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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ

ESCOLA DE BELAS ARTES – ARQUITETURA E URBANISMO – TURMA 1B


DISCUPLINA DE HISTÓRIA DA ARTE E DA ARQUITETURA, DA ANTIGUIDADE
À IDADE MÉDIA
PROFª. ADALGISA APARECIDA DE OLIVEIRA GONÇALVES
ANA BEATRIZ GREGUER PEROTE PERES
Esta é uma resenha referente aos textos: Capítulo 9: A Arquitetura Gótica do
livro A História da Arquitetura Mundial com autoria de Lawrence Wodehouse, Marian
Moffett e Michael Fazio; os textos Arte Cristã Primitiva e Arte Bizantina, A Alta Idade
Média no Ocidente, Arte Românica, Cidades, Catedrais e Arte Gótica do livro Iniciação
à História da Arte com autoria de H. W. Janson; o Capítulo 1: o Gótico retirado do livro
A Formação do Homem Moderno Vista Através da Arquitetura de Carlos. A. L.
Brandão e o Capítulo 10: A Arte Românica do livro História da Arte de Graça Proença.
No trecho textual de Janson, o autor dá maior espectro histórico temporal:
desde a cisão do império romano entre oriente e ocidente iniciada por Constantino, o
Grande, em 323 a.C. reconhecendo a importância crescente da província leste
passando pelo cristão primitivo até a cisão religiosa definitiva da igreja romana devida
a suas imutáveis diferenças de pensamento religioso e finalmente contextualizando
sobre a arte bizantina, com suas características específicas mas ainda com orientação
grega, que se desenvolve a partir dessa separação.
Começando pelo Arte Cristã Primitiva, o autor exemplifica as cidades de
Alexandria e Antióquia com suas próprias tradições artísticas que em grande parte
adivinham da arquitetura funerária, com pinturas em catacumbas subterrâneas pois
os primeiros cristãos acreditavam na vida eterna, portanto seus túmulos deviam ser
bem protegidos e as pinturas haviam de transmitir uma mensagem simbólica e com
pouca ordenação artística, como os episódios do velho testamento. Na arquitetura, o
escritor comenta sobre as novas casas de congregação, posterior à aceitação do
cristianismo como religião do império, eram muito mais espaçosas do que os templos
pagãos e derivam das basílicas, que anteriormente funcionavam como mercado,
espaços para negociações comerciais e até para comícios e assembleias do povo,
porém agora sua porta se encontra na orientação oeste e seu pórtico transversal,
colunas e arcos derivam da arquitetura pagã. Os mosaicos eram mais usados no piso,
contudo havia trabalhos artísticos em mosaico nas igrejas primitivas, feitos com o
conjunto de cubos de vidros que refletem a luz dando uma sensação de irrealidade,
como pode ser visto na Sant’ Apollinare, porém a arte cristã possui o intuito didático
para os fiéis que não possuíam o conhecimento das escrituras sagradas, deste modo
não havia a necessidade do realismo artístico. Nos manuscritos ilustrados como
bíblias ilustradas que adivinham da tradição egípcia com o papiro mas posteriormente
no período helenístico se desenvolveu aos pergaminhos, com superfície mais
resistente que possibilitava a confecção de livros encadernados, resultando na grande
diversificação de ilustrações conhecidas como iluminuras, o Virgílio do Vaticano é um
exemplo desses manuscritos e possui efeito da perspectiva e luz e sombra. As
esculturas carregavam o estigma da idolatria por isso eram pouco produzidas no
período e se encontravam em maior parte nos sarcófagos dos membros mais ricos da
congregação, como no de Junius Bassus, em que Cristo é representado jovem e
sereno, porém mostra o reflorescimento de algumas características clássicas de
composição como momento de transição artística do império. Nos painéis em marfim
e relevos há uma amostra da seletividade de algumas tipologias artísticas com uma
sensibilidade estética maior, como O Arcanjo Miguel, que mostra o drapejado das
vestes que subvertem as características artísticas gregas.

Seguidamente, narra o desenvolvimento da arte bizantina a partir de Justiniano,


como a Idade de Ouro. Na arquitetura, também em Sant’Apollinare em Ravena com a
características estruturais e decoração das igrejas mais antigas inalterada e os
edifícios redondos ou poligonais encimados por domos, um tipo de construção que
difere muito das tradicionais basílicas, mas que dominam principalmente a parte
oriental como a Igreja de Santa Sofia em Constantinopla, composta por uma nave
quadrangular, uma cúpula e arcos de sustentação, complementada por seus grandes
mosaicos, constituindo as características básicas da arquitetura bizantina. O retrato
do imperador Justiniano com seus cortesãos é um exemplo de mosaico bizantino,
delimitando um novo ideal de beleza humana: personagens esguios, com grandes
olhos e trajes magníficos, sem a mínima ideia de movimento e conduzindo o imperador
a autoridade religiosa e política. As pinturas e esculturas possuem um revés
importante a partir da Questão Iconoclasta, proibindo as imagens religiosas que
vigorou por mais de cem anos. Entretanto as melhores obras são correspondentes ao
período da Idade de Ouro e mostram uma junção do classicismo ao ideal de beleza
espiritualizado a partir de Justiniano, como o mosaico da Crucificação e suas figuras
graciosas, suas expressões faciais de sofrimento contido, além da inclinação da
cabeça e linhas pendentes do corpo com a intenção apelativa ao observador, grande
marco da arte bizantina tardia e A Madona Entronizada com sua total perda da
proporcionalidade da arquitetura representada na pintura, chamados de Ícones.

No capítulo seguinte intitulado de Alta idade média no ocidente, o autor ressalta


a precoce decadência do império romano no ocidente e que posteriormente corta
relações definitivamente com a parte oriente do império, tendo que desenvolver sua
frente própria de recursos econômicos e políticos, alia-se ao reino dos francos no norte
germânico, com sua forte dinastia carolíngia, resultando na coroação de Carlos Magno
pelo Papa como imperador no ano de 800, concentrando seu poder em Aachen. Mais
tarde na Idade Média, também rotulada como idade da fé ocorreu várias contribuições
no campo artístico. Os germânicos desenvolveram um estilo animalista, composições
de formas abstratas e orgânicas, com uma certa liberdade imaginativa chamada de
arte celto-germânico, principalmente na Escandinávia e é expressa majoritariamente
nos trabalhos em metal, requer uma grande habilidade e posteriormente migraram a
outros materiais.

Os irlandeses possuem um papel de liderança artística na Europa Ocidental


entre 600 à 800 d.C. e são erroneamente conhecidos por bárbaros devido a não
constituírem o antigo império romano, porém depois de passarem a acreditar e seguir
as crenças cristã conseguiram estabelecer uma boa relação com o mediterrâneo e
adaptaram-se numa fusão das tradições ao seu espírito independente local e vida
rural. Com essa ação missionária, resultou a criação dos primeiros mosteiros no
século V que tomou o controle da religião na Irlanda e constituindo sedes de
aprendizado artístico por toda a Europa. Os manuscritos tinham o papel de propagar
a palavra sagrada e eram produzidos em grande quantidade nos mosteiros, devendo
ter um padrão de beleza visual condescendente à importância dos escritos e por isso
tinham muitos esforços decorativos, sendo o estilo hiberno-saxão o mais belo,
combinando elementos celtas e germânicos como na página da cruz nos Evangelhos
de Lindisfarne, no qual há a percepção de uma disciplina severa na execução porém
defasagem na concepção da anatomia humana representada.

Na arte carolíngia existem os manuscritos dos quais nosso tipo de escrita


moderno deriva, além da reforma literária iniciada por Carlos Magno para compilação
da literatura romana de modo a restaurar as tradições do império romano na
sociedade vigente, portanto a primeira fase era de fusão entre a cultura celta-
germânica e mediterrânea. No campo da arquitetura, Carlos magno reconheceu a
necessidade de uma edificação pomposa aos modos monumentais romanos,
conduzindo a construção da Capela do Palácio e por identificar a importância cultural
dos mosteiros, incentivava suas construções, como está presente no documento da
época com um protótipo de planta de um mosteiro a ser construído na Suíça de acordo
com as necessidades locais, compreendendo uma unidade complexa e fechada com
entrada a oeste, com pórtico semicircular com colunas e torres. Nos manuscritos
carolíngios, chamados de scriptoria com iluminuras em vários estilos, porém sempre
com a concepção clássica como na pintura de São Mateus.

Adiante, o autor cita a arte otoniana, no tempo de Oto I, coroado imperador pelo
Papa em 962, nas esculturas a Alemanha detinha o papel de restauradora das
tradições carolíngias contudo conseguiu desenvolver características novas e originais,
como é visível no Crucifixo de Gereão na Catedral da Colônia, com uma certa
influência da arte bizantina pela ligação dos dois reinos e forte realismo expressivo
alemão. Na arquitetura temos a igreja da Abadia Beneditina de São Miguel, com
simetria exagerada e equilíbrio harmonioso. Nos manuscritos há a perfeita fusão dos
elementos carolíngios e bizantinos num novo estilo esplêndido, como no Evangeliário
de Oto III, mostrando a mudança da ênfase artística para representação física não
somente simbólica.

No capítulo sobre arte românica, o autor disserta sobre as nomenclaturas e


explica que as denominadas “românicas” eram as que não se enquadravam no estilo
gótico originada pelos godos, maior representante da arte medieval, e se sobressaiam
principalmente na arquitetura com seu sistema de construção no estilo romano com
arcos plenos e paredes sólidas juntamente com estilos regionais e devido as
peregrinações, que posteriormente sucederam as Cruzadas, as rotas comerciais e
atividades manufatureiras tiveram seu reflorescimento, como é notório em Saint-
Sernin, no sul da França, com planta no formato da cruz latina inscrita num círculo e
nave com dimensões avantajadas para abrigar os peregrinos, além de abobadas de
aresta por toda extensão interna e grande proporcionalidade. A igreja Notre-Dame-la-
Grande é um exemplo de fachada românica com seus arcos e colunas ornamentais
grossas de sustentação. Na arquitetura normanda e inglesa com decoração mínima
como em Saint-Etienne em que há o uso de abóbadas de arestas nervuradas,
posteriormente utilizadas no gótico. Na Itália, berço do império romano, a arte
românica é mais expressiva, como na Catedral de Pisa. No campo das esculturas,
principalmente as arquitetônicas desenvolviam um importante papel de atrair os fiéis
leigos. Nas pinturas há uma continuidade das tradições pictóricas, como na miniatura
de São João, mostrando a fusão da arte bizantina as características compositivas da
arte celto-germânica e na Tapeçaria de Bayeux representando a invasão de
Guilherme, o Conquistador,

No seguinte capítulo intitulado Cidades, catedrais e arte gótica, o autor fala da


origem arquitetônica do estilo em Lle-de-France. Na abadia de Saint-Denis com Abade
Suger que estudou as escrituras sagradas e planejou a abadia com as proporções
divinas num todo que permitia a difusão da luz como representação da magnificidade
do poder divino, como santuário do Apóstolo da França e importante monumento
comemorativo da dinastia carolíngia, inaugurando com extraordinário impacto e
posteriormente se expande a toda a Europa, no seguinte parágrafo disserta acerca da
Catedral de Notre-Dame, também com a função de centro de aprendizagem dos
mosteiros, porém agora nos reflorescentes centros urbanos, seguindo o mesmo
sistema de construção da Abadia de Saint-Denis com abóbadas de arestas
nervuradas e abóbada de sextapartida, além de ousarem na execução de alguns
elementos como os arcos e arcobotantes, abrindo espaço para a inserção de janelas
no clerestório, a sensação de verticalidade aumentada e exagerada ornamentação na
fachada em três níveis, com a rosácea, elemento característico do gótico mas ainda
sim resultando numa composição harmoniosa. Porém, a arquitetura gótica sempre
inovou e procurou chegar ao limite do executável, além de sempre ter a característica
de se adaptar as circunstâncias locais ao qual se inseria, como na Catedral de
Chartres.

Na Inglaterra, o gótico inglês possuiu três fases com a catedral de Salisbury


inaugurou o gótico primitivo, que ainda conservava alguns elementos do estilo
românico e a Catedral de Gloucester como representante do gótico tardio, exercendo
uma menor verticalidade e maior quantidade de elementos nervurados. Na Itália,
havia menor necessidade de difusão da luz diurna no interior da edificação e o gótico
da região resulta na fusão das características elementais góticas às tradições
mediterrâneas, com tetos em madeiras e sem arcobotantes, remetendo as primeiras
basílicas cristãs.
No texto de Fazio no capítulo intitulado de a arquitetura gótica, o autor disserta
sobre a rotulação do gótico com a percepção de certos elementos característicos ao
estilo, como o arco ogival, abobada nervurada, arcobotantes e as janelas rendilhadas,
porém o gótico é melhor reconhecido pelo seu sistema de estruturação, que gera uma
ampliação e sensação de verticalidade, além de liberar pontos para aberturas,
resultando num sistema estético também integrado, numa composição unificada e
harmoniosa, e com os ideais religiosos e culturais da época. Também cita a origem
do estilo na Abadia de Saint Denis, com o projeto do Abade Suger, utilizando portadas
esculpidas, tímpanos entalhados, uma rosácea e duas torres, como também comenta
sobre a catedral de Notre-Dame e Catedral de Chartres, enquadrando-se no gótico
pleno, com a eliminação das características de outros estilos arquitetônicos numa
mesma edificação, e que ainda conserva parte dos vitrais originais e que melhor se
assemelha ao ideal de Suger. Já no gótico inglês, Fazio faz uma separação com
projetos exemplificando as três fases do estilo, como a catedral de Salinsbury no
gótico primitivo, também usada como exemplo por Janson. Posteriormente faz um
breve esclarecimento do contexto histórico inglês da época com o comércio prospero
da lã e seus derivados que acabaram por patrocinar as construções de igrejas, tanto
como favores divinos quanto para ostentação de riqueza. Seguidamente, mostra a
catedral de Lincoln como exemplo da fusão das várias vertentes do gótico inglês
executando as abobadas “loucas”, assimétricas e em estilos diversos e o rendilhado
nas janelas do gótico decorado. Representando o sistema de hammerbeams, vigas
em balanço das mísulas de madeira amarradas aos pilares de alvenaria, o Salão de
Westminster em Londres, que permite vãos maiores do que o comprimento das peças
em madeira usadas, porém necessita de extrema especialização em carpintaria do
executor. No seguinte trecho, fala sobre o gótico tcheco, alemão e italiano, com as
igrejas-salão típicas do alemão exemplificado na igreja de São Jorge de Nördingen,
na República Tcheca cita a igreja de Santa Bárbara, com a economia da cidade
baseada na mineração de prata, foi construída no modelo de gótico francês; no gótico
italiano a necessidade de difusão da luz para o interior é menor, executando na
Catedral de Milão a opinião de vários artistas e teóricos importantes da área da
construção de diferentes regiões da Europa, que ficou toda documentada, a abóbada
em arco de claustro usual aos italianos, resultando num todo gigantes e único no
estilo gótico. Subsequentemente comenta a formação dos mestres-de-obras que na
contemporaneidade estão entre os engenheiros civis e os arquitetos, porém o
aprendizado desses profissionais começava muito antes, ainda na infância em
escolas de ensino primário no estudo de linguagem e matemática, depois passavam
a um aprendizado prático nas oficinas por um variado período de no mínimo três anos
e finalmente se tornava um artífice assalariado, acumulando atividades práticas e
sempre registrando seus conhecimentos acumulados em suas viagens a trabalho e
por fim era avaliados por outros profissionais para então ser qualificado a mestre de
obras ou não. Cita a coletânea de Villard de Honnercourt, como exemplo aos ideais
arquitetônicos da época usando de croquis e observações cotidianas, além dos
estudos de proporções matemáticas dentro de uma harmonia geométrica. Abaixo,
comenta sobre os tipo de habitações medievais, separadas geralmente pela poder
aquisitiva do morador, sendo de tipologia mais simples a casa-galpão, com planta
retangular, ventilação cruzada com fogueira central e pé direito alto, o resto da
edificação servia como curral abrigando os animais, já as famílias mais abastadas,
tinham uma residência propriamente dita sem a divisão com os animais e com as
áreas bem separadas entre área íntima para dormitórios e área social, como o salão
com fogueira central e despensas para separação dos alimentos pelo tipo de
armazenamento, além de possuírem vários andares. As casas medievais dos centros
urbanos também possuíam andares para ocuparem menor área no solo, porém sua
estrutura era de madeira o que ocasionalmente ajudava a alastrar incêndios por ruas
ou bairros inteiros. Usualmente usava-se o sistema de construção em enxaimel, que
se trata de usar pilares e vigas em madeira pesada aparente e fazer o fechamento
com outro sistema complementar como pau-a-pique, e também é característico o uso
misto das construções com comércio no pavimento térreo e uso residencial nos
pavimentos acima, muitas vezes apenas com a cozinha na parte térrea posterior com
pátio interno para entrada de luz, em San Gimignano, as casas medievais possuem
torres ainda preservadas, porém não para uso militar e sim para a secagem dos
tecidos recém tingidos. No seguinte parágrafo, Fazio fala sobre os memoráveis
castelos, que eram habitações mais pomposas e seguras para a nobreza e que
originam-se na Ingleterra como um morro e pátio circundante e depois da invasão de
Guilherme, o Conquistador ocorreu a construção em Londres da Torre Branca, uma
torre de menagem com três níveis e base retangular, como um marco de seu domínio
sobre a cidade.
Finalmente, comenta sobre as cidades medievais, as quais as fortificações se
fazem um elemento primordial pois asseguram a segurança contra possíveis
invasores, exigindo vários métodos de invasões diferentes como os incêndios, armas
biológicas ou o sítio, cortando o fornecimento de recursos aos habitantes sitiados.
Com o tempo, aprenderam que torres cilíndricas nas muralhas ou até mesmo a
construção de várias fortificações eram mais eficientes para a defesa, como o que
Luís IX fez em Carcassone e também por motivos econômicos construiu uma nova
cidade na mesma região, conhecida como bastide com traçado regular e com praça
central e mercado público. Em seguida comenta brevemente acerca do gótico
veneziano, com características específicas por se tratar de uma cidade com grande
importância econômica e que mesclou características orientais ao gótico, mas seu
grande mérito está no período renascentista. Posteriormente faz um breve resumo do
que foi tratado no texto.

Já na primeira parte do trecho textual de Brandão intitulado do Pantheon


romano a catedral gótica, o autor inicia o capítulo citando alguns princípios de
arquitetura de Vitrúvio, com a mimesis arquitetural concedendo a arquitetura um grau
de superioridade e divinificação no período de antiguidade clássica romana e passa
ao período medieval com a decadência do império, no qual a mimesis permanece a
edificação mas o homem deve se elevar a graça divina, portanto o altar representa a
finalidade da ascensão, a nave é o caminho que deve ser percorrida para chegar a
salvação sendo assim a forma básica da basílica primitiva cristã, como exemplo a
Basílica de Santa Sabina e a Igreja de Santa Sofia em Bizâncio, trabalhando com a
luz difusa o que resulta na sensação de desmaterialização além da luz incidindo pela
cúpula transformando a atmosfera em um ambiente divino e também na
ornamentação interna da basílica espiritualizando o espaço. Depois faz uma breve
explicação sobre a relação interna da edificação sagrada com o seu entorno urbano
inserido que se transforma a partir da arquitetura românica e passa a ser uma relação
mais direta como o exemplo da Catedral de Pisa, percebendo também o sentido de
transcendência e segurança agregados a torre sineira e aproximando-se do gótico por
agregar as verdades sagradas também ao sistema de construção da igreja e
diferentemente do românico que ressalta o peso da edificação e seus elementos, o
gótico quer transcender e desmaterializar a edificação. Fala sobre o papel cultural das
igrejas e mosteiros para a ensino e propagação das artes religiosas como a pintura e
escultura.

No seguinte trecho Arquitetura e Significado: o Espaço Gótico o autor comenta


da fusão de elementos do bizantino como a espiritualidade e transcendência com o
estruturalismo e comunicabilidade do estilo românico formando o cristão primitivo,
tornando a igreja como elucidante das escrituras sagradas e da verdade no mundo
medieval, mesmo aos leigos pelos murais e pinturas, que foi amplamente defendido
por São Tomás de Aquino, e da localização da catedral no centro dos aglomerados
urbanos, com dois eixos perpendiculares lembrando a cruz latina, o que explica
materialmente a importância da religião cristã à sociedade medieval. Ressalta a
verticalidade como elemento fundamental da arquitetura gótica que se funde ao
sistema estrutural com os arcos ogivais e pilares, além da desmaterialização e
transcendência instigados pela cenografia gótica, os quais podem ser percebidos na
Catedral de Notre-Dame de Paris e de Chartres, também citadas nos textos de Janson
e Fazio. Comenta a fixação pelo número três como representação da trindade sagrada
em toda a estruturação e concepção estética da edificação e também sobre os
magníficos vitrais e rosáceas, outro elemento fundamental do estilo gótico, no qual
irradia pela congregação a luz como uma benfeitoria do princípio divino, auxiliando na
comunhão do terrestre com o celeste.

Subsequentemente no trecho a Arquitetura Gótica e a Filosofia Escolástica, o


autor correlaciona os períodos da arquitetura com os da escolástica e esclarece a
função social do arquiteto, mestre de obras na verdade como visto no texto de Fazio,
que se resume na junção da pedagogia religiosa a concepção projetual e execução
da igreja, fazendo analogias entre o arquiteto e Deus e que da edificação precisa fruir
as verdades da fé de modo claro e assim estimulá-la, do mesmo jeito que todos os
outros elementos físicos e representativos também o devem, conferindo unidade e
harmonia ao todo e suas partes.

Finalmente no trecho A Divina Comédia e Arché Medieval Brandão usa o livro


como exemplo literário da sabedoria e das concepções de pensamento medievais, as
vezes pegando transcrições do texto e em outras partes explicando conceitos tratados
figurativamente no mesmo como o conceito de fusão da graça divina à lógica para
construção de um pensamento concreto, da harmonia entre micro e macrocosmos e
da proporcionalidade, mas sempre orientado pela fé como caminho, a igreja como
instrumento de salvação e Deus como foco e Eterno Artista, portanto o ser humano
imita a criação sagrada, porém precisa se subjugar e renunciar as suas crenças e
vontades à Deus, além de utilizar do número dez como perfeição divina e cem como
suprassumo da perfeição.

O texto de Graça Proença: A arte românica a autora explica melhor a origem


do estilo nos séculos XI e XII como uma retomada dos elementos clássicos romanos
como os arcos, abóbadas e colunas, porém esses elementos causam uma sensação
de peso e solidificação, contribuindo para que a edificações românicas fossem
conhecidas como fortalezas de Deus, subjugando-se aos trabalhos religiosos.
Posteriormente comenta sobre ao peregrinações e que a cruz se tornou a base formal
das basílicas, além de algumas nomenclaturas fundamentais para o entendimento da
circulação e funcionamento da edificação. Depois comenta a arte da ordem de Cluny
no mosteiro de Saint Pierre com seus portais românicos e finalmente na Itália, onde a
tradição clássica foi alocada primordialmente, mas desenvolveu um aspecto de leveza
ainda com frontões e colunas como na Catedral e Torre de Pisa. Já na pintura
românica comenta sobre os murais em afresco desenvolvidos para cobrir as grandes
e grossas paredes estruturais da arquitetura românica que geralmente retratavam as
passagens sagradas da criação do mundo e do homem, suas características são a
deformação de acordo com a simbologia e intenção que o artista queria passar,
principalmente com a figura de Cristo, sempre maior em escala e em proporções
anatômicas erradas, pois não havia a necessidade de imitar a natureza.

Os textos em sua maioria têm uma escrita bem elucidativa, com imagens e
exemplos do que está sendo relacionado, cada um trazendo uma visão dos períodos
do cristão primitivo, bizantino, românico até o gótico. Porém, achei o texto do Fazio
muito detalhado, o que cansava na leitura apesar de o autor explicar separadamente
cada aspecto do estilo gótico, o texto da Graça Proença é bem gostoso de ler e
informativo também, o texto do de Brandão traz uma visão relacionada a literatura,
porém seria mais interessante ter a leitura prévia da Divina Comédia para entender
melhor as analogias e finalmente o texto de Janson foi o que eu mais gostei, pois o
autor sempre faz uma explicação do contexto histórico dos fatos e dos
acontecimentos, correlacionando-os as artes, o que melhora o entendimento artístico
dos assuntos que se tem com a leitura do texto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BRANDÃO, C. A. L. O Gótico. A Formação do Homem Moderno Vista Através da


Arquitetura. 2 ed. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1999. cap. 1.
FAZIO, Michael. A Arquitetura Gótica. A História da Arquitetura Mundial. Michael
Fazio, Marian Moffett, Lawrence Wodehouse. 3 ed. Porto Alegre: AMGH, 2011. cap.
9, p. 232-269.
JANSON, H. W. Arte cristã primitiva e arte bizantina; A alta idade média no ocidente;
Arte românica; Cidades, catedrais e arte gótica. Iniciação à História da Arte. São
Paulo: Martins Fontes, 1996. p. 88-138.
PROENÇA, Graça. A arte românica. História da Arte. São Paulo: Editora Ática, 1955.
cap 10, p. 56-61.

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