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LICENCIATURA EM LETRAS:
LÍNGUA PORTUGUESA (DIURNO)
RESENHA:
A ESCOLA QUE SEMPRE SONHEI SEM SABER QUE PUDESSE EXISTIR
CAMPINA GRANDE
10/12/2022
ALVES, Rubens. A Escola com Que Sempre Sonhei sem Imaginar Que Pudesse Existir.
13º. ed. Campinas: Papirus, 2012
Resenhado por: João Marcos de Sousa Rodrigues e Kevyn Daniel Praxedes de Melo
Necessário! Essa é a palavra que define em essência, o livro “A Escola com Que
Sempre Sonhei sem Imaginar Que Pudesse Existir”. O livro foi construído a partir da
experiência do educador Rubem Alves1 com a Escola da Ponte, fundada em 1976, localizada
na Vila das Aves na cidade de Santo Tirso em Portugal. Ao conhecer a escola, Alves ficou
totalmente encantado com o seu funcionamento e metodologia. Após passar alguns dias
observando a escola dos seus sonhos, o autor escreveu textos sobre o seu encanto e
admiração. Todos esses textos, com a contribuição de outros autores, foram reunidos para
formar esse livro.
O prefácio da obra, redigido pelo professor e escritor Ademar Ferreira dos Santos,
expõe uma contemplação acerca da educação e de todos os seus benefícios para a vida do
homem. Nele, ainda, é feito um engrandecimento da metodologia vivenciada pelos estudantes
da Ponte, em que a cidadania, conhecimento e socialização caminham juntos para a
construção da escola que o autor sempre sonhou, sem imaginar que pudesse existir.
Em seguida, o trecho escrito por Fernando Alves, um jornalista português, vai tratar a
respeito de uma das visitas de Rubem à escola da ponte, nela ele conta a parábola de um
1
Rubem Alves foi um Psicanalista, Educador e Escritor brasileiro, Doutor em Filosofia, extremamente engajado
com temas como: Educação, Filosofia e Ensino. Recebeu o título de Professor Emérito pela UNICAMP onde
lecionou por vários anos. Além de diversos artigos e ensaios, Rubem deteve a escrita de contos e crônicas, bem
como uma série de livros infantis.
pássaro que viaja recolhendo cores pelo mundo. O texto faz uma comparação da educação
que conhecemos, com a presente na escola da ponte.
Já no terceiro capítulo, “Koan”, Rubem Alves inicia alertando que a visão está
intrinsecamente ligada com o que somos. Ou seja, é impossível vermos tudo ao nosso redor
de forma clara se nossas ideologias internas nos impedem. Sendo assim, é necessário
desapegar-se de dogmas e regras que foram e são impostas, para que seja possível enxergar
caminhos que nunca foram percorridos ou formas "inconcebíveis" de lidar com a educação e
o ensino. Logo, para que a mudança ocorra é necessário desaprender. Portanto, uma escola
que optasse pelo caminho de “desaprender” seria considerada “retrógrada”.
No próximo capítulo do livro, o escritor compara, de certa forma, a escola com uma
fábrica. Os processos das linhas de montagem seriam equivalentes à metodologia vista na
maioria das escolas contemporâneas, onde, alunos entram, são transformados, construídos e
preenchidos com o objetivo de, ao fim, serem cidadãos padronizados prontos para o mercado
de trabalho. Ele acredita que o ideal seria que houvesse um “retrocesso”. Para o autor, os
professores deveriam se comportar como antigos mestres, valorizando as ideias individuais
de seus aprendizes e não obrigando-os a cumprir trabalhos pré estabelecidos.
Em Escola da Ponte (1 e 2), Alves vai explicar como foi convidado pelo Centro de
Formação Camilo Castelo Branco para fazer uma visita a Portugal e do seu primeiro contato
com a Escola da Ponte. Além disso, o autor escreve sobre a metodologia totalmente utópica,
onde as crianças não são separadas em salas de aula, escolhem seu currículo, se ajudam no
processo de ensino-aprendizagem juntamente aos professores, também, observa o sistema de
ordem dentro da escola, em que os estudantes, de forma autônoma, se juntam em uma
assembleia para discutir sobre os comportamentos dos alunos ou de questões da escola.
Nos capítulos seguintes, em Escola da Ponte (3,4,5), Alves fala que é preciso esquecer
o que já se conhece para entender a Ponte e questiona como os saberes são apresentados para
as crianças, justificando a falta de interesse pelo modo em que os conhecimentos são
introduzidos. Ademais, o autor justifica sua tese falando de sua experiência na ponte, em que
“a aprendizagem acontece a partir de pratos que vão ser preparados e comidos”, ou seja, de
conhecimentos que serão aprendidos e utilizados. Diante de muitas reflexões, o autor
prossegue falando sobre a carreira dos professores universitários e primários, expondo a
necessidade de voltar os olhares para as crianças e sua formação. Dessa forma, Alves conclui
que o maior ensinamento proporcionado pela ponte é o do espaço, pois nela não são
segregados os seres e seus conhecimentos, mas sim, os unifica em um só espaço.
O capítulo posterior, escrito pela própria Escola da Ponte, trata, de certa forma, de um
agradecimento a Alves pela sua visita à escola e o posicionamento da própria instituição em
relação às crônicas escritas por ele. A escola da ponte avalia como “fiel” à descrição feita por
Alves a respeito do centro de educação. No mais, A escola deixa evidente sua essência, a
coletividade. E também, o seu objetivo, valorizar a criatividade, curiosidade, solidariedade e
acima de tudo os sonhos dos seus alunos.
Por fim, os dois últimos capítulos escritos pelo José Pacheco - educador, pedagogo e
crítico - e o Centro de Pesquisa Camilo Castelo Branco, escola secundária localizada na
cidade de Vila Nova em PT, buscam respectivamente, expor uma breve entrevista com o ex
diretor da Ponte, Pacheco, além de, apresentar motivos para se estagiar na Escola da Ponte.