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Instituições de Direito Profª Mestre Ideli Raimundo Di Tizio p 37

DIREITO DAS SUCESSÕES


É a transmissão do patrimônio da pessoa, herança ou legado, por
morte, ao herdeiro ou legatário, seja por força de lei, ou em virtude de
disposição de última vontade, testamento.

A sucessão por força de lei, ou sucessão legítima ocorre quando o


“de cujus”não deixou testamento, e a lei convoca os herdeiros
segundo uma ordem.

Ordem de Vocação Hereditária

I – os descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente,


salvo se casado este com o falecido no regime de comunhão
universal, ou no de separação obrigatória de bens, ou se no regime de
comunhão parcial, o autor não houver deixado bens particulares (
artigo 1.640 C.C.).

II - os ascendentes, em concorrência com o cônjuge;

III – o cônjuge sobrevivente;

IV – os colaterais até 4º grau

OBS: Não havendo parente sucessível, ou tendo eles renunciado a


herança, esta será devolvida ao Município ou Distrito Federal, ou à
União quando situada em território federal.

Herança, Legado, Legítima, Herança Jacente e Herança Vacante

Herança – é uma fração ideal,uma parte não especificada do


patrimônio.

Legado – é a individualização do bem deixado para uma certa


pessoa.
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Legítima é a parte do patrimônio (metade) que será obrigatoriamente
transferida aos herdeiros necessários.

Herança Jacente – é a herança em estado de expectativa, é a


herança cujos beneficiários ainda não são conhecidos, os bens ficarão
sob a guarda de um curador, até a sua entrega ao sucessor. Ex.
quando se espera o nascimento de um herdeiro.

Herança Vacante – é a herança incorporada ao patrimônio público por


falta de herdeiros, (após 5 anos).

Sucessão Testamentária

A sucessão testamentária ocorre quando o “de cujus” deixou


testamento manifestando assim suas últimas vontades. No
testamento o testador poderá dispor livremente da metade do seu
patrimônio, a outra metade constituirá a legítima e se destina somente
aos herdeiros necessários (descendentes ou ascendentes), se
existirem.

O direito de impugnar a validade do testamento extingue-se em 5


anos, contados do prazo da data do seu registro

Formas de Testamento

As formas de testamento são ordinárias e especiais.

São formas ordinárias

Testamento Público – é feito pelo tabelião em seu livro de notas. As


declarações do testador, deverão ser lidas em voz alta, na presença
de duas testemunhas e reduzidas a termo em livro próprio, e
assinadas pelo testador, pelas testemunhas e pelo tabelião.

Testamento Particular – é escrito pelo próprio testador, de próprio


punho ou mediante processo mecânico, na presença de pelo menos
três testemunhas, que também assinarão. Morto o testador, publicar-
se-á em juízo o testamento, com a citação das testemunhas.
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Testamento Cerrado – também chamado secreto; é escrito pelo
testador, em seguida entregue ao tabelião em presença de duas
testemunhas. O tabelião deve declarar que aquele é seu testamento
e,o autenticará, lacrando-o e cosendo-o. Só terá validade se o lacre for
rompido pelo juiz, após a morte do testador.

As formas especiais são:

Testamento Marítimo – Quem estiver em viagem, a bordo de navio


nacional, de guerra ou mercante, pode testar perante o comandante
em presença de duas testemunhas. O registro do testamento será
feito no diário de bordo. O testamento ficará sob a guarda do
comandante, que o entregará às autoridades administrativas do
primeiro porto nacional, contra recibo. Caducará em três meses, se o
testador não falecer durante a viagem, nem nos noventa dias
subseqüentes ao seu desembarque em terra, onde deverá renova-lo
nas formas ordinárias.

Testamento Militar – feito por militares ou demais pessoas a serviço


das Forças Armadas em campanha, dentro do País ou fora dele,
assim como em praça sitiada. Se o testador souber escrever, poderá
fazer o testamento de próprio punho, que deverá ser datado e
assinado, na presença de duas testemunhas e o apresente ao oficial
de patente. Caducará o testamento militar, desde que, depois dele, o
testador esteja noventa dias seguidos, em lugar onde possa testar de
forma ordinária.

Testamento Aeronáutico – quem estiver em viagem, a bordo de


aeronave militar ou comercial, pode testar perante pessoa designada
pelo comandante em presença de duas testemunhas. O registro do
testamento será feito no diário de bordo. O testamento ficará sob a
guarda do comandante, que o entregará às autoridades
administrativas do primeiro aeroporto nacional, contra recibo.
Caducará em três meses, se o testador não falecer durante a viagem,
nem nos noventa dias subseqüentes ao seu desembarque em terra,
onde deverá renova-lo nas formas ordinárias.

OBS: existe ainda o Codicilo que é o ato de última vontade por meio
do qual o testador dispõe de coisas de valor reduzido (roupas) e
condições sobre seu enterro.
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Indignidade e Deserdação

Indignidade é a perda do direito hereditário, por lei, a quem comete


atos ofensivos ao “de cujus” . (artigo 1.814, C.C.).

Consideram-se indignos: os autores ou co-autores ou participantes de


homicídio doloso, ou tentativa deste contra a pessoa de cuja sucessão
se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente; os
que houveram acusado caluniosamente em juízo o autor da herança
ou incorrerem em crime contra a sua honra ou de seu cônjuge ou
companheiro; e aqueles que por violência ou fraude impediram o
autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última
vontade.

A indignidade é declarada por sentença, por meio de ação movida por


quem tenha interesse na sucessão. O direito de demandar a exclusão
do herdeiro extingue-se em quatro anos, contados da abertura da
sucessão.

Deserdação – Os herdeiros necessários podem ser excluídos da


sucessão por: ofensa física; injuria grave; relações ilícitas com a
madrasta ou padrasto; desamparo do ascendente em alienação
mental ou grave enfermidade, além das causas mencionadas no artigo
1.814 do Código Civil. Deve ser ordenada em testamento, com
expressa declaração do motivo. O efeito da deserdação consiste na
perda da legítima e seus destinatários são os herdeiros necessários. O
direito de provar a causa da deserdação cabe ao herdeiro e extingue-
se no prazo de quatro anos a contar da abertura do testamento.

Inventário e Partilha

Para se repartir o patrimônio de “de cujus” entre os herdeiros é


necessário a abertura de um inventário, que é um processo judicial em
que se faz um levantamento de todos os bens do falecido.
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O inventário deve ser aberto dentro de 30 dias após a morte do
inventariado. Feita a abertura do inventário o juiz nomeará o
inventariante que administrará o espólio.

Terminadas as avaliações e após o pagamento das dívidas do espólio


e do imposto “causa- mortis” , vem a partilha.

A partilha é a fase final, onde é repartido o acervo hereditário.

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