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Belo Horizonte, X de Março de 2021

Aos membros do Colegiado do Programa de Pós-Graduação em História da


Universidade Federal de Minas Gerais

Prezado Prof. Coord. Rafael Scopacasa


Prezado Prof. Subcoord. André Luis Pereira Miatello
Prezada Profa. Rita de Cássia Marques
Prezado Prof. José Newton Coelho Meneses
Prezado Prof. Luiz Carlos Villalta

Nós, Representantes Discentes dos alunos do Programa de Pós-graduação em História


da UFMG, após deliberação em Assembleia realizada no dia 09 de fevereiro de 2021,
viemos por meio desta carta apresentar as demandas discentes em relação à participação
dos seus representantes nas reuniões do Colegiado.
Enquanto estudantes do PPGH, reconhecemos os esforços empenhados pelo colegiado
durante o instável período de pandemia que enfrentamos durante o ano de 2020. A
criação de bolsas temporárias, o diálogo em favor dos estudantes com os órgãos de
fomento à pesquisa, o adiamento dos processos seletivos a fim de conciliar a entrada de
novos alunos e a prorrogação de prazos e bolsas são apenas algumas das inúmeras
medidas tomadas pelo colegiado que merecem menção elogiosa. Enfatizamos que tal
atuação foi imprescindível para minimizar os impactos da pandemia sobre os alunos que
compõem o programa e oferecer manutenção ao nível de excelência das pesquisas
realizadas.
Não temos dúvida que os sucessos na gestão dessa crise se deram em diálogo com a
representação e o corpo discente, imprescindível para o exercício colegiado de
organização do nosso programa de pós-graduação. Frente a estas considerações,
reiteramos nosso compromisso para o enriquecimento das discussões do colegiado e a
representação do corpo discente em sua diversidade. Acreditamos que a dupla
participação nas reuniões atende melhor às demandas discentes que nos foram
apresentadas em assembléia.
Sabemos que observando o Regulamento dos cursos de Mestrado e Doutorado do
Programa de Pós-Graduação em História em seu Título II e Capítulo 1 é possível
interpretar a dupla representação como uma quebra nas diretrizes do regulamento.
Acreditamos, porém, que os artigos deste capítulo do regulamento versam
principalmente sobre o poder de voto e a composição do colegiado e não
necessariamente sobre poder de voz e participação em reuniões. Podemos citar como
ilustração de nosso argumento a presença do secretário em reuniões dos órgãos
colegiados do programa da pós-graduação. A presença indispensável do secretário
nessas reuniões, somada ao seu poder de voz, mas não de voto, não configura uma
violação no regulamento assim como não configura a dupla participação discente.
Ressaltamos ainda que não há semelhante impedimento no Regimento Geral da UFMG
em seu Título IV, subtítulo II, Capítulo II que versa sobre a Representação Discente ou
em seu Título II que trata dos Órgãos Colegiados. Antes, a participação discente e seu
direito a voz é vista com bons olhos pela UFMG mesmo em órgãos em que ela não está
garantida em regulamento, como no Conselho Universitário, órgão deliberativo máximo
na comunidade universitária em que os representantes da graduação e da pós-graduação
têm duas cadeiras cada.
Dada a ausência de disposições contrárias à dupla participação, evocamos o parágrafo 1º
do Artigo 11 do regulamento Geral que dá autonomia para que o colegiado elabore seu
regulamento interno. Evocamos ainda o artigo 75 do Regulamento dos Cursos de
Mestrado e Doutorado do nosso programa, que atribui ao Colegiado o poder de decidir
sobre as omissões do regulamento. Com base nessas duas disposições parece-nos
coerentes que o colegiado delibere sobre a participação, tendo em mente sua não
ilegalidade e os seguintes argumentos:

A demanda discente não inova em relação às representações anteriores na composição


do colegiado. A dupla participação discente nas reuniões era recorrente no mandato de
Isabella Dornelas e Felipe Malacco nos anos de 2018 e 2019 assim como no de Cássio
Rocha e Gabriela Galvão nos anos de 2017 a 2018, no de Natália Ribeiro
e Igor Rocha nos anos de 2016 e 2017 e mesmo em mandatos anteriores.
Foi nesse regime de participação discente que o programa atingiu nota máxima na
avaliação da Capes e se consolidou como o maior Programa de Pós-Graduação em
História do País. Nesse mesmo regime, o programa enfrentou os cortes do governo
Federal desde 2016 e tem lutado contra eles e se adaptado, como possível, a essas novas
condições, minimizando os ônus à comunidade discente. Nesse sentido, parece-nos
pouco estratégico inibir a dupla participação que sempre funcionou tão bem em nosso
programa nos últimos anos.

A universidade tem- se tornado um ambiente cada vez mais diverso nos últimos dez
anos e o mesmo tem acontecido nos espaços de pós-graduação. É imprescindível que o
colegiado esteja atento e inteirado das demandas do corpo discente para que suas
decisões possam contemplar a maior parte dos alunos e favorecer seu crescimento
intelectual e suas produções acadêmicas. As particularidades gênero, raça e sexualidade,
da origem de alunos egressos de outras universidades, de outros estados, regiões e
mesmo outros países, todas influenciam na percepção discente do programa de pós-
graduação e sua adaptação ao programa. A presença de dois membros discentes com
direito a voz nas reuniões do colegiado auxilia a levar para o colegiado de forma mais
efetiva a pluralidade crescente do corpo discente da pós-graduação.
Prezar por essa diversidade e continuar gerindo a excelência do programa, reconhecida
nacionalmente e internacionalmente, é missão que o colegiado já vem realizando. Seu
sucesso em um momento político tão conturbado quanto o que estamos passando que,
inclusive, ameaça todas essas conquistas passa, ao nosso ver, pelo amplo diálogo com o
corpo discente conforme a tradição do nosso programa.

Demonstrada a não ilegalidade da dupla participação frente aos regulamentos do curso e


da universidade, indicamos que a sua supressão pode ser vista como uma
subvalorização da representação discente e das suas contribuições para o colegiado.
Indicamos ainda que a postura desarmoniza com os esforços da Reitoria no Conselho
Universitário, da Pró-Reitoria de Pós Graduação e do Conselho de Ensino, Pesquisa e
Extensão que prezam pela ampla participação discente e pela seguridade do seu poder
de voz em reuniões colegiadas, mesmo que ele não seja acompanhado de um direito de
voto.

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