro, falsificou certas experiências vividas e representou para si
mesmo estas experiências com os mesmos índices de valor que tinham para o outro. Tudo isto se
produziu involuntariamente, como um processo natural e trágico alimentado durante a infância”
(Rogers, 1959, p. 202 na ed. Brás.).
Como exemplificado anteriormente um indivíduo que imita e assimila experiências e valores criados e
interiorizados por outro indivíduo, está realmente alienado, ele foge a sua realidade social buscando
um self não existente e não desenvolvido em seu interior, ele apenas utiliza de sua capacidade
imitativa para projetar tais realizações virtuais e as tornam reais em seu interior.
Frederik Perls.
Frederik Salomon Perls (1893 – 1970), era de origem judaica, estudou medicina em Berlim. Foi
psicanalista, ele sofreu grande influência de uma corrente de pensamento denominada gestaltista, daí
posteriormente ele desenvolver uma terapia com base nos fundamentos de tal corrente ideológica, no
entanto suas concepções não são valorizadas de imediato. Somente a partir da década de 60 é que
seus trabalhos são aceitos, e assim influênciaram as terapias surgidas posteriormente nos EUA.
Perls conceituou que ocorre um inatismo no que diz respeito ao desenvolvimento biológico e
psicológico de um determinado indivíduo, melhor explicando, o indivíduo torna-se o que ele é de
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TEORIAS DA PERSONALIDADE
acordo com sua predisposição interior a ser o que ele é no momento. Fato semelhante ao
determinismo pregado por Lombroso, o qual dizia que um criminoso já nasceu criminoso, e não se
tornara um criminoso. Frederik Perls critica fortemente a teoria da psicanálise em relação a esta
afirmar que a conjuntura ideológica da agressão e do sadismo está localizada na fase oral, pois ele
acreditava que tal conjuntura estava localizada na fase anal do desenvolvimento infantil.
A gestalt-terapia foi descrita por Perls como uma terapia existencial, ou seja, uma simples proposta
de caráter clinico baseada em uma filosofia velada em silogismos, a mesma era utilizada mediante a
princípios existencialistas. Ele insistia que algum indivíduo, somente pode ser compreendido através
da descrição realizada de maneira direta pela sua própria pessoa, ou seja, um homem só pode ser
compreendido se for interpretado por si mesmo. Tal teoria ofereceu uma visão ampla a respeito de
diversos campos sociais, de modo que busca uma compreensão cada vez mais adequada das
inúmeras relações entre o homem, o planeta, os objetos e a natureza como se tudo fosse parte de
um único jogo.
“O organismo age e reage a seu meio com maior ou menos intensidade; à medida que diminui a
intensidade, o comportamento físico se transforma em comportamento mental. Quando a intensidade
aumenta, o comportamento mental torna-se comportamento físico” (Perls, 1973, p. 28 na Ed. Brás.).
Nota-se que Perls acreditava que não havia no homem uma separação nítida entre suas sensações,
seus pensamentos e as suas ações, tudo era parte de um todo interdependente e integrado formando
um único complexo de ações múltiplas. A personalidade é um puro reflexo de todo esse complexo de
ações, ela é uma rede resultante da ligação de todas essas ações desempenhadas pelos complexos
interligados.
Portanto cada uma das teorias da personalidade apresentadas no decorrer do presente trabalho
apresenta um valor de relevância especificadamente único, visto que cada uma delas buscou
abordagens e definições teóricas na maioria das vezes distintas, conflitantes em algum ou vários
pontos. Tais teorias são resultados de ramificações ideológicas surgidas no decurso da árvore dos
estudos psicológicos e psicanalíticos, em tal ponto que fica evidente seus semelhantes pontos de
origem entre duas ou mais teorias, mesmo sendo todas distintas e conflitantes. Entretanto tais
conflitos são fundamentais para haver os desenvolvimentos de trabalhos cada vez melhores.
O presente trabalho buscou contribuir com o crescimento e com a divulgação da psicologia forense,
visto que ela é raramente explorada no âmbito jurídico, devido a estar colocada em uma posição
secundaria na lista das ciências do direito, sabe-se que a mesma é a chave para a compreensão
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TEORIAS DA PERSONALIDADE
humana. O indivíduo que consegue compreender a psicologia humana acaba por dominar as ações
humanas e os frutos provenientes delas, os quais remetem a pratica no mundo jurídico.
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PSICOPATOLOGIAS
Psicopatologias
Psicopatologia é uma área do conhecimento que objetiva estudar os estados psíquicos relacionados ao
sofrimento mental. É a área de estudos que está na base da psiquiatria, cujo enfoque é clínico. É um
campo do saber, um conjunto de discursos com variados objetos, métodos, questões: por um lado,
encontram-se em suas bases as disciplinas biológicas e as neurociências, e por outro se constitui com
inúmeros saberes oriundos da psicanálise, psicologia, antropologia, sociologia, filosofia, linguística e
história.
A psicopatologia enquanto estudo dos transtornos mentais é referida como psicopatologia geral. É uma
visão descritiva dos comportamentos que se desviam do que é o meio-termo, a média, isto é, do que é
esperado pela racionalidade.
O estudo das patologias mentais, pode estar vinculado a uma teoria psicológica específica, por exem-
plo psicologia humanista, uma área da psicologia (psicologia do desenvolvimento mental) ou mesmo a
outras áreas do conhecimento (neurologia, genética, evolução). Pode-se dizer que a psicopatologia
pode ser compreendida por vários vieses, e estes, combinados, dão determinada leitura acerca do
sofrimento mental.
Essa diversidade de compreensões, ao mesmo tempo em que mostra a complexidade da área, pode
causar certa confusão; assim, é fundamental que o interessado no estudo da psicopatologia esteja
ciente de que existem várias teorias e abordagens na compreensão dos transtornos mentais e de com-
portamento.
A psicopatologia enquanto estudo e pesquisa do que é constitutivo do sujeito, do que é universal e não
desviante, é enfocado pela psicopatologia fundamental. A psicanálise se aproxima desse enfoque ao
propor a hipótese do inconsciente enquanto processo psíquico constitutivo que permite explicar a for-
mação de sintomas, sonhos, atos falhos.
A psicopatologia como o ramo da ciência que trata da natureza essencial da doença mental — suas
causas, as mudanças estruturais e funcionais associadas a ela e suas formas de manifestação.
Entretanto, nem todo estudo psicopatológico segue a rigor os ditames de uma ciência sensu strictu. A
psicopatologia em acepção mais ampla, pode ser definida como o conjunto de conhecimento referentes
ao adoecimento mental do ser humano.
É um conhecimento que se visa ser sistemático, elucidativo e desmistificante. Como conhecimento que
visa ser científico, não inclui critérios de valor, nem aceita dogma ou verdades a priori. O psicopatólogo
não julga moralmente o seu objeto, busca apenas observar, identificar e compreender os diversos ele-
mentos da doença mental. Além disso, rejeita qualquer tipo de dogma, seja ele religioso, filosófico,
psicológico ou biológico; o conhecimento que busca está permanentemente sujeito a revisões, críticas
e reformulações.
Uma das primeiras, e talvez uma das mais importantes, discussões sobre psicopatologia diz respeito à
questão da normalidade.
Existem várias definições sobre o que é "normal". Estatisticamente, normal refere-se a uma proprieda-
de de uma distribuição que aponta uma tendência, o que seria "mais comum" de encontrar em determi-
nada amostra, o mais provável (cf. distribuição normal). Assim, o normal é o que seria o mais provável
de encontrarmos numa população, o comum, o esperado.
Portanto, deste ponto de vista, os comportamentos que são considerados típicos, ou seja, que são os
"esperados" de se encontrar ou de acordo com os padrões sociais aceitáveis para o agir, podem ser
considerados comportamentos "normais". Nessa definição, os parâmetros da cultura (morais) são a
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PSICOPATOLOGIAS
referência para aquilo que é o esperado em termos de comportamento, e o que estiver fora deste pa-
drão, já pode ser pensado como indício de patologia.
A norma ou referência da saúde mental seria um "comportamento médio" da população, e a partir des-
te os comportamentos individuais poderiam ser avaliados.
A saúde mental, por sua vez, seria então uma condição ideal ou desejada para que essa normalidade
possa vir a existir, com qualidade e capaz de oferecer as melhores condições para que as pessoas
vivam satisfatoriamente, produzam com eficiência e possam gozar de certo grau de felicidade para com
as pessoas próximas a si.
Segundo a OMS, a saúde mental refere-se a um amplo espectro de atividades direta ou indiretamente
relacionadas com o componente de bem-estar, que inclui a definição de um estado de completo bem-
estar físico, mental e social, e não somente a ausência de doença. Este conceito engloba não apenas o
comportamento manifesto, mas o sentimento de bem-estar e a capacidade de ser produtivo e bem
adaptado à sociedade.
Os critérios variam muito de grupo de transtornos (p. ex., transtornos de humor e transtornos de ansie-
dade possuem diferentes critérios gerais) e dos transtornos entre si (p. ex., transtorno depressivo maior
e distimia), exigindo muitas vezes a elaboração de um diagnóstico diferencial.
Estes padrões estão associados com sofrimento, incapacitação ou com risco de sofrimento, morte, dor,
deficiência ou perda importante da liberdade. Essa síndrome ou transtorno não deve constituir uma
resposta previsível e culturalmente aceita diante de um fato, como o luto. Além disso, deve ser conside-
rada no momento como uma manifestação de uma disfunção comportamental, psicológica ou biológica
no indivíduo.
O DSM-IV-TR assinala que nem comportamentos considerados fora da norma social predominante (p.
ex., político, religioso ou sexual), nem conflitos entre o indivíduo e a sociedade são transtornos men-
tais, a menos que sejam sintomas de uma disfunção no indivíduo como descrito antes.
São vários os fatores que podem caracterizar um transtorno. De forma geral, considera-se que a pre-
sença de uma psicopatologia ocorra quando houver uma variação quantitativa em determinados tipos
específicos de afetos, comportamentos e pensamentos, afetando um ou mais aspectos do estado men-
tal da pessoa.
Neste sentido, a psicopatologia não é um estado qualitativamente diferente da vida normal, mas sim a
presença de alterações quantitativas. Por exemplo, considera-se que a tristeza seja normal e esperada
na vida de qualquer pessoa, e é mesmo necessária em determinados momentos da vida (p. ex., em
situação de luto).
Entretanto, num quadro depressivo estabelecido, a tristeza é mais intensa e mais duradoura do que
seria esperado numa situação normal e transitória. Assim, uma situação normal e esperada torna-se
patológica não por ser uma experiência ou vivência qualitativamente diferente, mas por ser mais ou
menos intensa do que se espera em situações normais.
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PSICOPATOLOGIAS
Os transtornos mentais são usualmente compreendidos a partir destas teorias psicológicas, e pode
ocorrer que dependendo da teoria à qual se está tomando como referência, a linguagem e os conceitos
sejam diferentes. Para minimizar esta situação, usualmente utiliza-se uma nomenclatura psiquiátrica
mais descritiva como "fiel" ou referência para a compreensão dos transtornos mentais.
Psicologia Cognitiva
A cognição é considerada como um conjunto amplo de funções mentais, tais como pensamento, lin-
guagem, memória, sensopercepção, orientação, atenção e outras. No sentido amplo, o estudo da cog-
nição incluiria o estudo dos afetos e humores, visto que também alteram e são afetados de forma signi-
ficativa pelos processos de pensamento.
De forma genérica, a psicologia cognitiva estuda a relação que os processos cognitivos possuem com
os afetos e comportamentos, e como estes realimentam os processos cognitivos.
É amplamente confirmado que a forma como se processam as informações vindas do ambiente direci-
onam a análise da realidade e a autoimagem, da mesma forma que padrões já estabelecidos de pen-
samento "filtram" os dados da realidade que mais encaixam com nossa visão de mundo.
Por exemplo, uma pessoa com sintomas depressivos tende a pensar a realidade de forma mais pessi-
mista e limitada, o que está de acordo com seu estado de humor que "modula" como ela percebe da
realidade. Assim, os sentimentos negativistas filtram as situações que estão relacionadas com eles
(tendem a focar mais nos problemas que nas soluções, por exemplo).
Da mesma forma, padrões aprendidos de pensamento podem favorecer que alguém foque em deter-
minados aspectos da realidade em sintonia com eles; uma pessoa que teve uma infância onde foi alvo
de muitas críticas por seus pais tende a perceber o ambiente de forma mais agressiva, e espera ser
criticada por outros. Assim corre mais risco de desenvolver uma psicopatologia.
Comportamentalismo (Behaviorismo)
O behaviorismo postula que o comportamento é aprendido. Desta forma, coloca grande ênfase no am-
biente como fator de organização e configuração daquilo que fazemos. O grande elemento que define
o que fazemos são as consequências; se temos tal ou qual comportamento, o fazemos em virtude de
buscar, de forma mais ou menos clara, determinado resultado.
Quanto menos compreendermos os efeitos de nossos comportamentos, assim como os elementos que
o desencadeiam (contingências), podemos dizer que somos menos livres e menos autodeterminados.
A psicopatologia pode ser compreendida como um conjunto de aprendizagens que levaram a compor-
tamentos que são pouco adaptados ao contexto atual, causando respostas emocionais de sofrimento.
Portanto, a terapia pode buscar a modificação destes aprendizados, visando um comportamento mais
bem adaptado.
Uma ampla gama de psicólogos clínicos e pesquisadores efetuam uma fusão entre os conhecimentos
da psicologia cognitiva e do behaviorismo. Embora do ponto de vista conceitual e da pesquisa esse
movimento receba várias críticas (de ambos os lados, mas talvez mais do lado behaviorista), do ponto
de vista prático os psicólogos clínicos entendem que é uma integração eficiente, pois combina teoriza-
ções e técnicas de modificação de comportamento com estratégias de revisão e alteração de esque-
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PSICOPATOLOGIAS
Psicanálise
A psicanálise foi uma das primeiras teorias com aspecto científico que objetivou compreender o fenô-
meno da psicopatologia. Fundada por Sigmund Freud, postulava que o comportamento era em grande
medida determinado pelos aspectos inconscientes da personalidade. Desta forma, o homem possui
menos controle sobre os seus atos do que gosta de acreditar que tem, e esse pode ser um fator relaci-
onado com o surgimento e a manutenção dos transtornos mentais.
Não existe uma forma única de compreender a psicopatologia pela visão psicanalítica. O tema é com-
plexo por, pelo menos, duas razões: à medida em que Freud foi avançando em sua elaboração sobre o
funcionamento psíquico, foi incorporando e integrando conceitos.
Um segundo fator é que por psicanálise entende-se uma gama ampla de formulações teóricas sobre o
inconsciente; neste sentido, há autores que são entendidos como psicanalíticos (como Anna
Freud, Melanie Klein e Jacques Lacan) e outros, dissidentes, que aproveitaram alguns aspectos da
psicanálise freudiana e organizaram suas formulações (como Wilhelm Reich, Alfred Adler e Carl Gus-
tav Jung).
Fenomenologia
Karl Jaspers afirmava que o objetivo da fenomenologia é "sentir, apreender e refletir sobre o que real-
mente acontece na alma do homem". No entanto, a psicopatologia é a própria razão de existir da psi-
quiatria, sua disciplina fundamental, básica, nuclear. Para Jaspers, a psicopatologia tem por objetivo
estudar descritivamente os fenômenos psíquicos anormais, exatamente como se apresentam à experi-
ência imediata, buscando aquilo que constitui a experiência vivida pelo enfermo.
Autores como Karl Jaspers e Eugène Minkowski buscam uma ponte possível entre a psicopatologia
descritiva e a fenomenológica. Diferentemente de outras especialidades médicas, em que os sinais e
sintomas são ícones ou índices, a psiquiatria trabalha também com símbolos. Posto isso, o pensamen-
to, a sensibilidade e a intuição ainda são, e sempre serão, o instrumento propedêutico principal do psi-
quiatra, pois que, sem a homogeneidade conceitual do que seja cada fato psíquico não há, e não have-
rá, homogeneidade na abordagem clínico-terapêutica do mesmo.
Essa seria uma tarefa do terapeuta: mergulhar nos fenômenos que transitam entre duas consciências,
a nossa, a do psiquiatra/pessoa e a do outro, a do paciente/pessoa. Deixar que os fenômenos se frag-
mentem, que suas partes confluam ou se esparjam, num movimento próprio e intrínseco a eles. Cabe
ao profissional efetuar uma leitura da configuração final desse jogo estrutural, sem maiores pressupos-
tos ou intencionalidade, e com procedimentos posteriores de verificação.
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PSICOPATOLOGIAS
considera a relação com a consciência como perda de contato com a realidade na concepção psicana-
lítica desta), etc. A categoria de classificação possui fins estatísticos ou seja de tabulação de prontuá-
rios em serviços de saúde, atestados, declarações de óbito. Entre as mais conhecidas estão
a CID (Classificação Internacional das Doenças e de Problemas relacionados à Saúde que está na 10.ª
revisão e se inciou em 1893) e o DSM (referente ao Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais, uma publicação da American Psychiatric Association, Washington D.C., sendo a sua 4.ª edi-
ção conhecida pela designação “DSM-IV-TR”[7]).
A CID-10[12] é a classificação usada no Brasil nos serviços de saúde para referenciar todos os quadros
de enfermidades e doenças, inclusive os transtornos mentais. O DSM-IV-TR é também bastante utili-
zado para fins de diagnóstico, pois permite uma avaliação multiaxial do paciente.
A importância dos sistemas de classificação reside no fato de que propõe categorias diagnósticas, vi-
sando diferenciar os diversos quadros relacionados aos transtornos mentais, pela separação em gran-
des grupos de patologias.
A CID-10 e o DSM-IV-TR são sistemas diferentes, propostos respectivamente pela Organização Mun-
dial da Saúde e pela American Psychiatric Association (APA), e possuem diferentes formas de classifi-
cação.
Tanto a CID-10 quanto o DSM-IV-TR são sistemas de classificação a-teóricos, ou seja, não estão vin-
culados direta ou exclusivamente a uma teoria psicológica (p. ex., psicanálise, cognitivismo, humanis-
mo) na explicação da gênese, manutenção e tratamento dos sintomas. Esta visão a-teórica permite
que os sistemas sejam utilizados, virtualmente, por todos os profissionais da saúde.
CID-10
A CID-10 apresenta um caráter descritivo por diagnóstico, com os principais aspectos clínicos e outros
associados, mesmo que menos importantes. Fornece diretrizes diagnósticas que são as orientações
que visam auxiliar o profissional a avaliar o conjunto de sinais e de sintomas apresentados pelo pacien-
te.
Pode-se conferir aqui a lista completa do capítulo da CID-10 referente aos transtornos mentais e de
comportamento.
De forma resumida, o capítulo V da CID-10 que corresponde aos Transtornos Mentais e Comportamen-
tais inclui as seguintes categorias de classificação:
DSM-IV-TR
O DSM-IV-TR é um sistema diagnóstico definido como multiaxial. Isso significa que ele avalia vários
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PSICOPATOLOGIAS
fatores, ou "eixos" (axis) do comportamento, buscando uma compreensão que vai além do simples
diagnóstico do transtorno mental atual.
Eixo Condições Médicas Gerais Relata possíveis condições médicas associadas e/ou con-
III comitantes aos transtornos mentais avaliados que podem,
ou não, aumentar os sintomas do paciente.
6. Transtornos do humor
7. Transtornos de ansiedade
8. Transtornos somatoformes
9. Transtornos factícios
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PSICOPATOLOGIAS
A psicopatologia está ligada a diversas vertentes, porém é foco de muitos estudos nas disciplinas
de psicologia, psiquiatria e corpo teórico psicanalítico. Na Psicologia faz parte da Psicologia Clíni-
ca, Psicologia Geral e Psicologia ligada às neurociências entre outros. Ou seja, pode ser caracterizada
como o estudo descritivos dos fenômenos psíquicos “anormais’, estudando gestos, comportamentos,
expressões e relatos autodescritivos do enfermo. A palavra Psicopatologia é composta por três pala-
vras gregas:
Essa junção de palavras resulta então na significação de que o paciente, passivo, acometido pela pai-
xão (paixão aqui significando dependência do outro) adoece de uma causa que ele mesmo desconhe-
ce e que faz com que reaja na maioria das vezes de forma imprevista. Psicopatologia então pode ser
definida como a disciplina que estuda o sofrimento da mente, ou seja, o estudo a respeito de doenças
psíquicas.
Essa área do conhecimento, busca estudar os estados psíquicos relacionados ao sofrimento mental do
individuo. É um estudo que pode ser compreendido por vários vieses, com diferentes objetivos, méto-
dos e questões, pois além de ter como base disciplinas como a biologia e a neurociências, ainda cons-
titui-se de outras áreas de conhecimento como psicologia, antropologia, sociologia, filosofia, linguística
e história. Portanto, o sofrimento mental é compreendido pela combinação desses saberes.
O termo psicopatologia marcou o rompimento com a psiquiatria e foi primeiro utilizado por Emming
Naus em 1878 como sinônimo do termo psiquiatria clinica e adquiriu seu significado atual em 1913 por
meio de Karl Jaspers pela sua obra Psicopatologia Geral Psychopatologie) na qual tenta desenvolver
uma teoria geral das doenças psíquicas. Atualmente o termo psicopatologia é associada a diversas
disciplinas que se interessam pelo sofrimento psíquico.
A utilização desse termo em diferentes visões trouxe problemas tanto entre o dialogo intercientifico
como no confronto de suas abordagens, reduzindo o fenômeno psíquico a uma única forma discursiva.
Ou seja, muitas vezes na área da saúde mental o confronto das diferentes visões clinico-teoricas das
patologias podem trazer tanto na clinica privada, quanto em instituições e hospitais resultados negati-
vos ou até mesmo catastróficos.
Por meio dessa necessidade de integração das ciências no estudo das patologias mentais, muitas ou-
tras disciplinas se mostraram de fundamental importância tanto no estudo quanto tratamento dessas.
Um exemplo é a psicofarmacologia que reforça a visão da origem biológica desses transtornos.
Alguns estudiosos ainda acreditam que, em um futuro não muito distante, os transtornos psíquicos
serão tratados sem a ajuda da psicopatologia em suas diferentes vertentes, ou seja, sem conhecimento
dos aspectos subjetivos do sujeito, seus conflitos interiores e experiências psíquicas, mas sim será
suficiente compreender o funcionamento das moléculas químicas do individuo.
Psicopatologia é um termo que se refere tanto ao estudo dos estados mentais patológicos, quanto à
manifestação de comportamentos e experiências que podem indicar um estado mental ou psicológico
anormal. O termo é de origem grega; psykhé significa alma e patologia, estudo das doenças, seus sin-
tomas. Literalmente, seria uma patologia da alma.
A psicopatologia enquanto estudo das anormalidades da vida mental é às vezes referida como psico-
patologia geral, psicologia anormal, psicologia da anormalidade e psicologia do patológico. É uma visão
das patologias mentais fundamentada na fenomenologia (no sentido de psicologia das manifestações
da consciência), em oposição a uma abordagem estritamente médica de tais patologias, buscando não
reduzir o sujeito a conceitos patológicos, enquadrando-o em padrões baseados em pressupostos e
preconceitos. Karl Jaspers, o responsável por tornar a psicopatologia uma ciência autônoma e inde-
pendente da psiquiatria, afirmava que o objetivo desta é "sentir, apreender e refletir sobre o que real-
mente acontece na alma do homem".
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PSICOPATOLOGIAS
Para Jaspers, a psicopatologia tem por objetivo estudar descritivamente os fenômenos psíquicos
anormais, exatamente como se apresentam à experiência imediata, buscando aquilo que constitui a
experiência vivida pelo enfermo.
Posto isso, o pensamento, a sensibilidade e a intuição ainda são, e sempre serão, o instrumento pro-
pedêutico principal do psiquiatra, pois que, sem a homogeneidade conceitual do que seja cada fato
psíquico não há, e não haverá, homogeneidade na abordagem clínico-terapêutica do mesmo.
Essa é a nossa tarefa: mergulhar nos fenômenos que transitam entre duas consciências, a nossa, a do
psiquiatra/pessoa e a do outro, a do paciente/pessoa. Deixar que os fenômenos se fragmentem, que
suas partes confluam ou se esparjam, num movimento próprio e intrínseco a eles. Cabe-nos a leitura
da configuração final desse jogo estrutural, sem maiores pressupostos ou intencionalidade, e com pro-
cedimentos posteriores de verificação. Essa é a tarefa da Fenomenologia.
O conceito de perversão carrega consigo marcas do sentido pejorativo do termo principalmente por ter
sido empregado como sinônimo de desvio sexual e moral pela psiquiatria já no século XIX. A noção de
perversão sempre esteve associada, principalmente no que propaga o senso comum, com a própria
ideia de um ser desumano, dotado de natureza antissocial - um sociopata ou psicopata - bem como de
condutas e hábitos sexuais bizarros. Assim, antes mesmo de estar vinculada a uma questão clínica, ela
esteve muito mais associada com a criminologia e com a degeneração moral do indivíduo.
A psicanálise se dispôs a trazer outras significações para o conceito de perversão, propondo um novo
olhar sobre esse assunto. Apesar disso, ainda hoje se vê muito do discurso psiquiátrico clássico con-
taminando as elaborações psicanalíticas sobre a perversão em várias esferas. Não obstante, a teoriza-
ção sobre as perversões ganhou novos aportes a partir das escolas pós-freudianas, convergindo para
alguns modelos em psicopatologia psicanalítica. Além disso, o interesse pelas perversões foi renovado
a partir de discussões sobre as relações narcísicas e a perversão do laço social na contemporaneida-
de.
Diante disso, propôs-se uma revisão sistemática da literatura PSI nacional como forma de estudo ex-
ploratório do campo de discussões sobre essa temática na atualidade. Assim, esta pesquisa teve como
objetivo geral discutir o estatuto do campo das perversões no âmbito da psicopatologia psicanalítica,
propondo aprofundar a caracterização das estruturas e organizações perversas na atualidade.
Tendo em vista o embasamento teórico dos autores clássicos da psicanálise, podemos elencar alguns
constructos e modelos iniciais e fundamentais de compreensão e descrição das perversões construí-
dos historicamente, que servirão como balizas e subsídios para a análise e discussão dos artigos sele-
cionados para este estudo.
Dentre as tendências básicas gerais, é possível notar que há quatro perspectivas abertas por Freud,
que se polarizam entre uma posição mais genérica que toma a perversão como paradigma para pensar
o desejo, a sexualidade e a pulsão e, portanto, para afirmar o próprio estatuto perverso do sujeito hu-
mano e outra que toma a perversão como um possível arranjo estrutural específico e diferenciado,
fortemente embasado e apoiado no mecanismo de formação do objeto fetiche (Ferraz, 2010).
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PSICOPATOLOGIAS
nosográfica diferenciada. Essa tendência de diluição das perversões pode ser observada na literatura
de referência na proposta de Bergeret et al. (2006), que as situa no campo das organizações limítrofes,
referidas à angústia de perda de objeto.
Resultados e Discussão
Os resultados mostram alguns dados importantes que podem esclarecer certas perspectivas pelas
quais a literatura nacional tem abordado a perversão. A categorização inicial imaginada não pôde ser
completamente desenvolvida a partir da leitura e análise dos textos, uma vez que os artigos em geral
não abordam de forma propriamente aprofundada a caracterização psicodinâmica e estrutural da per-
versão, mesmo sendo artigos selecionados justamente por se aproximarem e alinharem a uma pers-
pectiva do âmbito da psicopatologia psicanalítica.
Desse modo, os artigos em geral fazem uma caracterização mais ampla da perversão, que inclui al-
guns sintomas e mecanismos que estão relacionados àquilo que os autores querem discutir em suas
comunicações. Mas, mesmo quando este é o caso, a descrição é pouco abrangente e clara. Isso tor-
nou a categorização sistemática dos pormenores conceituais dos mecanismos psicodinâmicos inviável,
fazendo com que se procedesse apenas com uma caracterização e identificação dos modelos teóricos
gerais.
Em relação à abordagem psicopatológica psicanalítica, dos 28 artigos lidos, 17 deles [Alberti & Marti-
nho (2013); Barbieri (2007, 2009); Borges et al. (2004); Campos (2010); Castro & Rudge (2003); Couti-
nho et al. (2004); Jorge (2006); Lima (2010); Lippi (2009); Marques (2010); Mello (2007); Perez et al.
(2009); Pimentel (2010); Reis Filho et al. (2004); Rudge (2005); Simoni & Souza (2010)] podem ser
enquadrados a partir da abordagem lacaniana, o que equivale a 60,71%.
Do total, apenas quatro artigos estão compreendidos dentro da abordagem das relações de objeto: um
bioniano (Marques, 2007), um winnicottino (Gurfinkel, 2007), um kleiniano (Welldon, 2008) e um não
especificado (Klein, 2011). Isso demonstra que a propagação de ideias em relação a este assunto den-
tro do âmbito acadêmico é majoritariamente difundida a partir do ponto de vista da psicanálise francesa
lacaniana.
Do total, 13 artigos [Barbieri (2007); Borges et al. (2004); Campos (2010); Castro & Rudge (2003); Cou-
tinho et al. (2004); Flores (2010); Jorge (2006); Marques (2010); Mello (2007); Muribeca (2009); Perez
et al. (2009); Rudge (2005); Simoni & Souza (2010) remetem ao modelo fetichista em Freud para des-
crever a perversão, o que equivale a 46,42% deles. Sem contar que em mais um artigo (Gurfinkel,
2007) aparece também o modelo fetichista, porém a partir de uma concepção especificamente win-
nicottinana. Embora muitos artigos refiram-se ao modelo perverso-polimorfo em Freud, apenas dois
remetem-se especificamente a este modelo para explicar a perversão, ambos do mesmo autor [Cecca-
relli (2005; 2011).
Obviamente, os autores referem-se a esse mecanismo nas mais diversas denominações e suas inter-
pretações a respeito dele é particular a cada um, sendo que, como já foi ressaltado acima, geralmente
não temos uma apresentação explícita da posição do autor. Em um artigo (Ceccarelli, 2005) encontrou-
se que o mecanismo de defesa também é o recalque, o que é uma posição bastante particular pois,
embora alguns outros também o citem, não o caracterizam como específico para esta estrutura.
Outros dados gerais que sobressaem é que a subcategoria cisão do ego também aparece em 46,42%
artigos como característica essencial presente na perversão, independente da abordagem a que os
autores se referem, e que em 50% dos artigos a angústia própria da perversão apontada é a angústia
de castração.
Quanto a outras angústias, aparecem também a angústia de perda de objeto em três artigos [Ceccarelli
(2005); Klein (2011); Welldon (2008)], além da angústia de aniquilação em outros três artigos [Cecca-
relli (2005; 2011); Gurfinkel (2007)] e a angústia depressiva em um único artigo (Rudge, 2005).
Sobre a fantasia típica da perversão, a questão que mais aparece é que o perverso fantasia deter o
saber sobre o gozo ou saber sobre a verdade do gozo, de tal forma que a "entrada do sujeito perverso
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PSICOPATOLOGIAS
no mundo do simbólico se deu através da fixação no outro polo da fantasia, no polo pulsional, no polo
de gozo. O perverso tem uma fantasia de completude de gozo" (Jorge, 2006, p.33). Reitera-se assim a
posição de que o perverso possui um saber sobre a verdade e um poder sobre o gozo, o que implica
uma postura de sedução e submissão do outro a partir da assunção de uma posição fálica.
Observou-se que grande parte dos autores relata como sintomatologia própria da perversão, principal-
mente, a transgressão [Barbieri (2007); (Campos, 2010); (Castro & Rudge, 2003); (Rudge, 2005); (Fer-
raz, 2005); (Lippi, 2009)], o desafio [(Barbieri, 2009); (Campos, 2010); (Castro & Rudge, 2003); (Couti-
nho et al., 2004); (Perez et al., 2009); (Reis Filho et al., 2004); (Rudge, 2005)] e o acting out ou passa-
gem ao ato [(Lima, 2010); (Ferraz, 2005); (Klein, 2011); (Welldon, 2008)].
De modo geral, observou-se uma grande diversidade de temas relacionados à perversão. Artes, medi-
cina legal, toxicomania, laço conjugal, política, entre outros são temas que foram pertinentes para ou
autores correlacionarem com a perversão. Isso demonstra a heterogeneidade com que este tema é
tratado, colocando assim em questão o quão diverso é a compreensão dos autores sobre o tema e o
quanto se pode avançar sobre o tema em diferentes abordagens.
Apesar disso, no que diz respeito à caracterização clínica e psicopatológica, observou-se uma carência
de detalhamento dos principais aspectos psicodinâmicos relacionados à perversão.
As descrições dos autores em geral remetem apenas aos aspectos mais comuns e estabelecidos da
teorização sobre o tema. Desse modo, o que fica de uma leitura mais panorâmica do conjunto dos arti-
gos são algumas linhas gerais bem demarcadas e constantes, a saber: a estruturação da personalida-
de a partir da recusa da castração produzindo uma cisão do ego que permite uma postura de perver-
são da lei simbólica e moral, tendo como ilustração exemplar o mecanismo de formação do objeto feti-
che.
As tendências secundárias não são suficientemente consistentes e presentes para marcar efetivamen-
te um constructo diferenciado na literatura e, principalmente, os autores que tentam discutir para além
desses parâmetros clássicos não parecem convergir para um conjunto de hipóteses ou referências
comuns.
Isso por si só constitui um dado importante e também preocupante, pois se observa a desconsideração
por uma discussão e caracterização mais pormenorizada no âmbito da literatura especializada da área,
já que mesmo nos relativamente poucos artigos que objetivam uma discussão especificamente psico-
patológica sobre a perversão, o nível de detalhamento sobre esses aspectos é restrito.
Além disso, constatou-se que a maioria dos artigos tende a privilegiar uma discussão mais enfocada no
laço social contemporâneo ou então numa desconstrução da própria abordagem psicopatológica em
psicanálise, sugerindo uma noção mais simples e fundamental de que a perversão, assim como qual-
quer outro sintoma, deva ser entendida, antes de mais nada, como o arranjo possível que o sujeito
pôde fazer em sua tentativa de sobreviver psiquicamente.
Esta posição, que é a da psicanálise por excelência, mas que, por outro lado não avança em um apro-
fundamento teórico no âmbito mais propriamente psicopatológico e psicodinâmico é a sustentada por
Ceccarelli (2005; 2011). Seus dois artigos criticam a psicopatologia e apontam contra o preconceito
teórico e analítico. Para o autor, escutar a variedade das manifestações perversas da sexualidade a
partir de uma só referência teórico-clínica, adequando a escuta a uma categoria nosográfica rígida,
atesta um embotamento clínico que produz um marasmo teórico e anula a riqueza da descoberta freu-
diana.
Embora essa discussão seja válida, o autor não aponta como podemos pensar e articular essa plurali-
dade teórica. Além disso, o fato de haver um uso ideológico ou taxativo dos conceitos de um campo
não descarta a importância de se ter modelos teóricos que referenciem também a pratica clínica, uma
vez que sem estes parâmetros, opera-se no escuro.
Outro texto que também criticou certa postura psicopatológica frente a perversão é o deFrota Neto &
Rudge (2009). Para esses autores, a partir de uma análise histórica, o perverso é entendido como o
bode expiatório, cuja periculosidade real ou fantasiada é elemento fundamental à sua eficiência em
polarizar multidões em torno de e contra si. Sua figura remete a um dos mais recentes desdobramentos
desta entidade do imaginário social e sua função é assumir a culpa de todos e apresentar-se como
causa de um mal-estar coletivo.
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PSICOPATOLOGIAS
Para os autores dessa corrente, a discussão gira em torno da construção histórica do sistema binário
dos gêneros, a qual encerra implicitamente a crença numa relação mimética entre gênero e sexo: dois
sexos, logo, dois gêneros.
Contestam-se assim o caráter imutável do sexo, olhando através de escopo histórico como foi feita a
construção dos gêneros, haja vista que "há uma complexidade das práticas sexuais e dos posiciona-
mentos psíquicos que não pode ser reduzida tão simplesmente ao desmentido da diferença dos sexos
e às concepções binárias do masculino e do feminino" (Ayouch, 2014, p.94), põe-se em questão gran-
de parte da construção psicanalítica de estruturas de personalidade, como é o caso da perversão, que
é fundamentada principalmente na diferença de sexos.
Assim, para eles é necessário o questionamento da interação entre perversão com a realidade social,
discutindo as concepções culturais do gênero e as formações discursivas próprias a uma época e uma
cultura.
Nesse contexto, a teoria queer aparece como forte representante de uma posição militante, preocu-
pando-se em descontruir tudo o que já se escreveu sobre o tema e construir um novo saber sobre o
sexo.
O artigo de Flores (2010) propõe que essa política feminista é uma forma contemporânea de laço soci-
al que se sustenta privilegiadamente, se não exclusivamente, no mecanismo perverso da Verleugnung,
a recusa.
Dois textos se propõem a discutir exclusivamente esse tema. Welldon (2008) aponta que a razão pelas
quais a perversão masculina e a feminina são tão diferentes poderia obedecer às diferenças básicas
quanto ao desenvolvimento sexual normal dos dois sexos. Nesse sentido, a principal diferença que há
entre a ação perversa de um homem e de uma mulher estaria no objeto.
Nos homens, o ato é direcionado contra um objeto parcial externo e no caso das mulheres, o ato ge-
ralmente é dirigido contra si mesmas, seja contra seus corpos ou contra os objetos que elas entendem
como sendo suas próprias criações, ou seja, seus bebês, sendo ambos os casos tratados como sendo
objetos parciais desumanizados.
Já Campos (2010) insiste que o fetichismo que se constitui nas mulheres é mais um fetichismo "relaci-
onal", em que o próprio vínculo primário mãe-filha é fetichizado do que propriamente a constituição de
um objeto fetiche concreto e externalizado, como é comum nas perversões masculinas. De modo geral,
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PSICOPATOLOGIAS
afirma para as perversões femininas a mesma posição estrutural que as masculinas, que, embora não
se explique muito bem como se dá, consistiria em uma fixação na segunda etapa do complexo de Édi-
po, na identificação narcísica com a mãe fálica e com a posição de seu falo. Esta posição seria expres-
sa por meio da construção de objetos/relações fetichistas, em que se assume a posição de ter o objeto
como forma de permanecer detentor do saber sobre o gozo do Outro.
Grande parte dos artigos revisados, ao utilizar-se de vinhetas ou descreverem casos clínicos para ilus-
trar o que se propõem a discutir teoricamente em seus textos, insistem em uma dimensão transferenci-
al como característica da perversão.
Segundo a autora, esse tipo de paciente exerce pressão sobre o analista para deslocá-lo de seu lugar
e comprometê-lo em enactments contratransferenciais perversos, tentando converter o analista num
sócio perverso e cúmplice. Assim, a modalidade transferência-contratransferência está determinada
pela estrutura perversa do mundo objetal interno inconsciente do paciente, mas o analista, de maneira
inconsciente, também se compromete.
A prática clínica é também abordada no texto de Coutinho e colaboradores (2004), em que os autores
se preocupam em fazer uma análise da posição subjetiva do perverso na relação analítica e em des-
construir a noção de que o perverso não procura a clínica e não possui sofrimento psíquico, apontando
inclusive possíveis recursos táticos para o manejo da transferência com perversos.
No âmbito das opiniões do senso comum ainda propagadas nos artigos, encontramos a respeito do
sofrimento psíquico um ponto importante a ser destacado, posto que a maioria dos artigos não se refe-
re ao sofrimento psíquico perverso.
Embora os autores tendam a descartar a concepção generalizada de negação de que não haja sofri-
mento no perverso, não chegam a aprofundar na caracterização das modalidades específicas de an-
gústia e outras dinâmicas defensivas e afetivas próprias dessas estruturas subjetivas.
Seguindo a tendência que já apontamos, cabe ressaltar que alguns artigos analisados tratam do tema
da perversão de forma bastante superficial, calcadas pura e simplesmente no aporte teórico freudiano,
sem preocupar-se em trazer nenhuma contribuição mais atual para a discussão.
Esse é o caso do artigode Mello (2007), trabalho que faz somente uma recapitulação do conceito de
perversão e como este se modificou ao longo da obra freudiana até chegar ao fetichismo, e do texto de
Muribeca (2009), o qual limita-se a trazer tudo o que Freud propôs sobre a perversão, só para apontar
como a própria concepção de perversão se modificou com o advento do DSM-IV.
Nessa linha também seguem os textos de Borges (2004), o qual endossa uma perspectiva clássica em
psicanálise: a estrutura só se consolida diante da revivência do Édipo na puberdade; de Alves & Sousa
(2004), o qual se resume a fazer uma caracterização da Medicina Legal sobre a perversão e seu confli-
to com a psicanálise; e o de Pimentel (2010), o qual, ao trazer a discussão sobre a psicopatia, reitera o
preconceito em sua caracterização de "sintomas", como, por exemplo, transtorno de conduta.
Outros artigos tratam de temais mais específicos, como é o caso de Ferraz (2005), no qual são compa-
radas características entre a neurose obsessiva e a perversão com aspectos da religião e da gnose
para defender que eles se organizam em uma relação antitética.
Embora o texto se aprofunde mais na questão neurótica, não deixa de fazer sua contribuição ao evi-
denciar as similaridades entre a gnose e a perversão. Já Barbieri (2009), aborda o tema pelo viés do
humor e da sublimação, tentando responder à pergunta de como podemos entender que o perverso o
qual, supostamente, desmente e desafia a lei civilizatória em sua busca de satisfação, lança mão des-
se desvio que corresponderia à sublimação.
A autora aponta que é justamente por essa habilidade de desviar-se dos obstáculos à satisfação pulsi-
onal, diante de uma impossibilidade de realizar o ato, que o perverso se vê obrigado a formular em
outro ato sua recusa da castração enveredando por uma satisfação substitutiva, que acaba por revelar-
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PSICOPATOLOGIAS
se como criação. Assim, o perverso teria de lidar com os limites da realidade e da lei, de tal forma que
a sublimação seria uma via substitutiva igualmente válida.
Já no artigo de Reis Filho e colaboradores (2004), a questão gira em torno de um trauma não simboli-
zado, o que, segundo eles, seria diferente da recusa da castração. Porém, curiosamente os autores
não caracterizam ou definem explicitamente esses mecanismos.
Para eles, o trauma, mesmo que não anule a percepção, não se inscreve simbolicamente na cadeia
significante, permanecendo no psiquismo sempre pronto a fazer irrupções nos momentos menos espe-
rados. Para compensar, cria-se uma realidade que substitui aquilo que falta, seja pelo fetiche, seja
pelas posições masoquista e sádica.
Assim, a origem está em um trauma não simbolizado e não em uma defesa contra a angústia de cas-
tração ou a perda do falo materno. Porém não chegam a especificar sobre outra dimensão da angústia
como fator central ou caracterizam melhor a natureza desse traumático.
Como se pode observar, a amostra de artigos sobre o tema é bastante variada em suas tentativas de
articulação das perversões com outras temáticas mais gerais, quer seja no âmbito da teoria psicanalíti-
ca, quer seja no de outras teorizações mais amplas sobre a cultura e a subjetividade. No entanto, no
que tange ao aprofundamento da discussão de modelos de compreensão da perversão a partir dos
parâmetros da psicopatologia psicanalítica, a questão é um pouco mais delicada. Em uma perspectiva
mais geral, como já apontado, encontramos reiteradamente as mesmas balizas básicas. Porém, em
uma abordagem mais detida e pormenorizada, conseguimos refinar e ampliar o quadro de modelos em
utilização na literatura.
De modo geral, podemos observar basicamente três grandes grupos de modelos na caracterização das
perversões: o freudiano, o lacaniano e o kleiniano. Poucos textos são estritamente freudianos e os
artigos lacanianos tendem a se referirem mais detidamente ao legado e percurso de Freud no mérito
da questão. A grande maioria dos textos revisados segue a abordagem lacaniana, então foram as nu-
ances de modelos e abordagens dentro dessa tradição que puderam ser mais bem abordadas.
Em geral, os textos tendem a remeter aos fundamentos freudianos e indicar os dois polos da problemá-
tica que se anunciam em sua obra. Assim, os textos costumavam partir de uma caracterização geral da
perversão como polimorfia própria das pulsões e como negativo da neurose para afirmar a centralidade
do tema para a concepção de sujeito em psicanálise.
O artigo de Lippi ilustra bem essa posição ao afirmar que a transgressão, como posição exemplar da
perversão, é um jogo que consiste em "uma astúcia, um estratagema para poder gozar, graças ao fan-
tasma" (2009, p. 182), sendo tomada como uma característica fundamental do sujeito e do desejo,
justamente para descolá-la da identificação com uma estrutura perversa, contribuindo assim para uma
descaracterização da perversão como estrutura e sua identificação com a natureza fundamental do
desejo.
Em seguida, os artigos costumam abordar propriamente a concepção de uma estrutura perversa, to-
mada a partir do modelo da formação do objeto fetiche. Isso quer dizer que os textos consultados da
literatura não fazem jus à própria complexidade do tema na obra freudiana, reduzindo-a a seus dois
polos mais característicos e antagônicos.
Com isso desconsideram o potencial de outras caracterizações perversas para além do fetichismo para
a compreensão do fenômeno, principalmente a dinâmica sado-masoquista, que comparece sistemati-
camente na obra de Freud como fonte de inspiração e discussão, mas que simplesmente parece não
contribuir em nada para o modelo genérico da perversão como uma entidade psicopatológica específi-
ca que ficou como legado para sua obra.
Uma exceção pode ser encontrada no artigo de Castro & Rudge (2003), em que aparece a caracteriza-
ção de que tanto o sádico como o masoquista se oferecem como instrumento de gozo do Outro, colo-
cando-se em posição de objeto, sendo que o masoquista se exibe abertamente como objeto, enquanto
o sádico desempenha este papel de forma inconsciente. Também afirmam que no sadismo o objetivo
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PSICOPATOLOGIAS
de suscitar a angústia no outro não é para causar sofrimento, mas para radicalizar a divisão do outro.
Isto é bem mais explícito do que no masoquismo, que também o busca, embora de maneira menos
óbvia, ao provocar o constrangimento de seu algoz. Porém, observa-se, a caracterização é mais des-
critiva e pouco avança na compreensão da estrutura da dinâmica relacional ou remete aos seus meca-
nismos geradores.
Ainda no que tange à abordagem lacaniana, os modelos que mais se destacam são o da perversão
como estrutura e o da perversão como expressão da natureza transgressora do desejo. Como esses
dois modelos lacanianos reiteram os dois polos da abordagem freudiana, tem se que a abordagem
lacaniana consolida a noção de duas leituras psicanalíticas para a perversão.
A primeira é mais geral, ligada ao desejo e à própria natureza da subjetividade, que serve então como
um princípio ontológico e ético geral da psicanálise contra o moralismo e a normatividade. A segunda é
mais específica e propriamente psicopatológica, pois remete às perversões um arranjo estrutural carac-
terístico, que se opõe à neurose e à psicose.
Essa posição pode ser claramente constatada no artigo de Rudge (2005), que, apesar de falar de um
discurso perverso, ainda se remete ao modelo estrutural clássico lacaniano, ou seja, fala do discurso
no sentido estrutural e não como forma de laço social.
De qualquer forma, a abordagem lacaniana vem consolidar um modelo que era incipiente em Freud,
tornando-se uma proposta bastante difundida na psicopatologia psicanalítica. Podemos afirmar que
esse acoplamento entre os modelos freudianos e lacanianos acabou contribuindo para a tendência
mais forte e consagrada de abordagem e compreensão das perversões no senso comum da psicanáli-
se contemporânea.
Contudo, a revisão dos textos lacanianos mostrou que a problemática da perversão não é tão simples
nessa tradição psicanalítica. Isso se dá principalmente porque a abordagem estrutural se torna uma
perspectiva ultrapassada no último momento da obra de Lacan.
Contudo, não encontramos textos suficientemente esclarecedores na definição do estatuto das perver-
sões no campo do gozo ou na clínica do real em Lacan, o que mostra que a literatura nacional sobre o
tema, mesmo que majoritariamente alinhada a essa tradição, não conseguiu avançar muito em relação
aos modelos mais consagrados.
O mínimo que se diz a respeito disso pode ser constatado no artigo de Alberti & Martinho (2013), que
conclui que o gozo perverso não pertence exclusivamente à estrutura perversa, podendo o sujeito go-
zar perversamente orientado, quando neurótico.
O que distingue fundamentalmente o neurótico do perverso é a posição desejante, haja vista que ele
está no lugar da vontade de gozo, de instrumento que suplementa o Outro com gozo, dividindo seu
parceiro, fazendo dele sujeito.
Por fim, o que podemos encontrar como uma terceira via entre os dois modelos lacanianos foi a dis-
cussão da perversão como um traço ou montagem. Nessa perspectiva, se afirma a perversão não a
partir de uma estrutura subjetiva específica, mas a partir de certas características mais pontuais e res-
tritas presentes como um "traço" no âmbito mais geral da estrutura ou mesmo no âmbito de uma "mon-
tagem" relacional intersubjetiva.
Desse modo, o traço perverso pode aparecer em qualquer uma das estruturas e ilustra o fundamento
da perversão original, ou seja, após a consolidação da personalidade, algum traço da perversão ficaria
recalcado permanecendo como traços que emergem em acting outs ou passagens ao ato. Esta carac-
terística estaria associada a algo mais circunscrito, de ordem propriamente de um sintoma que seria
dissonante em relação às outras formações sintomáticas de um sujeito.
Barbieri (2007) destaca em seu artigo que o traço perverso seria da ordem de um comportamento se-
xual montado sobre uma fantasia que veicula um gozo.
É um efeito de gozo implicado na finalidade do ato, que é de provocar a divisão subjetiva do outro. Esta
permite ao sujeito gozar, resguardado da angústia de castração e também tem por finalidade chocar o
outro. O segundo efeito é ético e permeia o argumento através do recurso à moralidade. Tal argumento
propõe o direito de gozar do corpo do outro. A vontade de gozo fica então instituída como lei natural.
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PSICOPATOLOGIAS
Assim o sujeito – colocando-se em posição de objeto – opera uma inversão da relação com o outro,
denunciando a verdade sobre o seu desejo e a sua falta. O outro é que desejou e provocou seu ato,
não ele. Ainda para essa autora, esta impostura se presta ao aliciamento do neurótico "desprevenido"
que, fisgado entre esses efeitos de gozo e a sua verdade recalcada, participa dela do mesmo modo
que no chiste, onde um diz a verdade e os outros dela desfrutam, constituindo uma manobra que favo-
rece uma satisfação perversa.
Esse tipo de manobra, em uma dimensão mais abrangente, é o que está em jogo nas chamadas mon-
tagens perversas. Em seu artigo, Perez e colaboradores (2009) propõem que há uma montagem per-
versa, a qual está mais ligada a uma posição frente ao gozo, referindo-se a posição discursiva lacania-
na.
Podem entrar numa montagem perversa quaisquer sujeitos a partir de uma circunstância relacional, os
quais, em conjunto, adentram no mesmo fantasma, numa tentativa de chegar a um modo específico de
gozo, utilizando-se da posição de instrumento e de detentor do saber sobre esse gozo, cumprindo um
fim utilitário. Os autores apontam o laço social como definidor dos mecanismos específicos da perver-
são.
O objeto parcial no fantasma apresenta-se como uma regra absolutamente universal. Nesse sentido,
qualquer estrutura pode ser regida através de uma solução perversa, numa montagem coletiva. Basta
o mínimo de instrumentalização dos sujeitos e a consequente redução de possibilidade simbólica ori-
unda daí, para que uma relação perversa se instale. Assim, nas montagens ocorre uma forma de cap-
tura que é da ordem intersubjetiva.
Avançando um pouco mais em relação aos demais textos que abordam a questão, Lima (2010), apoi-
ando-se fundamentalmente no termo Zeichen como ele aparece nos primeiros textos de Freud(traço ou
signo de percepção como o parâmetro indicativo para o teste de realidade do ego) discute a possibili-
dade de que os sintomas das psicopatologias assim como os próprios processos defensivos operariam
a partir da falha na transcrição sucessiva desses registros.
Desse modo, essa falha operaria uma impossibilidade de elaboração simbólica da experiência, ficando
em um registro imagético primitivo. Assim, o autor propõe que o mecanismo de defesa que opera é da
ordem de uma recusa da realidade, portanto, da ordem de um mecanismo perverso.
Esse mecanismo produziria então as condições para passagens ao ato que não se caracterizariam
como atuações no sentido mais tradicional, mas sim seriam, na verdade, a irrupção de um gozo da
ordem do real, abrindo uma brecha na organização simbólica e fálica predominante na estrutura dos
sujeitos.
A apresentação feita pelo autor de um modelo para pensar o traço estrutural perverso é uma questão
pertinente e poucas vezes trabalhada. A recusa descrita é mais específica, operando uma falha de
tradução de algumas marcas de simbolização primitivas. Basicamente, não se trata de uma operação
estrutural, mas apenas pontual. Já Simoni & Souza (2010) salientam que a questão da montagem per-
versa deve ser analisada a partir do ponto de vista lógico, uma vez que é a partir desse lugar que se
encontra com a posição perversa dentro da clínica e não a partir de um ponto de vista psicopatológico
estrutural.
Desse modo, esses autores afirmam que o sujeito, independentemente da estrutura, pode apresentar
uma montagem ou traço perverso para solução do problema edipiano ou como forma de evitar a dor
psíquica. De qualquer forma, quer seja a partir do traço ou da montagem, alguns autores avançam em
relação a uma perspectiva estritamente estrutural para pensar os fenômenos perversos. Contudo, ob-
servou-se que a distinção entre um traço ou uma montagem não fica muito bem delimitada pelos auto-
res que se propõem a tratar sobre o tema.
Já no âmbito da tradição das relações de objeto, tivemos, como já apontado, poucos artigos, mas eles
chamam a atenção por sua diversidade. Embora apenas um texto específico ilustre o modelo clássico
dessa tradição sobre a perversão como o negativo da psicose (Klein, 2011), também encontramos
referências a uma perspectiva mais especificamente bioniana sobre o tema (Marques, 2007) e também
a outra winnicottiana (Gurfinkel, 2007).
Em todos, para além da negação das angústias psicóticas, evidencia-se uma concepção mais propria-
mente traumática para a gênese das dinâmicas perversas, em que a dimensão da autenticidade no
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PSICOPATOLOGIAS
vínculo com o objeto ganha destaque. Assim, os autores dessa tradição teórica postulam que trauma e
autenticidade são dimensões essenciais para descrever a gênese da perversão.
Klein (2011) retoma a consideração da humilhação e os maus-tratos na infância como um fator etioló-
gico significativo, entendendo que a perversão é uma forma de luta contra experiências traumáticas
infantis e contra ameaças à identidade egoica e de gênero.
O ato perverso se dá com a finalidade de vingar e triunfar sobre os traumas e o objeto traumatizante.
Assim, além da constelação essencial do triunfo narcísico, a essência da perversão é a conversão de
um trauma infantil num triunfo adulto. Além disso, resgata a sugestão de que a perversão surge do
ódio, produto da relação com uma mãe frustradora derivada da fixação ao trauma e não se tratando
apenas de um gozo.
Gurfinkel (2007) apresenta um esboço do que seria a perversão na perspectiva winnicottiana. Para ele,
é na distinção entre o eu e o outro, e, portanto, na desconfiguração do fenômeno transicional que se
fixa o conflito estruturante. Assim, seria nesse contexto de patologização dos fenômenos transicionais
que se configura o fetiche. Isso se daria porque observa-se um exagero no uso do objeto transicional,
uma espécie de hiperinvestimento, como tentativa de negação de que haja ameaça do objeto se tornar
sem sentido.
A função do objeto transicional se modifica de meio de comunicação para negação da separação, tor-
nando-se coisa em si, como estratégia defensiva diante de uma ameaça de aniquilamento. Esta estra-
tégia cristaliza o indivíduo no instante da iminência do colapso.
Assim evita-se pelo mecanismo de negação a queda no vazio do desinvestimento, tanto do objeto co-
mo do self. Portanto, há um adoecimento fundamental da relação do sujeito com a realidade, que con-
duz ao uso fetichizado dos objetos e à inversão potencial entre sujeito e objeto.
Já o artigo de Marques (2007), propõe caracterizar certos elementos mentais que configurariam uma
forma de ação emocional de cunho perverso que não se restringiria a uma estrutura ou manifestação
psicopatológica específica, mas que se evidenciaria nos mais diversos momentos da vida cotidiana.
A hipótese principal é que as ações perversas são movimentos de distorção do pensamento, os quais
produzem um descolamento da realidade vital e animada do vínculo humano de forma a produzir uma
existência paralela que se sobrepõe e imita o humano, porém em uma condição existencial inautêntica,
impossibilitando assim a realização simbólica propriamente humana.
O que se nota da leitura dos poucos artigos nessa tradição, em especial pelas referências citadas pelos
autores, é que as discussões nessa área tendem a se organizar em torno de uma noção genérica de
trauma.
Contudo, os textos estudados que abordam as perversões sob uma perspectiva da psicanálise con-
temporânea e, portanto, para além das grandes escolas tradicionais, foram poucos e também pouco
elucidativos em uma visão mais sistemática ou mesmo um modelo mais característico e definido das
perversões que pudesse contrastar com o lacaniano da estrutura perversa e com o kleiniano da defesa
contra a psicose.
O que se pôde notar é uma certa convergência geral na referência de autores como Stoller, McDougall,
Winnicott e Kernberg em torno de um trauma ambiental como fator etiológico, mas a caracterização
mais específica fica a desejar.
A perspectiva traumática para pensar as relações de objeto iniciais também está presente na proposta
mais contemporânea de Bergeret (2006).
Esse autor considera que o fator etiológico primário do chamado tronco comum das organizações limí-
trofes é da ordem de um trauma que antecipa dinâmicas para as quais o aparelho psíquico infantil ain-
da não está preparado, como uma forma de intrusão que produz uma desorganização precoce e uma
resposta compensatória que é mais frágil e lábil.
Nesse sentido, sua visão geral se alinha a perspectivas de autores que versam sobre a inautenticidade
na constituição do núcleo da personalidade, tais como McDougall e Winnicott o que é, ademais, uma
tendência de autores mais contemporâneos na linhagem das relações de objeto.
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PSICOPATOLOGIAS
Porém, no que diz respeito a esse modelo, constatamos que nenhum dos artigos estudados da literatu-
ra nacional trabalha ou mesmo cita de forma mais detida o modelo psicopatológico de Bergeret (2006),
um dos poucos autores contemporâneos que se preocupou com a sistematização de um modelo psi-
copatológico geral em psicanálise e que é uma referência importante no Brasil, já que consiste prati-
camente no único manual sobre psicopatologia psicanalítica na literatura nacional.
Essa ausência nos parece muito significativa e pode indicar um certo descompasso entre a produção
científica de artigos e os livros de referência do campo. Isso pode se dar porque se considera o livro
um mero "manual" com objetivos didáticos e, portanto, referência secundária que em nada contribui
para o avanço da pesquisa propriamente inovadora que vem da clínica e dos autores primários, ou
porque realmente uma psicanálise que pretenda produzir um modelo psicopatológico sistemático e
abrangente é algo que está em desacordo com os interesses de pesquisa e mesmo a visão geral de
sujeito e de prática psicanalítica.
Em todo caso, a análise mais detida dos modelos utilizados pelos autores da amostra revelou que tanto
na tradição lacaniana como na tradição das relações de objetos há tendências secundárias que se
distanciam de seus modelos básicos e clássicos de compreensão das perversões. Contudo, essas
tendências estão minoritariamente representadas e pouco sistematizadas, de forma que ainda não
aparecem de forma consistente como um contraponto às posições mais ortodoxas.
Diante da análise da amostra selecionada da literatura psi no Brasil em um período de 10 anos (2003-
2013), pudemos constatar que no que diz respeito à compreensão psicopatológica da perversão, a
abordagem lacaniana é a que predomina dentre todas as outras. Isso demonstra um déficit de produ-
ção acadêmica de outras abordagens psicanalíticas sobre o tema e também ilustra a força do movi-
mento lacaniano no Brasil.
Como contribuição pertinente desta pesquisa para o campo da psicopatologia psicanalítica, podemos
apontar que se observou que os textos elaborados raramente trazem algo significativo de novo, evi-
denciando que a psicanálise se encontra empobrecida de seu pleno potencial. No âmbito da amostra
estudada na revisão de literatura empreendida, pode-se afirmar que a literatura atual da área não tem
avançado em termos de novas propostas de constructo teórico acerca das perversões, demonstrando
que o modelo da formação do objeto fetiche freudiano ainda predomina como parâmetro para o seu
entendimento.
Do mesmo modo, até mesmo dentro de uma circunscrição do âmbito da perversão como herdeira da
tradição médico-psiquiátrica, a discussão encerra-se tão somente numa dimensão geral com foco na
perversão sexual a partir do modelo do fetichismo e raramente os autores se propõem tratar ou fazer
referência à perversão moral da psiquiátrica clássica em seus artigos, no caso a psicopatia e sociopa-
tia. Tal fato também demonstra o quanto ainda se está por avançar na caracterização das perversões
além dos modelos clássicos.
Dos modelos recenseados pela pesquisa, o que houve de mais consistente foi a articulação entre as
perspectivas de Freud e de Lacan na afirmação de duas polaridades para pensar a temática:
(2) a perversão como estrutura subjetiva específica calcada na recusa da castração e na formação do
objeto fetiche. Na tradição da psicanálise das relações de objeto, por sua vez, há apenas um indicativo
muito genérico e incipiente para a compreensão das perversões a partir de uma teoria do trauma. Além
disso, observou-se uma grande falta de articulação entre os diferentes modelos e perspectivas sobre a
perversão.
Esta pesquisa também observou que a preocupação com a caracterização psicopatológica está em
baixa dentro do ambiente acadêmico em função de uma maior preocupação com uma compreensão
mais social sobre o tema da perversão. Se as discussões propriamente psicodinâmicas e estruturais
têm diminuído em detrimento dessa abordagem mais ampla de crítica sociológica e histórica sobre a
perversão como produto de uma ordem médica e jurídica própria da modernidade, ela não exclui a
necessidade de uma elaboração teórica no campo específico da psicopatologia psicanalítica.
Além disso, também pudemos notar falta de aprofundamento e mesmo de teorização na discussão do
contexto social e cultural das perversões, que muitas vezes se resume a uma retomada histórica do
conceito ou a uma desconstrução geral da própria noção de normatividade moral e sexual.
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PSICOPATOLOGIAS
Muito embora a pesquisa tenha prezado em seus objetivos por fazer um recenseamento de caráter
exploratório e descritivo do que atualmente se publica no campo das perversões, uma vez que fora
delineada dentro dos parâmetros de uma revisão de literatura, julga-se que essa circunscrição tenha
limitado um fecundo aprofundamento em questões bastante pertinentes ao tema e que não foram muito
explorados por outros autores, como é o caso da questão das perversões masculina/feminina e das
perversões morais/sexuais mencionadas no artigo.
Assim, seria cabível um aprofundamento tanto dessas linhas de investigação como de possíveis outras
em novas pesquisas.
Além disso, ainda que a questão sobre a escolha da palavra "psicopatologia" para fazer o levantamen-
to bibliográfico possa parecer restritiva, após diversas reflexões sobre o tema, tanto por fazer parte do
recorte proposto pela pesquisa, refletindo uma abordagem específica à subjetividade, como em função
dos descritores catalogados na base de descritores em psicologia mantida pelo próprio portal de pes-
quisas, que são inclusive referência para o estabelecimento de palavras-chave em publicações e traba-
lhos acadêmicos, entende-se que, mesmo que seja uma limitação dos próprios instrumentos de pes-
quisa e uma circunstância da área de psicologia, a utilização do termo tenha, de certa forma, conferido
um viés na pesquisa. Seria cabível uma possível modificação dos termos chave utilizados na base de
dados para pesquisas futuras.
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TEORIAS E TÉCNICAS PSICOTERÁPICAS
De acordo com Freud [1905(1976)] o aparelho psíquico está dividido em: consciente, pré-consciente
e inconsciente.
Nesse sentido, dizemos que, em psicoterapia de orientação psicanalítica, assim como na psicanálise,
o inconsciente é o objeto principal a ser trabalhado.
De acordo com Luz (2005) a psicoterapia passa por três fases, sendo elas: início, fase intermediária e
término.
Quanto ao início do tratamento, Luz (2005) salienta que compreende desde o primeiro contato com o
paciente até o estabelecimento da aliança terapêutica, que pode variar de sessões a meses, confor-
me cada caso.
Sendo assim, nesse momento o principal objetivo é o de estabelecer e fortalecer a aliança terapêuti-
ca, por meio de um contrato claro e objetivo, identificando os motivos inconscientes do sofrimento do
paciente. A intervenção, portanto, precisa ser de acolhimento e focada na interpretação das ansieda-
des paranoides, isto é, na dicotomia confiança-desconfiança (LUZ, 2005).
“É importante que o terapeuta ‘ensine’ o paciente a se tratar, auxiliando-o a despertar seu interesse
pelos conflitos e pelas formas de funcionamento de sua personalidade” (LUZ, p. 257). Nesse sentido,
a postura do terapeuta não deve ser de silêncio exagerado e nem tão amistosa.
O maior risco nessa fase, como aponta Luz (2005), é a interrupção precoce do tratamento. Para tan-
to, um recurso útil diz respeito aos conteúdos contratransferências, ou seja, os sentimentos que o
paciente desperta no terapeuta.
As fantasias iniciais, por parte da dupla, são inúmeras. Quanto às fantasias do paciente, este pode ter
medo de entrar em contato com seus conflitos mais infantis porque foram desastrosos, pode ter medo
de ficar dependente do terapeuta. Pode ainda ter medo de perder o controle de suas emoções ou de
aflorar fantasias eróticas. De qualquer forma, cabe ao terapeuta interpretar tais fantasias, para que
deixem de ser um obstáculo ao tratamento, ou seja, deixem de ser resistências (LUZ, 2005).
Já a fase intermediária da psicoterapia é definida por Luz (2005, p. 258) como a fase mais longa, que
compreende desde o estabelecimento da aliança terapêutica até o momento da alta. O objetivo desse
momento é o de “examinar, analisar, explorar e resolver os sintomas e as dificuldades emocionais do
paciente”. Quanto à técnica, a interpretação das resistências iniciais e dos conflitos inconscientes do
paciente é a principal delas.
Ao comparar o processo de psicoterapia com um jogo de xadrez, Freud [1913(1976)] diz que existem,
basicamente, técnicas para o início e para o fim do tratamento. O decorrer do mesmo é sempre um
desafio. Trata-se da etapa mais árdua, uma vez que é nela que ocorrem as principais mudanças.
Em relação à temática abordada nesta fase, o foco são os assuntos trazidos pelo próprio paciente
durante as sessões. Geralmente são temas referentes às situações vividas no dia a dia, como confli-
tos de relacionamento familiar, no trabalho; ambições, planos e decepções. Enfim, sofrimentos cotidi-
anos (LUZ, 2005).
Quanto à postura do terapeuta, Luz (2005) recomenda que seja atenta e respeitosa, de modo que o
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TEORIAS E TÉCNICAS PSICOTERÁPICAS
paciente possa sentir-se à vontade para falar. Dessa forma, à medida que vai surgindo o momento
oportuno, o terapeuta poderá intervir, seja pontuando, assinalando ou interpretando.
Ocorre que, como aponta Luz (2005), na fase intermediária nem sempre o processo evolui tão bem.
Às vezes pode ocorrer uma estagnação temporária, em função das resistências, impasses, acting
out, perturbação da aliança terapêutica, etc.
Em relação à alta, ou ao término da psicoterapia, este não ocorre em uma única sessão. A fase final
perdura por várias sessões, nas quais são trabalhadas as ansiedades de separação. De acordo com
Luz (2005) esta fase inicia com a primeira comunicação da alta e culmina com a última sessão em
que a dupla terapeuta-paciente se encontra.
A alta é uma questão de comum acordo entre a dupla. Para o terapeuta, alguns indicadores
subsidiam seu trabalho, segundo Luz (2005). São eles:
Ocorre que nem sempre o processo psicoterápico tem êxito. Então se depara com o fenômeno do
abandono do tratamento, que é sempre indesejável.
Segundo Etchegoyen (2004), na fase do contrato do processo psicoterápico está incluída a ideia de
que o tratamento deve finalizar por acordo de ambas as partes e, por isso, se apenas um lado decide,
não se fala em término da análise, mas sim em interrupção. O analisado tem liberdade para rescindir
o contrato a qualquer momento, assim como o analista.
Em alguns casos, salienta Etchegoyen (2004), pode ser que os motivos que levaram à interrupção de
tratamento sejam de ordem externas, porém não é o mais comum. Os motivos internos são mais
frequentes, e quando isso acontece, chamamos de resistências, que pode vir do analisando, ou até
mesmo do analista, que não conseguiu manejá-la.
De acordo com Laplanche e Pontalis (2008, p. 458) “chama-se resistência a tudo o que nos atos e
palavras do analisando, durante o tratamento psicanalítico, se opõe ao acesso deste ao seu inconsci-
ente”.
Termo usado em Psicanálise para designar as ações que apresentam, quase sempre, um caráter
impulsivo, relativamente isolável no decurso das suas atividades, e que torna muitas vezes uma for-
ma auto ou hetero-agressiva. Para o psicanalista, o aparecimento do acting out é a marca da emer-
gência do recalcado. Quando aparece no decorrer de uma análise (durante a sessão ou fora dela, o
acting out tem de ser compreendida na sua conexão com a transferência, e frequentemente como
uma tentativa para ignorá-la radicalmente. (LAPLANCHE e PONTALIS, 2008, p. 6)
Segundo Francisco (1995) o acting out pode estar a serviço ao que Freud chamou de “lembranças
encobridoras”. Ao invés de lembrar, o indivíduo atua, uma vez que se trata de experiências infantis
bastante remotas e que não foram compreendidas na ocasião. Pode se referir a várias situações que
se opõem ao processo analítico, como o silêncio, esquecimento de sessões, decisão súbita de deixar
a análise, dentre outros.
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TEORIAS E TÉCNICAS PSICOTERÁPICAS
Lembrança infantil que se caracteriza ao mesmo tempo pela sua especial nitidez e pela aparente
insignificância do seu conteúdo. A sua análise conduz a experiências infantis marcantes e a fantasias
inconscientes. Como o sintoma, a lembrança encobridora é uma formação de compromisso entre
elementos recalcados e a defesa.
De acordo com Gus (2005) atuações e encenações (enactments) refere-se a sensações e sentimen-
tos pré-verbais, portanto anterior a palavra, denotando expressões primitivas.
Em um estágio primitivo do desenvolvimento psíquico, narra Gus (2005), quando a linguagem ainda
não existia (pré-verbal), não era possível expressar os sentimentos por meio da palavra. Sendo as-
sim, o ato é a única forma de expressão de vivências emocionais primitivas e afetos perigosos da
dupla terapêutica. Trata-se de uma obstrução ao processo de crescimento e desenvolvimento psico-
terápico, uma vez que, ao invés de atingir o insight, o indivíduo realiza um ato.
Entretanto, como aponta Gus (2005), o fenômeno do acting out pode ser útil ao tratamento, desde
que compreendidos e bem encaminhados àqueles pacientes de difícil acesso, em que predominam o
pré-verbal, a desorganização psíquica, o caos e o vazio mental.
A realidade psíquica é resultante das percepções que o indivíduo tem do mundo externo, somado às
fantasias do mundo interno. Portanto, é uma experiência subjetiva, individual e nem sempre traduz a
realidade externa (GUS, 2005).
Sendo assim, afirma Gus (2005) que, no acting out e enactment a realidade psíquica ganha expres-
são, por meio do ato, de vivências primitivas dolorosas (como ansiedades persecutórias, etc.), as
quais o indivíduo não se lembra e que podem ser percebidas por meio da transferência e da contra-
transferência. Portanto, trata-se de revivências de conflitos primitivos da dupla terapêutica.
Nesse sentido, Gus (2005) entende que as vivências primitivas são da dupla terapeuta-paciente. As
experiências de fantasias inconscientes destrutivas, arcaicas, de ansiedade persecutória e situações
traumáticas são reeditadas por ambos. Então, o psicoterapeuta também possui papel fundamental:
há que se compreender e manejar adequadamente o fenômeno do acting out e enactment.
Atualmente há um consenso entre os psicanalistas de que o processo psicoterápico não está focado
apenas no paciente, mas sim na dinâmica do campo analítico. Assim, são levadas em conta as con-
dições emocionais do terapeuta e do paciente, bem como o inconsciente de ambos (ZIMERMAN,
2004).
Quando o terapeuta, segundo Gus (2005), consegue compreender a realidade psíquica do setting,
conter e interpretar acting e enactment é possível dar novo significado às fantasias primitivas.
Ao contrário, acrescenta Gus (2005), quando não se compreende a realidade psíquica do par tera-
pêutico no setting, chega-se ao “ponto cego” ou conluios inconscientes, de natureza narcísica. Podem
ocorrer ainda, piora do quadro clínico, impasses e interrupção do tratamento.
Longos silêncios, faltas e atrasos podem se configurar como acting out, que, caso ocorram de forma
intensa no início do tratamento, podem levar à interrupção do tratamento (GUS, 2005).
Há também o fenômeno do impasse que, segundo Pires (2005) pode estar relacionado à interrupção
no tratamento psicoterápico. Trata-se de uma estagnação do desenvolvimento da terapia, que implica
num cessamento da elaboração, perceptíveis no processo transfero-contratranferencial, caracterizada
por intensas repetições de conflitos não resolvidos envolvendo a dupla terapêutica.
Quando o impasse não é superado, pode ocorrer a interrupção do tratamento. Torna-se então inevi-
tável reavaliar o próprio trabalho do terapeuta. De alguma forma, acrescenta Pires (2005), o paciente
confirma a validade das teorias. Nesses casos é importante a supervisão do caso, já que fica mais
difícil o terapeuta, no momento da sessão, ter uma visão mais crítica. Além disso, como o supervisor
não está envolvido diretamente com o impasse, possivelmente terá melhor condição de ajudar o tera-
peuta.
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TEORIAS E TÉCNICAS PSICOTERÁPICAS
O fenômeno do impasse muitas vezes é confundido com o acting out, como sinaliza Pires (2005). A
diferença reside no momento em que ocorrem: o acting out pode ocorrer já no início do tratamento,
enquanto que o impasse geralmente deve ocorrer em fases posteriores do processo psicoterápico.
Além disso, Pires (2005) afirma que a probabilidade de ocorrer impasse na psicoterapia é menor que
na psicanálise. Isso acontece porque na psicoterapia o número de sessões é menor, o objetivo é
mais focal e as situações extratransferenciais são menos intensas.
Conforme Pires (2005, p. 342), alguns autores defendem a ideia de que, nas situações de impasse
seria indicado marcar a data para interrupção do tratamento. Isso suscita muitos questionamentos.
Entretanto:
[...] em defesa de, pelo menos parte dessa ideia, é preciso dizer que uma interrupção é sempre mais
ética do que a manutenção de um tratamento interminável, pois esta última opção configura uma
espoliação emocional e econômica do paciente por parte do terapeuta.
Freud [1913(1976)] alerta sobre a oportunidade de aprender com as experiências de pacientes aban-
donantes na medida em que se pode pensar sobre o fato, o mesmo que ocorre muitas vezes quando
se perde uma partida de xadrez. Aprende-se com os erros também.
Ferenczi, citado em Freud [1937-39(1976)], afirma que o êxito depende muito do analista ter aprendi-
do com seus próprios erros e de ter levado a melhor sobre os pontos fracos de sua própria personali-
dade.
Segundo Laplanche e Pontalis (2008, p. 514) a transferência é um “processo pelo qual os desejos
inconscientes se atualizam sobre determinados objetos no quadro de certo tipo de relação estabele-
cida com eles e, eminentemente, no quadro da relação analítica”.
Dewald (1981, p. 213) define a transferência como “uma forma de deslocamento na qual o indivíduo
dirige para um objeto presente todos aqueles impulsos, defesas, atitudes, sentimentos e respostas”
vivenciados nos primeiros relacionamentos infantis com as figuras parentais.
No fenômeno da transferência, parte dos impulsos eróticos do indivíduo vai para a consciência, dirigi-
da para a realidade. A outra parte fica retida, ou permanece inconsciente. Então, se a necessidade de
amar não está totalmente satisfeita pela realidade, o indivíduo vai aproximar-se de cada nova pessoa
que encontrar. Esta pessoa pode ser até seu terapeuta. Isto é natural, mesmo porque é a transferên-
cia que move o tratamento (FREUD, [1914(1976)]).
Em Psicanálise trabalha-se com a perda de um objeto. Nesse sentido, a transferência ocorre porque
o paciente acredita que o analista é esse objeto perdido. Ele acredita que o analista detém o saber,
sabe algo dele que o próprio paciente não sabe. E esse fenômeno move o tratamento. É necessário
certo “enamoramento”, ou seja, admiração pelo analista, para que o paciente suporte um longo tempo
na terapia. Vai chegar um dia em que, assim como a criança quando cresce descobre que seu pai
não é não perfeito e poderoso quanto pensava, o paciente também vai chegar a essa conclusão. E
nesse momento não vai mais haver motivo para continuar o tratamento. É quando pode ser dada a
alta (FREUD [1914-15(1976)]).
Mas o que o paciente transfere para o terapeuta? Transfere sentimentos inconscientes infantis viven-
ciados com as figuras parentais.
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TEORIAS E TÉCNICAS PSICOTERÁPICAS
A transferência é sempre inconsciente. É o resultado de um desejo. O ser humano tem dois cami-
nhos: a saúde e o sintoma. Os que fazem sintoma são pessoas que estão doentes. Pode estar doen-
te porque direciona seu sintoma para uma meta impossível (está sempre esperando, insatisfeito).
Nesse sentido, a pessoa desqualifica a saúde. O trabalho do psicoterapeuta é conscientizar a pessoa
disso.
O sintoma implica num ganho secundário. Funciona como uma “bola de neve”, isto é, quanto mais o
tempo passa, mais fica prejudicial. É uma metáfora de uma resolução sexual e implica numa homeos-
tase (equilíbrio) do aparelho psíquico. Este equilíbrio é dinâmico (em alguns momentos é bom, mas
em outros é ruim). Acontece que o sintoma toma bastante libido (energia) do indivíduo, impedindo,
assim, que ele não tenha energia para outras coisas.
Então o paciente procura o terapeuta porque essa situação é desconfortável. Mas aí vem a resistên-
cia, pois o sintoma implica em alguns momentos, equilibrar seu aparelho psíquico. Na medida em que
seu sintoma é retirado, há uma piora de seu quadro – e isto é sinal da cura, primeiro piora para de-
pois melhorar.
Segundo Freud [1914(1976)] a transferência pode ser positiva ou negativa. A primeira refere-se aos
sentimentos amorosos, de amizade e confiança, enquanto que a segunda diz respeito aos sentimen-
tos hostis, agressivos.
A transferência que move o tratamento é a positiva (o paciente tem confiança no terapeuta, acredita
que ele é o detentor do saber), enquanto a transferência negativa prejudica o tratamento, pois funcio-
na como resistência. Esta última precisa ser interpretada ou assinalada (FREUD [1914(1976)]).
Algumas vezes a transferência negativa é silenciosa ou muito sutil. Por exemplo: quando o paciente
chega atrasado à sessão ou falta. Quando no dia do pagamento esquece-se de assinar o cheque,
etc.
A contratransferência, como já foi dito, diz respeito ao “conjunto das reações inconscientes do analis-
ta à pessoa do analisando e, mais particularmente, à transferência deste” (LAPLANCHE E PONTA-
LIS, 2008, p. 102).
É fundamental e faz parte da técnica atentar para os sentimentos que o paciente desperta no tera-
peuta. Na relação com o paciente o terapeuta pode experimentar diversos sentimentos, como raiva,
prazer, desconfiança, preocupação, etc. (DEWALD, 1981).
Quando se trata de pacientes com quadros psicossomáticos, é comum o psicólogo sentir sensações
físicas, como alguma dor, por exemplo. Prestar atenção nesses sentimentos auxiliará no processo de
avaliação, bem como no momento adequado de interpretar.
O fenômeno da resistência é definido por Dewald (1981, p. 240) como “funções psíquicas do paciente
que se opõem ativamente à tarefa terapêutica de trazer o material inconsciente ao conhecimento”, e,
consequentemente, opondo-se às mudanças.
A resistência expressa à forma de como o ego se mobiliza para enfrentar as suas angústias diante da
vida. Resiste como forma de se proteger contra os ataques que sofreu no passado (carência, aban-
dono, incompreensão, humilhação, etc.). É o grande obstáculo ao tratamento.
Algumas situações dentro do setting terapêutico podem ser interpretadas como resistência, tais co-
mo: faltas, atrasos, esquecimentos, silêncio, dificuldades em falar sobre determinados assuntos que
causam angústia, etc.
O terceiro componente que faz parte do tripé da técnica psicanalítica é a interpretação. Esta é uma
técnica valiosa, em que o psicoterapeuta permite que seu paciente entre em contato com seus conte-
údos inconscientes, ajudando-o a “traduzir” seus sentimentos (RIBEIRO, 1988). É nesse momento,
para Freud, que é favorecida a mudança. A arte da interpretação identifica as resistências e as torna
conscientes.
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TEORIAS E TÉCNICAS PSICOTERÁPICAS
Esta é uma técnica que deve ser usada com cautela, uma vez que tem seu momento oportuno. A
recomendação é que o terapeuta possa identificar quando seu paciente estiver próximo de tornar o
conteúdo consciente. É difícil saber se uma interpretação está correta. Mas alguns indícios podem ser
observados. Ao interpretar, é importante avaliar a reação do paciente, o assunto ou material seguinte
que ele vai trazer.
Dewald (1981) discorre sobre a técnica em psicoterapia de base analítica, elegendo a escuta, o es-
clarecimento e a confrontação, além da interpretação como formas de intervenção.
Segundo este autor é importante deixar o paciente falar, mas cabe ao terapeuta a função da escuta
especializada.
“A atividade do terapeuta em escutar representa muito mais que a simples recepção passiva e compi-
lação do material verbalizado pelo paciente” (DEWALD, 1981, p. 198). Esta escuta significa priorizar o
significado dos conteúdos latentes, além de observar o comportamento não verbal é importante ob-
servar o conteúdo que foi dito pelo paciente, mas também o que foi omitido.
O silêncio também é uma forma de comunicação, que pode simbolizar várias situações: ansiedade,
vazio mental, resistências, etc., podendo ser do tipo paranoide, depressivo, fóbico, confusional, etc.
Em oposição, tem também aquele paciente que fala muito, como uma espécie de descarga emocio-
nal. Entretanto, deixa de falar o mais importante. Pode ser inclusive, um tipo de resistência. Segundo
Dewald (1981), o esclarecimento é uma forma de intervenção que tem por objetivo esclarecer alguma
situação específica da experiência e do comportamento do paciente. Está mais no nível consciente e
pré-consciente.
Quanto ao uso do divã, este é uma herança do método da hipnose, utilizado por Freud, no início de
seus trabalhos. O divã servia para afastar os olhos do terapeuta e do paciente, já que Freud atendia
muitos pacientes num mesmo dia, e, por sua vez, ficava mais à vontade. Ajudava também favorecen-
do a ocorrência dos pensamentos involuntários, já que permitem a associação livre, além de propiciar
a regressão.
O paciente não inicia o tratamento logo deitando no divã. O momento de deitar é aquele em que de
fato inicia-se a análise, ou seja, quando o paciente não tem nada mais para contar sobre sua história
de vida. O ato de apenas descrever fatos não significa necessariamente que está sendo terapêutico.
Há que se avaliar os casos em particular, mas às vezes pode demorar mais de um ano para iniciar o
processo de análise propriamente dito e poder deitar no divã.
Em relação à técnica, em sua obra “Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise”, Freud
[1912(1976)] sugere que não há necessidade de memorizar a história de vida do paciente como da-
tas, nomes ou outros pormenores. O importante é o que está marcado afetivamente, que pode ser
observado por meio dos sentimentos, entonação de voz, etc. O mais importante é a relação terapeu-
ta/paciente.
Outra recomendação de Freud [1912(1976)] que também se aplica a psicoterapia, diz respeito às
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TEORIAS E TÉCNICAS PSICOTERÁPICAS
anotações das sessões. É melhor que os registros sejam feitos em outro momento, que não durante
o atendimento. A atenção do terapeuta, ou melhor, sua escuta deve ser o foco, em detrimento dos
registros. Além disso, caso esteja diante de um paciente com personalidade paranoide, a desconfian-
ça poderá ser reforçada.
Freud [1912(1976), p. 129] dá ênfase na necessidade de o terapeuta realizar sua análise. “Deve-se
insistir, antes, que tenha passado por uma purificação psicanalítica e ficado ciente daqueles comple-
xos seus que poderiam interferir na compreensão do que o paciente lhe diz”. E acrescenta: “(...) todos
que desejam efetuar análise em outras pessoas terão primeiramente de ser analisados por alguém
com conhecimento técnico” (p. 130).
Uma das funções do psicoterapeuta, conforme aponta Freud [1912(1976)], refere-se à função espe-
cular, isto é, o terapeuta deve mostrar ao paciente somente o que lhe é mostrado. Nesta mesma linha
de raciocínio, o psicólogo deve orientar-se pelas capacidades do paciente e não pelos seus desejos
(do terapeuta), valorizando qualquer evolução do paciente.
A psicoterapia é um processo árduo, em que não há ausência de sofrimento. Muitas vezes, a fantasia
é a de que são ditas apenas palavras de conforto, como se a pessoa quisesse ficar na zona de con-
forto o tempo todo, como rege o princípio do prazer. Ocorre que o princípio da realidade é condição
para a superação do sintoma, rompendo o ciclo doentio, patológico. Como afirma Luz (2005, p. 260),
na terapia o paciente “vai sofrer pelo motivo adequado e de forma adequada”.
Para Freud, a doença significa a incapacidade de amar, o paciente vive mendigando amor dos outros.
E a função do profissional é a de ajudar esse paciente a amar. Freud conclui que tem saúde mental
aquela pessoa capaz de amar e de trabalhar, em seus vários aspectos.
A relação com o outro é saudável para a Psicanálise, uma vez que há investimento de libido (ou
energia). Uma pessoa que se isola do mundo reveste-se em seu próprio narcisismo, e consequente-
mente, surgirão os sintomas. Todo amor tem sua origem nas fontes primitivas, de contato com a pele
(inicialmente, da mãe com o bebê). Com o passar do tempo, a sociedade exige que esse amor mude
de direção, passando para um amor genital.
Nesse sentido, Freud usou o termo “sexualidade” em alemão “lieben”, que significa “amar”. Portanto,
este autor utiliza esse conceito em praticamente toda sua obra. Nesse sentido, não se limita ao sexo
no sentido genital, como entende o senso comum (FREUD [1910(1976)]).
Ainda com relação à técnica, em sua obra “Recordar, repetir e elaborar”, Freud [1914(1976)], orienta
o caminho do processo psicoterápico.
O processo de recordar tem suas origens na hipnose, método esse utilizado na primeira fase da Psi-
canálise. Freud [1914(1976)] diz que recordar não é tão simples, principalmente se forem experiên-
cias muito primitivas, conhecidas como amnésia infantil. Lembrar pode ser extremamente doloroso,
portanto, muitas vezes distorcemos para ficar suportável.
Quanto mais precoce, mais difícil de ser retirada a marca, porque menos recursos têm o ego para
lidar com a intensidade do trauma. Menos simbolismo tem, e maior é a desorganização psíquica.
Quanto mais primitivas as experiências vivenciadas, mais fica em nível das sensações, e, portanto,
não há simbolismo, apenas registro mnêmico.
As lembranças remotas, segundo Freud [1914(1976)], caso não possam ser compreendidas na oca-
sião, mas poderão vir à tona quando forem interpretadas.
Recordar significa contar o que sabe da experiência ou evento traumático. Mas Freud [1914(1976)]
salienta que nem sempre o indivíduo recorda de suas experiências infantis, mas as reproduz por meio
da ação (acting out), repetindo-as. Não é tão importante que o paciente se lembre das suas experiên-
cias, porque ele vai repeti-las na terapia.
Mas o que o paciente repete? “Repete ao invés de recordar e repete sob as condições da resistência”
(FREUD [1914(1976) p. 198]). O paciente repete ou atua seus conteúdos reprimidos, traços patológi-
cos, seu sintoma e as resistências.
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TEORIAS E TÉCNICAS PSICOTERÁPICAS
A doença do paciente, como sinaliza Freud [1914(1976)], é atual, e dessa forma deve ser tratada. As
origens da doença é que estão associadas às experiências passadas. Portanto, o paciente irá repetir
fragmentos da vida real, atual.
Elaborar é trocar a atuação e as repetições por discernimento. É dar um novo sentido ao sofrimento.
Quando o paciente elabora não há mais repetição.
Deve-se dar ao paciente tempo para conhecer melhor esta resistência com a qual acabou de familia-
rizar, para elaborá-la, para superá-la, pela continuação, em desafio a ela, do trabalho analítico se-
gundo a regra fundamental da análise.
Nesse processo de recordar, repetir e elaborar, para Freud [1937(1976)], a função do terapeuta é a
de “completar aquilo que foi esquecido a partir dos traços que deixou atrás de si ou, mais corretamen-
te, construí-lo” (p. 293).
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PERÍCIAS PSICOLÓGICAS E O DEPOIMENTO ESPECIAL
O atendimento de crianças e adolescentes vítimas de violência, abuso ou exploração sexual, sem dú-
vida, representa uma das tarefas mais complexas e delicadas dentre todas as desempenhadas pelos
diversos integrantes do "Sistema de Garantias dos Direitos da Criança e do Adolescente", que preci-
sam ter o máximo de cautela para, de um lado, com a urgência devida, colher os elementos necessá-
rios à responsabilização dos agentes e, de outro, evitar que as vítimas tenham violados seus direitos
fundamentais à inviolabilidade da integridade física e psíquica, à intimidade, à privacidade ou sejam
expostas a situações constrangedoras e/ou potencialmente traumáticas.
Tendo em vista que tais ocorrências demandam a intervenção das mais diversas autoridades, órgãos
e equipamentos públicos, mais do que em qualquer outra situação se faz necessária a integração
operacional entre os mesmos, que deverão articular ações e efetuar um "planejamento estratégico"
acerca das intervenções a serem realizadas, como parte de uma política pública específica, de cu-
nho intersetorial, elaborada e executada por meio de profissionais qualificados.
E isto é um enorme desafio a ser enfrentado, pois demanda a adequada compreensão acerca do pa-
pel de cada um dos diversos "atores" que devem intervir no caso, que precisam "somar esforços" na
busca da solução que melhor atenda aos interesses das vítimas (no que diz respeito à sua prote-
ção e amparo, que devem ser também estendidos às suas famílias) e da própria sociedade (através
da rápida e eficaz responsabilização dos agentes, de modo que não continuem a praticar atos seme-
lhantes).
Em muitos casos, no entanto, percebe-se uma certa "confusão de papéis" entre alguns desses "ato-
res", que apesar de estarem imbuídos da melhor das intenções, ora acabam invadindo a esfera de
atribuições de outros, ora deixam de exercer, ao menos em sua plenitude e/ou da forma como deve-
riam, as atribuições que lhes são próprias, em ambos os casos com resultados desastrosos para a
correta apuração dos fatos e para a consequente proteção às vítimas e responsabilização dos agen-
tes.
Um dos exemplos clássicos diz respeito ao aparente "conflito de atribuições" entre o Conselho Tutelar
e a Polícia Judiciária, quando da notícia de violência/abuso/exploração sexual de crianças e adoles-
centes.
Nestes casos, é muito comum que o Conselho Tutelar passe a "investigar" a ocorrência em tese cri-
minosa, exercendo o papel de verdadeiro "órgão de segurança pública", de forma absolutamente in-
devida e sem qualquer articulação de ações com a Polícia Judiciária, que assim acaba deixando de
intervir em muitos casos ou tem seu trabalho comprometido, pois uma vez "alertados" pela atuação
imprópria (e desprovida de qualquer técnica investigativa) do Conselho Tutelar, os agentes/acusados
acabam destruindo provas, intimidando vítimas e testemunhas ou mesmo se evadindo, permane-
cendo livres para prática de novos crimes.
Evidente que não se está aqui afirmando que o Conselho Tutelar não deva intervir nos casos suspei-
tos de violência/abuso/exploração sexual de crianças e adolescentes, mas é preciso que o faça de
forma articulada com a Polícia Judiciária (sem prejuízo da intervenção de outros órgãos, programas e
serviços, como melhor veremos adiante), na perspectiva de proteger a vítima, e não de "investigar" o
crime em tese praticado, tarefa que é de responsabilidade daquela.
O problema, no entanto, não está apenas na falta de clareza acerca das atribuições de cada um dos
agentes e autoridades e que devem intervir no caso, mas também na forma como tais intervenções
são realizadas, haja vista que, infelizmente, o improviso e a falta de planejamento e de integração
operacional entre os órgãos se segurança pública e os programas e serviços destinados à proteção e
ao atendimento das vítimas e suas famílias, assim como a falta de profissionais qualificados para rea-
lização das intervenções que se fazem necessárias, ainda são a regra na imensa maioria dos municí-
pios.
Como resultado, crianças e adolescentes vítimas de violência, abuso e/ou exploração sexual acabam
sendo atendidas por pessoas que, embora bem intencionadas, não possuem o devido preparo para
efetuar as abordagens devidas, acabando assim por submetê-las, ainda que involuntariamente, à
chamada "revitimização", fazendo com que tenham de relatar (e assim reviver) os traumas sofridos,
em circunstâncias absolutamente desfavoráveis e constrangedoras.
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PERÍCIAS PSICOLÓGICAS E O DEPOIMENTO ESPECIAL
Como não há, em regra, qualquer ação integrada entre os diversos profissionais e autoridades encar-
regadas do atendimento do caso, as vítimas acabam sendo ouvidas em momentos distintos pelo
Conselho Tutelar, autoridade policial, Ministério Público e Poder Judiciário (e neste caso, não raro em
mais de uma ocasião), tendo de, em cada uma destas oportunidades, relatar novamente tudo o que
sofreram, fazendo com que as "feridas" abertas não cicatrizem jamais.
Desnecessário dizer que as sucessivas tomadas de declarações, em muitos casos realizadas com
um considerável lapso temporal entre elas, sem que os agentes encarregados tenham recebido qual-
quer qualificação funcional para exercer tal incumbência, tanto traz evidentes prejuízos às vítimas
quanto à própria investigação adequada (e célere) dos fatos, com trágicos resultados.
Diante de tal constatação, e reconhecendo seu próprio despreparo para o atendimento de crianças e
adolescentes vítimas de violência/abuso/ exploração sexual, algumas autoridades com atuação na
área passaram a propor alternativas às abordagens usualmente realizadas, que deveriam ser efetua-
das a partir da intervenção de profissionais das áreas da psicologia e/ou serviço social, em um ambi-
ente diferenciado, de modo que a vítima não tivesse de ficar frente a frente com o acusado e seu de-
fensor, em condições mais favoráveis que as até então oferecidas.
Esta nova sistemática passou a ser conhecida como "depoimento sem dano", sendo mais tarde deno-
minada de "depoimento especial", tendo sido implementada em algumas Delegacias e Varas Crimi-
nais especializadas no atendimento de crianças e adolescentes vítimas de violência em diversas regi-
ões do País [nota 3], que criaram "salas especiais" onde as declarações passaram a ser colhidas por
intermédio de um ou mais técnicos, que serviam de interlocutores para as perguntas que as autorida-
des e partes formulavam às vítimas por ocasião de uma audiência especialmente designada para
este fim.
A técnica encontra respaldo na Lei (valendo citar os arts. 5º, 15 a 18, e 100, par. único, incisos I, V, XI
e XII, da Lei nº 8.069/90) e na Constituição Federal (cf. art. 227, caput, de nossa Carta Magna), bem
como no disposto nos arts. 12, 19, 34 e 39, da Convenção da ONU sobre os Direitos da Criança, de
1989 (bem como no sempre invocado princípio elementar da dignidade da pessoa humana), tendo
sido a matéria recentemente regulamentada pela Resolução nº 33/2010, do Conselho Nacional de
Justiça, e objeto do Projeto de Lei nº 4.126/04, que se encontra em tramitação no Senado Federal.
Embora sem dúvida preferível à simples coleta das declarações da vítima diretamente pela autori-
dade (e eventualmente por outras pessoas), tal sistemática ainda não se mostra adequada, haja vista
que não evita a exposição da criança ou adolescente ao ambiente pouco acolhedor de uma Delega-
cia de Polícia ou Fórum (o simples fato de a vítima saber de antemão que terá de comparecer em tais
locais para ser "ouvida" - ainda que de forma indireta - é sem dúvida fonte de angústia e constrangi-
mento), não impede, quando realizada de por iniciativa isolada de apenas uma das autoridades en-
carregadas de intervir no caso, os "danos" resultantes das abordagens indevidas efetuadas pelas de-
mais e não permite, por ser realizada num único ato, que o(s) técnico(s) possa(m) estabelecer com a
vítima uma relação de confiança capaz de servir de base às indagações subsequentes, não lhe(s)
proporcionando a liberdade necessária para que possa(m) exercer plenamente suas atribuições.
É também preciso considerar que a simples intervenção de um ou mais técnicos, por si só, não é ga-
rantia de que a vítima não será exposta a situações constrangedoras, pois nem todos os profissionais
possuem a qualificação necessária para realização de tais abordagens.
Com efeito, tamanha é a complexidade da matéria, que poucos são os profissionais da psicologia e
serviço social (sem falar naqueles graduados em outras áreas) que estão, de fato, preparados para
atuar em casos semelhantes, sendo desnecessário dizer que em tais casos não basta "interrogar" a
criança/adolescente vítima e/ou procurar vestígios "físicos" da violência/abuso sofrido, pois boa parte
dos crimes desta natureza não deixam marcas visíveis (embora possam deixar profundos traumas
psicológicos, difíceis de detectar e tratar sem uma análise aprofundada da situação).
A sistemática atualmente instituída para coleta de informações junto a crianças e adolescentes víti-
mas de violência/abuso/exploração sexual ainda "peca" por transmitir a impressão (logicamente equi-
vocada) que a coleta do "depoimento" (ou melhor, das "declarações") da vítima perante a autoridade
policial e posteriormente perante a autoridade judiciária, em audiência (ainda que num formato ligeira-
mente diverso do ato "tradicional"), seria "imprescindível" à apuração dos fatos e/ou à responsabiliza-
ção dos agentes.
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PERÍCIAS PSICOLÓGICAS E O DEPOIMENTO ESPECIAL
É possível, no entanto, uma abordagem completamente diferenciada (afinal, todos os meios - lícitos -
são admissíveis para produção de provas), que dispensa a realização de uma "audiência" e/ou a co-
leta do "depoimento" (ou "declarações") da vítima e que, se corretamente executada, permite a reali-
zação das intervenções necessárias, tanto no sentido da proteção da vítima quanto da responsabili-
zação do agente, com a celeridade devida e sem a exposição daquela a situações constrangedoras
e/ou potencialmente traumáticas.
Trata-se de uma proposta alternativa, que coloca a coleta das informações sobre o ocorrido num con-
texto mais amplo de atendimento da vítima e sua família, procurando corrigir algumas das falhas que
o modelo do "depoimento sem dano/especial", ainda apresenta.
Primeiramente, de nada adianta falar em qualquer "técnica" envolvendo a coleta de informações junto
à vítima sem falar em profissionais qualificados para realização das abordagens necessárias. E
quando se fala em "profissionais", como melhor veremos adiante, é fundamental que estes sejam for-
mados em áreas diversas (como psicologia, serviço social e pedagogia), pois o atendimento da vítima
e a análise do caso sob a ótica interdisciplinar é verdadeiramente imprescindível.
A contratação e qualificação de tais profissionais é um grande desafio, haja vista que a maioria dos
municípios e mesmo das comarcas em todo o Brasil não dispõem de verdadeiras equipes técnicas
especializadas na realização de semelhantes abordagens, e poucos são os cursos ou programas de
qualificação para tanto existentes.
Trata-se, no entanto, de uma deficiência estrutural que precisa ser urgentemente superada, pois no
mundo de hoje não há mais espaço para o "amadorismo" e para o "improviso", que são absoluta-
mente incompatíveis com os princípios da proteção integral e da prioridade absoluta à criança e ao
adolescente que norteiam a matéria, que se aplicam indistintamente a todos os agentes públicos, ór-
gãos e instituições corresponsáveis pelo atendimento de crianças e adolescentes.
Semelhantes cautelas se fazem necessárias diante da constatação de que muitas das vítimas de vio-
lência/abuso/exploração sexual, seja por medo, vergonha, desejo de não prejudicar um ente querido
ou outros fatores, erguem diante de si o chamado "muro do silêncio" que, ao menos num primeiro mo-
mento, as impede de revelar o que ocorreu. Cabe aos profissionais encarregados de atender o caso,
com o máximo de cautela, empenho - e sensibilidade, suplantar tal barreira psicológica a partir do uso
de técnicas especiais de abordagem, realizadas inclusive forma indireta, tendo como ponto de partida
o estabelecimento de uma relação de confiança com a vítima.
Para tanto, na imensa maioria dos casos não basta a realização de uma única "audiência" (ou "entre-
vista" com a autoridade ou técnico responsável), e muito menos é conveniente que esta seja levada a
efeito numa Delegacia de Polícia ou Fórum, ainda que numa "sala especial" para tanto preparada (o
mesmo podendo se dizer em relação a outros espaços públicos previamente identificados como lo-
cais de atendimento de crianças e adolescentes vítimas, como o Conselho Tutelar ou mesmo os
CREAS/CRAS ou CAPs).
Assim sendo, é preciso que tais abordagens ocorram em ambientes neutros (e de preferência familia-
res e/ou agradáveis aos olhos da vítima), que não sejam previamente identificados como locais desti-
nados à apuração de crimes contra crianças e adolescentes, sendo precedidas de contatos prepara-
tórios destinados a fazer com que a vítima se sinta à vontade perante os profissionais que irão
atendê-la.
Se de um lado é necessário apurar os fatos com celeridade, de outro é preciso respeitar o "tempo" da
criança/adolescente, que varia de caso a caso, a depender da idade e maturidade da vítima, e assim
não admite a prévia indicação de "prazos" para conclusão dos trabalhos, máxime quando estes são
excessivamente reduzidos.
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Importante destacar que não se está propondo a simples elaboração de um "laudo", a partir de uma
"entrevista" realizada junto à vítima, mas sim o desenvolvimento de todo um trabalho de acompanha-
mento e análise do caso, a partir de um "planejamento estratégico" levado a efeito pelos profissionais
encarregados da execução das ações respectivas, na perspectiva de proporcionar à criança/adoles-
cente e à sua família o atendimento e o tratamento individualizado e especializado que lhes é devido.
A coleta das informações junto à vítima (nem se fala em tomada de um "depoimento" - ou de "decla-
rações", da maneira "tradicional" ou não), se insere nesse contexto mais abrangente, que deve ter
como "foco" central a sua "proteção integral", tal qual previsto no art. 1º, da Lei nº 8.069/90, e respei-
tar as normas e princípios que norteiam a matéria, valendo citar aqueles relacionados nos arts. 86 e
100, par. único, do mesmo Diploma Legal.
Para evitar que isto continue a ocorrer, é imprescindível a elaboração e implementação, a partir do
entendimento entre os diversos órgãos e autoridades corresponsáveis pela apuração dos fatos e pelo
atendimento das crianças e adolescentes vítimas e suas famílias, de uma verdadeira "rede de prote-
ção", que estabeleça um "protocolo (ou fluxo) de atendimento" destinado a evidenciar o papel de
cada um [nota 5], tendo como verdadeiro pressuposto a intervenção de uma equipe interprofissional
habilitada, que dará o necessário suporte técnico aos demais.
O ideal é que tal equipe técnica atue exclusivamente no atendimento de crianças e adolescentes víti-
mas de violência [nota 6], mas é também admissível, em especial nos municípios de menor porte,
que as abordagens necessárias sejam efetuadas por profissionais que atuam em outros programas
e/ou serviços públicos (como os CREAS/CRAS e CAPs), embora, como mencionado anteriormente,
devam para tanto ser devidamente qualificados e elaborar uma proposta de atendimento diferenci-
ada, que contemple a realização de visitas domiciliares e o contato com as vítimas em outros espa-
ços públicos e comunitários, sempre da forma que se mostrar mais adequada à situação psicossocial
de cada uma.
A articulação da "rede de proteção à criança e ao adolescente", vale dizer, permitirá otimizar o atendi-
mento também de outras demandas na área infanto-juvenil, mas para cada caso será necessário
um planejamento de ações específicas a serem desempenhadas pelos seus diversos integrantes,
que deverão conter a devida justificativa sob o ponto de vista técnico, sendo organizadas em docu-
mento a ser firmado por todos (o mencionado "protocolo de atuação interinstitucional") e levado à
análise e registro junto ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente local, órgão
que detém a competência legal e constitucional para formular e controlar a execução da política de
atendimento à criança e ao adolescente em âmbito municipal.
A partir da articulação da "rede de proteção", sempre que surgirem casos suspeitos de violên-
cia/abuso/exploração sexual de crianças e adolescentes, os diversos corresponsáveis pelo atendi-
mento da situação já terão definido, ao menos em linhas gerais, o caminho a ser trilhado tanto no
sentido da responsabilização (penal e civil) dos agentes, quanto no sentido da proteção às vítimas,
que serão desde logo atendidas por profissionais habilitados capazes de proporcionar-lhes o trata-
mento especializado (e qualificado) que lhes é devido, com a celeridade prevista em lei e da
forma menos "invasiva" e traumática possível.
Inserido neste contexto mais abrangente de atendimento - e de "proteção integral" - à vítima, a coleta
de informações sobre o ocorrido junto à mesma deixa de ser sinônimo de "tomada de depoimento/de-
clarações em audiência" (seja sob o modelo "tradicional", seja sob a forma do "depoimento sem
dano" ou "especial"), e passa a assumir os contornos de verdadeira "perícia técnica interprofissional",
que pode ser determinada (inclusive para preservar a vítima e permitir a realização, desde logo, de
um trabalho voltado à superação do trauma sofrido) a título de produção antecipada de prova, nos
moldes do previsto pelo art. 156, inciso I, do Código de Processo Penal.
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PERÍCIAS PSICOLÓGICAS E O DEPOIMENTO ESPECIAL
Assim sendo, neste modelo, a própria audiência destinada a colher as declarações da vítima é substi-
tuída por uma verdadeira perícia técnica interdisciplinar (e a participação de mais de um profissional
habilitado é de importância capital, para que o caso seja analisado sob a ótica interdisciplinar), com a
autoridade policial e/ou o Juiz e as partes/interessados formulando quesitos a serem respondidos
pela equipe interprofissional responsável pelo atendimento do caso, que também deverá apresentar
suas conclusões (com as justificativas devidas) e apontar as alternativas existentes para sua efetiva
solução, tanto no que diz respeito à proteção da vítima quanto à responsabilização criminal do(s)
agente(s).
A coleta das informações necessárias deixa de ocorrer num único ato (ou em atos sucessivos, reali-
zados por autoridades diversas, de maneira totalmente desconexa), de forma improvisada e/ou medi-
ante a singela formulação de "perguntas" à vítima, e passa a fazer parte de uma proposta de atendi-
mento mais ampla, dentro de uma verdadeira "política pública intersetorial" especificamente voltada
aos casos de violência/abuso/exploração sexual de crianças e adolescentes, que contemple a articu-
lação/integração operacional entre a autoridade policial, o Poder Judiciário e os órgãos técnicos a
serviço deste e/ou com atuação no município.
As abordagens técnicas junto à vítima e sua família passam a ser efetuadas com a urgência e profis-
sionalismo que se fazem necessários, em ambientes adequados, a partir de um planejamento de
ações que respeite as normas e princípios aplicáveis em matéria de infância e juventude e as peculia-
ridades de cada caso (idade e maturidade da vítima, contexto familiar e social, envolvimento de pa-
rentes ou pessoas próximas etc.), servindo de respaldo tanto à atuação da autoridade policial respon-
sável pela investigação do crime em tese praticado (e seus desdobramentos posteriores, após a ins-
tauração da competente ação penal), quanto dos órgãos encarregados de proteção de crianças e
adolescentes, como o Conselho Tutelar.
A criação de tal serviço, em caráter oficial, com o planejamento de ações e a definição do mencio-
nado "protocolo" de ação interinstitucional permite que os técnicos responsáveis pelo atendimento
das crianças e adolescentes vítimas sejam chamados a intervir assim que surja a suspeita da ocor-
rência em tese criminosa, e possam, desde logo, fornecer às autoridades competentes os subsídios
necessários à tomada das medidas administrativas e judiciais cabíveis (dentre os quais citamos, na
esfera criminal, indiciamento de acusados, pedidos de afastamento de agressores [nota 12], prisão
temporária ou preventiva e, na esfera cível, pedidos de destituição de guarda ou tutela, suspensão ou
destituição do poder familiar, além da aplicação das medidas de proteção que se mostrarem adequa-
das, com o encaminhamento da vítima e sua família aos programas e serviços correspondentes).
Consoante mencionado, a "perícia interprofissional" pode (e deve) ser realizada a título de "produção
antecipada de prova", devendo-se tomar as cautelas necessárias para assegurar que o laudo respec-
tivo possa servir de prova nos processos judiciais daí decorrentes, procurando-se, sobretudo, assegu-
rar o contraditório àqueles que, ab initio, figurarem como responsáveis (ainda que por mera suspeita)
das condutas ilícitas apuradas.
A equipe técnica encarregada da abordagem efetuará a análise do caso sob a ótica interdisciplinar,
sendo que embora o "laudo pericial" ao final apresentado seja um só, suas conclusões devem ser ex-
traídas justamente a partir da interlocução entre profissionais de especialidades diversas. Da mesma
forma, os quesitos apresentados pelas autoridades, assim como pelas partes e interessados serão
respondidos pela equipe técnica que, se necessário, poderão ser chamadas a prestar os esclareci-
mentos necessários e deverão descrever a metodologia empregada nas abordagens realizadas (que
poderão, inclusive, ser registradas em áudio e vídeo), sem prejuízo do atendimento "protetivo" da ví-
tima, que segue um planejamento diferenciado e independe de qualquer iniciativa das autoridades
policial ou judiciária para ser iniciado, sendo seu término ditado pelas necessidades específicas da
vítima, tal qual disposto nos arts. 1º c/c 100, caput e par. único, da Lei nº 8.069/90.
Importante reafirmar, a propósito, que a intervenção dos técnicos e autoridades co-responsáveis pelo
atendimento do caso deve obedecer aos princípios relacionados no citado art. 100, caput e par.
único, da Lei nº 8.069/90, devendo haver flexibilidade nas ações a serem desenvolvidas e nos prazos
a serem fixados para apresentação do(s) laudo(s) respectivo(s), que não podem ser excessivamente
reduzidos, sob pena de comprometer o resultado de todo o trabalho efetuado, que como mencionado
deve ser invariavelmente voltado à proteção integral infanto-juvenil.
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PERÍCIAS PSICOLÓGICAS E O DEPOIMENTO ESPECIAL
Se a implementação de tal sistemática, por um lado, parece complexa, por outro não resta dúvida que
o mecanismo proposto se mostra muito mais adequado que a simples tomada das declarações da
vítima (ainda que sob a forma de "depoimento sem dano" ou "especial"), inclusive por instituir uma
dinâmica de colaboração - o tão falado trabalho em "rede" - que trará enormes benefícios para o aten-
dimento de outras demandas a cargo das mesmas autoridades, programas e serviços com atuação
na área infanto-juvenil.
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ELABORAÇÃO DE PARECER E LAUDO PSICOLÓGICO
Na hora de avaliar candidatos para uma determinada posição, não basta apenas considerar sua ca-
pacidade e conhecimento técnico, ou a experiência profissional. Muitas vezes, uma avaliação psico-
lógica e comportamental também ajuda você a tomar essa decisão.
Essa análise pode ser apresentada em um modelo de laudo ou um modelo de parecer psicológico,
mas será que você reconhece a diferença entre laudo e parecer? Ou, ainda: sabe o que isso tem a
ver com o trabalho de recrutamento e seleção do seu RH?
É muito importante que você compreenda a diferença entre esses instrumentos, pois eles afetam
tanto a operação quanto os seus custos — já que trabalhos diferentes, obviamente, envolvem esfor-
ços e tempos diferentes no processo seletivo. Então, para esclarecer as suas dúvidas, continue esta
leitura e confira mais sobre esses dois tipos de documentos!
O laudo e o parecer fazem parte da última etapa de um trabalho sério de avaliação e recrutamento de
pessoas. Trata-se, contudo, de duas peças bem distintas. O laudo, por exemplo, é mais fundamen-
tado do que o parecer.
Ambos são realizados por profissionais de psicologia devidamente capacitados para atuar em pro-
cessos seletivos, e representam o resultado de uma avaliação psicológica. Logo, você não pode pro-
duzir tais documentos sem a formação adequada e um CRP ativo. Ainda assim, é importante compre-
ender a diferença entre os dois, para saber quando cada um se eum se encaixa no seu processo.
O laudo psicológico
Esse laudo é realizado a partir de dados colhidos e analisados com um instrumental técnico múltiplo,
que inclui dinâmicas, observações, entrevistas, testes psicológicos, exame psíquico, intervenção
verbal e ainda outros métodos. Todos esses instrumentos precisam da aplicação de um psicólogo
responsável por produzir o documento.
Tal tipo de relatório deve ser construído com natureza e valores científicos e éticos. Ele precisa conter
narrativa e didática detalhadas com a máxima precisão, clareza e harmonia, o que significa que os
termos técnicos devem ser sempre acompanhados pelas respectivas explicações ou conceituações,
retiradas dos fundamentos teórico-filosóficos que lhes servem de base.
A estrutura de um laudo
Como esse documento exige uma abordagem mais completa, com metodologia científica e descrição
técnica, sua elaboração laudo segue um padrão bastante específico, para facilitar a padronização da
apresentação dos resultados. Os cinco elementos fundamentais da sua elaboração são:
Identificação
Serve para apontar quem é o candidato avaliado e suas informações pessoais mais relevantes. Além
de servir para controle e acompanhamento, ela oferece subsídios para os demais elementos do
laudo.
Demanda
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ELABORAÇÃO DE PARECER E LAUDO PSICOLÓGICO
Todo laudo precisa ser motivado. No processo de contratação, por exemplo, ele pode ser solicitado
para esclarecimento de dúvidas sobre a condição psicológica do candidato. Já para a gestão interna
de pessoas, sua solicitação pode ser feita mediante apresentação de queixas ou outras exigências
específicas.
Técnicas utilizadas/procedimento
Já que exige metodologia científica adequada, todas as técnicas utilizadas devem estar descritas no
próprio laudo. Em geral, são utilizados variados testes e métodos, cujos resultados são avaliados
posteriormente.
Análise
Aqui, o psicólogo descreve metodicamente as situações que ocorreram durante a avaliação que se
relacionam de alguma forma com a demanda, além dos dados que coletou.
Essa descrição deve ser objetiva e fiel, respeitando a fundamentação teórica dos instrumentos utiliza-
dos e as normas éticas. Inclusive no que diz respeito ao sigilo: conforme o Código de Ética do Psicó-
logo, não se pode falar de nada além do que for realmente necessário para respaldar o encaminha-
mento. Além disso, não se pode escrever nada sem fundamento teórico ou baseado em fatos.
Conclusão
Esse é o elemento sintetizador de todas as técnicas, métodos, análises e dados. A partir dele, é pos-
sível identificar as informações inicialmente desejadas sobre o colaborador avaliado.
Os laudos são especialmente úteis para se levantar informações sobre a capacidade de um deter-
minado candidato para ocupar uma posição específica. Por meio de recursos como observação, tes-
tes, dinâmicas e entrevistas, o psicólogo é capaz de analisar, por exemplo, se a pessoa tem algum
distúrbio que possa atrapalhar a sua atuação profissional no exercício da posição almejada.
O nível de informações requeridas dependerá do nível de responsabilidade que ele terá, da profissão
a ser exercida e de qual é a visão da empresa sobre todo esse procedimento. Assim, como trata-se
de um estudo aprofundado sobre a condição de um determinado indivíduo, o laudo costuma ser utili-
zado em momentos pontuais — como no final do processo seletivo, quando serve para subsidiar a
decisão final para contratação.
Um modelo de laudo psicológico se inicia com a identificação do seu autor ou autores. Em outras pa-
lavras, o psicólogo coloca o seu nome e sua inscrição no Conselho Regional de Psicologia; em se-
guida, identifica quem solicitou o documento (a sua empresa, no caso) e a sua finalidade, ou seja, o
motivo do seu pedido.
O parecer psicológico
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ELABORAÇÃO DE PARECER E LAUDO PSICOLÓGICO
Assim como o laudo, o parecer deve ser feito por meio de avaliação especializada. Geralmente, lau-
dos são motivados por “questões-problemas”, visando ao esclarecimento de dúvidas que interferem
nas decisões de RH. Nesse caso, podemos afirmar que o parecer é uma resposta à determinada con-
sulta, o que exige do parecerista uma competência no assunto envolvido.
É importante apontar, entretanto, que, no parecer, quando não há dados para a resposta ou mesmo
quando o profissional não puder ser categórico, é preciso utilizar a expressão “sem elementos de
convicção”. No caso de má formulação de quesitos, ao responder aos questionamentos, o parecerista
pode recorrer a afirmações inconclusivas, como “sem elementos”, “prejudicado” ou “aguardando evo-
lução”.
A estrutura de um parecer
Assim como o laudo, o parecer deve conter elementos técnicos para formar uma estrutura padroni-
zada e adequada. Sua estrutura é composta por:
Cabeçalho
Aqui não é exigido, necessariamente, a identificação completa do avaliado. Embora os dados identifi-
cadores ainda sejam importantes para fins de controle, esse não é o quesito primordial do relatório. A
identificação do avaliador, por outro lado, é fundamental, incluindo seus dados pessoais e titulação. O
objetivo é atestar que o profissional responsável tem capacitação e experiência para ratificar o resul-
tado do parecer.
Exposição de motivos
Como é sempre solicitado por alguém, todo parecer psicológico deve estar bem embasado nas ra-
zões que o motivaram. Um diretor de RH, ao solicitar um parecer sobre determinada profissional, por
exemplo, precisa apontar as questões que o levaram a fazer essa solicitação.
É exatamente nesse item que acontece a exposição do problema principal a ser solucionado ou das
dúvidas a serem resolvidas com a ajuda do parecer. Assim, a situação-chave tem que ser exposta, de
modo que não haja dúvidas sobre quais informações devem ser levantadas. Aqui não é necessário,
no entanto, a descrição detalhada de procedimentos, como dados coletados ou nome dos envolvidos.
Discussão/análise
Baseando-se nos elementos, tanto os coletados com o interlocutor quanto aqueles fornecidos pelo
solicitante, o especialista precisa fazer uma análise utilizando os seus conhecimentos. Isso deve ser
realizado com base nos fundamentos necessários existentes, como a ética e a técnica, por exemplo.
Além disso, as citações e informações precisam respeitar as normas de referências de trabalhos cien-
tíficos.
Conclusão
Baseando-se em tudo o que foi exposto e coletado, o perito oferece a sua avaliação sobre aquela
questão, de maneira direta e clara. Como visto, entretanto, ele pode não oferecer um resultado con-
clusivo caso os elementos não permitam uma avaliação completa.
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ELABORAÇÃO DE PARECER E LAUDO PSICOLÓGICO
Por funcionar como uma espécie de “resumo” do relatório psicológico e não ter o objetivo de fazer
uma avaliação ampla do perfil psicológico do candidato, seu uso está ligado a uma necessidade pon-
tual para resolução de um problema ou esclarecimento de determinado aspecto relevante.
Como já mencionado, o modelo de parecer se inicia com a identificação do parecerista, com seu
nome e sua titulação. Também é preciso identificar o solicitante da mesma maneira. Segue-se, então,
o restante da estrutura apresentada anteriormente, e no final, faz-se o mesmo que no caso do laudo:
indica-se o local e a data de emissão, seguidos pela assinatura do psicólogo e o seu número no CRP.
Embora sejam muitos diferentes, esses dois documentos oferecem subsídios que não são encontra-
dos em outras avaliações e observações mais comumente adotadas no processo seletivo.
Com o uso de laudo (para uma abordagem mais ampla do perfil do profissional) ou do parecer (para
uma definição mais resumida), é possível levantar subsídios para fundamentar a sua decisão e torná-
la mais assertiva e qualificada nesse sentido. Assim, suas contratações passam a ser mais eficientes,
e seus resultados são positivamente impactados.
Do ponto de vista do RH, portanto, tanto o laudo quanto o parecer contribuem para a captação dos
talentos adequados ao negócio e à empresa.
Em resumo, como vimos, o laudo é produzido após a aplicação de alguns testes, dinâmicas e exa-
mes com o candidato. O parecer, por sua vez, é feito com o foco em uma questão específica a ser
respondida.
Existem hoje vários recursos que ajudam a criação de testes psicológicos e a elaboração de avalia-
ções — que, eventualmente, podem ser usadas em laudos e/ou em pareceres. No entanto, para as-
segurar o efetivo uso dessas ferramentas, é essencial que isso seja feito por profissionais certificados
no Conselho Regional de Psicologia (CRP).
Mais do que isso, é importante que as próprias ferramentas tenham o aval do Conselho Federal de
Psicologia (CFP), já que isso significa que eles atendem a critérios éticos e técnicos capazes de gerar
um resultado avaliativo confiável.
Perceba aqui que as duas condições são indissociáveis: esses recursos, apesar de terem ótima quali-
dade, dependem da manipulação de um competente profissional de psicologia para compilar e avaliar
as informações coletadas. Portanto, independentemente das ferramentas empregadas, ainda é ne-
cessário contar com especialistas que poderão atestar, de forma segura, as conclusões de cada do-
cumento.
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ELABORAÇÃO DE PARECER E LAUDO PSICOLÓGICO
Caso algum desses critérios não seja seguido, a empresa estará indo contra normas e poderá ser
considerada como antiética. E ela também pode se prejudicar em seus próprios resultados, justa-
mente por não contar com os recursos e profissionais certos. Portanto, não deixe de investir em psi-
cólogos no seu time e em práticas e instrumentos adequados!
Podemos dizer, por fim, que a principal diferença entre laudo e parecer é a sua funcionalidade. En-
quanto o primeiro oferece uma abordagem completa, o segundo tem como foco a resolução de uma
questão-problema. Assim, em certos casos, um pode até complementar o outro.
Em um processo seletivo, é sempre interessante que hajam avaliações psicológicas (gerando laudos)
para conhecer melhor os candidatos. E, quando houver dúvidas ou questões mais específicas, você
pode pedir ao psicólogo para realizar um parecer.
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GESTÃO DE CONFLITOS
Gestão de Conflitos
Os conflitos são presentes em todos os ambientes, organizacionais ou não, pois sempre que houver
a convivência entre um grupo de pessoas, inevitavelmente haverá divergências de ideias, objetivos,
entre outros fatores. Os gestores geralmente veem os conflitos como sinônimo de problema, mas, é
possível que as divergências tragam benefícios às atividades empresarias?
Diante disso se torna instigante estudar e conhecer melhor o assunto, que é ainda pouco abordado
em trabalhos científicos e nas organizações, embora seja de suma importância para uma
boa gestão de pessoas.
O presente artigo aborda a gestão de conflitos nas organizações, sob a ótica de que situações
conflituosas, se bem administradas, podem apresentar oportunidades de crescimento e mudanças.
Diante disso objetiva-se conceituar e analisar os conflitos, assim como seus tipos e abordagens, a fim
de identificar seus efeitos nas organizações.
A busca do objetivo deste trabalho realizar-se-á através de pesquisa bibliográfica, a qual será
desenvolvida a partir de materiais já elaborados, principalmente livros e artigos bibliográficos que
tratem do assunto abordado.
Conceitos De Conflito
Conforme Berg (2012), a palavra conflito vem do latim conflictus, que significa choque entre duas
coisas, embate de pessoas, ou grupos opostos que lutam entre si, ou seja, é um embate entre duas
forças contrárias.
Aplicando à realidade, conflito é um estado antagônico de ideias, pessoas ou interesses e não passa,
basicamente, da existência de opiniões e de situações divergentes ou incompatíveis. (BERG, 2012)
Berg (2012, p.18), afirma ainda que: “O conflito nos tempos atuais é inevitável e sempre evidente.
Entretanto, compreendê-lo, e saber lidar com ele, é fundamental para o seu sucesso pessoal e
profissional”.
Burbridge e Burbridge (2012) defendem que conflitos são naturais e em muitos casos necessários.
São o motor que impulsiona as mudanças. No entanto muitos conflitos são desnecessários e
destroem valores, causando prejuízo para as empresas e pessoas que nela trabalham. O principal
desafio dos gestores é identificar os conflitos produtivos e contra produtivos e gerenciá-los.
Já para Chiavenato (2004), conflito ocorre pela diferença de objetivos e interesses pessoais, e é parte
inevitável da natureza humana; constitui o lado oposto da cooperação e da colaboração, a palavra
conflito está ligada a desacordo, discórdia, etc. Para que haja conflito, além da diferença dos fatores
citados, deve haver uma interferência deliberada de uma das partes envolvidas, ou seja, quando uma
das partes, seja individuo ou grupo, tenta alcançar seus próprios objetivos interligados com alguma
outra parte, a qual interfere na sua busca de atingir os objetivos.
Desta forma, conforme Chiavenato (2004, p. 416), “o conflito é muito mais do que um simples acordo
ou divergência: constitui uma interferência ativa ou passiva, mas deliberada para impor um bloqueio
sobre a tentativa de outra parte de alcançar os seus objetivos”.
O conflito pode ocorrer no contexto de relacionamentos entre duas ou mais partes, podendo ser entre
pessoas, grupos ou organizações, assim como pode ocorrer entre mais de duas partes ao mesmo
tempo. Nota-se que maior parte dos autores concordam sobre a inevitabilidade do conflito, pois é da
natureza humana, e como as pessoas integram as organizações, estas terão de aprender a lidar com
essa realidade.
Tipos De Conflitos
Para melhor conhecermos os conflitos é importante que saibamos suas formas e tipos de ocorrência,
de maneira que ao se deparar com uma situação de atrito possamos identificá-la, para assim buscar
a melhor forma de resolução.
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GESTÃO DE CONFLITOS
Berg (2012) defende que existem três tipos de conflitos: pessoais, interpessoais e organizacionais,
conforme veremos a seguir. Conflito pessoal: é como a pessoa lida com si mesma, são inquietações,
dissonâncias pessoais do indivíduo, e reflete num abismo entre o que se diz e faz, ou contraste entre
o que se pensa e como age. Esse tipo de conflito pode levar a determinados estados de estresse e
atrito. Conflito interpessoal: é aquele que ocorre entre indivíduos, quando duas ou mais pessoas
encaram uma situação de maneira diferente.
Embora boa parte dos conflitos sejam causados por processos organizacionais, a maioria dos atritos
e desavenças são, no entanto, de origem interpessoal, o que torna-as mais difíceis de se lidar.
Podem existir ainda dentro dos conflitos interpessoais, o intragrupal (divergência numa mesma área,
setor, etc.), e intergrupal (dissensão entre áreas, setores diferentes). Conflito organizacional: esse
tipo de conflito não é fundamentado em sistema de princípios e valores pessoais, e sim do resultado
das dinâmicas organizacionais em constante mudança, muitas delas externas à empresa.
Já para Burbridge e Burbridge (2012), existem dois tipos de conflitos, o interno e externo. Conflito
interno é o que pode ocorrer entre departamentos ou unidades de negócios, mas sempre tem como
raiz o conflito entre pessoas. Esse tipo é de certa forma o mais complexo, pois as partes conflitantes
estão supostamente do mesmo lado da mesa e a maior parte dos custos é oculta. O conflito externo
em geral é mais facilmente identificado, e tem o custo mais fácil de ser medido. Nesse caso o conflito
pode ocorrer com outra empresa, com o governo, outra organização ou até com um individuo. Em
todos os casos onde há conflito há pessoas, onde há pessoas há emoções.
Para Chiavenato (2004), existem vários tipos de conflitos: o conflito interno e o conflito externo. O
interno, ou intrapessoal, envolve dilemas de ordem pessoal; o externo envolve vários níveis, como:
interpessoal, intragrupal, intergrupal, intra-organizacional e interorganizacional.
Chiavenato (2004) afirma ainda que o conflito pode ocorrer em vários níveis de gravidade, conforme
segue a seguir. Conflito percebido: é quando as partes percebem e compreendem que o conflito
existe, pois sentem que seus objetivos são diferentes dos objetivos dos outros e que existem
oportunidades de interferência ou bloqueio. É chamado de conflito latente. Conflito experienciado: é
quando o conflito provoca sentimentos de hostilidade, raiva, medo, descrédito entre uma parte e
outra. É chamado de conflito velado, pois não é manifestado externamente com clareza. Conflito
manifestado: é quando o conflito é expresso através de comportamento de interferência ativa ou
passiva, por ao menos uma das partes. É chamado conflito aberto.
Conhecendo a natureza e o tipo de conflito, o gestor poderá agir com mais assertividade,
aumentando suas chances de tomar uma decisão que mantenha o bem estar entre as pessoas ou
grupos, sem conivência e injustiças.
Conforme a evolução do tema, verificamos que o conflito é inevitável e constante nas organizações,
porém existem ambientes e situações que potencializam a ocorrência do mesmo, sendo que uma boa
forma de entender e trabalhar um assunto é estudando suas causas. Por isso abordaremos a seguir
alguns fatores causadores de conflitos nas organizações.
As principais causas de conflito organizacional, para Berg (2012), são: Mudanças: as mudanças
ocorrem principalmente por pressão do mercado, forçando a organização a adaptar-se às novas
realidades. Essas alterações são geralmente de caráter tecnológico, estrutural ou comportamental,
buscando com isso melhorar a eficácia na busca por resultados, aumentar ou manter lucros, enxugar
custos, atualizar a organizações em todos os aspectos, crescer ou manter-se no mercado. Mudanças
organizacionais podem trazer demissões, reestruturações e espalhar medo e resistência, por isso
representam uma fértil fonte de conflitos.
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GESTÃO DE CONFLITOS
Chiavenato (2004) defende que, existem nas organizações certas condições inerentes à mesma, que
tendem a criar percepções entre pessoas e grupos, predispondo ambientes de conflito. Esse cenário
constitui as condições antecedentes dos conflitos, que conforme o autor dividem-se em quatro tipos,
conforme a seguir: ambiguidade de papel: quando as expectativas são pouco claras e confusas, além
de outras incertezas, aumentando a probabilidade de fazer com que as pessoas sintam que estão
trabalhando para propósitos incompatíveis; objetivos concorrentes: como o crescimento da
organização os grupos e setores se especializam cada vez mais na busca por seus objetivos.
Desta forma cada grupo realiza tarefas diferentes, focando objetivos diferentes, relaciona-se com
partes distintas do ambiente, ou seja, surge a diferenciação, objetivos e interesses desiguais dos
demais grupos da organização; recursos compartilhados: os recursos organizacionais são limitados e
escassos, e a quantidade disponível precisa ser distribuída e alocada entre os grupos da empresa, de
forma que, se um grupo aumentar sua quantidade de recursos, outro grupo perderá ou terá de abrir
mão de uma parcela dos seus. Isso provoca a percepção de objetivos e interesses diferentes e
incongruentes; interdependência de atividades: as pessoas e grupos de uma organização precisam
uns dos outros para desenvolver suas atividades e alcançar os objetivos. Isso ocorre quando um
grupo não pode realizar a sua tarefa e alcançar seu objetivo a não se que outro grupo realize a sua
ou alcance o seu. Quando os grupos são altamente interdependentes existem oportunidades de que
um grupo auxilie ou prejudique o trabalho dos demais, o que é um potencial conflito.
De acordo com Burbridge e Burbridge (2012), a natureza de um conflito pode ser vista em três
categorias: origem do comportamento humano é a parte mais complexa e integral de todo o tipo de
conflito, pois cada um te seu universo particular composto de uma matriz de sentimentos, reações e
pensamentos; origem estrutural se refere a normas, politicas e procedimentos, e particularmente
fluxos de informações da própria empresa, podem ser em parte responsáveis por boa parte dos
conflitos desnecessários; origem externa onde muitos conflitos que vem do mundo externo são
necessários e fazem parte do negócio, como tensões de mercado, e aspectos de entidades públicas
e governo.
Como verificamos são diversas as razões de um conflito, mas é imprescindível que o gestor faça um
diagnóstico do acontecimento para entender sua causa e a partir daí resolver da forma mais
adequada. Nem sempre o fato gerador do conflito poderá ser extinto, mas cabe ao administrador
fazer o possível para que os impactos negativos sejam minimizados.
Administração De Conflitos
Uma vez que conhecidos e identificados os conflitos precisam ser administrados ou geridos, para que
se resolvam da forma mais eficiente e eficaz.
Quando se estiver administrando um conflito, de acordo com Neto (2005), é de suma importância que
antes de tomar qualquer decisão investiguem-se os fatos ocorridos, assim como as pessoas
envolvidas, suas condutas, desempenho, entre outros. Tudo para que injustiças não sejam cometidas
e o conflito tenha um final satisfatório para todos.
A respeito da administração de conflitos, Chiavenato (2004, p. 418) afirma que: “uma qualidade
importante no administrador é sua qualidade de administrar conflitos”.
Para isso, o gestor tem à sua disposição três abordagens para administrar conflitos, sendo elas,
conforme Chiavenato (2004):
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GESTÃO DE CONFLITOS
c) Abordagem mista: envolve tanto os aspectos estruturais como os de processo, e pode ser feita
através da adoção de regras para resolução de conflitos, ou criação de papéis integradores. A
adoção de regras se utiliza de meios estruturais para influenciar no processo de conflito, criando
regras e regulamentos que delimitem a ação das pessoas. Já a criação de papéis integradores
consiste em criar terceiras partes dentro da organização, de forma que elas estejam sempre
disponíveis para auxiliar na busca de soluções favoráveis dos conflitos que possam surgir.
Para Berg (2012) existem várias maneiras de abordar e administrar conflitos, porém uma das mais
eficazes é denominada de “Estilos de administração de Conflitos”, método criado por Kenneth
Thomas e Ralph Kilmann, que propõem cinco formas de administrar conflitos, conforme a seguir:
a) Competição: é uma atitude assertiva e não cooperativa, onde prevalece o uso do poder. Ao
competir o individuo procura atingir seus próprios interesses em detrimento dos da outra pessoa, é
um estilo agressivo onde o individuo faz uso do poder para vencer.
c) Afastamento: é uma atitude inassertiva e não cooperativa, pois ao afastar-se a pessoa não se
empenha em satisfazer os seus interesses e nem tampouco coopera com a outra pessoa. O indivíduo
se coloca à margem do conflito, adiando-o ou recuando perante situações de ameaça.
d) Acordo: é uma posição intermediária entre a assertividade e cooperação, onde o individuo procura
soluções mutuamente aceitáveis, que satisfaçam parcialmente os dois lados. O acordo significa trocar
concessões, ou então procurar por uma rápida solução de meio termo.
e) Colaboração: é uma atitude tanto assertiva quanto cooperativa, onde ao colaborar o indivíduo
procura trabalhar com a outra pessoa tendo em vista encontrar uma solução que satisfaça
plenamente os interesses das duas partes.
Berg (2012) afirma ainda que não existe estilo certo ou errado para gerir conflitos, e que cada um
pode ser apropriado e efetivo dependendo da situação, do assunto a ser resolvido e dos personagens
envolvidos. O importante é conhecer e servir-se das várias opções a nossa disposição para manejar
conflitos e aprender a utilizar suas técnicas.
Nem todo conflito é igual e nem todo conflito deve ser abordado da mesma forma, conforme
Burbridge e Burbridge (2012), por esta razão o gestor precisa saber como e quando usar cada
ferramenta a sua disposição, como: negociação, poder, litígio, arbitragem, ouvidoria, conciliação, e
diversas ouras ferramentas disponíveis. Portanto o desafio está em saber o que aplicar em cada
ocasião, procurando escolher e aplicar as técnicas de forma inteligente.
Embora os estudos sobre conflitos convirjam para ideia de que estes são diferentes e devem ser
analisados caso a caso, é importante que seja do conhecimento do gestor as diferentes formas de
abordagem dos desentendimentos, para que ao identificar sua tipicidade, possa aplicar a ferramenta
mais adequada para conclusão da situação conflitante.
Os conflitos podem ter resultados positivos ou negativos, esse resultado depende de diversos fatores,
desde o motivo do conflito até mesmo a forma como foi tratado.
Chiavenato (2004) destaca alguns efeitos positivos e negativos dos conflitos, conforme a seguir:
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GESTÃO DE CONFLITOS
Efeitos positivos: o conflito desperta sentimentos e energia no grupo, fazendo com que muitas vezes
busquem meios mais eficazes de realizar tarefas e soluções criativas e inovadoras. Também é
estimulada a coesão intragrupal, e por vezes é chamada atenção para problemas existentes, que
sendo tratados de forma eficaz evitam problemas maiores no futuro.
Efeitos negativos: o conflito pode provocar consequências indesejáveis para o bom funcionamento da
organização, como sentimentos de frustação, hostilidade e tensão nas pessoas, que prejudica tanto o
desempenho das tarefas como o bem-estar das pessoas. Geralmente é desperdiçada muita energia
na resolução de conflitos, o que poderia ser direcionado para o trabalho, e podem surgir
comportamentos que prejudiquem a cooperação e relacionamentos entre as pessoas do grupo.
“O que vai determinar se o conflito é construtivo ou negativo será a motivação das pessoas
envolvidas, sendo que, em qualquer organização, é de responsabilidade do gestor ou gerente facilitar
a gestão desse conflito.” (McINTYRE, 2007, p. 303).
Evidencia-se que os conflitos interferem sim no funcionamento das organizações, resta então
identificar se essa interferência é favorável ou não às atividades, estimulando as situações onde as
discordâncias geram novas ideias e soluções diferenciadas, e mitigando aquelas onde as
consequências serão restritas aos custos e perdas, tanto na produtividade quanto na qualidade de
relacionamento entre as pessoas.
Nesse artigo foi possível conhecer e explorar o conflito desde seu conceito até os efeitos gerados por
ele nas organizações, tendo em vista aprimorar práticas e desmistificar o assunto como sendo um
problema para o gestor e as empresas.
A administração de conflitos exige muita habilidade por parte de quem for tratá-lo, porém nem sempre
é ruim, se bem analisado e com o uso das ferramentas corretas ele pode transformar-se em um
aliado do crescimento e da mudança.
As pessoas têm personalidades e opiniões diferentes, por isso é comum ter situações divergentes na
convivência, tanto em ambientes familiares quanto empresariais. Mas se a razão do conflito for boa e
construtiva, um simples choque de opiniões pode trazer uma mudança importante e necessária.
Através do conteúdo apresentado foi possível ter acesso às diferentes modalidades de resolução de
conflitos, e identificado que as situações conflitantes podem ser encaradas de diversas formas, desde
a mais pacífica, até o embate entre as partes, porém sempre de forma respeitosa e digna, não
deixando as emoções de lado, mas controlando-as para que não gerem indisposições
desnecessárias e sem sentido.
O maior desafio então é saber escolher a melhor estratégia de resolução para cada caso, levando em
consideração tudo que for importante, escutando os envolvidos e buscando aumentar os efeitos
construtivos e minimizar os destrutivos, promovendo o bem estar entre as pessoas e o
desenvolvimento da organização. O que sempre fará a diferença serão as pessoas, suas intenções e
habilidades, por isso são tão importantes nas organizações, e estudar formas de auxiliar na sua
convivência e bem estar se faz necessário e imprescindível para todo gestor a as organizações que
desejam sucesso.
Em um ambiente de trabalho, existem conflitos. Afinal, cada pessoa possui sua respectiva
personalidade e um modo de pensar específico – dessa forma, é comum as ideias de um não
baterem com as de um colega de trabalho, gerando desentendimentos que (em boa parte das vezes)
poderiam ser evitados com a Gestão de Conflitos.
Existem algumas formas de se lidar com conflitos, algumas eficazes, outras nem tanto. Afinal, acaba
sendo ainda mais complicado quando um dos integrantes da empresa é uma pessoa “difícil”.
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GESTÃO DE CONFLITOS
Um dos motivos pelos quais o conhecimento de uma boa capacidade de gestão de conflitos ser
associado à eficácia, é pelo fato de impedir futuros gastos financeiros relacionados à insatisfação do
indivíduo conflituoso em questão.
Sabendo como gerir conflitos, é possível trazer benefícios de situações que – a primeira vista –
poderiam levar uma empresa ao desgaste. Falaremos nos tópicos abaixo um pouco mais dos setores
em que conflitos tendem a ocorrer, e como funcionaria a gestão para cada caso.
O modo como o setor da gestão pode alcançar bons resultados, pode ser através de técnicas –
especificas para a função – e processos práticos, a partir do momento em que se tiver conhecimento
da natureza do conflito e de seus estágios (bem como das causas que deram início ao seu processo).
Derivada do latim Conflictus, a palavra conflito passa uma ideia de discussão – juntamente a
ameaças – luta, combate. É considerado como um elemento utilizado com o intuito de estabelecer o
seu lado, como sendo o certo.
O conflito surge, em geral, quando o sujeito X nota que há chances de ter seus interesses invalidados
pelo sujeito Y. Um conflito pode ocorrer entre duas pessoas, grupos, organizações, contanto que
exista oposição de “conveniências” entre eles (Um grupo X Uma organização; Uma pessoa X Um
grupo; etc.).
A tomada de decisão é tipicamente descrita como “escolher entre alternativas”. Mas acredito que esta
visão é muito simplista, pois a tomada de decisão é um processo abrangente, não apenas um simples
ato de escolher entre alternativas.
O processo decisório divide-se em um conjunto de oito passos, que começa com a identificação do
problema e os critérios de decisão. Depois é necessário desenvolver, analisar e selecionar uma
alternativa que pode resolver o problema. Em seguida, implementar a alternativa e, por fim, fazer uma
avaliação da eficácia da decisão. Essa metodologia pode ser aplicada nas decisões pessoais e
profissionais, seja para definir onde passar as férias ou até mesmo optar pelo lançamento de um
produto ou serviço no mercado.
Tudo começa com a existência de um problema. Deve-se fazer uma comparação entre o estado atual
e algum padrão - que pode ser o desempenho anterior, decisões tomadas por outras áreas da
organização ou fora dela - para fato semelhante. Em seguida, deve-se avaliar a pressão para a
tomada de decisão como prazos, crises financeiras, expectativas da diretoria, etc. Depois, identificar
a autoridade delegada para a decisão e outros recursos necessários para decidir.
Para identificar os critérios de decisão é preciso determinar pontos relevantes, sejam eles implícitos
ou explícitos. Nesse processo também é necessário determinar os pesos desses critérios. Eles
devem sofrer uma classificação de importância, ou seja, devem ser atribuídos pesos aos itens para
que seja dada a eles a prioridade adequada. A sugestão é atribuir um peso 10 para o critério mais
importante e então determinar os pesos dos restantes de acordo com este padrão.
Mas como desenvolver alternativas? Essa etapa exige que o tomador de decisão somente liste as
alternativas viáveis que poderiam resolver o problema, contudo, ainda não deve ser feita nenhuma
avaliação das alternativas listadas. Começa, então, a análise das alternativas listadas anteriormente.
Os pontos fortes e fracos de cada uma se tornam evidentes quando são comparados com os critérios
e pesos estabelecidos.
Depois da avaliação, chega o momento de selecionar uma alternativa. Como já foram determinamos
todos os fatores pertinentes da decisão, atribuídos pesos de forma apropriada e também foram
identificadas alternativas viáveis, é hora de escolher a alternativa que teve a melhor nota final.
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GESTÃO DE CONFLITOS
O último passo é avaliar a eficácia da decisão. Para isso, é importante analisar se ela realmente
solucionou o problema e se os objetivos desejados foram atingidos. Porém, caso o problema persista
ou não tenha sido resolvido, deve-se examinar, cuidadosamente, se ele foi definido de forma
adequada, se houve erros na avaliação das diversas alternativas ou se ela foi implementada de forma
inadequada. Ou seja, se preciso for, é necessário reiniciar o processo.
O processo de tomada de decisões é responsável pela escolha da melhor solução para um problema
ou oportunidade. Dependendo do contexto, este movimento decisório pode ser bastante difícil e, uma
vez feito, pode trazer consequências positivas ou negativas.
Um processo de tomada de decisão pode ser simples ou complexo — isso vai depender do grau de
importância, do objetivo a ser alcançado e dos reflexos da escolha na vida pessoal ou profissional do
indivíduo. Tomar decisões envolve a identificação do problema, bem como definir os critérios,
analisar, escolher alternativas e verificar a eficácia da decisão.
É muito comum que as pessoas encontrem dificuldades para tomar decisões, em qualquer situação
da vida. Isso porque, uma vez consumada, a decisão é uma estrada sem volta. Portanto, é importante
ponderar e saber fazer as escolhas certas na hora certa, além de manter um compromisso efetivo
com a escolha feita e conhecer suas consequências.
Um dos grandes diferenciais de uma boa liderança é sua capacidade de tomar decisões que gerem
resultados positivos para a organização, e fazer a escolha certa é o maior poder que um líder possui.
Em sua vida profissional, o poder de fazer a escolha certa é o que vai definir suas decisões e a forma
como você apresenta e sustenta suas convicções. Fazer a escolha certa exige que você seja
confiante e sincero com suas escolhas. Por isso, evite protelar as suas decisões.
O fundamento das boas decisões é o autoconhecimento, pois é a partir dele que você profissional
passa a entender de maneira pontual o que realmente faz sentido para sua vida. E é justamente a
partir deste entendimento que você consegue desenvolver um maior discernimento para escolher o
que é melhor e está de acordo com seus valores e objetivos.
1# Identifique o problema
Ao iniciar um processo de tomada de decisão, é necessário ter o conhecimento da causa que está te
levando ao processo, no caso, poucas pessoas gostam da causa, pois, o seu primeiro nome
é Problema.
A existência de um problema é o que leva as pessoas decidirem quais são as melhores alternativas
para solucioná-lo.
O problema nada mais é do que uma dificuldade na obtenção de um determinado objetivo, e quem é
que não encontra dificuldade e objeções em alguma atividade?
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GESTÃO DE CONFLITOS
Por isso, identifique e analise as causas antes de tomar decisões. E dessa forma, mergulhamos para
o nosso próximo ponto.
Essa etapa é fundamental para o processo decisório, pois, é onde será analisada todas as
possibilidades para a resolução de um problema e a pesquisa contribuirá efetivamente para dar uma
base eficiente na hora de decidir.
Selecione todas as possibilidades que possam servir para resolver o problema, analise de forma
detalhada as causas e efeitos que podem ocorrer no caminho de execução de cada uma e aplique a
que se encaixar melhor na resolução do problema.
Faça um levantamento de dados para se aprofundar ainda mais nas possibilidades. Os dados podem
ser a chave na identificação de soluções, eles geram um leque de probabilidade se usados de forma
correta.
Evite agir no calor da emoção, ela pode te levar a conclusões precipitadas. Na hora de se tomar uma
decisão, é fundamental ter um tempo para a reflexão, dessa forma, você pode mergulhar em um
mundo criativo e encontrar novos insights que contribuam na melhoria da resolução do problema.
Para se chegar a conclusões realistas, a reflexão é o primeiro patamar a ser utilizado, permitindo que
se possa pensar um pouco mais sobre as causa e efeitos que citamos anteriormente.
Não há um tempo certo para a tomada de decisão, até que se tenha a absoluta certeza de que o que
foi decidido pode resolver de forma definitiva o problema.
A decisão racional é a melhor forma de diminuir a margem de erro e ser totalmente efetivo no
processo decisório.
6# Tome a decisão
Por fim, o mais importante de tudo! Tome a decisão, não tenha medo.
Muitos gestores na hora da ação, tem medo de decidir. Mas, eu te garanto que você só terá medo se
não confiar o suficiente na sua conclusão ou não tiver um embasamento com informações concretas.
Decidir é uma tarefa difícil, por isso, são poucos os que chegam em cargos em que a função é tomar
decisão. Mas, tomar decisão não é simplesmente expor uma ideia e sim possuir um estudo aplicado
de todas as variáveis determinantes dentro de uma organização que sirvam de base na hora de
decidir.
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GESTÃO DE CONFLITOS
Este método auxilia os gerentes na solução de problemas, fornecendo subsídios para analisá-los e
priorizá-los, identificando situações que não foram bem definidas e exigem atenção. Estabelece
rápido controle das situações e planeja o trabalho que será realizado, apresentando respostas que
ajudam na priorização de problemas que exijam atenção, dividindo-o em partes para ser analisado.
Sequência Do MASP
Vamos analisar um exemplo do MASP em uma tabela orientativa que apresenta as etapas e uma
descrição do seu funcionamento:
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TREINAMENTOS, DESENVOLVIMENTO, ANÁLISE E SAÚDE
E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO
De forma sucinta e objetiva, Qualidade de Vida no Trabalho, ou QVT, como também é conhecida, é o
grau de satisfação que um colaborador tem com as funções exercidas e com o local em que trabalha.
Diferente do que muitos acreditam, a satisfação de um profissional no ambiente de trabalho não é
algo que diz respeito somente a ele. Esta, aliás, é uma questão que deve ser vista e ter a devida
atenção por parte da gestão da organização, afinal, a satisfação do colaborador está diretamente li-
gada aos bons resultados que a empresa obtém ou deseja obter em um futuro próximo.
Empresas são feitas por pessoas. Nada melhor que ter pessoas motivadas, felizes e engajadas, pron-
tas para colocar com seus talentos profissionais à disposição da empresa, para que juntos todos pos-
sam colher bons frutos, não é mesmo? Garantir um alto nível de Qualidade de Vida no Trabalho faz
parte da ação conjunta entre gestores, empresários e equipe de Gestão de Pessoas. Investir em
equipamentos e maquinários, estimular a cordialidade e gentileza entre colaboradores, para criar
uma cultura organizacional amistosa e agradável, são algumas das muitas iniciativas que a organi-
zação pode ter para que todos tenham qualidade de vida no trabalho.
O Papel da Empresa
Ainda falando sobre o papel das organizações nessa questão, vou compartilhar algumas dicas de
ações que podem ser realizadas pelas empresas, para que estas possam garantir a qualidade de
vida no trabalho para cada um de seus colaboradores:
Para garantir a qualidade de vida no trabalho a todos os colaboradores, a atuação da área de Recur-
sos Humanos das empresas, o famoso RH, tem papel fundamental na execução das ações. Isso
porque são eles os representantes da organização responsáveis por observar e garantir que todos
tenham um ambiente tranquilo, com tudo o que necessitam, para exercer suas atividades diárias.
Além disso, com a sua expertise, os profissionais de RH têm condições de adequar cargos, funções e
salários e garantir que todos os colaboradores tenham condições e benefícios justos de acordo com o
que desempenham e com o seu comprometimento com a organização.
Um dos principais pontos que merecem atenção das empresas é com relação a saúde e segurança
de seus colaboradores no ambiente de trabalho. Digo isso, pois o número de doenças ocupacionais
tem crescido bastante e causado prejuízos não só às organizações, mas aos mais diversos tipos de
trabalhadores ao redor do mundo.
Nesse sentido, é importante que a empresa garanta a seus colaboradores um ambiente com uma jor-
nada de trabalho justa, controlada e salubre, um espaço com equipamentos ergonômicos e acessível
a portadores de deficiência física, entre outras ações.
Ainda é possível que as empresas contribuam para o crescimento e desenvolvimento de seus colabo-
radores, incentivando estes a aprimorarem suas capacidades e melhores habilidades, no sentido de
obterem o sucesso desejado em suas carreiras profissionais. Assim, é possível que estes sintam-se
ainda mais valorizados pela organização e também contribuam para que esta alcance os resultados
que almeja.
Clima Organizacional
Outro papel importante da organização na promoção da qualidade de vida no trabalho para seus co-
laboradores, tem a ver com o clima organizacional. Por passarem grande parte de seu dia na em-
presa, é essencial que os profissionais que lá estão sintam-se à vontade para exercerem suas ativi-
dades da melhor maneira possível.
Sendo assim, é fundamental que as empresas promovam ações de integração e respeito mútuo entre
os colaboradores, para garantir assim que haja um clima organizacional harmônico para todos.
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TREINAMENTOS, DESENVOLVIMENTO, ANÁLISE E SAÚDE
E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO
A vez do Colaborador
O colaborador também pode contribuir para que haja Qualidade de Vida no Trabalho. Pensando
nisso, listei abaixo algumas ações que podem contribuir positivamente para esta questão. Veja como,
a seguir:
Foco
Um profissional focado e comprometido com seu trabalho sofre menos interferências negativas do
ambiente. Com isso, consegue ter ainda mais qualidade de vida em um dos lugares onde passa
grande parte de sua existência.
O trabalho em equipe é uma das principais habilidades exigidas pelas empresas e também uma das
melhores maneiras de garantir a qualidade de vida no trabalho. Dessa forma, o profissional que de-
seja trabalhar em um bom ambiente, pode e deve colaborar com seus colegas e buscar aprender
com eles também.
Prazos e Horários
Atender as demandas com qualidade e cumprir prazos e horários evita estresses entre colaboradores
e gestores, que podem, com isso, questionar o desempenho dos profissionais da empresa. Assim, é
necessário que o funcionário evite ao máximo quaisquer tipos de atrasos, para que tenha condições
de reivindicar melhores formas de trabalho e para que tenha também ainda mais qualidade de vida na
empresa.
Relações Interpessoais
Manter boas relações interpessoais com os colegas e superiores torna o ambiente melhor e mais fa-
vorável para a execução das atividades profissionais.
Assim como no aspecto pessoal, a QVT é essencial para o desenvolvimento dos colaboradores, tanto
dentro como fora do ambiente da empresa. Neste sentido, é importante salientar o papel social das
organizações também na formação de cidadãos mais conscientes de seu papel na sociedade.
Saúde no Trabalho
Na década de 1980, quando surgiram os primeiros PSTs, praticamente não havia pesquisas em Psi-
cologia que adotassem um olhar para a saúde do trabalhador em Saúde Pública e a prática nas uni-
dades de saúde da rede pública teve importante papel no sentido de levar essa temática para a refle-
xão da Universidade. Também é necessário dizer que a formação em Psicologia no Brasil apresenta
duas tendências nas áreas de Saúde e de Trabalho/Organizações. A primeira é a de formar profissio-
nais para a prática clínica liberal; a segunda é a de tratar a temática do trabalho e organizações na
perspectiva da gestão de recursos humanos em que a ótica da saúde praticamente não comparece.
No entanto, a saúde do trabalhador solicita um olhar que busque formas de atuação que possibilitem
operacionalizar a noção de atenção à saúde – o que inclui ações de prevenção primária, assistência
e promoção da saúde. Isso significa adotar um olhar que não se detém apenas nos aspectos biológi-
cos, incorporando o psíquico e o social e que requer a atuação sobre os problemas humanos no tra-
balho a partir de um outro locus, o do serviço de saúde.
Nesse contexto, a Psicologia inicia a sua aproximação com os problemas de saúde do trabalhador a
partir de dois caminhos distintos. O primeiro ocorre em um órgão sindical de pesquisa em saúde e tra-
balho (Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho -
DIESAT), e o segundo, por meio dos serviços de saúde pública. Essa dupla inserção forneceu à Psi-
cologia dois eixos temáticos importantes: a do planejamento em saúde e a da pesquisa de processos
de trabalho que explicassem o sofrimento, as doenças, os acidentes de trabalho e os modos construí-
dos pelos trabalhadores para lidar com os riscos no trabalho.
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TREINAMENTOS, DESENVOLVIMENTO, ANÁLISE E SAÚDE
E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO
pelos trabalhadores e pelas direções sindicais como importantes. De modo geral, essas atividades
eram desenvolvidas por grupos multidisciplinares compostos por médicos, engenheiros, advogados,
ergonomistas, sociólogos e psicólogos, adotando os moldes da pesquisa participante e seguindo a
orientação do educador Paulo Freire na formação em saúde oferecida para sindicalistas, membros de
comitês de saúde e segurança no trabalho nas empresas e ativistas sindicais. No campo da Saúde
Pública, as atividades desenvolvidas pelos psicólogos são norteadas pelas diretrizes dos PSTs/CE-
RESTs. Em ambos os casos, a Psicologia Social ofereceu subsídios importantes para compreender
os processos de cognição social e a vivência da condição de trabalhador.
O método para identificação dos problemas de saúde no trabalho e para a definição de prioridades de
atuação, desenvolvido pelo grupo do psicólogo italiano Ivar Oddone teve grande influência na meto-
dologia utilizada no Brasil tanto nos órgãos sindicais como nos serviços de saúde pública. Trata-se de
experiência desenvolvida na década de 1960, junto a entidades sindicais italianas, que apresenta os
trabalhadores do grupo primário (aqueles diretamente envolvidos nas atividades operativas) como
protagonistas principais na definição dos problemas de saúde no trabalho. Considera-se que a avalia-
ção das condições de trabalho e de saúde deve partir da subjetividade e do conhecimento operário.
No Brasil, essa perspectiva ficou conhecida como modelo operário italiano.
A concepção de base sobre o processo saúde-doença e trabalho apresentada pela Saúde do Traba-
lhador e as linhas mestras que orientam suas ações abrem amplo leque de possibilidades de adoção
de práticas, incluindo as psicológicas, voltadas à saúde dos trabalhadores, as quais, por sua vez,
inauguram novas linhas de investigação científica. É possível dizer que são as necessidades trazidas
pela prática de psicólogos nos serviços de saúde que estimulam pesquisas desenvolvidas na Psicolo-
gia voltadas para a saúde dos trabalhadores. Por isso, a importância de apresentar algumas das ex-
periências desenvolvidas e que são paradigmáticas dessa afirmação.
Não existindo homogeneidade nas atividades, não é possível encontrar respaldo teórico-conceitual
homogêneo quanto às teorias psicológicas que as fundamentam. Tais atividades são norteadas pela
busca de respostas a demandas, estando, portanto, ligadas às necessidades sentidas pelos trabalha-
dores em cada contexto geográfico e econômico. Desta forma, são os problemas conformados pela
demanda de serviço que conduzem à necessidade de construir objetos, norteando a busca de apoios
teórico-metodológicos e de tecnologias que dão corpo a tais atividades.
Avaliação Neuropsíquica
Um dos casos que teve repercussão de âmbito nacional no qual a Psicologia teve uma importante
participação foi o de uma empresa química da região do ABCD. Esta demanda para os serviços de
saúde pública tem origem no Sindicato de Trabalhadores nas Indústrias Químicas daquela região, em
1987, quando alguns trabalhadores procuram o sindicato porque apresentavam sintomas compatíveis
com intoxicação por mercúrio metálico.
Para responder a tal demanda, a partir da iniciativa do sindicato e de seu órgão assessor técnico, o
DIESAT, diversas instituições de pesquisa (Instituto de Saúde, Universidade de São Paulo, Funda-
centro), serviços de saúde pública (PST do ABC paulista, CRST de São Bernardo do Campo) e da
área do trabalho planejaram uma atuação conjunta para avaliar as condições de trabalho e os traba-
lhadores acometidos. A busca de resolução do problema demandou longa negociação entre sindicato
e empresa, com mediação da Delegacia Regional do Trabalho, órgão do Ministério do Trabalho.
Assim, os resultados da avaliação foram importantes para definir critérios para afastamento da expo-
sição e tratamento dos trabalhadores. Mudanças no ambiente de trabalho foram propostas e imple-
mentadas, trabalhadores foram afastados da exposição e outros foram aposentados por invalidez.
Um dos desdobramentos importantes desse caso foi a elaboração de uma norma pelo Ministério de
Previdência Social, incluindo critérios de diagnóstico, de tratamento, de alta e de aposentadoria por
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TREINAMENTOS, DESENVOLVIMENTO, ANÁLISE E SAÚDE
E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO
invalidez. O critério de avaliação neuropsíquica foi relevante e constou da referida norma. Posterior-
mente, trabalhadores de indústrias de lâmpadas de mercúrio de outros municípios foram avaliados
por meio da mesma abordagem neuropsicológica.
Caso semelhante ocorreu na cidade de São Paulo. Em 1986, os trabalhadores de uma das principais
indústrias produtoras de fios de rayon do país entraram em greve após sucessivos acidentes graves
ocorridos na empresa. Além das péssimas condições de segurança, uma das razões para esta greve
era a suspeita de que os trabalhadores estavam se intoxicando por dissulfeto de carbono. Também
nesse caso, a avaliação neuropsíquica foi fundamental para estabelecer o nexo causal entre os sinto-
mas referidos e os riscos no ambiente de trabalho.
Possivelmente em função das características dessa síndrome e das condições e organização do tra-
balho que as explicam, muitos desses trabalhadores apresentam sofrimento psicológico importante.
Tal sofrimento, testemunhado por médicos que os atendiam no então PST-Zona Norte, na cidade de
São Paulo1, no início da década de 1990, os levaram a solicitar a oferta de atendimento psicológico
aos trabalhadores acometidos com LER. Após um trabalho investigativo (conhecimento sobre a do-
ença e conversa com trabalhadores com LER), psicólogos, terapeutas ocupacionais e assistentes so-
ciais propuseram uma modalidade de atendimento em grupo.
Tal atividade foi denominada grupo de qualidade de vida, pois o objetivo era possibilitar que os adoe-
cidos alcançassem uma melhoria da qualidade de vida, apesar da doença. A natureza dessa ativi-
dade grupal é formativo-terapêutica e, desse modo, considerou-se importante possibilitar que os tra-
balhadores se apropriassem de informações, refletissem sobre as condições de trabalho que provo-
cavam o adoecimento e, a partir disso, re-significassem sua trajetória de trabalho e, nela, o processo
de adoecimento.
A situação de trabalho em grupo possibilitava compreender e lidar com os processos de cognição so-
cial, com a política identitária, com a ideologia do trabalho em ação e com a força dos discursos soci-
almente construídos e veiculados sobre a LER. Todas essas dimensões eram relevantes no modo
como esses trabalhadores construíam ou aderiam a explicações sobre sua situação e se situavam
psicologicamente frente a ela, possibilitando compreender o contexto atual de vida vinculado ao sofri-
mento psíquico. Desta forma, o objeto da prática psicológica eram os processos de cognição social,
fortemente atados à experiência vivida.
Vale destacar que, muito embora os grupos fossem compostos por pessoas que não tinham uma atu-
ação político-sindical, muitas das formas para lidar com as situações apontadas pelos membros do
grupo previam formas de atuação coletiva e política, voltando-se para ações em direção à conquista
de direitos.
Essas experiências foram importantes no sentido de possibilitar um avanço das normas e procedi-
mentos para diagnóstico, tratamento e reabilitação dos trabalhadores com LER. Nelas, reconheceu-
se que a dimensão psicológica também deve ser considerada.
Uma das atividades dos PSTs/CERESTs que iniciaram modalidade de prática distinta para a psicolo-
gia foi a da vigilância (controlar ou eliminar os riscos para a saúde nos próprios locais de trabalho).
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TREINAMENTOS, DESENVOLVIMENTO, ANÁLISE E SAÚDE
E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO
Em geral, a vigilância é realizada por equipe multiprofissional (médicos, engenheiros, psicólogos, fisi-
oterapeutas, etc.). Parte-se da compreensão de que essa atividade deva constituir um processo do
qual participam o conhecimento técnico-científico e o conhecimento dos trabalhadores. A participação
dos trabalhadores na vigilância, garantida por lei federal (Brasil, 1990), é prevista na identificação dos
riscos e na elaboração de propostas para a sua eliminação ou controle, bem como no acompanha-
mento da implementação das mudanças indicadas.
Esse pressuposto possibilita que a vivência e a experiência cotidiana dos trabalhadores dialoguem
com o conhecimento técnico-científico. Aqui, a influência teórica do modelo operário italiano apre-
senta-se claramente. Esse diálogo é especialmente importante não apenas pelo seu aspecto técnico-
científico, mas também por seu aspecto político, pois não são raras as ocasiões em que a equipe de
vigilância encontra o local de trabalho (condições e organização do trabalho) modificado em relação
ao que diariamente os trabalhadores o vivenciam.
Para a equipe de vigilância, o local de trabalho é apresentado pela empresa como menos danoso à
saúde: máquinas perigosas são desligadas, o ritmo de trabalho é diminuído, etc. Sem a participação
dos trabalhadores, a situação real nesses casos dificilmente seria considerada; tampouco, poder-se-
ia garantir a implementação das mudanças sugeridas a partir dessas avaliações, já que os trabalha-
dores, quando participam da elaboração de propostas, tornam-se "fiscais" permanentes delas.
É principalmente como pesquisador social que o psicólogo participa da equipe multidisciplinar de vigi-
lância, uma vez que pode atuar como um profissional sensível às formas particulares com que os tra-
balhadores veem os riscos do trabalho, aos modos como eles lidam com os mesmos e como se orga-
nizam em cada micro-universo. O olhar do psicólogo também está mais atento aos fatores relaciona-
dos à organização dos processos de trabalho que podem ter consequências negativas para a saúde
física e mental dos trabalhadores.
Trata-se, assim, de uma atividade voltada, essencialmente para a prevenção e promoção da saúde.
Entretanto, se esta é uma modalidade de atuação em que se abrem novas perspectivas para a Psico-
logia, é também aqui – e, especialmente, quando os problemas identificados dizem respeito à organi-
zação do trabalho – que os limites se apresentam mais fortemente, pois as possibilidades de se pro-
ceder a escolhas organizacionais, como a concebe a abordagem sociotécnica, são sempre influencia-
das pela contradição, conflito e diversidades de interesses.
É nesse âmbito que o conflito capital-trabalho se expressa com exuberância. Interferir na forma como
o trabalho está organizado em favor da saúde dos trabalhadores (como a redução do ritmo de traba-
lho, aumento do número de trabalhadores, modificação do conteúdo das tarefas, mudança na dinâ-
mica das relações interpessoais e da estrutura hierárquica) contradiz os interesses do Capital (Ber-
nardo, 2006). Ademais, a organização do trabalho não se apresenta como fenômeno sobre o qual
seja possível definir medidas objetivas, como se faz em relação a produtos químicos e agentes físi-
cos. Assim, mais do que definir padrões a serem seguidos, o replanejamento do trabalho deve dar-se
como fruto de negociações coletivas e cotidianas.
Além dessas situações, nas quais a educação em saúde está presente indiretamente, são também
realizadas atividades grupais cuja finalidade primeira é promover saúde a partir do conhecimento e
reflexão sobre: condições/organização do trabalho e seus efeitos à saúde, direitos trabalhistas e pre-
videnciários dos trabalhadores acidentados ou vítimas de doenças do trabalho, funcionamento do sis-
tema de saúde pública, etc. Também aqui o psicólogo tem um importante papel, uma vez que se trata
de um profissional do qual se espera uma maior sensibilidade para a compreensão das relações gru-
pais e das demandas que se apresentam.
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TREINAMENTOS, DESENVOLVIMENTO, ANÁLISE E SAÚDE
E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO
As atividades de educação em saúde podem ocorrer das mais diversas formas, tais como grupos de
formação com sindicalistas e com membros das CIPAs (Comissões Internas de Prevenção de Aci-
dentes), grupos com trabalhadores que buscam assistência nos PSTs/CERESTs ou, ainda, em ativi-
dades voltadas para a população em geral com o objetivo de discutir a relação trabalho/saúde-do-
ença, tais como a promoção de debates públicos, de apresentações teatrais e musicais sobre o tema.
Outro papel importante desempenhado pela equipe multiprofissional dos PSTs/CERESTs, em que a
participação do psicólogo é relevante, é a formação de profissionais de saúde que atuam em unida-
des básicas de saúde, prontos-socorros e hospitais. O objetivo dessa atividade é facilitar o reconheci-
mento, por parte desses profissionais, de que o trabalho possa causar problemas de saúde, de modo
a incluir essa visão na prática profissional. A inclusão de tal ótica é importante no sentido de fornecer
elementos para o diagnóstico diferencial, particularmente relevante nos casos de saúde mental que
possam ter origem no trabalho.
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AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO HUMANO
A melhor forma de demonstrar que o gestor está de olho no trabalho do seu funcionário, valorizando
suas decisões, métodos, conhecimento técnico etc., é através do acompanhamento de perto das ati-
vidades realizadas. E o método mais eficaz de demonstrar este acompanhamento é através da Avali-
ação de Desempenho do colaborador. Por meio dela é possível identificar diversos pontos que neces-
sitam de melhoria dentro de uma organização.
A avaliação de desempenho é uma ferramenta da gestão de pessoas que visa analisar o desempe-
nho individual ou de um grupo de funcionários em uma determinada empresa. É um processo de
identificação, diagnóstico e análise do comportamento de um colaborador durante um certo intervalo
de tempo, analisando sua postura profissional, seu conhecimento técnico, sua relação com os parcei-
ros de trabalho etc.
Este método tem por objetivo analisar as melhores práticas dos funcionários, proporcionando um
crescimento profissional e pessoal, visando um melhor desempenho de suas funções no ambiente de
trabalho. Além disso, é uma importante ferramenta de auxílio à administração de recursos huma-
nos da empresa, alimentando-a com informações que auxiliam a tomada de decisão sobre práticas
de bonificação, aumento de salários, demissões, necessidades de treinamento etc.
Neste processo, o gestor precisa avaliar as fraquezas e limitações dos funcionários, buscando identi-
ficar pontos de melhoria, necessidade de treinamento ou até mesmo remanejamento do indivíduo
para outras funções em que poderia render melhor. Buscando sempre equilibrar as metas estabeleci-
das pela empresa com o comportamento de seus colaboradores, a fim de manter o sistema funcio-
nando em harmonia, atingindo sempre os objetivos traçados.
Existem diversos sistemas e/ou métodos para se avaliar o desempenho de um funcionário dentro de
uma empresa. Variando de acordo com a necessidade do gestor, do setor e dos objetivos da avalia-
ção, bem como do perfil dos avaliados e da dinâmica de observação utilizada. Listamos abaixo os
métodos mais tradicionais de avaliação, os quais falaremos em outra oportunidade, em outros posts
sobre o tema. São eles:
Pesquisa de campo;
Incidentes críticos;
Comparação de pares;
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AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO HUMANO
Auto-avaliação;
Relatório de performance;
Padrões de desempenho;
Frases descritivas;
Avaliação de competências;
Avaliação de potencial;
Balanced Scorecard.
Por meio da avaliação de desempenho é possível identificar novos talentos dentro da própria organi-
zação, por meio da análise do comportamento e das qualidades de cada indivíduo. Gerando, assim,
novas possibilidades para remanejamento interno de colaboradores. Além de poder oferecer bonifica-
ções e premiações aos funcionários que mais se destacarem na avaliação.
Outra vantagem é a possibilidade de gerar um feedback mais fácil aos funcionários analisados e ges-
tores, uma vez que tem como resultado informações relevantes, sólidas e tangíveis para um resultado
eficiente. Este feedback faz com que os avaliados queiram investir ainda mais em seu desenvolvi-
mento, melhorando seu desempenho e trazendo vantagens para a empresa.
Este método é importante, também, para eliminar achismos e palpites quando da avaliação de um
funcionário. É um meio de obter informações reais e avaliar de perto as implicações de uma possível
mudança na gestão de recursos humanos da empresa.
Por isso, manter este tipo de avaliação pode trazer muitos benefícios e mudanças positivas na gestão
de pessoas de uma organização, seja qual for o seu tamanho. Com ela o gestor pode avaliar melhor
seus subordinados, melhorar o clima de trabalho, investir no treinamento de seus pares, melhorar a
produtividade, desenvolver os métodos de remuneração, fazê-los trabalhar de forma mais eficiente
etc. Todos ganham quando uma equipe é avaliada de forma satisfatória pelos gerentes.
Treinamento E Desenvolvimento
A atualização das empresas tornou-se imprescindível para deixá-la à frente de seus concorrentes, as-
sim nesse mundo de disputas acirradas, onde vantagens tornam-se um diferencial, seus colaborado-
res tornam-se fundamentais para esse processo evolutivo e transformador.
O indivíduo é essencial para a realização das tarefas e cumprimento de prazos e metas, independen-
temente se for funcionário de uma empresa com diversos aparatos tecnológicos ou não, as pessoas
são fundamentais para que esse trabalho seja concluído. A frente de qualquer máquina está o ho-
mem, ele é capaz de pensar e desenvolver soluções que elas não podem fornecer às empresas, com
isso o investimento feito para capacitação e qualificação de seus funcionários dá-se necessário para
o próprio crescimento organizacional.
O meio mais comum para qualificação e evolução dos funcionários nas organizações é através de
treinamentos, segundo Marras (2009, p. 145) "treinamento é um processo de assimilação cultural a
curto prazo, que objetiva repassar ou reciclar conhecimentos, habilidades ou atitudes relacionados
diretamente a execução de tarefas ou à sua otimização no trabalho", ou seja, é uma ferramenta utili-
zada para transmitir conhecimento técnico e conceitual de um determinado bem ou serviço desenvol-
vido pela organização. Algumas empresas ministram o treinamento por profissionais adequados que
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AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO HUMANO
possuem o devido conhecimento e preparo para transmiti-los a seus empregados, entretanto ainda
possuem órgãos que disponibilizam profissionais não adequados para atuarem como palestrante. O
intuito principal é fazer com que seus funcionários possam depreender e pôr em prática todo o treina-
mento ministrado em seu cotidiano.
Segundo Mattos (1992), o treinamento possui três momentos evolutivos nas indústrias. No primeiro
momento, o empregado é visto como mais uma ferramenta industrial, onde não era posto como priori-
tário o seu desenvolvimento, ou seja, não possuía planejamento para treinamentos, as pessoas te-
riam que se adaptar a cultura da empresa, sem possuir desenvolvimento contínuo.
O entendimento do ser humano como um ser racional e emotivo, é tratado como ferramenta de es-
tudo no terceiro modelo da gestão de treinamento, onde as empresas adotam treinamentos onde
existe a preocupação com o indivíduo, como um ser complexo, com estruturas emocionais e morais.
Mayo apud Maximiano (2006) defende que o desempenho depende muito menos dos métodos de tra-
balho, segundo a visão da administração científica, do que dos fatores comportamentais e emocio-
nais. Quando analisado o comportamento e a forma de como o indivíduo age, pode ser padronizado
de modo flexível o processo de sua atividade, melhorando o desempenho e a resolução. Elton Mayo
sendo um dos precursores para o desenvolvimento dos seminários e programas de treinamentos,
apontados como aprimoramento de habilidades e conhecimentos, estudava o indivíduo como um ser
mutável, objeto de estudo da escola das relações humanas.
O treinamento nas empresas tem por objetivo aperfeiçoar a atividade desenvolvida por um determi-
nado departamento ou pessoa, aumentando o conhecimento do funcionário, deixando-o motivado,
resultando no bom desenvolvimento de sua atividade e relacionamento. A execução de treinamentos
nas organizações reflete positivamente no desempenho de seus colaboradores, pois mostra a preo-
cupação da empresa, não somente para desenvolver um bom trabalho, mas também a importância
daquele trabalhador.
Para Tachizawa (2001), algumas empresas apontam o desenvolvimento profissional como um treina-
mento, organizando estratégias visando o ambiente interno que resulte em retorno monetário. En-
quanto que o treinamento busca o desenvolvimento profissional, trabalhando as relações internas da
organização, qualificando o funcionário, e modulando-o para se adequar à política da empresa.
Tachizawa (2001, p. 219) defende que "nenhuma organização consegue manter um bom nível de
produtividade sem uma equipe de profissionais bem preparados", ou seja, o colaborador é a mente
da empresa, que por sua vez é apenas um corpo que reflete o comportamento apresentado pelas
pessoas que nela atuam.
Para alguns órgãos que ainda entendem o treinamento como um custo para a organização, afirma-se
que sem pessoas qualificadas e preparadas para gerir qualquer processo resulta em perdas, sejam
das financeira e/ou qualitativa. Com isso identifica-se que o treinamento influi diretamente nos resulta-
dos esperados para a organização.
Para planejar um treinamento dentro de qualquer área da organização, segundo Gil (1994), é neces-
sário analisar a real necessidade desse treinamento, verificando todos os fatores possíveis que ca-
racterizam a organização, com isso pode-se encontrar a necessidade, onde aplicar, como e quando.
A alteração de programas e sistemas utilizados pela empresa ocasiona em treinamento, pois os usu-
ários necessitam aprender a utilizar essa nova ferramenta, seja individual ou coletivamente.
De acordo com Gil (1994), o treinamento quando identificada sua necessidade funciona da seguinte
maneira:
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AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO HUMANO
Primeiramente identificar a forma de como será abordado o treinamento, o instrutor que o fará, recur-
sos disponíveis e necessários, analisar os pós e contras que esse treinamento pode trazer para a or-
ganização.
Feedback dos treinados ocorre através de formulários de avaliação do treinamento, estes podem ser
quantitativo ou qualitativo, e em outros casos são aplicados testes que demonstrem o aprendizado
obtido.
As empresas buscam profissionais cada vez mais capacitados para o desenvolvimento organizacio-
nal, pessoas com conhecimento e capital intelectual são observadas, com isso as organizações po-
dem investir nesse colaborador resultando em novos conhecimentos e inovações.
A auditoria é relevante para as organizações, pois contribuem para a melhoria significativa dos con-
troles realizados nas empresas, reduzindo, portanto os riscos que a organização está exposta. O ob-
jeto da auditoria nas empresas é sempre identificado para realização dos trabalhos, sendo que este
pode ser múltiplo, ou seja, pode envolver vários itens nas diversas áreas que a empresa possui, inclu-
sive na área de recursos humanos.
Auditoria pode ser definida como o levantamento, o estudo e a avaliação sistêmica das transações,
procedimentos, rotinas e demonstrações financeiras de uma entidade, com o objetivo de fornecer a
seus usuários uma opinião imparcial e fundamentada em normas e princípios sobre sua adequação.
A auditoria possui também como objeto de estudo a validação de alguns controles das empresas, ve-
rificando a situação atual da mesma e de suas áreas, oferecendo informações aos diretores da enti-
dade e auxiliando na tomada de decisões, sendo também uma importante ferramenta de gestão.
As espécies de auditoria mais tradicionais e de maior atuação são as auditorias independentes, inter-
nas e governamentais. A espécie de auditoria considera a finalidade para a qual o trabalho é execu-
tado pelo auditor, sendo que, por exemplo, no caso de auditorias independentes, a finalidade do tra-
balho do auditor é de fornecer uma opinião sobre o conjunto das demonstrações financeira (OLI-
VEIRA, 2006).
A auditoria independente é realizada por profissional autônomo (auditor externo) ou por empresa de
auditoria independente, sendo que estes profissionais e/ou empresas devem seguir duas posturas:
confidencialidade das informações e independência, pois não podem possuir vínculo com a empresa
auditada.
Oliveira (2006, p. 13), afirma: “a auditoria interna objetiva o exame do controle interno, do sistema
contábil e do que se refere ao êxito no cumprimento adequado das políticas estabelecidas pela alta
administração da empresa”.
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AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO HUMANO
A área de Recursos Humanos torna-se cada dia mais complexa, devido a uma era de repletas mu-
danças, incertezas, ameaças e dificuldades.
O subsistema de provisão de recursos humanos é responsável, basicamente, pela entrada das pes-
soas na organização. Neste processo, as empresas buscam pessoas com os requisitos mínimos ne-
cessários que possam atender as suas necessidades e permitir o seu funcionamento. Estes proces-
sos são relacionados as atividades de recrutamento e seleção de pessoas.
Segundo Araujo (2006, p. 15): “Recrutamento e seleção são atividades que estão plenamente interli-
gadas, andam sempre lado a lado e fica difícil fazer uma separação entre elas, embora curiosamente
se refiram a resultados finais distintos”.
De acordo com Dubrin (1998, p.151) “O recrutamento é o processo de atrair ao emprego candidatos
com as características e habilidades adequadas para preencher as vagas abertas”.
Neste processo, a empresa procura atrair candidatos que sejam qualificados e estejam aptos a ocu-
par o cargo pretendido dentro da organização.
O recrutamento pode ser de duas formas: interno ou externo. O recrutamento externo é aquele reali-
zado sobre candidatos que estão fora da empresa, já o recrutamento interno é realizado sobre o pró-
prio funcionário, como podemos citar de exemplo os casos de promoção ou transferências para ou-
tras atividades.
Segundo Caldas e Soares (2011, p. 99): “Durante um processo, tenta-se informar plenamente os can-
didatos sobre as qualificações exigidas para o desempenho do cargo e sobre as oportunidades de
carreira que a empresa pode oferecer aos funcionários”.
De acordo com Marras (2009, p. 79): “Seleção de pessoal é uma atividade do sistema de ARH, que
tem por finalidade escolher, sob metodologia específica, candidatos a emprego recebidos pelo setor
de recrutamento”.
O processo de seleção de pessoas ocorre depois da fase de recrutamento, onde ocorre a divulgação,
a entrada de candidatos. A fase de seleção de pessoas é a fase onde acontece a escolha, a decisão
do candidato melhor preparado para o cargo.
A seleção busca recrutar o candidato mais adequado à empresa, para que este possa aumentar a efi-
ciência dos processos realizados, alcançando os objetivos esperados. Para que isso aconteça, a or-
ganização deve seguir algum padrão para obter informações sobre o cargo que está sendo oferecido
e definir técnicas para recrutar o candidato mais adequado às suas necessidades.
O subsistema de aplicação de recursos humanos é responsável pela integração dos novos colabora-
dores da empresa, pois nesta etapa os novos colaboradores tem acesso a descrição e análise do
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AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO HUMANO
cargo, além da avaliação de desempenho no cargo a ser realizada durante o andamento de seu tra-
balho.
Esse subsistema inclui a análise e descrição de cargos, planejamento e alocação de recursos huma-
nos, plano de carreiras e avaliação de desempenho. Isso quer dizer que, depois de incluídas no sis-
tema organizacional, as pessoas deverão ser integradas, posicionadas em seus cargos e avaliadas
quanto ao desempenho.
O colaborador precisa ter algumas características que sejam compatíveis com o cargo que exerce
dentro da organização. Assim, a descrição do cargo deve relatar o conteúdo do cargo, as especifica-
ções, qualificações desejáveis pela empresa, experiência, etc.
Após a realização da descrição, segue-se a análise do cargo, onde é identificado o conteúdo e a aná-
lise dos requisitos impostos ao colaborador que ocupa o cargo. A análise de cargos é uma averigua-
ção de maneira comparativa, onde são avaliados os requisitos e as atribuições estabelecidas ao cola-
borador.
Para Marras (2009) a avaliação de desempenho auxilia para que as metas da organização sejam
cumpridas, pois é uma das ferramentas para se aumentar a produtividade. Ela serve para mostrar ao
colaborador o que as demais pessoas pensam sobre o seu trabalho e qual a sua real contribuição
para o mercado, para a empresa e principalmente, para o cliente.
Esta ferramenta faz parte das táticas que as organizações utilizam para administrar suas operações
com excelência e visa manter contato com os colaboradores, realizando um acompanhamento dos
desafios que foram lançados e avaliando os seus resultados.
Nesse sentido, Marras (2009) afirma que a avaliação de desempenho serve também para verificar
como está sendo realizado o trabalho do colaborador para que este, num futuro próximo, tenha a
oportunidade de atuar em outras áreas de seu conhecimento e assim trazer mais resultados para a
organização.
A área de recursos humanos não é responsável somente por atrair potenciais colaboradores, mas
também de mantê-los na organização e que estes permaneçam motivados. As empresas precisam ter
alguns cuidados no que se refere à administração de salários, benefícios sociais e qualidade de vida
no trabalho, pontos estes destacados a seguir:
Um dos aspectos que a empresa deve observar é a política de salários da organização. A política de
salários é um fator que pode se tornar determinante tanto nas relações com os colaboradores como
no mercado competitivo em que a empresa atua. As empresas possuem sistemas de recompensas
ou punições, sendo que a principal recompensa para o colaborador é o salário (MARRAS, 2009).
As empresas devem levar em consideração para elaboração do plano de salários duas esferas, in-
terna e externa. Através dos dados internos, que consistem na avaliação e classificação de cargos, e
dos dados externos, que consiste na pesquisa salarial, a empresa possuirá condições de definir a sua
política salarial.
Embora muitas empresas tenham avançado para um modelo de administração salarial que incorpora
outras formas de remuneração, consideradas mais sintonizadas com as mudanças ocorridas no mer-
cado e com a administração estratégica, é preciso considerar que o Plano de Cargos e Salários conti-
nua sendo a ferramenta de gestão mais utilizada pelas empresas, sejam elas de médio ou grande
porte.
Os benefícios sociais são uma forma de remuneração indireta, sendo que os benefícios mais ofereci-
dos pelas empresas são: assistência médica, assistência odontológica, seguro de vida, transporte,
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AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO HUMANO
alimentação, previdência privada, auxílio educação, auxílio creche/babá, assistência funeral, entre ou-
tros.
O subsistema de monitoração de pessoas existe para garantir que os processos dos outros subsiste-
mas tenham qualidade e continuidade, além de permitir que as diversas partes da organização pos-
sam assumir adequadamente sua responsabilidade de linha em relação ao pessoal.
Um sistema de informação (SI) pode ser definido como um conjunto de componentes inter-relaciona-
dos trabalhando juntos para coletar, recuperar, processar, armazenar e distribuir informação com a
finalidade de facilitar o planejamento, o controle, a coordenação, a análise e o processo decisório em
empresas e outras organizações.
A Auditoria de Recursos Humanos tem o principal objetivo de analisar as práticas relacionadas à ges-
tão de pessoas, avaliando como está o andamento do trabalho nesta área da empresa, apontando os
erros e propondo sugestões de melhoria.
A auditoria de recursos humanos é peça fundamental dentro das organizações, pois a mesma exa-
mina analiticamente e pericialmente as operações trabalhistas, direitos e deveres do empregado e do
empregador, políticas e práticas de pessoal em uma organização, e avaliando o seu funcionamento
atual, por fim, emitindo um parecer sobre as irregularidades encontradas na análise e sugerindo me-
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AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO HUMANO
lhores ações que a empresa deve tomar. Com essas práticas a entidade sempre poderá evoluir e pro-
duzindo cada vez mais, aproveitando melhor seus recursos humanos, aumentando assim sua rentabi-
lidade.
Outro fator importante, que vale ressaltar, é de que os trabalhos de auditoria na área de recursos hu-
manos auxiliam na prevenção de riscos trabalhistas para as empresas. Face às diversas formas de
contratação de colaboradores, leis trabalhistas, trabalho dos sindicatos de classe, cálculos trabalhis-
tas e rotinas de pessoal, as empresas precisam estar atentas às mudanças e seguir todos os procedi-
mentos necessários ao fiel cumprimento da legislação trabalhista.
O trabalho da auditoria de recursos humanos deve manter a empresa atualizada de informações de-
vido às constantes mudanças no assunto e também ciente dos riscos trabalhistas que podem cair so-
bre elas, diante de erros operacionais que as organizações estão expostas (SOARES et all, 2009).
A auditoria de recursos humanos tem o papel de apontar possíveis erros e também de oferecer su-
gestões de melhoria, de maneira que estas melhorias se tornem contínuas na organização.
Existem diversas maneiras para se verificar as práticas relacionadas á área de recursos humanos.
Algumas empresas utilizam consultores externos, em virtude de que estes profissionais conhecem
experiências de outras organizações. Outras empresas utilizam os próprios profissionais ligados a en-
tidade (colaboradores internos), onde são formadas equipes de auditoria e/ou controles internos, que
auxiliam no desenvolvimento desta área na organização (MARRAS, 2009).
A área de recursos humanos precisa de padrões para que seja possível realizar um comparativo e
uma contínua avaliação do trabalho de auditoria.
Como ferramenta para comparar a situação atual da empresa e a anterior, as empresas devem utili-
zar avaliações, onde será possível perceber as melhorias, caso ocorram. As avaliações da empresa
podem ser adaptadas devido à realizada de cada uma delas ser diferenciada, sendo que cada em-
presa possui a sua particularidade (SOARES et all, 2009).
A auditoria permite, ainda, uma análise mais criteriosa por parte dos administradores da empresa du-
rante o desenvolvimento dos trabalhos, sendo que este trabalho permite ter acesso ao diagnóstico de
problemas.
Os principais itens de auditoria de recursos humanos, considerando as funções básicas, são (SOA-
RES et all, 2009):
Recrutamento;
Seleção;
Treinamento;
Nível de empregados;
Promoções e transferências;
Saúde e segurança;
Controle de pessoal;
Administração de salários;
Acordos Coletivos;
Registros de Pesquisas.
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AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO HUMANO
O auditor responsável pelo trabalho de auditoria de recursos humanos, normalmente, elabora um ro-
teiro/check-list dos itens a serem verificados. Após a análise de todos os itens, seguindo as funções
acima relacionadas, elabora seu parecer com os apontamentos e suas orientações/sugestões para a
organização, auxiliando na tomada de algumas decisões por parte da empresa auditada.
Existem alguns modelos de roteiro e/ou check-list pré-estabelecidos que o auditor pode utilizar, po-
rém, devido as particularidades da cada empresa, alguns itens tornam-se mais relevantes à algumas
organizações do que a outras.
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ERGONOMIA APLICADA AO TRABALHO
A ergonomia exerce um papel importante no projeto de novos ambientes, bem como nas soluções cor-
retivas em máquinas e equipamentos, favorecendo medidas de prevenção que facilitam procedimentos
de trabalho mais seguros. A partir de análises de conceitos ergonômicos observa-se o processo de
trabalho, a exposição aos riscos funcionais, o ruído, a iluminação, a temperatura ambiente e a ventila-
ção a que estão sujeitos os trabalhadores em sua atividade. Então procura-se estudar a adaptação do
trabalho ao homem. O objetivo do estudo da atividade do trabalhador é conhecer as funções que este
mobiliza e compreender as modalidades de utilização destas funções.
A análise ergonômica do trabalho permite identificar, por intermédio da observação do contexto real de
trabalho, quais são as variáveis que o operador busca para compreender os problemas aos quais ele é
confrontado e, desta forma, associar os processos cognitivos que ele mobiliza na execução do seu
trabalho. Estes dados são fundamentais para a melhoria do dispositivo técnico, da organização e da
formação.
Ergonomia é conjunto de ciência e tecnologia que procura a adaptação confortável e produtiva entre o
ser humano e seu trabalho. A ergonomia é um trunfo importantíssimo na atualidade, é uma medida de
prevenção de lesões, acidentes e aumento da produtividade. A visão da tecnologia é um conjunto que
permite um aumento de produtividade preservando o conforto do trabalhador, sem a mesma saia fati-
gada, é antes de tudo uma visão compatível com o que denominamos empresa como sistema social
eficaz, em que o ser humano trabalha é considerado cidadão, não considerado como máquina. A apli-
cação da ergonomia tem o objetivo de melhor qualidade de vida de seu empregado; diminuição de
assistência médica; menor número de acidentes; aumento da eficiência do trabalho humano; diminui-
ção da rotatividade no quadro de empregados da empresa.
Ergonomia é o termo designativo da aplicação multidisciplinar de conhecimento que trata de uma série
de cuidados que envolvem o homem e as particularidades inerentes a cada tarefa que realiza nas con-
dições de trabalho, observadas as característica e limitações individuais. (Antonio Nunes)
Na história do trabalho, aplicação da Ergonomia é muito recente, e somente pode ser falar de ergono-
mia aplicada ao trabalho. Para que possamos entender perfeitamente o conceito de ergonomia, é ne-
cessário recordar um pouco da história do trabalho.
Frederick Taylor e seus seguidores desenvolveram um estudo para se racionalizar o trabalho dos ope-
rários, estudos de tempos e movimentos (motion-timer study). Verificou que o trabalho pode ser execu-
tado melhor e mais economicamente por meio de análise do trabalho, isto é, divisão e subdivisão de
todos os movimentos necessários a execução de cada tarefa.
Os movimentos inúteis eram eliminados. Essa análise do trabalho seguia-se o estudo dos tempos e
movimentos.
Frank B. Gilberth, engenheiro americano que acompanhou Taylor, passou a desenvolver e expressar
um percentual de eficiência para representar resultados, a fim de que os recursos sejam Aplicados da
formar mais radical possível. (Adalberto Chiavetato, 1997)
O estudo de tempo e movimento baseia-se na Anatomia e fisiologia humana. Verificou que a Fadiga
predispõe o trabalhador para:
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ERGONOMIA APLICADA AO TRABALHO
Diminuição da produtividade;
Perda de tempo;
Aumento da rotatividade de pessoal;
Doenças e acidentes;
Diminuição da capacidade e esforço;
Portanto, ergonomia é uma ciência aplicada ao projeto de máquinas, equipamentos, sistemas e tarefas,
com o objetivo de melhorar a segurança, saúde, conforto e eficiência no trabalho. Em Ergonomia, con-
forto e produtividade andam juntos. Não é possível pensar em produtividade sem considerar as condi-
ções de confortabilidade.
Trata-se da implantação de planejamento preventivo em trabalhos que exigem grande esforço físico, e
em trabalhos em ambientes com temperatura adversa.
Estudo dos movimentos humanos sob a luz da mecânica: esta é área de maior aplicação ergonômica;
nesta área estudamos a coluna vertebral humana e a prevenção das lombalgias; as posturas no traba-
lho e a prevenção da fadiga e outras complicações; estudamos a mecânica dos membros superiores,
estudamos o que acontece com o ser humano quando trabalha na posição sentada.
A ergonomia trata da fadiga física e psíquica. Procura entender por que o trabalhador entra em fadiga,
e propõe regras capazes de diminuir ou compensar fatores de tal sobrecarga.
Procura adotar medidas para o endivido com relação a seu trabalho.Naturalmente quando ocorre erro
humano é devido às condições Ergonômicas , e conhecer as regras norteadas para aumentar a confia-
bilidade humana.
Revezamento:
Visa não causar sobrecarga a um grupamento muscular
Pausa:
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ERGONOMIA APLICADA AO TRABALHO
A técnica de sucesso é treinar uma camisão de Ergonomia, grupo técnico operacional da própria orga-
nização incluindo representantes dos colaboradores para criar um mapeamento ergonômico da empre-
sa, visando a melhoria ergonômica da organização, realizando um cronograma de soluções, e que
receba o respaldo direto da direção.
A etapa mais importante dessa implantação é o treinamento básico de ergonomia para supervisores e
chefes de produção e manutenção, a partir do qual, eles mesmos irão concluir medidas necessárias no
que tange às condições ergonômicas. Também se faz necessário treinamento para engenheiros e de-
mais profissionais da área técnica, pois são eles em ultima analise que iram projetar a empresa com
novos equipamentos. Também será necessário fazer parte desse comitê uma pessoa da área de com-
pras, pois muitas vezes solucionara muitos problemas e eles continuaram entrando na empresa pela
porta da frente, através de compras feitas sem qualquer consideração ergonômica.
Muitas vezes os administradores e gerentes são permissivos quanto às práticas. Permitindo que o tra-
balhador faça as tarefas da forma que quiser pouco atentos que as práticas incorretas quando a condi-
ção de trabalho esta adequada a uma forma importante de lesões que, como dissemos aparece depois
de algum tempo; por isso, há que se ter rigor quanto a este item. Não tem sentido cobrar do trabalha-
dor praticas corretas quando a condição de trabalho não as permite.
A ergonomia assume, cada vez mais, o papel de extrema importância dentro das empresas, quando
inter-relaciona a qualidade do produto e dos processos a um aumento de produtividade e melhoria nas
condições de trabalho.
Seu campo de aplicação e crescimento é amplo, pois a evolução técnica do trabalho tem sido um fator
decisivo no desenvolvimento desta ciência. A cada dia que passa, a tecnologia das máquinas alcança
maior perfeição e complexidade, com menores custos e obrigando o homem a uma adaptação rápida a
esta nova situação.
É importante lembrar que, ao se desenvolver essas novas tecnologias, especificamente novas máqui-
nas ou equipamentos para o sistema produtivo, as novas condições de trabalho devem atender ao ser
humano em todos os aspectos, e serem melhores que as condições anteriores. Essas novas tecnologi-
as devem se adaptar ao ser humano, usuário da mesma, e não o ser humano "ser obrigado" a se
adaptar a essas novas tecnologias.
Ergonomia exerce um papel importante no projeto de novos ambientes, bem como nas soluções corre-
tivas em máquinas e equipamentos, favorecendo medidas de prevenção que facilitam procedimentos
de trabalho mais seguros. A partir de análises de conceitos ergonômicos observa-se o processo de
trabalho, a exposição aos riscos funcionais, o ruído, a iluminação, a temperatura ambiente e a ventila-
ção a que estão sujeitos os trabalhadores em sua atividade.
Então procura-se estudar a adaptação do trabalho a homem. O objetivo do estudo da atividade do tra-
balhador é conhecer as funções que este mobiliza e compreender as modalidades de utilização destas
funções. A análise ergonômica do trabalho permite identificar, por intermédio da observação do contex-
to real de trabalho, quais são as variáveis que o operador busca para compreender os problemas aos
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ERGONOMIA APLICADA AO TRABALHO
quais ele é confrontado e, desta forma, associar os processos cognitivos que ele mobiliza na execução
do seu trabalho. Estes dados são fundamentais para a melhoria do dispositivo técnico, da organização
e da formação. Palavra chave – ergonomia- homem - trabalho – norma – ambiente
Ergonomia é conjunto de ciência e tecnologia que procura a adaptação confortável e produtiva entre o
ser humano e seu trabalho. A ergonomia é um trunfo importantíssimo na atualidade, é uma medida de
prevenção de lesões e acidentes, aumento da produtividade. A visão da tecnologia é um conjunto que
permite um aumento de produtividade preservando o conforto do trabalhador, sem o mesmo saia fati-
gado, é antes de tudo uma visão compatível com o que denominamos empresa como sistema social
eficaz, em que o ser humano trabalha é considerado cidadão, não considerado como máquina.
A aplicação da ergonomia tem o objetivo de melhor qualidade de vida de seu empregado; diminuição
de assistência médica; menor numero de acidente; aumento da eficiência do trabalho humano; diminui-
ção da rotatividade no quadro de empregados da empresa. Para a amplitude dessa dimensão influen-
ciando na atividade do trabalho é preciso que tenha uma abordagem de ação da disciplina, conheci-
mentos domínios especializados da Ergonomia; clássica - Projeto ergonômico do local de trabalho (an-
tropométrico, neurológico), Cognitiva (aprendizagem, interpretação, empática, medição, percepção) A
técnica de sucesso da aplicação da ergonomia na organização é elaborar projetos que analise as ope-
rações da empresa desde o chão de fabrica até a alta administração, sendo assim solucionara todos os
problemas da empresa; os objetivos esperado serão alcançado.
ERGONOMIA
O termo Ergonomia é derivado das palavras grega Ergon (trabalho)e nomos (normas, regras, leis).
Ergonomia: A ciência do conforto humano, a busca do bem-estar, a promoção da satisfação no traba-
lho. (Antonio Nunes) Ergonomia É o termo designativo da aplicação multidisciplinar de conhecimento
que trata de uma série de cuidados que envolvem o homem e as particularidades inerentes a cada
tarefa que realiza nas condições de trabalho, observadas as característica e limitações individuais.
(Antonio Nunes) Na história do trabalho, aplicação da Ergonomia é muito recente, e somente pode ser
falar de ergonomia aplicada ao trabalho. Para que possamos entender perfeitamente o conceito de
ergonomia, é necessário nos recordarmos um pouco história do trabalho O estudo de tempo e movi-
mento baseia-se na Anatomia e fisiologia humana.
Diminuição da produtividade;
Perda de tempo;
Doenças e acidentes;
Nos estados Unidos, usa-se também, como human Factors (fatos humanos). Pode se dizer que ergo-
nomia é uma ciência aplicada ao projeto de máquinas, equipamentos, sistemas e tarefas, com o objeti-
vo de melhorar a segurança, saúde, conforto e eficiência no trabalho. A definição formada pela IEA
(International Ergonomics Association é: Ergonomia (ou fatores humanos) é uma disciplina científica
que estuda as interações dos homens com outros elementos do sistema, fazendo aplicações da teoria,
princípios e métodos de projetos, com o objetivo de melhorar o bem-estar humano e o desempenho
global do sistema. (Jan Dul, Bernard. Weerdmeester,).
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ERGONOMIA APLICADA AO TRABALHO
Neste caso a Ergonomia tem cinco casos de aplicação no trabalho Ergonomia na organização do tra-
balho pesado Trata-se da implantação do planejamento em atividade fisicamente pesadas do trabalho,
sendo atividade de auto dispêndio energético, no sentido de que não sejam fatigante decorrente da
atividade física pesada, também estuda trabalho em ambiente de altas temperaturas, devido a enorme
frequência com que trabalho pesado é aplicado pelas condições adversas de temperatura do ambiente.
Biomecânica aplicada ao trabalho: Estudo dos movimentos humanos sob a luz da mecânica: esta é
área de maior aplicação ergonômica; nesta área estudamos a coluna vertebral humana e a prevenção
das lombalgias; estudamos as posturas no trabalho e a prevenção da fadiga e outras complicações;
estudamos a mecânica dos membros superiores, estudamos o que acontece com ser humano quando
trabalha na posição sentada.
Prevenção da fadiga do trabalho Ergonomia trata da fadiga física, e as demais atividades de recursos
humanos nas organizações tratam prevenir fadiga psíquica; neste caso procura se entender por que
trabalhador entra em fadiga, e a ergonomia propõe regras capazes de diminuir ou compensar fatores
de tal sobrecarga. Prevenção de erro humano Procura adotar medidas para o endivido com relação a
seu trabalho. Naturalmente quando ocorre erro humano é devido às condições Ergonômica; e conhecer
as regras norteadas para aumentar a confiabilidade humana.
Revezamento; visam não causar sobrecarga a um grupamento muscular Pausa; Torna-se necessário
quando não é possível adotar o revezamento de forma eficaz Melhoria da organização do sistema de
trabalho; Isto equivale a dizer: administrar melhor o sistema de produção, evitando horas extras rotinei-
ras, Adotar padrões de produção com base cientifico- tecnológicas. Melhorias o método do trabalho:
Estudar e adotar formas mais racionais de se realizar o trabalho, evitando esforço desnecessário. Pe-
quenas melhorias em posto de trabalho; Ex. Baixar uma plataforma, colocar um apoio para aos braços,
aproximar um instrumento de controle, elevar um plano de trabalho, adquirir cadeiras ergonomicamente
corretas, remanejar os locais de armazenamento colocando as peças mais pesadas a 50 cm do chão e
as mais leves em baixo ou mais acima.
A técnica de sucesso é formão uma camisão de Ergonomia, grupo técnicooperacional da própria orga-
nização incluir representantes dos trabalhadores que aprende e faz um mapeamento ergonômico da
empresa que deduza as medidas necessária para melhoria ergonômica da organização, realizando um
cronograma de soluções necessário e aprovado pela diretoria da empresa. A etapa mais importante
dessa implantação é o treinamento básico de ergonomia para supervisores e chefes de produção e
manutenção partir do qual elas mesma iram concluir medidas necessária das condições ergonômicas.
Também necessário treinamento para engenheiros e demais profissionais da área técnica, pois são
eles em ultima analise que iram projetar a empresa com novos equipamentos.
Também será necessário fazer parte desse comitê uma pessoa da área de compras, pois muitas vezes
solucionara muitos problemas e eles continuaram entrando ns empresa pela porta da frente, através de
compras feitas sem qualquer consideração ergonômica. Muitas vezes os administradores e gerentes
são permissivos quanto às práticas. Permitindo que o trabalhador faça as tarefas da forma que quiser
pouco atentos que as práticas incorretas quando a condição de trabalho esta adequada a uma forma
importante de lesões que, como dissemos aparece depois de algum tempo; por isso, há que se ter rigor
quanto a este item. Não tem sentido cobrara do trabalhador praticas corretas quando a condição de
trabalho não as permite.
A ergonomia assume, cada vez mais, o papel de extrema importância dentro das empresas, quando
inter-relaciona a qualidade do produto e dos processos a um aumento de produtividade e melhoria nas
condições de trabalho. Seu campo de aplicação e crescimento é amplo, pois a evolução técnica do
trabalho tem sido um fator decisivo no desenvolvimento desta ciência. A cada dia que passa, a tecno-
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ERGONOMIA APLICADA AO TRABALHO
logia das máquinas alcança maior perfeição e complexidade, com menores custos e obrigando o ho-
mem a uma adaptação rápida a esta nova situação. É importante lembrar que, ao se desenvolver es-
sas novas tecnologias, especificamente novas máquinas ou equipamentos para o sistema produtivo, as
novas condições de trabalho devem atender ao ser humano em todos os aspectos, e serem melhores
que as condições anteriores. Essas novas tecnologias devem se adaptar ao ser humano, usuário da
mesma, e não o ser humano "ser obrigado" a se adaptar a essas novas tecnologias.
Diz a NR 17, em seu item 17.1.2. que: “para avaliar a adaptação das condições de trabalho às caracte-
rísticas psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a Análise Ergonômica do
trabalho [...]”. Assim, não há, para esse tipo de ação, a faculdade ou arbítrio do empregador, mas sua
efetiva realização, vinculada a uma exigência normativa.
Contudo, a feitura de tal tarefa traz uma série de dúvidas e/ou controvérsias que, como lembra Couto
(1995, p.369), “vão do extremo da análise detalhadíssima de poucos resultados práticos até o outro
extremo da visão geral do processo de trabalho observando apenas por alto as situações, e natural-
mente errando [...]”.
Apesar disso, é verificável que, mesmo diante de uma grande quantidade de publicações sobre Ergo-
nomia, com raras exceções existem textos relacionados às metodologias de Análise Ergonômica, e
estes, frequentemente, se encontram dispersos, figurando, na maioria das vezes, como aporte a outros
assuntos, como Análise da Postura, Aplicações Antropométricas, Pegas e Manejos, Organização do
Trabalho etc..
Por outro lado, algumas obras mais específicas sobre Análise Ergonômica enfatizam um ou outro as-
pecto a ela relacionado, abordando em sua maior profundidade não a metodologia de análise em si
mas pormenores envolvidos como, por exemplo, os aspectos fisiológicos de uma tarefa ou os seus
processos cognitivos, de modo a não existir, de uma maneira geral, guias “passo a passo” a serem
aplicados nas mais diversas situações, tanto no meio acadêmico, por estudantes de Ergonomia, como
na prática, dentro da empresa.
Assim, o objetivo desse artigo é, através uma síntese de algumas obras sobre ergonomia, esboçar um
roteiro simplificado apto a ser usado como base teórica para uma Metodologia de Análise Ergonômica.
A análise das condições de trabalho é elemento essencial para o desenvolvimento da Ergonomia - que,
como lembra Fialho & Santos (1997), só existe se houver uma Análise Ergonômica - e se realiza para
avaliar o entorno de um posto de trabalho, com vistas a determinar riscos, observar excessos, propor
mudanças de melhoria etc..
Uma Análise Ergonômica, também chamada de Parecer Ergonômico ou Laudo Ergonômico, tem como
objetivo averiguar (quantitativa e qualitativamente) as condições de trabalho de uma determinada tare-
fa, com a observância dos vários aspectos a ela relacionados, do mobiliário à iluminação, uma vez que,
como bem lembra Volpi, “a influência sobre a qualidade de vida do ser humano dentro da empresa
[mas não apenas nela] é reflexo do ambiente de trabalho como um todo”.
Esta análise procura mostrar uma situação global da tarefa, abrangendo, dentre outros fatores: o posto
de trabalho, as pressões, a carga cognitiva, a densidade e a organização do trabalho, o modo operató-
rio, os ritmos e as posturas. Assim, ela não se limita tão só ao posto, mas verifica, também, “as carac-
terísticas do ambiente (principalmente quanto ao conforto térmico, conforto acústico e iluminação), [...]
do método de trabalho, [...] do sistema de trabalho e análise cognitiva do trabalho”.
“É o diagnóstico dos problemas e suas consequências tanto para o funcionário como para a empresa.
É condição primordial para que se possa então proceder aos projetos de modificações, visando o bem-
estar do ser humano e a produtividade com qualidade”.
A técnica objetiva (ou direta) se dá por meio do registro das atividades ao longo de um período pré-
determinado de tempo, através de observações – “a olho nu” e/ou assistida por meio audiovisual.
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ERGONOMIA APLICADA AO TRABALHO
A observação é o método mais utilizado numa Análise Ergonômica, uma vez que permite uma aborda-
gem de maneira global da atividade no trabalho, na qual o pesquisador, partindo da estruturação das
“classes” de problemas a serem observados, faz uma espécie de “filtragem seletiva” das informações
disponíveis, da qual advém a observação assistida.
O registro em vídeo, por exemplo, permite, com maior fidedignidade que a observação “a olho nu”, o
registro completo do comportamento do executor da tarefa, capturando não apenas detalhes posturais,
mas também comportamentais.
“O vídeo pode ser um elemento importante na análise do trabalho, mas os registros devem poder ser
sempre explicados pelos resultados da observação paralela dos pesquisadores. [...] Essa técnica, en-
tretanto, está relacionada a uma etapa importante de tratamento de dados, assim como de toda prepa-
ração inicial para a coleta de dados (ambientação dos operadores), e uma filtragem dos períodos ob-
serváveis e dos operadores que participarão dos registros” .
A técnica subjetiva (ou indireta) é composta por questionários, check-lists e entrevistas. O questionário
requer um maior tempo do pesquisador, ou então um maior número de pesquisadores, no entanto, é
uma aplicação bastante oportuna em um grupo restrito de pesquisados.
É importante considerar que o questionário levanta tão só as opiniões dos entrevistados, não permitin-
do o acesso ao comportamento real - objetivo.
A entrevista pode ser consecutiva à realização da tarefa, solicitando-se, por exemplo, que o operador
“explique” o que ele faz, como ele faz e por que, em determinada atividade. Sua realização pode ser
dada em simultaneidade à observação e tanto em situação real ou como em simulação laboratorial.
Couto destrincha as duas técnicas acima em três modalidades: análises por check-lists, quantitativas e
qualitativas.
Segundo o autor, os check-lists - aos quais reputam os questionários - têm, como principal vantagem, o
fato de exigirem que o observador pesquise efetivamente todos os itens previamente propostos, mini-
mizando a chance de algum destes ser esquecido.
À análise quantitativa, atribui-se conceitos análogos aos vistos com a definição da “técnica objetiva”.
“A análise qualitativa [por fim] apresenta a vantagem de poder explorar as diversas facetas da questão
sem uma limitação a qualquer instrumento. Tem valor, porém sua aplicação deve estar limitada a pes-
soas que tenham um profundo conhecimento de ergonomia [grifo nosso] e, assim, sejam capazes da
perceber bem além das aparências”.
Outra classificação dada à Análise Ergonômica, também proposta por Couto (1995), é a que a divide
em: macroscópica; microscópica; dos fatores ocultos; e da inserção ambiental.
A análise macroscópica é a visão geral (ou global) do posto de trabalho, sendo facilmente percebível
pelo observador, como posturas inadequadas, móveis desproporcionais etc. Na análise microscópica,
por outro lado, encontramos os pormenores envolvidos, abrangendo questões relacionadas ao trabalho
manual e ao método de trabalho, com foco em detalhes “mínimos” como, por exemplo, o movimento
dos olhos.
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ERGONOMIA APLICADA AO TRABALHO
Na inserção ambiental, para finalizar, se faz uma espécie de “radiografia” da “empresa” da qual o posto
de trabalho analisado pertence, pormenorizando suas características demográficas e de sua força de
trabalho, o processo tecnológico existente, as características sócio-econômico-culturais da região em
que esta se encontra etc..
Roteiros para execução de uma Análise Ergonômica já vêm sendo desenvolvidos desde a década de
70, alguns dos quais, por sua simplicidade e eficácia, se converteram em modelos e serviram de base
para outras propostas metodológicas, como é o caso do modelo LEST, desenvolvido na França pelo
Laboratório de Economia e Sociologia do Trabalho da C.N.R.S
Autores nacionais, como Fialho & Santos (1997), também expõem roteiros de análise em suas obras.
Para esses autores, os três aspectos fundamentais de uma Análise Ergonômica são: um “metaconhe-
cimento”, especificado com base na situação de trabalho a ser abordada pela pesquisa proposta; da-
dos coletados, que visam a validação, ou não, das hipóteses previamente formuladas; e o processa-
mento e análise desses dados.
Neste trabalho, toma-se como exemplo de roteiro para Análise Ergonômica um modelo baseado numa
proposta dada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (s.d.), que, por advir de um órgão oficial do Exe-
cutivo, traz maior correlação às exigências normativas expostas na NR 17.
Sua sequência pode ser resumida nas seguintes ações: análise da demanda; definição das situações
de trabalho a serem estudadas; observações gerais e preliminares; prédiagnóstico; levantamento de
hipóteses; plano de observação; observações detalhadas e sistemáticas; avaliação das exigências do
trabalho; análise da atividade; diagnóstico (global e local) e recomendações.
Análise da demanda
O fato de uma Análise Ergonômica não ter como foco, necessariamente, toda a empresa, mas situa-
ções específicas, ou postos identificados como problemáticos, exige uma mutabilidade da demanda,
que deve ser sempre revista a partir da interação com os fatores humanos envolvidos, promovendo a
participação dos trabalhadores e/ou de seus representantes nesse processo.
É o entendimento ou reconhecimento inicial, tanto da empresa como um todo, mas também, e princi-
palmente, do(s) problema(s) nela identificado(s).
Esta fase é o resultado imediato da feitura da análise da demanda, sendo, obviamente, tão bem ou mal
estruturada quão bem ou mal realizado tenha sido a “radiografia” da etapa anterior. Aqui, as primeiras
hipóteses já começam a ser formuladas pelo pesquisador, que define quais situações de trabalho apre-
sentam problemas e devem ser estudadas, uma vez que, como já mencionado, não é toda a empresa
que deve ser analisada, mas setores específicos, identificados como problemáticos.
Definida a situação de trabalho a ser estudada, passa-se à realização das primeiras observações em
campo, ditas gerais e preliminares. Nessa etapa as atividades e o processo técnico são analisados,
descrevendo-se os itens observados a ocorrência de incidentes e/ou acidentes.
Pré-diagnóstico
Das observações gerais, surgem os prédiagnósticos, aos quais recaem as “conclusões” prévias, que
em sequência servem de modelo teórico para a geração das primeiras hipóteses de trabalho.
Levantamento de hipóteses
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ERGONOMIA APLICADA AO TRABALHO
Uma hipótese é uma suposição feita sobre uma coisa possível ou impossível de ocorrência, de que se
pode, através da pesquisa de campo, tirar conclusões. Na Análise Ergonômica, ela figura como o ele-
mento norteador da pesquisa; aquilo que se quer “provar” como verdadeiro ou falso.
Plano de observação
O plano de observação deve ser coerente com o pré-diagnóstico e com as hipóteses de trabalho. Co-
mo o próprio termo indica, é a fase de preparação para observação aprofundada, que, diferentemente
da observação geral, deve seguir um método ou roteiro, de modo detalhado e perfeitamente explicitado
no estudo.
Nas observações detalhadas e sistemáticas dá-se a fase “científica”, propriamente dita, da pesquisa de
campo, na qual “todas” as ações (ao menos em teoria) devem estar previamente elencadas e o plano
de observação passa a ser executado. Aqui, são computados dados referentes ao homem, à(s) máqui-
na(s), às ações e ao ambiente de trabalho.
Feita em concomitância e através das observações detalhadas e sistemáticas, a avaliação das exigên-
cias de trabalho pode ser de diferentes ordens, por exemplo: referente à tarefa e à situação, ao orga-
nismo humano, às fontes de informação, aos órgãos sensoriais, aos dispositivos de sinais e comandos
e/ou ao operador.
Análise da atividade
Da mesma forma que a avaliação das exigências do trabalho, a análise da atividade (ou análise da
tarefa) também é feita em concomitância e através das observações detalhadas e sistemáticas, trazen-
do elementos que identifiquem o conteúdo e o processo de trabalho e estudos de tempos e movimen-
tos, incluindo, se necessário, cronometragens.
É composto pelo conjunto de conclusões finais advindas da pesquisa, corroborando ou não a hipótese
levantada, que não deve se limitar a confirmar ou não o cumprimento da NR 17 pela empresa, mas
quantificar e qualificar as reais condições de trabalho identificadas, abrangendo tanto um diagnóstico
local (de uma situação ou posto de trabalho pesquisado) como também um diagnóstico global (relacio-
nado à atividade e funcionamento da empresa como um todo, ou do grupo a que ela pertence, ou das
características socioeconômicas em que ela está inserida).
Recomendações
Considerações Finais
Diante do conteúdo brevemente esboçado nesse artigo, percebe-se facilmente a quão minuciosa pode
se tornar uma Análise Ergonômica, qualquer que seja a sua fonte motivadora, da academia - nos traba-
lhos de conclusão de cursos de graduação ou em trabalhos teórico-práticos de especialização - à rotina
trabalhista - nas indústrias, no comércio e nos serviços.
Assim como qualquer dado pode ser viciado e manipulado, pesquisas, mesmo que coerentes e factí-
veis, podem ser completamente inverídicas em virtude tão só da ausência ou aplicabilidade inadequa-
da do método científico requerido pela situação.
Não basta entrar numa fábrica ou loja e sair “olhando”, procurando “defeitos”; há de se investigar, de
forma prescrita e sistematizada, o entorno de cada problema, não apenas identificando-o, mas tendo o
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ERGONOMIA APLICADA AO TRABALHO
discernimento de propor as reais e possíveis soluções que este possa vir a ter e, ainda, apontar e “pro-
var” - cientificamente - o seu fenômeno causador.
É isso que se propõe uma Metodologia Análise Ergonômica, investigar, por meio de regras científicas,
as condições de trabalho, tanto no que tange ao conforto e à segurança, mas à usabilidade, à percep-
ção sensorial, à comunicação, ao relacionamento interpessoal etc..
Assim, o objetivo desse trabalho não foi estruturar, nem tampouco criar, qualquer Metodologia. Foi sim,
se “apropriar” do conhecimento científico já bastante desenvolvido e, apenas, ordená-lo, “lembrando”
que “ela” - a Metodologia - está aí não só para ser usada, detalhada, criticada e “reinventada”, mas,
acima de tudo, para ser conhecida. Quis-se aqui, apenas “apresentá-la”.
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TRABALHO EM EQUIPE
Trabalho Em Equipe
Pessoas que conseguem manejar o trabalho em equipe apresentam um alto nível de satisfação e
ajudam na obtenção de resultados. O trabalho em equipe harmonioso resulta em maior rapidez e
eficiência no ambiente corporativo.
Se quiser saber mais sobre a importância dos relacionamentos interpessoais, leia também esse outro
conteúdo do blog.
Nesse post, você encontra tudo o que precisa saber sobre o trabalho em equipe, sua importância e
como incentivar essa prática na sua empresa. Continue lendo para conferir.
Trabalho em equipe pode ser definido como os esforços conjuntos de um grupo ou sociedade
visando a solução de um problema. Ou seja, um grupo ou conjunto de pessoas que se dedicam a
realizar determinada tarefa estão trabalhando em equipe.
Essa denominação se origina da época logo após a Primeira Guerra Mundial. O trabalho em equipe,
através da ação conjunta, possibilita a troca de conhecimentos entre especialistas de diversas
áreas.
Como cada pessoa é responsável por uma parte da tarefa, o trabalho em equipe oferece
também maior agilidade e dinamismo.
Para que o trabalho em equipe funcione bem, é essencial que o grupo possua metas ou objetivos
compartilhados. Também é necessário que haja comunicação eficiente e clareza na
delegação de cada tarefa.
Um bom exemplo de trabalho em equipe é a forma que times esportivos são divididos. Cada
jogador possui uma função específica, devendo desempenhá-la bem sem invadir o espaço e função
dos seus companheiros de time.
Funciona da mesma maneira que o time esportivo: cada um se especializou em uma função. Para
que a equipe funcione bem, é preciso que todos se dediquem à sua especialidade, colaborando
sem atropelar o trabalho dos seus companheiros.
A diferença de pensamento e visão entre pessoas distintas é fundamental para uma resolução de
problemas eficiente. Quanto mais perspectivas uma equipe tiver sobre um único problema, mais
fácil é encontrar a melhor solução possível.
Cada vez mais as organizações valorizam colaboradores que apresentam facilidade com trabalho em
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TRABALHO EM EQUIPE
equipe. Como a grande maioria das tarefas e serviços requerem a atuação de diferentes setores
profissionais, colaborar e se comunicar bem é mais do que essencial.
A capacidade para trabalho em equipe possibilita que você apresente melhores resultados e mais
eficiência. Além disso, um ambiente corporativo composto por pessoas que se comunicam bem e
colaboram sem problemas é mais harmonioso, melhorando muito a qualidade de vida de todos os
envolvidos.
O trabalho em equipe é uma habilidade fundamental para bons líderes. Por isso, se a liderança
está no seu plano de carreira, você precisa desenvolver essa capacidade.
De uma forma geral, pessoas que possuem facilidade com trabalho em equipe são mais
contratáveis, trabalham melhor, têm mais qualidade de vida no trabalho e mais possibilidades de
receber uma promoção.
A seguir, confira quais habilidades precisam ser desenvolvidas para aprimorar sua capacidade de
trabalho em equipe.
Gerenciar Conflitos
Grande parte dos profissionais procura evitar os conflitos a todo custo. No entanto, muitas vezes eles
aparecem, e ignorá-los não é uma maneira saudável ou eficiente de proceder. Para trabalhar em
equipe efetivamente, é preciso identificar, gerenciar e resolver conflitos.
Comunicação Eficiente
Se comunicar de forma clara e eficiente é essencial para um bom trabalho em equipe. Alinhar
as metas e objetivos é o primeiro passo para que tudo funcione sem problemas. Quando todos os
colaboradores entendem qual a direção que devem seguir com o trabalho, é mais fácil orquestrar a
execução.
A comunicação também é importante para que todas as partes saibam o que é esperado delas.
A delegação de tarefas deve ser clara, e ser respeitada. Novamente, a assertividade será uma
habilidade essencial para a boa comunicação.
Quando um colaborador não sabe expressar seus limites, pode acabar pressionado a aceitar prazos
que não pode cumprir ou tarefas que não sabe realizar. Isso prejudicará tanto o desempenho da
equipe, quanto a confiança dos colaboradores. E claro, o produto final também será amplamente
afetado.
Por isso a comunicação pode ser vista como um dos principais pilares do bom trabalho em equipe.
Proatividade
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TRABALHO EM EQUIPE
Uma equipe formada por colaboradores proativos tem um funcionamento mais eficiente. Os
resultados são melhores e obtidos de forma mais rápida. Essa característica também possibilita que
os processos sejam otimizados, elevando a qualidade do trabalho como um todo.
Para que funcionários sejam proativos, no entanto, é necessário que o estilo de liderança da
organização seja flexível. A abertura a feedbacks, sugestões e opiniões entre os gestores é
essencial para estimular a proatividade.
Inovação
A criatividade e inovação são habilidades capazes de transformar a forma que uma equipe interage.
Para o bom trabalho em equipe, é preciso que seus integrantes estejam sempre inovando os
processos e procurando soluções criativas. Isso possibilita a obtenção de melhores resultados,
aumento da eficiência e otimização dos processos.
Da mesma forma que a proatividade, a criatividade na equipe precisa de espaço concedido pela
liderança para florescer. Estimular a autogestão na equipe possibilita que os profissionais criem
soluções inovativas para realizar suas tarefas.
Confiança
Não existe trabalho em equipe sem confiança mútua. Afinal, cada um precisa fazer a sua parte das
tarefas e acreditar no potencial de seus companheiros. Quando você confia no resto na sua equipe,
consegue delegar tarefas sem temer pela qualidade do produto final.
Isso é especialmente verdadeiro para os líderes. Muitos gestores cometem o erro de praticar a
microgestão, tentando controlar todos os aspectos das tarefas de toda a equipe. Isso passa aos
colaboradores a mensagem de que o líder não confia em suas habilidades, afetando o
relacionamento entre a equipe, a autoconfiança e a motivação.
Para delegar, é preciso confiar. Se sua equipe sentir que a liderança e seus pares confiam em seu
trabalho, tem muito mais chances de realizar as tarefas eficientemente e com motivação.
Respeito
O respeito mútuo é importantíssimo para o bom trabalho em equipe. Colaboradores que não se
respeitam como profissionais e como pessoas jamais terão um bom relacionamento. Sem o
respeito, nenhuma outra habilidade que citamos anteriormente é possível.
Para estimular o respeito entre a equipe, é necessário trabalhar as habilidades de empatia e construir
uma boa convivência entre os membros. Dinâmicas e exercícios de team building são ferramentas
valiosíssimas nesse cenário.
A forma mais fácil de estimular o trabalho em equipe na sua empresa, no entanto, é através
de treinamentos e coaching. O processo de coaching é capaz de ajudar os colaboradores
a desenvolver as habilidades necessárias para funcionar bem como um grupo.
Além disso, o coaching para liderança pode fazer uma enorme diferença para o trabalho em
equipe na sua organização. O estilo de trabalho dos líderes, afinal, é um dos pontos mais
importantes para incentivar e motivar sua equipe. Sem uma liderança adequada, a comunicação,
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TRABALHO EM EQUIPE
respeito, confiança, delegação e proatividade sofrem muito. Por isso, contrate os líderes certos e
ofereça o coaching de liderança para garantir o bom trabalho em equipe na empresa.
Embora a maioria das pessoas associe o uso de dinâmicas de grupo ao processo seletivo, essa
técnica também é muito usada nas áreas de motivação e teambuilding. No entanto, é necessário
selecionar exercícios apropriados.
Dinâmicas são um assunto delicado. Alguns funcionários detestam a ideia, e isso normalmente vem
da quantidade enorme de exercícios inadequados aplicados no mercado. As dinâmicas para
estimular o trabalho em equipe nunca devem ser do tipo que podem ser interpretadas como “pagação
de mico” pelos funcionários.
Busque exercícios que não gerem situações constrangedoras, que ajudem a desenvolver
habilidades e que não forcem os colaboradores a dar informações que podem ser consideradas
pessoais demais.
A seguir, confira um bom exemplo de dinâmica para estimulação do trabalho em equipe e se inspire
nesse modelo para procurar outros exercícios.
Para realizar a atividade é necessário uma caixa de bombons e folhas de jornal. Confira os passos
para executar:
1. Posicione uma folha do jornal em uma ponta da sala com a caixa de bombons em cima. Essa é
a ilha do tesouro.
2. Na ponta oposta da sala, forme duplas e coloque uma folha de jornal para cada pessoa.
4. Cada dupla deve chegar do outro lado da sala, sem tocar os pés fora da folha ou rasgar o jornal.
A solução desse exercício é a colaboração entre as duas pessoas da dupla. Uma pessoa deve
convidar a outra para subir no seu jornal. Dessa forma, é possível colocar a folha mais adiante com
as mãos e repetir o processo.
Ou seja, para ganhar o desafio, é preciso trabalhar em equipe. Se ninguém tiver essa ideia,
dificilmente conseguirão chegar ao outro lado sem rasgar o jornal. Feito o exercício, discuta com a
equipe como a colaboração é importante.
1. Aprenda a delegar: Não adianta ter uma equipe com os melhores especialistas se o líder usará
todo o seu tempo com a microgestão em cada tarefa. É preciso delegar e respeitar a delegação
realizada.
2. Conheça sua equipe: Para delegar com eficiência, é preciso conhecer bem todas as habilidades
e competências dos profissionais da sua equipe.
3. Confie nos seus funcionários: Confiar e principalmente demonstrar que confia em seus
profissionais é essencial para a boa gestão.
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TRABALHO EM EQUIPE
5. Esteja presente: Um bom líder está disposto a ajudar a equipe a chegar em soluções e apoiar os
colaboradores em todos os momentos.
6. Invista nos feedbacks: Como especialistas, a opinião da sua equipe sobre os processos e
soluções é importantíssima. O bom líder escuta e investe no feedback recebido de sua equipe.
Um bom gestor busca liderar enquanto compõe a equipe, ajudando no processo de resolução de
problemas e se fazendo sempre presente. Um líder é capaz de motivar os colaboradores e estimular
o trabalho em equipe.
• Iniciativa e proatividade
• Flexibilidade e empatia
• Autoconfiança
• Criatividade e inovação
• Inteligência emocional
• Assertividade e controle
• Aprendizagem contínua
Um bom líder está à frente de sua equipe, e o sucesso dela está na forma com a qual ele conduz a
sua gestão.
Por meio de incentivos e desenvolvimento de autoestima, o líder deve alinhar os objetivos de seus
colaboradores. É fundamental entender quais são as captações da equipe e sincronizá-las às
metas da organização. O esforço praticado cria uma atmosfera positiva, de cordialidade e bem-estar.
Para que o trabalho em equipe possa trazer bons resultados, é preciso ter uma visão ampliada do
negócio exercido. O papel de um líder é traçar estratégias de maneira efetiva.
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TRABALHO EM EQUIPE
para promover maiores resultados. Essas são as principais características de uma liderança que
realmente inspira o trabalho em equipe.
É com base nesta afirmação que o cenário interno das grandes empresas está sendo vigorado. Cada
dia mais os líderes em empresas estão se responsabilizando por todo o rendimento positivo
interno, e também respondem indiretamente a forma de como ele é firmado no mercado.
Conclusão
O trabalho em equipe sempre gera mais resultados que qualquer atividade executada
individualmente. Quando um profissional se entrega a esse conceito, pode não somente contribuir
para a obtenção de resultados como agregar valores profissionais a si mesmo.
O trabalho em equipe pode ser uma exigência atual do mercado. No entanto, aprender a lidar com
relações interpessoais, aceitar opiniões, saber ouvir e expor suas opiniões de forma
inteligente acabam sendo benéficos também para o desenvolvimento pessoal.
Quer mais informações sobre a gestão de equipes e boa liderança? Leia também esses outros
artigos no blog:
Conheça o nosso curso de coaching para aprender como inspirar o desenvolvimento dessas e muitas
outras habilidades nos seus clientes.
Uma das principais características procuradas hoje no mercado, é saber trabalhar em equipe. Essa
capacidade é bastante benéfica para o ambiente corporativo, pois permite que as tarefas sejam
cumpridas com mais rapidez e eficiência, além de estimular o aprimoramento das habilidades de
cada profissional.
Além disso, a interação da equipe agrega valor ao serviço e gera confiança entre os colaboradores, o
que proporciona um ambiente empresarial mais saudável, positivo e produtivo. Assim, os membros do
grupo se sentem motivados e preparados para assumir desafios que ajudem a organização a crescer.
Quer saber como melhorar sua capacidade de trabalhar em equipe? Confira nossas dicas:
Conflitos e desentendimentos podem acontecer em qualquer equipe que possui membros com
interpretações e opiniões diversas. Porém, se corriqueiros, eles provocam queda na produtividade,
estresse e baixo desempenho da equipe.
Portanto, saber administrar os conflitos é uma tarefa muito importante. Algumas dicas são:
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TRABALHO EM EQUIPE
• Ter autocontrole;
Melhore A Comunicação
• Eliminação de ruídos, pois os mesmos são prejudiciais para a realização das atividades da
empresa;
• Realização de reuniões semanais ou mensais para atualização e discussão dos principais pontos de
determinado processo;
• Criação de murais, agendas e informativos, para que todos fiquem cientes do que ocorre na
empresa;
Valorizar a comunicação entre todos os setores é a chave para um bom trabalho em equipe. Saber
escutar e falar na hora certa é uma habilidade importante para que o ambiente se torne agradável e
produtivo.
Seja Proativo
Atualmente, as empresas já sabem que uma estratégia muito importante para se atingir resultados
efetivos, é investir no capital humano. Nesse sentido, é fundamental que a proatividade da equipe
seja estimulada.
Um profissional proativo, é aquele que possui iniciativa, busca por novos desafios e soluções para os
problemas que podem surgir na rotina da organização.
• A equipe deve conhecer como cada profissional trabalha, quais são suas expectativas, etc;
• O profissional deve criar um plano para a realização das atividades, distribuir as tarefas, priorizar o
que é mais importante, eliminar etapas desnecessárias;
• Deve expor suas opiniões, dar sugestões e ter liberdade para tomar iniciativa;
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TRABALHO EM EQUIPE
A inovação é uma excelente forma de garantir à empresa, diferencial competitivo. Uma equipe que
foca na inovação, garante alta performance e melhor entrega de resultados. Algumas dicas para
fomentar a inovação nas atividades da empresa, são:
• Praticar o reconhecimento e enfatizar as qualidades de cada colaborador e como eles foram parte
importante para o alcance dos objetivos;
• Ouvir as sugestões dos profissionais e assim, fazer com que eles sintam-se parte da organização;
Isso ajuda no crescimento da empresa e dos profissionais à sua volta. Propor maneiras mais
assertivas de realizar tarefas e de otimizar o tempo no trabalho é uma forma de estimular a
criatividade dos colegas e de contribuir com a ampliação da produtividade.
Quando o profissional acredita no seu trabalho, na capacidade dos demais colegas e ele se torna
uma pessoa que inspira confiança. Gerar esse sentimento é ganhar um espaço maior na equipe. O
colaborador passará a ser um exemplo, conquistará o comprometimento dos colegas e saberá
quando e como contar com cada um. Algumas ações para gerar confiança e ser confiável, são:
• Ter empatia e se colocar no lugar do colega, entender seus desafios diários e suas limitações;
• Evidenciar que as mudanças são bem vindas, pois as mesmas podem se tornar oportunidades;
• Definir prazos, metas e objetivos, para que então, o profissional crie uma rotina de trabalho e exerça
as atividades de acordo com o seu ritmo;
• Buscar capacitação contínua, dessa forma, a equipe será capaz de atingir resultados extraordinários
à empresa;
• Mapear as competências, através dessa ação, o colaborador consegue realizar as tarefas de acordo
com as suas habilidades
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TRABALHO EM EQUIPE
Colaboradores com liberdade sobre suas demandas e prazos se sentem mais confortáveis e
produzem melhores resultados. A autonomia no ambiente organizacional dá ao profissional a
confiança necessária para executar suas atividades com excelência e gera maior responsabilidade e
comprometimento.
Invista Em Coaching
• Maximiza a confiança e segurança dos colaboradores, fazendo com que eles cumpram com os
objetivos traçados;
• Gera motivação ao indivíduo, permitindo que ele alcance melhores resultados em sua carreira, tanto
em grupo quanto de forma individual;
• Elimina a procrastinação;
Evidentemente, o primeiro passo é respeitar a hierarquia. Fazer apenas aquilo que nos foi solicitado,
evitando desnecessária intromissão nas competências alheias. Se existe algum espaço para que
possamos contribuir com iniciativas e sugestões, sempre é bom fazer um uso equilibrado do mesmo.
Devemos ser objetivos e concisos em qualquer explanação que, por ventura, venhamos a agregar, e
não devemos interromper os colegas que também queiram contribuir com suas ideias. Ter exata
noção do seu espaço, e não interferir no espaço dos colegas, é fundamental para desenvolver uma
saudável dinâmica de grupo. Lembre-se: o resultado final do projeto será uma coleção das
melhores ideias de cada indivíduo, e não as ideias ou conceitos de um único integrante da
equipe. Portanto, sinta-se à vontade para agregar, mas lembre-se de respeitar as opiniões e
contribuições dos seus colegas, mesmo quando são divergentes das suas. Elas são tão
importantes quanto.
Normalmente, uma equipe é constituída por diferentes indivíduos, com diferentes competências. Usar
suas habilidades da melhor maneira possível é a forma mais eficiente de contribuição. A grande
vantagem de um trabalho em equipe é que seus muitos integrantes estarão aptos a contemplar
inúmeras soluções para um grande número de problemas, primariamente, porque cada pessoa
enxergará o projeto – e não apenas o projeto em si, mas cada uma de suas etapas –, por diferentes
perspectivas. Desta maneira, cada um poderá contribuir, da sua maneira, para a execução do
trabalho em questão. O que deve ser feito é um encadeamento, uma simbiose, das melhores ideias,
para a obtenção do melhor resultado. Tudo, é claro, buscando executar um trabalho de qualidade,
capaz de superar as expectativas do cliente.
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TRABALHO EM EQUIPE
Como a maioria de nós trabalha com outras pessoas, desenvolver um trabalho conjunto não costuma
ser um desafio tão grande assim. Quando cada um dos integrantes sabe o seu lugar no grupo, além
da maneira apropriada de executar suas funções, um trabalho em equipe pode tornar-se uma tarefa
satisfatória e recompensadora, que agrega valores profissionais em cada um dos envolvidos, nos
ensinando a respeitar e a valorizar o trabalho alheio.
Trabalhos em equipe, no entanto, podem ser desgastantes com os indivíduos errados. Em uma
equipe, ninguém é melhor do que ninguém. Humildade e modéstia, sem dúvida nenhuma, são
qualidades e valores fundamentais para o desenvolvimento de uma boa dinâmica de grupo.
Funcionários egocêntricos, individualistas, arrogantes ou prepotentes não raro comprometem a
sinergia e o desempenho do que poderia ser uma boa equipe. Se, em virtude de suas competências
e qualificações, indivíduos deste calibre vierem a integrar o grupo, é altamente recomendável que o
responsável pelo projeto chame a atenção do funcionário em questão para a sua atitude.
Evidentemente, um trabalho em grupo não deve ser destituído da figura do líder, aquele
indivíduo que, perante o cliente, é o responsável pelo projeto, sendo também o indivíduo que
cobrará resultados individuais de cada integrante, verificando a qualidade do trabalho. É ele
que não permitirá que a anarquia se instaure, e ficará cobrando todos, para que não passem do
prazo. O líder, no entanto, ainda que, perante o cliente, seja o realizador, ou o idealizador do projeto,
não deve nunca reclamar toda a glória do êxito única e exclusivamente para si. Sabiamente, ele irá
reconhecer a importância do trabalho de cada integrante da equipe, valorizando as qualidades e
competências de cada um dos envolvidos.
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SAÚDE MENTAL DO TRABALHADOR
A Lei Orgânica da Saúde, 8080/90, no Art. 6°, inciso 3°, define a saúde do trabalhador como:
Um conjunto de atividades que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e vigilância
sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e rea-
bilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de tra-
balho.
Desta forma, na medida em que a saúde do trabalhador solicita formas de atuação que adotem não
apenas um olhar aos aspectos biológicos, mas que também incorpore os fatores psíquicos e sociais,
a Psicologia inicia a sua aproximação com os problemas de saúde do trabalhador. No Brasil, um
marco importante para a inserção da Psicologia na pauta da saúde do trabalhador foi a criação da
Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST) em 2002, cuja finalidade foi a
de articular ações de saúde do trabalhador por meio de ações assistenciais, de vigilância, prevenção
e de promoção da saúde.
A abordagem da psicologia do trabalho, por sua vez, é de difícil análise, considerando a sua vasta
amplitude. Nesta linha da psicologia, o trabalho não é reduzido ao emprego, mas corresponde a uma
atividade, de modo que, nessas abordagens, tendem a predominar a concepção do sujeito psíquico e
uma visão nominalista de ciência e da realidade. A descrição que melhor define essa linha é a ligação
entre a vida psíquica e o trabalho. O autor defende o trabalho como ponto principal da disposição das
ações psíquicas primordiais do sujeito e estaria em domínio da ação, sendo que haveria uma ligação
estreito entre consciência e ação estabelecida. A produtividade e a eficiência não estariam sob um
olhar exclusivo, e sim a evolução do conhecimento individual com o trabalho, seja ele na obtenção da
satisfação, ou sobre o poder de ação coletiva e individual.
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SAÚDE MENTAL DO TRABALHADOR
O significado de psicologia do trabalho que se está assumindo é de origem, ou seja, de causa, isto é,
uma parte dos significados dos fenômenos que a psicologia estuda vem da sua origem, sua consig-
nação – é esclarecida no e pelo trabalho. Segundo os autores, para compreender a psicologia, é pre-
ciso compreender o trabalho e que ele é um instrumento necessário para se entender o fenômeno
psicológico, tal como, por exemplo, a psicanálise afirmou que seria necessário compreender a sexua-
lidade para entender a força psicológica.
Desta forma, os autores entendem como psicologia do trabalho, o exercício capaz de nos auxiliar a
entender o ser humano, encargo este da própria psicologia. Ou, possivelmente, mais do que isso.
Essa seria a verdadeira definição de psicologia do trabalho, porque sem o trabalho seria impraticável
o fazer psicologia. O trabalho tem um papel importante na vida do sujeito, já que às vezes pode se
configurar de forma negativa, abarcando prejuízos psicológicos e sociais, afetando a saúde dos sujei-
tos.
Atualmente existem diversos ramos de interface entre trabalho e saúde mental: clínicas do trabalho,
enfoques de estresse, assédios e violências psicológicas; linhagens da psicopatologia do trabalho e
da psiquiatria, incluindo a vertente do desgaste mental; psicossociologia e análises institucionais; e
abordagens organizacionais e da subjetividade. Além disso, a atuação do psicólogo pode se dar em
diferentes contextos, como em equipes de saúde pública, em espaços institucionais, como escolas,
hospitais, organizações empresariais, sindicatos, e também na clínica privada.
Nexo Causal
Para se obter um conhecimento preciso em saúde mental e trabalho, é necessário pesquisar a impor-
tância que o trabalho tem para o indivíduo e a importância que este compreende o trabalho em âm-
bito social. O tema nexo causal voltou a ser discutido com a medida provisória de número 316, em 11
de agosto de 2006, exibida pelo governo federal, a qual dispõe o nexo técnico epidemiológico. A me-
dida estabelece a inversão do ônus de prova em determinados casos, quando é produzido o registro
automático da doença como sendo relacionada ao trabalho.
A averiguação do nexo causal juntamente com o trabalho abona ao trabalhador garantias que lhes
são de direito. Elas são previstas pela legislação, abarcando garantia econômica e de estabilidade de
emprego, pelo tempo de um ano após seu retorno. Em certos casos, colabora acerca da diminuição
da “responsabilização do trabalhador pelo acidente ou pelo adoecimento e as consequências daí deri-
vadas associadas à culpa imputada por outros ou à própria auto-culpabilização”.
A autora defende que há uma gama de fatores que contribuem para a alteração da saúde mental re-
lacionada ao trabalho, sejam eles pontuais – como a exposição a agentes tóxicos –, até a complexa
articulação de fatores relativos à organização do trabalho. E acrescenta:
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SAÚDE MENTAL DO TRABALHADOR
Tais fatores contribuem para as dificuldades para o estabelecimento do nexo causal. No mesmo sen-
tido, síndrome do pânico, transtornos relacionados ao alcoolismo, estados de estresse pós-traumá-
tico, transtornos orgânicos de personalidade, dentre outros, têm se mostrado como quadros que se
encaixam vezes sim, vezes não, nas classificações nosológicas comumente descritas nos manuais
de psiquiatria.
O estabelecimento da relação causal entre agravos à saúde mental e o trabalho tem gerado questio-
namentos e conflitos entre técnicos vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS) e aos departamen-
tos de saúde dos sindicatos de trabalhadores com peritos do Instituto Nacional de Seguridade Social
(INSS) e técnicos dos serviços de Segurança e Medicina do Trabalho das empresas. Os profissionais
que sustentam a impossibilidade do estabelecimento desse nexo servem-se de argumentos que des-
qualificam a objetividade dos complexos sintomas psíquicos, apontando para aquilo que aparenta ser
o aspecto mais contraditório da relação entre saúde mental e trabalho: a invisibilidade das cargas de
trabalho psíquicas.
Os efeitos de saúde e doença influem tanto no corpo como em repercussões no imaginário: ambas
implicações são reais. Assim, as ações clínicas, técnicas, de tratamento, de prevenção ou de planeja-
mento precisam estar atentas aos valores, atitudes e crenças das pessoas envolvidas. A autora
acrescenta que a inclusão dos âmbitos conceituais abrangendo o subjetivo e o social como elemen-
tos indispensáveis não diminui a cientificidade da saúde; pelo contrário, complementam-se dando
maior visibilidade aos fenômenos que os envolvem.
Ainda que não tenha sido foco da presente pesquisa estabelecer o nexo causal entre saúde/doença
mental e trabalho, conhecer os aspectos que envolvem essa dinâmica contribui para aprimorar o en-
tendimento das relações entre o trabalho e o indivíduo. O trabalho não é apenas um meio de subsis-
tência, mas constituidor de identidade, podendo ser fonte de saúde ou de doença. Desta forma,
emerge a necessidade de uma nova mentalidade que permita a reflexão sobre riscos e a prática in-
vestigativa e compreensiva do psicólogo do trabalho em prol da saúde do trabalhador.
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REFERÊNCIAS
Os links citados abaixo servem apenas como referência. Nos termos da lei
brasileira (lei nº 9.610/98, art. 8º), não possuem proteção de direitos de autor: As
ideias, procedimentos normativos, sistemas, métodos, projetos ou conceitos
matemáticos como tais; Os esquemas, planos ou regras para realizar atos
mentais, jogos ou negócios; Os formulários em branco para serem preenchidos
por qualquer tipo de informação, científica ou não, e suas instruções; Os textos
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