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CEI-AGU/PGFN

4ª RODADA - 12/08/2015

RETA FINAL
CEI-AGU/PGFN
PREPARATÓRIO PARA A ADVOCACIA GERAL
DA UNIÃO E PROCURADORIA GERAL DA
FAZENDA NACIONAL

4ª RODADA - 12/08/2015

RECADO IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário.
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PROFESSORES

CAROLINA BLUM. Professora de Direito Econômico, Financeiro e Empresarial e coordenadora do curso.


Procuradora do Banco Central, lotada em Curitiba – PR (aprovada em 10º lugar – concurso 2013/2014). Graduada
em Direito pela Universidade de Passo Fundo/RS. Pós graduando em Direito Empresarial. Aprovada também no
concurso de Procurador Federal (2013/2014).

PAULO HENRIQUE LOPES DE LIMA. Professor de Direito Ambiental e coordenador do curso.


Advogado. Graduado em Direito pelo Centro Universitário UNIEURO. Exerceu o cargo de Assessor de Procurador
Regional da República de 2008 a 2010. Pós graduando em Direito Ambiental. Aprovado nos concursos de Procurador
Federal (2013/2014) e Procurador do Estado da Bahia (2013/2014).

SADI TOLFO JUNIOR. Professor de Direito Constitucional e Administrativo.


Advogado da União, lotado em Brasília (concurso de 2012/2013). Especialista em Direito Público. Graduado em
Direito pela Universidade Federal de Santa Maria/RS. Assistente da Coordenação-Geral de Assuntos Estratégicos
da Consultoria Jurídica do Ministério da Integração Nacional.

CAMILLO PIANA. Professor de Direito Processual Civil e Tributário.


Procurador da Fazenda Nacional, lotado em Canoas – RS (concurso 2012/2013). Graduado em Direito pela
Universidade de Passo Fundo/RS (2011/2012). Aprovado também nos concursos de Advogado da Caixa Econômica
Federal (2012), Procurador e Assessor Jurídico do Município de Novo Hamburgo/RS (2012).

CARLOS HENRIQUE BENEDITO NITÃO LOUREIRO. Professor de Direito Civil, Penal e Processo Penal.
Procurador Federal, lotado em Boa Vista/RR – Concurso 2013/2014, onde atua na Procuradoria Federal Especializada
junto ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima/IFRR. Graduado em Direito pela Faculdade
de Ciências Sociais Aplicadas – FACISA – Campina Grande/PB. Pós-Graduando em Direito Administrativo pela
Universidade Estácio de Sá e Complexo de Ensino Renato Saraiva. Aprovado também nos concursos de Analista e
Técnico do TJPE; Advogado da Câmara Municipal de João Pessoa; Procurador da Assembléia Legislativa da Paraíba;
Procurador do Município de Maceió; Advogado do DETRAN/PB..

VINÍCIUS DE AZEVEDO FONSECA. Professor de Direito Internacional Público e Internacional Privado.


Advogado da União, lotado na Procuradoria da União no Estado de Mato Grosso, onde atua no grupo de patrimônio
público e probidade administrativa. Membro do Grupo Permanente de Atuação Proativa da Procuradoria-Geral da
União. Integrante da Comissão Executiva da Escola da AGU no Estado de Mato Grosso. Bacharel em Direito pela
Universidade de Caxias do Sul, com extensão universitária em Direito Internacional Público, Direito Internacional
Privado e Direito Comunitário pela Universidade de Coimbra. Aprovado nos concursos para Advogado da União
2012/2013 (3° lugar) e Procurador do Estado do Rio Grande do Sul 2011/2012 (8° lugar).

JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO. Professor de Direito do Trabalho, Direito Processual do Trabalho e Seguridade Social.
Advogado da União, lotado em Manaus (concurso 2012/2013). Foi Procurador do Estado de São Paulo (concurso
2012/2013). Graduado em Direito pela Universidade Federal do Piauí. Pós-Graduado em Direito Público pela
Universidade Federal do Piauí, em convênio com a Escola Superior da Magistratura do Piauí – ESMEPI. Pós-Graduado
em Direito Privado pela Universidade Federal do Piauí, em convênio com a Escola Superior da Magistratura do
Piauí – ESMEPI.

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SUMÁRIO

QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO...........................................................................4


DIREITO ADMINISTRATIVO.....................................................................................................................4
DIREITO CONSTITUCIONAL....................................................................................................................4
DIREITO FINANCEIRO...............................................................................................................................4
DIREITO ECONÔMICO...............................................................................................................................5
DIREITO TRIBUTÁRIO................................................................................................................................5
DIREITO AMBIENTAL.................................................................................................................................5
DIREITO CIVIL..............................................................................................................................................6
DIREITO PROCESSUAL CIVIL...................................................................................................................6
DIREITO EMPRESARIAL............................................................................................................................7
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO....................................................................................................7
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO...................................................................................................7
DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL...................................................................................................7
DIREITO DO TRABALHO...........................................................................................................................8
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO................................................................................................8
DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL.......................................................................................................8
GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS...........................................................................................................9
QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO........................................................................10
DIREITO ADMINISTRATIVO...................................................................................................................10
DIREITO CONSTITUCIONAL..................................................................................................................12
DIREITO FINANCEIRO..............................................................................................................................16
DIREITO ECONÔMICO.............................................................................................................................17
DIREITO TRIBUTÁRIO...............................................................................................................................19
DIREITO AMBIENTAL...............................................................................................................................23
DIREITO CIVIL............................................................................................................................................30
DIREITO PROCESSUAL CIVIL.................................................................................................................33
DIREITO EMPRESARIAL..........................................................................................................................40
DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO..................................................................................................43
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO.................................................................................................45
DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL.................................................................................................49
DIREITO DO TRABALHO.........................................................................................................................53
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO.............................................................................................56
DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL.....................................................................................................57

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QUESTÕES OBJETIVAS SEM O GABARITO COMENTADO

ORIENTAÇÃO: procure responder todas as questões com agilidade, sem consulta a nenhum material, a fim de
simular a situação encontrada em prova.

DIREITO ADMINISTRATIVO

1. Dispensa-se a comprovação de baixa renda, para fins de recebimento do auxílio reclusão, aos
servidores público estatutários.

2. A demissão por ato de improbidade administrativa praticada por membro do Ministério Público
não pode ser determinada em Ação Civil Pública cujo rito segue o previsto na Lei de Improbidade
Administrativa (Lei 8.429/1992), já que a demissão destes agentes deve se sujeitar a procedimento
especial previsto em legislação específica.

3. É obrigatória a análise posterior dos textos de edital de licitação, como dos respectivos contratos
e instrumentos congêneres, pelas respectivas Consultorias Jurídicas dos Ministérios.

DIREITO CONSTITUCIONAL

4. É requisito para o processamento e julgamento da Ação Declaratória de Constitucionalidade


a demonstração da existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da disposição
objeto da ação declaratória, a qual deve ser necessariamente analisada sob o aspecto quantitativo,
ou seja, pressupõe um número elevado de decisões judiciais num ou noutro sentido.

5. Conforme precedente do STF, a decisão deste Tribunal que declara a constitucionalidade ou a


inconstitucionalidade de preceito normativo não produz a automática reforma ou rescisão das
decisões anteriores que tenham adotado entendimento diferente.

6. A Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão foi introduzida no ordenamento jurídico


nacional pela Constituição Federal de 1988, com inspiração na Constituição Portuguesa, e visa
combater a síndrome de inefetividade das normas constitucionais, por meio da declaração da
omissão inconstitucional total ou parcial quanto ao cumprimento de dever constitucional de
legislar, não se prestando, por isso, para corrigir omissões administrativas.

7. Segundo a teoria da derrotabilidade das normas jurídicas, toda norma, seja ela qualificada
como regra ou princípio, se sujeita a exceções não previstas exaustivamente em seu texto, de
forma que a incidência destas exceções autorizam a superação ou “derrota” dessa norma face ao
caso concreto e à argumentação desenvolvida.

DIREITO FINANCEIRO

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8. Subvenções, para os efeitos da Lei nº 4.320/64, são transferências destinadas à cobrir


despesas de custeio das entidades beneficiadas, as quais podem ser (i) sociais, que se destinam
à instituições públicas ou privadas de caráter assistencial ou cultural, sem finalidade lucrativa, ou
(ii) econômicas, que se destinam à empresas públicas ou privadas de caráter industrial, comercial,
agrícola ou pastoril.

9. Os atos que criarem despesas obrigatórias de caráter continuado deverão ser instruídos com
a estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e
nos dois subsequentes e demonstrar a origem dos recursos para seu custeio, além de estarem
acompanhados de comprovação de que a despesa criada ou aumentada não afetará as metas de
resultados fiscais, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes, ser compensados,
ainda que posteriormente, pelo aumento permanente de receita ou pela redução permanente de
despesa.

DIREITO ECONÔMICO

10. O Supremo Tribunal Federal, em sede de controle concentrado de constitucionalidade, já se


manifestou no sentido de que o rol do Artigo 177, § 4º, II, da Constituição Federal, que prevê
a destinação da receita arrecadada com a contribuição de intervenção no domínio econômico
relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural
e seus derivados e álcool combustível, é exemplificativo.

11. Acerca das fases de integração econômica, é correto afirmar que o Mercosul se constitui,
atualmente, em uma União Aduaneira.

DIREITO TRIBUTÁRIO

12. A instituição e cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público
deve se dar mediante lei.

13. A utilização da taxa Selic, no que diz respeito à cobrança ou à restituição de tributo, no âmbito
dos Estados ou Municípios, é condicionada à existência de lei própria (estadual ou municipal) que
determine a sua aplicação nessas hipóteses.

14. Atualmente é válida a incidência do ICMS sobre a importação, por pessoa física, de bem
destinado a uso próprio.

DIREITO AMBIENTAL

15. A captação e a utilização da energia solar não prescindem de licenciamento ambiental.

16. De acordo com a Lei 9.478/97, que dispõe sobre a Política Energética Nacional, constitui

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monopólio da União, dentre outras atividades, a pesquisa e lavra das jazidas de petróleo e gás
natural e outros hidrocarbonetos fluidos. Tal atividade será regulada, fiscalizada e exercida
exclusivamente pela União.

17. O princípio do poluidor-pagador reflete a ideia de que o poluidor deve arcar com o custo
decorrente da poluição, internalizando os custos ambientais e reduzindo as externalidades
negativas da sua atividade, estabelecendo-se, portanto, uma liceidade para o ato de poluir,
desde que haja o pagamento pela degradação. Exemplo de aplicação desse princípio está na
obrigatoriedade da reposição florestal imposta às pessoas físicas ou jurídicas que utilizam
matéria-prima florestal oriunda de supressão de vegetação nativa ou que detenham autorização
para supressão de vegetação nativa.

18. Segundo a mais atual jurisprudência dos Tribunais Superiores, admite-se a responsabilização
penal das pessoas jurídicas por crimes ambientais independentemente da imputação concomitante
da pessoa física responsável pelos atos do ente moral.

DIREITO CIVIL

Sobre a responsabilidade civil, julgue os itens:

19. Nos casos de responsabilidade civil derivada de incapacitação para o trabalho, a vítima tem
o direito absoluto de que a indenização por danos materiais fixada em forma de pensão seja
arbitrada e paga de uma só vez.

20. A teoria da perda de uma chance objetiva proporcionar a reparação do dano sofrido, em
situações nas quais a conduta do agressor retira da vítima uma possibilidade séria e real de
chance futura, dentro da lógica do razoável.

21. As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por caso fortuito
relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

22. Para o STF, a extemporaneidade não se verifica com a interposição de recurso antes do
respectivo termo a quo.

23. No pedido de intervenção anódina formulado por ente público federal não há o deslocamento
automático da competência para a Justiça Federal.

24. Compete, de forma absoluta, ao Juizado Especial Federal o processo e julgamento de ação para
a anulação de ato administrativo federal de natureza previdenciária com repercussão econômica
inferior a 60 (sessenta) salários-mínimos.

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25. Sendo a usucapião espécie de prescrição dita aquisitiva, pode o juiz reconhecê-la de ofício
desde que presentes os seus respectivos pressupostos legais.

DIREITO EMPRESARIAL

26. Não se submete à competência do juízo universal da recuperação judicial a ação de despejo
movida, com base na Lei 8.245/1991 (Lei do Inquilinato), pelo proprietário locador para obter,
unicamente, a retomada da posse direta do imóvel locado à sociedade empresária em recuperação,
assim como não se submetem aos efeitos da recuperação judicial os créditos garantidos por
alienação fiduciária de bem não essencial à atividade empresarial.

27. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade,


mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com
a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado
econômico, sendo dispensável o Livro Diário, que pode ser substituído por fichas no caso de
escrituração mecanizada ou eletrônica.

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

28. De acordo com a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, de 1969, um Estado
não pode invocar as disposições de seu direito interno para justificar o inadimplemento de um
tratado, a menos que se trate de violação manifesta de norma interna de importância fundamental
referente à competência para concluir tratados.

29. O direito de posse dos indígenas sobre as terras que tradicionalmente ocupam, para além de
previsto na Constituição Federal de 1988, também é afirmado por Convenção da Organização
Internacional do Trabalho.

DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

30. A cooperação jurídica internacional, com base na Convenção das Nações Unidas contra
a Corrupção (Convenção de Mérida), para fins de identificação de bens a serem futuramente
recuperados, somente é possível quando haja processo judicial em curso no Estado requerente.

31. De acordo com recente decisão do STJ, ainda que o domicílio do autor da herança seja o Brasil,
aplica-se a lei estrangeira da situação da coisa - e não a lei brasileira - na sucessão de bem imóvel
situado no exterior.

DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL

32. Aplica-se o instituto do arrependimento posterior ao crime de moeda falsa.

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33. A prisão preventiva tem natureza cautelar, pode ser ordenada em qualquer fase da investigação
criminal ou do processo penal, podendo ser decretada de ofício pelo juiz, em qualquer dessas
fases, tem caráter provisório, devendo ser fixado prazo para sua duração e contra a sua revogação
cabe recurso em sentido estrito.

34. Verificando que o réu não foi encontrado, o oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá
à citação com hora certa, e caso o réu não compareça, ficarão suspensos o processo e o curso do
prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas
urgentes.

DIREITO DO TRABALHO

35. A transação extrajudicial que importa rescisão de contrato de trabalho, em razão de adesão
voluntária do empregado a plano de dispensa incentivada, somente enseja quitação das verbas
expressamente consignadas no termo do acordo, mesmo que o acordo coletivo que tenha
aprovado o plano tenha estabelecido a quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas objeto do
contrato de emprego.

36. As horas in itinere são devidas caso a residência do empregado esteja localizada em local de
difícil acesso.

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

37. Compete à Justiça Federal, excluídas as reclamações trabalhistas, processar e julgar os feitos
relativos a movimentação do FGTS.

38. Não ofende a coisa julgada decisão extintiva de ação de cumprimento de sentença normativa,
na hipótese em que o dissídio coletivo tiver sido extinto sem julgamento de mérito.

DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL

39. Para a concessão de benefício por incapacidade, não será considerada a perda da qualidade
de segurado decorrente da própria moléstia incapacitante.

40. A contribuição dos integrantes de plano de previdência complementar pode ser majorada
sem ofender direito adquirido.

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GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS

QUESTÃO 1 CERTO
QUESTÃO 2 ERRADO
QUESTÃO 3 ERRADO
QUESTÃO 4 ERRADO
QUESTÃO 5 CERTO
QUESTÃO 6 ERRADO
QUESTÃO 7 CERTO
QUESTÃO 8 CERTO
QUESTÃO 9 ERRADO
QUESTÃO 10 ERRADO
QUESTÃO 11 CERTO
QUESTÃO 12 ERRADO
QUESTÃO 13 CERTO
QUESTÃO 14 CERTO
QUESTÃO 15 ERRADO
QUESTÃO 16 ERRADO
QUESTÃO 17 ERRADO
QUESTÃO 18 CERTO
QUESTÃO 19 ERRADO
QUESTÃO 20 CERTO
QUESTÃO 21 ERRADO
QUESTÃO 22 CERTO
QUESTÃO 23 CERTO
QUESTÃO 24 CERTO
QUESTÃO 25 ERRADO
QUESTÃO 26 CERTO
QUESTÃO 27 ERRADO
QUESTÃO 28 CERTO
QUESTÃO 29 CERTO
QUESTÃO 30 ERRADO
QUESTÃO 31 CERTO
QUESTÃO 32 ERRADO
QUESTÃO 33 ERRADO
QUESTÃO 34 ERRADO
QUESTÃO 35 ERRADO
QUESTÃO 36 ERRADO
QUESTÃO 37 CERTO
QUESTÃO 38 CERTO
QUESTÃO 39 CERTO
QUESTÃO 40 CERTO

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QUESTÕES OBJETIVAS COM O GABARITO COMENTADO

PROFESSOR: SADI TOLFO JUNIOR

DIREITO ADMINISTRATIVO

1. Dispensa-se a comprovação de baixa renda, para fins de recebimento do auxílio reclusão, aos
servidores público estatutários.

COMENTÁRIO

O art. 20, IV, da Constituição Federal, confere aos dependentes dos segurados de baixa renda a concessão
de auxílio reclusão. Referido dispositivo foi incluído pela EC nº 20/1998, que no art. 13 fixou como requisito
para enquadramento em “baixa renda” auferir renda bruta mensal igual ou inferior a R$ 360,00 (trezentos
e sessenta reais), até que lei disciplinasse o tema. Essa lei ainda não foi promulgada, e o valor tem sido
reajustado por meio de Portaria.

Entretanto, entendeu o STJ no AgRg no REsp nº 1.510.425, que é inaplicável a limitação de renda
bruta mensal prevista no art. 13 da EC n. 20/1998 sobre os servidores ocupantes de cargo público de
provimento efetivo. O limite se impõe sobre os servidores vinculados ao Regime Geral de Previdência
Social (empregados públicos, contratados temporariamente e exclusivamente titulares de cargos
comissionados). Isso porque, aos servidores públicos estatutários aplica-se o art. 229 da Lei 8.112/1990,
cuja redação não traz a comprovação de baixa renda como requisito para concessão do benefício. Eis a
redação do dispositivo:

Art. 229. À família do servidor ativo é devido o auxílio-reclusão, nos seguintes valores:

I - dois terços da remuneração, quando afastado por motivo de prisão, em flagrante ou


preventiva, determinada pela autoridade competente, enquanto perdurar a prisão;

II - metade da remuneração, durante o afastamento, em virtude de condenação, por sentença


definitiva, a pena que não determine a perda de cargo.

§ 1º Nos casos previstos no inciso I deste artigo, o servidor terá direito à integralização da
remuneração, desde que absolvido.

§ 2º O pagamento do auxílio-reclusão cessará a partir do dia imediato àquele em que o servidor


for posto em liberdade, ainda que condicional.

§ 3º Ressalvado o disposto neste artigo, o auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições
da pensão por morte, aos dependentes do segurado recolhido à prisão.

Portanto, CERTO o item.

GABARITO: CERTO

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2. A demissão por ato de improbidade administrativa praticada por membro do Ministério Público
não pode ser determinada em Ação Civil Pública cujo rito segue o previsto na Lei de Improbidade
Administrativa (Lei 8.429/1992), já que a demissão destes agentes deve se sujeitar a procedimento
especial previsto em legislação específica.

COMENTÁRIO

Com efeito, os membros do Ministério Público estão sujeitos a rito especial para aplicação da pena
de demissão, a qual requer a necessidade de ação judicial específica cujo ajuizamento depende de
autorização do Conselho Superior do Ministério Público (art. 57, XX, da LC 75/1993 e § 2º do art. 38 da
Lei 8.625/1993).

Entretanto, decidiu o STJ no REsp 1.191.613 que estas disposições não interferem no comando da Lei de
Improbidade Administrativa (Lei 8.429/1992), a qual ampliou a legitimação ativa para ajuizamento de
ação de improbidade, não somente ao PGJ ou PGR, mas “pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica
interessada” (art. 17).

Assim, no entender do Tribunal, a demissão ou perda do cargo por ato de improbidade administrativa
não só pode ser determinada por sentença condenatória transitada em julgado em ação específica, cujo
ajuizamento deve ser provocado pelo Conselho Superior do MP, como também pode decorrer do trânsito
em julgado da sentença condenatória proferida em ACP prevista na Lei de Improbidade Administrativa, a
ser ajuizada de acordo com as regras de competência.

Portanto, ERRADO o item.

GABARITO: ERRADO

3. É obrigatória a análise posterior dos textos de edital de licitação, como dos respectivos contratos
e instrumentos congêneres, pelas respectivas Consultorias Jurídicas dos Ministérios.

COMENTÁRIO

De acordo com o art. 38, parágrafo único, da Lei 8.666/1993, as minutas de editais de licitação, bem como
as dos contratos, acordos, convênios ou ajustes devem ser previamente examinadas e aprovadas por
assessoria jurídica da Administração.

De outro norte, o art. 11 da LC nº 73/1993 fixa a mesma obrigatoriedade no inciso VI, “a” (atentem para
as demais competências no âmbito das Consultorias Jurídicas, as quais constituem órgãos de execução
da AGU):

Art. 11 - Às Consultorias Jurídicas, órgãos administrativamente subordinados aos Ministros de


Estado, ao Secretário-Geral e aos demais titulares de Secretarias da Presidência da República e
ao Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, compete, especialmente:

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I - assessorar as autoridades indicadas no caput deste artigo;

II - exercer a coordenação dos órgãos jurídicos dos respectivos órgãos autônomos e entidades
vinculadas;

III - fixar a interpretação da Constituição, das leis, dos tratados e dos demais atos normativos
a ser uniformemente seguida em suas áreas de atuação e coordenação quando não houver
orientação normativa do Advogado-Geral da União;

IV - elaborar estudos e preparar informações, por solicitação de autoridade indicada no caput


deste artigo;

V - assistir a autoridade assessorada no controle interno da legalidade administrativa dos atos


a serem por ela praticados ou já efetivados, e daqueles oriundos de órgão ou entidade sob sua
coordenação jurídica;

VI - examinar, prévia e conclusivamente, no âmbito do Ministério, Secretaria e Estado-Maior


das Forças Armadas:

a) os textos de edital de licitação, como os dos respectivos contratos ou instrumentos congêneres,


a serem publicados e celebrados;

b) os atos pelos quais se vá reconhecer a inexigibilidade, ou decidir a dispensa, de licitação.

Ambos os dispositivos esclarecem que a análise deve ser prévia, e não posterior. Portanto, ERRADO o
item.

GABARITO: ERRADO

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DIREITO CONSTITUCIONAL

4. É requisito para o processamento e julgamento da Ação Declaratória de Constitucionalidade


a demonstração da existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da disposição
objeto da ação declaratória, a qual deve ser necessariamente analisada sob o aspecto quantitativo,
ou seja, pressupõe um número elevado de decisões judiciais num ou noutro sentido.

COMENTÁRIO

Com efeito, o art. 14, III, da Lei 9.868/1999, que dispõe sobre o processamento e julgamento da ADI e
da ADC, fixa como requisito para processamento e julgamento da ADC a demonstração da existência de
controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da disposição objeto da ação declaratória.

Por outro lado, na ADI nº 5.316, entendeu o STF que o requisito relativo à existência de controvérsia

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judicial relevante deve ser analisado sob o aspecto qualitativo e não quantitativo, ou seja, não deve ser
tomado como paradigma apenas o número de decisões judiciais num ou noutro sentido.

Na ocasião, analisando a constitucionalidade de dispositivo da Emenda Constitucional nº 88/2015, entendeu


o Tribunal que naquela ocasião dois aspectos tornavam a controvérsia judicial relevante demonstrada: (i)
a estatura constitucional do diploma que estaria sendo invalidado nas instâncias inferiores, ou seja, uma
emenda à Constituição, expressão mais elevada da vontade do parlamento brasileiro; (ii) a possibilidade
de que decisões similares poderiam vir a se proliferar pelos Estados-Membros, a configurar real ameaça
à presunção de constitucionalidade da referida emenda constitucional.

Percebam, assim, que mesmo não havendo muitas decisões judiciais acerca do dispositivo questionado,
o requisito da controvérsia judicial relevante pode estar demonstrado.

Portanto, ERRADO o item.

GABARITO: ERRADO

5. Conforme precedente do STF, a decisão deste Tribunal que declara a constitucionalidade ou a


inconstitucionalidade de preceito normativo não produz a automática reforma ou rescisão das
decisões anteriores que tenham adotado entendimento diferente.

COMENTÁRIO

Conforme decidiu o STF no RE nº 730.462, a decisão do Supremo Tribunal Federal que declara a
constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de preceito normativo não produz a automática reforma
ou rescisão das decisões anteriores que tenham adotado entendimento diferente. Para que haja essa
reforma ou rescisão, será indispensável a interposição do recurso próprio ou, se for o caso, a propositura
da ação rescisória própria, nos termos do art. 485, V, do CPC, observado o respectivo prazo decadencial
(CPC, art. 495). Na ocasião, o Tribunal trouxe a seguinte explicação acerca do tema, abaixo colacionada:

A Corte asseverou que não se poderia confundir a eficácia normativa de uma sentença que
declara a inconstitucionalidade — que retira do plano jurídico a norma com efeito “ex tunc”
— com a eficácia executiva, ou seja, o efeito vinculante dessa decisão. O efeito vinculante não
nasceria da inconstitucionalidade, mas do julgado que assim a declarasse. Desse modo, o efeito
vinculante seria “pro futuro”, isto é, da decisão do Supremo para frente, não atingindo os atos
passados, sobretudo a coisa julgada. Apontou que, quanto ao passado, seria indispensável
a ação rescisória. Destacou que, em algumas hipóteses, ao declarar a inconstitucionalidade
de norma, o STF modularia os efeitos para não atingir os processos julgados, em nome da
segurança jurídica.

Portanto, CERTO o item.

GABARITO: CERTO

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6. A Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão foi introduzida no ordenamento jurídico


nacional pela Constituição Federal de 1988, com inspiração na Constituição Portuguesa, e visa
combater a síndrome de inefetividade das normas constitucionais, por meio da declaração da
omissão inconstitucional total ou parcial quanto ao cumprimento de dever constitucional de
legislar, não se prestando, por isso, para corrigir omissões administrativas.

COMENTÁRIO

O erro da questão está em afirmar que a Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão não se presta
a corrigir omissões administrativas. O próprio art. 12-B da Lei 9.868/1999, que dispõe sobre o processo e
julgamento da ação direta de inconstitucionalidade e da ação declaratória de constitucionalidade perante
o Supremo Tribunal Federal, no capítulo referente à ADO, admite essa possibilidade:

Art. 12-B. A petição indicará: (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009).

I - a omissão inconstitucional total ou parcial quanto ao cumprimento de dever constitucional


de legislar ou quanto à adoção de providência de índole administrativa; (Incluído pela Lei
nº 12.063, de 2009).

Ressalta-se que o próprio STF ratifica essa possibilidade em seu glossário jurídico, onde define a ADO da
seguinte maneira:

ADO é a ação cabível para tornar efetiva norma constitucional em razão de omissão de
qualquer dos Poderes ou de órgão administrativo. Como a Constituição Federal possui grande
amplitude de temas, algumas normas constitucionais necessitam de leis que a regulamentem. A
ausência de lei regulamentadora faz com que o dispositivo presente na Constituição fique sem
produzir efeitos. A ADO tem o objetivo de provocar o Judiciário para que seja reconhecida a
demora na produção da norma regulamentadora. Caso a demora seja de algum dos Poderes,
este será cientificado de que a norma precisa ser elaborada. Se for atribuída a um órgão
administrativo, o Supremo determinará a elaboração da norma em até 30 dias.

(STF. Glossário Jurídico. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/glossario/verVerbete.


asp?letra=A&id=482)

Portanto, ERRADO o item.

GABARITO: ERRADO

7. Segundo a teoria da derrotabilidade das normas jurídicas, toda norma, seja ela qualificada
como regra ou princípio, se sujeita a exceções não previstas exaustivamente em seu texto, de
forma que a incidência destas exceções autorizam a superação ou “derrota” dessa norma face ao
caso concreto e à argumentação desenvolvida.

COMENTÁRIO

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Acerca do tema, peço licença para colacionar trecho da publicação de Dirley da Cunha Júnior, que resume
de forma didática o tema:

Deve-se ao autor inglês Herbert Hart o conceito de derrotabilidade (defeasibility), sustentado no


famoso artigo The Ascription of Responsability and Rights, que publicou em 1948.

A derrotabilidade da norma jurídica significa a possibilidade, no caso concreto, de uma norma


ser afastada ou ter sua aplicação negada, sempre que uma exceção relevante se apresente,
ainda que a norma tenha preenchido seus requisitos necessários e suficientes para que seja
válida e aplicável.

Em razão dessa teoria, toda norma, seja ela qualificada como regra ou princípio, está sujeita a
exceções que não são previstas de forma exaustiva, podendo, em face da incidência da exceção,
ser superada ou derrotada de acordo com o caso concreto e a argumentação desenvolvida
(neste sentido, interessante o artigo de Fernando Andreoni Vasconcellos).

Hart percebeu que em razão da impossibilidade de as normas preverem as diversas situações


fáticas, ainda que presentes seus requisitos, elas contém, de forma implícita, uma cláusula de
exceção (tipo: a menos que), de modo a ensejar, diante do caso concreto, a derrota/superação
da norma.

Porém, embora possa uma norma jurídica ser derrotada/afastada diante do caso concreto,
ela continua sendo aplicada a casos normais, pois, como advertiu Hart, uma norma que é
excepcionada diante de um hard case, é ainda uma norma.

Cite-se, como exemplo de derrotabilidade, o reconhecimento pelo STF da possibilidade de


interrupção da gravidez em razão da anencefalia, pois, com a decisão, o Supremo superou/
derrotou uma norma jurídica de Direito Penal proibitiva do aborto (salvo nos casos de gravidez
decorrente de estupro ou para salvar a vida da gestante). Entretanto, o crime de aborto continua
a existir e incidir normalmente nos casos tipificados no Código Penal.

De ver-se, a rigor, que não é propriamente a norma que é derrotada ou excepcionada, embora a
teoria difundida seja a derrotabilidade da norma; o que é derrotado ou superado é o enunciado
normativo. Por isso, é mais tecnicamente correto afirmar que a derrotabilidade incide sobre os
textos normativos e não sobre as normas jurídicas, exatamente porque o texto normativo não
contém imediatamente e integralmente a norma, não se confundindo com ela. A norma é o
resultado da interpretação do texto, diante do caso concreto.

Enfim, apesar da singularidade da expressão “derrotabilidade”, na prática o fenômeno é cotidiano


e diariamente verificável nas interpretações jurídicas empregadas nas controvérsias processuais.

(DA CUNHA Jr, Dirley. O que é derrotabilidade das normas jurídicas? Disponível em: http://
dirleydacunhajunior.jusbrasil.com.br/artigos/207200076/o-que-e-derrotabilidade-das-
normas-juridicas)

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Portanto, CERTO o item.

GABARITO: CERTO

PROFESSORA: CAROLINA BLUM

DIREITO FINANCEIRO

8. Subvenções, para os efeitos da Lei nº 4.320/64, são transferências destinadas à cobrir


despesas de custeio das entidades beneficiadas, as quais podem ser (i) sociais, que se destinam
à instituições públicas ou privadas de caráter assistencial ou cultural, sem finalidade lucrativa, ou
(ii) econômicas, que se destinam à empresas públicas ou privadas de caráter industrial, comercial,
agrícola ou pastoril.

COMENTÁRIO

A assertiva está correta, à luz do Art. 12, §3º, incisos I e II, da Lei nº 4.320/64.

Nesse contexto, ter em mente que:

è Subvenções são espécies de transferências correntes (as quais, conforme o § 2º do Art. 12, “são
as dotações para despesas as quais não corresponda contraprestação direta em bens ou serviços,
inclusive para contribuições e subvenções destinadas a atender à manifestação de outras entidades
de direito público ou privado”).

è Conforme o Art. 199, § 2º, da CF, “É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou
subvenções às instituições privadas com fins lucrativos”.

è “As subvenções só são possíveis mediante expressa previsão legal, sendo impossível, na
ausência de lei, qualquer ato liberatório, incidindo por completo o princípio da Legalidade” (Direito
Financeiro: Lei nº 4.320/64. Ricardo Damasceno de Almeida e Marcelo Jucá Lisboa, 2014, 2ª Ed.,
pág 130).

è O Art. 26, caput, da Lei de Responsabilidade Fiscal, estabelece requisitos aplicáveis à concessão
de subvenções, por força de seu § 3º. São eles: “deverá ser autorizada por lei específica, atender
às condições estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias e estar prevista no orçamento ou em
seus créditos adicionais”.

GABARITO: CERTO

9. Os atos que criarem despesas obrigatórias de caráter continuado deverão ser instruídos com
a estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e
nos dois subsequentes e demonstrar a origem dos recursos para seu custeio, além de estarem
acompanhados de comprovação de que a despesa criada ou aumentada não afetará as metas de

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resultados fiscais, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes, ser compensados,
ainda que posteriormente, pelo aumento permanente de receita ou pela redução permanente de
despesa.

COMENTÁRIO

O conceito de despesa obrigatória de caráter continuado está previsto no Art. 17 da LRF, segundo o qual
“considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei, medida provisória ou
ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um período
superior a dois exercícios”.

Assim, em razão da maior duração destas despesas e, consequentemente, do impacto que estas terão
nos orçamentos dos entes federativos, a LRF cuidou de estabelecer requisitos para sua criação. Em
primeiro lugar, previu que “os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata o caput deverão ser
instruídos com a estimativa prevista no inciso I do art. 16 e demonstrar a origem dos recursos para seu
custeio”. A estimativa prevista no inciso I do Art. 16 é justamente a do impacto orçamentário-financeiro no
exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subsequentes. No ponto, correta a assertiva.

Em segundo lugar, determinou, conforme a assertiva, que “o ato será acompanhado de comprovação
de que a despesa criada ou aumentada não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo
referido no § 1º do art. 4º, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes, ser compensados
pelo aumento permanente de receita ou pela redução permanente de despesa”, compensação esta que
será implementada, à luz do §5º do Art. 17, antes mesmo da execução da despesa obrigatória de caráter
continuado, e que integrará o próprio instrumento que criar ou aumentar a referida despesa.

Ou seja, a última parte da assertiva também estaria correta, não fosse a inclusão da oração “ainda que
posteriormente”, que a tornou errada.

GABARITO: ERRADO

PROFESSORA: CAROLINA BLUM

DIREITO ECONÔMICO

10. O Supremo Tribunal Federal, em sede de controle concentrado de constitucionalidade, já se


manifestou no sentido de que o rol do Artigo 177, § 4º, II, da Constituição Federal, que prevê
a destinação da receita arrecadada com a contribuição de intervenção no domínio econômico
relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural
e seus derivados e álcool combustível, é exemplificativo.

COMENTÁRIO

O Supremo Tribunal Federal, ao julgar a ADI 2951, ajuizada em face da Lei Orçamentária nº 10.640/2003
(lembrem-se de que é possível realizar controle concentrado de constitucionalidade de leis orçamentárias,

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ainda que estas sejam leis ABSTRATAS), manifestou-se no sentido de que É TAXATIVO o rol do Art.
177, § 4º, II, da Constituição Federal, segundo o qual os recursos arrecadados com a contribuição de
intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo
e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível serão destinados: a) ao pagamento
de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus derivados e derivados de
petróleo; b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás;
e c) ao financiamento de programas de infraestrutura de transportes.

Eis a emenda da decisão:

PROCESSO OBJETIVO - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - LEI ORÇAMENTÁRIA.


Mostra-se adequado o controle concentrado de constitucionalidade quando a lei orçamentária
revela contornos abstratos e autônomos, em abandono ao campo da eficácia concreta.
LEI ORÇAMENTÁRIA - CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO
- IMPORTAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE PETRÓLEO E DERIVADOS, GÁS NATURAL E
DERIVADOS E ÁLCOOL COMBUSTÍVEL - CIDE - DESTINAÇÃO - ARTIGO 177, § 4º, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. É inconstitucional interpretação da Lei Orçamentária nº 10.640,
de 14 de janeiro de 2003, que implique abertura de crédito suplementar em rubrica
estranha à destinação do que arrecadado a partir do disposto no § 4º do artigo 177 da
Constituição Federal, ante a natureza exaustiva das alíneas “a”, “b” e “c” do inciso II
do citado parágrafo. (ADI 2925, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Relator(a) p/ Acórdão: Min.
MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 19/12/2003, DJ 04-03-2005 PP-00010 EMENT
VOL-02182-01 PP-00112 LEXSTF v. 27, n. 316, 2005, p. 52-96).

GABARITO: ERRADO

11. Acerca das fases de integração econômica, é correto afirmar que o Mercosul se constitui,
atualmente, em uma União Aduaneira.

COMENTÁRIO

Insisto no tema Mercosul, pois pode ser cobrado tanto na Disciplina de Direito Econômico quanto na de
Direito Internacional Público.

A assertiva está correta. Nesse sentido, a doutrina aponta para a existência de 4 fases de integração
econômica. São elas:

è Zona de Livre Comércio: “basicamente, consiste na eliminação de barreiras tarifárias e não


tarifárias ao comércio recíproco entre os Estados” (Fábio Guimarães Bensoussan e Marcus de
Freitas Gouvêa, Manual de Direito Econômico, 2015, pág. 665);

è União Aduaneira: “além das características e conquistas da zona de livre comércio, a união
aduaneira possui uma tarifa aduaneira comum para importação de produtos oriundos de países

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a ela estranhos. No Mercosul – que atualmente se encontra nesta etapa de integração -, há a


chamada Tarifa Externa Comum (TEC)”. (Fábio Guimarães Bensoussan e Marcus de Freitas Gouvêa,
Manual de Direito Econômico, 2015, pág. 665);

è Mercado Comum: “à união aduaneira se soma a livre circulação dos fatores de produção
– pessoas e capitais. Há uma política comercial comum, bem como uma coordenação de políticas
macroeconômicas dos países membros”. (Fábio Guimarães Bensoussan e Marcus de Freitas Gouvêa,
Manual de Direito Econômico, 2015, pág. 665);

è União Econômica: “além dos elementos presentes no mercado comum, observa-se a existência
de políticas sociais comuns, além da existência de uma unificação monetária. É o caso da União
Européia” (Fábio Guimarães Bensoussan e Marcus de Freitas Gouvêa, Manual de Direito Econômico,
2015, pág. 666).

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: CAMILLO PIANA

DIREITO TRIBUTÁRIO

12. A instituição e cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público
deve se dar mediante lei.

COMENTÁRIO

Incorreta, posto que o STF, na ADI 800, superando antiga controvérsia doutrinária e jurisprudencial,
assentou que o pedágio cobrado pela efetiva utilização de rodovias conservadas pelo Poder Público
(art. 150, V, da CF/88) possui a natureza jurídico de preço público, não estando assim sujeito ao regime
tributário, notadamente à observância do princípio da legalidade estrita, podendo também ser criado/
instituído por ato infralegal:

TRIBUTÁRIO E CONSTITUCIONAL. PEDÁGIO. NATUREZA JURÍDICA DE PREÇO PÚBLICO.


DECRETO 34.417/92, DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. CONSTITUCIONALIDADE. 1. O
pedágio cobrado pela efetiva utilização de rodovias conservadas pelo Poder Público, cuja cobrança
está autorizada pelo inciso V, parte final, do art. 150 da Constituição de 1988, não tem natureza
jurídica de taxa, mas sim de preço público, não estando a sua instituição, consequentemente, sujeita
ao princípio da legalidade estrita. 2. Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente.
(ADI 800, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 11/06/2014, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJe-125 DIVULG 27-06-2014 PUBLIC 01- 07-2014).

Como ressaltado na ocasião pelo o Ministro Teori Zavascki, o pedágio possui natureza de preço público,
pois consiste em uma retribuição facultativa paga apenas mediante o uso voluntário do serviço, o
que deste modo afasta o caráter da compulsoriedade próprio das taxas. Nesse sentido, tem-se que o

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enquadramento da natureza do pedágio não deve se dar à luz apenas de sua localização no texto da
Constituição, mas sim mediante o preenchimento ou não dos requisitos do art. 3º do CTN, o qual delimita
o conceito de tributo nos seguintes termos: “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda
ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada
mediante atividade administrativa plenamente vinculada”.

Com efeito, não há propriamente uma compulsoriedade na utilização de vias conservadas pelo Poder
Público. Nessa linha, tem-se que a existência ou não de via alternativa para o usuário trafegar também é
irrelevante para definir a natureza jurídica do pedágio, mormente pelo fato de tal exigência não encontrar
previsão no texto constitucional e tampouco na lei ordinária que regula a concessão de permissão de
serviços públicos. Quanto a esta última, destaca-se a previsão expressa contida no art. 9º, §1º da Lei
8.987/95, segundo o qual: “a tarifa não será subordinada à legislação específica anterior e somente nos
casos expressamente previstos em lei, sua cobrança poderá ser condicionada à existência de serviço
público alternativo e gratuito para o usuário”. Ademais, a ausência de compulsoriedade verifica-se não
apenas na existência de via alternativa, mas igualmente na possibilidade de escolha, pelo transeunte, de
outro meio de transporte (p.ex.: bicicleta, ônibus, avião, etc.).

Importante, por fim, sempre ter presente as distinções existentes entre as figuras da taxa e do preço
público/tarifa:

TAXA PREÇO PÚBLICO/TARIFA


Regime jurídico de direito público Regime jurídico de direito privado

O vínculo obrigacional é de natureza contratual,


O vínculo obrigacional é de natureza tributária (legal)
admitindo rescisão

O sujeito ativo pode ser pessoa jurídica de direito público


O sujeito ativo é uma pessoa de direito público
ou de direito privado

O vínculo nasce independentemente de manifestação de Há necessidade de válida manifestação de vontade para


vontade (compulsória) surgimento do vínculo (é facultativo)

Pode ser cobrada em virtude de utilização efetiva ou Somente pode ser cobrada em virtude de utilização
potencial do serviço público efetiva do serviço público

A receita arrecada é derivada A receita arrecadada é originária

Sujeita-se aos princípios tributários (legalidade, anterioridade,


Não se sujeita aos princípios tributários
noventena, etc.)

*obs.: quadro-resumo retirado do livro ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado: 2013, p.
38.

GABARITO: ERRADO

13. A utilização da taxa Selic, no que diz respeito à cobrança ou à restituição de tributo, no âmbito
dos Estados ou Municípios, é condicionada à existência de lei própria (estadual ou municipal) que

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determine a sua aplicação nessas hipóteses.

COMENTÁRIO

No âmbito de Estados e Municípios, o percentual de juros cabível na repetição de indébito tributário é


aquele por eles fixado em suas respectivas leis. A jurisprudência valida que esses entes venham a adotar
a SELIC (índice previsto no âmbito dos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil,
conforme o art. 39, §4º da Lei nº 9.250/95), desde que existente lei do respectivo ente assim determinando
a aplicação da SELIC. Nesse sentido a recente Súmula do STJ (PRIMEIRA SEÇÃO, DJe 06/04/2015):

Súmula 523 - A taxa de juros de mora incidente na repetição de indébito de tributos estaduais
deve corresponder à utilizada para cobrança do tributo pago em atraso, sendo legítima a
incidência da taxa Selic, em ambas as hipóteses, quando prevista na legislação local, vedada
sua cumulação com quaisquer outros índices.

Nessa hipótese, e como destaca a parte final do enunciado sumular, deve ser afastada a aplicação
cumulativa de correção monetária, vez que a taxa SELIC já tem em si embutida o índice inflacionário
acumulado no período:

[...] Insta acentuar que a taxa Selic não pode ser cumulada com qualquer outro índice, seja de
atualização monetária, seja de juros, porque ela inclui, a um só tempo, o índice de inflação do
período e a taxa real de juros. Nesse sentido, são os seguintes precedentes da Primeira Seção,
submetidos ao regime de que trata o art. 543-C do CPC: REsp 1.111.189/SP, Rel. Min. Teori Albino
Zavascki, DJe de 25.9.2009; REsp 1.111.175/SP, Rel. Min. Denise Arruda (DJe de 1º.7.2009) (EDcl
no REsp 1306105/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado
em 05/06/2012, DJe 13/06/2012).

GABARITO: CERTO

14. Atualmente é válida a incidência do ICMS sobre a importação, por pessoa física, de bem
destinado a uso próprio.

COMENTÁRIO

Correta, vez que o art. 155, §2º, IX, a, CF, na redação da EC 33/2001, passou a admitir expressamente a
incidência do ICMS sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do exterior, não importando qual
seja a sua finalidade ou a posição jurídica/função do contribuinte:

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:

§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:

IX - incidirá também:

a) sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do exterior por pessoa física ou jurídica,

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ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade, assim
como sobre o serviço prestado no exterior, cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado o
domicílio ou o estabelecimento do destinatário da mercadoria, bem ou serviço; (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001)

Destaca-se que esse é o entendimento do STF acerca do assunto, sufragado inclusive em sede de
Repercussão Geral (Tema 171):

CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E


SERVIÇOS. ICMS. IMPORTAÇÃO. PESSOA QUE NÃO SE DEDICA AO COMÉRCIO OU À
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE COMUNICAÇÃO OU DE TRANSPORTE INTERESTADUAL
OU INTERMUNICIPAL. “NÃO CONTRIBUINTE”. VIGÊNCIA DA EMENDA CONSTITUCIONAL
33/2002. POSSIBILIDADE. REQUISITO DE VALIDADE. FLUXO DE POSITIVAÇÃO. EXERCÍCIO DA
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA. CRITÉRIOS PARA AFERIÇÃO. 1. Há competência constitucional para
estender a incidência do ICMS à operação de importação de bem destinado a pessoa que não se
dedica habitualmente ao comércio ou à prestação de serviços, após a vigência da EC 33/2001.
2. A incidência do ICMS sobre operação de importação de bem não viola, em princípio, a regra
da vedação à cumulatividade (art. 155, § 2º, I da Constituição), pois se não houver acumulação
da carga tributária, nada haveria a ser compensado. 3. Divergência entre as expressões “bem”
e “mercadoria” (arts. 155, II e 155, §2, IX, a da Constituição). É constitucional a tributação das
operações de circulação jurídica de bens amparadas pela importação. A operação de importação
não descacteriza, tão-somente por si, a classificação do bem importado como mercadoria. Em
sentido semelhante, a circunstância de o destinatário do bem não ser contribuinte habitual do
tributo também não afeta a caracterização da operação de circulação de mercadoria. Ademais,
a exoneração das operações de importação pode desequilibrar as relações pertinentes às
operações internas com o mesmo tipo de bem, de modo a afetar os princípios da isonomia
e da livre concorrência. CONDIÇÕES CONSTITUCIONAIS PARA TRIBUTAÇÃO 4. Existência e
suficiência de legislação infraconstitucional para instituição do tributo (violação dos arts. 146, II
e 155, XII, § 2º, i da Constituição). A validade da constituição do crédito tributário depende da
existência de lei complementar de normas gerais (LC 114/2002) e de legislação local resultantes
do exercício da competência tributária, contemporâneas à ocorrência do fato jurídico que
se pretenda tributar. 5. Modificações da legislação federal ou local anteriores à EC 33/2001
não foram convalidadas, na medida em que inexistente o fenômeno da “constitucionalização
superveniente” no sistema jurídico brasileiro. A ampliação da hipótese de incidência, da base de
cálculo e da sujeição passiva da regra-matriz de incidência tributária realizada por lei anterior à
EC 33/2001 e à LC 114/2002 não serve de fundamento de validade à tributação das operações
de importação realizadas por empresas que não sejam comerciais ou prestadoras de serviços
de comunicação ou de transporte intermunicipal ou interestadual. 6. A tributação somente
será admissível se também respeitadas as regras da anterioridade e da anterioridade, cuja
observância se afere com base em cada legislação local que tenha modificado adequadamente
a regra-matriz e que seja posterior à LC 114/2002. Recurso extraordinário interposto pelo Estado

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do Rio Grande do Sul conhecido e ao qual se nega provimento. Recurso extraordinário interposto
por FF. Claudino ao qual se dá provimento. (RE 439796, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA,
Tribunal Pleno, julgado em 06/11/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-051 DIVULG 14-03-2014
PUBLIC 17-03-2014)

O aluno deve, contudo, ficar atento, fazendo a necessária distinção da hipótese ora tratada com aquela
relativa ao IPI, vez que quanto a este, e diferentemente do ICMS, a jurisprudência (ao menos a do STJ),
inadmite a incidência quando da importação de veículo para uso próprio:

Informativo nº 0557 Período: 5 a 18 de março de 2015.

Recursos Repetitivos

DIREITO TRIBUTÁRIO. IMPOSSIBILIDADE DE INCIDIR IPI NA IMPORTAÇÃO DE VEÍCULO PARA


USO PRÓPRIO. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ).

Não incide IPI no desembaraço aduaneiro de veículo importado por consumidor para uso
próprio. Isso porque o fato gerador da incidência do tributo é o exercício de atividade mercantil
ou assemelhada, quadro no qual não se encaixa o consumidor final que importa o veículo para
uso próprio e não para fins comerciais. Ademais, ainda que assim não fosse, a aplicação do
princípio da não cumulatividade afasta a incidência do IPI. Com efeito, segundo o art. 49 do
CTN, o valor pago na operação imediatamente anterior deve ser abatido do mesmo imposto
em operação posterior. Ocorre que, no caso, por se tratar de importação feita por consumidor
final, esse abatimento não poderia ser realizado. Precedentes citados do STJ: AgRg no AREsp
357.532-RS, Segunda Turma, DJe 18/9/2013; AgRg no AREsp 333.428-RS, Segunda Turma,
DJe 22/8/2013; AgRg no REsp 1.369.578-SC, Primeira Turma, DJe 12/6/2013; e AgRg no AREsp
215.391-SC, Primeira Turma, DJe 21/6/2013. Precedentes citados do STF: RE 550.170-SP AgR,
Primeira Turma, DJe 3/8/2011; e RE 255.090-RS AgR, Segunda Turma, DJe 7/10/2010. REsp
1.396.488-SC, Rel. Min. Humberto Martins, Primeira Seção, julgado em 25/2/2015, DJe 17/3/2015.

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: PAULO HENRIQUE LOPES DE LIMA

DIREITO AMBIENTAL

15. A captação e a utilização da energia solar não prescindem de licenciamento ambiental.

COMENTÁRIO

A definição de licenciamento ambiental, que já constava do art. 1º, I, da Resolução n.º 237/97 do CONAMA,
agora é reiterada pelo art. 2º, I, da LC 140/2011. Embora mais enxuto o conceito desta, ambas as definições
permanecem em vigor, devendo ser ressaltado um ponto em comum e essencial na caracterização do
que vem a ser o licenciamento ambiental: trata-se de procedimento administrativo que visa viabilizar o

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desenvolvimento de atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, que sejam


efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação
ambiental1. O licenciamento ambiental, portanto, é indispensável quando houver a utilização de recursos
ambientais e essa utilização seja capaz (efetiva ou potencialmente) de causar degradação ambiental.
Nesse mesmo sentido, o disposto no art. 10 da Lei 6.938/81 (PNMA):

Art. 10. A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades


utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob
qualquer forma, de causar degradação ambiental dependerão de prévio licenciamento
ambiental. (Redação dada pela Lei Complementar nº 140, de 2011)

§ 1º Os pedidos de licenciamento, sua renovação e a respectiva concessão serão publicados


no jornal oficial, bem como em periódico regional ou local de grande circulação, ou em meio
eletrônico de comunicação mantido pelo órgão ambiental competente. (Redação dada pela Lei
Complementar nº 140, de 2011)

Pois bem. Não obstante seja possível que os órgãos ambientais competentes submetam a registro e
controle as atividades e empreendimentos que utilizem energia solar, a captação/utilização da energia
solar propriamente dita não é capaz de causar degradação ambiental, razão pela qual não depende de
autorização ou licença ambiental, não se submetendo, portanto, ao procedimento administrativo de
licenciamento.

É o que sustenta, por exemplo, Paulo Affonso Leme Machado, segundo o qual:

Estão sujeitos a licenciamento ambiental as atividades e os empreendimentos que utilizem


recursos naturais, considerados efetiva e potencialmente poluidores, bem como capazes de
causar degradação ambiental, conforme o art. 10 da Lei 6.938/1981. Como já se expôs a
captação e utilização da energia solar não é poluente. Não há, portanto, diante do
que dispôs a Lei de Política Nacional do Meio Ambiente necessidade de licenciamento
ambiental para a atividade mencionada. (...) O fato de que seja desnecessária a intervenção
prévia da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios para a utilização da energia
solar não retira a essas pessoas de direito público a possibilidade de instituir normas que
estruturem registros das atividades e empreendimentos que utilizem a energia solar. O registro
não entrará no mérito de utilizar-se ou não a energia solar, mas toma público o seu emprego e
colaborará no planejamento ambiental e na ordenação do território. (MACHADO, Paulo Affonso
Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 21ª ed. rev., ampl. e atual., de acordo com as Leis 12.651, de
25.5.2012 e 12.727, de 17.10.2012 e com o Decreto 7.830, de 17.10.2012 – São Paulo: Malheiros,
2013, p. 1221-2)

Ademais, a própria Constituição Federal de 1988 estabelece em seu art. 176, § 4º, que “não dependerá de
autorização ou concessão o aproveitamento do potencial de energia renovável de capacidade reduzida.”

1 De acordo com o art. 3º, inciso II, da Lei 6.938/81 (PNMA), entende-se por degradação da qualidade ambiental a alteração
adversa das características do meio ambiente.

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Logo, incorreta a assertiva, vez que a captação e a utilização da energia solar prescindem (dispensam) de
licenciamento ambiental.

DICA DE ESTUDO: Caro colega, em dia de prova, muita atenção na leitura dos enunciados. Não só o
CESPE, mas diversas outras bancas gostam de “brincar” com o texto e criar “peguinhas” com as palavras
empregadas. A questão proposta exigia a compreensão do conteúdo do licenciamento ambiental, para
o fim de delimitar quais as suas hipóteses de aplicação. No entanto, o emprego do verbo “prescindir”
e a leitura apressada da assertiva pode ter gerado um embaraço na correta interpretação da questão.
Uma “estratégia” que utilizava em prova, que se mostrou válida, no meu caso, para evitar erros por falta
de atenção na leitura, era praticar a leitura visual de cada enunciado acompanhando com a ponta da
caneta palavra por palavra. Embora tome um pouco mais de tempo, a leitura pontual mostrou-se eficaz
na contenção de erros causados por ansiedade. Fica a dica!

GABARITO: ERRADO

16. De acordo com a Lei 9.478/97, que dispõe sobre a Política Energética Nacional, constitui
monopólio da União, dentre outras atividades, a pesquisa e lavra das jazidas de petróleo e gás
natural e outros hidrocarbonetos fluidos. Tal atividade será regulada, fiscalizada e exercida
exclusivamente pela União.

COMENTÁRIO

Uma das novidades do edital nº 1 – AGU, de 13 de julho de 2015, em comparação com o edital do concurso
passado, é a inclusão, em Direito Ambiental, da Política Energética (item 6 do programa). Diante disso,
imperioso o estudo da Lei 9.478/97, que dispõe sobre a política energética nacional, as atividades relativas
ao monopólio do petróleo, institui o Conselho Nacional de Política Energética e a Agência Nacional do
Petróleo e dá outras providências.

A assertiva, em sua primeira parte, está correta, constituindo, de fato, monopólio da União, a atividade de
pesquisa e de lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos. No entanto, a
questão vai de encontro às diretrizes da Política Energética Nacional ao afirmar, em seu trecho final, que
tal atividade será exercida exclusivamente pela União. Isso porque, segundo o art. 4º da Lei 9.478/97:

Art. 4º Constituem monopólio da União, nos termos do art. 177 da Constituição Federal, as
seguintes atividades:

I - a pesquisa e lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos;

II - a refinação de petróleo nacional ou estrangeiro;

III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades
previstas nos incisos anteriores;

IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de

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petróleo produzidos no País, bem como o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto,
seus derivados e de gás natural.

E, de acordo com o art. 5º do mesmo diploma:

Art. 5º As atividades econômicas de que trata o art. 4º desta Lei serão reguladas e fiscalizadas
pela União e poderão ser exercidas, mediante concessão, autorização ou contratação sob o
regime de partilha de produção, por empresas constituídas sob as leis brasileiras, com sede e
administração no País. (Redação dada pela Lei nº 12.351, de 2010)

Portanto, as atividades a que se refere o art. 4º supracitado, embora constituam monopólio da União,
não serão por ela exercidas a título exclusivo, sendo possível a concessão, autorização ou contratação
sob o regime de partilha de produção, por empresas constituídas sob as leis brasileiras, com sede e
administração no País.

Note-se que os arts. 4º e 5º da Lei 9.478/97 reiteram o comando do art. 177 da CF/88. Em seu caput e
incisos, estabelece o dispositivo constitucional o seguinte:

Art. 177. Constituem monopólio da União:

I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos;

II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro;

III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades
previstas nos incisos anteriores;

IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de


petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto,
seus derivados e gás natural de qualquer origem;

V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de


minérios e minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos radioisótopos cuja produção,
comercialização e utilização poderão ser autorizadas sob regime de permissão, conforme as
alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art. 21 desta Constituição Federal. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 49, de 2006)

É importante observar que o art. 177 da Constituição elenca no inciso V uma atividade sob monopólio da
União que não consta da Lei da Política Energética. A respeito dessa quinta hipótese, muita atenção para
o quanto disposto no § 1º do art. 177, no sentido de que “a União poderá contratar com empresas estatais
ou privadas a realização das atividades previstas nos incisos I a IV deste artigo observadas as condições
estabelecidas em lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 9, de 1995).”

Portanto, errada a assertiva.

DICA DE ESTUDO: Apesar de ser um item novo no edital, creio que a eventual cobrança dos dispositivos

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da Lei da Política Energética será pontual e residual. Assim, sugiro que o foco de estudo da Lei 9.478/97
seja o seu Capítulo I e a Seção I do Capítulo III. Essa é a minha aposta para a Política Energética e não
acredito em um maior aprofundamento em prova. Mas, repito, é apenas um palpite. Para além da letra da
lei, é importante que o candidato conheça a decisão proferida na ADI 3273, em que o STF, analisando a
constitucionalidade de dispositivos da Lei 9.478/97, decidiu que o monopólio a que se refere o art. 177 da
Constituição Federal diz respeito tão somente à “atividade” e não à “propriedade”, de modo a possibilitar
que o domínio do resultado da lavra das jazidas de petróleo, de gás natural e de outros hidrocarbonetos
fluídos seja atribuído pela União a terceiros, sem qualquer ofensa à reserva de monopólio. Recomenda-
se, pois, a leitura da ementa da ADI 3273.

GABARITO: ERRADO

17. O princípio do poluidor-pagador reflete a ideia de que o poluidor deve arcar com o custo
decorrente da poluição, internalizando os custos ambientais e reduzindo as externalidades
negativas da sua atividade, estabelecendo-se, portanto, uma liceidade para o ato de poluir,
desde que haja o pagamento pela degradação. Exemplo de aplicação desse princípio está na
obrigatoriedade da reposição florestal imposta às pessoas físicas ou jurídicas que utilizam
matéria-prima florestal oriunda de supressão de vegetação nativa ou que detenham autorização
para supressão de vegetação nativa.

COMENTÁRIO

O princípio do poluidor-pagador, também chamado de princípio do predador-pagador ou princípio da


responsabilidade2, tem o sentido de que o poluidor deve responder pelos custos sociais da degradação
ambiental causada pela sua atividade, cuja previsão consta da Declaração do Rio de Janeiro de 1992
(ECO-92):

Princípio n.º 16. Tendo em vista que o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo decorrente
da poluição, as autoridades nacionais devem procurar promover a internalização dos custos
ambientais e o uso de instrumentos econômicos, levando na devida conta o interesse público,
sem distorcer o comércio e os investimentos internacionais.

A ideia que se extrai do princípio n.º 16 da ECO-92 (poluidor-pagador) é a de que aquele que explora
atividade econômica se coloca na posição de garantidor da preservação ambiental. Assim, impõe-se a
internalização dos custos do processo produtivo necessários à redução, à eliminação ou à neutralização
dos danos eventuais ao meio ambiente (externalidades negativas).

Tal compreensão, contudo, não nos permite afirmar que o princípio do poluidor-pagador estabelece
uma liceidade para o ato de poluir, desde que haja o pagamento pela degradação (daí o desacerto da
questão). Essa, aliás, é a interpretação que deve ser refutada acerca do princípio. É o que afirma, por

2 Alguns doutrinadores, porém, estabelecem distinção entre as nomenclaturas “poluidor-pagador”, “predador-pagador” e


“responsabilidade”.

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exemplo, Celso Antonio Pacheco Fiorillo, segundo o qual o princípio da responsabilidade “não traz como
indicativo ‘pagar para poder poluir’, ‘poluir mediante pagamento’ ou ‘pagar para evitar a contaminação’.”
(FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. 14ª ed. rev., ampl. e atual. em
face da Rio+20 e do novo “Código” Florestal — São Paulo : Saraiva, 2013). Definitivamente, não é este o
sentido do enunciado. Nessa mesma toada, as lições de Luiz Paulo Sirvinskas:

Pode parecer um paradoxo, mas o fato de o poluidor ser obrigado a reparar os danos causados

não significa que ele poderá continuar a poluir. Ressalte-se que essa reparação deve ser integral.
Não sendo possível a recomposição, o poluidor deverá ressarcir os danos em espécie cujo valor
deverá ser depositado no fundo para o meio ambiente. O ressarcimento dos danos possui
um forte conteúdo pedagógico. Trata-se da denominada prevenção especial e também geral.
(SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de direito ambiental. 11ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013)

Assim, a exata interpretação que deve ser dada ao princípio n.º 16 da ECO-92 é a de que aquele que
lucra com uma atividade produtiva deve responder pelos riscos dela resultantes, de modo a evitar a
privatização dos lucros e a socialização dos prejuízos.

São exemplos de aplicação do princípio do poluidor-pagador, entre outros, a indenização prevista no art.
36, § 1º, da Lei 9.985/05 e a reposição florestal do art. 33, § 1º, da Lei 12.651/2012 (Novo Código Florestal).

A questão, em grande parte correta, peca, portanto, no trecho em que afirma que o princípio estabelece
uma liceidade para o ato de poluir, desde que haja o pagamento pela degradação.

Por fim, apresento aos senhores a seguinte tabela para a revisão conceitual dos princípios ambientais de
maior destaque:

Princípio Definição
Invocado quando há certeza científica dos riscos ambientais de determinada atividade ou
Prevenção
empreendimento.
Aqui a incerteza científica milita em favor do meio ambiente (in dubio pro nature), de modo que
Precaução a ausência de base científica não deve ser obstáculo à adoção de medidas preventivas de eventual
degradação.

Impõe a internalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, de modo que
Poluidor-pagador
o poluidor arque com o custo decorrente da poluição.

Tem o sentido de que aquele que se utiliza dos recursos naturais deverá pagar pela sua utilização,
Usuário-pagador
mesmo que não haja poluição, a exemplo do uso racional da água.

Seria, segundo Frederico Amado, a outra face da moeda do poluidor-pagador, de modo que as
Protetor-
pessoas físicas ou jurídicas responsáveis pela preservação ambiental sejam agraciadas com benefícios
recebedor
de alguma natureza (vide, a titulo exemplificativo, o art. 41 do novo Código Florestal).

Desenvolvimento Preza pelo desenvolvimento econômico-social, sem comprometimento da capacidade das


Sustentável gerações futuras de suprir suas próprias necessidades.

Equidade Impõe às gerações presentes o dever de preservar o meio ambiente para as gerações futuras, daí
intergeracional o termo “intergeracional” (entre gerações).

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Função Consiste na proteção ambiental de áreas urbanas e rurais, apresentando-se, segundo Frederico
socioambiental Amado, como um quinto atributo da propriedade (ao lado do uso, gozo, disposição e reivindicação),
da propriedade operando-se, assim, a ecologização da propriedade.

“É defeso o recuo a patamares legais de proteção ambiental, salvo temporariamente em situações


Vedação ao
calamitosas, pois a proteção ambiental deve ser crescente, não podendo retroagir” (Frederico
retrocesso
Amado)
Todos os indivíduos têm direito às informações que tratam de atividades estatais que envolvam o
Informação
meio ambiente.

É dever do Poder Público controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos


Limite ou
e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente, instituindo
controle
padrões máximos de poluição do meio ambiente.

DICA DE ESTUDO: Prevenção, precaução e poluidor-pagador são princípios que sempre são cobrados em
prova. Saiba bem a distinção entre eles. Não os confunda!

GABARITO: ERRADO

18. Segundo a mais atual jurisprudência dos Tribunais Superiores, admite-se a responsabilização
penal das pessoas jurídicas por crimes ambientais independentemente da imputação concomitante
da pessoa física responsável pelos atos do ente moral.

COMENTÁRIO

Atenção!!! Mudança de entendimento.

Até o ano de 2014 o panorama jurisprudencial da questão era o seguinte: Para o STF, seria possível a
responsabilização criminal de pessoas jurídicas nos crimes ambientais independentemente da adoção
do sistema da dupla imputação (veja o RE 548.181/PR, 6.8.2013, noticiado no Informativo n.º 714, e o RE
628582 AgR/RS, noticiado no Informativo n.º 639). Para o STJ, contudo, não seria possível, nos delitos
ambientais, a responsabilização penal da pessoa jurídica dissociada da pessoa física que lhe representasse
(a título exemplificativo, HC 187.842-RS, Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, Data do Julgamento
17/09/2013, DJe 25/09/2013 e RMS 27.593/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA
TURMA, julgado em 04/09/2012, DJe 02/10/2012). A divergência de entendimentos, inclusive, foi abordada
na 4ª Rodada do CEI-AGU (10/11/2014) e na 6ª Rodada do CEI-ADVOCACIA PÚBLICA (05/05/2015).

Nada obstante, no dia 21/05/2015, a Sexta Turma do STJ, ao julgar o RHC 53208 (não divulgado em
Informativo), decidiu que “A responsabilidade da pessoa física que pratica crime ambiental não está
condicionada à concomitante responsabilização penal da pessoa jurídica, sendo possível o oferecimento
da denúncia em desfavor daquela, ainda que não haja imputação do delito ambiental a esta.” (RHC 53.208/
SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 21/05/2015, DJe 01/06/2015). Essa
nova postura da Sexta Turma, indicando um alinhamento à jurisprudência do STF, tende a se solidificar
no âmbito da Corte Superior.

Portanto, atualmente, considerando a inexistência de pronunciamentos recentes da Quinta Turma do STJ

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acerca da questão, e o alinhamento de posicionamentos entre a Sexta Turma do STJ e a Suprema Corte,
podemos considerar correta a assertiva, no sentido de que para a jurisprudência dos Tribunais Superiores
é possível a condenação da pessoa jurídica pela prática de crime ambiental, independentemente da
imputação concomitante da pessoa física responsável pelos atos do ente moral.

Sugere-se ao aluno a leitura dos fundamentos de cada julgado.

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: CARLOS HENRIQUE BENEDITO NITÃO LOUREIRO

DIREITO CIVIL

Sobre a responsabilidade civil, julgue os itens:

19. Nos casos de responsabilidade civil derivada de incapacitação para o trabalho, a vítima tem
o direito absoluto de que a indenização por danos materiais fixada em forma de pensão seja
arbitrada e paga de uma só vez.

COMENTÁRIO

A responsabilidade civil nasce quando há descumprimento de determinada obrigação, pelo não


atendimento de uma norma prevista em um contrato, ou quando alguém deixa de observar determinado
preceito normativo que regula a vida.

Assim sendo, temos: (i) responsabilidade civil contratual e (ii) responsabilidade civil extracontratual
ou aquiliana – tem como base: o ato ilícito - art. 186; e abuso de direito – art. 187, ambos do CC.

Ainda que não haja consenso doutrinário, podemos destacar a existência de quatro pressupostos do
dever de indenizar: (i) conduta humana; (ii) culpa genérica ou latu sensu; (iii) nexo de causalidade; (iv)
dano ou prejuízo.

O Código Civil, art. 950, consigna regra importante para a fixação da indenização, neste caso, trata-se
de indenização por perda da capacidade laborativa. Assim sendo, o quantum indenizatório deve ser
fixado a partir da verificação da perda do percentual ou montante efetivo da capacidade sofrido pela
vítima e sua real condição de trabalho.

Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou
profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do
tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à
importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.

Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada
e paga de uma só vez.

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O Superior Tribunal de Justiça, no REsp 1.349.968-DF, julgado em 14/04/2015, noticiado no Informativo


n.º 561, firmou a seguinte tese:

DIREITO CIVIL. FORMA DE PAGAMENTO DE PENSÃO FIXADA NOS CASOS DE


RESPONSABILIDADE CIVIL DERIVADA DE INCAPACITAÇÃO DA VÍTIMA PARA O TRABALHO.
Nos casos de responsabilidade civil derivada de incapacitação para o trabalho (art. 950 do CC),
a vítima não tem o direito absoluto de que a indenização por danos materiais fixada em
forma de pensão seja arbitrada e paga de uma só vez, podendo o magistrado avaliar, em
cada caso concreto, sobre a conveniência da aplicação da regra que autoriza a estipulação de
parcela única (art. 950, parágrafo único, do CC), a fim de evitar, de um lado, que a satisfação do
crédito do beneficiário fique ameaçada e, de outro, que haja risco de o devedor ser levado à ruína.
(...) embora a questão não seja pacífica, tem prevalecido na doutrina e na jurisprudência
o entendimento de que a regra prevista no parágrafo único não deve ser interpretada
como direito absoluto da parte, podendo o magistrado avaliar, em cada caso concreto, sobre
a conveniência de sua aplicação, considerando a situação econômica do devedor, o prazo de
duração do pensionamento, a idade da vítima, etc, para só então definir pela possibilidade de
que a pensão seja ou não paga de uma só vez, antecipando-se as prestações vincendas que só
iriam ser creditadas no decorrer dos anos.

Portanto, o item está incorreto.

Obs.1: Ver – Enunciados n. 48 e 381 das Jornadas de Direito Civil do CJF/STJ.

GABARITO: ERRADO

20. A teoria da perda de uma chance objetiva proporcionar a reparação do dano sofrido, em
situações nas quais a conduta do agressor retira da vítima uma possibilidade séria e real de
chance futura, dentro da lógica do razoável.

COMENTÁRIO

A teoria da perda de uma chance, de origem francesa, nas palavras de Tartuce3 “está caracterizada
quando a pessoa vê frustrada uma expectativa, uma oportunidade futura, que, dentro da lógica do razoável,
ocorreria se as coisas seguissem o seu curso normal”.

Destaque-se que a referida teoria vem ganhando força na jurisprudência pátria. O STJ vem entendendo
que se faz necessária a prova da certeza da chance perdida, daí se falar em possibilidade séria e real,
pautada pelo princípio da razoabilidade, isto porque o objeto da reparação é a chance perdida. Ou seja,
não se exige a comprovação do efetivo dano final.

Portanto, o item está correto.

3 Tartuce, Flávio. Manual de Direito Civil. Editora Método. Ed. 2015. Pág. 434.

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RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. PERDA DE UMA CHANCE. DESCUMPRIMENTO


DE CONTRATO DE COLETA DE CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS DO CORDÃO UMBILICAL
DO RECÉM NASCIDO. NÃO COMPARECIMENTO AO HOSPITAL. LEGITIMIDADE DA CRIANÇA
PREJUDICADA. DANO EXTRAPATRIMONIAL CARACTERIZADO. (...) 3. A teoria da perda de
uma chance aplica-se quando o evento danoso acarreta para alguém a frustração da
chance de obter um proveito determinado ou de evitar uma perda. 4. Não se exige
a comprovação da existência do dano final, bastando prova da certeza da chance
perdida, pois esta é o objeto de reparação. (REsp 1291247/RJ, Rel. Ministro PAULO DE TARSO
SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 19/08/2014, DJe 01/10/2014)

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE


INDENIZAÇÃO. PREJUÍZOS DECORRENTES DE DESAPROPRIAÇÃO. TEORIA DA PERDA DE UMA
CHANCE. REVISÃO DO CONTEXTO FÁTICO-PROBATÓRIO DOS AUTOS. IMPOSSIBILIDADE.
SÚMULA 7/STJ. 1. A jurisprudência desta Corte admite a responsabilidade civil e o consequente
dever de reparação de possíveis prejuízos com fundamento na denominada teoria da perda
de uma chance, “desde que séria e real a possibilidade de êxito, o que afasta qualquer
reparação no caso de uma simples esperança subjetiva ou mera expectativa aleatória”
(REsp 614.266/MG, DJe de 2/8/2013). (...) (REsp 1354100/TO, Rel. Ministra ELIANA CALMON,
SEGUNDA TURMA, julgado em 17/10/2013, REPDJe 06/03/2014, DJe 24/10/2013)

Enunciado 444 da V Jornada de Direito Civil do CJF/STJ

Art. 927: A responsabilidade civil pela perda de chance não se limita à categoria de danos
extrapatrimoniais, pois, conforme as circunstâncias do caso concreto, a chance perdida pode
apresentar também a natureza jurídica de dano patrimonial. A chance deve ser séria e real, não
ficando adstrita a percentuais apriorísticos.

Obs.1: O STJ já entendeu que a teoria da perda de uma chance não se aplica a candidato excluído de
concurso público, pois, no caso analisado, a chance do candidato não seria séria e real – REsp n. 1.220.911/
RS.

GABARITO: CERTO

21. As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por caso fortuito
relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias.

COMENTÁRIO

A doutrina entende que, ainda que pese a celeuma doutrinária quanto à conceituação de caso fortuito ou
força maior, ambos estão associados à compreensão de inadimplemento sem culpa, sendo, desta forma,
ambas são causas de exclusão de responsabilidade civil, uma vez que não há relação de causa e efeito
entre a conduta do agente e o resultado danoso, afastando, portanto, nexo de causalidade.

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Assim, segundo doutrina: (i) caso fortuito: evento imprevisível; (ii) força maior: evento previsível, porém,
inevitável.

No que tange ao caso fortuito a doutrina o classifica em: a) interno: associado à pessoa ou a coisa do
agente ou sua empresa – risco conexo com a atividade desenvolvida, logo, não afasta a responsabilidade
civil; b) externo: fato não relacionado com os riscos inerentes à atividade explorada.

O Superior Tribunal de Justiça editou a súmula n. 479, na qual adota a diferenciação apontada,
especificamente para o caso das instituições financeiras, consignando que o caso fortuito interno não é
causa de exclusão da responsabilidade civil. Portanto, o item está incorreto.

Súmula 479/STJ
As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito
interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações
bancárias.

AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL.


CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO. REMESSA DE PEDRA PARA O INTERIOR DE
COMPOSIÇÃO FERROVIÁRIA. FATO DE TERCEIRO. CASO FORTUITO. 1. A jurisprudência do STJ
possui entendimento de que o arremesso de pedra por terceiro que fere passageiro no interior
de composição ferroviária deve ser caracterizado como fortuito externo, por se tratar de fato
não relacionado com os riscos inerentes à atividade explorada. Precedentes. (...) (AgRg
no AREsp 638.800/SP, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em
07/05/2015, DJe 14/05/2015)

Obs.1: O STJ adota a teria da diferenciação entre caso fortuito externo e caso fortuito interno, para fins de
exclusão de responsabilidade civil.

GABARITO: ERRADO

PROFESSOR: CAMILLO PIANA

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

22. Para o STF, a extemporaneidade não se verifica com a interposição de recurso antes do
respectivo termo a quo.

COMENTÁRIO

A tempestividade é requisito de admissibilidade recursal, exigindo que todo recurso deve ser interposto
no prazo assinalado pela legislação como sendo o adequado para o seu exercício. Os prazos recursais
são peremptórios, não admitindo, em regra, modificação (art. 182, CPC). São ainda prazos próprios, com
o que a sua não-observância gera preclusão temporal (art. 183, CPC). Se recorrente o Ministério Público
ou a Fazenda Pública, incide o art. 188 do CPC, contando-se em dobro o respectivo prazo. Da mesma

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forma, a contagem do prazo será dobrada se os litisconsortes tiverem diferentes procuradores (art. 191,
CPC), salvo se apenas um deles tenha sucumbido (Súmula 641, STF – “Não se conta em dobro o prazo para
recorrer, quando só um dos litisconsortes haja sucumbido”).

Embora as críticas doutrinárias, existia certa resistência, no âmbito dos Tribunais Superiores, em considerar
tempestivo o recurso interposto previamente à publicação do acórdão e/ou da intimação da decisão
contra a qual a insurgência é manejada, o chamado recurso prematuro.

Nada obstante, o tema, ao menos no âmbito do Supremo Tribunal Federal, consolidou-se no sentido
da tempestividade do recurso interposto antes do respectivo prazo (antes da intimação da decisão),
conforme precedente do Pleno do Tribunal, no AI 703269 AgR-ED-ED-EDv-ED:

Ementa: embargos de declaração nos embargos de divergência nos embargos de declaração


nos embargos de declaração no agravo regimental no agravo de instrumento. Conversão
em agravo regimental. Interposição de embargos de divergência antes da publicação do
acórdão embargado. Extemporaneidade. Instrumentalismo processual. Preclusão imprópria
para prejudicar a parte que contribui para a celeridade processual. Boa-fé exigida do estado-
juiz. Agravo regimental provido. 1. A extemporaneidade não se verifica com a interposição de
recurso antes do termo a quo e consequentemente não gera a ausência de preenchimento
de requisito de admissibilidade da tempestividade. 2. O princípio da instrumentalidade do
Direito Processual reclama a necessidade de interpretar os seus institutos sempre do modo
mais favorável ao acesso à justiça (art. 5º, XXXV, CRFB) e à efetividade dos direitos materiais
(OLIVEIRA, Carlos Alberto Alvaro de. O formalismo-valorativo no confronto com o formalismo
excessivo. In: Revista de Processo, São Paulo: RT, n.º 137, p. 7-31, 2006; DINAMARCO, Cândido
Rangel. A instrumentalidade do processo. 14ª ed. São Paulo: Malheiros, 2009; BEDAQUE, José
Roberto dos Santos. Efetividade do Processo e Técnica Processual. 3ª ed. São Paulo: Malheiros,
2010). 3. As preclusões se destinam a permitir o regular e célere desenvolvimento do feito,
não sendo possível penalizar a parte que age de boa-fé e contribui para o progresso da
marcha processual com o não conhecimento do recurso por ela interposto antecipadamente,
em decorrência de purismo formal injustificado. 4. Os embargos de declaração opostos
objetivando a reforma da decisão do relator, com caráter infringente, devem ser convertidos
em agravo regimental, que é o recurso cabível, por força do princípio da fungibilidade.[...]
(AI 703269 AgR-ED-ED-EDv-ED, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em
05/03/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-085 DIVULG 07-05-2015 PUBLIC 08-05-2015).

GABARITO: CERTO

23. No pedido de intervenção anódina formulado por ente público federal não há o deslocamento
automático da competência para a Justiça Federal.

COMENTÁRIO

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O parágrafo único do art. 5º da Lei nº 9.469/97, fruto da conversão da Medida Provisória nº 1.561, prevê
a chamada “intervenção anômala” ou “intervenção anódina”, deferindo a qualquer pessoa jurídica de
direito público a possibilidade de intervir, alegando interesse econômico, em processo pendente:

Art. 5º A União poderá intervir nas causas em que figurarem, como autoras ou rés, autarquias,
fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas federais.

Parágrafo único. As pessoas jurídicas de direito público poderão, nas causas cuja decisão
possa ter reflexos, ainda que indiretos, de natureza econômica, intervir, independentemente
da demonstração de interesse jurídico, para esclarecer questões de fato e de direito, podendo
juntar documentos e memoriais reputados úteis ao exame da matéria e, se for o caso, recorrer,
hipótese em que, para fins de deslocamento de competência, serão consideradas partes.

A título de revisão, é possível listar as seguintes características básicas do instituto:

è Dispensa a presença do interesse jurídico pelo ente público, bastando a simples alegação da
existência de interesse, além da constatação da potencialidade de eventual lesão econômica com
o desfecho da demanda;

è Diversamente do que ocorre nas demais modalidades de intervenção de terceiros, sua


concretização é bastante informal, dispensando a necessidade de se instaurar um procedimento
próprio para que se viabilize a efetiva intervenção da pessoa jurídica de direito público;

è A Fazenda Pública, ao intervir no feito, poderá esclarecer questões de fato e de direito, aduzindo
alegações que reforcem a defesa dos interesses de uma das partes quanto aos pontos controvertidos
na lide;

è A atuação processual do interveniente cinge-se ao esclarecimento dessas questões de fato e de


direito, podendo para tanto promover a juntada de documentos e memoriais úteis ao exame da
matéria. Não se lhe conferem poderes para atuar além dos limites de tal permissivo (“esclarecimento
de questões de fato e de direito”), vedando-se, por exemplo: a formulação de perguntas às partes
em seus depoimentos pessoais, a reinquirição testemunhas, a apresentação de contestação ou
qualquer outro tipo de resposta, não dispondo da totalidade dos ônus e faculdades conferidas às
partes da demanda.

è Possibilita-se a interposição do recurso a fim de garantir o seu interesse econômico, momento


então no qual o ente público adquirirá a condição de parte, passando a exercer os ônus, poderes,
faculdades e deveres que são conferidos a qualquer parte no processo.

è Como nessas circunstâncias a pessoa jurídica interveniente não assume a condição de parte,
a doutrina aduz que tal posição processual caracteriza um típico caso de “amicus curiae”, figura
ordinariamente relacionada com o controle de constitucionalidade (art. 7º, §2º, Lei nº 9.868/99). A
função do “amicus curiae” consiste basicamente em levar, espontaneamente ou quando provocado
pelo magistrado, elementos de fato e/ou de direito que de alguma forma relacionam-se intimamente

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com a matéria posta para julgamento.

Comentando o art. 5º da Lei nº 9.469/97, Leonardo Carneiro da Cunha bem sintetiza (A Fazenda Pública
em Juízo, 10ª Ed., Dialética, 2012, págs. 172/173):

Surgiu, em razão do referido dispositivo, uma nova forma de intervenção de terceiros,


fundamentada na potencialidade de efeitos reflexos, diretos ou indiretos, de natureza econômica,
da eventual decisão que vier a ser proferida na causa. Em outras palavras, a nova forma de
intervenção de terceiros não depende da presença de interesse jurídico, satisfazendo-se com a
simples potencialidade de a decisão gerar, eventualmente, efeitos reflexos, mesmo que indiretos,
de natureza econômica; a intervenção funda-se, em verdade, num interesse econômico, e não
jurídico. Tal modalidade de intervenção de terceiros vem sendo chamada, por autores de nomeada,
de intervenção anômala. Avoluma-se, contudo, orientação doutrinária que prefere identificá-la
como um dos casos de amicus curiae. Ao intervir com base no referido dispositivo, a Fazenda
Pública não adquire a condição de parte, não havendo, então, modificação de competência, a
não ser quando se interpõe recurso. Enfim, a nova forma de intervenção de terceiros aplica-se a
qualquer pessoa jurídica de direito público, incidindo em todos os tipos de demanda, ainda que
a causa envolva, apenas, particulares. Desse modo, esse novo tipo de intervenção de terceiros
aplica-se não somente a uma demanda relativa a entes da Administração indireta, mas também
a causas mantidas apenas entre particulares.

Anota-se, nessa toada, que o mero pedido de intervenção formulado pelo ente público com esteio no
parágrafo único do art. 5º da Lei nº 9.469/97 não lhe outorga a condição de parte, com o que não há
o imediato deslocamento da competência para a Justiça Federal na hipótese de o interveniente ser ente
público federal:

Ao ingressar como interveniente na causa, mercê do permissivo contido no parágrafo único


do art. 5º da Lei nº 9.469/1997, a Fazenda Pública não adquire a condição de parte, não se
qualificando tal forma de intervenção como oposição, denunciação da lide, chamamento ao
processo ou nomeação à autoria. De igual modo, essa forma de intervenção de terceiro não se
qualifica como uma assistência, seja a simples, seja a litisconsorcial. É que, além de não deter
os poderes do assistente, sua intervenção, na espécie, não resulta de um interesse jurídico,
sendo bastante a demonstração de um mero interesse econômico, ainda que reflexo ou indireto.
Então, enquanto figura como interveniente, a Fazenda Pública apenas esclarece questões e
junta documentos ou memoriais reputados úteis ao desenleio da controvérsia. Daí não haver
modificação de competência. (Ob. Cit, p. 177).

Nesse mesmo sentido o entendimento do STJ:

ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA


AJUIZADA PELO MPF PARA APURAR A PRÁTICA DE ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.
A LEI 9.469/97 AUTORIZA A INTERVENÇÃO DAS PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO NAS
CAUSAS CUJAS DECISÕES POSSAM TER REFLEXOS, AINDA QUE INDIRETOS, DE NATUREZA

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ECONÔMICA. TAL CIRCUNSTÂNCIA NÃO TEM O CONDÃO DE DESLOCAR A COMPETÊNCIA


PARA A JUSTIÇA FEDERAL. PRECEDENTES DESTA CORTE. AGRAVOS REGIMENTAIS DO
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL E DAS CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS S/A DESPROVIDOS.

1. A assistência é modalidade de intervenção voluntária que ocorre quando terceiro demonstra


vínculo jurídico com uma das partes (art. 50 do CPC), não sendo admissível a assistência fundada
apenas em interesse simplesmente econômico. Precedentes desta Corte.

2. O art. 5º., parágrafo único da Lei 9.469/97 excepcionou a regra geral da assistência ao
autorizar a intervenção das Pessoas Jurídicas de Direito Público nas causas cujas decisões
possam ter reflexos, ainda que indiretos, de natureza econômica.

3. In casu, as instâncias de origem concluíram que ofende diretamente interesse da União a


validade do contrato firmado para suprir a deficiência na produção de energia elétrica no País.
4. Esta Corte Superior já pacificou o entendimento de que conquanto seja tolerável a intervenção
anódina da União plasmada no art. 5º da Lei 9.469/97, tal circunstância não tem o condão de
deslocar a competência para a Justiça Federal, o que só ocorre no caso de demonstração de
legítimo interesse jurídico na causa, nos termos do art. 50 e 54 do CPC/73 (REsp. 1.097.759/BA,
Rel. Min. LUIS FELIPE SALOMÃO, DJe 1.6.2009).

5. Agravos Regimentais do Ministério Público Federal e das Centrais Elétricas Brasileiras S/A
desprovidos.

(AgRg no REsp 1118367/SC, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 14/05/2013, DJe 22/05/2013)

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL - DECISÃO MONOCRÁTICA QUE DEFERIU O


PEDIDO DE INTERVENÇÃO NO FEITO FORMULADO PELA UNIÃO, COM BASE NO ARTIGO 5º
DA LEI 9.469/97.

1. A intervenção anômala da União, com base unicamente na demonstração de interesse


econômico no resultado da lide (artigo 5º da Lei 9.469/97), para juntada de documentos e
memoriais reputados úteis, não implica o deslocamento automático da competência para a
Justiça Federal. Precedentes do STJ.

2. “A lei ordinária não tem a força de ampliar a enumeração taxativa da competência da Justiça
Federal estabelecida no art. 109, I, da Constituição Federal, razão pela qual o deslocamento
da competência para a Justiça especializada somente se verificaria se configurado o efetivo
interesse jurídico da União ou de outro ente federal” (EDcl no AgRg no CC 89.783/RS, Rel.
Ministro Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, julgado em 09.06.2010, DJe 18.06.2010).

3. Outrossim, revela-se Inaplicável, à espécie, a jurisprudência firmada quando do julgamento


do Recurso Especial 1.111.159/RJ (submetido ao rito do artigo 543-C do CPC), segundo o qual,
em se tratando de causas que versem sobre empréstimo compulsório sobre energia elétrica,

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ingressando a União no feito, mediante demonstração de legítimo interesse, a competência


passa a ser da justiça federal, por força do que determina o artigo 109, inciso I, da Constituição
Federal.

4. Isto porque, naquela hipótese, a conclusão adotada pelo órgão colegiado contém premissa
peculiar, consubstanciada na orientação jurisprudencial de que solidária a responsabilidade
da União pelo pagamento dos valores devidos a título do empréstimo compulsório instituído
em favor das Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobrás), donde se extraiu o potencial interesse
jurídico da interveniente, ensejador do deslocamento da competência ratione personae, caso
assim decidido pela Justiça Federal, nos termos da Súmula 150/STJ. 5. Assim, correta a decisão
agravada que, ao acolher o pedido de intervenção formulado pela União, amparada no artigo
5º da Lei 9.469/97, determinou o recebimento do processo no estado em que se encontra e a
manutenção da competência originária para julgamento da demanda.

6. Agravo regimental desprovido.

(AgRg no REsp 1045692/DF, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em
21/06/2012, DJe 29/06/2012)

GABARITO: CERTO

24. Compete, de forma absoluta, ao Juizado Especial Federal o processo e julgamento de ação para
a anulação de ato administrativo federal de natureza previdenciária com repercussão econômica
inferior a 60 (sessenta) salários-mínimos.

COMENTÁRIO

Alternativa correta e que espelha a exceção prevista no inciso IV do § 1º do art. 3º da Lei nº


10.259/2001(Juizados Especiais Federais):

Art. 3º Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de
competência da Justiça Federal até o valor de sessenta salários mínimos, bem como executar
as suas sentenças.

§ 1º Não se incluem na competência do Juizado Especial Cível as causas:

I - referidas no art. 109, incisos II, III e XI, da Constituição Federal, as ações de mandado de
segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação, populares, execuções fiscais e por
improbidade administrativa e as demandas sobre direitos ou interesses difusos, coletivos ou
individuais homogêneos;

II - sobre bens imóveis da União, autarquias e fundações públicas federais;

III - para a anulação ou cancelamento de ato administrativo federal, salvo o de natureza


previdenciária e o de lançamento fiscal;

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IV - que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a servidores


públicos civis ou de sanções disciplinares aplicadas a militares.

Uma outra característica própria do rito da Lei nº 10.259/2001, e também abordada pela questão, está
no §3º do art. 3º daquele diploma legal, o qual preconiza que “No foro onde estiver instalada Vara do
Juizado Especial, a sua competência é absoluta”. Como anota a doutrina:

A competência fixada em razão do valor da causa é, geralmente, relativa, mas é possível que
seja, excepcionalmente, tida como absoluta. É o que sucede no âmbito dos Juizados Especiais
Cíveis Federais: sua competência é fixada até o valor de 60 (sessenta) salários mínimos, sendo,
porém, absoluta (Lei nº 10.259/2001, art. 3º, parágrafo 3º). Assim, uma causa cujo valor seja
de até 60 (sessenta) salários mínimos deve ser proposta perante o Juizado Especial Cível
Federal, a não que ostente complexidade ou que esteja inserida numa das hipóteses previstas
no parágrafo 1º do art. 3º da Lei nº 10.259/2001. Por outro lado, uma causa de valor superior
a 60 (sessenta) salários mínimos não deve ser proposta no Juizado Especial Cível Federal. Por
ser absoluta, a incompetência, nesse caso, deve ser alegada em preliminar da contestação,
e não por exceção de incompetência (CPC, arts. 112 e 301). Sendo a competência absoluta,
não pode ser modificada por meio de conexão ou continência. Isso porque a competência
absoluta é improrrogável, não se alterando nem por vontade das partes nem por conexão ou
continência. (CUNHA, Leonardo Carneiro. A Fazenda Pública em Juízo, 10ª Ed., Dialética, 2012,
págs. 720/721).

GABARITO: CERTO

25. Sendo a usucapião espécie de prescrição dita aquisitiva, pode o juiz reconhecê-la de ofício
desde que presentes os seus respectivos pressupostos legais.

COMENTÁRIO

Consoante recente entendimento do STJ, na prescrição aquisitiva (usucapião), é indispensável que o


postulante alegue seu direito, quer por via de ação própria, quer por exceção de domínio, nos termos da
súmula 237/STF, “o usucapião pode ser arguido em defesa”, não sendo dado ao magistrado declará-lo de
ofício mediante a invocação do art. 219, § 5º, do CPC. Vejamos a seguinte e interessante construção da
Quarta Turma daquela Corte conforme noticiado no Informativo nº 560:

DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. IMPOSSIBILIDADE DE DECLARAÇÃO DE OFÍCIO DA


USUCAPIÃO. O § 5º do art. 219 do CPC (“O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição”) não
autoriza a declaração, de ofício, da usucapião. No ordenamento jurídico brasileiro, existem
duas formas de prescrição: (i) a prescrição extintiva e (ii) a prescrição aquisitiva. A prescrição
extintiva (i) - a prescrição propriamente dita - conduz à perda do direito de ação por seu titular
negligente, ao fim de certo lapso de tempo. Por sua vez, a prescrição aquisitiva (ii) -usucapião -
faz com que um determinado direito seja adquirido pela inércia e pelo lapso temporal. Ambas

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têm em comum os elementos tempo e inércia do titular, mas, enquanto na primeira eles dão
lugar à extinção do direito, na segunda produzem a sua aquisição. Realmente, o § 5º do art.
219 do CPC não estabeleceu qualquer distinção em relação à espécie de prescrição. Sendo
assim, num primeiro momento, poder-se-ia cogitar ser possível ao julgador declarar de ofício a
aquisição mediante usucapião de propriedade. Entretanto, essa assertiva não pode ser aplicada.
Primeiro, porque o disposto no § 5º do art. 219 está intimamente ligado às causas extintivas,
conforme expressamente dispõe o art. 220 - “O disposto no artigo anterior aplica-se a todos os
prazos extintivos previstos na lei” -, sendo que a simples leitura dos arts. 219 e 220 demonstra
a impropriedade de se pretender projetar os ditames do § 5º do art. 219 para as hipóteses
de usucapião. Segundo, pois a prescrição extintiva e a usucapião são institutos díspares,
sendo inadequada a aplicação da disciplina de um deles frente ao outro, vez que a expressão
prescrição aquisitiva tem vínculos mais íntimos com fundamentos fáticos/históricos do que a
contornos meramente temporais. Essa diferenciação é imprescindível, sob pena de ocasionar
insegurança jurídica, além de violação aos princípios do contraditório e ampla defesa, pois, no
processo de usucapião, o direito de defesa assegurado ao confinante é impostergável, eis que lhe
propicia oportunidade de questionar os limites oferecidos ao imóvel usucapiendo. Como simples
exemplo, se assim fosse, nas ações possessórias, o demandante poderia obter um julgamento de
mérito, pela procedência, antes mesmo da citação da outra parte, afinal o magistrado haveria
de reconhecer a prescrição (na hipótese, a aquisitiva-usucapião) já com a petição inicial, no
primeiro momento. Consequentemente, a outra parte teria eliminada qualquer possibilidade
de defesa do seu direito de propriedade constitucionalmente assegurado, sequer para alegar
uma eventual suspensão ou interrupção daquele lapso prescricional. Ademais, conforme a
doutrina, o juiz, ao sentenciar, não pode fundamentar o decidido em causa não articulada pelo
demandante, ainda que por ela seja possível acolher o pedido do autor. Trata-se de decorrência
do dever de o juiz decidir a lide “nos limites em que foi proposta, sendo-lhe defeso conhecer
de questões, não suscitadas, a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte” (art. 128 do CPC).
Ainda de acordo com a doutrina, essa vedação, em razão do princípio da igualdade das partes
no processo, aplica-se não só ao demandado, mas, também, ao réu, de sorte que o juiz não
poderia reconhecer ex officio de uma exceção material em prol do réu, como por exemplo, a
exceção de usucapião. (REsp 1.106.809-RS, Rel. originário Min. Luis Felipe Salomão, Rel. para
acórdão Min. Marco Buzzi, julgado em 3/3/2015, DJe 27/4/2015).

GABARITO: ERRADO

PROFESSORA: CAROLINA BLUM

DIREITO EMPRESARIAL

26. Não se submete à competência do juízo universal da recuperação judicial a ação de despejo
movida, com base na Lei 8.245/1991 (Lei do Inquilinato), pelo proprietário locador para obter,
unicamente, a retomada da posse direta do imóvel locado à sociedade empresária em recuperação,

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assim como não se submetem aos efeitos da recuperação judicial os créditos garantidos por
alienação fiduciária de bem não essencial à atividade empresarial.

COMENTÁRIO

A assertiva reproduz dois entendimentos manifestados pela Segunda Seção do STJ, publicados,
respectivamente, nos Informativos nº 551 e 550.

No contexto da competência para a ação de despejo, cabe o alerta de que a palavra “unicamente” faz
toda a diferença. Chamo a atenção de vocês para o último trecho do informativo:

Não se submete à competência do juízo universal da recuperação judicial a ação de


despejo movida, com base na Lei 8.245/1991 (Lei do Inquilinato), pelo proprietário
locador para obter, unicamente, a retomada da posse direta do imóvel locado à
sociedade empresária em recuperação. A Lei da Recuperação Judicial (Lei 11.101/2005) não
prevê exceção que ampare o locatário que tenha obtido o deferimento de recuperação judicial,
estabelecendo, ao contrário, que o credor proprietário de bem imóvel, quanto à retomada do
bem, não se submete aos efeitos da recuperação judicial (art. 49, § 3º, da Lei 11.101/2005).
Na espécie, tratando-se de credor titular da posição de proprietário, prevalecem os direitos de
propriedade sobre a coisa, sendo inaplicável à hipótese de despejo a exceção prevista no § 3º,
in fine, do art. 49 da Lei 11.101/2005 – que não permite, durante o prazo de suspensão a que se
refere o § 4º do art. 6º da referida lei, a venda ou a retirada do estabelecimento do devedor dos
bens de capital essenciais a sua atividade empresarial –, pois, no despejo, regido por legislação
especial, tem-se a retomada do imóvel locado, e não se trata de venda ou mera retirada do
estabelecimento do devedor de bem essencial a sua atividade empresarial. Nesse sentido, a
melhor interpretação a ser conferida aos arts. 6º e 49 da Lei 11.101/2005 é a de que, em regra,
apenas os credores de quantia líquida se submetem ao juízo da recuperação, com exclusão,
dentre outros, do titular do direito de propriedade. Portanto, conclui-se que a efetivação da
ordem do despejo não se submete à competência do Juízo universal da recuperação,
não se confundindo com eventual execução de valores devidos pelo locatário relativos
a aluguéis e consectários, legais e processuais, ainda que tal pretensão esteja cumulada
na ação de despejo. Precedente citado: AgRg no CC 103.012-GO, Segunda Seção, DJe de
24/6/2010. CC 123.116-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 14/8/2014.

Assim, quando a ação visar à execução de valores devidos pelo locatário em falência, relativos a aluguéis
e consectários, esta será de competência do Juízo Falimentar, ainda que tal pretensão esteja cumulada na
ação de despejo.

Já no que se refere à alienação fiduciária em garantia, o STJ aplicou o disposto no Art. 49, § 3º, da Lei
11.101/2005 (Lei de Falências), segundo o qual:
Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou
imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos

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respectivos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em


incorporações imobiliárias, ou de proprietário em contrato de venda com reserva de domínio,
seu crédito não se submeterá aos efeitos da recuperação judicial e prevalecerão os
direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais, observada a legislação
respectiva, não se permitindo, contudo, durante o prazo de suspensão a que se refere o § 4º
do art. 6º desta Lei, a venda ou a retirada do estabelecimento do devedor dos bens de capital
essenciais a sua atividade empresarial.

Esclareceu o Tribunal que sua jurisprudência, nos casos em que o bem objeto de alienação fiduciária for
imprescindível à atividade empresarial, tem excepcionado a regra que os exclui dos efeitos da recuperação
judicial, o que não teria sido vislumbrado no caso concreto, verbis:

DIREITO EMPRESARIAL. NÃO SUBMISSÃO DE CRÉDITO GARANTIDO POR ALIENAÇÃO


FIDUCIÁRIA AOS EFEITOS DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL. Não se submetem aos efeitos
da recuperação judicial os créditos garantidos por alienação fiduciária de bem não
essencial à atividade empresarial. O art. 49, caput, da Lei 11.101/2005 estabelece que estão
sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não
vencidos. Por sua vez, o § 3º do mesmo artigo prevê hipóteses em que os créditos não se
submeterão aos efeitos da recuperação judicial, entre eles, os créditos garantidos por alienação
fiduciária. A jurisprudência do STJ, no entanto, tendo por base a limitação prevista na parte
final do § 3º do art. 49 – que impede a venda ou a retirada do estabelecimento do devedor dos
bens de capital essenciais à sua atividade empresarial – e inspirada no princípio da preservação
da empresa, tem estabelecido hipóteses em que se abre exceção à regra da não submissão
do crédito garantido por alienação fiduciária ao procedimento da recuperação judicial. De
acordo com a linha seguida pelo STJ, a exceção somente é aplicada a casos que revelam
peculiaridades que recomendem tratamento diferenciado visando à preservação da
atividade empresarial, como, por exemplo, no caso em que o bem dado em alienação
fiduciária componha o estoque da sociedade, ou no caso de o bem alienado ser o imóvel
no qual se situa a sede da empresa. Em suma, justifica-se a exceção quando se verificar,
pelos elementos constantes dos autos, que a retirada dos bens prejudique de alguma
forma a atividade produtiva da sociedade. Caso contrário, isto é, inexistente qualquer
peculiaridade que justifique excepcionar a regra legal do art. 49, § 3º, deve prevalecer
a regra de não submissão, excluindo-se dos efeitos da recuperação judicial os créditos de
titularidade da interessada que possuem garantia de alienação fiduciária. CC 131.656-PE, Rel.
Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 8/10/2014.

GABARITO: CERTO

27. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade,


mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com
a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado

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econômico, sendo dispensável o Livro Diário, que pode ser substituído por fichas no caso de
escrituração mecanizada ou eletrônica.

COMENTÁRIO

A primeira parte da assertiva está correta, nos moldes do Art. 1.179 do Código Civil. Contudo, a segunda
parte se equivoca ao tratar o Livro Diário como dispensável, quando, na verdade, o Art. 1.180 do Código
Civil classifica-o como INDISPENSÁVEL, alertando que, mesmo no caso de ser substituído por fichas,
no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica, não é dispensado o uso de livro apropriado para o
lançamento do balanço patrimonial e do de resultado econômico.

Sobre o tema, não esquecer que:

è Os livros e fichas dos empresários e sociedades provam contra as pessoas a que pertencem,
e, em seu favor, quando, escriturados sem vício extrínseco ou intrínseco, forem confirmados por
outros subsídios. (Art. 226, caput, do Código Civil);

è A prova resultante dos livros e fichas não é bastante nos casos em que a lei exige escritura
pública, ou escrito particular revestido de requisitos especiais, e pode ser ilidida pela comprovação
da falsidade ou inexatidão dos lançamentos. (Art. 226, parágrafo único, do Código Civil);

è A escrituração contábil é indivisível: se dos fatos que resultam dos lançamentos, uns são favoráveis
ao interesse de seu autor e outros Ihe são contrários, ambos serão considerados em conjunto como
unidade. (Art. 380 do Código de Processo Civil);

è Estão sujeitos à fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer livros comerciais, limitado o


exame aos pontos objeto da investigação (Súmula 439 do STF);

è Não deixem de ler, ainda, sobre a exibição dos livros, os Arts. 1.190 a 1.193 do CC e o Art. 381 do
CPC.

GABARITO: ERRADO

PROFESSOR: VINÍCIUS DE AZEVEDO FONSECA

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO

28. De acordo com a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, de 1969, um Estado
não pode invocar as disposições de seu direito interno para justificar o inadimplemento de um
tratado, a menos que se trate de violação manifesta de norma interna de importância fundamental
referente à competência para concluir tratados.

COMENTÁRIO

Muitos hão de se perguntar: ora, outra questão de direito dos tratados? E eu respondo: sim, o intuito do

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presente curso é explorar questões com maior chance de incidência em prova. Nessa toada, o direito dos
tratados, além de se tratar de assunto extenso (provavelmente o mais extenso em direito internacional
público), possui vários pontos relevantes, com importante probabilidade de cobrança em prova.

Realizado o esclarecimento, vamos ao enfrentamento da assertiva, que está correta.

Vejam que a questão está “fechada”, à medida que se refere expressamente aos termos da Convenção de
Viena. Logo, não importa a jurisprudência ou o entendimento da doutrina majoritária.

Conforme a parte inicial do artigo 27 da Convenção de Viena de 1969: “uma parte não pode invocar
as disposições de seu direito interno para justificar o inadimplemento de um tratado”. Tal regra propõe,
claramente, a supremacia do direito internacional sobre o direito interno (inclusive constitucional) dos
Estados.

O dispositivo, entretanto, como a própria parte final do artigo 27 indica (“Esta regra não prejudica o artigo
46”), deve ser analisado em conjunto com o artigo 46 da mesma Convenção, que dispõe:

1. Um Estado não pode invocar o fato de que seu consentimento em obrigar-se por um tratado
foi expresso em violação de uma disposição de seu direito interno sobre competência para
concluir tratados, a não ser que essa violação fosse manifesta e dissesse respeito a uma
norma de seu direito interno de importância fundamental.

2. Uma violação é manifesta se for objetivamente evidente para qualquer Estado que proceda,
na matéria, de conformidade com a prática normal e de boa fé.

A exceção prevista na parte final do parágrafo 1 do artigo 46 acima transcrito trata da hipótese da
ratificação imperfeita.

Voltando à assertiva, percebe-se que essa condensa perfeitamente o conteúdo dos artigos 27 e 46 da
Convenção de Viena, do que se conclui pela sua correção.

Esclarece-se, por fim, que o fato de a Convenção de Viena de 1969 afirmar a supremacia do direito
internacional sobre todo o direito interno dos Estados não importa na conclusão de que esse seja o
entendimento dos Tribunais nacionais, como o Supremo Tribunal Federal no Brasil, por exemplo. Aliás,
como sabido, esse não é o entendimento do STF.

As disposições da Convenção de Viena, entretanto, podem levar à responsabilização internacional de


um Estado que venha a descumprir acordo internacional por afirmar a supremacia do seu direito interno.
É dizer, o fato de o STF, no Brasil, entender que as normas constitucionais preponderam (assunto a
ser melhor desenvolvido em rodada futura) sobre as normas internacionais, não isenta o Brasil de ser
responsabilizado pelo descumprimento de um tratado, na esfera internacional, caso o faça sob a alegação
de que o diploma internacional feria norma constitucional ou infraconstitucional.

GABARITO: CERTO

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29. O direito de posse dos indígenas sobre as terras que tradicionalmente ocupam, para além de
previsto na Constituição Federal de 1988, também é afirmado por Convenção da Organização
Internacional do Trabalho.

COMENTÁRIO

O ponto 50 do conteúdo da matéria de Direito Internacional Público no edital do concurso para Advogado
da União traz o tema “povos indígenas e comunidades tradicionais em face do Direito Internacional”.

Dois são os principais diplomas internacionais a versar sobre o assunto: a Declaração das Nações Unidas
sobre os Direitos dos Povos Indígenas e a Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho
sobre Povos Indígenas e Tribais.

A questão explorou o conteúdo da Convenção nº 169 da OIT. Para quem não estudou o assunto, pode
parecer despropositada a existência de uma Convenção da OIT que verse sobre direito de posse dos
indígenas. Mas o fato é que a assertiva está correta, uma vez que o artigo 14 da Convenção da OIT afirma
que:

1. Dever-se-á reconhecer aos povos interessados os direitos de propriedade e de posse


sobre as terras que tradicionalmente ocupam. Além disso, nos casos apropriados, deverão
ser adotadas medidas para salvaguardar o direito dos povos interessados de utilizar terras que
não estejam exclusivamente ocupadas por eles, mas às quais, tradicionalmente, tenham tido
acesso para suas atividades tradicionais e de subsistência. Nesse particular, deverá ser dada
especial atenção à situação dos povos nômades e dos agricultores itinerantes.

2. Os governos deverão adotar as medidas que sejam necessárias para determinar as terras que
os povos interessados ocupam tradicionalmente e garantir a proteção efetiva dos seus direitos
de propriedade e posse.

3. Deverão ser instituídos procedimentos adequados no âmbito do sistema jurídico nacional


para solucionar as reivindicações de terras formuladas pelos povos interessados.

Referida norma vai ao encontro das disposições do art. 231, caput e parágrafo 2º, da Constituição Federal,
que já garantiam aos indígenas, no Brasil, os direitos originários e a posse permanente sobre as terras que
tradicionalmente ocupam.

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: VINÍCIUS DE AZEVEDO FONSECA

DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

30. A cooperação jurídica internacional, com base na Convenção das Nações Unidas contra
a Corrupção (Convenção de Mérida), para fins de identificação de bens a serem futuramente

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recuperados, somente é possível quando haja processo judicial em curso no Estado requerente.

COMENTÁRIO

A Convenção de Mérida, já no artigo 43, parágrafo 1, que prevê a possibilidade de cooperação jurídica
internacional em questões civis envolvendo casos de corrupção, afirma que tal cooperação poderá se dar
desde a fase de investigações e mesmo no âmbito administrativo. Veja-se:

Os Estados Partes cooperarão em assuntos penais conforme o disposto nos Artigos 44 a 50


da presente Convenção. Quando proceda e estiver em consonância com seu ordenamento
jurídico interno, os Estados Partes considerarão a possibilidade de prestar-se assistência nas
investigações e procedimentos correspondentes a questões civis e administrativas relacionadas
com a corrupção. (grifei)

Adiante, o artigo 46 da Convenção, nos seus parágrafos 1, 2 e 3, “j”, ratifica a possibilidade de cooperação
em fase investigativa com a finalidade de identificação de bens. In verbis:

1. Os Estados Partes prestar-se-ão a mais ampla assistência judicial recíproca relativa a


investigações, processos e ações judiciais relacionados com os delitos compreendidos na
presente Convenção.

2. Prestar-se-á assistência judicial recíproca no maior grau possível conforme as leis, tratados,
acordos e declarações pertinentes do Estado Parte requerido com relação a investigações,
processos e ações judiciais relacionados com os delitos dos quais uma pessoa jurídica pode ser
considerada responsável em conformidade com o Artigo 26 da presente Convenção no Estado
Parte requerente.

3. A assistência judicial recíproca que se preste em conformidade com o presente Artigo poderá
ser solicitada para quaisquer dos fins seguintes:

(...)

j) Identificar, embargar com caráter preventivo e localizar o produto de delito, em conformidade


com as disposições do Capítulo V da presente Convenção; (grifei)

A assertiva, portanto, está errada.

GABARITO: ERRADO

31. De acordo com recente decisão do STJ, ainda que o domicílio do autor da herança seja o Brasil,
aplica-se a lei estrangeira da situação da coisa - e não a lei brasileira - na sucessão de bem imóvel
situado no exterior.

COMENTÁRIO

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A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, em seu art. 10, dispõe aplicar-se a lei do domicílio do
autor da herança para regular a sucessão por morte. Veja-se:

Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o
defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.

Note-se que o dispositivo afirma que independem a natureza e a situação dos bens.

Assim sendo, tendo o falecido domicílio no Brasil, de acordo com o art. 10 da LINDB, aplicar-se-ia a lei
brasileira para reger a sua sucessão, mesmo que existentes bens no exterior.

Ocorre que em recentíssima decisão, publicada no informativo nº 563, de maio de 2015, a 3ª Turma do
STJ estabeleceu o entendimento de que a norma do art. 10 da LINDB não é absoluta, devendo ceder
em razão: 1) da ponderação de outros elementos de conectividade, que poderão prevalecer no caso
concreto; 2) da necessidade de interpretação sistemática do dispositivo em comento com as demais
normas internas que regulam o tema, em especial o art. 8º, caput, e § 1º do art. 12, ambos da LINDB e
o art. 89 do CPC; 3) pela falta de eficácia que teria uma decisão judicial brasileira, baseada em normas
nacionais, dispondo sobre bens imóveis localizados no exterior.

Veja-se o didático resumo da decisão publicado no informativo nº 563 do STJ:

DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO. RELATIVIDADE DO ART. 10 DA LINDB.

Ainda que o domicílio do autor da herança seja o Brasil, aplica-se a lei estrangeira
da situação da coisa - e não a lei brasileira - na sucessão de bem imóvel situado no
exterior. A LINDB, inegavelmente, elegeu o domicílio como relevante regra de conexão para
solver conflitos decorrentes de situações jurídicas relacionadas a mais de um sistema legal
(conflitos de leis interespaciais), porquanto consistente na própria sede jurídica do indivíduo.
Assim, a lei do país em que for domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o
fim da personalidade, o direito ao nome, a capacidade jurídica e dos direitos de família (art. 7º).
Por sua vez, a lei do domicílio do autor da herança regulará a correlata sucessão, nos termos
do art. 10 da lei sob comento. Em que pese a prevalência da lei do domicílio do indivíduo para
regular as suas relações jurídicas pessoais, conforme preceitua a LINDB, esta regra de conexão
não é absoluta. Como bem pondera a doutrina, outros elementos de conectividade podem, a
depender da situação sob análise, revelarem-se preponderantes e, por conseguinte, excepcionar
a aludida regra, tais como a situação da coisa, a faculdade concedida à vontade individual na
escolha da lei aplicável, quando isto for possível, ou por imposições de ordem pública. Esclarece,
ainda, que “a adoção de uma norma de direito estrangeiro não é mera concessão do Estado, ou
um favor emanado de sua soberania, mas a consequência natural da comunidade de direito, de
tal forma que a aplicação da lei estrangeira resulta como imposição de um dever internacional.
Especificamente à lei regente da sucessão, pode-se assentar, de igual modo, que o art.
10 da LINDB, ao estabelecer a lei do domicílio do autor da herança para regê-la, não
assume caráter absoluto. A conformação do direito internacional privado exige, como

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visto, a ponderação de outros elementos de conectividade que deverão, a depender da


situação, prevalecer sobre a lei de domicílio do de cujus. Além disso, outras duas razões
- a primeira de ordem legal; a segunda de ordem prática - corroboram com a conclusão
de relatividade do disposto no art. 10, caput, da LINDB. No tocante ao primeiro enfoque,
o dispositivo legal sob comento deve ser analisado e interpretado sistematicamente, em
conjunto, portanto, com as demais normas internas que regulam o tema, em especial o
art. 8º, caput, e § 1º do art. 12, ambos da LINDB e o art. 89 do CPC. E, o fazendo, verifica-
se que, na hipótese de haver bens imóveis a inventariar situados, simultaneamente, aqui e no
exterior, o Brasil adota o princípio da pluralidade dos juízos sucessórios. Como se constata, a
própria LINDB, em seu art. 8º, dispõe que as relações concernentes aos bens imóveis
devem ser reguladas pela lei do país em que se encontrem. Inserem-se, inarredavelmente,
no espectro de relações afetas aos bens imóveis aquelas destinadas a sua transmissão/
alienação, seja por ato entre vivos, seja causa mortis, cabendo, portanto, à lei do país
em que situados regê-las. Por sua vez, o CPC, em seu art. 89 (abrangendo disposição
idêntica à contida no § 2º do art. 12 da LINDB), é expresso em reconhecer que a jurisdição
brasileira, com exclusão de qualquer outra, deve conhecer e julgar as ações relativas
aos imóveis situados no país, assim como proceder ao inventário e partilha de bens
situados no Brasil, independente do domicílio ou da nacionalidade do autor da herança.
Sobressai, no ponto, a insubsistência da tese de que o Juízo sucessório brasileiro poderia
dispor sobre a partilha de bem imóvel situado no exterior. Como assinalado, não resta
sequer instaurada a jurisdição brasileira para deliberar sobre bens imóveis situados no
estrangeiro, tampouco para proceder a inventario ou à partilha de bens imóveis sitos
no exterior. O solo, em que se fixam os bens imóveis, afigura-se como expressão da própria
soberania de um Estado e, como tal, não pode ser, sem seu consentimento ou em contrariedade
ao seu ordenamento jurídico, objeto de ingerência de outro Estado. No ponto, já se pode antever
a segunda razão - esta de ordem prática - a justificar a assertiva de que o art. 10 da LINDB
encerra, de fato, regramento que comporta exceções. É que um provimento judicial emanado
do juízo sucessório brasileiro destinado a deliberar sobre imóvel situado no exterior,
além de se afigurar inexistente, pois, como visto, não instaurada sequer sua jurisdição,
não deteria qualquer eficácia em outro país, destinatário da “ordem” judicial. Aliás,
dentre os princípios que regem o Direito Internacional Privado, ganha cada vez mais relevo o
da eficácia das decisões ou do Estado com melhor competência, informador da competência da
lex rei sitae (lei da situação da coisa) para regular as relações concernentes aos bens imóveis,
pois esta é a lei, inarredavelmente, que guarda melhores condições de impor a observância e
o acatamento de seus preceitos. Assim, em havendo bens imóveis a serem inventariados ou
partilhados simultaneamente no Brasil e no estrangeiro, a premissa de que a lei do domicílio do
de cujus, sempre e em qualquer situação, regulará a sucessão, somente poderia ser admitida
na remota - senão inexistente - hipótese de o Estado estrangeiro, cujas leis potencialmente
poderiam reger o caso (em virtude de algum fator de conexão, v.g., situação da coisa, existência

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de testamento, nacionalidade, etc), possuir disposição legal idêntica à brasileira. Mais do que isso.
Seria necessário que, tanto o Brasil, em que domiciliado a autora da herança, assim como o país
estrangeiro, país em que situado o imóvel a ser inventariado, adotassem o princípio da unidade
ou universalidade do juízo da sucessão e que, em ambos os países, o juízo sucessório fosse (com
prejuízo de qualquer outra regra de conexão) o do domicílio do autor da herança. Todavia, em
se tratando de bem imóvel situado no estrangeiro, circunstância que se relaciona diretamente
com a própria soberania do Estado, difícil, senão impossível, cogitar a hipótese de este mesmo
Estado estrangeiro dispor que a sucessão deste bem, nele situado, fosse regulada pela lei de
outro país. No ordenamento jurídico nacional (art. 8º, caput, da LINDB, em conjunto com o art.
89 do CPC - abrangendo disposição idêntica à contida no § 2º do art. 12 da LINDB), tal hipótese
seria inadmissível. A exegese ora propugnada, encontra ressonância na especializada doutrina,
que bem esclarece a inidoneidade (e mesmo ineficácia) do critério unitário para reger a sucessão
de bens imóveis situados em mais de um Estado, em claro descompasso com as demais normas
internas que tratam do tema. Ademais, a jurisprudência do STJ, na linha da doutrina destacada,
já decidiu que, “Adotado no ordenamento jurídico pátrio o princípio da pluralidade de juízos
sucessórios, inviável se cuidar, em inventário aqui realizado, de eventuais depósitos bancários
existentes no estrangeiro.” (REsp 397.769-SP, Terceira Turma, DJ 19/12/2002). REsp 1.362.400-
SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 28/4/2015, DJe 5/6/2015. (grifei)

Ressalta-se que se trata de decisão recente, emitida por órgão fracionário do STJ e que trata de exceção
à regra, que continua sendo o art. 10 da LINDB. Nada obstante, parece exatamente o tipo de caso que o
CESPE gosta de cobrar. Foi assim na última prova para o cargo de Advogado da União, principalmente na
segunda fase, que se baseou em julgados muitas vezes isolados do STJ e do STF, dando azo à interposição
de muitos recursos pelos candidatos, provocando inclusive alterações substanciais de gabarito e de notas.

Estejam, portanto, muito atentos aos informativos! E a questão está correta.

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: CARLOS HENRIQUE BENEDITO NITÃO LOUREIRO

DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL

32. Aplica-se o instituto do arrependimento posterior ao crime de moeda falsa.

COMENTÁRIO

Segundo o Código Penal, admite-se arrependimento posterior “nos crimes cometidos sem violência ou
grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da
queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços” - art. 16.

Requisitos: (i) crime cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa; (ii) reparação do dano ou
restituição do objeto material – na doutrina prevalece que a reparação deve ser integral, porém, o

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STF já admitiu a reparação parcial, o que influenciará no quantum da redução; (iii) ato voluntário – não
precisa ser espontâneo (basta ser exercida sem coação); (iv) reparação até o recebimento da denúncia
ou queixa.

Segundo a doutrina o arrependimento posterior é causa obrigatória de redução de pena, ou seja,


preenchidos os requisitos legais, trata-se de direito subjetivo do agente. A redução poderá ser de 1/3 a
2/3, e será efetuada na terceira fase de aplicação da pena.

O crime de moeda falsa está previsto no art. 289, do CP, tutela a fé pública, é crime comum, doloso, não
há modalidade culposa, delito formal, admite a tentativa, por ser delito plurissubsistente, e tem o Estado
como sujeito passivo imediato ou direto; a vítima pode ser sujeito passivo mediato ou indireto, vez que
foi prejudicada pela conduta do agente. O delito consuma-se com a fabricação, alteração ou falsificação
da moeda.

Segundo o STJ, não se aplica o instituto do arrependimento posterior ao crime de moeda falsa, tendo em
vista o bem jurídico tutelado pela norma, ou seja, a fé pública, que não é passível de reparação.

Não se aplica o instituto do arrependimento posterior ao crime de moeda falsa. No


crime de moeda falsa - cuja consumação se dá com a falsificação da moeda, sendo irrelevante
eventual dano patrimonial imposto a terceiros -, a vítima é a coletividade como um todo, e o bem
jurídico tutelado é a fé pública, que não é passível de reparação. Desse modo, os crimes contra
a fé pública, semelhantes aos demais crimes não patrimoniais em geral, são incompatíveis com
o instituto do arrependimento posterior, dada a impossibilidade material de haver reparação
do dano causado ou a restituição da coisa subtraída. REsp 1.242.294-PR, Rel. originário Min.
Sebastião Reis Júnior, Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 18/11/2014, DJe
3/2/2015.

Obs.1: A falsificação deve constituir meio idôneo para iludir o ofendido, assim, sendo grosseira, não há
ofensa à fé pública, afastando a incidência do art. 289 do CP – hipótese de crime impossível. No entanto,
se o agente conseguir ludibriar a vítima, com uma falsificação grosseira qualquer, obtendo vantagem,
pode-se, conforme a situação concreta, tipificar o crime de estelionato, de competência da Justiça Estadual
(Súmula 73 do STJ: “A utilização de papel-moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de
estelionato, da competência da Justiça Estadual”).

GABARITO: ERRADO

33. A prisão preventiva tem natureza cautelar, pode ser ordenada em qualquer fase da investigação
criminal ou do processo penal, podendo ser decretada de ofício pelo juiz, em qualquer dessas
fases, tem caráter provisório, devendo ser fixado prazo para sua duração e contra a sua revogação
cabe recurso em sentido estrito.

COMENTÁRIO

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Segundo Renato Brasileiro4 a prisão preventiva “cuida-se de espécie de prisão cautelar decretada pela
autoridade judiciária competente, mediante representação da autoridade policial ou requerimento do
Ministério Público, do querelante ou do assistente, em qualquer fase das investigações ou do processo
criminal (nesta hipótese, também pode ser decretada de oficio pelo magistrado), sempre que estiverem
preenchidos os requisitos legais (CPP, art. 313) e ocorrerem os motivos autorizadores listados no art. 312 do
CPP, e desde que se revelem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão (CPP,
art. 319)”.

A prisão preventiva pode ser decretada – Art. 311, CPP: (i) fase de investigação; (ii) fase de instrução
criminal. A decretação de ofício pelo magistrado somente poderá ocorrer no curso da ação penal. Logo,
o item está incorreto.

São legitimados para requerer a prisão preventiva: (i) mediante representação da autoridade policial
– somente na fase de investigação; (ii) requerimento do Ministério Público - em ambas as fases; (iii)
requerimento do querelante ou do assistente – apenas no curso da ação penal.

Cabe habeas corpus contra a decisão que decreta a preventiva ou nega sua revogação. Já contra a
decisão que indeferir requerimento de prisão preventiva ou que a revoga, caberá recurso em sentido
estrito art. 581, V, CPP, que poderá ser interposto pelo MP, querelante.

Com relação ao prazo, a lei não fixou lapso temporal para duração da prisão preventiva, no entanto,
deve-se atentar para a proporcionalidade de razoabilidade desta duração, devendo perdurar enquanto
houver necessidade – princípio da duração razoável da prisão cautelar. Portanto, o item está incorreto.

Neste ponto, relevante destacar as Súmulas do STJ n. 21, 54, 64.

STJ 21 - Pronunciado o réu, fica superada a alegação do constrangimento ilegal da prisão por
excesso de prazo na instrução.

STJ 54 – Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por


excesso de prazo

STJ 64 - Não constitui constrangimento ilegal o excesso de prazo na instrução, provocado pela
defesa.

Importante destacar que nos casos em que versem sobre organização criminosa – Lei n. 12.850/2013 –
art. 22, p. único, a norma fixa prazo para duração da preventiva, dispondo que “a instrução criminal
deverá ser encerrada em prazo razoável, o qual não poderá exceder a 120 (cento e vinte) dias quando o
réu estiver preso, prorrogáveis em até igual período, por decisão fundamentada, devidamente motivada
pela complexidade da causa ou por fato procrastinatório atribuível ao réu”.

São requisitos para decretar a prisão preventiva – art. 312, CPP: (i) quando houver prova da existência do
crime; (ii) indício suficiente de autoria; (iii) requisito da necessidade: a) Garantia da ordem pública ou; b)

4 Brasileiro de Lima, Renato. Manual de Processo Penal. Editora Juspodivm. Edição 2015. Pág. 930.

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Garantia da ordem econômica ou; e) Conveniência da instrução criminal ou; d) Aplicação da lei penal ou;
e) Descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art.
282, § 4°).

São circunstâncias legitimadoras da prisão preventiva as previstas no art. 313, do CPP.

São modalidades de prisão preventiva: a) Prisão preventiva substitutiva/subsidiária de medida cautelar


(arts. 282, parágrafo 4°, e 312, parágrafo único, CPP); b) Prisão preventiva por conversão da prisão em
flagrante (art. 310, II, CPP); c) Prisão preventiva autônoma (art. 312, caput, CPP).

A prisão preventiva tem caráter provisório, uma vez que pode ser decretada ou revogada na luz das
circunstâncias fáticas, aplicando-se a cláusula rebus sic stantibus, sempre se atentando para a necessidade
ou não da custódia cautelar.

Por fim, a apresentação espontânea do acusado não impede a decretação da segregação cautelar, desde
que previstos os requisitos legais.

GABARITO: ERRADO

34. Verificando que o réu não foi encontrado, o oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá
à citação com hora certa, e caso o réu não compareça, ficarão suspensos o processo e o curso do
prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas
urgentes.

COMENTÁRIO

A citação é o ato processual por meio do qual se chama o réu a juízo, dando-lhe ciência do ajuizamento
de ação, imputando-lhe a prática de um crime, oferecendo-lhe, ainda, oportunidade para se defender
pessoalmente e por meio de defesa técnica.

A citação angulariza a relação jurídica processual, nos termos do art. 363, CPP, segundo o qual “o processo
terá completada a sua formação quando realizada a citação do acusado”.

No Processo Penal, não é a citação válida, mas o recebimento da denúncia ou queixa que promove a
interrupção da prescrição – art. 117, I, CP.

A citação pode ser: (i) real ou pessoal: aquela que é feita pessoalmente, ou seja, na pessoa do próprio
acusado – pode ser operacionalizada por meio de: a) mandado; b) precatória, c) carta de ordem; d)
carta rogatória; e) mediante requisição. (ii) ficta ou presumida: presunção legal de que o acusado
tenha tomado conhecimento da instauração do processo penal – é medida excepcional e somente deve
utilizada quando: a) o acusado não for encontrado pessoalmente para ser citado; b) o acusado se oculta
para não se citado – b.1) citação por edital; b.2) citação com hora certa - deverá ser feita de acordo com
o procedimento previsto nos artigos 227 a 229 do Código de Processo Civil de 1973.

Pois bem, a citação com hora certa ocorrerá quando “verificando que o réu se oculta para não

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ser citado, o oficial de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, na forma
estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil”.
Portanto, a item está incorreto.

Perceba-se que o item aborda situação que dá causa a citação por edital, nos termos § 1º, do art. 363,
segundo o qual “não sendo encontrado o acusado, será procedida a citação por edital”.

Destaque-se que “completada a citação com hora certa, se o acusado não comparecer, ser-lhe-á nomeado
defensor dativo” – p. único do art. 362, CPP, na luz do princípio da ampla defesa.

Assim sendo, o feito deverá prosseguir regularmente com a presença deste defensor, não sendo
hipótese de suspensão, como ocorre com a citação por edital – art. 366, CPP.

Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão
suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção
antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos
termos do disposto no art. 312.

GABARITO: ERRADO

PROFESSOR: JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO

DIREITO DO TRABALHO

35. A transação extrajudicial que importa rescisão de contrato de trabalho, em razão de adesão
voluntária do empregado a plano de dispensa incentivada, somente enseja quitação das verbas
expressamente consignadas no termo do acordo, mesmo que o acordo coletivo que tenha
aprovado o plano tenha estabelecido a quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas objeto do
contrato de emprego.

COMENTÁRIO

O Supremo Tribunal Federal entendeu de forma diversa, conforme noticiado no Informativo nº 783:

A transação extrajudicial que importa rescisão de contrato de trabalho, em razão de


adesão voluntária do empregado a plano de dispensa incentivada, enseja quitação
ampla e irrestrita de todas as parcelas objeto do contrato de emprego, caso essa
condição tenha constado expressamente do acordo coletivo que aprovou o plano,
bem como dos demais instrumentos celebrados com o empregado. Com base nessa
orientação, o Plenário conheceu de recurso extraordinário e a ele deu provimento. Na espécie,
discutia-se a validade de renúncia genérica a direitos contida em termo de adesão ao Programa
de Desligamento Incentivado (PDI) com chancela sindical e previsto em norma de acordo
coletivo. (...). No mérito, apontou que, quando se tratasse de acordo coletivo, não incidiria a
hipótese do art. 477, § 2 º da CLT, que restringe a eficácia liberatória da quitação aos valores

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e às parcelas discriminadas no termo de rescisão exclusivamente (“Art. 477 - É assegurado a


todo empregado, não existindo prazo estipulado para a terminação do respectivo contrato, e
quando não haja ele dado motivo para cessação das relações de trabalho, o direto de haver
do empregador uma indenização, paga na base da maior remuneração que tenha percebido
na mesma empresa. ... § 2º - O instrumento de rescisão ou recibo de quitação, qualquer que
seja a causa ou forma de dissolução do contrato, deve ter especificada a natureza de cada
parcela paga ao empregado e discriminado o seu valor, sendo válida a quitação, apenas,
relativamente às mesmas parcelas.”). No âmbito do direito coletivo do trabalho não se verificaria
a mesma situação de assimetria de poder presente nas relações individuais de trabalho. Como
consequência, a autonomia coletiva da vontade não se encontraria sujeita aos mesmos limites
da autonomia individual. O art. 7º, XXVI, da CF teria prestigiado a autonomia coletiva da
vontade e a autocomposição dos conflitos trabalhistas, de forma a acompanhar a tendência
mundial ao crescente reconhecimento dos mecanismos de negociação coletiva, retratada
na Convenção 98/1949 e na Convenção 154/1981 da Organização Internacional do Trabalho.
O reconhecimento dos acordos e convenções coletivas permitiria que os trabalhadores
contribuíssem para a formulação das normas a reger sua própria vida. Os planos de dispensa
incentivada permitiriam reduzir as repercussões sociais das dispensas, assegurando àqueles
que optassem por seu desligamento da empresa condições econômicas mais vantajosas do
que aquelas que decorreriam da mesma dispensa por decisão do empregador. Acentuou a
importância de se assegurar a credibilidade dos planos, para preservar a sua função protetiva
e não desestimular o seu uso. Ponderou que os planos de dispensa incentivada teriam se
tornado, em alguns cenários econômicos, alternativa social relevante para atenuar o impacto
de dispensas em massa por oferecerem, em regra, condições mais favoráveis que aquelas que
ordinariamente o trabalhador receberia. RE 590415/SC, rel. Min. Roberto Barroso, 30.4.2015.
(RE-590415).

GABARITO: ERRADO

36. As horas in itinere são devidas caso a residência do empregado esteja localizada em local de
difícil acesso.

COMENTÁRIO

A Súmula nº 90 do Tribunal Superior do Trabalho estabelece os requisitos para caracterização das horas
in itinere:

HORAS “IN ITINERE”. TEMPO DE SERVIÇO (incorporadas as Súmulas nºs 324 e 325 e as
Orientações Jurisprudenciais nºs 50 e 236 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005
I - O tempo despendido pelo empregado, em condução fornecida pelo empregador, até o
local de trabalho de difícil acesso, ou não servido por transporte público regular, e para o seu
retorno é computável na jornada de trabalho. (ex-Súmula nº 90 - RA 80/1978, DJ 10.11.1978)

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II - A incompatibilidade entre os horários de início e término da jornada do empregado e os


do transporte público regular é circunstância que também gera o direito às horas “in itinere”.
(ex-OJ nº 50 da SBDI-1 - inserida em 01.02.1995)

III - A mera insuficiência de transporte público não enseja o pagamento de horas “in itinere”.
(ex-Súmula nº 324 – Res. 16/1993, DJ 21.12.1993)

IV - Se houver transporte público regular em parte do trajeto percorrido em condução da


empresa, as horas “in itinere” remuneradas limitam-se ao trecho não alcançado pelo transporte
público. (ex-Súmula nº 325 – Res. 17/1993, DJ 21.12.1993)

V - Considerando que as horas “in itinere” são computáveis na jornada de trabalho, o tempo
que extrapola a jornada legal é considerado como extraordinário e sobre ele deve incidir o
adicional respectivo. (ex-OJ nº 236 da SBDI-1 - inserida em 20.06.2001)

Percebe-se que a Súmula não trata do caso em que a residência do empregado esteja localizada em
local de difícil acesso. Nessa seara, o Tribunal Superior do Trabalho, em recente decisão, asseverou que
o beneficio só é gerado quando o local de trabalho é de difícil acesso e sem transporte público regular,
e não na hipótese em que o trabalhador é que mora em local de difícil acesso e sem transporte regular.

O julgado foi noticiado no sítio do TST:

“A Seara Alimentos S.A. foi absolvida do pagamento de horas de deslocamento (in itinere) a um trabalhador
indígena que levava cerca de três horas de sua casa, na Aldeia Xapecó, no interior do município de
Ipuaçu (SC), até a sede da empresa, no centro de Chapecó (SC). A Terceira Turma do Tribunal Superior do
Trabalho não conheceu de recurso do trabalhador, por considerar que o beneficio só é gerado quando o
local de trabalho é de difícil acesso e sem transporte público regular.

Pertencente à etnia Kaingang, o indígena foi admitido em setembro de 2009 como auxiliar de produção
e dispensado em abril de 2012. Na reclamação, afirmou que o trajeto de ida e volta para o trabalho
demandava cerca de 6h diárias, em transporte fornecido pela própria Seara, pois a comunidade não
possuía linha regular de coletivos.

A empresa afirmou, na defesa, que oferecia transporte para buscar e levar os trabalhadores indígenas
devido à distância da aldeia, e que a situação não ensejaria direito a percepção pelo tempo de locomoção.

O juízo da Vara do Trabalho de Concórdia (SC) julgou improcedente o pedido, por considerar que a
comunidade indígena é que se encontra em local de difícil acesso, e não a empregadora. A sentença foi
mantida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região (SC), que destacou a falta de elementos para
comprovar a insuficiência de linhas regulares no centro da cidade durante os horários de trabalho.

Horas in itinere

O ministro Alexandre Agra Belmonte, relator, do recurso do trabalhador ao TST, afastou a alegação de
contrariedade à Súmula 90 do TST, que não trata da hipótese em que o trabalhador é que mora em local

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sem transporte regular.

A decisão foi unânime.”

GABARITO: ERRADO

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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

37. Compete à Justiça Federal, excluídas as reclamações trabalhistas, processar e julgar os feitos
relativos a movimentação do FGTS.

COMENTÁRIO

Nos termos do art. 4º, da Lei 8.036/90, a Caixa Econômica Federal exerce o papel de agente operador do
FGTS. Nesse sentido, a jurisprudência brasileira diferenciou duas situações para determinar a competência
para processar e julgar demandas envolvendo o FGTS: a) se a ação for proposta pelo trabalhador contra
o empregador envolvendo descumprimento na aplicação da Lei nº 8.036/90, a competência será da
Justiça do Trabalho; b) se a ação for proposta pelo trabalhador contra a CEF em sua atuação como agente
operadora dos recursos do FGTS, a competência será da Justiça Federal considerando que a CEF é uma
empresa pública federal (art. 109, I, da CF/88).

Acerca da segunda hipótese, há Súmula do Superior Tribunal de Justiça:

Súmula 82-STJ: Compete à Justiça Federal, excluídas as reclamações trabalhistas, processar e


julgar os feitos relativos à movimentação do FGTS.

Ainda sobre o tema, destaco as seguintes súmulas do STJ:

Súmula 161: É da competência da Justiça Estadual autorizar o levantamento dos valores relativos
ao PIS/PASEP e FGTS, em decorrência do falecimento do titular da conta.

Súmula 514: A CEF é responsável pelo fornecimento dos extratos das contas individualizadas
vinculadas ao FGTS dos Trabalhadores participantes do Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço, inclusive para fins de exibição em juízo, independentemente do período em discussão.

GABARITO: CERTO

38. Não ofende a coisa julgada decisão extintiva de ação de cumprimento de sentença normativa,
na hipótese em que o dissídio coletivo tiver sido extinto sem julgamento de mérito.

COMENTÁRIO

A sentença normativa proferida no dissídio coletivo não possui natureza condenatória, assim não comporta
execução. Dessa sorte, o não cumprimento espontâneo da sentença normativa ensejará a propositura de

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ação de cumprimento e não de ação executiva.

Por sua vez, a Súmula nº 246 do Tribunal Superior do Trabalho aduz que é dispensável o trânsito em
julgado da sentença normativa para a propositura da ação de cumprimento. Dessa sorte, eventual coisa
julgada na ação de cumprimento dependeria da solução a ser dada em definitivo na sentença normativa.
Esse é o entendimento do Supremo Tribunal Federal, noticiado no Informativo de Jurisprudência nº 784:

Não ofende a coisa julgada decisão extintiva de ação de cumprimento de sentença normativa,
na hipótese em que o dissídio coletivo tiver sido extinto sem julgamento de mérito. Com base
nessa orientação, o Plenário, por maioria, negou provimento a recurso extraordinário em que
pleiteada a reforma de acórdão que extinguira ação de cumprimento de sentença em razão
da extinção do dissídio coletivo. O Tribunal reiterou o quanto decidido no RE 394.051 AgR/
SP (DJe de 15.4.2014) no sentido de que a extinção da execução de sentença proferida em
ação de cumprimento, quando decorrente da perda da eficácia da sentença normativa que
a tivesse ensejado, não implicaria violação à coisa julgada. Na realidade, a possibilidade de
propositura da ação de cumprimento, antes do trânsito em julgado da sentença normativa
em que se fundamentasse, daria ensejo ao que se costumaria classificar como sentença
condicional, tendo em vista estar a execução definitiva sujeita a comprovação de que fosse
confirmada a decisão proferida na sentença normativa. Em outras palavras, haveria um
atrelamento entre as duas ações, de modo que eventual coisa julgada na ação de cumprimento
dependeria da solução a ser dada em definitivo na sentença normativa. Disso se concluiria
que a extinção do processo por incompetência do juízo que a proferisse, com a consequente
modificação da sentença normativa, logicamente, acarretaria a extinção da execução que
tivesse por fundamento título excluído do mundo jurídico. Vencidos os Ministros Marco Aurélio
(relator) e Rosa Weber, que entendiam estar configurada, no caso, a ofensa à coisa julgada.
RE 428154/PR, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, 7.5.2015. (RE-
428154).

GABARITO: CERTO

PROFESSOR: JOÃO EULÁLIO DE PÁDUA FILHO

DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL

39. Para a concessão de benefício por incapacidade, não será considerada a perda da qualidade
de segurado decorrente da própria moléstia incapacitante.

COMENTÁRIO

Segundo a doutrina, “não correrá o período de graça para os segurados em gozo de benefício
previdenciário ou, caso tenha se iniciado a sua contagem, haverá a suspensão do prazo, que voltará a
correr após a cessação d o benefício.” (AMADO, Frederico. Direito Previdenciário: Coleção Sinopse para
Concursos. 4º Edição. Ed. JusPodvim, 2015, pg 315).

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Com base nessa premissa, o Superior Tribunal de Justiça entende que para a concessão de benefício por
incapacidade, não será considerada a perda da qualidade de segurado decorrente da própria moléstia
incapacitante:

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. OCORRÊNCIA DE MALES


INCAPACITANTES. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO. IMPOSSIBILIDADE DE REEXAME
DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. RECURSO ESPECIAL
IMPROVIDO.

1. Não perde a qualidade de segurado aquele que deixa de contribuir por período superior a
doze meses em razão de ter sido acometido por males que o tornaram incapacitado para o
trabalho.

(...)

(REsp 864.906/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado
em 01/03/2007, DJ 26/03/2007, p. 320):

Corrobora a Súmula nº 26 da AGU:

“Para a concessão de benefício por incapacidade, não será considerada a perda da qualidade
de segurado decorrente da própria moléstia incapacitante.”

GABARITO: CERTO

40. A contribuição dos integrantes de plano de previdência complementar pode ser majorada
sem ofender direito adquirido.

COMENTÁRIO

Correto, conforme o Informativo de Jurisprudência do STJ nº 561, destaca-se que a leitura do julgado
abaixo é de extrema importância, uma vez que traz uma didática explicação acerca da previdência
complementar:

DIREITO CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. POSSIBILIDADE DE MAJORAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES


PARA PLANO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. A contribuição dos integrantes de plano de
previdência complementar pode ser majorada sem ofender direito adquirido. De acordo com
os arts. 202 da CF e 1º da LC 109/2001, a previdência privada é de caráter complementar,
facultativa, regida pelo Direito Civil, baseada na constituição de reservas que garantam o
benefício contratado, sendo o regime financeiro de capitalização (contribuições do participante
e do patrocinador, se houver, e rendimentos com a aplicação financeira destas) obrigatório
para os benefícios de pagamento em prestações continuadas e programadas, e organizada de
forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social. Para cumprir sua missão
e gerir adequadamente o fundo, as entidades de previdência complementar utilizam-se de

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alguns instrumentos, como o plano de benefícios e o plano de custeio. O plano de benefícios


é um programa de capitalização através do qual alguém se propõe a contribuir, para a
constituição de um fundo que, decorrido o prazo de carência, poderá ser resgatado mediante
o pagamento de uma parcela única, ou de diversas parcelas sucessivas (renda continuada). Já
o plano de custeio, elaborado segundo cálculos atuariais, reavaliados periodicamente, deve
fixar o nível de contribuição necessário à constituição das reservas e à cobertura das demais
despesas, podendo as contribuições ser normais, quando destinadas ao custeio dos benefícios
oferecidos, ou extraordinárias, quando destinadas ao custeio de déficits, serviço passado e
outras finalidades não incluídas na contribuição normal. Logo, pelo regime de capitalização,
o benefício de previdência complementar será decorrente do montante de contribuições
efetuadas e do resultado de investimentos, podendo haver, no caso de desequilíbrio financeiro
e atuarial do fundo, superávit ou déficit, a influenciar os participantes do plano como um
todo, já que pelo mutualismo serão beneficiados ou prejudicados, de modo que, nessa
última hipótese, terão que arcar com os ônus daí advindos. Cabe asseverar, ademais, que
a possibilidade de alteração dos regulamentos dos planos de benefícios pelas entidades de
previdência privada, com a supervisão de órgãos governamentais, e a adoção de sistema de
revisão dos valores das contribuições e dos benefícios já encontravam previsão legal desde
a Lei 6.435/1977 (arts. 3º, 21 e 42), tendo sido mantidas na LC 109/2001 (arts. 18 e 21). De
fato, é da própria lógica do regime de capitalização do plano de previdência complementar
o caráter estatutário, até porque, periodicamente, em cada balanço, todos os planos de
benefícios devem ser reavaliados atuarialmente, a fim de manter o equilíbrio do sistema,
haja vista as flutuações do mercado e da economia, razão pela qual adaptações e ajustes
ao longo do tempo revelam-se necessários, sendo inapropriado o engessamento normativo
e regulamentar. Cumpre assinalar que as modificações processadas nos regulamentos dos
planos aplicam-se a todos os participantes das entidades fechadas de previdência privada,
a partir da aprovação pelo órgão regulador e fiscalizador, observado, em qualquer caso,
o direito acumulado de cada participante. É certo que é assegurada ao participante que
tenha cumprido os requisitos para obtenção dos benefícios previstos no plano a aplicação
das disposições regulamentares vigentes na data em que se tornou elegível a um benefício
de aposentadoria. Todavia, disso não decorre nenhum direito adquirido a regime de custeio,
o qual poderá ser alterado a qualquer momento para manter o equilíbrio atuarial do plano,
sempre que ocorrerem situações que o recomendem ou exijam, obedecidos os requisitos
legais. É por isso que o resultado deficitário nos planos ou nas entidades fechadas será
suportado por patrocinadores, participantes e assistidos, devendo o equacionamento “ser
feito, dentre outras formas, por meio do aumento do valor das contribuições, instituição de
contribuição adicional ou redução do valor dos benefícios a conceder, observadas as normas
estabelecidas pelo órgão regulador e fiscalizador” (art. 21, § 1º, da LC 109/2001). Precedentes
citados: REsp 1.384.432-SE, Quarta Turma, DJe 26/3/2015; AgRg no REsp 704.718-DF, Quarta
Turma, DJe 9/10/2014; e REsp 1.111.077-DF, Quarta Turma, DJe 19/12/2011. REsp 1.364.013- SE,

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Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 28/4/2015, DJe 7/5/2015.

GABARITO: CERTO

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