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10/07/23, 01:32 Como se deu o suporte dos militares ao golpismo de 8 de janeiro

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anais da intentona

COMO SE DEU O SUPORTE DOS MILITARES AO GOLPISMO DE 8


DE JANEIRO
Sem o apoio das Forças Armadas, a intentona golpista que depredou a Praça dos Três Poderes não teria
acontecido

02 jun 2023_05h00

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10/07/23, 01:32 Como se deu o suporte dos militares ao golpismo de 8 de janeiro

E
m reportagem publicada na edição de junho da piauí, Ana Clara Costa conta como os
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militares – em especial os de patentes mais altas – conspiraram para reverter a eleição de
Lula e acabaram ajudando no 8 de janeiro. Aqui, as principais passagens:
– Na primeira semana de novembro, o Comando Militar do Planalto (CMP) pediu ao governo do
DF que deixasse em paz os bolsonaristas acampados em frente ao QG do Exército, em Brasília.
Em ofício, o coronel Fabiano Augusto Cunha da Silva, do CMP, pediu ao governo do DF que
fizesse limpeza e providenciasse ambulância e policiamento – mas alertou que a PM não poderia
jamais entregar no lugar. O general Gustavo Dutra, comandante do CMP, reforçou as limitações,
dizendo que qualquer ação da PM no local só poderia retirar vendedores ambulantes, mas não
manifestantes. Era uma novidade e tanto: nunca o Exército, desde a inauguração de Brasília,
permitira que cidadãos comuns se concentrassem naquele espaço em frente ao QG, considerado
uma área de segurança.
– No dia 12 de novembro, aconteceu a primeira tentativa de retirar os acampados. O plano da
Segurança de Segurança Pública do governo distrital chamava-se “Operação para a Retirada do
Acampamento”. Com medo de que o documento vazasse e irritasse Bolsonaro e os acampados, o
Exército pediu para mudar o título para “Operação para Reprimir o Comércio Ambulante”.
Quando a operação teve início – começando pela retirada dos ambulantes – os fiscais do DF
foram hostilizados pelos acampados. Deixaram o local sob o risco de linchamento. A PM, que se
posicionava ao lado do acampamento, nada podia fazer para proteger os fiscais. E a Polícia do
Exército permitiu que fossem hostilizados e expulsos. Mais tarde, os servidores do governo do
DF deixaram registrada em documento a inação dos militares.

– No dia 7 de dezembro, quando o acampamento já contava com quase 50 mil pessoas,


organizou-se nova tentativa de desmobilização. Novamente, na hora H, os fiscais do DF foram
expulsos pelos acampados, sem que a Polícia do Exército agisse. Em vídeos na internet, pode-se
ver a polícia protegendo acampados que atacam os fiscais. De novo, o Exército abortou a
operação porque não havia “condições de segurança das equipes de fiscalização”.
– Na transição de governo, em dezembro, o indicado para o Ministério da Defesa, José Múcio,
tentou contato com os três comandantes militares. Suas ligações nunca foram atendidas, seus
recados nunca receberam retornos e seus pedidos de visita sempre foram repelidos. Múcio teve,
inclusive, que pedir ajuda ao então presidente Jair Bolsonaro, que se dispôs a desanuviar o
ambiente. Só então o general Freire Gomes (Exército) e o brigadeiro Baptista Júnior (Aeronáutica)
receberam Múcio. O almirante Almir Garnier (Marinha) recusou-se a conversar.
– No dia 29 de dezembro, houve nova tentativa de desfazer o acampamento, em acordo com o
general Gustavo Dutra, do Comando Militar do Planalto. Às 6h30 da manhã, os fiscais de
comércio ilegal do DF começaram expulsando os ambulantes – e, mais uma vez, foram atacados
pelos acampados. O general Dutra, que acompanhava a ação in loco, não se indignou com os
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pleiteado, deve ser sem violência”. E voltou a lembrar os limites da ação: “Retirada das estruturas
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[barracas] vazias. A tropa hipo [cavalaria], só em último caso. Não podemos subir a temperatura
hoje.” A Polícia do Exército não protegeu os fiscais, entrou em atrito com a PM e o general Dutra,
novamente, abortou a operação de retirada dos acampados.

– Entre 26 e 30 de dezembro, o pesquisador Guilherme Lemos da Silva Moreira, da Universidade


Federal de São Carlos, ficou à paisana no acampamento, colhendo material para um trabalho de
antropologia social. Testemunhou o corpo mole da Polícia do Exército. “Eles quase pediam
desculpas por terem de chamar a atenção dos acampados por algum motivo”, conta Lemos.
Segundo ele, os militares ajudavam com o trânsito quando os manifestantes partiam para fazer
buzinaços e apartavam eventuais brigas. O estacionamento da Poupex, a previdência privada do
Exército, foi até liberado para uso dos acampados motorizados. A única vez que o pesquisador
presenciou ação mais contundente dos militares foi quando dois repórteres estavam sendo
espancados por bolsonaristas. Usaram gás de pimenta para apartar.
– Em depoimento à CPI do Distrito Federal, o comandante-geral da PM, coronel Jorge Eduardo
Naime Barreto, contou que começou a sentir a animosidade do Exército assim que se aproximou
do acampamento no QG para efetuar as prisões, na noite do dia 8. Ao posicionar a tropa de
choque para ação, foi abordado por um tenente do Exército. Exaltado, o militar dizia que o
coronel não podia estar ali fazendo prisões porque era “área do Exército”. O coronel prosseguiu
com as prisões, levando cerca de cinquenta pessoas. Minutos mais tarde, viu uma cena insólita.
“Quando eu olhei para trás, tinha uma linha de choque do Exército, montada com blindados”,
disse. “Eles não estavam voltados para o acampamento. Eles estavam voltados para a PM,
protegendo o acampamento.”
– Na noite de 8 de janeiro, quando os policiais se preparavam para prender os acampados que
tinham acabado de depredar a Praça dos Três Poderes, o Exército voltou a proteger os
baderneiros. Conforme a piauí apurou, o então interventor do DF, Ricardo Cappelli, teve uma
conversa dura com o general Dutra, comandante militar do Planalto, que começou prevendo
uma catástrofe se houvesse prisões: “Se o senhor entrar [no acampamento], haverá um banho de
sangue”, disse Dutra. Cappelli perguntou: “Banho de sangue por quê, general? Por acaso tem
manifestante armado dentro do acampamento, sendo protegido pelo Exército?”. O general
respondeu que não. “É porque está de noite, os ânimos estão exaltados, vai ter gente que vai
correr, vai ter enfrentamento, as pessoas podem se machucar.” O banho de sangue, bem
entendido, seria a tropa do Exército investindo contra os policiais, e não contra os manifestantes.

– Na mesma noite de 8 de janeiro, Ricardo Cappelli encontrou-se com comandante do Exército,


Júlio Cesar Arruda,
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como O general estava irritado com a
explicado
tentativa em
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prender Política de Privacidade,
os baderneiros quepara recomendar no
se refugiaram conteúdo e
acampamento depois de depredar a
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Praça dos Três Poderes. Arruda condições.
abriu a reunião usando sua artilharia verbal.
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– O senhor ia entrar aqui com tropas sem a minha autorização? – indagou Arruda, dirigindo-se a
Cappelli. Assine

– Não, general. Eu ia consultá-lo – respondeu Cappelli, constrangido com a abordagem à


queima-roupa.
– Eu acho que tenho uma tropa um pouco maior que a sua, não é, coronel Fábio Augusto? –
provocou Arruda, virando-se para o comandante da PM, que presenciava a conversa.
Cappelli argumentou que a situação daquela noite era absurda, que o acampamento tinha de ser
desfeito e as prisões precisavam ser efetuadas o quanto antes.
– O senhor não concorda, general? – perguntou Cappelli.
– Não – cortou Arruda. – O senhor tem que entender que o Brasil está dividido.
A resposta do comandante do Exército, que descumpria uma ordem para prender os
baderneiros, deixava claro de que lado estavam os militares.
– Ao raiar do dia 9 de janeiro, quando finalmente o Exército concordou em prender os
baderneiros e desmobilizar o acampamento, a operação transcorreu com uma tranquilidade
absoluta. Um capitão do Exército pegou um megafone e orientou os acampados a deixarem as
barracas e se dirigirem, levando seus pertences, aos ônibus estacionados ali perto. Eles
obedeceram, seguindo em fila. Estavam, finalmente, presos, sem qualquer reação, tumulto ou
banho de sangue.
– O general Júlio Cesar Arruda protegeu um ninho de manifestantes – que incluía criminosos,
como os que tentaram explodir uma bomba perto do aeroporto de Brasília –, resistiu à ordem do
interventor de prender os golpistas e chegou ao extremo de usar o batalhão de choque do
Exército para arreganhar os dentes diante de uma tropa da Polícia Militar. Mesmo assim,
atravessou a tempestade sentado na cadeira de comandante do Exército. Hoje, está na reserva.

Os assinantes da piauí podem ler a reportagem completa aqui.

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anais da intentona autos de denúncia

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